castro alves (1868)

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Castro Alves Texto-Fonte: Obra Completa de Machado de Assis, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, vol. III, 1994. Resposta a uma carta de José de Alencar. Publicada originalmente no Correio Mercantil, Rio de Janeiro, 01/03/1868. [RJ, 29 fev. 1868.] Exmo. Sr. — É boa e grande fortuna conhecer um poeta; melhor e maior fortuna é recebê-lo das mãos de V. Exª, com uma carta que vale um diploma, com uma recomendação que é uma sagração. A musa do Sr. Castro Alves não podia ter mais feliz intróito na vida literária. Abre os olhos em pleno Capitólio. Os seus primeiros cantos obtêm o aplauso de um mestre. Mas se isto me entusiasma, outra coisa há que me comove e confunde, é a extrema confiança, que é ao mesmo tempo um motivo de orgulho para mim. De orgulho, repito, e tão inútil fora dissimular esta impressão, quão arrojado seria ver nas palavras de V. Ex.ª, mais do que uma animação generosa. A tarefa da crítica precisa destes parabéns; é tão árdua de praticar, já pelos estudos que exige, já pelas lutas que impõe, que a palavra eloqüente de um chefe é muitas vezes necessária para reavivar as forças exaustas e reerguer o ânimo abatido. Confesso francamente, que, encetando os meus ensaios de crítica, fui movido pela idéia de contribuir com alguma coisa para a reforma do gosto que se ia perdendo, e efetivamente se perde. Meus limitadíssimos esforços não podiam impedir o tremendo desastre. Como impedi-lo, se, por influência irresistível, o mal vinha de fora, e se impunha ao espírito literário do país, ainda mal formado e quase sem consciência de si? Era difícil plantar as leis do gosto, onde se havia estabelecido uma sombra de literatura, sem alento nem ideal, falseada e frívola, mal imitada e mal copiada. Nem os esforços dos que, como V. Ex.ª, sabem exprimir sentimentos e idéias na língua que nos legaram os mestres clássicos, nem esses puderam opor um dique à torrente invasora. Se a sabedoria popular não mente, a universalidade da doença podia dar-nos alguma consolação quando não se antolha remédio ao mal. Se a magnitude da tarefa era de assombrar espíritos mais robustos, outro risco havia: e a este já não era a inteligência que se expunha, era o caráter. Compreende V.Exª. que, onde a crítica não é instituição formada e assentada, a análise literária tem de lutar contra esse entranhado amor paternal que faz dos nossos filhos as mais belas crianças do mundo. Não raro se originam ódios onde era natural travarem-se afetos. Desfiguram-se os intentos da crítica, atribui-se à inveja o que vem da imparcialidade; chama-se antipatia o que é consciência. Fosse esse, porém, o único obstáculo, estou convencido que ele não pesaria no ânimo de quem põe acima do interesse pessoal o interesse perpétuo da sociedade, porque a boa fama das musas o é também.

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Livros de contos, e de literatura de Machado de Assis, os melhores livros do autor disponibilizados aqui no scrib.

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  • Castro Alves

    Texto-Fonte:

    Obra Completa de Machado de Assis,Rio de Janeiro: Nova Aguilar, vol. III, 1994.

    Resposta a uma carta de Jos de Alencar.

    Publicada originalmente no Correio Mercantil, Rio de Janeiro, 01/03/1868.

    [RJ, 29 fev. 1868.] Exmo. Sr. boa e grande fortuna conhecer um poeta; melhor e maior fortuna receb-lo das mos de V. Ex, com uma carta que vale um diploma, com uma recomendao que uma sagrao. A musa do Sr. Castro Alves no podia ter mais feliz intrito na vida literria. Abre os olhos em pleno Capitlio. Os seus primeiros cantos obtm o aplauso de um mestre. Mas se isto me entusiasma, outra coisa h que me comove e confunde, a extrema confiana, que ao mesmo tempo um motivo de orgulho para mim. De orgulho, repito, e to intil fora dissimular esta impresso, quo arrojado seria ver nas palavras de V. Ex., mais do que uma animao generosa. A tarefa da crtica precisa destes parabns; to rdua de praticar, j pelos estudos que exige, j pelas lutas que impe, que a palavra eloqente de um chefe muitas vezes necessria para reavivar as foras exaustas e reerguer o nimo abatido. Confesso francamente, que, encetando os meus ensaios de crtica, fui movido pela idia de contribuir com alguma coisa para a reforma do gosto que se ia perdendo, e efetivamente se perde. Meus limitadssimos esforos no podiam impedir o tremendo desastre. Como impedi-lo, se, por influncia irresistvel, o mal vinha de fora, e se impunha ao esprito literrio do pas, ainda mal formado e quase sem conscincia de si? Era difcil plantar as leis do gosto, onde se havia estabelecido uma sombra de literatura, sem alento nem ideal, falseada e frvola, mal imitada e mal copiada. Nem os esforos dos que, como V. Ex., sabem exprimir sentimentos e idias na lngua que nos legaram os mestres clssicos, nem esses puderam opor um dique torrente invasora. Se a sabedoria popular no mente, a universalidade da doena podia dar-nos alguma consolao quando no se antolha remdio ao mal. Se a magnitude da tarefa era de assombrar espritos mais robustos, outro risco havia: e a este j no era a inteligncia que se expunha, era o carter. Compreende V.Ex. que, onde a crtica no instituio formada e assentada, a anlise literria tem de lutar contra esse entranhado amor paternal que faz dos nossos filhos as mais belas crianas do mundo. No raro se originam dios onde era natural travarem-se afetos. Desfiguram-se os intentos da crtica, atribui-se inveja o que vem da imparcialidade; chama-se antipatia o que conscincia. Fosse esse, porm, o nico obstculo, estou convencido que ele no pesaria no nimo de quem pe acima do interesse pessoal o interesse perptuo da sociedade, porque a boa fama das musas o tambm.

  • Cansados de ouvir chamar bela poesia, os novos atenienses resolveram bani-la da repblica. O elemento potico hoje um tropeo ao sucesso de uma obra. Aposentaram a imaginao. As musas, que j estavam apeadas dos templos, foram tambm apeadas dos livros. A poesia dos sentidos veio sentar-se no santurio e assim generalizou-se uma crise funesta s letras. Que enorme Alfeu no seria preciso desviar do seu curso para limpar este presepe de Augias? Eu bem sei que no Brasil, como fora dele, severos espritos protestam com o trabalho e a lio contra esse estado de coisas; tal , porm, a feio geral da situao, ao comear a tarde do sculo. Mas sempre h de triunfar a vida inteligente. Basta que se trabalhe sem trgua. Pela minha parte, estava e est acima das minhas posses semelhante papel; contudo, entendia e entendo adotando a bela definio do poeta que V. Ex.. d em sua carta que h para o cidado da arte e do belo deveres imprescritveis, e que, quando uma tendncia do esprito o impele para certa ordem de atividade, sua obrigao prestar esse servio s letras. Em todo o caso no tive imitadores. Tive um antecessor ilustre, apto para este rduo mister, erudito e profundo, que teria prosseguido no caminho das suas estrias, se a imaginao possante e vivaz no lhe estivesse exigindo as criaes que depois nos deu. Ser preciso acrescentar que aludo a V. Ex.? Escolhendo-me para Virglio do jovem Dante que nos vem da ptria de Moema, impe-me um dever, cuja responsabilidade seria grande se a prpria carta de V. Ex. no houvesse aberto ao nefito as portas da mais vasta publicidade. A anlise pode agora esmerilhar nos escritos do poeta belezas e descuidos. O principal trabalho est feito. Procurei o poeta cujo nome havia sido ligado ao meu, e, com a natural ansiedade que nos produz a notcia de um talento robusto, pedi-lhe que me lesse o seu drama e os seus versos. No tive, como V. Ex., a fortuna de os ouvir diante de um magnfico panorama. No se rasgavam horizontes diante de mim: no tinha os ps nessa formosa Tijuca, que V. Ex.. chama de um escabelo entre a nuvem e o pntano. Eu estava no pntano. Em torno de ns agitava-se a vida tumultuosa da cidade. No era o rudo das paixes nem dos interesses; os interesses e as paixes tinham passado a vara loucura: estvamos no carnaval. No meio desse tumulto abrimos um osis de solido. Ouvi o Gonzaga e algumas poesias. V. Ex.. j sabe o que o drama e o que so os versos, j os apreciou consigo, j resumiu a sua opinio. Esta carta, destinada a ser lida pelo pblico, conter as impresses que recebi com a leitura dos escritos do poeta. No podiam ser melhores as impresses. Achei uma vocao literria, cheia de vida e robustez, deixando antever nas magnificncias do presente as promessas do futuro. Achei um poeta original. O mal da nossa poesia contempornea ser copista no dizer, nas idias e nas imagens. Copi-las anular-se. A musa do Sr. Castro Alves tem feio prpria. Se se adivinha que a sua escola a de Vtor Hugo, no porque o copie servilmente, mas porque uma ndole irm levou-o a preferir o poeta das Orientais ao poeta das Meditaes. No lhe aprazem certamente as tintas brancas e desmaiadas da elegia; quer antes as cores vivas e os traos vigorosos da ode. Como o poeta que tomou por mestre, o Sr. Castro Alves canta simultaneamente o que grande e o que delicado, mas com igual inspirao e mtodo idntico; a

  • pompa das figuras, a sonoridade do vocbulo, uma forma esculpida com arte, sentindo-se por baixo desses lavores o estro, a espontaneidade, o mpeto. No raro andarem separadas estas duas qualidades da poesia: a forma e o estro. Os verdadeiros poetas so os que as tm ambas. V-se que o Sr. Castro Alves as possui; veste as suas idias com roupas finas e trabalhadas. O receio de cair em um defeito no o levar a cair no defeito contrrio? No me parece que lhe haja acontecido isso; mas indico-lhe o mal, para que fuja dele. possvel que uma segunda leitura dos seus versos me mostrasse alguns senes fceis de remediar; confesso que os no percebi no meio de tantas belezas. O drama, esse li-o atentamente; depois de ouvi-lo, li-o, e reli-o, e no sei bem se era a necessidade de o apreciar, se o encanto da obra, que me demorava os olhos em cada pgina do volume. O poeta explica o dramaturgo. Reaparecem no drama as qualidades do verso; as metforas enchem o perodo; sente-se de quando em quando o arrojo da ode. Sfocles pede as asas a Pndaro. Parece ao poeta que o tablado pequeno; rompe o cu de lona e arroja-se ao espao livre e azul. Esta exuberncia, que V. Ex.. com justa razo atribui idade, concordo que o poeta h de reprimi-la com os anos. Ento conseguir separar completamente lngua lrica da lngua dramtica; e do muito que devemos esperar temos prova e fiana no que nos d hoje. Estreando no teatro com um assunto histrico, e assunto de uma revoluo infeliz, o Sr. Castro Alves consultou a ndole do seu gnio potico. Precisava de figuras que o tempo houvesse consagrado; as da Inconfidncia tinham alm disso a aurola do martrio. Que melhor assunto para excitar a piedade? A tentativa abortada de uma revoluo, que tinha por fim consagrar a nossa independncia, merece do Brasil de hoje aquela venerao que as raas livres devem aos seus Espartcos. O insucesso f-los criminosos; a vitria t-los-ia feito Washington. Condenou-os a justia legal; reabilita-os a justia histrica. Condensar estas idias em uma obra dramtica, transportar para a cena a tragdia poltica dos Inconfidentes, tal foi o objeto do Sr. Castro Alves, e no pode esquecer que, se o intuito era nobre, o cometimento era grave. O talento do poeta superou a dificuldade; com uma sagacidade, que eu admiro em to verdes anos, tratou a histria e a arte por modo que, nem aquela o pode acusar de infiel, nem esta de copista. Os que, como V. Ex., conhecem esta aliana, ho de avaliar esse primeiro merecimento do drama do Sr. Castro Alves. A escolha de Gonzaga para protagonista foi certamente inspirada ao poeta pela circunstncia dos seus legendrios amores, de que histria aquela famosa Marlia de Dirceu. Mas no creio que fosse s essa circunstncia. Do processo resulta que o cantor de Marlia era tido por chefe da conspirao, em ateno aos seus talentos e letras. A prudncia com que se houve desviou da sua cabea a pena capital. Tiradentes, esse era o agitador; serviu conspirao com uma atividade rara; era mais um conspirador do dia que da noite. A justia o escolheu para a forca. Por tudo isso ficou o nome ligado ao da tentativa de Minas. Os amores de Gonzaga traziam naturalmente ao teatro o elemento feminino, e de um lance casavam-se em cena a tradio poltica e a tradio potica, o corao do homem e a alma do cidado. A circunstncia foi bem aproveitada pelo autor; o protagonista atravessa o drama sem desmentir a sua dupla qualidade de amante e de patriota; casa no mesmo ideal os seus dois sentimentos. Quando Maria lhe prope a fuga, no terceiro ato, o poeta no hesita em repelir esse recurso, apesar de ser iminente a sua perda. J ento a revoluo expira; para as ambies, se ele as houvesse, a esperana era nenhuma; mas ainda era tempo de cumprir o dever. Gonzaga preferiu seguir a lio do velho Horrio corneiliano; entre o

  • corao e o dever a alternativa dolorosa. Gonzaga satisfaz o dever e consola o corao. Nem a ptria nem a amante podem lanar-lhe nada em rosto. O Sr. Castro Alves houve-se com a mesma arte em relao aos outros conjurados. Para avaliar um drama histrico, no se pode deixar de recorrer histria; suprimir esta condio expor-se a crtica a no entender o poeta. Quem v o Tiradentes do drama no reconhece logo aquele conjurado impaciente e ativo, nobremente estouvado, que tudo arrisca e empreende, que confia mais que todos no sucesso da causa, e paga enfim as demasias do seu carter com a morte na forca e a profanao do cadver? E Cludio, o doce poeta, no o vemos todo ali, galhofeiro e generoso, fazendo da conspirao uma festa e da liberdade uma dama, gamenho no perigo, caminhando para a morte com o riso nos lbios, como aqueles emigrados do Terror? No lhe rola j na cabea a idia do suicdio, que praticou mais tarde, quando a expectativa do patbulo lhe despertou a fibra de Cato, casando-se com a morte, j que se no podia casar com a liberdade? No aquele o denunciante Silvrio, aquele o Alvarenga, aquele o Padre Carlos? Em tudo isso de louvar a conscincia literria do autor. A histria nas suas mos no foi um pretexto; no quis profanar as figuras do passado, dando-lhes feies caprichosas. Apenas empregou aquela exagerao artstica, necessria ao teatro, onde os caracteres precisam de relevo, onde mister concentrar em pequeno espao todos os traos de uma individualidade, todos os caracteres essenciais de uma poca ou de um acontecimento. Concordo que a ao parece s vezes desenvolver-se pelo acidente material. Mas esses rarssimos casos so compensados pela influncia do princpio contrrio em toda a pea. O vigor dos caracteres pedia o vigor da ao; ela vigorosa e interessante em todo o livro; pattica no ltimo ato. Os derradeiros adeuses de Gonzaga e Maria excitam naturalmente a piedade, e uns belos versos fecham este drama, que pode conter as incertezas de um talento Juvenil, mas que com certeza uma invejvel estria. Nesta rpida exposio das minhas impresses, v V. Ex. que alguma coisa me escapou. Eu no podia, por exemplo, deixar de mencionar aqui a figura do preto Lus. Em uma conspirao para a liberdade, era justo aventar a idia da abolio. Lus representa o elemento escravo. Contudo o Sr. Castro Alves no lhe deu exclusivamente a paixo da liberdade. Achou mais dramtico pr naquele corao os desesperos do amor paterno. Quis tornar mais odiosa a situao do escravo pela luta entre a natureza e o fato social, entre a lei e o corao. Lus espera da revoluo, antes da liberdade, a restituio da filha a primeira afirmao da personalidade humana; o cidado vir depois. Por isso, quando no terceiro ato Lus encontra a filha j cadver, e prorrompe em exclamaes e soluos, o corao chora com ele, e a memria, se a memria pode dominar tais comoes, nos traz aos olhos a bela cena do rei Lear, carregando nos braos Cordlia morta. Quem os compara no v nem o rei nem o escravo: v o homem. Cumpre mencionar outras situaes igualmente belas. Entra nesse nmero a cena da priso dos conjurados no terceiro ato. As cenas entre Maria e o governador tambm so dignas de meno, posto que prevalece no esprito o reparo a que V. Ex. aludiu na sua carta. O corao exigira menos valor e astcia da parte de Maria; mas, no verdade que o amor vence as repugnncias para vencer os obstculos? Em todo o caso uma ligeira sombra no empana o fulgor da figura. As cenas amorosas so escritas com paixo; as palavras saem naturalmente de uma alma para outra, prorrompem de um para outro corao. E que contraste melanclico no aquele idlio s portas do desterro, quando j a justia est prestes a vir separar os dois amantes!

  • Dir-se- que eu s recomendo belezas e no encontro senes? J apontei os que cuidei ver. Acho mais duas ou trs imagens que me no parecem felizes; e uma ou outra locuo susceptvel de emenda. Mas que isto no meio das louanias da forma? Que as demasias do estilo, a exuberncia das metforas, o excesso das figuras devem obter a ateno do autor, coisa to segura que eu me limito a mencion-las; mas como no aceitar agradecido esta prodigalidade de hoje, que pode ser a sbia economia de amanh? Resta-me dizer que, pintando nos seus personagens a exaltao patritica, o poeta no foi s lio do fato, misturou talvez com essa exaltao um pouco do seu prprio sentir. a homenagem do poeta ao cidado. Mas, consorciando os sentimentos pessoais aos dos seus personagens, intil distinguir o carter diverso dos tempos e das situaes. Os sucessos que em 1822 nos deram uma ptria e uma dinastia, apagaram antipatias histricas que a arte deve reproduzir quando evoca o passado. Tais foram as impresses que me deixou este drama viril, estudado e meditado, escrito com calor e com alma. A mo inexperiente, mas a sagacidade do autor supre a inexperincia. Estudou e estuda; e um penhor que nos d. Quando voltar aos arquivos histricos ou revolver as paixes contemporneas, estou certo que o far com a no na conscincia. Est moo, tem um belo futuro diante de si. Venha desde j alistar-se nas fileiras dos que devem trabalhar para restaurar o imprio das musas. O fim nobre, a necessidade evidente. Mas o sucesso coroar a obra? um ponto de interrogao que h de ter surgido no esprito de V. Ex.. Contra estes intuitos, to santos quanto indispensveis, eu sei que h um obstculo, e V. Ex. o sabe tambm: a conspirao da indiferena. Mas a perseverana no pode venc-la? Devemos esperar que sim. Quanto a V. Ex., respirando nos degraus da nossa Tijuca o hausto puro e vivificante da natureza, vai meditando, sem dvida, em outras obras-primas com que nos h de vir surpreender c embaixo. Deve faz-lo sem temor. Contra a conspirao da indiferena, tem V. Ex. um aliado invencvel: a conspirao da posteridade.