cartilha sistemas agroflorestais - produção de alimentos em

1

SISTEMAS

AGROFLORESTAIS

produo de alimentos em harmonia com a natureza

3

EXPEDIENTE

Publicao:

Centro Ecolgico

Redao:

Leandro Venturin

Andr Luiz Rodrigues Gonalves

Reviso:

Giselle Rodrigues de Macedo

Amanda Borghetti

Fotos da capa:

Acervo Centro Ecolgico

Primavera de 2014

Nossos agradecimentos s agricultoras e agricultores, e aos representantes de grupos e

associaes de agricultores e consumidores, que dispuseram de seu tempo para levantar dvidas,

Agradecemos, tambm, SDR pelo apoio na

Em especial, nossa gratido, carinho e saudade ao querido amigo e parceiro Jorge Luiz Vivan que, sem dvida, foi um dos maiores divulgadores dos

5

CoNTEDo

Lista de siglas

Apresentao

Introduo

Um panorama da situao atual

contexto do Litoral Norte

Concluso

Endereos teis

Anexos

base ecolgica

6

7

9

13

23

27

49

65

85

88

89

91

98

Foto

: Ace

rvo

Cent

ro E

col

gico

Frutos da agrosociobiodiversidade

7

SISTEMAS AGROFLORESTAIS produo de alimentos em harmonia com a natureza

6

APrEsENTAo

Desde o incio da dcada de 1990, o Centro Ecolgico vem semean-

-

-

-

Rede Ecovida de Agroecologia e faz parte do seu Grupo de Trabalho

-

ra e participa contribuindo em fruns internacionais sobre o tema.

com os agricultores na produo e comercializao de produtos

-

LIsTA DE sIgLAs

APAs

APP

ATER - Assistncia Tcnica e Extenso Rural

CIFPEN

Espcie Nativa

DEFAP

DOF

FEAPER

GEE - Gases de Efeito Estufa

ICRAF

MMA - Ministrio do Meio Ambiente

MMC - Movimento de Mulheres Camponesas

PFNM

PMFS

PRA

RL - Reserva Legal

SAFs

SESAMPE

SISNAMA

Apresentao

9


8

-

apropriarem plenamente da legislao vigente para a implantao

-

-

toras, tcnicos e tcnicas destas duas regies.

O contedo apresentado nesta cartilha basicamente o fruto do

trabalho coletivo sistematizado a partir de entrevistas realizadas

em 2014, associado ao conhecimento reunido pelo Centro Ecolgi-

co ao longo dos anos.

-

-

renda para agricultores familiares e promoo dos chamados be-

-

-

contribuindo para o entendimento dos processos tcnico e legal re-

-

INTroDuo

-

te, vem apresentando desdobramentos distintos nas duas regies.

-

restal preconizados pelo Centro Ecolgico tem sido os chamados

-

hortas e lavouras.

-

-

tando sua adoo.

introduo

SISTEMAS AGROFLORESTAIS produo de alimentos em harmonia com a natureza introduo

10 11

conhecidas no sistema agrcola, tm sido melhor assimilados pelas

-

sistemas de produo, implantando hortas orgnicas e converten-

-

de agricultura ecolgica. Com o predomnio da monocultura da

banana como a atividade agrcola mais importante, a proposta a

-

pcies nativas, compondo assim sistemas complexos de produo,

Ao longo dos anos, diversas famlias agricultoras, em maior ou

menor medida, introduziram diferentes espcies de plantas nos

-

plexos.

Esses sistemas so compostos por uma diversidade de espcies,

Cecropia Colubri-

Cordia Nectandra spp.

e Ocotea

-

-

-

getao natural.

Este processo de imitar a natureza garante a resilincia do sistema

pelos agricultores da Regio de Torres chegam a abrigar mais de

-

ponto de vista econmico se comparados com os plantios conven-

cionais de banana.

-

-

bm conhecido como ripeira, denominao mais comum na regio.

Originalmente utilizada apenas para a extrao do palmito, e um

-

das de extino, vem sendo introduzida nos sistemas de produo

de banana visando a coleta dos frutos para a produo do aa de

-

portante fonte de renda para milhares de agricultores e comunida-

Torres, algumas administraes municipais compram diretamente

-

crescente.

13


12

um PANorAmA

DA sITuAo ATuAL

-

-

a famlias agricultoras e tcnicos assessores de ambos os Ncleos.

-

resta no Litoral Norte, sites governamentais e no governamentais,

Ecolgico ao longo dos anos.

um panorama da situao atual

Foto

: Ace

rvo

Cent

ro E

col

gico

SAF de palmeira juara e banana

SISTEMAS AGROFLORESTAIS produo de alimentos em harmonia com a natureza um panorama da situao atual

14 15

Ncleo Serra:

de capoeira baixa. Estes plantios so tanto com distribuio irregu-

-

canizao.

O que cultivado -

tas nativas, especialmente frutferas associadas a frutas tradicio-

a castanheira-portuguesa e a noz-pec; e plantas trepadeiras, como

-

recem. Outras espcies nativas cultivadas so a erva-mate e arau-

e lenha, aroeiras e espcies espontneas de porte mais baixo para

adubo. Os materiais das podas so usados como fonte de matria

meliponas para colheita de mel.

O que feito com os produtos colhidos -

retamente, consumidos na famlia ou processados em agroinds-

trias familiares.

Os motivos citados pelos agricultores para implantar SAFs -

vorecer o ambiente pela biodiversidade, ter maior diversidade de


16 17

produtos in natura ou processados para comercializao e aumen-

tar a diversidade para consumo.

-

-

perodos do ano; o consumidor nas feiras no diferencia um pro-

-

-

-

Vantagens - Trabalhar na sombra, principalmente nos meses de

vero; melhoria do solo com a camada de material orgnica; evi-

diversidade de espcies vegetais e animais; diversidade de produ-

o; trabalho em convvio com a natureza; possibilita extrair frutos

aceitao por parte dos consumidores.

-

-

lor ambiental e no como atividade produtiva; falta de mo de obra

-

de produo; o retorno do investimento s a mdio e longo prazo;

-

-

falta conhecimento sobre a insero dos produtos no mercado; falta

de conhecimento dos consumidores sobre esses novos produtos;

pouco se conhece sobre a conservao desses produtos; a comer-

Ncleo Litoral Solidrio:

- Em bananais ou nas

divisas das propriedades.

O que cultivado

para artesanato.

O que feito com os produtos colhidos

Motivos para implantar os SAFs - A mata nativa serve como prote-

da natureza.

-

Vantagens -

-

a produo da banana; falta conhecimento da famlia agricultora


18 19Goiabeira-serrana em lavoura de milho. Foto: Cesar Volpato


20 21

falta conhecimento sobre a biodiversidade; aumenta a mo de obra.

Principais dvidas -

-

-

lheita e ps-colheita, o processamento do aa e o aproveitamento

-

biodiversidade.

-

agricultores a implantarem sistemas complexos e multi-

diversos;

necessidade de disponibilizao de assessoria tcnica

apropriada e programas de capacitao;

novos produtos;

desconhecimento generalizado dos agricultores sobre os

desconhecimento generalizado do pblico urbano em re-

-

tos por espcies nativas com potencial econmico para madeira e

mesmo para explorao de frutos, como o caso do palmiteiro, para

-

mente tm uma importncia econmica muito grande na agricultu-

ra familiar, a lei ainda mais restritiva. O receio das punies e da

-

Aliado a isto, os servios pblicos de assistncia tcnica e extenso

-

-

Assim, alm de a maior parte das famlias agricultoras no co-

-

Com relao aos consumidores, muitas vezes a no valorizao dos

-

seguem associar sua opo de consumo a importncia do ato de

e ao meio ambiente.

23


22

A ImPorTNCIA Do

DEsENvoLvImENTo AgrofLorEsTAL

No CoNTEXTo Do LITorAL NorTE

-

Apesar de, originalmente, os municpios desta Regio terem toda a

-

18% e Mampituba, 31%.

-

tento de milhares de famlias da regio e a venda do produto rea-

vez comercializam com atacadistas ou mesmo diretamente com os

supermercados.

a importncia do desenvolvimento agroflorestal no contexto do litoral norte

Foto

: Ace

rvo

Cent

ro E

col

gico

Aa de palmeira juara

SISTEMAS AGROFLORESTAIS produo de alimentos em harmonia com a natureza a importncia do desenvolvimento agroflorestal no contexto do litoral norte

24 25

-

utilizao na fruticultura aumenta demasiadamente o custo de

produo.

A reduo na margem de lucro dos agricultores ainda agravada

-

canais de comercializao.

produto mais valorizado. Uma esperada reduo na produtivida-

-

a produo. Alm disso, fontes alternativas de renda como a produ-

o do palmiteiro consorciado com a bananeira, visando a produ-

-

dro, o louro e o sobragi podero constituir-se em importantes fon-

chuvas fora de poca, ventanias, calor ou frio excessivo neces-

pelo furaco Catarina, fenmeno at ento indito para o Brasil, os

a proteo dos ps de banana, e os palmiteiros, por serem comple-

-

senvolvidos pelos diversos agricultores tm um papel fundamental

na conservao da biodiversidade. Em uma regio circundada por

diversas iniciativas de preservao da Mata Atlntica como par-

-

constituir em importante complemento, principalmente na medida

-

o avano da degradao ambiental.

-

miteiro, as mulheres tm um papel fundamental no processamento

-

tinadas ao processamento dos frutos do palmiteiro, recentemente

implantadas na regio, so gerenciadas por mulheres. Destaca-se

uma agroindstria multiuso, recentemente inaugurada no munic-

-

-

mentar.

27


26

os sIsTEmAs AgrofLorEsTAIs

(sAfs)

-

-

-

-

-

os sistemas agroflorestais (SAFs)

Foto

: Ace

rvo

Cent

ro E

col

gico

SISTEMAS AGROFLORESTAIS produo de alimentos em harmonia com a natureza os sistemas agroflorestais (SAFs)

28 29

-

-

-

aumenta o rendimento global

-

de gerao de renda para a famlia agricultora.

A tambm contempla um va-

Outro aspecto importante diz respeito compatibilidade das -

. Neste sentido, o conhe-

-

ticas e procedimentos impostos por agentes externos, valorizado

e reconhecido.

-

-

.

-

.

-

.

duas espcies de plantas, como por exemplo, um cultivo anual e

Na verdade, esta diviso entre sistemas simples e complexo s

-

com poucas espcies de plantas, at a mais complexa, envolvendo

-

zam-se as inmeras formas de cultivo.


30 31Foto: Acervo Centro Ecolgico


32 33

5. Qual a diferena, ento, entre consrcio de

cultivo de milho nas entrelinhas de um plantio de citros ou goiaba

-

-

pastoril e agrossilvicultural.

-

-

lidade. Alguns sistemas so mais orientados para a produo de

-

-

Critrios socioeconmicos tambm podem ser utilizados na classi-

-

de renda, como um sistema de produo de caf sombreado.

-

trelinhas plantada uma pastagem para a criao de gado, um

sistema silvipastoril.

-

toril. Em alguns estados do nordeste brasileiro, a denominao das

galinhas criadas desta forma, inclusive, remete estrutura do siste-

ma - galinha de capoeira.

-

8. O que caracteriza os sistemas

-

des podem ser simultneas ou escalonadas ao longo dos anos.

pastar a resteva, um exemplo de sistema agrissilvipastoril.

-

do-se a otimizao dos recursos.


34 35

Nesta categoria esto os cafezais sombreados, os plantios de cacau e

-

A expanso da fronteira agrcola, caracterizada pelo desmatamen-

-

uma forma de melhorar o desempenho ambiental do agronegcio

brasileiro.

-

-

minada regio.

-

-

12. O que so

os sistemas de

Os faxinais so antigos

-

concilia a criao animal,

o cultivo de lavouras

anuais e a explorao de

-

O sistema baseia-se na criao de diversos animais, como porcos,

-

radas dos animais.

possuem o componente animal.Foto

: Ace

rvo

Cent

ro E

col

gico

Colheita de caf

Colheita de erva-mate

Foto

: Ces

ar V

olpa

to


36 37

-

desempenham um papel muito importante na economia familiar e

mesmo na conservao de importantes recursos da biodiversidade.

Em todas as regies do Brasil, e mesmo como uma caracterstica

um espao caseiro para a produo de alimentos.

Devido s caractersticas desses sistemas, tanto na sua conforma-

-

14. O que um sistema de cabruca

-

-

Com certeza! Um sistema extrativista, como os inmeros existentes

-

-

-

restais existentes para coletar o produto de interesse econmico.

Araucria e pastagem para gado. Foto: Flavio BorghettiFoto: Acervo Centro Ecolgico


38 39

-

-

pelos povos indgenas da regio amaznica.

-

produtos a serem comercializados e mesmo para autoconsumo.

-

oferecer.

-

-

biente, como por exemplo, a conservao de espcies ameaadas

de extino e a mitigao dos chamados gases de efeito estufa. A

lista de vantagens ambientais bem extensa, incluindo tambm o

melhor aproveitamento dos recursos da propriedade.

17. A produo de um SAF maior ou menor que

Em primeiro lugar, no se pode confundir produo com produtivi-

-

Entretanto, para poder medir a produtividade de um sistema, ne-

-

duo obtida. Obviamente, vai depender muito do tipo de sistema,

-

-

monocultivo.

18. E a renda, maior ou menor do que em um

-

-

tgia de comercializao da famlia agricultora so as feiras livres,

possibilidades de venda de produtos.

Outro aspecto a se levar em considerao a economia de recursos

devido ao menor uso de insumos externos, como adubos sintticos

-

-

ma de cultivo, mas sim a outros fatores como mercado, tipo do pro-

duto, estratgia de comercializao, etc.


40 41

19. Para o meio ambiente, quais so mesmo os

-

para a conservao da natureza, como a proteo do solo, a conser-

vao de espcies ameaadas de extino, a mitigao dos efeitos

-

-

20. Como um SAF pode ajudar na conservao da

conservao da biodiversidade e, prin-

cipalmente, de espcies ameaadas de

-

-

-

diversas regies da Mata Atlntica.

Norte possuem, em geral, uma popu-

tem um papel fundamental na conser-

vao da Mata Atlntica, na medida em

de alimentos para diversas espcies

deste Bioma.

-

adas de extino, principalmente se tiver acesso a sementes e mu-

Palmito no bananal. Foto: Acervo Centro Ecolgico

Palmito no bananal. Foto: Acervo Centro Ecolgico


42 43

-

-

Criada a partir da articulao de inmeras iniciativas localizadas

-

ara atravs do desenvolvimento da cadeia produtiva da polpa dos

de estudantes.

com potencial econmico, mas sistematicamente negligenciadas,

Butia -

ra

-

rios municpios.

-

-

do diversas aes para dinamizar a cadeia produtiva de frutas na-

tivas com potencial econmico. Um dos avanos decorrentes deste

-

Sorvete de frutas nativas. Fotos: Acervo Centro Ecolgico


44 45

23. Os SAFs ajudam a conservar a Mata Atlntica

-

tante papel como estratgia complementar para a conservao da

Mata Atlntica.

-

-

abrigam diversas espcies tpicas do Bioma.

contribuir para a conservao dos remanescentes de Mata Atlnti-

ca por diferentes razes:

a)

-

rodeadas por pasto ou monoculturas baixas;

b) -

-

de animais silvestres.

c)

d)

com o intuito de facilitar a formao de pastagens ou para o prepa-

ro do solo;

e) -

ecossistemas, tais como a poluio por agrotxicos e adubos sint-

ticos, a eroso e degradao do solo, a reduo de vetores de polini-

zao e a disperso de sementes;

f) -

-

-

nais convencionais.

24. Os SAFs ajudam na questo da mudana

-

depende, fundamentalmente, da composio das espcies e da den-

sidade de plantio.

-

gam a acumular mais de 100 toneladas de carbono, para um pero-

do de aproximadamente 15 anos.

para a conservao da biodiversidade e para o acmulo de bio-

massa.


46 47

-

nos estaduais, como o caso do programa , no estado de

-

-

Banco Central, as regras gerais so as seguintes:

-

a) -

I.

II.

-

lativos implantao e manuteno do empreendimento;

III. -

-

das, para o cumprimento de legislao ambiental;

IV. -

b)

I. -

II.

III.

c)

-

-

Foto: Acervo Centro Ecolgico

49


48

Como ImPLANTAr um sIsTEmA

AgrofLorEsTAL

-

27. Quais os passos iniciais para implantar um

do ponto de partida.

-

ciar com o plantio de mudas, nos espaamentos recomendados e,

nas entrelinhas, plantar culturas anuais ou mesmo adubao verde.

Um exemplo seria um bananal com mudas plantadas em espaa-

como implantar um sistema agroflorestal

Foto

: Ace

rvo

Cent

ro E

col

gico

Plantio de palmeira juara em bananal

SISTEMAS AGROFLORESTAIS produo de alimentos em harmonia com a natureza como implantar um sistema agroflorestal

50 51

-

-

do o sistema aos poucos, tambm introduzindo novas espcies.

ocorrendo naturalmente, conduzindo esta regenerao espontnea

da vegetao.

se for abandonada, volta a ter uma vegetao muito semelhante ao

seu estado original.

Em geral, este processo comea com plantas rasteiras, principal-

mente gramneas, e segue para plantas de porte mais alto, arbustos

-

processo de sucesso vegetal.

tem a funo ecolgica de preparar o ambiente para espcies mais

exigentes.

Em uma terra completamente degradada, por exemplo, as plantas

-

cilmente.

fertilidade.

mais tempo no sistema.

32. E os inos, onde entram na sucesso

Na abordagem da agricultura ecolgica no existem inos, mas sim-

determinado momento.

Um conceito fundamental para entendermos este processo saber

-

armos a observar como os seres vivos se comportam e perceber-

mais vida.


52 53

33. Qual a importncia da sucesso vegetal para

Este conceito de fundamental importncia para trabalhar com

-

em um estado de evoluo mais adiantado.

-

certas espcies de plantas fora do momento certo, pois o trabalho

-

-

por outras de porte mais arbreo.

precisa de ambiente sombreado, no incio de seu desenvolvimento,

bem como de teores elevados de material orgnico no solo.

Goiabeira-serrana e pastagem para gado. Foto: Acervo Centro Ecolgico Foto: Acervo Centro Ecolgico


54 55

No, mas sempre interessante trabalhar com uma boa diversida-

de no mnimo cinco espcies alm de espcies com diferentes

-

-

37. Todas as espcies de plantas podem ser

-

turas mais amenas, o nvel de sombreamento deve ser menor.

-

de porte semelhante prximas uma da outra, pois elas poderiam

competir por luz e at mesmo por nutrientes.

Espcies muito agressivas com razes muito longas e profundas,

Na regio de Torres, alguns agricultores evitam manter a grandiva

de plantas nativas espalhadas pelos bananais.

dez espcies.

40. E qual o espaamento que deve ter entre as

-

distncia do mercado, etc.

-

entre as espcies.


56 57

destinada ao mercado, as espcies devem estar mais afastadas.

-

-

Obviamente, esses espaamentos so s para entender melhor pois,

como mencionado acima, tudo vai depender das circunstncias do

-

-

to e pasto.

42. Onde se acham as plantas para comear um

plantios convencionais. Os viveiros comerciais e hortos botnicos

As trocas entre vizinhos tambm podem, e devem, ser realizadas.

Outra fonte muito importante a prpria regenerao natural das

naturalmente, atravs da disperso pelos animais ou mesmo es-

espcies.

O caso do palmito um exemplo tpico, pois alm de ser dispersado

em locais onde existem algumas plantas matrizes.

Viveiro de mudas de palmeira juara. Foto: Acervo Centro Ecolgico


58 59

plantas nativas.

-

to, no existe esta necessidade.

Como o interesse maior , obviamente, a colheita de produtos,

-

sombreado.

Ao fazer um desbaste atravs do corte de parte da vegetao, per-

produo das plantas. Essa renovao atravs das podas permite

tambm acelerar a reciclagem de nutrientes.

-

compostos, tornando-se nutrientes disponveis para as plantas.

-

nalmente se faz em plantios convencionais. Em bananais, por exem-

neta.

-

ponentes o pessegueiro, faz-se as podas da planta conforme o tra-

dicionalmente recomendado.

de monocultivo, so os desbastes peridicos para garantir uma boa

produo do sistema.

Como acabamos de ver, pode-se fazer podas peridicas das plantas

para propiciar a entrada de sol e acelerar a reciclagem dos nutrien-

-

solidados, com mais de 15 anos de implantao, possvel ter boas

colheitas sem o uso de insumos externos. Este o ideal a ser busca-

de alimentos sem o uso de adubos externos. Toda a fertilidade do

sistema garantida atravs da reciclagem dos nutrientes realizada

-

gumentar, compensada atravs da retirada destes elementos das

Outros sistemas mais intensivos, entretanto, podem necessitar

cabruca.


60 61Buti. Foto: Acervo Centro Ecolgico


62 63

Quando existe a inteno de maximizar a produo, pode-se utili-

zar adubos externos.

47. Quais os principais adubos que podem ser

De modo geral, so os mesmos adubos recomendados para a agri-

cultura orgnica: composto orgnico, bokashi, esterco animal com-

postado, material orgnico como bagao, restos de colheita, etc.

-

bm podem ser utilizados.

-

-

de interesse mais comercial.

48. E como feito o controle de pragas e

orgnicos comuns. Entretanto, a ocorrncia de pragas e doenas em

econmicos.

-

bananeiras parcialmente sombreadas so tolerantes ao mal de si-

-

-

-

-

e mesmo vdeos sobre o tema.

; o livro

Sociedade

livro .

65


64

LEgIsLAo E sIsTEmAs

AgrofLorEsTAIs

-

famlia agricultora conseguir todas as licenas e autorizaes para

-

alizado.

-

-

nativas.

-

visto na legislao, o processo para conseguir todas as licenas e

legislao e sistemas agroflorestais

Foto

: Ace

rvo

Cent

ro E

col

gico

Aa de palmeira juara

SISTEMAS AGROFLORESTAIS produo de alimentos em harmonia com a natureza legislao e sistemas agroflorestais

66 67

-

rias leis, normas, instrues normativas e outros instrumentos le-

IX - interesse social:

-

priedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradi-

X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:

-

-

-

-

-

-

ciativas de:

III -

-

-

3 -

lizada mediante o plantio intercalado de espcies nativas e exticas,

I - -

pcies nativas de ocorrncia regional;

II -

4

recompor a Reserva Legal na forma dos 2 e 3 tero direito

sua explorao econmica, nos termos desta Lei.


68 69

-

gradadas so chamadas de passivo ambiental.

a conservao da natureza: margens e nascentes de rios, topos de

.

-

da no interior de uma pro-

-

.

de sistema

Cadastro Ambiental

-

.

a recomposio das reas de reserva legalem sis-

Goiabeira-serrana. Foto: Acervo Centro Ecolgico

Falso-hibisco e banana. Foto: Acervo Centro Ecolgico


70 71

-

-

plan-

-

.

O CAR um registro pblico eletrnico de mbito nacional, obriga-

informaes ambientais das propriedades e posses rurais, compon-

ambiental e econmico, e combate ao desmatamento.

-

preservao permanente e reserva legal previstas no novo cdigo

-

Euterpe

Cabralea canje-

rana

-

pliao.

59. O que deve ser feito para recuperar uma

Art. 66.

-

-

3 -

lizada mediante o plantio intercalado de espcies nativas e exticas,

I - -

pcies nativas de ocorrncia regional;

II -

-

forma dos 2 e 3 tero direito sua explorao econmica, nos

termos desta Lei.


72 73

Art. 21.

como frutos, cips, folhas e sementes, devendo-se observar:

I - -

II - a poca de maturao dos frutos e sementes;

III - -

-

cas, leos, resinas, cips, bulbos, bambus e razes.

-

-

constitudo pelos rgos e entidades da Unio, dos Estados, do

Art. 20.

-

propsito comercial.

Art. 22.

Legal com propsito comercial depende de autorizao do rgo

I - -

II - assegurar a manuteno da diversidade das espcies;

Frutos de aa de juara e de araucria. Fotos: Acervo Centro Ecolgico


74 75

III - -

Art. 23.

propsito comercial, para consumo no prprio imvel, independe de

autorizao dos rgos competentes, devendo apenas ser declara-

dos previamente ao rgo ambiental a motivao da explorao e o

volume explorado, limitada a explorao anual a 20 metros cbicos.

62. Como dever ser o manejo do SAF na rea de

-

-

63. necessrio registrar esta rea de Reserva

trata o art. 29, sendo vedada a alterao de sua destinao, nos ca-

as excees previstas nesta Lei.

64. E para as reas de proteo permanente

hipteses de utilidade pblica, de interesse social ou de baixo im-

pacto ambiental previstas nesta Lei.

Art. 9 -

atividades de baixo impacto ambiental.

As atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental so, de acor-

do com o inciso X deste Artigo 9:

a construo de moradia de agricultores familiares, remanescen-

pelo esforo prprio dos moradores;

o plantio de espcies nativas produtoras de frutos, sementes, casta-

-

65. E como se faz para recuperar uma rea de

acordo com o art. 52, a interveno e a supresso de vegetao em

-

dades eventuais ou de baixo impacto ambiental, previstas no inciso

-

vel devidamente inscrito no CAR.

inciso X:


76 77

produo de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada

o plantio de espcies nativas produtoras de frutos, sementes, casta-

-

atividades eventuais ou consideradas de baixo impacto ambiental,

-

-

-

de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.

Art. 52. -

-

tuais ou de baixo impacto ambiental, previstas no inciso X do art.

-

devidamente inscrito no CAR.

68. Tambm necessrio registrar essa rea de

CAR Cadastro Ambiental Rural.

69. Espcies protegidas por lei, como o caso

do palmito e da araucria, podem ser usadas em

-

70. E quais so os cuidados especiais que se deve

-


78 79Foto: Flavio Borghetti


80 81

72. preciso algum registro para poder

-

-

-

-

73. necessrio registrar a rea para poder

-

75. Uma rea de mata nativa pode ser manejada

-

-

maes sucessoras, de domnio pblico ou privado, ressalvados os

cobertura arbrea forme.

76. Quais so as ressalvas previstas nos artigos

rgo ambiental competente para a retirada de madeira para co-

Foto: Flavio Borghetti


82 83

de produo.

-

deriam se constituir em uma importante fonte de renda para in-

so ainda uma promessa.

escala apropriada; produtores completamente desorganizados e

sem estmulo para trabalhar de forma associativa; carncia de mo

de obra com competncia em gesto administrativa; uma padroni-

zao inconsistente de produtos; infraestrutura de agroindstrias,

estratgia mercadolgica para a promoo de novos produtos.

-

a renda de milhares de famlias, no chegam ao mercado por uma

completa debilidade nos diversos segmentos da matriz produtiva.

Assim, cria-se um crculo vicioso, onde os produtos no so oferta-

-

-

-

prometida poderia ser parcialmente resolvido com o aumento da

disponveis.

de produtos da sociobiodiversidade

Debilidade

coleta dos produtos

comprometimento na

oferta de produtos

in natura.

capacidade de

transformao

falta de escala de

produo.

Agroindstrias

instaladas

pouco equipadas ou

mesmo sem as devidas

licenas de operao

transformao e oferta de

produtos. Pouco acesso

a mercados mais

Estrutura de

comercializao

muito frgil

comercializao.

Possibilidade de

gerao de renda

comprometida.

Pouca oferta

e distribuio

de produtos. Alto

comprometimento na

demanda por produtos

que agregam valores

socioambientais.

85


84

CoNCLuso

socioambientais para as famlias produtoras, a natureza, os consu-

midores e para a sociedade como um todo. A vantagem compara-

-

-

-

te contribuio para a sua ampliao.

-

-

concluso

Foto

: Ace

rvo

Cent

ro E

col

gico

SISTEMAS AGROFLORESTAIS produo de alimentos em harmonia com a natureza concluso

86 87

-

tes para difundir informao. Tambm importante a valorizao

do notrio saber dessas famlias, facilitando sua participao em

comunidades rurais.

-

recursos naturais.

- Reconhecer

-

ceiros, ou mesmo de outras formas de incentivo tais como, iseno

-

Mercado - A comercializao dos produtos um imperativo. Inicia-

-

possibilidade de venda dos produtos.

Educao -

cultores incorporem o elemento arbreo em seus sistemas de pro-

para a troca de experincia entre os produtores so formas valiosas

-

Pesquisa e desenvolvimento de produtos - O desenvolvimento

-

plantas negligenciadas poderiam ser produzidas em sistemas agro-

Legislao

-

-

-

aplica-se para a comercializao de produtos tpicos da sociobiodi-

versidade, pois em geral no existe regulamentao ou, se existe,

muito restritiva e fora da realidade das famlias agricultoras.

-

a transformarem seus sistemas de cultivo. Em geral, os tcnicos,

alm de no terem a mnima formao para uma abordagem mais

ecolgica e sistmica dos processos de produo, so obrigados a

obedecer s diretrizes impostas pela direo da empresas de ATER,

-

Crdito

acesso a linhas de crdito para a converso de sistemas de produ-

Pesquisa

estabelecer um sistema participativo de melhoramento, seleo e

multiplicao de variedades nativas importante.

89


88

ENDErEos TEIs

AGROFLORESTA.NET

Banco Central - www.bcb.gov.br

ICMbio - www.icmbio.gov.br

Rede Juara

ACEVAM - www.acevam.org

AOPA

AS-PTA - www.aspta.org.br

ASSESOAR - www.assesoar.org.br

CAPA - www.capa.org.br

CEMEAR - www.cemear.wordpress.com

Centro Ecolgico - www.centroecologico.org.br

Centro Vianei - www.vianei.org.br

CEPAGRO - www.cepagro.org.br

CETAP - www.cetap.org.br

COOPERAFLORESTA

Fundao Rureco - www.rureco.org.br

IAF

Proter - www.proter

endereos teis / bibliografia

BIBLIogrAfIA

-

-

agosto de 2014.

-

-

Cooperativa

-

Acesso em 2 de agosto de 2014.

91


90

ANEXos

anexos

Foto

: Ace

rvo

Cent

ro E

col

gico

Alimentos da agrosociobiodiversidade

93


92

anexos

95


94

anexos

97


96

anexos

A partir do exemplo dos coletores de samambaia dos municpios

para poder coletar e comercializar legalmente esse produto, as or-

ganizaes e instituies envolvidas com o uso dos frutos do pal-

-

-

Esta discusso ocorreu no mbito do Comit Estadual da Reserva

-

gar a dinmica das populaes de palmiteiro submetidas coleta,

-

O monitoramento de populaes de palmiteiro serviu para compre-

ender melhor o potencial de produo de frutos, as dinmicas de

renovao da espcie e sua relao com a fauna local. Via de regra,

-

mentos, no reduz a disponibilidade de alimentos para a fauna. Ao

-

teresse e cuidado com a espcie, contribuindo para a reduo do

-

-

-

O trabalho de grupo evoluiu para a constituio de uma cmara tc-

-

-

-

o para cada servio. Isso desburocratizou o registro da atividade

e deu amparo legal s famlias. Com esta autorizao, o agricultor

produziu.

As possibilidades e as restries existentes esto explicadas no

-

.

99


98

anexos


100

cartilha sistemas agroflorestais - produção de alimentos em

Documents