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EDIÇÃO / VERSÃO PORTUGUESA / 2005 CÓDIGO INTERNACIONAL DAS PRÁTICAS SUBERÍCOLAS

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1ª EDIÇÃO / VERSÃO PORTUGUESA / 2005

CÓDIGO INTERNACIONAL DAS PRÁTICAS SUBERÍCOLAS

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CÓDIGO INTERNACIONAL DAS PRÁTICAS SUBERÍCOLAS

1ª EDIÇÃO, VERSÃO PORTUGUESA JUNHO DE 2005

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CÓDIGO INTERNACIONAL

DAS

PRÁTICAS SUBERÍCOLAS

ÍNDICE Prólogo ………………………………………………………….. 1

Âmbito e conteúdo ……………………………………….. 2

Introdução …………………………………………………….. 2

1. Princípios gerais ………………………………………… 4

2. Questões básicas ………………………………………. 5

3. Regeneração dos montados de sobro ………. 5

4. Tratamentos Silvícolas ………………………………. 6

5. Defesa conta pragas, doenças e incêndios .. 7

6. Descortiçamento …………………………………………. 7

7. Segurança e saúde no trabalho ………………….. 8

Vocabulário ………………………………………………………. 8

PRÓLOGO

A rolha de cortiça é o produto “estrela” da indústria

corticeira e concretamente a rolha natural, que não tem

paralelo como vedante dos vinhos de qualidade e cujo

preço faz com que a cortiça seja um dos produtos florestais

mediterrâneos melhor remunerado. Num mundo

globalizado, em que é cada vez mais fácil aceder a

produtos provenientes dos locais mais distantes do

planeta, a extensão da área cultivada de vinha e a

produção de vinho pressupõe uma expectativa de futuro

muito interessante para o sobreiral.

A saúde e a estabilidade do mercado da cortiça têm sido

ameaçadas nos últimos anos pela indústria do plástico,

com a sua campanha de desprestígio da rolha de cortiça.

Para contrariar esta campanha a indústria corticeira

mundial implantou um sistema de qualidade específico

denominado “SYSTECODE”, que certifica o cumprimento do

“Código Internacional de Práticas Rolheiras”, um manual

onde são enunciadas uma série de normas para melhorar a

qualidade dos processos de fabrico de rolhas.

Face a um decréscimo de procura do mercado consumidor,

a indústria corticeira adoptou, rápida e progressivamente,

o SYSTECODE em todas as suas fases de modo a que,

cinco anos depois da sua criação, em 1999, cerca de 80%

da produção mundial de rolhas já é comercializada com a

acreditação deste sistema.

Inicialmente aderiram maioritariamente as indústrias

rolheiras para responder à procura das adegas, e

posteriormente, as indústrias preparadoras porque assim o

reclamavam os fabricantes de rolhas, apenas se

encontrando actualmente de fora desta cadeia de

acreditação de qualidade a produção.

Assim, o mundo suberícola encontra-se actualmente num

momento crucial da sua história: chegou a hora de abordar

a certificação florestal dos sobreirais. Isto pressupõe

benefícios interessantes para estes povoamentos, entre os

quais podemos destacar:

Implementação de um plano de gestão, que melhorará

os benefícios directos e indirectos destes

povoamentos.

Equilíbrio com a regeneração, de modo a que se dê

um passo em frente para a sustentabilidade do

sistema

Salvaguarda da biodiversidade dos sobreirais,

povoamentos interessantíssimos neste aspecto.

A certificação dos sobreirais deve abordar, ainda, um tema

importante, qualidade da cortiça, que é um dos parâmetros

fundamentais para estabelecer o seu rendimento

económico.

Um sobreiral pode produzir uma considerável quantidade

de cortiça, ter uma produção pecuária importante, produzir

cogumelos comestíveis, caça, etc., mas se a produção de

cortiça não fôr de qualidade, a sua produtividade

económica é significativamente mais baixa e corre o risco

de ser abandonado à sua sorte, degradar-se e acabar por

ser pasto das chamas (exemplos deste tipo são numerosos

no Sudoeste de França, no Nordeste de Espanha e no

Norte de Africa).

Na qualidade da cortiça, considerada como sendo o

resultado final de duas características distintas (aspecto e

calibre), além de intervir numa série de parâmetros

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intrínsecos em que não podemos influenciar, existe uma

outra série de parâmetros extrínsecos que podemos

modificar com a nossa gestão. Assim, o sobreiral necessita

de um sistema que oriente a sua gestão para a produção

de cortiça de qualidade, sem esquecer a quantidade.

O Código Internacional de Práticas Suberícolas constitui,

portanto, um documento que irá marcar o caminho a

seguir pelos gestores dos sobreirais do Século XXI. Este

Código nasce com o objectivo de ser aplicado na maior

quantidade possível de sobreirais no mundo. É a razão

porque se elaborou após um consenso entre produtores,

gestores, técnicos, investigadores, administração,

indústria, pondo de acordo as pessoas e instituições

directamente ligadas ao sector corticeiro. O primeiro

esboço do CIPS foi realizado em finais de 1999, num

processo promovido pela CELIÈGE e onde participaram

numerosos organismos ao longo destes seis anos, quer em

reuniões convocadas para o efeito, quer através de

comunicações escritas.

Organismos participantes:

• ADENA Espanha

• ADENEX Estremadura

• AECORK Catalunha

• AFLOSOR Portugal

• AIEC Portugal

• ANSUB Portugal

• APFC Portugal

• APFSC Portugal

• APMAE Estremadura

• ASAJA Andaluzía

• ASAJA Estremadura

• ASECOR Estremadura

• CELIEGE

• CIFOR – INIA Espanha

• COSE Espanha

• Conselho de Agricultura e Meio Ambiente da Estremadura

• Consórcio Forestal de Catalunha

• CTCOR Portugal

• DGRF Portugal

• EFN Portugal

• EGMASA Andaluzía

• FALCOR Andaluzía

• FEDACOR Andaluzía

• Alto Comissário das Águas e Florestas contra a

Desertificação de Marrocos

• ICS Catalunha

• IML França

• INRGREF Tunes

• IPROCOR Estremadura

• ISOCOR Andaluzía

• SPF França

• SSS Italia

• SUBERAV Portugal

• UNAC Portugal

• Universidade de Córdova Andaluzía

• Universidade da Estremadura

• Universidade Politécnica de Madrid Espanha

ÂMBITO E CONTEÚDO

O âmbito da aplicação do presente código será o sobreiro

nos distintos ecossistemas que se podem encontrar na sua

área natural. Está especialmente orientado a explorações

ou grupos de explorações onde seja possível aplicar as

recomendações que aqui se expressam.

O objectivo principal do código é fomentar a gestão

sustentável dos sobreirais, proporcionando o seu aumento

em qualidade e quantidade, bem como da produção de

cortiça.

O código contém:

1. Princípios gerais

2. Práticas habituais

3. Práticas obrigatórias

4. Recomendações que levem a melhoria do sistema

- Um vocabulário (contendo conceitos)

Destinatário: Herdade, exploração, grupo de explorações,

floresta, unidade de gestão.

INTRODUÇÃO

O sobreiral é um bosque característico do mediterrâneo

ocidental. As suas massas naturais estendem-se por sete

países, de norte a sul deste mar, com realidades sociais e

económicas muito distintas: Portugal, Espanha, Argélia,

Marrocos, Tunísia, França e Itália. Existem, actualmente,

no mundo cerca de 2,5 milhões de hectares de sobreirais.

A percentagem das áreas sem exploração é muito variável

de país para país, oscilando entre os 10% em Espanha e

Portugal, e 80% na Argélia, passando por países como

Marrocos em que 45% das áreas de sobreiral não são

exploradas. Com efeito, a área potencial deste

agrupamento vegetal é 5 vezes superior: mais de 12,5

milhões de hectares; pela acção do Homem desapareceram

mais de 10 milhões de hectares de sobreirais, tendo as

formações originais sido transformadas em áreas agrícolas,

pastagens, áreas de matos e repovoamentos florestais.

O sobreiro faz parte de um espaço florestal dificilmente

classificável como verdadeira floresta, sendo um espaço a

que se dá a designação de “montado”; trata-se de um

conceito mediterrânico muito amplo que abrange todo o

tipo de vegetação (mais ou menos natural e lenhosa), que

recobre os solos florestais, ou seja, os solos que não

podem ser submetidos a culturas agrícolas permanentes.

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Os modelos de ocupação do espaço em que participa o

sobreiro podem abranger várias situações, desde a massa

irregular, com densidade relativamente alta, até às

diferentes associações, incluindo o pastoreio permanente,

o pastoreio rotativo com cultura agrícola ou outras culturas

florestais. São principalmente as condições da estação,

determinadas por factores climáticos, edáficos e

orográficos, mais ou menos modificados pela acção do

Homem, incluindo a maior ou menor densidade do

arvoredo, as que dão origem a uma variedade de

associações vegetais reconhecidas nos sobreirais.

Um sobreiral adulto é um bosque esclerófilo denso

(fcc>80%) e medianamente alto (8 - 10 m) sendo o

estrato arbóreo dominado no solo por Quercus suber, além

de muitas outras espécies fundamentalmente esclerófilas

planifolias (azinheira, zambujeiro, sanguinho das sebes…),

esclerófilas de folha linear (principalmente urze), laurifólias

(medronho, folhado, carrasqueiro...), aciculifólias (zimbro,

pinheiros), subesclerófilas (carvalho faginea, lentisca) e

caducifólios (ginjinha do rei, carapeteiro), das quais

algumas, sem chegar a ter o grande porte que pode

alcançar o sobreiro, atingem o porte arbóreo.

Além deste estrato arbóreo, encontramos uma série de

espécies arbustivas, subarbustivas, de várias alturas com

algumas herbáceas vivazes e anuais, todas elas

intrínsecamente enlaçadas por uma série de trepadeiras,

levando a que um sobreiral adulto seja uma massa quase

impenetrável e com o aspecto de uma autêntica selva,

floresta climácica nas zonas onde se desenvolveu

naturalmente e com um grau de biodiversidade muito alto,

o que não se verifica com tanta intensidade nas zonas de

distribuição actual.

A fauna dos sobreirais é relativamente mais uniforme que

a flora em toda a sua área de distribuição, básicamente,

com espécies próprias das florestas mediterrânicas. Muitos

dos grandes animais do sobreiral desapareceram na sua

quase totalidade ao longo da história pela caça ou pela

transformação destas florestas pelo Homem, entre eles

predadores como o urso, o leopardo, o leão do Atlas, o

lobo ou lince, ou grandes herbívoros como cavalos e touros

selvagens. Outros, contudo, como o veado e o javali, são

cada vez mais abundantes.

No total, mais de 400

espécies de vertebrados

podem ser encontrados nos

diferentes tipos de sobreiral,

a maior parte delas

protegidas e muitas delas

ameaçadas de extinção a

nível mundial. Entre estas

destacam-se aves como a

águia imperial, o abutre

negro, a cegonha negra, e

mamíferos como o lince

ibérico, o leopardo do Atlas,

o veado de Berbéria e o

veado da Córsega. Os

montados de sobro do sudoeste da Península Ibérica

também são um lugar de grande importância para a

invernada de aves provenientes do centro e norte da

Europa, destacando a invernada da quase totalidade da

população europeia ocidental de grous e uma parte

importante de pombos torcazes, tordos e outras. Também

entre os invertebrados existe uma enorme variedade de

espécies, na ordem de dezenas de milhares, associados ao

sobreiral, nos seus diferentes tipos, sendo muitos

exclusivos; entre eles, inúmeros tipos de lepidópteros,

coleópteros, himenópteros e aracnideos.

Os sobreirais têm sido desde a antiguidade florestas

exploradas pelo homem, em muitas ocasiões de forma

sustentável. A cortiça é o principal aproveitamento destas

florestas, embora também se efectuem outros

aproveitamentos, como a extracção de lenha, carvão,

cortiça virgem e falca, obtidos das podas efectuadas nos

sobreiros ou do corte de árvores. Muitas vezes as podas

têm sido abusivas com o fim de rentabilizar a extracção

destes produtos. Estas podas abusivas são nefastas para o

arvoredo, debilitando-o e tornando-o mais sensível a

possíveis danos por seca, doenças e pragas, além de

abrirem excessivamente as copas de maneira que o sob-

coberto é invadido por espécies heliófilas que degradam o

sobreiral (diminuindo a produção de cortiça e bolota).

A pecuária é também outro aproveitamento tradicional dos

sobreirais: em muitos casos diminui-se a densidade do

arvoredo e o sub-bosque tem sido substituído por

pastagem mudando radicalmente a fisionomia de um

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sobreiral adulto ao transformá-lo num arvoredo aberto com

o objectivo de aproveitar a pastagem e por vezes a bolota.

Por vezes, o fogo era utilizado como forma de renovar as

pastagens. Sendo o sobreiro uma espécie resistente ao

fogo (a cortiça é ignifuga e isolante térmico, além de que o

sobreiro e muitas outras espécies que lhe estão associadas

rebentam vigorosamente após o incêndio) o aumento na

frequência desta prática levou a que muitos sobreirais se

transformassem progressivamente em povoamentos muito

degradados.

Além desta situação, os incêndios têm múltiplas causas,

quase todas elas de origem antrópica (queima de

restolhos, descuidos, negligência, etc.) e muito poucas

vezes de origem natural. Os repovoamentos florestais

também afectaram estas florestas havendo casos de áreas

de sobreirais rearborizados com eucaliptos e pinheiros;

estes repovoamentos efectuaram-se, normalmente, em

sobreirais degradados, embora tivesse sido mais

conveniente, do ponto de vista conservacionista (e

seguramente económico a médio e longo prazo), regenerar

o antigo sobreiral.

A caça é outra das actividades que se desenvolveu nos

sobreirais. É, porventura, uma das actividades que, bem

gerida, é das menos negativas do ponto de vista

conservacionista, pois é um facto que as zonas de sobreiral

onde se pratica a caça maior oferecem uma maior

estabilidade dado respeitar-se o sub-bosque como refúgio.

A apicultura é outro aproveitamento comum nos sobreirais,

pelo aproveitamento do número de espécies melíferas e,

sobretudo, dos matos resultantes da sua degradação: é um

aproveitamento benéfico, ao facilitar a polinização de

numerosas espécies.

A agricultura pode ser o aproveitamento mais prejudicial

para estes povoamentos; na melhor situação o montado é

desadensado o suficiente para permitir a mecanização do

terreno e elimina-se o resto da vegetação substituindo-a

por culturas agrícolas, transformando-se num montado

aberto sobre culturas agrícolas ou alguns sobreiros

dispersos no meio das culturas. Nas situações mais

extremas desaparece qualquer traço do antigo bosque,

ficando apenas a área agrícola.

O aproveitamento da cortiça é, sem dúvida, a maior

exploração dos sobreirais e tem bastantes aspectos

positivos do ponto de vista conservacionista, como seja a

manutenção de um coberto arbóreo importante, o

saneamento e a regeneração do arvoredo e a defesa contra

os incêndios pela existência destas áreas limpas de sub-

bosque.

Os benefícios sociais e económicos levam a que o sobreiral

seja uma das florestas mais rentáveis de todo o

mediterrâneo, mesmo tendo em conta que o prazo para

obter as primeiras produções de cortiça é bastante grande:

30 a 40 anos para a cortiça virgem, 40 a 50 anos para a

cortiça amadia.

1. PRINCIPIOS GERAIS

Neste capítulo são identificados os princípios gerais que

devem orientar a gestão dos sobreirais.

1.1 Gestão florestal sustentável

Utilizar o sobreiral de uma forma e a um ritmo

que mantenha a sua diversidade biológica,

produtividade, capacidade de regeneração,

vitalidade e o seu potencial para satisfazer as

funções ecológicas, económicas e sociais

relevantes, agora e no futuro, sem provocar

danos a outros ecossistemas (UICN)

1.2 Integridade ecológica

Evitar a perda de alguns dos elementos

ecológicos-chave do sobreiral, que lhe permite

funcionar como ecossistema suporte de vida e

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adaptar-se a alterações ambientais, valorizando e

minimizando os impactos ambientais das

operações que se realizam neste ecossistema.

1.3 Bom aproveitamento

Evitar que as operações actuais de extracção de

cortiça, podas, etc., levem a uma redução na

capacidade produtiva e/ou vitalidade futura dos

sobreirais.

1.4 Segurança alimentar

Evitar que o uso ou os tratamentos a que se

submete o sobreiral conduzam a um aumento no

risco de que as rolhas obtidas das suas cortiças

percam ou venham alteradas nas suas

propriedades como vedantes alimentares.

1.5. Legalidade

Observar a legislação vigente internacional,

nacional e regional em todas as operações e usos

que afectem ou se desenvolvam no sobreiral.

1.6. Qualidade e produção de cortiça

A Subericultura deve procurar atingir a máxima

produção de cortiça, em qualidade e quantidade,

compatível com os outros princípios e objectivos

de gestão.

1.7. Segurança laboral

É necessário proteger os trabalhadores contra os

riscos inerentes ás actividades florestais e

prevenir ou reduzir a frequência das doenças

profissionais e acidentes de trabalho.

2. QUESTÕES BÁSICAS Neste capítulo são assinaladas as questões mais

importantes a considerar na gestão de um sobreiral.

2.1. O Código é aplicável a cada unidade de gestão. 2.2. As explorações de sobreiro devem basear-se num

plano de gestão, que contenha, entre outros

elementos, sem prejuízo do previsto nas

legislações nacionais, uma cartografia florestal

pormenorizada, um inventário florestal do

montado de sobro, com especial atenção à

qualidade da cortiça, uma zonagem com o

detalhe da compatibilidade da exploração

pecuária com a regeneração do arvoredo e um

plano de beneficiação que contemple a qualidade

da cortiça; a beneficiação deverá incidir nos

aspectos que se revelem necessários,

especialmente o solo e o arvoredo (qualitativa e

quantitativamente). O plano de gestão deve ser

revisto no final de cada período de

descortiçamento considerando a qualidade e a

quantidade de cortiça e todos os factores que

influem neste aspecto. Nas áreas com extracção

fraccionada deve ser revisto em cada 9 anos.

3. REGENERAÇÃO DO SOBREIRAL

3.1. O plano de gestão deve assegurar a regeneração.

A regeneração deve verificar-se no terreno de

acordo com o considerado no plano de gestão.

3.2. Os trabalhos de repovoamento ou regeneração

devem planear-se para obter uma densidade

mínima suficiente de acordo com os objectivos

de gestão. Se o objectivo de gestão é a

exploração produtora de cortiça, a densidade

mínima desejável é de 60% de área coberta. Se

o objectivo principal de gestão é o montado

aberto a densidade mínima desejável é de 30%

de área coberta.

3.3. A presença de animais deverá ser compatível

com a regeneração do arvoredo, recomendando-

se a utilização de sistemas de protecção do

arvoredo jovem e medidas passivas contra

incêndios.

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3.4. Regeneração natural

3.4.1. Considera-se que a regeneração natural é

a melhor opção de regeneração e o

aumento de produção de cortiça em boa

parte da área natural do sobreiro

3.4.2. Deve-se fomentar a regeneração natural

dos montados de sobro. Por outro lado

favorecer-se-á a fauna dispersora da

bolota.

3.5. Repovoamento 3.5.1. Melhoria genética: a utilização de

material florestal de reprodução

(sementes ou plantas e partes de

plantas) melhoradas ou seleccionadas

provenientes da mesma região de

proveniência onde se localiza a área a

rearborizar, devidamente certificado

pelas entidades competentes. Para as

retanchas deve-se ter o mesmo grau

de exigência que para as primeiras

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3.5.2. Qualidade da planta: recomenda-se a

utilização de plantas que cumpram as

normas de qualidade estabelecidas na

legislação vigente de cada região

suberícola.

3.5.3. Contentor: deve ter um volume e

comprimento mínimos de acordo com a

legislação vigente em cada zona, assim

como sistemas que evitem o

enrolamento da raiz e interrompam o

seu crescimento por exposição à luz.

3.5.4 – Tratamento da vegetação pré-existente:

para declives superiores a 10%

desaconselham-se as desmatações

excepto quando se efectuam com

moto-roçadoras. Em todos os casos

deverá cumprir-se a legislação vigente

em cada zona.

3.5.5 – Preparação do solo: para declives

superiores a 10% serão

desaconselhados os trabalhos segundo

as linhas de maior declive e na

totalidade da área. Em todos os casos

deverá cumprir-se com a legislação

vigente em cada zona. Recomenda-se

desinfectar as ferramentas com

produtos não proibidos pelo CIPR.

3.5.6 – Plantação/Sementeira: Deve-se adoptar

todos os cuidados inerentes a uma boa

plantação/sementeira (época, cuidados

no transporte, manuseamento de

plantas e sementes, etc.)

3.5.7 – Seguro Agrícola: Recomenda-se a

subscrição de uma apólice de seguros

para proteger os povoamentos.

4. TRATAMENTOS SILVICOLAS

4.1. Recomenda-se a beneficiação em povoamentos

cuja proveniência seja maioritáriamente de

sementeira

4.2. Ficam proibidos os cortes totais com excepção

dos casos contemplados na legislação vigente

4.3. Devem ser evitadas as operações que produzam

danos nas raizes e no tronco do sobreiro

4.4. Tratamentos da vegetação: para declives

superiores a 10% são proibidas as desmatações

em toda a área, salvo se forem realizadas com

moto-roçadoura. São permitidas desmatações

pontuais e por faixas sempre que não conduzam

à alteração do solo, assim como outros sistemas

que tenham justificação cientifica e técnica

estabelecida pela autoridade competente.

4.5. Preparação do solo: são proibidos os trabalhos na

área de projecção da copa das árvores. Para

declives superiores a 10% são proibidos os

trabalhos segundo as linhas de maior declive e

as preparações na totalidade da área de

intervenção. As mobilizações do solo devem

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cumprir a legislação vigente. Recomenda-se

desinfectar as ferramentas com produtos não

proibidos pelo CIPR.

4.6. Nas podas nunca se devem cortar ramos de

grande diâmetro (excepto os ramos mortos).

Recomenda-se que não ultrapassem os 3 – 4

cm de diâmetro (9 – 13 cm de circunferência).

Em condições favoráveis a uma rápida

cicatrização poderá atingir os 15 cm de

diâmetro (47 cm de circunferência) mas isto,

geralmente, nunca se verifica em árvores

velhas.

4.7. Podas de formação: a poda de formação deverá

realizar-se antes da desboia e deve procurar um

fuste com 3 metros direito e limpo de ramos.

Recomenda-se para tal efectuar uma

desramação que vá eliminando os ramos ao

longo do fuste.

4.8. Podas de manutenção: recomenda-se não

realizá-las. Só recomendáveis em casos

excepcionais e justificados

4.9. Podas fitossanitárias: recomenda-se praticá-las

quando exista evidência clara e uma declaração

formal do fenómeno (praga ou doença),

queimando os restos das mesmas na própria

exploração e desinfectando as ferramentas com

produtos não proibidos pelo Código

Internacional de Práticas Rolheiras (CIPR).

4.10. Desbastes: recomenda-se que se realizem, na

medida do possível, com critérios de qualidade

da cortiça, morfologia da arvore e

fitossanitários, de acordo com o estipulado no

plano de gestão e de acordo com a legislação

vigentes.

4.11. Recomenda-se realizar os cortes sanitários

tratando os restos dos mesmos na própria

exploração e desinfectando as ferramentas

com produtos não proibidos pelo CIPR. Os

sobrantes devem ser destruídos de acordo com

a legislação vigente.

4.12. Cultura agrícola e/ou forrageira: nos montados

de sobro com culturas agrícolas exclui-se a

utilização de produtos fitossanitários e

adubações que contenham moléculas

organocloradas.

4.13. Pecuária: devem evitar-se as cargas pecuárias

excessivas, que comprometam a regeneração e

conduzam a problemas de degradação de solos

e alterações na qualidade da cortiça, devendo

evitar-se especialmente situações de malhadio

sob o arvoredo

5. DEFESA CONTRA DOENÇAS, PRAGAS E INCÊNDIOS

5.1. Não devem ser utilizados produtos químicos

organoclorados ou organofosforados no

tratamento de pragas e doenças. Não devem

igualmente ser utilizados produtos excluídos

pela legislação de materiais em contacto com os

alimentos. A aplicação de um tratamento deve

ser realizado por um técnico competente, com

especificações de doses, composição e sistema

de aplicação.

5.2. Recomenda-se a utilização da luta integrada.

Assim, deve-se procurar as espécies

insectívoras.

5.3. Recomenda-se a utilização de medidas passivas

contra incêndios, especialmente nas áreas de

descortiçamento, onde se aconselha, caso seja

necessário, praticar no mínimo limpezas na área

de projeccção da copa dois anos antes do

descortiçamento e mantê-los em bom estado

até 3 anos após o descortiçamento.

5.4. Também se recomenda deixar como áreas corta-

fogos superfícies máximas de 50 ha.

6. DESCORTIÇAMENTO

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6.1. Recomenda-se que uma entidade competente

externa avalie a qualidade da cortiça

previamente à extracção. Esta avaliação deve

definir a estrutura da qualidade e realizar uma

estimativa de produção de cortiça da futura

extracção.

6.2. Devem ser evitadas feridas no entrecasco.

Recomenda-se não descortiçar árvores com

calibre inferior a 18 mm.

6.3. Não deve ser extraída cortiça nos dias de chuva

ou de vento quente e seco.

6.4. A rotação mínima de descortiçamento será de 9

anos, salvo as excepções estabelecidas pela

legislação vigente em cada zona produtora.

6.5. Recomenda-se que os ciclos de descortiçamento

não excedam os 15 anos, pois os ciclos longos

favorecem a presença de mancha amarela e

outras alterações da cortiça.

6.6. Recomenda-se utilizar machados corticeiros

apropriados. Apesar disso também se poderão

empregar meios eléctricos ou mecânicos que

não danifiquem o entrecasco.

6.7. Recomenda-se desinfectar as ferramentas com

produtos não proibidos pelo CIPR.

6.8. Deve-se evitar todo o contacto das ferramentas

(machado, navalha, etc.) com a terra.

6.9. Os coeficientes máximos de descortiçamento

devem ser de 2 para a cortiça virgem, de 2,5

para a secundeira e de 3 para a amadia,

dependendo do estado de arvoredo. Não é

permitido o descortiçamento de fustes e

pernadas cujo perímetro, medido sobre a

cortiça no limite superior do descortiçamento,

seja inferior a 70 cm.

6.10. Devem-se juntar as pranchas evitando sempre o

contacto com o solo (terra). As pranchas que

devam estar em contacto com o solo colocar-

se-ão com as costas viradas para o mesmo.

6.11. Deve-se efectuar um remate na zona do colo e

na zona de união entre a cortiça virgem e a

cortiça secundeira ou amadia que delimita a

parte superior da extracção, que dificulte a

entrada de insectos e doenças na cortiça e no

entrecasco.

6.12. Recomenda-se que durante a extracção se

cumpra um caderno de exploração segundo as

características determinadas no plano de gestão

onde constem: a quantidade de produtos

obtidos, conteúdo em humidade, número de

trabalhadores, estrutura laboral, número de

dias utilizados, climatologia, incidências, etc.

6.13. Recomenda-se a realização de operação do

“riscado” da cortiça aos 2 – 4 anos de

extracção, seguindo o fendilhamento superficial

de cortiça provocado pelos sucessivos

crescimentos da mesma para melhorar a

qualidade nas árvores com crescimento

diametral e para facilitar o descortiçamento.

7. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

7.1 As orientações e precauções no trabalho deverão

reger-se pela legislação vigente em cada região

suberícola.

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VOCABULARIO

A dar. Emprega-se para referir a facilidade com que a

cortiça se desprende do sobreiro.

Aceiro com vegetação. Faixa de terreno onde se

eliminaram parte dos combustíveis vegetais. São zonas

que normalmente marginam os aceiros limpos e/ou

caminhos de forma a aumentar a capacidade de contenção

de um incêndio.

Aciculifolia. Especie vegetal de folha linear, persistente e

eventualmente ponteaguda, como a que apresentam

pinheiros e zimbros.

Altura do descortiçmento. É o comprimento desde o solo

até ao final da zona descortiçada. Nos sobreiros onde o

descortiçamento atinge as pernadas, a altura do

descortiçamento resulta da soma dos comprimentos

medidos do solo à cruz e desta à maior altura descortiçada

das pernadas.

Arborização. Trabalho que consiste em instalar plantas ou

sementes num terreno com o objectivo de constituir uma

superfície florestal.

Arbustiva. Espécie vegetal lenhosa que se ramifica desde

a base e tem uma altura entre 3 e 7 metros no estado

adulto.

Área de projecção das copas. Fracção do terreno

ocupada pela projecção vertical das copas das árvores.

Barriga. Parte interna da cortiça que estava em contacto

com o entrecasco.

Biodiversidade. Variedade de espécies animais e vegetais

no seu meio ambiente.

Caducifolia. Diz-se das árvores e das plantas: De folha

caduca, que cai no início do Outono, que coincide com o

repouso vegetativo da árvores. Por exemplo o castanheiro.

Calço. Cortiça de reprodução formada na base da árvore,

junto ao solo. Esta cortiça, ao estar próximo ou em

contacto com o solo, é susceptível de contaminação por

fungos, bactérias, animais, etc., razão porque não deve ser

usada em rolhas.

Calibre. Espessura de uma prancha de cortiça.

Contentor. Recipiente que se utiliza para a produção da

planta em viveiro.

Copa. Conjunto de ramos e folhas que se formam na parte

superior de uma árvore.

Corta-matos. Máquina que consiste em eliminar o mato

existente numa zona.

Cortiça. Tecido vegetal constituído por células nas quais, a

celulose da sua membrana sofreu uma transformação

química convertendo-se em suberina. Encontra-se na zona

períférica do tronco, pernadas, ramos e raízes, geralmente

em forma de lâminas delgadas, mas pode alcançar um

desenvolvimento extraordinário, até formar capas de

vários centrimetros de espessura, como na casca do

sobreiro.

Cortiça de reprodução. Cortiça de segunda e sucessivas

extracções (secundeira e amadia).

Cortiça secundeira. Cortiça que se obtem após a

extracção da cortiça virgem, na segunda extracção.

Também denominada de primeira de reprodução

Cortiça virgem. Cortiça rugosa e gretada que constutui o

revestimento original do tronco, pernadas

Costa. Parte externa do tecido suberoso da cortiça de

reprodução que, em contacto com o ar, desseca, endurece,

escurece e inclusivamente fende, provocado pelo

crescimento das novas camadas.

Cruz. Parte em que termina o tronco e começam as

pernadas de uma árvore.

Desbaste. Operação em que, através do arranque ou

corte selectivo, são eliminados sobreiros ou azinheiras

mortos, caducos ou fortemente afectados por pragas ou

doenças ou que prejudicam o desenvolvimento de outros

em boas condições vegetativas.

Desbaste cultural. Remoção das árvores que se

encontram a prejudicar o desenvolvimento das outras.

Desbaste sanitário. Desbaste com o objectivo de

extracção de árvores doentes e afectadas por pragas.

Desboia. Operação que consiste em extrair a cortiça

virgem do sobreiro. Primeiro descortiçamento do sobreiro.

Descortiçamento. Operação que consiste em desprender

a cortiça do sobreiro, sem danificar o entrecasco.

Desmatação. Operação que consiste em eliminar o mato

existente numa zona.

Doença. Alteração na saúde ou do desenvolvimento de

uma planta, produzida por factores do meio ou por

organismo patogénico.

Ecossistema. Comunidade de seres vivos cujos processos

vitais se relacionam entre si e desenvolvem-se em função

dos factores físicos do mesmo ambiente.

Empilhamento. Operação que consiste em colocar

ordenadamente as pranchas de cortiça formando uma

pilha.

Esclerófilo. Vegetal vivaz de folhas coreáceas, mais ou

menos pequenas, grossas e persistentes, adaptado ao

clima mediterrâneo.

Felógenio. Tecido jovem (ou meristema) secundário que

produz para fora o tecido suberoso, que protege a planta, e

para dentro a feloderme.

Ferida. Dano praticado no entrecasco durante o

descortiçamento, que consiste numa incisão mais ou

menos profunda realizada pelo machado.

Fendilhado. Gretas superficiais da cortiça produzidas

pelos sucessivos crescimentos desde o casco até à costa.

Fuste. Tronco da árvore, entre a base e a cruz.

Grade. Alfaia rebocada por tractor e que serve para

preparar o solo e eliminar vegetação.

Heliófila. Planta que necessita de exposição ao sol para

completar a sua regeneração.

Herbácea. Planta sem tecido lenhoso.

Intensidade de descortiçamento. Índice suberícola que

se obtem dividindo a superfície de descortiçamento de um

sobreiro ou conjunto de sobreiros (m2 ou m2/há).

Inventário forestal. Recolha de dados a fim de permitir o

conhecimento descritivo e métrico de uma superfície

florestal.

Irregular. Superfície florestal formada por árvores de

diferentes classes de idade.

Lande, glande ou bolota. Fruto seco, envolvido na sua

base por uma cápsula escamosa. É o fruto típico do género

Quercus.

Laurifolia. Espécie vegetal com folhas oval-lanceoladas,

persistentes, coreáceas e brilhantes, geralmente adaptada

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a climas subtropicais ou mediterrânicos húmidos. É o caso

do medronheiro.

Linha de abertura. Incisão vertical praticada no sobreiro

para facilitar o descortiçamento.

Luta biológica. Meio de combate natural contra pragas,

empregando insectos, parasitas e predadores contra espécies

prejudiciais.

Luta integrada. Diz-se da luta que combina meios

químicos com adequadas medidas silvícolas preventivas e

técnicas de luta biológica.

Machado corticeiro. Principal ferramenta empregue no

descortiçamento composto por uma lâmina com um

formato específico e com o cabo terminado em bisel.

Malhadio. Operação que consiste em estabelecer o lugar

de descanso do gado numa determinada zona, de forma

persistente e por tempo mais ou menos dilatado.

Mancha amarela. Efeito de cor amarelada que pode

aparecer sobre a costa das pranchas de cortiça e que

eventualmente, produz uma descoloração do tecido

suberoso, podendo desenvolver um cheiro característico.

Pode afectar cortiças com máis de 15 anos de criação.

Meças. Tipo de descortiçamento no qual a superfície do

sobreiro explorada para a produção de cortiça se encontra

dividida em duas ou mais partes, correspondentes a anos

de extracção diferentes.

Modelo de ordenamento. Modelo teórico de gestão que

organiza, no espaço e no tempo, a silvicultura adequada a

uma superfície florestal no sentido de serem cumpridos os

objectivos básicos de manutenção, máxima produção e

rentabilidade constante.

Montado. Territorio de características agro-silvo-pastoris

onde predomina a componente florestal e com gestão de

uso múltiplo.

Período de descortiçamento. Tempo que medeia entre

os descortiçamentos sucessivos. São de 9 – 10 anos no

sudoeste da Península Ibérica e nas zonas baixas do

Magreb, 10 – 12 anos nas zonas interiores da Península

Ibérica e no Magreb, e 12 – 14 anos na Catalunha e

França. Consideram-se turnos longos os superiores a 15

anos

Pilha. Conjunto de pranchas de cortiça amontoadas de

forma ordenada de modo a permitir uma perfeita

estabilidade e posterior carregamento e transporte.

Plano de gestão. Documento que regista o planeamento

no tempo e no espaço, a gestão de uma superfície

florestal.

Poda. Operação silvícola que consiste em eliminar os

ramos de uma árvore ou arbusto.

Poda de formação. Intervenção que se realiza a fim de

dar a uma árvore jovem, a forma ideal no sentido da

produção objectivo.

Poda de manutenção. Poda das árvores adultas.

Poda fitossanitária. Poda que tem como objectivo

minimizar os efeitos produzidos por pragas e/ou doenças.

Praga. Ataque forte de um insecto (geralmente) a uma

planta.

Prancha. Peça de cortiça de reprodução de superfície igual

ou superior a 500 cm3.

Qualidade. Propriedade ou conjunto de propriedades

inerentes a algo, que permitem julgar o seu valor.

Qualidade da cortiça. A utilidade principal da cortiça é,

sem qualquer dúvida, o fabrico de rolhas. Assim, podemos

dizer que uma prancha de cortiça é de boa qualidade

quando dela se pode obter uma grande quantidade de boas

rolhas, de modo a que o desperdício seja mínimo. Dos

factores que intervêm na qualidade da cortiça podemos

diferenciar: 1) Calibre, que corresponde às medidas

apropriadas que a prancha de cortiça deve ter para se

obter a rolha. Assim, designam-se por calibre a dimensão

da prancha no sentido radical, isto é, a grossura da

prancha entre a barriga e a copa. 2) Aspecto, factor

qualitativo que valoriza a capacidade de vedante, o aspecto

estético, a higiene e o comportamento perante a

extracção, entre outros.

Rachar. Fase do descortiçamento que consiste em cortar

as pranchas que apresentam um tamanho excessivo de

modo que possam ser transportadas e empilhadas

adequadamente.

Refugo. Cortiça de fraca qualidade que não pode ser

destinada à produção de rolhas e cujo destino é a

trituração.

Região de procedência. Área geográfica de

características ecológicas homogéneas para uma

determinada espécie vegetal.

Regular. Massa forestal constituída por árvores da classe

de idade.

Retancha. Trabalho que consiste na substituição das

plantas mortas ou das sementes que não germinaram

numa arborização.

Rolha. Produto obtido da cortiça e/ou aglomerado de

cortiça, constituída por uma ou mais peças. Destina-se a

vedar garrafas ou outros recipientes e a preservar o seu

conteúdo.

Segundeira. Cortiça correspondente à segunda extracção

dum sobreiro, primeira cortiça de reprodução, após a

extracção da cortiça virgem.

Seleccionado. Material de reprodução (sementes ou

plantas) provenientes de povoamentos seleccionadas que

cumprem uma série de requisitos, sendo os mais

importantes: a) Aspecto: um aspecto fenotípico, sanitário e

de tratamento silvícola superior à média da região de

proveniência. b) Pureza: a superfície florestal deve ter uma

pureza suficiente para assegurar a qualidade do material

genético produzido. c) Densidade: Deve ter uma densidade

mínima que garanta a produção de sementes. d) Acesso:

facilidade de acesso para colheita e comercialização da

semente. e) Superficie: deve ter uma superfície mínima

que garanta a produção de sementes. f) Qualidade: no

caso do sobreiro, a cortiça deverá ser de qualidade

superior à média da sua região.

Semente. Parte do fruto das fanerógâmicas, que contém o

embrião de uma futura planta, protegido por uma película,

derivada dos tegumentos do primórdio seminal.

Sobreiro. Árvore da família das fagáceas que pode atingir

em média, no estado adulto, 8 a 10 metros de altura, copa

extensa, madeira dura, casca formada por uma grossa

camada de cortiça, folhas ovadas, inteiras ou dentadas,

flores em amentilhos delgados, sendo o fruto a lande,

glande ou bolota. O seu nome científico é Quercus suber L.

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Subericultura. Ciência que trata da silvicultura dos

sobreiros, dirigida principalmente à produção de cortiça e à

sustentabilidade dos sobreiros.

Superfície de descortiçamento. Superfície que se

descortiça no sobreiro.

Sutentabilidade. Diz-se de um processo que pode

manter-se por si mesmo, sem ajuda exterior nem

diminuição dos recursos existentes.

Tirador. Trabalhador especializado em realizar os

trabalhos de extracção da cortiça.

Vivaz. É a planta de período vital plurianual.

PROJECTO SUBERNOVA

ÉVORA E MÉRIDA, JUNHO DE 2005

Fondo Europeo deDesarrollo Regional

Iniciativa Comunitaria Interreg III

Fondo Europeo deDesarrollo Regional

Iniciativa Comunitaria Interreg III