centro de estudos em terapia cognitivo … · alegria e carinho estão sempre ao meu lado, mesmo...
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CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
A CONTRIBUIÇÃO DA TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO
DE ANSIEDADE: Fobia específica
ERIVALDO SOARES DE SOUZA
São Paulo
2018
ERIVALDO SOARES DE SOUZA
A CONTRIBUIÇÃO DA TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO
DE ANSIEDADE: Fobia específica
Trabalho de Conclusão de Curso Latu sensu. Área de concentração: Terapia cognitivo-comportamental.
Orientador: Professor Dr. Luiz Ricardo Vieira Gonzaga
São Paulo
2018
Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada à fonte.
Soares de Souza, Erivaldo
A Contribuição da Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do transtorno de Ansiedade – Fobia Específica
Erivaldo Soares de Souza, Luiz Ricardo Vieira Gonzaga, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2018.
37f. + CD-ROM
Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu. Área de concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental – Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC).
Orientador: Prof. Dr. Luiz Ricardo Vieira Gonzaga.
Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins
1. Terapia Cognitiva-Comportamental em Grupo 2. Ansiedade 3. Fobia Específica
Soares de Souza, Erivaldo. II. Gonzaga, Luiz. III. Martins, Eliana Melcher.
ERIVALDO SOARES DE SOUZA
A CONTRIBUIÇÃO DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO
TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE: Fobia específica
Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental, como parte das exigências para obtenção do título de Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental.
BANCA EXAMINADORA
Parecer:____________________________________________________________
Prof.: _____________________________________________________________
Parecer:____________________________________________________________
Prof.: _____________________________________________________________
São Paulo, ______ de _________________________, de ____.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que em todos os dias ilumina meu caminho e que me
traz a paz necessária nos momentos de necessidade.
A minha família por tudo que representam em minhas conquistas, que com
alegria e carinho estão sempre ao meu lado, mesmo nos momentos mais
complicados de minha caminhada.
Ao meu orientador que com maestria me indicou o melhor caminho e que
conseguiu dar vida as minhas ideias.
Aos todos os professores em especial, Élcio Henrique Rodrigues Martins e
Eliana Melcher Martins, pelo acolhimento, apoio e estimulo durante todo o curso.
A Brilhante secretária Catherine Martins, que de forma sempre carinhosa,
atenciosa fui atendido.
E a todos os colegas de classe que surgiram alguns bons amigos.
EPIGRAFE
“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando de vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal… Quando se vê, já terminou o ano… Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado… Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas… Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo… E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará”
(Mario Quintana)
O Maior bem que você pode fazer pelo outro não é somente dividir suas riquezas, mas revelar a ele as dele...
(Benjamin Disraeli)
RESUMO
O presente trabalho buscou analisar a Terapia Cognitiva Comportamental - TCC no
tratamento das fobias específicas, mais precisamente dentro do espectro dos
transtornos de ansiedade compreendendo uma revisão bibliográfica. A metodologia
utilizada é a bibliográfica. As publicações encontradas serão organizadas como
pesquisa e de revisão e, posteriormente, categorizadas. A revisão bibliográfica
será feita mediante análise acurada da literatura aplicada, extraindo-se os pontos
relevantes ao tema explicitado, com o fim de justificar as ações apresentadas.
Com a leitura dos livros e artigos expostos nesse trabalho foi possível concluir que
os transtornos de ansiedade são altamente prevalentes, e muitas vezes podem ser
diagnosticados erroneamente ou ainda serem tratados com modelos de intervenção
que não contam com apoio empírico e que não foram submetidos a provas que
avaliem sua efetividade.
Palavras-Chave: Terapia Cognitivo Comportamental. Ansiedade. Fobia Especifica.
ABSTRACT
The present work aimed to analyze the Behavioral Cognitive Therapy - CBT in the
treatment of specific phobias, more precisely within the spectrum of anxiety disorders
comprising a bibliographic review. The methodology used is the bibliographical one.
The publications found will be organized as research and review and then
categorized. The bibliographic review will be done through an accurate analysis of
the applied literature, extracting the relevant points to the explicit theme, in order to
justify the actions presented. With the reading of the books and articles exposed in
this study it was possible to conclude that anxiety disorders are highly prevalent and
can often be misdiagnosed or even treated with intervention models that do not have
empirical support and that have not undergone tests assess their effectiveness.
Keywords: Cognitive Behavioral Therapy. Anxiety. Specific Phobia.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 10
2.1 Transtornos de ansiedade .............................................................................. 10
2.2 Principais causas do Transtorno de Ansiedade ............................................. 11
2.3 Fobia específica ............................................................................................. 12
2.4 Critérios diagnósticos do transtorno de ansiedade ......................................... 13
2.5 Tratamentos ................................................................................................... 15
2.6 Fatores genéticos, ambientais e sociais ......................................................... 18
2.7 Intervenção psicoterápica e psicoeducativa na fobia específica .................... 19
2.8 Terapia cognitivo-comportamental ................................................................. 21
2.9 Como se obter ajuda para os transtornos de ansiedade ................................ 27
3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 29
3.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 29
3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 29
4 METODOLOGIA ................................................................................................... 30
5 RESULTADO E DISCUSSÃO .............................................................................. 31
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 34
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35
8
1 INTRODUÇÃO
Os transtornos de ansiedade e os comportamentos ansiosos apresentam
altas taxas de prevalência, atingindo grande parte da população. Assim, podem ser
considerados como um problema de saúde pública já que seus efeitos podem afetar
diretamente e de forma prejudicial o desenvolvimento humano nas várias etapas da
vida (KESSLER et al., 2010).
A fobia é definida como um medo persistente, desproporcional e irracional de
um estímulo que não oferece perigo real ao indivíduo (OMS, 1993). Ela envolve
ansiedade antecipatória, medo dos sintomas físicos e esquiva e fuga. Quando o
medo excessivo apresenta estímulo definido, denomina-se fobia específica
(LOTUFO NETO, 2011). Teóricos da abordagem cognitivo-comportamental
consideram esse medo aprendido e o explicam com base na teoria do
condicionamento clássico de Pavlov, do operante de Skinner e da modelação de
Bandura (PICCOLOTO; PERGHER; WAINER, 2004).
Com o objetivo de promover a reestruturação cognitiva, estudos indicam a
psicoeducação, a dessensibilização sistemática e a exposição ao vivo como as
melhores estratégias para o sucesso no tratamento da fobia (LOTUFO NETO, 2011).
A psicoeducação inclui o ensino sobre a terapia, seus pressupostos e sobre o
transtorno (KNAPP, 2004). A dessensibilização sistemática, baseada na extinção, no
contracondicionamento e na habituação visa eliminar os comportamentos de medo e
evitação com emissão de respostas assertivas (TURNER, 2002). Nela, o cliente é
levado à exposição gradativa ao objeto fóbico, precedida pelo relaxamento (VERA;
VILA, 2002). Wright, Basco e Thase (2008) destacam que, para promover respostas
contrárias à ansiedade, inicialmente é necessário aprender as técnicas de
relaxamento e a respiração diafragmática.
O tratamento visa a reestruturação cognitiva a partir da identificação por parte
do cliente de seus pensamentos e crenças distorcidas que provocam falha na
avaliação da situação, substituindo-os por cognições realistas e assertivas (LOTUFO
NETO, 2011).
O presente trabalho buscou analisar a Terapia Cognitiva Comportamental -
TCC no tratamento das fobias específicas, mais precisamente dentro do espectro
dos transtornos de ansiedade compreendendo a aplicação do método da revisão
9
bibliográfica. A revisão bibliográfica será feita mediante análise acurada da
literatura aplicada, extraindo-se os pontos relevantes ao tema explicitado, com o
fim de justificar as ações apresentadas.
Será apresentado no conteúdo deste trabalho uma fundamentação teórica o
qual será abordado a definição dos transtornos de ansiedade (TA), as principais
causas, fobias específicas, os critérios diagnósticos dos transtornos de ansiedade e
o seu tratamento, a influência dos fatores genéticos, ambientais e sociais, a
intervenção psicoterápica e a psicoeducação para a fobia específica, a terapia
cognitivo comportamental e como se obter ajuda para os TA. Os resultados e a
discussão serão apresentados neste trabalho apontando os artigos elencados
através dos critérios de inclusão e sendo finalizado com a conclusão.
Apesar da existência de outras pesquisas envolvendo o tema, há ainda,
fatos a serem destacados na problemática deste estudo. Dessa forma espera-se
que este trabalho possa contribuir para o preenchimento dessa lacuna, servindo
de base para outros pesquisadores que se interessem pelo assunto.
Porem cabe ressaltar aqui que não é objetivo do presente trabalho esgotar
todas as considerações sobre a temática tratada, e sim, realizar uma análise
sucinta sobre os pontos mais importantes, de maneira a esclarecer da melhor
maneira possível.
10
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Transtornos de ansiedade
No transtorno de ansiedade(TA) não se teme nada em particular, mas se
teme tudo ao mesmo tempo. A pessoa que sofre este transtorno de ansiedade tem
uma grande facilidade para se preocupar por muitas coisas e muita dificuldade em
controlar as preocupações. Não se limita a ansiedade a uma ou várias situações
com certa similitude entre si, como ocorre no resto dos transtornos de ansiedade
(KAPCZINSKI; MARGIS, 2004).
É como se sempre tivesse algo com que se preocupar: pequenos problemas
no estudo, no trabalho, ou em relação ao marido/esposa, ter acidentes ao sair de
casa, por exemplo. Em qualquer momento algo pode ir mal ou pode se pensar que
não esteja fazendo o suficiente para assegurar a economia familiar (que por outro
lado, tampouco esteja havendo algum problema com isso) (LOPES; CARVALHO;
BARBOSA, 2014).
Além disso, é impossível deixar de preocupar-se com as pequenas coisas da
vida. Esta ansiedade constante se manifesta em sintomas como: dificuldade de
concentração, inquietação, fadiga, irritabilidade, tensão muscular ou problemas para
dormir (LEAHY, 2011).
Além disso, agrega a isso que pode resultar difícil diferenciar os TA dos
quadros somatomorfes, quando os sintomas físicos não possuem correlato clínico,
como, por exemplo, as palpitações e a falta de ar. Os pacientes com um transtorno
somatomorfe geralmente não aceitam uma explicação psicossomática para os
sintomas que possuem e isto os diferencia daqueles que apresentam TA (LOPES;
CARVALHO; BARBOSA, 2014).
Cerca de 50% dos Transtornos de Ansiedade não são diagnosticados na
atenção primária. Isto se deve a muitas vezes aos pacientes que apresentam
moléstias somáticas. Além disso, é evidente que nas pessoas com depressão não
se avalia a morbidade com os Transtornos de Ansiedade, e, portanto, estes não são
considerados o momento de indicar um tratamento (LOPES; CARVALHO;
BARBOSA, 2014).
11
A prevalência de TA é de 4.3 a 5.9% das pessoas, sendo que é duas vezes
mais frequente nas mulheres. A idade de prevalência é entre os 45 e 59 anos. Se
esta enfermidade não é tratada, frequentemente tem-se uma evolução crônica.
Somente duas a cada cinco pacientes recebem um tratamento correto
(KAPCZINSKI; MARGIS, 2004).
2.2 Principais causas do Transtorno de Ansiedade
As causas do Transtorno de ansiedade ainda não estão totalmente definidas.
As possíveis causas etiológicas para o TA e outros Transtornos de Ansiedade
incluem as experiências traumáticas da vida, a influência genética, o
condicionamento defeituoso e as alterações neurobiológicas. A carga genética
poderia ter alguma relação, mas, seria menor em pacientes com outros transtornos
de ansiedade como os ataques de pânico. Os fatores neurobiológicos que se
encontram em estudo envolvem alterações de neurotransmissores como a
serotonina, a adrenalina, a noradrenalina e o GABA. Nas neuro imagens de
pacientes com TA são observadas as alterações na amídala, no córtex pré-frontal
dorso medial e em outras áreas do cérebro (NARDI; SCHINOHARA, 2004).
O curso do transtorno é crônico, embora tenha flutuações dependentes da
presença ou ausência de períodos de estresse. Em pacientes graves com TA de
longa duração a probabilidade de remissão total ao longo de 1, 2 e 5 anos foi
somente de 15%, 25% e 38% respectivamente, apesar de ter recebido
farmacoterapia e algum tipo de tratamento psicológico (psicodinâmico, cognitiva).
Dos pacientes remissivos, 27% recaíram dentro de um período de 3 anos. As
remissões foram menos prováveis em pacientes que tinham más relações familiares
ou matrimoniais, transtornos de personalidade ou pior satisfação global com a
própria vida (LEAHY, 2011).
Em comparação a outros pacientes com Transtornos de Ansiedade, é menos
frequente que os pacientes com TA busquem tratamentos. Talvez porque este
transtorno cause uma menor perturbação ou porque as pessoas o aceitem como
uma forma de ser. Tampouco é frequente ver pacientes com TA em consultas
psicológicas, provavelmente porque são tratadas por Clínicos Gerais que
prescrevem ansiolíticos (LOPES; CARVALHO; BARBOSA, 2014).
12
2.3 Fobia específica
O medo é um alarme que indica um perigo presente, gerando uma forte
agitação e preparando os indivíduos para a ação. O medo representa uma resposta
emocional de uma condição repentina e ansiedade de uma condição irreal. Em
relação à ansiedade, ela pode ser definida como um estado emocional com vistas
para o futuro, caracterizado por uma apreensão negativa e inquietação
desconfortável, gerando um desvio na atenção, cujo foco principal é os eventos
potencialmente perigosos ou as respostas afetivas a esses eventos (CLARK; BECK,
2012).
De acordo com o Manual de diagnóstico e estatística das perturbações
mentais: DSM-IV-TR (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2006), a fobia
específica é caracterizada pela presença de medo acentuado e persistente, que é
excessivo ou irracional, desencadeado pela presença ou antecipação de um objeto
ou situação específica. A exposição ao estímulo fóbico provoca quase
invariavelmente uma resposta ansiosa imediata. A pessoa reconhece que o medo é
excessivo, no entanto não tem controlo sobre suas reações. As situações fóbicas
são evitadas com intensa ansiedade e mal-estar, interferindo significativamente na
rotina diária, no funcionamento ocupacional, nos relacionamentos interpessoais e
nas atividades sociais da pessoa.
O sujeito fóbico tem um pensar distorcido ao considerar algumas situações
mais ameaçadoras do que realmente são. Essa forma de pensar leva o fóbico a
frequentemente adotar os mecanismos de esquiva por acreditar ser incapaz de
enfrentar e superar a situação (PICCOLOTO et al., 2004).
A ansiedade pode ser definida como um estado emocional onde a vivência
subjetiva do medo encontra-se presente. É uma resposta a ameaças reais ou
situações de perigo, que inclui manifestações somáticas como cefaleia; dispneia;
taquicardia; palpitação; tremores; vertigem; sudorese; dificuldade respiratória; tensão
muscular; náuseas; diarreia e dor de cabeça. Também, há a presença de sintomas
cognitivos como inquietação interna; irritabilidade; insônia; desconforto mental;
dificuldade de concentração; pensamento catastrófico; hipervigilância; medo de
perder o controle e de sintomas comportamentais como inquietude, isolamento e
esquiva (HELDT et al., 2013; SILVA FILHO; SILVA, 2013).
13
A ansiedade fóbica é caracterizada por um medo excessivo de alguma
situação pela qual a pessoa tenha passado e a deixado com muito medo, como
medo do escuro, de monstros ou de animais. Assim, as situações fóbicas são
evitadas com intensa ansiedade e mal-estar, como lugares que possam se
assemelhar ao local ou objeto que lhe causam pavor e desenvolve um medo
extremo e irreal de passar novamente pela mesma situação (STALLARD, 2010). Os
transtornos de ansiedade podem ser subdivididos em vários transtornos e dentre
eles está a fobia específica, que é caracterizada pelo medo extremo e persistente a
um estímulo definido (LOTUFO NETO, 2011).
Os primeiros sintomas de fobia específica ocorrem habitualmente na infância
ou no início da adolescência, podendo, porém, ocorrer mais cedo nas mulheres do
que nos homens. Os fatores predisponentes para o desencadeamento da fobia
incluem, regra geral, acontecimentos traumáticos que tendem a ter um
desenvolvimento agudo (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2006).
Além disso, por ter consciência de que seu medo é irreal, o portador desse
transtorno passa a escondê-lo, por vergonha e por temer a exposição pública
(ROSO, 1998).
Geralmente, as fobias específicas apresentam respostas cognitivas como
ideias negativas e pensamentos sobre se sentir aterrorizado, respostas fisiológicas
como taquicardia, tremores ou sudorese e respostas comportamentais, que resultam
na esquiva do que é temido (SILVA FILHO; SILVA, 2013).
2.4 Critérios diagnósticos do transtorno de ansiedade
Entre os critérios diagnósticos do Transtorno de ansiedade (TA), segundo a
Classificação Internacional de Doenças, inclui a preocupação por um perigo que
resulta superestimado e cujas consequências são consideradas catastróficas. Além
disso, a pessoa apresenta manifestações vegetativas, sintomas mentais como o
medo de morrer, sintomas gerais como as parestesias e outros não específicos.
Estas preocupações se generalizam mais rapidamente e ocupam muitas áreas do
indivíduo, por exemplo, as relações familiares e de trabalho (DUGAS; LADOUCEUR,
2007).
14
As respostas a estes temores frequentemente são de defesa ou a fim de
evitar a estas situações potencialmente de risco. Diante destas preocupações, o
paciente começa a apresentar sintomas de ansiedade e consulta a uma grande
variedade de especialistas em busca de um diagnóstico (LOPES; CARVALHO;
BARBOSA, 2014).
Os diagnósticos diferenciais incluem os transtornos somáticos e outras
enfermidades psiquiátricas, principalmente as do grupo de transtornos de ansiedade.
Neste último encontram-se os ataques de pânico, que são caracterizados pela
presença de ataques periódicos com manifestações de ansiedade, incluindo
sintomas físicos e emocionais, entre eles: palpitações, falta de ar e a sensação de
opressão no peito. Este quadro frequentemente está associado com agorafobia. As
pessoas com ataques de pânico se diferenciam dos pacientes que apresentam TA,
já que estes últimos se preocupam também por suas pessoas próximas (LOPES;
CARVALHO; BARBOSA, 2014).
A característica essencial do TA é a ansiedade e a preocupação excessivas
(expectativa apreensiva) que são observadas durante um período superior a 6 (seis)
meses e que são centradas em uma ampla gama de acontecimentos e situações. O
indivíduo tem dificuldades para controlar o estado de constante preocupação
(KAPCZINSKI; MARGIS, 2004).
A ansiedade e a preocupação são acompanhadas de ao menos três outros
sintomas: inquietação, fatiga precoce, dificuldades de concentração, irritabilidade,
tensão muscular e transtornos do sono (em crianças basta a presença de um deste
sintomas adicionais) (LOPES; CARVALHO; BARBOSA, 2014).
As situações que originam a ansiedade e preocupação não se limitam nas
que são próprias de outros transtornos, como o temor em sofrer crises de angústia
(Transtorno de Angústia), o medo de ficar mal em público (fobia social) a contrair
uma doença (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), a estar longe de casa ou das
pessoas queridas (Transtorno de Ansiedade por Separação), em engordar (Anorexia
Nervosa), em ter múltiplos sintomas físicos (Transtorno de Somatização) ou a
padecer de uma grave doença (Hipocondria) e a ansiedade e preocupação não
aparecem unicamente no transcorrer de um transtorno por estresse pós-traumático.
Embora os indivíduos com TA nem sempre reconheçam que sua preocupação
excessivas, manifestam uma evidente dificuldade para controlar e provocam-lhes
15
mal estar subjetivo ou deterioração social, laboral ou de outras áreas importantes de
atividade (NARDI; SCHINOHARA, 2004).
Os adultos com TA acostumam-se a preocupar-se pelas circunstâncias
normais da vida diária, como são as possíveis responsabilidades do trabalho, temas
econômicos, a saúde da família, os pequenos fracassos dos filhos e os problemas
de caráter menor (afazeres domésticos, reparação do carro ou se atrasar para um
compromisso). As crianças com TA tendem a preocupar-se pelo seu rendimento ou
qualidade de suas atuações. Durante o curso do TA o centro das preocupações
pode modificar-se de um objetivo ou uma situação a outros (DUGAS; LADOUCEUR,
2007).
2.5 Tratamentos
Recomenda-se para o TA somente tratamentos que resultam eficazes na
maioria dos ensaios (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
Terapia cognitivo comportamental: este tratamento parte da presunção de que
os transtornos de ansiedade são causados em parte por cognições ilógicas,
distorcidas e irreais. Portanto, o objetivo da terapia é que o paciente desenvolva
habilidades que lhe permitam reconhecer, eliminar e corrigir estas presunções
defeituosas. Desta maneira, poder-se-á enfrentar situações distintas, entre elas,
estratégias da terapia cognitiva comportamental (TCC) incluindo a psicoeducação, a
exposição, as estratégias cognitivas e as técnicas para resolver problemas. Outro
elemento importante desta terapia é a criação de uma boa aliança terapêutica
(DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
Nestes últimos anos foram realizados ensaios sobre TA na Internet. Existem
duas opções: uma, no qual a pessoa faz terapia somente com informação e material
da rede, e outra, em que a terapia é realizada mediante contatos breves com o
terapeuta, por telefone ou e-mail. Esta variante ainda não pode ser recomendada, já
que não existem ensaios que a comparem com a TCC tradicional, no qual o
terapeuta e o paciente possuem contato direto (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
Terapia psicodinâmica (psicanálise): existe um tipo específico dentro desta
terapia para o tratamento do TA, que se baseia na psicoterapia compreensiva-
expressiva. Este tratamento parte da hipótese de que os pacientes com TA tem
16
relações inseguras e que os sintomas mentais são causados pela relação conflitiva
central. O tratamento psicodinâmico atual geralmente requer uma terapia a curto
prazo na qual se recomenda uma atitude terapêutica ativa (DUGAS; LADOUCEUR,
2007).
Em um estudo, o TA resultou mais eficaz que a psicanálise, tanto no
tratamento agudo como no seguimento. Em outro ensaio, os resultados foram
similares entre ambas terapias (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
Fármacos: apesar da indicação de um fármaco, é importante que o médico
que faz o tratamento mantenha uma relação de empatia com o paciente e que o
acompanhe no tratamento. Por exemplo, a adesão do paciente melhora se o
profissional explica os possíveis efeitos adversos da medicação e a latência na
resposta desta (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
Inibidores seletivos da receptação de serotonina: em muitos ensaios tem se
comprovado a eficácia dos inibidores seletivos de receptação de serotonina,
especialmente do escitalopram, a paroxetina e a sertralina. Estes fármacos, em
geral, são bem tolerados. Os efetivos adversos, como a agitação e o nervosismo,
são mais frequentes nos primeiros dias ou semanas de tratamento. Portanto, é
aconselhável ter isto em conta, já que pode afetar a adesão ao tratamento. Em longo
prazo, pode aparecer disfunção sexual. Propõe-se indicar estas drogas pela manhã,
para evitar alterações do sono. Além disso, destaca-se que o efeito ansiolítico
destes fármacos pode tardar de duas a quatro semanas (DUGAS; LADOUCEUR,
2007).
Inibidores seletivos da receptação de serotonima e noradrenalina: em muitos
ensaios tem sido demonstrada a eficácia da venlafaxina, geralmente de liberação
prolongada. Também a duloxetina resulta-se eficaz. Ao início do tratamento, os
efeitos adversos que podem alterar a adesão são as náuseas, a agitação e as
alterações do sono. O efeito ansiolítico começa entre a segunda e a sexta semana,
inclusive pode tardar mais (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
Pregabalina: em múltiplos estudos foi constatada a eficácia desta droga. A
diferença das anteriores é que o efeito ansiolítico começa no início do tratamento.
Aproximadamente ao quarto dia de tratamento começa o efeito dos sintomas físicos
e mentais. Os efeitos adversos mais frequentes são os problemas de concentração
e sonolência (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
17
Antidepressivos tricíclicos: o fármaco mais estudado deste grupo é a
imipramina. Especialmente no início do tratamento pode-se apresentar distintos
efeitos adversos, entre eles, aumento de peso, ansiedade, efeitos anticolinérgicos e
sedação. O aparecimento de efeitos não desejado é mais frequente com os
antidepressivos tricíclicos (ATC) que com os ISRS e os ISRN. Portanto, recomenda-
se o uso dos últimos, salvo que sejam pouco tolerados e a resposta seja insuficiente.
Nestes casos, os ATC podem ser uma boa opção. A latência até o começo da ação
é de entre duas e seis semanas, embora possa tardar ainda mais (DUGAS;
LADOUCEUR, 2007).
Benzodiazepinas: têm sido estudadas distintas benzodiazepinas para o
tratamento do Transtorno de Ansiedade Generalizada, entre elas, o alprazolam, o
diazepam, o lorazepam e o bromazepam. O efeito ansiolítico começa no início do
tratamento. São fármacos bem tolerados, mas podem produzir, entre outros efeitos,
sedação, tonturas e retardo na resposta. Se o tratamento for prolongado (entre
quatro e oito meses), até 40% dos pacientes se tornam dependentes. O
aparecimento de tolerância é pouco frequente. Devido a isto, as benzodiazepinas
somente devem ser indicadas na fase aguda do tratamento do TA, até que os
antidepressivos comecem a fazer efeito. O uso prolongado de benzodiazepinas está
indicado diante da falta de resposta ou intolerância a outras drogas. Autores
assinalam que não se deve empregar benzodiazepinas em pacientes com
antecedentes de abuso de substâncias. Além disso, somando que estes fármacos
têm nenhum ou um efeito escasso nos sintomas depressivos que em geral
acompanham o TA (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
Outras drogas: a buspirona, um agonista serotoninérgico, tem resultado eficaz
em vários ensaios. De todas as maneiras, alguns estudos apontam que foi menos
eficaz que a venlafaxina, e em outros, que teve o mesmo resultado que o placebo.
Em alguns ensaios foi demonstrada a eficácia de hydroxyzine, um anti-histamínico,
embora não seja um fármaco utilizado frequentemente no TA. É assinalado que
ainda faltam investigações sobre o opipramol, uma droga ansiolítica quimicamente
similar aos ATC (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
Aquetiapina: um anti psicótico atípico, também eficaz no tratamento do TA. De
todas as formas, indica-se em doses menores que o tratamento da esquizofrenia.
Ainda assim, esta droga não foi aprovada para o TA e somente é administrada em
18
pacientes sem respostas a outros tratamentos ou com efeitos adversos graves como
aqueles. Autores recomendam que, ao indicar quetiapina, que os médicos estejam
atentos aos efeitos não desejados, incluindo a síndrome metabólica. Ainda faltam
estudos sobre a agomelatina, um novo antidepressivo com ação agonista da
melatonina, e antagonista serotoninérgico (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
2.6 Fatores genéticos, ambientais e sociais
Embora não haja uma carga genética para o Transtorno de ansiedade como
tal – ou, este não é muito grande – é possível que haja uma hipersensibilidade
neurobiológica ao estresse geneticamente determinada. Esta vulnerabilidade
biológica pode interagir com uma vulnerabilidade psicológica (sensação de que os
eventos ameaçadores são imprescindíveis e/ou incontroláveis baseado nas
primeiras experiências evolutivas), de modo que diante da ocorrência de eventos
estressantes ou problemáticos, a pessoa pode responder com preocupação e
ansiedade; esta resposta está moderada por fatores como as habilidades de
enfrentamento e o apoio social (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
Os componentes da vulnerabilidade psicológica são a percepção de ameaça
generalizada (ou a visão do mundo como perigoso) e o sentir-se incapaz de
enfrentar os eventos ameaçadores. Esta vulnerabilidade pode surgir a partir da
experiência de traumas e de vivências de rechaço por parte dos pais. Em
comparação a sujeitos sem TA, sujeitos análogos com TA têm informado com maior
frequência de eventos traumáticos no passado tanto em geral como de tipos
concretos de trauma (enfermidade, dano, morte, agressão física e/ou sexual,
acontecimentos emocionais com familiares e amigos) (LEAHY, 2011).
Outros fatores históricos associados ao TA tem sido a perda de um progenitor
antes dos dezesseis anos, pai alcoólatra, mau trato verbal e ter tido que cuidar
antecipadamente dos pais ou de si mesmo na infância. Todas estas variáveis podem
predispor ao TA, embora existam outras interpretações: o TA como sendo anterior
aos traumas, a ansiedade crônica pode influenciar na percepção ou reação aos
traumas (embora a influência possa ser bidirecional) ou as diferenças em eventos
traumáticos podem não ser constatadas em estudos prospectivos (LOPES;
CARVALHO; BARBOSA, 2014).
19
Neste transtorno de ansiedade social, as preocupações e limitações estão
associadas com sintomas sociais, nas quais o indivíduo sente que pode ser
observado ou criticado. Entre 40 e 67% dos pacientes que possuem TA apresentam
também depressão. Nestes casos de comorbidade, deve-se avaliar se os sintomas
depressivos afetam a pessoa mais que os sintomas de ansiedade (DUGAS;
LADOUCEUR, 2007).
Os sujeitos análogos e pacientes com TA podem apresentar também uma
vinculação ou apego mais inseguro, como ser bem quisto na infância.
Concretamente, tem pontuado mais alto as escalas em sentir-se mais rechaçado por
tal ser querido, sentimentos flutuantes para o mesmo (apreço, enfado), necessidade
de protegê-lo e medo de perdê-lo, equilíbrio/perdão e falta de recordações sobre a
infância. A existência de conflitos internos vem expressa pela relevância simultânea
de enfado e perdão nos sentimentos atuais para o ser querido, no qual sugere
relações inseguras e perturbadas com os entes queridos na infância. No entanto, as
recordações sobre a infância são vagas ou ausentes, e, portanto, não há
informações diretas sobre a mesma; isto faz pensar na anulação cognitiva
(CABALLO, 2007).
2.7 Intervenção psicoterápica e psicoeducativa na fobia específica
A psicoeducação faz referência à educação ou informação que é oferecida às
pessoas que sofrem de transtornos psicológicos, embora este tipo de intervenção
psicológica também inclua o apoio emocional, a resolução de problemas e outras
técnicas. Às vezes, o treinamento psicoeducativo envolva os pacientes com
esquizofrenia, depressão, ansiedade, psicose, desordem alimentar e transtornos de
personalidade. Além disso, inclui cursos de treinamento para o paciente dentro do
contexto de tratamento de sua enfermidade física (LEAHY, 2011).
Também estão inclusos os membros da família. A meta é que o paciente
entenda que seja capaz de manejar a enfermidade que apresenta. De igual maneira,
reforçam-se as fortalezas, os recursos e as habilidades próprias do paciente para
fazer-lhe frente a sua enfermidade, para assim evitar uma recaída e contribuir com
sua própria saúde e bem-estar, com o fundamento a longo prazo. A teoria, é, quanto
20
mais o paciente conhece a sua enfermidade, melhor pode viver com sua condição
(LOPES; CARVALHO; BARBOSA, 2014).
A psicoeducação pode ser individual, grupal ou familiar, incluir somente o
paciente, realização em um ambiente clínico ou na residência, ter duração de dias e
até anos. Definitivamente implica uma grande variedade de enfoques, desde
aqueles que enfatizam a entrega de informação a aquelas que privilegiam o apoio
mútuo ou a resolução de problemas. A psicoeducação é trabalhada com
ferramentas, tais como: Potencial de Adaptação, Potencial Experimental, os
esquemas relacionados (consideração, segurança, confiança, disponibilidade,
congruência e a empatia) (CABALLO, 2007).
A psicoeducação pode ocorrer em discussões de um a um ou em grupos e
são conduzidas especialmente por educadores sociais, embora também possa ser
conduzida por psicólogos, médicos, enfermeiros ou qualquer membro da equipe de
Saúde. Embora também existam psicoeducações por pares ou em grupos de
autoajuda. Em grupos, informa-se a vários pacientes sobre sua enfermidade ao
mesmo tempo. Também, os intercâmbios de experiência entre os pacientes em
questão e o apoio mútuo, tem um papel importante no processo de sanidade
(LOPES; CARVALHO; BARBOSA, 2014).
A psicoterapia implica fazer com um profissional capacitado em saúde mental,
tal como um psiquiatra, psicólogo, trabalhador social, conselheiro, para descobrir
qual foi a causa do transtorno de ansiedade e como manejar seus sintomas
(LOPES; CARVALHO; BARBOSA, 2014).
A psicoterapia é um processo de comunicação entre um psicoterapeuta (ou
seja, uma pessoa treinada para avaliar e gerar mudanças) e uma pessoa que a ser
consultada (paciente, cliente) que se dá com o propósito de uma melhoria na
qualidade de vida deste último, através de uma mudança de conduta, atitudes,
pensamentos ou afetos (LOPES; CARVALHO; BARBOSA, 2014).
A intervenção psicoterapêutica conjuga, normalmente, tratamentos
específicos em função do diagnóstico principal, com outros de caráter mais geral ou
contextual, em função das características pessoais e circunstâncias do paciente.
Normalmente, as primeiras intervenções são encaminhadas a fim de reduzir os
sintomas de ansiedade e a incapacitação que produzem. Posteriormente, são
21
analisadas e tratam os fatores que originam e/ou mantém a ansiedade e outras
alterações que possam acompanha-la (ARAUJO, 2007).
A principal finalidade da psicoterapia é mudar a conceitualização do paciente
sobre o transtorno ou problema e, concomitante, mudar seus sentimentos e ações.
Para alcançar, a psicoterapia deve incidir focal e seletivamente sobre variáveis
cognitivas ou afetivas que possam induzir a mudanças (NEUFELD; CAVENAGE,
2010).
Toda psicoterapia, idealmente, deveria ser tão breve como fosse possível. A
longa duração não é um valor desejável em si, e posto que o objetivo de toda
psicoterapia é a indução de mudanças, não há em princípio razões para demorar
seu sucesso (NEUFELD; CAVENAGE, 2010).
2.8 Terapia cognitivo-comportamental
A terapia cognitivo-comportamental (TCC), proposta por Beck, que na
verdade foi um dos que iniciou sob esta proposta os trabalhos sobre depressão, é
bastante eficiente no tratamento dos transtornos de ansiedade. Tendo o lado
cognitivo trabalhado pela TCC contribuirá para que as pessoas possam mudar os
padrões de pensamentos que dão lugar a seus temores. Trabalhando a reações, ou
seja as questões comportamental, a TCC ajudará às pessoas a entender e a mudar
a maneira em que reagem diante das situações que provocam ansiedade (LUZ,
2004).
A Terapia Cognitivo-Comportamental trabalha utilizando técnicas e conceitos
oriundos de duas abordagens; cognitivo e a comportamental. Neste sentido, serão
apresentados os conceitos teóricos destas abordagens e o surgimento de um
movimento integrador na psicologia que determinou no que denominou-se de
terapias cognitivo-comportamentais, terapias estas que apresentam diversas
aplicações no tratamento de problemas psiquiátricos (PEÇANHA, 2005).
Pode ser dizer que são um conjunto de intervenções semiestruturadas,
objetivas e orientadas para atingir metas, levando em consideração os fatores
cognitivos (e seus efeitos) e comportamentais, ela é tida como um instrumento
importante para o tratamento da dependência em si e também para a reestruturação
de toda a vida do indivíduo (MODI, 2004).
22
A Terapia Cognitiva considera o conceito da estrutura “biopsicossocial” na
determinação e compreensão dos fenômenos relativos a psicologia humana,
entretanto constitui-se como uma abordagem que objetiva o trabalho sobre os
fatores cognitivos da psicopatologia. Neste sentido ela tem apresentado eficácia em
pesquisas científicas, além de ser uma das primeiras a reconhecer a influência do
pensamento sobre o sentimento, o comportamento, a biologia e o ambiente
(SADOCK, 2007).
Para Beck (1982), a terapia cognitivo-comportamental baseia-se no
pressuposto racional teórico de que o sentimento e o comportamento do indivíduo
são determinados pela maneira como ele estrutura e vê o mundo, sendo que as
cognições estão baseadas em esquemas previamente desenvolvidos, a partir de
experiências vividas no passado.
De acordo com a Terapia Cognitiva os indivíduos atribuem significado a
acontecimentos, pessoas, sentimentos e demais aspectos de sua vida, com base
nisso comportam-se de determinada maneira e constroem diferentes crenças sobre
o futuro e sobre sua própria identidade. As pessoas reagem de formas variadas a
uma situação específica podendo chegar a conclusões totalmente diferentes. Em
alguns casos a resposta emocional e comportamental pode ser uma característica
dos indivíduos dentro de determinada cultura, em outros instantes estas respostas
podem ser idiossincráticas derivadas de experiências particulares e peculiares a um
indivíduo. Em qualquer situação estas respostas seriam manifestações de
organizações cognitivas ou estruturas. Uma estrutura cognitiva é um componente da
organização cognitiva em contraste com os processos cognitivos que são
passageiros (ROLLNICK, 2009).
Por esta razão, a teoria cognitiva tem como foco de estudo principal a origem
e a função dos aspectos cognitivos, ou seja, o processamento de informação que é
o ato de atribuir significado a algo. O objetivo da Teoria Cognitiva é descrever a
origem de conceitos (resultados de processos cognitivos) envolvidos em
determinada psicopatologia de maneira que quando ativados dentro de contextos
específicos podem caracterizar-se como disfuncionais. O objetivo da terapia
cognitiva seria, ainda, o de fornecer estratégias capazes de corrigir estes conceitos
idiossincrásicos (MOREIRA, 2007).
23
No processo de psicoterapia cognitiva ocorre algo muito semelhante a
testagem empírica das teorias científicas: os sistemas de crenças pessoais são
testados com relação à suas consequências e funcionalidade para a vida do
paciente dentro de contextos específicos (SCHMALING, 1997).
A TCC utiliza técnicas de entrevista motivacional com o objetivo de auxiliar o
indivíduo buscar pensamentos adaptativo nos processos de mudanças de
comportamentos e nos sentimentos de ambivalência (SADOCK, 2007).
A história da terapia cognitiva inicia-se em 1956 quando Aaron Beck realizou
um trabalho de pesquisa com o objetivo de checar os pressupostos psicanalíticos
acerca da depressão. Para Freud (1917), pessoas deprimidas apresentavam uma
“hostilidade retro fletida” ou seja, uma espécie de masoquismo ou necessidade de
sofrer. Os estudos de Beck eram no sentido de conduzir e a deparar-se com
resultados de outra natureza: alguns pacientes apresentaram melhoras em resposta
a algumas experiências bem sucedidas e não resistiram a estas mudanças,
contrariando o esperado (apud STEFANELLI, 1993).
Este processo de testagem empírica ocorre a partir da aplicação de técnicas e
conceitos desenvolvidos na teoria cognitiva e por esta razão é importantíssimo, para
a realização de uma terapia com bases científicas, que o terapeuta tenha um
embasamento teórico consistente bem como, domínio das técnicas e uma boa
empatia com a pessoa que buscou o tratamento, já que deve haver uma parceria
terapeuta-paciente nesta investigação cognitiva (HAWTON, 1997).
Beck e demais pesquisadores iniciaram uma sequência de novos estudos
sobre a depressão que passou a ser vista como um transtorno cuja principal
característica seria uma tendência negativa onde a pessoa deprimida apresenta,
muito frequentemente, expectativas negativas com relação ao resultado de seus
comportamentos e uma visão também negativa de si mesma, do contexto em que
está inserida e de seus objetivos (CARVALHO, 2001). A partir desta premissa os
demais estudos desenvolveram-se de forma a checar estratégias de modificação de
tais tendências negativas existentes na depressão e também a extensão da
checagem deste novo modelo a outros transtornos.
Um dos principais objetivos da terapia cognitivo comportamental (TCC) é
identificar e corrigir distorções cognitivas que causam problemas para o indivíduo e
auxiliar no desenvolvimento de pensamentos mais adaptativos e de estratégias de
24
enfrentamento destas situações que põem em riscos o alcance dos objetivos
estabelecidos durante o tratamento (ABREU, 2004).
Andrade (2009) definem cognição como a “função que envolve deduções
sobre nossas experiências e sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros” ou
ainda “[...] o processo de identificar e prever relações complexas entre eventos, de
modo a facilitar a adaptação a ambientes passíveis de mudança”. A teoria cognitiva
possui dez axiomas formais que servem de ponto de apoio para as demais
proposições teóricas. O termo axioma refere-se a afirmações que não podem ser
deduzidas sendo independentes das demais afirmações existentes em uma teoria
científica. Tais axiomas serão aqui enumerados de acordo com a apresentação feita
pelos autores citados acima.
Segundo Caballo (2002), a terapia cognitivo-comportamental tem as
seguintes características básicas:
1 - Estilo terapêutico;
2 - Formulação psicológica do problema;
3 - Relação colaborativa;
4 - Sessões estruturadas;
5 - Orientação de metas;
6 - Exame de questionamento de pensamentos;
7 - Disponibilidade de técnicas;
8 - O paciente aprende a ser seu próprio terapeuta;
9 - Tarefas de casa;
10 - Tempo limitado.
O funcionamento psicológico assim como a adaptação psicológica a
determinado situação estão na dependência de “estruturas de cognição com
significado” ou simplesmente “esquemas”. O termo “significado” é, por sua vez,
designado como o resultado da ação que o indivíduo sente e reage, logo como ele
acredita em uma realidade determinada e a forma de relação desta realidade com o
self. A função da atribuição de significado é a adaptação a um contexto específico.
As estratégias adaptativas são ativadas a partir da atribuição de significado já que
este tem a função de “controle dos vários sistemas psicológicos” tais como o
comportamental, o emocional, os sistemas de atenção e da memória (ANDRADE et
al., 2009).
25
Del Prette (2009) enfatiza que a abordagem cognitivo-comportamental tem
foco no desenvolvimento de uma análise funcional sobre o uso da maconha e a
fissura, evitação dos gatilhos, desenvolvimento de habilidades de recusa, solução de
problemas e mudanças no estilo de vida.
Ocorrem influências entre os “sistemas cognitivos” e os demais sistemas
psicológicos de forma a interagirem. Uma “categoria de significado” apresenta
implicações que são padrões específicos de emoção, atenção, memória e
comportamento. Este fato denomina-se “especificidade do conteúdo cognitivo”. Os
significados são construídos pelo indivíduo, ou seja, não são componentes
preexistentes da realidade. No entanto tais significados podem constituir-se como
corretos ou incorretos em relação a um contexto ou objetivo específicos. Os
significados ditos incorretos são denominados como “disfuncionais” ou “mal
adaptativos” no que se refere a ativação dos sistemas. Os erros (“distorções
cognitivas” e “preconcepções”) podem acontecer tanto em relação ao conteúdo
cognitivo propriamente dito (significado) como em relação ao processo de
elaboração de significado (processamento cognitivo) (SUDAK, 2008).
Abreu (2004) nos mostra que a TCC tem a mudança de crenças disfuncionais
como alvo. Suas demandas incluem:
− Ênfase no aqui e agora;
− Sessões estruturadas;
− Continuidade entre as sessões;
− Solução de problemas;
− Reestruturação de pensamentos disfuncionais;
− Colaboração com o terapeuta;
− Psicoeducação e informação compartilhada;
− Um papel ativo por parte do terapeuta e do paciente;
− Responsabilidade na identificação e avaliação das metas;
− Avaliação das metas;
− Assim como a adesão às tarefas de autoajuda.
Existe nos indivíduos uma predisposição a fazerem construções cognitivas
disfuncionais e isto denomina-se “vulnerabilidade cognitiva”. Em decorrência da
especificidade cognitiva uma vulnerabilidade cognitiva específica predispõe a
26
pessoa a uma síndrome específica. Os significados mal adaptativos, dos quais
resultam a psicopatologia, são construídos em relação ao que é denominado de
“Tríade Cognitiva” ou seja em relação ao self, ao ambiente (experiência atual) e ao
futuro (objetivo). Existem dois tipos de significado: o “significado público” que pode
não ter muitas implicações para o indivíduo (é o significado objetivo de um evento) e
o “significado pessoal” ou privado. O significado pessoal é construído a partir de
implicações e generalizações relacionadas a ocorrência de um evento (ABREU,
2004).
A TCC vem sendo usada numa série de outras condições psiquiátricas, como
na dependência química, especialmente na prevenção de recaídas, nos transtornos
de personalidade, no transtorno delirante, no transtorno do humor bipolar, no
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, nos transtornos de impulsos, no
tratamento de problemas conjugais, em problemas médicos como a dor crônica,
entre outros (ROLLNICK, 2009).
Por exemplo, a terapia cognitiva-comportamental pode auxiliar às pessoas
que sofrem de transtorno de pânico a aprender que seus ataques de pânico não são
em realidade ataques cardíacos e pode ajudar às pessoas com fobia social a
aprender a sobrepor-se à crença disfuncional de que as demais pessoas estão as
observando e as julgando constantemente. Quando as pessoas estão prontas para
enfrentar seus medos, é mostrado a elas como usar técnicas de exposição para tirar
a sensibilização das situações que provocam suas ansiedades (CABALLO, 2007).
As pessoas com TOC que possuem medo da sujeira e dos germes, é
recomendado sujar as mãos e esperar cada vez maiores períodos de tempo antes
de lavá-las. O terapeuta auxilia a pessoa a controlar a ansiedade produzida pela
espera e depois de repetido o exercício várias vezes, a ansiedade diminui. Para as
pessoas com fobia social é recomendado a exposição a período de tempo em
situações sociais que lhe atemorizam, sem deixar-se tentar esquivar ou fugir e a
cometer pequenas equivocações sociais e observar como as pessoas respondem a
estas. Devido a que as respostas usualmente são muito menos severas do que a
pessoa espera, estas ansiedades diminuem. As pessoas com Transtornos de
estresse pós-traumático podem ser apoiadas mediante a recordação de seu evento
traumático em um ambiente que a lhe permita que sinta-se segura, no qual ajuda a
reduzir o medo que produz. Os terapeutas da terapia cognitiva-comportamental
27
também realizam psicoeducação de técnicas respiratória e outros tipos de exercícios
e técnicas para aliviar a ansiedade e fomentar o relaxamento (DUGAS;
LADOUCEUR, 2007).
A terapia comportamental baseada na exposição tem sido utilizada durante
vários anos para o tratamento de fobias específicas. De maneira paulatina, a pessoa
enfrenta o objeto ou situação temida, a princípio, também através de fotos e vídeos,
e depois com técnicas de enfrentamento. Com frequência, o terapeuta acompanha a
pessoa a uma situação temida com a finalidade de prover apoio e orientação
(LOPES; CARVALHO; BARBOSA, 2014).
A terapia cognitiva-comportamental é realizada quando as pessoas decidem
que estão prontas para isto e ofertam sua permissão e cooperação. Para ser efetiva,
a terapia deve ser dirigida às ansiedades específicas da pessoa e deve ser
adaptada às suas necessidades. Não há nenhum outro efeito secundário mais que o
incômodo de uma ansiedade temporalmente maior (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
O objetivo da TCC é proporcionar pensamentos adaptativos que levem a
modificar a estrutura cognitiva do paciente para que ele tenha uma mudança em
seus comportamentos e em sua forma de sentir e agir, fazendo com que ela
identifique os pensamentos disfuncionais e os questione, reconhecendo assim o que
eles representam para ela (BUNGE; GOMAR; MANDIL, 2012).
Durante as sessões com o paciente o terapeuta precisa assumir uma postura
mais ativa no tratamento, proporcionando a ele confiança e segurança,
estabelecendo assim vínculos de parceria. É necessário ouvir o paciente e algumas
vezes a própria família a fim de realizar um diagnóstico mais preciso, buscando
levantar o maior número de informações. O terapeuta deve trabalhar com o paciente
de forma colaborativa na busca de soluções. Além disso, é preciso ajudá-lo a
desenvolver suas habilidades cognitivas através de técnicas e estratégias
diversificadas (BUNGE; GOMAR; MANDIL, 2012).
2.9 Como se obter ajuda para os transtornos de ansiedade
Se a pessoa crê que padece de um transtorno de ansiedade, a primeira
pessoa quem deve consultar é um médico que poderá determinar se os sintomas
28
que o alarmam são decorrentes de um transtorno de ansiedade, ou outra condição
médica, ou ambos (VASCONCELLOS, 2010).
Caso seja diagnosticado um transtorno de ansiedade, o seguinte passo é
usualmente consultar a um profissional de saúde mental. Os médicos que podem
ser mais úteis para os transtornos de ansiedade são aqueles em que tiveram
treinamento em terapia cognitiva-comportamental e que estejam dispostos a usar
medicação caso necessário (CABALLO, 2007).
A pessoa deve se sentir cômoda ao falar com o profissional da saúde mental
que escolher. Se isto não acontecer, deve-se procurar outro profissional. Uma vez
que encontre um profissional da saúde mental com quem se sinta cômoda, o
indivíduo deve trabalhar em equipe e fazer juntos um plano para o tratamento de seu
transtorno de ansiedade (VASCONCELLOS, 2010).
Lembrando que uma vez iniciada a medicação, é importante não interromper
de maneira abrupta. Certos medicamentos devem ser reduzidos progressivamente
sob a supervisão de um médio, senão, o contrário, podem ser produzidas reações
negativas. É importante assegurar de falar com o médico que prescreveu a
medicação antes de interrompê-la. Caso o indivíduo esteja tendo problemas com
efeitos secundários, é possível que estes possam ser eliminados mediante ajustes
na quantidade do medicamento tomado e quando é tomado (CABALLO, 2007).
29
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Verificar a importância da TCC no tratamento do transtorno de ansiedade.
3.2 Objetivos Específicos
• Apresentar informações sobre a utilização da TCC no tratamento do
transtorno de ansiedade.
• Investigar os pontos importantes da TCC no tratamento de Fobia
específica.
• Discutir sobre a TCC buscando mais esclarecimento sobre a abordagem.
30
4 METODOLOGIA
A metodologia escolhida para o desenvolvimento deste estudo foi a revisão
bibliográfica.
A pesquisa foi realizada com a utilização das palavras chaves: Terapia
Cognitivo Comportamental; Ansiedade; Fobia Especifica (TA), em crianças e adultos.
Foram utilizados também livros especializados sobre o tema, como: Terapia
cognitivo-comportamental – Beck, J. (2ª edição – 1997 – Artmed) e demais obras
entre 1997 e 2012.
Os critérios de inclusão utilizados foram: estudos voltados para crianças,
início da adolescência e adultos, quais seus comportamentos em decorrência do
transtorno, como reagem em determinada circunstância e quais suas preocupações.
Quanto aos critérios de exclusão foram estudados o transtorno de ansiedade em
adultos, crianças e início da adolescência.
31
5 RESULTADO E DISCUSSÃO
Pelos critérios de exclusão, foram selecionados 24 artigos e 7 livros
especializados na área. Os números de artigos selecionados, seguindo os critérios
de inclusão estabelecidos para esse estudo, tiveram seus resultados apresentados e
analisados a seguir na Tabela 1 abaixo:
Tabela 1 – Distribuição das Bases de Dados e artigos selecionados
Bases de
Dados
Total artigos
encontrados
Total artigos
selecionados Autor/ Ano
Scielo + 1000 05
Bechelli, L. P. C.; Santos, M. A. (2004)
Bechelli, L. P. C.; Santos, M. A. (2005)
Bechelli, L. P. C.; Santos, M. A. (2005)
Scorsolini-Comin, F. (2012)
Zimmerman, D. (1958)
Pepsic + 1000 03
Almeida, C. et al. (2015)
Donadon, M. F. (2016)
Lemes, C. B.; Neto, J. O. (2017)
Livros 98 07
Bieling, P. J. et al. (2008)
Del Prette, A.; Del Prette, Z. (2017)
Del Prette, A.; Del Prette, Z. (1999)
Del Prette, A.; Del Prette, Z. (1996)
Linehan, M. M. (2017)
Neufeld, C, B.; Rangé, B. P. (2017)
Yalom, I.; Leszcz, M. (2006)
(artigos e
periódicos)
+ 100 16
Bandeira, M. et al. (2006)
De Lucca, E. (2004)
Deming, D. (2017)
Oliveira, L.F.; Rueda, J.R. (2015)
Fonte: Elaborada pelo autor.
Segundo Kapczinski, Margis (2004), no espectro TA os temores não tem nada
em particular, mas são temores de tudo e ao mesmo tempo. As pessoas que sofrem
de TA tem muita dificuldades em controlar suas preocupações e temores.
Atualmente, é comum encontrar muitas pessoas que sofrem de TA. Essas pessoas
tem suas vidas sociais comprometidas, são impedidas de terem uma vida comum,
32
vivem isoladas, angustiadas e muitas vezes sem perspectivas de melhoras, por
sofrerem de temores que não tem nada em particular.
Segundo Lopes, Carvalho, Barbosa (2014) problemas, ainda que pequenos
que envolvam a vida social das pessoas que sofrem de TA, tais como escola,
trabalho, viagem, sempre haverá uma preocupação sem uma razão que a evidencie,
que essa pessoa à realizar qualquer atividades como estas, mesmo não havendo
algum problemas que sustente seus temores.
Segundo Leahy (2011), é impossível a pessoa que sofre de TA não se
preocupar com as pequenas coisas da vida. Levando o aparecimento de sintomas,
como dificuldade de concentração, fadiga, irritabilidade insônia e inquietação. Este
quadro sintomático leva a pessoa a sofrer cada vez mais e a potencializar seus
temores e, consequentemente, a levará a comportamentos de esquiva e isolamento
por causa desses temores.
No artigo de Nardi e Schinohara (2004) foi apontado que as possíveis causas
para o TA está ligado a episódios traumáticos que a pessoa vivenciou, bem como a
influência genética, o condicionamento defeituoso e as alterações neurobiológicas.
Conforme revisão bibliográfica os autores pesquisados concordam que no
caso da fobia específica, o medo é um indicativo presente que causa forte agitação
preparando o indivíduo para uma ação que poderá ser de fuga ou esquiva. Segundo
Clark e Beck (2012), o medo é uma resposta emocional de uma situação de
ansiedade por uma condição irreal.
A ansiedade fóbica é oriunda de um medo excessivo de algum evento que a
pessoa tenha vivido e a colocado diante de uma quadro de muito medo. Por esta
razão, esses evento fóbicos que são irreais, mas que ela acreditar que são reais, ela
os evita ou foge, e isto causa-lhe muita ansiedade e mal estar, e esses temores
podem ser lugares, objetos, animais (STALLARD, 2010).
Em linhas gerais, os eventos traumáticos vividos na infância podem
desencadear os primeiros sintomas de fobia específica, que podem também ter seu
início da adolescência (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2006).
Conforme apontado pelos autores pesquisados neste trabalho, muitas
pessoas que sofrem de fobia específica e por saberem que seus temores são irreais,
ou seja, não existe uma razão específica para tê-los, elas passam a escondê-los, ou
por vergonha ou por medo de exposição pública (ROSA, 1998).
33
Segundo a classificação internacional de doenças, o diagnóstico para TA
inclui não só a preocupação irreal que leva a pessoa a superestimar o evento
perigoso da crença dela, como também apresenta sintomas como, medo de morrer
e leva a pessoa a ter problemas em sua vida rotineira interferindo em todas as áreas
de sua vida, por exemplo familiar, profissional, social (DUGAS; LADOUCEUR, 2007).
Frente a estes temores, que são potencialmente situações de risco, é que a
pessoa passa a apresentar sintomas de ansiedade (LOPES; CARVALHO;
BARBOSA, 2014). Segundo Kapczinski, Margis (2004), tendo como característica
essencial do TA é a ansiedade e a preocupação excessiva que são verificadas em
um período superior a 6 (seis) meses, onde o indivíduo tem dificuldade para
controlar essas preocupações.
Aaron Beck um dos pioneiros da Terapia cognitivo-comportamental (TCC),
com seus trabalhos sobre depressão, pode observar o uso da TCC, para diversas
patologias, que entre elas, a utilidade que ela tem no tratamento dos transtornos de
ansiedade. Segundo Beck a parte cognitiva auxilia as pessoas a mudarem seus
padrões de pensamentos que causam seus temores (LUZ, 2004).
A TCC compreende técnicas e conceitos de duas abordagens, a cognitiva e a
comportamental (PEÇANHA, 2005). A terapia cognitiva se vale do conceito da
estrutura biopsicossocial. Pesquisas científicas rigorosas demonstram a eficácia da
abordagem, e demonstram a influência do pensamento sobre o afeto, o
comportamento, a biologia e o ambiente (SADOCK, 2007).
Segundo Beck (1982), a terapia cognitivo-comportamental tem como base o
pressuposto que o afeto do indivíduo são determinado pela forma que ele estrutura o
mundo, onde suas cognições estão pautadas em esquemas previamente
desenvolvidos, e vividos em eventos anteriores. A Terapia cognitiva diz que os
indivíduos atribuem significado a acontecimentos, pessoas, sentimentos da sua vida,
e a partir dessas experiências manifestam comportamentos de determinadas formas
e idealizam hipóteses sobre o futuro e a própria vida (ROLLNICK, 2009).
34
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a leitura dos livros e artigos expostos nesse trabalho foi possível concluir
que os transtornos de ansiedade são altamente prevalentes, e muitas vezes podem
ser diagnosticados erroneamente ou ainda serem tratados como modelos de
intervenção que não contam com apoio empírico e que não foram submetidos a
provas que avaliem sua efetividade.
O tratamento da ansiedade precisa conter itens fundamentais:
reconhecimento de sentimentos e respostas fisiológicas, praticar estratégias de
coping em situações reais, solução de problemas, exposição, nunca esquecendo de
que a flexibilidade sempre acompanha a fidedignidade.
Atualmente é comum encontrar muitas pessoas com transtorno de ansiedade,
e por sofrerem deste transtorno tem suas vidas sociais comprometidas, são
impedidas de terem uma vida comum, vivendo isoladas, angustiadas e muitas vezes
sem perspectivas de melhoras. São pessoas que deixam de tomar decisões, ou até
tomam decisões que chegam a violentar a própria vida, tudo por conta de crenças
disfuncionais construídas ao longo de suas vidas. Neste sentido e importante
conhecer melhor a construção cognitiva de cada indivíduo, suas crenças e valores,
culturais enfim, para poder ajuda-los no enfrentamento de suas crenças
disfuncionais.
Dessa forma, o trabalho propôs produzir conhecimento teórico que possa
embasar e fomentar mais pesquisas que visem possibilidades de melhora e na
compreensão do bem-estar psicoemocional dos indivíduos que passam por tal
situação e do impacto sofrido do ponto de vista psicológico.
35
REFERÊNCIAS
ABREU, C. N. Teoria do Apego: Fundamentos, Pesquisas e Implicações Clínicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
ANDRADE, A. L. M.; JUNIOR, A. L. A plasticidade neural e suas implicações nos processos de memória e aprendizagem. RUBS, v. 3, p. 12-16, 2009.
ANGELOTTI, Gildo (org.). Terapia Cognitivo-comportamental para os transtornos de ansiedade. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.
ARAUJO, Sônia Regina Cassiano de; MELLO, Marco Túlio de; LEITE, José Roberto. Transtornos de ansiedade e exercício físico. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 29, n. 2, p. 164-171, June 2007 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462007000200015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 24 abr. 2018.
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