causas de extinÇÃo da punibilidade: professor: franklin lobato prado

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CAUSAS DE EXTINÇÃO CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Professor: Franklin Lobato Prado Lobato Prado

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Page 1: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Lobato Prado

CAUSAS DE CAUSAS DE EXTINÇÃO DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:PUNIBILIDADE:Professor: Franklin Lobato Professor: Franklin Lobato PradoPrado

Page 2: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Lobato Prado

Conceito:Conceito: São aquelas que extinguem o direito São aquelas que extinguem o direito

de punir do Estado.de punir do Estado. "Originado o "Originado o jus puniendijus puniendi, concretizado , concretizado

com a prática do crime, podem ocorrer com a prática do crime, podem ocorrer causas que obstem a aplicação das causas que obstem a aplicação das sanções penais pela renúncia do sanções penais pela renúncia do Estado em punir o autor do delito, Estado em punir o autor do delito, falando-se, então, em causas de falando-se, então, em causas de extinção da punibilidadeextinção da punibilidade.." (Mirabete)" (Mirabete)

Page 3: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Lobato Prado

I - MORTE DO AGENTE:I - MORTE DO AGENTE: Agente é o sujeito ativo em qualquer Agente é o sujeito ativo em qualquer

momento da momento da persecutio criminis persecutio criminis (indiciado, réu, sentenciado, detento (indiciado, réu, sentenciado, detento ou beneficiário). ou beneficiário).

A morte pode ocorrer em qualquer A morte pode ocorrer em qualquer fase: antes do inquérito, durante a fase: antes do inquérito, durante a ação penal ou durante o ação penal ou durante o cumprimento da pena.cumprimento da pena.

Page 4: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Lobato Prado

I - MORTE DO AGENTE:I - MORTE DO AGENTE: É causa personalíssima que não se É causa personalíssima que não se

comunica aos co-autores ou partícipes.comunica aos co-autores ou partícipes. A prova da morte é feita por certidão de A prova da morte é feita por certidão de

óbito (art. 62 do CPP).óbito (art. 62 do CPP). O STF entende que “O desfazimento da O STF entende que “O desfazimento da

decisão que, admitindo por equívoco a decisão que, admitindo por equívoco a morte do agente, declarou extinta a morte do agente, declarou extinta a punibilidade, não constitui ofensa à punibilidade, não constitui ofensa à coisa julgada. coisa julgada. Habeas corpus Habeas corpus indeferido” indeferido” (HC 60095-6/RJ – Rel. Rafael Mayer). Há (HC 60095-6/RJ – Rel. Rafael Mayer). Há decisões em sentido contrário.decisões em sentido contrário.

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II – ANISTIA:II – ANISTIA: A anistia, que tem efeitos mais A anistia, que tem efeitos mais

amplos, etimologicamente significa amplos, etimologicamente significa esquecimento (passar uma esponja esquecimento (passar uma esponja no passado). no passado).

É o ato do poder soberano que É o ato do poder soberano que releva infrações criminais praticadas, releva infrações criminais praticadas, impedindo ou extinguindo processos impedindo ou extinguindo processos instaurados, ou tornando sem efeito instaurados, ou tornando sem efeito condenações impostas.condenações impostas.

Page 6: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Lobato Prado

II – ANISTIA:II – ANISTIA: A anistia opera A anistia opera ex tuncex tunc rumo ao passado; rumo ao passado;

concedida, cessam todos os efeitos concedida, cessam todos os efeitos penais e retorna à primariedade. penais e retorna à primariedade. Subsistem os efeitos civis do delito.Subsistem os efeitos civis do delito.

A concessão da anistia é da competência A concessão da anistia é da competência da União, através do Congresso Nacional, da União, através do Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da com a sanção do Presidente da República (CF, arts. 21, XVII, e 48, VIII). República (CF, arts. 21, XVII, e 48, VIII).

Não é permitida nos crimes hediondos, Não é permitida nos crimes hediondos, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e terrorismo (CF, art. 5º, XLIII).terrorismo (CF, art. 5º, XLIII).

Page 7: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Lobato Prado

II – GRAÇA:II – GRAÇA: Também chamada de indulto individual e Também chamada de indulto individual e

INDULTO (coletivo).INDULTO (coletivo). "A "A graçagraça, forma de clemência soberana, , forma de clemência soberana,

destina-se a pessoa determinada e não a destina-se a pessoa determinada e não a fato, sendo semelhante ao indulto individual. fato, sendo semelhante ao indulto individual.

A Constituição Federal vigente, porém, não A Constituição Federal vigente, porém, não se refere mais à graça, mas apenas ao se refere mais à graça, mas apenas ao indulto (art. 84, XII). indulto (art. 84, XII).

Por essa razão a Lei de Execução Penal Por essa razão a Lei de Execução Penal passou a tratá-la como passou a tratá-la como indulto individual, indulto individual, o o que não ocorreu na reforma da Parte Geral que não ocorreu na reforma da Parte Geral do Código Penal.do Código Penal.

Page 8: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Lobato Prado

II - INDULTO:II - INDULTO: O indulto coletivo abrange sempre O indulto coletivo abrange sempre

um grupo de sentenciados e um grupo de sentenciados e normalmente inclui os beneficiários normalmente inclui os beneficiários tendo em vista a duração das penas tendo em vista a duração das penas que lhe foram aplicadas, embora se que lhe foram aplicadas, embora se exijam certos requisitos subjetivos exijam certos requisitos subjetivos (primariedade e etc.) e objetivos (primariedade e etc.) e objetivos (cumprimento de parte da pena, (cumprimento de parte da pena, exclusão dos autores da prática de exclusão dos autores da prática de algumas espécies de crimes etc.)." algumas espécies de crimes etc.)." (Mirabete).(Mirabete).

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III - ABOLITIO CRIMINIS:III - ABOLITIO CRIMINIS: É causa extintiva de punibilidade (art. 107, III, É causa extintiva de punibilidade (art. 107, III,

do CP), que faz cessar todos os efeitos penais do CP), que faz cessar todos os efeitos penais da sentença condenatória. da sentença condenatória.

O principal efeito penal da sentença O principal efeito penal da sentença condenatória é a imposição de pena e os condenatória é a imposição de pena e os efeitos secundários são vários, como, p. ex. : efeitos secundários são vários, como, p. ex. : gerar reincidência, revogar gerar reincidência, revogar sursissursis e livramento e livramento condicional e etc. condicional e etc.

OBS: A OBS: A abolitioabolitio atinge apenas os efeitos atinge apenas os efeitos penais da condenação, não alcançando os penais da condenação, não alcançando os efeitos extrapenais (civis e administrativos) efeitos extrapenais (civis e administrativos) dos arts. 91 e 92, ambos do CP.dos arts. 91 e 92, ambos do CP.

Page 10: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Lobato Prado

IV - PRESCRIÇÃO:IV - PRESCRIÇÃO: CONCEITO - prescrição é a perda da CONCEITO - prescrição é a perda da

pretensão punitiva pelo Estado em pretensão punitiva pelo Estado em face de sua inércia em satisfazê-la face de sua inércia em satisfazê-la dentro dos prazos legais. dentro dos prazos legais.

NATUREZA JURÍDICA DA PRESCRIÇÃO: NATUREZA JURÍDICA DA PRESCRIÇÃO: é um instituto do direito material. É é um instituto do direito material. É uma causa de extinção da punibilidade uma causa de extinção da punibilidade (Art. 107, IV, CP).(Art. 107, IV, CP).

A extinção do processo é mera A extinção do processo é mera conseqüência.conseqüência.

Page 11: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Lobato Prado

IV - DECADÊNCIA:IV - DECADÊNCIA: CONCEITO: é a perda do direito de promover a CONCEITO: é a perda do direito de promover a

ação penal exclusivamente privada e a ação penal ação penal exclusivamente privada e a ação penal privada subsidiária da pública e do direito de privada subsidiária da pública e do direito de manifestação da vontade de que o ofensor seja manifestação da vontade de que o ofensor seja processado, por meio da ação penal pública processado, por meio da ação penal pública condicionada à representação, em face da inércia condicionada à representação, em face da inércia do ofendido ou de seu representante legal, do ofendido ou de seu representante legal, durante determinado tempo fixado por lei.durante determinado tempo fixado por lei.

EFEITO: a decadência está descrita como causa de EFEITO: a decadência está descrita como causa de extinção da punibilidade, mas, na verdade, o que extinção da punibilidade, mas, na verdade, o que ela extingue é o direito de dar inicio à persecução ela extingue é o direito de dar inicio à persecução penal em juízo. O ofendido perde o direito de penal em juízo. O ofendido perde o direito de promover a ação e provocar prestação promover a ação e provocar prestação jurisdicional e o Estado não tem como satisfazer jurisdicional e o Estado não tem como satisfazer seu direito de punir. seu direito de punir.

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IV - DECADÊNCIA:IV - DECADÊNCIA: OBSERVAÇÕES: a decadência não atinge diretamente OBSERVAÇÕES: a decadência não atinge diretamente

o direito de punir, pois este pertence ao Estado e não o direito de punir, pois este pertence ao Estado e não ao ofendido: ela extingue apenas o direito de ao ofendido: ela extingue apenas o direito de promover a ação ou de oferecer a representação.promover a ação ou de oferecer a representação.

PRAZO DECADENCIAL: o ofendido, ou seu PRAZO DECADENCIAL: o ofendido, ou seu representante legal, decairá do direito de queixa ou representante legal, decairá do direito de queixa ou representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contando do dia em que vier a saber (seis) meses, contando do dia em que vier a saber quem é o autor do crime (CPP, art. 38, e CP, 103).quem é o autor do crime (CPP, art. 38, e CP, 103).

No caso da ação penal privada subsidiária da pública No caso da ação penal privada subsidiária da pública (art. 5° LIX da CF, art. 100, § 3° do CP e art. 29 do (art. 5° LIX da CF, art. 100, § 3° do CP e art. 29 do CPP), que é aquela proposta pelo ofendido, quando o CPP), que é aquela proposta pelo ofendido, quando o Ministério Público deixa de oferecer a ação penal Ministério Público deixa de oferecer a ação penal pública no prazo legal, os seis meses começam a pública no prazo legal, os seis meses começam a contar a partir do dia em que se esgota o prazo para contar a partir do dia em que se esgota o prazo para o oferecimento da denúncia.o oferecimento da denúncia.

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IV - DECADÊNCIA:IV - DECADÊNCIA: O prazo decadencial cessa na data do oferecimento O prazo decadencial cessa na data do oferecimento

da queixa e não na data de seu recebimento STF – da queixa e não na data de seu recebimento STF – RHC 63.665 2 ª Turma. DJU 9/5/86, p. 7627). Da RHC 63.665 2 ª Turma. DJU 9/5/86, p. 7627). Da mesma forma, a entrega da representação em mesma forma, a entrega da representação em cartório impede a consumação da decadência.cartório impede a consumação da decadência.

Conta-se o prazo de acordo com a regra do art. 10 Conta-se o prazo de acordo com a regra do art. 10 do CP, incluindo-se o dia do começo, não se do CP, incluindo-se o dia do começo, não se prorrogando em face de domingos, férias e feriados prorrogando em face de domingos, férias e feriados (RT 530, 367), eis que se trata de prazo de natureza (RT 530, 367), eis que se trata de prazo de natureza penal que leva à extinção do direito de punir.penal que leva à extinção do direito de punir.

Prazo decadencial não se interrompe pela Prazo decadencial não se interrompe pela instauração de inquérito policial (RTJ 78/142). Nem instauração de inquérito policial (RTJ 78/142). Nem pelo pedido de explicações em juízo (RTJ 83/662).pelo pedido de explicações em juízo (RTJ 83/662).

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IV – PEREMPÇÃO:IV – PEREMPÇÃO: CONCEITO: é uma sanção processual ao CONCEITO: é uma sanção processual ao

querelante desidioso, que deixa de dar querelante desidioso, que deixa de dar andamento normal à ação penal exclusivamente andamento normal à ação penal exclusivamente privada. privada.

É uma pena ao ofendido pelo mau uso da É uma pena ao ofendido pelo mau uso da faculdade, que o poder público lhe outorgou, de faculdade, que o poder público lhe outorgou, de agir preferentemente na punição de certos agir preferentemente na punição de certos crimes.crimes.

CABIMENTO: só é cabível na ação penal CABIMENTO: só é cabível na ação penal exclusivamente privada, sendo inadmissível na exclusivamente privada, sendo inadmissível na ação penal privada subsidiária da pública, pois ação penal privada subsidiária da pública, pois esta não perde sua natureza de pública.esta não perde sua natureza de pública.

OPORTUNIDADE: só é possível após iniciada a OPORTUNIDADE: só é possível após iniciada a ação privada.ação privada.

FRANKLIN PRADO
(ALOYSIO DE CARVALHO FILHO. Comentários ao Código Penal, vol. 4. P. 222).
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IV – PEREMPÇÃO:IV – PEREMPÇÃO: HIPÓTESES:HIPÓTESES: 1ª) querelante que deixa de dar andamento ao 1ª) querelante que deixa de dar andamento ao

processo durante 30 dias seguidos: só haverá a processo durante 30 dias seguidos: só haverá a percepção se o querelante tiver sido previamente percepção se o querelante tiver sido previamente notificado para agir (RJTJSP 88/355).notificado para agir (RJTJSP 88/355).

2ª) querelante que deixa de comparecer, sem 2ª) querelante que deixa de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente: não precisa comparecer que deva estar presente: não precisa comparecer à audiência para oitiva de testemunhas (RTJ à audiência para oitiva de testemunhas (RTJ 95/142).95/142).

O querelante só está obrigado a comparecer aos O querelante só está obrigado a comparecer aos atos em que sua presença seja absolutamente atos em que sua presença seja absolutamente indispensável (RTJ 122/36):indispensável (RTJ 122/36):

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IV – PEREMPÇÃO:IV – PEREMPÇÃO: 3ª) querelante que deixa de formular pedido de 3ª) querelante que deixa de formular pedido de

condenação nas alegações finais: a jurisprudência condenação nas alegações finais: a jurisprudência tem entendido que não há necessidade de dizer tem entendido que não há necessidade de dizer expressamente “peço a condenação”, basta que o expressamente “peço a condenação”, basta que o pedido decorra do desenvolvimento normal das pedido decorra do desenvolvimento normal das razões. razões.

Assim, não induz falta de pedido de condenação Assim, não induz falta de pedido de condenação pedir “justiça” nas alegações finais (STF – RT pedir “justiça” nas alegações finais (STF – RT 575/451): porém a não – apresentação de razões 575/451): porém a não – apresentação de razões finais equivale a não pedir a condenação (JUNTA finais equivale a não pedir a condenação (JUNTA CRIM 82/172).CRIM 82/172).

4ª) morte ou incapacidade do querelante, sem 4ª) morte ou incapacidade do querelante, sem compadecimento no prazo de 60 dias, de seu compadecimento no prazo de 60 dias, de seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, ou cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, ou qualquer pessoa que deva fazê-lo;qualquer pessoa que deva fazê-lo;

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IV – PEREMPÇÃO:IV – PEREMPÇÃO: 5ª) quando o querelante, sendo pessoa 5ª) quando o querelante, sendo pessoa

jurídica, se extinguir, sem deixar sucessor;jurídica, se extinguir, sem deixar sucessor; 6ª) às hipóteses de perempção devem ser 6ª) às hipóteses de perempção devem ser

acrescida a da morte do querelante nos crimes acrescida a da morte do querelante nos crimes de ação penal privada personalíssima, em que de ação penal privada personalíssima, em que só o ofendido pode propor a ação.só o ofendido pode propor a ação.

Assim, a perempção é a perda do direito de Assim, a perempção é a perda do direito de processar o querelado pelo mesmo crime por processar o querelado pelo mesmo crime por inércia do querelante na ação penal inércia do querelante na ação penal exclusivamente privada intentada, quando exclusivamente privada intentada, quando deixa de promover seu andamento nas deixa de promover seu andamento nas hipóteses do art. 60 do CPP.hipóteses do art. 60 do CPP.

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V - RENÚNCIA DO V - RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA:DIREITO DE QUEIXA: CONCEITO: abdicação do direito de promover a CONCEITO: abdicação do direito de promover a

ação penal privada, pelo ofendido ou seu ação penal privada, pelo ofendido ou seu representante legal.representante legal.

OPORTUNIDADE: só antes de iniciada a ação penal OPORTUNIDADE: só antes de iniciada a ação penal privada, ou seja, antes de oferecida a queixa-crime.privada, ou seja, antes de oferecida a queixa-crime.

CONCURSO: em caso de concurso de pessoas, a CONCURSO: em caso de concurso de pessoas, a renúncia em relação a um se estenderá a todos, em renúncia em relação a um se estenderá a todos, em decorrência do Princípio da Indivisibilidade que faz decorrência do Princípio da Indivisibilidade que faz com que a ação penal seja proposta contra todos os com que a ação penal seja proposta contra todos os participantes da conduta típica.participantes da conduta típica.

CABIMENTO: só cabe na ação penal exclusivamente CABIMENTO: só cabe na ação penal exclusivamente privada, sendo inaceitável na ação privada privada, sendo inaceitável na ação privada subsidiária da pública, pois esta tem natureza de subsidiária da pública, pois esta tem natureza de ação pública.ação pública.

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V - RENÚNCIA DO V - RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA:DIREITO DE QUEIXA: FORMAS: expressa ou tácita.FORMAS: expressa ou tácita. EXPRESSA: declaração escrita assinada pelo ofendido EXPRESSA: declaração escrita assinada pelo ofendido

ou por seu representante legal ou, ainda, por ou por seu representante legal ou, ainda, por procurador com poderes especiais (CF art. 50 do CPP). procurador com poderes especiais (CF art. 50 do CPP).

TÁCITA: prática de ato incompatível com a vontade de TÁCITA: prática de ato incompatível com a vontade de dar inicio a ação penal privada ex.: ofendido vai jantar dar inicio a ação penal privada ex.: ofendido vai jantar na casa de seu ofensor, após a ofensa).na casa de seu ofensor, após a ofensa).

OFENDIDO maior de 18 anos e menor de 21: a renúncia OFENDIDO maior de 18 anos e menor de 21: a renúncia pode ser feita pelo ofendido ou por seu representante pode ser feita pelo ofendido ou por seu representante legal, contudo a renúncia de um não impede que o legal, contudo a renúncia de um não impede que o outro promova a ação penal (Art. 50, § único do CPP). outro promova a ação penal (Art. 50, § único do CPP).

MORTE DO OFENDIDO: se ofendido morrer, o direito de MORTE DO OFENDIDO: se ofendido morrer, o direito de queixa-crime passa a seu cônjuge, descendente, queixa-crime passa a seu cônjuge, descendente, ascendente ou irmão, sendo que a renúncia de um não ascendente ou irmão, sendo que a renúncia de um não impede os demais de dar inicio à ação;impede os demais de dar inicio à ação;

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V - PERDÃO DO V - PERDÃO DO OFENDIDO:OFENDIDO: CONCEITO: é o ato pelo qual, iniciada a ação CONCEITO: é o ato pelo qual, iniciada a ação

penal privada, o ofendido ou seu representante penal privada, o ofendido ou seu representante legal desiste de seu prosseguimento (art. 105 do legal desiste de seu prosseguimento (art. 105 do CP);CP);

DISTINÇÃO: a renúncia é anterior e o perdão é DISTINÇÃO: a renúncia é anterior e o perdão é posterior à propositura da ação penal privada.posterior à propositura da ação penal privada.

CABIMENTO: só cabe na ação penal CABIMENTO: só cabe na ação penal exclusivamente privada, sendo inadmissível na exclusivamente privada, sendo inadmissível na ação penal privada subsidiária da pública, já que ação penal privada subsidiária da pública, já que esta mantém sua natureza de ação pública.esta mantém sua natureza de ação pública.

OPORTUNIDADE: só é possível depois de iniciada OPORTUNIDADE: só é possível depois de iniciada a ação penal privada, com o oferecimento da a ação penal privada, com o oferecimento da queixa e até o trânsito em julgado da sentença queixa e até o trânsito em julgado da sentença (art. 106, § 2° do CP).(art. 106, § 2° do CP).

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V - PERDÃO DO V - PERDÃO DO OFENDIDO:OFENDIDO: FORMAS:FORMAS: PROCESSUAL: concedido nos autos da ação PROCESSUAL: concedido nos autos da ação

penal (é sempre expresso).penal (é sempre expresso). EXTRAPROCESSUAL: concedido fora dos autos EXTRAPROCESSUAL: concedido fora dos autos

da ação penal (pode ser expresso ou tácito).da ação penal (pode ser expresso ou tácito). EXPRESSO: declaração escrita, assinada pelo EXPRESSO: declaração escrita, assinada pelo

ofendido, seu representante legal ou ofendido, seu representante legal ou procurador com poderes especiais.procurador com poderes especiais.

TÁCITO: resulta da prática de ato incompatível TÁCITO: resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação penal com a vontade de prosseguir na ação penal (sempre extraprocessual).(sempre extraprocessual).

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VI -VI - RETRATAÇÃO DO RETRATAÇÃO DO AGENTE:AGENTE: CONCEITO: retratar-se é desdizer-se, CONCEITO: retratar-se é desdizer-se,

retirar o que disse nos casos em que a lei retirar o que disse nos casos em que a lei permite (art. 143 do CP). permite (art. 143 do CP).

A retratação é admitida nos crimes contra A retratação é admitida nos crimes contra a honra, mas apenas nos casos de calúnia a honra, mas apenas nos casos de calúnia e difamação, sendo inadmissível na e difamação, sendo inadmissível na injúria.injúria.

Obs: Se o crime for praticado por meio da Obs: Se o crime for praticado por meio da imprensa, admite-se a retratação nas três imprensa, admite-se a retratação nas três espécies de crime contra a honra (Lei n ° espécies de crime contra a honra (Lei n ° 5.250/67, art. 26).5.250/67, art. 26).

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VI -VI - RETRATAÇÃO DO RETRATAÇÃO DO AGENTE:AGENTE: Art. 342, § 2°: o fato deixa de ser punível se o Art. 342, § 2°: o fato deixa de ser punível se o

agente (testemunha, perito, tradutor ou agente (testemunha, perito, tradutor ou interprete) se retrata ou declara a verdade.interprete) se retrata ou declara a verdade.

OPORTUNIDADE: até a sentença de primeira OPORTUNIDADE: até a sentença de primeira instância do processo em que ocorreu o falso. Se instância do processo em que ocorreu o falso. Se o crime for da competência do júri, até a sentença o crime for da competência do júri, até a sentença condenatória e não até a sentença de pronúncia.condenatória e não até a sentença de pronúncia.

A retratação de que trata o art. 143 é pessoal, A retratação de que trata o art. 143 é pessoal, não se comunicando aos demais ofensores, já a não se comunicando aos demais ofensores, já a do art. 342, § 2° é comunicável, uma vez que a lei do art. 342, § 2° é comunicável, uma vez que a lei diz que “o fato deixa de ser punível” (e não diz que “o fato deixa de ser punível” (e não apenas o agente), ao contrário do art. 143, que apenas o agente), ao contrário do art. 143, que diz ficar “o querelado isento de pena” (só o diz ficar “o querelado isento de pena” (só o querelado fica isento de pena).querelado fica isento de pena).

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VII - CASAMENTO DO VII - CASAMENTO DO AGENTE COM A AGENTE COM A VÍTIMAVÍTIMA:: Foi revogada a condição de casado como causa de Foi revogada a condição de casado como causa de

aumento de pena: não se justificava efetivamente aumento de pena: não se justificava efetivamente essa causa de aumento de pena nos crimes essa causa de aumento de pena nos crimes sexuais. sexuais.

Ser casado ou não, não altera o conteúdo do injusto Ser casado ou não, não altera o conteúdo do injusto penal (salvo se se raciona em termos morais). penal (salvo se se raciona em termos morais).

A ofensa ao bem jurídico liberdade sexual A ofensa ao bem jurídico liberdade sexual independe do estado civil do agente. independe do estado civil do agente.

Se no caso concreto essa circunstância contar com Se no caso concreto essa circunstância contar com relevância, pode o juiz levá-la em consideração no relevância, pode o juiz levá-la em consideração no momento da pena (nos termos do art. 59 do CP). momento da pena (nos termos do art. 59 do CP).

Mas isso fica reservado para a excepcionalidade Mas isso fica reservado para a excepcionalidade (não a regra).(não a regra).

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VIII - CASAMENTO DA VIII - CASAMENTO DA VÍTIMA COM VÍTIMA COM TERCEIROTERCEIRO:: Foi revogada pela Lei 11.106, de 28 de março de Foi revogada pela Lei 11.106, de 28 de março de

2005,2005, a causa extintiva da punibilidade a causa extintiva da punibilidade consistente no casamento do agente com a consistente no casamento do agente com a vítima, nos crimes sexuais (CP, art. 107, VII): a vítima, nos crimes sexuais (CP, art. 107, VII): a legislação brasileira era uma das últimas, senão a legislação brasileira era uma das últimas, senão a última do seu entorno cultural, que ainda previa, última do seu entorno cultural, que ainda previa, em relação ao casamento com a vítima, nos em relação ao casamento com a vítima, nos crimes sexuais, força extintiva da punibilidade. crimes sexuais, força extintiva da punibilidade.

Cuidava-se de regra que exprimia a cultura dos Cuidava-se de regra que exprimia a cultura dos anos 40 (do século passado): mais vale o anos 40 (do século passado): mais vale o casamento (para a donzela “desonrada”) que a casamento (para a donzela “desonrada”) que a tutela penal da liberdade sexual. tutela penal da liberdade sexual.

Muitas vezes, o casamento era “comprado” (leia-Muitas vezes, o casamento era “comprado” (leia-se: “era de fachada”). se: “era de fachada”).

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VIII - CASAMENTO DA VIII - CASAMENTO DA VÍTIMA COM VÍTIMA COM TERCEIROTERCEIRO:: Todos os resquícios dessa sociedade Todos os resquícios dessa sociedade

“machista”, que desconsiderava a dignidade “machista”, que desconsiderava a dignidade das mulheres, devem mesmo ser abolidos do das mulheres, devem mesmo ser abolidos do nosso Direito Penal.nosso Direito Penal.

O casamento do agente com a vítima, nos O casamento do agente com a vítima, nos crimes sexuais, doravante, já não extingue a crimes sexuais, doravante, já não extingue a punibilidade por si só. punibilidade por si só.

Mas convém recordar que a regra nesses Mas convém recordar que a regra nesses crimes é a ação penal privada. E, nesse caso, o crimes é a ação penal privada. E, nesse caso, o casamento representa perdão do ofendido, que casamento representa perdão do ofendido, que também é causa extintiva da punibilidade. Em também é causa extintiva da punibilidade. Em suma, nos crimes de ação penal privada o suma, nos crimes de ação penal privada o casamento ainda terá relevantes efeitos penais.casamento ainda terá relevantes efeitos penais.

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IX - PERDÃO JUDICIALIX - PERDÃO JUDICIAL:: CONCEITO: causa extintiva da punibilidade CONCEITO: causa extintiva da punibilidade

consistente em uma faculdade do Juiz de, nos consistente em uma faculdade do Juiz de, nos casos previstos em lei, deixar de aplicar a pena, casos previstos em lei, deixar de aplicar a pena, em face de justificadas circunstâncias em face de justificadas circunstâncias excepcionais.excepcionais.

FACULDADE: é direito penal subjetivo público do FACULDADE: é direito penal subjetivo público do acusado, logo presentes as circunstâncias exigidas acusado, logo presentes as circunstâncias exigidas não pode o Juiz negar a aplicação do privilégio.não pode o Juiz negar a aplicação do privilégio.

EXTENSÃO: a extinção da punibilidade não atinge EXTENSÃO: a extinção da punibilidade não atinge apenas o crime no qual se verificou a circunstância apenas o crime no qual se verificou a circunstância excepcional, mas todos os crimes praticados no excepcional, mas todos os crimes praticados no mesmo contexto. Por exemplo: o agente provoca mesmo contexto. Por exemplo: o agente provoca um acidente, no qual morrem sua esposa, seu filho um acidente, no qual morrem sua esposa, seu filho e um desconhecido.e um desconhecido.

Page 28: CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: Professor: Franklin Lobato Prado

IX - PERDÃO JUDICIALIX - PERDÃO JUDICIAL:: A circunstância excepcional prevista no art. 121, § 5°, A circunstância excepcional prevista no art. 121, § 5°,

do CP, só se refere às mortes da esposa e filho, mas o do CP, só se refere às mortes da esposa e filho, mas o perdão judicial extinguirá a punibilidade em todos os perdão judicial extinguirá a punibilidade em todos os três homicídios culposos.três homicídios culposos.

NATUREZA JURÍDICA: Muitos entendem que ela é NATUREZA JURÍDICA: Muitos entendem que ela é condenatória (Damásio de Jesus, Mirabete, Hungria, condenatória (Damásio de Jesus, Mirabete, Hungria, Magalhães Noronha, STF), gerando todos os efeitos, Magalhães Noronha, STF), gerando todos os efeitos, menos a imposição da pena e a reincidência, esta menos a imposição da pena e a reincidência, esta última por disposição expressa do art. 120. Basileu última por disposição expressa do art. 120. Basileu Garcia entende ser ela uma sentença absolutória. Garcia entende ser ela uma sentença absolutória.

Sobre o assunto manifestou-se o STJ ao editar a Sobre o assunto manifestou-se o STJ ao editar a Súmula 18, cujo enunciado é o seguinte: "A sentença Súmula 18, cujo enunciado é o seguinte: "A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória de concessiva do perdão judicial é declaratória de extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório". Delmanto comunga de igual efeito condenatório". Delmanto comunga de igual entendimento.entendimento.