carla geanfrancisco pesquisa biografia - florestan fernandes

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Seminário Teológico Batista do Sudeste em Guarulhos Florestan Fernandes Pesquisa Carla Geanfrancisco Guarulhos, junho de 2008 Pesquisas sobre a vida do sociólogo Florestan Ferndandes em cumprimento as exigências para a disciplina de Sociologia do 6º Semestre no Curso Bacharel em Teologia sob a orientação do Professor Teologo Alexandre. A produção não é minha, somente organizei e formatei as informações recolhidas.

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Seminário Teológico Batista do Sudeste em Guarulhos

Florestan Fernandes Pesquisa

Carla Geanfrancisco

Guarulhos, junho de 2008

Pesquisas sobre a vida do sociólogo Florestan Ferndandes em cumprimento as exigências para a disciplina de Sociologia do 6º Semestre no Curso Bacharel em Teologia sob a orientação do Professor Teologo Alexandre. A produção não é minha, somente organizei e formatei as informações recolhidas.

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Pesquisa Sociologia Florestan Fernandes

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Sumário

Uma vida de luta e construção .................................................................3

A militância política ..............................................................................................................4

Revolucionando a sociologia brasileira ....................................................................... 5

A Educação para o professor Florestan ........................................................................7

A campanha em defesa da escola pública ..................................................................8

A Lei de Diretrizes e Bases - L.D.B. .................................................................................8

Florestan Fernandes X Darcy Ribeiro ............................................................................9

Conclusões .................................................................................................................................9

Principais Obras ................................................................................................................... 11

Biografia .................................................................................................................................. 12

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Biografia de Florestan Fernandes

Fonte: Fundação Florestan Fernandes

Uma vida de luta e construção

Florestan Fernandes nasceu em São Paulo, no dia 22 de Julho de 1920, de família muito

humilde do Brás. Sua mãe, Dona Maria Fernandes, era uma imigrante portuguesa,

analfabeta e trabalhava como lavadeira. Sua madrinha, que era patroa de sua mãe,

costumava chamá-lo de Vicente, pois julgava que Florestan, não era nome apropriado para

uma criança pobre.

Devido às necessidades de sua família, Florestan começou a trabalhar aos seis anos de

idade, onde desempenhou vários ofícios como: engraxate, auxiliar de marceneiro, auxiliar

de barbeiro, alfaiate e balconista de bar. Como sua vida no trabalho estava exigindo que se

dedicasse em período integral, aos nove anos de idade parou de estudar no terceiro ano do

curso primário. Somente aos dezessete anos concluiu o antigo curso de madureza (atual

supletivo), por insistência dos fregueses do Bar Bidu, na Rua Líbero Badaró, onde

trabalhava como cozinheiro, pois achavam que Florestan era muito inteligente devido aos

comentários sobre a política e a leitura da realidade que fazia.

Florestan aos cinco anos começando

sua luta pela sobrevivência

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Vendedor de produtos farmacêuticos, Florestan, aos dezoito anos de idade, ingressou na

Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de São Paulo. Neste momento, ele dizia

que o Vicente começou a morrer e sobreveio o Florestan.

Obteve a licenciatura em 1943, ano em que O Estado de São Paulo publicou o seu primeiro

artigo. Em 1944, casou-se com Myriam Rodrigues Fernandes, com quem teve seis filhos.

Neste mesmo ano, tornou-se assistente do professor Fernando de Azevedo, na cátedra de

sociologia II. Obteve o título de mestre em 1947 com a dissertação A organização social

dos Tupinambá e concluiu o doutorado em 1951, com a tese A função social da guerra na

sociedade Tupinambá, sob orientação do professor Fernando de Azevedo.

Nas obras em que defendeu (por sinal, são muito respeitadas ainda hoje), Florestan

constrói a estrutura da tribo Tupinambá, já desaparecida na época, por meio de documentos

de viajantes. Concluído o doutorado, Florestan passou a livre docente da USP na cátedra de

Sociologia I, e posteriormente, tornou-se professor titular.

Devido ao seu engajamento na Universidade, foi perseguido pela ditadura militar e foi

cassado com base no Ato Institucional de nº 5, pediu exílio, em 1969, para o Canadá, onde

assumiu um lugar de professor de Sociologia na Universidade de Toronto.

Faleceu em São Paulo no dia 10 de agosto de 1995, aos 75 anos de idade, vítima de

embolia gasosa maciça (presença de bolhas de ar no sangue), seis dias após submeter-se a

um transplante de fígado. Ele estava revisando os originais de seu último livro: A

contestação necessária – retratos intelectuais de inconformistas e revolucionários, uma

coletânea de biografias de amigos e heróis.

A militância política O intelectual militante, o professor engajado e o político eleito com mandato pelo partido

dos trabalhadores marcaram a história deste grande educador.

Um pensamento importante de Florestan se deu por volta de 1969 em plena ditadura

militar, com a transição da fase acadêmica-reformista para a política-revolucionária. O

processo de consolidação do pensamento revolucionário foi destruído pelo AI-5, que

coloca vários intelectuais para fora das universidades, inclusive Florestan, que passa a não

reconhecer mais a universidade como um centro dinâmico das transformações.

Seu ingresso no partido dos trabalhadores se deu a convite do presidente do partido, Luis

Inácio Lula da Silva, num momento de sua vida, onde o desencantamento com a

Universidade já se fazia presente.

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Época da Constituinte,

em frente ao Congresso Nacional.

Eleito deputado federal duas vezes pelo Partido dos Trabalhadores, ele manteve coerência

com seu pensamento e obra, e, se destacou na defesa da escola pública e do projeto de

Diretrizes e Bases da Educação. Devido à sua crítica ao governo militar, a sua ligação a

movimentos sociais e organizações políticas de esquerda e a luta pela educação pública.

Revolucionando a sociologia brasileira

Na Universidade, Florestan inaugura uma nova fase de sua vida. Engajado nos estudos e na

reflexão sobre a sociedade, aprofunda-se no pensamento de Émile Durkheim e dos demais

pensadores da sociologia positivista. Como um intelectual orgânico, introduz no meio

acadêmico um novo perfil intelectual, responsabilizando-se e engajando-se nos problemas

da realidade social brasileira, sobretudo na militância em prol das pessoas de condições

menos favorecidas.

Na década de 40, Florestan participava de um grupo marxista, onde se dedicou ao estudo

da obra de Marx e sofreu uma influência muito grande, principalmente sobre o pensamento

dialético, pois isso o ajudou a entender melhor a dominação da sociedade burguesa e seus

métodos expressos na realidade social.

Aliando o rigor metodológico à pesquisa empírica, Florestan Fernandes funda a sociologia

critica no Brasil. Inaugurando um novo estilo de pensar a realidade social. Para Florestan,

o pensamento se pensa todo o tempo, pois a reflexão crítica deve ser sobre o pensamento e

o pensado.

Segundo Ianni, contribuições de Florestan para a Sociologia brasileira, tem origem em 5

fontes, são elas:

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· A Sociologia Clássica e moderna, com diálogo contínuo, aberto e crítico que se

desenvolve com os principais sociólogos, ou cientistas sociais, que apresentam alguma

contribuição à pesquisa e à interpretação da realidade social.

· No pensamento marxista é contínuo e o crescente diálogo com as obras de Marx, Engels,

Lênin, Trotsky e Gramsci, entre outros, incorporou progressivamente o pensamento

dialético, que fica evidenciado tanto na escolha dos temas quanto no tratamento dado a

eles; criando desafios para os movimentos sociais e os partidos políticos comprometidos

com as lutas de grupos e classes populares.

· A corrente mais crítica do pensamento brasileiro – em diferentes momentos, manifesta-se

um diálogo, explícito ou implícito, como Euclides da Cunha, Lima Barreto, Manoel

Bonfim, Astrogildo Pereira, Graciliano Ramos, Caio Prado Junior e outros cientistas

sociais e escritores, inclusive do século XIX. Em diferentes escritos, reencontram-se

sugestões, desafios ou temas suscitados pela obra desses autores, compondo uma espécie

de família intelectual fundamental e muito característica no pensamento brasileiro. Levam

em conta as lutas dos mais diversos setores populares que entram no passado e no presente

da sociedade brasileira. Ajudam a recuperar algumas dimensões básicas das condições de

existência, de vida e trabalho, do índio, caboclo, escravo, colono, seringueiro, camarada,

sitiante, operário e outros, pretéritos e presentes.

· Os desafios de sua época, a começar pelos anos 40. As transformações em curso na

sociedade, em termos de urbanização, industrialização, migrações internas, emergência de

movimentos sociais e partidos políticos, governos e regimes, sem esquecer as influências

externas, criam e recriam desafios práticos e teóricos para muitos.

· Os grupos e classes sociais que compreendem a maioria do povo, descortinando um

panorama social e histórico mais largo do que aquele que aparece no pensamento

produzido segundo as perspectivas dos grupos e classes dominantes. É o negro, escravo e

livre, isto é, trabalhador braçal, na lavoura e indústria, que descortina um horizonte

inesperado, amplo. Ao lado do índio, imigrante, colono, camarada, peão e outros, a

presença do negro na história social brasileira desvenda perspectivas fundamentais para a

construção do ponto de vista crítico na Sociologia, nas Ciências Sociais e em outras esferas

do pensamento brasileiro.

Além dessas cinco fontes principais da Sociologia Crítica fundada por Florestan, Ianni

acrescenta outras inspirações como a militância política, a reflexão sobre a

responsabilidade ética e política do sociólogo, o convívio com o pensamento latino-

americano, destacando-se figuras como as de José Martí, José Carlos Mariátegui, Ernesto

Che Guevara e assim por diante. Sintetizando as matrizes da Sociologia inaugurada por

Florestan Fernandes no Brasil. Sociologia Crítica essa que se caracteriza como um estilo de

pensar a realidade social a partir da raiz.

Na década de 50, Florestan volta-se para a questão do racismo, em um trabalho pioneiro,

onde levantou sérias dúvidas sobre o mito da democracia racial e deu espaço para o estudo

da democracia de forma mais ampla. Em um artigo de 1977, publicado em O Globo, o

sociólogo afirma que no Brasil “não existe sequer democracia para brancos poderosos,

imagine para negros e mulatos”.

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A Educação para o professor Florestan Antonio Candido, intelectual, amigo de Florestan por mais de 50 anos, descreve o

professor Florestan Fernandes em três momentos com a seguinte citação: “Houve um

Florestan dos anos 40, um Florestan dos anos 50 e um Florestan dos anos 60 a partir do

qual a síntese já estava feita. O Florestan dos anos 40 é o da construção do saber, que ao

construir o seu, constrói a possibilidade de saber dos outros. O Florestan dos anos 50 é o

que começa a se apaixonar pela explicação do saber do mundo, porque, tendo já os

instrumentos na mão, se dedica a aplicá-los para compreender os problemas do mundo. O

terceiro momento é o do Florestan que, tendo aplicado o saber à compreensão do mundo,

transforma-o numa arma de combate. Naturalmente, as três etapas estão misturadas, pois

sempre houve a terceira na primeira e, a primeira na terceira. Estou me referindo às

predominâncias. (CANDIDO, 1986, P.33).

Florestan (no alto, à direita) em um dos

inúmeros atos em defesa da escola pública.

O professor Florestan criticou a pedagogia tradicional e condenava a postura dos

educadores distante do processo social, acreditando que estes deveriam estar engajados na

tarefa de transformação social. Desta forma, tornou-se defensor permanente da escola

pública, fazendo da Educação um dos temas centrais da sua vida. Para ele, não poderia

existir estado ou sociedade democrática sem uma educação democrática via escola pública

gratuita.

Como bom marxista defendeu uma educação vinculada ao pensamento socialista. Para ele,

a classe trabalhadora era a principal força revolucionária, e, portanto seus membros

deveriam estar preparados, bem informados e conscientes de seu papel e isto seria uma

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responsabilidade da Educação. Portanto entendia a Educação como um fator de mudança

social.

As faces que marcam o professor Florestan Fernandes na Educação são: a de professor,

cientista, militante e publicista da Educação, faces que ele manteve em outras práticas e

que mostraram a coerência deste intelectual em toda sua trajetória de vida.

A campanha em defesa da escola pública Muitos educadores já estavam envolvidos na discussão e principalmente na criação de um

projeto que, através do Estado-Educador, privilegiasse a educação escolarizada, tornando o

acesso e a permanência cada vez maior nas classes mais baixas. Simultaneamente, estava

em tramite a aprovação da lei de Diretrizes da Educação Nacional, que com o apoio das

elites, não suportavam essas propostas. É neste contexto que nasce a campanha em defesa

da escola pública.

Defesa de tese de Octavio Ianni em 1961.

Sentados, na primeira fila, Fernando

Henrique Cardoso e Ruth Cardoso.

Em torno de indignações, reuniram-se vários educadores em São Paulo e realizaram a I

Convenção Estadual em Defesa da Escola Pública, donde saiu grande mobilização, dando

origem a Campanha em Defesa da Escola Pública.

Essa campanha conseguiu juntar diversos intelectuais além de outros segmentos da

sociedade. No meio intelectual uniu uma diferente corrente do pensamento educacional: os

liberais idealistas, os liberais pragmáticos e os socialistas. Nesta esta última corrente,

encontravam-se Florestan, Darcy Ribeiro e Fernando Henrique Cardoso.

A Lei de Diretrizes e Bases - L.D.B. Tendo a Educação se apresentado como tema de grande relevância para o professor

Florestan, sua atuação em defesa do tema se constitui em algo memorável. Além de sua

atuação na campanha, podemos destacar a sua atuação na assembléia constituinte e no

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processo de construção da L.D.B.

Florestan Fernandes X Darcy Ribeiro

No processo de constituição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Florestan Fernandes

sofre uma grande decepção com seu até então amigo Darcy Ribeiro, que havia o

acompanhado na longa trajetória em defesa da Educação.

A maior injustiça de Darcy a Florestan é referente a sua frase: “Florestan não se inquieta

com o milhão de alunos do proletariado estudantil, que pagam caro para estudar a noite,

em escolas péssimas, montadas para fazer lucros empresariais, enganando-os. Abandona-

os à sua sorte”.

Florestan, que sempre lutou pelos menos favorecidos, que mobilizou diferentes segmentos

para a construção de um projeto democrático e tentou incluir nas leis medidas que

contemplassem a educação popular, encontrando resistências nas comissões foi traído e

injustiçado por seu amigo.

Darcy considera, também, que o projeto da Câmara consolida o atual sistema de ensino e

que continuará a manter o Brasil na condição do “... país que oferece a seu povo a pior

educação”.

Esse conflito vivido entre Florestan e Darcy Ribeiro foi aberto e ocupou espaço na mídia,

persistindo até próximo dos últimos dias da vida do professor.

Florestan Fernandes foi professor a vida toda e apesar de decorrentes internações

hospitalares nos últimos anos de vida, o sociólogo não abriu mão do tom professoral e

intelectual que o caracterizava.

Florestan foi, sem dúvida, um dos maiores professores e sociólogos do Brasil por ser um

dos grandes responsáveis pela Consolidação do pensamento científico no estudo dos temas

sociais no Brasil.

Conclusões

Florestan Fernandes, de engraxate a Professor catedrático, 75 anos de vida dedicada a luta

contra desigualdade social. Intelectual orgânico, no sentido empregado por Gramsci, foi

militante aguerrido na defesa da Escola Pública de Qualidade e com forte influência

marxista, acreditou, lutou e defendeu a transformação social, atribuindo papel relevante aos

trabalhadores a partir da consciência de classe e incluindo a Educação como tema de

grande destaque na construção e consolidação de um novo projeto de sociedade.

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O deputado federal Florestan Fernandes

em ato pela defesa do ensino público em 1988.

Sociólogo formado em 1943, obteve título de mestre em 1947 e de doutor em 1951. Atuou

em universidades importantes no Brasil e em outros países, contudo, conquistou uma

posição de destaque na Sociologia Brasileira devido sua atuação nos diferentes campos das

ciências sociais, abrindo caminho para a profissionalização dos sociólogos ao defender a

participação e a interferência dos intelectuais nos problemas nacionais, inaugurando um

novo estilo de pensar a realidade social, por meio da qual se torna possível reinterpretar a

sociedade e a história, bem como a Sociologia anteriormente produzida.

Fundador da Sociologia Crítica no Brasil, tem sua produção intelectual impregnada de

reflexão, no questionamento à realidade e o pensamento sintetizado. Enfrentou

especialmente durante a ditadura, a grande repressão por propagar no meio universitário,

um engajamento dos intelectuais, aos problemas da sociedade brasileira. Foi desligado da

Universidade e exilado no Canadá, com base no AI 5, retornando para o Brasil após 1972.

No Brasil, guiado pela inquietude em que o tema da Educação representava em seu projeto

de sociedade, participou intensamente da Campanha em Defesa da Escola Pública, na

criação do Fórum de defesa, no processo de construção da LDB, defendendo um projeto

lei, democrático e tinha o apoio e a participação de diversas entidades sociais.

Nos últimos anos de sua trajetória de militância Educacional, sofreu uma grande decepção

com dois amigos que militavam com ele, dentro de uma tendência que defendia um

Educação com bases socialista na ocasião da Campanha em Defesa da Escola Pública,

Fernando Henrique Cardoso e Darcy Ribeiro. Com este último travou diversos embates

públicos até seus últimos dias de vida.

Este grande intelectual, a convite de Lula, inicia sua vida partidária no partido dos

trabalhadores, mantendo sempre sua coerência, valoriza a diversidade dentro do partido,

mas mantém-se, como ele me se intitulava: "lobo solitário", sendo admirado e respeitado

por todas as alas do PT. Conquista o parlamento, onde convive com as tensões do

momento de transição pelo qual passava o nosso país. No parlamento, dedica-se a defender

as causas dos menos favorecidos, sem nunca abandonar sua dedicação ao tema Educação,

desempenhando um papel de grande relevância na Constituinte de 1988. Acreditava que a

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Constituição poderia corrigir as desigualdades verificadas no projeto Educacional da

sociedade.

Com toda sua participação na Constituinte, conhecendo por dentro o parlamento, Florestan

teceu críticas de que o parlamento servia para sustentar o conservadorismo imperialista,

expressando as tensões entre passado autoritário e as perspectivas futuras e que a

constituição de 88 foi um processo inacabado, pois a própria conjuntura que desencadeou

colocou a Constituição de um lado, e as organizações populares de outro.

Enfim, crítica social, militância ativa, dedicação à docência, a pesquisa, ao publicismo; o

sociólogo e professor, político engajado na luta contra desigualdade, na defesa da educação

pública, do socialismo, da democracia e da solidariedade entre a classe trabalhadoras e

entre os povos latino-americanos fizeram do Professor Florestan Fernandes, um grande

homem de nosso tempo – coerente, sonhador e comprometido com sua classe.

Principais Obras

Florestan começa a escrever no final dos anos 40 e ao longo de sua vida publicou mais de

50 livros e centenas de artigos. Suas principais obras foram:

· Organização Social dos Tupinambá (1949);

· A Função Social da Guerra na Sociedade Tupinambá (1952);

(Estas duas obras são indispensáveis para o conhecimento das nossas sociedades

indígenas)

· Mudanças Sociais no Brasil (1960);

(Nesta obra Florestan faz um panorama de seu trabalho e retrata o Brasil)

· Fundamentos Empíricos da Explicação Sociológicas (1959);

(Esta é um dos clássicos da sociologia de Florestan, se esta obra tivesse sido publicada nos

Estados Unidos, na mesma época, teria revolucionado o ensino da sociologia).

· Folclore e Mudança Social na Cidade de São Paulo (1961);

(Esta obra revela o Brasil do tradicionalismo popular, na qual se tornou um documento

etnográfico sobre a cultura popular).

· A Integração do Negro na sociedade de classes (1964);

(Estudo das revelações raciais em nosso país).

· Sociedade de Classes e subdesenvolvimento (1968);

· A Revolução Burguesa no Brasil (1975).

(São obras que servem de eixo para compreender o Brasil que se seguiu à queda do antigo

regime).

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Pesquisa Sociologia Florestan Fernandes

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Bibliografia FERNANDES, F. (1981) Sociedade de classes e subdesenvolvimento, 4ª edição, Zahar

editores, Rio de Janeiro, RJ.

MARTINS,J.S.(1998) Florestan: Sociologia e Consciência Social no Brasil, Edusp, São

Paulo – SP.

IANNI, O. (1986) Florestan Fernandes: Sociologia, Editora Ática, São Paulo - SP.

SILVA, M. L. O. (1998) Trabalho de Pesquisa do Historiador

http://www.florestaneducador.hpg.ig.com.br/sumario.htm