literatura - pré-vestibular impacto - as gerações - social condoreira (castro alves)

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KL 170408 As Gerações – Social Condoreira (Castro Alves) FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!! PROFº: ANÍSIO Fale conosco www.portalimpacto.com.br VESTIBULAR – 2009 CONTEÚDO A Certeza de Vencer 07 1 Terceira Geração Romântica – Abolicionista. Hugoana ou Condoreira Condoreirismo foi um momento da literatura romântica em que os poetas passaram a se preocupar com questões sociais, abolicionistas e republicanas. Foi uma poesia mais engajada e que propunha uma boa dose de espírito libertário, por isso o símbolo do Condor para a geração. Esto geração também pode ser chamada de Hugoana, devido à influência estética do escritor francês Victor Hugo. As características principais são: • Poesia de cunho social • Poesia de cunho libertário • Tematizava a questão abolicionista • Uso comum de hipérboles e visão grandiosa da vida • A mulher era vista de maneiro carnal • Sensualismo no tratamento Iírico-amoroso • Uso de palavras grondiloqüentes Texto I: a) Poesia Lírico - Amorosa: Adormecida. “Uma noite, eu me lembro... EIa dormia Numa rede encostada molemente... Quase aberto o roupão...solto o cabelo E o pé descalço no tapete rente. (..) E o ramo ora chegava, ora afastavo-se... Mas quando a via despertada a meio, Pra não zangá-la...sacudia alegre Uma chuva de pérolas no seio... Eu, fitando esta cena, repetia Naquela noite lânguida e sentida: "Ó flor! - tu és a virgem das campinas! Virgem - tu és a flor da minha vida!.-." Ó flor! - tu és a virgem das campinas! Virgem - tu és o flor da minha vida!..." Texto II: Veux-tu donc partir? Lejour est encore éloigné; C'était lê rossignol et non pás l’alouette, Dont le chant a frappé ton oreille inquiete; II chante Ia nuit sur les branches de ce grenadier, Crois-moi, cher ami, c'était lê rossignol, Shakespeare Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora. A lua nas janelas bate em cheio. Boa-noite, Maria! È tarde... é tarde... Não me apertes assim contra teu seio, Boa-noite!.., E tu me dizes - Boa-noite, Mas não digas assim por entre beijos... Mas não ma digas descobrindo o peito, - Mar de amor onde vagam meus desejos, Julieta do céu! Ouve... a calhandra Jé rumoreja o canto da matina. Tu dizes que eu menti?.,, pois foi mentira.. ... Quem cantou foi teu hálito, divina! Se a estrela-d'alva os derradeiros raios Derrama nos jardins do Capuleto, Eu direi, me esquecendo dá alvorada: "É noite ainda me teu cabelo preto..." É noite ainda! Brilha na cambraia - Desmanchado o roupão, a espádua nua – O globo de teu peito entre os arminhos Como entre as névoas se balouça a lua... É noite, pois! Durmamos, Julieta! Recende a alcova ao trescalar das flores, Fechemos bobre nós estas cortinas.,. - São as asas do arcanjo dos amores. Castro Alves Texto III: Onde vais à tardezinha, Mucama tão bonitinha, Morena flor do sertão? A grama um beijo te furta Por baixo da saia curta, Que a perna te esconde em vão... Mimosa flor das escravas! O bando das rolas bravas Voou com medo de ti!... Levas hoje algum segredo... Pois te voltaste com medo Ao grito do bem-ta-vi! Serão amores deveras? Ah! quem dessas primaveras Pudesse a flor apanhar! E contigo, ao tom d'aragem, Sonhar na rede selvagem... A sombra do azul palmar! Bem feliz quem na viola Te ouvisse a moda espanhola Da lua ao frouxo clarão... Com a luz dos astros — por círios, Por leito — um leito de lírios. E por tenda — a solidão!" (ALVES, Castro. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 315) O

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KL 170408

As Gerações – Social Condoreira (Castro Alves)

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

PROFº: ANÍSIO

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CONTEÚDO

A Certeza de Vencer

07

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Terceira Geração Romântica – Abolicionista. Hugoana ou Condoreira

Condoreirismo foi um momento da literatura romântica em que os

poetas passaram a se preocupar com questões sociais, abolicionistas e republicanas. Foi uma poesia mais engajada e que propunha uma boa dose de espírito libertário, por isso o símbolo do Condor para a geração.

Esto geração também pode ser chamada de Hugoana, devido à influência estética do escritor francês Victor Hugo. As características principais são: • Poesia de cunho social • Poesia de cunho libertário • Tematizava a questão abolicionista • Uso comum de hipérboles e visão grandiosa da vida • A mulher era vista de maneiro carnal • Sensualismo no tratamento Iírico-amoroso • Uso de palavras grondiloqüentes Texto I: a) Poesia Lírico - Amorosa: Adormecida. “Uma noite, eu me lembro... EIa dormia Numa rede encostada molemente... Quase aberto o roupão...solto o cabelo E o pé descalço no tapete rente. (..) E o ramo ora chegava, ora afastavo-se... Mas quando a via despertada a meio, Pra não zangá-la...sacudia alegre Uma chuva de pérolas no seio... Eu, fitando esta cena, repetia Naquela noite lânguida e sentida: "Ó flor! - tu és a virgem das campinas! Virgem - tu és a flor da minha vida!.-." Ó flor! - tu és a virgem das campinas! Virgem - tu és o flor da minha vida!..." Texto II:

Veux-tu donc partir? Lejour est encore éloigné; C'était lê rossignol et non pás l’alouette, Dont le chant a frappé ton oreille inquiete; II chante Ia nuit sur les branches de ce grenadier, Crois-moi, cher ami, c'était lê rossignol,

Shakespeare

Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora. A lua nas janelas bate em cheio. Boa-noite, Maria! È tarde... é tarde... Não me apertes assim contra teu seio,

Boa-noite!.., E tu me dizes - Boa-noite, Mas não digas assim por entre beijos... Mas não ma digas descobrindo o peito, - Mar de amor onde vagam meus desejos, Julieta do céu! Ouve... a calhandra Jé rumoreja o canto da matina. Tu dizes que eu menti?.,, pois foi mentira.. ... Quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela-d'alva os derradeiros raios Derrama nos jardins do Capuleto, Eu direi, me esquecendo dá alvorada: "É noite ainda me teu cabelo preto..."

É noite ainda! Brilha na cambraia - Desmanchado o roupão, a espádua nua – O globo de teu peito entre os arminhos Como entre as névoas se balouça a lua...

É noite, pois! Durmamos, Julieta! Recende a alcova ao trescalar das flores, Fechemos bobre nós estas cortinas.,. - São as asas do arcanjo dos amores.

Castro Alves

Texto III:

Onde vais à tardezinha, Mucama tão bonitinha, Morena flor do sertão? A grama um beijo te furta Por baixo da saia curta, Que a perna te esconde em vão...

Mimosa flor das escravas! O bando das rolas bravas Voou com medo de ti!... Levas hoje algum segredo... Pois te voltaste com medo Ao grito do bem-ta-vi!

Serão amores deveras? Ah! quem dessas primaveras Pudesse a flor apanhar! E contigo, ao tom d'aragem, Sonhar na rede selvagem... A sombra do azul palmar! Bem feliz quem na viola Te ouvisse a moda espanhola Da lua ao frouxo clarão... Com a luz dos astros — por círios, Por leito — um leito de lírios. E por tenda — a solidão!" (ALVES, Castro. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986,

p. 315)

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FAÇO IMPACTO – A CERTEZA DE VENCER!!!

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2009

Texto IV:

“A primeira vez que eu fitei Teresa, Como as palhas que arrasta a correnteza, A valsa nos levou aos giros seus... E amamos juntos... E depois na sala ‘Adeus' eu disse a tremer co'a fala... E ela, corando, murmurou-me: 'adeus'. Uma noite...entreabriu-se um reposteiro... E da alcova saía um cavaleiro Inda beijando uma mulher sem véus... Era eu.... Era a pálida Teresa! Adeus' lhe disse conservando-a presa... E ela entre beijos murmurou-me: 'adeus!' Passaram tempos... Séculos do delírio Prazeres divinais... Gozos do empíreo... ..Mas um dia volvi aos lares meus, Partindo eu disse - 'voltarei!... Descansa!...' Ela, chorando mais que uma criança, Ela em soluços murmurou-me: 'adeus!' Quando voltei... Era o palácio em festa!... E a voz 'ela e de um homem lá na orquestra Preenchiam de amor o azul dos céus Entrei!... Ela me olhou branca—surpresa! Foi a última vez que eu vi Teresa!... E ela arquejando murmurou-me: 'adeus!'" Texto V: b) Poesia Social: Era um sonho dantesco!... tombadilho Que das luzernas avermelho o brilho, Em sangue o se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo as tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras, moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoas vãs! E rir-se a orquestra irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Se o velho arqueja... se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala E voam mais e mais... Preso nos elos de uma só cadeia, A multidão faminto cambaleia E chora e dança ali... Um de raiva delira, outro enlouquece... Outro, que de martírios embrutece, Cantando, geme e ri... No entanto o capitão manda a manobra. E após fitando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros; "Vibrai o rijo chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!...” E ri-se o orquestra irônica, estridente...

E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Qual num sonho dantesco as sombras voam!... Gritos, ais, maldições, preces ressoam! E ri-se satanás!... Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vos. Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus... Ó mar! por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas Do teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares,tufão! Texto VI: Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto!... Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!... Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais!... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares! COMENTÁRIOS: