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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA CARGA FÍSICA EM ATLETAS DA CATEGORIA SUB-20 DURANTE PARTIDAS OFICIAIS DE FUTEBOL DE CAMPO DE UM CLUBE DA SÉRIE “A” DO CAMPEONATO BRASILEIRO Arthur Henrique Lopes Bicalho Diamantina 2013/2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

CARGA FÍSICA EM ATLETAS DA CATEGORIA SUB-20 DURANTE PARTIDAS

OFICIAIS DE FUTEBOL DE CAMPO DE UM CLUBE DA SÉRIE “A” DO

CAMPEONATO BRASILEIRO

Arthur Henrique Lopes Bicalho

Diamantina

2013/2

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

CARGA FÍSICA EM ATLETAS DA CATEGORIA SUB-20 DURANTE PARTIDAS

OFICIAIS DE FUTEBOL DE CAMPO DE UM CLUBE DA SÉRIE “A” DO

CAMPEONATO BRASILEIRO

Arthur Henrique Lopes Bicalho

Orientador:

Prof. Dr. Fabiano Trigueiro Amorim

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Educação Física, como parte

dos requisitos exigidos para a conclusão do curso.

Diamantina

2013/2

CARGA FÍSICA EM ATLETAS DA CATEGORIA SUB-20 DURANTE PARTIDAS

OFICIAIS DE FUTEBOL DE CAMPO DE UM CLUBE DA SÉRIE A DO

CAMPEONATO BRASILEIRO

Arthur Henrique Lopes Bicalho

Orientador:

Prof. Dr. Fabiano Trigueiro Amorim

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Educação Física, como parte

dos requisitos exigidos para a conclusão do curso.

APROVADO em 10 / 02 / 2014

Prof. Msc. Fernando Joaquim Gripp Lopes - UFVJM

Prof. Msc. Leandro Batista Cordeiro - UFVJM

Prof. Dr. Fabiano Trigueiro Amorim - UFVJM

Dedico este trabalho à minha família pelo amor,

confiança e dedicação.

Especialmente aos meus pais Deli e Vanda por

me apoiarem a cada minuto no momento mais

difícil desta caminhada...

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado força para seguir em frente e pelas

oportunidades concedidas.

Em especial ao orientador, Prof. Dr. Fabiano Trigueiro Amorim, por ter me concedido esta

oportunidade apoiando e acreditando no trabalho, e também por me conceder um crescimento

profissional. Minha Gratidão, Admiração e Respeito.

Ao clube da primeira divisão do campeonato brasileiro e sua equipe de fisiologistas, pela

recepção e por terem acreditado no trabalho.

Aos professores da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, por terem me

concedido vastas experiências acadêmicas.

A Jéssica, pelo apoio, companheirismo e amizade durante essa longa caminhada em

Diamantina.

Aos amigos acadêmicos e os amigos de república (República JaNelas), por termos

vivenciados momentos bons e ruins, sempre ajudando uns aos outros e incentivando a

persistir nesta caminhada.

RESUMO

CARGA FÍSICA EM ATLETAS DA CATEGORIA SUB-20 DURANTE PARTIDAS

OFICIAIS DE FUTEBOL DE CAMPO DE UM CLUBE DA SÉRIE A DO

CAMPEONATO BRASILEIRO

No futebol profissional, o desempenho é determinado pelas capacidades técnicas, táticas,

fisiológicas e psicológicas dos atletas. A deficiência de uma destas capacidades pode

influenciar a operacionalização de outras. De forma geral, a demanda física imposta em

partidas de futebol é alta, já que o atleta necessita realizar exercícios prolongados

intermitentes com momentos de exigências de alta intensidade (ex. Sprints) e/ou de força

(saltos e chutes). Adicionalmente, as informações disponíveis em relação aos parâmetros

físicos de deslocamentos combinado com a acelerometria em partidas de futebol são limitadas

e focam somente em atletas adultos. Sendo assim, este estudo tem como objetivo quantificar a

distância percorrida, a velocidade de corrida e a aceleração destes atletas. A amostra foi

constituída por 9 atletas da categoria júnior de um clube da primeira divisão do campeonato

brasileiro durante três partidas oficiais, em que se utilizou o Sistema de Posicionamento

Global (GPS), 15 Hz. Após a análise dos dados não encontramos diferenças nas variáveis

observadas em relação à distância percorrida e aceleração. O pico de corrida no segundo

tempo foi menor do que no primeiro tempo (p<0,05). Assim podemos concluir que esses

atletas mantiveram o ritmo da partida.

Palavras chave: Futebol. Sobrecarga Física. Sistema de Posicionamento Global.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 8

2. OBJETIVO ....................................................................................................... 11

3. MÉTODO ......................................................................................................... 12

3.1. AMOSTRA ........................................................................................... 12

3.2. PROCEDIMENTO .............................................................................. 13

3.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................. 14

4. RESULTADOS ............................................................................................... 15

5. DISCUSSÃO .................................................................................................... 19

6. CONCLUSÃO .................................................................................................. 21

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 22

AUTORIZAÇÃO ............................................................................................. 23

8

1. INTRODUÇÃO

O futebol de campo é um esporte praticado em quase todo o mundo com presença em

mais de 200 países. No site da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL)

mostra que a Federação Internacional de Futebol (FIFA) considera que mais de 265 milhões

de pessoas, entre crianças, homens e mulheres de diversas idades, praticam o futebol. Com

essa difusão e participação, o esporte acaba atraindo uma atenção muito forte para si 1(FIFA).

No futebol profissional, o desempenho é determinado pelas capacidades técnicas,

táticas, fisiológicas e psicológicas dos atletas (Bangsbo, 1993). A deficiência de uma destas

capacidades pode influenciar a operacionalização de outras. Por exemplo, uma baixa

capacidade física poderá resultar em baixo desempenho técnico e tático do atleta.

De forma geral, a demanda física imposta em partidas de futebol é alta, já que o atleta

necessita realizar exercícios prolongados intermitentes com momentos de exigências de alta

intensidade (ex. Sprints) e/ou de força (saltos e chutes). Em relação ao deslocamento, análises

prévias realizadas em partidas oficias de futebol de campo reportam distâncias médias

percorridas por atletas profissionais (exceto goleiros) de aproximadamente 8,5 km (Soares,

2000 apud Simplício Filho, 2012). Por outro lado Tumilty, (1993 apud Simplício Filho,

2012), refere que a média da distância total percorrida há duas décadas se manteve em 10 km.

Os autores observam que o método desta análise mudou, sendo mais precisa nos dias atuais,

gerado pelo grande avanço das tecnologias, mas não podemos descartar a evolução sofrida no

futebol tanto nas sobrecargas das partidas quanto nas tecnologias usadas para quantificar estes

dados. Estudos mais recentes reportam que atletas percorrem em média 10-12 km durante

uma partida completa. Estes dados podem variar dependendo de alguns fatores, como: o

clima, o nível do oponente, a posição do atleta, a importância da partida, entre outros (Di

Salvo, 2007 apud Bonin, 2011).

Essas distâncias totais percorridas durante uma partida de futebol são diferentes

quando avaliamos as posições dos atletas. Vários estudos demonstram que os atletas que

percorrem a maior distância são os meio campistas. Para Bangsbo, (1991 apud Simplício

Filho, 2012), este fato deve-se principalmente pelas grandes distâncias percorridas em baixa

intensidade que é característica tática da posição. Em seguida vem os zagueiros, depois os

atacantes e, por último, os goleiros. Nesse sentido, Rienzi, (2000 apud Simplício Filho, 2012)

1 FIFA.

Disponível em:< http://www.conmebol.com/pt-br/content/265-milhoes-de-pessoas-jogam-futebol-no-

mundo-inteiro>. Acesso em: 20 ago. 2013.

9

reportou em seu estudo que os meio campistas percorrem em média 9.826 m, os defensores

8.696 m e os atacantes 7.736 m. Já Bangsbo (1991 apud Simplício Filho, 2012) reporta que os

atacantes e os zagueiros percorrem uma distância aproximadamente igual, mas menor que os

meio campistas, sendo 11.400 m, 10.100 m e 10.500 m, respectivamente.

Ainda analisando as distâncias percorridas em uma partida podemos observar que a

maior distância é percorrida no primeiro tempo de jogo. Bangsbo (1991 apud Simplício Filho,

2012) reporta uma queda de 5% do primeiro para o segundo tempo. Maciel (2011) em seu

estudo com atletas do sexo feminino teve a mesma porcentagem de diferença em seu achado,

sendo que no primeiro tempo foram percorridos 5,9 km e no segundo tempo essa distância foi

de 5,2 km.

As distâncias descritas acima são realizadas intermitentemente em diferentes

distâncias, intensidades e eixos (Santo Soares, 2001 apud Spigolon, 2007), como os de baixa,

média e alta intensidade, os nãos ortodoxos (correr de costas, deslocamento lateral), entre

outros. Esta dinâmica do futebol resulta em uma demanda metabólica com cerca de 12% da

energia fornecida pela via anaeróbica e os outros 88% do metabolismo aeróbico (Gorostiaga

2004 apud Maciel, 2011). Embora o metabolismo aeróbico forneça a maior parte da demanda

energética durante uma partida de futebol, as ações decisivas são dependentes da via

anaeróbica. Como exemplo podemos citar os sprints curtos, saltos, dribles, roubadas de bola e

chutes.

Nesse sentido, Mohr (2003 apud Spigolon, 2007) relata que atletas de futebol realizam

em média 110 ações de alta intensidade em distâncias de 5 a 30 m, sendo 39 delas em sprint.

Os autores relatam também que, em atletas profissionais, os zagueiros percorrem uma

distância considerável em alta intensidade e em Sprint. Os atacantes percorrem uma distância

em alta intensidade igual aos zagueiros e meio campistas, porém realizam um número maior

de sprints. Nessa análise, os autores utilizaram os seguintes parâmetros de classificações para

as velocidades observadas: parado (0 km•h-1

), andando (<6 km•h-1

), caminhada (<8 km•h-1

),

corrida leve (<12 km•h-1

), corrida moderada (<15 km•h-1

), corrida intensa (<18 km•h-1

),

sprinting (<30 km•h-1

) e corrida de costas (10 km•h-1

) (Mohr, 2003 apud Simplicio Filho,

2012).

Avanços recentes na tecnologia de análise de deslocamentos, através da utilização de

aparelhos de posicionamento global (GPS) com acelerômetros, permite medir as distâncias e

as informações de velocidade e aceleração em modalidades esportivas que ocorrem a céu

aberto. Análises de deslocamentos (ex. distância total) sem a aquisição da informação das

características dos mesmos (ex. velocidade e aceleração) dificulta uma análise aprofundada

10

das demandas físicas específicas de determinadas modalidades. A utilização da medida de

aceleração difere sobre a de velocidade, pois os conceitos são diferentes. A velocidade

significa o tempo que o corpo gasta para se deslocar de um lugar para outro (km/h ou m/min),

já a aceleração se refere às mudanças de velocidade gasto pelo corpo para se deslocar de um

ponto ao outro (m/s-2

). Em termos práticos, um atleta não consegue atingir a sua velocidade

máxima em um sprint curto (<30 m), no entanto ele pode atingir a sua aceleração máxima.

Estes procedimentos reduzem a oferta de informações precisas às comissões técnicas das

equipes aumentando a chance de erros na seleção das cargas e volumes de treinamento, assim

como dos períodos de recuperação.

Um estudo realizado recentemente por Wehbe e colaboradores (2013), com uma

equipe da liga profissional de futebol australiano, teve bastante colaboração para novos

estudos nesta área. Os autores coletaram dados de 19 jogadores da categoria profissional

durante oito partidas da pré-temporada totalizando 95 dados, usando o GPS (SPI-Pro

GPSports, Canberra, Austrália) de 5 Hz. Para comparação o autor dividiu por posições, sendo

seis defensores, nove meias e quatro atacantes. Sendo assim ele analisou a distância e a

velocidade percorrida em cada tempo da partida e fatores situacionais que ocorrem durante o

jogo, como, se a equipe está ganhando ou perdendo e o que ocorre durante os cinco minutos

anteriores e posteriores a que um gol foi marcado. Primeiramente ele cita que as atividades de

baixa intensidade aumentam do primeiro tempo para o segundo 90,62% e 91,71%

respectivamente, e que os valores de alta intensidade diminuem 9,38% e 8,29% de um tempo

para o outro. Já se referindo à distância os atletas atingiram em média 10.063 metros por jogo,

sendo 5.239 metros no primeiro tempo e 4.824 metros no segundo tempo. Nas acelerações

também ocorreram uma diferença significativa em que os números de acelerações médias

diminuíram do segundo tempo em relação ao primeiro (56 para o 1º tempo e 50 para o 2º

tempo), fato que não ocorreu no número de aceleração máxima (4 no 1º tempo e de 3 no 2º

tempo).

As informações disponíveis em relação aos parâmetros físicos de deslocamentos

combinado com a acelerometria em partidas de futebol são limitadas. Além disso, os estudos

publicados focam somente em atletas adultos. No entanto, a informação com a medida destes

parâmetros em atletas das categorias de base dos clubes (sub-15, sub-17 e sub-20) é

inexistente. Sendo assim, a aquisição destas informações podem ser importantes para avaliar a

carga física dos atletas nas partidas de futebol e fornecer informações para o planejamento dos

treinamentos de atletas destas categorias.

11

2. OBJETIVO

Avaliar, através da utilização de um equipamento de GPS com acelerômetro, a

distância total percorrida, a velocidade de corrida e a aceleração de atletas durante três

partidas oficias de futebol na categoria sub-20 de um clube da primeira divisão do Brasil.

12

3. MÉTODO

Delineamento experimental

O presente estudo segue um delineamento retrospectivo transversal descritivo, onde

variáveis dependentes foram adquiridas através da utilização de um equipamento de GPS

durante três partidas oficiais de futebol de campo da categoria sub-20 masculina durante o ano

de 2013. Esses jogos foram validos pelo hexagonal final do campeonato estadual, pela taça

BH de futebol júnior e o outro jogo pela Copa do Brasil sub-20. Essas partidas foram contra

equipes sub-20 de clubes que participam da primeira divisão do futebol profissional brasileiro.

A coleta de dados foi realizada pela equipe técnica do clube (fisiologista do exercício e

coordenador da preparação física das categorias de base) e disponibilizados aos pesquisadores

para análise apresentada no presente trabalho.

3.1. AMOSTRA

A amostra foi composta por nove atletas de futebol do sexo masculino (três zagueiros,

dois laterais, dois meio campistas e dois atacantes) da categoria sub-20, vinculados a um

clube que participa da primeira divisão do futebol profissional brasileiro. Estes atletas foram

escolhidos por terem completado os dois tempos regulares de uma partida. Embora a análise

dos dados tenha ocorrido com 9 atletas, os pesquisadores forneceram informações

antropométricas de 6 atletas. Os dados antropométricos destes atleta estão na tabela abaixo:

Tabela 1 – Dados antropométricos de 6 atletas em que os dados foram analisados.

Idade

(anos)

Estatura

(cm)

Peso corporal

(kg)

% de Gordura

18,8 ± 0,7

177,2 ± 5,9

71,0 ± 9,3

9,0 ± 0,1

13

3.2. PROCEDIMENTO

Antes do início das partidas de futebol, 10 unidades de um GPS comercial (SPI Elite;

Sistemas GPSPORTS) foram alocadas em coletes designados para tal fim e vestidos pelos

atletas (figura 1). Os dados do sistema de posicionamento global foram registrados em 15 Hz.

Figura 1: Suporte para o GPS Fonte: (Google) Figura 2: GPS (SPI PRO X II) Fonte: (Google)

Os dispositivos de GPS foram ativados 15 minutos antes do início das partidas, de

acordo com as instruções do fabricante. Os dados gravados (distância percorrida, velocidade e

aceleração) foram transferidos para um computador e analisados, usando o software do

próprio fabricante do sistema de GPS. Após esta transferência, estes dados foram tratados

estatisticamente utilizando o software Excel (Microsoft 2010).

Durante estas partidas algumas variáveis foram coletadas através do GPS com o

acelerômetro como a distância total percorrida nos dois tempos. Iniciando a contagem no

inicio do primeiro tempo, zerando o aparelho no intervalo da partida para iniciar novamente a

contagem do segundo tempo, assim obtendo a distância total, também foi medido através do

mesmo aparelho a velocidade máxima que os atletas atingiram.

A análise do movimento ocorreu através da definição do tempo gasto nas seguintes

faixas de velocidade: correndo (13 a ≤ 16 km/h); alta velocidade (16 a ≤ 20 km/h) e Sprint (>

20 km/h), as definições para as faixas foram adaptadas da planilha analisada dos atletas

oferecidas pelo clube.

A frequência de sprints foi determinada quando os atletas atingiam valores iguais ou

superiores a 2,5 m/s2 de aceleração. Estas variáveis foram determinadas para o primeiro e

segundo tempo das partidas de futebol. Nós apresentamos os valores de deslocamento durante

o período de aquecimento.

14

3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados estão apresentados como média ± desvio padrão. Testes t pareados

foram utilizados para comparar as variáveis dependentes: distância percorrida total, nas faixas

de velocidades e frequência das acelerações entre o primeiro e segundo tempo das três

partidas de futebol. A significância estatística adotada foi p<0,05.

15

4. RESULTADOS

No gráfico 1 estão apresentados os valores médios e desvio padrão da distância

percorrida pelos atletas durante o aquecimento, no primeiro e segundo tempo e o total dos

dois tempos. A comparação entre a distância percorrida entre o primeiro (5.195 ± 418 m) e o

segundo tempo (5.151 ± 395 m) não foi diferente (P = 0,27). Esta diferença entre o primeiro e

segundo tempo foi menor que 1%.

Gráfico 1 – Gráfico1 - Distância média percorrida durante o aquecimento, 1º e 2º

tempo.

No Gráfico 2 estão apresentadas as distâncias percorridas pelos atletas em faixas de

velocidade no primeiro e o segundo tempo das partidas. A análise entre as distâncias

percorridas dentro de uma mesma faixa de velocidade indicou que não há diferença entre o

primeiro e segundo tempo (p>0,05). Estes resultados sugerem que os dois tempos foram

realizados em demandas de intensidade de corrida similares.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

Aquecimento 1º tempo 2º tempo Total

Aquecimento

1º tempo

2º tempo

Total

Dis

tânci

a (m

)

16

Gráfico 2 – Distância percorrida em diferentes faixas de Velocidade no 1º e 2º tempo

Na tabela 2 apresentamos o pico de velocidade, a soma da distância percorrida acima

dos 13 km/h e a porcentagem da distância total percorrida em velocidade acima dos 13 km/h.

A comparação entre o primeiro e segundo tempo mostra que o pico de velocidade atingiu

valores menores no segundo tempo (p>0,05). Este dado indica que os atletas no segundo

tempo não alcançaram a mesma velocidade máxima nos sprints.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

1 2 3 4 5 6

1

2

3

4

5

6

1º tempo 13 a 16 km/h

2º tempo 13 a 16 km/h

1º tempo 16 a 20 km/h

2º tempo 16 a 20 km/h

1º tempo 20 km/h +

2º tempo 20 km/h +

Faixas de Velocidade

Dis

tân

cia

(m

)

17

Tabela 2 – Comparação entre o 1º e o 2º tempo do Pico de velocidade, a soma das distâncias

das 3 faixas de velocidade e a porcentagem da distância total percorrida.

1º tempo 2º tempo

Média Maior

Valor

Menor

valor

Média Maior

Valor

Menor

valor

Valor do p

Pico de

Velocidade

(km/h) (n=14)

31,2 ± 3,1

35,3

31

29,4 ± 0,9

31 28,2 *0,031

Soma das

distâncias das 3

velocidades

> 13km/h (m)

(n=14)

1459 ± 203

1738

1171

1437 ± 278

1787

943

0,376

% da distância

total percorrida

> 13km/h (%)

(n=14)

28 ± 3

32

24 28 ± 4

32 19 0,404

* Indica diferença estatística entre o pico de velocidade alcançado no 1º tempo e o pico de velocidade

alcançado no 2º tempo (p<0,05).

Na tabela 3 estão apresentados os valores de aceleração máxima, os valores médio das

acelerações, a distância total dos sprints (>2,5 m/s2) e a frequência de acelerações no primeiro

e no segundo tempo. A comparação entre o primeiro e segundo tempo indica que as demandas

físicas de atividades em alta intensidade não foram reduzidas no segundo tempo (p>0,05),

embora os atletas pudessem estar mais cansados pelo desgaste físico do primeiro tempo das

partidas.

18

Tabela 3 – Compara o 1º e o 2º tempo da aceleração máxima, a média das acelerações acima

de 2,5 m/s2, a distância total dos sprints o número de acelerações e a frequência da mesma.

1º Tempo 2º TEMPO Valor do p

Aceleração

Máxima (m/s2)

(n = 14)

3,9 ± 0,1

3,8 ± 0,2 0,147

Média das

Acelerações > 2,5 m/s2

(n = 14)

3,0 ± 0,1 3,0 ± 0,1 0,180

Distância total

Sprints

(n = 14)

408,6 ± 105,0 371,4 ± 97,2 0,114

Números de acelerações

>2,5 m/s2

(n = 14)

46,2 ± 6,5 48,6 ± 8,8 0,206

Frequência

Aceleração por minuto

(m/s2)

(n = 14)

1,0 ± 0,2 1,0 ± 0,3 0,406

19

5. DISCUSSÃO

O presente estudo avaliou, através da utilização de um equipamento de GPS com

acelerômetro, a distância total percorrida, a velocidade de corrida e aceleração de atletas

durante três partidas oficias de futebol na categoria sub-20 de um clube da primeira divisão do

Brasil. Este é o primeiro estudo a apresentar estes parâmetros em partidas oficiais de

deslocamento com o equipamento em questão e em atletas das categorias de base. Os

resultados encontrados neste estudo indicam que as demandas físicas para estes atletas são

similares entre o primeiro e o segundo tempo e que independente do desgaste físico imposto

na primeira etapa, os atletas mantém o ritmo no segundo tempo das partidas.

No presente estudo nós observamos que os atletas percorreram aproximadamente

10.346 metros em média por partida, distribuídas entre 5.195 metros no primeiro e 5.151

metros no segundo tempo. Em um estudo publicado recentemente, Wehbe e colaboradores

(2013), utilizando o mesmo equipamento do presente estudo em partidas não oficiais

(amistoso de pré-temporada) em atletas profissionais da “Liga A” Australiana de Futebol

Profissional, observou que os atletas percorreram em média 10.063 metros em cada jogo,

sendo 5.239 metros no primeiro tempo e 4.824 metros no segundo tempo. Os autores

indicaram uma queda na distância entre os dois tempos, fato que não foi constatado com os

dados do presente estudo. Esta queda de um tempo para o outro também foi encontrado por

Maciel (2011), em que as atletas de um time da cidade de Pelotas/RS atingiram 5.900 metros

na primeira etapa e 5.200 metros na segunda etapa, porém este estudo não utilizou o GPS e

sim o pedômetro que registra quantos passos foram realizados durante o tempo previsto. Um

estudo feito através da análise cinematográfica (utilizando-se de vídeo e computador),

Ananias (1998) também reportou diferença comparando os tempos, em que no primeiro a

distância percorrida foi de 5.446 metros comparados a 4.945 metros percorridos na segunda

etapa. Este estudo foi realizado com seis atletas de futebol profissional e o dado acima foi

coletado através de uma partida. O valor encontrado comparando às distâncias percorridas no

primeiro e no segundo tempo diferem dos resultados encontrados pelos outros autores que

trabalharam com atletas do profissional, em que a distância percorrida do segundo tempo

diminuía em relação a do primeiro tempo. Isso nos remete que mesmo ocorrendo o desgaste

da etapa inicial os atletas da categoria sub-20 mantiveram o ritmo.

Uma das hipóteses a ser discutida é o fato de que os atletas do profissional não podem

usar o aparelho GPS em partidas oficiais, sendo assim todas as coletas de dados foram

20

colhidas em amistosos, ao contrário da categoria júnior em que as medições ocorreram em

partidas oficiais e oponentes de níveis técnicos e táticos semelhantes. Sendo assim inferimos

que o caráter competitivo (hexagonal final, semifinal) das partidas analisadas no presente

estudo foram maiores do que as apresentadas nos estudos citados acima.

Em relação à velocidade de deslocamento em diferentes faixas, nós reportamos que os

atletas mantiveram a distância percorrida nas zonas de estudo (Gráfico 2) entre os dois tempos

das partidas. Um fato a destacar é que o resultado final obtido pela equipe analisada ao final

das partidas foram empate ou vitórias por diferença de 1 gol. Este fato sugere que a

competitividade entre as equipes foi alta, já que não houve placares elásticos nas partidas

analisadas. Sendo assim, a diferença encontrada entre o presente estudo e o de Wehbe e

colaboradores (2013), pode ter sido em relação ao placar, qualidade da equipe adversária e

empenho dos atletas nas partidas.

Por último analisamos as acelerações realizadas durante a partida, em que, quando

comparamos as duas etapas de jogo, podemos perceber que não houve diferenças estatísticas

entre as mesmas. No estudo realizado por Wehbe e colaboradores (2013) os números de

acelerações médias diminuem quando comparado os dois tempos da partida (56 para o 1º

tempo e 50 para o 2º tempo), fato que não ocorre quando comparado às acelerações máximas

entre o primeiro e o segundo tempo (4 no 1º tempo e de 3 no 2º tempo). Comparando com os

resultados encontrados em nosso estudo (tabela 3), que foi realizado com atletas do júnior,

com os outros estudos realizados com os atletas profissionais percebemos que os da categoria

sub-20 mantém um ritmo parecido entre os tempos enquanto os profissionais deixam esse

ritmo cair. Vale ressaltar que os atletas profissionais no estudo de Wehbe apresentam uma

média de idade de 26,0 ± 4,7 anos, enquanto nosso estudo apresenta uma média de 18,8 ± 0,7

anos.

Uma das dificuldades encontradas nas análises de acelareação é que a literatura atual

não contempla estudos que tenham analisado este parâmetro dificultando a comparação com

outras categorias e equipes. No entanto, esta tecnologia está popularizando e, possivelmente,

observaremos mais estudos descrevendo este parâmetro em um futuro próximo.

Por fim, apesar deste estudo ter sido realizado apenas em três partidas e com o número

de nove jogadores, o resultado apresentado pode servir de subsídio para novas pesquisas na

área com o objetivo de melhorar o entendimento da sobrecarga imposta durante uma partida

de futebol e para que a comissão técnica tenha parâmetros para elaboração dos treinamentos.

Desta forma, o atleta consiga responder melhor às demandas apresentadas pela modalidade

durante os dois tempos da partida de futebol.

21

6. CONCLUSÃO

O presente estudo demonstrou que atletas da categoria júnior de um clube brasileiro da

primeira divisão mantiveram as demandas físicas entre o primeiro e segundo tempo nas

partidas de futebol oficial. Esta observação pode estar relacionada ao nível competitivo das

partidas observadas. Adicionalmente, através das comparações realizadas pelos artigos de

referência podemos inferir que a demanda física entre atletas profissionais e juniores são

próximas.

22

REFERÊNCIAS

ANANIAS, Glydiston. Et al. Capacidade funcional, desempenho e solicitação metabólica

em futebolistas profissionais durante situação real de jogo monitorados por análise

cinematográfica. Revista Brasileira Medicina Esporte, Vol. 4, Nº 3, Mai/Jun, 1998.

BANGSBO, Jens. The physiology of soccer: with special reference to intense intermittent

exercise. Edição 619. Published for the Scandinavian Physiological Society by Blackwell

Scientific, 1993.

BONIN, Fernando da Silva. SCHUTZ, Gustavo Ricardo. UTILIZAÇÃO DO GPS NO

FUTEBOL. Disponível em: < http://www.pergamum.udesc.br/dados-

bu/000000/000000000014/000014BD.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2013.

FIFA. 265 milhões de pessoas jogam futebol no mundo inteiro. Disponível em:<

http://www.conmebol.com/pt-br/content/265-milhoes-de-pessoas-jogam-futebol-no-mundo-

inteiro>. Acesso em: 20 ago. 2013.

MACIEL, Wagner. Et al. DISTÂNCIA PERCORRIDA POR JOGADORAS DE

FUTEBOL DE DIFERENTES POSIÇÕES DURANTE UMA PARTIDA. Rev. Bras.

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AUTORIZAÇÃO

Autorizo a reprodução e/ou divulgação total ou parcial do presente trabalho, por qualquer

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Arthur Henrique Lopes Bicalho

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