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CLUNL/LI4/FONTHIS/Normas/v.1.0 1/74 CENTRO DE LINGUÍSTICA DA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA Linha de Investigação 4 – Linguística Histórica, http://www.fcsh.unl.pt/clunl/linha4.html Fontes para a História da Língua Portuguesa (FONTHIS) Responsável: António H. A. Emiliano, [email protected], [email protected] CRITÉRIOS E NORMAS PARA TRANSCRIÇÃO E TRANSLITERAÇÃO DE TEXTOS MEDIEVAIS – V.1.0 Autor: António Emiliano Data: 23/12/2001 (revisto 29/12/2002) Ref.ª: CLUNL/LI4/FONTHIS/Normas/v.1.0 Tábua das matérias: 1. Transcrição vs. transliteração .......................................................................... 2 2. Tipos de edição.................................................................................................... 9 2.1 Edição de Tipo 1 – paleográfica com transcrição estreita em tipo medieval.. 12 2.1.1 Critérios ....................................................................................................... 12 2.1.2 Textos ......................................................................................................... 14 2.2 Edição de Tipo 2 – paleográfica com transcrição larga em tipo medieval...... 25 2.2.1 Critérios ....................................................................................................... 25 2.2.2 Textos ......................................................................................................... 28 2.3 Edição de Tipo 3 – paleográfica com transcrição larga em tipo normal ........ 52 2.3.1 Critérios ....................................................................................................... 52 2.3.2 Textos ......................................................................................................... 54 2.4 Edição de Tipo 4 – interpretativa................................................................. 60 2.4.1 Critérios ....................................................................................................... 60 2.4.2 Textos ......................................................................................................... 64 Referências bibliográficas ....................................................................................... 70 Apêndice 1: tabela de caracteres ASCII do tipo Medieval-2 criado por Maria José Ribeiro................................................................................. 72 Apêndice 2: conjuntos de caracteres internacionais ............................................ 73

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CENTRO DE LINGUÍSTICA DA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOALinha de Investigação 4 – Linguística Histórica, http://www.fcsh.unl.pt/clunl/linha4.html

Fontes para a História da Língua Portuguesa (FONTHIS)

Responsável: António H. A. Emiliano, [email protected], [email protected]

CRITÉRIOS E NORMAS PARA TRANSCRIÇÃO E TRANSLITERAÇÃODE TEXTOS MEDIEVAIS – V.1.0

Autor: António EmilianoData: 23/12/2001 (revisto 29/12/2002)Ref.ª: CLUNL/LI4/FONTHIS/Normas/v.1.0

Tábua das matérias:

1. Transcrição vs. transliteração .......................................................................... 2

2. Tipos de edição.................................................................................................... 9

2.1 Edição de Tipo 1 – paleográfica com transcrição estreita em tipo medieval.. 12

2.1.1 Critérios....................................................................................................... 12

2.1.2 Textos ......................................................................................................... 14

2.2 Edição de Tipo 2 – paleográfica com transcrição larga em tipo medieval...... 25

2.2.1 Critérios....................................................................................................... 25

2.2.2 Textos ......................................................................................................... 28

2.3 Edição de Tipo 3 – paleográfica com transcrição larga em tipo normal ........ 52

2.3.1 Critérios....................................................................................................... 52

2.3.2 Textos ......................................................................................................... 54

2.4 Edição de Tipo 4 – interpretativa................................................................. 60

2.4.1 Critérios....................................................................................................... 60

2.4.2 Textos ......................................................................................................... 64

Referências bibliográficas....................................................................................... 70

Apêndice 1: tabela de caracteres ASCII do tipo Medieval-2

criado por Maria José Ribeiro................................................................................. 72

Apêndice 2: conjuntos de caracteres internacionais............................................ 73

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Micel yfel deth se unwritere

gif he nyle his woh gerihtan.1

(Ælfric de Eynsham)

CRITÉRIOS E NORMAS PARA TRANSCRIÇÃO E TRANSLITERAÇÃODE TEXTOS MEDIEVAIS – V.1.0

1. Transcrição vs. transliteração 2

A edição de um texto medieval resulta sempre de um programa editorial, o qualpressupõe uma perspectiva ou interpretação dos dados textuais. Com efeito, a edição deum texto é um processo de mediação que afasta sempre o texto do seu modo original derepresentação, de acordo com a perspectiva interpretativa do editor; assim sendo, não háedições definitivas ou absolutamente objectivas, como nota Peter Robinson:

Interpretation is fundamental to transcription. It cannot be eliminated,and must be accomodated.(Robinson 1994: 9)

e, mais adiante:

Transcription of a primary textual source cannot be regarded as an actof substitution, but a series of acts of translation from one semioticsystem (that of the primary source) to another semiotic system (thatof the computer). Like all acts of translation, it must be seen asfundamentally incomplete and fundamentally interpretive.(ibid.).

De acordo com os objectivos específicos do editor, que se definem em função deaspectos como o(s) público(s) a que se destina a edição, a mediação editorial poderáafastar em maior ou menor grau o texto medieval na sua versão impressa do seu modo deexistir no suporte original manuscrito. Se para determinado tipo de edição esseafastamento pode ser vantajoso, por garantir, por exemplo, a facilidade de acesso aoconteúdo do texto, para uma edição destinada a estudos linguísticos esse afastamentopode, de facto, impedir a realização da análise linguística a partir do texto publicado.

Pretendemos reflectir aqui sobre o tipo de operações de transcrição e transliteraçãoenvolvidos na publicação de fontes medievais para a história da língua portuguesa:queremos centrar a discussão na edição de testemunhos e, portanto, na constituição dedocumentos linguísticos, pelo que excluimos liminarmente da discussão a constituiçãode um texto crítico pela comparação e colação de diversos testemunhos de textos detradição múltipla (a edição crítica não gera dados linguísticos, no sentido de atestações,mas sim formas mais ou menos conjecturais que reflectem as hipóteses do editor sobre otexto). A edição de fontes para a história da língua portuguesa deve circunscrever-se à

1 Do prefácio da gramática latina do Abade Ælfric (c.955-c.1020): “Muito mal causa o mau escritor (i.e. o

mau copista), se não quiser corrigir os seus erros.”2 O texto desta secção, juntamente com os critérios de transcrição expostos na

secção 2, faz parte do artigo Emiliano, A. (no prelo). “Problemas de transliteraçãona edição de textos medievais”, Revista Galega de Filoloxía 3. Algumas alteraçõesdepormenor foram introduzidas neste relatório.

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edição de testemunhos, e deve renunciar a qualquer tentativa de reconstrução crítica deum texto.

A edição que interessa aos linguistas e aos historiadores da língua é aquela que apresentaum grau razoável de fidelidade aos dados textuais:

O linguista quer a edição diplomática. A ele interessa o conhecimentointegral do manuscrito: os hábitos de escrita, os erros, a ausência oupresença de acentos e pontos, a regularidade ou irregularidade deste oudaquele grafo, as correcções, as rasuras, etc. Uma boa ediçãodiplomática é aquela ques responde a todas estas exigências. Estadeverá ainda dizer-lhe rigorosamente como procedeu, se trabalhoudirectamente com o manuscrito, se o leu por microfilme ou fotografia, eque tipo de tácticas adoptou.(Castro / Ramos 1986: 116)

Mas como se mede ou estabelece essa fidelidade, e em que táctica editorial se devetraduzir? Se é hoje pacífico que uma edição de um texto medieval para estudoslinguísticos deve ser de tipo conservador, não é absolutamente clara a forma como sedefine e estabelece na prática esse conservadorismo.

Por exemplo, para a generalidade dos editores de textos medievais portugueses, sejamlinguistas ou paleógrafos, a separação de palavras que o manuscrito apresenta, por serdistinta da noção moderna de palavra gráfica (que é de ordem lexical), deve ser alterada deforma a conformar-se com os critérios hoje vigentes de segmentação das unidades lexicaisna escrita. Também a distinção entre determinados caracteres que os manuscritosapresentam, quer se trate de letras, quer se trate de sinais abreviativos, parece serdespicienda para a generalidade dos editores modernos. Parece ser ponto assente para ageneralidade dos editores de textos medievais portugueses que a edição de um textomedieval, mesmo quando se afirma conservadora, deve passar pela alteração drástica deaspectos que como que constituem a sua fisionomia gráfica, nomeadamente, do conjuntode caracteres original.

Em nossa opinião, o principal problema em torno da constituição de uma ediçãoconservadora reside no entendimento que se faz habitualmente de transcrição. Atranscrição é a fase inicial da “fixação” do texto que estará na base da edição, ecorresponde à materialização de uma leitura: quanto mais conservadora pretender ser aedição, mais estreita (no sentido de mais detalhada, e mais próxima da realidademanuscrita) deverá ser a leitura sobre a qual assenta.

É na fase da transcrição que o editor se confronta directamente com o texto no seusuporte original (perante o próprio manuscrito, ou perante um bom facsímile domesmo), e inicia o processo de mediação do texto manuscrito no sentido de otransplantar para um medium impresso, cujas convenções gráficas são, naturalmente,distintas das convenções que determinaram originariamente a mise en écrit do texto.

No entanto, na generalidade das edições a transcrição do manuscrito medieval éacompanhada de uma série de operações e procedimentos de transliteração, os quais sãogenericamente descritos nas ‘normas de transcrição’ ou ‘critérios de transcrição’ queacompanham geralmente as edições. A generalidade dos editores de textos medievaisparece ignorar a diferença entre transcrever e transliterar, subsumindo o segundoprocedimento na descrição do primeiro.

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Para que a discussão da edição de fontes para a história da língua portuguesa possa seradequadamente situada e fundamentada torna-se crucial distinguir operações detranscrição de operações de transliteração no processo de mediação do texto medievalque toda e qualquer edição acarreta.

Para que se possa definir de forma adequada o que se deve entender por transcrição éfundamental introduzir a distinção entre carácter e glifo.

O carácter deve ser entendido como a entidade mínima de um sistema de escrita,independentemente da língua a que o sistema de escrita está associado, ou seja,independentemente de qualquer segmentação linguística. Não se deve confundir caráctercom grafema, este último também uma entidade mínima abstracta: o carácter é a unidademínima de um alfabeto, ou melhor, de um conjunto de caracteres, enquanto o grafema é aunidade mínima de uma ortografia, ou sistema grafémico. O carácter define-se portanto àmargem de (na realidade, previamente a) qualquer estatuto grafémico/representacionalque possa adquirir no seio de uma ortografia particular: aliás, a partir de um únicoconjunto de caracteres podem ser constituídas diversas ortografias associadas adiferentes línguas. É o caso do alfabeto romano, ou do alfabeto arábico, que estão na basede diversos sistemas grafémicos associados a línguas muito distintas do latim ou do árabeclássico.

Os conjuntos de caracteres necessários para a representação em computador das diversasortografias do mundo são hoje objecto de normas internacionais, de forma a permitir ointercâmbio e a preservação normalizada de ficheiros de texto 3. Os conjuntos decaracteres (‘coded character sets’) 4 constituem-se pela associação de cada carácter(forma abstracta, independente de qualquer representação gráfica) a um número, que éúnico, e não contêm qualquer instrução relativa à visualização dos seus elementos.

O glifo, no sentido mais estrito do termo, é a manifestação física de um carácter numdeterminado suporte de escrita 5. O tipo de computador ‘Times’ permite arepresentação gráfica do conjunto de caracteres ASCII (i.e. ‘7-Bit American StandardCode for Information Interchange’), ou outro, através de um conjunto de glifos distintos,por exemplo, dos do tipo ‘Courier’: ou seja, de acordo com o tipo utilizado, o mesmoconjunto de caracteres pode ser representado e visualizado de forma distinta.Numa escrita impressa cada carácter é idealmente realizado por glifos idênticos: uma vezque nos tipos de imprensa, ou numa máquina de escrever, cada glifo é gerado

3 Cf. American National Standards Institute (http://www.ansi.org/), International

Organization for Standardization (http://www.iso.ch), InternationalElectrotechnical Commission (http://www.iec.ch), Unicode(http://www.unicode.org).

4 Cf. Apêndice 2.5 A relação entre caracteres e glifos não é necessariamente biunívoca. A relação mais

simples é a que existe entre um carácter simples, e.g. ‘a’, e um glifo que o permitevisualizar num determinado tipo. Caracteres compósitos como ‘á’ (‘aacute’) ou ‘ã’(‘atilde’), compostos por dois caracteres, são visualizados por glifos que contêm a‘renderização’ simultânea, numa única imagem, dos dois caracteres, a letra e odiacrítico. Assim, um glifo pode representar um carácter (é o caso do ‘a’), umaparte de um carácter (é o caso do til isolado), ou mais do que um carácter (é o casodo ‘a’ associado ao til em ‘ã’).

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independentemente e de forma mecânica, podem ocorrer pequenas diferenças, pequenosdesvios resultantes de pequenos defeitos do material de impressão. Nos tipos decomputador, sobretudo quando visualizados num ecrã, a identidade dos glifos associadosao mesmo carácter é absoluta.

Numa escrita manuscrita um carácter manifesta-se através de um conjunto de glifostendencialmente semelhantes, que definem as características de uma determinada mão. Amaior ou menor cursividade de uma escrita manuscrita pode resultar numa maior oumenor divergência dos glifos, a qual pode também depender do contexto gráfico, atravésdos nexos literais próprios de cada tipo de escrita.

Ora, a transcrição em sentido estrito de um texto antigo deve ser entendida como areprodução de um texto através da reprodução do conjunto de caracteres presente notexto, e através de glifos minimamente divergentes dos glifos originais.

Assim, a transcrição de um texto egípcio hieroglífico implica a reprodução dos hieróglifospresentes no texto num novo suporte (manuscrito ou impresso) – um egiptólogo nãoesperará nem mais nem menos de uma edição de textos egípcios. Um helenista esperaráque a edição de um texto grego utilize o alfabeto grego, mantendo, por exermplo, adistinção gráfica entre sigma minúsculo inicial e medial ‘σ‘ e final ‘ς‘, apesar de estadistinção entre dois caracteres não ter “significado linguístico”, ou seja, não correspondera nenhuma distinção fonética ou fonémica. Da mesma forma, também um anglo-saxonista esperará que uma edição de um texto em inglês antigo preserve a ocorrênciados caracteres ‘ˇ/†’ (‘thorn’) e o ‘Î/∂’ (‘eth’), apesar de ambas as letras representaremindistintamente os dois alofones [] e [] do fonema // do inglês antigo, para não falardo ‘W/w’ (‘wynn’) em vez de ‘w’, ou do ‘g’ (‘yogh’) em vez de ‘g’, que algumas ediçõesmais escrupulosas mantêm.

A transliteração, ao contrário, implica a substituição de um conjunto de caracterespor outro; ou seja, a transliteração de um texto é a sua representação através de umconjunto de caracteres distinto do original.

O termo transliteração é mais habitualmente associado à substituição dos caracteres deum sistema de escrita não baseado no alfabeto romano por letras do alfabeto romano: porexemplo, a transliteração do ‘devanàgarì’ (o sistema de escrita silábica associado aosânscrito) é feita de forma normalizada por sanscritólogos, indianistas e indo-europeístasde todo o mundo. Em casos como o sânscrito, o grego clássico, o árabe clássico, ou oeslavónico antigo, a transliteração com o alfabeto romano não levanta grandes problemas,porque se aplica a ortografias estabilizadas/codificadas, por um lado, e a ortografias emque a estrutura das representações grafémicas é basicamente linear.

As escritas medievais, apesar de baseadas no alfabeto romano, obedecem a princípiosdiferentes dos das ortografias modernas: utilizam um conjunto de caracteres distinto doconjunto de caracteres em que se baseia a generalidade das ortografias europeiasmodernas, e não obedecem ao simples princípio alfabético no caso dos sinaisbraquigráficos. O problema do braquigrafismo medieval é sem dúvida um dos maiscomplexos na transcrição de textos medievais, mas não é, certamente, o único.

Muitos paleógrafos/filólogos medievalistas não parecem dar-se conta de que aotranscrever textos medievais estão na realidade a transliterar, i.e. estão a substituir oconjunto de caracteres do manuscrito por outro, e a substituir as convenções escrituraisque governavam a utilização desse conjunto de caracteres por outras convenções. De tal

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forma, que a introdução de espaços entre palavras, a “regularização” da capitalização, aintrodução de pontuação moderna, a expansão de abreviaturas por sequências literaisparece ser natural, inevitável, desejável, um dado adquirido das edições modernas detextos medievais.

***

Tendo em conta o que acima fica dito, é possível então abordar de forma adequada aquestão do conservadorismo ou da fidelidade de uma edição de um texto medieval: atranscrição de um texto medieval é tanto mais fiel ao manuscrito original quantomenos operações de transliteração envolver, e as edições conservadoras para estudoslinguísticos devem idealmente constituir-se através de transcrições estreitas queimpliquem um mínimo de operações de transliteração. Daqui decorre que oconservadorismo que deve caracterizar a edição de uma fonte não é de índole fotográfica,mas de índole sistémica e estrutural, uma vez que o que está de facto em causa é aconservação pelo editor de aspectos básicos da estrutura segmental da escrita e da suadisposição no suporte, aspectos que relevam da intencionalidade textual e scripto-linguística do autor material do texto.

Neste contexto, vem a propósito abordar de forma genérica e programática o tratamentodo braquigrafismo medieval: a questão que se levanta, concretamente, é como tratareditorialmente as abreviaturas sem distorcer significativamente a intencionalidadegrafémica dos escribas, e sem vedar, consequentemente, ao leitor moderno o acesso àestrutura grafémica das scriptae medievais?

Consideramos que o tratamento das abreviaturas exige uma especial atenção, e sobretudocontenção, por parte dos editores: o braquigrafismo era um aspecto importante daescrituralidade medieval, e era com certeza um aspecto importante da competênciaescribal dos notários. Note-se que muitos elementos (palavras, morfemas, sílabas, letrassimples e sequências de letras) surgem nos textos frequente e recorrentemente sob formaabreviada, quando não apenas sob forma abreviada. Assim, a transliteração mecânica deuma abreviatura para uma sequência extensa de letras que de facto o escriba optou pornão escrever, ou aprendeu a não escrever, não pode deixar de constituir um importantefactor de distorção relativamente aos hábitos contemporâneos de escrita dos notáriosmedievais, que o editor deve pesar devidamente.

O próprio conceito de “resolução das abreviaturas” mostra como a natureza específicadas grafias medievais escapa por vezes aos estudiosos modernos, que aí não vêem maisque um “problema” que deve ser “solucionado” na edição. Se de facto as abreviaturas sãoum “problema”, são-no apenas no sentido em que remetem para um tipo de escritabaseado em princípios diferentes dos das ortografias modernas. Esse aspecto das escritasmedievais deve ser apreendido no contexto em que se manifestou e desenvolveu, e nãoavaliado, e muito menos julgado, em função de critérios que o descontextualizam culturale cronologicamente, e que irremediavelmente o distorcem.

De facto, deve acentuar-se a noção de que a expansão de formas abreviadas (ou seja, asua conversão em sequências de letras, representando linearmente lexemas e morfemas)altera radicalmente a fisionomia gráfica dos textos, e que o desenvolvimento deabreviaturas irá, inevitavelmente, distanciar ainda mais a edição e o texto.

As únicas opções editoriais paleográfica e filologicamente consistentes com o propósitode preservar a configuração estrutural específica da escrituralidade medieval são:

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(1) não desenvolver as abreviaturas — respeitando o carácter logográfico dasabreviaturas vocabulares e o carácter grafémico das abreviaturas sistemáticas,

ou

(2) desenvolvê-las, se e só se a) a sua expansão for absolutamente inequívoca, b) a suaexpansão não resultar de uma conjectura do editor, ainda que determinada pelo contextolinguístico, e c) a sua expansão for baseada numa transcrição prévia do texto quepreserve todas as características do sistema grafémico do texto.

Esta atitude conservadora, que não pretende obviamente constituir um “facsímiletipográfico” do texto (de pouca utilidade, aliás, mesmo para o especialista), é a únicamaneira de possibilitar o acesso por parte dos estudiosos ao sistema gráfico na suaintegridade.

Qual é então o nível ou limite adequado de conservadorismo para uma edição de um textomedieval em termos gráficos e em termos grafémicos?

Em termos grafémicos a única posição cientificamente plausível é a da completafidelidade aos textos: em caso algum é legítimo alterar as grafias originais, mesmo sob asuspeita de lapso escribal – a lição do texto é inviolável. Esta é grosso modo a posiçãodefendida por José de Azevedo Ferreira:

O editor deve respeitar o mais possível a grafia do texto, até porque oconceito de norma ortográfica na Idade Média não é o mesmo dosnossos dias. Por isso, uma edição científica deve reproduzir asdiferentes grafias que o manuscrito apresenta, não devendo, emcircunstância alguma, modernizá-las.(Ferreira 1986: 58)

E, no entanto, mesmo a escrupulosa edição que o insigne filólogo fez do Foro Real deAfonso X apresenta intervenções editoriais explícitas e consideráveis (e.g. supressão das“plicas colocadas sobre as vogais duplas ou sobre «ij»”, utilização das maiúsculas“segundo as normas modernas”, pontuação “refundida”, colocação de diacríticos “emformas que poderiam suscitar dúvidas ou confundir-se com homónimas”, entre outrasintervenções), que alteram significativamente a fisionomia gráfica do texto (q.v. Ferreira1987: 116-122).

Em termos gráficos, ou seja, em termos da representação directa dos caracteresmedievais, a questão do limite adequado de conservadorismo editorial é, de facto, menoslinear.

No caso das edições para estudos linguísticos o limite do seu conservadorismo deve seridealmente o das possiblidades de reprodução do conjunto de caracteres presente nomanuscrito, o que implica a utilização de glifos especiais: ou seja, uma ediçãomaximamente conservadora procurará empregar o mesmo conjunto de caracteres domanuscrito, incluindo os sinais especiais de abreviação, e respeitando todas asconvenções grafémicas como capitalização, pontuação, separação de palavras,posicionamento relativamente ao regramento, etc.

Dadas as possibilidades de reprodução de glifos que os computadores permitem 6, asolução óbvia parece ser a criação e utilização de tipos “medievais” de forma a

6 As possibilidades oferecidas aos filólogos pelas capacidades gráficas dos

computadores esvaziam de conteúdo argumentos contra as edições diplomáticas,

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reproduzir com exactidão, já não apenas as grafias originais, mas também o conjunto decaracteres original, de forma a se obter uma transcrição minimamente interpretativa emaximamente escrupulosa do texto. Não se trata, obviamente de criar um “facsímiletipográfico” 7, como já tivemos ocasião de afirmar noutro lugar:

O estudo linguístico de textos medievais obriga a um especial cuidadoem transliterar, com a máxima fidelidade que os suportes materiaisactuais permitam, e que o rigor dos estudos a efectuar exijam, asconvenções gráficas originais: não queremos com isto advogarminimamente que as edições se devam assemelhar na sua fidelidade aosoriginais a reproduções facsimiladas, e que a edição em papel ou emsuporte digital deve reproduzir com exactidão fotográfica todas asminúcias da mancha textual no seu suporte original. Pelaspossibilidades que os computadores abrem no campo da criação e fácilmanipulação de toda a espécie de símbolos e imagens, o principalobstáculo que se deve levantar à edição como facsimile deve ser deordem epistemológica e não de ordem tecnológica. Com efeito, a ediçãotem o duplo objectivo de preservar e de disponibilizar os textos:torná-los acessíveis significa torná-los manipuláveis e susceptíveis deanálise linguística. Os estudiosos dos aspectos materiais dos textos eda escrita no seu suporte original terão sempre de se confrontar com arealidade física e material dos mesmos, é esse o seu campo de actuação.O campo de actuação dos linguistas, pelo contrário, é o das

como o de Serafim da Silva Neto, ecoado aliás por Azevedo Ferreira (1987: 107,nt.3.):“A transcrição puramente diplomática é hoje um atraso. Ficamos sempre na estritadependência do critério e da perícia do editor, que, no entanto, pode ler mal ou nãocompreender algumas palavras. Por outro lado, em muitos passos, as ediçõesmeramente diplomáticas são deficientes e imperfeitas, pois as tipografias modernassão incapazes de reproduzir certos sinais medievais. Com o actual progresso datécnica só se justifica a edição diplomática quando ela vem ao lado da fac-simile.Dessa maneira o leitor pode acompanhar e policiar a leitura.” (Neto 1956: 297).Quanto à questão da incompetência eventual dos editores de textos medievais, e danecessidade de policiamento editorial por parte dos leitores, trata-se de umproblema irresolúvel, no sentido em que qualquer tipo de edição (e não apenas asdiplomáticas) pode e deve levantar a questão da fidelidade ao manuscrito, e hoje,tal como ontem, há bons e maus editores, bons e maus paleógrafos, bons e mausfilólogos.

7 O argumento contra as edições muito conservadoras baseado na possibilidade darealização de uma “edição facsimilada” também é actualmente desprovido desentido, visto que para muitos estudiosos a análise do sistema de escrita é em sium objectivo, e só uma edição diplomática muito conservadora permite representarfielmente o conjunto de caracteres original. Não pode assim, em meu entender,sustentar-se hoje o tipo de reserva expresso nas Normas de 1944 do ConsejoSuperior de Investigaciones Científicas: «carece de utilidad la edición paleográficatotal, pesada para la composición en la imprenta y suplida ventajosamente con lareproducción fotomecánica del manuscrito o de la parte pertinente de él.» (C.S.I.C.1944: 16).

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representações grafémicas e linguísticas.(Brocardo / Emiliano (no prelo))

Se, por outro lado, o objectivo do editor é garantir a máxima legibilidade ou acessibilidadedos textos medievais, preservando no entanto o rigor da transcrição, a posição maisadequada parece-nos ser a da realização de edições interpretativas baseadas crucialmenteem edições conservadoras fiáveis.

2. Tipos de ediçãoDe acordo com os pressupostos acima expostos, propomos que a fixação de um textomedieval em suporte impresso para fins de análise linguística (ou seja, para fins da suaconstituição em documento linguístico) passe pela realização ou, pelo menos pelaconsideração, de quatro tipos de edição, cada um mais modernizador que o anterior.Propomos a distinção entre quatro tipos possíveis de edição (diferenciadas pelo grau deconservadorismo, e pelos fins e públicos diversos a que se podem destinar),discriminando para cada um deles um conjunto de critérios de transcrição etransliteração: 8

Tipo 1 — edição paleográfica com transcrição estreita em tipo medieval

Tipo 2 — edição paleográfica com transcrição larga em tipo medieval

Tipo 3 — edição paleográfica com transcrição larga em tipo normal

Tipo 4 — edição interpretativa (modernizadora) 9

A necessidade de se considerar a realização de vários tipos de edição justifica-se pelofacto de nenhum tipo editorial poder, por si só, corresponder a todos os potenciaispúblicos da edição, mesmo no caso mais restrito de edições de fontes para estudoslinguísticos: é o público-alvo da edição que determina, em última análise, a estratégiaeditorial a seguir.

Tipologias semelhantes foram já sugeridas para a edição de textos portugueses antigos.Referimos quatro.

Stephen Parkinson (Parkinson 1983) e João Sampaio (Sampaio 1999) propõem arealização de edições matrizes muito conservadoras em suporte electrónico: umacaracterística comum destas duas propostas é a possibilidade de se poderem gerarautomaticamente outros tipos de edição a partir da matriz. Enquanto Parkinson sepropõe atingir este objectivo através de uma série de macros que substituem símbolos ousequências de símbolos por outros símbolos ou sequências, Sampaio propõe a criação deum tipo (‘font’) especial de forma a que cada carácter contenha informação sobre o modo

8 A discussão de diversos tipos de edição que se segue não contempla a criação de

textos para uso exclusivo em suporte electrónico, pelo que não discuto a questãoda codificação dos textos de acordo com esquemas como o XML (ExtensibleMark-up Language) ou o TEI (Text Encoding Initiative).

9 A aplicação destes critérios editoriais a um conjunto significativo de textosmedievais está a ser objecto de discussão e definição no âmbito do projecto Fontespara a História da Língua Portuguesa (FONTHIS) da Linha de Investigação 4‘Linguística Histórica’ do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa(cf. http://www.fcsh.unl.pt/clunl/linha4.html )

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da sua substituição (também feita através de macros) de acordo com o tipo de edição quese pretende obter. Ambas as propostas têm o óbice de produzirem edições matrizes dedifícil legibilidade e de pouca utilidade para o formato impresso; por outro lado, tambémo facto de alguns sinais de abreviatura terem valores distintos de acordo com o contexto,podendo portanto ser transliterados por sequências literais distintas em contextosdistintos, aumenta de forma incomportável a complexidade da codificação da ediçãomatriz. A proposta de Sampaio tem ainda o inconveniente de fazer depender acodificação dos caracteres da edição matriz da sua interpretação numa ediçãomodernizadora: por exemplo, um ‘u’ com valor consonântico é codificado na matrizcomo um ‘uv’, isto é, um ‘u’ que deve ser substituído por ‘v’. A grande riqueza gráfica egrafémica dos textos medievais dificilmente poderá ser acomodada num sistema destetipo, em nossa opinião.

Luiz Fagundes Duarte propõe um modelo interactivo de seis tipos de edição em suporteelectrónico (com diversos graus de conservadorismo), que “implica a construção deprogramas específicos e a criação de pelo menos seis fontes informáticas interactivas,que têm subjacente uma gramática e um dicionário previamente estabelecidos, tendo nadevida conta critérios de época segundo a periodização estabelecida na história da LínguaPortuguesa” (Duarte 1997: 414). Fagundes Duarte dá uma descrição sumária para cadauma das “fontes” (leia-se, ‘tipos’) – fonte medieval, fonte filológica, fonte gráfica, fontemorfológica, fonte fonética e fonte modernizante (ibid.), e não ilustra com textos; nãoexplica a que “programas específicos” se refere, ou como constituir e a partir de queprincípios/modelos a gramática e o dicionário; não é claro também a que periodização dahistória da língua portuguesa alude; sobretudo não explicita a arquitectura interna daedição electrónica interactiva, nomeadamente os mecanismos de “linkagem” entre asvárias edições, nem propõe implementá-la num conjunto concreto de textos. 10

Comentários de maior detalhe devem merecer as considerações do eminente paleógrafoEduardo Borges Nunes, apesar de dispersas em diversas fontes, entre as quaisapontamentos de lições de mestrado feitos por alunos. Fazemos aqui a recensão das suaspropostas a partir de uma síntese publicada numa apostila (Nunes 1999).

Nunes propõe um “esquema de três tipos referenciais, articulados em degraus crescentese cumulativos de modernização.” (Nunes 1999: 484). O tipo 1 é o mais conservador;Borges Nunes define-o da seguinte maneira:

10 Deve notar-se, a este propósito, a existência do Projecto “Philological

Workstation” do Istituto di Linguistica Computazionale de Pisa, no qual seimplementou a interactividade entre um facsímile de um manuscrito e uma edição,através do desenvolvimento de um inovador sistema de reconhecimento decaracteres. Para mais detalhes sobre este projecto verhttp://lingue.ilc.pi.cnr.it/philwork/Italiano/homepage.html. Um sistema como oesboçado por Duarte seria teoricamente implementável num ambiente hiper-textualcom hiper-ligações (‘links’) a permitirem a navegação entre as diversas edições,forma a forma. Um sistema interactivo deste tipo, que permite a ligação entre asformas de uma edição crítica e as diversas variantes presentes nos diversostestemunhos do texto foi já implementado no “Canterbury Tales Project” (cf.http://www.cta.dmu.ac.uk/projects/ctp/).

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O tipo 1 corresponde à transcrição paleográfica de álbum que agorapratico, com duas alterações: 1) deixar cair as representações dasabreviaturas apensas às palavras desabreviadas; 2) nos erros, lacunas,correcções, adições e outros acidentes do original, só conservar notexto a versão corrigida, e dos sinais caracterizadores das anomalias sóos [ ], descendo o resto para notas, nas quais os sinais anexos serãosubstituídos por caracterizações verbais.(Nunes 1999: 484)

O tipo 1, acrescenta Nunes, “deseja conservar a ortografia e a pontuação do original”(ibid.) mas “descodifica as abreviaturas, sem avisar, caso a caso, onde o fez” (ibid.). Aseparação/união de palavras é totalmente modernizada, e renuncia-se à representação decaracteres medievais (literais ou de pontuação) “por não os haver na nossa tipografia”(ibid.). O tipo 2, mais modernizador, caracteriza-se pela “modernização total damaiusculação, a modernização moderada da pontuação, a moderadíssima da acentuação(quase só nas homógrafos [sic])” (p.485). É feita também introdução de sinais modernosde pontuação como pontos de interrogação e exclamação, aspas, travessão. O tipo 3, omais modernizador “aplica ao texto a modernização da total da ortografia, com algumashesitações em conservar a fonética original” (ibid.).

Como se vê, a estratégia de base proposta por Borges Nunes é razoavelmenteintervencionista e interpretativa, mesmo no tipo mais conservador, não parecendo a maisconsentânea com a edição de fontes para estudos linguísticos. Nunes considera, apesarde tudo, “circunstâncias minoritárias em que seja adequado o recurso a transcrições maispróximas do original que o tipo 1, ou mais afastadas que o tipo 3.” (ibid.) a que chama,respectivamente, “Tipo 1nfra-1” e “tipo ultra-3”.

Assim sendo, os Tipos 1, 2 e 3 que acima referimos e que abaixo descrevemos emdetalhe, parecem corresponder todos (em grau diferente) ao tipo “infra-1” de Nunes. OTipo 4 (edição interpretativa) corresponderia a um tipo “infra-3” que Nunes nãocontempla.

A prática dos editores de textos medievais portugueses enquadra-se, em geral, nosdiversos tipos discriminados por Nunes, outro facto que justifica a análise em detalhedas suas propostas. Por exemplo, as edições da Notícia de Torto realizadas por Avelinode Jesus da Costa e por Lindley Cintra (que abaixo referimos e comentamos),correspondem a um tipo “infra-1” 11 que está, apesar de tudo, muito distante dos TiposI-III que aqui se propõem. A edição paleográfica da Notícia realizada por Susana Pedro(q.v. infra) corresponde ao Tipo 1 aqui discutido, com uma importante diferença: Pedroassinala no corpo da transcrição, através de uma série de convenções explícitas, aocorrência de emendas, anulações e interpolações escribais, em vez de remeter essainformação para o rodapé.

A grande diferença entre o quadro explicitado por Nunes, e o quadro implícito na práticada generalidade dos filólogos portugueses, por um lado, e a proposta que aqui se faz, poroutro lado, é o facto de aqui se propor como regra, e não como excepção, a realização deedições muito conservadoras para fins de estudos linguísticos. Ou seja, aquilo que Nunesdesigna como “circunstâncias minoritárias” deve ser, em nosso entender, o ponto de

11 Quanto ao tratamento das abreviaturas; mas quanto à separação/junção de palavras

e capitalização correspondem ao tipo 1 de Nunes.

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partida necessário e obrigatório (o caso geral, portanto) de qualquer edição fiável de umtexto medieval.

No quadro editorial que aqui se propõe, a edição de Tipo 1 deve ser considerada como aedição-matriz, a partir da qual devem ser geradas as outras: queremos com isto dizerque mesmo o filólogo ou o historiador que deseje apenas publicar uma ediçãointerpretativa de um texto medieval está obrigado à constituição de uma edição quereflicta uma leitura conservadora do manuscrito. Só num segundo momento deverápassar à transformação, mediante critérios consistentes e explícitos, da ediçãopaleográfica em edição interpretativa, de forma a forma e de carácter a carácter.

Qualquer um destes tipo de edição se destina quer a suporte electrónico (por exemplonuma base de dados textual), quer a suporte tradicional em papel, e deve poder darorigem a versões criadas especificamente para processamento informático, pelo quenenhuma das convenções editoriais adoptadas pode depender exclusivamente de códigosde processamento de texto, como, por exemplo, o itálico: esses códigos não só dependemdo software específico instalado no computador do criador da edição, que poderá serdiferente do dos usuários, como se perdem quando o ficheiro de texto é convertido numficheiro ‘Só Texto’ (‘Text Only’ ou ‘ASCII’) para processamento informático.

Os diversos tipos de edição propostos são ilustrados através da transcrição de quatrotextos:

1. Notícia de Fiadores de 1175

2. Testamento de Petrus Fafiz/Fafila de 1210 (2 testemunhos)

3. Notícia de Torto de 1214-1216

4. Carta de Xusana Fernandiz da segunda metade do séc. XII. 12

2.1 Edição de Tipo 1 – paleográfica com transcrição estreita em tipomedieval

2.1.1 Critérios

Neste tipo de edição o objectivo é capturar todos os aspectos relativos ao conjunto decaracteres presente no manuscrito, e às convenções de utilização desse conjunto decaracteres: ou seja, trata-se de realizar uma transcrição minimamente interpretativa, como recurso a um número mínimo de operações de transliteração. Isso resulta num grauelevado de isomorfismo entre o manuscrito e a edição, já que todas as distinções literais,algumas das quais estranhas ao conjunto de caracteres sobre o qual se estabeleceu aortografia moderna do português, serão preservadas e representadas. Para esse efeito éutilizado o tipo ‘Medieval’ (criado por Maria José Homem Ribeiro 13) que permite a

12 De todos estes documentos o único inédito é a Carta de Xusana Fernandiz,

documento da segunda metade do séc. XII recentemente achado por José AntonioSouto Cabo, e a ser publicado em J. A. Souto Cabo (no prelo): Origens daexpressom escrita galego-portuguesa: documentos de c. 1175 a 1260, Santiago deCompostela: Seminario de Estudos Galegos / Edicións do Castro.

13 Cf. Ribeiro 1995; damos em apêndice o conjunto de caracteres do tipo Medieval nasua forma actual. O tipo Medieval, na sua versão actual (v.2.1) existe apenas em

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visualização de glifos medievais que não fazem parte dos conjuntos de caracteresmodernos baseados no alfabeto romano.

Mais concretamente: não são expandidas as abreviaturas, sendo todos os caracteres deabreviação representados por glifos do tipo Medieval — sinal geral de abreviação, quercom valor especial (literal) quer com valor geral (vocabular), letras sobrescritas, sinaisespecíficos de abreviação; a separação/união de palavras é dada tal como ocorre nomanuscrito sem qualquer intervenção editorial; o mesmo se aplica à capitalização e àpontuação.

A intervenção editorial resume-se à numeração de linhas, e à representação de algunsacidentes de escrita (referidos e clarificados em nota se for caso disso), como lacunas,anulações escribais, ou interpolações escribais, não se fazendo qualquer restituição detexto.

Convenções editoriais:

<texto> texto legível anulado ou rasurado; se a edição não se destinar a tratamentoinformático, que obrigue à utilização estrita de caracteres ASCII, podeusar-se também o código de processamento de texto ‘Strikethrough’, ex.:

<texto> <anulado>; obs.: a inclusão na edição de etiquetagemSGML ou XML obrigará à substituição dos ângulos por uma outraconvenção editorial

tΩeΩxΩtΩoΩ texto sopontado

<...> texto ilegível anulado ou rasurado (com quantidade de letras ilegíveisindeterminada)

[...] texto ilegível devido a impossibilidade de leitura causada por acidente nosuporte material (com quantidade de letras ilegíveis indeterminada)

* letra ilegível

< > espaço em branco entre palavras deixado pelo escriba

[ ] espaço em branco entre palavras provocado por lavagem ou raspagem

/texto/ texto (letras, palavras, ou sequências de palavras) interpolado naentrelinha superior; é colocado um ‘slash’ à esquerda e outro à direita dequalquer sequência de letras não interrompida por espaço branco, ex.:

/texto/ /entrelinhado/ — este procedimento permite extrairde uma edição para tratamento informático todas as formas entrelinhadas;se edição não se destinar a tratamento informático, que obrigue à

formato ‘bitmap’ para Macintosh. Está prevista a criação de uma versãoTrueType do tipo Medieval para Macintosh e PC. Está também prevista aampliação do tipo, no âmbito das actividades da Linha 4 do Centro de Linguísticada Universidade Nova de Lisboa, com a colaboração de Susana Pedro (consultorade paleografia) e da autora do tipo original.

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utilização estrita de caracteres ASCII, pode usar-se também o código de

processamento de texto ‘Raised Spacing’, ex.: /texto//entrelinhado/

\texto\ texto interpolado na entrelinha inferior; é colocado um ‘backslash’ àesquerda e outro à direita de qualquer sequência de letras não

interrompida por espaço branco, ex.: \texto\ \entrelinhado\— este procedimento permite extrair de uma edição para tratamentoinformático todas as formas entrelinhadas; se edição não se destinar atratamento informático, que obrigue à utilização estrita de caracteresASCII, pode usar-se também o código de processamento de texto

‘Lowered Spacing’, ex.: \texto\ \entrelinhado\

?texto? texto de leitura duvidosa

<?texto?> texto anulado de leitura duvidosa

L linha numerada

A substituição de letras, quer por transformação, quer por sobreposição, é assinalada emnota.

2.1.2 Textos

1. Notícia de Fiadores de 1175Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Cristóvão de RioTinto, maço 2, nº 10

L1 Noti cia fecit pela gio ro meu ¬efia ¬oreÊ Stephanopelaiz .xx≠. Êoli¬oŒ lecton .xx≠. Êol¬oŒ pelai ogarcia.xx≠. Êol ¬oÊ. Gu– diÊal uo `–dici .xx≠. Êol¬oÊ

L2 EgeaÊ an ri quici xxxõö Êol¬oÊ. ptr–o co– laco .x.Êol¬oÊ. Gu– ¬iÊal uoan riqui ci xxxxõö Êlî¬îŒ EgeaÊ`oniúiúci .xxõ≠. Êol¬oÊ <i> <l> I„one Êuarici .xxx.taÊol¬oÊ

L3 M—¬o garcia .xxõ≠ Êol¬oÊ . ptr–o sua ri ci .xxõ≠. Êol¬oÊE—R— M—. C—C— xiiiõ≠ö IÊtoÊ fia ¬oreÊata<n> .V.annoÊ que Êepart ia deiÊto male q’li avem

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2. Testamento de Petrus Fafiz/Fafila de 1210

2.1 Testemunho AInstituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Simão da Junqueira,maço 5, n.º 13

L01 Eä Mä.CCä. X’ä: viijä. ego petrÜ fafiz tjme–Œ die–mo¸tiŒ meúeú jta meu– habere ma–do diujdere . j–p≠mjŒ .

L02 uno caÊal napoboazo– . quefujt ∆Êuejrofafiz ÖÊua herda. Å Ö roteaŒ que modo habet . Å hocaÊal derjba

L03 da hegte . Êco– Êimeonj . talj pacto . ut nu–¿ä . prio¸neg p–poÊitÜ . nec abade habea poteÊtate–<j> ue–de–dj

L04 nec apenora–dj . ipÊoŒ caÊaleŒ . Êed Êe–∑ tena–t illoŒ

duoŒ fratreŒ . Ad Êeruj/e–/du– ipÊu– monaÊteriu– i–caljL05 ceŒ j–liuroŒ . Åi–prol que ujdea–t domoeÊtejro . Å

Mando . uno caÊal i–le–cj . martj no nunjz . AcedoL06 fejta i–gotemjr ∆go– dego–demar qänta hereditate– ibj

habeo . Êaquena Å habeant . illa– . Aponte da ho–L07 Å ade crjnjŒ . i M—r Apo–te ∆ do–zamejro . Å adedona

go–zina . i . M—r . a co–fria . decanaueÊeŒ . i . M—r .hoÊ gafoŒ

L08 . i . M—r . Abracala . q≠tame–to . Åde–t Meu auer ta–tu–

∑que<nat> /<?que?>/ tenat– unu– anal . Å∑que co–parietL09 unu– mujme–to pedrino . Ame–louÊado . una . uaca ApetØ

martjnjz . una . iuue–ca . houŒ fratreŒL10 Êc–j Êimeo– .ú X . M—r . que me habeat– i– me–te i–ÊuaŒ

orationeŒ . hocaÊal ∆le–te iacet . por . X . M—r . q≠teL11 no . loguo . ∑ noŒo auer . ÅhocaÊal derjba da heŒte

q≠teno ∆ . viiij . M—r ∑honoÊo . Å Ma–do que jacaL12 uo caÊal ∆ petØ j„nÊ . por hoÊmorauedioŒ . <...> que

jacet . ho quema–do aÊa– Êimeo– .L13 aÊa– Êimeo–j una almozala . Åunoplomazo . unafaceroaúaú .

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2.2 Testemunho BInstituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Simão da Junqueira,maço 5, n.º 14

L01 Svb . eä . `ä . ccä . ˆä . viijä . Ego PetrÜ fafilatimenŒ die– mortiŒ meúeú . facio manda dem–a

L02 „editate Å de m–o cenÊu in remiÊÊione m–o‰ peccaminu–. Jn p≠miŒ `ando `onaÊt’io Êci–

L03 ÊymeoniŒ . ií . caÊale i– apoboacion . q∆ fuideÊuerio fafiz cu– qänto ad illu– ∑tinet . vd∂cÅ .arroteaŒ

L04 quaÊ mØ ha˘t . ƒ in rippa daliÊte .ú aliud caÊale .tali pacto . ut nu–qäå p≠o¸ nec aliq≠Œ

L05 habeat poteÊtate– uendendi n≤ pigno¸andi ipÊoÊp’dictoÊ caÊaleŒ . S; Êem∑ teneat– illoÊ duo

L06 fr–es ad utilitate– p’dicti monaÊt’ij . vid∂cÅ . inlibriÊ Å i– caliciŒ Å in alia ∏fectancia huiÜ mo

L07 naÊt’i¢j¢ . Et mando . i . caÊale inleenti Martinonuniz . Acedofecta ingontemir de go–demar

L08 qänta– „editate– ibi habeo . Å ∑Êoluat– Åhabeat– . Adpo–te da huúm . ÅCrineŒ . i . mr˘ . Ad

L09 ponte de donzameiro . Å d’ dona go–cina . i . mr˘ Adco–fraria ª canaueÊeŒ . i . mr˘ AgafoÊ

L10 i . m˚– . Adbrachara q≠tam–tu– . ƒ dent tantu– de m–ocenÊu ∑que– teneat– . i . anale

L11 Å ∑que– co–paret– unu– monum–tu– pedrinu– . Ame–do louÊado .i . uaca . Ad petru– martiniz

L12 iä . iuuencula . Adfr’eÊ Êci– ÊymeoniŒ . X . mr– . q≠me habeat– i– mente i– ÊuiÊ o¸–onibÜ .

L13 CaÊale deleenti ∑Êoluat– de nr–o cenÊu . que iacet∏dece– aureiÊ . CaÊale de rippa daliÊte iacet

L14 ∏ viiij . Å ∑Êoluat– illu– de nr–o . ƒ ma–do ut mittat–in pignoribÜ caÊal d’ petØ io„neÊ ∏ xx mr˘

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L15 Å ∑Êoluat– da poboacio– . Å aut interim /caÊal/ de

petro i„iÊ Êeruiat Êco– Êymeone . Et Êco– Êyme/one–/L16 i . almutala . Å i . plumacio . Å i . faceiroa . Et

Rogo ÅMando p≠o¸e– Êci– ÊimeoniÊ Åmå–L17 Êup≠nu– Mene–du– pet≠ q≠ faciat– om–a mea ma–da i–pleri . ƒ

Êi fo¸te mea mulie˚ Åfiliújú mi– eaL18 noluerint i–pleri .ú p≠o¸ . ÅMene–dÜ pet≠ ∑rege– Å

∑archiep–m ‹ faciat– i–ple˚e .L19 ‹ aut ∑ Êe

3. Notícia de Torto de 1214-1216Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Salvador de Vairão,maço 2, n.º 40

Edição paleográfica:

Pedro, S. (1994): De noticia de torto (Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade deLisboa, dissertação de Mestrado em Paleografia e Diplomática), pp. 65-69 (=SP).

Nota prévia:

Esta edição da Notícia de Torto foi feita com base numa reprodução fotográfica a coresdo manuscrito, cujos negativos foram gentilmente cedidos por Susana Pedro, e com basena edição paleográfica de Pedro 1994 com o tipo Medieval, feita em presença domanuscrito. Foi feita também uma consulta directa do manuscrito (com a presença deSusana Pedro, cuja disponibilidade agradecemos muito), para esclarecer sobretudoproblemas de leitura nas secções de legibilidade difícil.

Esta edição preserva leituras que já não são hoje verificáveis no manuscrito devido à“limpeza” a que o mesmo foi irresponsavelmente sujeito entre 1982 e 1993 (cf. a esterespeito Pedro 1994: 11 e 54-55), mas que reproduções anteriores à “limpeza” permitemconfirmar. Algumas divergências desta edição com SP explicam-se por esta razão. Poreste motivo foram também consultados facsímiles publicados anteriores à limpeza.

O levantamento e classificação das emendas (“letras que, a meio caminho do seu traçado,foram alteradas e adaptadas a outras”, Pedro 1994:46) e anulações (“formas querevestem, no texto, os actos de anular ou cancelar o que foi escrito”, Pedro 1994:48), quese assinalam em nota, é da responsabilidade de Pedro 1994.

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[anverso]

L01 D’ 14 noticia ∆ to¸to que fecer’ 15 alaure–ciÜ ferna–dizpo¸ plaÂo q/v/e 16 fecë 17 go–cauo, 18

L02 ramiri antre Êuo¥ filio¥ eloure–zo ferrna–di 19 qälepodedeÊ Êaber eoue auër ªer¬a∆ 20

L03 edauër ta–to 21 qØme 22 uno ∆ Êuo¥ filio¥ da¿ätopo¬eÊe– auër ∆ bona ∆ Êeuo pater efiolio¥ Êeu, 23

L04 pater eÊua mater. E∆pois fecer’ 24 plaÂo nouo eco– ue–uo¥ aÊaber qäle inille Êe/e/m

L05 taeÊ firmam–to¥ qäleÊ po¬e¬es Êaber. <Ef**aq> 25

ramiro go–calui ego–caluo go–caL06 eluira go–caluiz fo¸u– fiado¸eÊ ∆ Êua irmana que

o¸gaÊe aqule plaÂo come illo¥ 14 D’] SP ‘D’; o sinal de abreviação não é já de facto visível, em virtude da limpeza a

que o ms. foi sujeito entre 1982 e 1993; a leitura de SP reflecte o estado actual doms.; reproduções anteriores à limpeza permitem ler o sinal de abreviação semdificuldade; o mesmo se aplica a outras leituras de SP assinaladas abaixo.

15 fecer’] SP ‘fecer’; cf. nota 10.16 q/v/e] SP ‘q\ve’; SP transcreve texto entrelinhado sempre desta forma, pelo

que deixo de assinalar em nota17 fecë] SP ‘fec’; cf. nota 10.18 go–cauo,] SP’ go–cauo’; cf. nota 10.19 ferrna–diÂ] com emenda de ‘j’ para ‘iz’; SP ‘ferrna–d[jsÚiÂ]’ («depois de

feito o j o escriba tentou corrigir o traço demasiado longo com o z, e fê-lo demaneira a que o traço oblíquo fosse cobrir a parte inferior do j, prejudicando assimo desenho da cabeça do z.» Pedro 1994: 47).

20 ªer¬a∆] SP ‘ªer¬’; cf. nota 10.21 ta–to] SP ‘tato’; cf. nota 10.22 qØme] SP ‘qme’; cf. nota 10.23 Êeu,] SP ‘Êeu’; cf. nota 10.24 fecer’] SP ‘fecer—ú’; SP transcreve sempre desta forma o sinal abreviativo que se

encontra nestas formas verbais, que tem um traçado anguloso, pelo que nãoassinalamos mais em nota; consideramos que se trata de uma versão peculiar dosinal semelhante a um apóstrofo que representa habitualmente ‘er’; cf. infra <

t’ra > = ‘t(er)ra’ (l.51), e também < om’Ê > = ‘om(en)s’ (l.52).25 <Ef**aq>] sequência anulada por riscado forte; SP ‘[-Ef..aq]’

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L07 Su∑ iÊto plazo arfer’ Êuo plecto . 26 ea 27 maio¸aiuda que illo¥ hic co–nocer’ queleÊ

L08 acanoce<r> 28 Êe 29 laure–Âo ferrna–di Êa irda∆ ∑ p’toque ateueÊe o abate ∆ Êc–o martino 30

L09 que como ue–ceÊe– <o ctä> 31 <q> 32 que aÊi leÊ deÊe ∆iÊta oabade. Eque nunqä illo¥ lecxaÊe–

L10 daquela irda∆ <d>[ ] 33 Êe–Êeu ma–d ato. 34 Sea lexare–i–tregare– ille ∆octä que /li/ plaÂa

L11 EDauër que ouer’ ∆ Êeu pat’r nu¿ä <le> 35 li i–∆ der’parte. Deu <alaure–> <...> 36 du– go–cau

L12 o alaure–co ferna– di emarti– go–clui .xii <a> caÊaeÊpo¸ arra¥ ª Êua auoúoú

26 . ] SP ‘/.\’ (=adição na linha)27 ea] com sobreposição do ‘e’ a um ponto; SP ‘[.+e]a’28 acanoce<r>] ‘r’ anulado por lavagem; SP ‘acanoce[r]’29 Êe] SP ‘se’30 martino] com emenda de ‘m’ para ‘no’; SP ‘marti[mÚno]’ («o escriba

escreveu ‘martim’, e da última perna do ‘m’ fez o primeiro traço do ‘o’, que ficou,em consequência, com um ângulo recto onde devia ter uma curva.» Pedro 1994:47).

31 <o ctä>] sequência anulada por lavagem; SP ‘[o ctä]’32 <q>] com emenda de ‘q’ para ‘a’ e anulação por riscado ténue; SP ‘[-qÚa]’33 <d>[ ]] letra anulada por riscado ténue seguida de espaço; SP ‘[-d]’; a seguir

ao ‘d’ anulado ocorre um espaço em branco provocado pela raspagem recente deum borrão proveniente da linha 9 que se estendia até à linha 11; editores anterioresassinalam a existência de uma mancha; é visível um ponto de tinta a seguir ao ‘d’,mas não parece tratar-se de um ponto escribal; o espaço a seguir ao ‘d’ éequivalente ao duas letras de módulo médio, mas uma vez que o borrão parece tervindo da linha superior não se deve considerar a existência de letras ilegíveis; SPnão assinala.

34 ma–d ato] SP ‘ma–dato’35 <le>] sequência anulada por riscado ténue; SP ‘[-le]’36 <alaure–> <...>] sequência anulada por riscado e lavagem; SP ‘[-alaure– --

-]’

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L13 Efilar’ li illo¥ in∆ vi caÊaleÊ <qäta–to> <er> 37

c–to¸to. EpodedeÊ 38 Êaber como man,L14 do Du– go–cauo aÊua mo¸te. D’ xvi caÊaleÊ ∆ueraciN

que/∆/fructar’ equeliL15 nunqä i–∆ der q≠nno–. E∆ vii emedio caÊaes antre coina

ebaÊtuÂio un∆ li

L16 nun¿ä der’ q≠nio–. E∆ treÊ i–tefuoÊa un∆ li nuqä ardernada. E iiØÊ i–figeerec,

L17 do. unn∆ nu– <nada>. 39 ¿äli der’ q≠no–. E iiØÊ i–tamalu–∆ li n– arder’ q≠no–. EdaÊena

L18 ra ∆coina u–∆ li n– arder’ q≠no–. Eduno 40 caÊal ∆coina queleuar’ i–∆ iii anoÊ,

L19 ofrcuctu c– to¸to. Epo¸ iÊtes to¸to¥ queli fecer’ temqäaÊeu plaÂo quebra–tado

L20 eqälio deue– po¸ Êana¸. E∆ pois ouer’ Êeu mal emeteuoaba∆ pa atre ille˝

L21 i–no carualio ∆ laurecdo. E rogouo oabate ta–to quebeiÊo c illeÊ. E der’li, 41

L22 xviiii ^o¸abitino¥ q≠li filar’. ƒ∆ poÊ iÊte p’topre∆r’/l≠/<on> 42 oÊeruical otro,

L23 om– ∆ 43 Êa caÊa. etroÊer’no xviiii diaÊ ∑ mo–teÊ 44

37 <qäta–to> <er>] sequência anulada por riscado forte; SP ‘[-qäta–to er]38 EpodedeÊ] com emenda de ‘Ê’ para ‘d’ (o segundo); SP ‘Epode[ÊÚd]eÊ’ («o

escriba terá escrito ‘pode’, que emendou para ‘podedes’ fazendo do tronco do ˝ oprimeiro traço do d.» Pedro 1994: 47).

39 <nada>] sequência anulada por riscado médio; SP ‘[-nada]’40 Eduno] com emenda de ‘u’ para ‘d’; SP ‘E[uÚd]uno’ («Primeiro escreveu o u de

‘uno’, em seguida acrescentou-lhe a haste do d e, com um levíssimo traço, fechou oolhal da letra.» Pedro 1994: 47).

41 E der’li,] SP ‘Eder’li,’42 <on>] sequência anulada por riscado médio; SP ‘[-on]’43 ∆] SP ‘d’; cf. nota 10.44 ∑ mo–teÊ] SP ‘∑mo–teÊ’

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efecer’leÊ ta– maa priÊo–,L24 ∑que leuar’ deleÊ ¿äto poder’ auër. E∆ pois li ∆Êu–ro

go–cauo go–cauiÂ,L25 Êa fili pechena : E irmarli xiii caÊaleÊ un∆ perdeu

fructu . E iÊto, 45

L26 fui ∆ p/oiÊ/ que fur’ fiújúdo¥ anto abate E∆ poiÊ quefur’ i–fiado¥ po¸ iuiÂo ∆ ilo,

L27 rec . Enu–qä ille feÂ’ neu<n> 46 mal po¸todo 47

aqueÊte . EfezeleÊ <ta> <qä> 48 aguda¥,L28 qäleÊ aqui ouirecdeÊ. Su∑ Êua aguda fe teÊtiuigo 49

c– go–cauo 50 cebolano,L29 EÊu∑ Êaaiuda ar fuili acaÊa efiloli ¿äto queli agou

e¬eu ailleÊ . E Êu∑ Êa,

L30 aiuda oue teÊti figo 51 c– p’tro gome omeÂio q/v/elicuÊtou maeÊ <qä> 52 Ka.c..^.,

L31 EÊu∑ Êa aiud oue mal c– goncaluo 53 gome que li<s> 45 E iÊto,] SP ‘EiÊto,’46 neu<n>] letra anulada por riscado ténue; SP ‘<neu[-n]>’47 po¸todo] SP ‘po¸ todo’48 <ta> <qä>] sequência anulada por riscado médio; SP ‘[-ta qä]’49 teÊtiuigo] com emenda de ‘f’ para ‘u’; SP ‘teÊti[fÚu]igo’ («o primeiro

traço do f foi desenhado e nesse momento o escriba hesitou entre os grafemas edecidiu-se por um deles. Na vez seguinte em que escreveu a mesma palavra, optou

pelo outro (linha 30).» Pedro 1994: 48). Cf. ‘teÊti figo’ L30, ‘feÂeÊ’

(=uezes) e ‘<f> uiceÊ’ L34, ‘fice’ (=uice) L53.50 c– go–cauo] SP ‘c–go–cauo’51 teÊti figo] SP ‘teÊtifigo’52 <qä>] letras anuladas por lavagem; SP ‘[ qä]’53 goncaluo] com emenda de ‘m’ para ‘nc’; SP ‘go[mÚnc]aluo’ («cremos que

esta situação prova que o copista não escrevia a nasal no meio da palavra com umm. De facto, nunca o faz, e esta correcção vem reforçar esse hábito. À última pernado m foram acrscentados dois tracinhos, um em cima e outro em baixo, para fazero c.» Pedro 1994: 47).

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54 cuÊtou multo da auërL32 emuita perda . Ein Êa aiuda oue mal c– gocaluo

suari . E in Êa aiuda,L33 oue mal c– ramiro ferna–di queli cuÊtov muito auër

muita perda

L34 EinÊa aiuda fui iiäÊ feÂeÊ acoibra . EinÊa aiudadixe mul <f> 55 uiceÊ

L35 [linha interpolada] 56

L36 Êeu torto alrec . E Êu∑ Êaiud ma–doc lidar ÊeuÊ om–Ê c–mar

L37 <^> 57 tin i„nÊ que q≠ra ∆Êu–rar Êa irmana . E cu–illee 58 ecu– ˝a caÊa

L38 ecu– Êeu pam ec–Êeu uino ue–ceÊteÊ uoÊa erdade Ecu– 59

ille

L39 exiÊtiÊ ∆ Êua /caÊa/ inipÊo 60 die que uola q≠tar’ .Eille 61 teue auoÊa

L40 reÂo– . E otäÊ 62 aiuda¥ multa¥ que <*> 63 fe .EpluÊliacuÊtado 64

L41 uoÊa aiuda qäli in∆ cae derda∆ . E Êubre 65 becio e 54 li<s>] letra anulada por lavagem; SP ‘ li [s]’55 <f>] sequência anulada por riscado médio; SP ‘[-f]’56 Sobre a interpolação da linha 35 ver Pedro 1994: 51ss.57 <^>] letra anulada por riscado ténue; SP ‘[-^]’58 illee] com emenda de ‘e’ para ‘le’; SP ‘il[eÚle]e’59 Ecu–] SP ‘E cu–’60 inipÊo] com emenda de ‘Ê’ para ‘p’; SP ‘ini[ÊÚp]Êo’ («o ˝ foi totalmente

escrito e o p foi feito desenhando o olhal a partir do topo da base da haste do ˝ eesta prolongada um pouco abaixo da linha.» Pedro 1994: 47).

61 Eille] SP ‘E ille’62 otäÊ] SP ‘otäs’63 <*> ] letra anulada por riscado forte; SP ‘[- ]’64 EpluÊliacuÊtado] SP ‘E pluÊ li a cuÊtado’65 E Êubre] SP ‘EÊubre’

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Êu∑

L42 fiújúm–to Êe arq≠ÊerdeÊ ouir aÊ deÊo–ra¥ q/v/e ante ihcfur’

L43 ar ouidea¥ Vener’ auila efilali o po¸co ante ÊeuÊfilio¥ ecom

L44 eru–Êilo . Vener’ alia uice erfilur’ 66 otØ ante illeÊ

L45 ercomer’Êo . Vener’ i– /alia/ uice erfiliar’ una anÊarante

L46 Êa filia ercomer’Êa. ãalia 67 uice arfiliar’li o paneante

L47 Êuo¥ filio¥. ãalia 68 uice ar uer’ hic erfilar’ 69 i–deouino 70

L48 ante illoÊ .[verso]

L49 Otr?a? ui?c?e uener’li 71 filar ante Êeus filio¥ ¿ätoq/v/e liagar’ i–quele

L50 caÊal . Efur’li <o> 72 u ueriar e∑’der’ i–∆ oco–laÂoun∆ mamou *?e?Ê* 73

L51 re egacar’no egetar’ int’ra polo cecar eler’ delle¿äto oue

L52 ãalia 74 uice ar fur’ aferaci– e∑’∆˚’ iiØÊ om’Ê 75 e 66 erfilur’] SP ‘erfilar—ú’67 ãalia] SP ‘I—alia’68 ãalia] SP ‘I—alia’69 erfilar’] SP ‘er filar’’70 ouino] SP ‘o uino’71 uener’li] SP ‘ueneru–li’72 <o>] letra anulada por riscado ténue; SP ‘[-o]’73 *?e?Ê*] há uma letra ilegível a seguir à forma ‘mamou’; não é absolutamente claro

se a seguir vem um ‘e’, ou um ‘c’, ou um ‘o’; o ‘Ê’ é perceptível, e parece haver a

seguir uma letra ilegível; SP ‘ ΩΩ Ω eΩ ÊΩ Ω ’74 ãalia] SP ‘I—alia’

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gacaru– no¥ ele/ua/rL53 d?el?eÊ ¿äto que ouer’. ã 76 otä fice ar∑’der’ otäÊ

iiØÊ aÊe irmano p∂agioL54 ferna–di eiagar’no¥. ã 77 otä uer’ a ?p?ge≤*tro¥ 78

eleuar’Êo [...] 79

L55 [...] 80 p∂agio f?erna–diÂ? 81

[linha interpolada no anverso]

L35 eo¸a iniÊta tregu a fur’ aueraci–amaÂar’li oÊ om–Êermali x caÊaeÊ

4. Carta de Xusana Fernandiz (segunda metade do séc. XII)Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Sé de Coimbra, maço 8, n.º 42

L01 Jn ∆i nn–e. „ e– carta q≠ Ego ma–∆i fazer XusanaFerna–diz. auØ˘ /meiÊ/ homine/Ê/.

L02 ∆be–feita. ∆foro q≠ m≠ deÊteÊ Êen∑ ma–do uo˘ indetolerq≠nta

L03 ∆pa– edeuino ∏pter amorem∆i Å∑bonum Êeruicium q≠mefe

L04 ciÊtiÊ Êen∑. q≠n haberet pane– aut uinu– ∆ÊuiÊ laboribÜ 75 om’Ê] SP ‘om—úÊ’76 ã] SP ‘I—’77 ã] SP ‘I—’78 ?p?ge≤*tro¥]antes de <ge> ainda é possível discernir no ms. um ‘p’, que a

consulta de reproduções anteriores à limpeza do ms. confirma; SP ‘ Ω Ωge≤ ΩΩtro¥’

79 [...] ] no estado actual do ms. não é possível identificar nenhuma letra individual

nesta zona, ou determinar o número exacto de letras ilegíveis; SP ‘ Ω Ω Ω Ω Ω Ω’80 [...] ] no estado actual do ms. não é possível identificar nenhuma letra individual

nesta zona, ou determinar o número exacto de letras ilegíveis; SP ‘ Ω Ω Ω Ω Ω’81 f?erna–diÂ?] no estado actual do manuscrito apenas o ‘f’ inicial e o sinal

abreviativo sobre o ‘a’ são claramente identificáveis; SP ‘ferna–diÂ’

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∆iugada

L05 ∆bouuiÊ.de .ii. qärteiroÊ.Êine q≠nta.∆Êuauinea q;laborar. ∆/.i./puzal∆ui

L06 no Êine q≠nta que– Êiq≠Êer fazer uinea nouua ∆.i.<...>foro.∆

L07 .c. puzal ∆uino. 82 T’mini d’be–fecta Êt– iÊti. da<...>portela dutra

L08 uazu cumu uai a turri– Å ∑ lus algares. Å lacabecade

L09 mo–te redu–du . Å ∑ lacabeza d’<...> argaraz Å cumu∑ti ∑

L10 padruzeluÊ. Å i–d’ ∑ lalu–ba d’ moura en∏no. Å i–d’cumu

L11 ∑ti ∑<ti> cabeza d’ chamua . Å ∑ lu Êeixu d’ bilidu.Å∑ti

L12 ∑ la aqua– d’ ÊaRalina Å i–d’ ala foz du trauazu– cumuL13 uaj ala purtela.

2.2 Edição de Tipo 2 – paleográfica com transcrição larga em tipomedieval

2.2.1 Critérios

Apesar de conservar o conjunto de caracteres presente no manuscrito este tipo de ediçãoapresenta algumas intervenções editoriais notórias de carácter interpretativo. Este tipode edição será provavelmente o mais recomendável para processamento informático dostextos através, nomeadamente, de geradores de concordâncias e de indices uerborum.

Uma importante diferença entre o Tipo 1 e o Tipo 2 é o facto de este incorporar norodapé a tradição editorial do texto: ou seja, são assinaladas em notas de rodapé todas asdivergências relativas as outras edições. Uma edição de Tipo 2 é mais consentânea comeste procedimento filológico por dar a separação de palavras gráficas de acordo comcritérios lexicais: uma vez que a generalidade das edições se rege pelo mesmo princípio,uma edição de Tipo 2 permite mais facilmente o confronto de leituras divergentespalavra a palavra.

A separação de palavras é indicada por ‘_’ seguido de espaço, a junção de partes depalavras é indicada por ‘+’.

82 A partir deste ponto o texto está escrito noutra mão.

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Não é feita a separação dos pronomes enclíticos em relação à forma verbal precedente(embora esta possa ser feita numa edição destinada a processamento electrónico deacordo com as necessidades específicas do investigador).

Letras omitidas pelo escriba são restituídas entre [ ]. Importa reconhecer que nem todasas omissões se podem atribuir claramente a lapso escribal, como é o caso frequente daomissão de ‘n’ pré-consonântico. Este procedimento destina-se sobretudo a facilitar aorganização de concordâncias e de indices uerborum, e a eventual lematização dasformas.

A translineação não marcada no manuscrito é assinalado por ‘-’. Visto que se trata de umtipo de edição que permite a geração de edições para processamento informático seráconveniente restituir a palavra juntando na mesma linha (na linha em que começa apalavra) as partes separadas, mantendo no entanto o hífen como indicador detranslineação. Este procedimento editorial permite a extracção automática da formacompleta. Assim:

Exemplo de translineação editorial do Texto 2A:

Edição de Tipo 1:

L04 nec apenora–dj . ipÊoŒ caÊaleŒ . Êed Êe–∑ tena–t illoŒ

duoŒ fratreŒ . Ad Êeruj/e–/du– ipÊu– monaÊteriu– i–ccccaaaalllljjjjL05 cccceeeeŒŒŒŒ j–liuroŒ . Åi–prol que ujdea–t domoeÊtejro . Å

Mando . uno caÊal i–le–cj . martj no nunjz . AcccceeeeddddooooL06 ffffeeeejjjjttttaaaa i–gotemjr ∆go– dego–demar qänta hereditate– ibj

habeo . Êaquena Å habeant . illa– . Aponte da ho–Edição de Tipo 2:

L04 nec apenora–dj . ipÊoŒ caÊaleŒ . Êed Êe–∑ tena–t illoŒ

duoŒ fratreŒ . Ad Êeruj/e–/du– ipÊu– monaÊteriu– i–_ccccaaaalllljjjj----cccceeeeŒŒŒŒ

L05 j–_ liuroŒ . Å_ i–_ prol que ujdea–t do_ moeÊtejro .Å Mando . uno caÊal i–_ le–cj . martj+no nunjz . A_cccceeeeddddoooo----ffffeeeejjjjttttaaaa

L06 i–_ gotemjr ∆_ go– de_ go–demar qänta hereditate– ibjhabeo . Êaquena Å habeant . illa– . A_ ponte d_a+ho–

Exemplo de translineação escribal do Texto 3:

Edição de Tipo 1:

L13 Efilar’ li illo¥ in∆ vi caÊaleÊ <qäta–to er>c–to¸to. EpodedeÊ Êaber como mmmmaaaannnn,,,,

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L14 ddddoooo Du– go–cauo aÊua mo¸te. D’ xvi caÊaleÊ ∆ueraciNque/∆/fructar’ equeli

Edição de Tipo 2:

L13 E_ filar’ li illo¥ in∆ vi caÊaleÊ <qä_ ta–to er>c–to¸to. E_ podedeÊ Êaber como mmmmaaaannnn,,,,ddddoooo

L14 Du– go–cauo a_ Êua mo¸te. D’ xvi caÊaleÊ ∆_ ueraciNque/∆/fructar’ e_ que_ li

Convenções editoriais:

<texto> texto legível anulado ou rasurado; se a edição não se destinar a tratamentoinformático, que obrigue à utilização estrita de caracteres ASCII, podeusar-se também o código de processamento de texto ‘Strikethrough’, ex.:

<texto> <anulado>; obs.: a inclusão na edição de etiquetagemSGML ou XML obrigará à substituição dos ângulos por uma outraconvenção editorial

tΩeΩxΩtΩoΩ texto sopontado

<...> texto ilegível anulado ou rasurado (com quantidade de letras ilegíveisindeterminada)

[...] texto ilegível devido a impossibilidade de leitura causada por acidente nosuporte material (com quantidade de letras ilegíveis indeterminada)

* letra ilegível

< > espaço em branco entre palavras deixado pelo escriba

[ ] espaço em branco entre palavras provocado por lavagem ou raspagem

/texto/ texto (letras, palavras, ou sequências de palavras) interpolado naentrelinha superior; é colocado um ‘slash’ à esquerda e outro à direita dequalquer sequência de letras não interrompida por espaço branco, ex.:

/texto/ /entrelinhado/ — este procedimento permite extrairde uma edição para tratamento informático todas as formas entrelinhadas;se edição não se destinar a tratamento informático, que obrigue àutilização estrita de caracteres ASCII, pode usar-se também o código de

processamento de texto ‘Raised Spacing’, ex.: /texto//entrelinhado/

\texto\ texto interpolado na entrelinha inferior; é colocado um ‘backslash àesquerda’ e outro à direita de qualquer sequência de letras não

interrompida por espaço branco, ex.: \texto\ \entrelinhado\— este procedimento permite extrair de uma edição para tratamento

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informático todas as formas entrelinhadas; se edição não se destinar atratamento informático, que obrigue à utilização estrita de caracteresASCII, pode usar-se também o código de processamento de texto

‘Lowered Spacing’, ex.: \texto\ \entrelinhado\

ÒtextoÚ linha interpolada; é colocado um ângulo de abertura à esquerda e umângulo de fecho à direita de qualquer sequência de letras não interrompida

por espaço branco, ex.: ÒlinhaÚ ÒinterpoladaÚ — esteprocedimento permite extrair de uma edição para tratamento informáticotodas as formas contidas em linhas interpoladas

?texto? texto de leitura duvidosa

<?texto?> texto anulado de leitura duvidosa

[texto] restituição de letras omitidas

texto_ palavra não separada da seguinte no manuscrito

tex+to partes de uma mesma palavra separadas no manuscrito

tex-to partes de palavra separadas por translineação sem sinal escribal

tex,to ou tex~topartes de palavra separadas por translineação com sinal escribal

L linha numerada

2.2.2 Textos

1. Notícia de Fiadores de 1175Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Cristóvão de RioTinto, maço 2, nº 10

Edições:

Martins, A. M. (1999): “Ainda ‘os mais antigos documentos escritos em português’.Documentos de 1175 a 1252”, in Faria, Isabel Hub, Ed., Lindley Cintra. Homenagem aoHomem, ao Mestre e ao Cidadão, Lisboa: Edições Cosmos /Faculdade de Letras daUniversidade de Lisboa, p. 517, documento 2 (=AMM)

Martins, A. M. (2001): “Emergência e generalização do português escrito: de D. AfonsoHenriques a D. Dinis”, in Biblioteca Nacional, Caminhos do Português. ExposiçãoComemorativa do Ano Europeu das Línguas – Catálogo, Lisboa: Biblioteca Nacional, p.51, documento 1 (=AMM).

L1 Noti+cia fecit pela+gio ro+meu ¬e_ fia+¬oreÊStephano pelaiz .xx≠. Êoli¬oŒ lecton .xx≠. Êol¬oŒ

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pelai+o_ garcia 83 .xx≠. Êol+¬oÊ. Gu–+diÊal+uo `–dici 84

.xx≠. Êol¬oÊL2 EgeaÊ an+ri+quici xxxõö Êol¬oÊ. ptr–o co–+laco .x.

Êol¬oÊ. Gu–+¬iÊal+uo_ an+riqui+ci xxxxõö Êlî¬îŒ EgeaÊ`oniúiúci .xxõ≠. Êol¬oÊ <i> <l> I„one Êuarici .xxx.taÊol¬oÊ

L3 M—¬o 85 garcia .xxõ≠ Êol¬oÊ . ptr–o sua+ri+ci .xxõ≠.Êol¬oÊ E—R— M—. C—C—86 xiiiõ≠ö IÊtoÊ fia+¬oreÊ_ ata<n>87

.V._ annoÊ que Êe part+ia de_ iÊto male q’_ li avem

2. Testamento de Petrus Fafiz/Fafila de 1210

2.1 Testemunho AInstituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Simão da Junqueira,maço 5, documento 13

Edições:

Emiliano, A. (No prelo): “Observações sobre a «produção primitiva portuguesa» apropósito dos dois testemunhos de um testamento de 1210”, Revista Portuguesa deFilologia (edição aqui reproduzida).

Martins, A. M. (1999): “Ainda ‘os mais antigos documentos escritos em português’.Documentos de 1175 a 1252”, in Faria, Isabel Hub, Ed., Lindley Cintra. Homenagem aoHomem, ao Mestre e ao Cidadão, Lisboa: Edições Cosmos /Faculdade de Letras daUniversidade de Lisboa, p. 522, documentos 12 (=AMM1)

Obs: uma vez que as duas edições de Ana Maria Martins coincidem em todos osdetalhes, damos nestas notas apenas uma forma que assinalamos com a siglagenérica ‘AMM’

83 pelai+o_ garcia] AMM ‘pelai garcia’84 `–dici] = ‘mendici’; AMM ‘Menendici’85 M—¬o] = ‘Mendo’; AMM ‘Menendo’86 E—R— M—. C—C—] AMM ‘ERa Mª. CCªª’, e acrescenta em nota: «Na data, o sinal de

abreviatura sobre “M” e sobre cada um dos “C” de “CC”, sinal que traduzo por“a” elevado, é um sinal de significação geral, isto é um pequeno traço ondulado.»;sobre ‘ER’, ‘M’ e cada um dos ‘C’ está um traço que se deve interpretar comosinal abreviativo geral, pelo que estas formas devem ser consideradas abreviaturasvocabulares.

87 ata<n>] AMM ‘atan’

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Martins, A. M. (2001): “Emergência e generalização do português escrito: de D. AfonsoHenriques a D. Dinis”, in Biblioteca Nacional, Caminhos do Português. ExposiçãoComemorativa do Ano Europeu das Línguas – Catálogo, Lisboa: Biblioteca Nacional, p.54, documento 5 (=AMM2)

L01 Eä Mä.CCä. X’ä: viijä. ego petrÜ fafiz tjme–Œ die–mo¸tiŒ meúeú jta meu– habere ma–do diujdere . j–_ 88

p≠mjŒ .L02 uno caÊal na_ poboazo– . que_ fujt ∆_ Êuejro_ fafiz

Ö_ 89 Êua herda 90 . Å Ö 91 roteaŒ que modo habet 92 .Å ho_ caÊal de_ rjba

L03 d_ a+heŒte 93 . Êco– Êimeonj . talj pacto . ut nu–¿ä .prio¸ nec 94 p–poÊitÜ . nec abade habea poteÊtate–<j>ue–de–dj

L04 nec apenora–dj . ipÊoŒ caÊaleŒ . Êed Êe–∑ tena–t 95

illoŒ duoŒ fratreŒ . Ad Êeruj/e–/du– 96 ipÊu– monaÊteriu–i–_ calj-ceŒ

Obs: quando AMM1 e AMM2 coincidem, damos apenas uma leitura assinalando-a com

a sigla AMM88 j– ] AMM ‘Jn’89 Ö ] AMM ‘com’90 herda ] AMM id., e acrescenta ‘(sic)’.91 Ö ] AMM ‘com’92 habet ] AMM id., e acrescenta em nota: «Na palavra ‘habet’, vê-se sobre ‘e’ um

sinal de abreviatura riscado.»; há um sinal abreviativo geral sobre o ‘t’ que foiriscado.

93 d_ a+heŒte ] com ‘Œ’ emendado de um ‘c’; AMM ‘dahegte’; a letra ‘g’ destamão é constituída por quatro traços, pelo que o terceiro carácter da sequência

‘heŒte’ não pode ser considerado uma instância de ‘g’. Não podemos, portanto,aceitar a inclusão por AMM da forma ‘hegte’ no conjunto de “formas raras, quemanifestam opções gráficas pontuais associadas a ensaios isolados de escrita emromance, … outra característica da primitiva produção documental.” (op.cit., p.502).

94 nec] com ‘c’ emendado de um ‘Œ’; AMM ‘neg’; v. nota anterior.95 tena–t] AMM ‘teneãt’96 Êeruj/e–/du–] AMM1 ‘seruj<e>du’, AMM2 ‘seruj<e>du’

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L05 j–_ 97 liuroŒ . Å_ i–_ prol que ujdea–t do_ moeÊtejro .Å Mando . uno caÊal i–_ le–cj . martj+no nunjz . A_cedo-fejta

L06 i–_ gotemjr ∆_ go– de_ go–demar 98 qänta 99 hereditate–ibj habeo . Êaquena Å habeant 100 . illa– 101 . A_ponte d_ a+ho– 102

L07 Å a_ de crjnjŒ . i M—r 103 A_ po–te ∆ do–_ zamejro . Åa_ de_ dona go–zina . i . M—r . a co–fria 104 . de_canaueÊeŒ . i . M—r . hoÊ gafoŒ

L08 . i . M—r . A_ bracala . q≠tame–to . Å_ de–t Meu auer

ta–tu– ∑_ que_ <nat> /<?que?>/ tenat– 105 unu– anal . Å_∑_ que co–pariet

L09 unu– mujme–to pedrino 106 . A_ me–_ louÊado . una . uacaA_ petØ martjnjz . una . iuue–ca . houŒ fratreŒ

L10 Êc–j Êimeo– .ú X . M—r 107 . que me habeat– i– me–te i–_ÊuaŒ orationeŒ . ho_ caÊal ∆_ le–te iacet . por . X .M—r . q≠te-no .

L11 loguo . ∑ noŒo auer . Å_ ho_ caÊal de_ rjba d_a+heŒte q≠teno ∆ . viiij . M—r ∑_ ho_ noÊo . Å Ma–doque jaca

97 j–] AMM1 ‘j’, AMM2 ‘ j ’98 ∆_ go– de_ go–demar ] AMM ‘de gõ de gõdemar’, e acrescenta ‘(sic)’.99 qänta ] AMM1 ‘quañta’, AMM2 ‘quanta’100 habeant ] AMM1 ‘hab eant’, AMM2 ‘habeant’101 illa– ] AMM ‘illa’102 d_ a+ho– ] AMM ‘dahõ’103 M—r ] AMM ‘Morauedi’; nas linhas 7 e 8 AMM transcreve a abreviatura da

mesma forma.104 co–fria ] por ‘co–fraria’; AMM ‘cõfria’, e acrescenta (sic).105 tenat– ] AMM ‘teneãt’106 pedrino ] AMM ‘pedrino’; sobre o ‘p’ está um sinal abreviativo com o valor de

‘re’ que parece ter sido anulado por um traço que o cruza; o ‘e’, com um móduloligeiramente inferior ao habitual, foi encaixado entre o ‘p’ e o ‘d’.

107 M—r ] AMM ‘Morauedios’; mais abaixo, na mesma linha e na linha 11, AMMtranscreve da mesma forma.

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L12 uo caÊal ∆ petØ j„nÊ . por hoÊ_ morauedioŒ . <...>que jacet . ho que_ ma–do a_ Êa– Êimeo– .

L13 a_ Êa– Êimeo–j 108 una almozala . Å_ uno_ plomazo .una_ faceroaúaú .

2.2 Testemunho BInstituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Simão da Junqueira,maço 5, documento 14

Edições:

Emiliano, A. (No prelo): “Observações sobre a «produção primitiva portuguesa» apropósito dos dois testemunhos de um testamento de 1210”, Revista Portuguesa deFilologia (edição aqui reproduzida).

Martins, A. M. (1999): “Ainda ‘os mais antigos documentos escritos em português’.Documentos de 1175 a 1252”, in Faria, Isabel Hub, Ed., Lindley Cintra. Homenagem aoHomem, ao Mestre e ao Cidadão, Lisboa: Edições Cosmos /Faculdade de Letras daUniversidade de Lisboa, p. 523, documento 13 (=AMM1)

Martins, A. M. (2001): “Emergência e generalização do português escrito: de D. AfonsoHenriques a D. Dinis”, in Biblioteca Nacional, Caminhos do Português. ExposiçãoComemorativa do Ano Europeu das Línguas – Catálogo, Lisboa: Biblioteca Nacional, p.55 , documento 6 (=AMM2).

L01 Svb . eä . `ä . ccä . ˆä . viijä . Ego PetrÜ fafilatimenŒ die– mortiŒ meúeú . facio manda de_ m–a

L02 „editate Å 109 de m–o cenÊu in remiÊÊione m–o‰peccaminu– . Jn p≠miŒ `ando `onaÊt’io Êci–

L03 ÊymeoniŒ . ií . caÊale i– a_ poboacion . q∆ fui de_Êuerio fafiz cu– qänto ad illu– ∑tinet . vd∂cÅ .arroteaŒ

L04 quaÊ mØ ha˘t . ƒ in rippa d_ aliÊte .ú aliud caÊale .tali pacto . ut nu–qäå p≠o¸ nec aliq≠Œ

L05 habeat poteÊtate– uendendi n≤ pigno¸andi ipÊoÊp’dictoÊ caÊaleŒ . S; 110 Êem∑ teneat– illoÊ duo

108 Êimeo–j] AMM ‘simeonj’109 Å ] AMM ‘et’; AMM transcreve a nota tironiana como ‘e’ no texto A e ‘et’ no

texto B.110 S; ] = ‘Sed’; AMM ‘scilicet’

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L06 fr–es ad utilitate– p’dicti monaÊt’ij . vid∂cÅ . inlibriÊ Å i– caliciŒ Å in alia ∏fectancia huiÜ mo-naÊt’i¢j¢ .

L07 Et mando . i . caÊale in_ leenti Martino nuniz . A_cedofecta in_ gontemir de go–demar

L08 qänta– „editate– 111 ibi habeo . Å ∑Êoluat– Å_ habeat– .Ad po–te d_ a+huúm . Å_ CrineŒ 112 . i . mr˘ 113 . Ad

L09 ponte de don_ zameiro . Å d’ dona go–cina . i . mr˘Ad co–fraria ª canaueÊeŒ . i . mr˘ A_ gafoÊ

L10 i . m˚– 114 . Ad_ brachara q≠tam–tu– . ƒ dent tantu– dem–o cenÊu ∑_ que– teneat– . i . anale

L11 Å ∑_ que– co–paret– unu– monum–tu– pedrinu– . A_ me–dolouÊado . i . uaca . Ad petru– martiniz

L12 iä . iuuencula . Ad_ fr–eÊ Êci– ÊymeoniŒ . X . mr–. q≠me habeat– i– mente i– ÊuiÊ o¸–onibÜ .

L13 CaÊale de_ leenti ∑Êoluat– de nr–o cenÊu . que iacet∏_ dece– aureiÊ . CaÊale de rippa d_ aliÊte iacet

L14 ∏ viiij . Å ∑Êoluat– illu– de nr–o . ƒ ma–do ut mittat–in pignoribÜ caÊal d’ petØ io„neÊ ∏ xx mr˘

L15 Å ∑Êoluat– da poboacio– . Å 115 aut interim /caÊal/ de

petro i„iÊ Êeruiat Êco– Êymeone . Et Êco– Êyme/one–/L16 i . almutala 116 . Å i . plumacio . Å i . faceiroa .

Et Rogo Å_ Mando p≠o¸e– Êci– ÊimeoniÊ Å_ må– 111 „editate–] AMM1 ‘hereditate’, AMM2 ‘hereditate’112 Crines ] AMM1 ‘Crines ’, AMM2 ‘Crines’113 mr˘] AMM ‘morabetino’; mais abaixo, nas linhas 9, 10 e 14, AMM transcreve

da mesma forma, pelo que não assinalamos em nota.114 m – ] AMM ‘morabetinos’; mais abaixo, na linha 12, AMM transcreve ‘mr–’ da

mesma forma, pelo que não assinalamos em nota.115 Å ] AMM ‘et’, e acrescenta ‘(?)’.116 almutala ] AMM id., e acrescenta em nota: «O ‘t’ da palavra ‘almutala’

sobrepõe-se a um ‘z’ previamente desenhado. Por outro lado, o traço vertical do‘t’ é excessivamente alto, como se o ‘t’ tivesse sido desenhado a partir de ‘l’. »; o‘t’ foi de facto desenhado sobre um ‘z’ (cf. a forma ‘almozala’ no texto A), e otraço vertical é equivalente a um ‘l’, o que parece indicar que o escriba fez dois

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L17 Êup≠nu– Mene–du– pet≠ q≠ faciat– om–a mea ma–da i–pleri . ƒÊi fo¸te mea mulie˚ Å_ filiújú mi– ea

L18 noluerint i–pleri .ú p≠o¸ . Å_ Mene–dÜ pet≠ ∑_ rege– Å∑_ archiep–m ‹ 117 faciat– i–ple˚e .

L19 ‹ aut ∑ Êe 118

3. Notícia de Torto de 1214-1216Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Salvador de Vairão,maço 2, n.º 40

Edições: 119

Ribeiro, J. P. (1860): Dissertações chronologicas e criticas sobre a historia e ajurisprudencia ecclesiastica e civil de Portugal, Lisboa: Academia das Ciências, 2ª ed.,Volume I, doc. 60, pp. 282-284 (=JPR).

Azevedo, P. de (1914): “Nova leitura da Notícia de torto (texto do séc. XIII)”, RevistaLusitana, 17: 204-206 (=PA).

Cintra, L. F. L. (1971): “Observations sur le plus ancien texte non littéraire: la Notícia deTorto (lecture critique, date et lieu de rédaction), in Actele celui de-al XII-lea CongresInternational de lingvistica si filologie romanica, Bucuresti: Editura Academiei, VolumeII, pp. 161-174 (=LFLC1).

Costa, A. J. da (1977): “Os mais antigos documentos escritos em português. Revisão deum problema histórico-linguístico”, Revista Portuguesa de História, 17: 263-340(=AJC1).

erros sucessivos: primeiro traçou um ‘z’ que quis emendar traçando outra letra;tendo traçado um ‘l’, provavelmente por antecipação da sílaba seguinte, acaboupor traçar finalmente um ‘t’.

117 O sinal de interpolação no ms. a dois traços paralelos oblíquos, como duas plicaslongas.

118 ‹ aut ∑ Êe ] AMM ‘<aut per se>’, e acrescenta em nota: «Na verdade, ‘autper se’ aparece não na entrelinha, mas sob a última linha. Um sinal colocado nalinha e junto de ‘aut per se’ assinala o lugar onde deve entrar a correcção.»; umavez que a interpolação ocorre, não na entrelinha, mas debaixo da última linha,julguei conveniente transcrever a sequência como se ocupasse uma linha adicionalde texto.

119 Adoptamos aqui uma concepção restrita do campo bibliográfico da Notícia deTorto (para a noção de ‘campo bibliográfico’, v. Castro / Ramos 1986): ou seja,considero apenas as publicações que apresentam uma leitura integral eindependente da Notícia. Assim sendo, entendo que as publicações quereproduzem apenas excertos da Notícia ou edições de outros autores nãoacrescentam à tradição editorial do texto e não devem ser, para fins filológicos,consideradas como parte integrante do campo bibliográfico.

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Cintra, L. F. Lindley (1990): “Sobre o mais antigo texto não-literário português: a«Notícia de Torto» (leitura crítica, data, lugar de redacção e comentário linguístico)”,Boletim de Filologia, 31: 21-77 (=LFLC2).

Costa, A. J. da (1993): “Os mais antigos documentos escritos em português. Revisão deum problema histórico-linguístico”, in A. J. da Costa (1993): Estudos de Cronologia,Diplomática, Paleografia e Histórico-Linguísticos, Porto: Sociedade Portuguesa deEstudos Medievais, pp.169-255 (=AJC2).

Pedro, S. (1994): De noticia de torto, Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade deLisboa, dissertação de Mestrado em Paleografia e Diplomática, pp. 65-69 (=SP).

Nota prévia:

Esta edição da Notícia de Torto foi feita com base numa reprodução fotográfica a coresdo manuscrito, cujos negativos foram gentilmente cedidos por Susana Pedro, e com basena edição paleográfica de Pedro 1994 com o tipo Medieval, feita em presença domanuscrito. Foi feita também uma consulta directa do manuscrito (com a presença deSusana Pedro, cuja disponibilidade agradecemos muito), para esclarecer sobretudoproblemas de leitura nas secções de legibilidade difícil.

Indicamos em nota as divergências em relação a edições anteriores da Notícia de Torto.Não se indicam, no entanto, divergências que traduzam apenas a aplicação de critérioseditoriais diferentes (por exemplo, no desenvolvimento sistemático de abreviaturas, nacapitalização, ou na separação de palavras); isto é, indicam-se apenas formas divergentesque resultem, de facto, de uma interpretação divergente não fundamentada do texto (é ocaso, por exemplo, de alguns desabreviamentos). Quando só uma das edições diverge daleitura que apresento damos apenas a forma dessa edição. Quando não há divergências deleitura entre a presente edição e edições anteriores assinalamos com ‘id.’.

Uma vez que esta edição parte da edição paleográfica de SP subentende-se, que, exceptoquando expressamente indicado, as duas edições coincidem.

Nenhum editor, com excepção de SP, preserva integralmente a pontuação do original; nãoassinalamos em nota divergências quanto à transcrição da pontuação.

Nenhuma das edições consideradas, com excepção de SP, faz uso de um tipo medievalque permita transliterar directamente caracteres medievais especiais (e.g. ‘z visigótico’,‘s longo’, ‘r redondo’, sinais de abreviação, etc.). Não anotamos divergências que seprendam com este facto.

Esta edição preserva leituras que já não são hoje verificáveis no manuscrito devido à“limpeza” a que o mesmo foi irresponsavelmente sujeito entre 1982 e 1993 (cf. a esterespeito Pedro 1994: 11 e 54-55), mas que reproduções anteriores à “limpeza” permitemconfirmar. Algumas divergências desta edição com SP explicam-se por esta razão. Poreste motivo foram também consultados facsímiles publicados anteriores à limpeza.

JPR não assinala nunca o desabreviamento, transcreve ‘i/u’ com valor consonânticocomo ‘j/v’, desenvolve o sinal abreviativo geral com valor de nasal por ‘n’ ou ‘m’ deacordo com o contexto (em posição final de formas nominais e verbais o sinal étransliterado como ‘-m’), e capitaliza os nomes próprios; uma vez que estesprocedimentos são consistentes não assinalamos em nota.

PA não assinala o desabreviamento, desenvolve o sinal abreviativo geral com valor denasal por ‘n’ ou ‘m’ de acordo com o contexto (embora não mantenha um procedimento

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consistente), italiciza as formas que considera serem latinismos (mantemos os itálicos dePA nas notas), e separa os pronomes clíticos das formas verbais, mesmo quando no ms.não haja separação. Nestes casos limitamo-nos a assinalar inconsistências, erros deleitura ou desabreviamentos peculiares. Considerando que, em geral, PA translitera osinal abreviativo em posição final por ‘-n’ em formas verbais, limitamo-nos a assinalar oscasos de transliteração inconsistente de PA, anotando portanto a transliteração por til epor ‘-m’. Para outro tipo de formas o procedimento de PA parece ser a transliteração

por til, mas com inconsistências (e.g. nesta edição na l. 1: ‘laure–ciÜ ferna–diz’,

mas em PA: ‘laurencius fernãdiz’; nesta edição nas ll.11-12: ‘du– go–cau-o a_laure–co ferna–+di e_ marti– go–c[a]luiÂ’, mas em PA: ‘dun gõçauo alaurenco fernãdiz e martin gõcaluiz’); nestes casos, assinalamos então a transliteração“desviante” por ‘n’, sublinhando a solução gráfica de PA. Por outro lado ainda, PA nãousa nunca til em formas que considera latinismos (e que dá em itálico, também cominconsistências); assim sendo, não assinalamos o tratamento por PA de formas como‘inde’, ‘unde’ ou ‘in’.

AJC e LFLC assinalam o desabreviamento caso a caso (AJC com letras entre parênteses,LFLC com letras em itálico), e fazem a restituição de letras omitidas (com letras entrecolchetes), embora haja inconsistências ocasionais, que assinalamos, e capitalizam osnomes próprios. A separação de palavras é feita de acordo com critérios lexicaismodernos. Nos caso dos clíticos pós-verbais ambos os editores respeitam a separação doms. Não anotamos, por conseguinte, divergências que resultem da aplicação consistentedestes critérios. AJC e LFLC introduzem pontuação moderna, embora a intervenção deAJC seja mais suave que a de LFLC.

AJC2 justifica em notas prévias, por vezes extensas, algumas das suas leituras, e tantoAJC1 como AJC2 assinalam em notas de rodapé, alguns acidentes de redacção do ms.(como emendas, anulação de texto).

Quando se indica apenas ‘AJC’ ou ‘LFLC’ significa que AJC1 e AJC2, por um lado, e‘LFLC1’ e LFLC2’, por outro, coincidem.

Como comentário geral à generalidade das edições coligidas, é forçoso reconhecer quetodas levantam problemas em relação à representação do texto da Notícia de Torto: emJPR e PA há procedimentos gerais que distorcem significativamente a aparência gráficado texto, para além de conterem leituras erróneas; AJC (ambas as edições) e sobretudoLFLC (ambas as edições) apresentam problemas pontuais de leitura e de transcrição. Aedição paleográfica de SP mostra claramente, em nosssa opinião, a imensa vantagem(para não dizer superioridade) de uma edição muito conservadora com um tipo medieval.

[anverso]

L01 D’ 120 noticia ∆ to¸to que fecer’ 121 a_ laure–ciÜ 122

120 D’] o sinal de abreviação não é actualmente visível no ms.; JPR ‘....’; PA ‘De’;

LFLC ‘De’; AJC ‘D(e)’; SP ‘D’121 fecer’ ] o sinal de abreviação não é actualmente visível no ms.; JPR‘fecerum’;

PA ‘fecerum’; LFLC ‘feceru’ (é provavelmente gralha, repetida em LFLC2); AJC1

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ferna–diz po¸ plaÂo q/v/e 123 fecë 124 go–cauo, 125

L02 ramiri antre Êuo¥ 126 filio¥ e_ loure–zo 127 ferrna–diÂqäle 128 podedeÊ Êaber e_ oue auër ª_ er¬a∆ 129

L03 e_ d_ auër 130 ta–to 131 qØme 132 uno ∆ Êuo¥ filio¥ d_

‘fecer(um); AJC2 ‘fecer(u)’; SP ‘fecer’.

Nas formas verbais de 3ª pessoa plural do pretérito perfeito a sequência final <r’>(equivalente a ‘rum/run/rom/ron’) é transcrita por JPR como ‘-rum’, por PA como‘run’ (mais frequentemente) e ‘rum’ , LFLC como ‘ru’ (com algumasinconsistências que assinalamos, como acima), por AJC1 como ‘r(um)’, e porAJC2 como ‘r(u)’, pelo que não assinalamos mais em nota. Assinalamos dequalquer forma o procedimento inconsistente de PA quando este translitera o sinalcomo ‘-um’, partindo do princípio de que o procedimento geral de PA é atransliteração por ‘-un’.

122 laure–ciÜ] PA ‘laurencius’123 q/v/e] JPR, PA ‘que’; LFLC ‘qve’; AJC ‘que’; SP ‘q\ve’124 fecë] o sinal de abreviação não é actualmente visível no ms.; JPR ‘fece’; PA ‘fece’;

LFLC1 ‘fez’; AJC ‘fec(e)’; LFLC2 ‘fece’; SP ‘fec’125 go–cauo,] a vírgula não é actualmente visível no ms.126 Êuo¥] AJC ‘suos’, e assinala em nota o ‘s’ final sobrescrito “na entrelinha ou em

expoente, assemelhando-se ao sinal abreviativo de er.”127 loure–zo ] JPR ‘Lourenço’ (JPR transcreve os nomes próprios em itálico, facto

que não assinalamos em nota); PA ‘lourenço’; LFLC ‘Lourezo’; AJC1 ‘Loureço’;

AJC2 ‘Loure zo’128 qäle] JPR ‘quale’; PA ‘quale’; LFLC ‘quale’; AJC1 ‘q(ua)le’; AJC2 ‘q(u)ale’; a

sequência ‘q + letra vocálica sobrescrita com valor abreviativo’ é transcritasistematicamente por JPR e PA por ‘quV’, por LFLC como ‘quV’; por AJC1como ‘q(uV)’, e por AJC2 como ‘q(u)V’, pelo que não assinalamos mais em nota.

129 ª_ er¬a∆] as letras ‘a∆’ não são actualmente visíveis no ms.; JPR ‘derdade’;

PA ‘de erdade’; LFLC ‘de erdade; AJC ‘d(e) erdad(e)’; SP ‘ªer¬’130 d_ auër ] JPR ‘daver’; PA ‘dauer’; LFLC ‘dauer’; AJC1 ‘d’au(e)r’; AJC2

‘dau(e)r’131 ta–to] o sinal de abreviação não é actualmente visível no ms.; JPR ‘tanto’; PA,

LFLC, AJC ‘tãto’; SP ‘tato’132 qØme ] o ‘o’ sobrescrito não é actualmente visível no ms.; JPR, PA ‘quome’;

LFLC ‘quome’; AJC1 ‘q(uo)me’; AJC2 ‘q(u)ome’; SP ‘qme’

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a¿äto 133 po¬eÊe– 134 auër ∆ bona ∆ Êeuo 135 pater e_fiolio¥ 136 Êeu, 137

L04 pater e_ Êua mater. E_ ∆pois fecer’ plaÂo nouo e_co–+ue– uo¥ 138 a_ Êaber qäle in_ ille 139 Êe/e/m 140

L05 taeÊ firmam–to¥ qäleÊ po¬e¬es Êaber. <Ef**aq> 141

ramiro go–calui e_ go–caluo 142 go–ca 143

L06 eluira go–caluiz fo¸u– 144 fiado¸eÊ ∆ Êua irmana 145 queo[to]¸gaÊe 146 aqu[e]le 147 plaÂo come illo¥

133 d_ a¿äto ] JPR ‘da quanto’; PA ‘daquanto’; LFLC ‘daquãto’; AJC1 ‘d(e)

aq(uan)to; AJC2 ‘da q(u)ãto’; AJC considera que o traço transversal que corta ahaste do ‘q’ pode ser desenvolvido como til, já que o referido traço é a abreviaturade ‘m’ ou ‘n’ na escrita carolina e derivadas (AJC2, p.205). Em nossa opinião, este

braquigrafema, em formas do tipo <¿äto > ‘quanto’ e <nu–¿ä > ‘nunquam’, nãodeve ser confundido, para efeitos de transliteração, com o til, uma vez que ocorreabaixo da linha, cortando a haste do ‘q’; por isso, deve ser transcrito numa ediçãomais interpretativa como ‘(n)’ ou ‘(m)’.

134 podeÊe– ] JPR ‘podesem’ (JPR translitera o sinal abreviativo geral com valor denasal em final de forma verbal e nominal como ‘-m’, pelo que não assinalamos maisem nota); PA ‘podesen’ (PA translitera o sinal abreviativo geral com valor de nasalem final de forma verbal como ‘-n’, pelo que não assinalamos mais em nota); LFLC‘podese’ (é provavelmente gralha, repetida em LFLC2); AJC ‘podese’;

135 Êeuo] PA ‘seus’136 fiolio¥] JPR ‘fiolios’; PA ‘fio li os’; LFLC1 ‘fioli os’; AJC ‘fiolios’; LFLC2

‘fiolios’137 Êeu] LFLC1 ‘seu[s]’138 uo¥] JPR omite; PA ‘uero’; LFLC, AJC ‘uos’139 ille] JPR ‘elle’140 Êe/e/m] JPR, PA, LFLC ‘seem’ (assinala o entrelinhamento em nota); AJC

‘se<e>m’141 <Ef**aq>] JPR, PA omitem; LFLC omite e assinala em nota uma palavra

riscada; AJC omite e assinala em nota uma palavra rasurada.142 go–caluo] PA ‘goncaluo’143 go–ca ] JPR ‘Gonca’; PA ‘gõca[luiz]’; LFLC ‘Gõca[luiz e]’; AJC1 ‘Gõca[luiz]’;

AJC2 ‘Gõca[luiz e]’144 fo¸u–] PA ‘forum’145 irmana] JPR ‘Irmana’146 o[to]¸gaÊe] JPR, PA, AJC1 ‘orgase’; LFLC ‘o[to]rgase’; AJC2 ‘‘o[to]rgase’

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L07 Su∑ iÊto plazo ar_ fe[ce]r’ 148 Êuo plecto . e_ amaio¸ aiuda 149 que illo¥ hic co–nocer’ 150 que_ leÊ

L08 acanoce<r>+Êe 151 laure–Âo 152 ferrna–di Êa irda∆ ∑p’to 153 que a_ teueÊe o abate ∆ Êc–o 154 martino

L09 que como ue–ceÊe– <o+ctä> <q> 155 que aÊi leÊ deÊe ∆156 iÊta o_ abade. E_ que nunqä illo¥ lecxaÊe–

L10 d_ aquela irda∆ <d>_ [ ] 157 Êe–_ Êeu ma–d+ato. Se_ alexare– i–tregare– 158 ille ∆_ octä 159 que /li/ 160

plaÂa 147 aqu[e]le] JPR ‘aquele’; PA, LFLC ‘aqu[e]le’; AJC ‘aqu[e]le’148 ar_ fe[ce]r’] JPR ‘ar∆erum’; PA ‘ar ferum’; LFLC ‘ar fe[ce]ru’; AJC1 ‘ar

fe(ce)r(um)’; AJC2 ‘ar fe[ce]ru’149 aiuda] PA ‘ainda’150 co–nocer’] JPR ‘conocerum’151 acanoce<r>+Êe] JPR ‘acanocerse’; PA, LFLC, AJC ‘acanocese’; LFLC assinala

em nota um ‘r’ raspado, e AJC2 assinala em nota um ‘r’ riscado.152 laure–Âo] JPR ‘Laurenço’; PA ‘laurenzo’; LFLC, AJC ‘Laurezo’153 p’to] JPR ‘preito’; PA ‘plecto’; LFLC1 ‘precto’; AJC ‘p(lec)to’, e assinala em

nota que “em rigor, a abreviatura desta palavra devia desdobrar-se em p(re)to”;LFLC2 ‘plecto’

154 Êc–o] JPR ‘Santo’; PA ‘sancto’; LFLC ‘Sancto’; AJC1 ‘S(an)c(t)o’; AJC2‘S(ã)c(t)o’; LFLC2 ‘Sancto’

155 <o+ctä> <q>] JPR ‘octra’; PA omite; LFLC omite e assinala em nota um ‘o’ eum ‘u’ elevados acima da linha e um ‘q’; AJC omite e assinala em nota letrasraspadas que parecem ser oct(ra) a (AJC1) ou oct(r)aa (AJC2).

156 ∆] JPR, PA, LFLC ‘de’; AJC ‘d(e)’157 irda∆ <d>_ [ ] ] JPR ‘irdade d....’; PA ‘irdade’; LFLC2 ‘irdade d[.]’, e

assinala em nota uma mancha que parece esconder uma letra; AJC ‘irdad(e)’; AJC1acrescenta em nota: «No texto parece antes ‘iertad(e) d(e)’»; AJC2 acrescenta emnota: «Vem a seguir um ‘d’ e uma mancha que cortam o sentido do texto.»; SP

‘irda∆ [-d]’; a seguir ao ‘d’ anulado ocorre um espaço em branco provocadopela raspagem recente de um borrão proveniente da linha 9 que se estendia até àlinha 11.

158 i–tregare–] PA ‘intregaren’159 octä ] JPR, PA ‘octra’; LFLC ‘octra’; AJC1 ‘oct(ra)’; AJC2 ‘oot(r)a’160 /li/] JPR, PA, LFLC ‘li’; AJC <li>

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CLUNL/LI4/FONTHIS/Normas/v.1.0 40/74

L11 E_ D_ auër 161 que ouer’ 162 ∆ Êeu pat’r nu[n]¿ä 163

<le> 164 li i–∆ der’ parte. Deu <a_> <laure–> <...> 165

du– 166 go–cau-o 167

L12 a_ laure–co 168 ferna–+di e_ marti– 169 go–c[a]lui 170

.xii <a> 171 caÊaeÊ po¸ arra¥ ª Êua auoúoú 172

L13 E_ filar’+li 173 illo¥ in∆ vi caÊaleÊ <qä_> <ta–to><er> 174 c–_ 175 to¸to. E_ podedeÊ Êaber como man,do

161 D_ auër ] JPR ‘daver’; PA ‘Dauer’; LFLC ‘dauer’; AJC ‘d’au(e)r’162 ouer’] PA ‘ouerum’163 nu[n]¿ä] JPR ‘nunqua’; PA, LFLC ‘nu[n]qua’; AJC1 ‘nu[n]q(uam)’; AJC2

‘nu[n]q(u)ã’164 <le>] JPR ‘le’; PA omite; LFLC ‘le’, LFLC2 acrescenta em nota: «‘le li’: ‘le’

parece cortado com um traço muito leve.», e em obs. na p.35: «l.11: Mantenha-se“le li ide”, onde A.J.C., creio que erradamente, lê “se li ide”.»; AJC ‘se’; AJC2acrescenta em nota: «‘se’ e não ‘le’, porque a primeira letra é um ‘s’ alto e não um‘l’.».

165 <a_ laure–> <...> ] JPR, PA omitem; LFLC omite e assinala em nota asequência anulada e um “espaço, preenchido por outro traço”; AJC omite eassinala em nota a sequência anulada ‘a Laure’ e um espaço em branco.

166 du– ] JPR ‘Dum’; PA ‘dun’; LFLC, AJC2 ‘du’; AJC1 ‘do’167 go–cau-o] JPR ‘Guncauo’; PA ‘gõçauo’; LFLC ‘Gocaliz / o’, LFLC2 acrescenta

em obs. à leitura de AJC1: «l.11: mantenha-se a leitura “du Gõcaliz”, em lugar de

“do Gonçauu”, que não consigo ler no ms.» [p.35]; AJC1 ‘Gonçauu’, AJC2‘Gõcau / o’ (cf. p.206, nota 4).

168 laure–co] PA ‘laurenco’169 marti–] PA ‘martin’170 go–c[a]luiÂ] JPR ‘Goncaluiz’; PA ‘gõcaluiz’; LFLC ‘Gõc[a]luiz’; AJC

‘Gõc[a]luiz’171 <a>] JPR, PA omitem; LFLC omite e assinala em nota um ‘a’ sem referir a

anulação; AJC omite e assinala em nota um ‘a’ traçado.172 auoúoú] JPR ‘avoo’173 filar’ li] JPR ‘filarumli’; PA ‘filarun li’; LFLC ‘filar(u) li’; AJC1

‘filar(um)li’; AJC2 ‘filar(u)li’; no ms. o pronome clítico está claramente separadodo verbo.

174 <qä_> <ta–to> <er>] JPR, PA omitem; LFLC omite e assinala duas palavrasanuladas a seguir a ‘casales’; AJC omite e assinala em nota a sequência traçada‘quanto er’ (AJC1) e ‘quãtro er’ (AJC2).

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CLUNL/LI4/FONTHIS/Normas/v.1.0 41/74

L14 Du– 176 go–cauo a_ Êua mo¸te. D’ xvi caÊaleÊ ∆_ 177

ueraciN 178 que_ /∆/fructar’ 179 e_ que_ liL15 nunqä 180 i–∆ der[’] 181 q≠nno–. 182 E_ ∆ vii e_ medio

caÊaes antre coina e_ baÊtuÂio un∆ liL16 nun¿ä 183 der’ q≠nio–. E_ 184 ∆ treÊ i–_ 185 tefuoÊa 186

un∆ li nu[n]qä 187 ar_ der[’] 188 nada. E iiØÊ i–_ 189

figeerec,do. 190

L17 unn∆ 191 nu–_ <nada>._ 192 ¿ä_ 193 li der’ q≠no–. E iiØÊ 175 c– ] JPR ‘cum’; PA ‘cun’; LFLC ‘cu’; AJC1 ‘c(um)’; AJC2 ‘c(u)’176 Du– ] JPR ‘Dum’; PA ‘Dun’; LFLC1 ‘Du’; AJC, LFLC2 ‘du’177 ∆] JPR, PA, LFLC ‘de’; AJC1 ‘d(e)’178 ueraciN] JPR ‘Veracin’; PA ‘ueracier’; LFLC1 ‘Veracin’; AJC1 ‘Ueracin’;

LFLC2 ‘Ueracin’; LFLC assinala em nota ‘N’ maiúsculo; AJC2 ‘Ueracin’179 /∆/fructar’] JPR ‘fructarum’; PA ‘fructarun’; LFLC1 ‘fructaru’; AJC1

‘<d(e)>fructar(um)’; LFLC2 ‘de defructaru’ (é provavelmente gralha; cf. LFLC2

p.35); AJC2 ‘<d(e)>fructar(u)’180 nunqä] JPR, PA ‘nunqua’; LFLC ‘nunqua’; AJC1 ‘nunq(uam)’; AJC2

‘nunq(u)a’181 der[’] ] JPR ‘derum’; PA ‘derun’; LFLC ‘der[u]’; AJC1 ‘der[um]’; AJC2

‘der[u]’182 q≠nno– ] JPR ‘quinnons’; PA ‘quinnõs’; LFLC ‘quinnõs’; AJC1 ‘q(ui)nnõ’; AJC2

‘q(u)innõs’ ; SP ‘q≠nno–’; a parte superior do ‘e’ maiúsculo da linha inferior está

grafada entre ‘q≠nno–’ e o ponto que se segue, dando a impressão de um ‘s’ longo.183 nun¿ä] JPR, PA ‘nunqua’; PA ‘’; LFLC ‘nunqua’; AJC1 ‘nunq(uam)’; AJC2

‘nunq(u)ã’184 E_] PA ‘Et’ (sic, sem itálico)185 i–] JPR, PA ‘in’; LFLC ‘i’; AJC ‘i(n)’186 tefuoÊa] JPR, LFLC, AJC2 ‘Tefuosa’; PA ‘teuosa’; AJC1 ‘Tesuosa’187 nu[n]qä] JPR ‘nunqua’; PA ‘nu[n]qua’; LFLC ‘nu[n]qua’; AJC ‘nu[n]q(ua)’;

AJC2 ‘nu[n]q(u)a’188 der[’]] JPR ‘derum’; PA ‘derun’; LFLC ‘der[u]’; AJC1 ‘der(um)’; AJC2

‘der[u]’189 i–] JPR, PA ‘in’; LFLC2 ‘i’; AJC ‘i(n)’190 figeerec,do ] JPR, LFLC ‘Figeerecdo’; PA ‘fige e reedo’; AJC ‘Figeereedo’191 unn∆] JPR, PA ‘unde’; LFLC ‘unnde’; AJC ‘unnd(e)’

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CLUNL/LI4/FONTHIS/Normas/v.1.0 42/74

i–_ 194 tamal u–∆ li n– 195 ar_ der’ q≠no–. E_ da_ Êena-raL18 ∆_ 196 coina u–∆ li 197 n– 198 ar_ der’ q≠no–. 199 E_ d_

uno 200 caÊal ∆ coina que_ leuar’ i–∆ iii anoÊ,L19 o_ frcuctu 201 c– 202 to¸to. E_ po¸ iÊtes to¸to¥ que_

li fecer’ tem qä_ a_ 203 Êeu plaÂo quebra–tadoL20 e_ qä_ li_ o 204 deue– po¸ Êana¸. 205 E_ ∆ pois 206

ouer’ Êeu mal e_ meteu o_ aba∆ pa 207 a[n]tre 208

ille˝L21 i–no 209 carualio ∆ laurecdo. 210 E rogouo o_ 211 abate 192 <nada>] JPR, PA omitem; LFLC omite e assinala em nota a forma anulada; AJC

omite e assinala em nota a forma traçada.193 nu–+¿ä] JPR, PA ‘nunqua’; LFLC ‘nuqua’; AJC1 ‘nunq(uam)’; AJC2 ‘nuquã’194 i–] JPR omite; PA ‘in’; LFLC ‘i’; AJC ‘i(n)’195 n– ] JPR omite; PA ‘non’; LFLC ‘no’; AJC1 ‘n(om)’; AJC2 ‘nõ’196 ∆] JPR omite; PA, LFLC2 ‘de’; LFLC1 ‘de’; AJC ‘d(e)’197 li ] JPR, LFLC2 omitem; PA, LFLC1, AJC ‘li’198 n– ] JPR omite; PA ‘non’; LFLC ‘no’; AJC1 ‘n(om)’; AJC2 ‘nõ’199 E iiØÊ i–_tamal ... n– ar_ der’ q≠no–.] JPR omite (JPR saltou da

sequência ‘q≠no–.’ no meio da linha 17 para sequência idêntica no meio da linha 18)200 d_uno] JPR ‘duno’; PA ‘de uno’; LFLC1 ‘de uno’; AJC, LFLC2 ‘d’uno’201 frcuctu] JPR, PA ‘fructu’; LFLC id.; AJC ‘frouctu’202 c–] JPR ‘cum’; PA ‘cun’; LFLC2 ‘cu’AJC1 ‘c(um)’; AJC2 ‘c(u)’203 a_] PA id., e em nota: «Ou qua?»204 qä_ li_ o] JPR ‘qualio’; PA ‘qua li o’; LFLC ‘qua li o’; AJC1 ‘q(ua) li o’;

AJC2 ‘q(u)a li o’205 po¸ Êana¸.] JPR ‘porsanar’;206 ∆ pois] JPR ‘depois’; PA, LFLC ‘de pois’; AJC ‘d(e)pois’207 paÂ] JPR ‘pac’208 a[n]tre] JPR ‘atre’; PA, LFLC ‘a[n]tre’; AJC ‘a[n]tre’209 i–no] JPR ‘in no’; PA ‘in no’; LFLC ‘ino’; AJC ‘i(n) no’210 laurecdo] JPR, LFLC ‘Laurecdo’; PA ‘laurecdo’; AJC ‘Laureedo’211 rogouo o ] AJC1 ‘rogou o’

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CLUNL/LI4/FONTHIS/Normas/v.1.0 43/74

ta–to que beiÊo c 212 illeÊ. E_ der’li,L22 xviiii ^o¸abitino¥ q≠_ li filar’. ƒ_ ∆ poÊ 213 iÊte

p’to 214 pre[n]∆r’/li/_ <on> 215 o_ Êeruical otro,L23 om– 216 ∆ 217 Êa caÊa. e_ troÊer’no xviiii diaÊ ∑ mo–teÊ

e_ fecer’leÊ ta– maa 218 priÊo–,L24 ∑_ que 219 leuar’ deleÊ ¿äto 220 poder’ auër. E_ ∆

pois 221 li ∆Êu–ro 222 go–cauo 223 go–cauiÂ,L25 Êa fili[a] 224 pechena : E irmar[’]li 225 xiii caÊaleÊ

un∆ perdeu fructu . E_ iÊto,

L26 fui ∆ p/oiÊ/ 226 que fur’ 227 fiújúdo¥ 228 ant_ o abate 212 c] sem sinal de abreviação sobre o ‘c’ ; JPR ‘cum’; PA ‘cun’; LFLC ‘cu’; AJC1

‘c(um)’; AJC2 ‘c(u)’213 ∆ poÊ] JPR ‘depos’; PA ‘de pos’; LFLC ‘de pos’; AJC ‘d(e)pos’214 p’to] JPR ‘preito’; PA ‘plecto’; LFLC1 ‘precto’; AJC ‘p(lec)to’; LFLC2 ‘plecto’215 pre[n]∆r’/li/_<on>] JPR ‘prenderumli’; PA ‘pre[n]derun li’; LFLC1

‘pre[n]deruli’, e assinala em nota as letras entrelinhadas e a anulação de um ‘n’;

AJC1 pre[n]d(e)r(um)li; AJC2 pre[n]d(e)r(u)<li>; AJC assinala em nota ‘on’traçado; LFLC2 ‘pre[n]deronli’, e assinala em nota as letras entrelinhadas e aanulação de um ‘n’.

216 om– ] JPR ‘omem’; PA ‘om[éé]’; LFLC ‘ome’; AJC1 ‘om[ee]’; AJC2 ‘om(e)’217 ∆] o traço que cruzava a haste do ‘d’ já não é visível no manuscrito; JPR, PA,

LFLC ‘de’; AJC ‘d(e)’; SP ‘d’218 maa] JPR id.; PA, LFLC, AJC ‘máá’; não são visíveis plicas nem no ms. nem em

reproduções mais antigas.219 ∑_ que] JPR ‘perque’; PA ‘per que’; LFLC ‘per que’; AJC ‘p(er) que’220 ¿äto] JPR, PA ‘quanto’; LFLC ‘quanto’; AJC1 ‘q(uan)to’; AJC2 ‘q(u)ãto’221 ∆ pois] JPR ‘depois’; PA ‘de pois’; LFLC ‘de pois’; AJC ‘d(e)pois’222 ∆Êu–ro] JPR ‘desunrò’; PA ‘desunro’; LFLC ‘desuro’; AJC ‘d(e)suro’223 go–cauo] JPR ‘Guncavo’224 fili[a]] JPR ‘fili’; PA, LFLC1 ‘fila’; AJC ‘fili[a]’; LFLC2 ‘fili[a]’225 irmar[’]li] JPR ‘irmarli’; PA ‘irmar[un] li’; LFLC ‘irmar[u]li’; AJC1

‘irmar[um]li’; AJC2 ‘irmar[u]li’226 ∆ p/oiÊ/ ] JPR ‘depois’; PA ‘’; LFLC ‘de pois’ sem assinalar o

entrelinhamento; AJC ‘d(e)p<oi>s’

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229 E_ ∆ poiÊ 230 que fur’ 231 i–fiado¥ po¸ iuiÂo ∆ilo,

L27 rec . E_ nu–qä 232 ille 233 feÂ’ 234 neu<n> 235 mal po¸_todo aqueÊte 236 . E_ fezeleÊ <ta> <qä> 237 aguda¥, 238

L28 qäleÊ aqui ouirecdeÊ. 239 Su∑ Êua aguda fe teÊtiuigo240 c– 241 go–cauo 242 cebolano,

L29 E_ Êu∑ Êa_ aiuda ar fuili 243 a_ caÊa e_ filoli ¿äto244 que_ li agou e_ ¬eu a_ illeÊ . E Êu∑ Êa,

L30 aiuda oue teÊti+figo c– 245 p’tro gome omeÂio q/v/e_ 227 fur’] LFLC ‘furu’228 fiújúdo¥] JPR ‘fiidos’229 abate] LFLC2 ‘abade’230 ∆ poiÊ] JPR ‘depois’; PA ‘de pois’; LFLC ‘de pois’; AJC ‘d(e)pois’231 fur’] LFLC ‘furu’232 nu–qä] JPR, PA ‘nunca’; LFLC ‘nunqua’; AJC1 ‘nuq(ua); AJC ‘nuq(u)a’233 ille] JPR ‘illi’234 feÂ’] JPR, LFLC2 ‘feze’; PA, LFLC1 ‘fez’; AJC ‘fez(e)’235 neu<n> ] JPR, PA ‘neu’; LFLC1 ‘neun’, e assinala em nota a anulação do ‘n’;

AJC ‘neun’; AJC2 observa em nota: “o traço quase imperceptível que se nota nosegundo n não o corta” (p.205); LFLC2 ‘neu’, e assinala em nota a anulação do ‘n’

236 aqueÊte] JPR ‘aquesto’237 <ta> <qä>] JPR, PA omitem; LFLC1 omite e assinala em nota a existência de

algumas letras riscadas e ilegíveis; AJC ‘taes’, e AJC2 observa em nota: “Em vezde taes, como pede o contexto, parece estar ta e qua, ambas riscadas.”; LFLC2‘taes’, e assinala em nota a existência de algumas letras riscadas e ilegíveis a seguir a‘fezeles’;

238 aguda¥] PA ‘aguda’239 ouirecdeÊ] JPR, PA, LFLC2 ‘ouirecdes’; LFLC1 ‘ouireedes’; AJC ‘ouireedes’240 teÊtiuigo] JPR ‘testifiigo’241 c–] JPR ‘cum’; PA ‘cun’; LFLC ‘cu’; AJC1 ‘c(um)’; AJC2 ‘c(u)’242 go–cauo] PA ‘goncavo’243 fuili] PA ‘fu ili’, e em nota:«Ou fui li?»244 ¿äto] JPR, PA ‘quanto’; LFLC ‘qua[n]to’; AJC1 ‘q(uan)to’; AJC2 ‘q(u)ãto’245 c–] JPR ‘cum’; PA ‘cun’; LFLC ‘cu’; AJC1 ‘c(um)’; AJC2 ‘c(u)’

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CLUNL/LI4/FONTHIS/Normas/v.1.0 45/74

li 246 cuÊtou maeÊ <qä> 247 Ka_ .c._ 248 .^., 249

L31 E_ Êu∑ Êa aiud[a] 250 oue mal c– 251 goncaluo gomeÂque li<s> 252 cuÊtou multo da 253 auër 254

L32 e_ muita perda . E_ in 255 Êa aiuda oue mal c– 256

go[n]caluo 257 suari . E 258 in Êa aiuda,L33 oue mal c– 259 ramiro ferna–di que_ li 260 cuÊtov 261

muito auër muita perda

L34 E_ in_ 262 Êa aiuda fui iiäÊ 263 feÂeÊ 264 a_ coi[n]bra265 . E_ in_ 266 Êa aiuda dixe 267 mul <f> uiceÊ 268

246 q/v/e_ li] JPR ‘qui li’; PA ‘qve li’; LFLC ‘qveli’; AJC ‘q<v>e li’247 <qä>] JPR, PA omitem; LFLC e AJC omitem, e LFLC e AJC2 assinalam em nota

uma letra riscada.248 .c.] JPR ‘cem’249 ^.] JPR ‘maravidis’; PA ‘Morabitinos’; LFLC ‘morabitinos’; AJC ‘m(orabitinos)’250 aiud[a]] JPR ‘ajuda’; PA, LFLC ‘aiud[a]’; AJC ‘aiud[a]’251 c–] JPR ‘cum’; PA ‘cun’; LFLC ‘cu’; AJC1 ‘c(um)’; AJC2 ‘c(u)’252 li<s>] JPR, PA, LFLC, AJC ‘li’; SP ‘li[s]’253 da] JPR ‘de’254 auër] JPR, PA, LFLC ‘auer’; AJC ‘au(e)r’255 E_ in] JPR ‘em’256 c–] JPR ‘cum’; PA ‘cun’; LFLC ‘cu’; AJC1 ‘c(um)’; AJC2 ‘c(u)’257 go[n]caluo] JPR ‘Guncalvo’; PA ‘gõcaluo’; LFLC1 ‘Gocaluo’; AJC

‘Go[n]caluo’; LFLC2 ‘Go[n]caluo’; SP ‘gocaluo’258 E] JPR omite259 c–] JPR ‘cum’; PA ‘cun’; LFLC ‘cu’; AJC1 ‘c(um)’; AJC2 ‘c(u)’260 que_ li] JPR, PA, AJC ‘que li’; LFLC ‘queli’261 cuÊtov] JPR ‘custou’; PA, LFLC, AJC id.262 E_ in_] JPR ‘Em’263 iiäÊ] JPR ‘II.’264 feÂeÊ] PA ‘feces’265 coi[n]bra] JPR ‘Coimbra’; PA ‘coinbra’; LFLC ‘Coi[m]bra’; AJC1

‘Coi[n]bra’; AJC2 ‘Coi[m]bra’266 E_ in_] JPR ‘Em’267 dixe] JPR ‘dixi’

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L35 [linha interpolada] 269

L36 Êeu 270 torto al_ rec . E Êu∑ Ê_ aiud[a] 271 ma–doc 272

lidar ÊeuÊ om–Ê 273 c– 274 mar-<^>tin 275

L37 i„nÊ 276 que q≠r[i]a 277 ∆Êu–rar 278 Êa irmana . E cu–illee 279 e_ cu– ˝a caÊa

L38 e_ cu– Êeu pam e_ c–_ 280 Êeu uino ue–ceÊteÊ 281 uoÊaerdade E_ cu– ille

L39 exiÊtiÊ ∆ Êua /caÊa/ 282 in_ ipÊo die que uola q≠tar’. E_ ille teue a_ uoÊa

L40 reÂo– . E otäÊ 283 aiuda¥ multa¥ 284 que_ <*> 285 fe . 268 mul <f> uiceÊ] JPR ‘mul .... vices’; PA ‘mul[tas] uices’; LFLC1 ‘mul[tas]

uices’; AJC ‘mul[ta]s uices’; LFLC2 ‘mul[ta]s uices’, e assinala em nota um ‘s’“alto” riscado a seguir a ‘mul’.

269 Sobre a interpolação da linha 35, assinalada pela primeira vez por SP, ver Pedro1994: 51ss.

270 Êeu] PA id., e em nota:«Aliás sen.»271 Ê_ aiud[a]] JPR ‘sa jud’; PA, AJC, LFLC2 ‘saiud[a]’272 ma–doc] JPR ‘mandoc’; PA, AJC1 ‘mãdoe’; LFLC id.; AJC ‘mãdoo’; cf. AJC2

p.206273 om–Ê] JPR ‘omens’; PA ‘om[e]s’; LFLC1 ‘omes’; AJC, LFLC2 ‘oméés’274 c–] AJC1 ‘c[um]’; PA ‘cun’; LFLC ‘cu’; AJC1 ‘c(um)’; AJC2 ‘c(u)’275 mar-<^>tin] JPR ‘Martin’ (mas ‘Martim’ na linha 12); PA ‘martin’; LFLC

‘Martin’, e assinala em nota a sequência ‘in’ riscada e substituída por ‘tin’; AJC‘Martin’, e assinala em nota a letra anulada

276 i„nÊ] JPR ‘Johanes’; PA ‘iohanes’; LFLC ‘Johanes’; AJC1 ‘I(o)h(an)n(i)s’;AJC2 ‘I(o)h(a)n(e)s’

277 q≠r[i]a] JPR ‘quira’; PA ‘quira’, e em nota: «Aliás queria.»; LFLC1 ‘quira’;AJC1 ‘q(ui)ra’ e acrescenta em nota: «Por ‘queria’»; AJC2 ‘q(u)ir[i]a’; LFLC2‘quir[i]a’

278 ∆Êu–rar] PA ‘desunrar’279 illee] JPR, LFLC, AJC ‘ille’; PA ‘ille’280 c–] JPR ‘cum’; PA ‘cun’; LFLC ‘cu’; AJC1 ‘c(um)’; AJC2 ‘c(u)’281 ue–ceÊteÊ] PA ‘uencestes’282 /caÊa/] JPR, PA, LFLC ‘casa’ (LFLC assinala em nota o entrelinhamento); AJC

‘<casa>’283 otäÊ] JPR ‘outras’; PA, LFLC ‘otras’; AJC1 ‘ot(ra)s’; AJC2 ‘ot(r)as’

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E_ pluÊ_ li_ a_ cuÊtadoL41 uoÊa aiuda qä_ li in∆ 286 cae d_ erda∆ 287 . E Êubre

be[ –]cio[ –] 288 e Êu∑

L42 fiújúm–to 289 Êe ar_ q≠ÊerdeÊ ouir aÊ deÊo–ra¥ q/v/e 290

ante ihc 291 fur’L43 ar ouidea¥ Vener’ a_ uila 292 e_ fila[r’]li 293 o

po¸co ante ÊeuÊ filio¥ e_ com-eru–Êilo .L44 Vener’ alia uice er_ filur’ 294 otØ 295 ante illeÊ

L45 er_ comer’Êo . Vener’ i– 296 /alia/ 297 uice er_ filiar’ 284 multa¥] JPR ‘multa’285 <*>] JPR, PA, AJC, LFLC omitem; SP ‘[- ]’286 qä_ li in∆] JPR ‘qua li inde’; PA ‘qual unde’, e em nota:«Ou quali inde?»;

LFLC ‘quali inde’; AJC1 ‘q(ua)l und(e)’, e acrescenta em nota:«Também pode ler-se: q(u)ali ind(e).»; AJC2 ‘q(u)a li inde’, e acrescenta em nota: «Também pode ler-se: q(ua)li ind(e).»;

287 d_ erda∆] JPR, PA ‘derdade’; LFLC ‘derdade’; AJC1 ‘d’erdad(e)’; AJC2‘d’erdad[e]’

288 be[ –]cio[ –]] JPR, PA, LFLC, AJC ‘becio’; Cintra interpreta ‘becio’ como“beijo da paz” (LFLC2, Glossário, p.65); a interpretação de Oliveira / Machado(19683) como “bênção” parece mais adequada e melhor fundamentada: «becio: por‘beiçom’, ‘beeiçom’, ‘beeyçom’, ‘beençon’, beenzon’, ‘beeçom’, ‘beeçom’, formascorrentes medievais (do l. ‘benedictione-’), bênção.» (p.411, nt.103); a omissão do“til” (i.e. do sinal abreviativo geral com valor de nasal) em posição pré-consonântica é muito frequente, não só nos textos deste período como nos textoslatino-portugueses mais antigos.

289 fiújúm–to] JPR ‘fiimento’; PA ‘fíímento’; LFLC ‘fíímento’; AJC1 ‘fíím(en)to’;

AJC2 ‘fíím(e)to’290 q/v/e] JPR ‘que’; PA, LFLC ‘qve’, e LFLC assinala em nota o entrelinhamento

do ‘v’; AJC ‘q<v>e’291 ihc] JPR ‘hic’292 uila] JPR ‘Vila’293 fila[r’]li] JPR ‘filali’; PA ‘filarun li’; LFLC ‘fila[ru]li’; AJC1 ‘fila[rum]li’;

AJC2 ‘fila[ru]li’294 filur’] JPR ‘filurum’; PA ‘filarun’; LFLC ‘filaru’; AJC1 ‘filar(um)’; AJC2

‘filar(u)’; SP ‘filar—ú’295 otØ] JPR ‘o trigo’; PA ‘o t[riig]o’; LFLC ‘otro’; AJC1 ‘ot(ro)’; AJC2 ‘ot(r)o’

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una anÊar anteL46 Êa filia er_ comer’Êa. 298 ã_ 299 alia uice ar_

filiar’li o pane anteL47 Êuo¥ filio¥. ã_ 300 alia uice ar ue[ne]r’ 301 hic er_

302 filar’ 303 i–de o_ uinoL48 ante illoÊ .[verso]

L49 Otr?a? ui?c?e 304 uener’li 305 filar ante Êeus filio¥¿äto 306 q/v/e 307 li_ agar’ 308 i–_ 309 quele 310

L50 caÊal . E_ fur’li <o> u 311 ueriar 312 e_ ∑’der’ 313 i–∆ 296 i–] JPR ‘in’; PA ‘in’; LFLC ‘i’; AJC ‘i(n)’297 /alia/] JPR, PA, LFLC ‘alia’ (LFLC assinala em nota o entrelinhamento); AJC

‘<alia>’298 comer’Êa] JPR ‘comerumsea’; PA ‘comerunsa’; LFLC ‘comerunsa’; AJC1

‘comer(um)sa’; AJC2 ‘comer(u)sa’;299 ã] JPR ‘In’; PA ‘In’; LFLC ‘In’; AJC ‘I(n)’; SP ‘I—’300 ã] JPR ‘In’; PA ‘In’; LFLC ‘In’; AJC ‘I(n)’; SP ‘I—’301 ue[ne]r’] JPR ‘verum’; PA ‘uerum’; LFLC ‘ue[ne]ru’; AJC1 ‘ue[ne]r(um)’;

AJC2 ‘ue[ne]r(u)’302 er_] JPR omite303 filar’] JPR ‘filiarum’; PA ‘filiarun’; LFLC ‘filaru’; AJC ‘filar(um); AJC2

‘filar(u)’304 Otr?a? ui?c?e] JPR ‘E otro inne’; PA ‘otro inhe’, e em nota: «Ou uice?»;

LFLC1 ‘Otro inhc’; LFLC2, AJC ‘Otra uice (?)’305 uener’li] SP ‘ueneru–li’306 ¿äto] JPR, PA ‘quanto’; LFLC ‘qua[n]to’; AJC1 ‘q(uan)to; AJC2 ‘q(u)ãto’;307 q/v/e] JPR omite; PA, LFLC ‘qve’, e LFLC assinala em nota o entrelinhamento

do ‘v’; AJC ‘q<v>e’308 agar’] JPR ‘agarum’; PA ‘azarun’; LFLC ‘agaru’; AJC1 ‘agar(um)’; AJC2

‘agar(u)’;309 i–] JPR ‘in’; PA ‘in’; LFLC ‘i’; AJC ‘i(n)’310 quele] JPR, PA, LFLC, AJC id. (AJC1 acrescenta ‘(?)’)311 <o> u] JPR, PA ‘ou’; LFLC2 ‘u’, e assinala em nota o ‘o’ anulado; AJC ‘u’, e

AJC2 assinala em nota o ‘o’ anulado312 ueriar] JPR ‘veriar’; PA, LFLC ‘ueriar’; AJC1 ‘uetriar (?)’; AJC2 ‘ueriar (?)’

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o_ co–laÂo un∆ mamou *?e?Ê*L51 re 314 e_ gacar’no 315 e_ getar’ 316 in_ t’ra 317 polo

cecar e_ le[ua]r’ 318 delle ¿äto 319 oue

L52 ã_ 320 alia uice ar fur’ a_ feraci– e_ ∑’∆˚’ 321 iiØÊ322 om’Ê 323 e gacaru–+no¥ e_ le/ua/r[’] 324

L53 d?el?eÊ 325 ¿äto 326 que ouer’. ã 327 otä 328 fice ar_ 313 ∑’der’] JPR ‘prenderum’; PA ‘prenderun’; LFLC ‘prenderu’; AJC1

‘p(ren)der(um)’; AJC2 ‘p(ren)der(u)’; o traço que corta a haste do ‘p’ deve serinterpretado como a abreviação de ‘n’ (cf. AJC2, p.205).

314 *?e?Ê* re] JPR ‘.... re’; PA ‘o lecte (?)’; LFLC ‘[o lec] / te’; AJC ‘o lec- / te’

(AJC1 acrescenta ‘(?)’); SP ‘ ΩΩ Ω eΩ ÊΩ Ω re’; há uma letra ilegível a seguir àforma ‘mamou’; não é absolutamente claro se a seguir vem um ‘e’, um ‘c’, ou um

‘o’; o ‘Ê’ é identificável, e parece haver a seguir uma letra ilegível; no início da linhaseguinte lê-se ‘re’, não havendo razão para se ler um ‘t’ em vez do ‘r’ (não hátravessão, mas sim uma haste com um terminal típico do ‘r’ minúsculo).

315 gacar’no] JPR ‘arumno’; PA ‘gacarun no’; LFLC ‘gacaruno’; AJC1

‘gacar(um)no’; AJC2 ‘gacar(u)no’316 getar’] JPR ‘getar’317 t’ra] JPR, PA ‘terra’; LFLC2 ‘terra’; AJC ‘t(er)ra’318 le[ua]r’] JPR ‘lerum’; PA ‘le[ua]run’; LFLC ‘le[ua]ru’ e assinala, por lapso

(em ambas as edições), em nota a esta forma o entrelinhamento de ‘ua’ que ocorrede facto na forma da linha seguinte; AJC1 ‘le[ua]r(um)’; AJC2 ‘le[ua]r(u)’

319 ¿äto] JPR, PA ‘quanto’; LFLC ‘qua[n]to’; AJC1 ‘q(uan)to’; AJC2 ‘q(u)ãto’320 ã] JPR ‘In’; PA ‘In’; LFLC ‘I’; AJC ‘I(n)’; SP ‘I—’321 ∑’∆˚’] JPR ‘prenderum’; PA ‘prenderun’; LFLC ‘pre[n]deru’; AJC1

‘p(ren)d(e)r(um)’; AJC2 ‘p(ren)d(e)r(u)’; o traço que corta a haste do ‘p’ deve serinterpretado como a abreviação de ‘n’ (cf. AJC2, p.205).

322 iiØÊ] JPR ‘duos’323 om’Ê] JPR ‘omens’; PA ‘om[éé]s’; LFLC ‘oméés’; AJC ‘om(éé)s’324 le/ua/r[’]] JPR ‘lerum’; PA ‘levarun’; LFLC1 ‘levaru’; AJC1 ‘le[ua]r(um)’;

AJC2 ‘le<ua>r(u)’; LFLC2 ‘leuaru’ (LFLC assinala, por lapso, o entrelinhamentode ‘ua’ em nota à forma da linha anterior)

325 d?el?eÊ] JPR, PA, LFLC, AJC ‘deles’; SP ‘deΩlΩeÊ’326 ¿äto] JPR, PA ‘quanto’; LFLC ‘qua[n]to’; AJC1 ‘q(uan)to’; AJC2 ‘q(u)ãto’327 ã] JPR ‘In’; PA ‘In’; LFLC1 ‘I’; AJC ‘I(n)’; LFLC2 ‘I’ (sic, sem til); SP ‘I—’328 otä] JPR ‘outra’; PA, LFLC ‘otra’; AJC1 ‘ot(ra)’; AJC2 ‘ot(r)a’

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∑’der’ 329 otäÊ 330 iiØÊ 331 a_ Êe 332 irmano p∂agio 333

L54 ferna–di e_ iagar’no¥. ã 334 otä 335 ue[ne]r’ 336 a?p?ge≤*tro¥ 337 e_ leuar’Êo [...] 338

L55 [...] 339 p∂agio f?erna–diÂ? 340

329 ∑’der’] JPR ‘prenderum’; PA ‘prenderun’; LFLC ‘pre[n]deru’; AJC1

‘p(ren)der(um)’; AJC2 ‘p(ren)der(u)’; o traço que corta a haste do ‘p’ deve serinterpretado como a abreviação de ‘n’ (cf. AJC2, p.205).

330 otäÊ] JPR ‘outros’; PA ‘otros’; LFLC ‘otros’; AJC1 ‘ot(ro)s’; AJC2 ‘ot(r)os’;

SP ‘otäÊ’331 iiØÊ] JPR ‘dous’332 a_ Êe] JPR ‘....’; PA, LFLC ‘a se[u]’; AJC ‘a se[u]’333 p∂agio] JPR ‘Pelagio’; PA ‘pelagio’; LFLC ‘Pelagio’, e acrescenta em

nota:«’Pelagio’: leitura duvidosa, devido ao apagamento das letras, como a de todaa segunda parte da linha seguinte.»; AJC ‘P(e)lagio’; a forma, apesar de esmaecida,é reconhecível.

334 ã] JPR ‘In’; PA ‘In’; LFLC1 ‘I’; AJC ‘I(n)’; LFLC2 ‘In’; SP ‘I—’335 otä] JPR, PA, LFLC ‘otra’; AJC1 ‘ot(ra)’; AJC2 ‘ot(r)a’336 ue[ne]r’] JPR ‘verum’; PA ‘uerun’; LFLC ue[ne]ru’; AJC1 ‘ue[ne]r(um)’;

AJC2 ‘ue[ne]r(u)’337 a ?p?ge≤*tro¥] JPR ‘a ....’; PA ‘a . . ge . . tros’, e em nota: «Será o nome de

povoação Pegeiros?»; LFLC ‘a [...] ge [...] tros’; AJC ‘a Pegeiros (?)’, e acrescentaem nota: «Nas últimas cinco palavras segui a leitura e interpretação de Pedro deAzevedo, por estarem quase ilegíveis no original.»; antes de <ge> ainda é possíveldiscernir no ms. um ‘p’, que a consulta de reproduções anteriores à limpeza do ms.confirma.

338 leuar’Êo [...]] JPR ‘levar IV.’; PA ‘leuarunso . . .’, e em nota: «João PedroRibeiro lê aqui: levar IV; ou melhor: levarun iii ... ante. Também proponho aleitura: leuarun iii om[e]s ... ante.»; LFLC ‘leuaruso [...]’; AJC1 ‘leuar(um)so III

om(éé)s’; AJC2 ‘leuaruso III om(éé)s’ (sobre a leitura de AJC cf. nota anterior);

SP ‘leuar—úÊo Ω Ω Ω Ω Ω Ω’ no estado actual do ms. não é possível identificarnenhuma letra individual nesta zona, ou determinar o número exacto de letrasilegíveis.

339 [...]]JPR, LFLC omitem; PA ‘ante’; AJC ‘ante’; SP ‘ Ω Ω Ω Ω Ω’; no estado actualdo ms. não é possível identificar nenhuma letra individual nesta zona, oudeterminar o número exacto de letras ilegíveis.

340 f?erna–diÂ?] JPR ‘Fernandiz’; PA ‘fernandiz’; LFLC ‘Fernãdiz’; AJC

‘Fernãdiz’; SP ‘ferna–diÂ’; no estado actual do manuscrito apenas o ‘f’ inicial eo sinal abreviativo sobre o ‘a’ são claramente identificáveis.

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[linha interpolada no anverso]

L35 Òe_Ú Òo¸aÚ Òin_Ú ÒiÊtaÚ Òtregu+aÚ Òfur’Ú Òa_Ú Òueraci–Ú 341

ÒamaÂar’liÚ 342 ÒoÊÚ Òom–ÊÚ 343 Òerma[r’]liÚ 344 ÒxÚÒcaÊaeÊÚ 345

4. Carta de Xusana Fernandiz (segunda metade do séc. XII)Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Sé de Coimbra, maço 8, n.º 42

L01 Jn ∆i nn–e . „ e– carta q≠ Ego ma–∆i fazer XusanaFerna–diz . a_ uØ˘ /meiÊ/ homine/Ê/ .

L02 ∆_ be–feita . ∆_ foro q≠ m≠ deÊteÊ Êen∑ ma–do uo˘inde_ toler q≠nta

L03 ∆_ pa– e_ de_ uino ∏pter amorem_ ∆i Å_ ∑_ bonumÊeruicium q≠_ me fe-ciÊtiÊ

L04 Êen∑ . q≠n haberet pane– aut uinu– ∆_ ÊuiÊ laboribÜ ∆_iugada

L05 ∆_ bouuiÊ . de ii qärteiroÊ._ Êine q≠nta . ∆_ Êua_uinea q;_ laborar . ∆_ /.≠./ puzal_ ∆_ ui-no

L06 Êine q≠nta que– Êi_ q≠Êer fazer uinea nouua ∆_ . i .<...> foro . ∆

L07 . c . puzal ∆_ uino . T’mini d’_ be–fecta Êt– iÊti .da_ <...> portela du_ tra-uazu

L08 cumu uai a turri– Å ∑ lus algares . Å la_ cabeca deL09 mo–te redu–du . Å ∑ la_ cabeza d’ <...> argaraz Å cumu

∑ti ∑ 341 ueraci–] JPR ‘Veracim’; PA ‘ueracin’; LFLC1 ‘Veraci’; AJC ‘Ueraci’; LFLC2

‘Ueraci’342 amaÂar’li] LFLC ‘amazaruli’343 om–Ê ] JPR ‘omens’; PA ‘om[éé]s’; AJC ‘om(éé)s’; LFLC ‘oméés’344 erma[r’]li] JPR ‘ermali’; PA ‘erma[run] li’; LFLC ‘erma[ru]li’; AJC1

‘erma[rum]li’; AJC2 ‘erma[ru]li’345 caÊaeÊ] JPR ‘Casaes’

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L10 padruzeluÊ . Å i–d’ ∑ la_ lu–ba d’ moura en_ ∏no . Åi–d’ cumu

L11 ∑ti ∑<ti> cabeza d’ chamua . Å ∑ lu Êe≠xu d’ bilidu. Å_ ∑ti

L12 ∑ la aqua– d’ ÊaRalina Å i–d’ a_ la foz du trauazu–cumu

L13 uaj a_la purtela .

2.3 Edição de Tipo 3 – paleográfica com transcrição larga em tiponormal

2.3.1 Critérios

A diferença fundamental entre o Tipo 3 e o Tipo 2 é a utilização de um tipo normal natransliteração do conjunto de caracteres medieval: o abandono de um tipo medieval levanecessariamente a um aumento considerável das operações de transliteração, quando sepretende obter uma edição legível. Na realidade, a transliteração de um texto medievalcom um tipo normal pode perfeitamente contemplar a representação dos caracteresmedievais, através de uma série complexa de convenções de transliteração; no entanto,este tipo de edição traz como desvantagem uma representação do texto de legibilidadedifícil (cf. a proposta de Parkinson 1983).

O abandono do tipo medieval numa edição de Tipo 3 leva, portanto, à não distinção natranscrição de caracteres com o mesmo valor representacional: são assim eliminados daedição ‘r redondo’ e ‘r caudato’, ‘m’ e ‘n’ finais caudatos, e ‘s longo’.

As letras sobrescritas de módulo reduzido com valor abreviativo são transliteradasatravés de letras de módulo normal posicionadas sobre a linha entre | |. Uma vez que asletras sobrescritas com valor abreviativo servem para abreviar ‘u’ na sequência ‘qu’ e ‘r’,uma alternativa a este procedimento seria a transcrição de ‘u’ e ‘r’ entre parênteses e daletra sobrescrita por uma letra de módulo normal, como fazem alguns editores; assim:‘q|a|le’ ou ‘q(u)ale’ (l.2), ‘oct|a|’ ou ‘oct(r)a’ (l.10).

No que concerne as abreviaturas, o sinal geral de abreviação é objecto de um tratamentoespecial: as abreviaturas vocabulares, produzidas quer por contracção quer porsuspensão, são representadas pela sequência de letras presente no manuscrito transcritana edição entre chavetas. Mas quando o sinal geral de abreviação tem valor sub-lexical étransliterado ou por til (quando substitui as letras consonânticas ‘m’ e ‘n’) ou por umasequência de letras entre ( ).

Os caracteres especiais de abreviação são substituídos por sequências literais entre ( );nas abreviaturas sistemáticas que resultam da modificação de uma letra com adição de umsinal especial, a “letra de apoio” da abreviatura é transliterada sem indicação de

desabreviamento e as restantes entre ( ); por ex.º ‘∑’ é transliterado como ‘p(er)’; ‘∏’ étransliterado como ‘p(ro)’. O desenvolvimento de abreviaturas sistemáticas podelevantar alguns problemas, pois algumas abreviaturas têm valores distintos de acordocom o contexto (morfológico ou lexical) e de acordo com a época: a substituição dos

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caracteres abreviativos por sequências de letras resulta sempre de um acto deinterpretação, que constitui uma intervenção editorial importante, a qual, por alterarsignificativamente a aparência gráfica e grafémica do texto, deve ser pesada caso a caso ecom o maior escrúpulo.

A utilização de um tipo normal não permite representar fielmente todos os sinais depontuação; assim, para cada texto devem ser explicitadas convenções de transcrição quepermitam representar de forma não ambígua a pontuação original. Para alguns caracteres,como ponto simples, vírgula, cólon, não há problemas de transcrição; para outros sinaishaverá necessidade de explicitar convenções especiais.

Convenções editoriais:<texto> texto legível anulado ou rasurado; se a edição não se destinar a tratamento

informático, que obrigue à utilização estrita de caracteres ASCII, podeusar-se também o código de processamento de texto ‘Strikethrough’, ex.:<texto> <anulado>; texto sopontado; obs.: a inclusão na edição deetiquetagem SGML ou XML obrigará à substituição dos ângulos por umaoutra convenção editorial

<...> texto ilegível anulado ou rasurado (com quantidade de letras ilegíveisindeterminada)

[...] texto ilegível devido a impossibilidade de leitura causada por acidente nosuporte material (com quantidade de letras ilegíveis indeterminada)

* letra ilegível

< > espaço em branco entre palavras deixado pelo escriba

[ ] espaço em branco entre palavras provocado por lavagem ou raspagem

/texto/ texto (letras, palavras, ou sequências de palavras) interpolado naentrelinha superior; é colocado um ‘slash’ à esquerda e outro à direita dequalquer sequência de letras não interrompida por espaço branco, ex.:/texto/ /entrelinhado/ — este procedimento permite extrair de uma ediçãopara tratamento informático todas as formas entrelinhadas; se edição nãose destinar a tratamento informático, que obrigue à utilização estrita decaracteres ASCII, pode usar-se também o código de processamento de

texto ‘Raised Spacing’, ex.: /texto/ /entrelinhado/

\texto\ texto interpolado na entrelinha inferior; é colocado um ‘backslash’ àesquerda e outro à direita de qualquer sequência de letras nãointerrompida por espaço branco, ex.: \texto\ \entrelinhado\ — esteprocedimento permite extrair de uma edição para tratamento informáticotodas as formas entrelinhadas; se edição não se destinar a tratamentoinformático, que obrigue à utilização estrita de caracteres ASCII, podeusar-se também o código de processamento de texto ‘Lowered Spacing’,ex.: \texto\ \entrelinhado\

‹texto› linha interpolada; é colocado um ângulo de abertura à esquerda e umângulo de fecho à direita de qualquer sequência de letras não interrompidapor espaço branco, ex.: ‹linha› ‹interpolada› — este procedimentopermite extrair de uma edição para tratamento informático todas asformas contidas em linhas interpoladas

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?texto? texto de leitura duvidosa

<?texto?> texto anulado de leitura duvidosa

texto abreviatura vocabular, por contracção ou suspensão, com sinal abreviativogeral

(texto) expansão de abreviatura sistemática;desabreviamento do sinal geral de abreviação com valor sub-lexical esistemático

|texto| letras sobrescritas com valor abreviativo;letras sobrescritas em numerais

[texto] restituição de letras omitidas

texto_ palavra não separada da seguinte no manuscrito

tex+to partes de uma mesma palavra separadas no manuscrito

tex=to palavra dividida por translineação com sinal escribal (translineaçãoescribal)

tex-to palavra dividida por translineação sem sinal escribal (translineaçãoeditorial)

˜ transliteração do sinal geral de abreviação quando substitui as letrasconsonânticas ‘m’ e ‘n’

® sinal de interpolação escribal no ms. (cf. Testamento de PetrusFafiz/Fafila de 1210, Testemunho B)

& nota tironiana e ‘et’ (‘ampersand’)

(sinal) sinal tabeliónico ou sinal de confirmação

L linha numerada

2.3.2 Textos

1. Notícia de Fiadores de 1175Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Cristóvão de RioTinto, maço 2, nº 10

L1 Noti+cia fecit pela+gio ro+meu de_ fia+dores Stephano pelaiz .xx|i|. solidos

lecton .xx|i|. soldos pelai+o_ garcia .xx|i|. sol dos. Gu˜+disal+uo m(en)dici .xx|i|.soldos

L2 Egeas an+ri+quici xxx|ta| soldos. p(e)tro co˜+laco .x. soldos. Gu˜+disal+uo_

an+riqui+ci xxxx|ta| slds Egeas Moni´i´ci .xx|ti|. soldos <i> <l> Ihonesuarici .xxx.ta soldos

L3 M(en)do garcia .xx|ti| soldos . p(e)tro sua+ri+ci .xx|ti|. soldos ER M.

CC xiii|tia| Istos fia+dores_ ata<n> .V. annos que se part+ia de_ isto maleq(ue)_ li avem

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2. Testamento de Petrus Fafiz/Fafila de 1210

2.1 Testemunho AInstituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Simão da Junqueira,maço 5, n.º 13

L01 E|a| M|a|.CC|a|. X’|a|: viij|a|. ego petrus fafiz tjme˜s die˜ mortis me´e´ jta meu˜habere ma˜do diujdere . j˜_ p|i|mjs .

L02 uno casal na_ poboazo˜ . que_ fujt d(e)_ suejro_ fafiz (con)_ sua herda . &(con) roteas que modo habet . & ho_ casal de_ rjba

L03 d_ a+heste . sco simeonj . talj pacto . ut nu˜q|a|(m) . prior nec p(re)positus .nec abade habea potestate˜<j> ue˜de˜dj

L04 nec apenora˜dj . ipsos casales . sed se˜p(er) tena˜t illos duos fratres . Ad

seruj/e˜/du˜ ipsu˜ monasteriu˜ i˜calj-ces

L05 j˜_ liuros . &_ i˜_ prol que ujdea˜t do_ moestejro . & Mando . uno casal i˜_ le˜cj. martj+no nunjz . A_ cedo-fejta

L06 i˜_ gotemjr d(e)_ go˜ de_ go˜demar q|a|nta hereditate˜ ibj habeo . saquena &habeant . illa˜ . A_ ponte d_ a+ho˜

L07 & a_ de crjnjs . i Mr A_ po˜te d(e) do˜_ zamejro . & a_ de_ dona go˜zina . i .Mr . a co˜f[ar]ria . de_ canaueses . i . Mr . hos gafos

L08 . i . Mr . A_ bracala . q|i|tame˜to . &_ de˜t Meu auer ta˜tu˜ p(er)_ que <nat>

/<?que?>/ tenat˜ unu˜ anal . &_ p(er)_ que co˜pariet

L09 unu˜ mujme˜to pedrino . A_ me˜lousado . una . uaca A_ pet|o| martjnjz . una .iuue˜ca . hous fratres

L10 sc˜j simeo˜ ; X . Mr . que me habeat˜ i˜ me˜te i˜_ suas orationes . ho_ casal

d(e)_ le˜te iacet . por . X . Mr . q|i|te-no .

L11 loguo . p(er) noso auer . &_ ho_ casal de_ rjba d_a+heste q|i|teno d(e) . viiij .Mr p(er)_ ho_ noso . & Ma˜do que jaca

L12 uo casal d(e) pet|o| jhns . por hos_ morauedios . <...> que jacet . ho que_ma˜do a_ sa˜ simeo˜ .

L13 a_ sa˜ simeo˜j una almozala . &_ uno_ plomazo . una_ faceroa´a´ .

2.2 Testemunho BInstituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Simão da Junqueira,maço 5, n.º 14

L01 Svb . e|a| . m|a| . cc|a| . x'|a| . viij|a| . Ego Petrus fafila timens die˜ mortis me´e´ .facio manda de_ m(e)a

L02 h(er)editate & de m(e)o censu in remissione m(e)o(rum) peccaminu˜ . Jn p|i|mismando monast(er)io sci

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L03 symeonis . i|m| . casale i˜ a_ poboacion . qd fui de_ suerio fafiz cu˜ q|a|nto adillu˜ p(er)tinet . vdlc& . arroteas

L04 quas m|o| hab(e)t . & in rippa d_ aliste ; aliud casale . tali pacto . ut nu˜q|a|m

p|i|or nec aliq|i|s

L05 habeat potestate˜ uendendi n|c| pignorandi ipsos p(re)dictos casales . S(ed)semp(er) teneat˜ illos duo

L06 fres ad utilitate˜ p(re)dicti monast(er)ij . vidlc& . in libris & i˜ calicis & inalia p(ro)fectancia huius mo-nast’i´j´ .

L07 Et mando . i . casale in_ leenti Martino nuniz . A_ cedofecta in_ gontemir dego˜demar

L08 q|a|nta˜ h(er)editate˜ ibi habeo . & p(er)soluat˜ &_ habeat˜ . Ad po˜te d_a+hu´m . &_ Crines . i . mrb . Ad

L09 ponte de don_ zameiro . & d(e) dona go˜cina . i . mrb Ad co˜fraria d(e)canaueses . i . mrb A_ gafos

L10 i . mr . Ad_ brachara q|i|tam(e)tu˜ . & dent tantu˜ de m(e)o censu p(er)_ que˜teneat˜ . i . anale

L11 & p(er)_ que˜ co˜paret˜ unu˜ monum(en)tu˜ pedrinu˜ . A_ me˜do lousado . i .uaca . Ad petru˜ martiniz

L12 i|a| . iuuencula . Ad_ fres sci symeonis . X . mr . q|i| me habeat˜ i˜ mentei˜ suis oronibus .

L13 Casale de_ leenti p(er)soluat˜ de nro censu . que iacet p(ro)_ dece˜ aureis .Casale de rippa d_ aliste iacet

L14 p(ro) viiij . & p(er)soluat˜ illu˜ de nro . & ma˜do ut mittat˜ in pignoribus

casal d(e) pet|o| iohnes p(ro) xx mrb

L15 & p(er)soluat˜ da poboacio˜ . & aut interim /casal/ de petro ihis seruiat sco

symeone . Et sco syme/one˜/

L16 i . almutala . & i . plumacio . & i . faceiroa . Et Rogo &_ Mando p|i|ore˜ scisimeonis &_ mm

L17 sup|i|nu˜ Mene˜du˜ pet|i| q|i| faciat˜ om˜ia mea ma˜da i˜pleri . & si forte meamulier &_ fili´j´ mi˜ ea

L18 noluerint i˜pleri ; p|i|or . &_ Mene˜dus pet|i| p(er)_ rege˜ & p(er)_ archiepm® faciat˜ i˜plere .

L19 ® aut p(er) se

3. Notícia de Torto de 1214-1216Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Salvador de Vairão,maço 2, n.º 40

[anverso]

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L01 D(e) noticia d(e) torto que fecer(um) a_ laure˜ci(us) ferna˜diz por plazo q/v/efec(e) go˜cauo=

L02 ramiriz antre suos filios e_ loure˜zo ferrna˜diz q|a|le podedes saber e_ oue au(e)rd(e)_ erdad(e)

L03 e_ d_ au(e)r ta˜to q|o|me uno d(e) suos filios d_ aq|a|(n)to podese˜ au(e)r d(e)bona d(e) seuo pater e_ fiolios seu=

L04 pater e_ sua mater. E_ d(e)pois fecer(um) plazo nouo e_ co˜ ue˜ uos a_ saber

q|a|le in_ ille se/e/m

L05 taes firmam˜tos q|a|les podedes saber. <Ef**aq> ramiro go˜caluiz e_ go˜caluogo˜ca

L06 eluira go˜caluiz foru˜ fiadores d(e) sua irmana que o[to]rgase aqu[e]le plazocome illos

L07 Sup(er) isto plazo ar_ fe[ce]r(um) suo plecto . E_ a maior aiuda que illos hicco˜nocer(um) que_ les

L08 acanoce<r>+se laure˜zo ferrna˜diz sa irdad(e) p(er) p(re)[i]to que a_ teuese oabate d(e) sco martino

L09 que como ue˜cese˜ <oct|a|> <q> que asi les dese d(e) ista o_ abade. E_ quenunq|a| illos lecxase˜

L10 d_ aquela irdad(e) <d> [ ] se˜_ seu ma˜d+ato. Se_ a lexare˜ i˜tregare˜ ille d(e)_

oct|a| que /li/ plaza

L11 E_ D_ au(e)r que ouer(um) d(e) seu pat(e)r nu[n]q|a|(m) <le> li i˜d(e) der(um)parte. Deu <a_> <laure˜> <...> du˜ go˜cau-o

L12 a_ laure˜co ferna˜+diz e_ marti˜ go˜c[a]luiz .xii <a> casaes por arras d(e) suaauo´o´

L13 E_ filar(um)+li illos ind(e) vi casales <q|a|_> <ta˜to> <er> ctorto. E_podedes saber como man=do

L14 Du˜ go˜cauo a_ sua morte. D(e) xvi casales d(e)_ ueraciN que /d(e)/fructar(um)e_ que_ li

L15 nunq|a| i˜d(e) der[um] q|i|nno˜. E_ d(e) vii e_ medio casaes antre coina e_bastuzio und(e) li

L16 nunq|a|(m) der(um) q|i|nio˜. E_ d(e) tres i˜_ tefuosa und(e) li nu[n]q|a| ar_der[um] nada. E ii|os| i˜_ figeerec-do .

L17 unnd(e) nu˜+ <nada>. q|a|(n)_ li der(um) q|i|no˜. E ii|o|s i˜_ tamal u˜d(e) li narder(um) q|i|no˜. E_ da_ sena-ra

L18 d(e)_ coina u˜d(e) li n˜ ar_ der(um) q|i|no˜. E_ d_ uno casal d(e) coina queleuar(um) i˜d(e) iii anos=

L19 o_ frcuctu c torto. E_ por istes tortos que_ li fecer(um) tem q|a|_ a_ seuplazo quebra˜tado

L20 e_ q|a|_ li_ o deue˜ por sanar. E_ d(e) pois ouer(um) seu mal e_ meteu o_abad(e) paz a[n]tre illes

L21 i˜no carualio d(e) laurecdo. E rogouo o_ abate ta˜to que beiso c[um] illes. E_der(um)li=

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L22 xviiii Morabitinos q|i|_ li filar(um). &_ d(e) pos iste p(re)[i]to

pre[n]d(e)r(um)/li/ <on> o_ seruical otro=

L23 om(en) d(e) sa casa. e_ troser(um)no xviiii dias p(er) mo˜tes e_ fecer(um)les ta˜ma´a´ priso˜,

L24 p(er)_ que leuar(um) deles q|a|(n)to poder(um) au(e)r. E_ d(e) pois li d(e)su˜rogo˜cauo go˜cauiz=

L25 sa fili[a] pechena : E irmar[um]li xiii casales und(e) perdeu fructu . E_ isto=

L26 fui d(e) p/ois/ que fur(um) fi´i´dos ant_ o abate E_ d(e) pois que fur(um)i˜fiados por iuizo d(e) ilo=

L27 rec . E_ nu˜q|a| ille fez(e) neu<n> mal por_ todo aqueste . E_ fezeles <ta><q|a|> agudas=

L28 q|a|les aqui ouirecdes. Sup(er) sua aguda fez testiuigo c go˜cauo cebolano=

L29 E_ sup(er) sa_ aiuda ar fuili a_ casa e_ filoli q|a|(n)to que_ li agou e_ deu a_ illes. E sup(er) sa=

L30 aiuda oue testi+figo c p(e)tro gomez omezio q/v/eli custou maes <q|a|> Ka._c._ .M.=

L31 E_ sup(er) sa aiud[a] oue mal c goncaluo gomez que li<s> custou multo daau(e)r

L32 e_ muita perda . E_ in sa aiuda oue mal c go[n]caluo suariz . E in sa aiuda=

L33 oue mal c ramiro ferna˜diz que_ li custov muito au(e)r muita perda

L34 E_ in_ sa aiuda fui ii|as| fezes a_ coi[n]bra . E_ in_ sa aiuda dixe mul <f> uices

L35 [linha interpolada]

L36 seu torto al_ rec . E sup(er) s_ aiud[a] ma˜doc lidar seus om(en)s cmar=<M>+tin

L37 ihns que q|i|r[i]a d(e)su˜rar sa irmana . E cu˜ illee e_ cu˜ sa casa

L38 e_ cu˜ seu pam e_ c_ seu uino ue˜cestes uosa erdade E_ cu˜ ille

L39 existis d(e) sua /casa/ in_ ipso die que uola q|i|tar(um) . E_ ille teue a_ uosa

L40 rezo˜ . E ot|a|s aiudas multas que <*> fez . E_ plus_ li_ a_ custado

L41 uosa aiuda q|a|_ li ind(e) cae d_ erdad(e) . E subre be[˜]cio[˜] e sup(er)

L42 fi´j´m(en)to se ar_ q|i|serdes ouir as deso˜ras q/v/e ante ihc fur(um)

L43 ar ouideas Vener(um) a_ uila e_ fila[r(um)]li o porco ante seus filios e_ com-eru˜silo .

L44 Vener(um) alia uice er_ filar(um) ot|o| ante illes

L45 er_ comer(um)so . Vener(um) i˜ /alia/ uice er_ filar(um) una ansar ante

L46 sa filia er_ comer(um)sa. I˜_ alia uice ar_ filiar(um)li o pane ante

L47 suos filios. I˜_ alia uice ar ue[ne]r(um) hic er_ filar(um) i˜de o_ uino

L48 ante illos .

[verso]

L49 Otr?a? ui?c?e uener(um)li filar ante seus filios q|a|(n)to q/v/e li_ agar(um) i˜_quele

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L50 casal . E_ fur(um)li <o> u ueriar e_ p(re)(n)der(um) i˜d(e) o_ co˜lazo und(e)mamou *?e?s*

L51 re e_ gacar(um)no e_ getar(um) in_ t(er)ra polo cecar e_ le[ua]r(um) delleq|a|(n)to oue

L52 I˜_ alia uice ar fur(um) a_ feraci˜ e_ p(re)(n)d(e)r(um) ii|os| om(en)s e

gacaru˜+nos e_ le/ua/r[um]

L53 d?el?es q|a|(n)to que ouer(um). I˜ ot|a| fice ar_ p(re)(n)der(um) ot|a|s ii|os| a_ seirmano p(e)lagio

L54 ferna˜diz e_ iagar(um)nos. I˜ ot|a| ue[ne]r(um) a ?p?ge/c/*tros e_ leuar(um)so[...]

L55 [...] p(e)lagio f?erna˜diz?

[linha interpolada no anverso]

L35 ‹e_› ‹ora› ‹in_› ‹ista› ‹tregu+a› ‹fur(um)› ‹a_› ‹ueraci˜› ‹amazar(um)li› ‹os‹om(en)s› ‹erma[r(um)]li› ‹x› ‹casaes›

4. Carta de Xusana Fernandiz (segunda metade do séc. XII)Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Sé de Coimbra, maço 8, n.º 42

L01 Jn d(e)i nne . h e carta q|i| Ego ma˜d(e)i fazer Xusana Ferna˜diz . a_

u|o|b /meis/ homine/s/ .

L02 d(e)_ be˜feita . d(e)_ foro q|i| m|i| destes senp(er) ma˜do uob inde_ toler

q|i|nta

L03 d(e)_ pa˜ e_ de_ uino p(ro)pter amorem_ d(e)i &_ p(er)_ bonum seruicium q|i|_me fe-cistis

L04 senp(er) . q|i|n haberet pane˜ aut uinu˜ d(e)_ suis laborib(us) d(e)_ iugada

L05 d(e)_ bouuis . de #II q|a|rteiros._ sine q|i|nta . d(e)_ sua_ uinea q(ue)_ laborar .

d(e)_ /.#i./ puzal_ d(e)_ ui-no

L06 sine q|i|nta que˜ si_ q|i|ser fazer uinea nouua d(e)_ .#i. <...> foro . d(e)

L07 . #c . puzal d(e)_ uino . T(er)mini d(e)_ be˜fecta st isti . da_ <...> portela du_tra-uazu

L08 cumu uai a turri˜ & p(er) lus algares . & la_ cabeca de

L09 mo˜te redu˜du . & p(er) la_ cabeza d(e) <...> argaraz & cumu p(er)ti p(er)

L10 padruzelus . & i˜d(e) p(er) la_ lu˜ba d(e) moura en_ p(ro)no . & i˜d(e) cumu

L11 p(er)ti p(er)<ti> cabeza d(e) chamua . & p(er) lu se/i/xu d(e) bilidu . &_ p(er)ti

L12 p(er) la aqua˜ d(e) saRalina & i˜d(e) a_ la foz du trauazu˜ cumu

L13 uaj a_la purtela .

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2.4 Edição de Tipo 4 – interpretativa

2.4.1 Critérios

A edição interpretativa apresenta um máximo de intervenções editoriais com o propósitode apresentar um texto facilmente legível a um leitor não especialista em questõesfilológicas ou linguísticas, ou a um linguista interessado em aspectos linguísticos para osquais o acesso à aparência gráfica original não é fundamental, como aspectos do léxico 346

e da sintaxe.

A transcrição, realizada a partir de uma série de operações de transliteração quemodificam profundamente a “fisionomia” gráfica e grafémica do texto, é feita de forma apermitir a apresentação do texto com uma aparência modernizada, i.e normalizada eregularizada relativamente a certas convenções gráficas.

Em meu entender, a “representação” de um texto medieval a partir de um tipointerpretativo de edição como o Tipo 4 aqui proposto só faz sentido e só se justifica se aedição interpretativa se basear num tipo mais conservador de edição realizadopreviamente, idealmente uma edição de Tipo 1, como foi acima descrito.

Convenções editoriais:É introduzida pontuação modernizadora, de forma a facilitar a compreensão do texto. Aintrodução de pontuação não implica necessariamente a completa supressão dapontuação original: de facto, em muitas ocasiões a pontuação do manuscrito correspondea pontuação forte moderna, ou seja, aquela pontuação que separa grandes unidades dotexto, como frases ou períodos, e até parágrafos.

A capitalização é normalizada de acordo com as convenções modernas, ou seja, todos osnomes próprios são capitalizados, bem como alguns termos referentes a cargos einstituições públicas, como ‘Rei’; ‘Rainha’, ‘Reino’, ‘Sé’. A identificação de topónimospara efeitos da sua capitalização, e eventual lematização no âmbito da realização de umléxico ou da codificação dos textos, não é uma operação simples ou linear: muitos nomesde lugar derivam de expressões complexas com nomes comuns (por ex.º ‘vila de X’, emque X é um antropónimo ou um título de um cargo público), e não é fácil avaliar numtexto medieval se determinada expressão é simplesmente uma designação ou se constituijá uma lexia complexa cristalizada num nome próprio. 347

Exemplos de topónimos do Texto 4:

Edição de Tipo 2 Edição de Tipo 4 linha

da_ <...> portela du_ trauazu da Portela du Trauazu (l.07)

346 Numa edição destinada especificamente a tratamento lexical poderá haver outros

tipos de intervenção editorial, como a uniformização gráfica para efeitos léxico-estatísticos, ou a união de formas que compõem lexias complexas para estudo datoponímia e das terminologias medievais (cf. os diversos trabalhos de análiseléxico-estatística de Olinda Santana da Universidade de Trás-os-Montes e AltoDouro).

347 Sobre este assunto veja-se o artigo de Clara Nunes Correia (2000) para umaperspectiva semântica sobre os nomes próprios em português.

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a turri– à Turrim (l.07)

∑ la_ cabeca de mo–te redu–du per la Cabeca de Monte Redundu (ll.08-09)

la_ cabeza d’ <...> argaraz la Cabeza d’ Argaraz (l.09)

∑ la_ lu–ba d’ moura per la Lumba de Moura (l.10)

∑<ti> cabeza d’ chamua per Cabeza de Chamua (l.11)

∑ lu Êe≠xu d’ bilidu per lu Seixo de Bilidu (l.11)

∑ la aqua– d’ Êa?r?alina per la Aquam de Saralina (l.12)

a_ la foz du trauazu– a la Foz du Trauazum (l.12)

a_ la purtela [du trauazu–] a la Portela (l.13)

A intervenção editorial numa edição interpretativa é profunda no tratamento dasabreviaturas. Sendo o braquigrafismo um das características mais marcantes dos textosmedievais, a sua transliteração sem qualquer indicação de desabreviamento vaiinevitavelmente introduzir importantes modificações na aparência original do texto.

Todas as abreviaturas são “desabreviadas”, ou seja, transliteradas através de sequênciasliterais, com excepção da nota tironiana e do ‘et’, que são transliterados como ‘&’, e dasabreviaturas ‘ts.’ (= ‘testis’), ‘conf.’ (= ‘confirmans/confirmo/confirmat’) e ‘mr./mrb.’ (=‘morabitino(s)/morauedio(s)/etc.’).

O sinal geral de abreviação com valor de letra consonântica nasal em posição final étransliterado por ‘n’ ou ‘m’, de acordo com o contexto ou, eventualmente, com formasextensas presentes no texto. Esta não é uma questão simples, devido à peculiaridade daocorrência, em textos portugueses ou textos latino-portugueses muito romanceados, de‘m’ final para representar a nasalidade da vogal precedente em contextos gráficos quetinham ‘n’ na tradição latina. A opção por ‘m’ final ou ‘n’ final tem consequênciassignificativas para a “aparência” grafémica da edição interpretativa, uma vez que aadopção de ‘m’ final dará ao texto um carácter graficamente aportuguesado que ele, defacto, pode não ter.

A Notícia de Torto levanta a este respeito, como outros textos do século XIII, algunsproblemas, que vale a pena considerar detalhadamente. O texto apresenta apenas asseguintes formas com ‘m/n’ finais:

Formas com ‘n’ e ‘m’ finais da Notícia de Torto:Forma #ocorr. linha

in (2) 32, 32

mar-tin (1) 36

pam (1) 38

tem (1) 19

Êe/e/m (1) 04

ueraciN (1) 14Total: 7 formas

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Formas com sinal abreviativo final da Notícia de Torto:

co–+ue– (1) 04

cu– (4) 37, 37, 38, 38deue– (1) 20

du– (1) 11

Du– (1) 14

feraci– (1) 52

fo¸u– (1) 06

i– (1) 45

i–tregare– (1) 10

lecxaÊe– (1) 09

lexare– (1) 10

marti– (1) 12

po¬eÊe– (1) 03

priÊo– (1) 23

q≠nio– (1) 16

q≠no– (3) 17, 17, 18

reÂo– (1) 40

ta– (1) 23

ueraci– (1) 35

ue–ceÊe– (1) 09

Total: 25 formas

Outras formas com nasal final da Notícia de Torto:

c– (7) 19, 28, 30, 31, 32, 33, 36

n– (2) 17, 18

om– (1) 23

om–Ê (2) 35, 36

om’Ê (1) 52

q≠nno–Ê (1) 15

Considerando a razoável dependência que a Notícia de Torto apresenta ainda em certassoluções gráficas em relação à tradição latino-portuguesa, o procedimento que

adoptamos na edição interpretativa é uma transliteração etimológica. Assim: <cu–>,

<du–/Du–>, <i–> e <ta–> são transliterados, respectivamente, como ‘cum’, ‘dun/Dun’,

‘in’, e ‘tam’. As formas <c–>, <n–>, <om–>, <om–Ê>, <om’Ê>, e <q≠nno–Ê>, são

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transliteradas, respectivamente, como ‘cum’, ‘non’, ‘omen(s)’, e ‘quinnons’. Asterminações das formas nominais e verbais são transliteradas com ‘n’.

Certas alografias, presentes ainda no Tipo 3, são eliminadas: ‘i caudato’ é transcritocomo ‘i’, ‘V/v’ são transcritos como ‘U/u’, excepto nos numerais. A distinção entre ‘i/u’“consonânticos” (i.e. representando [d] e [v] respectivamente) e ‘i/u’ “vocálicos”,praticada por muitos editores, não é, no entanto, feita.

É introduzida acentuação para distinguir palavras homógrafas, e clarificar o sentido doenunciado.

Exemplo de acentuação do Texto 4:

P3 Quin haberet panem aut uinum de suis laboribus de iugada de /L05 bouuis dêII quarteiros sine quinta de sua uinea.

P4 Que[n] laborar dê I puzal de uino /L06 sine quinta.P5 Quen si quiser fazer uinea nouua de I foro dê /L07 C puzal de uino.

As plicas (sobre letras vocálicas) são eliminadas.

O texto anulado não é transcrito.

O texto restituído, quer para suprir lapsos escribais, quer para clarificar o sentido doenunciado, é indicado entre [ ].

A separação de palavras é normalizada sem qualquer indicação. Os pronomes clíticos sãoseparados das formas verbais por hífen. Quando a junção de palavras no manuscritocorresponde a crase vocálica a separação é feita com apóstrofe, exceptuando-se os casosde contracção de preposição e artigo ou pronome.

Exemplo de separação de palavras do Texto 3:

Edição de Tipo 1:

L02 eoue auër ªerda∆L03 edauër ta–to qØme uno ∆ Êuo¥ filio¥ da¿äto podeÊe–

auër ∆ bona ∆ Êeuo pater efiolio¥ Êeu,L04 pater eÊua mater.Edição de Tipo 4:P02 E oue auer d(e) erdade /L03 e d’ auer tanto quome uno de suos filios d’

aquanto podesem auer de bona de seuo pater.P03 E fio-li-os seu /L04 pater e sua mater.

O texto é divido em parágrafos numerados, mantendo-se a indicação das linhasnumeradas.

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2.4.2 Textos

1. Notícia de Fiadores de 1175Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Cristóvão de RioTinto, maço 2, nº 10

P1 L1 Noticia fecit Pelagio Romeu, de fiadores:

Stephano Pelaiz, XXi solidos;

Lecton, XXi soldos;

Pelaio Garcia, XXi soldos;

Gundisaluo Mendici, XXi soldos; /L2 Egeas Anriquici, XXXta soldos;Petro Conlaco, X soldos;

Gundisaluo Anriquici, XXXXta soldos;

Egeas Moniici, XXti soldos;

Ihoane Suarici, XXXta soldos; /L3 Mendo Garcia, XXti soldos;

Petro Suarici, XXti soldos.

P2 ERa M CC XIIItia.

P3 Istos fiadores atá V annos que se partia de isto male que li auém.

2. Testamento de Petrus Fafiz/Fafila de 1210

2.1 Testemunho AInstituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Simão da Junqueira,maço 5, n.º 13

Edição:

Emiliano, A (No prelo): “Observações sobre a «produção primitiva portuguesa» apropósito dos dois testemunhos de um testamento de 1210”, Revista Portuguesa deFilologia (edição aqui reproduzida)

P01 L01 Era Mª CCª XLª VIIIª.

P02 Ego Petrus Fafiz, timens diem mortis mee, ita meum habere mando diuidere.

P03 In primis, /L02 uno casal na poboazon que fuit de Sueiro Fafiz con sua herda, &con roteas que modo habet, & ho casal de riba /L03 d' Aheste Sancto Simeoni.

P04 Tali pacto ut nunquam prior nec prepositus nec abade habea potestatemuendendi /L04 nec apenorandi ipsos casales, sed semper tenant illos duos fratres,ad seruiendum ipsum monasterium in calices, /L05 in liuros, & in prol queuideant do moesteiro.

P05 & mando uno casal in Lenci Martino Nuniz.

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P06 A Cedofeita /L06 in Gotemir de Gondemar quanta hereditatem ibi habeo; saquen-a & habeant illam.

P07 À ponte d' Ahon /L07 & à de Crinis, I mr.

P08 À ponte de Don Zameiro & à de Dona Gonzina, I mr.

P09 À confr[ar]ia de Canaueses, I mr.

P10 Hòs gafos, /L08 I mr.

P11 A Bracala, quitamento; & dent meu auer tantum per que tenant unum anal, &per que compariet /L09 unum muimento pedrino.

P12 A Men Lousado, una uaca.

P13 A Petro Martiniz, una iuuenca.

P14 Hous fratres /L10 Sancti Simeon, X mr., que me habeant in mente in suasorationes.

P15 Ho casal de Lente iacet por X mr.; quiten-o /L11 loguo per noso auer.

P16 & ho casal de riba d' Aheste quiten-o de VIIII mr. per ho noso.

P17 & mando que iaca /L12 uo casal de Petro Johannis por hos morauedios que iacetho que mando a San Simeon. /

P18 L13 A San Simeoni una almozala, & uno plomazo, una faceroaa.

2.2 Testemunho BInstituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Simão da Junqueira,maço 5, n.º 14

Edição:

Emiliano, A (No prelo): “Observações sobre a «produção primitiva portuguesa» apropósito dos dois testemunhos de um testamento de 1210”, Revista Portuguesa deFilologia (edição aqui reproduzida)

P01 L01 Sub Era Mª CCª XLª VIIIª.

P02 Ego Petrus Fafila, timens diem mortis mee, facio manda de mea /L02 hereditate &de meo censu in remissione meorum peccaminum.

P03 In primis, mando Monasterio Sancti /L03 Symeonis Im casale in a poboacionquod fui de Suerio Fafiz cum quanto ad illum pertinet, uidelicet arroteas /L04

quas modo habet, & in rippa d' Aliste, aliud casale.

P04 Tali pacto ut nunquam prior nec aliquis /L05 habeat potestatem uendendi necpignorandi ipsos predictos casales, sed semper teneant illos duo /L06 fratres adutilitatem predicti monasterii, uidelicet, in libris, & in calicis, & in aliaprofectancia huius monasterii. /

P05 L07 Et mando I casale in Leenti Martino Nuniz.

P06 A Cedofecta in Gontemir de Gondemar, /L08 quantam hereditatem ibi habeo, &persoluant & habeant.

P07 Ad ponte d' Ahum & Crines, I mrb.

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P08 Ad /L09 ponte de Don Zameiro & de Dona Goncina, I mr.

P09 Ad confraria de Canaueses, I mr.

P10 A gafos, /L10 I mr.

P11 Ad Brachara, quitamentum; & dent tantum de meo censu per quem teneant Ianale, /L11 & per quem comparent unum monumentum pedrinum.

P12 A Mendo Lousado, I uaca.

P13 Ad Petrum Martiniz /L12 Iª iuuencula.

P14 Ad fratres Sancti Symeonis X mr., qui me habeant in mente in suis orationibus./

P15 L13 Casale de Leenti persoluant de nostro censu, que iacet pro decem aureis.

P16 Casale de rippa d' Aliste iacet /L14 pro VIIII, & persoluant illum de nostro.

P17 & mando ut mittant in pignoribus casal de Petro Iohanes pro XX mrb., /L15 &persoluant da poboacion, & aut interim casal de Petro Iohanis seruiat SanctoSymeone.

P18 Et Sancto Symeonem, /L16 I almutala, & I plumacio, & I faceiroa.

P19 Et rogo & mando priorem Sancti Simeonis & meum /L17 suprinum MenendumPetri qui faciant omnia mea manda impleri.

P20 & si forte mea mulier & filii mei ea /L18 noluerint impleri, prior & MenendusPetri per regem & per archiepiscopum /L19 aut per se /L18 faciant implere.

3. Notícia de Torto de 1214-1216Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Mosteiro de S. Salvador de Vairão,maço 2, n.º 40

Edição:

Emiliano, A. (No prelo): “Problemas de transliteração na edição de textos medievais”,Revista Galega de Filoloxía, 3 (edição aqui reproduzida).

P01 [anverso] /L01 De noticia de torto que fecerun a Laurencius Fernandiz por plazoque fece Goncauo /L02 Ramiriz antre suos filios e Lourenzo Ferrnandiz qualepodedes saber.

P02 E oue auer d(e) erdade /L03 e d’ auer tanto quome uno de suos filios d’ aquantopodesen auer de bona de seuo pater.

P03 E fio-li-os seu /L04 pater e sua mater.

P04 E depois fecerun plazo nouo e conuen-uos a saber quale; in ille seem /L05 taesfirmamentos quales podedes saber.

P05 [...] Ramiro Goncaluiz e Goncaluo Gonca[luiz] /L06 Eluira Goncaluiz forunfiadores de sua irmana que o[to]rgase aqu[e]le plazo come illos.

P06 /L07 Super isto plazo ar fe[ce]run suo plecto e a maior aiuda que illos hicconnocerun: que les /L08 acanocese Laurenzo Ferrnandiz sa irdade per pre[i]to

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348; que a teuese o abate de Sancto Martino; /L09 que como uencesen que asi lesdese de ista o abade; e que nunqua illos lecxasen /L10 daquela irdade sen seumandato; se a lexaren intregaren ille de octra que li plaza.

P07 /L11 E d’ auer que ouerun de seu pater nu[n]quam li inde derun parte.

P08 Deu Dun Goncauo /L12 a Laurenco Fernandiz e Martin Gonc[a]luiz XII casaespor arras de sua auoo.

P09 /L13 E filarun-li illos inde VI casales cum torto.

P10 E podedes saber como mando[u] /L14 Dun Goncauo a sua morte.

P11 De XVI casales de Ueracin que defructarun e que li /L15 nunqua inde derunquinnons.

P12 E de VII e medio casaes antre Coina e Bastuzio unde li /L16 nunquam derunquinion.

P13 E de tres in Tefuosa unde li nu[n]qua ar der[un] nada.

P14 E IIos in Figeerecdo, /L17 unnde nunquam li derun quinon.

P15 E IIos in Tamal unde li non ar derun quinon.

P16 E da senara /L18 de Coina unde li non ar derun quinon.

P17 E duno casal de Coina que leuarun inde III anos /L19 o frcuctu cum torto.

P18 E por istes tortos que li fecerun tem quaa seu plazo quebrantado /L20 e qua liodeuen por sanar.

P19 E depois ouerun seu mal e meteu o abade paz a[n]tre illes /L21 inno carualio deLaurecdo.

P20 E rogou-o o abate tanto que beiso[u] c[um] illes.

P21 E derun-li /L22 XVIIII Morabitinos qui li filarun.

P22 E depos iste pre[i]to prenderun-li o seruical, otro /L23 omen de sa casa, etroserun-no XVIIII dias per montes.

P23 E fecerun-les tam maa prison /L24 per que leuarun deles quanto poderun auer.

P24 E depois li desunro[u] Goncauo Goncauiz /L25 sa fili[a] pechena.

P25 E irmar[un]-li XIII casales unde perdeu fructu.

P26 E isto /L26 fui depois que furun fiidos ant’ o abate, e depois que furun infiadospor iuizo de ilo /L27 rec.

P27 E nunqua ille feze neu[n] mal por todo aqueste.

P28 E feze-les agudas /L28 quales aqui ouirecdes.

P29 Super sua aguda fez testiuigo cum Goncauo Cebolano.

P30 /L29 E super sa aiuda ar fui-li a casa e filo-li quanto que li agou e deu a illes.

P31 E super sa /L30 aiuda oue testifigo cum Petro Gomez, omezio que li custou maesqua C Morabitinos.

P32 /L31 E super sa aiud[a] oue mal cum Goncaluo Gomez que li custou multo daauer /L32 e muita perda.

348 No ms. ‘p’to’, o que mostra claramente que a forma extensa ‘plecto’ (l.7) seria

oralizada como [peito], como seria aliás de esperar.

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P33 E in sa aiuda oue mal cum Go[n]caluo Suariz.

P34 E in sa aiuda /L33 oue mal cum Ramiro Fernandiz que li custou muito auer, muitaperda.

P35 /L34 E in sa aiuda fui IIas fezes a Coi[n]bra.

P36 E in sa aiuda dixe mul[tas] uices /L36 seu torto al rec.

P37 E super s’ aiud[a] mandoc lidar seus omens cum Martin /L37 Iohannis 349 quequir[i]a desunrar sa irmana.

P38 E cum ille e cum sa casa /L38 e cum seu pam e cum seu uino uencestes uosaerdade.

P39 E cum ille /L39 existis de sua casa in ipso die que uo-la quitarun.

P40 E ille teue a uosa /L40 rezon.

P41 E otras aiudas multas que fez.

P42 E plus li a custado /L41 uosa aiuda qua li inde cae d’ erdade.

P43 E subre be[n]cio[n] 350 e super /L42 fiimento se ar quiserdes ouir as desonras queante ihc furun /L43 ar ouide-as.

P44 Uenerun a uila e fila[run]-li o porco ante seus filios e comerun-si-lo.

P45 /L44 Uenerun alia uice er filurun 351 otro ante illes, /L45 er comerun-so.

P46 Uenerun in alia uice er filiarun una ansar ante /L46 sa filia, er comerun-sa.

P47 In alia uice ar filiarun-li o pane ante /L47 suos filios.

P48 In alia uice ar ue[ne]run hic, er filarun inde o uino /L48 ante illos.

P49 [verso] /L49 Otra uice uenerun-li filar ante seus filios quanto que li agarun inquele /L50 casal.

P50 E furun-li u ueriar e prenderun inde o conlazo unde mamou […]/L51 re egacarun-no e getarun in terra polo cecar e le[ua]run delle quanto oue.

P51 /L52 In alia uice ar furun a Feracin e prenderun IIos omens e gacarun-nos eleuar[un] /L53 deles quanto que ouerun.

P52 In otra fice ar prenderun otras IIos a se[u] irmano Pelagio /L54 Fernandiz eiagarun-nos.

P53 In otra ue[ne]run a […] pgec […] tros e leuarun-so [...] /L55 [...] PelagioFernandiz.

[linha interpolada no anverso]

P54 /L35 E ora in ista tregua furun a Ueracin, amazarun-li os omens, erma[run]-li Xcasaes.

349 Iohannis] uma vez que a forma do ms. é uma abreviatura vocabular latina, com um

conteúdo preciso e definido, é preferível este desenvolvimento a ‘Iohanes’.350 No ms. ‘becio’ com omissão do sinal abreviativo geral sobre ‘e’ e ‘o’; com

realização fonética [betso] ou [beetso].351 Por ‘filarun’.

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4. Carta de Xusana Fernandiz (segunda metade do séc. XII)Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo, Sé de Coimbra, maço 8, n.º 42

P1 L01 In Dei nomine. Hec est carta qui ego mandei fazer, Xusana Fernandiz, auobis, meis homines /L02 de Benfeita, de foro qui mihi destes senper.

P2 Mando uobis inde toler quinta /L03 de pan e de uino propter amorem Dei & perbonum seruicium qui me fecistis /L04 senper.

P3 Quin haberet panem aut uinum de suis laboribus de iugada de /L05 bouuis dê IIquarteiros sine quinta de sua uinea.

P4 Que[n] laborar dê I puzal de uino /L06 sine quinta.

P5 Quen si quiser fazer uinea nouua de I foro dê /L07 C puzal de uino.

P6 Termini de Benfecta sunt isti: da Portela du Trauazu /L08 cumu uai à Turrim &per lus algares, & la Cabeca de /L09 Monte Redundu, & per la Cabeza deArgaraz, & cumu parti per /L10 Padruzelus, & inde per la Lumba de Moura enprono, & inde cumu /L11 parti per Cabeza de Chamua, & per lu Seixu de Bilidu,& parti /L12 per la aquam de Saralina, & inde a la foz du Trauazum cumu /L13 uaia la Purtela.

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Referências bibliográficasBrocardo, M. T. / Emiliano, A. (no prelo): “Considerações sobre a edição de fontes para

a história da língua portuguesa”, Santa Barbara Portuguese Studies.

Castro, I. / Ramos, M. A. (1986): “Estratégia e táctica da transcrição”, in Actes duColloque Critique Textuelle Portugaise, Paris: Centre Culturel Portugais /Fondation Calouste Gulbenkian, pp.99-122.

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Oliveira, Corrêa de / Machado, Saavedra (19683): Textos portugueses medievais,Coimbra: Coimbra Editora, 3ª edição.

C.S.I.C. (1944): Normas de transcripción y edición de textos y documentos, Madrid:Consejo Superior de Investigaciones Científicas.

Duarte, L. Fagundes (199): “Para uma edição interactiva de textos antigos”, in I. Castro(Ed.): Actas do XII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística(Braga-Guimarães, 30 de Setembro a 2 de Outubro de 1996), Lisboa: AssociaçãoPortuguesa de Linguística, Volume II — Linguística Histórica, História daLinguística, pp. 411-417.

Ferreira, J. de Azevedo (1986): “Uma edição do Fuero Real de Afonso X, o Sábio”, inActes du Colloque Critique Textuelle Portugaise, Paris: Centre Culturel Portugais /Fondation Calouste Gulbenkian, pp.55-64.

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Neto, S. da Silva (1956): Ensaios de Filologia Portuguesa, São Paulo: CompanhiaEditora Nacional.

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Parkinson, S. (1983): “Um arquivo computorizado de textos medievais portugueses”,Boletim de Filologia 28: 241-252.

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Ribeiro, M. J. (1995): Edição dos documentos medievais do cartório de Santa Eufémiade Ferreira de Aves, Lisboa: Faculdade de letras da Universidade Lisboa,dissertação de Mestrado em Paleografia e Diplomática (inédita).

Robinson, P. (1994): The transcription of primary textual sources using SGML, Oxford:Office for Humanities Communication Publications, Oxford UniversityComputing Services.

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Sampaio, J. (1999). “Um método de transcrição paleográfica de impressão omnimutávelsem alteração do texto transcrito”, Arquivos do Centro Cultural CalousteGulbenkian 38: 469-483 (Lisboa/Paris: Fundação Calouste Gulbenkian).

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Apêndice 1: tabela de caracteres do tipo Medieval-2 criado porMaria José Ribeiro

N ºHEX

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 A B C D E F

0 0nul

16dle

32 sp

48

0 64

@ 80

P 96

`112

p128

Ä144

ê160

†176

∞192

¿208

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‡241

Ò1 1

soh 17 33

! 49

1 65

A 81

Q 97

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q129

Å145

ë161

°177

±193

¡209

—225

·242

Ú2 2

stx 18 34

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2 66

B 82

R 98

b114

r130

Ç146

í162

¢178

≤194

¬210

“226

‚243

3 3etx

19 35

# 51

3 67

C 83

S 99

c115

s131

É147

ì163

£179

≥195

√211

”227

„244

4 4eot

20 36

$ 52

4 68

D 84

T100

d116

t132

Ñ148

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§180

¥196

ƒ212

‘228

‰245

ı

5 5enq

21nak

37

% 53

5 69

E 85

U101

e117

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Ö149

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•181

µ197

≈213

’229

Â246

ˆ6 6

ack 22syn

38

& 54

6 70

F 86

V102

f118

v134

Ü150

ñ166

¶182

∂198

∆214

÷230

Ê247

7 7bel

23etb

39

' 55

7 71

G 87

W103

g119

w135

á151

ó167

ß183

∑199

«215

◊231

248

8 8 bs

24can

40

( 56

8 72

H 88

X104

h120

x136

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®184

∏200

»216

ÿ232

Ë249

˘9 9

ht 25em

41

) 57

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I 89

Y105

i121

y137

â153

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©185

π201

…217

Ÿ233

È250

A 10 lf

26sub

42

* 58

: 74

J 90

Z106

j122

z138

ä154

ö170

™186

∫202nbsp

218

⁄234

Í251

˚B 11

vt 27esc

43

+ 59

; 75

K 91

[107

k123

139

ã155

õ171

´187

ª203

À219

€235

Î252

¸C 12

ff 28 fs

44

, 60

< 76

L 92

\108

l124

|140

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¨188

º204

Ã220

‹236

Ï253

˝D 13

cr 29 gs

45

- 61

= 77

M 93

]109

m125

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ç157

ù173

≠189

Ω205

221

›237

Ì254

E 14 so

30 rs

46

. 62

> 78

N 94

^110

n126

~142

é158

û174

Æ190

æ206

Œ222

fi238

255

F 15 si

31 us

47

/ 63

? 79

O 95

_111

o127del

143

è159

ü175

Ø191

ø207

œ223

fl239

Ô256

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Apêndice 2: conjuntos de caracteres internacionais

ANSI = American National Standards Institute (http://www.ansi.org/)ISO = International Organization for Standardization (http://www.iso.ch)IEC = International Electrotechnical Commission (http://www.iec.ch)

US-ASCII, Coded Character Set — 7-Bit American Standard Code for Information Interchange, ANSIX3.4-1986.

ISO 2022:1986, Information Processing — ISO 7-bit and 8-bit coded character sets — Code extensiontechniques.

ISO-8859 Information Processing — 8-bit Single-Byte Coded Graphic Character Sets:Part 1: Latin Alphabet No. 1, ISO 8859-1:1987.Part 2: Latin alphabet No. 2, ISO 8859-2, 1987.Part 3: Latin alphabet No. 3, ISO 8859-3, 1988.Part 4: Latin alphabet No. 4, ISO 8859-4, 1988.Part 5: Latin/Cyrillic alphabet, ISO 8859-5, 1988.Part 6: Latin/Arabic alphabet, ISO 8859-6, 1987.Part 7: Latin/Greek alphabet, ISO 8859-7, 1987.Part 8: Latin/Hebrew alphabet, ISO 8859-8, 1988.Part 9: Latin alphabet No. 5, ISO 8859-9, 1990.

ISO/IEC 646:1991, Information technology — ISO 7-bit coded character set for information interchangeISO/IEC 2022:1994, Information technology — Character code structure and extension techniquesISO 2375:1985, Data processing — Procedure for registration of escape sequencesISO /IEC 4873:1991, Information technology — ISO 8-bit code for information interchange — Structure

and rules or implementationISO /IEC 6429:1991, Information technology — Control functions for coded character setsISO /IEC 6937:1994, Information technology — Code graphic character set for text communicationISO /IEC 7350:1991, Information technology — Registration of repertoires of graphic characters from

ISO 10367ISO/IEC 8859-1:1998, Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

1:Latin alphabet No.1ISO/IEC 8859-2:1999, Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

2:Latin alphabet No.2ISO/IEC 8859-3:1999, Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

3:Latin alphabet No.3ISO/IEC 8859-4:1998, Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

4:Latin alphabet No.4ISO/IEC 8859-5:1999, Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

5:Latin/ Cyrillic alphabetISO/IEC 8859-6:1999, Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets —

Part6:Latin/ Arabic alphabetISO/IEC 8859-7:1987, Information processisng — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

7: Latin/Greek alphabetISO/IEC 8859-8:1999, Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

8: Latin/Hebrew alphabetISO/IEC 8859-9:1999, Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

9:Latin alphabet No.5ISO/IEC 8859-10:1998, Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

10:Latin alphabet No.6ISO/IEC 8859-13:1998 Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

13: Latin alphabet No. 7ISO/IEC 8859-14: 1998 Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part

14: Latin alphabet No. 8 (Celtic)

Page 74: CENTRO DE LINGUÍSTICA DA UNIVERSIDADE NOVA DE … · CLUNL/LI4/FONTHIS/Normas/v.1.0 1/74 ... Fontes para a História da Língua Portuguesa (FONTHIS) ... paleográfica com transcrição

CLUNL/LI4/FONTHIS/Normas/v.1.0 74/74

ISO/IEC 8859-15: 1999 Information technology — 8-bit single-byte coded graphic character sets — Part15: Latin alphabet No. 9

ISO 9036:1987, Information processing — Arabic 7-bit coded character set for information interchangeISO/IEC 10367:1991, Information technology — Standardized coded graphic character sets for use in 8-

bit codesISO/IEC 10538:1991, Information technology — Control functions for text communicationISO/IEC 10646-1:1993, Information technology — Universal Multiple-Octet Coded Character Set (UCS)

— Part1: Architecture and Basic Multilingual Plane [cf. tb. Unicode]

UNICODE, Unicode Home Page: http://www.unicode.org

JUNICODE, http://www.engl.virginia.edu/OE/junicode/junicode.html (“Junicode is the working name ofa Unicode font for medievalists.”)

MEDIEVAL UNICODE FONT INITIATIVE (MUFI), http://www.hit.uib.no/mufi/ (“The MedievalUnicode Font Initiative is a non-profit workgroup of scholars who would like to see a common solutionto a problem felt by many medieval scholars: the encoding of special characters in Medieval texts writtenin the Latin alphabet.”)