caracterÍsticas do desenho de um sujeito autista

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7 COMUNICAÇÕES • Piracicaba • Ano 19 • n. 2 • p. 7-22 • jul.-dez. 2012 • ISSN Impresso 0104-8481 • ISSN Eletrônico 2238-121X CARACTERÍSTICAS DO DESENHO DE UM SUJEITO AUTISTA Drawing features of an autistic subject MARIA FERNANDA BAGAROLLO Fonoaudióloga Mestrado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba; Doutorado em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Estadual de Campinas [email protected] VANESSA VEIS RIBEIRO Fonoaudióloga Mestrando em Distúrbios da Comunicação Humana pela Universidade Federal de Santa Maria; [email protected] IVONE PANHOCA Graduação em Fonoaudiologia Mestrado e Doutorado em Estudos da Linguagem/UNICAMP [email protected] RESUMO No desenvolvimento infantil, o desenho é considerado forma de linguagem e pre- cursor da escrita, sendo, portanto, fundamental para o processo de constituição humana e escolarização. Assim como as demais funções do desenvolvimento, o desenho constitui-se a partir das relações sociais. Os sujeitos autistas, por apresentarem peculiaridades em seu desenvolvimento e nas relações sociais, podem engajar-se no processo de desenvolvimento do desenho de maneira distinta. O presente trabalho teve por objetivo caracterizar e ana- lisar os desenhos de uma criança autista a fim de discutir as especificidades dos processos figurativos deste sujeito e as implicações disso para o processo de alfabetização. Trata-se de um relato de pesquisa, qualitativo, com método de análise microgenética. O sujeito do estudo é uma criança do sexo masculino, de oito anos de idade e diagnóstico de autismo. Foram analisados oito desenhos produzidos pela criança durante sete sessões de terapia fonoaudiológica após a leitura, contagem e exploração de livros de histórias infantis e suas respectivas condições de produção. Foram analisados três eixos temáticos: grafia, signifi- cação dos desenhos e envolvimento da linguagem oral durante a produção dos desenhos. Palavras-chave AUTISMO, DESENHO, DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM, EDUCAÇÃO ESPECIAL, LINGUAGEM.

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CARACTERÍSTICAS DO DESENHO DE UM SUJEITO AUTISTA

Drawing features of an autistic subject

Maria Fernanda BagarolloFonoaudióloga

Mestrado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba; Doutorado em Saúde da Criança e do Adolescente

pela Universidade Estadual de Campinas [email protected]

Vanessa Veis riBeiro

FonoaudiólogaMestrando em Distúrbios da Comunicação

Humana pela Universidade Federal de Santa Maria; [email protected]

iVone Panhoca

Graduação em FonoaudiologiaMestrado e Doutorado em

Estudos da Linguagem/[email protected]

Resumo No desenvolvimento infantil, o desenho é considerado forma de linguagem e pre-cursor da escrita, sendo, portanto, fundamental para o processo de constituição humana e escolarização. Assim como as demais funções do desenvolvimento, o desenho constitui-se a partir das relações sociais. Os sujeitos autistas, por apresentarem peculiaridades em seu desenvolvimento e nas relações sociais, podem engajar-se no processo de desenvolvimento do desenho de maneira distinta. O presente trabalho teve por objetivo caracterizar e ana-lisar os desenhos de uma criança autista a fim de discutir as especificidades dos processos figurativos deste sujeito e as implicações disso para o processo de alfabetização. Trata-se de um relato de pesquisa, qualitativo, com método de análise microgenética. O sujeito do estudo é uma criança do sexo masculino, de oito anos de idade e diagnóstico de autismo. Foram analisados oito desenhos produzidos pela criança durante sete sessões de terapia fonoaudiológica após a leitura, contagem e exploração de livros de histórias infantis e suas respectivas condições de produção. Foram analisados três eixos temáticos: grafia, signifi-cação dos desenhos e envolvimento da linguagem oral durante a produção dos desenhos.Palavras-chave autisMo, desenho, desenVolViMento da linguageM, educação esPecial, linguageM.

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ComuniCações • Piracicaba • Ano 19 • n. 2 • p. 7-22 • jul.-dez. 2012 • ISSN Impresso 0104-8481 • ISSN Eletrônico 2238-121X8

AbstRAct In child development, drawing is considered a form of language and a precursor of writing, and is therefore basic to the process of human constitution and schooling. Like other development functions, drawing is the basis of social relations. Because autistic sub-jects present peculiarities in their development and social relations, their engagement in the process of drawing may be different.. The aim of the present study was to characterize and analyze the drawings of an autistic child in order to discuss the specificities of this subject’s figurative processes and the implications for the literacy process. This is a qualitative re-search report, with a microgenetic analysis. The subject is an eight-year old male child diagnosed with autism. We analyzed eight drawings produced by this child during seven sessions of speech therapy, after reading, counting and exploitation of children’s stories and the respective production conditions. Three topics were analyzed: spelling, the meaning of the drawings and the oral language during the production of drawings.Keywords autisM, drawing, language deVeloPMent, sPecial education, language.

IntRodução

Para a teoria histórico-cultural, que tem em Vigotski (2000a) seu maior expoente, todas as funções mentais superiores do homem são constituídas socialmente e mediadas por sujeitos que utilizam linguagem e instrumentos da cultura. É a partir do momento em que a criança vai se apropriando do uso da linguagem, dos instrumentos e dos fazeres dos homens que ela vai se constituindo sujeito (cf. PINO, 2005; VIGOTSKI, 1997).

Ao considerar a linguagem uma mediadora das relações sociais, Vigotski (2000a) destaca-a como primordial dentre as demais funções do desenvolvimento mental. Para estes autores não há conteúdo cognitivo sem a linguagem, ou seja, ela é estruturante do comportamento e do funcionamento mental humano, distinguindo o homem de outros animais. Segundo esta perspectiva teórica, a linguagem (signo) e, portanto, a fala, o desenho e a escrita são mediadores do comportamento e desenvolvimento do homem, podendo, assim, transformar e sofisticar o funcionamento mental humano (cf. LURIA, 2003; PINO, 2005; ORRÚ, 2010).

Além disso, é importante destacar que o desenho, assim como o gesto e a brincadeira, permite o desenvolvimento da função simbólica mais complexa, configurando-se, então, como precursores da linguagem escrita (cf. VIGOTSKI, 2000a; ARAUJO; LACERDA, 2002; LURIA, 2003). Para Vigotski (2000a), o ponto crítico da transformação dos rabiscos em desenhos é a descoberta pela criança de que seus rabiscos representam algo e, para Luria (2003), a passagem do desenho para a escrita ocorre quando a criança começa a per-ceber que o desenho é um meio de registro (cf. LURIA, 2003).

O desenho, tal como as demais atividades tipicamente humanas, é constituído a partir das experiências sociais, do modelo do desenho do outro, do próprio desenho, da mediação pela linguagem da própria criança nos momentos de fala egocêntrica ou fala interior que, normalmente, acompanham a produção gráfica e a fala do outro que observa a criança de-senhar (cf. FERREIRA, 2003; LUCHESI, REILY, 2007).

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A discussão, no âmbito da psicologia soviética, abarca tanto sujeitos com desenvol-vimento típico como aqueles que, por alguma deficiência orgânica, apresentam caracterís-ticas peculiares no desenvolvimento, como sujeitos surdos, cegos, deficientes mentais ou com transtornos de comportamento (cf. VIGOTSKI, 1997). Assim, as leis gerais do desen-volvimento também são válidas para os sujeitos com distúrbio global do desenvolvimento, chamadas historicamente de autistas (cf. KANNER, 1997; KLIN, 2006). Desta forma, este trabalho buscou compreender modos de funcionamento de uma criança autista a partir de um viés histórico-cultural.

O sujeito autista é tradicionalmente caracterizado como um indivíduo que apresen-ta dificuldades ou impedimentos para as relações sociais, déficit de linguagem, ausência ou escassez de atividade imaginativa e comportamentos estereotipados (cf. SPROVIERI, ASSUMPÇÃO-JUNIOR, 2001; FAVERO; SANTOS, 2005; SCHMIDT; DELL’AGLIO; BOSA, 2007; FERNANDES, 2009; BARBOSA; FERNANDES, 2009; BAGAROLLO; PANHOCA, 2011). No entanto, quando se entende que a pessoa autista é passível de trans-formações pelas relações sociais, a concepção muda e ela passa a ser entendida como uma criança com formas distintas de perceber a realidade, de se comunicar, de fazer vínculo e de ser alfabetizada (cf. ORRÚ, 2010; BAGAROLLO; PANHOCA, 2011). Esta diferen-ça entre sujeitos com funcionamento típico e autistas traz consequências para o modo de estes últimos relacionarem-se, serem tratados, educados, escolarizados; enfim, assumir a diferença significa aceitar a necessidade de conhecê-la e de lidar com ela (cf. GÓES, 2002; PINO, 2005; FAVERO; SANTOS, 2005).

Como em todas as esferas do desenvolvimento, os desenhos das crianças com al-guma deficiência são peculiares (cf. GÓES, 2002). Luria (2003) aponta que as crianças portadoras de deficiência mental, embora utilizem características plásticas no desenho mais avançadas do que as crianças normais, não conseguem entendê-lo como um instrumento de registro e memória.

Considerando estas possíveis peculiaridades e a ausência de obras com análise de desenhos de sujeitos autistas na literatura, este trabalho teve como objetivo caracterizar e analisar os desenhos de uma criança autista a partir da perspectiva histórico-cultural, refle-tindo sobre o desenvolvimento da linguagem oral e escrita dessas crianças.

método

Trata-se de um relato de pesquisa de caráter qualitativo. O responsável pelo sujeito foi orientado sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa, aceitando e assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

SujeitoA criança autista deste estudo é do sexo masculino, possui oito anos de idade e re-

cebeu diagnóstico de autista aos três anos por um psiquiatra que seguiu os critérios do CID-10 (OMS, 1993).

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O sujeito mora com a mãe e o irmão em uma cidade do interior do estado de São Pau-lo, estuda desde 2002 em um colégio particular de pequeno porte e realiza semanalmente terapias psicopedagógica e fonoaudiológica. Na escola, é acompanhado por uma auxiliar que o ajuda com as atividades acadêmicas e na adaptação às atividades sociais; em casa, fica aos cuidados de uma babá.

Sobre suas características de linguagem, observou-se que ele compreende tudo que lhe é dito e há dois anos vem intensificando a produção oral. Atualmente sua oralidade caracteriza-se por palavras, frases simples e alguns gestos, como apontar e recusar algo. Normalmente, estas formas de comunicação são utilizadas de maneira contextualizada e com efetividade. Foi possível identificar, também, o uso de vocalizações ininteligíveis, choro, sorriso e linguagem corporal.

Com relação ao aspecto cognitivo, nota-se que o sujeito apresenta possibilidades de uso de atenção voluntária, permanecendo, por longos períodos de tempo, em atividades como ouvir histórias; usar de imaginação e (re)criação em momentos de montar maquetes/fazendinhas e usar outros brinquedos, como jogos e carrinhos. Além disso, demonstra inte-resse na maioria das atividades propostas. Quanto à alfabetização, o sujeito vem conseguin-do identificar letras e juntá-las para escrever. Compreende que as histórias dos livros são contadas por meio da escrita, sabe e interessa-se em copiar palavras e frases, vocalizando sons ininteligíveis enquanto acompanha com o dedo as frases dos livros, demonstrando desejo ou conhecimento de leitura.

Sobre o comportamento, é possível verificar que, às vezes, ele apresenta intolerância à recusa de algum de seus desejos, ficando extremamente irritado, chorando, gritando e atirando-se ao chão. Em virtude destes comportamentos e da agitação, foi-lhe receitado Risperidona (2 mg/dia). Após o uso do medicamento ele mostrou-se mais atento, receptivo e tolerante aos limites que lhe eram impostos.

Coleta de dadoSPara atingir os objetivos propostos, foram analisados sete desenhos produzidos pela

criança em questão durante sessões de terapia fonoaudiológica após a leitura, narração e exploração de livros de histórias infantis, e suas respectivas condições de produção. O sujeito foi orientado a ler a história e depois contá-la para a terapeuta; em seguida, o livro foi folheado novamente e as figuras foram exploradas, ao final do que, era solicitado a de-senvolver um desenho que representasse aquela história. Para a realização dos desenhos, foram disponibilizadas folha sulfite branca, lápis coloridos, giz de cera, caneta hidrocor, borracha e apontador, ficando expostos sobre a mesa ao alcance do indivíduo. Cada dese-nho foi realizado em uma sessão.

As histórias em questão foram: João e os feijões mágicos (ANDERSON, 1972), Po-legarzinha (ANDERSON, 1972), A pequena vendedora de fósforos (ANDERSON, 1972), Branca de Neve (GRIM, 1972), Cinderela (ANDERSON, 1972), João e Maria (GRIM, 1972) e Chapeuzinho Vermelho (GRIM, 1972). Todos os livros utilizados são da coleção de livros infantis “No país das maravilhas”.

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Método de análiSePara realização das análises considerou-se que: “o objeto figurativo testemunha os

objetos da cultura da criança, constitui o lugar de encontro de forças ativas e é resultado de ‘recortes’ perceptivos da realidade que a criança conhece” (FERREIRA, 2003, p. 59).

Utilizou-se o método qualitativo, que prioriza a compreensão da subjetividade huma-na (MINAYO, 2004). A escolha do método justifica-se tanto pela natureza do dado quanto pela perspectiva teórica que respalda o trabalho. Para a análise dos dados, partiu-se do referencial teórico histórico-cultural (cf. VIGOTSKI, 2000a) e do paradigma indiciário (cf. GINZBURG, 2003), que subsidiam a “análise microgenética”, voltada para as minúcias de um curso de transformação do sujeito por meio de leis associativas que buscam apli-car o complexo funcionamento humano para, a partir de então, compreender os processos linguístico-cognitivos dos sujeitos (cf. GÓES, 2000).

Partindo-se dessa perspectiva metodológica, o presente estudo tem uma preocupação com os detalhes dos episódios focais e com suas inter-relações com experiências passadas e futuras. Acredita-se que tais indícios evidenciem o processo de desenvolvimento dos sujeitos, que teve início em situações vivenciadas anteriormente e, depois, se desdobraram em novas formas de desenvolvimento (cf. GÓES, 2000; VIGOTSKI, 2000a; GINZBURG, 2003).

Nessa perspectiva, não há preocupação com a quantidade de sujeitos participantes da pesquisa, visto que busca discutir e explicar o processo do(s) indivíduo(s) estudado(s), e não formular uma lei geral. Apesar disso, na medida em que a pesquisa qualitativa transita entre o específico e o geral do desenvolvimento humano, é possível fazer generalizações. Considera-se específico quando trata de um evento peculiar daquele sujeito e geral, quando considera o sujeito estudado um indivíduo com uma determinada patologia, inserido em uma sociedade, em um país e pertencente à espécie humana que tem uma história comum, a filogênese (cf. PINO, 2005).

ResultAdos O conjunto dos desenhos permitiu a identificação de três eixos temáticos para agru-

pamento e análise de dados. O primeiro deles diz respeito aos modos de grafia utilizados, o segundo é relativo à significação e o terceiro enfoca o envolvimento da linguagem oral com a produção gráfica.

Sobre a grafia, é importante ressaltar que o sujeito, anteriormente ao processo tera-pêutico, produzia desenhos em diversos momentos do dia, figurando, na maioria das vezes, monstros. Até então, o ato de desenhar, para ele, poderia ser interpretado como um compor-tamento estereotipado do autismo, uma vez que ele desenhava sempre as mesmas figuras várias vezes e não permitia interrupções, ficando irritado quando isso acontecia.

Observou-se, durante a elaboração, que os desenhos inteiros são produzidos com um único lápis ou caneta, não havendo variação de cores, notando-se a sua preferência por lápis de grafite, caneta ou lápis de cor. O desenho do conto Cinderela foi o único no qual o sujeito utilizou quatro cores (marrom, rosa, amarelo e preto), porém não as misturando no mesmo personagem, ficando, portanto, o príncipe e a escada inteiramente em rosa, a Cinderela, em amarelo, o castelo, em marrom e o sapato em preto. Destaca-se aqui que o

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material disponibilizado permaneceu disposto sobre a mesa durante toda a produção, fican-do a escolha a cargo do sujeito.

Foi possível perceber, também, que o sujeito não apagava quando errava: seguia desenhando por cima dos erros. Ao cometer erros, e nos momentos em que a ponta do lápis quebrava-se, ele não se incomodava, pegando outro lápis igual ou diferente e con-tinuando a desenhar.

Durante a confecção dos desenhos foram realizadas intervenções orais e gestuais, mostrando o material e sugerindo a troca, a fim de que o sujeito percebesse a diferença en-tre as cores e as utilizasse simultaneamente nos mesmos desenhos. Nos momentos em que ocorria a intervenção do terapeuta, o sujeito aceitava, e passava a utilizar outro lápis, mas, sozinho, o sujeito não realizava troca de materiais.

Ainda com relação à grafia, observou-se que o sujeito ocupava todo o espaço da fo-lha, não havendo preferência por determinadas direções, utilizando-a na horizontal ou na vertical, dependendo do desenho, e sobrepondo as figuras, muitas vezes, após preencher com gravuras toda a página.

Considera-se importante destacar que no primeiro dese-nho realizado, após a história de João e os feijões mágicos (Desenho 1), o sujeito não de-senhou os personagens, apenas o cenário da história. A partir da segunda história houve uma mudança, com ilustrações, também, dos personagens ci-tados. Quanto à representação da figura humana, observaram--se variações, sendo desenhada algumas vezes em formato de palito e outras não.

Em alguns momentos, especialmente nos desenhos sobre as histórias da Branca de Neve (Desenho 2), da Polegar-zinha (Desenho 3) e João e os feijões mágicos, a criança de-senhava os monstros, os quais eram ilustrados de maneira es-tereotipada em seus desenhos diários, realizados em casa, junto com os personagens da história.

Desenho 1 – João e os feijões mágicos

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Desenho 3 – Polegarzinha

Desenho 2 – Branca de Neve

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Com relação às significações possíveis de serem atribuídas aos desenhos, nota-se que houve, em todos os desenhos, a tentativa de representar a história contada anteriormente. Em geral, suas figurações apresentam traços que remetem às cenas de toda a história, in-cluindo movimentos presentes no texto. Por exemplo, o desenho sobre a história João e os feijões mágicos foi representado por uma casa no chão, uma árvore alta e um castelo em cima dela. Já no desenho da Branca de Neve, no centro da folha havia um castelo com uma bruxa e, ao canto, uma floresta com uma pequena casa. O conto A pequena vendedora de fósforos foi ilustrado pelo desenho do chão onde a menina está vendendo fósforo e, no alto, uma senhora representando a avó que vive no céu e veio para salvá-la (Desenho 4). No desenho da Cinderela o sujeito desenhou o castelo, uma escada, o príncipe do castelo, a Cinderela no pé da escada e o sapato no meio da escada (Desenho 5).

Desenho 4 – A pequena vendedora de fósforos

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Desenho 5 – Cinderela

Para o conto João e Maria, o sujeito realizou duas ilustrações: a primeira representan-do a casa de doces, na qual ele desenhou uma casa coberta por guloseimas e, ao lado, uma jaula, possivelmente onde os personagens estavam presos, também com doces ao redor (Desenho 6). Na segunda ilustração, observa-se apenas o desenho da bruxa no centro da folha (Desenho 7).

Desenho 6 – João e Maria

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Desenho 7 – João e Maria

A história de Chapeuzinho Vermelho foi ilustrada por uma floresta, onde uma menina com um chapeuzinho parecia carregar algo na mão, alguns pássaros e um homem, que representa o lobo (Desenho 8).

Desenho 8 – Chapeuzinho Vermelho

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Sobre o último eixo temático, envolvimento da linguagem oral com a produção grá-fica, observou-se que o sujeito faz uso da oralidade durante seus desenhos, utilizando pa-lavras presentes nas histórias. Inicialmente ele permanecia calado enquanto desenhava, porém, a partir da sessão quatro, quando foi contada a história da Branca de Neve, a criança começou a tentar narrar as histórias. Durante essa sessão, o sujeito repetiu inúmeras vezes as palavras “bruxa” e “castelo”. Já, na história da Cinderela, ele dizia “Cinderela corren-do”, “sapato” e “príncipe”. Nas sessões seguintes, ele continuou utilizando-se, durante as ilustrações, de palavras que apareciam várias vezes no texto.

dIscussão

Com relação ao primeiro eixo temático, verificou-se que o sujeito não se preocupa com a representação gráfica de seus desenhos, condição distinta dos casos de autismo em que o desenho é caracterizado por uma habilidade gráfica prodigiosa, porém estereotipada quanto às representações (cf. SACKS, 1995; REILY, 2001). No entanto, seus desenhos estão carregados de representações e significados presentes nas histórias. Este fato pode demonstrar que, embora ele desenhe diversas vezes ao dia – não aceitando ser interrompido durante suas produções e ficando com o olhar fixo no papel –, seus desenhos não refletem mais o caráter estereotipado, encontrado até a quarta sessão, ao representar as histórias João e os feijões mágicos, A pequena vendedora de fósforos, Branca de Neve e Polegarzi-nha. Na elaboração desses desenhos, ainda se notava a presença do monstro que costumava aparecer em seus desenhos diários realizados em casa.

Esse processo durou cerca de quatro semanas, resultando em uma transformação das características do desenho estereotipado, que não apareceram mais em suas ilustrações, tendo se modificado durante as produções. Essa mudança deve-se à mediação das relações sociais e à manutenção de situações interativas sustentadas pela linguagem e comunicação (do outro e dos próprios desenhos) (cf. VIGOTSKI, 2000a; SILVA; LOPES-HERRERA; DE-VITTO, 2007).

Sobre as significações, observa-se que seus desenhos representam o enredo das histó-rias, os objetos permeados pela linguagem, pensamento e imaginação. No entanto, algumas das figurações têm como base a imitação não idêntica das figuras presentes nos livros. Esse fato fica evidenciado pelos desenhos da história João e Maria, em que ele desenha a casa de doces. Entretanto, no primeiro desenho que representa essa história, embora ele imite a casa, é importante destacar que o faz, não de forma estereotipada, uma vez que, durante a história, ele demonstra gostar de desenhar e estranha a casa, repetindo várias vezes as palavras “doces”, “chocolates” e “balinhas”. Sendo assim, acredita-se que esta parte da história possa ter feito sentido a ele, mostrando que tais assuntos fazem parte do mundo em que vive e, provavelmente, são, de algum modo, valorizados em seu meio social, uma vez que, considerando a linguagem como um produto social, os desenhos podem refletir as sig-nificações das pessoas com quem os sujeitos convivem (cf. BAKHTIN, 2004; LUCHESI; REILY, 2007; BAGAROLLO; PANHOCA, 2010).

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Já, no segundo desenho referente a essa história, ele retrata a bruxa segurando um pedaço de osso, representando a parte da história em que a velhinha/bruxa confere se João engordou pelo seu dedo e ele, ao invés de permitir que a bruxa examine seu dedo, oferece a ela um osso. Neste desenho, é possível observar que o sujeito não retratou a bruxa exata-mente igual à representada na ilustração do livro, mas a fez no meio da folha, sem pernas e segurando um osso exatamente igual ao do livro. A bruxa que ele desenha é uma represen-tação cultural desse personagem (nariz grande com verruga e dois dentes), observando-se, novamente, a influência da significação social sobre o desenho (cf. BAKHTIN, 2004).

Outro traço importante a ser observado nos desenhos é a representação do movimento narrativo da história, interpretado como intenção de ilustrar a narrativa. Esta característica é normalmente notada em desenhos de crianças mais velhas, uma vez que as crianças pe-quenas figuram objetos pontuais, e não situações. Este tipo de desenho apresentado precede a escrita, ou seja, trata-se de uma representação inicial de simbolismo de segunda ordem, que é a ordem da escrita (cf. VIGOTSKI, 2000a). Este fato demonstra que o sujeito está avançando no processo de alfabetização, pois a escrita é decorrente da oralidade (cf. VI-GOTSKI, 2000a; LURIA 2003).

As análises dos dados enquadrados no terceiro eixo temático mostram que a fala apre-sentada pelo sujeito tem papel importante na produção do desenho. Essa fala é caracteri-zada por Vigotski (2000b) como uma forma de organização do pensamento, um modo de estruturar e planejar as ações, mediar o próprio funcionamento cognitivo. Para este autor, esta fala é apresentada durante o início do processo de constituição de linguagem, sendo internalizada e transformando-se em fala interior. Então, para Vigotski (2000b), a fala ego-cêntrica não se limita a acompanhar as ações, mas também as orienta e permite reflexões sobre as atividades em curso.

Observou-se que a fala do sujeito era composta por palavras relacionadas ao que es-tava sendo produzido e, particularmente, as que mais apareciam no conto em questão. Acredita-se que isso tenha ocorrido porque o sujeito apresenta fala egocêntrica, que não possui as mesmas características sintáticas que a fala social, uma vez que é abreviada ou composta por palavras soltas, como “bruxa” e “castelo”; “Cinderela correndo”, “sapato” e “príncipe”, e, “doces”, “chocolates”, “balinhas”. Desta forma, pode-se dizer que a criança, embora tenha oito anos, está desenvolvendo a linguagem e ainda precisa de palavras articu-ladas/fala egocêntrica durante a realização dos desenhos (cf. VIGOTSKI, 2000b).

Considerando os resultados e análises do terceiro eixo, acredita-se, então, que ele es-teja vivenciando o início do processo narrativo, exercitando a linguagem – tanto de forma egocêntrica quanto de forma social –, o que deve significar uma transformação profunda em seus modos de funcionamento cognitivo. Isso mostra que a criança está em um estágio transitório na evolução da linguagem oral para a linguagem interior, na qual as experiências sociais vivenciadas têm sua expressão fundamental (cf. FICHTNER, 2010).

Outros estudos também vêm mostrando como os desenhos podem configurar-se como recursos de linguagem e possibilidades simbólicas para a expressão das percepções sub-jetivas dos sujeitos, reforçando ainda a forte ligação entre linguagem verbal, linguagem

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escrita e desenho (cf. SILVA, 1998; WESSON; SALMON, 2001; SILVA, 2002; PEREIRA; PENTEADO, 2007).

A escola de educação infantil é vista como um espaço de interação social, consti-tuindo-se num meio sociocultural fundamental à constituição dos sujeitos. A inclusão de educandos com necessidades especiais nesses espaços exige a criação de um ambiente que valorize a diversidade e seja adequado às necessidades de todos os estudantes (cf. CARNEIRO, 2006; MATTOS; NUERNBERG, 2011). Diante disso, e a partir dos dados apresentados nesse estudo, sugere-se uma maior valorização do desenho no processo de alfabetização de sujeitos autistas, na medida em que promove a ampliação da linguagem oral e escrita, configurando-se como uma possibilidade de as crianças refletirem sobre o mundo, sobre experiências vivenciadas e sobre a representação do real.

consIdeRAções fInAIs

As análises dos três eixos temáticos (grafia, significação dos desenhos e envolvimen-to da linguagem oral durante a produção dos desenhos), permitiram compreender que a criança demonstra preocupação com o significado/representação/reprodução da história do desenho, e sobrepõe-se à estética ou à valorização da grafia. Além disso, percebe-se que linguagem verbal e desenho não apresentam concordância com a idade cronológica, não seguem os movimentos e características normalmente encontrados em crianças com desen-volvimento típico e avançam no decorrer das produções.

RefeRêncIAs

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dAdos dAs AutoRAs

Maria Fernanda Bagarollo

FonoaudiólogaMestrado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba

Doutorado em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universiade Estadual de Campinas

Universidade Estadual do Centro-Oeste

Vanessa Veis riBeiro

FonoaudiólogaMestrando em Distúrbios da

Comunicação Humana pela Universidade Federal de Santa MariaBolsista CAPES.

Universidade Federal de Santa Maria

iVone Panhoca

Graduação em FonoaudiologiaMestrado e Doutorado em

Estudos da Linguagem/UNICAMP Universidade de Mogi das Cruzes

Submetido em: 17/12/2012Aprovado em: 22/01/2013