caracterizaÇÃo funcional de terpeno sintases de citros

62
INSTITUTO AGRONÔMICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL E SUBTROPICAL CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS CÉSAR AUGUSTO NASCIMENTO Orientador: Dr. Marco Aurélio Takita Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical, Área de Concentração em Genética, Melhoramento Vegetal e Biotecnologia. Campinas, SP Abril 2016

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Page 1: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

INSTITUTO AGRONÔMICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA

TROPICAL E SUBTROPICAL

CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO

SINTASES DE CITROS

CÉSAR AUGUSTO NASCIMENTO

Orientador: Dr. Marco Aurélio Takita

Dissertação submetida como requisito parcial

para obtenção do grau de Mestre em

Agricultura Tropical e Subtropical, Área de

Concentração em Genética, Melhoramento

Vegetal e Biotecnologia.

Campinas, SP

Abril 2016

Page 2: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

Ficha elaborada pela bibliotecária do Núcleo de Informação e Documentação do Instituto Agronômico

N244c Nascimento, César Augusto

Caracterização funcional de terpeno sintases de citros /César Augusto Nascimento. Campinas, 2016. 49 fls.

Orientador: Marco Aurélio Takita Dissertação (Mestrado) Agricultura Tropical e Subtropical – Instituto Agronômico

1. Citros 2. Terpeno sintase. 3. Aroma 4.Metabolismo secundário, 5. Proteção vegetal 6. Sabor I. Takita, Marco Aurélio II. Título

CDD. 634.3

Page 3: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS
Page 4: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

iii

DEDICATÓRIA

À minha família e amigos que, com

muito carinho е apoio, não mediram

esforços para que eu chegasse até

esta etapa de minha vida. Mãe, seu

cuidado е dedicação foi que deram, а

esperança e motivação para seguir.

Deus, sua presença significou

segurança е certeza de que eu não

estou sozinho nessa caminhada.

DEDICO

Page 5: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que possibilitou que essa jornada fosse possível, mesmo nas horas mais

incertas de grandes dúvidas, me mostrou o caminho certo a seguir;

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da

Bolsa, sem esse fomento não seria possível a conclusão deste trabalho;

A minha mãe, Luzia Aparecida Nascimento e ao meu padrasto, João Batista Fernandes pelo

suporte, pelos exemplos de vida, amor e fé que permeiam o que me tornei;

A minha irmã, Fernanda Aparecida Nascimento, pela amizade e carinho desde sempre;

Ao Dr. Marco Aurélio Takita, pela orientação em seu mais amplo significado e pela paciência,

amizade e confiança depositada nesses dois anos de trabalho;

À Dra. Márcia Ortiz Mayo Marques, pela disponibilidade da utilização do Laboratório de

Fitoquímica, e por me assessorar em análises de cromatografia e por compartilhar seus

conhecimentos;

Aos amigos do Laboratório de Biotecnologia do Centro APTA Citros “Sylvio Moreira”, pelos

cafés, risadas e muito trabalho;

Aos amigos do IAC, Acácia, Karina, Laura, Nicholas, Thais, Vanessa por tornarem esses dois

anos mais agradáveis;

Aos amigos da graduação Lilian, Patrícia, Mariele, Jonathan e Carlos pela amizade e

companheirismo desde os tempos de faculdade;

Aos amigos, Ricardo, Márcia, Rodrigo, Poliana e Claudio que mesmo indiretamente auxiliaram

nesse trabalho e em outras ocasiões sempre especiais e pela amizade sincera e acolhedora;

Aos amigos do alojamento Camila, Cristiano, Tiago, Simone, Bárbara, Inaiara, Laís e Romulo;

A toda equipe do IAC e do Centro APTA Citros “Sylvio Moreira”, pesquisadores, funcionários,

pós-graduandos e estagiários, que de alguma forma contribuíram para a conclusão de mais essa

etapa.

Page 6: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

v

“Talvez não tenhamos conseguido fazer o

melhor, mas lutamos para que o melhor fosse

feito. Não somos o que deveríamos ser, não

somos o que iremos ser, mas Graças a Deus,

não somos o que éramos. ”

Martin Luther King

Page 7: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

vi

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ........................................................................... vii

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ viii

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... ix

RESUMO .................................................................................................................................. xi

ABSTRACT ............................................................................................................................. xii

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 2

2.1 Aspectos Econômicos da Citricultura Brasileira .................................................................. 2

2.2 Terpenos ............................................................................................................................... 3

2.2.1 Classificação dos terpenos ................................................................................................. 4

2.2.2 Biossíntese de terpenos ...................................................................................................... 5

2.3 O Óleo essencial de citros .................................................................................................... 6

2.3.1 Composição dos óleos essenciais de citros ....................................................................... 9

2.4 Caracterização Funcional de Terpenos Sintases de Citros ................................................. 10

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 12

3.1 Linhagens Bacterianas e Vetores. ....................................................................................... 12

3.2 Amplificação das Terpeno Sintases .................................................................................... 12

3.3 Clonagem Inicial ................................................................................................................ 14

3.3.1 Ligação em pJET 1.2 e pGEM-T..................................................................................... 14

3.3.2 Transformação bacteriana................................................................................................ 15

3.3.3 Confirmação da transformação ........................................................................................ 15

3.3.4 Extração de plasmídeo (Miniprep alcalina) ..................................................................... 16

3.4 Sequenciamento .................................................................................................................. 16

3.5 Clonagem em Vetor de Expressão...................................................................................... 17

3.6 Expressão de Proteína ......................................................................................................... 18

3.6.1 Indução da expressão de proteína .................................................................................... 18

3.6.2 Extração da proteína ........................................................................................................ 18

3.7 Ensaio de atividade enzimática .......................................................................................... 19

3.8 Identificação dos Produtos da Reação Enzimática ............................................................. 21

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 22

4.1 Amplificação das Terpeno Sintases .................................................................................... 22

4.2 Clonagem ............................................................................................................................ 23

4.3 Sequenciamento .................................................................................................................. 27

4.4 Construções Para Expressão Gênica................................................................................... 28

4.5 Extração de Proteína ........................................................................................................... 29

4.6 Identificação dos Produtos da Atividade Enzimática ......................................................... 32

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 41

6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 43

Page 8: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

vii

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

CCSM - Centro de Citricultura Sylvio Moreira

CG-EM - Cromatografia gasosa acoplado a Espectrometria de massas

DMAPP - Dimetilalil difosfato

DNA - Ácido desoxirribonucleico

DTT - Ditiotreitol

EST- Marcador de Sequência Expressa

ETDA - Ácido etilenodiaminotetracético

FAO - Food and Agriculture Organization

FCOJ - Suco Concentrado Congelado de Laranja

FPP - Farnesil difosfato

GGPP - Geranilgeranil difosfato

GPP - Geranil difosfato

IAC - Instituto Agronômico de Campinas

INCT - Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia

IPP - Isopentenil difosfato

IPTG - Isopropil-β-D-1-tiogalactopiranosídeo

LB - Meio Luria-Bertani

KCL - Cloreto de Potássio

MEP - 2C-metil-D- eritritol-4-fosfato

MgCl2 - Cloreto de Magnésio

MnCl - Cloreto de Manganês

MVA - Ácido Mevalônico

NaOH - Hidróxido de sódio

NaCl - Cloreto de sódio

NFC - Suco Não Concentrado

OE - Óleo Essencial

PCR - Reação de polimerase em cadeia

IR - Índice de retenção

SDS - Dodecil sulfato de sódio

SPME - Microextração por Fase Sólida

TI - Tempo de Retenção

Page 9: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Genes de terpenos sintases caracterizados funcionalmente, até a presente data.

........................................................................................................................... 11

Tabela 2 – Lista de clones contendo sequências de terpeno sintases, resgatadas do CitEST.

........................................................................................................................... 12

Tabela 3 – Primers utilizados na amplificação dos genes de interesse contendo os sítios de

restrição SgfI e PmeI. As sequências de iniciação e terminação de transcrição do

gene de interesse estão em negrito, e os sítios de restrições estão sublinhados.

........................................................................................................................... 13

Tabela 4 – Tampões utilizados em reações de atividade enzimática. ................................. 20

Tabela 5 – Dados das sequências comparadas através da ferramenta BlastX em bancos de

dados de sequências. ......................................................................................... 28

Page 10: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Biossíntese de terpenos em plantas superiores. MVA: Ácido mevalônico; MEP:

Metileritol Fosfato; IPP: isopentenil; DMAPP: dimetilalil difosfato; G3P:

Gliceroldeido-3-Fosfato; GPP: Geranil difosfato; FPP – Farnesil difosfato;

GGPP – Geranilgeranil difosfato. ....................................................................... 6

Figura 2 – Fluxograma do processamento da laranja. .......................................................... 7

Figura 3 – Mapa dos vetores utilizados para clonagem inicial. A – pJET 1.2; B – pGEM-T

........................................................................................................................... 14

Figura 4 – Mapa do vetor de expressão pF1K-T7 utilizado para expressão de proteína. .. 17

Figura 5 – Sistema de Captura dos voláteis utilizando a técnica de Microextração por Fase

Solida (SMPE). ................................................................................................. 19

Figura 6 – Cromatógrafo a gás acoplado a espectrômetro de massas (CG-EM). .............. 21

Figura 8 – Crescimento bacteriano em meio seletivo. Placas Meio de cultura LB contendo

ampicilina como agente seletivo foram usadas para crescimento de

transformantes, como representado para os genes CsTPS54, CrTPS15, CsTPS50

e CsTPS84. ........................................................................................................ 24

Figura 9 – Amplificação dos insertos contendo possíveis terpeno sintases de citros clonadas

em pJET 1.2 para confirmação positiva de clonagem. Os genes estão

identificados na parte superior do gel, MM – Marcador molecular 1 Kb Ladder.

........................................................................................................................... 25

Figura 10 – Análise de construções de pGEM-T. Amplificação dos genes CaTPS1,

CrTPS14, CrTPS15 e CsTPS84 de citros de modo a identificar-se aqueles que

apresentam inserto. Genes estão identificados na parte superior do gel, M –

Marcador molecular 1 Kb Ladder. .................................................................... 26

Figura 12 – Construção de plasmídeos para expressão gênica. Transformantes de E. coli

BL21 e Rosetta foram utilizados para amplificação dos genes de possíveis

terpeno sintases de citros clonadas em pF1K-T7 para confirmar aqueles que

apresentavam o inserto. Clones estão identificados na parte superior do gel, M –

Marcador molecular 1 Kb Ladder. .................................................................... 29

Figura 14 – SDS-PAGE (12% poliacrilamida). Ensaios de expressão a 37°C para a

construção CrTPS05, CrTPS26, CsTPS43 e CsTPS50 variando o tempo de

indução (0, 2 e 4 horas) As setas vermelhas indicam as bandas de expressão na

forma solúvel. ................................................................................................... 30

Figura 15 – SDS-PAGE (12% poliacrilamida). Ensaios de expressão a 37°C e 27°C para a

construção CsTPS51 variando o tempo de indução (4, 16) e a concentração de

IPTG (0,3; 0,5 e 1,0 mM). ................................................................................ 31

Page 11: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

x

Figura 16 – Cromatograma de íons totais, utilizando solvente acetato de etila para captura

dos voláteis com GPP como substrato e tempo de reação de 1 hora a 30°C. A –

Controle (Proteínas totais de bactérias não transformadas). B – Gene CrTPS05.

........................................................................................................................... 32

Figura 17 – Cromatograma de íons totais, utilizando SPME para captura dos voláteis. GPP

como substrato e tempo de reação de 1 hora a 30°C A – Controle (Proteínas

totais de bactérias não transformadas). B – CrTPS05, C – CrTPS26, D –

CsTPS51, E – CsTPS54, F – CsTPS47. ........................................................... 33

Figura 18 – Cromatograma de íons totais, GPP como substrato e tempo de reação de 1 hora

a 30°C. A – Controle (Proteínas totais de bactérias não transformadas) B –

CsTPS51, a seta indica o pico relacionado a 1,8 cineol. ................................... 34

Figura 19 – Espectro de massa referênte ao pico com TR = 9,4 min do gene CsTPS51. A –

Espectro de massa do produto do CsTPS51, B – Espectro de massa do 1,8-cineol

obtido da biblioteca NIST62.LIB. .................................................................... 35

Figura 20 – Espectro de massa de 1,8 cineol segundo ADAMS, (2007). ............................ 35

Figura 21 – Cromatograma de íons totais, GPP como substrato e tempo de reação de 1 hora

a 30°C. A – Controle (Proteínas totais de bactérias não transformadas) B –

CrTPS26 (Pico 1 – mirceno, pico 3 - limoneno e pico 4 -1,8 cineol). .............. 36

Figura 22 – Espectros de massa dos produtos da reação do CrTPS26. A – Espectro de massa

do pico 1, C – Espectro de massas do produto do pico 3, E – Espectro de massa

do pico 4, B-D-F – Espectro de massa do mirceno, limoneno e 1,8-cineol obtido

da biblioteca NIST62.LIB. ................................................................................ 37

Figura 23 – Espectro de massa de A - Mirceno, B - limoneno C - 1,8 cineol, literatura

(ADAMS, 2007) ............................................................................................... 38

Page 12: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

xi

Caracterização Funcional de Terpeno sintases de Citros

RESUMO

Terpenos compreendem a maior e mais diversa classe de produtos naturais obtidos de plantas.

São metabólitos secundários responsáveis por diversas funções como proteção térmica, atração

de polinizadores, estabilização de membrana, resistência contra herbívoros e microrganismos,

e sinalização planta-planta. Em Citrus spp, os terpenos estão presentes principalmente em

folhas, na epiderme dos frutos e na polpa dos frutos. O sequenciamento dos genomas de Citrus

sinensis e Citrus clementina permitiu a identificação de um grande número de possíveis terpeno

sintases entretanto, a caracterização funcional da maior parte dessas terpeno sintases ainda não

foi realizada. O presente estudo teve como objetivo a clonagem, expressão e caracterização

funcional de terpeno sintases de Citros para que, com isto, se obtivesse um maior conhecimento

da biologia/bioquímica de citros. Para isso, 18 genes foram primeiramente amplificados e

isolados a partir de clones existentes no banco do Centro de Citricultura - IAC e clonados em

pJET1.2 ou pGEM-T. Após sequenciamento, sete sequências codificadoras foram transferidas

para o vetor de expressão pF1K T7, e a indução de proteína em Escherichia coli se deu usando

IPTG. Proteínas solúveis foram extraídas e ensaios enzimáticos foram realizados com substrato

adequado e o produto sendo caracterizado por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria

de massas. Foi possível identificar substâncias monoterpenicas, dentre elas 1,8 cineol, d-

limoneno e β-mirceno. Este estudo significou um grande passo no estudo de genômica

funcional de citros.

Palavras-chave: aroma, metabolismo secundário, proteção vegetal, sabor, terpeno sintase.

Page 13: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

xii

Functional Characterization of Terpene synthases of Citrus

ABSTRACT

Terpenes constitute the largest class of natural products in plants, they are secondary

metabolites that have different roles like thermal protection, pollinator attraction, membrane

stabilization, resistance against herbivorous and microorganisms, plant-plant signalization. In

Citrus spp, terpenes are mainly present in leaves, fruit endocarp and epidermis. The genome

sequencing of Citrus sinensis and Citrus clementina allowed the identification of a high number

of putative terpene synthases however, the characterization of most of these terpene synthases

has not been performed. This study aimed the cloning, expression and functional

characterization of terpene synthases of Citrus, to get a better understanding of citrus

biology/biochemistry. For this, 18 genes were first PCR amplified from clones available at the

bank of the Citrus Center - IAC and cloned into pJET1.2 or pGEM-T. After sequencing to

confirm absence of errors, seven coding sequences were cloned into the pF1K T7 expression

vector, and the protein induction in Escherichia coli was attained with IPTG. Soluble proteins

were extracted and enzymatic assays were performed with appropriate substrate and the

products being characterized by gas chromatography coupled to mass spectrometry. It was

possible to identify different monoterpenes, among them 1,8 cineole, d-limonene e β-mircene.

This study represents a big step in functional genomics of citrus.

Key words: aroma, flavor, plant protection, secondary metabolism, terpene synthesis

Page 14: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

1

1 INTRODUÇÃO

A citricultura apresenta um papel fundamental no agronegócio brasileiro, tendo a

produção de suco concentrado congelado como a principal atividade, e o Estado de São Paulo

como o principal produtor, processador e exportador (FAO, 2016).

Além do suco concentrado, outros produtos como óleo essencial, d-limoneno, e farelo

de polpa cítrica compõem uma importante parcela nas exportações brasileiras. Dentre estes, os

óleos essenciais de citros, em especial o de laranja, destacaram-se por movimentar mais de 422

milhões de dólares em exportações entre janeiro de 2012 e dezembro de 2015, constituindo o

Brasil como maior produtor mundial deste segmento de óleo essencial (CITRUSBR, 2016).

Devido à importância dos citros para o agronegócio brasileiro, o Laboratório de

Biotecnologia de Citros do Centro de Citricultura "Sylvio Moreira" do Instituto Agronômico

de Campinas viu a necessidade de investir em estudos genômicos, e assim, coordenou um

projeto de sequenciamento de ESTs (CitEST - Programa Institutos do Milênio), onde foram

obtidas aproximadamente 300 mil sequências de laranja doce, tangerina e de outras plantas de

espécies diferentes de citros ou pertencentes a gêneros correlatos (REIS et al., 2007),

constituindo-se no maior banco de sequências de citros do mundo gerado em um único

laboratório, até aquele momento. Esta base genômica possibilitou o desenvolvimento de

diversos trabalhos de bioinformática como os realizados com o banco de ESTs, que

possibilitaram a identificação de 49 possíveis terpeno sintases em Citros, bem como outros

componentes das vias de síntese de Isopentenil difosfato (IPP) e Dimetilalil difosfato (DMAPP)

(DORNELAS & MAZZAFERA, 2007; TAKITA et al., 2007). Posteriormente, o mesmo centro

de pesquisa coordenou o projeto INCT-Citros do programa Institutos Nacionais de Ciência e

Tecnologia (INCTs) do Ministério de Ciência e Tecnologia/CNPq onde, trabalhando com

sequenciamento de nova geração, focou em análises de transcriptômas (RNA-seq) e genomas

de diferentes espécies de citros e gêneros correlatos, os quais auxiliaram o Consórcio

Internacional para o Sequenciamento do Genoma de Citros, resultando em recente publicação

dos genomas de laranja doce (Citrus sinensis) e clementina (Citrus clementina) (WU et al.,

2015). A disponibilização destes genomas contribuiu para identificação de um número maior

de terpeno sintases putativas neste grupo, 120 no total, distribuídos nas duas espécies.

Entretanto a caracterização funcional da maioria destas terpeno sintases ainda não foi realizada

e, portanto, seus produtos ainda são desconhecidos. Para plantas do gênero Citrus, foram

Page 15: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

2

caracterizadas funcionalmente algumas proteínas desta classe, como por exemplo, duas d-

limoneno sintases, duas γ-terpineno sintases, uma β-pineno síntase, uma (E)-β-ocimeno sintase

e 1,8 cineol sintase de Citrus unshiu (SHIMADA et al., 2004, 2005b; SUZUKI et al., 2004),

uma valenceno sintase de Citrus sinensis (SHARON-ASA et al., 2003), duas d-limoneno

sintases, uma β-pineno sintase e uma γ-terpineno sintase de Citrus limon (LÜCKER et al.,

2002), uma β-farneseno sintase de Citrus junos (MARUYAMA et al., 2001), e duas sabineno

sintases, uma d-limoneno sintase, e um geraniol sintase de Citrus jambhiri: (YAMASAKI &

AKIMITSU, 2007; KOHZAKI et al., 2009; SHISHIDO et al., 2012) entre outras. As proteínas

ainda não caracterizadas apresentam indicações de função baseado em análises de similaridade

com outras sequências disponíveis em bancos públicos. E, neste caso, a propagação de erros é

muito grande, o que reforça a ideia da necessidade de caracterização funcional. Além disso,

somente o conhecimento destas proteínas, com suas atividades e produtos gerados possibilita o

que se conhece hoje como engenharia metabólica "preditiva" (DIXON, 2005). Nesta, pode-se

modificar o metabolismo das plantas levando ao aumento da produção de determinada

substância envolvida na qualidade dos frutos de citros ou que tenha valor comercial. O presente

estudo teve como objetivo caracterizar funcionalmente atividades de possíveis terpeno sintases

de citros, empregando técnicas de biologia molecular ampliando assim, os conhecimento da

biologia/bioquímica de citros.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos Econômicos da Citricultura Brasileira

A citricultura desempenha um papel importante na agroindústria brasileira, sendo o

Brasil o maior produtor mundial de laranjas, seguido pelos Estados Unidos (EUA), China,

Índia, México, Espanha e Egito. Estes países produzem 70% de toda a laranja disponível, sendo

que somente o Brasil é responsável por cerca de 30% da produção mundial, com

aproximadamente 18 milhões de toneladas anuais (FAO, 2016). No cenário nacional, a região

sudeste é responsável por 83% da produção de laranja e o Estado de São Paulo detém a

hegemonia de produção com 75% do volume nacional, sendo há vários anos o maior produtor

deste fruto (IBGE, 2015).

Page 16: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

3

Os citros são as frutíferas mais extensamente produzidas no mundo, principalmente

laranjas, tangerinas, limas e limões, provavelmente devido ao sabor, valor nutritivo, várias

formas de consumo (in natura, sucos, licores, doces etc.), facilidade de industrialização, relativa

resistência a danos resultantes da manipulação pós-colheita e do transporte de frutos, e ampla

adaptação das plantas a diferentes condições de clima e de solo. No cultivo de citros existentes

no Brasil, os pomares de laranja doce (Citros sinensis L. Osbeck) são os mais importantes em

área e volume de frutos produzidos, tanto para consumo in natura ou processada na forma de

suco, possuindo uma área superior a 800 mil hectares (ha), distribuídos em todos os estados

brasileiros, o que representa um rendimento de 24 t ha-1. Em São Paulo, alguns pomares

produzem volumes superiores, resultado da adoção de inovações tecnológicas como produção

de mudas de alta qualidade genética e sanitária, adensamento de plantios, adubação e irrigação

(MATTOS JR. et al., 2012).

O Brasil destina 71% das laranjas que produz para a indústria, que processa e exporta

mais de 90% do suco produzido. Apenas 1% é exportado como fruto in natura, ocupando

apenas a 13ª posição mundial na exportação do fruto, e os 28% restantes são consumidos no

mercado interno. A principal característica que influi no destino da produção citrícola é o

rendimento da fruta, que vai determinar se as laranjas possuem a quantidade de sólidos solúveis

adequada para o uso industrial. A indústria utiliza 15% das laranjas na produção de NFC (“Not

From Concentrate”) e 85% na produção de FCOJ (“Frozen Concentrated Orange Juice”). O

processamento de laranja apresentou um movimento ascendente nos últimos anos, confirmando

a tendência da citricultura brasileira para a produção de suco (CITRUSBR, 2016).

Além do suco concentrado, outros produtos como óleo essencial, d-limoneno, e farelo

de polpa cítrica compõem uma importante parcela nas exportações brasileiras. Dentre estes, os

óleos essenciais de citros atingiram mais de 422 milhões de dólares em exportações entre

janeiro de 2012 e dezembro de 2015. O óleo essencial de laranja é um subproduto da produção

de suco, o que torna o Brasil seu maior produtor mundial (CITRUSBR, 2016).

2.2 Terpenos

Terpenos e terpenoides, também conhecidos como isoprenoides, além de constituírem

a maior e mais diversa classe de produtos naturais obtidos de plantas, são os que apresentam a

Page 17: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

4

maior variedade estrutural e funcional. Apesar de alguns terpenos estarem envolvidos no

metabolismo primário de plantas em processos como respiração e desenvolvimento, como por

exemplo na produção de hormônios giberelina (HEDDEN & KAMIYA, 1997) e ácido abscísico

(SCHWARTZ et al., 1997), pigmentos fotossintéticos como carotenoides (FURUBAYASHI et

al., 2014), a vasta maioria são classificados como metabólitos secundários, tendo como função

intermediar a relação planta x ambiente. Apresentam funções ecológicas, oferecendo defesa

contra herbívoros ou patógenos, atraindo animais que dispersam pólen e sementes, ou inibindo

a germinação de plantas vizinhas, etc. (LANGENHEIM, 1994; BOUWMEESTER et al., 1999;

DICKE, 1999; PICHERSKY & GERSHENZON, 2002). A maioria destes compostos

apresentam baixa massa molecular, natureza lipofílica, grande variedade de estruturas e alta

pressão de vapor à temperatura ambiente (BAKKALI et al., 2008), sendo estimados mais de 40

mil terpenoides diferentes na natureza (CROTEAU et al., 2000; BOHLMANN & KEELING,

2008).

Os terpenos compõem a essência volátil de flores e dos óleos essenciais de ervas e

especiarias, pertencendo a uma classe de compostos naturais com propriedades biológicas

funcionais e desejáveis. Por suas características, os terpenos também são muito utilizados como

agentes de sabores e fragrâncias adicionados a alimentos, bebidas, perfumes, sabões, creme

dental e outros produtos, além de apresentarem importância farmacológica (CROWELL et al.,

1992; VAN GELDRE et al., 1997).

2.2.1 Classificação dos terpenos

Os terpenos são classificados pelo número de carbonos que eles contêm. São derivados

das moléculas precursoras de cinco carbonos, o isopentenil difosfato (IPP) e seu isômero

dimetilalil difosfato (DMAPP). Assim, a unidade básica contém cinco carbonos e é chamada

isopreno. Os menores terpenos que existem apresentam um único isopreno e são denominados

hemiterpenos. Terpenos que contém duas unidades de isopreno são chamados de monoterpenos

(C10), os quais são constituintes de componentes de essências voláteis de flores e óleos

essenciais extraídos de plantas medicinais e ervas aromáticas, justificando sua importância para

a indústria de perfumes e aromatizantes (CROTEAU et al., 2000).

Page 18: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

5

Os sesquiterpenos (C15) são os terpenoides que derivam de três unidades de isopreno e,

portanto, contém quinze carbonos. Estes também são encontrados em óleos essenciais e vários

deles atuam como fitoalexinas, compostos antimicrobianos produzidos em resposta a ataque de

micro-organismos e compostos anti-herbivoria que desencorajam ataques de herbívoros. O

grupo dos diterpenos (C20) contém 20 carbonos e incluem resinas ácidas apresentadas por

coníferas e leguminosas, os hormônios giberelinas, fitoalexinas, e metabólitos secundários

farmacologicamente importantes (como Taxol®, quimioterápico, e forscolina, usada no

tratamento de glaucoma) (WILDUNG & CROTEAU, 1996). Os triterpenos (C30) apresentam

30 átomos de carbono e são sintetizados a partir da condensação cauda-cauda de duas unidades

de sesquiterpeno (pela extremidade fosfato). Os brassinoesteroides, fitoesteroides de

membrana, algumas fitoalexinas, toxinas e componentes de ceras cuticulares compõem esta

ampla classe de compostos químicos (CROTEAU et al., 2000).

Os terpenos que contêm oito unidades de isopreno são chamados tetraterpenos, sendo o

principal deles os carotenoides, pigmentos intimamente ligados aos processos fotossintéticos.

Terpenos que apresentam mais de oito unidades de isopreno são denominados politerpenos,

onde se encontram compostos como ubiquinonas, poliprenoides e polímeros longos como a

borracha encontrada no látex (CROTEAU et al., 2000).

2.2.2 Biossíntese de terpenos

Nas plantas superiores, existem duas vias distintas capazes de sintetizar os precursores

universais dos isoprenoides, isopentenil difosfato (IPP) e seu isômero dimetilalil difosfato

(DMAPP) (Figura 1). No citosol, IPP é gerado pela via do ácido mevalônico (MVA), e através

da ação da enzima IPP-isomerase, pode originar DMAPP; ao passo que a síntese nos

cloroplastos ocorre pela via do 2C-metil-D-eritritol-4-fosfato (MEP), sendo esta presente

também em alguns protozoários e na maioria das eubactérias (CHENG et al., 2007; PHILLIPS

et al., 2008).

DMAPP é condensado com uma, duas ou três unidades de IPP, pela ação de

preniltransferases gerando geranil difosfato (GPP), farnesil difosfato (FPP) e geranilgeranil

difosfato (GGPP), respectivamente (RAMOS-VALDIVIA et al., 1997; OGURA & KOYAMA,

1998; KOYAMA & OGURA, 1999), os quais servem como precursores para a síntese dos

monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15) e diterpenos (C20) por enzimas conhecidas como

Page 19: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

6

terpeno sintases ou terpeno ciclases (CANE, 1990, 1999; WISE & CROTEAU, 1999;

MACMILLAN & BEALE, 2000).

As primeiras pesquisas indicavam que o IPP sintetizado no citosol seria precursor do

farnesil difosfato (FPP) para a síntese de sesquiterpenos e triterpenos, da mesma forma que o

IPP sintetizado nos plastídios seria precursor para o geranil difosfato (GPP), utilizado na síntese

de monoterpenos, e geranilgeranil difosfato (GGPP), utilizado na síntese de diterpenos e

tetraterpenos. Porém, através do bloqueio das vias MVA e MEP por inibidores, foi demonstrado

que a separação entre essas duas rotas é quase inexistente, uma vez IPP e DMAPP sintetizados

no citosol podem ser desviados para o metabolismo nos cloroplastos, e vice-versa, como

esquematizado na Figura 1 (BISWAS et al., 2009).

Figura 1 – Biossíntese de terpenos em plantas superiores. MVA: Ácido mevalônico; MEP:

Metileritol Fosfato; IPP: isopentenil; DMAPP: dimetilalil difosfato; G3P: Gliceroldeido-3-

Fosfato; GPP: Geranil difosfato; FPP – Farnesil difosfato; GGPP – Geranilgeranil difosfato.

Fonte: Adaptado de CHENG et al. (2007); SCHMIDT et al. (2010).

2.3 O Óleo essencial de citros

Os frutos cítricos contêm bolsões em sua casca ricos em óleos essenciais, que são

substâncias aromáticas e flavorizantes, muito utilizada por diversos setores industriais, na

Page 20: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

7

aromatização de produtos. O óleo essencial de laranja em especial, é extraído das células do

pericarpo do fruto, e pode ser considerado um dos mais importantes subprodutos no

processamento das laranjas pela indústria de suco, apresentando crescente uso nas indústrias de

aromas graças à sua delicada e persistente fragrância, altamente estimada como adjuvante em

inúmeras composições para aromas e sabores (STUART et al., 2000).

Os processos de extração do suco e do óleo essencial são realizados pelas próprias

unidades produtoras de suco em uma única operação através de prensagem a frio (cold pressed),

método mais empregado para extração de óleos de frutos cítricos. A laranja é esmagada em

uma prensa hidráulica, e o óleo essencial contido na casca é liberado mediante esta ação

mecânica. Óleo essencial é então lavado, separado e coletado por um conjunto de técnicas que

visa sua purificação (BAUER et al., 2006).

A Figura 2 apresenta o fluxograma descrevendo as etapas do processamento da laranja

pelas unidades produtoras de suco, e a representatividade do óleo essencial de laranja nesse

processo.

Figura 2 – Fluxograma do processamento da laranja.

Fonte: TETRA PAK (1998).

Frutas

Pesagem, Seleção, Lavagem

Extração

Suco + Oleo

Finisher

Centrifuga Concentradora

Suco

Tanque pulmão

Concentração

Suco Concentrado

Recuperação Aromas

Fases Oleosas, Aquosa

Emulsão Oleosa

Centrifuga Polidora

Óleo

Deceramento

Óleo CP

Page 21: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

8

A grande produção de laranjas no Brasil e no mundo faz com que os subprodutos

resultantes de seu processamento também tenham grande importância econômica (BENETI,

2009).

Além da obtenção do óleo essencial, diversas unidades citrícolas também fazem a sua

desterpenização, em virtude do elevado teor de hidrocarbonetos terpênicos, insolúveis em água

e quimicamente instáveis, submete-se frequentemente o óleo a um processo que reduz a fração

terpênica do óleo, que se degrada com facilidade, e concentra, ao mesmo tempo, a fração

oxigenada, responsável pelo seu sabor e aroma. Como resultado, tem-se um óleo com melhor

estabilidade, solubilidade e aroma (BENETI, 2009; AZAMBUJA, 2016).

Conforme o tipo de fruta e técnica utilizada, o rendimento máximo de extração de óleos

cítricos varia entre 0,2% e 0,5%, ou seja, para cada 1000 kg de matéria processada são obtidos

2 até 5 kg de óleo essencial na forma de emulsão (BIZZO et al., 2009).

Ao longo dos últimos vinte anos, o óleo essencial de laranja respondeu por 80% das

exportações do segmento das indústrias produtoras de óleos essenciais, sendo o primeiro item

na pauta nacional de produção, comercialização e exportação desse setor. Além de influenciar

diretamente a qualidade dos frutos por sua relação direta com aroma e sabor, os terpenos são

crescentemente utilizados na indústria para os mais diversos fins. Além da indústria alimentícia,

essa cadeia produtiva atende a diferentes segmentos de consumidores industriais, como

cosmética, perfumaria e indústrias farmacêutica, fazendo uso dos óleos essenciais, seus

constituintes e derivados, e a pectina cítrica (SANTOS & SANTOS, 2011). Grande parte desta

demanda ocorre pela importância do d-limoneno, sendo o principal terpeno no óleo essencial

de citros.

Alguns genes responsáveis pela síntese de terpenos já foram caracterizados em citros

(MARUYAMA et al., 2001; LÜCKER et al., 2002; SHARON-ASA et al., 2003; SHIMADA et

al., 2004, 2005a; YAMASAKI & AKIMITSU, 2007; KOHZAKI et al., 2009; SHISHIDO et

al., 2012). Todavia, há ainda muitos outros genes que codificam proteínas desta família,

presentes no genoma de laranja doce, que ainda não foram caracterizados funcionalmente. A

caracterização da atividade destas proteínas possibilitaria a identificação de substâncias com

possível potencial econômico que poderiam ser utilizadas em diversos processos industriais,

inclusive abrindo perspectivas novas para a economia como, por exemplo, a produção de

terpenos para a utilização como biocombustível.

Page 22: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

9

2.3.1 Composição dos óleos essenciais de citros

Os óleos essenciais são constituídos normalmente de uma mistura complexa de

terpenos, álcoois, ésteres, éteres, aldeídos, cetonas, lactonas, fenóis, e uma pequena quantidade

de resíduos viscosos ou sólidos como parafinas, ceras, etc. Os monoterpenos e sesquiterpenos

são representados pelo d-limoneno, β-pineno, γ-terpineno, valenceno, β-Farneseno, δ-elemeno.

Estes têm efeito antiviral, antisséptico, bactericida e anti-inflamatório.

Mais de 40 compostos voláteis são encontrados nos óleos cítricos, entre os componentes

principais estão: limoneno (67.90–90.95%), 1,8-cineol (14.72%) em laranja azeda (Citrus

aurantium); limoneno (37.63–69.71%), β-pineno (0.63–31.49%), γ-terpineno (0.04–9.96%) em

limão (Citrus limon); e no caso das tangerinas (Citrus reticulata), o limoneno (51.81–69.00%),

1,8-cineol (0.01–26.43%), e γ-terpineno (2.53–14.06%) são os mais representativos, os

resultados mostram que todos os óleos essenciais de citros apresentam principalmente o

limoneno. (MOUFIDA & MARZOUK, 2003; BOURGOU et al., 2012). Segundo BAKKALI

et al. (2008), os óleos essenciais podem conter entre 2-60 componentes em concentrações muito

diferentes, e são caracterizados por dois ou três componentes principais presentes em

concentrações bastante elevadas (20-70%, em comparação com os outros componentes

presentes em pequenas quantidades), e que geralmente determinam as propriedades biológicas

dos óleos essenciais.

A composição química dos óleos essenciais de laranja doce comum (C. sinensis)

prensada a frio foram analisados por CG e CG-EM e um total de 51 e 55 componentes químicos

voláteis foram identificados respectivamente. Os principais grupos químicos foram os

hidrocarbonetos monoterpenos (94,4 e 97,3%), álcoois (1,4 e 1,0%), aldeídos alifáticos (1,6 e

0,8%) e traços de outros aldeídos (1,4%). Os principais compostos foram: limoneno; 87,9 e

92,5%, mirceno; 2,4 e 2,0%, α-pineno; 0,5 e 2,4%, linalol; 1,2 e 0,9%, octanol; 1,3 e 0,6% e

decanal, 0,2%. (NJOROGE et al., 2009).

A composição dos óleos essenciais de citros pode variar amplamente, mesmo dentro de

um mesmo gênero, bem como em tecidos diferentes (VEKIARI et al., 2002). DELLACASSA

et al. (2011) examinaram a composição química do óleo essencial extraído de três cultivares de

mandarim e dois híbridos de mandarim cultivadas no Uruguai, alguns componentes chegaram

a variar de 75 – 96% entre os óleos essenciais.

Page 23: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

10

Os frutos cítricos contêm mais de 30 terpenoides, com casca e folhas possuindo

composições diferentes (VEKIARI et al., 2002). O óleo essencial de 22 cultivares de limão e

21 de limas foram analisadas nas mesmas condições de cultivos e clima para investigar a

composição e variação química entre eles sem interferências externas. Os resultados mostraram

a variabilidade química dos óleos essenciais de limão extraídos de folhas e casca dos frutos.

Óleos essenciais extraídos da casca da maioria das variedades de limões apresentam

principalmente o d-limoneno, β-pineno e γ-terpineno, enquanto para a maioria das variedades

de óleos das folhas de limão apresentam o d-limoneno, β-pineno, geraniol, neral (LOTA et al.,

2002).

TEIXEIRA et al (2013) avaliaram o teor e a composição dos óleos essenciais de 15

genótipos de limão (Citrus limon Burm.) pertencentes ao Banco de Germoplasma de Citros –

BAG CITROS, do Centro de Citricultura do Instituto Agronômico (IAC), em dois períodos de

colheita distintos, por cromatografia a gás e espectrometria de massas. As três principais

substâncias presentes nos óleos essenciais dos genótipos estudados foram d-limoneno (46,20 –

67,80%), γ-terpineno (8,46 -13,45%) e β-pineno (7,98 -17,81%). Chegando a variância total

dos dados de composição dos óleos essenciais de 81% entre os genótipos avaliados e as safras

estudadas. Tais variações podem ser atribuídas a dois fatores principais: genética e meio

ambiente (solo, práticas de cultura e clima).

Existem diversos outros trabalhos mostrando a composição de óleos essenciais de citros

(VERZERA et al., 1998, 2000, 2003, 2005; FRIZZO et al., 2004; SAWAMURA et al., 2004;

STATTI et al., 2004), porém há uma carência de estudos sobre os mecanismos fisiológicos,

bioquímicos e moleculares da síntese desses compostos.

2.4 Caracterização Funcional de Terpenos Sintases de Citros

A riqueza de esqueletos de carbono de terpeno pode ser atribuída a uma classe de

enzimas conhecidas como terpeno sintases. Estes catalisadores convertem os prenil difosfatos

acíclicos e esqualeno em uma infinidade de formas cíclicas e acíclicas. As principais causas da

diversidade de terpenos são o grande número de diferentes terpeno sintases existentes e pelo

fato de que algumas terpeno sintases produzirem diversos produtos (DEGENHARDT et al.,

2009).

Page 24: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

11

Muitos genes relacionados à atividade de terpeno síntase já foram caracterizados em

diversas espécies descritas. Para plantas do gênero Citrus, foi relatado até o presente momento,

a caracterização funcional de 21 terpenos (18 monoterpenos e 3 sesquiterpenos), entretanto,

esses genes provêm de apenas cinco espécies do gênero, que por sua vez é muito diverso,

podendo apresentar uma riqueza maior desses produtos (Tabela 1).

Tabela 1 – Genes de terpenos sintases caracterizados funcionalmente, até a presente data.

Acesso Produto Descrição Espécie Referencias

AAK54279 (E)-β-Farneseno CjFS C. junos MARUYAMA et al. (2001)

AAQ04608 Valenceno CsTPS1 C. sinensis SHARON-ASA et al. (2003)

AAM53945 (-)-β-Pineno Cl(-)βPINS C. limon LÜCKER et al. (2002)

AAM53944 (+)-(4R)-Limoneno Cl(+)LIMS1 C. limon LÜCKER et al. (2002)

AAM53946 (+)-(4R)-Limoneno Cl(+)LIMS2 C. limon LÜCKER et al. (2002)

AAM53943 γ -Terpineno ClγTS C. limon LÜCKER et al. (2002)

BAD91045 1,8-Cineol CitMTSL1 C. unshiu SHIMADA et al. (2005)

BAD91046 (E)-β-Ocimeno CitMTSL4 C. unshiu SHIMADA et al. (2005)

BAD27260 β-Pineno CitMTS62 C. unshiu SHIMADA et al. (2004)

BAD27256 (+)-(4R)-Limoneno CitMTSE1 C. unshiu SHIMADA et al. (2004)

BAD27257 (+)-(4R)-Limoneno CitMTSE2 C. unshiu SHIMADA et al. (2005)

BAD27258 γ -Terpineno CitMTSL3 C. unshiu SUZUKI et al. (2004)

BAD27259 γ -Terpineno CitMTS61 C. unshiu SHIMADA et al. (2004)

BAF73932 limoneno RlemTPS1 C. jambhiri YAMASAKI et al. (2007)

BAF73933 β-Pineno RlemTPS2 C. jambhiri YAMASAKI et al. (2007)

- Sabineno RlemTPS2 C. jambhiri KOHZAKI et al. (2009)

BAM29049 Geraniol RlemTPS3 C. jambhiri SHISHIDO et al. (2012)

BAP74389 δ-elemeno RlemTPS4 C. jambhiri UJI et al. (2015)

BAP75559 Linalool CuSTS3-1 C. unshiu SHIMADA et al. (2014)

BAP75560 Linalool CuSTS3-2 C. unshiu SHIMADA et al. (2014)

BAP75561 Linalool CuSTS4 C. unshiu SHIMADA et al. (2014)

Page 25: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

12

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Linhagens Bacterianas e Vetores.

As linhagens de Escherichia coli utilizadas foram:

- DH5α [ΔlacZ ΔM15 Δ (lacZYA-argF) U169 recA1 endA1 hsdR17(rK-mK+) supE44

thi-1 gyrA96 relA1],

- BL21 (DE3) [F– ompT gal dcm lon hsdSB(rB- mB-) λ [DE3 (lacI lacUV5-T7 gene

1ind1 sam7 nin5)] e

- ROSETTA (DE3). [F– ompT hsdSB (rB– mB–) gal dcm (DE3) pRARE (CamR)].

Os vetores utilizados foram pF1K T7 (Promega) como vetor de expressão e os vetores

pJET 1.2 (Thermo Fisher Scientific) e pGEM-T (Promega) para clonagem de amplicons.

3.2 Amplificação das Terpeno Sintases

Os clones contendo as sequências que codificam terpeno sintases foram resgatadas do

CitEST (Tabela 2), estando os genes que codificam estas proteínas clonados no vetor pSport1

(Invitrogen).

Tabela 2 – Lista de clones contendo sequências de terpeno sintases, resgatadas do CitEST.

Gene Nome CitEST Organismo

CaTPS01 CA26-C1-002-067-D10 Citrus aurantium

CrTPS05 CR05-C1-100-017-G04 Citrus reticulata

CrTPS11 CR05-C1-100-051-H03 Citrus reticulata

CrTPS14 CR05-C1-100-071-B06 Citrus reticulata

CrTPS15 CR05-C1-100-090-E06 Citrus reticulata

CrTPS26 CR05-C1-700-109-C04 Citrus reticulata

CsTPS43 CS00-C1-100-017-B09 Citrus sinensis

CsTPS47 CS00-C1-100-077-A08 Citrus sinensis

CsTPS50 CS00-C1-101-041-G09 Citrus sinensis

CsTPS51 CS00-C1-102-079-C06 Citrus sinensis

CsTPS54 CS00-C3-700-044-G09 Citrus sinensis

CsTPS64 CS00-C3-702-064-A10 Citrus sinensis

CsTPS66 CS00-C3-702-076-D05 Citrus sinensis

CsTPS67 CS00-C3-703-002-B05 Citrus sinensis

CsTPS81 CS00-C3-704-014-A01 Citrus sinensis

CsTPS84 CS00-C3-705-022-D05 Citrus sinensis

CsTPS88 CS00-C3-705-074-A07 Citrus sinensis

ClTPS92 LT33-C1-003-037-F04 Citrus latifolia

Page 26: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

13

Para isolamento destes genes do vetor, foram desenhados primers específicos (contendo

os sítios de restrição SgfI e PmeI), de forma a amplificarmos a sequência completa da região

codificadora (Tabela 3).

Tabela 3 – Primers utilizados na amplificação dos genes de interesse contendo os sítios de

restrição SgfI e PmeI. Os códons de iniciação e terminação estão marcados em negrito, e os

sítios de restrições estão sublinhados. As sequências Forward e Reverse são referentes às

extremidades amino e carboxi das proteínas codificadas, respectivamente.

Primer Sequência (5’ > 3’)

SEQ10-C-FORWARD TGCGATCGCCATGGAAGTTTCAGCCTCTTCTGC

SEQ10-C- REVERSE AGTTTAAACTGCTGATATCGGCACAGGATT

SEQ15-C- FORWARD TGCGATCGCCATGTCTTGCATTAATCCCTCAACC

SEQ15-C- REVERSE AGTTTAAACGCCAGGAGATGCTGTGAAAG

SEQ17-C- FORWARD TGCGATCGCCATGTACTTGCAAAGACTTGGATTGG

SEQ17-C- REVERSE AGTTTAAACTCCTTTGGTGCCAGGTGATGAT

SEQ19-C- FORWARD TGCGATCGCCATGGCGGCATGCAATTTCACCAGAT

SEQ19-C- REVERSE AGTTTAAACAGGAATGGGATCAATAAATA

SEQ25-C- FORWARD TGCGATCGCCATGGATCTTAAGAGTCTTCCATCTTC

SEQ25-C- REVERSE AGTTTAAACCATGGGAAGAGGATCAACA

SEQ29-C- FORWARD TGCGATCGCCATGTCTCTTCAAGTTTCAGCCTCTCC

SEQ29-C- REVERSE AGTTTAAACCGGCACAGGATTAATAAGCAA

SEQ33-C- FORWARD TGCGATCGCCATGTCTGATGCCGATAAACCTG

SEQ33-C- REVERSE AGTTTAAACGAGCTTAATGGGGTCCCTCAG

SEQ34-C- FORWARD TGCGATCGCCATGCTAGCAACGGTTTCCAGTTCA

SEQ34-C- REVERSE AGTTTAAACAGTGACAGGGTCTCTGAGCA

SEQ40-C- FORWARD TGCGATCGCCATGTCGTCCTACTGCAGATTTCC

SEQ40-C- REVERSE AGTTTAAACAAATGGAACGTGGTCTCC

SEQ43-C- FORWARD TGCGATCGCCATGCTGAAAGCTGCTAACAAGA

SEQ43-C- REVERSE AGTTTAAACTGGGCACAGGATTAATAAGCA

SEQ52-C- FORWARD TGCGATCGCCATGTCGTCTGATTCATCCCACA

SEQ52-C- REVERSE AGTTTAAACACACTCCTTGAGTAGGCAAA

SEQ56-C- FORWARD TGCGATCGCCATGTTGATGCAGTACACCAATACGG

SEQ56-C- REVERSE AGTTTAAACTGGGAAGAGGATCAACAAGC

Estes primers foram utilizados em reações de polimerização em cadeia, PCR,

utilizando-se a GoTaq DNA polimerase (Promega). A amplificação foi feita com 1x tampão,

0,2mM de cada dNTP, 1ng de plasmídeo, 250ng de cada primer, 1U de enzima em um volume

total de 50L. As condições de ciclização foram: um passo inicial de 45 segundos a 95oC, 25

Page 27: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

14

ciclos de 45 segundos a 95oC, 45 segundos a 55oC, 1 minutos a 72oC, e um passo final de

incubação a 72oC por 10 min. A amplificação foi verificada em gel de Agarose 0.7%.

3.3 Clonagem Inicial

3.3.1 Ligação em pJET 1.2 e pGEM-T

Os fragmentos contendo os genes de terpeno sintase previamente descritos foram

purificados utilizando-se o Illustra GFX PCR DNA and Gel Band Purification kit (GE

Healthcare), seguindo as orientações do fabricante. Os fragmentos foram clonados inicialmente

em pJET 1.2 e pGEM-T. Esses vetores foram escolhidos pois são de fácil ligação,

transformação e seleção. O pGEM-T possui um sistema de seleção por coloração (branco/azul),

onde a enzima β-galactosidase é inativada pelo inserção na região de clonagem permitindo a

identificação de recombinantes com o uso do substrato cromogênico X-Gal (Sigma), que

normalmente é quebrado pela ação da enzima, liberando 4-chloro-3-brom-indigo, que precipita

formando uma coloração azul intensa. Assim sendo, colônias que apresentaram a coloração

azul foram descartadas e as que apresentaram coloração branca foram selecionadas.

O pJET 1.2 possui o gene letal eco47IR que é interrompido pela ligação do inserto no

local de clonagem, como resultado apenas células com plasmídeos recombinantes são capazes

de se propagar. Ambos vetores possuem genes de resistência a ampicilina, facilitando assim a

seleção dos transformantes (Figura 3).

Figura 3 – Mapa dos vetores utilizados para clonagem inicial. A – pJET 1.2; B – pGEM-T

Fonte: https://www.thermofisher.com/; https://www.promega.com/

Para a ligação do amplicon no vetor pJET 1.2 utilizou-se 10μL de tampão de ligação

A B

Page 28: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

15

2x, 100ng do amplicon, 1μL DNA Blunting Enzyme e água até o volume de 18μL, a reação foi

ligeiramente vortexada e incubada por 5 minutos a 70oC e resfriada em gelo. Posteriormente

foram adicionados 50ng de pJET1.2/blunt Cloning Vector e 1μL de T4 DNA ligase totalizando

um volume final de 20μL. Após 5 minutos em temperatura ambiente o DNA foi utilizado para

transformação. Para a ligação em pGEM-T utilizou-se 5μL de tampão de ligação 2x, 50ng do

vetor pGEM-T, 100ng do amplicon, 3U de T4 DNA ligase, e água para um volume final de

10μL. Após incubação em temperatura ambiente por 1 hora, a reação de ligação foi utilizada

para transformação de E. coli.

3.3.2 Transformação bacteriana

Células competentes das linhagens bacterianas foram preparadas com 50mM cloreto de

cálcio e armazenadas a -80oC. Cinco microlitros das ligações foram usados para transformação

misturando-se a 100L de suspensão de células da linhagem DH5 ou BL21 DE3 ou

ROSETTA. O tubo foi incubado em gelo por 30 minutos e submetido a um choque térmico a

42oC por 45 segundos. As células voltaram para o gelo por 2 minutos, adicionando-se 1mL de

meio SOC (2% triptona, 0,5% extrato de levedura, 0,05% Na Cl; 10mM MgCl2, e 20mM glicose

adicionados após autoclavação) pré-aquecido. Os tubos foram incubados a 37oC por 1 hora com

agitação (250 rpm) e 200L de células foram plaqueados em meio LB sólido (1% Na Cl, 1%

triptona, 0,5% extrato de levedura, pH 7,0, 2% ágar (0.5mM IPTG e 80µg/mL X-Gal foram

adicionados ao meio LB, apenas para os genes clonados em pGEMT-T)) contendo 100g/mL

ampicilina ou 30g/mL kanamicina. O restante das células foi concentrado por centrifugação e

também plaqueado em meio LB sólido. As placas foram incubadas durante a noite em estufa a

37oC para crescimento.

3.3.3 Confirmação da transformação

As colônias que apresentaram crescimento em meio de cultura com antibiótico

apropriado após a transformação, foram selecionadas e transferidas para uma nova placa com

meio LB sólido, PCR de colônia foi realizado para confirmação da transformação, utilizando

colônias isoladas de células transformadas como molde. A amplificação foi realizada utilizando

a enzima TopTaq Master Mix (Qiagen). Para tanto, foram usados 12,5μL do mix, 0,2μM de

cada primer, 3μL de DNA, e água para volume final de 25μL. O programa usado foi 2 minutos

Page 29: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

16

a 95oC, 30 ciclos de 20 segundos a 94oC, 20 segundos a 58oC e 1 minuto e 30 segundos a 72oC,

seguido de um período de extensão de 10 minutos a 72oC. A amplificação foi verificada em gel

de Agarose 0.7%.

3.3.4 Extração de plasmídeo (Miniprep alcalina)

Os transformantes foram inoculados em 1mL de meio LB Liquido e crescidos durante

a noite. Foram feitas mini preparações alcalinas para extração dos plasmídeos. As células foram

coletadas por centrifugação e ressuspensão em 100L de Solução I (50mM glicose, 25mM Tris-

HCl pH 8.0, 10mM EDTA, pH 8.0). Foram adicionados 200L de Solução II (0.2N NaOH, 1%

SDS), invertendo-se o tubo e adicionando-se 150L de Solução III (60mL de 5M acetato de

potássio, 11,5mL de ácido acético glacial, em um volume total de 100mL), misturando

delicadamente. O DNA foi recuperado na fração solúvel por centrifugação e purificado através

de tratamento com igual volume de fenol:clorofórmio:álcool isoamílico (25:24:1), transferindo-

se a fase aquosa para novo tubo e precipitando-se com 1/10 de volume de Acetato de Sódio 3M

pH 5,2 e 1 volume de isopropanol, com incubação a -80˚C por 30 minutos seguido de

centrifugação por 10 minutos a 13362 g. O DNA foi lavado com 500μL de 70% Etanol gelado

e ressuspensas em 50μL de TE (10mM Tris-HCl pH 8,0, 1mM EDTA pH 8,0). Os plasmídeos

extraídos foram confirmados por PCR e sequenciados para verificação de erros na sequência,

sendo posteriormente utilizados para a clonagem em vetor de expressão.

3.4 Sequenciamento

O sequenciamento foi realizado após a clonagem dos amplicons nos vetores pJET1.2 e

pGEM-T, de forma a confirmar-se a identidade das sequências. Os primers utilizados foram

pJET Forward e pJET Reverse para genes clonados a pJET 1.2 e T7 e SP6 para genes clonados

em pGEM-T, além de primers internos, visando sequenciar a região codificante completa.

Assim, para o sequenciamento, as células contendo os plasmídeos foram crescidas em 1mL de

meio CircleGrow (BIO101) por 16 horas. Foi feito uma mini preparação alcalina seguida de

purificação com sílica (BIO101). Este DNA foi utilizado para sequenciamento, o que foi feito

utilizando-se 2,5 pmol de primer, 0,4μL de BigDye 3.1 (Applied Biosystems), 2μL de tampão

save money (2,5μL MgCL2 2M, 200μL Tris-HCl pH 9,0 1M em 1mL), 3μL de DNA em um

volume final de 10μL. As reações foram incubadas em termoclicador Veriti (Applied

Page 30: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

17

Biosystems) com o seguinte protocolo: desnaturação inicial a 96oC por 2 minutos, 25 ciclos de

96oC por 45 segundos, 50oC por 30 segundos, 60oC por 4 minutos. As reações foram

precipitadas com 80μL isopropanol 65% e lavadas por duas vezes com 200μL etanol 60%. Os

DNAs foram secados e ressuspendidos em 10μL HiDi formamida (Applied Biosystems). As

corridas foram feitas em um sequenciador automático ABI3730 (Applied Biosystems).

3.5 Clonagem em Vetor de Expressão.

Para clonagem em vetor de expressão, foi utilizado o Flexi System (Promega), com o

vetor pF1K-T7, seguindo as instruções do fabricante. Neste sistema, vetor e fragmentos são

cortados com as enzimas de restrição SgfI e PmeI, possibilitando clonagem direcional do

fragmento, no caso, a região codificadora dos genes de terpeno sintase. O vetor contém um

promotor T7 para expressão bacteriana ou expressão de proteínas in vitro. O vetor também

contém o gene letal “barnase” para seleção positiva da inserção, e um gene de resistência à

Kanamicina para seleção do plasmídeo (Figura 4).

Figura 4 – Mapa do vetor de expressão pF1K-T7 utilizado para expressão de proteína.

Fonte: https://www.promega.com/

A digestão dos vetores contendo os genes de possíveis terpeno sintases foi realizada

utilizando 4μL do tampão de digestão, 1μg do plasmídeo, 4μL do composto de enzimas (SgfI e

PmeI) e água para 20μL. Para a digestão do vetor de expressão utilizou-se 12μL de água, 4μL

do tampão de digestão, 200ng de pF1K T7, 2μL do composto de enzimas (SgfI e PmeI).

Page 31: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

18

As reações foram incubadas por 30 minutos a 37oC, e posteriormente aquecidas a 65oC

por 20 minutos para inativar as enzimas de restrição. Para reação de ligação utilizou-se 10μL

de tampão de ligação, 50ng do vetor digerido, 100ng do fragmento, 20 U de T4 DNA ligase,

em um volume de 20μL. Após incubação em temperatura ambiente por 1 hora, o DNA foi

utilizado para transformação de E. coli, da mesma forma como descrito no item 3.4.2

3.6 Expressão de Proteína

3.6.1 Indução da expressão de proteína

Ensaios iniciais de expressão foram realizados em E. coli BL21(DE3) e

ROSETTA(DE3) variando as concentrações de IPTG (0,25; 0,5 e 1mM) e o tempo de indução

(0, 2 e 4 horas). Os experimentos de indução foram realizados a 37°C. Para cada construção,

foram utilizados como pré-inoculo 5mL de meio LB contendo antibiótico apropriado (30g/mL

kanamicina), inoculados com amostras de estoque em glicerol e incubados a 37°C sob agitação

de 225 rpm por 16 horas. O pré-inoculo foi diluído 1:100 em 100mL de meio LB com

antibiótico apropriado e incubado a 37°C sob agitação de 225 rpm até atingir uma DO600 entre

0,5 e 0,6. Neste ponto, foi retirado uma alíquota da cultura de 30mL, que foi usada como

controle sendo esse o tempo 0, não induzida (sem adição de IPTG). A cultura restante submetida

ao experimento de indução, por meio da incubação das mesmas a 37°C sob agitação de 225

rpm. Alíquotas das colônias foram removidas após 2 horas e 4 horas de indução (em um volume

de 20 e 10 mL respectivamente). Ao final do experimento, o restante da cultura

(aproximadamente 40mL), foi separado e posteriormente utilizado para ensaio de atividade

enzimática. As alíquotas foram centrifugadas a 2.000 g por 20 minutos a 4°C, o precipitado

com as bactérias foi armazenado no freezer (-20°C), descartando-se o sobrenadante.

3.6.2 Extração da proteína

O precipitado com as bactérias foram ressuspendidas em 1000 L de tampão Tris-HCL

50mM, pH 7,5, NaCl 300mM, sonicadas 3 vezes com potência 70% por 10 segundos, com

intervalos de 30 segundos, e centrifugadas a 15.700 g por 30 minutos a 4°C. O sobrenadante

foi transferido para uma novo tubo, e o precipitado foi ressuspendido em 400 L de tampão

Tris-HCL 50mM, pH 7,5, NaCl 300mM. O extrato de proteínas totais (solúveis e insolúveis)

Page 32: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

19

foi removido (aproximadamente 20L) aos quais foram adicionados outros 20L de tampão de

amostra (100mM Tris-HCl pH 6,5, 4% SDS, 0,2% azul de bromofenol, 20% glicerol). As

amostras foram fervidas a 95oC por 5 minutos, aplicadas e analisadas em gel de Poliacrilamida

(SDS-PAGE 12%) para verificar o rendimento e a solubilidade da proteína. As proteínas foram

visualizadas após coloração do gel com uma solução de coomassie brilliant blue R-250 (2,5g

em 400mL Metanol, 100mL ácido acético glacial e água para 1 litro) e descoloração com uma

solução de metanol: ácido acético (300mL:400mL para 4 litros).

3.7 Ensaio de atividade enzimática

Para avaliar a atividade das proteínas, ensaios enzimáticos foram realizados em reações

contendo 200μL de extrato de proteínas totais obtido após indução com IPTG, 10μg de substrato

(geranil difosfato – GPP, farnesil difosfato - FPP), em 800μL de tampão para o volume final de

1mL e incubadas e mantidas a 30oC por 60 Minutos em Vial de 15mL.

Após o período de incubação as amostras foram agitados em vortex e os voláteis foram

capturados por meio da técnica de Microextração por Fase Sólida (SPME), empregando-se a

fibra Carboxen/Polidimetilsiloxano (75μm CAR/PDMS, Supelco, Bellefonte, PA, USA), A

fibra foi pré-condicionada seguindo as orientações do fabricante e exposta por 30 minutos no

vial para captura dos voláteis, cujo tempo de captura foi otimizado após a realização de pré-

testes (Figura 5).

Figura 5 – Sistema de Captura dos voláteis utilizando a técnica de Microextração por Fase

Solida (SMPE).

Page 33: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

20

Para otimização do tampão utilizado dos ensaios enzimáticos, foram montados diversas

soluções com diferentes tampões e sais, alterando pH e adicionando glicerol ou ditiotreitol

(DTT). As reações foram realizadas utilizando o substrato geranil difosfato e ao diversos

tampões descritos na tabela 4.

Tabela 4 – Tampões utilizados em reações de atividade enzimática.

Page 34: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

21

Extrato de proteínas totais de bactérias não transformadas (sem genes de terpeno sintase)

foi obtido, seguindo as mesmas condições de tratamento e tempo de incubação, e utilizado como

controle para comparação com as amostras que havia a presença de terpeno sintases, para cada

tratamento utilizado nas reações de atividade enzimática.

Após a captura, a fibra SPME foi diretamente inserida no injetor do cromatógrafo a gás

acoplado a espectrômetro de massas (CG-EM), para dessorção das substâncias e a análise da

composição química.

3.8 Identificação dos Produtos da Reação Enzimática

Os produtos foram identificados através de cromatografia gasosa acoplada a

espectrometria de massas (CG-EM Shimadzu, modelo QP-5000), operando por impacto de

elétrons a 70eV, coluna capilar de sílica fundida DB-5 (30m de comprimento, 0,25 cm de

diâmetro interno e 0,25μm de espessura de filme líquido). A temperatura do injetor foi de

240ºC, detector a 230oC, hélio como gás de arraste (1mL/min-1) (Figura 6).

Figura 6 – Cromatógrafo a gás acoplado a espectrômetro de massas (CG-EM).

A temperatura inicial da coluna cromatográfica foi de 60ºC com elevação de

temperatura na razão de 3ºC por minuto até 170ºC; 170ºC - 280ºC elevação de temperatura na

Page 35: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

22

razão de 15ºC por minuto; permanecendo por 2 minutos a 280ºC, Split: 1/20, com tempo total

de corrida de 46 minutos. Todas as amostras obtidas das reações de atividade enzimáticas

inclusive os controles foram analisados nas condições cromatográficas citadas.

A identificação dos constituintes químicos foi efetuada através da análise comparativa

dos espectros de massas das substâncias analisadas com o banco de dados do sistema CG-EM

(NIST12.LIB, NIST62.LIB, WILEY139.LIB); índice de retenção (IR) e literatura (ADAMS,

2007).

Os índices de Retenção (IR) foram obtidos pela injeção de uma série homologa de

padrões de referência de n-alcanos (C9-C25) no CG-EM com o seguinte programa de

temperatura 60°C - 240°C, elevando a temperatura por 3°C/min-1. Os índices foram calculados

empregando-se a equação:

IR = 100n + 100 (𝑡𝑅(𝑖) − 𝑡𝑅(𝑛)

𝑡𝑅(𝑛+1) − 𝑡𝑅(𝑛))

Onde 𝑡𝑅 é o tempo de retenção

𝑖 – analito

𝑛 – número de carbonos do padrão adjacente menos retido, e 𝑛 + 11 é o número de

carbonos do padrão adjacente mais retido. (VAN DEN DOOL & DEC. KRATZ, 1963; ZINI &

MÜHLEN, 2009).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Amplificação das Terpeno Sintases

Os genes utilizados nesse trabalho foram identificados anteriormente em trabalhos

efetuados pelo Centro de Citricultura Sylvio Moreira (CCSM) do Instituto Agronômico em

Cordeirópolis, onde inicialmente foram feitas buscas por sequências que codificam terpeno

sintases no site do Phytozome (phytozome.org), tanto para C. sinensis quanto para C.

clementina, as duas espécies com genomas completos sequenciados. Estas buscas foram feitas

através de palavra-chave (“terpene”) e resultou na identificação de 123 sequências no total, que

foram usadas para buscas por similaridade com a base de dados de proteína do NCBI, para

confirmação de que codificavam proteínas similares a terpeno sintases. Algumas sequências

curtas ou redundantes foram eliminadas nesta análise, resultando em 55 diferentes terpenos

Page 36: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

23

sintases de citros que foram usadas para desenho dos primers com o programa PrimerSelect do

LASERGENE99, obtendo-se 50 primers diretos e 55 primers reversos, que foram sintetizados

(Tabela 3). Posteriormente, foram feitas buscas de similaridade com sequências existentes no

banco de clones do CitEST, para identificar-se aqueles que haviam apresentado expressão

nestes organismos e, uma vez que a base do CitEST são ESTs, facilitaria o trabalho de

amplificação e clonagem destes genes.

Os genes que codificam estas proteínas foram amplificados por PCR, sendo a

amplificação verificada em gel de agarose 0.7%. Assim sendo, das 55 sequências, foram

amplificadas 18 a partir de clones do CitEST, codificando possíveis terpeno sintases. Dentre

estes 16 clones resultaram em amplificação de intensidade alta e 2 com baixa intensidade

(CrTPS15 e CsTPS88), sendo todas selecionados e utilizados posteriormente para clonagem

inicial nos vetores pJET 1.2 e pGEM-T (Figura 7).

Figura 7 – Gel de agarose 0,7% (m/v) Amplificação de genes de possíveis terpeno sintases de

citros. Na parte superior do gel estão identificados os clones utilizados, MM- Marcador

molecular 1 Kb Ladder.

4.2 Clonagem

Os fragmentos purificados contendo os genes de terpeno sintase foram clonados

inicialmente em pJET 1.2, sendo utilizado para transformação de E. coli.

Esta etapa inicial resultou na clonagem da maioria dos amplicons. Todavia, para os genes

CaTPS01, CrTPS14, CrTPS15 e CsTPS84 não foi possível obter-se colônias utilizando o vetor

pJET 1.2. Deste modo, outro vetor, pGEM-T, foi utilizado como alternativa de clonagem. As

MM

CA

TP

S01

CR

TP

S05

CR

TP

S11

CR

TP

S14

CR

TP

S15

CR

TP

S26

CS

TP

S43

CS

TP

S47

CS

TP

S50

CS

TP

S51

CS

TP

S54

CS

TP

S64

CS

TP

S66

CS

TP

S67

CS

TP

S81

CS

TP

S84

CS

TP

S88

ClT

PS

92

1,5 Kb

Page 37: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

24

colônias que cresceram em meio seletivo foram passadas para novas placas com meio LB +

ampicilina, como exemplificado na Figura 8.

Figura 8 – Crescimento bacteriano em meio seletivo. Placas Meio de cultura LB contendo

ampicilina como agente seletivo foram usadas para crescimento de transformantes, como

representado para os genes CsTPS54, CrTPS15, CsTPS50 e CsTPS84.

As clonagens utilizando o vetor pJET 1.2 em E. coli DH5α apresentaram alta eficiência,

sendo que para maioria das colônias selecionadas foi possível confirmar sua transformação com

amplificação do fragmento esperado, de aproximadamente 1,5 Kb (Figura 9).

54 15 50 84

MM CrTPS05 CrTPS11 CrTPS26

MM CsTPS43

1,5Kb

1,5Kb

Page 38: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

25

Figura 9 – Amplificação dos insertos contendo possíveis terpeno sintases de citros clonadas

em pJET 1.2 para confirmação positiva de clonagem. Os genes estão identificados na parte

superior do gel, MM – Marcador molecular 1 Kb Ladder.

Apenas o gene 81 não mostrou amplificação de banda de tamanho esperado, sendo

menor que 1Kb, por isso esse gene foi descartado do ensaio. Para todos os outros genes foi

MM CsTPS47 CsTPS50

MM CsTPS51 CsTPS54 CsTPS64

MM CsTPS67 CsTPS81

MM CsTPS88 ClTPS92

1,5Kb

1,5Kb

1,5Kb

1,5Kb

Page 39: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

26

possível obter um número alto de colônias transformadas, com exceção dos genes CsTPS43 e

ClTPS92, dos quais foi possível obter-se 2 e 4 colônias transformadas, respectivamente.

Os genes CaTPS01, CrTPS14, CrTPS15 e CsTPS84 foram clonados no vetor pGEM-T,

vetor que possui seleção por coloração para varredura das colônias positivas. Apenas uma

colônia do gene CrTPS15 mostrou amplificação de uma banda de tamanho esperado. Para os

outros genes clonados nesse vetor, foi possível obter várias colônias positivas (Figura 10).

Figura 10 – Análise de construções de pGEM-T. Amplificação dos genes CaTPS1, CrTPS14,

CrTPS15 e CsTPS84 de citros de modo a identificar-se aqueles que apresentam inserto. Genes

estão identificados na parte superior do gel, M – Marcador molecular 1 Kb Ladder.

MM CaTPS01 CrTPS14

MM CrTPS15

MM CsTPS84

1,5Kb

1,5Kb

1,5Kb

Page 40: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

27

4.3 Sequenciamento

O sequenciamento foi realizado após a clonagem dos amplicons nos vetores pJET1.2 e

pGEM-T.

As sequencias obtidas, foram devidamente montadas e analisadas, através do programa

Seqman do pacote LASERGENE 99 (DNASTAR, Inc.). Após a montagem dos contigs, as

sequências foram comparadas com as disponíveis nos bancos dados do phytozone e do NCBI

através da ferramenta BlastX afim de verificar se essas sequências codificariam proteínas

similares terpeno sintases, se elas estavam apenas anotadas ou já caracterizadas funcionalmente,

e ainda verificar os dados de anotações referente a essas sequências.

As sequências mostraram variações típicas de comparação de diferentes organismos

mas sem que houvesse problema em relação à criação de stop códons, como exemplificado na

figura 11.

Figura 11 – Análise de busca por similaridade dos genes CrTPS26 (A) e CsTPS51 (B) através

de Blastx.

Fonte: www.ncbi.nlm.nih.gov

A

B

Page 41: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

28

Interessantemente, a sequência obtida do gene CsTPS51 mostrou similaridade com uma

região localizada à jusante do códon de início, onde fora desenhado o primer. Isto mostra que

a amplificação se deu a partir de um anelamento inespecífico, resultando em uma perda de

aproximadamente 40 aminoácidos da extremidade amino desta proteína.

Os dados de sequências obtidos foram analisados quanto à similaridade com proteínas

no banco de dados e os resultados estão demonstrados na tabela 5, evidenciando os possíveis

produtos gênicos que essas sequências codificariam.

Tabela 5 – Dados das sequências comparadas através da ferramenta BlastX em bancos de dados

de sequências.

Sequência Anotação Organismo Descrição

CrTPS05 Predito Citrus sinensis (-)-germacreno D sintase

CrTPS11 Predito Citrus sinensis γ-terpineno sintase

CrTPS15 Predito Citrus sinensis (-)-germacreno D sintase

CrTPS26 RlemTPS4 Citrus jambhiri δ-elemeno sintase

CsTPS43 Predito Citrus jambhiri δ-elemeno sintase

CsTPS47 Predito Citrus sinensis (-)-germacreno D sintase

CsTPS50 Predito Citrus sinensis (E)-β-farneseno sintase

CsTPS51 Predito Citrus sinensis (-)-germacreno D sintase

CsTPS54 Predito Citrus sinensis (E)-β-farneseno sintase

CsTPS64 CitMTSE2 Citrus unshiu d-limoneno sintase

CsTPS66 Predito Citrus sinensis (-)-germacreno D sintase

CsTPS67 CitMTSE2 Citrus unshiu d-limoneno sintase

CsTPS84 Predito Citrus sinensis (R)-limoneno sintase

CsTPS88 Predito Citrus sinensis nerolidol sintase

ClTPS92 Predito Citrus sinensis (E)-β-farneseno sintase

4.4 Construções Para Expressão Gênica

Uma vez que todas as etapas de clonagem inicial foram concluídas, foi feita a

transferência dos genes para um vetor de expressão, no caso o pF1K T7.

Page 42: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

29

O DNA plasmidial extraído foi quantificado no espectrofotômetro NanoDrop 8000

(Thermo Scientific), onde a razão 260/280 ficou próxima a 1,8 e a 260/230 próxima a 2,2.

A clonagem das sequências codificadoras em pF1K T7 não foi tão eficiente quanto o

observado anteriormente para pJET 1.2 e pGEM-T, ocasionando uma diminuição de 18 para 7

genes a serem levados para análise de atividade. Estas construções foram usadas para

transformação de E. coli BL21 e Rosetta (Figura 12).

Figura 12 – Construção de plasmídeos para expressão gênica. Transformantes de E. coli BL21

e Rosetta foram utilizados para amplificação dos genes de possíveis terpeno sintases de citros

clonadas em pF1K-T7 para confirmar aqueles que apresentavam o inserto. Clones estão

identificados na parte superior do gel, M – Marcador molecular 1 Kb Ladder.

Com exceção do gene CsTPS66, todos os outros genes foram transferidos para os

vetores de expressão com sucesso.

4.5 Extração de Proteína

Os ensaios de expressão foram realizados em E. coli BL21(DE3). Inicialmente foram

realizados testes de expressão com a construção com o gene CrTPS05 utilizando a temperatura

de 37°C variando-se o tempo de indução, no intuito de verificar o rendimento e a solubilidade

da proteína. Exemplo do perfil de expressão está representado para os resultados obtidos depois

de 2 e 4 horas de indução com a concentração de IPTG de 1mM e o tempo 0 como controle. É

possível verificar a presença de bandas intensas nos tempos 2 e 4 na porção insolúvel, que

indicam maior expressão próximo a região esperada do peso molecular esperada para essa

MM

C

rTP

S0

5

BL

21

CrT

PS

26

BL

21

CsT

PS

43

BL

21

CsT

PS

50

BL

21

CsT

PS

66

Bl2

1

CrT

PS

26

Ro

sett

a

CsT

PS

47

Ro

sett

a

CsT

PS

51

Ro

sett

a

1,5Kb

Page 43: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

30

proteína aproximadamente 60 kDa. Essa mesma banda aparece também na fração solúvel

porém com menor intensidade (Figura 13).

Figura 13 – SDS-PAGE (12% poliacrilamida). Ensaios de expressão a 37°C para a construção

CrTPS05 nos tempo de indução (0, 2 e 4 horas) O retângulo indicam as bandas de expressão na

forma solúvel e insolúvel.

Outras corridas foram efetuadas, e utilizando um visualizador de imagens com luz

branca, para melhor analisar os dados do gel de SDS, é possível verificar bandas de alta

intensidade na fração solúvel que não aparece ou aparece em baixa intensidade no controle T0

(Figura 14).

Figura 14 – SDS-PAGE (12% poliacrilamida). Ensaios de expressão a 37°C para a construção

CrTPS05, CrTPS26, CsTPS43 e CsTPS50 variando o tempo de indução (0, 2 e 4 horas) As

setas vermelhas indicam as bandas de expressão na forma solúvel.

kDa

70,0 -

60,0 -

50,0 -

40,0 -

30,0 -

25,0 -

20,0 -

15,0 -

10,0 -

CsTPS43 CrTPS05 CrTPS26 CsTPS50

Page 44: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

31

Outro ensaio foi realizado modificando outros parâmetros, como temperatura e

concentração do indutor (IPTG). As concentrações de IPTG utilizadas foram de 0,3mM, 0,5mM

e 1mM em duas temperaturas (27°C e 37°C) e o tempo de indução foi de 4 e 16 horas, apenas

a fração solúvel foi aplicada no gel (Figura 15).

Figura 15 – SDS-PAGE (12% poliacrilamida). Ensaios de expressão a 37°C e 27°C para a

construção CsTPS51 variando o tempo de indução (4, 16) e a concentração de IPTG (0,3; 0,5 e

1,0 mM).

Nesse ensaio foi possível verificar que o tempo de indução de 16 horas se mostrou a

condição mais eficiente, sendo que é possível verificar algumas bandas expressas nessas

condições que não aparecem com 4 horas de indução mesmo entre as 3 concentrações de IPTG

testadas nesse ensaio (Figura 15). As concentração de IPTG de acima de 0,5mM parece ter

influência tanto a 27°C quanto 37oC quando induzidas por 16 horas. Nesse ensaio foi possível

determinar que a melhor condição para expressão dessas proteínas foi utilizando a concentração

1mM de indutor de expressão (IPTG), por 16 horas a 37°C. Todas os ensaios de expressão

seguintes foram utilizando essas condições de indução.

O gene CsTPS51 foi aquele que apresentou tamanho de amplificação menor que o

esperado, com consequente diminuição da proteína. Isto se confirma neste gel uma vez que a

indução observada é de uma proteína realmente menor, com tamanho entre 55 e 58 KDa.

kDa

116,0-

66,2 -

45,0 -

35,0 -

25,0 -

18,0 -

~58 KDa.

16 horas

Page 45: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

32

4.6 Identificação dos Produtos da Atividade Enzimática

Inicialmente, os voláteis foram extraídos do meio reacional utilizando o solvente acetato

de etila de acordo com o procedimento descrito na literatura (SHIMADA et al., 2004;

SHIMADA et al., 2005), porém as amostram apresentaram um grande número de substâncias

não relacionadas à classe de terpeno, além deste fato, observou-se que o perfil químico das

amostras controle (ensaios enzimáticos realizados com proteínas totais de bactérias não

transformadas) eram similares comparadas com as amostras, realizados com proteínas totais de

bactérias transformadas com gene de terpeno sintase (Figura 16).

Tempo de Retenção (Min.)

Figura 16 – Cromatograma de íons totais, utilizando solvente acetato de etila para captura dos

voláteis com GPP como substrato e tempo de reação de 1 hora a 30°C. A – Controle (Proteínas

totais de bactérias não transformadas). B – Gene CrTPS05.

Deste modo, foi utilizada uma outra estratégia para a captura dos voláteis, o que foi feito

pela técnica de Microextração por Fase Solida (SPME). Na literatura vários trabalhos utilizaram

essa técnica para captura de monoterpenos e sesquiterpenos com sucesso, KOHZAKI et al

(2009) caracterizou sabineno sintase utilizando SPME para captura. Mais recentemente

A

B

Page 46: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

33

SHIMADA et al (2014) identificou três genes, dois codificam linalol sintase e um codificava

nerolidol/linalol sintase em C. unshiu utilizando essa técnica. Para soja também utilizou-se

dessa técnica para captura e caracterização de nerol sintase com sucesso (ZHANG et al., 2013).

Utilizando esta técnica de captura, foi possível observar diferenças entre o controle e as

outras amostras que continham os genes de terpeno sintase clonados. Na amostra controle

observou-se a presença de quatro substâncias no intervalo de tempo de retenção de 10 a 20

minutos (Figura 17A).

Tempo de Retenção (Min.)

Figura 17 – Cromatograma de íons totais, utilizando SPME para captura dos voláteis. GPP

como substrato e tempo de reação de 1 hora a 30°C A – Controle (Proteínas totais de bactérias

não transformadas). B – CrTPS05, C – CrTPS26, D – CsTPS51, E – CsTPS54, F – CsTPS47.

As amostras que continham os genes apresentaram as mesmas substâncias com

proporção relativa (intensidade) diferente em relação à amostra controle e entre si. Apesar

destes resultados, não foi observada a formação dos produtos desejados ou que nos garantia

concluir que as substâncias presentes na amostra estavam relacionadas com a atividade de uma

enzima de terpeno síntase (Figura 17 B-F).

A B

C D

E F

Page 47: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

34

Para que a atividade enzimática ocorra é necessário que a enzima esteja em condições

ótimas para seu melhor funcionamento, para isso é necessário que vários fatores estejam em

condições ideais. Os fatores que mais influenciam na funcionalidade de uma enzima são pH e

temperatura, que em níveis adequados levarão a conversão do substrato no produto final. Para

isso foram feitos outros ensaios alterando o tampão entre TRIS-HCl, MOPS e HEPES, variando

a temperatura entre 23°C e 31°C, pH variando entre 7 e 8, e tempo de reação entre 1 e 24 horas.

A melhor condição avaliada para os ensaios enzimáticos foram utilizando o tampão

15mM MOPS pH 7,4, 25mM MgCl2, 2mM DTT, em um tempo de reação de 1 hora com

temperatura de 30°C. Nessas condições e utilizando como substrato o geranil difosfato foi

possível observar atividade de duas enzimas codificadas pelos genes CsTPS51 e CrTPS26.

O cromatograma de íons totais do produto do gene CsTPS51 de C. sinensis, apresentou

uma substância com tempo de retenção (TR) de 9.4 minutos, correspondendo a 91,3% da

amostra (Figura 18B).

Tempo de Retenção (Min.)

Figura 18 – Cromatograma de íons totais, GPP como substrato e tempo de reação de 1 hora a

30°C. A – Controle (Proteínas totais de bactérias não transformadas) B – CsTPS51, a seta indica

o pico relacionado a 1,8 cineol.

A

B

Page 48: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

35

A comparação do espectro de massas da substância (Figura 19A) com o banco de dados

do Equipamento CG-EM (nist62.lib, wiley139.lib) (Figura 19B), em conjunto com o índice de

retenção da substância (IR = 1030), e o espectro de massas da literatura (ADAMS, 2007)(Figura

20), permitiu identificar a substância como 1,8-cineol.

m/z

Figura 19 – Espectro de massa referênte ao pico com TR = 9,4 min do gene CsTPS51. A –

Espectro de massa do produto do CsTPS51, B – Espectro de massa do 1,8-cineol obtido da

biblioteca NIST62.LIB.

m/z

Figura 20 – Espectro de massa de 1,8 cineol segundo ADAMS, (2007).

Fonte: ADAMS, (2007).

Assim, pode-se observar que mesmo a proteína tendo uma deleção de aminoácido em

uma de suas extremidades, a atividade enzimática se manteve, mostrando que o sítio catalítico

da enzima não foi afetado.

A análise da composição química das substâncias voláteis da reação gerado pelo produto

do gene CrTPS26 de C. reticulata também apresentou um resultado interessante, na análise do

A B

IR = 1031

IR = 1030

Page 49: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

36

cromatograma de íons totais foi possível identificar três picos com a proposta de três

monoterpenos, sendo o primeiro pico, com tempo de retenção de 8 minutos, identificado como

mirceno (8.5%), o terceiro pico com TR = 9,3 minutos como limoneno (2,5%), e o quarto pico,

em maior abundância na amostra com TR = 9,4 minutos como 1,8 cineol (57,3%). (Figura 21).

Tempo de Retenção (Min.)

Figura 21 – Cromatograma de íons totais, GPP como substrato e tempo de reação de 1 hora a

30°C. A – Controle (Proteínas totais de bactérias não transformadas) B – CrTPS26 (Pico 1 –

mirceno, pico 3 - limoneno e pico 4 -1,8 cineol).

Por meio da equação sugerida por VAN DEN DOOL & DEC. KRATZ (1963) foi possível obter

os seguintes índices de retenção para as substâncias: IR = 993 para o pico 1, IR = 1027 para o

pico 3 e IR = 1029 para o pico 4. Esses índices e os espectros de massa foram comparados com

os espectro de massas disponíveis na literatura (ADAMS, 2007), permitindo a confirmação dos

produtos de reação como: mirceno, limoneno e 1,8 cineol (Figura 23A-C).

A

B

Page 50: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

37

m/z

Figura 22 –Espectros de massa dos produtos da reação do CrTPS26. A – Espectro de massa do

pico 1, C – Espectro de massas do produto do pico 3, E – Espectro de massa do pico 4, B-D-F

– Espectro de massa do mirceno, limoneno e 1,8-cineol obtido da biblioteca NIST62.LIB.

A B

C D

E F

A

B

IR = 990

IR = 1029

Page 51: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

38

m/z

Figura 23 – Espectro de massa de A - Mirceno, B - limoneno C - 1,8 cineol, literatura

(ADAMS, 2007)

As reações enzimáticas utilizando como substrato o farnesil difosfato (FPP) foram

analisadas e não foi observada a formação de substâncias sesquiterpênicas. Porém, as reações

com este substrato não foram otimizadas, assim como efetuado com o GPP.

Terpenos sintases são conhecidas por pertencerem a uma família de enzimas que

possuem alta similaridade funcional entre elas, capazes de produzir vários tipos de terpenos

(BOHLMANN et al., 1998). Todos os genótipos de citros contêm uma ampla diversidade de

terpenos voláteis, como hemiterpenos, monoterpenos e sesquiterpenos, os quais são abundantes

em folhas, frutos e flores. Mais de 49 genes de possíveis terpenos sintases foram identificados

in silico entre espécies de citros (DORNELAS & MAZZAFERA, 2007), porém poucos genes

foram clonados e analisados para suas funções (Tabela 1).

Um fato interessante sobre as terpeno sintases é a habilidade dessas enzimas produzirem

um ou mais produtos, por exemplo, pineno sintase de muitas plantas produzem α- e β-pineno

(CROTEAU et al., 2000). Porem essa característica não é observada para todos genes de

terpeno sintase, em Citrus limon foram identificadas quatro genes que codificam monoterpeno

sintases e a caracterização do produto de dois destes genes através de expressão em E. coli,

confirmaram que as enzimas codificadas para ambos os genes produziram especificamente (+)-

limoneno como produto principal, as outras duas monoterpeno sintases produziram γ-terpineno

e (-)β-pineno respectivamente, porém observou-se a formação de produtos secundários em

menor quantidade (LÜCKER et al., 2002).

No presente estudo, as análises por CG-EM possibilitaram identificar a presença de

algumas substâncias monoterpenicas nas amostras de dois genes avaliados. Na amostra do gene

CrTPS26, pertencente a Citrus reticulata, foram identificados três monoterpenos, sendo que a

substância mais abundante na amostra foi o 1,8 cineol e os produtos com menor abundância

C IR = 1031

Page 52: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

39

foram d-limoneno e β-mirceno. Como mencionado anteriormente, é uma característica comum

de muitas monoterpeno sintases serem capazes de formar múltiplos produtos a partir de geranil

difosfato como substrato. Resultados semelhantes, quanto à formação de diversas produtos em

uma amostra foi observado por KOHZAKI et al (2009), aonde foi confirmada a presença de

sabineno como o produto principal e α-pineno, β-pineno e β-felandreno como produtos com

menor quantidade na amostra dos genes de limão rugoso (C. x jambhiri). UJI et al (2015),

também isolaram e avaliaram a expressão de uma terpeno sintase e identificaram para o mesmo

gene as seguintes substâncias sesquiterpenicas: δ-elemeno como principal produto e β-elemeno,

δ-selineno, γ-elemeno e germacreno D como produtos secundários.

A representatividade destes compostos no óleo essencial de laranja doce é muito

elevada, monoterpenos é a principal classe química entre os voláteis, os quais em algumas

variedades corresponderam a até 96,9% da composição total dos óleos essenciais avaliados.

Limoneno foi o composto mais abundante (aproximadamente 94,6 %) de acordo com relatórios

publicados sobre diversas variedades de óleos essenciais extraídos de laranja doce de diferentes

origens (COLEMAN & SHAW, 1971; WOLFORD et al., 1971; MOSHONAS & SHAW, 1974;

SHAW, 1979; CHOI & SAWAMURA, 2000; MITIKU et al., 2000; TU et al., 2002). O

monoterpenos 1,8-cineol estava presente em níveis residuais em cada óleo essencial. Mirceno

foi classificado como um componente importante de vários tipos de óleos essenciais de laranja

doce, apesar de corresponder a menos de 0,05% das amostras avaliadas (MOSHONAS &

SHAW, 1974; SHAW, 1979). Os outros terpenos proeminentes nos óleos essenciais descritos

na literatura foram α-terpineno (1.5-1,7%), α-pineno (0,3-0,5%), e sabineno (0,1-0,2%). β-

pineno e terpinoleno correspondem menos de 0,05% em cada óleo essencial (NJOROGE et al.,

2009).

Na amostra utilizando o produto do gene CsTPS51 de Citrus sinensis (Figura 18), foi

possível verificar a presença majoritária de 1,8 cineol, correspondendo a mais de 90% da

composição química da amostra avaliada, apesar de se tratar do mesmo produto, a proteína

codificada por esse gene é mais especifica para síntese desse monoterpeno, quando comparada

ao produto do gene CrTPS26 de Citrus reticulata que apresentou produção de outras

substâncias monoterpenicas secundárias (Figura 21).

O 1,8-cineol foi o principal componente de óleos essenciais obtidos de diferentes partes

(caules, folhas, flores adultos imaturos e frutos) de Eucalyptus oleosa, avaliados quanto as suas

propriedades antioxidantes e antimicrobianas e a sua composição química. Os óleos essenciais

mostraram atividade antibacteriana contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, e

significativa ação antifúngica (MARZOUG et al., 2011).

Page 53: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

40

Em tangerina Satsuma (C. unshiu) foi demostrado que 1,8 cineol e (E)- β-ocimeno foram

encontrados em níveis abundantes em flores, entretanto, em frutos foi verificado o decréscimo

no níveis destas substâncias, com o decorrer do amadurecimento. SHIMADA et al. (2005)

demonstraram que a regulação da expressão de genes relacionados a terpenos pode ser

controlada durante o desenvolvimento da planta, de acordo com as suas necessidades, e que os

diferentes perfis de voláteis nos tecidos pode depender da expressão dos genes e da competição

das enzimas pelo substrato. Foi descrito que 1,8 cineol é emitido por flores como mecanismo

de atração de polinizadores, como abelhas, mariposas e morcegos. No entanto, em folhas, foi

verificado que 1,8 cineol atua inibindo a alimentação foliar de grandes herbívoros, como lebres

e veados, e também fornece vantagem competitiva para várias espécies de angiospermas, como

agente inibidor da germinação de sementes de outras espécies (CROTEAU et al., 2000). Além

de estar envolvido em interações planta-planta ele também possui ação antifúngica

(PATTNAIK et al., 1997).

A sequência de aminoácidos do gene CrTPS26 mostrou alta identidade com uma

sesquiterpeno sintase, reportado por Uji et al. (2015), identificado como δ-elemeno sintase em

limão rugoso (Citrus jambhiri)(Tabela 5), resultado obtido utilizando-se FPP como substrato.

UJI et al. (2015), também avaliou a atividade de monoterpeno sintase para este gene utilizando

GPP como substrato e a principal substância encontrado foi β-mirceno, porém os dados não

foram publicados. Esse resultado indica que a atividade das terpeno sintases nas células pode

depender da regulação a nível de transcrição e da competição de enzimas correlacionadas pelo

substrato.

Outro trabalho mostra a identificação de dois produtos de diferentes classes de terpenos

gerados pela mesma enzima, utilizando substratos diferentes, convertendo GPP em linalol e

FPP em nerolidol (SHIMADA et al., 2014), demonstrando a capacidade de uma enzima de

produzir ambos, monoterpenos e sesquiterpenos.

O gene CsTPS51 também mostrou alto nível de identidade com sequências preditas de

(-) germacrene D sintases de Citrus sinensis, porém essa predição é equivalente a sesquiterpeno

sintases, todavia, a nossas análises resultaram em síntese de monoterpenos, denotando uma

possível falha no processo de anotação por similaridade, de sequências de terpeno sintases

(Tabela 5).

Sequências de aminoácidos de terpeno sintases em citros possuem grande semelhança

entre si, evidenciado em análises filogenéticas, maior do que outros grupos de genes com a

mesma função em outras espécies. Na literatura os genes que codificam proteínas que

sintetizam monoterpenos em citros foram fortemente agrupadas, sugerindo que estes genes

Page 54: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

41

podem ter sido duplicados e especializados após a especiação de citros. Além disso, o acúmulo

de variações continuas nos aminoácidos, deleções, inserções resultaram na diversidade

molecular para a família de genes de monoterpeno sintases e criaram uma alta diversidade em

Citrus spp. Assim estas características de evolução dificultam a predição da função do gene

através de domínios específicos ou identidade de sequências. (SHIMADA et al., 2004; 2005).

Segundo UJI et al. (2015), em geral, os produtos gerados por atividades de terpeno

sintases não podem ser preditos apenas por análises de homologia e identidade de sequências.

O monoterpeno sintase RlemTPS2, por exemplo, que foi isolada de limão rugoso e

caracterizada como sabineno sintase (KOHZAKI et al., 2009), tem 95% e 97% de identidade

de sequência com β-pineno sintases anteriormente identificadas em Citrus limon e Citrus

unshiu (LÜCKER et al., 2002; SHIMADA et al., 2004), evidenciando a necessidade da

realização de testes in vitro para caracterizar a atividade destas enzimas. Nossos resultados

confirmam esta dificuldade, uma vez que através da análise de homologia de sequências dos

genes CrTPS26 de C. reticulata e CsTPS51 de C. sinensis, verificou-se alta similaridade com

δ-elemeno sintase e (-)-germacreno D sintase, respectivamente, todavia foram encontrados

monoterpenos como produtos em nossas análises.

5 CONCLUSÃO

Muitos terpenos ainda serão descobertos, possibilitando novas aplicações. Para que isto

aconteça, é muito importante que haja a caracterização funcional das proteínas. Neste sentido,

o presente estudo teve como objetivo a clonagem, expressão e caracterização funcional de

terpeno sintases de Citros para que, com isto, se obtivesse um maior conhecimento da

biologia/bioquímica de citros. Foi possível identificar substâncias pertencentes da classe de

monoterpenos, por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas, dentre os quais

1,8 cineol, d-limoneno e β-mirceno, a partir da utilização de geranil difosfato como substrato

por duas terpenos sintases de citros, caracterizando-as funcionalmente.

Análises de similaridade indicaram que estas proteínas seriam sesquiterpeno sintases

entretanto, a análise funcional provou que são, na verdade, monoterpeno sintases, reforçando a

idéia de que há a necessidade de testar-se a funcionalidade das enzimas in vitro é fundamental

para que se caracterize sua atividade.

Este trabalho demonstrou também a capacidade destas enzimas de citros produzirem

mais de um produto a partir de um mesmo substrato, característica comum de enzimas desta

classe.

Page 55: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

42

O sucesso obtido com duas terpenos sintases de citros estimula a caracterizar as outras

enzimas clonadas.

Finalmente, o desenvolvimento do projeto abre possibilidades de utilização

biotecnológica destes genes para produção de 1,8 cineol, por exemplo, o que poderia levar a

um produto mais barato que o comercializado hoje (U$ 120,00 por 25 mL).

.

Page 56: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DE TERPENO SINTASES DE CITROS

43

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