casa magazine n13

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casa magazine Nº13 - Maio / Junho 2014 Director: Comendador José Ferreira Trindade LISBOA UMA CAPITAL DE REFERÊNCIA Preço: €2.50 Portugal despediu-se de Eusébio Portugal e o Luxemburgo sob o olhar dos seus embaixadores Cultura: “Les Portugais du Luxembourg“

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Revista oficial da associação C.A.S.A. no Luxemburgo.

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Page 1: CASA magazine n13

casa magazine

Nº13 - Maio / Junho 2014

Director: Comendador José Ferreira Trindade

LISBOAUMA CAPITAL DE REFERÊNCIA

Preço: €2.50

Portugal despediu-se de Eusébio

Portugal e o Luxemburgo sob o olhar dos seus embaixadores

Cultura: “Les Portugais du Luxembourg“

Page 2: CASA magazine n13
Page 3: CASA magazine n13

Bem-vindos!!!O C.A.S.A. Magazine dá-lhe as boas vindas a bordo da nossa revista! Acabámos de entrar numa outra fase da nossa vida editorial! Procuramos, sem turbulências, servir novas rotas. Temos um rumo traçado, conscientes da nossa missão de procurar servir diferentes públicos imbuídos de motivações distintas.Sendo a revista propriedade da Fundação C.A.S.A. (Centro de Apoio Social e Associativo) estaremos atentos ao que for “notícia“ na instituição, usu-fruindo, porém, de plena liberdade para abordar outros te-mas de interesse público que despertem a curiosidade de novos leitores.Os textos em bilingue (português e francês) são particular-mente dirigidos a um vasto público motivado para conhecer um pouco melhor a identidade sócio-cultural de Portugal e do Luxemburgo.Tratando–se de dois países amigos é natural que essa apro-ximação seja natural e espontânea, resultante, aliás, da pre-sença de um grande contingente de portugueses no Grão–Ducado. Pode mesmo dizer-se que a história do Luxemburgo passa, também, pelo nosso País, tal têm sido, ao longo dos tempos, as relações afectivas entre ambos os povos.São já de todos conhecidas as afinidades da família Grão–Du-cal a um Portugal que soube acolher, em devido tempo, al-guns dos seus membros, tal como o Luxemburgo tem sabido receber os portugueses que aqui estão a “fazer pela vida“, ao mesmo tempo que ajudam este país a crescer e a desenvol-ver–se graças à sua mão–de-obra.Neste contexto é interessante divulgar, sem complexos, o que temos de melhor para além do fado, folclore e gastrono-mia. Às vezes, aqui no Luxemburgo, tem havido a tentação de não dar a conhecer as potencialidades do nosso Portugal. Monumentos, museus, paisagens, personalidades, produtos e serviços, são, em parte, desconhecidos do povo luxembur-guês, tal como, de resto, nós portugueses, estamos, ainda, um pouco “às escuras“ a propósito da história e das tradições do Luxemburgo…O C.A.S.A. Magazine irá procurar divulgar alguns desses as-pectos ainda na penumbra, o que se afigura possível, tendo em conta o interesse de muitos leitores que não se revêem nas actuais publicações dadas à estampa. Estamos, por isso, disponíveis para aceitar sugestões e parcerias que persigam os nossos objectivos. Sem constrangimentos e de coração aberto pretendemos, tão só, dar a conhecer o “melhor“ de dois países há muito irmanados com laços de amizade e fra-ternidade.Todos juntos iremos abraçar um novo projecto editorial com pernas para andar, com a certeza de que seremos aceites e bem acolhidos por novos e antigos leitores.

Bienvenus !!!Le C.A.S.A. Magazine vous souhaite la bien-

venue à bord de notre nouveau magazine. Nous venons de rentrer dans une autre

phase de notre vie éditoriale. Nous cher-chons,  sans  turbulences,  à  at-

teindre  de  nouvelles routes.  Nous avons un objectif défini, nous

sommes conscients de notre mis-sion: essayer de contenter diffé-

rents publics aux motivations distinctes.

Le  maga-zine  étant  la  propriété  de la fondation C.A.S.A. (Centre d’appui Social et Associatif),nous porterons  notre  atten-tion  à  tout  ce  qui  pourrait  être  une  information  impor-tante au sein de l’institution. Toutefois nous avons pleine liber-té pour aborder d’autres thèmes d’intérêt public qui puissent ré-veiller la curiosité de nouveaux lecteurs.Les  textes  en  portugais  et  en  français  sont  particulière-ment  adressés  à  un  public  vaste  à  qui  l’identité  sociocultu-relle du Portugal et du Luxembourg pourrait intéresser.Les  deux  pays  étant  amis,  il  est  naturel  que  cette  proximi-té soit spontanée, surtout grâce à une forte présence de Portu-gais au Grand-Duché. On pourrait même aller jusqu’à dire que l’his-toire  du  Luxembourg  passe  aussi  par  notre  pays,  vû  les  rela-tions affectives entre les deux peuples.Les  affinités  dela  famille  grand-ducale  avec  le  Portu-gal  sont  connues  de  tous.  Soit  parce  qu’à  un  moment  don-né  le  Portugal  a  su  accueillir  quelques  membres  de  la  fa-mille  Grand-ducale,    soit  parce  que  le  Luxem-bourg  sait  aussi,  au  long  de  ces  années-là,  rece-voir  les  Portugais  qui  luttent  ici  pour  une  vie  meil-leure en même temps qui’ils aident ce pays à grandir et à se dé-velopper grâce à la main-d’œuvre.À  ce  sujet  c’est  important  de  dévoiler,  sans  com-plexes,  ce  que  nous  avons  de  mieux  au-delà  du  fado,  du  folk-lore et de la gastronomie. Parfois ici au Luxembourg il y a la ten-tation de ne pas exposer le potentiel de notre pays.Les  monuments,  les  musées,les  paysages,  les  personna-lités,  des  produits  et  des  services  sont,  en  partie,  mécon-nus par les Luxembourgeois tout comme nous, Portugais, igno-rons beaucoup de choses en ce qui concerne l’histoire et les tra-ditions du Luxembourg.Le  C.A.S.A Magazine  ira  justement  mon-trer  quelques  uns  de  ces  aspects,  sans  pour  autant  ou-blier  les  lecteurs  qui  ne  s’identifieraient  pas  avec  les  publica-tions actuelles. C’est pourquoi nous sommes réceptifs à toute sug-gestion qui s’encadrerait dans nos objectifs. Sans  gêne  et  de  tout  cœur,  nous  souhaitons  simple-ment  faire  connaître  ce  que  deux  pays  fraternelle-ment liés ont de mieux.Ensemble  nous  irons  entreprendre  un  nouveau  projet  édi-torial  prometteur,  avec  l’assurance  d’être  bien  accueil-lis tant par de nouveaux comme par d’anciens lecteurs.

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EDITORIAL

Rui J. Marques

Page 4: CASA magazine n13

SUMÁRIO

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FICHA TÉCNICA

PROPRIEDADEFundação Comendador José Ferreira Trindade

15, Monté Clausen L-1343 LuxembourgTel.: +352 43 27 49 Fax: +352 46 90 70

[email protected] www.casa-asbl.lu

DIRECTORComendador

José Ferreira Trindade

DIRECTOR EDITORIALRui J. Marques

+352 661 421 951

COLABORAM NESTA EDIÇÃO

Jean Rhein Sofia Araújo

FOTOGRAFIAArquivo C.A.S.A.Rui J. Marques

Francisco Santos

DESIGN E PAGINAÇÃO

Francisco Santos

DIRECTOR COMERCIALLuis Cunha

+352 691 786 637

IMPRESSÃOPRINT-SERVICE

off-set print & graphic design64, rue Baudouin

L-1218 Luxembourg+352 48 04 86

Os textos da presente edição não respeitam o novo

Acordo Ortográfico

MEMÓRIA

A morte de Eusébio

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CORREIO DIPLOMÁTICO

Depoimentos de Maria Rita Ferro, embaixadora de Portugal no Luxemburgo e de Paul Schmit embaixador do Luxemburgo em Portugal

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DANÇAS & CANTARES

Grupo de Cantares da Região de Lafões

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DESTINOS

Lisboa: uma capital de referência

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CULTURA

“Les Portugais du Luxembourg”

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Page 5: CASA magazine n13

La crise est (aussi) déjà arrivée ici!

Comme j’ai déjà eu l’occasion de mention-ner en avril dernier, lors du 34ème notre

principal objectif, au fil des années, est de chercher à être utiles aux Portu-

gais qui arrivent au Luxembourg et à ceux qui y vivent déjà.

Comme vous le savez, on a essayé de participer à leur

intégration et valorisation au moyen de cours de langues et de séances d’informations et d’accompagnement de façon à ce qui’ils puissent acquérir les outils nécessaires pour poursuivre leurs objectifs de vie.

Cependant, hélas, depuis le temps de la fondation du C.A.S.A beaucoup de choses ont changé. Le Grand-Duché n’est plus le paradis où il était facile de trouver un travail pour tous, même pour ceux aux qualifications peu élevées. Malgré cela, beaucoup sont ceux qui continuent à courir le risque de venir, ce qui, dans la plupart des cas n’est plus qu’une pure illusion.

Même après nos insistants conseils en expliquant qu’il ne vaut pas la peine de venir, nombreux sont ceux qui finissent tout de même par tenter leur chance et qui se retrouvent par la suite à dormir dans leur voiture, cherchant une opportunité et sans argent pour retourner. Ils ont cru que les promesses des membres de la famille ou d’amis-qui risquent eux-mêmes de perdre leurs emplois-! pouvaient être tenues.

C’est que la crise a déjà atteint le Luxembourg (aussi) ! Le chô-mage a augmenté et beaucoup de Portugais n’arrivent pas à trouver un travail !La misère et la pauvreté pointent leur nez et le (nouveau) gouvernement ne manquera pas de veiller à ce que les inégalités sociales soient gommées.

Il ne sera plus nécessaire de mentionner les excellentes relations entre le Portugal et le Luxembourg ! Les Portugais ont aidé à re-construire le Luxembourg avec leur main-d’œuvre et quelques uns, de deuxième génération, occupent actuellement d’impor-tants postes au sein d’entreprises ou de l’administration pu-blique, ce qui montre bien leur importance dans ce pays où l’on représente plus de 1/5 de la population résidente.

Le C.A.S.A est, avec le soutien de ses collaborateurs, de ses spon-sors et des entités officielles à l’écoute des plus démunis.

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MENSAGEM DO DIRECTOR DO C.A.S.A.

A crise (também) já cá chegou!Conforme tive oportunidade de sa-lientar, no passado mês de Abril, por ocasião do 34º aniversário do C.A.S.A. (Centro de Apoio Social e Associativo) o nosso principal objectivo, ao longo dos anos, tem sido procurar servir os portugueses que chegam ao Luxemburgo e os que já cá es-tão instalados.Temos, como sabem, procurado a sua integração e valorização através de cursos, sessões de esclarecimento e acompanhamento, de modo a que obtenham ferramentas úteis para a prossecução dos seus objectivos de vida. Muita coisa mudou, porém, aqui no Luxemburgo desde os tempos da fundação do C.A.S.A.. O Grão–Ducado deixou de ser o paraíso onde era fácil arranjar trabalho para todos, mesmo para os de mais baixa qualifica-ção. Mesmo assim são muitos os portugueses (oriundos não só de Portugal) que continuam a arriscar vir para cá, o que não passa, depois, na maioria dos casos, duma ilusão perdida …Não obstante os nossos constantes apelos de que não vale a pena meter os pés ao caminho, ainda são muitos os que acabam por vir tentar a sua sorte e acabam depois por ficar a dormir dentro das suas viaturas, à procura duma oportuni-dade, abandonados à sua sorte, sem dinheiro para regressar ao ponto de partida. Acreditaram em promessas de familiares e amigos que, curiosamente, também eles podem estar em risco de perderem os seus postos de trabalho.É que a crise (também) já deu sinais de ter chegado ao Luxem-burgo! O desemprego aumentou e são muitos os portugueses que não conseguem arranjar trabalho! Estão a criar–se bolsas de miséria e pobreza, com a inevitável degradação social a que o (novo) Governo do Grão–Ducado vai estar atento, de forma a que os justos não venham a pagar pelos pecadores…Não será sequer necessário recordar as excelentes relações bilaterais entre Portugal e o Luxemburgo! Os portugueses ajudaram a reconstruir um país com a sua mão–de–obra e alguns há, da 2ª geração, que desempenham, actualmente, importantes cargos em empresas e na administração pública, o que diz bem da sua “mais valia“ neste país no qual represen-tamos mais de 1/5 da população residente.O C.A.S.A. está (como sempre esteve) disponível para ajudar à integração dos portugueses, tendo em vista, com a ajuda dos nossos patrocinadores, entidades oficiais, amigos e colabo-radores, dignificar o trabalho dos mais desfavorecidos e sem voz para se fazerem ouvir.

Comendador José Ferreira Trindade

Presidente do Conselho de Administração da fundação C.A.S.A. Président du conseil d’administration de la Fondation C.A.S.A.

Comendador José Ferreira Trindade

Page 6: CASA magazine n13

“Portugal cobriu-se de luto!“Com a morte de Eusébio fechou–se um dos ciclos mais brilhantes do futebol português. Viveu uma vida dedicada ao desporto–rei. Chama-ram–lhe o Pantera Negra. Conquistou títulos e a sua presença encheu estádios. Marcou 638 golos ao serviço do Benfica, alguns dos quais ain-da são, hoje, verdadeiros hinos de propaganda à modalidade. Foi um dos embaixadores de Portugal numa época (anos 60) em que o nosso País dava nas vistas, além fronteiras, através das suas actuações por esse mundo fora.

Eusébio1942-2014

Eusébio1942-2014

MEMÓRIAA morte de Eusébio

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MEMÓRIAA morte de Eusébio

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No passado dia 5 de Janeiro Portugal acor-

dou sobressaltado / desola-do com a notícia da morte de Eusébio. Tinha desapa-recido um dos seus princi-pais ícones. Não havia vol-ta a dar. Deixávamos de o ter entre nós para sempre! Personalidades de vários quadrantes da política e do desporto enalteceram a sua figura. Houve lágri-mas e ranger de dentes. A família benfiquista (e não só) cobriu–se de luto para lhe prestar uma sentida homenagem pela sua de-dicação ao seu clube de sempre: marcou 638 golos ao serviço do clube da Luz, conquistou a Bola de Ouro (1965) e arrecadou duas Bo-

tas de Ouro.

Diz–se que o Benfica não teria conseguido os títulos alcançados a nível europeu se não existisse o Eusébio, devidamente acolitado por outros excepcionais joga-dores. Ele que chegou um dia a Lisboa oriundo de Lourenço Marques (Mo-çambique) com o destino ao Sporting.

Quis o destino (e não só …) que viesse a envergar a camisola da águia para gáudio dos seus adeptos. Teve convites para emigrar mas não o deixaram sair. O futebol não era naqueles tempos (décadas de 60 e 70) o que é hoje! A sua car-reira profissional poderia

ter sido diferente, não fora a intransigência dos então dirigentes “encarnados” que nunca abdicaram da sua “jóia da coroa“. Ajudou (e de que maneira!) o Ben-fica a sagrar-se bi–campeão europeu, conquistou títulos nacionais e representou a selecção nacional com brio e paixão.

Na hora da despedida con-gregou à sua volta milhares de portugueses. Diz–se, até, que foi o funeral mais con-corrido de todos os tempos. O caixão com o seu corpo esteve em câmara ardente no Estádio da Luz. Cá fora, junto à sua estátua, foram deixados símbolos de mui-tos outros emblemas. Eusé-

bio despediu–se de Lisboa (e de Portugal) de forma simbólica: o cortejo fúne-bre percorreu algumas das principais artérias da ca-pital, não sem que antes a edilidade alfacinha lhe ren-desse homenagem junto aos Paços do Concelho.

Na hora da despedida, em pleno cemitério de Carnide, ouviram–se aplausos que nem a chuva, que se fazia sentir, fez esmorecer. To-dos queriam precipitar–se sobre a sua campa para ver a urna descer à terra. Fala– e, agora, na possibilidade dos seus restos mortais po-derem um dia virem a ser transladados para o Pan-teão Nacional em Lisboa.

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Quant Eusébio est mort, c’est tout un cycle du roi des sports qui s’est fermé. La fameuse panthère noire a marqué 638 buts au service du Benfica et a été l’un des ambassadeurs du Portugal, à l’étranger.

Le 5 janvier dernier, tout le Portugal était en deuil. Be-aucoup de personnalités ont rendu hommage à Eusébio, ballon d’or en 1965 et deux fois vainqueur de la botte d’or.

Venu de Lourenço Marques, de Moçambique, pour défen-dre les couleurs du Sporting, c’est chez Benfica que Eusé-bio a construit sa carrière de footballeur.

Le club ne le laisserait plus jamais partir: bi-champion européen, divers titres natio-naux et une passion à toute épreuve au service de la sé-lection nationale.

Les installations du Benfica ont été le lieu de culte à Eu-sébio, où une multitude de personnes a pu, une dernière fois, vénérer son corps. Des

milliers de fleurs et emblèmes couvraient sa statue et c’est dans une traversée symbo-lique de la ville de Lisbonne que Eusébio est parti.

Au moment du dernier adieu, une pluie d’applaudisse-ments s’est fait entendre.

On parle, aussitôt, de la pos-sibilité du transfert des restes mortels de Eusébio vers le Panthéon National, réservé uniquement aux grands re-présentants du Portugal.

Malgré les rares apparitions de Eusébio au Luxembourg, il

n’y a que quelques émigrants portugais au Grand-duché qui se sont déplacés pour sig-ner le livre des condoléances à l’Ambassade. Le premier Ministre luxembourgeois Xavier Bettel s’est rendu aux funérailles. SA

Synopsis

Será um tributo merecido para quem, como Eusébio, representou o nosso País. Numa das suas raras apa-rições no Luxemburgo Eu-sébio confraternizou com José Ferreira Trindade, pre-sidente do C.A.S.A (Centro de Apoio Social e Associa-tivo). Curiosamente (ou tal-vez não) foram poucos os portugueses emigrantes no Grão–Ducado que se des-locaram ao Consulado/Em-baixada para assinar o livro

de condolências colocado à

disposição dos nossos com-

patriotas. O assunto parece

não ter tocado o coração

dos portugueses residentes

no Luxemburgo, ao invés

do 1º ministro Xavier Bettel

e de embaixadores de ou-

tros países europeus que se

dirigiram, para o efeito, de

forma espontânea, à nossa

representação diplomática

no Grão–Ducado.

RJMEusébio com o comendador José Ferreira Trindade

MEMÓRIAA morte de Eusébio

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Page 9: CASA magazine n13

“Descobri uma vidacultural intensa“

Começou por estranhar o frio … mas já está, actualmente, mais adaptada a um país onde cerca de 20 por cento da população fala a língua de Camões, o que, na sua perspectiva, origina a que os luxemburgueses se interessem, cada vez mais, pela cultura portuguesa. Na sua opinião a juventude aqui residente vai ter um papel importan-te na consolidação (e incremento) das relações luso-luxemburguesas.

Cheguei ao Luxem-burgo há dois anos,

vinda directamente da Tu-nísia, onde representara Portugal durante 5 anos. O Inverno de 2012 foi um frio, de neve e de céu cinzento, e o contraste com o clima a que estava habituada era grande... mas muitas outras realidades eram diferentes. É essa diversidade e essa necessidade de nos adap-tarmos e de descobrirmos, em cada novo Posto, aquilo que é característico, excep-cional, tradicional, diferen-te do que é português...ou semelhante ao que é nosso, que faz, também, o

encanto de uma carreira, a diplomática, que tem as suas dificuldades.No Grão Ducado do Luxemburgo, onde apenas tinha estado duas vezes, para reuniões no âmbito da União Euro-peia, descobri uma cultura e modo de vida quotidiano mais próximo da Europa do Norte, nas paisagens, nos horários, na gastronomia, no respeito das regras. Des-cobri uma vida cultural in-tensa, que não suspeitava, com música, actual e clássi-ca, orquestras e solistas de categoria mundial, cons-tantes estreias de cinema, mostras de artes plásticas de vanguarda e museus

dinâmicos, acolhedores e pedagógicos.Mas uma es-pecificidade foi, para mim, como Embaixadora, das mais marcantes: a presen-ça da língua portuguesa na rua, no comércio, nos centros de saúde, na admi-nistração. Ouvir falar portu-guês, ao chegar da Tunísia, fazia-me voltar a cabeça e esboçar um sorriso de sim-patia para um compatrio-ta... que omecei a perceber ser uma presença constan-te, e visível, num País onde coabitam tantas nacionali-dades mas onde os nossos concidadãos são hoje 20% da população total. E que manifesta, na língua, nos

cantares, nas mostras gas-tronómicas, na acção asso-ciativa e de entreajuda, ao mesmo tempo a sua espe-cificidade e o seu desejo de uma participação real na vida do Luxemburgo, que escolheu para viver e tra-balhar. As relações entre os dois Países são as melhores, com pontos de vista seme-lhantes sobre as questões de actualidade, quer so-cial, quer económica, quer política. Cada vez mais lu-xemburgueses conhecem Portugal, não só através dos portugueses que aqui frequentam, mas porque o nosso

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CORREIO DIPLOMÁTICOMaria Rita Ferro : Embaixadora de Portugal no Luxemburgo

Page 10: CASA magazine n13

património e o nosso sol são atractivos; por isso de-vemos continuar a divul-gá-lo, pois é através do co-nhecimento mútuo, entre pessoas, entre administra-ções, entre escolas e uni-versidades, entre empresá-rios e entre artistas e cientistas, que as fal-sas ideias se desfazem e se constróem laços baseados na realidade e na actualidade.E neste esforço de mútuo conhecimen-to (que será também de enriquecimento) creio que a juventude portuguesa aqui resi-dente, com a maior fa-

cilidade de dialogar que tem, porque domina as línguas do país mas con-tinua a praticar a sua cultura e a sua língua, tem um papel a de-sempenhar...e um pa-pel importante.

Synopsis

Madame Maria Rita Ferro, ambassadrice du Portugal au Luxembourg, est arrivée ici il y a deux ans.

Ayant auparavant représen-té le Portugal en Tunisie, elle affirme que le contraste no-

tamment en ce qui

concerne le climat a été une des difficultés de sa carrière diplomatique qui, certes, nous dit-elle aussi, a égale-ment ses charmes.

Au Grand-Duché elle a découvert une réalité bien di-fférente et surtout un mode

de vie opposé à celui de l’Europe du Sud

en ce qui concerne, par exemple, les horaires et le res-pect des règles.

Cependant ce qu’elle a le

p l u s

remarqué a éte l’omnipré-sence de la langue portugai-se au Luxembourg.

Elle dit par ailleurs que les relations entre les deux pays sont très bonnes et met l’ac-cent sur le fait d’avoir de plus en plus de Luxembourgeois qui visitent le Portugal grâce surtout au riche patrimoine du pays mais aussi au climat ensoleillé.

Et elle ajoute que dans cet ef-fort de connaissance mutuel-le la jeunesse portugaise rési-dente au Luxembourg aura un rôle-phare puisque tout en maîtrisant les langues du pays elle continue attachée à sa langue et à sa culture d’origine. D’ailleurs, peut-on

dire, elle pourrait jouer un rôle d’˝ambassadrice˝ du Portugal elle aussi.

SA

CORREIO DIPLOMÁTICOMaria Rita Ferro : Embaixadora de Portugal no Luxemburgo

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Page 11: CASA magazine n13

“C’est un réel plaisir de vivre au Portugal“

Le témoignage de l’ambassadeur Paul Schmit laisse transparaître les excellentes relations entre le Luxembourg et le Portugal.Il est enchanté par notre pays. D’aprés lui, l’augmentation du nombre de vols pour Lisbonne devra motiver davantage les Luxembourgeois pour visiter la capitale portugaise.

Depuis mon accrédita-tion en tant qu’Am-

bassadeur du Luxembourg au Portugal, l’intensification des relations politiques, économiques, commercia-les et culturelles entre nos deux pays figure parmi mes priorités. Arrivé à Lisbonne en Sep-tembre 2010, accompag-né de ma famille, je vis et travaille dans le quartier de Santos à Lisbonne où se trouve l’Ambassade du Luxembourg. Celle-ci est, depuis son ouverture il y a 25 ans, localisée dans la rue das Janelas Verdes, sur les rives du Tage, entre la Praça do Comércio et Belém, rue devenue célèbre grâce au roman de Eça de Queiroz intitulé “Os Maias”. Dans le même bâtiment, datant du milieu du XIX siècle et en-tièrement rénové au cou-rs de l’année dernière, se trouvent réunis outre l’ Ambassade, la chancellerie et ce à Porto, à Vila Real

et à Tavira.Par ailleurs, je suis éga-lement accrédité en tant qu’Ambassadeur non-rési-dent au Cap Vert, pays cible de la coopération luxem-bourgeoise.C’est un réel plaisir de vivre au Portugal, pays où l’adap-tation, malgré la nécessité de apprentissage d’une langue additionnelle, est rendue plus facile grâce à la gentillesse et à l’accueil des Portugais. Intéressé par l’Histoire, j’estime celle du Portugal, particulièrement enrichissante, même si sou-vent assez méconnue dans mon propre pays, avec de nombreux monuments (palais, jardins, musées, …) à découvrir à travers tout

le Portugal.Les rela-

tions entre le Luxembourg et le Portugal sont étroites, non seulement en raison de l’importante communau-té portugaise résident au Grand-Duché (envi-ron un cinquième de la population résidente au Lu-xembourg est d’origine portu-gaise), mais aus-si dû aux liens entre la Famille g r a n d - d u c a l e et la Famille de Bragance. En ef-fet, l e

Grand-Duc Guillaume IV a épousé la princesse Marie-Anne de Bragance, Infante du Portugal, fille du Roi D. Miguel I du Portugal. -

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CORREIO DIPLOMÁTICOPaul Schmit: Embaixador do Luxemburgo em Portugal

Page 12: CASA magazine n13

La princesse Marie-Anto-nia de Bragance, Infante du Portugal (sœur de Ma-rie-Anne) était la mère de S.A.R. le Prince Félix de Bourbon-Parme, époux de S.A.R. la Grande-Duches-se Charlotte. En outre, il y a lieu de souligner que la Famille grand-ducale et le gouvernement en exil ont transité à travers le Portugal sur le chemin de l’exil en été 1940.

Les liens entre les deux pays ont connu un développe-ment considérable au mi-lieu des années 1960 avec l’arrivée au Luxembourg

de nombreux immigrants portugais originaires de la région de Porto. La plupart, initialement venus en quê-te d’un travail chez nous, sont restés et s’y sont entre-temps intégrés avec leurs familles. A la fois l’Ambassa-de du Portugal au Luxem-bourg et l’Ambassade du Luxembourg au Portugal sont au service des nom-breux ressortissants de nos deux pays, qui s’adressent à elles pour résoudre des problèmes de chancellerie y aborder des questions consulaires ou y trouver des solutions à des situations de droit international privé

que peuvent se présenter malgré le fait que tous ci-toyens communautaires et que la construction euro-péenne a déjà grandement facilité les échanges et la li-bre circulation.

Les relations économiques e commerciales se voient intensifiées grâce à la coo-pération de l’ Ambassade avec la Chambre de Com-merce luso-belga-luxem-bourgeoise à Lisbonne, la Chambre de Commerce à Luxembourg et la Chambre de Commerce et d’Indus-trie luso-luxembourgeoise. Les échanges commerciaux

sont en croissance depuis quelques années et les liens avec la place financière sont désormais bien consolidés, plusieurs établissements

bancaires portugais éta-nt notamment établis au Luxembourg. Les liens de-vraient d’ailleurs encore s’intensifier en 2014 dans la mesure où la compagnie aérienne nationale du Lu-xembourg LUXAIR repren-dra les vols directs entre les capitales des deux pays. Un séminaire sur les attraits, notamment touristiques du Luxembourg, sera organisé au printemps.

SinopseNesta depoimento o Embai-xador de Portugal no Luxem-burgo exprime o seu gosto em morar na nossa capital onde se sentiu calorosamen-te acolhido.

Refere também as estreitas ligações entre os dois países, não só devido à enorme co-munidade portuguesa resi-dente no Luxemburgo mas também, e talvez disso já haja menos conhecimento, às relações de parentesco que ligam a casa grão-ducal à nossa casa real.

As ligações acima mencio-nadas desenvolveram-se consideravelmente em me-ados dos anos 60 aquando da vaga de imigração por-tuguesa. Quer a embaixada de Portugal no Luxemburgo

quer a embaixada de Luxem-

burgo em Portugal estão

à disposição dos inúmeros

originários dos nossos dois

países.

O Embaixador evidencia

também o facto das relações

económicas e comerciais se

terem intensificado graças à

cooperação da embaixada

com a Câmara do Comércio

luso-belgo-luxemburguesa

em Lisboa, com a Câmara do

Comércio do Luxemburgo e

com a Câmara do Comércio

e da Indústria luso-luxem-

burguesa. Em 2014, já que a

LUXAIR restabelecerá os voos

directos entre as duas capi-

tais, podemos esperar que

os elos se tornem ainda mais

fortes devido também a uma

vertente turística. SA

CORREIO DIPLOMÁTICOPaul Schmit: Embaixador do Luxemburgo em Portugal

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Page 13: CASA magazine n13

“Cantam... e encantam!“

As gentes de Lafões são alegres e hospitaleiras. Cantam e encantam! Os seus cantares são interpretados, aqui no Luxemburgo, por um gru-po que conta com a participação de alguns naturais da região, a que se associou, também, numa jovem holandesa que alinhou na ideia de inte-grar um grupo que carece de mais elementos…

O Grupo de Cantares da Região de Lafões

foi fundado em 1996 no Luxemburgo. Depois de alguns anos de interreg-no voltou à actividade em 2008, sendo que, actual-mente, a sua presença tem vindo a ser requisitada para festas e romarias em vários

pontos do Grão-Ducado.Conta, neste momento, com cerca de 20 elemen-tos, alguns dos quais nados e criados na região de La-fões, como é o caso de Be-nilde Martins da aldeia de Carvalhal de Vermilhas. Na sua opinião “é importante não perder as raízes“, que

é como quem diz, manter acesas as tradições, uma forma de mostrar fora de portas os usos e costumes da sua região. Na sua pers-pectiva “sinto que estou a fazer alguma coisa pela cultura portuguesa“. Quan-do lá vai de férias no Verão recorda tempos passados

que lhe transmitem sauda-de, pelo que não perde a oportunidade de ir às festas na aldeia, partilhar a com-panhia dos amigos e de pe-tiscar as iguarias que lhe fa-zem crescer a água na boca.

O grupo interpreta alguns temas do Cancioneiro de

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DANÇAS & CANTARESGrupo de Cantares da Região de Lafões

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Lafões: “Oh ! Prima Vamos à Ceifa“, “Moleirinha” e “Rosa da Alexandria”, são, apenas, algumas das músicas que fazem parte do vasto reper-tório que inclui, também, cantares de outras regiões de Portugal.António Mendes é o ensaia-dor dos Cantares da Região de Lafões, função que acu-mula com as de músico, já que maneja com particular mestria instrumentos como

o cavaquinho, a viola e a harmónica. O acordeonista Luís Ferreira dá, também, uma “mãozinha“ ao grupo que tem vindo a crescer e do qual já faz parte uma jo-vem cidadã holandesa que aprendeu a gostar de Por-tugal depois de lá ter vivido durante alguns anos…Uma das curiosidades des-te grupo, segundo António Mendes, é “o de cantar a várias vozes”, o que, em sua

opinião quer dizer que “as nossas actuações não são monocórdicas“, caracte-rística que ajuda a que “as músicas entrem no ouvido e se perceba, um pouco me-lhor, a mensagem do que estamos a cantar“.António Mendes não é novo nestas andanças. Já participou em vários gru-pos de música tradicional, o que faz dele um conhe-cedor nato dos cantares de

Portugal. No caso particular de Lafões tratam–se de mú-sicas que retratam a activi-dade rural dos seus naturais que durante largos meses do ano migravam para o Alentejo. Não é, pois, por acaso - diz o ensaiador - que “os seus cantares sejam um pouco como os dos alente-janos, mas com a alma das gentes do norte“.

Synopsis

Le groupe de chants de la ré-gion de Lafões a été fondé en 1996 au Luxembourg.

Il se compose d’une vingtaine de personnes, quelques unes de cette même région du Por-tugal et, aussi inattendu que cela puisse paraître, une jeu-ne hollandaise qui a fait des études de Droit à Coimbra et qui travaille actuellement à la Cour de Justice de l’Union européenne.

Benilde Martins, un des élé-ments du groupe née dans cette région nous dit que pour elle l’important c’est de ne pas oublier ses racines et surtout de sentir qu’elle fait quelque chose pour la cultu-re portugaise.

Une des caractéristiques de ce groupe est de chanter à plusieurs voix ce qui, d’après le «coach» António Mendes, permet une meilleure com-

préhension des chansons par le public.

M.Mendes bénéficie d’une vaste expérience en ce qui concerne des groupes de chants traditionnels. Dans ce cas les chansons ici dé-crivent la vie à la campagne des natifs de cette région du Nord riche non seulement en traditions folkloriques mais aussi en gastronomie.

(Nous pouvons au passage

mentionner le veau façon La-

fões accompagné d’un vin du

Pays) Il est aussi important

d’informer tous les curieux et

intéressés que le groupe est à

la recherche de plus de chan-

teurs et de musiciens.

Pour cela il suffit de contacter

Mme Leonor Ferreira, un des

éléments (621291845),afin

de savoir plus de détails.

SA

António Mendes e Benilde Martins

DANÇAS & CANTARESGrupo de Cantares da Região de Lafões

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Precisam-se mais cantores e músicos!Os Cantares da Região de Lafões necessitam de mais cantores e mú-sicos. Fazem um apelo a todos os interessados para comparecerem todas as quartas-feiras à noite (21 horas) na sede do C.A.S.A (Centro de Apoio Social e Associativo) no Montée Clausen, 15, na cidade do Luxemburgo, a fim de participarem nos ensaios.

Todos são bem–vindos! Antes, po-rém, devem entrar em contacto com Leonor Ferreira, um dos ele-mentos do grupo, através do telefo-ne 621 29 1845, a fim de lhes serem fornecidos mais pormenores.

Se tem jeito para cantar (ou tocar) não hesite! O Grupo de Cantares da Região de Lafões está à sua espera, precisa da sua prestimosa colabora-ção, tendo em vista a divulgação da música tradicional daquela região do interior do nosso País.

No Grupo de Cantares da Região de Lafões há uma cidadã holandesa, Mela de Vries, de 33 anos, que traba-lha no Tribunal de Justiça da União Europeia aqui na capital do Luxem-burgo. Os seus pais instalaram–se em Portugal (concelho de Tábua) quando ela tinha apenas 14 anos e por lá con-tinuam, ainda hoje, com um negócio duma agência imobiliária.Confessa adepta do nosso País (tal como os seus pais) acabou por estu-dar em Portugal, tendo finalizado em Coimbra o curso de Direito, após o que montou escritório de advogada na cidade dos estudantes. Já nesses tempos trabalhava como tradutora/intérprete, uma vez que para além do português e do holandês domi-na mais os seguintes idiomas: inglês, francês, alemão e espanhol.A sua presença nos Cantares da Re-gião de Lafões tem a ver com o facto de não querer perder as raízes com o que considerou ser “a minha pátria“, um Portugal que visita assiduamente para matar saudades, rever amigos que foi conhecendo ao longo dos 18 anos em que viveu no nosso País.

Uma Holandesa apaixonada por Portugal...

DANÇAS & CANTARESGrupo de Cantares da Região de Lafões

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Lafões constitui uma região de características próprias que a distingue das zonas vizinhas do distrito de Vi-seu. Inclui os concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul. O escritor Raul Proença, no seu esti-lo inconfundível, escreveu que “Lafões é uma formosa região que se esconde entre o Maciço da Gralheira e o Caramulo, cortada pelo ras-gão do Vouga“.Diz–se que o seu nome deri-va da expressão árabe “Ala-fões“ que quer dizer “dois irmãos“, devido à existência de dois montes actualmen-te denominados Castelo e Lafões. Antes, porém, dos muçulmanos já outras civili-zações tinham passado por aquela região. Há vestígios da presença de populações neolíticas na região: caver-nas, antas mamoas, menires e castros constituem uma

prova evidente da passa-gem dos nossos antepassa-dos.

Apesar da sua unidade ter-ritorial Lafões apresenta contrastes dignos de regis-to. Uma vezes faz lembrar o Douro com as suas culturas de socalco, noutras o verde-jante Minho, havendo até lugar à “vinha do enforca-do“ de onde sai um precio-so vinho verde, ideal para acompanhar uma refeição que obrigatoriamente de-verá incluir Vitela à Lafões ou o cabrito da Gralheira.

Outras iguarias a não perder são o arroz de pato, os ro-jões à moda de S. Pedro e a sopa de feijão com couve à Lafonense. Quanto aos do-ces convém experimentar o delicioso pão de ló de sul, os caladinhos, os vouginhas e as tigelinhas de Lafões.

RJM

Lafões: Uma região com identidade!

DANÇAS & CANTARESGrupo de Cantares da Região de Lafões

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Não há cidade europeia de maiores contrastes! O rio Tejo que lhe ba-nha os pés constitui um dos seus “ex–libris”. As suas ruas e vielas desa-guam no Atlântico, o que deixa perceber a vocação marítima duma urbe de onde partimos para darmos a conhecer “novos mundos ao mundo”. Por ter uma história para contar é, actualmente, um dos destinos mais procurados, quiçá por ser a capital dum país com as fronteiras mais an-tigas da Europa.

Pode hoje dizer–se que Lisboa é uma capital

de referência na Europa. Tende a tornar–se mais apetecível aos olhos do vi-sitante, ao mesmo tempo que proporciona melhor qualidade de vida aos que lá residem e trabalham.O número dos que pro-curam conhecer “ao vivo“ a capital portuguesa tem

vindo a crescer de ano para ano, o que fica a dever-se à hospitalidade dos seus ha-bitantes que sabem rece-ber e acolher quem a visita, a par do muito que há para ver numa cidade com histó-ria…As primeiras referências a Lisboa datam do século XII antes de Cristo, muito antes de D. Afonso Henriques a

ter conquistado aos mou-ros em 1147, após entrar no Castelo de S. Jorge com a ajuda dos Cruzados e a audácia de Martim Moniz que lhe facilitou o acesso final!…Muitos antes, porém, já a cidade tinha atraído a visita de outros povos e civiliza-ções: visigodos, celtas, fe-nícios e romanos, entre ou-

tros, deixaram vestígios da sua passagem, alguns dos quais ainda hoje perduram e são objecto de estudo.O terramoto de 1755 obri-gou à reconstrução de grande parte da cidade, ta-refa de que se encarregou com êxito o Marquês de Pombal, figura controversa simbolizada com uma está-tua no coração da capital.

Cada vez mais bela e sedutoraDESTINOS

Lisboa uma capital de referência

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Pode pois dizer-se que ao visitar Lisboa são múltiplos os interesses que prendem a atenção dos visitantes, a começar, desde logo, pelo rio Tejo, uma das principais atracções da cidade, um verdadeiro “ex-libris“ para os turistas (e não só). No Terreiro do Paço sente–se o cheiro a maresia e con-templa-se a “Outra Banda“, para onde é possível viajar nos típicos “cacilheiros“ que servem de ligação en-tre as duas margens.

A Baixa Pombalina, Belém, Chiado, Expo, Chiado, Bair-ro Alto e Cais do Sodré, são, apenas algumas das outras áreas que concitam a aten-ção dos visitantes. Convém, também, “dar um pulo“ os bairros da Madragoa, Gra-ça, Alfama e Mouraria, este último conhecido por lá ter nascido a Severa, figura que imortalizou o fado, um género musical de origem islâmica que nasceu naque-la zona da capital.

Mas Lisboa é, também, uma capital moderna e cosmo-polita. Na Av. da Liberdade, que liga os Restauradores ao Marquês de Pombal, encontram–se algumas das lojas mais sofisticadas dedicadas ao comércio das grandes marcas internacio-nais. Aproveite para fazer um passeio a pé e conhe-cer o Parque Eduardo VII, um dos pulmões da capital, onde é possível praticar “jo-gging“ e fazer uma visita à Estufa Fria que nos mostra a flora de países longín-quos…

Há, porém, outros motivos de interesse : a Torre de Be-lém, os Jerónimos, o Largo Camões, o Castelo de S. Jorge, a Praça Marquês de Pombal, a Basílica da Estre-la, o Rossio, a Sé Catedral e o novo miradouro da Rua Augusta são pontos obri-gatórios de visita para inte-grar no roteiro.

Se possível conheça por dentro o Palácio de S. Ben-to, outrora um convento, onde funciona há muitos anos o parlamento portu-guês, a denominada “Casa da Democracia“, por onde passaram políticos e orado-res que ficaram na história. O edifício é imponente e o seu interior é valioso em obras de arte e outras peças decorativas… Dos inúme-ros miradouros existentes em Lisboa podem contem-plar–se paisagens deslum-brantes, verdadeiros bilhe-tes postais que retratam o pulsar duma cidade “cor de chocolate ao por–do–sol“, como escreveu o poeta. Aconselha–se uma passa-gem pelo Miradouro da Se-nhora do Monte, no bairro da Graça, por ser um dos que se encontra numa das cotas mais elevadas e de onde é possível obter uma

visão mais panorâmica da cidade. Lisboa é, de resto, considerada a cidade das Sete Colinas, o que faz dela uma urbe de contrastes, de ruas e vielas estreitinhas onde outrora se ouviam cantares e pregões que ca-íram no esquecimento.Nostalgias à parte, Lisboa soube ao longo dos tem-pos modernizar–se e dar a conhecer novos motivos de interesse, como é o caso da zona Oriental da cidade que serviu de palco à Expo 98, a Exposição Internacional de Lisboa que registou cerca de 11 milhões de visitantes. Dessa requalificação urba-na nasceu a Gare do Orien-te, uma verdadeira obra de arte já reconhecida a nível internacional, o mesmo po-dendo dizer-se, também, do Oceanário, infra-estru-tura onde é possível obser-var, em aquários gigantes, parte da fauna marinha de quase todos os continentes.

DESTINOSLisboa: uma capital de referência

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Os arredores da capital portuguesa merecem uma visita detalhada: Sintra, Co-lares, Cascais, e Estoril são pontos obrigatórios, sem esquecer, como é evidente, as praias da Costa da Capa-rica, pretexto para passar a Ponte 25 de Abril e dar de caras com o Cristo Rei, ima-gem emblemática duma ci-dade que tem como padro-eiro S. Vicente.

Um pouco mais a sul vale a pena conhecer a vila pisca-tória de Sesimbra e o Cabo Espichel, oportunidade para degustar um peixe “vi-vinho da costa“ com sabor a mar… e como sobremesa experimentar o tradicional arroz doce, o doce preferi-do dos verdadeiros “alfaci-nhas“, epíteto por que são conhecidos os naturais de Lisboa. Se for possível dê um salto até Tróia, um “resort“ de luxo no estuário do Sado de nível internacional. Apro-veite para ver os golfinhos

e delicie–se, na Arrábida, com um banho de mar nas águas do Atlântico que vai servir para retemperar energias e regressar ao ho-tel com vontade de conhe-cer Lisboa à noite!Para além duma visita a uma casa de fados agarre por dentro a madrugada e dance ao som dos últi-mos êxitos internacionais nas discotecas da 24 de Julho ou das Docas, a fim de ganhar fôlego para o dia seguinte… Se preferir um ambiente mais calmo (e requintado) aconselha–se uma visita ao Pavilhão Chinês, em pleno Príncipe Real, um bairro repleto de rincões alternativos…Durante o dia aproveite para conhecer alguns mu-seus e galerias de arte: Mu-seu Gulbenkian, Museu Nacional de Arte Antiga e o Palácio Nacional da Ajuda são pontos obriga-

tórios de visita. Dê um pulo ao Mercado das Flores na Ribeira e visite a Feira da Ladra, um verdadeiro bri-cabraque onde poderá en-contrar relíquias do tempo da 2ª Guerra Mundial.Nas imediações aconselha–se uma visita ao Panteão Nacional onde repousam os restos mortais de algu-mas figuras ilustres da his-tória de Portugal, país que se orgulha de ter visto nas-cer Fernando de Bulhões, mais tarde designado por Sto. António que veio a fa-lecer em Pádua. Uma igreja com o seu nome, junto à Sé de Lisboa, é visitada diaria-mente por muito devotos.

É o santo mais venerado, a ponto do feriado municipal da capital (dia 13 de Junho)lhe ser dedicado. Nessa noite Lisboa canta e dança, desfilam as marchas popu-lares na Av. da Liberdade com arquinhos e balões,

compra–se um manjerico com dedicatória, bebe–se um copo de vinho tinto para acompanhar a tradi-cional sardinha assada a pingar no pão.

A pé, de metro, autocarro, eléctrico ou de elevador (destaca–se o Elevador de Sta. Justa) vai ter motivos de sobra para apreciar a Lis-boa “menina e moça“ que os poetas descreveram e algumas vozes cantaram. Há hotéis de charme e re-sidenciais “low cost” para todos os gostos e bolsas. A luz da cidade deixa–nos sem fôlego ao cair da tar-de. Nas noites de lua cheia o Tejo parece um espelho que nos convida a um qual-quer solilóquio: haverá por aí outra cidade mais bonita que Lisboa?!

RJM

DESTINOSLisboa: uma capital de referência

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Lisboa tem servido de palco para a realização de inúme-ros filmes de autores consa-grados.

Liliana Navarro, da agência Lisbon Movie Tour, contabi-lizou, para já, mais de 16 mil filmes rodados na capital portuguesa, o que diz bem da importância da cidade para os amantes da 7ª arte.

Cineastas como Wim Wen-ders, Alain Tanner ou John Malkovich sentiram–se atraídos por Lisboa. Há quem diga que a luz da cidade, única no mundo, é um dos seus principais atractivos.

A coexistência do “antigo” paredes meias com o “mo-derno” deixa perpassar um charme melancólico que arrasa o coração dos artis-tas…

Marcello Mastroianni foi apenas um dos que passou por Lisboa para interpretar o papel dum velho jorna-lista no filme “Pereira Main-tains“ de Roberto Faenza

em 1995. Mais tarde, em 2000, foi a vez de Maria de Medeiros ter a capital como principal cenário da pelícu-la “Capitães de Abril“. Mais recentemente, em 2013, Lisboa serviu de palco para a realização do filme “Night Train to Lisbon“ com Je-remy Irons.

Já antes (anos 40 e 50) produtores e realizadores norte–americanos tinham escolhido Lisboa para a re-alização de curtas e longas metragens. Os locais onde decorreram as filmagens de alguns dos mais recentes filmes estão, agora, devida-mente identificados para quem visita Lisboa. Com a ajuda dum guia, da Lisbon Movie Tour, os visitantes vão poder conhecer “in loco“ os locais onde tiveram lugar as cenas que visiona-ram no ecrã. Mais informa-ções serão prestadas pela Lisbon Movie Tour através

do (00351) 969 616 063.

RJM

Cenário (apetecível) para a rodagem de filmes

Synopsis

Lisbonne est une ville de con-traster, avec le Tage à ses pieds et ses rues et ruelles qui mèment vers locéan Atlantique pour dé-voiler sa vocation maritime. Elle est, actuellement, une des des-tinations les plus prisées peut être parce qu’elle a une histo-rie à raconter... mais  pas  seu-lement...  Le  nombre  de  cu-rieux  qui  visitent  la  ville  aug-mente chaque année et l’hospi-talité  des  Portugais  y  est  indé-niablement pour quelque chose aussi...

Les  premières  références  à Lis-bonne remontent aau XII ème siècle avant J.C. Le tremble-ment de terre de 1755 a obligé à reconstruture une grande partie de la ville, ce qui a été parfaitement mené par  le mar-quis de Pombal, politicien.

Mais évoquons à présent les nombreux points d’intérêt de la ville comme le Tage,le Ter-reiro do Paço d’où vous pou-vez contempler l’autre rive-les fameux bateaux qui font la traversée: les Cacilheiros, la Baixa Pombalina, Belém, Chia-do, Expo, Bairro Alto et Cais do Sodré.

Sans oublier Madragoa, Graça, Alfama e Mouraria où est née Severa, celle qui a immortali-sé le fado, genre musical bien connu qui est précisément né ici. Mais Lisbonne est aussi cos-mopolite et moderne. Si vous avez soif de grandes marques internationales il vous suffit de vous diriger vers l’Avenida da Liberdade. Et délassez-vous par la suite au parc Eduardo VII, un

des pournons de la capitale por-tugaise. Obligatoires aussi sont la Tour de Belém, les Jerónimos, le Rossio, entre autres.

N’hésitez pas a arpenter les col-lines de la ville pour pouvoir mé-riter la vue splendide depuis les belvédères.

La zone orientale de la ville a ac-cueil en 1998 l’Exposition Inter-nationalle de Lisbonne. La Gare do Oriente est née bien comme l’Oceanário, où vous pouvez ob-server une grande partie des es-pèces marines de presque tous les continents.

Tou ceci pour une Lisbonne «in-tra muros» puisque, en dehors de cela, les environs de Lisbonne méritent également détour. Si vous souhaitez déguster un poisson frais de qualité dépla-cez-vous à Sesimbra et au Cabo Espichel. Si possible allez à Tróia et à Arrábida où vous aurez la possibilité de voir les dauphins et plonger dans les eaux de l’At-lantique.

Après cela vous pouvez profi-ter la vie nocturne aux Docas. En ce que concerne les musées nous pouvons citer celui de Gu-lbenkian ou le Musée National d’Arts Anciens.

Si vous êtes féru de cinéma n’hésitez pas à faire appel à Lisbon Movie Tour, une agence mettant à votre disposition des guides qui vous montrent, au long d’une ballade, les endroits où des films tels que Night Train to Lisbon (avec Jeremy Irons) ont été tournés.

SA

Lisbonne: une capitale de référence

DESTINOSLisboa: uma capital de referência

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“Les Portugaisdu Luxembourg“de Sarah Vasco Correia

Nesta tese de fim de curso, Sarah Vasco Correia, a quem foi atribuído o prémio da melhor tese 2011 pela fundação Robert Krieps, expõe, através de pe-quenas entrevistas, a questão da transmissão da língua e da cultu-ra de origem entre as gerações de portugueses no Luxembur-go.Tendo entrevistado duas ge-rações de portugueses, a autora focou-se em pon-tos distintos. Da primeira quis saber, por exemplo, as experiências vividas durante os primeiros anos no país de aco-lhimento bem como as ligações actuais com o país de ori-gem e a barreira das línguas.

Há gerações de portugueses que se cruzam no Grão-Ducado. Os mais novos parecem, já, integrados e adaptados a uma nova cultura. Consideram o Luxemburgo o seu próprio país e já se distanciaram do núcleo familiar, pelo que, segundo a autora deste trabalho, há o risco duma ruptura com as origens.

CULTURAPara melhor compreender a nossa comunidade

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La Fondation Robert-Krieps et les Éditions Lëtzeburger Land coéditent le meilleur mémoire de master de 2011 (lauréat du prix de la Fondation Rober-t-Krieps).

Il s’agit d’un mémoire de mas-ter 2 en sociolinguiste: Les Por-tugais du Luxembourg: Ques-tions sur la la transmission intergénérationnelle de la lan-gue et de la culture d’origine (ISBN 978-2-9199-0808-0) de Sarah Vasco Correia, défendu à la université de Montpellier III.

L’auteur se préoccupe à la fois de l’intégration et de l’entente intergénérationnelle dans les-quelles elle voit les principales conditions à l’ouverture bicul-turelle en situation d’immigra-tion.

Elle est consciente du problè-me selon lequel la condition sociale des parents détermine largement celle des enfants de migrants, alors que de surcroît,

l’éducation luxembourgeoise et le système éducatif du pays d’accueil se distinguent des modèles portugais de sorte que les enfants se retrouvent souvent à l’intersection de l’interculturel, ce qui leur fait prendre conscience qu’il exis-te d’autres modèles éducatifs que celui qui règle le fonction-nement au sein de leur propre famille.

Elle affirme que le sentiment de biculturalité traduit des attitudes positives envers les deux pays et donne aux indivi-dus le sentiment privilégié de pouvoir s’adapter aux deus. La condition de ce position-nement est cependant la con-naissance du pays d’origine et la substance de liens familiaux et sociaux. La pratique de la langue d’origine devenant un atout supplémentaire.

Jean Rhein “Le Quotidien”

20–11–2013

“Les Portugais du Luxembourg”

No que diz respeito à se-gunda, interessou-se pela escolaridade no Luxem-burgo, pelas ligações a Portugal, pela relação com as línguas, etc. (...) (...) Indubitavelmente, o facto do leitor estar em presença de testemunhos reais, com uma linguagem oral, permite uma melhor identificação com o tema.Este trabalho abrange, por-tanto , o tema da imigração portuguesa no Luxembur-go, pondo em evidência as diferenças entre uma pri-meira geração que, à par-tida, vinha com o intuito de regressar poucos anos depois: IF4: “sim/era tem-porário... tivemos sempre na ideia que ficámos uns anos/e que depois íamos embora (…)” e uma se-gunda que já considera o o Luxemburgo como o seu próprio país... ”parce que je suis au Luxembourg/... c’est chez moi”.E a autora concluiu, através de uma visão sociolinguís-tica, que o nível de integra-ção dos portugueses é um

factor determinante no que diz respeito aos hábitos culturais e linguísticos. En-quanto a primeira geração se sentia marginalizada so-cial e profissionalmente, so-bretudo, por não dominar as línguas do país de aco-lhimento, a segunda, tendo já seguido toda a sua esco-laridade no Luxemburgo e adquirido as competências linguísticas necessárias à integração na sociedade autóctone, é já capaz de se distanciar do núcleo fami-liar e poder evoluir no seio desta a todos os níveis.É de salientar, por fim, que, ainda que este estudo se revele tão vasto quanto o número de imigrantes no país, podemos mencionar dois modelos de integra-ção. Por um lado a existên-cia de uma dupla cultura onde a língua e as tradições de origem se mantêm pre-sentes; por outro uma total assimilação ao país de aco-lhimento de tal modo que há um risco de ruptura com as origens.

SOFIA ARAÚJO

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