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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA MÉDICA - PPGMM CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E GENOTÍPICA, SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS E DETECÇÃO DE GENES DE VIRULÊNCIA DE CEPAS CLÍNICAS E AMBIENTAIS DE Burkholderia pseudomallei TEREZA DE JESUS PINHEIRO GOMES BANDEIRA FORTALEZA - CEARÁ 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA MÉDICA -

PPGMM

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E

GENOTÍPICA, SENSIBILIDADE A

ANTIMICROBIANOS E DETECÇÃO DE GENES DE

VIRULÊNCIA DE CEPAS CLÍNICAS E AMBIENTAIS

DE Burkholderia pseudomallei

TEREZA DE JESUS PINHEIRO GOMES BANDEIRA

FORTALEZA - CEARÁ

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA MÉDICA -

PPGMM

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E

GENOTÍPICA, SENSIBILIDADE A

ANTIMICROBIANOS E DETECÇÃO DE GENES DE

VIRULÊNCIA DE CEPAS CLÍNICAS E AMBIENTAIS

DE Burkholderia pseudomallei

Tese submetida à Coordenação do Curso de Pós-

Graduação em Microbiologia Médica, da Pró-Reitoria

de Pesquisa e Pós-Graduação e da Faculdade de

Medicina, da Universidade Federal do Ceará, como

requisito parcial para obtenção do título de Doutor.

Orientador: Prof. Dr. José Júlio Costa Sidrim

Coorientadora: Prof.a Dr.

a Raimunda Sâmia

Nogueira Brilhante

Doutoranda: Tereza de Jesus Pinheiro Gomes

Bandeira

FORTALEZA - CEARÁ

2011

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À Dona Diva (in memoriam) e “Seu” Manoel, meus amados pais, dedico.

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AGRADECIMENTOS ( ...ou a história de como cheguei aqui...)

Antes de tudo, agradeço a Deus por ter me guiado por este caminho, dando-me luz, força e

coragem para ter ações dignas, humildade e tenacidade.

Meus agradecimentos ao meu marido Pedro, meus filhos Rafael e Renata, meu tudo e razão

da minha ânsia pela vida, por me apoiarem incondicionalmente nessa minha decisão,

principalmente quando alguém questionava: “ a essa altura da vida você ainda tem coragem

de se lançar nesse sufôco?”. Aos meus irmãos, pelo carinho, amizade e confiança.

Ao Prof. Dr. Júlio Sidrim, por ter advinhado o meu desejo e ter me convidado para ser sua

aluna, invertendo afetuosamente uma ordem do passado, quando fomos pela primeira vez

professora-aluno. Por ter acreditado no meu trabalho, mesmo sabendo do tempo que

branqueou meus cabelos, confiou, me acolheu e me guiou. Pelas cobranças pertinentes e

necessárias, pelos ensinamentos e principalmente por me haver despertado a chama que move

os que buscam a intimidade com a ciência. Por tudo isso e mais os valores intangíveis de

compartilhamento, a minha mais sincera expressão de agradecimento e admiração.

Para a Profa. Dr.a Sâmia, o meu agradecimento vem numa embalagem com o mais fino e

brilhante tom da emoção por me haver segurado as mãos e conduzido por estes dois anos,

com zelo, dedicação, sabedoria, ensinando-me como conduzir uma pesquisa e, com seu

exemplo, despertando o desejo de sempre ir mais adiante. Muito me ensinou nas suas

correções, as quais eu recebia com o maior respeito. Lembro-me com graça de uma expressão

que ficou na minha memória e um pequeno riso de saudade me ocorre: ... “Doutora, isso não

é POP!”... nunca a convenci de deixar de me chamar de doutora. Com o tempo, quem sabe...?

Agradeço aos professores doutores Rossana e Marcos Fábio, pela valiosa contribuição ao meu

trabalho, com a constante disponibilidade às minhas demandas. Ao professor doutor Marcos

Fábio, que com tanto esmero revisou minhas publicações e com todo cuidado e compreensão

me ensinou a arte de escrever as linhas da ciência, meu carinhoso reconhecimento.

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Ao retornar aos bancos de sala de aula da minha antiga escola, me deparei com professores

dedicados, comprometidos e competentes que hoje compõem o corpo docente do Programa de

Posgraduação em Microbiologia Médica - PPGMM, a todos o meu muito obrigado.

À Profa. Dra. Maria Cristina Plotkowski, Prof

a. Dra. Elisabeth de Andrade Marques e ao Prof.

Dr. Marcos Fábio Gadelha Rocha, por terem prontamente aceitado o convite para participar

da banca examinadora.

Aos professores Vaulice Sales Café, José Luciano Bezerra Moreira e Washington Baratta

Carneiro (in memoriam) que me fizeram microbiologista, os meus mais respeitosos

agradecimentos.

Agradeço aos médicos infectologistas, Jorge Luís Nobre Rodrigues, Ivo Castelo Branco,

Francisco George Magalhães, Bráulio Matias e Roberto da Justa por terem encaminhado os

casos de melioidose e a mim confiado o diagnóstico etiológico dos seus pacientes.

Agradecimentos dirijo ao Laboratório Central do Estado do Ceará e ao Laboratório do

Hospital Geral de Fortaleza, representados por Dr.a Iracema Patrício e Dr.a Núbia,

respectivamente, por contribuirem com o meu trabalho me encaminhando casos de

melioidose.

Aos profissionais do setor de microbiologia do LabPasteur – DASA pela contribuição técnica

na identificação das espécies de B. pseudomallei e apoio constante à minha vida profissional.

Ao Prof. Vianney Mesquita, da U. F. C. e Academia Cearense da Língua Portuguesa, pela

correção estilística e gramatical deste trabalho.

Ao Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE, na pessoa do seu diretor

geral, Prof. Dr. Flávio Ataliba Barreto, pelas informações geoclimáticas e cartografias

fornecidas.

À equipe de profissionais do PPGMM e do Centro Especializado de Micologia Médica -

CEMM, Carol, secretária da pos-graduação, facilitadora da comunicação docente-discente,

por organizar nossos documentos e matrículas; às amigas, Terezinha e Monalisa, pela

contribuição valiosa aos trabalhos de bancada e preciosa acolhida diária.

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Quando iniciei meus trabalhos no PPGMM, cumprindo os créditos das disciplinas, convivi

com uma turma jovem e alegre de alunos, que me recebeu muito amistosamente e com os

quais passei momentos maravilhosos. Mesmo o estresse de véspera de prova ou seminários,

corrida pela disputa do fluxo, concorrência por espaço, tudo era motivo para agregar mais o

grupo. Aprendi muito com todos, em especial, Amanda, Joyce, Livia, Daniel, Paiva, Eduardo

e João Jaime, que me deram reforço técnico, assim como a Débora que comigo partilhou seu

tempo na escrita, correção, elaboração de textos na lingua inglesa e finalização da tese. A

todos meu carinho, afeição e agradecimento. Vocês todos são coautores deste trabalho!

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"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere

na busca, não aprendo nem ensino".

(Paulo Freire)

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RESUMO

melioidose é uma doença infecciosa grave causada por Burkholderia pseudomallei, um bacilo

Gram-negativo encontrado no solo e na água. A doença é endêmica no sudeste asiático e

hiperendêmica no norte da Austrália, onde a letalidade permanece com uma taxa de 21%. No

Brasil, é considerada uma doença emergente desde março de 2003. Nos últimos oito anos, 12

casos ocorreram no Estado do Ceará e um notificado pelo Governo holandês, por se tratar de

um turista que morreu de melioidose, após visita ao Ceará. Em razão da ocorrência clínica de

melioidose e do isolamento de B. pseudomallei no ambiente do Estado do Ceará, este trabalho

objetivou estudar as cepas clínicas e ambientais de B. pseudomallei isoladas no Estado no

período de 2003 a 2011, visando a identificar as cepas por métodos fenotípicos e moleculares,

determinar o perfil de sensibilidade contra cinco agentes antimicrobianos

(amoxicilina/clavulanato, ceftazidima, imipenem, doxicilina e sulfametoxazol/trimetoprim),

realizar a genotipagem das cepas pela amplificação aleatória de DNA polimórfico - Random

Amplified Polymorphic DNA (RAPD), detectar o gene de virulência Type Three Secretion

System (TTSS), além de avaliar os aspectos clínico-epidemiológicos que caracterizaram a

emergência desta doença no Brasil. Todas as 20 cepas (dez clínicas e dez ambientais) de B.

pseudomallei foram precisamente identificadas tanto pela metodologia VITEK2® quanto pelo

sequenciamento da região 16S do DNA, mostraram resultado negativo no teste de assimilação

de L-arabinose, e exibiram-se positivas para a detecção do gene de virulência TTSS. As

concentrações inibitórias mínimas (CIMs), obtidas por microdiluição em caldo Müeller-

Hinton, demonstraram que todos os isolados (100%) foram sensíveis ao imipenem, à

doxicilina e ao sulfametoxazol- trimetoprim, no entanto, para amoxicilina/clavulanato e

ceftazidima, a sensibilidade foi de 80 e 90%, respectivamente. A técnica de RAPD evidenciou

uma variabilidade genética de 63% entre as cepas de B. pseudomallei oriundas do Estado do

Ceará, as quais foram agrupadas em três clusters diferentes. Este trabalho decerto contribuirá

para o conhecimento das características fenotípicas e genotípicas das cepas de B.

pseudomallei isoladas no Ceará e da atualização da vigilância epidemiológica dos casos de

melioidose ocorridos no Estado, além de contribuir para a conscientização dos órgãos de

saúde competentes para a inclusão do Ceará como zona endêmica para esta enfermidade.

Palavras-chave: Ceará; melioidose; B. pseudomallei; sensibilidade antimicrobiana; gene

TTSS; RAPD.

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ABSTRACT

Melioidosis is a serious infectious disease caused by Burkholderia pseudomallei, a Gram

negative rod, commonly found in soil and water. The disease is endemic in Southeastern Asia

and hyperendemic in Northern Australia. Despite the initiation of empiric therapy, mortality

remains at 21% in patients with melioidosis in Australia. In Brazil, it is considered an

emerging disease, since April 2003, when it was first diagnosed in Ceara, Northeastern Brazil.

In the last eight years, thirteen cases were reported, twelve local cases and one case reported

by the Dutch government because of a tourist who died of melioidosis after a visit to Ceara.

Considering the occurrence of melioidosis in Ceará, this work aimed at studying these clinical

and environmental strains of Burkholderia pseudomallei isolated from Ceará from 2003 to

2011, focusing on the bacterial and molecular identification; determining the susceptibility

profile against five antimicrobial agents (amoxicillin/clavulanate, ceftazidime, imipenem,

doxycycline and trimethoprim/sulfamethoxazole); genotyping through Random Amplified

Polymorphic DNA (RAPD), detecting the virulence gene Type Three Secretion System

(TTSS); and analyzing epidemiological and clinical aspects that characterized the emergence

of this disease in Brazil. All 20 strains (10 clinical and 10 environment) from B. pseudomallei

were accurately identified by both VITEK2 ® and sequencing of the 16S DNA, showed to be

negative for the assimilation of L-arabinose and were positive results for the detection of the

virulence gene TTSS. The minimum inhibitory concentrations (MICs) obtained through

microdilution in Müeller-Hinton broth, showed that all (100%) isolates were sensitive to

imipenem, doxycycline and trimethoprim-sulfamethoxazole, however, the susceptibility rate

to amoxicillin/clavulanate and ceftazidime was of 80 and 90%, respectively, with no

differences between clinical and environmental strains. RAPD-PCR showed a genetic

relatedness of 63% among the B. pseudomallei strains from the State of Ceará, which were

grouped in two different clusters. This work will contribute to the knowledge of phenotypic

and genotypic characteristics of B. pseudomallei strains isolated in Ceará and the update of

epidemiological surveillance of melioidosis cases in the state, also contribute to the awareness

of agencies health authority for inclusion of Ceará State as an endemic area for this disease.

Keywords: Ceara; melioidosis; B. pseudomallei; antimicobrial susceptibility; TTSS gene;

RAPD.

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LISTA DE FIGURAS

1. Esfregaço de aspirado ganglionar corado pelo Gram. 19

2. Testes bioquímicos utilizados na triagem de B. pseudomallei. 20

3. Distribuição mundial de melioidose e isolamentos ambientais de B. pseudomallei. 29

4. Interação hospedeiro-patógeno na melioidose. 36

5. Esfregaço de material purulento aspirado de gânglio mediastinal corado pelo Gram 42

6. Isolados clínicos de Burkholderia pseudomallei: morfologia típica das

colônias.

43

7. Sete morfotipos diferentes de colônias de B. pseudomallei em ágar-Ashdown. 44

8. Crescimento de B. pseudomallei em ágar-sangue e ágar-MacConkey. 45

9. Colônia de B.pseudomallei, crescimento em ágar-Ashdown. 45

10. Colônia de B.pseudomallei, crescimento em ágar-BPSA. 46

11. Imagens que representam as técnicas de preparo do inóculo para os cartões do

VITEK2®.

57

12. Padrões de RAPD de B. pseudomallei isoladas no Ceará com o primer OPQ-16. 71

13 Dendograma da análise do gel dos produtos de PCR com o primer OPQ-16 72

14. Amplificação por PCR do gene TTSS de B. pseudomallei. 72

15 Mapa da distribuição geográfica dos casos de melioidose no Estado do Ceará 78

16. Mapa temático representativo dos tipos de solos dos municípios do Estado do

Ceará.

79

17 Mapa da representação de precipitações pluviométricas do Estado do Ceará 80

18 Mapa representativo do Modelo Digital do Relevo do Estado do Ceará 81

19 Mapa representativo dos tipos climáticos predominantes no Estado do Ceará 82

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LISTA DE QUADROS

1. Condições geoclimáticas das regiões mundiais afetadas pela melioidose e

condições artificiais de crescimento de B. pseudomallei.

23

2 Funções de sobrevivência e virulência codificadas no genoma de B.

pseudomallei.

37

LISTA DE TABELAS

1. Relação de cepas de B. pseudomallei da coleção do CEMM. 56

2. Critérios interpretativos padronizados para os testes de sensibilidade a

antimicrobianos.

59

3 Solventes e diluentes usados na preparação e estocagem das soluções de

antimicrobianos

60

4 Relação dos primers utilizados na metodologia de RAPD 65

5 Resultado do teste de sensibilidade das cepas de B. pseudomallei pela

metodologia VITEK2®

67

6 Concentração inibitória mínima CIM de cepas clínicas e ambientais de B.

pseudomallei isoladas no Ceará determinada pela metodologia de microdiluição

em caldo Müeller-Hinton

68

7 CIM50 e CIM90 de cepas ambientais e clínicas de B. pseudomallei isoladas no

Ceará.

69

8. Cepas clínicas e ambientais de B. pseudomallei da coleção do CEMM.

Identificação bioquímica e molecular.

70

9 Características clínicas e epidemiológicas dos 13 casos de melioidose ocorridos

no Ceará, região Nordeste do Brasil.

77

10 Tipos de solo, clima, precipitações pluviométricas e altitudes dos municípios

afetados pela melioidose no Ceará

84

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LISTA DE ABREVIATURAS

AFLP - Polimorfismo do comprimento do fragmento amplificado –(Amplified

Fragment Length Polymorfism)

AHL - N-acil-homosserina lactona

AI - Autoindutores

AMC - Amoxicilina/clavulanato

Ara - L-arabinose

ATCC - American Type Culture Collection

BHI - Brain Heart Infusion

BPSA - B. pseudomallei selective Agar

CAZ - Ceftazidima

CD - Coding Sequence

CR - Complemente Receptor

CEMM - Centro Especializado em Micologia Médica

CIM - Concentração inibitória mínima

CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute

CPS - Coli, Proteus, Staphylococcus

DNA - Deoxyribonucleic Acid

rDNA - DNA ribossômico

DOX - Doxicilina

DPOC - Doença pulmonar obstrutiva crônica

EDTA - Ethylenediaminetetraacetic Acid

EEUU - Estados Unidos

ELISA - Enzyme linked immunosorbent assay

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EMP - Embden-Meyerhof-Parnas

FcγR - Fc-gamma receptors

GN - Gram-negativo

BGNNF - Bacilo Gram-negativo não fermentador

IHA - Imuno-hemaglutinação

IAL - Instituto Adolfo Lutz

IgG - Imunoglobulina G

IgM - Imunoglobulina M

IMP - Imipenem

IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará

LAPERE - Laboratório de Patógenos Emergentes e Reemergentes

LPS - Lipopolissacarídeo

LVE - Lista de Verificação de Surtos e Emergências

MgCl - Cloreto de magnésio

MH - Müeller Hinton

mL - Mililitros

MLST - Multilocus Sequence Typing

NAD - Nicotinamida adenina dinucleotídeo

NE - Não entérico

NaOH - Hidróxido de sódio

NVE - Núcleo de Vigilância Epidemiológica

OF - Oxidação/Fermentação

pb - Pares de bases

PCR - Polymerase chain reaction

PFGE - Pulsed Field Gel Electrophoresis

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ppm - Partes por milhão

QS - Quorum Sensing

RAPD - Random Amplified Polimorphyc DNA

RNA - Ribonucleic Acid

rRNA - RNA ribossômico

SESA - Secretaria de Saúde do Estado (Ceará)

SMX - Sulfametoxazol

TBE - Tris-borato-EDTA

TLR - Toll-like receptor

TMP - Trimetoprim

TTSS - Type Three Secretion System

UFC - Unidade formadora de colônias

UV - Ultravioleta

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO – MELIOIDOSE, A DOENÇA ........................................................... 19

2 AGENTE ETIOLÓGICO ................................................................................................ 19

2.1 GENOMA .......................................................................................................................... 22

2.2 RELAÇÕES COM O MEIO AMBIENTE ................................................................................ 23

3 EPIDEMIOLOGIA - DISTRIBUIÇÃO GLOBAL E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA

MELIOIDOSE ........................................................................................................................ 25

3.1 ÁSIA - O BERÇO DA MELIOIDOSE ..................................................................................... 25

3.2 OCEANIA .......................................................................................................................... 27

3.3 ÁFRICA E ORIENTE MÉDIO ............................................................................................. 28

3.4 EUROPA ............................................................................................................................ 28

3.5 AMÉRICAS ........................................................................................................................ 29

3.5.1 MELIOIDOSE NO BRASIL ................................................................................................ 30

4 EPIDEMIOLOGIA MOLECULAR ............................................................................... 31

5 PATOGÊNESE E FATORES DE VIRULÊNCIA ASSOCIADO ............................... 33

5.1 TRANSMISSÃO .................................................................................................................. 33

5.2 FATORES DE VIRULÊNCIA - INTERAÇÃO HOSPEDEIRO – PATÓGENO ............................. 34

6 FORMAS CLÍNICAS ....................................................................................................... 40

7 DIAGNÓSTICO ................................................................................................................ 41

7.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO ................................................................................................... 41

7.2 DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO ................................................................................... 43

7.3 DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO ........................................................................................... 48

7.4 DIAGNÓSTICO MOLECULAR ........................................................................................... 49

8 TRATAMENTO ............................................................................................................... 51

9 PERGUNTAS DE PARTIDA .......................................................................................... 55

10 HIPÓTESES .................................................................................................................... 55

11 OBJETIVOS .................................................................................................................... 55

11.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................... 55

11.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... 55

12 METODOLOGIA ........................................................................................................... 56

12.1 AMOSTRA ....................................................................................................................... 56

12.2 PRECAUÇÕES DE BIOSSEGURANÇA................................................................................ 57

12.3 TESTE DE ASSIMILAÇÃO DA L-ARABINOSE E IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR ................ 57

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12.4 IDENTIFICAÇÃO E SENSIBILIDADE AUTOMATIZADAS PELA METODOLOGIA VITEK2®

58

12.5 SENSIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS PELO MÉTODO DE MICRODILUIÇÃO EM CALDO

MÜELLER-HINTON, SEGUNDO METODOLOGIA DO CLSI, DOC. M7-A8 (CLSI, 2009B). ........ 59

12.6 IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR POR PCR ESPECÍFICA ................................................... 62

12.7 SEQUENCIAMENTO DE DNA .......................................................................................... 63

12.8 TÉCNICA DE RAPD - DNA POLIMÓRFICO AMPLIFICADO ALEATORIAMENTE ............ 65

12.9 REAÇÕES DE PCR PARA DETECÇÃO DO GENE DE VIRULÊNCIA ................................... 65

12.10 CATALOGAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICOEPIDEMIOLÓGICAS DOS CASOS DE

MELIOIDOSE OCORRIDOS NO CEARÁ, NO PERÍODO DE 2005 A 2011 ....................................... 66

13 RESULTADOS ............................................................................................................... 66

12.11 TESTES MANUAIS DE IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR E TESTE DE ASSIMILAÇÃO DE L-

ARABINOSE ............................................................................................................................... 66

12.12 RESULTADOS DA IDENTIFICAÇÃO AUTOMATIZADA E SENSIBILIDADE PELA

METODOLOGIA VITEK2® ...................................................................................................... 67

12.13 RESULTADOS DO TESTE DE SENSIBILIDADE PELA MICRODILUIÇÃO EM CALDO

MÜELLER-HINTON................................................................................................................... 68

12.14 IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR PELA TÉCNICA DE PCR ESPECÍFICA ........................... 69

12.15 SEQUENCIAMENTO DA REGIÃO 16S DO DNAR ........................................................... 69

12.16 CARACTERIZAÇÃO GENOTÍPICA PELA TÉCNICA DE RAPD ....................................... 70

12.17 DETECÇÃO DO GENE TTSS PELA TÉCNICA DA PCR .................................................. 72

12.18 CATALOGAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICOEPIDEMIOLÓGICAS DOS CASOS DE

MELIOIDOSE OCORRIDOS NO CEARÁ ....................................................................................... 73

14 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 84

15 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 91

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 93

ANEXOS ............................................................................................................................... 114

ANEXO I ............................................................................................................................... 115

ANEXO II .............................................................................................................................. 116

ANEXO III ............................................................................................................................ 120

ANEXO IV ............................................................................................................................ 121

ANEXO V .............................................................................................................................. 122

ANEXO VI ............................................................................................................................ 123

ANEXO VII ........................................................................................................................... 124

ANEXO VIII ......................................................................................................................... 125

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ANEXO IX ............................................................................................................................ 126

ANEXO X .............................................................................................................................. 127

ANEXO XI ............................................................................................................................ 128

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1 INTRODUÇÃO – MELIOIDOSE, A DOENÇA

Burkholderia pseudomallei, agente causal da melioidose, é um bacilo Gram-negativo

habitante natural do solo e da água e tem sido isolado do solo em áreas endêmicas da doença

(KAESTLI et al., 2009). melioidose é uma doença infecciosa grave que acomete o homem e

animais, apresentando uma grande variedade de formas clínicas, desde infecção assintomática

até choque séptico fulminante (SUPRAPOM et al., 2007). A maioria dos casos de melioidose

relatada apresenta uma história natural de infecções recentes, embora o estado de latência com

reativação após vários anos tenha sido comprovado (CHENG; CURRIE, 2005). A melioidose

se manifesta de forma endêmica no sudeste asiático, hiperendêmica na Austrália tropical e

ocorre esporadicamente em outros países (CURRIE, 2009). Essa doença é ocasionalmente

relatada em turistas que retornam de zonas endêmicas (GÉTAZ et al., 2011).

A infecção por B. pseudomallei em humanos e animais pode ocorrer por inoculação,

ingestão de água contaminada ou inalação de aerossóis ambientais. Na melioidose, as mais

prováveis situações que favorecem a contaminação com o seu agente são: a rega do solo na

estação da seca e a época das precipitações pluviométricas. Nestas situações, animais e seres

humanos podem adquirir do solo ou água barrenta partículas que transportam a bactéria

(HOLDEN et al., 2004).

A exposição da população a B. pseudomallei em áreas endêmicas da melioidose pode

determinar no indivíduo, uma vez infectado, uma resposta imunológica pela produção de

anticorpos sem evidência clínica da doença (WUTHIEKANUM et al., 2004).

2 AGENTE ETIOLÓGICO

Várias publicações descreveram o agente causal da melioidose, apresentando uma

nomenclatura evolutivamente variável, desde Bacillus whitmorii, Pfeifferella whitmorii,

Pfeifferella pseudomallei, Actinobacillus pseudomallei, Loefferella whitmorii, Malleomyces

pseudomallei, Pseudomonas pseudomallei, até Burkholderia pseudomallei, proposta por

Yabuuchi et al., em 1993 (YABUUCHI et al., 1993; SPRAGUE; NEUBAUER, 2004).

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B. pseudomallei está classificada taxonômicamente, segundo o manual Bergey em: Reino - Bacteria,

Filo – Proteobacteria,

Classe - Beta Proteobacteria,

Ordem - Burkholderiales,

Família - Burkholderiaceae,

Gênero - Burkholderia

Espécie - Burkholderia pseudomallei.

(BRENNER et al., 2005)

B. pseudomallei é um bacilo Gram-negativo, de vida intracelular facultativa, reação de

oxidase positiva, ligeiramente curvo, mede 0,5 a 1,0 µ, não esporula e apresenta aspecto

bipolar quando corado pelo Gram, com extremidades arredondadas e aparência de broche de

segurança (Figura 1). B. pseudomallei apresenta um só flagelo polar ou, às vezes, um tufo de

flagelos polares (CHENG; CURRIE, 2005).

Figura 1. Esfregaço de aspirado ganglionar corado pelo Gram, apresentando bacilos Gram-negativos. Nas setas,

destaque para bacilos com formas de broche de segurança. Fonte: LAPERE, 2009.

As espécies do gênero Burkholderia são classificadas no grupo dos bacilos Gram-

negativos não fermentadores de glicose e são aeróbios, ou seja, dependentes do oxigênio

como aceptor final de elétrons. A espécie B. pseudomallei possui, entretanto, a capacidade de

crescer também em meios contendo nitrato, pois utiliza o nitrato ou nitrito no lugar do

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oxigênio como aceptor final de elétrons, podendo, assim, também crescer anaerobicamente

(HAMAD et al., 2011). A designação de “não fermentador” significa que essa espécie de

bactéria não metaboliza glicose pela via da fermentação de Embden-Meyerhof-Parnas (EMP),

também denominada via glicolítica ou anaeróbica (HUGH; LEIFSON, 1953). Espécies de B.

pseudomallei utilizam, no entanto, carboidratos como fonte de energia por intermédio da

respiração aeróbica, quando o aceptor final de elétrons é o oxigênio, ou anaeróbica, quando

este aceptor é o nitrato. A enzima citocromo oxidase, comum em bactérias aeróbias, está

presente nas espécies de B. pseudomallei catalisando o transporte de elétrons do composto

doador (NAD – nicotinamida adenina dinucleotideo) para o aceptor (geralmente o oxigênio).

Este sistema de citocromo tem como produto final de metabolismo a água e o peróxido de

oxigênio. Este último, em seguida, é hidrolisado pela enzima catalase (ISENBERG, 2004).

Na Figura 2, ilustra-se uma representação do metabolismo de carboidratos de B.

pseudomallei em meios de cultura com provas bioquímicas para testar a utilização dos

açúcares glicose e lactose pela reação de oxidação/fermentação (OF) de Hugh-Leifson e da

reação de oxidase em tiras de papel.

Figura 2. Testes bioquímicos utilizados na triagem de B. pseudomallei. (a) teste de fermentação/oxidação de

glicose (Hugh-Leifson) com padrão oxidativo evidenciado pelo crescimento em amarelo no tubo não selado e

manifestação assacarolítica (inerte) no tubo selado com óleo mineral; (b) teste de oxidase positivo - a tira de

papel possui um aceptor artificial de elétrons, que é o composto N’-tetra-methyl-p-phenylenediamine

dihydrochloride que, ao ser oxidado, forma o composto indofenol azul (Dry-slide Difco); (c) Meio IAL (Instituto

Adolfo Lutz) exibe um metabolismo oxidativo pela ausência de mudança do pH no meio (padrão inerte). Fonte:

LAPERE, 2011.

a b c

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2.1 Genoma

O genoma de B. pseudomallei foi determinado pela cepa K96243, isolada de um caso

clínico na Tailândia. Contém 7.25 megabase de pares e consiste de dois replicons circulares

de 4,07 Mb e 3,17 Mb cada (European Molecular Biology Laboratory accession, BX571965

[GenBank] e BX571966 [GenBank]). Estes dois replicons foram designados como

cromossomo 1 e cromossomo 2 e codificam 3.460 e 2.395 sequências codificadoras,

respectivamente (HOLDEN et al., 2004).

O genoma da espécie B. pseudomallei possui muitas ilhas genômicas e sequências de

repetição, semelhante ao que foi encontrado no genoma de Burkholderia mallei à qual é

estreitamente relacionada. Três diferentes sistemas de secreção do tipo III, TTSS, são

codificados nos cromossomos de B. Pseudomallei, cujo funcionamento está na dependência

da expressão de um complexo grupo de genes (HOLDEN et al., 2004).

O cromossomo 1 contém maior proporção de sequências codificadoras envolvidas em

funções essenciais, como a biossíntese de macromoléculas, metabolismo de aminoácidos, de

cofatores, de nucleotídeos e de proteínas. O cromossomo 2 contém um fraco padrão G + C e

um replicon com as mesmas características apresentadas por plasmídios. Segundo Holden et

al (2004), as sequências codificadoras desse cromossomo estão envolvidas no metabolismo

central e em funções também essenciais, o que o levou a designar este componente do

genoma de “cromossomo 2”, em vez de megaplasmídio.

Ademais, o cromossomo 2 contém uma proporção maior de sequências codificadoras

de funções acessórias, como adaptação às condições atípicas, proteção contra injúria

osmótica, aquisição de ferro, metabolismo secundário, regulamentação e aquisição de DNA.

Este compartilhamento entre funções acessórias e principais destes dois cromossomos de B.

pseudomallei parece ser uma característica remanescente da convivência desta bactéria com

Streptomyces coelicolor, também habitante do solo, com quem provavelmente coabitou no

meio ambiente, na rizosfera (HOLDEN et al., 2004).

A dupla existência de B. pseudomallei, como colonizador do solo e patógeno humano,

exige flexibilidade, o que se vê refletido na magnitude do seu genoma. O tamanho do genoma

dota o microrganismo com um amplo estoque de sequencias codificadoras (Coding Sequence

CDs) de funções diversas que promovem a sobrevivência em vários ambientes. Esta

capacidade é evidente no grande repertório metabólico codificado e na redundância vista por

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alguns dos determinantes de virulência, tais como a secreção de proteínas do sistema de

secreção do tipo III, que injetam na célula potentes adesinas, cuja função se adita às funções

de adesão também atribuídas às fimbrias (HOLDEN et al., 2004).

2.2 Relações com o meio ambiente

B. pseudomallei é um microrganismo saprófita do solo em regiões tropicais e residente

da rizosfera. Foi isolado em campos de plantações de arroz, água estagnada e no solo úmido

(BRETT; WOODS, 2000).

Este microrganismo pode ser encontrado nas camadas de argila em uma profundidade

que varia de 25 a 120 cm da superfície e pode ainda sobreviver em uma faixa de temperatura

de 4 a 42 oC em água barrenta. Uma hipótese para a facilidade com que este agente cresce no

solo é a sua propriedade de reduzir nitrato, permitindo o seu crescimento em baixas

concentrações de oxigênio. Além disso, o isolamento de B. pseudomallei das camadas abaixo

da superfície do solo e da água é relatado como resultado da sensibilidade deste agente à luz

ultravioleta nas camadas mais superficiais destes ambientes (DANCE, 2000a).

As observações de Sprague e Neubauer (2004) também reforçam esta hipótese, uma

vez que esses autores relataram que B.pseudomallei foi isolada com frequência do solo em

locais onde os animais descansam em áreas sombreadas protegidas do sol. Relataram também

uma característica de sobrevivência desta espécie no solo pela sua movimentação em busca de

oxigênio, chamada aerotatismo ou aerotaxis, que contribui para que elas se desloquem

ativamente das camadas mais profundas do solo para as mais superfíciais, facilitadas pelo

umedecimento do solo, decorrente, por exemplo, da chuva ou de práticas agrícolas.

B. pseudomallei é sensível à radiação ultravioleta (UV) da luz solar (SAGRIPANTI et

al., 2009), não se multiplica no estuário ou água salgada e o pH que permite a sua

multiplicação no solo pode variar de 4,0 a 8,0 sob uma umidade mínima de 10-15% (INGLIS

et al., 2001).

O cloro, por sua vez, tem apenas um efeito bacteriostático sobre B. pseudomallei, pois

este agente foi recuperado da água contendo até 1.000 ppm (partes por milhão) de cloro livre

(HOWARD; INGLIS, 2003; INGLIS T. J. J.; SAGRIPANTI, J., 2006). Em relação ao óxido

de cálcio a 10% (cal), o seu efeito inibidor contra B. pseudomallei foi demonstrado em

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laboratório, em amostras de solo coletadas em um campo de arroz no norte-leste da Tailândia

(WHITE et al., 2003).

As condições geoclimáticas das regiões mundiais onde a melioidose ocorreu de forma

endêmica ou esporádica nos últimos anos e algumas características de crescimento de B.

pseudomallei no meio ambiente e in vitro estão sumariadas no Quadro 1. Observa-se neste

quadro a versatilidade de crescimento e sobrevivência deste agente em condições

geoclimáticas e laboratoriais diversas.

Quadro1. Condições geoclimáticas das regiões mundiais afetadasde pela melioidose e condições artificiais

de crescimento de B. pseudomallei relatadas na literatura com suas respectivas referências.

Condições Referências

Temperatura de 37–42°C in vitro Dance (2000a)

Atmosfera de anaerobiose Tandhavanant et al., (2010); Hamad et al., (2011)

Temperatura de 5°C in vitro Yabuuchi et al., (1993)

Crescimento em soluções antissépticas Cheng; Currie, (2005); Gal et al, (2004)

Clima tropical e subtropical Dance (2000a)

Áreas abertas sem florestas Dance (2000a)

Estação das chuvas Draper et al., (2010); Dance, (2000a); Chen et al., (2010);

Limmathurotsakul. et al., (2011); Inglis et al, (2001); Currie; Jacups,

(2003)

Estação da seca Inglis et al, (2001); Currie, (2001)

Ambientes com escassez de nutrientes Wuthiekanun et al., (1995); Inglis et al., (2001)

Áreas de pastagens de animais Dance, (2000a); Sprague; Neubauer, (2004)

Terrenos com altitudes de 140 a 557 m Dance, (2000a), Rattanavong, (2011)

Solo de plantações de arroz Dance (2000a)

Solo argiloso (maior retenção de água) Inglis (2001), Palasatien et al., (2008)

Solo arenoso Wuthiekanun et al., (1995)

Solo a uma faixa de pH de 2,0 a 9,0 Finkelstein, (2000), Inglis (2001), Robertson et al., (2010)

Solo desidratados (conteúdo d’água <10%) Chen et al., (2003)

Solo - ambiente da rizosfera Kaestli, (2009), Chen et al., (2003)

Fonte: elaboraçãoo própria, recorrendo à literatura.

A associação de melioidose com a época de chuvas é embasada na hipótese de que,

durante este período, B. pseudomallei é movida para a superfície, à medida que o volume da

água sobe com as fortes chuvas. Alguns autores observaram também que este fenômeno de

movimento dos microrganismos para a superfície resulta em uma quantidade maior de inóculo

ofertada às pessoas contactantes. Com efeito, os pacientes acometidos de melioidose após

uma ou duas semanas da ocorrência de chuvas pesadas apresentaram formas mais graves da

doença (CURRIE; JACUPS, 2003; CHENG; CURRIE, 2005; INGLIS;SAGRIPANTI, 2006).

Em decorrência da facilidade de disseminação e manutenção de B. pseudomallei no

meio ambiente, sua fácil transmissibilidade e por causar patologia de alta letalidade, o centro

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de controle de doenças nos EEUU, Centers for Disease Control and Prevention (CDC), a

classificou como agente da categoria B de terrorismo biológico, e recomendou que este

microrganismo seja tratado em nível 3 de biossegurança. Além dos EEUU, a antiga União

Soviética, e, possivelmente, o Egito consideram B. pseudomallei como um agente de guerra

biológica em potencial, mas nunca o usaram para esta finalidade (KORTEPETER et al., 2000;

ALIBEK et al., 1999; SHOHAM et al., 1998).

3 EPIDEMIOLOGIA - DISTRIBUIÇÃO GLOBAL E EVOLUÇÃO

HISTÓRICA DA MELIOIDOSE

3.1 Ásia - o berço da melioidose

Em 1913, na Ásia, o capitão Alfred Whitmore, um médico patologista britânico

servindo na Birmânia trabalhava no laboratório do Hospital Geral em Rangoon quando

publicou um relato de caso sobre uma nova patologia no qual se declarou afortunado por

haver deparado uma doença estranha, grave, logo nos primeiros dois anos de trabalho naquele

país.

Nesse relatório, o autor assim se expressou:

As oportunidades de um patologista em um grande hospital oriental são

muitas; mas seu tempo para o trabalho de pesquisa é curto e suas

conveniências são poucas. Indubitavelmente, é ao acaso que devemos a

distinção de uma doença; mas, espero que tenha sido por observação acurada

e experimentação precisa que tenhamos buscado preencher nosso

conhecimento.

(WHITMORE, A., J. Hyg., v.13, p.1, 1913).

Esta declaração é parte do relato dos primeiros casos de uma doença infecciosa grave,

com características semelhantes a mormo, que se manifestou em Rangoon em 1911. Nessa

ocasião, foi realizada uma necropsia no corpo de um birmanês de 40 anos, usuário de morfina,

admitido ao hospital com febre que persistia há sete dias e múltiplos abscessos superficiais

nas marcas de injeções. Foram encontradas lesões pulmonares caseosas cuja distribuição e

aparência não se assemelhavam a pneumonia lobar nem a tuberculose. Um esfregaço destes

materiais evidenciou a presença de um bacilo com a mesma forma e tamanho do então

conhecido Bacillus mallei, causador de Mormo. Em seu relato, Alfred Whitmore revelou

ainda que as autoridades locais foram notificadas, mas a doença não pôde ser catalogada

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como Mormo, pois não havia evidência de contato com cavalos, uma vez que o paciente tinha

sido liberado recentemente de uma prisão. Vários experimentos foram realizados pelo Dr.

Whitmore, como inoculação em meios artificiais e em cobaias, além de observações

pertinentes sobre a doença por ele detalhadamente descrita (WHITMORE, 1913).

Em 1914, um ano após a descrição original da melioidose por Alfred Whitmore, um

surto de uma doença septicêmica fatal vitimou vários animais do laboratório do Instituto de

Pesquisa Médica, em Kuala Lumpur, capital da Malásia (STANTON; FLETCHER, 1921).

Em 1917, A.T. Stanton investigou um surto de uma doença semelhante à cólera, mas

com evolução septicêmica, que ocorreu ao sul de Rangoon, e isolou de espécimes clínicos e

espécimes colhidos pos-mortem o seu agente causal, um bacilo semelhante ao descrito por

Whitmore. Em 1919, Stanton, juntamente com Fletcher, reconheceram a semelhança entre os

agentes isolados destes surtos com o bacilo de Whitmore e criaram, nesta ocasião, o termo

melioidose para a denominação da doença, do grego melis, que significa semelhante ao

mormo (STANTON; FLETCHER, 1921).

Pons e Advier, em 1925, diagnosticaram o primeiro caso de melioidose no Vietnã em

uma paciente de 24 anos, grávida, que vivia num vilarejo nos arredores de Saigon.

Hemoculturas foram realizadas e apresentaram o isolamento de um bacilo Gram-negativo

que, segundo o autor, foi identificado como Bacillus whitmorii (PONS et al. 1927). Em

seguida a esta ocorrência, surgiu o primeiro caso de melioidose em Singapura, no ano de 1931

(STANTON; FLETCHER, 1932).

A melioidose teve grande impacto na saúde dos soldados que serviram na Ásia em

tempos de guerra, quando esta doença se manifestou em soldados aliados japoneses na

Birmânia, Malásia e na Tailândia (PATON et al.,1947), além dos casos de melioidose latente

que recrudesceram em veteranos após a guerra. Durante a Guerra da Indochina, havia pelo

menos 100 casos de melioidose entre as forças francesas (PECK; ZWANENBURG, 1947).

Esta doença continuou seu ciclo de instalação no sudeste da Ásia, quando ocorreu pela

primeira vez na Índia e na Turquia em 1953. Na Tailândia, esta doença surgiu pela primeira

vez em 1955 e o seu agente foi isolado no solo em várias regiões desse país (CHITTIVEJ, et

al., 1955; IVES et al., 1961).

Em Hong-Kong, foram relatados quatro casos de melioidose septicêmica em pacientes

idosos com Diabetes Mellitus (SO et al., 1984). Em Taiwan, melioidose foi relatada em 1985

no Lin-Kou Medical Center, em Taipei, onde uma paciente de 46 anos, transferida das

Filipinas, foi admitida com pneumonia secundária a afogamento (LEE et al., 1985).

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Até 1989 a melioidose não tinha sido relatada na Indonésia nem nas Filipinas, países

que foram relacionados a casos de melioidose em viajantes após visitá-los

(LEELARASAMEE; BOVORNKITTI, 1989).

Em 1999, foi relatado um caso de melioidose em um paciente belga de 66 anos com

história de viagem anterior ao Siri-Lanka, que apresentou abscesso pulmonar e cerebral em

cujo aspirado foi isolado B. pseudomallei. (PEETERMANS et al., 1999).

Outros países asiáticos onde melioidose tem ocorrido são Índia, Bangladesh e

Paquistão (CURRIE, 2003). Ao longo do século XX, a melioidose teve sua disseminação

facilitada pelas guerras, principalmente com envolvimento em conflitos asiáticos.

Uma vez que B. pseudomallei, agente da melioidose, é um microrganismo encontrado

no solo, a taxa de infecção entre soldados durante e após o serviço na guerra foi quatro vezes

superior ao da população em geral, sugerindo que o contato próximo com o solo durante os

treinamentos e manobras militares pode acarretar um risco aumentado de melioidose

(VIETRI; DESHAZER , 2008). Já no século atual, B. pseudomallei foi isolada em espécimes

clínicos de 14 pacientes em Brunei, no período de 2001 a 2007, dos quais foram isoladas 11

cepas em hemocultura (PANDE; KADIR, 2011).

3.2 Oceania

Na Oceania, a melioidose ocorreu pela primeira vez na Austrália, em 1949, depois da

Segunda Guerra Mundial, por ocasião de um surto em ovinos no norte do Estado de

Quensland. No ano seguinte, sucedeu a primeira manifestação humana da melioidose nesse

país, permanecendo, desde então, endêmica, principalmente em áreas tropicais

(REMINGTON, 1962). A melioidose é considerada também endêmica em Townsville, uma

cidade na costa do nordeste desse país, e hiperendêmica na extremidade superior do território

norte da Austrália, onde foi considerada a causa mais comum de pneumonia bacteriana fatal

na comunidade.

Em uma remota comunidade costeira da Austrália ocidental, em 1997, durante a

estação da seca, uma quantidade anormal de casos de melioidose foi confirmada pelo

isolamento de B. pseudomallei em espécimes clínicos de sete pacientes envolvidos, o que

determinou uma investigação de surto. O isolamento de B. pseudomallei ocorreu também em

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amostras em locais próximos das casas dos pacientes e na água de abastecimento público

(INGLIS et al., 1999; CHENG; CURRIE, 2005).

3.3 África e Oriente Médio

A melioidose foi relatada na África, inicialmente, em espécies animais. Na Nigéria

esta doença acometeu porcos em 1936 (GIRARD, 1936); dromedários em 1986

(GALIMAND; DODIN, 1986) e o seu agente, B. pseudomallei, foi isolado em tecidos de

abortos fetais em cabras na África do Sul (VAN DER LUGT; HENTON, 1995). Apesar

destes relatos, a doença em humanos foi relatada pela primeira vez apenas em 1985 no oeste

deste Continente (WALL et al., 1985) e posteriormente em Gâmbia, Quênia, Madagascar,

Serra Leoa e Uganda (LIMMATHUROTSAKUL; PEACOCK., 2011). A ocorrência de

melioidose no Continente Africano está mais frequentemente relacionada a casos de

melioidose descritos em pessoas que visitaram este Continente em épocas anteriores

(SALAM et al., 2011).

No Oriente Médio, a melioidose foi relatada esporadicamente com casos confirmados

apenas no Iran (POURTAGHVA et al., 1977). Em outros países desta região, no entanto,

foram relatados casos com identificação não confirmada, histórias incertas de viagens ou

casos com apenas evidências sorológicas. Estas últimas ocorrências envolvem os seguintes

países: Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Egito e Turquia (DANCE, 2000b).

3.4 Europa

A melioidose também foi relatada em regiões não tropicais. Por volta de 1970, casos

de melioidose ocorreram na França, em um zoológico de Paris, e daí a doença se espalhou

para outros zoológicos e centros equestres na França. Houve extensa contaminação do solo

que persistiu por alguns anos, além de dois casos humanos fatais e óbitos em cavalos

(quantidade não relatada). Nesta ocorrência, B. pseudomallei foi introduzida na França

provavelmente pela importação de animais infectados, tendo como maior suspeita cavalos

provindos do Iran. Não houve repetição ou continuação do surto nem casos esporádicos

descritos na França após este episódio, que ficou conhecido como L’affaire du Jardin des

Plantes. (CURRIE, 2003).

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Outro episódio relacionado à melioidose na Europa foi relatado em Bolonha, na Itália,

no ano 2000, quando uma pesquisa foi realizada com o objetivo de ampliar a abrangência do

exame bacteriológico da água pela inclusão de B. pseudomallei e B. mallei na lista de

organismos detectados por este exame. Foram cultivadas 85 amostras de água potável para

detectar a presença destes dois microrganismos, das quais 7% apresentaram o isolamento de

B. pseudomallei e 3,5% Burkholderia mallei (ZANETTI et al, 2000).

3.5 Américas

Nos Estados Unidos da América (EUA), a melioidose manifesta-se como casos

relacionados à história de viagens anteriores dos pacientes a áreas endêmicas ou casos com

evidências apenas sorológicas (BEAMER et al., 1948; EICKHOFF et al., 1970;

MCCORMICK et al., 1977).

As guerras contribuíram para aumentar as ocorrências de melioidose nos EEUU por

meio das manifestações da forma latente da doença após o seu término. Os relatos de casos de

melioidose relacionados à Guerra do Vietnã contribuíram com a mudança na descrição desta

doença pelo reconhecimento de suas formas crônicas e reativadas (HOLDEN et al., 2004).

Estas ocorrências levaram os pesquisadores na época a observarem a tendência da doença de

se manifestar depois de um intervalo, a contar do momento do contágio, fenômeno este que

alcançou o recorde de 29 anos em veteranos do Vietnã.

A forma pneumônica da melioidose também foi relacionada a estadunidenses, pilotos

de helicópteros, em decorrência da inalação de poeiras contaminadas oriundas da terra

revolvida pelo movimento das hélices durante a Guerra do Vietnã (CHENG; CURRIE, 2005;

INGLIS; SAGRIPANTE, 2006). Foram relatados 343 casos de melioidose entre os soldados

dos EEUU durante a Guerra do Vietnã, alguns dos quais só se manifestaram anos após o fim

do conflito, fenômeno este que foi denominado de Vietnã Time Bomb (VIETRI; DESHAZER,

2007).

A primeira vez que melioidose foi associada à América Latina foi em um caso

diagnosticado nos EUA em um paciente que trabalhou no canal do Panamá em 1962

(BIEGELEISEN et al., 1964; INGLIS et al., 2006a). Existem relatos de casos esporádicos de

melioidose na América Central (DORMAN et al., 1998), ocorridos principalmente após

inundações. Nesta parte da América, no entanto, as tempestades tropicais não causaram surtos

de Melioidose, a exemplo do que ocorreu após o tsunami do oceano Índico em 2004.

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Provavelmente dificuldades na qualificação dos laboratórios clínicos nesses países tenham

impossibilitado o diagnóstico etiológico causando possivelmente subnotificação desta

patologia (INGLIS et al., 2006a).

A ocorrência mundial da melioidose foi representada na figura 3, com mapeamento

das áreas endêmicas, das manifestações de casos esporádicos e de relatos de isolamentos

ambientais do seu agente causal, B. pseudomallei.

Figura 3. Distribuição mundial de melioidose e isolamentos ambientais de B. pseudomallei. Fonte CHENG; CURRIE, 2005.

3.5.1 Melioidose no Brasil

No Brasil, existem referências que relatam o isolamento de B. pseudomallei por

pesquisadores franceses em 1977, no solo de duas cidades do interior da Bahia (São Félix e

Santo Antônio), embora as evidências deste isolamento não tenham sido detalhadas. Houve

tentativa de isolar este agente em plantações de arroz no interior do Estado de São Paulo, no

entanto, nenhuma das amostras cultivadas mostrou isolamento de B. pseudomallei

(PESTANA DE CASTRO et al., 1973; GALLIMAND; DODIN, 1982; DANCE, 1991). Em

2007, Barth et al relataram um caso de melioidose em um paciente matogrossense de 17 anos

com fibrose cística, comprovado por isolamento de B. pseudomallei e confirmado por

identificação fenotípica e genotípica.

A primeira manifestação humana da melioidose no Brasil, no entanto, remonta ao ano

de 2003 no Estado do Ceará, pela ocorrência de um surto no interior do Estado, descrito a

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seguir, juntamente com os casos posteriores ocorridos no Ceará até o ano de 2005 e já

relatados na literatura no momento do início deste trabalho:

Casos no 1, 2, 3 e 4 – no Município de Tejuçuoca, localizado ao norte do Estado, a

uma latitude(S) 3º 59’ 20’’ e longitude(WGr) 39º 34’ 50’’, ocorreu a primeira manifestação

de melioidose que teve o envolvimento de quatro crianças da mesma família. As crianças

com idade de 10, 12 14 e 15 anos, duas do sexo feminino e duas do sexo masculino eram

consideradas até então saudáveis, embora com certo grau de desnutrição. Foram internadas

em um hospital da região com queixa de febre, tosse, dor de cabeça e pústulas nos membros

inferiores havia dez dias. O diagnóstico etiológico destes casos foi feito pelo isolamento de

bacilo Gram-negativo na hemocultura de três dos quatro pacientes. A identificação foi

realizada pela metodologia API 20 NE (bioMérieux, Marcy l’Etoile, France) e confirmada por

PCR. O quadro clínico evoluiu para sepse fulminante e apenas uma dessas três crianças

sobreviveu (ROLIM et al., 2005; VIRGINIO et al., 2006).

Caso no 5 - após o incidente de Tejuçuoca, outro caso de melioidose septicêmica

ocorreu em 2004 no Município de Banabuiú, situado no centro-leste do Estado do Ceará, a

uma latitude(S) 5° 18’ 35” e longitude(WGr) 38° 55’ 14”, cerca de 400 km do local do

primeiro surto. Uma mulher de 39 anos, que costumava lavar roupa agachada em um rio nas

proximidades de sua residência, apresentou um abscesso perineal, motivo pelo qual foi

admitida ao hospital com sepse grave. Foram colhidas amostras de sangue para cultura, cujo

resultado positivo mostrou isolamento de B. pseudomallei identificada por provas

bioquímicas e confirmada posteriormente por métodos moleculares (ROLIM et al., 2005).

4 EPIDEMIOLOGIA MOLECULAR

As cepas de B. pseudomallei isoladas por ocasião de surtos foram avaliadas, durante

os anos que se seguiram às primeiras manifestações de melioidose, por uma variedade de

ferramentas moleculares para inferir similaridade genética entre elas. Esses métodos incluem:

ribotipagem, DNA polimórfico amplificado aleatoriamente, ou Random Amplified

polymorphic - DNA (RAPD), e análise dos perfis de fragmentação do DNA cromossômico

por eletroforese em gel de campo pulsado ou pulse-fiel gel electrophoresis – PFGE (CHENG;

CURRIE, 2005).

A técnica de RAPD, descrita pela primeira vez por Williams et al., (1990), consiste na

técnica de PCR, que amplifica o DNA genômico utilizando primers de sequência arbitrária

com dez nucleotídeos. Tipicamente utiliza-se apenas um tipo de primer em cada reação, sendo

este normalmente formado por diferentes combinações das quatro bases nitrogenadas, com

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32

um conteúdo de G+C entre 50 e 70% (FRITSCH; RIESEBERG, 1996). Este método é

utilizado para analisar relações entre cepas clínicas e ambientais de B. pseudomallei (HAASE

et al., 1995; LEELAYUWAT et al., 2000).

PFGE é uma técnica de eletroforese apropriada para separar grandes fragmentos de

DNA, por meio da reorientação do DNA no gel pela ação de campos elétricos alternados

(FANGMAN, W. L., 1978). Na Malásia, 146 isolados de B. pseudomallei foram submetidos à

tipagem molecular pela utilização de PFGE. Nove clusters foram identificados e os autores

conseguiram com este estudo mapear os isolados clínicos no país (CHUA et al., 2010).Chen

et al., (2010) realizaram um estudo sobre a prevalência de B. pseudomallei no solo da

Tailândia e, pela utilização da metodologia de RAPD e PFGE, evidenciaram a presença de

padrões genéticos idênticos entre os isolados clínicos e ambientais.

Um surto de casos de melioidose aguda ocorreu no verão em um vilarejo da Austrália.

As cepas isoladas de amostras clínicas e dos reservatórios d’água foram submetidas à tipagem

molecular pela utilização da técnica de PFGE, cujo resultado mostrou semelhanças entre elas

(INGLIS et al, 1998).

Nos estudos epidemiológicos da melioidose, comparações de métodos de tipagem

molecular demonstram que as análises de RAPD e PFGE são mais discriminatórias do que

ribotipagem (HAASE et al., 1995; VADIVELU et al., 1997; INGLIS et al., 2002). A

constatação de que existem diferentes linhagens de B. pseudomallei com variados antígenos e

genes de virulência demandou estudos moleculares para tipagem molecular de isolados

australianos por PFGE e ribotipagem para caracterização de clusters (CHENG; CURRIE,

2005).

Segundo Currie et al. (2009), PFGE e MLST (Multilocus Sequence Typing) podem

relacionar geneticamente cepas epidemiologicamente relacionadas, mas demandam muito

tempo para obtenção dos resultados. Os autores desenvolveram um método simplificado da

reação de MLST (Multilocus variable analysis), com quatro locus (MLVA-4) que permitiu

implementar melhorias à epidemiologia global e regional da melioidose em áreas endêmicas

(CURRIE et al., 2009; BAKER et al., 2011; INGLIS et al., 2011).

Ribotipagem é um método que identifica e classifica bactérias de acordo com suas

diferenças no RNA ribossômico. Esta técnica usa o padrão de restrição do operon de RNA

ribossômico, 16S e 23S, como ferramenta epidemiológica e fornece bons resultados para a

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33

detecção de polimorfismo do comprimento dos fragmentos de restrição (BOUCHET et al.,

2008).

A ribotipagem foi utilizada por alguns autores para estudos epidemiológicos em

melioidose mediante emprego do padrão de polimorfismo de comprimento de fragmentos de

restrição (Restriction Fragment Length Polymorphisms – RFLP) de RNA ribossômico, para

analisar se a melioidose recorrente foi devido à recaída com a mesma cepa, se foi reinfecção

com uma cepa diferente (LEW, A.E.; DESMARCHELIER, P.M., 1993; CURRIE et al.,

2000). Estudos mostraram também a importância desta metodologia para verificar se alguns

ribotipos predominavam em determinadas áreas geográficas ou eram restritos a uma fonte

comum (CURRIE et al., 2001). O trabalho de Lew e Desmarchelier (1994) foi o primeiro a

utilizar PCR para diagnóstico de B. pseudomallei pelo uso de uma porção conservada da

região 23S rDNA como alvo (LEW, A.E.; DESMARCHELIER, P.M, 1994).

5 PATOGÊNESE E FATORES DE VIRULÊNCIA ASSOCIADO

5.1 Transmissão

Na melioidose, tal como acontece em outras doenças infecciosas, o tamanho do

inóculo tem relação direta com a severidade da doença. Situações que apresentam elevada

carga de inóculo, como ocorrem em afogamentos, estão associadas a uma gravidade maior e a

curtos períodos de incubação, até menos de 24 horas. Os períodos de chuvas fortes estão

associados, não só com o maior número de casos, como também com apresentações

pneumônicas, o que imputa maior importância para inalação como porta de entrada

(CURRIE; JACUPS, 2003; CHENG; CURRIE, 2005). Pequenas feridas nos pés dos

plantadores de arroz são comuns durante o plantio e colheita e funcionam como porta de

entrada, uma vez que esses trabalhadores passam a maior parte do dia com os pés

mergulhados na lama ou água estagnada. Foram descritos também casos de melioidose por

inoculação por picada de cobra em trabalhadores rurais (CHENG; CURRIE, 2005).

Nos relatos de Cheng e Currie (2005), 25% dos casos de melioidose do hospital de

Darwin, na Austrália, apresentaram história de uma lesão de inoculação antes da manifestação

da doença; nesse subgrupo de pacientes foi observado também um período de incubação de

um a 21 dias (CHENG; CURRIE, 2005). Dois casos de transmissão materno-infantil de

melioidose foram relatados ao norte da Austrália. Em ambos os casos, as mães tinham mastite

e uma das duas crianças morreu de sepse. Três cepas de B. pseudomallei foram isoladas de

um destes casos, uma cepa do leite materno e as outras duas do sangue e do líquido

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cefalorraquidiano do bebê. Com a utilização da técnica de eletroforese em gel de campo

pulsátil, comprovou-se uma estreita similaridade entre estas cepas. Nos outros casos, a

transmissão de mãe para filho de B. pseudomallei provavelmente ocorreu em consequência da

infecção placentária (RALPH et al., 2004).

A transmissão entre o homem e o animal, ou mesmo entre os seres humanos, é

bastante rara, embora, na opinião de alguns autores, existam características epidemiológicas e

clínicas semelhantes entre a melioidose humana e em animais (CHOY et al., 2000;

SPRAGUE; NEUBAUER, 2004). Possíveis infecções humanas zoonóticas foram implicadas

em pelo menos três casos em seres humanos na Austrália (CHENG; CURRIE, 2005).

5.2 Fatores de virulência - Interação hospedeiro – patógeno

Nas infecções por B. pseudomallei, as interações hospedeiro-patógeno dependem, no

primeiro momento, da virulência bacteriana e da resposta da imunidade inata. B. pseudomallei

é um microrganismo saprófita e, como tal, tem grande poder de adaptação que lhe permite

sobreviver em ambientes hostis. Apresenta ainda a capacidade de resistir à digestão das

peptidases catiônicas lisossomais e pode sobreviver em várias células eucarióticas, incluindo

neutrófilos e macrófagos. Quando no interior da célula hospedeira, consegue escapar dos

vacúolos endocíticos e forma uma protrusão na membrana pela polimerização da actina. Esta

protrusão na célula infectada é responsável pela disseminação do bacilo de uma célula

hospedeira para a outra vizinha (BREITBACH et al., 2003).

Uma vez dentro da célula hospedeira, B. pseudomallei consegue permanecer viável e

produzir proteases, lipases, lecitinases, catalase, peroxidases, superoxidoredutase,

hemolisinas, exolipídeo citotóxico e siderófilos (WHITE et al., 2003). Algumas dessas

proteínas são também injetadas por B. pseudomallei, diretamente na célula hospedeira, pelo

sistema secretor do tipo três ou Type Three Secretion System (TTSS), utilizado por muitos

outros bacilos Gram-negativos, facilitando a invasão da bactéria na célula hospedeira, e então

permitindo a fuga das vesículas endocíticas, e por isso considerado como atributo de

virulência de B. pseudomallei, contribuindo para a sua patogenicidade (NIERMAN et al,

2004).

O mecanismo do TTSS permite não somente a secreção de proteinas para fora da

célula bacteriana, mas também uma transferência direta de proteinas para o interior das

células do hospedeiro. Os determinantes de virulência envolvidos nesses sistemas de secreção

incluem bombas de efluxo de múltiplas drogas, liberação de toxinas, proteases secretoras e

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diferentes adesinas. O funcionamento deste sistema secretor é semelhante a uma seringa que

injeta diretamente no interior da célula hospedeira as proteínas efetoras citadas, inclusive

tirosina-fosfatases, que catalisam a hidrólise de fosfotirosina de outras proteínas e, assim,

regulam importantes processos bioquímicos das células do hospedeiro. Estes fenômenos

determinam uma cascata de eventos essenciais para o microrganismo superar os mecanismos

de defesa do hospedeiro e estabelecer o processo infeccioso (FRANCIS, 2002).

Os fatores de virulência na superfície das células bacterianas incluem o

lipopolissacarídeo (LPS), polissacarídeos capsulares e flagelos, que também podem

desempenhar importante papel para a formação de biofilmes. A regulação gênica bacteriana

por meio das lactonas N-acil-homoserina (AHLs) é de grande importância para a

sobrevivência bacteriana no interior do hospedeiro, uma vez que funcionam como

codificadores de sinais ou quorum sensing para desencadear importantes funções para a sua

manutenção no processo infeccioso. O hospedeiro, por sua vez, conta com os monócitos,

células consideradas de grande valor na sua defesa, e são provavelmente as mais importantes

células imunológicas no início da infecção (WIERSINGA et al., 2006).

Com base nas evidências provenientes de outros patógenos Gram-negativos,

comprovou-se a importância do papel dos receptores Toll-like (TLRs). TLR4, com os seus

correceptores CD14 e MD2, reconhecem o LPS de B. pseudomallei, enquanto TLR5 pode

reconhecer os flagelos. Os receptores do complemento CR1, CR3 e possivelmente os

receptores para IgG, FcγR, podem mediar a fagocitose opsonina-dependente. O

reconhecimento de B. pseudomallei causa a ativação dos genes pró-inflamatórios por meio do

fator nuclear NF-kB, um complexo protéico que desempenha a função de fator de transcrição,

levando à ativação da resposta imune com a liberação de citocinas pró-inflamatórias

(WIERSINGA et al., 2006).

O lipopolissacarídeo da parede celular (LPS) é um antígeno altamente conservado.

Elevadas concentrações de anticorpos contra LPS estão associadas com a maior probabilidade

de sobrevivência em melioidose grave. B. pseudomallei produz uma cápsula de

polissacarídeos, o glicocálice, um determinante de virulência importante na formação de

biofilme. Neste processo, a cápsula facilita a formação de microcolônias, onde o

microrganismo é simultaneamente protegido da penetração de antibióticos, compartilha

funções biológicas e pode ser genotípica e fenotipicamente alterado, resultando, p. ex., na

diminuição da sensibilidade aos antimicrobianos (WHITE, 2003).

Em decorrência da gravidade da melioidose, sua importância epidemiológica nas

zonas endêmicas e as características peculiares do seu agente B. pseudomallei, registra-se um

grande interesse na identificação e caracterização dos determinantes de virulência destes

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agentes, com o objetivo de implantar estratégias profiláticas e terapêuticas. A variedade de

formas clínicas da melioidose sugere que o seu agente causal utilize uma variedade de fatores

de sobrevivência quando no interior do hospedeiro (PRICE et al., 2010).

Produção de toxinas – o papel das exotoxinas na patogênese da melioidose não é

conclusivo. A alta mortalidade das infecções por B. pseudomallei parece estar relacionada ao

tamanho do inóculo e à propensão do hospedeiro infectado a desenvolver elevado grau de

bacteriemias, embora este fenômeno não seja exclusivo desta espécie, mas comum a outros

bacilos Gram-negativos. Os primeiros estudos sobre a produção de toxinas por B.

pseudomallei tiveram início em 1955, pela demonstração de um efeito letal do sobrenadante

de cultura deste agente em hamsters e camundongos (HECKLY, 1964). Em seguida uma

proteína termolábil de 31.000 Dalton (Da) foi purificada e mostrou ação inibitória à síntese de

DNA e proteínas, além de outra proteína de 762 Da, termoestável, com efeitos citotóxicos em

linhagens de células fagocíticas e não fagocíticas e atividade hemolítica em eritrócitos

(HAUSSLER et al., 1998).

Outras proteínas secretadas – B. pseudomallei secreta proteínas além das

exotoxinas, incluindo siderófilos, proteases, lecitinases, lipases e hemolisinas (ESSELMAN et

al., 1961; HOLDEN ET AL., 2004).

Sistema de secreção tipo III - existem quatro tipos de sistemas secretores, dos quais o

sistema secretor do tipo 3 (TTSS) é o que atua em B. pseudomallei. Este é um mecanismo de

patogenicidade de várias espécies bacterianas, em especial, no gênero Yersinia, onde foi

descoberto e no qual está bem estudado. B. pseudomallei contem três tipos de TTSS,

chamados TTS1, TTS2 e TTS3. Os dois primeiros destes sistemas são semelhantes aos TTSS

patogênicos de plantas e aos sistemas exibidos por Raustonia solanacearum, enquanto o

terceiro é homólogo à ilha de patogenicidade do sistema do gênero Salmonella (HOLDEN et

al., 2004; WARAWA; WOODS, 2005). Novos sistemas de secreção estão sendo descritos

para Gram-negativos, como o tipo VI (T6SS-1), que foi recentemente relatado como

ferramenta importante no fitness desta espécie por apresentar importância no crescimento

intracelular, polimerização actínica e na formação de células gigantes multinucleadas

(BURTNICK et al., 2011; CHEN et al., 2011)

Polissacarídeo de superfície – muitas espécies bacterianas produzem um

polissacarídeo capsular que desempenha diversas funções, como a evasão às defesas do

hospedeiro pela inibição da ativação do complemento, opsonização e fagocitose (WARAWA

et al., 2009). O lipopolissacarídeo (LPS) da parede celular, que é o antígeno imunodominante,

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é altamente conservado. Altas concentrações de anticorpos anti-LPS estão associadas com

aumento da sobrevivência em casos de melioidose grave (WHITE et al., 2003). Sprague e

Neubauer (2004) mostraram nos seus estudos com modelos laboratoriais que o paciente com

melioidose que desenvolve anticorpo anti-LPS pode ter um tempo de sobrevida

significativamente prolongado. Não existe vacina humana ou animal contra melioidose, no

entanto, existem alguns dados promissores sobre a possibilidade de se desenvolver este tipo

de vacina no futuro (SPRAGUE; NEUBAUER, 2004).

Perry et al. caracterizaram os antígenos LPS de B. pseudomallei e evidenciaram que

esta espécie expressa dois antígenos somáticos na sua superfície. O antígeno Tipo I,

constituído por um antígeno de alto peso molecular, um homopolímero ligado 1,3 do resíduo

de 2-O-acetilado-6-desoxi-b-D-manno-heptopiranosil, enquanto o antígeno Tipo II é um

heteropolímero consistindo de (-3)-b-Dglucopiranose (1-3)-6-desoxi-a-L-talopiranosil

(BRETT; WOODS, 2000). O esquema proposto por Wiersinga et al. (2006), para o primeiro

encontro entre B. pseudomallei e o sistema imunológico, está representado na Figura 4.

Figura 4. Interação hospedeiro-patógeno na melioidose. AHL: N-acil homoserina lactona são os componentes difusíveis

responsáveis pelos sinais entre as bactérias para a formação de biofilme; TTSS: sistema secretor tipo 3 que atua em B.

pseudomallei, facilitando a invasão da bactéria na célula hospedeira; TLRs: receptores Toll-like - TLR4, com os seus co-

receptores CD14 e MD2, reconhecem o LPS de B. pseudomallei, enquanto TLR5 pode reconhecer os flagelos; FcγR

receptores da imunoglobulina G e do complemento facilitadores da fagocitose opsonina dependente. Fonte: Wiersinga et al.,

(2006) com permissão do Nature Review Microbiology.

O comportamento coletivo de uma população bacteriana é autorregulado e essa

habilidade é conseguida por intermédio de um mecanismo regulador via expressão simultânea

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de grupos de genes e transdução de sinal, fenômeno este chamado tradução de sinal ou

quorum sensing. Este fenômeno foi descrito pela primeira vez em bactérias bioluminescentes

por Naelson et al., (1970). Bactérias usam o quorum sensing para regular uma série de

funções como a formação de biofilmes, bioluminescência, produção de antibióticos e

expressão de fatores de virulência (SAWASDIDOLN et al., 2010). A síntese de autoindutores

(AI) é a etapa inicial da cascata de sinal em bactérias Gram-negativas, nas quais as N-acil

homoserina latona (AHLs) são os componentes difusíveis responsáveis por esta etapa

(CAMILLI, 2006). Os fatores de virulência de B. pseudomallei com suas funções e

respectivas referências, estão sumariados no Quadro 2.

Quadro 2. Funções de sobrevivência e virulência codificadas no genoma de B. pseudomallei

Objetivo Funções Notas e exemplos Referências

Sobrevivência

Metabolismo

secundário

Quatorze clusters que codificam a biossintese de

antimicrobianos, surfactante e sideróforos.

Holden et al., (2004)

Resistência a

antimicrobianos

Sete betalactamases da classe Ambler: A, B e D,

incluindo cefalosporinase e oxacillinase; seis

sistemas de efluxo multidrogas para

aminoglicosídeos, macrolídeos, e polimixina e uma

aminoglicosídeo-acetiltransferase.

Livermore, (1987)

Estresse

intracelular

Detoxificação do superóxido, superóxido dismutases,

catalase, detoxificação do óxido nítrico e

flavohemoglobina.

Stevens et al., (2002)

Motilidade e

quimiotaxia

Cinco agrupamentos de genes codificam os

componentes de um sistema único flagelar e 38

proteínas associadas à quimiotaxia.

Chua et al., (2003)

Virulência

Sistema secretor Três sistemas de secreção de proteínas do tipo III:

Tipo I, Tipo II e Tipo III.

Winstanley et al.,

(2000); Holden et al.,

(2004); Warawa;

Woods, (2005).

Lipopolissacaríde

o e cápsula

Cluster de genes de síntese e exportação de

polissacarídeo capsular, cluster de biossíntese de

lipopolissacarídeo e dois outros clusters de

biossíntese de polissacarídeos de superfície.

Reckseidler et al.,

(2001)

Exoproteínas Síntese de exoenzimas secretórias que podem lesar os

tecidos do hospedeiro, incluindo fosfolipase C,

metaloproteases A, um homólogo da MucD protease

de P. aeruginosa e um gene putativo da colagenase.

Winstanley et al.,

(1999)

Adesinas Várias proteínas de superfície moduladoras das

interações hospedeiro – célula, incluindo sete

proteínas da família Hep-Hag

Wiersinga et al.,

(2006)

Fímbria e pili Treze clusters codificadores dos componentes da

fímbria tipo I, do pili tipo IV e do pili tad-type.

Wiersinga et al.,

(2006)

Fonte: elaboraçãoo própria, com base na literatura.

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B. pseudomallei produz uma cápsula de polissacarídeo altamente hidratada, que

representa importante determinante de virulência e ajuda na formação de biofilme; este, por

sua vez, protege as microcolônias do acesso de antimicrobianos. No biofilme, ocorrem

alterações fenotípicas entre os habitantes desse convívio, resultando na troca de mecanismos

de resistência bacteriana a antimicrobianos e antissépticos (WHITE et al., 2003).

Trabalhos sobre os atributos de virulência e de caracterização bioquímica de B.

pseudomallei sugeriram a existência de um novo fenótipo avirulento. Os estudos de

caracterização bioquímica de 213 isolados de B. pseudomallei de pacientes com melioidose e

140 isolados do solo na região central e nordeste da Tailândia, realizados por Wuthiekanun et

al. (1996), mostraram diferenças significativas entre os dois grupos, corroborando a ideia de

um novo fenótipo. Segundo Liu et al. (2002), dois biotipos distintos de cepas de B.

pseudomallei foram definidos pela sua capacidade de assimilação de L-arabinose associados à

virulência em modelos animais e variações de nucleotídeos no gene 16S rRNA. O biotipo L-

arabinose positivo (ara +) foi considerado avirulento e foi encontrado quase exclusivamente

em amostras ambientais. Em contraste, os isolados de doença clínica não utilizavam L-

arabinose (ara -), eram altamente virulentos e também foram encontrados no ambiente (LIU et

al., 2002; WUTHIEKANUN, V., 1996).

Smith et al (1997) isolaram e identificaram um organismo muito semelhante ao

patógeno B. pseudomallei em amostras de solo no nordeste da Tailândia. Embora a

morfologia, antigenicidade e sensibilidade a antimicrobianos deste organismo fossem

semelhantes às das bactérias isoladas de pacientes com melioidose, este organismo mostrou

diferenças bioquímicas, exemplificadas pela capacidade de utilizar L-arabinose, denominado

Ara (+) (SMITH et al., 1997). Esses autores utilizaram um modelo murino para determinar a

associação desta característica bioquímica com a virulência. No nordeste da Tailândia, onde

melioidose é endêmica, 75% dos isolados do solo não utilizam a L-arabinose, denominados

Ara (-), enquanto que, na região central, onde melioidose é rara, quase todos os isolados do

solo têm o fenótipo Ara (+). Desde 1986, Smith et al estudaram mais de 1.200 pacientes com

melioidose e, em cada caso, o organismo isolado teve o biotipo Ara (-). Além disso, na cultura

e subcultura de rotina desses isolados, a conversão para o biotipo Ara (+) nunca foi

observada, sugerindo que o biótipo Ara (-) ligado à virulência de B. pseudomallei é estável.

Embora ambos os tipos bioquímicos tenham apresentado semelhanças antigênicas, reações

positivas no teste de aglutinação em látex, e resultados semelhantes nos testes de

hemaglutinação indireta para a melioidose, os autores concluíram, nesse estudo experimental,

que existe diferença marcante entre a virulência apresentada nos animais das cepas Ara (+) e

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Ara (-) de B. pseudomallei. As cepas Ara (-) foram consideradas como virulentas, enquanto as

cepas Ara (+) se mostraram essencialmente não virulentas (SMITH et al., 1987).

Brett et al. (1998), mediante a clonagem e o sequenciamento do 16S rDNA de B.

pseudomallei 1026B (uma cepa virulenta de um isolado clínico) e Burkholderia

pseudomallei-like E264, avaliaram as diferenças entre esses dois organismos. Os resultados

destes estudos, com base em uma análise filogenética de 16S rDNA, confirmaram a presença

de uma nova espécie do gênero Burkholderia, para a qual o autor sugeriu a denominação

Burkholderia thailandensis.

6 FORMAS CLÍNICAS

melioidose afeta praticamente todos os órgãos e sistemas do homem e se manifesta de

maneira semelhante a outras infecções agudas e crônicas (LEELARASAMEE, A., 2004).

Abscessos de tamanhos variados são encontrados no cérebro (LIMMATHUROTSAKUL et

al., 2007), próstata (MORSE et al., 2009), períneo (ROLIM et al., 2009; PRICE et al., 2010),

glândula parótida (WAIWARAWOOTH et al., 2008), baço (APISARNTHANARAK et al.,

2006), ossos (REDONDO et al., 2011), pernas (SHETTY et al., 2008), coxas (LE HELLO et

al., 2005), pele e tecidos moles (WAIWARAWOOTH et al., 2008).

Na melioidose sistêmica, é importante o uso do recurso da imagem para a localização

anatômica de abscessos em órgãos internos pela utilização da ultrassonografia, maneira eficaz

de avaliar também o envolvimento de melioidose no tecido musculoesquelético, vísceras e

tecidos moles (APISARNTHANARAK et al., 2006). A pneumonia é a mais comum das

apresentações clínicas da melioidose em todos os estudos, representando cerca de metade dos

casos (WAIWARAWOOTH et al., 2008). Melioidose na forma pneumônica aguda tem um

espectro clínico que varia da pneumonia indiferenciada leve ao choque séptico fulminante; no

estudo australiano, Darwin mostrou uma mortalidade de 84% (CHENG; CURRIE, 2005).

Além de pneumonia, outras formas são relatadas: empiema, piopericárdio, artrite

séptica, esternoclavicular, linfadenopatia supraclavicular, abscesso escrotal, infecção

mediastinal e da tireóide (LEELARASAMEE A., 2004; CHENG; CURRIE, 2005; CURRIE

et al., 2010). Aneurismas micóticos são frequentes, em particular na artéria da aorta, ilíaca e

subclávia (SIDRIM et al., 2011). No outro extremo do espectro clínico, estão as infecções

assintomáticas, quando adultos saudáveis e jovens têm uma manifestação autolimitada leve da

melioidose ou permanecem sem sintomas (KRONMANN et al., 2009).

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A melioidose pode ser classificada como aguda, subaguda e crônica. Para as formas de

melioidose assintomática e localizada, a taxa de mortalidade é inferior a 10%. A taxa de

mortalidade aumenta acentuadamente na melioidose septicêmica, alcançando os 90% em

melioidose com choque séptico (LEELARASAMEE, A., 2004).

No sistema nervoso central, a melioidose se manifesta, principalmente, como

encefalomielite, caracterizada por encefalite do tronco cerebral e paralisia flácida, é vista em

4% das apresentações de melioidose no norte da Austrália e está associada com elevadas

morbidade e mortalidade. Alguns destes casos são decorrentes da disseminação direta de

locais contíguos, como seios da face ou celulite orbitária (LIMMATHUROTSAKUL et al.,

2007; CHENG; CURRIE, 2005).

Nos ossos e articulações a manifestação da melioidose é rara e pode ser difícil

diferenciar de outras causas de infecção, exceto quando a doença se dissemina e as

características clínicas podem ser mais proeminentes. O diagnóstico requer uma forte suspeita

clínica e a drenagem cirúrgica é muitas vezes necessária, tanto para terapia como para

diagnóstico, juntamente com longos cursos de antimicrobianos por via endovenosa (CHENG;

CURRIE, 2005; MIKSIĆ et al., 2007).

Infecções da pele e tecidos moles são manifestações comuns da melioidose e podem

ser a fonte de infecção sistêmica ou resultar da disseminação hematogênica. As apresentações

podem ser rapidamente progressivas, similares à fasciíte, causadas por outros microrganismos

(GIBNEY et al., 2008). Infecção geniturinária foi observada em 19% dos casos na série de

Darwin, 10% dos casos na série de Kuala Lumpur, 7% dos casos da série da Associação de

Doenças Infecciosas da Tailândia, 8% na série Hospital Sapprasithiprasong (CHENG;

CURRIE, 2005) e um caso no Brasil, relatado em Rolim et al (2005).

7 DIAGNÓSTICO

7.1 Diagnóstico Clínico

A melioidose não pode ser considerada uma síndrome infecciosa específica, com

sinais e sintomas patognomômicos, pois apresenta uma grande variedade de manifestações

clínicas. Esta característica acarreta dificuldades diagnósticas e demanda do médico assistente

um conhecimento dos dados epidemiológicos da melioidose na sua região, da biologia e

ecologia do seu agente, para formulação de hipóteses e, principalmente, de uma suspeita

clínica acertada (INGLIS et al., 2006b; INGLIS; SOUSA, 2009). A melioidose, por ser uma

doença que mimetiza outras patologias infecciosas, tem o seu diagnóstico definitivo

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condicionado ao isolamento de B. pseudomallei nos espécimes clínicos. É considerada

também uma doença comum em idosos, em razão provavelmente, da reativação da infecção

latente primária (LEELARASAMEE, A., 2004; VIRGINIO et al., 2006).

O período de incubação da melioidose varia de 1 a 21 dias, com um período médio de

nove dias, e foi determinado pelo estudo de casos com eventos de inoculação previamente

definidos (CURRIE, 2000). O período de incubação não está claramente definido, mas pode

variar de dois dias a muitos anos. Períodos de incubação de até 29 anos foram descritos em

ex-militares que participaram de guerras em Papua Nova Guiné e no Vietnã (CHENG &

CURRIE, 2005).

A maioria das infecções é adquirida por meio da inoculação percutânea; em

segundo lugar pela inalação; e, em terceiro pela ingestão. Pessoas sem sintomas ou história

prévia de doença também podem apresentar resultados positivos em testes sorológicos,

indicando infecção assintomática. Uma pequena proporção dessas pessoas pode reativar esta

infecção latente muitos anos depois, como um fenômeno semelhante à tuberculose, no

entanto, a reativação representa menos de 5% dos casos no estudo australiano de Darwin

(CHENG & CURRIE, 2005).

O fator de risco mais importante para melioidose é o diabetes manifestado em cerca de

40% dos casos e, na ordem decrescente de frequência, o excesso de consumo do álcool,

doença renal crônica e doença pulmonar crônica. Embora a maioria dos pacientes com

melioidose apresente um ou mais desses fatores de risco, esta doença pode também ocorrer

em crianças e adultos saudáveis. A doença severa com desfecho fatal, no entanto, é bastante

rara em pessoas consideradas saudáveis nas quais não se tenha identificado nenhum fator de

risco associado (CHENG & CURRIE, 2005).

O retardo no diagnóstico determina um mau prognóstico, mesmo com terapia

antimicrobiana. A mortalidade é elevada na doença grave (forma septicêmica da melioidose)

em que o curso clínico, muitas vezes, se deteriora rapidamente, mesmo com os tratamentos

atualmente disponíveis (SAMUEL; TY, 2002).

A melioidose deve ser suspeitada em qualquer paciente gravemente enfermo, febril,

com um fator de risco associado e que mora ou esteve em uma área endêmica (AARDEMA et

al., 2005; DANCE, D. A. B., 1991).

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7.2 Diagnóstico microbiológico

Para o microbiologista, o isolamento de B.pseudomallei deve ser suspeitado quando

um bacilo Gram-negativo não fermentador isolado apresentar resistência aos

aminoglicosídeos e polimixinas e sensibilidade a amoxicilina-clavulanato (AARDEMA et al.,

2005; DANCE, 1991).

O esquema de identificação preliminar, manual e presuntivo de B. pseudomallei pode

ser realizado com os seguintes testes: o teste de oxidação/fermentação - OF de glicose, a

reação de citocromo oxidase; a resistência a polimixina concomitante à sensibilidade a

amoxicilina/clavulanato e finalmente pela visualização na coloração de Gram de bacilos

Gram-negativos bipolares com aspecto semelhante a broche de segurança, mostrados na

figura 5 (INGLIS et al., 2006c).

Figura 5. Esfregaço de material purulento aspirado de gânglio mediastinal corado pelo Gram, apresentando bacilos Gram-

negativos. Fonte: LAPERE 2010.

Este resultado preliminar, no entanto, permite apenas o diagnóstico presuntivo

semelhante ao de qualquer infecção por bactérias Gram-negativas (CHENG; CURRIE, 2005).

Vários espécimes clínicos já foram coletados de pacientes com suspeita de melioidose para

visualização bacteriana e cultivo do seu agente etiológico. Os espécimes mais citados nos

relatos da literatura são: sangue, lavado broncoalveolar, aspirado traqueal, escarro, urina,

swab de lesão de pele, líquidos orgânicos, aspirados de abscessos, swab da orofaringe e swab

retal (CHENG; CURRIE, 2005).

B. pseudomallei não é considerada uma bactéria fastidiosa, com grandes exigências

nutricionais e cresce em uma ampla variedade de meios de cultura convencionais (p. ex.:

ágar-sangue e ágar-MacConkey) disponíveis comercialmente e utilizados na rotina de

laboratórios clínicos. Para sítios orgânicos colonizados, no entanto, recomenda-se a utilização

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de meios seletivos específicos e, para sítios estéreis, os meios de cultura convencionais ora

citados podem ser utilizados com bom desempenho. A capacidade seletiva decorre da adição

de antimicrobianos, p.ex., gentamicina, para os quais B. pseudomallei é intrinsecamente

resistente, o que lhe permite uma vantagem de crescimento em relação à microbiota

(CHENG; CURRIE, 2005).

O ágar-Ashdown é um meio seletivo que contem ágar-tripticase soja, glicerol, cristal

violeta e vermelho neutro com a adição de 4mg de gentamicina (ASHDOWN, 1979). O ágar-

Ashdown foi modificado pela adição de outro antimicrobiano, a polimixina, um potente

antimicrobiano para bactérias Gram-negativas para o qual B. pseudomallei é também

naturalmente resistente (CHENG; CURRIE, 2005).

Variações das colônias de B. pseudomallei são comumente observadas durante a

cultura de isolados clínicos em ágar-Ashdown. A morfologia variável da colônia foi

observada por Wiersinga et al., (2006) em cepa única, a qual, ao ser submetida a genotipagem

mostrou que apenas um tipo clonal estava presente. Variações também podem ser vistas

dentro de uma mesma colônia, como mostrado na figura 6, onde uma colônia parental de tom

rosa deu origem ao segundo morfotipo que aparece em vermelho no canto e no centro dela

(WIERSINGA et al., 2006).

Figura 6. Isolados clínicos de B. pseudomallei: (a) morfologia típica das colônias de B. pseudomallei em ágar-Ashdown, após

incubação a 37 ºC por três dias; (b e c) variação da colônia comumente observada durante a cultura de isolados clínicos B.

pseudomallei em ágar-Ashdown; (b) variação também pode ser vista dentro de uma mesma colônia, como mostra a colônia

parental (rosa) que deu origem a um segundo morfotipo (vermelho) no centro e na proximidade do centro. (c) mostra a

morfologia variável da colônia que pode ser vista de uma só amostra (genotipagem dessas colônias mostrou que apenas um

tipo clonal estava presente). Fonte: Wiersinga et al., (2006) com permissão do Nature Review Microbiology.

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Chantratita et al. (2007), nas suas observações sobre o comportamento de B.

pseudomallei em cultivo, também descreveram, ao longo de um período de 20 anos de

diagnóstico de melioidose, variações nas características das colônias de B. pseudomallei,

geralmente com aparência seca, rugosa, às vezes umbilicada e áspera em cultivo no meio

ágar-Ashdown (Figura 7).

Figura 7. Sete morfotipos diferentes de colônias de B. pseudomallei em ágar-Ashdown. Estes morfotipos foram observados

em 212 cepas de B.pseudomallei em amostras clínicas de 204 pacientes com melioidosis em um hospital no nordeste da

Tailândia incubadas por quatro dias a 37 °C em aerobiose. Os percentuais representam a proporção de cada tipo dentro desta

população. As regiões (centro e periferia) da colônia podem ser representadas como um chapéu mexicano. Tipos II e V são

distinguidos por tamanho, uma vez que nem sempre têm uma cratera central. Tipos III e VI são distinguidos uns dos outros

pelo tamanho, já que uma diferença de cor entre os dois não é consistente.

Nesse trabalho foi idealizado um sistema para registrar as diferentes morfologias das

colônias e os autores criaram um esquema de morfotipagem de colônia com um algoritmo de

tipificação utilizando B. pseudomallei de cepas clínicas em ágar-Ashdown. Observaram

também neste meio que muitas vezes a morfologia da colônia demonstrava uma grande

variabilidade na mesma amostra e entre amostras clínicas. Nos meios de culturas

convencionais padronizados para utilização na rotina de um laboratório clínico, as colônias de

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B. pseudomallei aparecem com aspecto seco de tom branco-acinzentado (ágar-sangue) e

ligeiramente rugosa, umbilicada e de coloração róseo-clara (ágar-MacConkey) (Figura 8).

Figura 8. Crescimento de B. pseudomallei em ágar-sangue (à esquerda), apresentando colônias com aspecto seco de

tonalidade branco-acinzentada e, no ágar-MacConkey (à direita), colônias com aspecto ligeiramente rugoso, umbilicadas, e

de tom róseo claro. Fonte: LAPERE 2011.

O crescimento de B. pseudomallei no meio seletivo ágar-Ashdown está representado

na figura 9, onde se observa a morfologia típica das colônias rosadas, enrugadas, secas e

opacas.

Figura 9. Colônia de B.pseudomallei, crescimento em ágar-Ashdown com colônias de aspecto

áspero, rugoso, de tom rosa-claro, com leve relevo na periferia. Fonte: LAPERE 2011

O ágar-Ashdown foi modificado pela adição de azul do Nilo e nove diferentes fontes de

carbono. Recebeu então o nome de BPSA - B. pseudomallei selective agar (Figura 10) e foi

validado na Tailândia para uso corrente (HOWARD; INGLIS, 2003; PEACOCK, 2005).

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Figura 10. Colônia de B.pseudomallei, crescimento em ágar-BPSA com colônias de tom rosa,

rugosas e com bordos ligeiramente elevados. Fonte: LAPERE 2011

Os meios de cultura convencionais, como o ágar-sangue e o ágar-MacConkey, podem

também ser utilizados, desde que seja para espécimes de sítios estéreis (VIRGINIO et al.,

2006). O sangue é o espécime mais recomendado para os casos graves, porquanto nesses

casos a infecção cursa sempre com bacteriemia importante e este agente cresce facilmente nos

meios de culturas dos métodos automatizados comercialmente disponíveis para hemocultura.

O tempo de positivação de uma hemocultura de um paciente com melioidose reflete a

densidade do inóculo e pode ser correlacionado com a gravidade do caso. Em um estudo

publicado, 73,7% dos casos de melioidose com desfecho fatal, a hemocultura positivou nas

primeiras 24 horas, comparado com 40,9% de mortalidade dos casos nos quais a hemocultura

positivou em um tempo maior do que 24 horas. Nesse estudo com a utilização do sistema

BacT / Alert, 62% das hemoculturas positivou dentro das primeiras 24 horas e 90% nas 48

horas (CURRIE et al, 2010).

Em um estudo realizado por Deepak et al (2008), 60 cepas anteriormente relatadas

como B. pseudomallei isoladas de material clínico, após 24h de crescimento em ágar-

Columbia com sangue de carneiro 5%, foram submetidas em paralelo aos métodos de

identificação API 20NE e VITEK 2® GN. As identificações e os níveis de confiança

determinados por estas metodologias foram comparados. O VITEK2® GN identificou 47

(78,3%) e o API 20NE identificou 52 (86,7%) dos isolados de B. pseudomallei. O grau de

comparação, utilizando-se o índice k Cohen de 0,6008, sugeriu boa concordância entre ambos

e os considerou como teste confiável, capaz de identificar corretamente B. pseudomallei

(DEEPAK et al., 2008).

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7.3 Diagnóstico Sorológico

Os testes sorológicos para detecção de anticorpos quando utilizados isoladamente, não

devem ser considerados métodos para diagnóstico (O’BRIEN et al., 2004), no entanto, têm

utilidade em inquéritos sorológicos para traçar o perfil da resposta imunológica de uma

população a uma determinada doença infecciosa. Os testes imunológicos para melioidose

mais utilizados têm dois principais objetivos: detecção de antígenos e detecção de anticorpos.

Para a detecção de anticorpos, os testes mais usados são a imuno-hemaglutinação (IHA),

enzyme linked immunosorbent assay (ELISA) e o teste imunocromatográfico

(LIMMATHUROTSAKUL, et al., 2011). O teste IHA é simples, realizado com pequena

quantidade de insumos e de baixo custo, mas apresenta sensibilidade em torno de 75% e

apresenta limitações quanto ao uso em áreas endêmicas (SIRISINHA et al., 2000;

WUTHIEKANUN et al., 2006; CHENG, 2010). Utilizando este teste, Appassakij et al. (1990)

mostraram, com um título de 1:160, uma sensibilidade, especificidade e acurácia de 77, 92 e

89%, respectivamente. Segundo esses autores, o teste não reconhece um paciente com

melioidose aguda. Cheng et al., (2006), utilizando o mesmo teste com um título de 1:40,

estudaram o perfil sorológico de 275 pacientes e encontraram uma sensibilidade de 56%

(CHENG et al., 2006).

Vale ressaltar que o valor diagnóstico de todos os testes sorológicos é questionável em

áreas endêmicas, onde indivíduos saudáveis podem apresentar níveis persistentes de IgG, no

entanto, em áreas não endêmicas, os testes podem ser úteis para a detecção de infecções

crônicas (SPRAGUE; NEUBAUER, 2004).

Um inquérito sorológico, em dois municípios cearenses acometidos por melioidose,

está expresso em Rolim et al., (2011). Nesse estudo, anticorpos IgM e IgG contra B.

pseudomallei foram encontrados em 51,27% e 58.49%, respectivamente, de um total de 317

amostras, comprovando uma alta soropositividade em indivíduos que vivem nestas áreas.

Até o momento, nenhum dos testes sorológicos para pesquisa de anticorpos

mencionados está disponível. A sorologia é uma técnica ainda restrita a um número limitado

de laboratórios especializados em todo o mundo (SPRAGUE; NEUBAUER, 2004).

Para o diagnóstico rápido de melioidose, existe no mercado o teste Melioidosis Rapid

Cassette Test, cujo kit em forma de cassete para testes individuais foi disponibilizado pela

empresa PanBio (Windsor, Queensland, Austrália) para a detecção de imunoglobulinas IgG e

IgM contra B. pseudomallei. A sensibilidade e especificidade do teste foram 90,0 e 91,3%,

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respectivamente (O'BRIEN et al., 2004). O teste de aglutinação com anticorpos monoclonais

pode ser realizado diretamente das colônias isoladas para identificar B. pseudomallei (All

Eights Sdn. Bhd., Kuala Lumpur, Malaysia) (INGLIS et al., 2005). A aglutinação em látex

baseado em anticorpos monoclonais contra o LPS de B. pseudomallei pode ser utilizada

também para identificação de isolados clínicos com uma sensibilidade de 96,8%

(DHARAKUL et al., 1999a).

Antígenos também podem ser pesquisados nas colônias suspeitas de B. pseudomallei

isoladas de espécimes clínicos para uma rápida identificação. O teste de aglutinação em látex

com anticorpos monoclonais contra a proteína 30 kDa de B. pseudomallei é utilizado para este

fim com sensibilidade e especificidade de 94,12 e 98,25%, respectivamente, comparadas ao

padrão ouro da cultura (PONGSUNK et al., 1999). Outros métodos também utilizam a

pesquisa de antígenos de B. pseudomallei em espécimes clínicos, p. ex., urina para o rápido

diagnóstico de melioidose (LOWE et al., 2002). Testes para detecção direta de antígenos

foram desenvolvidos em laboratórios de pesquisa na Tailândia para serem usados em

espécimes clínicos, tais como escarro, urina ou secreções purulentas. Para detecção de

antígenos em espécimes clínicos a imunofluorescência, é uma das metodologias empregadas

com sensibilidade e especificidade, comparadas à cultura como padrão ouro, de 66% e 99,5%,

respectivamente. Apesar dos estudos publicados sobre a detecção de antígenos de B.

pseudomallei, não existem, até hoje, kits comerciais disponíveis para este fim, sendo

utilizados apenas em laboratórios de referência (WUTHIEKANUN et al., 2005a; SPRAGUE;

NEUBAUER, 2004).

7.4 Diagnóstico Molecular

O diagnóstico de melioidose depende exclusivamente do isolamento e identificação do

seu agente, B. pseudomallei, na cultura. Os métodos moleculares para a identificação de B.

Pseudomallei, apesar de dispendiosos, foram descritos como alternativa aos métodos de

cultivo uma vez que estes resultados demandam muito tempo e exigem muitos recursos

operacionais e humanos. Considerando também que os testes sorológicos possuem baixa

sensibilidade, os ensaios com antígeno específico, microscopia de imunofluorescência direta e

aglutinação em látex não são ainda disponíveis comercialmente, os métodos moleculares, (por

serem mais rápidos, garantirem melhor sensibilidade e especificidade, além de utilizarem

várias plataformas técnicas comercialmente disponíveis) são recomendados em substituição

aos métodos citados (BOWERS et al., 2010).

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Estas plataformas técnicas compreendem: técnicas de amplificação de DNA por PCR,

PCR multiplex, PCR em tempo real e sequenciamento de DNA. Vários destes ensaios são

promissores como opções rápidas de identificação, porém apenas alguns destes testes foram

validados quanto à robustez e especificidade (BOWERS et al., 2010). A detecção de B.

pseudomallei direta do material clínico pela técnica de PCR foi utilizada por alguns autores

para diagnóstico rápido da melioidose. Estes testes utilizaram a região intergênica entre 16S e

23S rRNA (LEW; DESMARCHELIER, 1994; KUNAKORN; MARKHAM, 1995;

DHARAKUL et al., 1999b; COUTO et al., 2009).

O gene 16S rRNA é altamente conservado em todas as bactérias do mesmo gênero,

enquanto, para as espécies, as regiões variáveis contêm assinaturas únicas e fornecem

informações úteis sobre as relações entre elas. Assim, o sequenciamento do gene se tornou o

padrão ouro para a identificação de espécies bacterianas. Com a descoberta da metodologia

PCR e sequenciamento do 16S rRNA, as bactérias consideradas de identificação difícil foram

identificadas com sucesso, assim como B. pseudomallei. Além disso, esta técnica também

permite a identificação, utilizando somente uma pequena quantidade de DNA bacteriano

(WOO et al., 2008).

Técnicas moleculares são usadas também como ferramentas para detectar isolados de

fontes comuns e tipagem molecular de bactérias em investigações epidemiológicas. As

técnicas mais utilizadas para este fim são a eletroforese em campo pulsátil (Pulsed Field Gel

Electrophoresis- PFGE) e multilocus sequence typing (MLST) (CURRIE et al., 2007).

Williams et al. (1990) descreveram uma técnica de detecção de polimorfismo de DNA

baseada na amplificação randomizada de DNA, usando um só primer com uma sequencia

arbitrária de nucleotídeos. O teste detecta polimorfismos amplificados em uma cepa parental,

mas não em outra, e são herdados de forma mendeliana e podem ser usados para construir

mapas genéticos em uma variedade de espécies. Os autores sugeriram que estes

polimorfismos fossem chamados de marcadores RAPD, ou seja, Random Amplified

Polymorphic DNA (WILLIAMS et al., 1990). Esta metodologia é empregada, desde então,

para B. pseudomallei, por vários autores, com os seguintes propósitos: identificar entre cepas

clínicas e ambientais (LEELAYUWAT et al., 2000) tipagem de cepas emergentes em áreas

não endêmicas (HSUEH et al., 2001; CHEN et al., 2010; O’CARROL et al., 2003),

correlacionar os genótipos com atributos de virulência (WONGRATANACHEEWIN et al.,

2000) e para investigações epidemiológicas (HAASE et al, 1995; WARNER et al., 2008).

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8 TRATAMENTO

A resistência bacteriana a agentes antimicrobianos é um fenômeno de grande impacto

na assistência médica e terapia de doenças infecciosas. Pode ser classificada em natural ou

intrínseca e adquirida que, por sua vez, pode ser constitutiva ou induzível. Quando a

resistência é natural, todas as cepas de uma espécie bacteriana exibem o mesmo perfil

transmitido às progênies. A resistência adquirida é considerada mais importante neste

contexto, pois pode ser disseminada e transmitida a outras espécies bacterianas (TENOVER,

2006).

Segundo o CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institutes), a resistência

bacteriana pode ser avaliada in vitro por uma variedade de métodos laboratoriais. Estes

métodos podem ser quantitativos ou qualitativos. O método Kirby-Bauer, ou disco difusão, é

uma técnica qualitativa utilizada para bactérias aeróbias de crescimento rápido e baseia-se na

inibição bacteriana ao longo do gradiente de difusão da droga no ágar-Müeller-Hinton a partir

do disco de papel impregnado com esta droga a ser testada. A dimensão do halo de inibição

ou ausência de zona de inibição do crescimento bacteriano ao redor do disco permite a leitura

da sensibilidade/resistência (CLSI, 2009a). Além deste método, pode-se utilizar, também,

para testar a sensibilidade bacteriana, os métodos de diluição quantitativos que podem ser

microdiluição ou macrodiluição. Este último é realizado em tubos de ensaio onde um

gradiente de concentração da droga é distribuído.

A microdiluição em caldo, padrão ouro, corresponde à miniatura da técnica de

macrodiluição, pois utiliza placas semelhantes às de enzima imunoensaio, estéreis, com 96

poços, com o fundo em formato de “U”, para permitir a melhor visualização do crescimento

bacteriano. A vantagem deste método, em relação ao da diluição em tubo, é que em uma placa

se pode testar uma bactéria utilizando um número variável de antimicrobianos, cerca de 12

drogas, com distintas concentrações (quatro a oito diluições logarítmicas). A técnica da

diluição pode também ser realizada pela adição da droga antimicrobiana em pour-plate no

ágar-Müeller-Hinton, distribuído em placas de Petri. Neste método, a concentração do

antimicrobiano a ser testado é fixa e várias bactérias podem ser testadas na mesma placa

(CLSI, 2009b).

B. pseudomallei apresenta resistência intrínseca a aminoglicosídeos, cefalosporinas de

segunda e terceira geração, penicilinas, polimixina B e macrolídeos (JENNEY et al., 2001). O

mecanismo de resistência intrínseca de B. pseudomallei a estas drogas já foi descrito e para a

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polimixina é decorrente da modificação do lipopolissacarídeo (LPS) da membrana externa da

bactéria que atua como sítio de ligação da polimixina (BURTNICK; WOODS, 1999).

A resistência de B. pseudomallei aos betalactâmicos é conferida pela produção de

betalactamase induzível, sensível ao clavulanato, que hidrolisa e confere resistência aos

seguintes betalactâmicos: ampicilina, amoxicilina, carbenicilina, cefalotina, cefaloridina,

cefuroxima e cefotaxima. Amoxicilina/clavulanato, ceftazidima e imipenem não são

hidrolisadas por estas betalactamases e, portanto, apresentam concentração inibitória mínima

(CIM) baixa na faixa de sensibilidade para B. pseudomallei (LIVERMORE et al., 1987;

INGLIS et al., 2010). Quanto ao grupo dos aminoglicosídeos e macrolídeos, a resistência foi

revelada pela análise de mutação em transposons, que mostrou um sistema de efluxo,

AmrAB-OprA, codificado pelo gene amr (resistencia a aminoglicosídeo e macrolídeo) que

confere resistência a estes grupos de drogas (MOORE et al., 2004; MIMA et al., 2010).

O CLSI, em seu último documento sobre o teste de sensibilidade de bactérias

incomuns, M45-A2, considerou como drogas de primeira linha para o teste de sensibilidade

de B. pseudomallei a amoxicilina/clavulanato, ceftazidima, imipenem, doxicilina (ou

tetraciclina) e trimetoprim/sulfametoxazol (CLSI, 2010).

Segundo Biot et al., (2011), a produção de betalactamase e a expressão de bombas de

efluxo do tipo multidroga são os mecanismos de resistência mais descritos para B.

pseudomallei. Quatro bombas de efluxo responsáveis pela extrusão de drogas foram descritas

em B. pseudomallei - AmrAB-OprA, BpeAB-OprB, BpeEF-OprC, BpeGH-OprD - embora

apenas as três primeiras tenham sido demonstradas em associação com resistência

antimicrobiana.

A resistência adquirida por B. pseudomallei aos carbapenêmicos não foi ainda relatada

e a taxa de resistência adquirida a ceftazidima e amoxicilina-clavulanato, segundo

Wuthiekanun e Peacock, é considerada baixa, menor do que 0,2%. Ainda consoante estes

autores, a taxa de resistência adquirida a doxiciclina é de 2% e a sulfametoxazol/trimetoprim

(SMX/TMP) geograficamente variável (2,5% na Austrália e 13%-16% no nordeste da

Tailândia) (WUTHIEKANUN; PEACOCK, 2006).

O mecanismo de resistência a ceftazidima relatado por Niumsup e Wuthiekanun

(2002), decorre da produção de uma betalactamase específica para esta droga. A

superexpressão da betalactamase classe D, OXA-42 e OXA-43 também podem ser

responsáveis pela resistência a ceftazidima em algumas cepas de B. pseudomallei

(NIUMSUP; WUTHIEKANUN, 2002).

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O desenvolvimento de resistência em B. pseudomallei durante a terapia da melioidose

é relatado (DANCE et al., 1989; GOEFREY et al., 1991). Mudanças fenotípicas responsáveis

pela aquisição de resistência durante o tratamento com ceftazidima e com a associação

betalactâmicos/inibidor de betalactamase ocorrem por desrepressão do gene que codifica a

enzima, insensibilidade ao inibidor de betalactamase ou pela produção de uma betalactamase

específica para ceftazidima (TRIBUDDHARAT et al., 2003).

A resistência adquirida a doxiciclina é observada quando esta droga é usada como

monoterapia, fenômeno muito menos frequente com SMX/TMP (JENNEY et al., 2001) e

mais raro ainda para ceftazidima (DANCE et al., 1989). Na opinião de Jenney et al., (2001),

no entanto, a recidiva da melioidose durante o tratamento é atribuível a fenômenos de

resistência e pode ocorrer com qualquer dos agentes utilizados no tratamento, tanto por via

oral como por via intravenosa (JENNEY et al., 2001).

Shih et al. (2009) analisaram 58 cepas de B. pseudomallei, isoladas em Taiwan, no

período de 2000 a 2005, e determinaram a sensibilidade pelo método E-test (AB BIODISK,

Sweden) para amoxicilina/clavulanato, ceftazidima, doxicilina, SMX/TMP, meropenem e

imipenem, com uma taxa de sensibilidade de 93% para amoxicilina/clavulanato e 100% para

as demais.

Sam et al. (2010), utilizando também a metodologia de tiras E-test, para testar a

sensibilidade de 184 cepas clínicas de B. pseudomallei, coletadas na Malásia de 1987 a 2007,

mostraram uma CIM50 para tigeciclina <=1 µg/mL e uma CIM90 <=2 µg/mL. Para

meropenem, estes mesmos resultados foram 1 e 1,5 µg/mL respectivamente. O imipenem

apresentou uma CIM50 de 0,44 µg/mL e uma CIM90 de 1,5 µg/mL. Quanto à ceftazidima, o

autor relatou uma CIM50 de 2 µg/mL e CIM90 de 4 µg/mL. Para SMX/TMP, o resultado para

os mesmos parâmetros foram 0,25 µg/mL e 0,75 µg/mL. Amoxicilina/clavulanato mostraram

para os dois parâmetros, respectivamente, os valores de 2 e 4 µg/mL. Ainda nesse estudo, as

taxas de sensibilidade foram: amoxicilina/clavulanato: 97,3%, ceftazidima: 9,6%, SMX/TMP:

97,8%, imipenem: 100%, meropenem: 100% e tigeciclina 95,7%.

A terapia antimicrobiana para melioidose continua a enfrentar desafios nas áreas

endêmicas. As dificuldades terapêuticas neste âmbito levaram os pesquisadores a considerar a

possibilidade do uso de antimicrobianos alternativos. Estudo de Harris et al. (2011) analisou a

sensibilidade in vitro de B. pseudomallei a quatro novos agentes antimicrobianos, a saber,

moxifloxacina (fluorquinolona), tigeciclina (glicilciclina), ertapenem (carbapenêmico), e

doripenem (carbapenêmico). Para doripenem, o resultado foi bastante semelhante ao de

meropenem, com uma CIM90 de 1,5 µg/mL. Houve boa correlação (p <0,001) entre as

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técnicas por microdiluição e disco difusão para doripenem, ertapenem tigeciclina e

moxifloxacina. Para ertapenem os resultados, em µg/mL do CIM50 e CIM90, foram 4 e 6

µg/mL, respectivamente. Para tigeciclina os mesmos resultados foram, respectivamente, 3 e 6

µg/mL. Quanto à moxifloxacina, as CIM50 e CIM90 foram, respectivamente, 1,5 e 3 µg/mL

(HARRIS et al., 2011).

Thamlikitkul e Trakulsomboon (2009) apresentaram em seu estudo de sensibilidade a

ertapenem pela metodologia E-test, uma CIM50 e CIM90 de 0,5 e 0,75 µg/mL,

respectivamente. Mima et al. (2011) realizaram o teste de sensibilidade por microdiluição em

caldo Müeller-Hinton de B. pseudomallei a cetromicina, uma nova droga do grupo dos

ketolideos, com amplo espectro de ação contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas.

Segundo os autores esta nova droga foi alvo apenas de uma fraca extrusão pela bomba de

efluxo e apresentou uma atividade significante in vitro para B. pseudomallei.

Apesar de B. pseudomallei dememonstrar resistência a algumas drogas

betalactâmicas, a ceftazidima e a combinação betalactâmicos/inibidor de betalactamase são

comumente usadas para o tratamento de melioidose com um bom desempenho e uma boa

atividade contra B. pseudomallei (TRIBUDDHARAT et al., 2003). Além destes

betalactâmicos, os carbapenêmicos são também considerados drogas de escolha para o

tratamento da melioidose (SCHWEIZER; PEACOCK, 2008). Carbapenêmicos são

especialmente indicados para as cepas que apresentam produção de betalactamase de perfil

ampliado (CHENG; CURRIE, 2005).

Imipenem, ceftazidima e, em menor grau, amoxicilina/clavulanato são os pilares da

terapia antimicrobiana empírica. Na fase aguda da doença, os antimicrobianos com atividade

bacteriostática, como tetraciclinas, não são recomendados para terapia. O tratamento de

primeira linha da melioidose humana aguda consiste em ceftazidima ou carbapenem

intravenoso, pelo menos 10-14 dias, ao que se segue SMX/TMP, via oral com ou sem

doxiciclina, durante 12-20 semanas (CHENG; CURRIE, 2005; WUTHIEKANUN;

PEACOCK, 2006). O SMX/TMP oral, com ou sem doxiciclina e cloranfenicol, é usado para

a erradicação da fase prolongada da melioidose. Estudos demonstram que SMX/TMP têm

pouca atividade na fase aguda (WHITE et al., 1989), além de exibir apenas uma ação

bacteriostática in vitro. O uso de associação de drogas na fase aguda inicial da melioidose é

rotina no nordeste da Austrália e parte da Tailândia como alternativa contra o processo de

seleção e a recorrência da doença durante a terapia (DANCE et al., 1989; CURRIE et al.,

2000).

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9 PERGUNTAS DE PARTIDA

1. As cepas de B. pseudomallei oriundas do Estado do Ceará exibem diferenças

em atributos de virulência e perfil de sensibilidade a antimicrobianos quando

comparadas àquelas comumente isoladas em regiões consideradas

hiperendêmica e endêmica como Austrália e Tailândia?

2. Qual o padrão molecular destas cepas na análise do DNA polimórfico

amplificado aleatoriamente (RAPD)?

10 HIPÓTESES

1. As cepas clínicas de B. pseudomallei isoladas no Estado do Ceará até 2011 são

semelhantes às cepas isoladas em outros países em atributos de virulência e

sensibilidade a antimicrobianos.

2. As cepas clínicas de B. pseudomallei isoladas no Estado do Ceará apresentam

padrões de RAPD semelhantes, quando comparadas às cepas ambientais

isoladas no Município de Tejuçuoca.

11 OBJETIVOS

11.1 Objetivo geral

Caracterizar fenotipicamente através de identificação bioquímica e sensibilidade a

antimicrobianos, caracterizar genotipicamente pela análise do DNA polimórfico

amplificado aleatoriamente e detectar genes de virulência de cepas clínicas e

ambientais de Burkholderia pseudomallei, isoladas no Estado do Ceará.

11.2 Objetivos específicos

1. Caracterizar as cepas de B. pseudomallei que compõem a amostra deste estudo quanto

à capacidade de assimilar L-arabinose e identificá-las pelos métodos preliminares de

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identificação que consistem na coloração de Gram, reação de oxidase e na

macromorfologia típica das colônias.

2. Realizar a identificação bioquímica automatizada e sensibilidade a antimicrobianos

destas cepas pela metodologia VITEK2®.

3. Determinar, nestas cepas, o perfil de sensibilidade a antimicrobianos através do

método de microdiluição em caldo Müeller-Hinton.

4. Realizar a identificação molecular pela técnica de PCR específica das novas cepas

isoladas a partir do ano de 2005.

5. Realizar o sequenciamento da região 16S do DNAr das novas cepas isoladas a partir

do ano de 2005.

6. Caracterizar o perfil genético detas cepas, mediante a técnica de RAPD.

7. Detectar o gene de virulência do sistema de secreção do tipo III (TTSS) pela técnica

de PCR.

8. Catalogar os casos de melioidose ocorridos no Ceará no período de 2003 a 2011,

quanto às características clínico-epidemiológicas, com a descrição dos novos casos.

12 METODOLOGIA

12.1 Amostra

Este trabalho teve início após a ocorrência do sexto caso de melioidose no Ceará, e até

este momento a coleção do Laboratório de Patógenos Emergentes e Reemergentes- LAPERE

já continha cinco cepas de B. pseudomallei, que compunham amostras de publicações

anteriores no âmbito do Programa de Pósgraduação em Microbiologia Médica da UFC. Estas

cinco cepas foram incluídas na amostra deste estudo que ficou assim constituída:

− Dez cepas ambientais isoladas do solo do Município de Tejuçuoca

pertencentes à coleção do LAPERE;

− Cinco cepas clínicas da coleção do LAPERE isoladas de casos relatados no

período de 2003 a 2005.

− Cinco cepas clínicas isoladas dos pacientes dos casos descritos neste trabalho.

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Estas 20 cepas, mantidas em estoque no LAPERE em meio mínimo a 25ºC,

foram reconstituídas no momento do uso em caldo BHI (Brain Heart Infusion). Na

Tabela 1, elas foram relacionadas segundo a origem e o município cearense de

procedência.

Tabela 1 – Relação de cepas de B. pseudomallei da coleção do CEMM

Isolados Origem Município

CEMM 03-06-033 Caso2/sangue Tejuçuoca

CEMM 03-06-034 Caso3/sangue Tejuçuoca

CEMM 03-06-035 Caso4/sangue Tejuçuoca

CEMM 03-06-036 Caso8/Lavado Broncoalveolar Ubajara

CEMM 03-06-037 Caso 6/Sangue Aracoiaba

CEMM 03-06-038 Caso 9/Aspirado peritoneal Granja

CEMM 05-03-008 Caso 10/Sangue Itapajé

CEMM 05-03-009 Caso 11/Aspirado peritoneal Ubajara

CEMM 05-03-010 Caso 12/Medula óssea Pacoti

CEMM 05-03-011 Caso 13/Sangue Ocara

CEMM 03-06-039

Ambiental/solo Tejuçuoca

CEMM 03-06-040

CEMM 03-06-041

CEMM 03-06-042

CEMM 03-06-043

CEMM 03-06-044

CEMM-03-06-045

CEMM-03-06-046

CEMM 03-06-047

CEMM 03-06-048

Fonte: dados da pesquisa

12.2 Precauções de biossegurança

Todos os procedimentos envolvendo a manipulação laboratorial das cepas clínicas e

ambientais de B. pseudomallei foram realizados em capela de fluxo laminar II/B em medidas

de contenção de biossegurança 3, conforme preconizado para este agente (PEACOCK et al.,

2008). Todo o material gerado no NB-3 proveniente do cultivo de B. pseudomallei foi

autoclavado a 121ºC por 30 minutos para completa e eficiente inativação dos microrganismos.

12.3 Teste de assimilação da L-arabinose e identificação preliminar

A identificação preliminar consistiu no teste da oxidase, na caracterização

morfotintorial pela coloração de Gram e macromorfologia típica das colônias nos seguintes

meios seletivos e indicadores: (i) ágar-Ashdown (meio seletivo); (ii) Burkholderia

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pseudomallei Ágar – BPSA (meio seletivo); (iii) chromID CPS (meio cromogênico,

tecnologia bioMeriéux, para o isolamento de identificação de uropatógenos); (iv) ágar-sangue

com 5% de sangue desfibrinado de carneiro e (v) ágar-MacConkey (meio seletivo e indicador

para bacilos Gram-negativos) (Anexo I). O teste de oxidase foi realizado pela utilização de

tiras de papel impregnadas com o reagente N, N, N’, N’-tetrametil-p-fenilenediamino

dihidroclide da marca Probac do Brasil (ASHDOWN, 1979; HOWARD K.; INGLIS T.J.,

2003).O teste da L-arabinose foi realizado por meio do método das galerias API 20NE

(bioMérieux®), conforme instruções do fabricante. A leitura destas reações faz-se utilizando

um sistema de identificação no programa da bioMérieux disponível na internet no site

https://apiweb.biomerieux.com. O controle de qualidade foi realizado pela utilização da cepa

Pseudomonas aeruginosa ATCC® 27853 (DEEPAK et al., 2008).

12.4 Identificação e sensibilidade automatizadas pela metodologia VITEK2®

Neste estudo, todas as 20 cepas tiveram sua identificação realizada pela metodologia

VITEK2® (bioMeriéux) pela utilização do cartão GN de identificação e a sensibilidade pelo

cartão AST 105 (LOWE et al., 2006). O sistema VITEK2® é um equipamento automatizado

que utiliza cartões com 48 poços, onde são realizados testes bioquímicos para identificação de

bactérias de crescimento rápido. Os resultados finais são disponibilizados em

aproximadamente dez horas ou até menos (PINCUS, D. H., 2006).

Figura 11. Imagens que representam as técnicas de preparo do inóculo para os cartões do VITEK2® padronizado,

segundo a escala de MacFarland, com a utilização de um densitômetro, DensiCHEK, da bioMeriéux inc.

Preparo do inóculo para inoculação dos cartões do VITEK2®

O inóculo foi preparado com base em cultura pura, de acordo com as boas práticas

laboratoriais, e está descrita no Anexo II. A suspensão de microrganismo foi preparada com a

utilização do calibrador do DensiCHEK™ VITEK2® (Figura 11) (PINCUS, D. H., 2006).

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O controle de qualidade foi realizado segundo recomendações do manual do

equipamento, com as seguintes cepas ATCCs: Acinetobacter baumannii ATCC® BAA-747,

Enterobacter cloacae ATCC® 700323, Klebsiella oxytoca ATCC® 700324 e Proteus

vulgaris ATCC® 6380 (PINCUS, D. H., 2006).

O teste de sensibilidade a antimicrobianos pela metodologia VITEK2® foi realizado em

paralelo com o teste de identificação, com uso do cartão AST-105. As técnicas de preparo do

inóculo e inoculação dos cartões são semelhantes às da etapa de identificação (Anexo II).

12.5 Sensibilidade a antimicrobianos pelo método de microdiluição em caldo

Müeller-Hinton, segundo metodologia do CLSI, doc. M7-A8 (CLSI, 2009b).

As drogas antimicrobianas utilizadas nos testes de sensibilidade pelo método de

microdiluição (amoxicilina tri-hidratada, clavulanato de potássio, ceftazidima hidratada,

doxiciclina hiclato, imipenem mono-hidratado, sulfametoxazol e trimetoprim) foram

adquiridas da Sigma-Aldrich, Inc. Estas drogas, disponibilizados em forma de pó, foram

diluídas segundo a escala de diluição recomendada pelo CLSI, documento M7-A8, (CLSI,

2009b). A pesagem das drogas foi realizada segundo as recomendações do CLSI, usando-se a

seguinte fórmula:

Peso (mg) =

Na Tabela 2, estão detalhadas as diluições das cinco drogas testadas, além dos critérios

interpretativos e os pontos de corte para as categorias sensível (S), intermediário (I) e

resistente (R) (CLSI, 2009b).

Tabela 2. Critérios interpretativos padronizados para os testes de sensibilidade a

antimicrobianos

Antimicrobiano Pontos de corte e Critérios

interpretativos - CIMs (µg/mL)

Escala de Diluição

(µg/mL)

S I R

Amoxicilina-clavulanato* <=8/4 16/8 >=32/16 0,5 – 128

Ceftazidima <=8 16 >=32 0,004 – 128

Doxiciclina <=4 8 >=16 0,03 – 128

Imipenem <=4 8 >=16 0,06 – 128

Trimetoprim-sulfametoxazol <=2/38 - >=4/76 4 – 128

Fonte: doc. M100-S21 (CLSI, 2011); * 1 parte de clavulanato para 2 de amoxicilina;

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As soluções-padrão de agente antimicrobiano foram preparadas em concentrações de

dez vezes a concentração mais alta a ser testada. Uma vez que a contaminação microbiana

destas soluções é bastante rara, decidiu-se por não esterilizá-las. Alícotas de 1 mL destas

soluções foram colocadas em tubos estéreis, seladas cuidadosamente e armazenados a 80° C.

Os frascos foram retirados do freezer conforme a necessidade, usados no mesmo dia, e as

sobras descartadas no final da jornada. Foram utilizados solventes e diluentes segundo as

recomendações do CLSI (CLSI, 2011).

Diluição dos antimicrobianos, segundo documento M7-A8 do CLSI

Os antimicrobianos foram diluídos tendo como ponto de partida a concentração

desejável no primeiro poço da placa de microdiluição. Para doxicilina, cujo 1º poço foi 128

µg/mL, preparou-se uma solução 4X concentrada (512 µg/mL) com água como diluente.

Foram apostados 3,5 mL desta solução, que foram distribuídos em alíquotas de 700µL e

armazenados a -20 oC até o uso. Para ceftazidima e imipenem, cujo 1º poço foi 128µg/mL,

também foram preparadas soluções 4X concentradas (512 µg/mL) com água como diluente.

3,5 mL foi o volume preparado destas soluções, distribuído em alíquotas de 700 µL mantidas

a -20 oC até o uso. Para sulfametoxazol/trimetoprim (19 partes de sulfametoxazol e uma parte

de trimetoprim) cujo 1º poço foi 304/16 µg/mL respectivamente, em virtude da posterior

reconstituição da solução com a associação das duas droga, preparou-se uma solução 8X

concentrada para cada droga (2.432/128 µg/mL, respectivamente), tendo como diluentes o

NaOH 0,1M para sulfametoxazol e água mais ácido acético glacial para trimetoprim. Foram

distribuídas alíquotas de 700 µL e armazenadas a -20 oC até o uso. Já para

amoxicilina/clavulanato (duas partes de amoxicilina / uma de clavulanato), o 1º poço foi

128/64 µg/mL, tendo sido preparada uma solução 8X concentrada para cada droga, ou seja,

1.064/512 µg/mL, respectivamente, tendo como diluentes o dimetilsulfóxido (DMSO) para

amoxicilina o tampão fosfato 0,1 M para o clavulanato. Foram distribuídas alíquotas de 700

µL, armazenadas a -20 oC até o uso. Para a determinação da sensibilidade das cepas de B.

pseudomallei frente a antimicrobianos, utilizou-se a técnica de microdiluição em caldo

Müeller-Hinton com microplacas, descrita pelo CLSI, documento M7-A8 (CLSI, 2009).

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Preparo das diluições na microplaca

Foram adicionados 100µL do meio de cultura caldo Müller-Hinton (MH) em todos os

poços da placa. Para o preparo do inóculo, utilizou-se o método de suspensão direta das

colônias. Colônias isoladas de uma placa de ágar-sangue com 18-24 horas de crescimento

foram selecionadas e suspensas em solução salina estéril (NaCl aquoso a 0,9%) que em

seguida foi ajustada até alcançar a turbidez da solução-padrão do tubo 0,5 da escala de

McFarland. Para garantir que cada poço tivesse aproximadamente 5 x 105 UFC/mL, seguiu-se

a recomendação do tempo de 15 minutos entre o preparo do inóculo e a inoculação das placas

(CLSI, 2009).

O procedimento da diluição para obter esse inóculo final foi executado conforme o

método de diluição sucessiva na aplicação do inóculo em cada poço na placa de

microdiluição. Considerou-se como indispensável saber o volume exato de inóculo aplicado

nos poços para fazer esse cálculo. Como o volume do meio de cultura no poço foi 0.1mL e o

volume de inóculo a ser diluído MH foi 0,01mL, a suspensão McFarland 0,5 (1 x 108

UFC/mL) teve que ser diluída 1:20 para se conseguir uma diluição de 5 X 106 UFC/mL.

Quando 0,01 mL dessa suspensão foi inoculado no caldo, a concentração final de bactérias do

teste ficou aproximadamente 5 x 105 UFC/mL. Uma coluna de poços não inoculados e uma

sem antibióticos foram incluídas. A primeira controlou a adequação do meio de cultura para o

crescimento bacteriano e a segunda controlou a esterilidade do meio. A placa foi coberta com

uma tampa e um filme plástico selador e incubada a 35-36 oC por 18-24 h (CLSI, 2009).

Leitura das placas e determinação da Concentração Inibitória M’nima – CIM, segundo

documento M45-A2 do CLSI

A leitura e a interpretação do teste foram realizadas pela observação do ponto final da

CIM para a menor concentração do antimicrobiano, no qual não houve crescimento visível, ou

seja, 100% de inibição. Para a droga com a associação sulfametoxazol/trimetoprim, a leitura

foi realizada observando 80% de inibição de crescimento, como recomenda o CLSI. As CIMs

das cepas-controle, P.aeruginosa ATCC®-27853 e E. coli ATCC®-25922, foram observadas

conforme a faixa de resultados esperados para cada cepa. O resultado da CIM foi interpretado

segundo os critérios padronizados para cada droga antimicrobiana, de forma a determinar um

resultado qualitativo com a utilização das categorias “S” sensível, “I” intermediário e “R”

resistente quando aplicável (CLSI, 2010).

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12.6 Identificação molecular por PCR específica

Extração de DNA genômico - o DNA genômico foi extraído de culturas de B.

pseudomallei pela utilização do sistema comercial Wizard® Genomic DNA Purification Kit –

(Promega, EUA), de acordo com as instruções do fabricante (Anexo III). Para o

procedimento, os isolados de B. pseudomallei estocados foram inicialmente cultivados em

ágar-sangue a 37 ºC por 48horas. Em seguida, apenas uma colônia isolada na placa foi então

repicada para caldo BHI e incubada a 37 ºC por 24 horas. Após este período, realizou-se

coloração de Gram para checar a pureza dos cultivos. Alíquotas de DNA obtidas após o

primeiro tratamento com o tampão de lise foram incubadas em caldo BHI a 37º C por sete

dias. A ausência de qualquer crescimento garantiu a segurança do procedimento. Após o

término desta etapa, as amostras de DNA genômico foram estocadas a 4 ºC (SAMBROOK et

al., 2001; CLSI, 2005).

Verificação da presença e da integridade do DNA genômico – para verificar a

pureza e integridade do DNA extraído, as amostras de DNA foram submetidas a eletroforese

em gel de agarose a 1% contendo brometo de etídio (10 µL/100 mL), com o objetivo de

verificar a presença e a integridade do DNA extraído. A corrida foi realizada em tampão tris-

borato-EDTA (TBE) 1X a 100 V por 50 minutos. Após corrida eletroforética, o padrão de

bandas resultante foi visualizado sob luz UV - Promega Co. USA e registrada em máquina

fotográfica digital (SAMBROOK et al., 2001).

Quantificação do DNA - a concentração e a pureza do DNA nas amostras foram

determinadas por espectrofotometria e mensuração da densidade óptica a 260 nm e 280 nm

usando o espectrofotômetro Ultrospec 1100 pro (GE Healthcare, Reino Unido)

(SAMBROOK et al., 2001).

Técnica de identificação molecular de B. pseudomallei por PCR específica - a

identificação molecular dos isolados clínicos e ambientais neste estudo foi realizada por meio

da técnica de PCR específica proposta por Merritt et al. (2006). Para tanto, foi utilizado um

par de iniciadores com 18 bases (Invitrogen, USA), que amplifica um fragmento de

aproximadamente 302 pb, da região 16S-23S do DNAr específico para B. pseudomallei. As

sequências dos iniciadores que amplificam fragmento de 302 pb da região 16S-23S DNAr

específico para a identificação de B. pseudomallei foram: (i) primer Bp1, posição 397-415,

fita senso, sequência 5’-3’(CGATGATCGTTGGCGCTT); (ii) primer Bp4, posição 680-

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662, fita antissenso, sequência 5’-3’ (CGTTGTGCCGTATTCCAAT). A reação foi realizada

em um volume final de 25 µL, contendo 10 µL de amostra de DNA (na concentração 30

ng/µL), 2,5 µL de tampão de reação 10X (New England Biolabs, Reino Unido), 1 mmol/L de

MgCl2 (Invitrogen, USA), 50 pmol de cada primer Bp1 e Bp4, 10 mmol/L de cada

desoxirribonucleotídeo e 1 U de Taq DNA polimerase (New England Biolabs, Reino Unido).

A amplificação de DNA bacteriano foi realizada em termociclador Mastercycler (Eppendorf,

USA). No começo, seguiu-se uma etapa de desnaturação inicial a 94 ºC por quatro minutos, e

45 ciclos de desnaturação a 94 ºC por 30 segundos, anelamento a 50 ºC por 30 segundos e

extensão a 72 ºC por 45 segundos. Após os 45 ciclos, seguia-se um passo de extensão a 72 ºC

por sete minutos. Após a amplificação, o produto foi armazenado a -20 ºC até a realização de

corrida eletroforética. A visualização dos produtos amplificados pela PCR foi realizada em

gel de agarose 1%, contendo brometo de etídio e visualizada por transluminador UV. A

corrida foi realizada em tampão tris-borato-EDTA (TBE) 1X a 100 V por 50 minutos

(MERRITT et al., 2006).

12.7 Sequenciamento de DNA

Os produtos de PCR amplificados foram diluídos em água ultrapura estéril e

submetidos a reações de sequenciamento de 10 μL pelo método da terminação da cadeia pelo

didesoxinucleotídeo (SAMBROOK et al., 2001), usando-se o kit DYEnamicTM ET

terminators cycle sequencing (GE Healthcare, Reino Unido). Os dois primers usados para

amplificação da região 16S DNAr também foram usados nas reações de sequenciamento,

além de outros dois primers, 782R (ACCAGGGTATCTAATCCTGT) e 1100R

(AGGGTTGCGCTCGTTG). A reação de sequenciamento foi realizada em um volume final

de 10 μL por poço da placa, sendo 5 μL de DNA purificado diluído, 1 μL de um só iniciador e

4 μL de pré-mix de reação, fornecido pelo kit. Para cada amostra de DNA sequenciada, a

reação para cada iniciador foi realizada em quadruplicata na placa de sequenciamento. A

reação de sequenciamento foi realizada em termociclador Mastercycler (Eppendorf, USA) em

25 ciclos de desnaturação a 95 ºC por 20 segundos, anelamento a 50 ºC por 15 segundos e

extensão a 60ºC por um minuto (SAMBROOK et al., 2001).

Amplificação da região 16S do DNAr - a região completa do DNA ribosomal 16S

(16S DNAr) foi amplificada in vitro por PCR usando os primers 27F

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(AGAGTTTGATCCTGGCTCAG) e 1525R (AAGGAGGTGATCCAGCC), gerando

amplicons de aproximadamente 1500 pb. A PCR para amplificação da região 16S DNAr

(feita em quadruplicata para cada amostra) foi realizada com um volume final de 25 µL,

contendo 1 µL de DNA (na concentração 200 ng/µL), 5 µL de tampão de reação 5X (Green

GoTaq Buffer, Promega, USA), 1,5 mmol/L de MgCl2, 50 pmol de cada iniciador 27F e

1525R, 10 mmol/L de cada desoxirribonucleotídeo e 1 U de Taq DNA polimerase (GoTaq

DNA polimerase, Promega, USA). A amplificação da região 16S DNAr foi realizada em

termociclador Mastercycler (Eppendorf, USA). Inicialmente, seguia-se uma etapa preliminar

de desnaturação a 95 ºC por dois minutos, anelamento a 62 ºC por dois minutos e extensão a

72 ºC por um minuto e 30 segundos, seguida de 33 ciclos de desnaturação a 95 ºC por um

minuto, anelamento a 62 ºC por um minuto e extensão a 72 ºC por um minuto e 30 segundos.

Após os 33 ciclos, seguia-se um passo de extensão a 72 ºC por cinco minutos. Após a

amplificação, o produto foi armazenado a -20 ºC até a realização da corrida eletroforética. O

protocolo de purificação do kit encontra-se descrito no Anexo IV. Os produtos da PCR para

amplificação da região 16S DNAr foram visualizados por eletroforese em gel de agarose

0,8%, corado com brometo de etídio, sendo as amostras purificadas com o kit GFXTM PCR

DNA and gel band purification (GE Healthcare, Reino Unido) de acordo com as instruções

fornecidas pelo fabricante. Feito isso, as amostras purificadas foram quantificadas em

espectrofotômetro pela mensuração da densidade óptica a 260 nm e então diluídas em água

deionizada estéril para a concentração de 30 ng/µL (LIESACK, W.; DUNFIELD, P. F, 2004).

Precipitação da placa de sequenciamento e análise das sequências - ao término da

reação de sequenciamento, os produtos foram precipitados de acordo com protocolo descrito

no Anexo V, para a remoção de sais e componentes do kit não incorporados e então

analisados em um sequenciador MegaBACE 1000 (Amersham Biosciences, USA).

Montagem das sequências consenso, alinhamento múltiplo e edição das

sequências - as sequências de DNA foram analisadas em relação à qualidade e montadas com

o auxílio do pacote Phred/Phrap/Consed (EWING et al., 1998; EWING; GRENN, 1998;

GORDON et al., 1998). Sequências de alta qualidade (phred > 20) foram comparadas com as

sequências correspondentes depositadas no GenBank, por meio do programa BLAST

(ALTSCHUL et al., 1990). As sequências com maior similaridade foram alinhadas usando-se

o programa ClustalW (THOMPSON et al., 1997). As edições dos alinhamentos foram

realizadas manualmente, com o auxílio do programa Bioedit, versão 5.0.9. (HALL, 1999).

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65

12.8 Técnica de RAPD - DNA polimórfico amplificado aleatoriamente

A técnica de PCR otimizada para RAPD foi realizada segundo Leelayuwat et al.,

2000. Foram realizados ciclos de 94 ºC, por cinco minutos, e 35 ciclos a 94 ºC, por um

minuto, a 37 ºC, por um minuto, a 72 ºC, por dois minutos, seguida de uma extensão final a

72 ºC, por dez minutos, e mantida a 4 ºC. Foram utilizados os primers citados na Tabela 3

(LEELAYUWAT et al, 2000; VIKTOROV et al., 2006).

Os padrões variados de bandas obtidas por PCR-RAPD mostradas no gel de

eletroforese foram analisados de acordo com a presença (1) ou ausência (0) de bandas, o que

gerou uma matriz binária. O coeficiente Dice de similaridade foi medido e um dendograma

foi obtido pela utilização da metodologia Unweight Pair Group Method with Arithmetic

Average (UPGMA). O programa de computação BioNumerics versão 6.6 foi utilizado para a

análise dos clusters para medir as relações entre as espécies.

Foram analisados também, em conjunto com o RAPD, os dados demográficos dos

pacientes, dados clínicos (sepse e defecho clinico) e distribuição geográfica dos casos de

melioidose, relacionando-os aos clusters obtidos.

Tabela 3. Relação de primers utilizados na metodologia de RAPD para B. pseudomallei

Primers Sequências (5’3’) %GC

OPQ-16 AGTGCAGCCA 70

OPQ-4 AGTGCGCTGA 70

OPQ-2 TCTGCTGGTC 70

Fonte: LEELAYUWAT et al, 2000.

12.9 Reações de PCR para detecção do gene de virulência

O gene TTSS foi amplificado a partir de 100 ng de DNA total, com os seguintes

oligonucleotídeos (primers): primer BPTTSF 5’-CTTCAATCTGCTCTTTCCGTT-3’ e

primer BPTTSR 5’-CAGGACGGTTTCGGACGAA-3’. As condições de PCR foram

realizadas de acordo com o protocolo descrito por Gal et al. (2005), com uma desnaturação

inicial a 95 °C (1min), extensão a 95°C (30seg), 72 °C (30seg) por 35 ciclos e extensão final

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66

de 72 °C (2min). Para a visualização do produto amplificado, realizou-se eletroforese em gel

de agarose 1% e coloração com brometo de etídeo (GAL et al., 2005).

12.10 Catalogação das características clínicoepidemiológicas dos casos de

melioidose ocorridos no Ceará, no período de 2005 a 2011

Foram realizadas pesquisas nos bancos de dados de sites bibliográficos como Medline,

PubMed e Scielo, utilizando-se palavras-chaves como Burkholderia pseudomallei,

melioidosis, ecology, environmental e Brazil, bem como publicações da Secretaria de Saúde

do Estado do Ceará. Essas pesquisas tiveram como objetivo investigar as condições

geoclimáticas das regiões mundiais onde a melioidose tem ocorrido de forma endêmica ou

esporádica desde 1913, além de buscar relatos de casos sobre turistas acometidos de

melioidose após visita ao Brasil. Por contato formal com o Instituto de Pesquisa e Estratégia

Econômica do Ceará – IPECE, também foram coletadas informações sobre as condições

geoclimáticas das regiões onde houve ocorrência de melioidose no Estado do Ceará com o

objetivo de comparar com as informações relatadas em outros países. Os indicadores

pesquisados nesse estudo foram: posição geográfica, altitude, classes de solos, tipos

climáticos e precipitação pluviométrica (IPECE, 2010a).

13 RESULTADOS

12.11 Testes manuais de identificação preliminar e teste de assimilação de L-

arabinose

Os resultados nas provas bioquímicas manuais preliminares para as 20 cepas de B.

pseudomallei foram: teste da oxidase positivo, teste de assimilação de L-arabinose negativo,

características morfotintoriais de bacilos Gram-negativos e morfologia típica das colônias

(secas, sem brilho, enrugadas e cerebriforme), nos meios de culturas ágar-Ashdown, ágar-

BPSA, ChromID CPS, ágar-sangue e ágar-MacConkey.

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67

12.12 Resultados da identificação automatizada e sensibilidade pela metodologia

VITEK2®

O sistema VITEK2® identificou como B. pseudomallei todas as 20 cepas, pela utilização

do cartão GN de identificação, com nível de confiança, definido pelo fabricante, de 93%

(muito bom) a 99,0% (exelente) (Tabela 4). O teste de qualidade com as cepas ATCCs

mostrou resultados dentro da faixa esperada.

Tabela 4. Resultado do teste de sensibilidade e determinação da concentração inibitória mínima –CIM

(μg/mL ) das cepas de B. pseudomallei do LAPERE pela metodologia VITEK2®

Cepas

Amoxicilina/

Clavulanato

Ceftazidima Imipenem

Sulfamtexazol/

Trimetoprim Tigeciclina

CEMM 03-06-033 4/2 4 <= 1 2/38 4

CEMM 03-06-034 4/2 4 <= 1 2/38 4

CEMM 03-06-035 4/2 2 <= 1 2/38 2

CEMM 03-06-036 4/2 2 2 1/19 4

CEMM 03-06-037 8/4 4 <= 1 2/38 4

CEMM 03-06-038 8/4 4 <= 1 2/38 4

CEMM 05-03-008 2/1 4 <= 1 2/38 4

CEMM 05-03-009 2/1 2 <= 1 2/38 4

CEMM 05-03-010 4/2 2 <= 1 2/38 4

CEMM 05-03-011 4/2 4 <= 1 2/38 4

CEMM 03-06-039 2/1 4 <= 1 1/19 2

CEMM 03-06-040 8/4 8 <= 1 2/38 <= 0,5

CEMM 03-06-041 4/2 4 <= 1 2/38 4

CEMM 03-06-042 8/4 16 <= 1 2/38 <= 0,5

CEMM 03-06-043 4/2 4 <= 1 2/38 4

CEMM 03-06-044 2/1 <= 1 <= 1 1/19 4

CEMM-03-06-045 4/2 2 <= 1 2/38 2

CEMM-03-06-046 4/2 <= 1 <= 1 1/19 <= 0,5

CEMM 03-06-047 4/2 <= 1 <= 1 1/19 <= 0,5

CEMM 03-06-048 4/2 2 <= 1 2/38 4

Fonte: dados da pesquisa; CEMM: Centro Especializado em Micologia Médica

Os valores de CIM para as 20 cepas de B. pseudomallei determinadas no sistema

VITEK2®, pelo cartão AST-105 estão representados na tabela 5. para Tigeciclina, foram

obtidos com os critérios interpretativos de Enterobacteriaceae. A interpretação das CIMs não

foi realizada em virtude do sistema VITEK2® não possuir critérios interpretativos para B.

pseudomallei.

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68

12.13 Resultados do teste de sensibilidade pela microdiluição em caldo Müeller-

Hinton

Na determinação das CIMs pelo teste de sensibilidade por microdiluição, todos os

isolados foram sensíveis ao imipenem, doxicilina e trimetoprim-sulfametoxazol. O teste de

qualidade com as cepas ATCCs mostrou resultados dentro da faixa esperada.

Tabela 5. CIM ((µg/mL) das cepas de B. pseudomallei isoladas no Ceará, determinadas pela

metodologia de microdiluição em caldo Müeller-Hinton

Cepas Amoxicilina

/clavulanato

Ceftazidima Doxiciclina Imipenem Sulfametoxazol

/trimetoprim

CIM Cat CIM Cat CIM Cat CIM Cat CIM Cat

CEMM 03-6-033 8/4 S 8 S 0,5 S 0,25 S 0,25/4,75 S

CEMM 03-6-034 32/16 R 8 S 0,25 S 0,5 S 2/38 S

CEMM 03-6-035 8/4 S 8 S 0,25 S 0,5 S 1/19 S

CEMM 03-6-036 8/4 S 4 S 0,25 S 0,5 S 1/19 S

CEMM 03-6-037 8/4 S 4 S 0,5 S 0,5 S 0,5/9,5 S

CEMM 03-6-038 16/8 I 4 S 0,25 S 1,0 S 0,5/9,5 S

CEMM 05-03-008 8/4 S 4 S 0,25 S 0,25 S 1/19 S

CEMM 05-03-009 4/2 S 2 S 0,25 S 0,5 S 1/19 S

CEMM 05-03-010 16/8 S 8 S 0,25 S 0,5 S 0,25/4,75 S

CEMM 05-03-011 16/8 S 8 S 0,25 S 0,125 S 0,5/9,5 S

CEMM 03-06-039 8/4 S 8 S 0,25 S 0,25 S 0,5/9,5 S

CEMM 03-06-040 8/4 S 4 S 0,25 S 0,5 S 0,25/4,75 S

CEMM 03-06-041 8/4 S 4 S 0,25 S 1,0 S 2/38 S

CEMM 03-06-042 16/8 I 16 I 0,25 S 1,0 S 2/38 S

CEMM 03-06-043 16/8 I 16 I 0,25 S 0,25 S 2/38 S

CEMM 03-06-044 4/2 S 2 S 0,25 S 0,5 S 0,125/2,375 S

CEMM 03-06-045 8/4 S 4 S 0,5 S 1,0 S 0,25/4,75 S

CEMM 03-06-046 8/4 S 8 S 0,25 S 1,0 S 0,25/4,75 S

CEMM 03-06-047 8/4 S 8 S 0,25 S 0,5 S 0,25/0,475 S

CEMM 03-06-048 8/4 S 4 S 0,5 S 1,0 S 0,25/4,75 S

Fonte: dados da pesquisa ; CIM - concentração inibitória minima; cat - categorização segundo o ponto de corte de sensibilidade do CLSI

(CLSI, 2010)

As CIMs determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo Müeller-Hinton

das 20 cepas de B. pseudomallei deste estudo foram distribuídas em CIM50 e CIM90 e quanto

ao percentual de sensibilidade. O percentual de sensibilidade para doxicilina, imipenem e

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69

sulfametol/trimetoprim foi de 100% cada e para amoxicilina/clavulanato e ceftazidima foi de

80% e 90% respectivamente (Tabela 6).

Tabela 6. CIM50 e CIM90 (µg/mL) das 20 cepas de B. pseudomallei isoladas no Estado do Ceará

Antimicrobianos CIM

50

(µg/mL)

CIM90

(µg/mL) Intervalo Sensibilidade (%)

Amoxicilina/ clavulanato 8/4 18/8 4/2 - 32/16 80

Ceftazidima 4 16 2 - 16 90

Doxicilina 0 1 0,25 - 0,5 100

Imipenem 1 1 0,125 - 1 100

Sulfametoxazol/ Trimetropim 1 2 0,125/2,375 – 2/38 100

Fonte: dados da pesquisa.

12.14 Identificação molecular pela técnica de PCR específica

As cepas de B. pseudomallei isoladas dos casos de melioidose do Ceará, de 2005 a

2011, foram submetidas à identificação pela técnica de PCR específica, utilizando-se os

primers Bp1 e Bp2 e mostraram resultado positivo pela apresentação de uma banda de

aproximadamente 300 pb.

12.15 Sequenciamento da região 16S do DNAr

As cepas de B. pseudomallei oriundas dos pacientes de melioidose do Ceará, no

período de 2005 a 2011, tiveram sua identificação confirmada pela técnica do sequenciamento

da região 16S do DNA ribossômico, pela produção de uma sequência de aproximadamente

1.400 pb.

Os resultados da identificação bioquímica e molecular das cepas de B. pseudomallei

da coleção do LAPERE, assim como o resultado das cepas isoladas dos casos descritos neste

trabalho estão sumariados na Tabela 7.

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Tabela 7. Cepas clínicas e ambientais de B. pseudomallei da coleção do CEMM – sumário

do resultado da identificação bioquímica e molecular.

Isolados Município Fonte L-arabinose

VITEK2®†

isolados (nível de

confiançal)

PCR* Sequenciamento‡

CEMM 03-6-033 Tejuçuoca Sangue (-) B. pseudomallei

(98.4%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-6-034 Tejuçuoca Sangue (-) B. pseudomallei

(94,0%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-6-035 Tejuçuoca Sangue (-) B. pseudomallei

(94,0%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-6-036 Ubajara Sangue (-) B. pseudomallei

(99,0%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-6-037 Aracoiaba Sangue, Lavado

broncoalveolar (-)

B. pseudomallei

(95,0%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-6-038 Granja Sangue (-) B. pseudomallei

(98,0%) (+) B. pseudomallei

CEMM 05-03-008 Itapajé Tecido ganglionar (-) B. pseudomallei

(93,0%) (+) B. pseudomallei

CEMM 05-03-009 Ubajara Líquido peritoneal (-) B. pseudomallei

(99,0%) (+) B. pseudomallei

CEMM 05-03-010 Pacoti Medula óssea (-) B. pseudomallei

(99,0%) (+) B. pseudomallei

CEMM 05-03-011 Ocara Sangue (-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-06-039

Tejuçuoca Solo

(-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-06-040 (-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-06-041 (-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-06-042 (-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-06-043 (-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-06-044 (-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-06-045 (-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-06-046 (-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-06-047 (-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

CEMM 03-06-048 (-) B. pseudomallei

(97%) (+) B. pseudomallei

Fonte: dados da pesquisa ; †Identificação bioqímica pelo VITEK2®: > 93% nível de confiança na faixa muito bom - excelente pela avaliação do fabricante; (-)

reação negativa; (+) reação positiva; * PCR da região específica do espaço intergênico 16S-23S do ; ‡sequenciamento do gene 16S do rRNA;

12.16 Caracterização genotípica pela técnica de RAPD

Para a técnica de RAPD, foram utilizados os primers OPQ-2, OPQ-4 e OPQ-16. Dos

três primers citados, o OPQ-16 gerou bandas cujos tamanhos variaram de 117 a 1.131 pb

(Figura 12) e foi escolhido para a construção de um dendograma, por ter sido mais

discriminatório.

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Figura 12. Padrões de RAPD de 20 cepas de B. pseudomallei isoladas no Ceará, obtidos por PCR com o primer

arbitrário OPQ-16 (GAL et al, 2006). Linhas 1 e 22 representam os marcadores de 100 pb. Fonte: dados da

pesquisa.

Com base no dendograma obtido a partir do primer OPQ-16, observou-se a formação

de dois clusters: o cluster I contemplou 14 cepas e o cluster II quatro cepas. Duas cepas não

foram agrupadas em clusters por apresentarem baixa similaridade (17%) com as demais

(Figura 13).

Das 14 cepas contempladas no cluster I, 13 eram oriundas de Tejuçuoca, sendo dez

ambientais e três clínicas; destas duas isoladas de casos fatais, e uma cepa clínica originária

do Município de Ocara. O cluster II foi formado por quatro cepas oriundas de municípios

diferentes (Ubajara, Aracoiaba, Granja e Pacoti) e todas foram isoladas de casos fatais da

doença (Figura 13).

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Figura 13. Dendograma resultante da análise do gel com os produtos de PCR-RAPD, das cepas clínicas e

ambientais de B. pseudomallei, com o primer OPQ-16; correlação com dados demográficos dos pacientes e com

aspectos clínicos dos respectivos casos de melioidose. Dendograma realizado no programa BioNumerics

(Applied Math, inc.). Em destaque, um clado com quatro cepas isoladas dos pacientes com desfecho fatal. NA:

não se aplica. Fonte: dados da pesquisa.

12.17 Detecção do gene TTSS pela técnica da PCR

A pesquisa do gene TTSS por PCR foi realizada, segundo Gal et al., (2005), para todas

as 20 cepas, cujo resultado demonstrou a produção de uma banda única de aproximadamente

500 pb (Figura 14).

Figura 14. Amplificação por PCR do gene TTSS de B. pseudomallei. A figura mostra um dos géis

de agarose dos produtos de amplificação do PCR para as cepas de B. pseudomallei da coleção do

CEMM. Nas linhas de 1 a 10, as cepas ambientais e, na linha M, o marcador de PCR de 100bp. Fonte:

dados da pesquisa.

500 pb

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73

12.18 Catalogação das características clínicoepidemiológicas dos casos de

melioidose ocorridos no Ceará

Os cinco primeiros casos ocorridos no Ceará, desde o ano de 2003, foram objeto de

relato de caso na literatura (MIRALES et al., 2004; ROLIM et al., 2005; AARDEMA et al,

2005).

De 2005 em diante, novos casos de melioidose ocorridos no Ceará, ou relacionados a

visitas a este Estado, foram classificados de acordo com o município acometido sumariamente

descritos a seguir, em ordem cronológica.

Caso No 6 – Município de Aracoiaba, ano 2005

Um caso fatal de melioidose foi associado ao Município de Aracoiaba, na região

nordeste do Estado do Ceará, a uma latitude(S) 4º 22’ 16’’ e longitude(WGr) 38º 48’ 51’’, em

maio de 2005, quando ocorreu um acidente automobilístico cuja vítima, um homem de 30

anos, caiu em um rio e aspirou água contaminada. Durante o tratamento de traumatismo

crânioencefálico, na UTI de um hospital em Fortaleza, apresentou um quadro grave de

pneumonia. O diagnóstico etiológico foi confirmado pelo isolamento de B. pseudomallei em

hemocultura, identificada pela metodologia VITEK1® (fluorescent card; bioMérieux, Marcy

l’Etoile, France) e confirmada por métodos moleculares. A despeito da terapia antimicrobiana

empírica adequada, o paciente evoluiu para sepse grave que culminou em óbito (ROLIM et al,

2009).

Caso No 7 – melioidose em um turista holandês após visita ao Ceará, ano 2005

Em 2005, um caso de melioidose foi notificado pelo Governo holandês, por se tratar

de um turista que veio a falecer no seu país de origem, após retornar do Brasil, precisamente

do Estado do Ceará. O paciente do sexo masculino, 50 anos, diabético, foi admitido a um

hospital de emergência na Holanda com história de dois dias de febre, dispneia, tosse e

escarro purulento, que evoluiu para sepse e óbito. Na hemocultura e cultura de escarro, foi

isolado um bacilo Gram-negativo identificado como B. pseudomallei pela metodologia API

20 NE e métodos moleculares. O relato referiu que a viagem do paciente ao Ceará incluiu

caminhadas em parques, visita a grutas, banhos de mar, bem como em piscinas e um banho

em um lago de água doce (AARDEMA et al, 2005).

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Caso No 8 – Município de Ubajara, ano 2008

A melioidose voltou a acontecer no Ceará em abril de 2008, quando um jovem de 17

anos, portador de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), residente em Fortaleza,

visitou, por ocasião de um feriado prolongado, as regiões do noroeste do Estado do Ceará, nos

Municípios de Ubajara [latitude(S) 3º 51' 16", longitude(WGr) 40º 55' 16"], Guaraciaba do

Norte [latitude(S) 4º 10’ 01’’, longitude(WGr) 40º 44’ 51’’] e Ipu [latitude(S) 4º 19’ 20’’,

longitude(WGr) 40º 42’ 39’’]. Durante essa viagem, tomou banho de açude, cachoeiras e

visitou a gruta de Ubajara. Após cinco dias, apresentou um quadro de infecção respiratória

com febre alta e dispneia, que motivou seu internamento com pneumonia aguda e grave. A

terapia antimocrobiana com imipenem foi iniciada, mas o paciente evoluiu para um quadro de

sepse grave e foi a óbito em 48 horas. O diagnóstico etiológico foi realizado pelo isolamento,

no lavado broncoalveolar, de bacilo Gram-negativo, identificado pela metodologia VITEK2®

como B. pseudomallei e confirmado por métodos moleculares. Este caso foi relatado pela

Secretaria de Saúde do Estado na Lista de Verificação de Surtos e Emergências (MS/SVS,

2008; COUTO et al., 2009).

Caso No 9 – Município de Granja, ano 2008

Outro caso de melioidose ocorreu no Ceará em novembro de 2008, quando um

paciente do sexo masculino, 69 anos de idade, agricultor, natural da cidade de Granja,

localizada no noroeste do Estado do Ceará, a uma latitude(S) 3º 07’ 13’’ e longitude(WGr)

40º 49’ 34’’, foi admitido a um hospital de emergência em Fortaleza, apresentando quadro

clínico de abdome agudo. No mesmo, dia foi submetido a laparotomia exploratória, sendo

evidenciados sangue na cavidade abdominal e aneurisma de aorta abdominal roto com

coágulos no seu interior. Houve agravamento do quadro clínico, com evidência de choque

séptico, insuficiência renal, falência de múltiplos órgãos e óbito. O resultado da hemocultura

revelou a presença de B. pseudomallei, identificada pela metodologia VITEK2® e métodos

moleculares (SIDRIM et al, 2011).

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Caso No 10 – Município de Itapajé, ano 2009

Em outubro de 2009, ocorreu um novo caso de melioidose associado ao Municipio de

Itapajé [latitude(S) 3º 41' 12", longitude(WGr) 39º 35' 10"], ao norte do Estado do Ceará. Um

paciente do sexo masculino, 50 anos, diabético, residente em Fortaleza, natural de Itapajé, foi

hospitalizado em Fortaleza com febre e adenopatia mediastinal. O paciente costumava

frequentar a fazenda em Itapajé e por várias ocasiões teve que atravessar a pé um riacho que

cruza as suas terras. A suspeita clínica inicial era de tuberculose ganglionar, porém, na cultura

do aspirado dos gânglios, foi isolado um bacilo Gram-negativo identificado pela metodologia

VITEK2® como B. pseudomallei e confirmado por métodos moleculares. O paciente foi

tratado com imipenem e teve alta após remissão completa do quadro (comunicação pessoal do

médico assistente, Dr. Ivo Castelo Branco Coelho).

Caso No 11 – Município de Ubajara, ano 2010

Em abril de 2010, um novo caso de melioidose relacionado ao Município de Ubajara

[latitude(S) 3º 51' 16", longitude(WGr) 40º 55' 16"], chamou a atenção da comunidade médica

em Fortaleza [latitude(S) 3º 43' 02", longitude(WGr) 38º 32' 35"]. Um paciente do sexo

masculino, 57 anos, residente em Fortaleza, portador de anemia falciforme, pai do adolescente

de 17 anos que faleceu de melioidose em 2008 (caso no 8), foi internado com quadro clínico

de abdome agudo. O paciente participou da mesma viagem a Ubajara realizada por seu filho

em 2008. O quadro se agravou e ele foi submetido a laparotomia exploratória, quando foi

evidenciado um quadro de peritonite purulenta e abscesso esplênico. O diagnóstico etiológico

foi realizado pelo isolamento de um bacilo Gram-negativo no aspirado purulento da cavidade

abdominal, cuja identificação feita pela metodologia VITEK2® revelou B. pseudomallei

confirmada por métodos moleculares. Com a suspeita de melioidose, em virtude do caso do

filho, a terapia empírica com imipenem foi instituída precocemente, o que resultou em franca

recuperação do paciente e alta hospitalar (comunicação pessoal dos médicos assistentes, Drs.

Jorge Luis N. Rodrigues e Ivo Castelo Branco).

Caso No 12 – Município de Pacoti, ano 2010

O 12o caso de melioidose no Ceará ocorreu também no ano de 2010, em dezembro,

quando um paciente de 29 anos, natural de Pacoti [latitude(S) 4º 13' 30", longitude(WGr) 38º

55' 24"], foi acometido de doença febril a esclarecer. Com suspeita clínica de tuberculose, fez

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esquema terapêutico para esta patologia. Foi atendido a um hospital geral de Fortaleza,

quando foram solicitadas sorologias para esclarecer o diagnóstico da doença febril, inclusive

hemocultura e cultura de medula óssea. Em seguida, foi instituida a terapia antimicrobiana

empírica com carbapenêmicos. O diagnóstico de melioidose foi confirmado com o isolamento

de B. pseudomallei em cultura da medula óssea, identificada pela metodologia VITEK2® e,

posteriormente, confirmada por métodos moleculares. Alguns dias depois foi liberado o

resultado positivo da sorologia para dengue. A presença da coinfecção viral provavelmente

agravou a manifestação de melioidose e o paciente evoluiu para sepse grave e óbito. A

provável fonte de contaminação com B. pseudomallei relacionou-se à atividade profissional

do paciente, que envolvia o manuseio e o transporte de tijolos fabricados em uma olaria onde

trabalhava na região. Estes tijolos manuseados pelo paciente tinham como materia-prima a

terra escavada do solo da região de Pacoti (comunicação pessoal do médico assistente, Dr.

Francisco George Magalhães).

Caso No 13 – Município de Ocara, ano 2011

Em janeiro de 2011, surgiu outro caso de melioidose no Ceará, no Município de Ocara

[latitude(S) 4º 29’ 27’’, longitude(WGr) 38º 35’ 48’’]. Um paciente de 59 anos, paraplégico,

diabético, foi internado em um hospital em Fortaleza com febre e imagem radiológica

compatível com gânglios mediastinais infartados. Foi submetido a vários exames laboratoriais

para diagnóstico, inclusive hemocultura. Foi iniciada a terapia antimicrobiana empírica com

imipenem endovenoso, que resultou em melhora clínica. O resultado da hemocultura mostrou

o isolamento de um bacilo Gram-negativo idenficado pela metodologia VITEK2® como B.

pseudomallei e, posteriormente, confirmado por métodos moleculares. Com a liberação do

resultado, o paciente recebeu o tratamento completo para melioidose e teve alta hospitalar. A

provável fonte de contaminação com B. pseudomallei, nesse caso, estava associada ao fato de

o paciente se locomover se arrastando pelo chão em virtude da paraplegia, decorrente de

poliomielite (comunicação pessoal do médico assistente, Dr. Francisco George Magalhães).

Os dados clínico-epidemiológicos dos casos de melioidose descritos no Estado do

Ceará, nos últimos oito anos, encontram-se sumariados na Tabela 8.

Page 77: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E GENOTÍPICA, SENSIBILIDADE …€¦ · Gram-negativo encontrado no solo e na água. A doença é endêmica no sudeste asiático e hiperendêmica no

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Tabela 8. Características clínicas e epidemiológicas dos 13 casos de melioidose ocorridos no Ceará, região Nordeste do Brasil.

Casos Mês/ano Idade

(anos) Sexo Aspectos clínicos/exposição Tratamento

Desfecho

clínico Diagnóstico laboratoria

a Cepasb Origem(IPECE, 2010) Referência

01 Fev/2003 15 M Febre, tosse, cefaleia, pústulas nos membros

inferiores e sepse fulminante. Exposição: mergulhos

em águas da chuva.

Dados não

disponíveis

Óbito Não disponível Não

disponível

Tejuçuoca: latitude(S) 3º 59’ 20’’;

longitude(WGr) 39º 34’ 50’’

MIRALLES et al.,

2004; VIRGINIO

etal.,2006;

02 Fev/2003 14 F Febre, tosse, cefaleia, pústulas nos membros

inferiores e sepse fulminante. Exposição: mergulhos em águas da chuva.

Dados não

disponíveis

Óbito Identificação bioquímica

para BGNNFc

03-06-033 Tejuçuoca: latitude(S) 3º 59’ 20’’;

longitude(WGr) 39º 34’ 50’’

MIRALLES et al.,

2004; VIRGINIO

etal.,2006

03 Fev/2003 10 M Febre, tosse, cefaleia, pústulas nos membros inferiores e sepse fulminante. Exposição: mergulhos

em águas da chuva.

Dados não disponíveis

Óbito Identificação bioquímica

para BGNNFc

03-06-034 Tejuçuoca Latitude (S) 3º 59’ 20’’; longitude

(WGr) 39º 34’ 50’’

MIRALLES et al.,

2004; VIRGINIO

etal.,2006

04 Fev/2003 12 F Febre, tosse, cefaleia, pústulas nos membros

inferiores. Exposição: mergulhos em águas da chuva.

Dados não

disponíveis

Sobrevivente Identificação bioquímica

para BGNNFc

03-06-035 Tejuçuoca latitude (S) 3º 59’ 20’’;

longitude (WGr) 39º 34’ 50’’

MIRALLES et al.,

2004; VIRGINIO

etal.,2006

05 Jan/2004 39 M Abscesso genital e sepse. Sem comorbidades.

Exposição: lavar roupas agachada no rio.

Dados não

disponíveis

Óbito Dados não disponíveis Não

disponível

Banabuiú: latitude (S) 5° 18’ 35” e

longitude (WGr) 38° 55’ 14”

ROLIM et al., 2005

06 Mai/2005 30 M Pneumonia aspirativa e sepse. Comorbidade: TCE

Exposição: acidente automobilístico/imersão no rio.

Imipenem Óbito Sistem VITEK1®,

confirmada por PCR

03-06-037 Aracoiaba

latitude(S) 4º 22’ 16’’ e

longitude(WGr) 38º 48’ 51’’

ROLIM et al., 2009;

INGLIS et al., 2006

07 Jul/2005 50 M Pneumonia comunitária e sepse. Comorbidade:

diabetes. Exposição: nadar em lagos.

Cefuroxime,

eritromicina

Óbito API 20NE; confirmada por

PCR

Não

disponível Dados não disponíveis

AARDEMA et al.,

08 Abr/2008 17 M Pneumonia e sepse. Exposição: banho em cachoeira. Imipenem Óbito

Sistem VITEK2®,

confirmada por PCR 03-06-036

Ubajara

Latitude (S) 3º 51' 16", longitude

(WGr) 40º 55' 16"

MS/SVS, 2008

09 Nov/2009 70 M Aneurisma micótico, exposição desconhecida. Cefepime Óbito Sistem VITEK2® ,

confirmada por PCR

03-06-038 Granja latitude (S) 3º 07’ 13’’ e

longitude (WGr)

SIDRIM et al., 2011

10 Out/2009 50 M Adenopatia mediastinal e febre. Comorbidade: diabetes. Exposição desconhecida.

Meropenem Sobrevivente Sistem VITEK2® , confirmada por PCR

05-03-008 Itapajé latitude (S) 3º 41' 12", longitude (WGr) 39º 35' 10"

Case not reported yet

11 Abr/2010 57 M Abscesso esplênico e peritonite, comorbidade: anemia falciforme. Exposição desconhecida.

Imipenem Sobrevivente Sistem VITEK2® , confirmada por PCR

05-03-009 Ubajara latitude (S) 3º 51' 16", longitude (WGr) 40º 55' 16"

Case not reported yet

12 Dez/2010 29 M Pneumonia e sepse, comorbidade: dengue. Exposição: manuseio e transporte de tijolos.

Imipenem Óbito Sistem VITEK2® , confirmada por PCR

05-03-010 Pacoti latitude (S) 4 13' 30", longitude (WGr) 38º 55' 24"

Case not reported yet

13 Jan/2011 59 M Adenopatia e febre. Co-morbidade: diabetes Exposição desconhecida.

Meropenem Sobrevivente Sistem VITEK2® , confirmada por PCR

05-03-011 Ocara latitude (S) 4º 29’ 2 7’’, longitude (WGr) 38º 35’ 48’’.

Case not reported yet

Fonte: dados da pesquisa ; a Métodos diagnósticos usados pelo laboratório que detectou o caso e isolou a espécie;

bCepas da coleção do LAPERE ;

cBGNNF – Bacilo Gram-negativo não fermentador .

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Distribuição geográfica dos casos de melioidose no Ceará

O Estado do Ceará possui uma área de 148.825,6 km², o que equivale a 9,57% da área

pertencente à região Nordeste e 1,74% do Brasil e é composto atualmente por 184 municípios

(IPECE, 2010). A figura 15 apresenta o mapa do Ceará com destaque para os municípios

afetados pela melioidose que foram agrupados pela proximidade em três macroregiões: (1)

Granja / Ubajara, (2) Tejuçuoca / Itapajé e (3) Pacoti / Aracoiaba / Ocara / Banabuiú.

Figura 15. Mapa da distribuição geográfica dos casos de melioidose no Estado no Ceará

Pesquisa geoclimática da ocorrência de melioidose no Ceará

A ocorrência de melioidose no Ceará está compreendida geograficamente numa faixa

do território formada pelas regiões noroeste, norte e nordeste do Estado, próximo ao litoral.

Estas regiões possuem características geográficas diferentes das outras regiões do Ceará.

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Quanto ao solo, o neossolo é o tipo de maior ocorrência no Estado, embora, nesta faixa

do mapa onde estão os municípios afetados pela melioidose, o tipo predominante seja o

argissolo (Figura 16).

Figura 16. Mapa temático representativo dos tipos de solos dos municípios do Estado do Ceará. Fonte: IPECE,

2007.

Os neossolos são solos minerais não hidromórficos, pouco desenvolvidos em geral,

originados de depósitos arenosos, apresentando textura de areia, ou areia franca, ao longo de

pelo menos 2m de profundidade. Os argissolos são agrupamentos de solos minerais, não

hidromórficos, com argila de atividade baixa a alta, conjugados ao caráter alumínico e/ou à

saturação por bases abaixo de 50%. Os luvissolos, por sua vez, são solos com argila de

atividade alta, praticamente neutros, hipereutróficos, com alta atividade de argila e alta

saturação por bases (IPECE, 2007; EMBRAPA, 2006).

Em relação às precipitações pluviométricas, segundo o IPECE (IPECE, 2010b), as

regiões de Granja, Ubajara, Pacoti, Aracoiaba e Ocara apresentaram, até 2009, uma taxa anual

de mais de 1.300 mm (Figura 17).

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Figura 17. Mapa temático da representação de precipitações pluviométricas (média anual em mm) dos

municípios do Estado do Ceará. Fonte: IPECE, 2007.

Os municipios de Tejuçuoca e Itapajé exibiram, no entanto, taxas menores do que

1.000 mm (IPECE, 2010b). Ubajara teve o seu maior índice de precipitação desde 2007,

chegando a ultrapassar a marca de 2.400 mm, em 2009. O Município de Tejuçuoca teve um

aumento de chuvas no primeiro quadrimestre, assim como o Município de Itapajé, que

apresentou nesse ano 1.243 mm, o seu maior índice de precipitação nesta década.

Em termos de relevo, as regiões dos municípios afetados por melioidose demarcadas

na Figura 18 apresentam níveis de baixa a média altitudes, numa faixa de 500 a 1.000 m

(IPECE, 2007).

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Figura 18. Mapa representativo do Modelo Digital do Relevo do Estado do Ceará, com escala em cores da

altitude em metros. Fonte: IPECE, 2007.

Ressalte-se neste passo que os pontos de maior altitude no Estado estão nestas regiões,

precisamente em Ubajara, que faz parte da serra da Ibiapaba. Ubajara e Pacoti apresentam

uma altitude de 1.356m e 1.232m respectivamente, enquanto as demais regiões acometidas

por melioidose exibem uma altitudeabaixo de 1.000m.

O clima predominante no Estado é o tropical quente semiárido, ocorrendo em uma

extensão de 101.001 km², ou seja, aproximadamente 68% da área total do Estado. O mapa da

Figura 19 mostra a região mais ao norte e nordeste do Estado, onde estão representadas as

áreas afetadas por melioidose.

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Figura 19. Mapa temático representativo dos tipos climáticos predominantes no Estado do Ceará. Fonte: IPECE,

2007.

Nestas regiões, predomina o clima tropical semiárido brando e tropical quente

subúmido, enquanto no resto do Estado encontra-se com maior frequencia o tropical quente

semi-árido. Ubajara e Granja, que estão próximas, apresentam clima tropical semiárido

brando e tropical quente subúmido. Em Tejuçuoca, Itapajé, Ocara, Aracoiaba e Banabuiú, o

que predomina é o clima tropical quente semiárido. Pacoti exibe um clima tropical sub-quente

úmido.

O clima tropical quente semiárido ocorre em 98 municípios cearenses em sua

totalidade, mas, em virtude das vicissitudes climáticas e pelas áreas de influência, o Estado do

Ceará possui 150 municípios inseridos no contexto do clima tropical semiárido brasileiro

(IPECE, 2007).

A pesquisa ao IPECE resultou nos dados sumariados na tabela 8, que relaciona as

características geoclimáticas das regiões cearenses onde surgiram os casos de melioidose nos

últimos oito anos.

Na Tabela 9, está sumariado todo o resultado da busca de dados geoclimáticos dos

municípios do Estado do Ceará onde ocorreu melioidose nos últimos oito anos.

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Tabela 9. Tipos de solo, clima, precipitações pluviométricas, e altitudes dos municípios afetados pela melioidose no Ceará no period de 2003 a 2011.

Municípios (casos) Tipo de solo Clima Taxa annual

pluviométrica (mm) Altitude

Tejuçuoca (Casos 1,2,3 e 4) Bruno não Cálcico, Solos Litólicos,

Planossolo Solódico, Podzólico Vermelho-Amarelo Tropical Quente Semiárido 659 140,32

Banabuiú (Caso 5) Solos Aluviais, Solos Litólicos,

Planossolo Solódico, Podzólico Vermelho-Amarelo e Cambissolo Tropical Quente Semiárido 815 100,0

Aracoiaba (Caso 7) Areias Quartzosas Distróficas, Podzólico Vermelho-Amarelo,

Solos Aluviais, Solos Litólicos e Planossolo Solódico

Tropical Quente Semiárido,

Tropical Quente Semiárido Brando,

Tropical Quente Subúmido

1.010 107,1

Ubajara (Caso 8 e 11) Areias Quartzosas Distróficas, Solos Litólicos, Latossolo Vermelho-

Amarelo e Podzólico Vermelho-Amarelo Tropical Quente Subúmido 1.483 847,5

Granja (Caso 9) Areias Qurtzosas Distróficas, Solos Litólicos, Planossolo Solódico,

Podzólico Vermelho-Amarelo,

Tropical Quente Semiárido

Brando, Tropical Quente Subúmido 1.040 10,75

Itapajé (Caso 10) Bruno não Cálcico, Solos Litólicos, Planossolo Solódico e Podzólico

Vermelho-Amarelo Tropical Quente Semiárido 800 262,2

Pacoti (Caso 12) Podzólico Vermelho-Amarelo Tropical Subquente Úmido e

Tropical Quente Úmido 1558 736,1

Ocara (Caso 13) Areias Quartzosas Distróficas, Planossolo Solódico,

Podzólico Vermelho-Amarelo Tropical Quente Semiárido 959 170,2

Fonte:IPECE, 2007; EMBRAPA, 2006

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14 DISCUSSÃO

Neste experimento, a determinação da capacidade de assimilar arabinose nas cepas da

nossa amostra apresentou um resultado consoante com trabalhos relatados na literatura.

Segundo os estudos em modelo murino de Smith et al., a propriedade de B. pseudomallei de

assimilar L-arabinose é uma característica fenotípica associada à virulência (1997). Estes

autores evidenciaram que as cepas L-arabinose negativas (Ara -) mostraram-se mais

virulentas, com dose letal mínima do inóculo de 182, enquanto que, para as cepas L-

arabinose positivas (Ara +), consideradas avirulentas, a dose letal foi 109. Mostraram ainda

que não havia diferença entre as cepas de B. pseudomallei Ara - isoladas do ambiente e

aquelas isoladas de espécimes clínicos. Segundo os autores, existem dois ribotipos diferentes

associados à capacidade de assimilar L-arabinose. Todas as cepas clínicas e algumas do solo

pertenciam ao mesmo ribotipo, eram Ara (-) e virulentas. O outro ribotipo foi isolado apenas

do solo, foi Ara (+) e mostrou-se avirulento.

Vale ressaltar o relato de Brett et al. (1998) sobre seus estudos na Thailândia, no qual

o segundo ribotipo L-arabinose positiva foi isolado apenas do solo, e foi considerado, após

estudos genéticos, como uma nova espécie do gênero Burkholderia, a espécie B.

thailandensis por ter sido inicialmente isolada no solo daquele país (BRETT et al., 1998).

Assim, as cepas ambientais podem apresentar ambos ribotipos, podendo ou não assimilar L-

arabinose, como demonstrado em um estudo, também na Thailândia, cujo resultado mostrou

que 44,5% das cepas de B. pseudomallei isoladas do solo e testadas pelo teste de assimilação,

apresentaram L-arabinose negativas (SMITH et al., 1987; TRAKULSOMBOON et al.,

1999). As cepas de B. pseudomallei clínicas e ambientais, contempladas neste trabalho, foram

todas classificadas como L-arabinose negativas, evidenciando que não existe B.

thailandensis, L-arabinose positiva, no solo do Município de Tejuçuoca, e que estas cepas

ambientais estão fenotipicamente caracterizadas como virulentas.

Neste ensaio sob-relatório, o gene de virulência, TTSS, estava presente tanto em cepas

clínicas quanto em cepas ambientais de B. pseudomallei, consistente com os resultados de

relatos anteriores (SMITH et al., 2000; ULETT et al. 2001). De forma semelhante,

Winstanley el al. (2000), utilizando a técnica de hibridização por Dot Blot e PCR, estudaram

22 cepas de B. pseudomallei, 14 L-arabinose negativas e oito L-arabinose positiva, e

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demonstraram que o gene do sistema de secreção tipo 3 (TTSS) estava presente em todas as

cepas Ara (-) (WINSTANLEY et al., 2000).

Estudos têm mostrado, porém, não haver distinção consistente na virulência entre

isolados clínicos e ambientais de B. pseudomallei, além de evidenciarem também o potencial

de uma cepa, em particular, para exibir variações de virulência em diferentes condições de

crescimento (ULETT et al., 2001). Neste estudo, em adição ao achado de caracterização

fenotípica e genotípica de virulência tanto das cepas clínicas quanto das ambientais de B.

pseudomallei, ressaltem-se outras variáveis associadas ao poder patogênico destes agentes.

Consideradas neste estudo como fatores críticos determinantes da gravidade da melioidose,

estas variáveis, evidentes nos casos fatais, foram: a quantidade do inóculo (aspiração de água

contaminada), os fatores de risco do hospedeiro como comorbidades (diabetes, dengue,

anemia falciforme, DPOC) e o tempo entre a infecção e a administração da terapia antibiótica

adequada.

No que concerne à resistência a antimicrobianos, B. pseudomallei é um

microrganismo dotado de mecanismos intrínsecos de resistência a vários antimicrobianos

pertencentes às classes dos betalactâmicos, aminoglicosídeos e lipopeptídeos

(WUTHIEKANUN & PEACOCK, 2006). Esta evidência torna a terapia antimicrobiana na

melioidose um desafio, pois o sucesso terapêutico depende da utilização de antimicrobianos

de amplo espectro de uso reservado que fazem parte da restrita relação dos antimicrobianos

usados como opção terapêutica na melioidose (ESTES et al., 2010). Além disso, a melioidose

é atualmente um problema de saúde publica nas áreas endêmicas, dado que a letalidade

permanece alta na Tailândia (43%), Malásia (44%) e Singapura (16%). Na Austrália, a

letalidade de 30%, dos primeiros cinco anos, reduziu para 9%, nos últimos anos (CURRIE et

al., 2010; LIMMATHUROTSAKUL et al., 2011).

Segundo Keulenaer et al. (2006), a redução nas taxas de letalidade decorre, dentre

outras medidas, da instituição de uma terapia antimicrobiana empírica adequada. Estudos

sobre infecções bacterianas graves mostraram que a terapia empírica precoce e efetiva é

condição preditora de letalidade e está associada à redução desta taxa (KOLLEF, M. H.,

2008). Chan et al. (2005) relataram uma letalidade de 60% nos pacientes com melioidose

septicêmica, enquanto Currie et al. (2010), para o mesmo grupo de pacientes, observaram

50% de letalidade.

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No Ceará, a ocorrência de melioidose apresentou um perfil diferente do relatado no

sudeste asiático por não terem sido ainda detectados casos com manifestações clínicas leves,

casos crônicos, ou infecções latentes e recorrentes. Na realidade do Estado do Ceará, a

melioidose apresentou-se apenas como formas graves com letalidade global de 69,23%

(9/13) e de 100% (9/9) entre os pacientes que apresentaram melioidose septicêmica.

Acredita-se que o fato de a melioidose no Ceará ter se manifestado apenas na forma aguda e

grave decorre em grande parte, da não proatividade da assistência médica local na busca ativa

de casos. Isso acarreta o aparecimento apenas de casos fatais em circunstâncias curiosas,

como o caso de acidente automobilístico, de lavar roupas agachada no rio ou de andar se

arrastando no solo, situações estas que, por sua repercussão social, chamam a atenção da

classe médica, inclusive da mídia e da população leiga. Estas considerações reforçam a

necessidade da divulgação das informações sobre os dados epidemiológicos regionais da

melioidose, dos fatores de riscos associados, das peculiaridades da transmissibilidade, da

ocorrência e do perfil de sensibilidade do seu agente, B. pseudomallei, como guia da terapia

empírica. Este objetivo foi contemplado no escopo geral deste trabalho, daí a importância do

combate a esta doença de letalidade tão alta.

O resultado da sensibilidade apresentado pelas cepas de B. pseudomallei isoladas no

Ceará ante os cinco antimicrobianos testados mostrou um perfil semelhante ao encontrado na

literatura. Para os antimicrobianos imipenem, doxicilina e sulfametoxazol/trimetoprim, a taxa

de sensibilidade foi de 100%, enquanto para amoxicilina/clavulanato e ceftazidima foi de 80

e 90%, respectivamente. Vale ressaltar que estes dados representam os primeiros relatos de

sensibilidade antimicrobiana de B. pseudomallei a estas cinco drogas antimicrobianas,

avaliados por meio da técnica de microdiluição em caldo, considerada padrão ouro pelo CLSI

(CLSI, 2010).

No cotejo dos resultados da sensibilidade das cepas isoladas no Ceará, com os

resultados do relato de Jenney et al. (2001), observou-se que para os cinco antimicrobianos

testados neste estudo, a sensibilidade esteve acima de 80%, corroborando os resultados deste

ensaio. Estes autores realizaram um estudo prospectivo no Royal Darwin Hospital, na

Austrália, testaram 170 cepas de B. pseudomallei, pela metodologia de diluição em ágar, e

obtiveram uma sensibilidade de 96% a imipenem/meropenem, ceftazidima,

sulfametoxazol/trimetoprim, amoxicilina/clavulanato e doxicilina. A taxa de recorrência de

melioidose nos 167 pacientes que sobreviveram foi de 4%. Durante a terapia com Doxicilina

foi observada aquisição de resistência pelas cepas de B. pseudomallei isoladas em três destes

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pacientes. Vale ressaltar que foram obtidos aqui 100% de sensibilidade a doxicilina, e que

este antimicrobiano foi utilizado na casuística deste trabalho apenas em um dos sobreviventes

como terapia de manutenção e não se observou nenhum fenômeno de resistência durante o

tratamento.

Na pesquisa sob relação, observou-se que a taxa de sensibilidade de B. pseudomallei

ante sulfatoxasol/trimetoprim (100%) foi discrepante quando comparada à taxa dos autores

relatados a seguir: Thibaut et al. (2004), Paveenkittiporn et al. (2009) e Sam et al. (2010)

também mostraram boa atividade dos antimicrobianos testados contra B. pseudomallei,

semelhante ao observado neste estudo, exceto para sulfametoxazol/trimetoprim. Thibaut et al.

(2004), por meio da técnica de diluição em ágar, relataram taxas de sensibilidade de 100%

para imipenem, doxiciclina e amoxicilina/clavulanato e de 32% para

sulfametoxazol/trimetoprim. Paveenkittiporn et al. (2009) testaram pelo método de disco-

difusão, 4.019 cepas isoladas em 28 hospitais da Tailândia, ao longo de quatro anos, e

obtiveram taxas de sensibilidade de 98,5% para ceftazidima, de 95% para

amoxicilina/clavulanato, de 98,5% para imipenem, de 98% para meropenem e de 53% para

sulfametoxazol/trimetoprim. Sam et al. (2010), no entanto, avaliaram 184 cepas de B.

pseudomallei e mostraram taxas de sensibilidade, obtidas pelo E-test, de 97,3% para

amoxicilina/clavulanato, de 99,5% para ceftazidima, de 100% para imipenem, 95,7% para

Tigeciclina e 97,8% para sulfametoxazol/trimetoprim.

Este achado levou a um maior aprofundamento no estudo desse assunto e viu-se que a

metodologia empregada para avaliação da sensibilidade é um fator de grande importância

para a interpretação dos resultados, principalmente para a combinação

sulfametoxazol/trimetoprim. No seu estudo, Lumbiganon et al. (2000) concluíram que a taxa

encontrada para esta combinação de droga tratava-se de uma falsa resistência em razão das

dificuldades metodológicas enfrentadas, associadas à técnica de determinação da

sensibilidade pelo método de disco-difusão. Similarmente, Piliouras et al. (2002) compararam

o método de disco-difusão aos métodos de diluição em ágar, automação com MicroScan e E-

test, para avaliar a sensibilidade a sulfametoxazol/trimetoprim, obtendo uma taxa de

sensibilidade de 92,5%, 90% e 97,5%, respectivamente, contra 31,3% obtida pela técnica de

disco-difusão. Várias pesquisas subsequentes, que compararam diferentes técnicas de

avaliação da sensibilidade antimicrobiana, também observaram que o método de disco-

difusão culmina em resultados equivocados para a combinação sulfametoxazol/trimetoprim

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(KARANUKARAN et al., 2007; TAN; TAN, 2008; PAVEENKITTIPORN et al., 2009),

sendo, portanto, inapropriado para testar esta combinação de drogas.

Quanto à origem, independentemente do antimicrobiano avaliado, neste estudo, não

foram observadas diferenças de sensibilidade entre cepas clínicas e ambientais pela

metodologia de microdiluição em caldo Mueller-Hinton, semelhantemente ao observado por

Thibaut et al. (2004), por meio da técnica de diluição em ágar.

Cheng e Currie (2005), em um artigo de revisão, mostraram resultados de

sensibilidade de vários autores ao revelarem que os carbapenêmicos (imipenem e

meropenem) e a ceftazidima eram as drogas com melhores taxas de sensibilidade. No genoma

de B. pseudomallei, sete genes codificam betalactamases de classes A, B e D da classificação

de Amber (HOLDEN et al., 2004). Em termos de funcionalidade, a mais importante destas

betalactamases é a da classe A, penA, codificada pelo gene blaA, que hidrolisa a maioria das

cefalosporinas, mas é inibida pelo clavulanato (CHEUNG et al., 2004). Resistência adquirida

aos betalactâmicos, durante o tratamento com betalactamico/inibidor de betalactamase ou

ceftazidima, resulta da depressão da enzima cromossomial, da insensibilidade à inibição do

inibidor de betalactamase ou da produção de uma betalactamase específica para ceftazidima

(GOLFREY et al., 1991). Provavelmente as cepas deste experimento com sensibilidade

diminuída a amoxicilina/clavulanato e ceftazidima (cepas CEMM 03-06-042 e CEMM 03-

06-043) que apresenta este fenótipo, sejam portadoras do gene que codifica essas enzimas o

que suscita estudos posteriores de caracterização molecular destas cepas, uma vez que são

cepas ambientais isoladas do Município de Tejuçuoca. A superexpressão de betalactamase D,

OXA-42 e OXA-43, pode também ser responsável pela resistência a ceftazidima em alguns

isolados (NIUMSUP et al., 2002). As cepas clínicas que apresentaram sensibilidade

diminuída apenas a amoxicilina/clavulanato (CEMM 03-06-034 e CEMM 03-06-038), com

CIM elevadas, possivelmente tenham um mecanismo de resistência associado à mutação no

gene blaA, como evidenciado por Tribuddharat et al. (2003).

Sabe-se que para o tratamento de melioidose o arsenal terapêutico é restrito e,

portanto é importante testar e validar drogas alternativas. Existem relatos sobre a expressão

de bombas de efluxo comum em B. pseudomallei e estas são responsáveis pela resistência

intrínseca e adquirida a aminoglicosídeos e macrolídeos (SCHWEIZER et al., 2008). Mima et

al. (2011) testaram por meio da técnica de microdiluição em caldo, a cetromicina, um novo

macrolídeos (subclasse ketolídeo), que mostrou eficácia contra B. pseudomallei, com uma

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faixa de MIC de 4 a 64 µg/mL. Segundo o autor, a resistência aos ketolídeos se dá pela

superexpressão da bomba de efluxo AmrAB-OprA.

A esse respeito, utilizou-se o valor da CIM do equipamento VITEK para conhecer os

valores da CIM das demais drogas e principalmente da tigeciclina. Esta droga é uma

subclasse das tetraciclinas com ação eficaz ante algumas bactérias Gram-negativas e Gram-

positivas indicada especialmente para infecções intraabddominais e partes moles. Para isso

decidiu-se utilizar os pontos de corte do grupo das Enterobactriaceae, uma vez que o FDA

ainda não padronizou para o VITEK2 os pontos de corte para B. pseudomallei. Por este

motivo, a relação de CIM para esta metodologia não apresenta a classificação categórica de

R, S, e I, para, respectivamente, sensível, intermediário e resistente. Para Tigeciclina, as

cepas clínicas mostraram valores de CIM variando de 2 a 4, o que, na interpretação para

Enterobactriaceae, seriam de intermediário a resistente. Já as cepas ambientais apresentaram

50% de sensibilidade.

Empregou-se a técnica de RAPD neste estudo, com o objetivo de agrupar as cepas da

amostra e associar os clusters encontrados aos dados demográficos dos pacientes, dados

geoclimáticos das regiões afetadas e aspectos clínicos dos casos. A técnica de RAPD é

amplamente aplicável para a genotipagem de microrganismos, principalmente por não

requerer o conhecimento prévio de sequências nucleotídicas específicas das cepas analisadas

(ANTONOV et al., 2007).

O primer OPQ-16 foi escolhido para a construção do dendograma, por ensejar maior

número de bandas, sendo, portanto, mais discriminatório. Esses achados corroboram aqueles

de Leelayuwat et al. (2000) que, após a análise de vários primers para genotipagem de B.

pseudomallei, observaram que os padrões RAPD obtidos por meio da utilização do OPQ-16

eram reprodutíveis.

Foi possível observar que as cepas ambientais, isoladas de Tejuçuoca, estavam

distribuídas em um só cluster, sempre agrupadas com cepas clínicas do mesmo município,

além de uma cepa clínica do Município de Ocara, a 175 km de Tejuçuoca. Como observado

em Haase et al. (1995) e Chen et al. (2010), estes achados evidenciaram a relação

epidemiológica entre cepas clínicas e ambientais.

Quanto às cepas clínicas, seis foram isoladas de casos fatais de melioidose, das quais

quatro foram agrupadas no cluster II e duas no cluster I. Apesar do agrupamento destas duas

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cepas de B. pseudomallei de casos de óbitos no cluster I, acredita-se que estes óbitos estavam

associados a características inerentes ao hospedeiro e às condições da assistência médica

local. Estes dois pacientes eram crianças subnutridas e representaram os primeiros casos de

melioidose no Estado, não havendo ainda suspeitas diagnósticas, nem consciência da

gravidade associada à doença. Adicionalmente, estas crianças apresentaram lesões cutâneas

que, segundo alguns autores é a forma clínica que exibe menor letalidade

(LEELARASAMEE, A., 2004; CHENG; CURRIE, 2005). Acredita-se, porém, que o cluster

II seja formado por cepas mais relacionadas à gravidade e, possivelmente, apresentem mais

atributos de virulência, uma vez que acometeram pacientes com manifestações clínicas de

natureza grave (pneumonia fulminante) alguns imunocompetentes.

Leelayuwat et al. (2000) observaram associação significativa de determinados padrões

RAPD de cepas de B. pseudomallei à ocorrência de melioidose septicêmica, sem estar

associados à letalidade. Neste ensaio, no entanto, foi observada a associação de determinados

padrões RAPD à forma septicêmica de melioidose, como nos casos agrupados no cluster II,

os quais evoluíram para o óbito.

Considerando a catalogação dos 13 casos de melioidose no Ceará, observou-se que

nove eventos ocorreram no primeiro quadrimestre do ano, período chuvoso no Estado do

Ceará. Nove casos foram relacionados à exposição direta ao solo, água de rio, lago e

cachoeira, e quatro não tiveram sua exposição esclarecida. Onze ocorreram em pacientes do

sexo masculino e apenas dois no sexo feminino. A idade dos pacientes variou dos dez aos 70

anos. Para cinco dos 13 pacientes, desconhecia-se o relato de comorbidades e, para os nove

casos restantes, as comorbidades foram: diabetes (três), traumatismo cranioencefálico (um),

doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC (um), aneurisma da aorta (um), anemia

falciforme (um) e dengue hemorrágico (um caso). Nos relatos dos cinco primeiros, não havia

informações sobre a terapia antimicrobiana e, dos oito restantes, seis fizeram uso de

carbapenêmicos, imipenem ou meropenem, como terapia antimicrobiana empírica.

Após a análise das características geoclimáticas dos municípios acometidos pela

melioidose, observou-se que a doença, no Ceará, se manifestou numa área geográfica com

algumas semelhanças entre as áreas encontradas em outros países onde essa doença foi

relatada, como o clima (DANCE, 2000a), o tipo de solo (INGLIS, 2001; ROBERTSON et al.,

2010), a altitude (DANCE, 2000a, RATTANAVONG et al., 2011) e a relação com estações

das chuvas (INGLIS, 2001; LIMMATHROTSAKUL et al., 2011).

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15 CONCLUSÃO

Este trabalho catalogou todos casos de melioidose ocorridos no Ceará no últimos oito

anos e mostrou uma realidade no cenário da ocorrência de melioidose no Estado. No tocante

à identificação pelo VITEK2 e por sequenciamento, a concordância de resultados entre os

dois métodos foi de 100% denotando um bom desempenho de análise do VITEK2 comparada

ao sequenciamento.

O teste de assimilação de arabinose, cujo resultado foi negativo para todas as cepas,

indica que as cepas foram identificadas como B. pseudomallei e que não existe B.

thailandensis na amostra deste experimento. Mostrou ainda uma associação entre cepas

ambientais e clínicas, além de sugerir que todas as cepas são caracterizadas fenotipicamente

como virulentas, o que também foi evidenciado pela detecção do gene TTSS.

O perfil de sensibilidade das cepas isoladas do Ceará evidenciou um perfil compatível

com os resultados relatados na literatura para cepas da Austrália e da Tailândia, indicando,

inclusive, que não apenas imipenem, que é a droga de escolha para os casos graves, mas a

ceftazidima, também mostrou uma boa sensibilidade, dado este relevante, uma vez que esta

droga é economicamente mais acessível para os centros assistenciais de saúde no interior do

Estado. Uma vez, porém, que a forma grave da infecção foi a mais frequente no Ceará, o

imipenem, com 100%, continua sendo a droga de escolha nessas situações. Foi importante

também detectar uma boa sensibilidade à amoxicilina/clavulanato e

sufametoxazol/trimetoprim, porque essas drogas são relevantes para o tratamento dos casos

mais brandos. Estes resultados da determinação do perfil de sensibilidade dessas drogas será

de grande utilidade para direcionar a terapia empírica nos futuros casos.

A genotipagem por RAPD mostrou estreita relação entre as cepas clínicas e

ambientais do Município de Tejuçuoca, o que leva a uma necessidade de pesquisar outros

reservatórios desta espécie nos municípios, para que as questões ecológicas possam ser

levadas em consideração no estabelecimento de medidas preventivas na contextura estadual.

Os achados clínico-epidemiológicos dos casos de melioidose do Ceará e as condições

geoclimáticas dos municípios acometidos pela doença são semelhantes àqueles descritos para

os casos e para Austrália e Tailândia.

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Finalmente, além do valor epidemiológico agregado a estes resultados, anteriormente

citados, existe a possibilidade deste trabalho divulgar a importância da Melioidose no Ceará,

contribuindo para a conscientização da classe médica quanto à inclusão desta enfermidade nas suas

hipóteses diagnósticas e à orientação para uma terapia empírica adequada, consequentemente,

contribuindo para a melhoria da assistência médica nesta doença grave, de fácil transmissão e

difícil preveção.

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ANEXOS

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ANEXO I

RELAÇÃO DOS MEIOS DE CULTURAS

1. Ágar-Ashdown

Material:

i. 475ml água destilada

ii. 7.5g agar bacteriológico

iii. 5g TSB (Tryptone Soy Broth)

iv. 20ml glicerol aquecido

v. 2.5ml cristal violeta a 0.1%

vi. 2.5ml vermelho neutro a 1.0%

vii. 100µg/mL de solução de gentamicina recém preparada

viii. Recipiente de vidro capacidade 1L

ix. Placas de Petri

Preparo:

1. Misture os ingredientes (i) ao (vi) no recipiente de vidro capacidade 1L.

2. Aqueça para dissolver e dispense em 19 mL em tubos de ensaios de tampa de

rosca com a tampa levemente apertada.

3. Autoclave a 1200C por 15 minutos. Quando esfriar aperte bem a tampa e

conserve a +4°C.

4. No momento do uso afrouxe a tampa e aqueça em banho-maria para dissolver.

5. Após dissolvido esfrie à uma temperatura de 56°C e adicione 1ml 100µg/ml de

gentamicin. Misture cuidadosamente e dispense na placa de

6. Rotule a placa e mantenha-a a +4°C por não mais que uma semana.

2. Burkholderia pseudomallei Ágar – BPSA

i. Triptona 15.0 g/L

ii. Ágar 12.0 g/L

iii. Glicerol 40.0 ml/L

iv. Vermelho Neutro 0.005 g/L

v. Cristal Violeta 0.0025 g/L

vi. Gentamicina 0.004 g/L

3. ChromID CPS

4. Ágar-sangue com 5% de sangue desfibrinado de carneiro

5. Ágar-MacConkey

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ANEXO II

INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS PARA OS TESTES DE SENSIBILIDADE

DESCRIÇÃO E PREPARO DO INÓCULO PARA O TESTE VITEK2

As técnicas de identificação e sensibilidade pela metodologia VITEK2® utiliza

cartões fabricados com cristal de poliestireno de alto impacto, com 3% de borracha butílica e

dióxido de titânio (agente clareador). Alguns destes cartões são permeáveis ao oxigênio para

atender as exigências nutricionais e garantir o crescimento adequado de determinados

microrganismos (PINCUS, D. H., 2006).

A identificação bacteriana no sistema VITEK2® baseia-se em reações bioquímicas

com substratos desenvolvidos e selecionados para permitir a identificação de uma grande

faixa de microrganismos com base nas suas características bioquímicas. O sistema VITEK2®

tem armazenado no seu banco de dados informações sobre o comportamento bioquímico da

maioria dos microrganismos patógenos humanos, permitindo a formação de perfis

bioquímicos específicos utilizados para se estimar as reações típicas das espécies testadas.

Como parte do processo de identificação, o software compara o conjunto de reações

do teste com o conjunto de reações esperadas para cada microrganismo, ou grupo de

microrganismos disponíveis no banco de dados do equipamento. Caso não seja reconhecido

um padrão único de identificação, é fornecida uma lista de possíveis microrganismos

identificados ou a cepa-teste é determinada como fora da capacidade de resolução de

identificação.

1. Identificação

Preparo do Inóculo

Nota: Prepare o inóculo a partir de uma cultura pura, de acordo com as boas práticas

laboratoriais. Em caso de culturas mistas, é necessária uma etapa de reisolamento.

Recomenda-se que seja realizado um teste de pureza em placa para se certificar que foi usada

uma cultura pura no teste.

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1) Seleccione colónias isoladas de uma placa primária caso os requisitos de cultura tenham

sido satisfeitos (Ágar-sangue) ou faça uma subcultura do microrganismo a ser testado em

meio gelosado apropriado e incube adequadamente.

2) Transfira assepticamente 3,0 mL de solução salina estéril (NaCl aquoso de 0,45% a 0,50%,

pH 4,5 a 7,0) para um tubo de ensaio de plástico (poliestireno) transparente (12 mm x 75

mm).

3) Utilize alça descartável estéril para transferir um número suficiente de colónias

morfologicamente idênticas para o tubo com solução salina preparado na Etapa 2. Prepare

uma suspensão de microrganismo homogénea com uma densidade equivalente a um padrão

McFarland N. 0,50 a 0,63 usando o calibrador do DensiCHEK™ VITEK® 2.

Nota: O tempo de espera da suspensão não deve exceder os 30 minutos antes da inoculação

da carta.

4) Coloque o tubo da suspensão e a carta GN na cassete.

5) Consulte o Manual do Utilizador do Aparelho apropriado para obter instruções sobre a

introdução de dados e sobre a introdução da cassete no aparelho.

2. Teste de sensibilidade

a. Utilizando uma alça descartável estéril, seleccione colónias isoladas de uma placa

primária caso os requisitos de cultura tenham sido satisfeitos (Ágar-sangue) ou faça

uma subcultura do microrganismo a ser testado em meio gelosado apropriado e incube

adequadamente;

b. transfira assepticamente 3,0 mL de solução salina estéril (NaCl aquoso de 0,45% a

0,50%, pH 4,5 a 7,0) para um tubo de ensaio de plástico (poliestireno) transparente

(12 mm x 75 mm);

c. prepare uma suspensão homogênea do microrganismo com uma densidade da escala

de McFarland 0,5 a 0,63;

Nota: o tempo de espera da suspensão não deve exceder os 30 minutos antes da inoculação da

carta.

d. para um segundo tubo contendo 3 mL desalina estéril, transfira 145µL da suspensão

bacteriana anterior e em seguida coloque o tubo na estante do equipamento com o

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cartão de aensibilidade para ser inoculado automaticamente no interior do

equipamento.

Nota: consulte o Manual do Utilizador do Aparelho apropriado para obter

instruções sobre a introdução de dados e sobre a introdução da cassete no

aparelho.

Observações

Foram observadas as recomendações para evitar cultura mista na etapa de preparo

do inóculo.

Realizou-se um teste de pureza em placa para se certificar de que foi usada uma

cultura pura para cada teste. Utilizando-se colônias isoladas de uma placa primária preparou-

se um subcultivo dos microrganismos testados em ágar-sangue e incubou-se a 35 oC. Com a

utilização de alça descartável estéril, transferiu-se um número suficiente de colônias

morfologicamente idênticas para um tubo com solução salina. Duas suspensões foram

preparadas, uma para identificação e outra para sensibilidade. Os tubos com as suspensões

bacterianas e os dois cartões (identificação e sensibilidade) foram colocados no cassete e

introduzidos no equipamento para leitura. O equipamento executou automaticamente o

preenchimento do cartão de identificação e sensibilidade na câmara de vácuo. O tempo de

leitura foi em média dez horas.

O cartão de identificação Vite2® GN permite 47 testes bioquímicos e um poço para o

controle negativo. (bioMÉRIEUX, 2007). Caso não seja reconhecido um padrão único de

identificação um valor quantitativo, a percentagem de probabilidade, é calculado,

representando a probabilidade de similaridade entre as reações observadas e as reações típicas

de cada microrganismo. Uma correspondência perfeita entre o padrão de reação do teste e o

padrão de reação característico de um determinado microrganismo ou grupo de

microrganismos fornece uma percentagem de probabilidade de 99%. (PINCUS, D. H., 2006).

Níveis de confiança da identificação pela metodologia VITEK2®

Nível

deconfiança da

identificação

No de microrganismos

prováveis

% de Probabilidade Comentários

Excelente 1 96 a 99

Muito Bom 1 93 a 95

Page 119: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E GENOTÍPICA, SENSIBILIDADE …€¦ · Gram-negativo encontrado no solo e na água. A doença é endêmica no sudeste asiático e hiperendêmica no

119

Bom 1 89 a 92

Aceitável 1 85 a 88

Baixa

discriminação

2a3 Soma das escolhas = 100.

Após resolução para uma

escolha, a percentagem de

probabilidade reflete o

número associado à escolha

selecionada.

2 a 3 grupos taxonômicos mostram o mesmo

perfil biológico. Separar por testes

suplementares. Necessário descriminar para

haver correspondência com o cartão de

sensibilidade.

Inconclusivo ou

microrganismo

não identificado

> 3 ou 0 (zero)

n/a Não corresponde a nenhum grupo taxonômico

na base de dados. Verificar a coloração de

Gram e a pureza do isolado.

n/a, não se aplica. Fonte: Informação de produtos dos sistemas VITEK2® 2 Systems, bioMérieux, Inc.( bioMÉRIEUX,

2007)

TESTE DE SENSIBILIDADE PELA TÉCNICA DE MICRODILUIÇÃO

Relação dos solventes e diluentes

A Tabela abaixo mostra a relação de solventes e diluentes para as drogas citadas,

segundo o CLSI.

Solventes e diluentes usados na preparação e estocagem das soluções de antimicrobianos (soluções de

estoque contendo 1.000 mg/mL)

Antimic Solvente Diluente Estocagem da

solução a -70oC

Estocagem do pó (proteção

contra luz e umidade)

Fabricante

Amoxicilina/ DMSO Tampão fosfato* 30 dias 4 oC Glaxo SK

Clavulanato Tampão fosfato* Tampão fosfato* 30 dias 4 oC Glaxo SK

Ceftazidima - water - 4 a 25 oC Glaxo SK

Imipenem - water 30 dias 15 a 30 oC MSD

Doxiciclina - water - 2 a 8 oC Pfizer

Sulfametoxazol - water 2 anos 4 a 25 oC Glaxo SK

Trimetoprim - water 2 anos 4 a 25 oC Glaxo SK

*Tampão fosfato; pH 6; 0,1 mol/L; MSD: Merck Sharp Dohme; DMSO : Dimetilsulfóxido

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120

ANEXO III

PROTOCOLO PARA EXTRAÇÃO DE DNA GENÔMICO DE BACTÉRIAS GRAM-

NEGATIVAS

WIZARD

GENOMIC DNA PURIFICATION KIT (Promega, Estados Unidos).

PROCEDIMENTO:

1- Adicionar 1.8 mL da cultura bacteriana (com crescimento overnight em caldo BHI) em

microtubo de 1.5 mL;

2- Centrifugar de 13.000-16.000 x g por 2 minutos. Remover o sobrenadante;

3- Adicionar 600 µL de solução de lise nucléica. Pipetar gentilmente até as células serem

resuspendidas;

4- Incubar a 80ºC por 5 minutos para a lise celular, e então deixar esfriar a temperatura

ambiente;

5- Adicionar 4 µL de solução Rnase e inverter o tubo de 2 a 5 vezes para misturar;

6- Incubar a 37ºC de 15 a 60 minutos. Deixar esfriar a temperatura ambiente;

7- Adicionar 200 µL de solução de precipitação de proteínas para as células lisadas tratadas

com a Rnase. Agitar vigorosamente no vórtex em velocidade máxima por 20 segundos;

8- Incubar a amostra no gelo por 5 minutos;

9- Centrifugar de 13.000-16.000 x g por 3 minutos;

10- Transferir o sobrenadante contendo o DNA para um microtubo de 1.5 mL limpo contendo

600 µL de isopropanol;

11- Misturar gentilmente por inversão o conteúdo até que uma faixa de DNA forme uma

massa visível;

12- Centrifugar de 13.000-16.000 x g por 2 minutos;

13- Cuidado ao desprezar o sobrenadante e secar o tubo com papel absorvente limpo.

Adicionar 600 µL de etanol (70%) e inverter o tubo muitas vezes para lavar o pellet de

DNA;

14- Centrifugar de 13.000-16.000 x g por 2 minutos. Aspirar o etanol com cuidado e

desprezar;

15- Seque o tubo com papel absorvente limpo e deixe o pellet ao ar seco de 10 a 15 minutos;

16- Adicionar 100 µL de solução de rehidratação de DNA e rehidrate o material por

incubação a 65ºC por 60 minutos. Feito isso, rehidrate o DNA por incubação da solução

de rehidratação em overnight a temperatura ambiente ou a 4°C;

17- Estoque o DNA de 2 a 8ºC.

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121

ANEXO IV

PROTOCOLO PARA PURIFICAÇÃO DE DNA (PRODUTOS DE PCR)

KIT GFXTM

PCR DNA AND GEL BAND PURIFICATION (GE Healthcare, USA)

PROCEDIMENTO:

1- Transferir toda a amostra de reação de PCR para um microtubo de 2 mL e adicionar 500

µL de tampão de captura tipo 2, misturando bem;

2- Transferir todo o volume para um microtubo contendo a coluna do filtro e dar spin de 30

segundos na centrifuga;

3- Descartar volume do microtubo e recolocar a coluna com o filtro no mesmo;

4- Adicionar 500 µL de tampão de lavagem tipo 1 na coluna e dar spin de 30 segundos;

5- Transferir coluna com filtro para um novo microtubo limpo;

6- Adicionar 50 µL de tampão de eluição e dar spin por 1 minuto;

7- Descartar filtro;

8- Estocar a -20ºC.

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122

ANEXO V

PROTOCOLO PARA PRECIPITAÇÃO DE DNA EM PLACA DE

SEQUENCIAMENTO

PROCEDIMENTO:

1- Com o auxílio de pipeta multicanal, adicionar 20 µL de isopropanol 80% em cada poço

da placa de sequenciamento;

2- Agitar vigorosamente por 20 segundos em vórtex para placa;

3- Centrifugar placa por 50 minutos a 4ºC (4000 rpm);

4- Descartar isopropanol e dar spin invertido de 5 segundos na centrífuga;

5- Adicionar 45 µL de etanol 75% em todos os poços;

6- Centrifugar por 10 minutos a 20ºC (4000 rpm);

7- Descartar etanol e dar spin invertido de 5 segundos;

8- Deixar secar até que todo o álcool evapore (em torno de 15 minutos);

9- Adicionar 10 µL de loading solution (faz parte do kit se sequenciamento) em todos os

poços da placa;

10- Adicionar 10 µL de agarose a 0.12% e agitar vigorosamente em vórtex por 20 segundos;

Estocar a -20ºC.

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123

ANEXO VI

Tabela que relaciona o registro das cepas nos arquivos da coleção do CEMM (coluna 1) e

a denominação preliminar de rotina no momento de recebimento das cepas (coluna 2).

Concentração inibitória mínima - CIM de cepas clínicas e ambientais de B. pseudomallei isoladas no Ceará

determinadas pela metodologia de microdiluição em caldo Müeller-Hinton.

Cepas Doxiciclina

(µg\mL)

Amoxicilina

/Clavulanato

(µg\mL)

Sulfametoxazol

/Trimetoprim

(µg\mL)

Ceftazidima

(µg\mL)

Imipenem

(µg\mL)

CIM Cat CIM Cat CIM Cat CIM Cat CIM Cat

03-6-033 Bp1 0,5 S 8\4 S 0,25\4,75 S 8 S 0,25 S

03-6-034 Bp2 0,25 S 32\16 R 2\38 S 8 S 0,5 S

03-6-035 Bp3 0,25 S 8\4 S 1\19 S 8 S 0,5 S

03-6-036 Bp4 0,25 S 8\4 S 1\19 S 4 S 0,5 S

03-6-037 Bp5 0,5 S 8\4 S 0,5\9,5 S 4 S 0,5 S

03-6-038 Bp6 0,25 S 16\8 I 0,5\9,5 S 4 S 1 S

05-03-008 Bp9 0,25 S 8\4 S 1\19 S 4 S 0,25 S

05-03-009 Bp10 0,25 S 4\2 S 1\19 S 2 S 0,5 S

05-03-010 Bp11 0,25 S 16\8 S 0,25\4,75 S 8 S 0,5 S

05-03-011 Bp12 0,25 S 16\8 S 0,5\9,5 S 8 S 0,125 S

03-6-039 1331 0,25 S 8\4 S 0,5\9,5 S 16 I 0,25 S

03-6-040 1333 0,25 S 8\4 S 0,25\4,75 S 4 S 0,5 S

03-6-041 1334 0,25 S 8\4 S 2\38 S 4 S 1 S

03-6-042 1336-AL 0,25 S 16\8 I 2\38 S 8 S 1 S

03-6-043 1336-R 0,25 S 16/8 I 2\38 S 8 S 0,25 S

03-6-044 1338 0,25 S 4\2 S 0,125\2,375 S 2 S 0,5 S

03-6-045 1345 0,5 S 8\4 S 0,25\4,75 S 4 S 1 S

03-6-046 1346-L 0,25 S 8\4 S 0,25\4,75 S 8 S 1 S

03-6-047 1346R 0,25 S 8\4 S 0,25\0,475 S 8 S 0,5 S

03-6-048 1347 0,5 S 8\4 S 0,25\4,75 S 4 S 1 S

CIM: concentração inibitória mínima; cat: categorização segundo o ponto de corte de sensibilidade do CLSI

(CLSI, 2010)

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124

ANEXO VII

Resultado do gel de eletroforese dos produtos da PCR-RAPD com o primer OPQ-4 realizado

com 10 cepas ambientais e 8 cepas clínicas.

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125

ANEXO VIII

Resultado do gel de eletroforese dos produtos da PCR-RAPD com o primer OPQ-2

realizado com 10 cepas ambientais e 8 cepas clínicas.

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126

ANEXO IX

Declaração de Correção Linguítica e gramatical

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127

ANEXO X

NATURE PUBLISHING GROUP LICENSE TERMS AND CONDITIONS

Apr 19, 2011

This is a License Agreement between Tereza J P Bandeira ("You") and

Nature Publishing Group ("Nature Publishing Group") provided by

Copyright Clearance Center ("CCC"). The license consists of your order

details, the terms and conditions provided by Nature Publishing Group,

and the payment terms and conditions.

License Number 2652410629783

License date Apr 19, 2011

Licensed content publisher

Nature Publishing Group

Licensed content publication

Nature Reviews Microbiology

Licensed content title Melioidosis: insights into the

pathogenicity of Burkholderia pseudomallei

Licensed content author W. Joost Wiersinga, Tom van der Poll,

Nicholas J. White, Nicholas P. Day and Sharon J. Peacock

Licensed content date Apr 1, 2006

Volume number 4

Issue number 4

Type of Use reuse in a thesis/dissertation

Requestor type academic/educational

Format electronic

Portion figures/tables/illustrations

Number of figures/tables/illustrations

5

High-res required no

Figures Figure 5 | Host–pathogen interactions in Burkholderia pseudomallei infection:

bacterial virulence meets innate immunity

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128

ANEXO XI

NATURE PUBLISHING GROUP LICENSE

TERMS AND CONDITIONS

Apr 19, 2011

This is a License Agreement between Tereza J P Bandeira ("You") and

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Copyright Clearance Center ("CCC"). The license consists of your order

details, the terms and conditions provided by Nature Publishing Group,

and the payment terms and conditions.

All payments must be made in full to CCC. For payment instructions, please see information listed at the bottom of this form.

License Number 2652410041329

License date Apr 19, 2011

Licensed content publisher

Nature Publishing Group

Licensed content publication

Nature Reviews Microbiology

Licensed content title Melioidosis: insights into the pathogenicity of Burkholderia pseudomallei

Licensed content author W. Joost Wiersinga, Tom van der Poll, Nicholas J. White, Nicholas P. Day and Sharon J. Peacock

Licensed content date Apr 1, 2006

Volume number 4

Issue number 4

Type of Use reuse in a thesis/dissertation

Requestor type academic/educational

Format electronic

Figures Figure 4 | The intracellular lifestyle of Burkholderia pseudomallei

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ANEXO XII

METODOLOGIA – Fluxograma de atividade

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PUBLICAÇÕES

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131

Journal of Clinical Microbiology – Original Article

Clinical features and epidemiological data of thirteen cases of melioidosis: Eight years

of surveillance in the state of Ceará, Northeastern Brazil

Raimunda S. N. Brilhantea,b

, José J. C. Sidrima,b

, Tereza J. P. G. Bandeira a,b,d

, Rossana A.

Cordeiroa,b

, Rita A. C. Limaa,b

, Joyce F. Ribeiroa,b

, Débora S. C. M. Castelo-Brancoa,b

, Jorge

L. N. Rodriguese, Ivo C. B. Coelho

e, Francisco G. Magalhães

f,

Marcos F. G. Rochaa,b,c

.

a Specialized Medical Mycology Center, Postgraduate Program in Medical Microbiology,

Federal University of Ceará, Fortaleza, Ceará, Brazil.

b Postgraduate Program in Medical Microbiology, Federal University of Ceará, Fortaleza,

Ceará, Brazil

c Postgraduate Program in Veterinary Science, State University of Ceará, Fortaleza, Ceará,

Brazil

d LabPauster Laboratory, Fortaleza, Ceará, Brazil,

e Postgraduate Program in Public Health, Federal University of Ceará, Fortaleza, Ceará,

Brazil

f Infectious Disease Physician Assistant, São Mateus Hospital.

Running title: Eight years of melioidosis in Brazil

Corresponding Author: Raimunda S. N. Brilhante. Rua Barão de Canindé, 210; Montese.

CEP: 60.425-540. Fortaleza, CE, Brazil. Fax: +55 85 3295-1736. E-mail: [email protected].

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Abstract

Melioidosis is endemic in Southeastern Asia and hyperendemic in Northern Australia.

In Brazil it has been considered an emerging disease since February 2003, when the first

cases were reported in the state of Ceará. The main goal of this work was to categorize the

clinical and eco-epidemiological features of melioidosis in Ceará from 2003 to 2011, as well

as to evaluate the relationship of the clinical and environmental strains included in this study

with strains from Australia and Thailand. For this purpose, the clinical-epidemiological

characteristics of the cases of melioidosis were catalogued and the isolated strains were

biochemically and genetically characterized. Thirteen cases of melioidosis occurred in Ceará,

during this period. One of them was notified by the Dutch government when a tourist died of

melioidosis after a visit to the state. The others were nine fatal disseminated cases of

melioidosis and three mild forms of the disease in which the patients survived. Nine of these

thirteen cases occurred in the rainy season (from January to May). Clayey soils and a

semiarid tropical climate predominate in the region affected by melioidosis in Ceará. The

phylogenetic analysis of 16S rRNA showed that the Brazilian strains of B. pseudomallei are

evolutionarily clustered with the strains from Australia and Thailand. Finally, the detection of

melioidosis in Northeastern Brazil highlights the extent of its distribution in the Americas and

indicates the need for improved technical skills to diagnose and treat this disease.

Keywords: Burkholderia pseudomallei, melioidosis, Brazil, DNA sequencing, phylogeny

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Introduction

Melioidosis is a serious disease that afflicts humans and other animals, with a wide

range of clinical forms (27). Most melioidosis cases show a history of recent infection,

although latency with relapse after several years has been reported (3). Melioidosis is

endemic in Southeastern Asia, hyperendemic in tropical Australia and only sporadically

reported in other regions, including tourists returning from endemic zones, particularly during

periods of war or the aftermath of natural catastrophes (5).

Burkholderia pseudomallei, the agent that causes melioidosis, is a gram-negative rod

that naturally inhabits soil and water (7). It was isolated from soil samples for the first time in

1955 in French Indo-China (Vietnam) (15). Since then, the epidemiology of melioidosis, the

ecological conditions for the growth of B. pseudomallei and its relationship with

environmental factors have been studied by various authors (7, 8, 15, 24). These studies have

established that close contact with soil and accumulated water plays an important role in the

ecology of melioidosis. An association has also been noted between melioidosis and the rainy

season, although some outbreaks have occurred in Australia in the dry season as well (6).

Melioidosis in Brazil has been considered an emerging disease since 2003, when the

first cases were reported in the Northeastern region, specifically in the state of Ceará (4, 23).

Therefore, the objective of this work was to catalog the clinical-epidemiological and

ecological characteristics of the cases from Ceará, from 2003 to 2011, as well as to assess the

relation between local Brazilian strains and Australian and Thai strains, through sequencing

and phylogenetic analysis.

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134

Materials and Methods

Microorganisms isolated

The 20 strains included in this study (Table 1) were isolated from clinical cases

(n=10) that have been reported in Ceará in the past eight years, which were identified through

molecular tests at the Laboratory of Emerging and Reemerging Pathogens (LAPERE) of

Ceará Federal University (UFC); and from environmental sources from the municipality of

Tejuçuoca, as part of an environmental study conducted in Ceará by Rolim et al.(24).

Cataloging the clinical-epidemiological characteristics of the melioidosis cases

Active search in papers and bibliographical sites

We searched the databases of bibliographical sites such as Medline, PubMed and

Scielo, using keywords like Burkholderia pseudomallei, melioidosis, ecology, environment

and Brazil to investigate the geoclimatic conditions of the regions of the world where

melioidosis is endemic or has sporadically occurred in recent years. We also gathered data

from the Ceará Institute of Research and Economic Strategy (IPECE) (17) on the geoclimatic

conditions of the areas affected by melioidosis in the State, aiming at comparing the obtained

information with geoclimatic features reported in other countries. The studied indicators were

geographic location, elevation (by the digital elevation model – DEM), soil and climate types

and rainfall.

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135

Search for new cases

To find new reported cases worldwide, we searched the literature and also the

database and publications (epidemiological bulletins) of the Ceará State Health Secretariat.

We also used the mandatory infectious disease notification services of some public and

private laboratories for this purpose. Finally, a group of infectologists interested in

melioidosis, led by our research group, created an alert program to detect new cases of this

disease.

Biochemical identification

The diagnostic methods utilized by the services that have detected cases are described

in Table 2, with their respective references. To confirm the identification of the clinical and

environmental strains of B. pseudomallei, all 20 strains utilized in this study were first

characterized by gram staining, macromorphology of colonies in selective media (blood agar,

Asdown agar and MacConkey agar) and by the oxidase reaction test. The complete

biochemical identification was performed by testing with the automated VITEK2 system

(bioMérieux, Marcy l’Etoile, France).

Molecular characterization

The molecular identification was carried out with the PCR technique, through

amplification of the specific 16S-23S spacer region of B. pseudomallei, according to Merritt

et al. (12) The reaction was performed in a final volume of 25 µL containing 10 µL of DNA

sample (30 ng/µl), 2.5 µL of buffer (New England Biolabs, UK), 1 mmol/L of MgCl2

(Invitrogen, Carlsbad, USA), 50 pmol of each of the primers Bp1 (5’-

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136

CGATGATCGTTGGCGCTT-3’) and Bp4 (5’-CGTTGTGCCGTATTCCAAT-3’), 10

mmol/L of pooled deoxynucleoside triphosphates and 1 U of Taq polymerase (New England

Biolabs, UK). The PCR routine comprised 4 min at 94 ºC, followed by 45 cycles of 30 s at 94

ºC, 30 s at 50 ºC and 45 s at 72 ºC, with a final hold for 7 min at 72 ºC. PCR products were

demonstrated by ethidium bromide gel electrophoresis on 1% agar gel and visualized under

UV light.

16S rRNA genes sequencing: The nearly complete 16S rRNA gene was amplified by

PCR using the primers 27F (5’-AGAGTTTGATCCTGGCTCAG-3’) and 1525R (5’-

AAGGAGGTGATCCAGCC-3’). Amplification reactions were performed in a final volume

of 25 μL containing 200 ng of genomic DNA, 1X Green GoTaq reaction buffer (Promega,

Madison, USA), 1.5 mmol/L of MgCl2, 10 mmol/L of each dNTP (GE Healthcare Life

Sciences, Buckinghamshire, UK), 12.5 pmol of each primer and 1.25 units of GoTaq DNA

Polymerase (Promega, Madison, USA). The cycling parameters were as follows: an initial

denaturation step (2 min at 95 °C) followed by 35 cycles of 1 min at 95 °C, 1 min at 62 °C,

and 1.5 min at 72 °C. After the last cycle, the reactions were further incubated for 5 min at 72

°C. The amplification of DNA bands with the expected size was checked by analyzing a 2-L

aliquot of PCR reactions by 1.0% agarose gel electrophoresis (25), then the PCR products

were purified from the remaining reactions using GFX PCR DNA and the Gel Band

Purification kit (GE Healthcare Life Sciences), according to the manufacturer’s instructions.

The concentration of the purified PCR products was determined by measuring the absorbance

at 260 nm of a ten-fold dilution. DNA sequencing was performed with the DYEnamic ET

terminator cycle sequencing kit (GE Healthcare Life Sciences, Buckinghamshire, UK). The

16S rRNA fragment was sequenced using the primers 27F, 1525R, 782R (5’-

ACCAGGGTATCTAATCCTGT-3’) and 1100R (5’-AGGGTTGCGCTCGTTG-3’).

Sequencing reactions were then analyzed in a MegaBACE 1000 automatic sequencer (GE

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137

Healthcare Life Sciences, Buckinghamshire, UK). The samples were injected at 3 kV for 50 s

and the runs were performed at 6 kV for 180 min. High-quality, overlapping reads (phred

>20) were used to generate near full-length 16S rRNA gene sequences using the

Phred/Phrap/Consed package (9, 10, 12).

Phylogenetic analysis: The 16S rRNA gene sequences determined were compared to

those already deposited in the GenBank (www.ncbi.nlm.nih.gov/Genbank) using the Basic

Local Alignment Search Tool – BLAST (2). Multiple sequence alignments were produced

and edited using ClustalW (29) and BioEdit (13), respectively. The obtained 16S rRNA gene

sequences were aligned with homologous sequences from selected Burkholderia species as

well as with species of related genera. Only complete 16S rRNA gene sequences were used,

which were taken from the corresponding complete genome sequences of the chosen species.

The species used and the GenBank accession numbers of their genome sequences were as

follows (the chromosome number from which each sequence was obtained is also indicated,

when appropriate): B. pseudomallei strains 1710b (CP000125, II), 668 (CP000571, II),

MSHR346 (CP001408, I), 1106a (CP000573, II), and K96243 (BX571965, I); B. mallei

strains SAVP1 (CP000526, I), ATCC 23344 (CP000011, II), NCTC 10229 (CP000546, I)

and NCTC 10247 (CP000548, I); B. thailandensis E264 (CP000085, II), B. cenocepacia

strains J2315 (AM747721, II), AU 1054 (CP000379, II) and HI2424 (CP000459, II); B.

ambifaria MC40-6 (CP001026, II), B. cepacia AMMD (CP000441, II), B. multivorans

ATCC 17616 (AP009386, II), B. vietnamiensis G4 (CP000615, II), B. phymatum STM815

(CP001044, II), B. phytofirmans PsJN (CP001053, II), B. xenovorans LB400 (CP000271, II),

Bordetella petrii DSM 12804 (AM902716), B. avium 197N (AM167904), B. pertussis

Tohama I (BX470248), B. bronchiseptica RB50 (BX470250), B. parapertussis 12822

(BX470249), Neisseria meningitidis MC58 (AE002098), and Pseudomonas aeruginosa

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138

PAO1 (AE004091). The program MEGA4 – Molecular Evolutionary Genetic analysis

version 4.1 (28) was used to perform phylogenetic analyses.

Results

Melioidosis has occurred in municipalities of Ceará that are geographically distributed

along the Northwestern, Northern and Northeastern regions of the state, near the coastline

(Figure 1). Concerning rainfall (Table 2), the municipalities of Pacoti [latitude(S) 4º13'30",

longitude(WGr) 38º55'24"], Ubajara [latitude(S) 3º51'16", longitude(WGr) 40º55'16"],

Granja [latitude(S) 3º07’13’’, longitude(WGr) 40º49’34’’], Aracoiaba [latitude(S) 4º22’16’’,

longitude(WGr) 38º48’51’’], Ocara [latitude(S) 4º29’27’’, longitude(WGr) 38º35’48’’],

Banabuiu [latitude(S) 5°18’35”, longitude(WGr) 38°55’14”] and Itapajé [latitude(S)

3º41'12", longitude(WGr) 39º35'10"] had annual rate (through 2010) greater than or equal to

800 mm, while the municipality of Tejuçuoca [latitude(S) 3º59’20’’, longitude(WGr)

39º34’50’’] had a level of 659 mm (21).

Although the most prevalent soil type in the state is Litholic (Neosol), in the territory

affected by melioidosis the predominant type is Red-Yellow Podzolic (Argisol), followed by

Brown Sandy Loam (Luvisol) (Table 2). The municipalities affected by melioidosis have

varying elevations, with Ubajara, Pacoti and Itapajé being the highest, with respective

altitudes of 847 m, 736 m and 262 m (Figure 1). Additionally, concerning climate, Tejuçuoca

is classified as semi-arid, while the other affected municipalities have mild semi-arid tropical

climate (Table 2).

The search for new cases produced the following result: (i) one report of melioidosis

notified by the Dutch government involving a tourist who died in his home country after

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139

having visited Ceará (case 6); (ii) one case reported in the epidemiological bulletin – State

Epidemiological Vigilance List (case 8); (iii) two cases notified by LabPasteur in the state

capital, Fortaleza (cases 10 and 11) and (iv) two cases reported by the group of infectious

disease specialists previously mentioned. These cases plus those previously reported in the

literature (Table 3) make a total of thirteen cases, which were all included in this study.

Among the thirteen melioidosis cases, nine occurred in the first half of the year, which is

the rainy season in Ceará, nine cases were related to direct exposure to soil and water (river,

lake and waterfall), but there was no clarification of exposure in four cases. Eleven of the

patients were men and only two were women. The patients’ ages varied from 10 to 70 years.

Comorbidities were not reported for five of the thirteen patients, while in the other nine cases,

the comorbidities were diabetes (3 cases), cranioencephalic trauma (1 case), chronic

obstructive pulmonary disease – COPD (1 case), aneurysm of the aorta (1 case), sickle cell

anemia (1 case) and hemorrhagic dengue (1 case). In the first five cases reported, there was

no information on antimicrobial therapy, biut for the other eight cases, six were empirically

treated with carbapenemics (imipenem and meropenem).

We confirmed the identification of the 20 clinical and environmental strains of B.

pseudomallei involved in this study by the VITEK2 methodology, with a confidence level up

to 93%, which is defined by the manufacturer as very good. We also used the PCR test, with

the primers Bp1 and Bp2, to confirm identification of B. pseudomallei by the production of a

band of approximately 300 bp in agarose gel.

The sequencing of the 16S region of ribosomal DNA allowed identifying the 20 strains

as B. pseudomallei, with an obtained sequence of approximately 1,400 bp. We also

performed phylogenetic analysis of the 16S rRNA gene sequences of some B. pseudomallei

strains. Pairwise comparisons between these 16S rRNA gene sequences with corresponding

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140

sequences from different strains of B. pseudomallei (MSHR346, 1106a, K96243, 668 and

1710b), retrieved from the GenBank, revealed sequence identities ranging from 99.7 to

100%. The phylogenetic analysis based on the 16S rRNA sequences supports the close

relationship of the Brazilian isolates to well-characterized B. pseudomallei strains from which

genome sequences have been determined.

Discussion

The soils in the municipalities affected by melioidosis are mainly rich in clay, such as

Argisol (predominant), followed by Luvisol (17), similar to the soils where melioidosis is

endemic (15). Argisols form a group of non-hydromorphic mineral soils with clay having

high or low activity. Finally, Luvisols have high clay activity and high base saturation levels

(17).

As shown in Table 3, these municipalities have annual rainfall above 800 mm (except

Tejuçuoca) (18), which is similar to the precipitation levels in the other zones where

melioidosis is endemic (3). The predominant climate in Ceará is semi-arid tropical, although

the affected regions present a mild semi-arid tropical climate. The endemic world regions for

melioidosis also have tropical or subtropical climates (8).

Regarding altitude, Ceará has hilly regions with elevations above 300 m, rich in

waterfalls and cataracts that are very popular for leisure and tourist outings. However, most

described cases (n=10) occurred in municipalities ranging from 10 to 260 m high. Similarly,

in other endemic countries the altitudes range from140 to191 m (22).

Of the thirteen melioidosis cases, nine arose during the rainy season (January to May),

corroborating previous a work that stated that 75% of the cases have occurred in this period

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141

(8). The four cases that occurred in the dry season were probably due to reactivation of latent

infection, since the patients also suffered from acute and/or debilitating comorbidities,

namely sickle cell anemia, ruptured aortic aneurism, diabetes and hemorrhagic dengue.

As new cases of melioidosis have been reported in other countries, an increasing

number of studies have been published on the phylogenetic relationship between the strains

isolated from these places and those previously identified from Southeastern Asia (5, 14).

The phylogenetic analysis of the 16S rRNA gene sequences showed that the isolates from

Northeastern Brazil are evolutionarily clustered with B. pseudomallei strains from Australia

(MSHR346 and 668) and Thailand (1106a, K96243 and 1710b). This finding agrees with

previous results that were based on multilocus sequence typing (11) and with those based on

comparative genome sequence analysis (14).

The melioidosis cases in Ceará have occurred in rural areas where diagnostic

microbiology is precarious. The detection of the first outbreak in the state, in the municipality

of Tejuçuoca, was facilitated because it attacked four children of the same family and the

resulting social repercussion was sufficient for the cases to have been referred to health

authorities in the state capital (23). Over the succeeding years, the majority of the diagnosis

of melioidosis was performed through isolation of B. pseudomallei in blood cultures. Despite

the reported cases and confirmation of the presence of B. pseudomallei in soil samples from

the state, clinical suspicion of the disease is still not a routine medical practice. The

limitations of microbiology laboratories have been discussed by several authors (3, 8, 24).

This issue might have a great impact in Ceará state referring underestimating occurrence of

melioidosis. The laboratories, which are generally not prepared for triage or complete

identification of B. pseudomallei from clinical specimens, can be a limiting factor for the

detection of melioidosis in the state.

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142

In conclusion, the clinical and epidemiologic features of melioidosis in Ceará are

similar to those regions of the world where this diseases is endemic. This study contributes to

increase knowledge on the importance of melioidosis in Ceará, Brazil, and on its clinical-

epidemiological characterization, allowing inclusion of the state as an endemic zone for the

disease.

Funding

This work was supported by the National Counsel of Technological and Scientific

Development (CNPq, Brazil, Process: 302574/2009-3; PROTAX Process: 562296/2010-7).

Conflicts of Interest

Nothing to declare.

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147

Table 1. Clinical and environmental isolates of B. pseudomallei from northeastern Brazil identified by biochemical and molecular methods.

Isolates

(CEMM) Origin/Municipality Source VITEK2† Isolate (confidence level) PCR* Sequencing‡

03-6-033 Clinical/Tejuçuoca Blood B. pseudomallei (98.4%) (+) B. pseudomallei

03-6-034 Clinical/Tejuçuoca Blood B. pseudomallei (94.0%) (+) B. pseudomallei

03-6-035 Clinical/Tejuçuoca Blood B. pseudomallei (94.0%) (+) B. pseudomallei

03-6-036 Clinical/Ubajara Blood B. pseudomallei (99.0%) (+) B. pseudomallei

03-6-037 Clinical/Aracoiaba Blood, bronchoalveolar

lavage B. pseudomallei (95.0%) (+) B. pseudomallei

03-6-038 Clinical/Granja Blood B. pseudomallei (98.0%) (+) B. pseudomallei

05-03-008 Clinical/Itapajé Ganglion tissue B. pseudomallei (93.0%) (+) B. pseudomallei

05-03-009 Clinical/Ubajara Peritoneal fluid B. pseudomallei (99.0%) (+) B. pseudomallei

05-03-010 Clinical/Pacoti Bone marrow B. pseudomallei (99.0%) (+) B. pseudomallei

05-03-011 Clinical/Ocara Blood

B. pseudomallei (97.0%) (+) Not yet

completed

03-06-039 Environmental/Tejuçuoca Soil B. pseudomallei (97.0%) (+) B. pseudomallei

03-06-040 Environmental/Tejuçuoca Soil B. pseudomallei (97.0%) (+) B. pseudomallei

03-06-041 Environmental/Tejuçuoca Soil B. pseudomallei (97.0%) (+) B. pseudomallei

03-06-042 Environmental/Tejuçuoca Soil B. pseudomallei (97.0%) (+) B. pseudomallei

03-06-043 Environmental/Tejuçuoca Soil B. pseudomallei (97.0%) (+) B. pseudomallei

03-06-044 Environmental/Tejuçuoca Soil B. pseudomallei (97.0%) (+) B. pseudomallei

03-06-045 Environmental/Tejuçuoca Soil B. pseudomallei (97.0%) (+) B. pseudomallei

03-06-046 Environmental/Tejuçuoca Soil B. pseudomallei (97.0%) (+) B. pseudomallei

03-06-047 Environmental/Tejuçuoca Soil B. pseudomallei (97.0%) (+) B. pseudomallei

03-06-048 Environmental/Tejuçuoca Soil B. pseudomallei (97.0%) (+) B. pseudomallei †Biochemical identification VITEK2 > 93 very good confidence level by the manufacturer’s evaluation; (-) negative reaction; (+) positive reaction; * Specific 16S-23S rRNA intergenic spacer PCR; ‡16S rRNA gene sequencing;

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148

Table 2. Soil type, climate, rainfall and altitude in the municipalities affected by melioidosis in Ceará from 2002 to 2010

Municipality (cases) Soil type Climate

Rainfall

Annual rate

(mm)

Altitude

Tejuçuoca (Cases 1,2,3

and 4)

Brown Sandy Loam, Litholic Soils, Solodic Planosol,

Red-Yellow Podzolic Tropical hot semi-arid 659 140.32

Banabuiú (Case 5) Alluvial Soils, Litholic Soils,Solodic Planosol, Red-Yellow Podzolic

Cambissol Tropical hot semi-arid 815 100.0

Aracoiaba (Case 7) Dystrophic Quartzose Sands, Red-Yellow Podzolic,Alluvial Soils, Litholic

Soils Solodic Planosol

Tropical hot semi-arid, tropical hot

mild semi-arid, tropical hot sub-humid 1,010 107.1

Ubajara (Caso 8 e 11) Dystrophic Quartzose Sands, Litholic Soils, Red-Yellow Latosol

Red-Yellow Podzolic Tropical hot sub-humid 1,483 847.5

Granja (Case 9) Dystrophic Quartzose Sands, Litholic Soils, Solodic Planosol,

Red-Yellow Podzolic,

Tropical hot mild semi-arid, tropical

hot sub-humid 1,040 10.75

Itapajé (Case 10) Brown Sandy Loam, Litholic Soils, Solodic Planosol

Red-Yellow Podzolic Tropical hot semi-arid 800

262.2

Pacoti (Case 12) Red-Yellow Podzolic Tropical sub-hot humid and tropical

hot humid 1,558 736.1

Ocara (Case 13) Dystrophic Quartzose Sands,Solodic Planosol,

Red-Yellow Podzolic Tropical hot semi-arid 959 170.2

Sources: IPECE, 200711

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149

Table 3. Clinical features and epidemiologic data of thirteen cases of melioidosis in the estate of Ceará, northeastern Brazil from 2003 to 2011

Cases Month

/ Year

Age

(years) Sex Clinical features and type of exposure Treatment

Out-

come

laboratory diagnostic

methodsa

CEMMb

Strains

Origin(IPECE, 2010) Refere

nce

01 Feb/

2003

15 M Fever, cough, headache and pustules on the limbs.

Fulminant sepsis. No comorbidity. Exposure:

swimming in a reservoir

No available data Death Not available data Not

available

Tejuçuoca: latitude(S) 3º 59’

20’’; longitude(WGr) 39º

34’ 50’’

[25, 26]

02 Feb/ 2003

14 F Fever, cough, headache and pustules on the limbs. Fulminant sepsis. No comorbidity. Exposure:

swimming in a reservoir

No available data Death GNNFc Biochemical

identification; confirmed

by PCR

03-06-033 Tejuçuoca: latitude(S) 3º 59’ 20’’; longitude(WGr) 39º

34’ 50’’

[25, 26]

03 Feb/

2003

10 M Fever, cough, headache and pustules on the limbs.

Fulminant sepsis. No comorbidity. Exposure:

swimming in a reservoir

No available data Death GNNFc Biochemical

identification; confirmed

by PCR

03-06-034 Tejuçuoca:latitude(S) 3º 59’

20’’; longitude(WGr) 39º

34’ 50’’

[25, 26]

04 Feb/

2003

12 F Fever, cough, headache and pustules on the limbs. No

comorbidity. Exposure: swimming in a reservoir

No available data Survived GNNFc Biochemical

identification; confirmed

by PCR

03-06-035 Tejuçuoca: latitude(S) 3º 59’

20’’; longitude(WGr) 39º 34’ 50’’

[25, 26]

05 Jan/ 2004

39 M Genital abscess, sepsis. No comorbidity. Exposure: squatting in a river washing clothes

No available data Death Not available data Not available

Banabuiú: latitude(S) 5° 18’ 35” e longitude(WGr) 38°

55’ 14”

[9]

06 July/

2005

50 M Community acquired pneumonia, sepses.

Comorbidity: diabetes. Exposure: swimming in a lake

Cefuroxime,

Erythromycin

gentamicin

Death API 20NE; confirmed by

PCR

Not

available

Not available [27]

07 May/ 2005

30 M Aspiration pneumonia, sepsis. Comorbidity: TCE. Exposure: vehicle accident and immersion in a river

Imipenem Death VITEK1 system, confirmed by PCR

03-06-037 Aracoiaba: latitude(S) 4º 22’ 16’’ e longitude(WGr) 38º

48’ 51’’

[7, 28]

08 April

/2008

17 M Pneumonia, sepses. Comorbidity: COPDd. Exposure:

bathing in waterfalls

Imipenem Death VITEK2 system,

confirmed by PCR

03-06-036 Ubajara:latitude(S) 3º 51'

16", longitude(WGr) 40º 55' 16"

[29]

09 Nov/ 2009

70 M Mycotic aneurysm, sepsis. Exposure: Unknown Cefepime Death VITEK2 system, confirmed by PCR

03-06-038 Granja: latitude(S) 3º 07’ 13’’ e longitude(WGr)

[30]

10 Oct/

2009

50 M Mediastinal adenopathy, fever. Comorbidity:

diabetes. Exposure: Unknown

Meropenem Survived VITEK2 system,

confirmed by PCR

05-03-008 Itapajé: latitude(S) 3º 41' 12",

longitude(WGr) 39º 35' 10"

Case not

reported

yet

11 April/ 57 M Splenic abscess, peritonitis. Comorbidity: Sickle cell Imipenem Survived VITEK2d system, 05-03-009 Ubajara: latitude(S) 3º 51'

16", longitude(WGr) 40º 55'

Case not

reported

Page 150: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E GENOTÍPICA, SENSIBILIDADE …€¦ · Gram-negativo encontrado no solo e na água. A doença é endêmica no sudeste asiático e hiperendêmica no

150

2010 anemia. Exposure: Unknown confirmed by PCR 16" yet

12 Dec/20

10

53 M Pneumonia, sepsis Comorbidity: dengue. Exposure:

handle and transporting bricks

Imipenem Death VITEK2d system,

confirmed by PCR

05-03-010 Pacoti: latitude(S) 4 13' 30",

longitude(WGr) 38º 55' 24"

Case not

reported

yet

13 Jan/20

11

32 M Adenopathy, fever. Comorbidity: diabetes. Exposure:

Unknown

Meropenem Survived VITEK2 system,

confirmed by PCR

05-03-011 Ocara: latitude(S) 4º 29’ 2

7’’, longitude(WGr) 38º 35’

48’’.

Case not

reported

yet

aDiagnostic method used by the laboratory that first isolated the strain; bSpecialized Medical Mycology Center; c GNNFs - Non-fermenting gram negative rods26, d Chronic Obstructive Pulmonary Disease.

Page 151: CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E GENOTÍPICA, SENSIBILIDADE …€¦ · Gram-negativo encontrado no solo e na água. A doença é endêmica no sudeste asiático e hiperendêmica no

151 Figure 1. Geographic location of the state of Ceará (upper picture). Geographic distribution of the municipalities

where cases of melioidosis have been reported in Ceará (Tejuçuoca, Banabuiú, Aracoiaba, Ubajara, Granja,

Itapajé, Pacoti and Ocara). Cases of melioidosis are represented by the text boxes, except for case 6 which refers

to the dutch tourist.