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CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS PROVA ESCRITA DE DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL 1ª CHAMADA ABRIL DE 2008 NOTAS PRÉVIAS: 1. A prova tem a duração de 4 horas, 2. O objecto da prova traduz-se na apreciação do requerimento do advogado do arguido, de fls. 27 e 28, e na elaboração do despacho de encerramento de Inquérito a que alude o artigo 276º do CPP, relativamente ao processo em anexo. 3. Caso venha a considerar que alguma diligência probatória realizada enferma de um vício processual que afecta a respectiva validade, ficcione que é ordenada a respectiva repetição e que a nova diligência fornece os mesmos elementos de matéria de facto; ou, se essa repetição não for possível, não deixando de referir tal vício e suas consequências, ficcione que não se verifica esse vício, não deixando de se pronunciar sobre o fundo da questão. 4. Ficcione também que não se mostra possível realizar nenhuma outra diligência de inquérito. 5. Todos os despachos proferidos por Autoridades Judiciárias no Inquérito constam dos autos. 6. Não obstante, o processo foi intencionalmente expurgado de todos os elementos que não interessam à decisão final, pelo que deverá considerar que todos os actos instrumentais foram regularmente realizados. 7. Ficcionará também que: a) Todos os despachos e autos de diligência se encontram devidamente assinados. b) Todos os arguidos prestaram termo de identidade e residência. c) Existe nos autos procuração válida, emitida pelo arguido João Dinis, a favor do advogado que assina o requerimento de fls. 27. d) Os Certificados de Registo Criminal dos arguidos se encontram juntos aos autos e que deles nada consta. 8. A cotação atribuída à globalidade da prova é de 20 valores.

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CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS

PROVA ESCRITA

DE DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

1ª CHAMADA ABRIL DE 2008

NOTAS PRÉVIAS: 1. A prova tem a duração de 4 horas, 2. O objecto da prova traduz-se na apreciação do requerimento do

advogado do arguido, de fls. 27 e 28, e na elaboração do despacho de encerramento de Inquérito a que alude o artigo 276º do CPP, relativamente ao processo em anexo.

3. Caso venha a considerar que alguma diligência probatória realizada enferma de um vício processual que afecta a respectiva validade, ficcione que é ordenada a respectiva repetição e que a nova diligência fornece os mesmos elementos de matéria de facto; ou, se essa repetição não for possível, não deixando de referir tal vício e suas consequências, ficcione que não se verifica esse vício, não deixando de se pronunciar sobre o fundo da questão.

4. Ficcione também que não se mostra possível realizar nenhuma outra diligência de inquérito.

5. Todos os despachos proferidos por Autoridades Judiciárias no Inquérito constam dos autos.

6. Não obstante, o processo foi intencionalmente expurgado de todos os elementos que não interessam à decisão final, pelo que deverá considerar que todos os actos instrumentais foram regularmente realizados.

7. Ficcionará também que: a) Todos os despachos e autos de diligência se encontram

devidamente assinados. b) Todos os arguidos prestaram termo de identidade e residência. c) Existe nos autos procuração válida, emitida pelo arguido João

Dinis, a favor do advogado que assina o requerimento de fls. 27. d) Os Certificados de Registo Criminal dos arguidos se encontram

juntos aos autos e que deles nada consta. 8. A cotação atribuída à globalidade da prova é de 20 valores.

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA POSTO DE MEM MARTINS

R.D.A. como Inquérito.

Mantém-se delegada na GNR a competência para a realização do Inquérito.

Aguarde o seu envio por 30 dias. Sintra, 5 de Janeiro de 2008

O Procurador Adjunto Ex. Senhor

Fernando Lopes de Sousa, 1º Sargento e Comandante do Posto da Guarda Nacional Republicana de Mem Martins, dá notícia a V. Ex., do seguinte: Pelas 20.00 horas do dia 4 de Janeiro de 2008, compareceu neste posto MARIA ANTÓNIA GOMES DAVID, casada, empregada de comércio, nascida em 3 de Janeiro de 1957, em Fafe, filha de José Soares David e de Ana Gonçalves Gomes, titular do BI n.º 8606232 de 15-9-99 e residente na Praceta de S. Gregório, n.º 3 – 1º andar direito, na Serra das Minas em Rio de Mouro, queixando-se que a sua residência tinha sido assaltada, na tarde de hoje, por desconhecidos, e que lhe tinham sido furtado os bens constantes da relação que se anexa. Presume que o furto tenha ocorrido entre as 16.30 e as 18.00, período em que a sua empregada ANA LAURA MENDES RODRIGUES se ausentou para ir fazer compras ao supermercado. Mais declarou que não faz a mínima ideia de como os agentes do crime se teriam introduzido na sua habitação, na medida em que as janelas se encontravam fechadas e a porta da entrada, que estava fechada à chave, não mostrava sinais de arrombamento. Não tem suspeitos a indicar. Procede esta Guarda a diligências para localizar o autor ou autores do furto e caso algo venha a ser apurado será V. Exa. imediatamente informado. Feito este auto em triplicado, em 4 de Janeiro de 2008, vai o original ser presente ao Tribunal Judicial da Comarca de Sintra, o duplicado remetido ao Ex. Comandante de destacamento e ficando o triplicado em arquivo neste posto. O PARTICIPANTE Fernando Lopes de Sousa 1º Sargento

Relação dos objectos que me foram furtados e respectivos valores:

a) um par de brincos em ouro e pérolas no valor de 280 € b) uma pulseira em ouro e safiras no valor de 1000 € c) dois anéis em ouro no valor global de 300 € d) um relógio de cuco de parede no valor de 200 € e) um vídeo gravador da marca SONY HX-910 no valor de 900 € f) uma aparelhagem Sony MHC-4800 no valor de € 200 g) uns auscultadores da marca PANASONIC no valor de € 40 h) uma mala de viagem DELSEY no valor de € 150 i) um par de castiçais de prata no valor de € 200

Aos 4 de Janeiro de 2008 Maria Antónia David

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA POSTO DE MEM MARTINS

Junte.

Sintra, 10 de Janeiro de 2008 O Procurador Adjunto

Ofício nº 32/08 - GNR

Ex. Senhor

Junto se envia a V. Exa., depois de concluído, o Inquérito NUIPC 145/2008.1 GNRMM contra DESCONHECIDOS.

Não obstante os esforços efectuados por esta Guarda, não foi possível identificar os autores do furto nem se vislumbram possíveis, de momento, outras diligências com vista a apurar a sua identidade. Caso algo venha a ser apurado será V. Exa. imediatamente informado. Junto se envia os autos de declarações da queixosa e da testemunha por si indicada e uma relação dos bens furtados. Feito este auto em triplicado, em 9 de Janeiro de 2008, vai o original ser presente ao Tribunal Judicial da Comarca de Sintra, o duplicado remetido ao Exmo. Comandante de Destacamento e ficando o triplicado em arquivo neste posto. O PARTICIPANTE Fernando Lopes de Sousa 1º Sargento

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA POSTO DE MEM MARTINS

No dia 7 de Janeiro de 2008, pelas 10.00 horas, eu, Mário Anselmo Andrade, soldado n.º 23456/86 da GNR, em serviço nesta secção de investigação criminal, onde decorreu o acto, procedi à inquirição, como testemunha, da seguinte pessoa:

TESTEMUNHA NOME: MARIA ANTÓNIA GOMES DAVID FILIAÇÃO: José Soares David e de Ana Gonçalves Gomes DATA DE NASCIMENTO: 3 de Janeiro de 1957 NATURALIDADE: Fafe ESTADO CIVIL: Casada NACIONALIDADE: Portuguesa PROFISSÃO: Empregada de comércio LOCAL DE TRABALHO: CC Amoreiras – Loja 2046 – Lisboa BI: 860 6232 de 15-9-99

RESIDÊNCIA: Praceta de S. Gregório, n.º 3, 1º Direito, Serra das Minas, concelho e comarca de Sintra

Iniciei o acto advertindo a depoente que era obrigada a responder com verdade às perguntas que lhe iam ser feitas sob pena de incorrer em responsabilidade penal. Respondeu serem verdadeiros os seus elementos de identificação acima fornecidos, os quais comprovei através da exibição do seu BI, e que iria dizer a verdade. Respondeu pela forma seguinte:

Confirma o teor da participação esclarecendo que a sua empregada Ana Laura saiu da sua residência para ir ao supermercado cerca das 16.30h. Terá fechado a porta da rua à chave já que ali não se encontrava mais ninguém. Quando regressou, seriam umas 18 horas, abriu a porta que continuava fechada à chave.

Quando a depoente chegou a casa, por volta das 18.45h, a Ana Laura contou-lhe o sucedido. Segundo lhe contou, apenas se terá apercebido de que a casa tinha sido assaltada quando reparou que o relógio de cuco da sala já não se encontrava na parede nem o vídeo junto à televisão. Passou, então, uma revista aos seus bens e constatou a falta daqueles que constam da lista que elaborou. Perguntada, disse que vive actualmente sozinha já que o seu marido se encontra ausente a trabalhar em Cabo Verde, há cerca de 30 dias, e por lá ficará mais um mês, a sua filha Rosário está em Coimbra a estudar e que a Ana Laura é sua empregada vai para oito anos, não a considerando pessoa capaz de ter algo a ver com estes factos. Não tem assim quaisquer suspeitos a indicar.

Deseja procedimento criminal contra os arguidos se vierem a ser descobertos. Mais não disse. Lidas as suas declarações, ratifica-as e assina.

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA POSTO DE MEM MARTINS

No dia 7 de Janeiro de 2008, pelas 10.00 horas, eu, Mário Anselmo Andrade, soldado n.º 23456/86, em serviço nesta secção de investigação criminal, onde decorreu o acto, procedi à inquirição, como testemunha, da seguinte pessoa:

TESTEMUNHA NOME: ANA LAURA MENDES RODRIGUES FILIAÇÃO: Rui Pedro Silva Rodrigues e Ana Benedita Mendes DATA DE NASCIMENTO: 13 de Março de 1982 NATURALIDADE: Porto ESTADO CIVIL: Divorciada NACIONALIDADE: Portuguesa PROFISSÃO: Empregada Doméstica

LOCAL DE TRABALHO: Praceta de S. Gregório, n.º 3, 1º Direito, Serra das Minas, concelho e comarca de Sintra

BI: 8452312 de 25-2-07 RESIDÊNCIA: Rua do Campo Alegre, n.º 23, 3º Direito, Serra das Minas, Sintra

Iniciei o acto advertindo a depoente que era obrigada a responder com verdade às perguntas que lhe iam ser feitas sob pena de incorrer em responsabilidade penal. Respondeu serem verdadeiros os seus elementos de identificação acima fornecidos, os quais comprovei através da exibição do seu BI, e que iria dizer a verdade. Respondeu pela forma seguinte:

Confirma o teor da participação feita pela sua patroa, esclarecendo que saiu de casa desta para ir ao supermercado cerca das 16.30h. Tem a certeza que fechou a porta da rua à chave já que a mesma se encontrava também fechada à chave quando regressou. Todas as janelas se encontravam também fechadas por dentro.

Regressou cerca das 18 horas e só se apercebeu de que algo anormal se tinha passado quando reparou que o relógio de cuco da sala já não se encontrava na parede, nem o vídeo junto à televisão.

Quando a sua patroa chegou a casa, por volta das 18.45h, contou-lhe o sucedido. Passaram ambas uma revista aos bens da D. Antónia e pode confirmar que faltavam todos aqueles que constam da lista que esta elaborou e entregou nesta Guarda. Não tem quaisquer suspeitos a indicar nem faz a mínima ideia de como tudo isto possa ter acontecido.

Mais não disse. Lidas as suas declarações, ratifica-as e assina.

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA POSTO DE MEM MARTINS

Junte.

Sintra, 18 de Janeiro de 2008 O Procurador Adjunto

Ex. Senhor

Junto se envia a V. Exa., o aditamento ao Inquérito NUIPC 145/2008.1 GNRMM contra DESCONHECIDOS, na qual é queixosa MARIA ANTÓNIA GOMES DAVID acompanhado dos objectos recuperados, de um auto de ocorrência, um auto de busca e apreensão e um auto de interrogatório de arguido. Feito este auto em triplicado, em 18 de Janeiro de 2008, vai o original ser presente ao Tribunal Judicial da Comarca de Sintra, o duplicado remetido ao Exmo. Comandante de Destacamento e ficando o triplicado em arquivo neste posto. O PARTICIPANTE Fernando Lopes de Sousa 1º Sargento

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA POSTO DE MEM MARTINS

Exmo. Senhor Ernesto Ferreira Mangualde, soldado n.º 12345/65 do Posto da GNR de Mem Martins, dá conhecimento a V. Exa. do seguinte: Pelas 10.15 horas de ontem, dia 14 de Janeiro, quando me encontrava em serviço de patrulha no largo da Igreja, nesta vila, fui abordado por MARIA ANTÓNIA GOMES DAVID, casada, empregada de comércio, nascida em 3 de Janeiro de 1957, em Fafe, filha de José Soares David e de Ana Gonçalves Gomes, titular do BI n.º 8606232 de 15-9-99 e residente na Praceta de S. Gregório, n.º 3 – 1º andar direito, na Serra das Minas em Rio de Mouro, que me informou que acabara de reconhecer uns objectos que estavam a ser oferecidos para venda ao público por um indivíduo do sexo masculino na feira que se realiza no largo da Igreja, nesta vila, como sendo alguns dos que haviam sido furtados da sua residência na semana passada, conforme participação arquivada neste Posto, nomeadamente um vídeo e gravador SONY, uns castiçais em prata e um relógio de cuco de parede. Dirigindo-me ao local, constatei a veracidade dos factos mas, aquando da minha aproximação, o individuo em causa, que aparentava ter cerca de 30 anos de idade, cerca de 1,75 de altura, magro e de cabelo castanho encaracolado, logrou por-se em fuga abandonando os objectos no local. Depois de ter procedido à apreensão destes e, embora não tenha conseguido proceder à identificação do suspeito de imediato, no decurso de diligências que realizei junto de outros feirantes, foi possível apurar que, muito provavelmente, a pessoa em causa seria um tal PEDRO ROCHA, residente na Rua Gonçalves Zarco, n.º 154, r/c esquerdo, Rio de Mouro. Dirigindo-me a este último local, constatei que não se encontrava ninguém na referida morada mas, pude confirmar, através dos vizinhos que, efectivamente, um Pedro Tomás Rocha habitava na referida residência. Assim, no dia de hoje, acompanhado do meu colega Eduardo Damas, soldado n.º 5643/65, dirigi-me ao referido local onde contactei o individuo em causa que foi possível identificar como se tratando de PEDRO ANTÓNIO TOMÁS ROCHA, divorciado, desempregado, filho de João Florindo Rocha e de Maria das Dores Nogueira Tomás, nascido em Vila Praia de Âncora, Caminha, em 12 de Agosto de 1978, portador do BI n.º 7654871 do AI de Lisboa e no qual reconheci a pessoa que havia visto no dia anterior na posse dos citados objectos. Perguntado se autorizava uma busca à sua residência, o Pedro Rocha começou por dizer que não autorizava mas, depois de lhe termos dito que estava no seu direito, mas que esta Guarda iria pedir a emissão de um mandado judicial para esse efeito, acedeu em assinar a declaração de autorização que se junta, facultando-nos de seguida o acesso à sua residência. Nesta diligência o Pedro Rocha foi extremamente colaborante, tendo voluntariamente indicado onde se encontravam a aparelhagem SONY, os auscultadores

e a mala de viagem. Na mesma ocasião, mais nos declarou, informalmente, que os objectos em ouro tinham sido por si vendidos a JOÃO DINIS, com estabelecimento comercial na Rua Direita, n.º 12 nesta vila, pelo preço de € 200, sendo este conhecedor da respectiva proveniência. Acedendo de seguida a acompanhar-nos a este Posto de imediato, já que declarou querer “despachar isto o mais depressa possível”, ali foi constituído arguido e nessa qualidade prestou as declarações que se anexam. Enquanto o meu colega Damas acompanhava o arguido ao Posto e, depois de ter telefonado à queixosa, solicitando-lhe que também ali comparecesse, dirigi-me ao estabelecimento de ourivesaria que me fora indicado onde, cerca das 14.45 horas, ali procedi à identificação de JOÃO ANTÓNIO MONTEIRO DINIS, casado, comerciante, nascido em 22 de Setembro de 1949, em Serpa, filho de Frederico José Rolo Dinis e de Maria de Fátima Monteiro, portador do BI n.º 5002546 do AI de Lisboa e residente na Avenida 25 de Abril, n.º 134 7º Esquerdo no Cacém, que se recusou a prestar quaisquer esclarecimentos sobre este caso. Como a queixosa não aparecesse no local, regressei ao Posto por volta das 15.30h. Seriam umas 16 horas quando a queixosa chegou a este Posto dando-me conhecimento de que se atrasara mas que, chegada ao estabelecimento de ourivesaria que eu lhe tinha indicado, constatara estar na montra, em exposição para venda ao público, ao preço de € 400, a sua pulseira em ouro com safiras. Dirigi-me de imediato com a mesma ao local, onde cheguei cerca das 16.30h, tendo constatado que este objecto já não se encontrava na montra. O JOÃO DINIS negou que alguma vez o tivesse tido ali e permitiu que a queixosa e eu próprio passássemos em revista os objectos ali existentes, no decurso da qual não foi localizado nenhum dos objectos furtados. Feito o presente auto em triplicado, em 15 de Janeiro de 2008, vai o original, com os documentos anexos, ser presente ao Tribunal Judicial da Comarca de Sintra, acompanhado dos objectos recuperados e o duplicado remetido ao Exmo. Comandante de Destacamento e ficando o triplicado em arquivo neste posto. O PARTICIPANTE Ernesto Ferreira Mangualde Soldado n.º 12345/65

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

Eu, PEDRO ANTÓNIO TOMÁS ROCHA, divorciado, desempregado, filho de João Florindo Rocha e de Maria das Dores Nogueira Tomás, nascido em Vila Praia de Âncora, Caminha, em 12 de Agosto de 1978, portador do BI n.º 7654871 do AI de Lisboa declaro que autorizo os agentes da GNR Ernesto Mangualde e Eduardo Damas a proceder a uma busca à minha residência sita no n.º 154, r/c esquerdo da Rua Gonçalves Zarco, em Mem Martins, para ali localizarem eventuais objectos que teriam sido furtados da residência de MARIA ANTÓNIA GOMES DAVID, casada, empregada de comércio, nascida em 3 de Janeiro de 1957, em Fafe, filha de José Soares David e de Ana Gonçalves Gomes, titular do BI n.º 8606232 de 15-9-99 e residente na Praceta de S. Gregório, n.º 3 – 1º andar direito, na Serra das Minas em Rio de Mouro. Por ser verdade a assino. Mem Martins, 15 de Janeiro de 2008

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA POSTO DE MEM MARTINS

AUTO DE BUSCA E APREENSÃO

Aos 15 de Janeiro de 2008, eu, Ernesto Ferreira Mangualde, soldado n.º 12345/65 do posto da GNR de Mem Martins, acompanhado pelo meu colega Eduardo Damas, soldado n.º 5643/65, em serviço no mesmo posto, na sequência de autorização para o efeito concedida por PEDRO ANTÓNIO TOMÁS ROCHA, divorciado, desempregado, filho de João Florindo Rocha e de Maria das Dores Nogueira Tomás, nascido em Vila Praia de Âncora, Caminha, em 12 de Agosto de 1978, portador do BI n.º 7654871 do AI de Lisboa, procedemos a uma diligência de busca e apreensão na residência deste, sita no n.º 154, r/c esquerdo da Rua Gonçalves Zarco, em Mem Martins, com vista à localização nesse local de eventuais objectos que teriam sido furtados da residência de MARIA ANTÓNIA GOMES DAVID, casada, empregada de comércio, nascida em 3 de Janeiro de 1957, em Fafe, filha de José Soares David e de Ana Gonçalves Gomes, titular do BI n.º 8606232 de 15-9-99 e residente na Praceta de S. Gregório, n.º 3 – 1º andar direito, na Serra das Minas, concelho e comarca de Sintra, conforme participação por esta apresentada neste Posto no dia 4 de Janeiro de 2008. Na sequência da mesma, que se iniciou pelas 12.30 e viria a terminar pelas 13.30, procedemos à apreensão, naquele local, dos seguintes objectos e valores: - Uma aparelhagem SONY compacta, modelo MHC-4800.

- Uns auscultadores da marca PANASONIC - Uma mala de viagem da marca DELSEY. Para constar se lavrou este auto que vai ser assinado pelos autuantes e pelo

arguido Pedro Rocha.

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA

POSTO DE MEM MARTINS

No dia 15 de Janeiro de 2008, pelas 15.00 horas, eu, Mário Anselmo Andrade, soldado n.º 23456/86, em serviço nesta secção de investigação criminal, onde decorreu o acto, procedi à inquirição, como arguido, da seguinte pessoa:

ARGUIDO

NOME: PEDRO ANTÓNIO TOMÁS ROCHA

FILIAÇÃO: João Florindo Rocha e de Maria das Dores Nogueira Tomás DATA DE NASCIMENTO: 12 de Agosto de 1978 NATURALIDADE: Vila Praia de Âncora – Caminha ESTADO CIVIL: Divorciado NACIONALIDADE: Portuguesa PROFISSÃO: desempregado LOCAL DE TRABALHO: ------------ BI: n.º 7654871 do AI de Lisboa RESIDÊNCIA: Rua Gonçalves Zarco, n.º 154, r/c esquerdo, Rio de Mouro, Sintra. Iniciou-se o acto comunicando e explicando ao depoente os direitos e deveres inerentes à qualidade de arguido que assume no presente processo e dos quais declarou ficar bem ciente. Seguidamente, perguntei ao arguido qual a sua identidade, se já estivera preso, quando e porquê, se já fora condenado e por que crimes, advertindo-o de que a falta de resposta a essas perguntas ou a falsidade das respostas o poderia fazer incorrer em responsabilidade penal. Respondeu o arguido quanto à sua identidade pela forma acima indicada e quanto aos seus antecedentes criminais, esclareceu que nunca respondeu nem esteve preso nem, que saiba, possui qualquer processo pendente. Seguidamente foi perguntado ao arguido se pretendia neste acto a presença de um defensor, do que prescindiu. Perguntado se queria responder aos factos que lhe eram imputados, e que lhe foram comunicados e explicados, disse que sim. Fê-lo pela forma seguinte: O declarante é namorado da empregada da Maria Antónia David, a Ana Laura. Sucede que, por vezes, quando aquela está a trabalhar vai ter com a Laura à casa da Maria Antónia e ali estão a passar um bocado. Isto terá acontecido umas seis ou sete vezes, tendo a primeira ocorrido em meados de Novembro do ano passado. Perguntado, diz que a patroa da Laura com certeza não sabe que o depoente lá ia a casa e que, se soubesse, possivelmente ficaria zangada com isso mas, o que é certo, é que o depoente até esse dia não fez nada de mal. Sucede que, da última vez que ali esteve, já não se recorda bem quando, no final do ano passado, retirou uma chave da casa que se encontrava numa gaveta da cozinha.

Assim, no dia 5 deste mês, pelas 16 horas, quando a Laura saiu para ir ao supermercado, tal como lhe tinha dito que faria nessa manhã, o declarante utilizou a chave que anteriormente tirara para entrar na casa da Maria Antónia, confirmando que se apoderou dos objectos indicados na relação de fls. 5, com a qual concorda, à excepção dos valores atribuídos aos objectos em ouro e que acha um pouco exagerados. Utilizou a mala de viagem para os transportar. Quando saiu, fechou de novo a porta à chave para a Laura não desconfiar de que alguém tinha estado nessa casa. Procurava vender na feira da Igreja, dias depois, alguns dos objectos furtados. Quanto à aparelhagem e aos auscultadores era seu intuito ficar com eles para si. Vendeu o ouro ao João Dinis no dia seguinte ao do furto, logo de manhã, pelo preço global de € 200. Este desconfiou imediatamente que os objectos eram roubados, porque até disse que “só lhe podia dar esse montante porque era muito perigoso e arriscado ficar com eles”. Está muito arrependido do que fez e o seu objectivo era apenas conseguir algum dinheiro porque estava, e está, desempregado. Não se opõe a uma eventual desistência da queixa contra si apresentada. Mais não disse, lidas as suas declarações, ratifica-as e assina.

GUARDA NACIONAL REPUBLICANA

POSTO DE MEM MARTINS

No dia 15 de Janeiro de 2008, pelas 18.30 horas, eu, Mário Anselmo Andrade, soldado n.º 23456/86, em serviço nesta secção de investigação criminal, onde decorreu o acto, procedi à inquirição, como testemunha, da seguinte pessoa:

TESTEMUNHA NOME: MARIA ANTÓNIA GOMES DAVID FILIAÇÃO: José Soares David e de Ana Gonçalves Gomes DATA DE NASCIMENTO: 3 de Janeiro de 1957 NATURALIDADE: Fafe ESTADO CIVIL: Casada NACIONALIDADE: Portuguesa PROFISSÃO: Empregada de comércio LOCAL DE TRABALHO: CC Amoreiras – Loja 2046 – Lisboa BI: 860 6232 de 15-9-99

RESIDÊNCIA: Praceta de S. Gregório, n.º 3, 1º Direito, Serra das Minas, concelho e comarca de Sintra

Iniciei o acto advertindo a depoente que era obrigada a responder com verdade às perguntas que lhe iam ser feitas sob pena de incorrer em responsabilidade penal. Respondeu serem verdadeiros os seus elementos de identificação acima fornecidos, os quais comprovei através da exibição do seu BI, e que iria dizer a verdade. Respondeu pela forma seguinte:

Que hoje, pelas 12 horas, recebeu um telefonema do soldado da GNR deste Posto, Ernesto Mangualde, solicitando-lhe que comparecesse cerca das 14.30 horas no estabelecimento de ourivesaria sito na Rua Direita, n.º 12, nesta vila, onde poderiam estar alguns dos objectos que lhe tinham sido furtados.

A declarante confirmou que poderia estar ali a essa hora mas sucede que, a sua colega, que a deveria render na loja do Centro Comercial onde trabalha, se atrasou pelo que só lhe foi possível sair do trabalho pelas 14.30h, chegando atrasada ao encontro.

Quando chegou à ourivesaria a GNR já lá não se encontrava, mas a declarante reconheceu imediatamente, na montra, a sua pulseira em ouro com safiras, exposta para venda ao público, ao preço de € 400. Entrou na loja e falou com o senhor que lá estava dizendo-lhe que a aludida pulseira era sua e que lhe tinha sido furtada dias antes. O senhor foi muito malcriado, dizendo que a declarante era maluca, que havia muitas pulseiras iguais e que nada naquela loja era roubado. A declarante foi de imediato à GNR falar com o agente Mangualde que se prontificou a ir com ela de seguida à ourivesaria.

Sucede que quando ali chegou a pulseira já não se encontrava na montra. Interpelado pelo agente Mangualde, o indivíduo em causa, que sabe agora

chamar-se João Dinis, declarou que nunca tinha falado com a depoente, que não tinha

tido nenhuma pulseira na montra e que não sabia de furto nenhum. Permitiu também que a depoente desse uma vista de olhos nos objectos em ouro que ali se encontravam, o que a declarante e o agente Mangualde fizeram, mas sem qualquer resultado prático já que não conseguiu identificar nenhum deles como sendo seu.

A declarante reafirma que tudo o que disse é a mais pura das verdades e que o João Dinis mente na medida em que não só tinha a pulseira na montra para venda como falou efectivamente com a depoente da primeira vez que esta foi à loja.

Infelizmente não dispõe de quaisquer testemunhas que comprovem a sua versão dos factos.

Mais não disse nem lhe foi perguntado. Lidas as suas declarações, ratifica-as e assina.

TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE SINTRA

PROCURADORIA DA REPÚBLICA

Serviços do Ministério Público

CONCLUSÃO Em 22 de Janeiro de 2008

O Técnico de Justiça Adjunto

* Os presentes autos não estão sujeitos a segredo de justiça interno.

* Valido a diligência de constituição e interrogatório de arguido realizada pela

GNR relativamente ao Pedro Rocha. *

Convoque a denunciante Maria Helena e a testemunha Ana Laura para prestarem declarações complementares, nessa qualidade, no próximo dia 4 de Fevereiro, pelas 10 horas. D.N. Cumprirá o art. 75º do CPP. *

Notifique o denunciado João Dinis, para comparecer nesta Delegação no próximo dia 5 pelas 14.30 horas a fim de ser constituído arguido e interrogado nessa qualidade à matéria dos autos. D,N. Sujeite-o, seguidamente, a termo de identidade e residência.

* Idêntica diligência, prestação de TIR, relativamente ao arguido Pedro Rocha em

data livre em agenda, com dilação não superior a 15 dias. D.N. *

Para a avaliação dos objectos apreendidos designo o próximo dia 11 de Fevereiro pelas 14.30 horas. Diligência a cargo do Sr. Ramos Pereira, conhecido em juízo. D.N. d.s.

TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE SINTRA

PROCURADORIA DA REPÚBLICA

Serviços do Ministério Público

No dia 4 de Fevereiro de 2008, pelas 10.00 horas, por delegação do Magistrado do Ministério público competente, eu, Maria Fernanda Rodrigues de Almeida, Técnica de Justiça Adjunta, em serviço nesta secção de investigação criminal deste Tribunal de Sintra, onde decorreu o acto, procedi à inquirição, como testemunha, da seguinte pessoa:

TESTEMUNHA NOME: MARIA ANTÓNIA GOMES DAVID FILIAÇÃO: José Soares David e de Ana Gonçalves Gomes DATA DE NASCIMENTO: 3 de Janeiro de 1957 NATURALIDADE: Fafe ESTADO CIVIL: Casada NACIONALIDADE: Portuguesa PROFISSÃO: Empregada de comércio LOCAL DE TRABALHO: CC Amoreiras – Loja 2046 – Lisboa BI: 860 6232 de 15-9-99

RESIDÊNCIA: Praceta de S. Gregório, n.º 3, 1º Direito, Serra das Minas, concelho e comarca de Sintra

Iniciei o acto advertindo a depoente que era obrigada a responder com verdade às perguntas que lhe iam ser feitas sob pena de incorrer em responsabilidade penal. Respondeu serem verdadeiros os seus elementos de identificação acima fornecidos, os quais comprovei através da exibição do seu BI, e que iria dizer a verdade. Mais declarou estar zangada com o arguido e a testemunha Ana Laura. Respondeu pela forma seguinte:

Confirma quer o teor da participação quer as suas anteriores declarações e está perfeitamente estupefacta com o que veio a saber acerca do comportamento da sua empregada, pessoa que parecia merecer-lhe toda a confiança.

A Ana Laura não tinha autorização para introduzir, por sua livre iniciativa, quem quer que fosse em sua casa e, por isso, deseja procedimento criminal por essa introdução abusiva de pessoas não autorizadas na sua residência. Aliás, assim que sair desta sala vai imediatamente despedir a Ana Laura.

Efectivamente, confirma que em sua casa existia uma chave sobresselente numa das gavetas da cozinha, que não estava fechada à chave, mas a depoente nunca pensou que alguém a pudesse ter tirado.

Não sabe que valor teria a chave, mas calcula que fossem uns 5 €. Ficou ciente dos direitos que lhe assistem para requerer um eventual ressarcimento civil dos prejuízos sofridos, declarando ter recebido uma folha explicativa de como proceder para esse efeito.

Mais não disse. Lidas as suas declarações, ratifica-as e assina.

TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE SINTRA

PROCURADORIA DA REPÚBLICA

Serviços do Ministério Público

CONCLUSÃO (por ordem verbal) Em 4 de Fevereiro de 2008

O Técnico de Justiça Adjunto

* Em face das declarações prestadas agora pela queixosa, a inquirição da Ana Laura será efectuada com o estatuto de arguida. Sujeite-a subsequentemente a TIR. D.N. d.s.

TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE SINTRA

PROCURADORIA DA REPÚBLICA

Serviços do Ministério Público

Aos 4 de Fevereiro de 2008, neste Tribunal Judicial da Comarca de Sintra, por delegação do Exmo. Magistrado do Ministério Público, eu, Maria Fernanda Rodrigues de Almeida, Técnica de Justiça Adjunta, em serviço nesta secção de investigação criminal, deste Tribunal de Sintra, onde decorreu o acto, procedi à inquirição, como arguida, da seguinte pessoa:

ARGUIDA

NOME: ANA LAURA MENDES RODRIGUES

FILIAÇÃO: Rui Pedro Silva Rodrigues e Ana Benedita Mendes DATA DE NASCIMENTO: 13 de Março de 1982 NATURALIDADE: Porto ESTADO CIVIL: Divorciada NACIONALIDADE: Portuguesa PROFISSÃO: Empregada Doméstica

LOCAL DE TRABALHO: Praceta de S. Gregório, n.º 3, 1º Direito, Serra das Minas

BI: 8452312 de 25-2-07 RESIDÊNCIA: Rua do Campo Alegre, n.º 23, 3º Direito, Serra das Minas

Iniciou-se o acto comunicando e explicando à depoente os direitos e deveres inerentes à qualidade de arguido que assume no presente processo e dos quais declarou ficar bem ciente. Seguidamente perguntei à arguida qual a sua identidade, se já estivera presa, quando e porquê, se já fora condenada e por que crimes, advertindo-a de que a falta de resposta a essas perguntas ou a falsidade das respostas a poderia fazer incorrer em responsabilidade penal. Respondeu a arguida quanto à sua identidade pela forma acima indicada e, quanto aos seus antecedentes criminais, que nunca respondeu nem esteve presa. Seguidamente, foi-lhe perguntado se queria responder aos factos que lhe eram imputados, e que lhe foram comunicados e explicados. Disse que sim e que prescindia neste acto da presença de defensor. Fê-lo pela forma seguinte: Confirma que conhece bem o Pedro Rocha com quem namora há alguns meses. Está muito arrependida de tudo o que aconteceu pois nunca o pensou capaz de fazer o que fez. Assim, confirma também que, por umas cinco ou seis vezes, no ano passado, lhe permitiu o acesso à casa da sua patroa sem que esta soubesse que tal sucedia.

Perguntada, diz que não faz ideia se a Maria Antónia David se importava ou não com esse facto, embora admita que sim. De qualquer forma, pretende que fique claro que nunca o Pedro passou da cozinha, ou da sala, já que se limitava a fazer companhia à depoente enquanto fazia o seu trabalho. Acrescenta que o Pedro lhe confessou, há uns dias atrás, o que tinha feito, ou seja, de como na última vez que esteve na casa onde trabalhava se terá apoderado de uma chave da porta da entrada da casa que estava numa gaveta da cozinha o que lhe permitiu vir a aceder à mesma dias mais tarde. Não se opõe a uma eventual desistência da queixa contra si apresentada.

Mais não disse. Lidas as suas declarações, ratifica-as e assina.

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Serviços do Ministério Público Aos 5 de Fevereiro de 2008, neste Tribunal Judicial da Comarca de Sintra, por delegação do Exmo. Magistrado do Ministério Público, eu, Maria Fernanda Rodrigues de Almeida, Técnica de Justiça Adjunta, em serviço nesta secção de investigação criminal, deste Tribunal de Sintra, onde decorreu o acto, procedi à inquirição, como arguida, da seguinte pessoa:

ARGUIDO

NOME: JOÃO ANTÓNIO MONTEIRO DINIS

FILIAÇÃO: José Rolo Dinis e de Maria de Fátima Monteiro DATA DE NASCIMENTO: 22 de Setembro de 1949

NATURALIDADE: Serpa ESTADO CIVIL: Casado NACIONALIDADE: Portuguesa PROFISSÃO: Comerciante

LOCAL DE TRABALHO: Rua Direita, n.º 12 em Mem Martins BI: 5002546 do AI de Lisboa

RESIDÊNCIA: Avenida 25 de Abril, n.º 134 7º Esquerdo no Cacém Iniciou-se o acto comunicando e explicando ao depoente os direitos e deveres inerentes à qualidade de arguido que assume no presente processo e dos quais declarou ficar bem ciente. Seguidamente, perguntei ao arguido qual a sua identidade, se já estivera preso, quando e porquê, se já fora condenado e por que crimes, advertindo-o de que a falta de resposta a essas perguntas ou a falsidade das respostas o poderia fazer incorrer em responsabilidade penal. Respondeu o arguido quanto à sua identidade pela forma acima indicada e, quanto aos seus antecedentes criminais, que nunca respondeu nem esteve preso. Seguidamente, foi perguntado se queria responder aos factos que lhe eram imputados, e que lhe foram comunicados e explicados. Disse que sim e que prescindia neste acto da presença de defensor. Fê-lo pela forma seguinte: Não faz a mínima ideia de quem é o Pedro Tomás Rocha. Nunca comprou nada que aparentasse ter sido roubado. Não fez qualquer compra a particulares durante este ano de 2008 nem recebeu destes qualquer objecto a diferente título e, portanto, não pode ter recebido desse Pedro ou de quem quer que fosse os objectos furtados.

Efectivamente, há cerca de 15 dias, por volta da hora do almoço, apareceu no seu estabelecimento um agente da GNR que solicitou a sua identificação e lhe perguntou se via algum inconveniente em se dirigir ao Posto para ser inquirido já que, dizia, o declarante seria suspeito de ter comprado uns objectos roubados. Muito embora o depoente esteja sempre pronto a colaborar com a justiça e tenha ficado surpreendido com a imputação, certo é que, como não tem empregados, fechar o seu estabelecimento àquela hora lhe daria algum prejuízo e por isso disse ao agente que “agora não lhe dava jeito, mas que iria quando fosse notificado para tal”. Mais tarde, seriam umas cinco da tarde, o mesmo agente apareceu na sua loja com uma senhora que se mostrava visivelmente transtornada e que, muito exaltadamente, dizia que tinha estado na ourivesaria uma hora antes, que tinha visto uma pulseira que era sua na montra para venda, que esta já lá não estava, que tinha falado com o depoente, o que é completamente falso, que o depoente comprava objectos roubados e muitas outras coisas muito desagradáveis para a sua pessoa. O declarante afirma que a senhora estava enganada e que, até, para mostrar a sua boa-fé, permitiu que ela e o agente procurassem na loja quer a dita pulseira quer os outros objectos que ela dizia que lhe tinham sido roubados, acha que uns brincos e uns anéis. É claro que não encontraram nada porque, como disse, o declarante é uma pessoa honrada e não comprou nenhum desses objectos a ninguém. Pretende que fique também consignado em auto que é uma pessoa honesta, que nunca praticou qualquer crime e que não compreende a acusação que lhe está a ser feita. Mais não disse nem lhe foi perguntado. Lidas as suas declarações, as achou conformes, ratifica e assina.

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Serviços do Ministério Público

AUTO DE EXAME DE OBJECTOS

Aos 11 de Fevereiro de 2008, compareceu nestes Serviços do Ministério Público, onde se encontrava o Exmo. Procurador Adjunto Ricardo de Sá e Melo, comigo Cristina Peniche, Técnica de Justiça Adjunta, JOSÉ JOAQUIM RAMOS PEREIRA, casado, comerciante, nascido em 10 de Dezembro de 1945 em S. Sebastião da Pedreira – Lisboa, filho de Vicente Gomes Pereira e de Maria da Conceição Baptista Ramos, portador do BI n.º 34556867 do AI de Lisboa e residente na Praceta de Vinhais, n. 3 4º D, nomeado para proceder à avaliação dos objectos apreendidos nestes autos. Tendo-lhe sido presentes os objectos apreendidos, declarou o seguinte: Que lhe foi presente:

- Um relógio de cuco de parede, em madeira, em bom estado de conservação e funcionamento, ao qual atribui o valor venal de € 150. - Um vídeo gravador da marca SONY, modelo HX-910, com o nº de série SX-236583, praticamente novo, em muito bom estado de conservação e funcionamento no valor comercial de € 1025. - Uma aparelhagem compacta áudio da marca SONY, modelo MHC-4800, com o n.º de série SN-567345, em regular estado de conservação e funcionamento, no valor de € 200. - Uns auscultadores da marca PANASONIC, em regular estado de conservação e funcionamento, no valor de € 40 - Uma mala de viagem DELSEY, em bom estado, no valor de € 150. - Dois castiçais para velas em zinco e prata, antigos, com muito uso e riscos, no valor de € 80.

Mais não disse. Para constar se lavrou o presente auto que lido vai ser assinado.

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CONCLUSÃO Em 13 de Fevereiro de 2008

O Técnico de Justiça Adjunto

Solicite ao CD de Lisboa da Ordem dos Advogados a nomeação de defensor a todos os arguidos e requisite os respectivos CRC.

d.s.

Exmo. Senhor Procurador Adjunto do Tribunal Judicial Comarca de Sintra

PROC. INQUÉRITO NUIPC 145/2008.1 GNRMM MARIA ANTÓNIA GOMES DAVID, casada, empregada de comércio, nascida em 3 de Janeiro de 1957, em Fafe, filha de José Soares David e de Ana Gonçalves Gomes, titular do BI n.º 8606232 de 15-9-99 e residente na Praceta de S. Gregório, n.º 3 – 1º andar direito, na Serra das Minas, Sintra, vem pela presente declarar que não pretende que seja exercido qualquer procedimento criminal nestes autos contra a arguida ANA LAURA MENDES RODRIGUES, desistindo por isso da queixa apresentada contra ela. Sintra, 25 de Fevereiro de 2008 Pede Deferimento

Exmo. Senhor Procurador Adjunto do Tribunal Judicial Comarca de Sintra

PROC. INQUÉRITO NUIPC 145/2008.1 GNRMM

João António Monteiro Dinis, arguido nos autos à margem referenciados, vem

alegar perante V.ª Exa. a nulidade da prova produzida contra si no presente Inquérito, nos termos e com os fundamentos seguintes:

1- O arguido verifica agora, e no primeiro momento em que teve acesso a todos os elementos de prova constantes do processo, que este se encontra crivado de nulidades.

2- De facto, o que se retira da leitura do processo de Inquérito, no que ao arguido diz respeito são apenas os seguintes factos:

a) A fls. 1, a queixosa Maria Antónia Gomes David denunciou que, em momento e circunstâncias indeterminadas do período compreendido entre as 16.30 e as 18.00 horas do dia 4 de Janeiro de 2008, a sua residência terá sido assaltada por desconhecidos que dela retiraram os objectos relacionados a fls. 5 dos autos.

b) Na informação constante de fls. 2, datada do dia 9 do mesmo mês, a GNR declarou que eram desconhecidos os autores do furto e que não se vislumbravam possíveis, de momento, outras diligências com vista a apurar a sua identidade.

c) Sucede que, pelas 10.15 horas do dia 14 de Janeiro, a queixosa notou que alguns objectos furtados da sua residência estavam a ser vendidos numa feira que se realizava nesta vila.

d) Alertada a GNR, esta deslocou-se, minutos depois, ao local. À sua aproximação, o vendedor colocou-se em fuga pelo que, aos agentes, apenas foi possível apreender os objectos referidos no auto de fls. 7 e 8.

e) Todavia, por indicações obtidas no local através de testemunhos de pessoas que se não encontram identificadas nos autos, a GNR apurou que o vendedor era Pedro Tomás Rocha, identificado a fls. 11.

f) Este, antes de comparecer no posto policial e ser constituído arguido, denunciou o requerente, e ora arguido, como lhe tendo comprado alguns objectos então furtados pela quantia de € 200, não obstante ser conhecedor da respectiva proveniência.

g) Tais declarações foram prestadas de forma informal aos agentes da GNR e consequentemente à margem do estatuto processual apropriado, ou seja, não garantindo ao então declarante os meios processuais de defesa adequados e legalmente obrigatórios.

h) Pelas 14.00 horas do dia 15 de Janeiro, o ora requerente foi interpelado no seu estabelecimento comercial pelo soldado da GNR

Ernesto Mangualde que o identificou, tendo o requerente, no exercício de um direito que lhe está constitucionalmente garantido, se recusado a prestar-lhe quaisquer declarações ou a acompanhá-lo ao Posto.

i) Negou sempre a prática dos factos. j) Não foram encontrados, na sua posse, nenhum dos objectos furtados. k) O delirante hipotético reconhecimento feito pela queixosa, de uma

pulseira na montra da sua loja como sendo daquela nunca aconteceu nem, a ter acontecido, seria válido.

Assim, o arguido tem por evidente que:

3- Independentemente da manifesta e despropositada coacção exercida pelos agentes da GNR sobre o arguido Pedro Rocha ameaçando-o de que se não concedesse autorização para a busca à sua residência, voluntariamente, seriam pedidos os competentes mandados judiciais para o efeito, facto que não pode ter deixado de pesar no consentimento que aquele veio a dar e que por o ter condicionado, o invalida

4- Os factos apurados em 2.e) supra, baseiam-se em rumores públicos ou depoimentos indirectos, pelo que não podem ser utilizados como meio de prova. Ora, sendo nulos, ao abrigo do art. 122º do CPP, devem ser invalidados todos os actos processuais que deles dependerem, ou seja, todos os subsequentemente produzidos nestes autos.

5- Para além desse facto, é patente que Pedro Rocha, quando identifica o depoente na sequência da busca realizada à sua residência, deveria ter proferido tais declarações na qualidade de arguido na medida em que só assim seriam asseguradas as mais elementares garantias de defesa consagradas constitucionalmente – artigo 32º da CRP. As declarações informais do arguido não podem ser consideradas como meio de prova, pelo que a sua produção invalida também os actos processuais de que dela dependerem.

6- As declarações do arguido Pedro Rocha não podem ser utilizadas contra si no presente processo como bem afirma a mais autorizada doutrina.

7- O reconhecimento pela queixosa dos objectos furtados que se encontrariam na sua loja não pode ter qualquer valor probatório – alínea k) supra – já que, ainda que tivesse acontecido, foi feita à total revelia do arguido e seu defensor violando, entre outros, o disposto nos artigos 61º n.º 1 alíneas a) e e), 63º n.º 1 e 64º n.º 1 alínea g) do CPP, sendo, portanto, nula de acordo com o preceituado no art. 119º alínea c) do mesmo diploma.

Nestes termos e nos demais de Direito que, V.ª Exa. por certo, doutamente

suprirá, solicita o arguido a declaração das referidas nulidades com as legais consequências. Pede deferimento. Sintra, 29 de Fevereiro de 2008 O ADVOGADO CONSTITUÍDO

Exmo. Senhor Procurador-Adjunto do Tribunal Judicial da Comarca de Sintra V/ REFª: Oficio n.º 511 de 29 de Fevereiro da 2ª Secção N/ REFª: 211-SJ-OFIC-OO.1 de 13 de Março Conforme o solicitado no oficio em epígrafe tenho a honra de comunicar a V.ª Exa. que o patrocínio relativo aos arguidos indicados no vosso ofício poderá ficar a cargo do Exmo. Sr. Dr. Marcelo Moita Silveira, com escritório na Rua de Fanares nº 35 1º D, em Mem Martins. Com os melhores cumprimentos PELO PRESIDENTE

O Secretário-Adjunto