a cruz da estrada (castro alves)

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A CRUZ DA ESTRADA (Castro Alves)

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Trabalho escolar.

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A CRUZ DA ESTRADA

(Castro Alves)

CAMINHEIRO que passa pela estrada,

Seguindo rumo ao sertão,

Quando vires a cruz abandonada,

Deixe-a em paz dormir na solidão.

Que vale o ramo do alecrim cheiroso

Que lhe atiras nos braços ao passar?

Vais espantar o bando buliçoso

Das borboletas, que lá vão pousar.

Deixa-o dormir no leito de verdura,

Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs.

É de um escravo humilde sepultura,

Foi-lhe a vida o velar da insônia atroz.

Não precisa de ti. O gaturamo

Geme, por ele, à tarde, no sertão.

E a juriti, do taquaral no ramo

Povoa, soluçando a solidão.

Dentre os braços da cruz, a parasita,

Num abraço de flores, se prendeu.

Chora orvalhos a grama, que palpita;

Lhe acende o vaga-lume o facho seu.

Prende-se a voz na boca das cascatas,

E as asas de ouro aos astros lá nos céus.

Quando, à noite, o silêncio habita as matas,

A sepultura fala a sós com Deus.

Caminheiro! do escravo desgraçado

Há pouco a liberdade o desposou.

Não lhe toques no leito de noivado

O sono agora mesmo começou!

CRÉDITOS:

- Poema: “A Cruz da Estrada” (Castro Alves)

- Arte visual (desenho e pintura): alunos do 1.º Ano C, Ensino Médio, turno noturno, da E. E. “Celestino Nunes”, de Paineiras-MG, no ano letivo 2012.

- Música: MP3 “Ao Entardecer” (Domínio Público) – disponível em http://palcomp 3.com/martonioteofilo/#! /entardecer-piano

- Organização: Prof.ª Arlete C. de Jesus.