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CASOS DE DIREITO INTERNACIONAL Es t á a ser ne g o c iada en t re vários Estad o s uma convenção para controlar acriação e comercialização de cães de raças perigosas. Vai decorrer a reuniãofinal. O Estado A faz-se representar pelo seu Director-Geral da Veterinária,q ue se esqueceu, daquela ve z, de levar a carta de plenos poderes. Podeassinar o te xt o da conv en çã o? E que valor terá essa assinatura? Resolução: Na Convenção em análise pretendia-se negociar a respeito do controlo da criação e comercialização decães de raças perigosas. Sendo o estado A representado pel seu Director Geral de veterinária, que seteria esquecido de levar a carta de plenos poderes . Comecemos por analisar as questões juridicamente relevantes. Convenção é outra forma de designar um tratado. Tratado é de acordo com o disposto no artigo 1ºalínea a) da CVDT um acordo internacional concluido por escrito entre Estados e regido pel o DIP, querseja con signado num instrumento unico, quer em dois ou mais instrumentos conexos, e qualquer queseja a sua denominação particular. Estamos portanto um acordo internacional escrito entre Estados que se rege pelo DIP. Para o efeito da reunião de conclusão do Tr atado o Estado A fazia reresentar-se pelo seu DGV, or gão aquem não se reconhecem plenos poderes origin ários (apenas reconhecidos aos chefes de Estado, chefesdos governos e ministros dos necios es tr angeiros, chef es de missão diplomática, de acordo com odisposto no artigo 7, nº 2 alíneas a e b), motivo pelo qual teria de ser acreditado através de umdocumento emanado pela autoridade competente do Estado em ques tão oara poder represent ar oEs tado na negoci ação, documen to esse des ignado de plenos pod eres. Aconteceu que o agente emquestão não tinha em sua posse o referido documento, por se ter esquecido de o levar Podemos levantar aqui duas questões: - Se resultasse da prática dos Estados interessados, ou de outr as circunstâncias, considerar orepresentante em questão, como decorre da alínea b) do artigo 7º nº 1 da CVDT, poder-se-ia prescindirda declaração dos plenos poderes, ficando no entanto a validade do acto de assinatura sujeita aconfirmação posterior (nos termos do artigo 8º da CVDT), sob pena de não se produzirem os efeitosjurídicos do  Tratado.  em questão ao valor da assinatura. À partida, não estamos, porque não é dito que assim seja, perante um acordo sob forma simplificada, que por caracteristicas intrínsecas implica que a vinculaçãoé feita apenas por meio da simples assinatura. Logo a assinatura, sendo ad referendum, teria os normaise feitos, abrindo a po ssibilidade de

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CASOS DE DIREITO INTERNACIONAL

Está a ser negociada entre vários Estados umaconvenção para controlar acriação e comercialização de cãesde raças perigosas. Vai decorrer a reuniãofinal. O Estado A faz-serepresentar pelo seu Director-Geral da Veterinária,que seesqueceu, daque la vez , de l evar a car ta de p lenospo deres . Pode assinar o texto da convenção? E que valor teráessa assinatura?

Resolução:Na Convenção em análise pretendia-se negociar a respeito do controlo dacriação e comercialização decães de raças perigosas. Sendo o estado Arepresentado pel seu Director Geral de veterinária, que seteria esquecido delevar a carta de plenos poderes .

Comecemos por analisar as questões juridicamente relevantes.

Convenção é outra forma de designar um tratado. Tratado é de acordo como disposto no artigo 1ºalínea a) da CVDT um acordo internacional concluidopor escrito entre Estados e regido pelo DIP, querseja consignado numinstrumento unico, quer em dois ou mais instrumentos conexos, e qualquerqueseja a sua denominação particular.

Estamos portanto um acordo internacional escrito entre Estados que se regepelo DIP.

Para o efeito da reunião de conclusão do Tratado o Estado A fazia

reresentar-se pelo seu DGV, orgão aquem não se reconhecem plenospoderes originários (apenas reconhecidos aos chefes de Estado, chefesdosgovernos e ministros dos negócios estrangeiros, chefes de missãodiplomática, de acordo com odisposto no artigo 7, nº 2 alíneas a e b),motivo pelo qual teria de ser acreditado através de umdocumento emanadopela autoridade competente do Estado em questão oara poder representaroEstado na negociação, documento esse designado de plenos poderes.Aconteceu que o agente emquestão não tinha em sua posse o referidodocumento, por se ter esquecido de o levar

Podemos levantar aqui duas questões:

- Se resultasse da prática dos Estados interessados, ou de outrascircunstâncias, considerar orepresentante em questão, como decorreda alínea b) do artigo 7º nº 1 da CVDT, poder-se-ia prescindirdadeclaração dos plenos poderes, ficando no entanto a validade do actode assinatura sujeita aconfirmação posterior (nos termos do artigo 8ºda CVDT), sob pena de não se produzirem os efeitosjurídicos do

 Tratado.

 Já em questão ao valor da assinatura. À partida, não estamos, porquenão é dito que assim seja, perante um acordo sob forma simplificada,que por caracteristicas intrínsecas implica que a vinculaçãoé feita

apenas por meio da simples assinatura. Logo a assinatura, sendo adreferendum, teria os normaisefeitos, abrindo a possibilidade de

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vinculação ao tratado, autenticando e datando o documento. Ficandoosefeitos de viculação remetidos para momento posterior após aaprovação, aceitação ou ratificação do Tratado.

Em 29.11.2009 tem lugar em Dakar uma reunião dosMinistros dos NegóciosEstrangeiros de um conjunto de paísesafricanos com vista à negociação de umt rat ad o so br ecooperação po l i c i a l na á rea da l u ta cont r a oterrorismointernacional. O Ministro dos NegóciosEstrangeiros de Angola teve de seausentar no decurso dasnegociações, ficando este país representado peloVice-Ministroda mesma pasta.

Resolução:

O Tratado em questão tem como objectivo a negociação d eum tratado

sobre cooperação policial naárea da luta contra o terrorismo Internacional.São partes no Tratado um conjunto de países africanos,de que faz partenomeadamente Angola.

O MNE teve de se ausentar no decurso das negociações, ficandorepresentado pelo Vice-Ministro dos NE.

Alisemos as questões de relevo.:

 Tratado - De acordo com o disposto no artigo 1º alínea a) da CVDT umacordo internacional concluidopor escrito entre Estados e regido pelo DIP,quer seja consignado num instrumento unico, quer em doisou mais

instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua denominação particular.

Estamos portanto um acordo internacional escrito entre Estados que se regepelo DIP.

Angola faz-se representar pelo seu MNE e Vice – Ministro NE.

De acordo com o artigo 7º nº 2 alínea a) da CVDT o MNE é consideradorepresentante do Estado porinerência das suas funções e está dispensadoda apresentação da declaração de plenos poderes. Já oVice Ministro dosNegócios Estrangeiros de Angola, apesar de em termos de Direito Interno

dos Estadosse assumir como reconhecido substituto do MNE, em termos deDireito Internacional assim não éreconhecido, pelo que teria de seracreditado (através de nota diplomática ou similar) comorepresentante doestado de Angola nas negociações. Sabemos no entanto (porque nos é dito),queestava MNE e VMNE presentes na reunião o que nos leva a subsumir queseria reconhecido comorepresentante acreditao do Estado de Angolaprescindindo da carta de plenos poderes.

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Em Outubro de 2006 decorre em Brasília uma conferênciainternacional comvista à criação de uma organização internacionalde cooperação em matériade conservação do património cultural,na qual participam 36 países, entre osquais Portugal, que se fezrepresentar pelo seu embaixador no Brasil. O textofinal daconvenção que institui a organização internacional em causaéaprovado com 22 votos a favor e 14 votos contra, e é assinadopelosrepresentantes de 22 dos Estados presentes, entre os quaisse contou o representante de Portugal.

Resolução:

Na Conferência Internacional em questão pretendia-se criar umaOrganização Internacional decooperação em matéria de conservação dopatrimónio cultural.

Analizemos passo a passo todas as questões relevantes para o Direito

Internacional.

Uma organização Internacional é nos termos do artigo 2º nº 1, alínea i) daCVDT uma organizaçãointergovernamental, ou seja uma organizaçãocomposta por dois ou mais governos com vista a umdeterminado fim. Nestecaso sabemos estarem representados 36 governos, pelo que podemosassumir àpartida que o objecto desta conferência internacional seria criaruma organização internaionalcomposta por representantes dos 36governos,ou pelo menos pelos 36 reconhecida. Mas veremos adiantese issose verifica.

Portugal faz-se representar pelo seu embaixador no Brasil.

Para averiguar da legitimidade do Mebaixador do Brasil enquantorepresentante do Estado portuguêstemos de analizar as váriaspossibilidades de representação, tendo em conta que não é mencionadonoenunciado (e por isso se presume que não exista) declaração de plenospoderes, atendendo igualmenteà especificidade da convenção.

Sabemos que o Chefe de Estado, Chefe de Governo e MNE dispõem deplenos poderes para a realizaçãode quaisquer actos no âmbito de tratado(artigo 7º, nº 2 alínea a) da CVDT), mas assim não é em termosdo âmbito deConferência Internacional atendendo precisamente à sua especificidade.

 Temos então deconsiderar a hipótese de se enquadrar nas situações emque chefes de missão diplomática podemrepresentar os Estadosprescindindo da apresentação dos plenos poderes se esta for uma situaçãodeadopção do texto de um tratado entre o Estado acreditante e o Estadoreceptor, como deriva do artigo7º nº 2 alínea b) da CVDT, e que não severifica no caso em análise.

Falta-nos portanto analizar a questão à luz da alínea c) do nº 2 do mesmoartigo, que nos diz que podemprescindir da declaração de plenos poderes osrepresentantes acreditados dos Estados numa conferênciainternacional ou

 junto de uma organização internacional ou de um dos seus órgãos, para aadopção dotexto de um tratado nessa conferência, organização ou órgão.

É este o artigo a aplicar. Temos então de abrir aqui duas possibilidades.

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Ou o Embaixador tinha sido antecipadamente acreditado através de notadiplomática ou documentosemelhante e podemos aplicar o artigo 7, nº 2alínea c) da CVDT, ou temos de solucionar a questão com base naconjugação do artigo 7 nº 1 alínea b) com o artigo 8º da CVDT, ficando poisa concretização dosefeitos juridicos da assinatura dependente doreconhecimento posterior da mesma pelo EstadoPortuguês. No que toca ao conteudo do tratado celebrado na convenção Internacionalcom vista à criação da OI:

A CVDT diz-nos no seu artigo 5 que se aplica a qualquer tratado que sejaacto constitutivo de uma Organização Internacional e a qualquer tratadoadoptado no âmbito de uma organização internacional,sem prejuizo dasnormas aplicáveis da organização.

Daqui retiramos duas concretizações:

- Por interpretação, concluimos que é possivel através de um tratado criaruma organizaçãointernacional (qualquer tratado que seja acto constitutivode uma Organização Internacional)

- Que à organização criada através da convenção em questão seaplicariam as disposições da CVDT paraalém dos seus própriosestatutos.

Analisando agora a questão da votação: fala-se no texto que odocumento final da convenção queinstituia a organização internacionalteria sido aprovado com 22 votos a favor e 14 votos contra tendosidoassinados pelos representantes dos 22 estados presentes, entre os quaiso representante de Portugal.

Verificamos a existência de maioria absoluta (61,1%) a favor da criaçãoda OI., sendo que de acordocom a CVDT a adopção do texto do Tratadose efecutaria (artigo 9º nº 2) por maioria de dois terços dosparticipantesna sua elaboração, a não ser que se decidisse por igual maioria aplicaruma regradiferente. Ora nada tendo sido dito no texto a esse respeito,temos que considerar que a assinatura doTratado por 22 dos Estadospresentes (não sabemos se são, mas presumimos que sejam os quevotaram afavor do texto) foi feita não respeitando a regra da maioria.

Assim sendo, dever-se-ia realizar nova votação até que se obtivesse umresultado conforme à regra.

Mas isto não invalidaria uma tentativa por parte dos 22 estados a favorde reunir novamente no sentidode aprovar a criação da OI semintervenção dos 14 estados contra, o que seguramente resultariaemunanimidade da votação.

Não podemos exactamente falar em erro, nem em fraude, podemos falarapenas num incidente queoriginaria inevitavelmente um afastamentodos Estads contrários à criação da OI, dado que estas nãopodem ser

criadas sob reservas e sem respeito à maioria.

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Ora o que aqui sucede não é exactamente assim. Na própria conferênciade adopção da OI, se verifica aassinatura do Tratado de criação pelos 22Estados a favor, sem qualquer manifetsação posterior (quetambém nãoteria de existir) dos 14 Estados contra.

Será defensável dizer que assim tenha sido por uma questão deeconomia de esforços, já queinevitavelmente havendo uma maioria, esendo possivel reunir posteriormente e instituir a OI, não serianecessárioprotelar esse fenómeno no tempo.

DIREITO CONSTITUCIONAL I – FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DELISBOACASOS PRATICOS COM SOLUÇÃO PROPOSTA POR PEDRO PINTO –

ALUNO - 2011/12 – NÃO CORRIGIDOS-----I. CASOS PRÁTICOS DE DIREITODA NACIONALIDADE (DECRETO-LEI N.º 308-A/75)

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CASO N.º 1

António e Maria, nascidos em Barcelos, fixam residência em Luandaem 1870. Os seus bisnetos, nascidos em váriospontos do territórioda então Província de Angola, conservarão a nacionalidadeportuguesa depois da independência deAngola, em 1975?

Resolução Caso n.º 1

António e Maria nascidos em Barcelos, território português, são cidadãosportugueses à luz do Artigo 7.º da CartaConstitucional de 1826, CartaConstitucional em vigor pelo seu terceiro período que ocorreu de 1842 até1910.

Este casal fixa residência em Luanda em 1870.

Os bisnetos são descendentes de António e Maria, sendo que a sua relaçãode parentesco dos primeiros com ossegundos é de descendentes em 3.ºgrau em linha recta, nos termos do Artigo 1579.º e seguintes do Código Civil(emrigor de Direito, seria o artigo correspondente do CC vigente à data daindependência).

Angola obteve independência em 11 de Novembro de 1975.

Os bisnetos do casal, nascidos no território da então província de Angola,mais propriamente nascidos antes da data deindependência, conservam anacionalidade portuguesa nos termos do disposto do n.º 2 articulado com on.º 1 doArtigo 1.º do Decreto-Lei n.º 308-A/75 de 24 de Junho, sendo que

são “descendentes até ao terceiro grau” de cidadãoportuguesesdomiciliados em território ultramarino tornado independente.

No entanto, conforme a parte final do mencionado n.º 2 do Artigo 1.º, noprazo de dois anos após a independência,existe a possibilidade de renunciaao direito da conservação da nacionalidade portuguesa, desde que sendomaiores ouemancipados ou pelos seus representantes legais caso sejaincapaz, expressem que não querem ser portugueses.

CASO N.º 2 Joaquim nasceu em Bissau em 1957, filho, neto e bisneto depessoas nascidas no território da Província da Guiné.Prestouserviço militar no Exército português, na luta contra o PAIGC.Poderá conservar a nacionalidade portuguesadepois da

independência da Guiné-Bissau?

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Resolução Caso n.º 2

 Joaquim nasceu em 1957, em Bissau – território da então Província daGuiné.Joaquim não é filho nem descendente de cidadão português, pelomenos até ao 3.º grau de parentesco em linha recta, já que seu pai, avô ebisavô nasceram em Bissau, caso o fosse permitiria a conservação danacionalidade à luz do Artigo1.º do Decreto-Lei n.º 308-A/75.

 Joaquim, por sua vez, à data da 25 de Abril de 1974, presume-se que nãoreside em Portugal pelo menos à cinco anos,caso o fosse permitir-lhe-iaconservar a nacionalidade portuguesa, podendo na altura ter invocado aalínea a) do n.º 1do Artigo 2.º do mesmo diploma legal, para esse efeitodisporia de dois anos para requerer.

No entanto, “em casos especiais devidamente justificados” conforme oArtigo 5.º do mencionado diploma, prevê-se apossibilidade de o Concelho deMinistros determinar a conservação da nacionalidade portuguesa a

indivíduo ouindivíduos nascidos em território ultramarino, em situações nãoprevistas no próprio Decreto-Lei 308-A/75,dispensando em parte ou todosrequisitos previstos na base XII da Lei n.º 2098, de 29 de Julho de 1959,diploma quedeterminava as bases sobre atribuição e aquisição denacionalidade e que na altura de 1974 estava em vigor.

Deste modo, tendo em conta que Joaquim esteve integrado no ExercitoPortuguês, e que lutou contra o PAIGC (partidoimpulsionador do movimentode libertação da Guiné-Bissau), pode esse facto ser levado em ponderação eserconsiderado como um facto de ter prestado um “serviço relevante aoEstado Português”, conforme dispõe a Base XIIIda Lei n.º 2098 e que porsua vez o dispensa da obrigatoriedade de ter domicilio em Portugal,

conforme exigido naalínea f) da Base XII.

Assim, conforme anteriormente mencionado, pode o Joaquim neste contextorequerer a conservação da nacionalidadeportuguesa nos termos doparágrafo anterior, invocando o Artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 308-A/75articulado com aBase XII e XIII da Lei n.º 2098, de 29 de Julho de 1959.

Face ao requerimento, o “Conselho de Ministros, directamente ou pordelegação sua, poderá determinar aconservação da nacionalidadeportuguesa” (5.º do Decreto-Lei n.º 308-A/75).

CASO N.º 3 José e Adelina, casados um com o outro, nasceram em Quelimane,na Província de Moçambique, sendo filhos, netos ebisnetos depessoas nascidas em Moçambique. Em 1968, José fixa residênciaem Lisboa, por motivos profissionais,permanecendo em QuelimaneAdelina com os dois filhos do casal, Manuel, nascido em 1955, e João, nascido em 1960.Conservam a nacionalidade portuguesa

depois da independência de Moçambique?

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E se tivesse sido Adelina a fixar residência em Lisboa, e não José?

E se não fossem casados, vivendo apenas em união de facto?

Resolução Caso n.º 3

 José e Adelina, nasceram em Quelimane, na então Província deMoçambique.

São casados.

Não são descendentes de cidadão português, pelo menos até ao 3.º grau deparentesco em linha recta, já que seuspais, avós e bisavós nasceram emMoçambique, caso o fossem, permitir-lhes-ia a conservação danacionalidadeportuguesa à luz do Artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 308-A/75.Em1968, José fixou residência em Portugal, por motivos profissionais. Assim àdata de 25 de Abril de 1974, José éconsiderado cidadão nascido em

território ultramarino tornado independente e encontra-se domiciliado emPortugalhá mais de cinco anos, conforme dispõe a alínea a) do n.º 1 doArtigo 2.º do Decreto-Lei n.º 308-A/75.

Deste modopode requerer a conservação da nacionalidade portuguesa esegundo o n.º 2 do mesmo Artigo e diploma legal, Josétem dois anos pararequerer. A concessão da conservação da nacionalidade estende-setambém à Adelina e filhosmenores, deste modo à data da independência deMoçambique em 1975, o segundo filho, (João) que teria 15 anos epoderiaconservar a nacionalidade portuguesa, no caso do filho primogénito(Manuel) já não, pois este à data de 1975era maior de idade (20 anos deidade).

Caso tivesse sido Adelina a fixar a residência em Portugal, não seria possívelconservarem a nacionalidade portuguesa,nem o casal nem os filhos, já queà luz do disposto da alínea b) do n.º 1 do Artigo 2.º Decreto-Lei n.º 308-A/75, refere-se “A mulher e os filhos menores dos indivíduos referidos naalínea anterior”, ora os indivíduos referidos na alíneaanterior são referidoscomo os “nascidos em território ultramarino”, logo implicitamente ostitulares do direito para requerer a conservação da nacionalidadeportuguesa correspondem exclusivamente ao marido. Acrescenta-seaindaque a exigência de pelo menos cinco anos de domicílio em Portugalantes de 1974 não é formalmente exigida à mulhernem aos filhos.

Caso não fossem casados, e vivessem em união de facto permitiriaconservar a nacionalidade portuguesa apenas a José e ao filhomenor, já que na mencionada alínea b) refere-se a “mulher” e não a“companheira”, logo ser se casado é condição sine qua non para que sejaextensível o disposto da b) do n.º 1 do Artigo 2.º., não era deste modopossívelcaso vivessem apenas em união de facto. Do mesmo modo, que senão fossem casados. (OBS- Neste ponto eu tenhoduvidas na parte que tocaà união de facto, já que no alínea b) do n.º 1 do Artigo 2º a lei prevê“mulher de” e na alíneaf) do n.º 1 do Artigo 1.º a lei prevê “mulher casada

com”, ora não me parece lógico ser exigido no Artigo 1.º paramulherescasadas, e no Artigo 2.º para mulheres num sentido mais amplo do que

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mulheres casadas, já queformalmente não é expresso ipsis verbis“mulheres casadas”, pelo que deste modo considerei a alínea b) do n.º 1doArtigo 2.º como mulheres casadas).

CASO N.º 4Fernando nasceu em Luanda em 1942, tendo sempre aí residido,mas não tem nem nunca teve nacionalidadeportuguesa – o seu paiera cônsul da França. Poderá agora, em 1975, adquiri-la, pelaaplicação do Decreto-Lei n.º 308-A/75?

Resolução Caso n.º 4

Fernando nasceu em Luanda em 1942, residiu sempre nessa localidade e éfilho de pai francês cônsul da França emAngola.

Deste modo, Fernando não preenche nenhum dos requisitos previstos pelo

Decreto-Lei 308-A/75, para que possaconservar a nacionalidade portuguesa,não é descendente nem de cidadão português conforme é previsto noArtigo1.º, nem descende de cidadão nascido em território ultramarino que àdata de 25/4/1974 residia à mais de cinco anosem Portugal.

Aliás, o DL 308-A/75 não é um diploma que regula a aquisição danacionalidade portuguesa, sobre essa matéria à datade 1975 estava emvigor a Lei de Bases da Nacionalidade Lei n.º 2098 de 29 de Julho de 1959 ecaso pretendesseaquisição de nacionalidade seria por este ultimo comandonormativo.

Face ao exposto, Fernando não adquire nem conserva a nacionalidade

Portuguesa por não se encontrar num dospressupostos do diplomainvocado.

II. CASOS PRÁTICOS DE DIREITO DA NACIONALIDADE (LEI N.º 37/81)

CASO N.º 1

A Senhora A, portuguesa, emigra para França em 1972. Casa aí como Senhor B, francês, e diplomata de profissão.

Em 1984 o Senhor B é colocado na Embaixada de França emPortugal, e o casal instala-se em Lisboa, onde nasce o seu 1.º filho,

C, em 1986.

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Em 1993 o Senhor B é colocado na Embaixada de França no Japão, ea família instala-se em Tóquio, onde nasce o 2.ºfilho, D, em 1994.

Em 1999 o Senhor B desvincula-se da carreira diplomática e fixaresidência com a sua família em Macau, onde nasce o 3.º filho, E,em 2000.

Em 2005 a Senhora A e o Senhor B divorciam-se.

Em 2008 a Senhora A casa com o Senhor F, chinês, que em 2010 faza declaração para aquisição da cidadaniaportuguesa.

Nesse mesmo ano, idêntica declaração é feita pelo Senhor B.

Resolução Caso n.º 1

A Senhora A, portuguesa, ao casar com um cidadão francês, é lhe aplicado o

diploma da nacionalidade vigente naaltura, que não era a Lei n.º 37/81 massim a Lei n.º 2098 de 29 de Julho de 1959, na qual prevê na sua alínea c) daBaseXVIII, que a mulher portuguesa que case com estrangeiro, perde anacionalidade portuguesa, salvo se não adquirir anacionalidade do maridoou até a celebração do casamento declarar que pretende manter anacionalidade portuguesa,o que segundo os dados do enunciado não émencionado, presumo que não terá efectuado tal declaração.

Em 1984, senhor B, cidadão estrangeiro, casado com cidadã francesanascida em território português, estando aresidirem em Portugal, permiteao seu 1.º filho C, nascido em 1986, ser considerado cidadão português deorigem, à luzdo disposto da alínea d) do n.º 1 do Artigo 1.º que prevê essa

possibilidade aos indivíduos nascidos no territórioportuguês, filhos deestrangeiros tendo um dos progenitores nascido em Portugal e que residamem Portugal. Existetambém a possibilidade de o senhor B, pretender que ofilho C, venha a adquirir a nacionalidade francesa, que é a dosprogenitores,não optando pela portuguesa, em todo caso, quando o filho viesse a ganhara capacidade jurídica, poderia este solicitar a nacionalidade portuguesa,mas neste caso, seria português pela aquisição da nacionalidade peloefeitoda vontade, conforme Artigo 4.º do mesmo diploma legal.

Em 1993, a família constituída pelo Senhor B e Senhora A, ambos franceses,fixam-se em Tóquio, onde nasce o 2.º filho,D, que neste caso poderá

adquirir a nacionalidade francesa ou japonesa, à luz dos ordenamentos jurídicos daquelespaíses respectivamente, no entanto se o filho C preencheros cumulativamente os requisitos do Artigo 6.º da Lei 37/81alterada pela LeiOrgânica 2/2006, pode ser concedida pelo governo português anacionalidade portuguesa por naturalização. Os requisitos são: ser maior ouemancipado, residir legalmente em Portugal pelo menos há 6 anos,conhecersuficientemente a língua portuguesa e não ter sido condenado por sentençade crime com pena máximasuperior a 3 anos. O facto de o pai ter exercidoserviço de funcionário a estado estrangeiro não é oponível à aquisiçãodanacionalidade conforme prevista no Capitulo IV, já que neste caso aoposição só se aplica à aquisição por efeito davontade e pela adopção.

Em 1999, o casal francês fixa-se em Macau e o senhor B deixa de serfuncionário do estado francês. Aquele territóriotorna-se independente da

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administração portuguesa em 20 Dezembro de 1999. O filho do casal, E,nasce já em Macauterritório chinês, logo para que este venha adquirirnacionalidade portuguesa terá que ser pela via da naturalizaçãoconforme on.º 1 Artigo 6.º da Lei 37/81, no entanto, apesar de Macau ser territóriochinês, Macau possuiu uma larga comunidade de portuguesa, e deste modo,E, quando requerer a sua naturalização poderá a vir ser dispensadodepreencher os requisitos previstos na alínea b) e c) do n.º do Artigo 1.º,conforme é previsto no n.º 6 do mesmo Artigo.

Em 2005 o senhor B e senhora A divorciam-se, sendo que conformeconsignado no Artigo 30.º da Lei 37/81 com aredacção dada pela LeiOrgânica 2/2006, pode a senhora A, readquirir a sua nacionalidadeportuguesa, e para tal bastafazer declaração, não sendo neste casoaplicável a oposição por parte do Ministério Publico prevista nos Artigos 9.ºe10.º do mesmo diploma legal. A senhora A integra-se dentro dospressupostos do citado Artigo 30.º, pois havia perdidoa nacionalidadePortuguesa ao casar-se com o senhor B em 1973 nos termos da Lei 2098 de

29 de Julho de 1959. Aoreadquirir a nacionalidade Portuguesa nos termos doArtigo 30.º, a mesma produz efeitos desde a data do casamento(.º 2 doArtigo 30.º), esta possibilidade de reaquisição da nacionalidade portuguesapara a mulher casada com cidadãoestrangeiro existe desde que entrou emvigor a Lei 37/81.

Em 2008 a senhora A, já com a nacionalidade Portuguesa readquirida, casa-se com o senhor F de nacionalidade chinesa,e este em 2010 faz declaraçãode aquisição de nacionalidade Portuguesa, neste caso, e nos termos do n.º 1do Artigo 3.º da Lei 37/81, o senhor F tem a possibilidade de adquirir anacionalidade portuguesa pelo facto de ser ter casadocom nacionalportuguês, mas um dos requisitos para exercer esse direito, é de estar

casado pelo menos há 3 anos, onão é o caso, já que casou em 2008 e em2010 solicitou a declaração de aquisição, assim terá de esperar até 2011paraque possa prosseguir o processo de aquisição de nacionalidade,conforme dispõe o n.º 3 do Artigo do Artigo 3.º. Não obstante dapossibilidade de aquisição de nacionalidade pelo efeito da vontade pelocasamento com nacionalportuguês, poderá o senhor F, já em 2010 adquirira nacionalidade portuguesa pela naturalização, contudo, neste caso,teráque preencher cumulativamente todos requisitos do n.º 1 do Artigo 6.º, eum deles é residir em Portugal, e ao queparece este cidadão F reside emMacau, logo se devidamente fundamentado e comprovado, pode a vir aserdispensado desse requisito caso seja o senhor F membro da comunidade

de ascendência portuguesa existentes aindaem Macau território Chinês.Em 2010 o senhor B, de nacionalidade francesa, residente em Macau desde1999, declara que deseja adquirir anacionalidade Portuguesa, mas emvirtude de estar já divorciado da senhora A, o mesmo deixou de ter apossibilidadede adquirir a nacionalidade portuguesa pelo casamento à luzdo Artigo 3.º da Lei 37/81, também não reúnecumulativamente todos osrequisitos para ser naturalizado português, nomeadamente o requisito daresidência legalem Portugal há pelo menos 6 anos, nem preenche nenhumrequisito que lhe permita a dispensa da exigência da residência em Portugalconforme dispõe o Artigo 6.º do mesmo diploma legal. Deste modo não lheé aplicável a Lei37/81, porque não se enquadra em nenhuma das situações

previstas, não pode assim adquirir a nacionalidade Portuguesa.

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CASO N.º 2

O Senhor A, português, foi condenado em Portugal a uma pena deseis anos de prisão por espionagem. Pode serprivado da cidadaniaportuguesa? E pode ser expulso do território português, depois decumprida a pena?

Resolução Caso n.º 2

O Senhor A, é cidadão português, independentemente do instituto jurídicoque lhe determinou a nacionalidadeportuguesa, seja por atribuição, seja poraquisição por efeito da vontade, adopção ou naturalização.

Está consignado no Artigo 8.º da Lei 37/81 com a redacção que lhe foi dadapela Lei Orgânica 2/2006, que perdem anacionalidade portuguesa, oscidadãos que sejam nacionais de outro estado e que declarem que não

querem serportugueses. In casu, para que o senhor A perdesse anacionalidade portuguesa teria que o declarar expressamente deformavoluntária, e só o poderia declarar caso tivesse outra nacionalidade, esegundo os factos o mesmo não declarou,deste modo não pode de formaalguma que não seja a prevista no Artigo 8.º, - de um cidadão por motivo desentençater sido condenado a pena de prisão de 6 anos por ter cometidoum crime de espionagem -, ser privado da cidadaniaportuguesa. Para oestado português manifestar oposição da aquisição de nacionalidadereferente a pessoas que sejamcondenadas por práticas de crime com penamáxima superior a 3 anos à luz da alínea b) do Artigo 9.º do mesmodiploma, é apenas durante o processo de aquisição de cidadania e numprazo de um ano, não quando já o cidadão já écidadão português.

Alem do mais já explanado, o direito à cidadania é um dos direitosfundamentais consagrados na Constituição daRepublica Portuguesa, ondeno n.º 1 do seu Artigo 26.º refere entre outros direitos, que a todos sãoreconhecidos odireito à cidadania. Sendo que o estado subordina-se àConstituição conforme dispõe o n.º 2 do Artigo 3.º CRP e seuspreceitoslegais devem ser interpretados à luz da Declaração Universal dos Direitos

do Homem conforme dispõe o n.º 2do Artigo 16.º CRP, deste modo deve serponderado o Artigo 15.º da DUDH em que consagra que todo individuotemdireito à nacionalidade (n.º1) e que ninguém pode ser arbitrariamenteprivado da sua nacionalidade (n.º2).

Em conclusão, não prejudicando a responsabilidade penal e civil praticadospelo senhor A, cidadão português por crimede espionagem, não pode aocidadão português ser lhe privado de cidadania nem por esse motivo de serexpulso doterritório português.

CASO N.º 3

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A e B, uruguaios, fixam residência em Portugal em 1981.

Em 1991 nasce no Funchal o seu 1.º filho, C.

Em 2010 C é condenado a uma pena de 4 anos de prisão, por roubo.

Viveu em união de facto com D, portuguesa, desde 2008 até à datada sua prisão.

a) Pode C, por sua vontade, tornar-se cidadão português?

b) A sua resposta seria diversa se C tivesse nascido em Espanha?

c) Pode C prestar serviço militar nas forças armadas portuguesas?

Resolução Caso n.º 3

A e B, ambos da nacionalidade portuguesa, fixam residência em Portugalem 1981.

Em 1991, nasce no Funchal seu 1.º filho, C.

Em 2010 C é condenado a uma pena de 4 anos de prisão, por roubo. Viveuem união de facto com D, portuguesa, deste2008 até à data da sua prisãoem 2010.

a) Face ao enunciado, C, preenche todos os requisitos previstos paraatribuição de nacionalidade, à luz dodisposto da alínea e) do n.º 1 do

Artigo 1.º da Lei 37/81 alterada pela Lei Organica 2/2006, pois nasceuemterritório português, é filho de estrangeiros, à data de nascimentoseus progenitores residiam legalmente hámais de cinco anos emPortugal e para dar inicio à atribuição de nacionalidade deve ser opróprio individuo adeclarar, neste caso, quando tiver capacidade

 jurídica para exercer esse direito, o que é o caso pois C já émaior deidade. O facto de ter vivido em união de facto com D, portuguesa 2anos não importa para aaquisição de nacionalidade, pelo menosnaquela data, pois no Artigo 3.º do mesmo diploma legal exige 3anosem união de facto. O facto de ter cometido um crime com penasuperior a 3 anos, não interfere para o seupedido de aquisição de

nacionalidade, pois para os devidos efeitos ele é um cidadão denacionalidadeoriginária, com efeitos de atribuição de nacionalidadedesde o seu nascimento (Artigo 11.º Lei 37/81), sendoque neste casoo direito de oposição à aquisição da nacionalidade, nos termos doArtigo 9.º, só é aplicável noscasos de aquisição nacionalidade porefeito da vontade e adopção, e não nos casos de atribuição denacionalidade.

b) Caso tivesse nascido em Espanha, já C não poderia ser-lhe atribuído anacionalidade portuguesa à luz da alíneae) do n.º 1 do Artigo 1.º da Lei37/81, pois para tal teria de ter nascido obrigatoriamente em territórioPortuguês. Nesse caso, em virtude de residir em Portugal já há 19 anos,

apenas poderia naquela data adquirira nacionalidade pela aquisição damesma pela via da naturalização, nos termos do Artigo 6.º do

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mesmodiploma, mas neste caso em concreto, C não preenchia o requisitoda alínea d) daquele artigo, pois já haviasido condenado e a sentença haviatransitado em julgado por crime cuja pena máxima era superior a 3anos.Deste modo o seu pedido de naturalização iria ser rejeitadoliminarmente por não preenchimento derequisitos e não por oposição doMinistério Publico à luz do Artigo 6.º.

c) Sim, C, sendo português, independente da forma em que lhe determinoua nacionalidade, seja por atribuiçãoou por aquisição, o mesmo pode prestarserviço militar nas forças armadas portuguesas.

Para os indivíduos que prestaram serviço militar não obrigatório a estadoestrangeiro, constitui fundamentode oposição à aquisição de nacionalidade,conforme dispõe a alínea c) do Artigo 9.º da Lei 37/81, mas não é ocaso, Cnunca prestou serviço militar não obrigatório a estado estrangeiro.

Aliás, está consagrado no n.º 1 do Artigo 276.º da CRP que a defesa da

pátria é um direito e um dever fundamental de todos os portugueses,sendo que o n.º 2 do Artigo 275.º da CRP consigna que as forçasarmadascompõe-se exclusivamente de cidadãos portugueses e atendendo principiode igualdade previsto noArtigo 13.º CRP, deste modo, conclui-se que C,sendo cidadão português pode prestar serviço militar nas forçasarmadasportuguesas, é um direito e um dever fundamental que lhe assiste e nãopode ser descriminado deforma alguma ou privado de direitos em relaçãoaos outros cidadão portugueses baseado na sua ascendênciaou território deorigem.