carta de conjuntura set 2009

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CONJUNTURA CARTA DE 2009 Setembro

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Carta de Conjuntura SET 2009

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  • CON

    JUN

    TURA

    CART

    A D

    E 2009Setembro

  • Governo Federal

    Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica Ministro Daniel Barcelos Vargas (interino)

    Fundao pblica vinculada Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica, o Ipea fornece suporte tcnico e institucional s aes governamentais, possibilitando a formulao de inmeras polticas pblicas e programas de desenvolvimento brasileiro, e disponibiliza, para a sociedade, pesquisas e estudos realizados por seus tcnicos.

    PresidenteMarcio Pochmann

    Diretor de Desenvolvimento InstitucionalFernando Ferreira

    Diretor de Estudos, Cooperao Tcnica e Polticas InternacionaisMrio Lisboa Theodoro

    Diretor de Estudos e Polticas do Estado, das Instituies e da Democracia (em implantao)Jos Celso Pereira Cardoso Jnior

    Diretor de Estudos e Polticas MacroeconmicosJoo Sics

    Diretor de Estudos e Polticas Regionais, Urbanas e AmbientaisLiana Maria da Frota Carleial

    Diretor de Estudos e Polticas Setoriais, Inovao, Produo e InfraestruturaMrcio Wohlers de Almeida

    Diretora de Estudos e Polticas SociaisJorge Abraho de Castro

    Chefe de GabinetePersio Marco Antonio Davison

    Assessor-Chefe da ComunicaoDaniel Castro

    URL: http://www.ipea.gov.br Ouvidoria: http://www.ipea.gov.br/ouvidoria

    ISSN 1982-8772

    carta deconjunturaDiretoria de Estudos e Polticas Macroeconmicos

    GAP Grupo de Anlise e Previses

    Equipe TcnicaRoberto Messenberg (Coordenador) Denise Lobato Gentil Francisco Eduardo de Luna e Almeida Santos Leonardo Mello de Carvalho Maria Andria Parente Lameiras Renaut Michel Felix Manhia Lucas Azeredo da Silva Teixeira Mario Rubens de Mello Neto Octvio Vargas Freitas Pinton

    EstagiriosAnnyeli Damio Nascimento Felipe Guimares Pinheiro Norberto M. Martins Rodrigo Fernandes de Lima Thiago Machado dos Santos

    Equipe IpeadataBianca Teixeira Ca Flavia Bandeira Guilherme Ramiro Ribeiro Pereira Igor Menezes da Costa Ingreed Valda Estevez Marcia Pimentel Victor Soares da Silva

    As opinies emitidas nesta publicao so de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, no exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada ou da Secretaria de Assuntos Estratgicos.

    permitida a reproduo deste texto e dos dados contidos, desde que citada a fonte. Reprodues para fins comerciais so proibidas.

    As sees desta carta foram produzidas com as informaes existentes em 05 de outubro de 2009.

  • SUMRIO

    NVEL DE ATIVIDADE 5

    EMPREGO 15

    INFLAO 19

    SETOR EXTERNO 23

    ECONOMIA MONETRIA E FINANCEIRA 27

    FINANAS PBLICAS 33

    INDICADORES*

    * O anexo estatstico encontra-se no site www.ipea.gov.br com a ntegra da Carta de Conjuntura.

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 5ipea

    1 NVEL DE ATIVIDADE

    De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 1,2% no segundo trimestre de 2009, na comparao com o mesmo perodo do ano anterior. J com relao ao trimestre imediatamente anterior, na srie com ajuste sazonal, a economia registrou variao positiva de 1,9%, pondo fim ao perodo de recesso tcnica, caracterizado pela ocorrncia de retrao em dois trimestres consecutivos, nessa base de comparao (ver grfico 1.1). Assim como nas ocasies anteriores, levando-se em conta a srie histrica do IBGE, iniciada em 1996, a recesso teve durao mnima, sendo que a economia j apresenta sinais do comeo de um novo ciclo de crescimento.

    O ltimo ciclo de expanso da economia brasileira teve incio no final de 2005 e foi marcado por um forte cresci-mento da demanda interna, liderado pelo bom desempenho do consumo e, principalmente, do investimento. Alm disso, a existncia de um ambiente externo extremamente favorvel, com fartura de liquidez internacional e demanda mundial crescente, possibilitou a obteno de seguidos supervits na balana comercial. O pas vivenciou uma melhora significativa nas condies de crescimento com estabilidade monetria: entre outras mudanas, reduziu consideravelmente a dvida externa e acumulou expressivo volume de reservas, tornando-se credor internacional em dlares e reduzindo a chamada vulnerabilidade externa. A consequente diminuio do risco pas, culminando com a sua elevao condio de grau de investimento, tornou o Brasil um alvo ainda mais atrativo ao capital estrangeiro, estimulando as captaes externas por parte das empresas nacionais e os ingressos no mercado de capitais domstico. O agravamento da crise financeira interna-cional, em meados do terceiro trimestre de 2008, marcou o fim desse ciclo de expanso. Na medida em que a conjuntura internacional se modificou, o pas se viu diante de um cenrio de forte escassez de financiamento externo, associado a uma trajetria de retrao da demanda mundial. Numa economia que j vinha investindo em estoques, tendo em vista uma expectativa de demanda crescente, o ajuste interno ocorreu atravs de uma queda abrupta do nvel de atividade, que atingiu de maneira significativa a produo industrial, pelo lado da oferta, e a formao bruta de capital fixo (FBCF), juntamente com o volume de comrcio, pelo lado da demanda. Diferentemente das crises anteriores, o efeito sobre o cmbio, apesar de importante, foi rapidamente debelado pela ao da autoridade monetria, num primeiro momento, e, em seguida, pela gradual normalizao dos fluxos de capital externo. Vale notar, ainda, que a depreciao do real frente ao dlar, ocorrida naquele perodo inicial da crise, significou, inclusive, uma reduo da relao dvida/PIB.

    As boas condies de crescimento com estabilidade monetria, suavizando os efeitos do choque externo, juntamente com a implementao de polticas anticclicas por parte do governo, sustentaram o poder de compra dos consumidores, alm de estimular a recuperao do nvel de liquidez interno da economia, que se traduziu num aumento gradual do volume de concesses de crdito. Esses fatores, associados ao processo de ajuste do nvel de estoques, fizeram com que a economia deixasse para trs o pior momento da crise j a partir de abril. O ciclo de crescimento que se inicia guarda algu-mas semelhanas com o anterior, na medida em que a expanso continuar tendo como motor propulsor o desempenho

    GRFICO 1.1Evoluo das taxas de crescimento do PIB(Em %)

    Fonte: IBGE. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    -4,0

    -3,0

    -2,0

    -1,0

    0,0

    1,0

    2,0

    3,0

    4,0

    5,0

    6,0

    7,0

    I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

    PIB preos de mercado ndice encadeado dessazonalizado (mdia de 1995 = 100) T/T(1)PIB preos de mercado ndice encadeado (mdia de 1995 = 100) variao acumulada em quatro trimestres

  • Carta de Conjuntura | set. 20096 ipea

    do mercado interno. Apesar da contribuio positiva das exportaes lquidas para o crescimento do PIB no segundo trimestre de 2009, este resultado dever se inverter na medida em que a economia acelere a sua recuperao, uma vez que a taxa de cmbio dever manter um vis de apreciao. A principal diferena com relao ao ciclo anterior diz respeito ao desempenho da formao bruta de capital (FBC). Como o nvel de utilizao da capacidade produtiva ainda se encontra num patamar reduzido, a recuperao do investimento dever acontecer de maneira mais lenta, uma vez que o nvel de ociosidade atual do parque industrial proporciona aos empresrios uma margem de segurana confortvel para atender a uma possvel acelerao da demanda.

    Vrios fatores podero influenciar o desempenho da economia no decorrer do segundo semestre de 2009. Como foi dito anteriormente, o consumo das famlias continuar contribuindo de maneira significativa para a expanso do PIB. Por trs disso, esto: a manuteno do crescimento da massa salarial, impulsionada pelo aumento tanto da popula-o ocupada quanto dos rendimentos, associada a uma inflao em declnio; a recuperao no mercado de crdito e do mercado de trabalho, o que ocorreu em quase todos os setores e comea, agora, a se verificar tambm no setor industrial, reduzindo o desemprego e aumentando o nvel de confiana dos consumidores e empresrios. Pelo lado da oferta, o fim do ciclo de estoques, principalmente nos setores ligados categoria dos bens intermedirios, que possui o maior peso na estrutura industrial, poder se refletir numa recuperao mais efetiva da produo, diminuindo o gap existente em relao ao desempenho das vendas no comrcio. Numa escala menor, os setores exportadores da indstria os mais prejudicados pela crise internacional sentiro os efeitos positivos da melhora na demanda mundial. Alm da China, que continuar importando commodities, alguns pases desenvolvidos j do sinais de que podem estar iniciando uma recuperao, o que pode implicar uma melhora nas exportaes de produtos manufaturados. Finalmente, se, por um lado, o trmino das desoneraes, previstas para o incio do quarto trimestre, podem implicar alguma desacelerao do consumo, por outro lado os efeitos defasados da poltica monetria sero sentidos com mais fora a partir desse mesmo perodo.

    OFERTA

    A anlise dos componentes do PIB pelo lado da oferta destaca mais uma vez a participao do setor de servios, que contribuiu com +2,0 pontos percentuais (p.p.) no PIB, na comparao entre o segundo trimestre de 2009 e o mesmo perodo do ano anterior. Com exceo do agropecurio com contribuio nula os demais setores foram os responsveis pela queda de 1,2% (ver grfico 1.2). Enquanto o setor da indstria subtraiu 1,7 p.p., os impostos indiretos contriburam negativamente com 1,4 p.p., refletindo a queda do nvel de atividade.

    A indstria voltou a apresentar queda na comparao interanual, com retrao de 7,9% frente ao segundo trimestre de 2008. Esta foi a terceira retrao consecutiva do setor nessa base de comparao (ver tabela 1.1). Com isto, a queda acumulada no primeiro semestre ficou em 8,6%. Assim como no primeiro trimestre, esse resultado foi o reflexo do mau desempenho dos subsetores transformao e construo, que registraram recuo de 10,0% e 9,5%, respectivamente. Porm, em relao ao trimestre imediatamente anterior, na srie livre de influncias sazonais, a indstria registrou crescimento de

    GRFICO 1.2Componentes do PIB pelo lado da oferta: contribuio ao crescimento(Em %)

    Fonte: IBGE. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    0,9 1,41,5 1,5

    2,8 2,3

    3,03,0

    2,84,0 1,6

    2,2

    2,42,3 2,0

    1,0

    0,51,9

    -0.70,0

    -0,1-0,6 0,40,2 0,3 0,3 0,5 0,0

    2,7

    1,3

    -2,1

    0,1

    0,51,0

    0,0

    0,60,7

    -1,7

    0,50,5

    1,0

    0,4

    0,1

    1.01,5

    1,32,4 2,0

    2,0

    1,4

    -1,3

    -1,4

    5,34,7

    -1,8

    6,1

    4,6

    2,2

    5,85,4

    6,1 6,26,8

    1,3

    -1,2

    -6

    -4

    -2

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    Agropecuria Servios Indstria Impostos s/ produtos PIB

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    2,1%, igualando o desempenho mdio dos trs primeiros trimestres de 2008. Nessa base de comparao o maior destaque ficou por conta da construo, que avanou 3,2% frente ao primeiro trimestre.

    TABELA 1.1PIB: taxa real de crescimento trimestral e acumulado no ano(Em %)

    2008 2009 Variao acumulada no ano

    I II III IV I II 2008 2009

    PIB pm 6,1 6,2 6,8 1,3 1,8 1,2 5,1 1,5

    Imposto sobre produtos 9,1 8,1 10,1 2,6 3,3 2,8 7,4 3,0

    Agropecuria 3,8 9,3 6,4 2,2 1,6 4,2 5,8 3,0

    Indstria 6,9 5,7 7,1 2,1 9,3 7,9 4,3 8,6

    Servios 5,2 5,4 5,9 2,5 1,7 2,4 4,8 2,1

    Consumo Total 6,3 5,5 7,1 3,0 1,7 3,0 5,4 2,3

    FBCF 15,4 16,6 19,7 3,8 14,0 17,0 13,8 15,6

    Exportao 2,3 4,9 2,0 7,0 15,2 11,4 0,6 13,1

    Importao 18,8 26,0 22,8 7,6 16,0 16,5 18,5 16,3

    PIBpm var. dessazonalizada (%) 1,8 1,5 1,3 3,4 1,0 1,9

    Fonte: IBGE. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    Formao Bruta de Capital Fixo (FBCF).

    O setor agropecuria tambm registrou variao negativa no segundo trimestre de 2009, recuando 4,2% em relao ao mesmo perodo do ano passado. Com relao ao trimestre imediatamente anterior, com dados dessazonalizados, o recuo de 0,1% significou a quarta queda consecutiva, nessa base de comparao. O resultado da agropecuria foi influenciado, uma vez mais, pelo mau desempenho de alguns produtos com safra relevante no segundo trimestre (como o caso da soja), que foram influenciados por problemas climticos. A queda de 3,0% acumulada no ano a mais baixa de toda a srie histrica do IBGE.

    Pelo segundo trimestre consecutivo, o setor de servios foi o nico a registrar crescimento na comparao ante igual perodo do ano anterior. O crescimento de 2,4% frente ao segundo trimestre de 2008 foi puxado pelos resultados dos subsetores servios de informao, intermediao financeira e seguros e outros servios, que avanaram 6,8%, 8,2% e 7,3%, respectivamente. Na srie com ajuste sazonal, o setor avanou 1,2% em relao aos primeiros trs meses de 2008. Ainda nesta base de comparao, todos os subsetores registraram variao positiva, com destaque para o grupo comrcio (3,2%) e servios de informao (2,6%).

    DEMANDA

    Pelo lado da demanda, a absoro domstica, composta pelo consumo total (famlias e governo) e pela FBC, voltou a contribuir negativamente, subtraindo 1,9 p.p. do PIB, na comparao entre o segundo trimestre de 2009 e o mesmo perodo de 2008. Assim como no primeiro trimestre, os investimentos sofreram forte retrao, o que se traduziu numa contribuio negativa de 5,1 p.p. (ver grfico 1.3). Por outro lado, o consumo total manteve o bom desempenho e continua sendo o componente mais importante pelo lado da demanda. Contribuindo positivamente pelo 21 trimestre consecutivo, adicionou +3,2 p.p. para o resultado do PIB. Por fim, pela primeira vez desde o quarto trimestre de 2004, as exportaes lquidas tiveram influncia positiva sobre o desempenho do PIB. Apesar da forte retrao das exportaes, o impacto da crise internacional tem sido ainda mais severo sobre as quantidades importadas, resultando numa contribuio de +0,7 p.p. no resultado do segundo trimestre.

  • Carta de Conjuntura | set. 20098 ipea

    O consumo das famlias cresceu pelo 23 trimestre seguido, registrando expanso de 3,2% na comparao entre o segundo trimestre de 2009 e o mesmo perodo do ano anterior. Na srie livre de efeitos sazonais, este resultado se traduziu num avano de 2,1% na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2009, configurando o melhor desempenho do consumo das famlias desde o quarto trimestre de 2007, quando havia crescido 3,1%. Com isso, o crescimento acumulado no primeiro semestre chegou a 2,3%.

    A trajetria de crescimento do consumo das famlias sofreu forte desacelerao no final de 2008, em resposta aos efeitos do agravamento da crise internacional, que deterioraram os nveis de confiana dos consumidores. Esta piora se traduziu numa queda de 1,4% na passagem entre o terceiro e o quarto trimestre de 2008, na srie sem efeitos sazonais. Este cenrio, no entanto, se alterou j a partir do incio de 2009, quando a percepo dos agentes sobre o ambiente eco-nmico comeou a melhorar (ver grfico 1.4). Desde ento, o consumo das famlias vem retomando gradativamente o ritmo de crescimento anterior crise, influenciado por uma srie de fatores, entre os quais se destacam: i) a manuteno do ritmo de crescimento da massa salarial, refletindo no s o crescimento da populao ocupada como tambm o avano do rendimento mdio real que, influenciado por uma trajetria decrescente dos ndices de inflao, tem proporcionado aos consumidores a manuteno do seu poder de compra. Vale ressaltar tambm a importncia dos programas de trans-ferncia de renda adotados pelo governo, assim como o aumento real concedido ao salrio mnimo. Estes fatores, num primeiro momento, sustentaram a demanda pelos chamados bens no-durveis, que se caracterizam por serem consumidos em funo exclusivamente dos nveis de renda; ii) a melhora nas condies do mercado de trabalho. Principal fator de influncia sobre a confiana dos consumidores, a recuperao dos nveis de emprego tem exercido papel fundamental na retomada do seu crescimento. Na medida em que as taxas de desemprego mantenham a trajetria de queda observada nos ltimos meses, os consumidores se sentiro mais seguros em retomar os planos de financiamento para aquisio de bens, neste caso, os chamados bens de consumo durveis, que se caracterizam pela necessidade de crdito; iii) a poltica monetria implementada pelo governo. Uma vez que a demanda por crdito aumenta, em funo da recuperao da confiana por parte dos agentes, necessrio que a oferta seja suficiente para atend-la. A este respeito, o Banco Central do Brasil vem agindo desde o incio da crise, atravs de medidas que possibilitem a restaurao dos nveis de liquidez na economia. Neste sentido, tanto o relaxamento do compulsrio quanto a reduo da taxa bsica de juros Taxa do Servio Especial de Liquidao e Custdia (SELIC) tm sido importantes no s para o aumento das concesses de crdito, como tambm para o seu barateamento.

    O consumo da administrao pblica registrou aumento de 2,2% no segundo trimestre de 2009 quando compa-rado ao mesmo perodo do ano anterior. Na srie dessazonalizada o governo consumiu 0,1% menos do que no primeiro trimestre. No ano, a taxa mdia de crescimento na margem ficou em 0,4%, nvel bem menor que a do ano passado, que foi de 1,5%.

    GRFICO 1.3Componentes do PIB pelo lado da demanda: contribuio ao crescimento(Em %)

    Fonte: IBGE. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    -1,1-2,1 -1,7 -2,2 -1,7

    -1,1 -0,60,7

    2,9 4,8

    6,25,0

    3,53,2

    -0,5-0,2 -0,3-0,9

    2,93,8

    2,21,62,11,40,5

    2,0 2,42,9

    -5,1-5,3

    2,7

    2,0

    4,13,3

    2,7

    6,25,4

    2,2

    4,7 4,65,3

    5,85,4

    6,1 6,26,8

    1,3

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    Exportaes lquidas Investimento (FBC) Consumo total PIB

    -0,1

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    Entre os componentes da demanda, a FBCF voltou a ser o destaque negativo, com queda de 17,0% na comparao entre o segundo trimestre de 2009 e o mesmo perodo do ano anterior. Com esse resultado, o pior em toda a srie histrica do IBGE, a variao acumulada no ano ficou negativa em 15,6%, quando comparada aos primeiros seis meses de 2008. Tambm por isto, a taxa de investimento voltou a cair, passando de 16,6% para 15,7%. O mau desempenho dos inves-timentos reflete a forte retrao ocorrida tanto no consumo aparente de mquinas e equipamentos (Came), quanto na construo civil (ver grfico 1.5). Enquanto o Came recuou 23,3% no acumulado do primeiro semestre, particularmente influenciado pela queda na produo de bens de capital (23,1%), o setor da construo civil caiu 10,3%, na mesma base de comparao.

    Apesar da forte queda na FBCF quando comparada ao mesmo perodo de 2008 a anlise da srie dessazona-lizada evidencia estabilidade na passagem entre o primeiro e o segundo trimestres de 2009. Este resultado, aps uma retrao acumulada de 20,3% nos dois trimestres anteriores, j aponta para o incio de uma recuperao. Historicamente

    GRFICO 1.4 ndice de confiana do consumidor (dessazonalizado)(Setembro de 2005 = 100)

    Fontes: FGV e Fecomrcio. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    80

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    FGV Fecomrcio/SP

    GRFICO 1.5FBCF e componentes(Taxa de crescimento real acumulada em quatro trimestres, em %)

    Fonte: IBGE. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    -20,0

    -15,0

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    FBCF (D) Mquinas e equipamentos (E) Construo civil (E)

  • Carta de Conjuntura | set. 200910 ipea

    mais voltil que os demais componentes da absoro interna, o investimento sofreu o maior ajuste durante a recesso. A queda abrupta do nvel de atividade, associada a uma forte restrio de liquidez, reverteu as expectativas dos empresrios quanto trajetria de demanda futura, fazendo com que a maioria dos planos de aumento de capacidade produtiva fosse cancelada ou, pelo menos, adiada. Porm, com o fim da recesso e o incio de um novo ciclo de crescimento, impe-se, uma vez mais, a necessidade de ampliao do produto potencial da economia, visando relaxar as restries a uma expanso mais acelerada. Sendo assim, a velocidade da recuperao do investimento ser um importante balizador nas questes envolvendo as expectativas dos agentes, assim como a conduo da poltica monetria. Num momento inicial, alguns fatores podem retardar a retomada dos investimentos. Em primeiro lugar, a forte queda ocorrida na produo, em virtude da crise, provocou um alto grau de ociosidade na indstria, diminuindo a necessidade de inverses imediatas, mesmo em face de uma demanda crescente. A isso vem associar-se o fato de que uma boa parte dos investimentos realizados no ciclo anterior ainda no se transformou efetivamente em aumento de capacidade, o que aumentar ainda mais essa folga. Por ltimo, o setor exportador, parcela importante da indstria, ainda aguarda por uma sinalizao mais concreta do incio de recuperao da economia mundial. Por outro lado, alguns fatores podem vir a acelerar a recuperao dos inves-timentos; alguns desses fatores so: i) um cenrio econmico com menos incerteza, com os ndices de inflao estveis; ii) a manuteno do bom desempenho da demanda interna, somada aos efeitos defasados de uma poltica monetria menos contracionista; iii) os programas habitacionais implementados pelo governo, os quais visam estimular o setor da construo civil; e iv) a melhora nas condies de financiamento externo, refletindo a reduo do risco pas na percepo dos investidores estrangeiros.

    INDSTRIA

    Segundo os dados divulgados na Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), do IBGE, a produo de agosto voltou a registrar crescimento na margem, avanando 1,2% frente ao ms de julho, na srie livre de influncias sazonais. Esta foi a oitava alta consecutiva no ndice dessazonalizado, que j acumula, desde janeiro, uma recuperao de 13,5%. Este desempenho, contudo, ainda no foi suficiente para que a indstria retorne ao patamar anterior crise, uma vez que a mesma acumulou uma queda de 20,9% no ltimo trimestre de 2008. Por esse motivo, a produo continua apresentando variaes negativas na comparao com o mesmo perodo do ano passado. No entanto, o recuo de 7,2% em relao a agosto de 2008 foi bem menor que a mdia dos sete primeiros meses do ano, que ficou em 13,5%. Com esse resultado, os primeiros oito meses de 2009 registraram queda de 12,1% frente ao mesmo perodo do ano anterior. Entre as categorias de uso, todos os setores apresentaram variao positiva na comparao com ajuste sazonal (ver tabela 1.2). Nesta base de comparao, o principal destaque ficou por conta da produo de bens de consumo durveis, com expanso de 3,1% frente ao ms de julho. Vale destacar tambm, a contnua recuperao da categoria de uso dos bens intermedirios, que avanou pelo oitavo ms seguido, registrando crescimento de 0,7%.

    TABELA 1.2Produo Industrial Mensal (PIM-PF)(Variao, em %)

    Ago09/Jul09a Ago09/Ago08 Acumulado no ano Em 12 meses

    Geral 1,2 7,2 12,1 8,9

    Classes

    Extrativa mineral 0,9 10,3 12,8 9,4

    Transformao 1,2 7,0 12,1 8,8

    Categorias de uso

    Capital 0,4 22,3 23,0 13,0

    Intermedirios 0,7 8,0 14,2 11,3

    Consumo 1,3 1,9 6,1 4,7

    Durveis 3,1 3,7 15,6 14,1

    Semiduravis e no-durveis 0,6 1,3 2,8 1,6

    Insumos da construo civil 0,6 8,6 10,0 5,2

    Fonte: IBGE. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    Sazonalmente ajustado pelo IBGE (mtodo X-12), exceto construo civil cuja dessazonalizao realizada pelo Ipea atravs do mtodo X-11.

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 11ipea

    Entre os 27 ramos da atividade industrial, 15 registraram crescimento na margem em agosto. Com isso, o ndice de difuso, aps chegar a 85% em julho, diminuiu para 59% no ms de agosto. Ainda assim, o grau de disseminao do crescimento da produo industrial vem aumentando gradativamente. Aps atingir seu pior momento em dezembro ltimo, quando chegou a 18,5%, o nvel de difuso mdio, em 2009, j supera os patamares de 2007 e 2008 (ver grfico 1.6). Entre as atividades que mais contriburam para o crescimento da indstria em agosto deve-se destacar os setores veculos automotores e materiais eletrnicos, que registraram avano de 3,2% e 9,1%, respectivamente.

    O ritmo de crescimento apresentado pela produo industrial no segundo semestre de 2009 sinaliza para uma recu-perao mais efetiva do que aquela observada nos primeiros seis meses do ano. No obstante, a melhora no desempenho da indstria continuar tendo como principal base de sustentao a demanda interna. Tanto a recuperao gradual do mercado de trabalho quanto a trajetria crescente dos rendimentos e do crdito tm impulsionado os nveis de consumo. Com isso, o nimo dos empresrios tambm tem melhorado. De acordo com a pesquisa Sondagem Conjuntural da Indstria de Transformao, da FGV, o ndice de Confiana da Indstria (ICI) cresceu pelo nono ms consecutivo, avanando 3,6% entre agosto e setembro, o melhor resultado desde setembro de 2008. Outro fator que pode acelerar o crescimento da indstria no decorrer do segundo semestre o fim do ajuste de estoques. Ainda com base na pesquisa da FGV, a parcela de empresas com estoques insuficientes aumentou de 4,6% em agosto para 5,0% em setembro. J aquelas que declararam estoques acima do nvel desejado caram de 6,5% para 4,5% do total pesquisado. Por fim, os primeiros indcios de recuperao da economia mundial podem significar um alento para os setores exportadores da indstria. Alm da China, pouco afetada pela crise, e responsvel por uma boa parte da demanda mundial por commodities, alguns pases desenvolvidos podem estar dando os primeiros passos em direo recuperao, o que pode significar uma melhora na exportao de produtos manufaturados.

    De acordo com a Confederao Nacional das Indstrias (CNI), o nvel de utilizao da capacidade instalada (Nuci) avanou para 79,9% em julho, na srie com ajuste sazonal (ver grfico 1.7). Apesar do patamar ainda bastante inferior ao pico atingido em fevereiro de 2008 (83,4%), o Nuci vem crescendo de maneira contnua, e tende a acompanhar o ritmo de expanso da produo industrial. Com relao produo por horas trabalhadas, percebe-se que esta tambm tem apresentado recuperao desde o incio do ano, acompanhando o crescimento da utilizao de capacidade. Confirmando a recuperao do setor industrial, o nvel de emprego na indstria registrou avano de 0,35% em julho, a primeira variao positiva na srie sem influncias sazonais, desde julho de 2008.

    GRFICO 1.6 Difuso do crescimento da produo industrial por ramo de atividade(Em %)

    Fonte: IBGE. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    55 56

    60

    49

    61

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

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    abr./

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    ago.

    /09

  • Carta de Conjuntura | set. 200912 ipea

    COMRCIO

    De acordo com os dados divulgados na Pesquisa Mensal de Comrcio (PMC), do IBGE, o volume de vendas no varejo voltou a crescer em julho, avanando 0,5% em relao ao ms imediatamente anterior, na srie livre de influncias sazonais. Na comparao com o mesmo perodo do ano passado, o volume de comrcio foi 5,9% mais alto. Dentre os setores que mais contriburam para o bom resultado de julho, deve-se destacar o de hipermercados, que registrou crescimento de 10,1%, influenciado positivamente pela queda ocorrida no preo dos alimentos. Com o resultado de julho, o setor varejista j acumula um crescimento de 4,6% no ano, confirmando o bom desempenho da demanda, a despeito da retrao de outros setores da economia, provocada pela crise mundial.

    Com relao ao volume de vendas no varejo ampliado,1 o ms de julho registrou queda frente ao ms anterior, recuando 6,0% na srie com ajuste sazonal. Grande parte deste resultado est associada ao fraco desempenho do grupo veculos e motos que, aps o recorde de vendas registrado em junho, motivado pela expectativa de trmino da iseno do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), sofreu recuo de 10,4%. Em relao a julho de 2008, as vendas no varejo ampliado cresceram apenas 0,9%. Nesta base de comparao, o destaque negativo ficou por conta do grupo materiais de construo, que registrou queda de 12,5%.

    O perodo de recesso tcnica vivido pela economia brasileira foi pouco sentido no comrcio varejista. Enquanto a produo industrial sofreu forte retrao, as vendas no varejo mantiveram o ritmo de crescimento anterior ao incio da crise, principalmente os setores ligados venda de produtos semidurveis e no-durveis. Mesmo considerando o varejo no conceito ampliado, os efeitos da crise foram passageiros. No caso particular do setor de autoveculos, aps a queda observada nos ltimos trs meses de 2008, as vendas no mercado interno registraram rpida recuperao j a partir de janeiro, impulsionadas pela poltica de iseno do IPI e pelo crescimento da massa salarial. Por outro lado, as vendas para o setor externo continuam muito abaixo do nvel anterior crise, apesar do resultado de agosto j dar indcios de uma recuperao mais efetiva (ver grfico 1.8).

    1. Inclui os segmentos materiais de construo civil e autoveculos.

    GRFICO 1.7 Nvel de utilizao da capacidade instalada versus produtividade do trabalho(ndice: janeiro de 2001 = 100) (Dessazonalizado, em %)

    Fontes: IBGE e CNI. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    80

    85

    90

    95

    100

    105

    110

    115

    120

    125

    130ab

    r./01

    jul./0

    1ou

    t./01

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    2ab

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    6ab

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    jul./0

    9

    77

    78

    79

    80

    81

    82

    83

    84

    Produo por horas pagas (E) Nvel de utilizao da capacidade instalada (D)

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 13ipea

    GRFICO 1.8 Desempenho do setor de autoveculos: vendas internas versus exportaes(ndice dessazonalizado: maro de 2000 = 100)

    Fonte: Anfavea. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    86

    106

    126

    146

    166

    186

    206

    226

    abr./

    06

    jun./0

    6

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    9

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    /09

    Exportaes Vendas internas

    Efeito IPI

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 15ipea

    2 EMPREGO

    O mercado de trabalho um importante objeto de anlise, quando se trata de buscar entender os sinais de recuperao da economia brasileira e a dinmica desse processo. Na realidade, possvel identificar que o comportamento desse mercado poder dar respaldo s respostas a duas perguntas: a primeira diz respeito consistncia da recuperao da economia brasileira e a segunda, ao ritmo e intensidade que o processo de recuperao vai assumir. Sem embargo, o comportamento do mer-cado de trabalho ao longo de 2009 surpreendeu positivamente, tendo em vista que, quando a crise financeira internacional chegou economia brasileira, muitos projetavam uma taxa de desocupao na casa de dois dgitos para o ano de 2009, bem como um retrocesso no que diz respeito ao comportamento da criao/destruio dos empregos formais. Desse ponto de vista, o ms de abril comeou a apontar na direo de que o mercado de trabalho brasileiro poderia ser um bom indicador para avaliar em que medida a economia brasileira dava sinais de recuperao. Se no, vejamos.

    Em relao aos dados de empregos com carteira assinada, os nmeros relativos aos ltimos trs meses reafirmaram as expectativas de recuperao formadas na ltima Carta de Conjuntura. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CaGED), do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), o saldo de empregos criados neste perodo foi de 500 mil postos de trabalho, como mostra o grfico 2.1. Em junho e julho, foram criados 119 mil e 138 mil postos, respecti-vamente. Em agosto foram criados 242.126 postos de trabalho, resultado que representa 75% a mais dos postos criados em julho e 1,25% a mais que os postos criados em agosto de 2008, quando foram criados 239.123 postos de trabalho. Este resultado de agosto o maior desde setembro do ano passado (282.841 postos gerados).

    Na anlise setorial, a indstria continua sendo o setor com pior resultado no acumulado ao longo do ano. a criao lquida de empregos formais nesse setor est negativa em 60 mil postos. H que se ressaltar, no entanto, que nos trs ltimos meses foram criados 85.919 mil postos nesse setor. Em agosto o saldo de emprego na indstria foi de 66.564 mil postos. Caso o dinamismo apresentado neste ms se repita no ms de setembro, a criao lquida de postos de trabalho formal na indstria, no ano, passar a ser positiva.

    Em outro sentido, o setor de servios continua sendo o que mais cria postos de trabalho, com um saldo lquido de 348 mil postos no ano. Nos meses de junho a agosto, este setor foi responsvel pela criao de 136 mil postos, dos quais 85.568 mil foram criados no ms de agosto.

    GRFICO 2.1Saldo de emprego formal total: setembro/2008 a agosto/2009 (Em milhares)

    Fonte: CaGEd/MTE.

    -800

    -600

    -400

    -200

    0

    200

    400

    Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago.

    Setembro/2007 a agosto/2008 Setembro/2008 a agosto/2009

  • Carta de Conjuntura | set. 200916 ipea

    7,6 7,5 7,6

    6,8

    8,28,5

    9,0 8,8

    8,1 8,0 8,1

    8,9

    0,0

    1,0

    2,0

    3,0

    4,0

    5,0

    6,0

    7,0

    8,0

    9,0

    10,0

    set./

    2008

    out./

    2008

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    /200

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    /200

    9GRFICO 2.3Taxa de desocupao: setembro/2008 a agosto/2009 (Em %)

    Fonte: PME/IBGE.

    Quanto ao comportamento da taxa de desemprego, de acordo com os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) de agosto, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), a taxa de desocupao nas seis regies metropolitanas (RMs) pesquisadas manteve-se praticamente estvel em relao ao ms de julho, com um aumento desprezvel de 0,1 ponto percentual (p.p.), quando passou de 8,0% para 8,1%. Nos ltimos trs meses, no entanto, esta taxa atingiu a mdia de 8,1%, reduo de 0,8 p.p. ante os trs meses anteriores, quando registraram uma mdia de 8,9%. Na comparao com o mesmo ms do ano passado, a variao de 0,5 p.p., quando estava em 7,6%.

    GRFICO 2.2Saldo de emprego formal por setor de atividade: setembro/2008 a agosto/2009 (Em milhares)

    Fonte: CaGEd/MTE.

    analisando a massa salarial, a PME do ms de agosto, para as seis RMs pesquisadas, mostra que a massa salarial real habitual vem registrando expressivas melhoras nos ltimos trs meses, aps a queda registrada desde o incio do ano at maio. No ms de agosto, a massa salarial alcanou R$ 28,67 bilhes, resultado recorde desde o incio da pesquisa em 2002. Em relao ao ms imediatamente anterior, esse valor significou um aumento de 1,4% da massa salarial e de 3,17% ante o ms de agosto do ano de 2008. Na comparao dos trs meses, a mdia do rendimento entre junho e agosto representou um aumento de 1,07% em relao aos trs meses imediatamente anteriores, e 3,5% ante o mesmo perodo de 2008.

    8,671

    178,675

    382,218

    648,259

    7,965

    197,868

    10,316 18,232

    1.452,204

    51,171

    -0,486 -60,559

    6,319

    151,537

    348,658

    36,286147,108

    680,034

    -150

    50

    250

    450

    650

    850

    1.050

    1.250

    1.450

    Extra

    t. m

    ineira

    l

    Ind.

    trans

    form

    ao

    Serv.

    ind.

    util

    .p

    b.

    Cons

    tru

    o civ

    il

    Com

    rcio

    Servi

    os

    Adm

    . pb

    lica

    Agro

    pecu

    ria

    Tota

    l

    2008 2009 (at agosto)

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 17ipea

    O rendimento real mdio habitualmente recebido vem crescendo desde junho deste ano. De junho para julho, o aumento foi de 0,5%, quando passou de R$ 1.317 para R$ 1.324, e de julho para agosto de 0,9%, quando salta dos R$ 1.324 para R$ 1.337. apesar dessa tendncia de alta no poder de compra dos trabalhadores, a mdia dos ltimos trs meses, agora em R$ 1.326, est abaixo do verificado nos trs meses anteriores, quando estava em R$ 1.335. Em relao a agosto de 2008, quando estava em R$ 1.307, antes de a crise chegar ao Brasil, o resultado de agosto de 2009 corresponde a um aumento de 2,2%.

    Em uma anlise mais geral, possvel chegar concluso de que o desempenho do mercado de trabalho brasileiro aponta na direo de que a economia brasileira deixou para trs o pior. Deste ponto de vista, possvel esperar um segundo semestre que confirme a trajetria de melhoras dos indicadores deste segmento. Resta aguardar a realizao de anlises futuras acerca do papel do emprego no que diz respeito velocidade da recuperao e ao ritmo que ela vai assumir. Dos estudos acerca destas questes surgir, provavelmente, a resposta sobre como ser o comportamento da economia brasileira para o ano de 2010. Em suma, o segundo semestre de 2009 ser decisivo no sentido de confirmar as expectativas atuais de que a economia brasileira vai retomar a trajetria abortada no ltimo trimestre de 2008.

    GRFICO 2.4Massa salarial real habitual: setembro/2008 a agosto/2009 (Em R$ bilhes de agosto de 2009)

    Fonte: PME/IBGE.

    GRFICO 2.5Rendimento real mdio habitualmente recebido: setembro/2008 a agosto/2009 (Em R$ de agosto de 2009)

    Fonte: PME/IBGE.

    1.320

    1.303

    1.315

    1.321

    1.350 1.3481.346

    1.336

    1.3221.317

    1.324

    1.337

    1.270

    1.280

    1.290

    1.300

    1.310

    1.320

    1.330

    1.340

    1.350

    1.360

    set./

    2008

    out./

    2008

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    9

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    ago.

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    9

    Rendimento mdio total

    27,00

    27,20

    27,40

    27,60

    27,80

    28,00

    28,20

    28,40

    28,60

    28,80

    29,00

    set./

    2008

    out./

    2008

    nov./

    2008

    dez./

    2008

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    2009

    mar

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    9

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    /200

    9

    jun./2

    009

    jul./2

    009

    ago.

    /200

    9

    Massa salarial (R$ bilhes)

    R$ 28,67 bilhes

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 19ipea

    3 INFLAO

    O ndice de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA) intensificou ao longo do ltimo trimestre sua trajetria de desacelera-o, registrando uma variao mdia de 0,25% de junho a agosto e recuando 0,13 ponto percentual (p.p.) na comparao com o trimestre imediatamente anterior (maro a maio). Essa queda nas taxas de variao do IPCA foi possibilitada, em grande parte, pelo bom comportamento dos preos livres, em especial o dos bens comercializveis, cuja taxa de variao mdia passou de 0,48%, entre maro e maio, para 0,18% entre junho e agosto. Com este resultado, verifica-se que, aps encerrar o ano de 2008 com uma variao acumulada, em 12 meses, de 7,0%, os preos comercializveis foram desace-lerando continuamente, de modo que, em agosto, essa taxa foi de 3,6% (grfico 1).

    Ainda de acordo com o grfico, nota-se que os preos dos servios e dos bens de consumo no comercializveis tambm apresentam queda ao longo do ano. No entanto, esta desacelerao est concentrada nos bens de consumo no comercializveis (ou seja, nos alimentos in natura), uma vez que os preos dos servios ainda se encontram em patamar superior ao observado no fim do ano passado (tabela 1).

    tabela 3.1IPCA Servios desagregados(Variao acumulada em 12 meses, em %)

    total Residenciais transportes Sade Pessoais educao Comunicao

    Dez./2007 5,18 5,13 1,16 7,15 6,89 4,64 1,03

    Dez./2008 6,37 5,50 7,74 5,67 8,23 4,83 5,36

    Jan./2009 6,61 5,89 7,72 6,01 8,60 4,86 5,35

    Fev./2009 7,07 6,45 7,08 7,21 8,25 6,37 6,02

    Mar./2009 6,81 6,48 6,23 6,65 8,46 5,60 5,73

    abr./2009 7,17 6,69 7,66 6,18 9,16 5,55 5,99

    Mai./2009 7,20 7,20 8,54 6,63 8,41 5,57 5,93

    Jun./2009 7,18 7,42 8,24 7,07 8,27 5,58 4,11

    Jul./2009 7,11 7,39 8,31 7,05 8,03 5,60 4,16

    ago./2009 7,01 7,20 8,00 6,45 7,68 6,10 3,96

    Fonte: IbGe. elaborao: Ipea/Dimac/GaP.

    GRFICO 3.1IPCA geral e grupos(Variao acumulada em 12 meses, em %)

    Fonte: IbGe. elaborao: Ipea/DIMaC/GaP.

    0,0

    1,0

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    Ago.

    /09

    Geral Administrados Tradeables No TradeablesTradeables No-tradeables

  • Carta de Conjuntura | set. 200920 ipea

    Esta resistncia queda nos preos dos servios pode ser atribuda, basicamente, a dois fatores. O primeiro deles est relacionado ao fato de que, muitas vezes, existe atrelado a estes servios um custo de transio que faz com que os indivduos acabem preferindo pagar um preo maior por um servio de sua confiana a ter de experimentar um servio alternativo, mesmo de menor valor. O segundo fator diz respeito ao fato de que, apesar da crise financeira internacional, o mercado de trabalho brasileiro mostrou um alto grau de robustez, de modo que a massa salarial real continuou a apre-sentar variaes positivas ao longo do ano, o que vem sustentando o consumo das famlias.

    Em contrapartida, tem-se que, mesmo com a expanso do poder de compra, os bens de consumo vm registrando desacelerao nas suas taxas de variao. Em dezembro de 2008, os bens de consumo durveis apresentavam, no acumulado em 12 meses, uma leve deflao de 0,01%. Com as sucessivas quedas nas suas taxas mensais, em agosto deste ano, esta deflao em 12 meses foi de 3,7%. Parte desse recuo nos preos est ligada poltica de desonerao fiscal adotada pelo governo como forma de estimular o consumo. De fato, de dezembro, quando foi anunciada a reduo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os carros novos, at agosto, este item acumula queda de 7,6%. No caso dos eletrodo-msticos pertencentes linha branca, a deflao acumulada no ano, at agosto, j superior a 6%.

    Aliado a essa desonerao fiscal, o grupo de bens de consumo vem se beneficiando, nos ltimos meses, da depre-ciao da taxa de cmbio, cujo impacto se d via diminuio de custos dos produtos que usam insumos importados e via desestmulo alta de preos dos produtos fabricados no mercado interno que esto em concorrncia direta com os produzidos no exterior.

    A desacelerao dos preos livres vem mais do que compensando a alta dos preos administrados em 2009, quando comparados ao ano anterior, influenciados, em grande parte, pela forte alta dos ndices Gerais de Preos (IGPs) em 2008. De fato, na anlise do ndice de difuso do IPCA (grfico 2), que mede a proporo dos itens com variao positiva no ndice, verifica-se que, aps iniciar o ano em 0,66, este ndice veio recuando ao longo do ano e registrou, em agosto, valor de 0,53, atingindo o seu melhor resultado desde agosto de 2006 (0,52).

    Em setembro, de acordo com os dados do IPCA-15, a inflao voltou a desacelerar. Em agosto, esse ndice apontou alta de 0,23%, ficando 0,04 p.p. acima do resultado de setembro. Essa queda decorreu do esvaziamento dos reajustes semestrais do grupo educao e da tarifa de energia eltrica. Apesar da forte queda de preos no subgrupo leite e deri-vados (5,2%), o grupo alimentao voltou a pressionar positivamente o ndice (0,13% em setembro, ante 0,28% em agosto), influenciado pelas altas dos produtos in natura e pelo acar.

    Esta melhora na inflao tambm se estendeu s medidas de ncleo, cujas variaes vm recuando, ainda que de forma mais gradual, que as do ndice cheio. Em setembro, no acumulado em 12 meses, todas as medidas de ncleo apre-sentaram variaes superiores do IPCA-15 (tabela 2). Na mdia dos ncleos, a taxa de variao acumulada em 12 meses (4,6%) apesar de ainda se situar em patamar acima do centro da meta, registrou em setembro uma queda de 0,3 p.p. em relao ao observado em agosto, ratificando uma trajetria de desacelerao.

    GRFICO 3.2IPCA ndice de difuso

    Fonte: IbGe. elaborao: Ipea/DIMaC/GaP.

    0,40

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  • Carta de Conjuntura | set. 2009 21ipea

    Assim como vem acontecendo no varejo, os ndices de Preos por Atacado (IPAs) tambm registram expressiva desacelerao quando comparados aos resultados obtidos no incio do ano. Depois de iniciar 2008 com uma variao em 12 meses de 8%, o IPA-M recuou fortemente de tal forma que, em setembro, esta variao j era negativa em 3% (grfico 3). Esta retrao dos preos por atacado resultou principalmente do comportamento dos preos industriais, cuja taxa, em 12 meses, passou de 14,3% em janeiro para 0,13% em setembro, refletindo a desacelerao dos minerais metlicos, produtos de metalurgia e eletrnicos. Ainda que em grau menos elevado, os preos agrcolas tambm apresentam essa mesma trajetria de taxas declinantes (2,9% em setembro contra 2,1% em janeiro, no acumulado em 12 meses).

    tabela 3.2IPCA-15 - Indicadores de Ncleo de Inflao(Variao, em %)

    Variao mdia mensalacumulado em 12 meses

    1 trim./09 2 trim./09 3 trim./09

    ndice geral 0,38 0,44 0,21 4,27

    Ncleo do Ipea 0,37 0,53 0,26 5,00

    Mdias aparadas 0,34 0,42 0,28 4,39

    Por excluso 0,37 0,47 0,15 4,45

    Mdia dos ncleos 0,36 0,47 0,23 4,61

    Ncleo preos livres 0,38 0,40 0,16 4,44

    Fontes: IbGe e Ipea/Dimac/GaP.

    A desacelerao do IPA em de 2009 est associada ao recuo dos preos das commodities industriais e agrcolas no mercado externo, resultante da retrao da produo nos pases de economia madura e da queda no ritmo de crescimento das economias emergentes, impactadas pelo agravamento da crise internacional no ltimo trimestre de 2008. Entretanto, nos ltimos meses, impulsionados pelo aquecimento da demanda asitica, os preos das commodities, sobretudo as indus-triais, j apresentam algum grau de recuperao.

    Apesar desta elevao nas cotaes internacionais, os efeitos desses aumentos sobre a inflao domstica esto sendo mais do que compensados pela valorizao do real frente ao dlar. De fato, de acordo com o grfico 4, verifica-se que, en-quanto houve uma acelerao do ndice em dlar no ltimo ms, o ndice em reais apresentou comportamento estvel.

    De uma maneira geral, o cenrio de inflao no curto e mdio prazo benigno, uma vez que tanto os preos por atacado quanto ao consumidor devem manter-se em patamares pouco elevados. No caso dos preos por atacado, confor-me dito acima, ainda que haja uma presso altista nas commodities no mercado internacional, a valorizao cambial deve agir no sentido de anular esta alta internamente. Adicionalmente, os preos no varejo tambm no vo sofrer grandes reajustes, apesar da crescente variao da massa salarial real, uma vez que a capacidade ociosa presente na indstria no

    GRFICO 3.3IPA-M variao acumulada em 12 meses(em %)

    IPa-agro. IPa-total e IPa-ind.

    Fonte: FGV. elaborao: Ipea/DIMaC/GaP.

    -20,0

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    IPA-total IPA-ind. IPA-agro

  • Carta de Conjuntura | set. 200922 ipea

    deve gerar presses inflacionrias. Por fim, as baixas variaes dos IGPs ao longo deste ano devem proporcionar um alvio nos preos administrados em 2010.

    GRFICO 3.4ndice de preos de commodities(base: janeiro de 2002 = 100)

    Fonte: Fundo Monetrio Internacional (FMI). elaborao: Ipea/DIMaC/GaP.

    100

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    R$ US$

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 23ipea

    4 SETOR EXTERNO

    BALANA COMERCIAL

    Aps registrar uma elevao do supervit mensal para US$ 3,1 bilhes em agosto de 2009 (a partir dos US$ 2,93 bilhes alcanados em julho), a balana comercial brasileira apresentou uma queda de saldo em setembro para algo em torno de US$ 1,3 bilho. Essa inflexo dos resultados mensais trouxe o saldo comercial, em 12 meses, para US$ 26,5 bilhes em setembro (de US$ 27,8 bilhes em agosto), provocando a interrupo de sua trajetria ascendente desde julho de 2009. Assim, embora a balana comercial tenha exibido um resultado inferior (7,9%) ao acumulado nos 12 meses at setembro de 2008 (US$ 28,7 bilhes), seu desempenho em quatro trimestres permanece desde maro de 2009 superior ao registrado ao longo de 2008 (US$ 24,7 bilhes).

    As exportaes alcanaram US$ 13,9 bilhes em setembro de 2009, totalizando US$ 158,9 bilhes em 12 meses; nvel significativamente inferior (18,5%) aos US$ 194,9 bilhes acumulados nos quatro trimestres encerrados em setembro de 2008. Apesar da tendncia declinante nas sries mensais (entre junho e agosto de 2009) e em 12 meses (a partir de novembro de 2008), a resistncia a quedas mais acentuadas das exportaes pode ser explicada, essencialmente, pelo desempenho das vendas externas dos produtos bsicos, com a vigncia de patamares mnimos alcanados desde junho de 2008 (grfico 4.1).

    GRFICO 4.1Exportaes: classe de produtos(Fluxos acumulados em 12 meses)

    Fonte: Fundao Centro de Estudos do Comrcio Exterior (Funcex). Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

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    Total Bsicos Manufaturados

    Na comparao entre os 12 meses encerrados em setembro de 2009 e de 2008, as vendas externas dos produtos bsicos contraram-se em 8,8%, ao mesmo tempo em que as taxas negativas de expanso das exportaes totais e dos produtos manufaturados atingiram, respectivamente, 18,5% e 24,2%.

    Na classe dos produtos manufaturados, aps sofrerem sensvel deteriorao dos nveis alcanados nos trs primeiros trimestres de 2008, as exportaes parecem dar sinais de uma reao a partir de setembro de 2009 (grfico 4.2), apoiadas na progressiva normalizao dos canais de financiamento dos fluxos comerciais e no incio da recuperao da economia internacional. Individualmente, nessa classe de produtos, destacam-se os aumentos recentes registrados pelas exportaes de laminados planos e acar refinado. Entre setembro de 2009 e de 2008, as taxas de crescimento das vendas mdias dirias nestes itens chegaram a 78,9% e a 71,1%, respectivamente.

    Com base no fluxo mensal acumulado em 12 meses, a maior parte do declnio registrado no valor das exportaes at agosto encontra explicao na magnitude da queda das quantidades (9,8%, na comparao com 2008), ainda que as variaes negativas dos preos tambm tenham contribudo para esse movimento (3,7%, na mesma base de comparao). O desempenho das exportaes nesses moldes tem caracterizado especialmente a classe dos produtos manufaturados, cujas quantidades exportadas sofreram contrao de 20,1% nessa base de comparao e uma queda acumulada de 26,9% ao longo de 2009.

  • Carta de Conjuntura | set. 200924 ipea

    Por outro lado, entre agosto de 2009 e de 2008, a quantidade exportada dos produtos bsicos cresceu 3,5% em 12 meses, ao mesmo tempo em que seus preos declinaram 4,3%. Como os preos dos produtos manufaturados perma-neceram praticamente estveis ao longo do perodo (queda de 0,05% em 12 meses), o desempenho insatisfatrio das exportaes brasileiras deve ser creditado ao deslocamento negativo da demanda externa por bens manufaturados, aliado ausncia de um correspondente deslocamento positivo compensatrio nas taxas nominal e real de cmbio (grfico 4.3).

    Apesar dos entraves representados pela excessiva valorizao do real, cumpre destacar a continuidade da expanso significativa das vendas externas do pas com reduzido peso relativo na classe dos manufaturados,1 contribuindo para a manuteno do processo de diversificao da pauta e de difuso dos destinos das exportaes do pas.

    GRFICO 4.2Exportaes por classe de produto (Srie dessazonalizada, em US$ milhes)

    Fonte: Secretaria de Comrcio Exterior (Secex).

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    Bsico Semimanufaturados Manufaturados

    1. Por exemplo, motores e turbinas para aviao e suas partes, item com vendas em torno de US$ 36,5 bilhes e crescimento de 293,7% em relao a setembro de 2008.

    GRFICO 4.3Taxa de cmbio real e termos de troca das exportaes(Mdia dos quatro ltimos trimestres encerrados no ms:1995 = 100)

    Fonte: Funcex. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

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    117

    janeiro fevereiro maro abril maio junho julho agosto

    Taxa de Cmbio Efetiva Real Produtos Bsicos Produtos ManufaturadosTaxa de cmbio efetiva real Produtos bsicos Produtos manufaturados

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 25ipea

    Do lado das importaes, o fluxo mensal em setembro atingiu US$ 12,5 bilhes, passando a acumular US$ 132,4 bilhes em 12 meses. Na comparao com setembro de 2008, o fluxo mensal sofreu uma queda de 27,5%, ao mesmo tempo em que os fluxos acumulados em 12 meses registraram uma taxa negativa de crescimento de 20,3%. Nessa ltima base de comparao, os valores persistem sistematicamente cadentes desde dezembro de 2008 (US$ 173,2 bilhes).

    Do ponto de vista das categorias de uso, entre setembro de 2009 e de 2008, as sries de importaes de bens totais, de capital, de durveis, de no-durveis e de intermedirios registraram as maiores desaceleraes acumuladas de cresci-mento em 12 meses. Assim, as taxas de variaes dessas categorias no perodo declinaram, respectivamente, dos picos de 50,8%, de 48,8%, de 60,3%, de 29,7% e de 45,5% para 20,3%, 11,5%, 6,7%, +0,6% e 20,9%.2

    No obstante, os ajustes sazonais nas sries de mdias mensais de importaes revelam uma trajetria generalizada de crescimento marginal positivo em setembro, com o salto na taxa de expanso agregada (para +13,8%; de +0,2% em agosto) liderado pelas aceleraes nas taxas de variaes dos itens combustveis e lubrificantes (para +39%; de 13,3% em agosto) e bens de capital (para +12,4%; de +2,3% em agosto) grfico 4.4.

    2. Ainda, entre setembro de 2008 e de 2009, deve-se mencionar a taxa negativa de variao do fluxo mensal de importaes de bens de capital (22,2%) liderada pelas quedas significativas nos itens: outros bens de capital (28,7%) e partes e peas de bens de capital para a indstria (22,8%) , por constituir-se em indicador complementar do ritmo de formao bruta de capital fixo (FBCF) na economia.

    3. Conforme se percebe, de outubro de 2008 a agosto de 2009, a razo entre as variaes percentuais negativas das quantidades importadas e dos preos das importaes girou em torno de 5,58.

    GRFICO 4.4Importaes: categoria de uso (Srie dessazonalizada, mdia diria, em US$ milhes)

    Por seu turno, a decomposio do valor das importaes revela que o acmulo das quedas observadas a partir do quarto trimestre de 2008 derivou, principalmente, da retrao nas quantidades (12,6% nos 12 meses at agosto de 2009), uma vez que a trajetria dos preos apresentou uma reduo significativamente inferior (2,26%)3 no perodo.

    Sem embargo, desde outubro de 2007, os preos das importaes tm superado sistematicamente seus nveis at ento prevalecentes; ao mesmo tempo em que a variao dos preos das exportaes reduziu-se de forma contnua, tornando-se negativa entre o final do terceiro trimestre de 2008 e o incio do terceiro trimestre de 2009.

    Nesse sentido, a progressiva superao das dificuldades enfrentadas pela economia brasileira com a deflagrao da crise internacional, aliada, ainda, perspectiva favorvel que se generaliza globalmente sobre as possibilidades de recuperao da economia mundial, aponta para a permanncia de uma situao de tranquilidade do balano de pagamentos.

    Nesse caso, contudo, a persistncia do movimento de valorizao cambial, a rigidez baixa das taxas reais de juro e a expanso moderada da atividade econmica (com estmulos derivados da demanda de consumo, em detrimento dos investimentos) acabaro por minar a fora ainda prevalecente dos saldos comerciais na economia brasileira, e a prpria liderana do setor industrial no processo de desenvolvimento.

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    150

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    250

    300

    350

    400

    mar./0

    5jun

    ./05

    set./0

    5

    dez./0

    5

    mar./0

    6jun

    ./06

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    6

    mar./0

    7jun

    ./07

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    7

    mar./0

    8jun

    ./08

    set./0

    8

    dez./0

    8

    mar./0

    9jun

    ./09

    set./0

    9

    Bens de capital Bens de consumo Matria-prima Combustveis

  • Carta de Conjuntura | set. 200926 ipea

    BALANO DE PAGAMENTOS

    Em agosto de 2009, o saldo registrado nas transaes correntes do balano de pagamentos alcanou US$ 821 milhes. Um dficit, portanto, mais de duas vezes mais baixo que o registrado em julho (US$ 1,665 bilho). Com comportamento similar, ao totalizar US$ 17,6 bilhes em agosto, o saldo negativo das transaes correntes em 12 meses permaneceu em trajetria declinante pelo terceiro ms consecutivo, aps ter atingido, desde setembro de 1999, o nvel negativo mais elevado da srie em dezembro de 2008 (US$ 28,2 bilhes). Por outro lado, como a magnitude desse saldo era de US$ 21,5 bilhes em agosto de 2008, infere-se, nesses 12 meses, uma melhora do saldo em conta corrente do balano de pagamentos, da ordem de US$ 3,9 bilhes.

    Essa melhora no saldo acumulado das transaes correntes deveu-se integralmente evoluo mais favorvel dos saldos observados na conta de servios e rendas; responsvel, ao longo de 12 meses, por uma contribuio positiva da ordem de US$ 5,5 bilhes para o resultado global anualizado do balano de pagamentos.

    Por outro lado, tornou-se negativa, em agosto, a contribuio para este resultado proveniente dos saldos comerciais acumulados em 12 meses: dadas as contribuies de US$ 5,5 bilhes e de US$ 3,9 bilhes dos saldos acumulados, res-pectivamente, na conta servios e rendas e na conta transaes correntes, pode-se inferir uma contribuio negativa dos saldos comerciais para o resultado anualizado do balano de pagamentos em torno de US$ 1,7 bilho. Alm disso, as informaes sobre o comportamento da balana comercial em setembro de 2009 permitem que se estime o aumento, no ms, de sua contribuio negativa ao resultado do balano de pagamentos para algo como US$ 2,25 bilhes.

    Da perspectiva do financiamento do balano de pagamentos, houve uma melhora significativa na margem (passagem de julho para agosto de 2009) do valor agregado lquido dos fluxos nas contas de capital e financeira (aumento em torno de US$ 2 bilhes). Essencialmente, essa melhora refletiu uma forte desacelerao no ritmo de queda do saldo em outros investimentos (para US$ 428 milhes, de US$ 6,3 bilhes em julho), uma vez que os saldos mensais lquidos do investimento direto e de investimentos em carteira, ainda que tenham permanecido positivos em agosto, registraram intensas retraes (de US$ 2,3 bilhes e de US$ 1,6 bilho, respectivamente).

    No obstante, quando os fluxos acumulados em 12 meses so considerados, a conta outros investimentos exibe, ainda, queda significativa, comandada pela destruio de crdito internacional (US$ 31,9 bilhes). Assim, a discrepncia que emergiu, em setembro, entre os dados mensais positivos e anualizados negativos, em relao s emisses de passivos externos, parece refletir o avano na recuperao dos crditos comerciais, dos emprstimos, da captao de recursos, dos depsitos e das operaes de regularizao de crdito em moeda estrangeira para a economia brasileira.

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 27ipea

    5 ECONOMIA MONETRIA E FINANCEIRA

    No h dvida de que houve uma retomada da atividade econmica brasileira a partir do segundo trimestre de 2009, mas, a partir disso, segue-se uma outra questo: conseguiremos retomar um ciclo virtuoso de crescimento econmico?

    Essa pergunta, necessariamente, esbarra na indstria e em suas expectativas, uma vez que qualquer estratgia de investimento industrial pensada tomando-se como base as expectativas de lucro empresarial.

    Isso posto, a anlise desta seo em especial a anlise de crdito , apesar de observar conjunturalmente uma melhora na maioria dos indicadores, no consegue ainda verificar um aumento no investimento que corrobore uma mudana no cenrio industrial brasileiro ps-crise internacional.

    CRDITO

    O saldo total das operaes de crdito do sistema financeiro atingiu 45,2% do PIB em agosto, com destaque para o crdito com recursos direcionados, que teve um amento de 18,85% no ano (grfico 5.1), atingindo 14,2% do PIB. Vale destacar que uma parte substancial desse aumento decorrente da operao de financiamento da Petrobras junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES), no valor de R$ 25 bilhes.

    Outro aumento relevante aconteceu no setor de habitao 42,1% em 12 meses , em grande parte em decorrncia dos efeitos provocados pela reduo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nesse setor e pelo ainda que os seus resultados sejam incipientes Plano de Acelerao Econmica (PAC). Contudo, apesar da magnitude expressiva desse aumento, o setor de habitao ainda corresponde a um percentual muito pequeno do total das operaes de crdito, 2,7% do PIB.

    Outros setores tambm tiveram resultados que contriburam para melhoras nos indicadores de contas nacionais. No segmento pessoas fsicas houve um crescimento de 17,4% no ano na mdia das concesses, em especial para a aquisio de veculos (97,2% no ano) aqui tambm decorrente das aes de poltica fiscal pelo governo, que duraram at o final do ms de setembro. No entanto, como a mdia dos prazos de financiamento desse grande volume de vendas no setor automobilstico superior a 40 meses, normal que se espere uma desacelerao, no final do ano, no volume total de vendas como o ocorrido em janeiro de 2008.

    Ainda no segmento de pessoas fsicas, observou-se um aumento de 52,9% no ano na modalidade de crdito pessoal e 19,4% na de carto de crdito. Ressalte-se que esses dados ainda no so conclusivos em relao ao aumento do consu-mo (ainda que possam ter contribudo, como apontado na seo 1), ou s necessidades ante as obrigaes adquiridas no passado e agravadas pelas consequncias da crise internacional.

    GRFICO 5.1 Operaes de crdito do Sistema Financeiro Nacional (SFN)(Saldo segundo a origem dos recursos variao % em 12 meses)

    Fonte: BCB. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    7,5010,0012,5015,0017,5020,0022,5025,0027,5030,0032,5035,0037,5040,0042,5045,00

    jan./0

    6ab

    r./06

    jul./06

    out./0

    6jan

    ./07

    abr./0

    7jul.

    /07ou

    t./07

    jan./0

    8ab

    r./08

    jul./08

    out./0

    8jan

    ./09

    abr./0

    9jul.

    /09

    Total Livres 2/ Direcionados 3/ BNDES (Total)

  • Carta de Conjuntura | set. 200928 ipea

    Por ltimo, essa anlise do novo patamar do crdito em relao ao PIB apresenta um dado importantssimo: a par-ticipao das instituies pblicas est praticamente igual das instituies privadas no estoque das concesses de crdito (grfico 5.2). Ou seja, os bancos pblicos fizeram uma parte de sua funo supriram a ausncia de crdito. Mas torna-se mister no esquecer que a funo do bancos pblicos bidimensional: suprir crdito e servir como catalisador do sistema financeiro privado. Em suma, para se ter um sistema de financiamento (investimento) sustentado torna-se necessria a parceria entre o sistema financeiro privado e o sistema produtivo privado.

    GRFICO 5.2 Operaes de crdito do SFN crdito segundo o controle de capital(Percentual do PIB, em %)

    Fonte: BCB. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    TABElA 5.1Operaes de crdito referenciais para taxa de juros: mdia diria das concesses(Em R$ milhes)

    Perodo

    Pessoa fsica

    Total geral

    (PF + PJ)Cheque

    especial

    Crdito

    pessoal

    Aquisio de bens Carto de

    crditoOutros1 Total

    Veculos Total

    Dezembro/2008 981 364 134 197 568 164 2.274 7.379

    Janeiro/2009 926 419 158 211 634 154 2.344 6.367

    Fevereiro/2009 1.041 492 176 226 575 170 2.504 6.860

    Maro/2009 1.000 510 199 246 565 169 2.490 7.079

    Abril/2009 1.028 622 201 250 617 162 2.679 7.164

    Maio/2009 1.001 581 212 272 634 158 2.646 7.014

    Junho/2009 1.008 578 257 313 601 174 2.675 7.264

    Julho/2009 911 527 241 292 633 141 2.504 6.630

    Agosto/2009 973 557 264 318 678 146 2.671 7.114

    Variao (%)

    No ms 6,8 5,6 9,7 9,0 7,0 3,1 6,7 7,3

    No trimestre 2,8 4,1 24,5 16,8 6,8 8,1 0,9 1,4

    No ano 0,9 52,9 97,2 60,9 19,4 11,1 17,4 3,6

    12 meses 3,8 21,2 37,9 24,0 28,2 19,3 13,1 1,2

    Fonte: BCB.

    Nota: 1 Inclui tambm a categoria financiamento imobilirio.

    PESSOA JURDICA

    Os resultados otimistas apresentados no se refletem na plenitude do segmento de pessoa jurdica. A inadimplncia desse segmento aumentou 2,1 pontos percentuais (p.p.) no ano, atingindo 3,9%. O saldo das concesses de crdito da indstria est praticamente congelado no ano (10% do PIB), o que refletiu uma expressiva desacelerao na variao percentual desses saldos em 12 meses, como observado no grfico 5.3.

    6,0

    7,5

    9,0

    10,5

    12,0

    13,5

    15,0

    16,5

    18,0

    19,5

    Dez.

    Jan.

    Fev.

    Mar

    .

    Abr.

    Mai. Jun. Jul.

    Ago. Set.

    Out.

    Nov.

    Dez.

    Jan.

    Fev.

    Mar

    .

    Abr.

    Mai. Jun. Jul.

    Ago.

    2007 2008 2009

    Instituies pblicas 5/ Instituies privadas nacionais 6/ Instituies estrangeiras 7/

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 29ipea

    No obstante, os resultados divulgados pelo Banco Central do Brasil (BCB) a partir de junho, apesar de ainda no significarem uma mudana estruturada de tendncia, se mostraram melhores. A primeira reverso a aparecer foi em junho, na mdia das concesses para capital de giro, e se manteve at agosto, com um aumento de 24,8% no trimestre; e a ltima foi em agosto, quando se observa a primeira reverso no total das concesses para pessoa jurdica desde janeiro de 2009 um aumento de 7,7% na margem.

    TABElA 5.2Operaes de crdito referenciais para taxa de juros: mdia diria das concesses(Em R$ milhes)

    Perodo

    Pessoa jurdica

    Desconto de duplicatas Capital de giro Conta garantida Vendor ACC Outros1 Total

    Dezembro/2008 434 1.213 1.432 228 323 1.475 5.104

    Janeiro/2009 341 705 1.328 170 248 1.233 4.024

    Fevereiro/2009 397 746 1.444 191 307 1.271 4.356

    Maro/2009 412 993 1.354 212 309 1.309 4.589

    Abril/2009 396 865 1.407 202 256 1.360 4.485

    Maio/2009 387 828 1.345 206 283 1.318 4.367

    Junho/2009 406 965 1.352 234 273 1.360 4.590

    Julho/2009 366 880 1.258 199 171 1.253 4.126

    Agosto/2009 385 1.034 1.303 197 198 1.326 4.443

    Variao (%)

    No ms 5,4 17,5 3,6 0,8 15,5 5,8 7,7

    No trimestre 0,3 24,8 3,1 4,4 30,1 0,6 1,7

    No ano 11,1 14,8 9,0 13,8 38,7 10,1 13,0

    12 meses 8,0 22,6 10,7 17,5 38,7 4,1 4,8

    Fonte: BCB.

    Nota: 1 Inclui hot money, desconto de promissrias, financiamento imobilirio, aquisio de bens, export notes, repasses externos, financiamento de importaes e outras operaes com recursos internos.

    JUROS

    Como destacado, houve uma retomada da atividade econmica no pas, evidenciada pelos dados positivos sobre vendas no varejo e produo industrial e pela divulgao do PIB em 11/09/09 (ver seo 1), assim como no resto do mundo (ver seo 4). Este desempenho influencia o comportamento das taxas de juros, em funo do modelo de previso utilizado pelo mercado e pelo prprio Banco Central do Brasil (BCB) , que funciona de acordo com a seguinte lgica: um ciclo de crescimento mais robusto da demanda poderia gerar um ciclo de descolamento entre demanda e oferta, pressionando

    GRFICO 5.3 Operaes de crdito do SFN(Saldo por atividade econmica variao % em 12 meses)

    Fonte: BCB. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    20,0

    25,0

    30,0

    35,0

    40,0

    45,0

    50,0

    jul./05

    out./0

    5jan

    ./06

    abr./0

    6jul.

    /06ou

    t./06

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    7ab

    r./07

    jul./07

    out./0

    7jan

    ./08

    abr./0

    8jul.

    /08ou

    t./08

    jan./0

    9ab

    r./09

    jul./09

    Total geral Indstria Pessoas fsicas Habitao

  • Carta de Conjuntura | set. 200930 ipea

    futuramente as taxas de inflao para cima. Para combater esse potencial aumento da inflao, a autoridade monetria elevaria, ento, a taxa referencial de juros (dada a defasagem da poltica monetria).

    Outro fator que tambm teria influncia sobre a taxa futura (esperada) de inflao seria a taxa (esperada) de cmbio, que impactaria a inflao de bens tradeables. Segundo esta lgica, uma perspectiva de desvalorizao da taxa de cmbio significaria um aumento dos preos destes bens, pressionando a inflao esperada para cima. Dessa forma, o BCB poderia elevar as taxas de juros para atrair capitais externos no curto prazo e apreciar a taxa de cmbio, reduzindo a presso sobre a inflao dos tradeables.

    No curto prazo, a recuperao destacada influenciou pouco o cenrio de juros: dados o ritmo ainda no muito forte desta retomada, a forte apreciao cambial e o comportamento benigno da inflao, existe um consenso entre os analistas de mercado de que os juros continuaro estveis at o final do ano. Sendo assim, as taxas de Swap DI prefixado com vencimento em 30, 60 e 90 dias, mostradas no grfico 5.4, mantiveram-se estveis, em torno da taxa bsica efetiva atual, de 8,65% ao ano (a.a.). A reunio do Comit de Poltica Monetria (Copom) no incio do ms (02/09), com a deciso da manuteno da taxa do Servio Especial de Liquidao e Custdia (SELIC) em 8,75% a.a. apenas corroborou as expectativas do mercado e no teve grande impacto sobre essas taxas de curto prazo.

    GRFICO 5.4 Swap DI prefixado evoluo diria

    Fontes: BM&F Bovespa e BCB. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    1. Ressalta-se que os modelos j levam em conta a defasagem nos mecanismos de transmisso da poltica monetria.

    O mesmo comportamento, entretanto, no foi verificado para as taxas de longo prazo: a taxa de Swap DI prefixado de 360 dias, que j indicava um aumento da Selic para o ano que vem (girando em torno de 9,20%, patamar compatvel com uma Selic-meta de 9,25% a.a.) desde a ltima deciso do Copom (02/09), aumentou significativamente a partir da segunda semana do ms de setembro, chegando a um patamar de 9,67% (como pode ser observado no grfico 5.5). O mesmo vale para os contratos de DI de um dia com vencimento em janeiro de 2011 e janeiro de 2012, que alcanaram o patamar 10,25% e 11,54%, respectivamente, contra 9,68% e 11,04% no incio deste ms.

    O interessante por trs deste cenrio que, primeira vista, no existem motivos para o estabelecimento dessas expectativas, dado o modelo de previso descrito acima: os dados do Relatrio Focus preveem inflao abaixo da meta em 2010, assim como uma taxa de cmbio relativamente apreciada (em torno de R$ 1,80/US$ 1). Da mesma forma, em seu Relatrio Trimestral de Inflao, o BCB projeta para 2010 uma inflao bem comportada em diversos cenrios, ainda que apresente um leve aumento do ndice de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA) para 4,4%. Essas expectativas no s no corroboram o aumento das taxas longas, como indicam uma certa margem de manobra para o BCB realizar um novo corte na taxa bsica de juros, favorecendo um ritmo mais forte de retomada da atividade.1

    As possveis justificativas para esse aumento nas taxas longas giram em torno de duas interpretaes: i) o modus operandi da poltica monetria do BCB; ii) incertezas em funo do ano eleitoral.

    8,25

    8,50

    8,75

    9,00

    9,25

    9,50

    9,75

    10,00

    10,25

    1/6/20

    09

    8/6/20

    09

    15/6/

    2009

    22/6/

    2009

    29/6/

    2009

    6/7/20

    09

    13/7/

    2009

    20/7/

    2009

    27/7/

    2009

    3/8/20

    09

    10/8/

    2009

    17/8/

    2009

    24/8/

    2009

    31/8/

    2009

    7/9/20

    09

    14/9/

    2009

    21/9/

    2009

    28/9/

    2009

    Prazo de 30 dias Prazo de 90 dias

    Prazo de 60 dias Taxa SELIC (% a.a.)

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 31ipea

    GRFICO 5.5 Taxas de juros Swap DI prefixado x SELIC(Em %)

    Fontes: BCB e BM&F. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    O regime de metas estabelecido institucionalmente prev que o BCB deve perseguir uma inflao (IPCA) numa banda de 2,5% a 6,5% a.a., sendo 4,5% o centro da meta; desta forma, o resultado, dentro dessa banda, pode ser considerado positivo. No entanto, a percepo do mercado de que o BCB busca diretamente o centro da meta, com uma espcie de banda assimtrica: na verdade, o BCB persegue uma banda de 2,5% a 4,5% a.a., sendo 4,5% o mximo aceitvel. Qualquer resultado acima do centro visto como um incio de ciclo de acelerao inflacionria, e o BCB, consequente-mente, eleva as taxas de juros (dada a defasagem da poltica monetria).

    A divulgao do Relatrio Trimestral de Inflao, que projeta um IPCA de 4,4% a.a. para 2010, pode sinalizar que choques de qualquer natureza (custos, oferta) por exemplo, a quebra de uma safra devido a problemas climticos podem pressionar o ndice para cima, ultrapassando o centro da meta e indicando uma possvel elevao dos juros.

    Uma segunda interpretao est ligada s incertezas em relao ao ano eleitoral. Em ambientes de incerteza, e de deciso em torno de prazos mais longos, a tendncia dos agentes defender suas posies no mercado futuro e embutir prmios de risco. Desta forma, uma parte do mercado argumenta que h risco de aumentos de gastos no ano que vem por conta das eleies, o que seria um fator adicional de presso na demanda, assim como a permanncia ou no do atual presidente do BCB (uma incerteza poltica) gera dvidas em relao conduo da poltica monetria. Sendo assim, a incorporao de prmios de risco puxa as taxas para cima, ainda que, no futuro, essas expectativas no venham a se realizar.

    Esta ltima interpretao parece descrever melhor o cenrio atual das taxas de longo prazo e as perspectivas so de continuidade dessa tendncia altista, pelo menos at o final deste ano.

    CMBIO E BOLSA

    A anlise do mercado de cmbio no trimestre pode ser dividida em dois perodos. At o final de agosto, prevaleceu uma tendncia de depreciao do real, aps atingir patamares prximos a R$ 1,80 no incio do mesmo ms. No ms de se-tembro, por sua vez, a tendncia de apreciao do real retornou com fora, tendo o dlar rompido a barreira de R$ 1,80 (grfico 5.6).

    Para isso, contriburam os anncios de crescimento trimestral na Frana, na Alemanha e no Japo, e de dados positivos nos Estados Unidos que resultaram em uma menor averso ao risco internacional, com o consequente influxo cambial para o Brasil (ver seo 4). Nesse contexto, o BCB continuou intervindo no cmbio com compras no mercado vista e acumulando reservas internacionais, que hoje esto na ordem de US$ 225 bilhes.

    A bolsa de valores foi igualmente favorecida pelo cenrio internacional mais benigno, assim como por um relativo aumento dos preos das commodities no ms de setembro, tendo valorizado aproximadamente 60% no ano. O fluxo de recursos dos investidores estrangeiros para o mercado de aes brasileiro j ultrapassa R$ 17 bilhes no acumulado at setembro de 2009.

    8,08,28,48,68,89,09,29,49,69,8

    10,010,210,410,610,811,011,211,4

    1/4/20

    09

    7/4/20

    09

    14/4/

    2009

    20/4/

    2009

    27/4/

    2009

    4/5/20

    09

    8/5/20

    09

    14/5/

    2009

    20/5/

    2009

    26/5/

    2009

    1/6/20

    09

    5/6/20

    09

    12/6/

    2009

    18/6/

    2009

    24/6/

    2009

    30/6/

    2009

    6/7/20

    09

    10/7/

    2009

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    2009

    28/7/

    2009

    3/8/20

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    7/8/20

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    13/8/

    2009

    19/8/

    2009

    25/8/

    2009

    31/8/

    2009

    4/9/20

    09

    11/9/

    2009

    17/9/

    2009

    23/9/

    2009

    29/9/

    2009

    SELIC % a.a. (base 252) Swap-DI 360 Swap-DI 180 Swap-DI 30Swap- DI 360 Swap-DI 180 Swap-DI 30

  • Carta de Conjuntura | set. 200932 ipea

    GRFICO 5.6 Taxa de cmbio x reservasCmbio (R$/US$) Reservas (US$ milhes)

    Fonte: BCB. Elaborao: Ipea/DIMAC/GAP.

    2. Dado obtido no website da CVM: www.cvm.gov.br. Para maiores detalhes, ver prospectos de emisso.

    Soma-se a isso as perspectivas de retomada de emisses primrias de aes que, historicamente, contam com massiva participao de estrangeiros. A tendncia que essas operaes aumentem, ainda que neste ano sejam marcadas por uma destinao final de recursos para reestruturao de passivo.2

    As emisses primrias ressurgem como uma alternativa de financiamento, uma vez que os dados de crdito para pessoa jurdica ainda mostram tmida recuperao, em parte devido manuteno dos altos spreads. Com relao a esse ponto, o governo prepara medidas para autorizar a emisso de debntures por bancos com o objetivo de criar uma alternativa de captao para essas instituies. Por ser um ttulo, estaria fora do recolhimento de compulsrio, um dos principais fatores que compem o spread bancrio segundo o BCB.

    Por outro lado, no cenrio internacional, as dvidas em relao ao setor de crdito chins e sustentabilidade de seu crescimento parecem ainda ser um fator de potencial instabilidade num horizonte de mdio prazo na Bolsa de Valores de So Paulo (Bovespa).

    1,70

    1,80

    1,90

    2,00

    2,10

    2,20

    2,30

    2,40

    2,50

    2/1/20

    09

    14/1/

    2009

    26/1/

    2009

    7/2/20

    09

    19/2/

    2009

    3/3/20

    09

    15/3/

    2009

    27/3/

    2009

    8/4/20

    09

    20/4/

    2009

    2/5/20

    09

    14/5/

    2009

    26/5/

    2009

    7/6/20

    09

    19/6/

    2009

    1/7/20

    09

    13/7/

    2009

    25/7/

    2009

    6/8/20

    09

    18/8/

    2009

    30/8/

    2009

    11/9/

    2009

    23/9/

    2009

    Cmbio (R$/US$)

    195.000

    200.000

    205.000

    210.000

    215.000

    220.000

    225.000Reservas (US$ milhes)

    Taxa de cmbio (R$/US$) Reservas conceito liquidez (US$ milhes)

  • Carta de Conjuntura | set. 2009 33ipea

    6 FINANAS PBLICAS

    Necessidade de FiNaNciameNto do setor Pblico

    O ano de 2009 prossegue com uma reduo do supervit primrio. Reduo essa que faz parte da poltica anticclica empreendida frente desacelerao da economia brasileira no ltimo trimestre de 2008 e o primeiro de 2009. Como podemos ver na tabela 6.1, o supervit primrio acumulado at agosto de 2009 alcanou 2,21% do Produto Interno Bruto (PIB), pouco abaixo da meta de 2,5% e abaixo do que havia sido acumulado no mesmo perodo de 2008 e 2007 (5,42% e 4,66%, respectivamente). No demais lembrar que a conjuntura econmica e as metas de supervits eram distintas nesses dois anos.

    Tabela 6.1Necessidade de financiamento do setor pblico(Valores correntes, fluxos acumulados no ano)

    DiscriminaoJan.-ago./2007 Jan.-ago./2008 Jan.-ago./2009

    R$ milhes % do PIb R$ milhes % do PIb R$ milhes % do PIb

    Nominal 26.076 1,54 17.640 0,93 64.833 3,30

    Juros nominais 105.022 6,19 120.494 6,35 108.310 5,51

    Primrio 78.946 4,66 102.854 5,42 43.477 2,21

    Governo central1 52.514 3,10 75.704 3,99 26.538 1,35

    Governos estaduais e municipais 24.199 1,43 24.530 1,29 17.220 0,88

    empresas estatais2 2.234 0,13 2.619 0,14 282 0,01

    PIb acumulado em 12 meses3 1.695.767 1.898.200 1.966.505

    Fonte: banco Central do brasil (bCb). elaborao: Ipea/DImaC/GaP.

    Notas: 1 Governo central: governo federal, bCb e Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

    2 Todos os nveis (federal, estadual e municipal). exclui as empresas do Grupo Petrobras.

    3 Dados preliminares.

    Obs.: (+) dficit () supervit.

    Analisando a necessidade de financiamento do setor pblico, agora com a informao relativa aos fluxos acumu-lados em 12 meses, podemos ver uma evoluo semelhante do supervit primrio: o valor acumulado foi de R$ 47,044 bilhes ou 1,59% do PIB. A rubrica de gastos com juros nominais tambm reduziu em proporo do PIB. Caiu de 6,31% acumulado em 12 meses at agosto de 2008 para 5,12% em 12 meses at agosto de 2009. Um dos fatores que contribuiu para tanto foi a reduo da taxa bsica de juros empreendida pelo BCB.

    Se analisarmos, entretanto, os fluxos mensais no trimestre corrente, podemos ver que o supervit primrio em pro-poro do PIB, em agosto, foi superior ao de julho e junho: 1,94% em agosto, contra 1,20% e 1,28% em julho e junho, respectivamente. Com o fim da desonerao tributria e com a sustentao de taxas positivas de crescimento econmico, de se esperar um supervit primrio superior ao presente at o fim do ano de 2009.

    Tabela 6.2Necessidade de financiamento do setor pblico(Valores correntes, fluxos acumulados em 12 meses)

    Discriminaoago./2007 ago./2008 ago./2009

    R$ milhes % do PIb R$ milhes % do PIb R$ milhes % do PIb

    Nominal 66.796 2,64 63.056 2,25 104.433 3,53

    Juros nominais 154.841 6,12 176.694 6,31 151.476 5,12

    Primrio 88.045 3,48 113.638 4,06 47.044 1,59

    Governo central1 54.506 2,15 82.629 2,95 22.142 0,75

    Governos estaduais e municipais 29.847 1,18 30.266 1,08 23.264 0,79

    empresas estatais2 3.692 0,15 743 0,03 1.637 0,06

    PIb acumulado em 12 meses3 2.532.011 2.800.044 2.957.962

    Fonte: bCb. elaborao: Ipea/DImaC/GaP.

    Notas: 1 Governo central: governo federal, bCb e INSS.

    2 Todos os nveis (federal, estadual e municipal). exclui as empresas do Grupo Petrobras.

    3 Dados preliminares.

    Obs.: (+) dficit () supervit.

  • Carta de Conjuntura | set. 200934 ipea

    receitas

    De janeiro a agosto de 2009, as receitas federais caram 7,4% em termos reais em relao ao mesmo perodo do ano de 2008. Esse nmero expressa a confluncia de alguns fatores, entre eles a comparao com o excepcional ano de 2008 (tanto em termos de crescimento, quanto em termos de arrecadao), os efeitos danosos da crise econmica, que reduziu a base de tributao, e a poltica fiscal anticclica, da qual faz parte uma significativa desonerao tributria. No acumulado de janeiro a agosto, as desoneraes foram estimadas em R$ 17,3 bilhes pela Receita