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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E MEDICINA LEGAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA MÉDICA RAFAEL DE CARVALHO MENDES CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E GENOTÍPICA DE CEPAS DE Chromobacterium violaceum ISOLADOS NO ESTADO DO CEARÁ FORTALEZA 2010

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E MEDICINA LEGAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA

MÉDICA

RAFAEL DE CARVALHO MENDES

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E

GENOTÍPICA DE CEPAS DE Chromobacterium

violaceum ISOLADOS NO ESTADO DO CEARÁ

FORTALEZA

2010

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RAFAEL DE CARVALHO MENDES

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E

GENOTÍPICA DE Chromobacterium violaceum

ISOLADOS NO ESTADO DO CEARÁ.

Dissertação submetida ao Curso de Pós-Graduação em

Microbiologia Médica, do Departamento de Patologia e

Medicina Legal, da Faculdade de Medicina, da

Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para

obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Thalles Barbosa Grangeiro

FORTALEZA

2010

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RAFAEL DE CARVALHO MENDES

CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E GENOTÍPICA DE Chromobacterium

violaceum ISOLADOS NO ESTADO DO CEARÁ

Dissertação submetida ao Curso de Pós-Graduação em

Microbiologia Médica, do Departamento de Patologia e

Medicina Legal, da Faculdade de Medicina, da

Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para

obtenção do grau de Mestre.

Data da Defesa: ____ / ____ / ____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Profa. Dra. Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal

Universidade Federal do Ceará - UFC

_________________________________________

Profa. Dra. Nádia Accioly Pinto Nogueira Universidade Federal do Ceará - UFC

________________________________________

Prof. Dr. José Júlio Costa Sidrim Universidade Federal do Ceará - UFC

_____________________________________

Prof. Dr. Thalles Barbosa Grangeiro

(Orientador)

Universidade Federal do Ceará - UFC

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Aos meus pais, meus irmãos e a minha esposa.

Amo vocês.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, meu amor e a razão da minha existência, por ter colocado em minha vida

pessoas fundamentais nas realizações dos meus sonhos.

Ao meu guia espiritual, pelos bons conselhos e sempre presente nessa árdua caminhada

de crescimento espiritual e profissional.

Ao meu amigo Thalles Barbosa Grangeiro, por ter acreditado em mim e essencial na

realização deste trabalho, a ele, a minha eterna gratidão.

A Profa. Dra. Nádia Accioly, pelo conhecimento transmitido, competência e dedicação

na realização deste trabalho.

A Profa. Dra. Luzia Kalyne Moreira Almeida Leal pelo fornecimento dos óleos

essenciais e seus componentes majoritários.

Ao Prof. Dr. José Julio Costa Sidrim, coordenador do Programa de Pós-Graduação em

Microbiologia Médica.

Aos grandes amigos Bruno, Olavo, Emerson, Everardo, Carol, Emanuel, Cícero e

Edvar.

Ao pessoal do Laboratório de Biologia Molecular, Denise, Sandra, Patrícia, Suellen,

Thiago e em especial a Marina pelos ensinamentos prestados no inicio do Mestrado.

Ao pessoal do Laboratório de Pesquisa em Microbiologia Aplicada, Dânya, Hellen,

Mirlayne, Felipe e Eric.

A secretária do curso, Carol.

Ao colegiado do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Médica.

A Universidade Federal do Ceará.

A Fundação Cearense de Amparo a Pesquisa e ao Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo apoio financeiro.

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RESUMO

Chromobacterium violaceum é classificada como uma β-proteobactéria, saprófita,

comumente encontrada em solo de regiões de clima tropical e subtropical, produz

vários metabólitos de grande interesse biotecnológico, dentre eles, a violaceína. Este

trabalho consiste numa caracterização fenotípica e genotípica de cinco cepas de

Chromobacterium violaceum isolados nos Municípios de Tejussuóca e Banabuiú,

ambas, no Estado do Ceará. A caracterização genotípica consistiu de sequenciamento

da região rDNA 16S e análises RFLP do gene recA. Para a caracterização fenotípica,

foram realizados testes bioquímicos e susceptibilidade a antibióticos, a óleos essenciais

de Lippia alba, bem como seus constituintes majoritários. Com o sequenciamento, as

cepas isoladas no estado do Ceará são espécies de Chromobacterium violaceum. Por

ser um gene conservado, o recA é utilizado como marcador molecular, fornecendo mais

informações na especificidade dos genoma bacterianos. Pela a análise por RFLP, as

cepas 1425, 1323, 2221 e a ATCC 12472 apresentaram três fragmentos digeridos pela

enzima, enquanto que as cepas 1221 e 1222 apresentaram dois fragmentos, indicando

sequências nucleotídicas diferentes para este gene conservado. As cincos cepas

apresentaram características fenotípicas iguais a Chromobacterium violaceum ATCC

12472, todas demonstraram ser resistentes a uma grande variedade de antibióticos β-

lactâmicos e mais susceptíveis as fluorquinolonas. Este é o primeiro trabalho na

literatura científica que trata da ação antimicrobiana dos óleos essenciais da Lippia

alba sobre a Chromobacterium violaceum, e pelos resultados obtidos, os óleos

essenciais exerceram ação bactericida sobre todas as cepas, sugerindo ser uma

possível alternativa de tratamento nos casos de doença provocada pela

Chromobacterium violaceum, que na maioria dos casos é confundida pela classe

médica com a melioidose provocada pela Burkholderia pseudomallei.

PALAVRAS-CHAVE: Chromobacterium violaceum, caracterização genotípica e

fenotípica.

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ABSTRACT

Chromobacterium violaceum is classified as a β-proteobacteria, saprophytes, commonly

found in soil regions of tropical and subtropical climate, produces various metabolites

of great biotechnological interest, among them the violacein. This work is a phenotypic

and genotypic characterization of five strains of Chromobacterium violaceum isolated

in the municipalities of Tejussuóca and Banabuiú, both in the state of Ceará. The

genotypic characterization consisted of sequencing the 16S rDNA region and RFLP

analysis of recA gene. For the phenotypic characterization was carried out biochemical

manuals, analysis of susceptibility to various antibiotics and essential oils of Lippia

alba. With the sequencing of the strains isolated in Ceará are species of

Chromobacterium violaceum. Because it is a conserved gene, the recA is being used as

a molecular marker, providing more information on the specificity of the bacterial

genome. For RFLP analysis, strains 1425, 1323, 2221 and ATCC 12472 showed three

fragments digested by the enzyme, whereas strains 1221 and 1222 showed two

fragments, indicating that in addition to being strains of the same species have different

nucleotide sequences for this gene conserved. The five strains showed phenotypic

characteristics identical to Chromobacterium violaceum ATCC 12472, all proved to be

resistant to a wide variety of β-lactam antibiotics and fluoroquinolones more likely. This

is the first work in the scientific literature dealing with antimicrobial activity of essential

oils from Lippia alba front of Chromobacterium violaceum, and the results, essential

oils exerted bactericidal for all strains, proving to be an excellent alternative treatment

in cases of disease caused by Chromobacterium violaceum, which in most cases is

confounded by the medical profession with melioidosis caused by Burkholderia

pseudomallei.

KEY WORDS: Chromobacterium violaceum; characterization genotypic and

phenotypic.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Participação dos genes na

biossíntese da violaceína 15

FIGURA 2: Países onde há relatos

de infecção ocasionados por Chromobacterium violaceum 17

FIGURA 3: Operon em Chromobacterium violaceum 18

FIGURA 4: Produtos do gene rDNA 16S amplificados 35

FIGURA 5: Árvore consenso obtida pelo

método da Máxima Parcimônia 37

FIGURA 6: Produtos do gene recA amplificados 38

FIGURA 7: Perfil eletroforético da digestão

do gene recA com a enzima de restrição PstI 39

FIGURA 8: Expressão do gene ampC

evidenciado pela técnica de aproximação de disco 48

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Componentes e volumes utilizados nas reações de PCR para a

amplificação do gene rDNA 16S................................................................................26

TABELA 2: Condições de amplificação do gene rDNA 16S, utilizando o programa

RAFAEL_16S (PTC-200)............................................................................................26

TABELA 3: Condições de amplificação do gene rDNA 16S, para a reação de

sequenciamento utilizando o programa RAFAMEGA (PTC-200)..............................27

TABELA 4: Componentes e volumes utilizados na preparação das reações de PCR para

a amplificação do gene recA.........................................................................................29

TABELA 5: Condições de amplificação do gene recA, utilizando o programa RAFAEL

(PTC-200)......................................................................................................................29

TABELA 6: Valores das Absorbâncias a 260 nm, 280 nm e 320 nm, pureza e as

concentrações de DNA das cepas de Chromobacterium violaceum.............................34

TABELA 7: Composição nucleotídica do gene rDNA 16S das amostras em estudo,

tamanho e peso...............................................................................................................36

TABELA 8: Identificação Bioquímica das cepas de Chromobacterium violaceum..39-

40

TABELA 9: Concentração Inibitória Mínima e Concentração Bactericida Mínima dos

antibióticos, pertencentes a suas classes, sobre cepas de C. violaceum determinadas

pelas técnicas de microdiluição em caldo Muëller-Hinton e do plaqueamento em meio

sólido.............................................................................................................................46

TABELA 10: Concentração Inibitória Mínima e Concentração Bactericida Mínima dos

óleos essenciais e seus componentes majoritários, sobre cepas de C. violaceum

determinadas pelas técnicas de microdiluição em caldo Muëller-Hinton e do

plaqueamento em meio sólido........................................................................................47

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Nome e sequencia de oligonucleotídeos 25

QUADRO 2: Média dos halos de inibição

do quimiotipo II, frente as cepas de Chromobacterium violaceum 44

QUADRO 3: Média dos halos de inibição

do quimiotipo III, frente as cepas de Chromobacterium violaceum 45

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

1.1 Histórico 13

1.2 Chromobacterium violaceum 14

1.3 A violaceína 15

1.4 Patogenicidade da Chromobacterium violaceum 16

1.5 Epidemiologia 17

1.6 O gene rDNA 16S, recA 18

1.7 Beta-lactamase ampC 19

1.8 A Lippia alba 20

2. JUSTIFICATIVA 21

3. PERGUNTA DE PARTIDA 22

4. HIPÓTESES 22

5. OBJETIVOS 23

6. MATERIAL E MÉTODOS 24

6.1 Análises Genéticas 24

6.1.1 Localização dos Experimentos 24

6.1.2 Obtenção das Cepas 24

6.1.3 Extração do DNA genômico 24

6.1.4 Eletroforese em Gel de Agarose 24

6.1.5 Amplificação, purificação e sequenciamento

da região do DNA ribossomal 25

6.1.6 Montagem das Sequencias 27

6.1.7 Alinhamento múltiplo e análise das sequencias 28

6.1.8 Análise filogenética 28

6.1.9 Amplificação do gene recA das cepas de

Chromobacterium violaceum e digestão com enzimas de restrição 28

6.2 Análises Microbiológicas 30

6.2.1 Localização dos Experimentos 30

6.2.2 Obtenção das Cepas 30

6.2.3 Plantas Medicinais 30

6.2.4 Extração dos óleos essenciais 30

6.2.5 Caracterização Bioquímica das cepas de C. violaceum 30

6.2.6 Teste de sensibilidade a Antimicrobianos 31

6.2.7 Determinação da concentração inibitória mínima de antibióticos 32

6.2.8 Determinação da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais 32

6.2.9 Determinação da concentração inibitória mínima

dos óleos essenciais e seus constituintes majoritários 33

6.2.10 Determinação da concentração bactericida mínima 33

6.2.11 Indução do gene ampC 33

7. RESULTADOS 34

7.1 Extração de DNA 34

7.2 Amplificação do gene rDNA 16S 34

7.3 Sequenciamento total do gene rDNA 16S e

obtenção das sequencias consenso 35

7.4 Análises estatísticas das sequencias nucleotídicas 36

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7.5 Árvore filogenética 37

7.6 Amplificação do gene recA e sua digestão

utilizando enzimas de restrição 38

7.7 Provas bioquímicas 39

7.8 Padrão de susceptibilidade dos isolados

de Chromobacterium violaceum 41

7.9 Determinação da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais 44

7.10 Lippia alba quimiotipo II 44

7.11 Lippia alba quimiotipo III 45

7.12 Concentração Inibitória e Bactericida Mínima dos Antibióticos

frente aos isolados de Chromobacterium violaceum 46

7.13 Concentração Inibitória e Bactericida Mínima dos

quimiotipos I, II e III do óleo essencial da Lippia alba

frente aos isolados de Chromobacterium violaceum 47

7.14 Detecção de Produção de Beta-lactamase de Classe C de Ambler 48

8. DISCUSSÃO 49

9. CONCLUSÃO 56

10. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 57

11. ANEXOS 73

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1. REVISÃO DE LITERATURA:

1.1 Histórico:

Em 1867, Boisbaudran observou a formação de uma coloração violeta sobre um

preparado a base de farinha e atribuiu a esta coloração a um “pequeno organismo”.

Quinze anos depois, Boisbaudran encontra motivação para publicar suas observações, e

publica um artigo na Comptes Rendus Hebdomadaires des Seances de L’Academie dês

Sciences com o título: “Material colorido se forma sobre a cola de farinha” (Matiére

colorante se formant dans la colle de farine) (ANTONIO, 2004).

No ano de 1880, o cientista italiano Curzio Bergonzini fez uma descoberta

acidental enquanto trabalhava na Universidade de Modena. No final de março, desse

mesmo ano, ele havia preparado muitas soluções de albumina de ovo para os seus

experimentos sobre “O mecanismo de ação das causas que retardam a putrefação.” Após

os experimentos, ele se esqueceu de descartar uma das soluções que serviu de controle e

só foi lembrar-se da mesma no dia 26 de abril. Bergonzini relatou ter ficado

maravilhado pela singularidade do aspecto dessa solução e reduziu o volume até um

pouco menos da metade, por evaporação, obtendo assim uma solução coberta por uma

película muito densa e de intensa coloração violeta. A princípio ele suspeitou da

Cromococcus violaceus, que era a única bactéria conhecida que apresentava tal

coloração, mas quando ele não conseguiu solubilizar um fragmento da película violeta

em água, percebeu que não se tratava de tal bactéria. Após alguns testes e experimentos,

concluiu que se tratava de uma nova bactéria e a chamou de Chromobacterium

violaceum (RETTORI, 1996).

Bergonzini publica a descoberta “Sobre uma nova bactéria colorida” no

Annuario della Societa dei Naturalisti in Modena (RETTORI, 1996).

O pequeno organismo e o pigmento aos quais se referiu Boisbaudran eram

provavelmente Chromobacterium violaceum e a violaceína respectivamente, por causa

do espectro de absorção registrado pelo próprio Boisbaudran (RETTORI, 1996).

1.2 Chromobacterium violaceum:

C. violaceum é classificada como uma Beta-proteobactéria, Gram-negativa,

saprófita, aeróbia facultativa, com formato de bastonete (STALEY et al., 2005), que

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vive em regiões quentes, geralmente em solos e rios (considerada como microbiota

normal desses ambientes) onde a temperatura e umidade favorecem o seu crescimento

(DIAS et al., 2005).

No Brasil é encontrada principalmente às margens do Rio Negro, na Amazônia.

Escolhida para o seqüenciamento do seu genoma no Projeto Genoma Nacional

Brasileiro (VASCONCELOS, 2003), esta bactéria destaca-se por apresentar um grande

potencial para aplicações biotecnológicas diversas. Possui em torno de 0.6-0.9 μm x

1.5-3.0 μm de tamanho. A motilidade da C. violaceum é alcançada por meio de um

único flagelo polar e até quatro antigenicamente distintos e estruturalmente laterais.

Quando cultivada em meio que contém oxigênio, a C. violaceum produz um metabólito

de cor violeta (o qual confere coloração característica de suas colônias), não difusível,

derivado do L-triptofano, denominado de violaceína (SIVENDRA e TAN, 1977), que

tem atraído a atenção de vários pesquisadores devido às suas propriedades

farmacológicas.

A Chromobacterium violaceum é responsável pela produção de uma diversidade

de metabólitos secundários com potencial biotecnológico (MOMEN e HOSHINO,

2000).

A violaceína exibe atividade tóxica contra patógenos de importância médica,

como Mycobacterium tuberculosis (SOUZA et al., 1999), Trypanossoma cruzi

(DURAN et al., 1994), e Leishmania sp. (LEON et al., 2001), além de possuir atividade

antiviral (ANDRIGHETTI-FROHNER et al., 2003) e antitumoral (UEDA et al., 1994;

MELO et al., 2000).

Outros aspectos de interesse biotecnológico da C. violaceum incluem: a síntese

de polihidroxialcanoatos de cadeia curta, que podem representar uma alternativa aos

plásticos derivados de petroquímicos (FORSYTH et al., 1958; STEINBÜCHEL et al.,

1993); a capacidade de hidrolisar filmes plásticos (GOURSON et al., 1999); e a

solubilização de ouro por um processo livre de mercúrio, o que evita a contaminação

ambiental por esse metal Apesar de todos esses benefícios, C. violaceum é considerado

um patógeno oportunista, altamente infectante e alguns casos de infecção em humanos e

animais já foram reportados na literatura (SMITH & HUNT, 1985).

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1.3 A violaceína

A principal característica da C. violaceum é a produção de um pigmento de cor

violeta, quando cultivada em presença de oxigênio, denominado de violaceína, que tem

sido alvo de muitos estudos devido ao seu potencial farmacológico (DURAN et al.

1994). Embora o papel fisiológico da violaceína para a bactéria seja desconhecido,

extratos brutos do pigmento têm demonstrado atividade antibiótica e tripanocida

(CALDAS et al., 1978; ANTÔNIO et al., 1991; SOUZA et al. 1999).

Após sua caracterização através do seqüenciamento de DNA, cinco genes foram

identificados como os responsáveis pela biossíntese da violaceína, constituindo o

operon vioABCDE (Fig. 01) (RYAN, et al., 2008).

Fig 01: Participação dos genes na biossíntese da violaceína.

Reilly e Pyne (1927) foram os primeiros a estudar mais detalhadamente a

estrutura química do pigmento violeta. Eles seguiram um procedimento de extração e

purificação e sugeriram a fórmula molecular C50H59O15N5.

No início da década de 30, o pigmento violeta recebeu a denominação de

violaceína e a partir de então surgiram várias sugestões de diversos autores para sua

fórmula molecular e estrutura química, todas sem sucesso. Mas foi na Universidade de

Liverpool em 1958 que se deduziu, através de estudos de degradação e comprovada por

síntese, a estrutura correta da violaceína (BALLANTINE et al., 1958; BALLANTINE et

al., 1960). A estrutura química da violaceína foi definida e consiste de três subunidades

estruturais: 5 hidroxiindol, 2-oxoindol e 2-pirrolindona. Para a sua síntese, a bactéria

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necessita do oxigênio molecular e condensação de duas moléculas de triptofano

(AUGUST et al., 2000), sendo este aminoácido em elevadas quantidades tóxico para a

bactéria (DURAN e FALJONI-ALARIO, 1980).

A produção de violaceína está sob controle de um sistema de regulação,

chamado de “quorum sensing”, característico de bactérias Gram-negativas. A produção

desta é induzida especificamente por uma molécula sinal, N-acil-L-homoserina lactona

(AHL), cuja concentração é proporcional ao aumento da população bacteriana em um

determinado meio. O mecanismo parece ser uma forma de ajustamento da população

frente à disponibilidade de nutrientes. O “quorum sensing” controla também a

expressão de outros fenótipos em C. violaceum, incluindo a produção de cianeto,

quitinases extracelulares, elastases, antibióticos, fenazina e enzimas extracelulares

(BLOSSER & GRAY, 2000; VASCONCELOS, 2003; MOROHOSHI, 2008).

1.4 Patogenicidade da Chromobacterium violaceum

Apesar de ser caracteristicamente uma bactéria saprófita, de vida livre,

ocasionalmente a C. violaceum pode atuar como um patógeno oportunista em animais e

homens. A infecção resulta geralmente da exposição da pele (Fig. 02) à ambientes

contaminados (água e solo), e é muitas vezes caracterizada por pústulas, linfadenite,

febre e vômitos (Brown, 2006).

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Fig 02: Aparência típica da infecção ocasionada por C. violaceum. (Fonte: Chattopadhyay, 2002).

Em alguns casos, C. violaceum causa septicemia fatal a partir de lesões na pele,

produzindo abscessos no fígado (Fig.03), baço e pulmão. Os casos de infecção causada

por Chromobacterium violaceum têm sido relatados principalmente em crianças e

pessoas imunocomprometidas (BRADLEY et al., 2000).

Fig. 03: Microabcessos hepáticos ocasionados pela Chromobacterium violaceum (Fonte: Martinez, 2000).

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Alguns casos de infecções graves e mesmo fatais, em humanos, foram

reportados em alguns países, inclusive no Brasil. Martinez e colaboradores (2000)

relataram, por exemplo, um caso fatal de chromobacteriose em um homem de 30 anos

de idade, trabalhador rural no Estado de São Paulo. Após ser admitido no Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto em 03 de abril de 1998, quando

apresentava febre, anorexia e dores abdominais por quatro dias, o paciente desenvolveu

falência em vários órgãos e faleceu após 12 horas. Cultura do sangue do referido

paciente levou ao isolamento de C. violaceum resistente a ampicilina e cefalosporinas e

sensível a cloranfenicol, tetraciclina, aminoglicosídeos e ciprofloxacino. A autópsia

revelou microabscessos pulmonares e abscessos múltiplos no fígado. Segundo os

autores, as principais características desse caso são geralmente observadas em infecções

por C. violaceum: curso clínico rápido, abscessos viscerais múltiplos e alta mortalidade.

Mais recentemente, um outro caso fatal de chromobacteriose foi relatado em um

adolescente com 14 anos de idade, no município de Ilhéus, na Bahia (Dias et al., 2005;

de Siqueira et al., 2005).

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1.5 Epidemiologia

A C. violaceum é considerada um saprófita de ambiente, encontrada em margens

de rios e água parada, raramente causa infecções em animais e humanos, sendo a

infecção adquirida por lesões na pele ou em casos de afogamento (CHATTOPADHYAY,

2002; BOSCH, 2008).

Pessoas que moram em países de clima tropical e subtropical, como a Índia,

Brasil, Hong Kong, Austrália, Nigéria, África do Sul, Colômbia e Estados Unidos (Fig.

04), estão mais propícios a adquirir infecção causada por Chromobacterium violaceum,

por apresentar condições que favoreçam o seu crescimento (CHATTOPADHYAY, et al.,

2002; BOSCH, 2008; MARTINEZ, et al., 2000; DIAS, et al., 2005; RAY, et al., 2004;

CURRIE & CARAPETIS, 2000; TEOH, et al., 2006; PEREZ, et al., 2007).

Fig 04: Países onde há relatos de infecção ocasionados por Chromobacterium violaceum (destacados em

vermelho). Fonte: Própria.

Desde o primeiro caso de infecção ocorrido na Malásia, cerca de 150 casos têm

sido documentados, tendo a maioria levado a óbito. No Brasil, casos de infecção por

esta bactéria têm sido relatados na Bahia e em São Paulo (CHATTOPADHYAY, et al.,

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2002; MARTINEZ,et al., 2000; DIAS, et al., 2005).

Por ser resistente a penicilinas e cefalosporinas, infecções por Chromobacterium

violaceum tem evolução rápida e medidas de combate têm que ser eficazes. Vale

salientar que um diagnóstico preciso é fundamental, pois o quadro clínico provocado

pela C. violaceum é semelhante à meiloidose, provocada pela Burkholderia

pseudomallei (CURRIE & CARAPETIS, 2000).

1.6 Os genes rDNA 16S e recA

Os RNAs ribossômicos são componentes essenciais dos ribossomos envolvidos

na tradução do RNA mensageiro para a síntese de proteínas. Os genes que os codificam,

estão distribuídos universalmente (Fig. 05), com alto grau de conservação, sendo esta,

uma das grandes vantagens de seu uso é na identificação da espécie (JANDA &

ABBOTT, 2007).

Fig 05: Operon em Chromobacterium violaceum. Fonte: Própria

Com o surgimento do sequenciamento de ácidos nucléicos, a utilização do gene

rRNA 16S como marcador molecular é de fundamental importância, gerando assim,

uma quantidade imensa de sequencias nucleotídicas depositadas em um banco de dados

(Genbank). Essas sequencias podem ser usadas na construção de árvores filogenéticas,

além de permitir a análise de sequencias que evoluem em diferentes níveis (WOESE,

1987).

O gene da Recombinase A (recA) codifica uma proteína que está envolvida

diretamente no sistema de reparo na molécula de DNA bacteriano e também promove

uma troca de informações genéticas entre duas moléculas homólogas de DNA.

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Por ser o recA um gene altamente conservado, muitos estudos vem enfatizando

a sua abordagem como uma opção no estudo da diversidade molecular

(DALL’AGNOL, et al., 2008; COX, 2007; LUSETTI & COX, 2002).

1.7 Beta-lactamase ampC

O desenvolvimento das cefalosporinas de espectro estendido na década de 80 foi

considerado um importante aliado no combate a bactérias produtoras de β-lactamases,

como a Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae.

Bactérias que produzem β-lactamases possuem um importante mecanismo de

resistência aos antibióticos beta-lactâmicos. As β-lactamases são classificadas de acordo

com o sistema molecular de Ambler ou pelo sistema funcional de Bush-Jacoby-

Medeiros (PATERSON & BONOMO, 2005).

De acordo com o esquema de Ambler, as β-lactamases são classificadas por

homologia. As de classe A, C e D são denominadas de serina-β-lactamases, enquanto

que a classe B é chamada de metalo-β-lactamases. Já no esquema de Bush-Jacoby-

Medeiros as β-lactamases são classificadas pela propriedade funcional da enzima

(HARADA, et al., 2008).

Em algumas espécies este fenômeno é constitutivo, tais como Citrobacter

freudii, Morganella morgani, Enterobactercloacae, Enterobacter aerogenes, Serratia

spp., Providencia spp. e Pseudomonas aeruginosa. Desta maneira, uma vez feita à

identificação da espécie, o laboratório deve informar que estas são capazes de produzir

beta-lactamases cromossomais induzíveis, e podem desenvolver resistências

cefalosporinas de 3a geração durante o tratamento com estes antimicrobianos ou com

outros indutores, como a cefoxitina (PITOUT et al., 2003).

A Chromobacterium violaceum possui constitutivamente o gene ampC,

que confere uma resistência aos antibióticos beta-lactâmicos e ao clavulanato, mas não

aos carbapenêmicos.

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1.8 A espécie Lippia alba

O gênero Lippia está amplamente distribuído em regiões de clima Tropical e

subtropical, principalmente na África e América do Sul. No Brasil existem em torno de

120 espécies de plantas do gênero Lippia.

A L. alba (Miller) N.E. Brown ocorre em todas as regiões do Brasil, nas

margens de rios, lagos e em solos arenosos (OLIVEIRA, 2006). Segundo Pascual e

colaboradores (2001) L. alba pode receber várias denominações como L. globifora

Kuntze, L. germinata, Lantana alba, L. microphylla Griseb e Phyla germinata H. B. K.

É bastante utilizada na medicina popular por suas propriedades sedativa, digestiva,

carminativa, espasmolítico, enemagogo, anti-hipertensiva e bronquite. O seu potencial

antibacteriano depende da composição química do óleo essencial, que são classificados

de acordo com o componente químico majoritário, ou seja, classificada em quimiotipos

(OLIVEIRA 2006; TOSCANO-GONZÁLEZ, 2006; DI STASI et al., 2002).

No Ceará, foi verificado a ocorrência de três quimiotipos de L. alba, que

apresentam diferenças quanto à composição química de seus óleos essenciais e de seus

componentes majoritários em relação aos teores de citral, carvona, mirceno e limoneno.

Os quimiotipos receberam as designações de acordo com os constituintes majoritários

encontrados: o quimiotipo I (mirceno e citral); o quimiotipo II, (limoneno e citral) e o

quimiotipo III (limoneno e carvona) sem o citral (MATOS, 2001).

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2. JUSTIFICATIVA

Apesar da incidência de infecção por C. violaceum em humanos ser

aparentemente baixa, a alta taxa de mortalidade freqüentemente observada nos casos

relatados não pode ser negligenciada. Além disso, a incidência crescente com que

infecções fatais por C. violaceum têm sido relatadas na literatura tem levado alguns

autores a considerá-la como um patógeno emergente. Por ser uma doença rara, a

cromobacteriose quando diagnosticada, é tratada primariamente por antibióticos β-

lactâmicos, devido à falta de informações e á gravidade da doença por parte da classe

médica. Por possuir genes que conferem uma adaptabilidade a diversas condições de

ambiente, a possibilidade de a C. violaceum ser encontrada em outras regiões de clima

mais seco não pode ser descartada.

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3. PERGUNTA DE PARTIDA

A partir de amostras de solo do município de Tejussuóca e Banabuiú, do Estado

do Ceará, foram obtidos cinco cepas bacterianas identificadas como Chromobacterium

violaceum, notadamente pela coloração típica das colônias. Em virtude da raridade com

que C. violaceum age como patógeno, médicos e outros profissionais freqüentemente

desconsideram o potencial desse microrganismo em causar infecções fatais, e na

maioria das vezes o mesmo é tido como um contaminante.

Desta maneira, a presente Dissertação foi elaborada com o intuito de esclarecer a

seguintes questões: Os isolados provenientes de amostras de solo de Tejussuóca e

Banabuiú do Estado do Ceará são de fato espécies de Chromobacterium violaceum?

Qual a relação desses isolados com outras cepas de Chromobacterium violaceum,

encontradas em outras regiões de acordo com seu perfil de sensibilidade/resistência a

produtos naturais e sintéticos?

4. HIPÓTESES

As cepas bacterianas isoladas nos municípios de Tejussuóca e Banabuiú são da

espécie Chromobacterium violaceum.

O perfil de sensibilidade/resistência dessas cepas a produtos naturais e sintéticos

é semelhante ao descrito na literatura científica.

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5. OBJETIVOS

Geral:

Caracterizar genotipicamente e fenotipicamente as cepas identificadas como

Chromobacterium violaceum, isoladas em amostras de solo no município de

Tejussuóca e Banabuiú, estado do Ceará.

Específicos:

Caracterização Genotípica

Determinar as sequencias nucleotídicas da região rDNA 16S dos isolados do

Ceará;

Analisar o perfil do gene recA amplificado e digerido por meio de enzimas de

restrição;

Caracterização Fenotípica

Caracterizar bioquimicamente as cepas de Chromobacterium violaceum;

Avaliar a atividade antimicrobiana, in vitro, dos óleos essenciais de Lippia alba,

de seus componentes majoritários e de antibióticos, sobre as cepas de

Chromobacterium violaceum isoladas e de Chromobacterium violaceum ATCC

12472;

Determinar as Concentrações Inibitória e Bactericida Mínimas (CIM e CBM)

dos óleos essenciais de Lippia alba, de seus componentes majoritários e de

antibióticos, sobre as cepas de Chromobacterium violaceum isoladas e de

Chromobacterium violaceum ATCC 12472;

Analisar a expressão do gene ampC que codifica beta-lactamase.

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6. MATERIAL E MÉTODOS

6.1 Análises Genéticas

6.1.1 Localização dos Experimentos:

Foram desenvolvidas no Laboratório de Genética Molecular, do Departamento

de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Ceará, no período

entre Junho/08 a Novembro/09.

6.1.2 Obtenção das Cepas:

As cepas de Chromobacterium violaceum isoladas de amostras de solo dos

municípios de Tejussuóca e Banabuiú, do Estado do Ceará foram gentilmente cedidas

pelo o Prof. Dr. José Julio da Costa Sidrim. A cepa de referência foi adquirida da

American Type Culture Collection (ATCC 12472).

6.1.3 Extração do DNA genômico:

Amostras de DNA genômico das cinco cepas identificadas como

Chromobacterium violaceum foram obtidas usando-se uma metodologia de extração

que utiliza o reagente CTAB (brometo de cetiltrietilamônio), de acordo com o protocolo

descrito em Foster & Twell (1996), (Anexo 1).

6.1.4 Eletroforese em Gel de Agarose:

Todas as amostras de DNA extraídas foram separadas e visualizadas em gel de

agarose a 0,8 %, corado com brometo de etídio. Após a eletroforese realizou-se a

quantificação do DNA genômico a partir da medida da absorbância em um

comprimento de onda de 260 nm e 320 nm, através do aparelho espectrofotômetro

GeneQuant RNA/DNA calculator (Amersham Biosciences Corp., Piscataway- NJ,

EUA).

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6.1.5 Amplificação, purificação e sequenciamento da região do DNA

ribossomal 16S (rDNA 16S):

A porção do DNA que corresponde à região rDNA 16S foi amplificado através

da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), na qual foi utilizado o DNA genômico

isolado e iniciadores 27F e 1474R específicos da reação (Quadro 1).

Quadro 01: Nome e sequencia de oligonucleotídeos utilizados para as análises

genéticas.

Primers Seqüência dos Oligonucleotídeos

27F 5’-AGAGTTTGATCCTGGCTCAG-3’

1474R 5’-ATGAATCCCACCGTGGTA-3’

782R 5’-ACCAGGGTATCTAATCCTGT-3’

1100R 5’-AGGGTTGCGCTCGTTG-3’

recAF 5’-ATGGCTTCCGAAGACAAGAGC-3’

recAR 5’-TCAGGCGTCGAAGGCGTCG-3’

A amplificação ocorreu em um volume final de 25 µL, utilizando o

termociclador PTC-200 (MJ Research Inc., EUA). Detalhes dos componentes usados e

condições de amplificação estão mencionados na Tabela 01 e 02 respectivamente.

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Tabela 01: Componentes e volumes utilizados nas reações de PCR para a amplificação

do gene rDNA 16S.

Componentes da reação Volume utilizado

Tampão de Reação 5X* 5,0 µL

Solução de dNTP’S a 1 mM 5,0 µL

Primer 27F a 5 µM 2,5 µL

Primer 1474R a 5 µM 2,5 µL

DNA genômico **

Taq DNA polimerase (1,25U) 0,25 µL

Água ultrapura estéril q.s.p. 25,0 µL

* MgCl2 7,5 mM

** O volume de DNA genômico varia de acordo com a concentração de DNA de cada amostra, mantendo a

concentração final de 250 ng/reação.

Tabela 02: Condições de amplificação do gene rDNA 16S, utilizando o programa

RAFAEL_16S (PTC-200):

Etapa Temperatura (°C) Tempo (min)

1° Desnaturação 95°C 2,0

2° Anelamento 64°C 1,0

3° Extensão 72°C 1,5

4° Desnaturação 95°C 1,0

5° Anelamento 64°C 1,0

6° Extensão 72°C 1,5

7° Ir para 4° etapa (33 vezes)

8° Extensão Final 72°C 5,0

9° Manutenção da Temperatura 4°C infinito

Partindo de um volume final de aproximadamente 100 µL (correspondendo a

quatro reações de 25 µL), foi feito uma purificação destes fragmentos de DNA

amplificados utilizando colunas de matrix GFX PCR DNA and Gel Band Purification

Kit (Amersham Biosciences Corporation, Piscataway – NJ, EUA), por meio de

instruções fornecidas pelo fabricante. A concentração de DNA purificado foi

determinada por meio da seguinte equação:

[DNA]= 50x Fd(20) x (Abs 260 – Abs 320)

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Esses produtos purificados foram então sequenciados pelo método de terminação

da cadeia por um didesoxinucleotídeo (SANGER, 1977, apud SAMBROOK et al.,

1989) em reações de 10,0μl de acordo com as especificações do fabricante do kit

DYEnamic ET DyeTerminator Cycle Sequencing (Amersham Biosciences).

Os produtos de DNA amplificados e purificados de todas as amostras foram

submetidas a reação de sequenciamento. Foram utilizados os primers 27F, 782R 1100R

e 1474R (Quadro 01), utilizando as condições de sequenciamento listadas na Tabela 03.

As amplificações ocorreram no termociclador PTC-200 (MJ Research Inc., EUA), que

consistiram de 25 ciclos, contendo cada ciclo uma etapa de desnaturação a 95°C/20’’,

anelamento a 50°/15’’ e uma de extensão a 60°C/60’’.

Tabela 03: Condições de amplificação do gene rDNA 16S, para a reação de

sequenciamento utilizando o programa RAFAMEGA (PTC-200):

Etapa Temperatura (°C) Tempo (seg)

1° Desnaturação 95°C 20

2° Anelamento 55°C 15

3° Extensão 60°C 60

4° Ir para 1° ciclo (25 vezes)

5° Manutenção da Temperatura 4°C infinito

Ao término da reação, os produtos foram precipitados com 20 µL de isopropanol

a 80% com vortex de aproximadamente 20 segundos, em seguida foi descartado o

sobrenadante, lavados com etanol a 70% e centrifugados a 20°C por 20 minutos,

descartou-se o sobrenadante e por fim ressuspendidos em 10 µL de Loading Solution

(Amersham Biosciences Corporation Piscataway – NJ, EUA). Logo após, as amostras

foram analisadas por um sequenciador automático MegaBace (Amersham Biosciences

Corporation Piscataway – NJ, EUA).

6.1.6 Montagem de Sequencias:

As sequencias obtidas foram submetidas aos programas Phred (EWING, 1998a,

1998b), Phrap (BROWN, 2000) e Consed (GORDON et al. 1998), para montagem e

avaliação das sequencias geradas.

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6.1.7 Alinhamento Múltiplo e Análises das sequencias:

Foi realizada uma busca por similaridade no GenBank (National Center

Biotechnology Information – NCBI) com as sequencias consenso geradas, utilizando a

ferramenta BLAST ( Basic Local Alignment Search Tool) (ALTSCHUL et al., 1997).

Também foram obtidas 44 sequencias completa do gene rDNA 16S,

pertencentes a espécies do gênero Chromobacterium e as espécies Burkholderia

pseudomallei e Ralstonia solanacearum. As sequencias estão listadas no Anexo 3.

O programa Mega 4 foi usado para editar e realizar os alinhamentos múltiplos de

todas as sequencias e construção das árvores filogenéticas.

6.1.8 Análise Filogenética

A análise de agrupamento envolvendo o método de Máxima Parcimônia foi

realizada com o auxílio do programa MEGA (Molecular Evolutionary Genetic

Analysis) versão 4.0. Os valores de bootstrap, para testar a credibilidade nas topologias

foram de 500 repetições para o método utilizado.

6.1.9 Amplificação do gene recA das cepas de C. violaceum e sua digestão

utilizando enzimas de restrição

A porção do DNA que corresponde à região recA foi amplificado através da

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), na qual foi utilizado o DNA genômico isolado

e os iniciadores recAF e recAR específicos da reação (Quadro 01).

A amplificação ocorreu em um volume final de 25 µL, utilizando o

termociclador PTC-200 da MJ Research Inc., EUA. Detalhes dos componentes usados e

condições de amplificação estão mencionados na Tabela 04 e 05 respectivamente.

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Tabela 04: Componentes e volumes utilizados na preparação das reações de PCR para a

amplificação do gene recA.

Componentes da reação Volume utilizado

Tampão de Reação 5X* 5,0 µL

Solução de dNTP’S a 1 mM 5,0 µL

Primer RecA F a 5 µM 2,5 µL

Primer RecA R a 5 µM 2,5 µL

DNA genômico **

Taq DNA polimerase (1,25U) 0,25 µL

Água ultrapura estéril q.s.p. 25,0 µL

* MgCl2 7,5 mM

** O volume de DNA genômico varia de acordo com a concentração de DNA de cada amostra, mantendo a

concentração final de 250 ng/reação.

Tabela 05: Condições de amplificação do gene recA, utilizando o programa RAFAEL

(PTC-200):

Etapa Temperatura (°C) Tempo (min)

1° Desnaturação 95°C 2,0

2° Anelamento 55°C 1,0

3° Extensão 72°C 1,5

4° Desnaturação 95°C 0,5

5° Anelamento 55°C 1,0

6° Extensão 72°C 1,5

7° Ir para 4° ciclo (33 vezes)

8° Extensão Final 72°C 7,0

9° Manutenção da Temperatura 4°C infinito

Após a amplificação, os fragmentos de DNA que corresponde a porção gênica

recA foram digeridas separadas, com as seguintes enzimas de restrição: BamHI, EcoRI,

SacI, HindIII, KpnI, BsteII, PmacI, NdeI, PvuII, BglII (Fermentas); HaeIII, ClaI, e XbaI

(Gibco); NheI, SpeI (Amersham Pharmacia Biotech), BglI (Q-biogen), AvaI, DdeI, AluI,

RsaI, NotI, PstI, BstXI, SalI, HinfI e AvaII (Promega). Os produtos digeridos foram

separadas por eletroforese em gel de poliacrilamida a 6%.

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6.2 Análises Microbiológicas

6.2.1 Localização dos Experimentos:

Foram desenvolvidas no Laboratório de Pesquisa em Microbiologia Aplicada,

do Departamento Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia,

Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará no período de Junho/08 a

Novembro/09.

6.2.2 Obtenção das Cepas:

As cepas de Chromobacterium violaceum isoladas de amostras de solo dos

municípios de Tejussuóca e Banabuiú, do Estado do Ceará foram gentilmente cedidas

pelo o Prof. Dr. José Julio da Costa Sidrim. A cepa de referência foi adquirida da

American Type Culture Collection (ATCC 12472).

6.2.3 Plantas Medicinais

As folhas dos quimiotipos I, II e III da Lippia alba (MILL) N.E. BROWN foram

adquiridas no Horto de Plantas Medicinais Prof. Francisco José de Abreu Matos do

Laboratório de Plantas Medicinais da Universidade Federal do Ceará.

6.2.4 Extração dos óleos Essenciais

Os óleos essenciais foram extraídos no Laboratório de Farmacognosia do

Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Ceará pela técnica de destilação

com arraste de vapor d’água.

6.2.5. Caracterização Bioquímica das cepas de C. violaceum

As cepas de C. violaceum foram submetidas a testes bioquímicos de

identificação para a produção de H2S e gás carbônico, hidrólise da uréia, produção de

ácido fenilpirúvico, motilidade, descarboxilação da lisina, produção de catalase,

utilização do citrato de sódio, produção de indol, fermentação do dulcitol e xilose,

descarboxilação do hidrocloreto de L-Lisina e hidrocloreto de L-Arginina, fermentação

e oxidação da glicose. Todos os meios de cultura foram obtidos pela Himedia

Laboratories - India.

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6.2.6. Testes de Sensibilidade das cepas de C. violaceum a Antimicrobianos

A determinação da atividade antimicrobiana foi realizada segundo o método de

disco-difusão descrito pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) M2-A8,

Vol. 23 Nº 1.

Os antibióticos utilizados para o antibiograma foram: Oxacilina (1 µg),

Piperaciclina + Tazobactam (100/10 µg), Cefalotina (30 µg), Cefalexina (30 µg),

Azitromicina (15 µg), Eritromicina (15 µg), Polimixina B (300 U), Moxifloxacino (5

µg), Norfloxacino (10 µg), Ofloxacino (5 µg), Teicoplamina (30 µg), Bacitracina (10

UI), Ácido Nalidíxico (30 µg), Aztreonam (30 µg), todos obtidos pela Bio-Rad

(Marnes-la-Coquette); Penicilina G (10 UI), Cefoperazona (75 µg), Levofloxacino (5

µg), Tobramicina (10 µg), Cloranfenicol (30 µg), todos obtidos pela Oxoid Ltd.(

Hampshire, England); Ampicilina (10 µg), Amoxicilina + Ácido Clavulânico (20/10

µg), Ticarcilina + Ácido Clavulânico (75/10 µg), Cefalotina (30 µg), Cefoxitina (30

µg), Cefotaxima (30 µg), Ceftriaxona (30 µg), Ceftazidima (30 µg) Cefepime (30 µg),

Imipenem (10 µg), Meropenem (10 µg), Tetraciclina (30 µg), Doxiciclina (30 µg),

Gentamicina (10 µg), Amicacina (30 µg), Clindamicina (2 µg), Sulfametoxazol+

Trimetoprim (23,75 µg/1,25), Ciprofloxacino (5 µg), provenientes da DME (Araçatuba,

São Paulo).

Colônias de C. violaceum isoladas em ágar Muëller-Hinton foram repicadas para

o Caldo Infusão de Cérebro e Coração (caldo BHI) e incubadas a 30°C até atingirem a

fase de crescimento exponencial (6-8h). Após esse período, as culturas tiveram sua

densidade celular ajustada, em solução salina 0,85% estéril, de modo a se obter uma

turbidez equivalente à da do tubo 0,5 da escala McFarland (aproximadamente 1 x 108

UFC/mL). Essas suspensões foram semeadas na superfície do ágar Muëller-Hinton e

após 5 minutos, foram colocados os discos de antibióticos no ágar. Após 18h de

incubação a 30ºC, os halos de inibição de crescimento foram medidos com auxilio de

paquímetro. Os ensaios foram realizados em duplicata e os halos de inibição de

crescimento expressos em milímetros.

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6.2.7. Determinação da Concentração Inibitória Mínima de Antibióticos

A Concentração Inibitória Mínima (CIM) dos antibióticos (Tetraciclina,

Meropenem, Cloranfenicol, Eritromicina, Gentamicina, Ácido Nalidíxico e Ceftriaxona)

foi determinada pelo método de microdiluição em caldo de cultura Muëller-Hinton de

acordo com a metodologia descrita pelo CLSI (2003). Colônias isoladas de C.

violaceum foram repicadas para o Caldo BHI e incubadas a 30°C até atingirem fase

exponencial de crescimento (6-8h). Após esse período, as culturas tiveram sua

densidade celular ajustada em meio BHI estéril, de modo a se obter uma turbidez

equivalente ao padrão de McFarland 0,5 (aproximadamente 1 x 108 UFC/mL), que foi

diluída 10 vezes, resultando em uma suspensão com aproximadamente 107 UFC/mL.

Aos poços da placa de microtitulação foram adicionados 100 µL de caldo Muëller-

Hinton, 100 µL do antibiótico em diluição seriada e por fim, 5 µL da suspensão

microbiana.

As microplacas foram incubadas a 30°C durante 18h, sendo então inspecionadas

visualmente, quanto à turvação das culturas em cada poço, para determinação da CIM,

sendo estes experimentos realizados em triplicata.

6.2.8.Determinação da atividade antimicrobiana dos Óleos Essenciais:

A determinação da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais foi realizada

segundo o método de disco-difusão descrito no sub-item 6.2.6. com algumas

modificações. As suspensões foram semeadas na superfície do ágar Muëller-Hinton e

após 5 minutos, foram feitos poços de 5 mm de diâmetro interno no ágar, nos quais

foram aplicados volumes de 25 µl de diferentes concentrações dos óleos essenciais.

Antibióticos comerciais foram usados como controles positivos (inibição do

crescimento microbiano) e solução aquosa de Tween 80 a 1% (diluente dos óleos

essenciais) como controle negativo (não inibição do crescimento microbiano). Após 18h

de incubação a 30ºC, os halos de inibição de crescimento foram medidos com auxilio de

paquimetro. Os ensaios foram realizados em duplicata e os halos de inibição de

crescimento expressos em milímetros.

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6.2.9. Determinação da Concentração Inibitória Mínima dos Óleos Essenciais

e dos seus Constituintes Majoritários

O CIM dos óleos essenciais de folhas de L. alba e de seus componentes

majoritários foi determinada pelo método de microdiluição em caldo Muëller-Hinton de

acordo com a metodologia descrita no sub-item 6.2.7. Aos poços da placa de

microtitulação foram adicionados 100 µL de caldo Muëller-Hinton, 100 µL de óleo

essencial (112,5 mg/mL a 0,05 mg/mL) em diluição seriada e por fim, 5 µL da

suspensão microbiana.

As microplacas foram incubadas a 30°C durante 18h, sendo então inspecionadas

visualmente, quanto à turvação das culturas em cada poço, para determinação da CIM,

sendo estes experimentos realizados em triplicata.

6.2.10. Determinação da Concentração Bactericida Mínima

Inóculos obtidos dos poços das placas de microdiluição na determinação da

CIM, sem turvação visível, foram semeados na superfície de ágar Muëller-Hinton. Após

incubação a 30°C durante 24h, foi realizada a contagem das colônias crescidas na

superfície do meio. A CBM é a concentração do antibiótico, do óleo essencial ou de

seus constituintes majoritários capaz de determinar uma redução do crescimento

microbiano ≥ 99,9% do inóculo inicial. Os ensaios foram realizados em triplicata e o

número de UFC/mL determinado através da contagem das colônias.

6.2.11. Indução do gene ampC:

Foi determinada pela técnica de aproximação de disco, modificada (YAN et al.,

2002; YONG et al., 2005). Cepas de C. violaceum isoladas em ágar Muëller-Hinton

foram repicadas para o Caldo Infusão de Cérebro e Coração (caldo BHI) e incubadas a

30°C até atingirem a fase de crescimento exponencial (6-8h). Após esse período, as

culturas tiveram sua densidade celular ajustada, em solução salina 0,85% estéril, de

modo a se obter uma turbidez equivalente à da do tubo 0,5 da escala McFarland

(aproximadamente 1 x 108 UFC/mL). Essas suspensões foram semeadas na superfície

do ágar Muëller-Hinton e após 5 minutos, colocou-se um disco de cefoxitina próximo a

um disco de aztreonam, distando 15 mm entre os centros de cada disco.

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7. RESULTADOS

7.1 Extração de DNA genômico:

O método de extração de DNA genômico foi baseado no reagente CTAB

(Brometo de cetiltrimetilamonio), que é bastante citado na literatura científica por ser

um detergente capaz de extrair DNA de diversos organismos. Após a realização da

extração de DNA, as amostras foram quantificadas em ng/µL e seu grau de pureza

determinado (Tabela 06).

Tabela 06: Valores das Absorbâncias a 260 nm, 280 nm e 320 nm, pureza e as

concentrações de DNA das cepas de Chromobacterium violaceum.

Amostra Origem A260 nm A280 nm A320 nm Pureza Conc. (ng/µL)

1425 Tejussuóca 0,795 0,438 0,015 1,81 2499,98

1323 Tejussuóca 0,418 0,223 0 1,87 1045,0

1221 Tejussuóca 0,955 0,518 0,018 1,84 2342,5

1222 Tejussuóca 0,965 0,534 0,019 1,80 2365,0

2221 Banabuiú 0,448 0,238 0 1,88 1120,0

7.2 Amplificação do gene rDNA 16S:

Por ser uma técnica rápida, simples e de grande sensibilidade para a

multiplicação in vitro de sequencias alvo de DNA, a Reação em Cadeia da Polimerase

(PCR) foi utilizada para a amplificação da região rDNA 16S das cinco amostras de

DNA de cepas de C. violaceum isoladas no Estado do Ceará, usando os primers 27F e

1474R (Quadro 01) os produtos da amplificação foram visualizados em gel de agarose a

0,8 %.

Na análise do gel de agarose a 0,8 % observou-se a amplificação de um único

fragmento de DNA para todas as cepas (Figura 07), correspondendo ao gene de

interesse, em torno de 1500 pb.

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Fig.06: Produtos do gene rDNA 16S amplificados. Coluna 1: Marcador 1 Kb Plus DNA Ladder, Coluna

2-6: Amostras de DNA de Chromobacterium violaceum

7.3 Sequenciamento total do gene rDNA 16S e obtenção das sequencias

consenso

A partir da purificação dos produtos de amplificação mostrados na figura 07, a

reação de sequenciamento foi iniciada, utilizando o sequenciador MegaBace

(Amersham Biosciences Corporation Piscataway – NJ, EUA).

Para evitar qualquer divergência da amostra sequenciada, a sequencia de cada

espécie foi repetida quatro vezes (04 reações para cada primer). Os programas Phred e

Phrap eliminaram todas as sequencias de má qualidade, ou seja, nucleotídeos inseridos

de forma incorreta podendo gerar informações erradas (ROKAS & HOLLAND, 2000).

Através da ferramenta BLAST no banco de dados do GenBank (NCBI -

National Center for Biotechnology Information) as sequencias consenso geradas

mostraram-se correspondentes a porção rDNA 16S de Chromobacterium violaceum.

O anexo 2 ilustra o alinhamento das cepas de Chromobacterium violaceum

isoladas no Estado do Ceará com a cepa C. violaceum ATCC 12472.

Figura 06:

M 1425 1323 1221 1222 2221

1 2 3 4 5 6

1500 pb

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7.4 Análises Estatísticas das Sequencias Nucleotídicas

Neste estudo o conteúdo G+C e outras informações nucleotídicas das amostras

de Chromobacterium violaceum estão representados na Tabela 07. A análise do

conteúdo G+C é de fundamental importância nas análises filogenéticas, por possuir três

pontes de hidrogênio em sua ligação, conferindo assim uma maior estabilidade

(GERNANDT et al., 2001; PAGE & HOLMES,2001).

Tabela 07: Composição nucleotídica do gene rDNA 16S das amostras em estudo,

tamanho e peso.

Dados Nucleotídicos 1425 1323 1221 1222 2221 ATCC 12472

Tamanho da fita 1377 1386 1407 1390 1377 1474

Adenina (Freq. 342/0,248 346/0,250 350/0,249 347/0,250 343/0,249 367/0,249

Citosina (Freq.) 319/0,232 320/0,231 327/0,233 321/0,231 321/0,233 340/0,231

Guanina (Freq.) 442/0,321 444/0,320 448/0,319 445/0,320 442/0,321 473/0,321

Timina (Freq.) 274/0,199 276/0,199 281/0,200 277/0,199 271/0,197 294/0,199

C+G (Freq.) 761/0,553 764/0,551 775/0,551 766/0,551 763/0,554 813/0,552

A+T (Freq.) 616/0,447 622/0,449 631/0,449 624/0,449 614/0,446 661/0,448

Peso kDa 448,552 451,491 457,886 452,783 448,579 480,172

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7.5 Árvore Filogenética:

Fig 07: Árvore consenso obtida a partir das sequencias da região rDNA 16S de todas as amostras do

Estado do Ceará e obtidas no Genbank, usando como grupo externo as sequencias de Burkholderia

pseudomallei MSH346 e Ralstonia solanaceum GMI1000, pelo método da Máxima Parcimônia com

valores de bootstrap (500 replicações).

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7.6 Amplificação do gene recA e sua digestão utilizando enzimas de

restrição:

A partir dos produtos amplificados do gene recA (Fig 10), a digestão ocorreu

com 26 enzimas de restrição. Através do perfil da digestão, foi selecionado apenas 01

única enzima, a PstI (Figura 11). Esta foi selecionada por apresentar os produtos de

tamanhos diferentes entre as cepas de Chromobacterium violaceum isoladas no Estado

do Ceará e a cepa C. violaceum ATCC 12472, sendo este fator importante nas análises

filogenéticas.

Fig.8: Produtos da amplificação do gene recA amplificados. Coluna 2: φX 174 RF DNA/ Hae III

Fragments, Coluna 3: Cepa 1425; Coluna 4: Cepa 1323; Coluna 5: Cepa 1221; Coluna 6: Cepa 1222;

Coluna 7: Cepa 2221 e Coluna 8: Cepa ATCC 12472.

Figura 8:

1053 pb

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Fig 9: Perfil eletroforético da digestão do gene recA com a enzima de restrição PstI em gel de

Poliacrilamida a 6%. Coluna 1: Marcador 100pb DNA Ladder; Coluna 2: 1425; Coluna 3: 1323; Coluna

4: 1221; Coluna 5: 1222; Coluna 6: 2221; Coluna 7: ATCC 12472.

7.7 Provas Bioquímicas:

Os testes bioquímicos mostrados na Tabela 08 são iguais entre as cepas de

Chromobacterium violaceum isolados no Estado do Ceará e a ATCC 12472.

Tabela 08: Identificação Bioquímica das cepas de Chromobacterium violaceum

Características Bioquímicas Cepas de Chromobacterium violaceum

1425 1323 1221 1222 2221 ATCC 12472

Produção de H2S - - - - - -

Gás CO2 - - - - - -

Fenilalanina desaminase - - - - - -

Motilidade a 30°C + + + + + +

Descarboxilação da Lisina - - - - - -

Descarboxilação da Arginina + + + + + +

Produção de Catalase + + + + + +

Utilização de Citrato - - - - - -

Produção de Indol - - - - - -

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Tabela 08 (cont.): Identificação Bioquímica das cepas de Chromobacterium violaceum

Fermentação do Dulcitol + + + + + +

Fermentação da Xilose - - - - - -

Fermentação da Glicose + + + + + +

Oxidação da Glicose + + + + + +

- (Negativo), + (Positivo), +f. (Positivo fraco);

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7.8 Padrão de susceptibilidade das cepas de Chromobacterium violaceum

Antibiótico Isolados de Chromobacterium violaceum

__________________ ______________________________________________________________________________________

Nome Concentração 1221 1222 1323 1425 2221 ATCC 12472

______________________________________________________________________________________________________________________

Grupo I¹ Ampicilina 10 µg 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm

Amoxic. +Ac. clav. 20/10 µg 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm

Penicilina G 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm

Oxacilina 1 µg 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm

Piperac.+Taz. 100/10 µg 28 mm 27,5 mm 21 mm 23 mm 26 mm 23 mm

Ticarc. +Ac.clav. 75/10 µg 31,5 mm 30,5 mm 11 mm 21 mm 27 mm 21,5 mm

Cefalotina 30 µg 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm

Cefalexina 30 µg 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm

Cefoxitina 30 µg 23 mm 21,5 mm 11,5 mm 0 mm 17 mm 6 mm

Cefotaxima 30 µg 22 mm 19 mm 0 mm 6,5 mm 17 mm 0 mm

Ceftriaxona 30 µg 28 mm 24 mm 14 mm 15 mm 19,5 mm 14 mm

Ceftazidima 30 µg 21 mm 19 mm 7,5 mm 14 mm 20,5 mm 0 mm

Cefopirazona 75 µg 33 mm 33 mm 21,5 mm 22 mm 27,5 mm 22,5 mm

Cefepime 30 µg 27,5 mm 26 mm 25 mm 25 mm 25,5 mm 29 mm

Imipenem 10 µg 30 mm 25 mm 24 mm 25 mm 25,5 mm 24,5 mm

Meropenem 10 µg 30,5 mm 28 mm 30,5 mm 27,5 mm 29 mm 30 mm

Aztreonam 30 µg 29,5 mm 29 mm 23,5 mm 26,5 mm 28 mm 27 mm

Grupo II² Teicoplamina 30 µg 8 mm 8 mm 8 mm 9 mm 8 mm 8 mm

Grupo III³ Gentamicina 10 µg 14 mm 14 mm 15 mm 13 mm 15 mm 18 mm

Amicacina 30 µg 18,5 mm 15 mm 17 mm 15,5 mm 14,5 mm 18,5 mm

Clindamicina 2 µg 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm

Tobramicina 10 µg 27 mm 26 mm 26 mm 28 mm 24,5 mm 31,5 mm

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Grupo IV

Azitromicina 15 µg 31 mm 33,5 mm 34,5 mm 29,5 mm 33 mm 27 mm

Eritromicina 15 µg 23 mm 26,5 mm 25,5 mm 21 mm 26,5 mm 20 mm

Polimixina B 300 U 12 mm 11 mm 9 mm 15,5 mm 12,5 mm 14 mm

Grupo V

Tetraciclina 30 µg 32,5 mm 30,5 mm 34,5 mm 30,5 mm 35 mm 31,5 mm

Doxiciclina 30 µg 28 mm 27 mm 27 mm 24 mm 27 mm 31,5 mm

Grupo VI Ciprofloxacino 5 µg 47 mm 41,5 mm 44 mm 40,5 mm 42,5 mm 42,5 mm

Moxifloxacino 5 µg 34,5 mm 34 mm 38,5 mm 33,5 mm 32,5 mm 35 mm

Levofloxacino 5 µg 41,5 mm 39,5 mm 40 mm 39,5 mm 42,5 mm 46,5 mm

Norfloxacino 10 µg 39,5 mm 40,5 mm 38,5 mm 37,5 mm 40,5 mm 45 mm

Ofloxacino 5 µg 39,5 mm 38,5 mm 38 mm 35,5 mm 39,5 mm 43,5 mm

Ácido Nalidíxico 30 µg 32 mm 31 mm 34,5 mm 31 mm 30,5 mm 33,5 mm

Grupo VII Sulfam.+trimet. 23,75/1,25 µg 24,5 mm 27,5 mm 29 mm 28 mm 24,5mm 26 mm

Grupo VIII

Bacitracina 10 UI 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 0 mm 9 mm

Grupo IX

Cloranfenicol 30 µg 31,5 mm 29,5 mm 29,5 mm 29,5 mm 36,5 mm 31 mm

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

1 β-lactâmicos; 2 Glicopeptídeos; 3 Aminoglicosídeos; 4 Macrolídeos; 5 Tetraciclinas; 6 Quinolonas; 7 Inibidores da Via Metabólica do Folato; 8 Polipeptídeos; 9 Drogas de

ClasseÚnica

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O perfil de susceptibilidade a antimicrobianos das cepas de C. violaceum

mostrou que estas são mais susceptíveis as fluorquinolonas, ao cloranfenicol, ao grupo

das tetraciclinas, a azitromicina, aos carbapenêmicos e a cefalosporinas de terceira e

quarta gerações. Mostrou então um padrão de resistência às penicilinas, a cefalosporinas

de primeira geração, a teicoplamina, a clindamicina e a bacitracina.

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7.9 Determinação da atividade antimicrobiana dos Óleos Essenciais:

Nos quadros 02 e 03 estão listadas as medidas dos halos de inibição dos óleos

essenciais realizados em duplicata, pelo método de disco-difusão modificado, sobre as

cepas do município de Tejussuóca (1425, 1323, 1221, 1222), Banabuiú (2221) e a cepa

proveniente da Americam Type Culture Collection (ATCC 12472).

Foi utilizado como controle positivo e o negativo, ciprofloxacino e Tween 80

1% respectivamente. Foram aplicadas 25 µl do óleo essencial em um poço de 5 mm de

diâmetro em Ágar previamente semeado.

Quadro 2: Atividade antimicrobiana do óleo essencial de L. alba quimiotipo II, frente

as cepas de C. violaceum.

Concentração

mg/mL

1425 1323 1221 1222 2221 ATCC

12472

112,5 20 22,5 25 21,5 21 34,5

56,25 16 17,5 22 18,5 16,5 27,5

28,12 12 14,5 18 15 14,5 25,0

14,06 10 11 13,5 13 12 16,5

7,03 7,5 7,5 5,5 10,5 10 13

3,51 0 0 0 0 0 8,5

Controle

Positivo

35 36 35 37 36 38

Controle

Negativo

0 0 0 0 0 0

Controle positivo: Ciprofloxacino 1,0 mg/mL

Controle negativo: Tween 80 a 1%

Volume das amostras aplicadas em cada poço: 25 µl

Diâmetro do poço: 5 mm

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Quadro 3: Atividade antimicrobiana do óleo essencial de L. alba quimiotipo III, frente

as cepas de C. violaceum.

Concentração

mg/mL

1425 1323 1221 1222 2221 ATCC

12472

112,5 14 18,5 15 15,5 15,5 16,5

56,25 11 13,5 11,5 11 10,5 14

28,12 9,5 11 8,5 9 9,5 11

14,06 8 8,5 6 7,5 6,5 7,5

7,03 0 0 0 0 0 0

3,51 0 0 0 0 0 0

Controle

Positivo

35 36 35 37 36 38

Controle

Negativo

0 0 0 0 0 0

Controle positivo: Ciprofloxacino 1,0 mg/mL

Controle negativo: Tween 80 a 1%

Volume das amostras aplicadas em cada poço: 25 µl

Diâmetro do poço: 5 mm

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7.12 Concentração Inibitória e Bactericida Mínima dos Antibióticos determinados pelo método de microdiluição e do

plaqueamento sobre as cepas de Chromobacterium violaceum:

Tabela 09: Concentração Inibitória Mínima e Concentração Bactericida Mínima dos antibióticos sobre cepas de C. violaceum determinadas pelas

técnicas de microdiluição em caldo Muëller-Hinton (CLSI,2003) e do plaqueamento em meio sólido (BARÓN, et al, 1994).

Cepas de Chromobacterium violaceum

Nome 1425 1323 1221 1222 2221 ATCC 12472

Ceftriaxona >128/>128 >256/>256 >128/>128 64,0/64,0 85,3/85,3 >256/>256

Meropenem 0,20/0,31 0,10/0,20 0,20/0,41 0,10/0,20 0,10/0,20 0,20/0,41

Gentamicina 2,0/2,0 2,0/2,0 2,0/2,0 1,66/2,0 2,0/4,0 0,83/1,0

Eritromicina 2,66/2,66 1,33/1,33 5,33/5,33 5,33/5,33 2,66/2,66 2,66/2,66

Tetraciclina 0,83/3,33 0,83/6,66 1,66/4,0 1,0/2,0 1,66/8,0 0,41/4,0

Ácido Nalidíxico 3,33/16,0 3,33/16,0 6,66/8,0 6,66/16,0 3,33/16,0 3,33/16,0

Cloranfenicol 6,66/16,0 6,66/16,0 6,66/16,0 6,66/16,0 6,66/16,0 6,66/16,0

CIM/CBM em µg/mL.

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7.13 Concentração Inibitória e Bactericida Mínima dos óleos essênciais das folhas dos quimiotipos I, II e III de Lippia alba através

do método de microdiluição e plaqueamento sobre as cepas de Chromobacterium violaceum:

Tabela 10: Concentração Inibitória Mínima e Concentração Bactericida Mínima dos óleos essenciais de folhas dos quimiotipos de L. alba e seus

componentes majoritários, sobre cepas de C. violaceum determinadas pelas técnicas de microdiluição em caldo Muëller-Hinton (CLSI,2003) e do

plaqueamento em meio sólido (BARÓN, et al, 1994).

Cepas de Chromobacterium violaceum

Nome 1425 1323 1221 1222 2221 ATCC 12472

Lippia alba I 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43 0,35

Lippia alba II 0,13 0,13 0,1 0,13 0,13 0,13

Lippia alba III 1,16 0,87 0,57 0,57 0,57 0,43

Carvona 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37 0,37

Citral 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08

Limoneno 2,65 3,67 5,3 1,37 1,37 1,37

Limoneno + Carvona 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71 0,71

Mirceno >150,0 >150,0 >150,0 >150,0 >150,0 >150,0

Mirceno + Citral 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15

CIM=CBM em mg/mL.

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7.14 Detecção de Produção de Beta-lactamase de Classe C de Ambler:

A cefoxitina (cefalosporina), que é uma forte indutora de produção de Beta-

Lactamase do grupo C de Ambler e o aztreonam (beta-lactâmico) onde inicialmente a

bactéria se mostra sensível. A seta demonstra a zona de diminuição de sensibilidade

devido a bactéria ser exposta ao antibiótico indutor.

1425 1323

1221 1222

2221 ATCC 12472

Fig 11: Expressão do gene ampC evidenciado pela técnica de aproximação de disco. Nota-se a

diminuição do raio de inibição (Seta Branca) através da indução da cefoxitina.

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8. DISCUSSÃO

Regiões de clima tropical e subtropical onde a Chromobacterium violaceum é

comumente encontrada casos de infecção, ainda raro, têm sido relatadas, principalmente

no Sudeste Asiático (MARTINEZ, et al., 2000).

Trabalho realizado por Bittencourt e colaboradores (2007), revelou que a

Chromobacterium violaceum está presente na microbiota em três ecossistemas tropicais,

na Floresta Amazônica, no Cerrado e na Mata Atlântica.

As cinco cepas isoladas no Estado do Ceará tratam do primeiro relato da

presença de Chromobacterium violaceum em regiões de clima semi-árido. Segundo

Grangeiro e colaboradores (2004) o genoma da Chromobacterium violaceum possui em

torno de 11% de ORFs codificando proteínas de transporte de membrana as quais

devem mediar à interação da C. violaceum com os ambientes do solo e da água nos

quais ela habita.

No município de Tejussuóca onde temperatura varia entre 26°C a 28°C em

épocas de chuvas, estabelece um clima ideal de crescimento da Chromobacterium

violaceum (BARRETO, et al., 2008).

A utilização do sequenciamento do gene rDNA 16S vem sendo uma ferramenta

indispensável para demonstrar a relação filogenética entre as espécies bacterianas. O

gene rDNA 16S é o “gene alvo” por diversas razões, eles são distribuídos

universalmente, ou seja, todos os organismos procariotos possuem esse gene com

exceção dos vírus, são genes altamente conservados pois não sofre alterações na sua

função codificadora e possui tamanho estatisticamente relevante, em torno de 1500 pb

(PATEL, 2001).

Os primers universais são iniciadores específicos de reação para o

sequenciamento da região rDNA 16S (1500 pb) para a maioria das amostras de DNA

bacteriano, esse gene em Chromobacterium violaceum possui em torno de 1474 pb,

necessitando assim de outros primers específicos, pois os primers universais não se

anelam no gene rDNA 16S da Chromobacterium violaceum (VASCONCELOS et al.,

2003).

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As cinco cepas foram identificadas como sendo Chromobacterium violaceum de

acordo com o sequenciamento do gene rDNA 16S isoladas nos Municípios de

Tejussuóca (cepas 1425, 1323, 1221 e 1222) e Banabuiú (cepa 2221), apresentando uma

alta homologia. As sequencias das cepas 1425 e 2221 é igual a cepa de referência

ATCC 12472 e as sequencias das cepas 1323, 1221 e 1222 diferem da cepa ATCC

12472 apenas na posição 1130 (ver Anexo 2) na qual possuem uma adenina, enquanto

que na ATCC 12472 possui um citosina.

Atualmente, para uma correta análise filogenética é necessário que se utilize

mais de um gene conservado, além de observar suas características fenotípicas. Assim

como os genes 16S e 23S rDNA, o gene recA, que codifica a enzima recombinase A,

importante no sistema de reparo de DNA, pode servir de marcador de patógenos

bacterianos.

Nesse estudo, a digestão dos produtos da PCR com a enzima PstI para o gene

recA das cepas 1425, 1323, 2221 e ATCC 12472, evidenciou três fragmentos de

tamanho equivalente ao encontrado em oito cepas de Chromobacterium violaceum em

estudo realizado por Scholz e colaboradores em 2005 e com nove cepas de

Chromobacterium violaceum em um estudo conduzido por Dall’Agnol e colaboradores

em 2008.

Já nas cepas 1221 e 1222, foi originado com a digestão da mesma enzima, dois

fragmentos de aproximadamente 500 pb cada um, equivalente ao encontrado em cinco

cepas de Chromobacterium violaceum no estudo de Dall’Agnol e colaboradores, ao

contrário observado por Scholz et al (2005), na qual foi evidenciado fragmentos de

aproximadamente 200 e 800 pb para duas cepas de Chromobacterium violaceum e outra

cepa com 100 e 900 pb aproximadamente.

Todas as cepas de Chromobacterium violaceum isoladas no Estado do Ceará

apresentam características fenotípicas semelhantes a cepa de referência a ATCC 12472,

sendo esta condizente com um trabalho realizado por Dall’Agnol e colaboradores

(2008).

De acordo com o manual de Bergey’s (2005), cepas de Chromobacterium

violaceum ocasionalmente oxidam e fermentam a glicose e 100% destas cepas utilizam

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o citrato como única fonte de carbono para a obtenção de energia, diferentemente

observado nesse estudo, em que 100% das cepas oxidam e fermentam a glicose e

nenhuma delas utiliza o citrato como fonte de energia (Tabela 08).

Recentemente o gene rDNA 16S da bactéria Iodobacter fluviatilis foi

seqüenciado evidenciando uma alta homologia de sua sequencia comparada com a da

Chromobacterium violaceum, podendo ambas serem identificadas erroneamente com

base apenas na sequencia desse gene conservado.

Apenas algumas características fenotípicas a diferem, como por exemplo, a

Chromobacterium violaceum descarboxiliza a arginina (Tabela 08), enquanto que a

Iodobacter fluviatilis não descarboxila, outra característica importante é que todas as

cepas de C. violaceum isoladas no Estado do Ceará oxidam a glicose, enquanto que a

Iodobacter fluviatilis não a oxida (STALEY et al., 2005).

Antibióticos são substâncias químicas específicas produzidas por organismos

vivos, bem como seus análogos estruturais obtidos por síntese ou semi-síntese, capazes

de inibir, em concentrações baixas, processos vitais de uma ou mais espécies de

microrganismos (TURNIDGE, 1998).

Por terem o anel beta-lactâmico, são conhecidas também, junto com as

cefalosporinas, como antibióticos beta-lactâmicos. Sua ação antibacteriana se deve a

inibição da enzima transpeptidase, que catalisa a biossíntese da última etapa da

formação da parede celular.

O perfil de sensibilidade a antimicrobianos das cinco amostras de

Chromobacterium violaceum isoladas no Estado do Ceará é semelhante a cepa de

referência e compatível com estudos anteriores. Todas as cepas estudadas demonstraram

resistência às penicilinas isoladas e conjugadas com inibidores de β-lactamase, como

por exemplo, ampicilina, amoxicilina + ácido clavulânico, Penicilina G, oxacilina. As

cepas quando submetidas a inibição da piperaciclina conjugada com o tazobactam

apresentaram halos de inibição variando entre 21 mm (cepa 1323) e 28 mm (cepa 1221),

já a ticarcilina + ácido clavulânico apresentaram halos variando de 11 mm (cepa 1323) e

31,5 mm (cepa 1221), (ver Gráfico 1).

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Dall’Agnol e colaboradores (2008), afirmam que todos os isolados testados são

resistentes as penicilinas. Martinez et al (2000), relataram um caso fatal de infecção

causada por Chromobacterium violaceum, ao isolá-la, constataram que a bactéria é

resistente a ampicilina (Penicilina) e a várias cefalosporinas.

Todas as cepas demonstraram resistência as cefalosporinas cefalotina e

cefalexina, ambas de 1° geração e apresentaram halos de inibição variando entre 0 mm

(cepa 1425) e 23 mm (cepa 1221) para cefoxitina uma cefalosporina de 2° geração, (ver

Gráfico 2).

Quando as cepas foram submetidas as cefalosporinas de 3° geração, cefotaxima,

ceftriaxona, ceftazidima e cefoperazona, apresentaram halos de inibição bastante

variável, principalmente quando submetidas a inibição da cefotaxima, na qual os halos

variam de 0 mm (cepa 1323) a 22 mm (cepa 1221), sendo a cefoperazona o que

apresentou melhor zona de inibição variando entre 21,5 mm (cepa 1323) e 33 mm

(cepas 1221 e 1222). A única cefalosporina de 4° geração testada foi a cefepime e

apresentou halos de inibição variando de 25 mm (cepas 1425 e 1323) a 29 mm (cepa

ATCC 12472), (ver Gráfico 3).

Para os carbapenêmicos testados (ver Gráfico 4), o meropenem por ser mais

estável que o imipenem, apresentou halos de inibição melhores frente as cepas

estudadas, na qual variou de 27,5 mm (cepa 1425) a 30,5 mm (cepa 1323 e 1221).

Dias e colaboradores em 2005, relataram um caso de infecção por

Chromobacterium violaceum no Estado da Bahia. O paciente recebeu após seis semanas

de tratamento com o meropenem, sendo este um dos antibióticos de escolha no

tratamento de cromobacteriose.

Chromobacterium violaceum possui em seu DNA o gene ampC

(VASCONCELOS, et al, 2003), que codifica um tipo de β-lactamase que confere uma

resistência a quase todos os antibióticos beta-lactâmicos, com exceção dos

carbapenêmicos e não são inibidos pelo o clavulanato (PEREZ, et al, 2007).

Os macrolídeos são produzidos por espécies de Streptomyces. Estes antibióticos

são bacteriostáticos e eficazes contra microrganismos que se dividem ativamente.

Ligam-se reversilvelmente as subunidades 50S dos ribossomos bacterianos, impedindo

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a translocação dos peptídeos do sítio aceptor ao sítio doador, com conseqüência a

inibição da síntese protéica (FASS, 1993).

Do grupo dos macrolídeos a azitromicina apresentou melhor inibição frente as

cepas de Chromobacterium violaceum, com halos variando entre 27 mm (cepa ATCC

12472) a 34,5 mm (cepa 1323) em comparação com a eritromicina, que variou de 20

mm (cepa ATCC 12472) a 26,5 mm (cepas 1222 e 2221) e polimixina B, variando de 9

mm (cepa 1323) e 15,5 mm (cepa 1425) (ver Gráfico 5).

As Tetraciclinas são antibióticos geralmente bacteriostáticos, interferindo na

síntese de proteínas bloqueando a ligação do tRNA ao complexo ribossômico mRNA,

sendo esta ligação na subunidade 30S de microrganismos sensíveis (POULSEN, et al.,

1996).

As cepas frente a tetraciclina apresentaram melhor perfil de sensibilidade

comparada com a doxiciclina. O menor halo obtido foi as das cepas 1425 e 1222 com

30,5 mm e maior halo para a cepa 2221 com 35 mm de diâmetro. Já para a doxiciclina

os halos variavam de 24 mm (cepa 1425) a 31,5 mm (cepa ATCC 12472), (ver Gráfico

6).

Os Aminoglicosídeos unem-se irreversivelmente a uma ou mais proteínas

receptoras específicas com a subunidade 30S dos ribossomos bacterianos e iterferem

com o complexo de iniciação entre o mRNA e a subunidade 30S, causando a síntese de

proteínas não-funcionais (BAILEY, et al., 1997).

Para os aminoglicosídeos testados, gentamicina, amicacina, clindamicina e

tobramicina, todas as cepas apresentaram nenhum halo de inibição para a clindamicina,

sendo a tobramicina a que demonstrou melhor inibição, variando de 24,5 mm (cepa

2221) a 31,5 mm (cepa ATCC 12472) (ver Gráfico 7).

Martinez et al (2000), em um relato de infecção por Chromobacterium

violaceum no Estado de São Paulo, na qual um agricultor foi admitido no Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, apresentando febre, anorexia e

dor abdominal por quatro dias. Em cultura de sangue a Chromobacterium violaceum foi

isolada resistente a ampicilina, cefalotina, cefoxitina, ceftriaxona, cefotaxima e

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ceftazidima, mas susceptível a gentamicina, amicacina, tobramicina, cloranfenicol,

tetraciclina e sulfametoxazol + trimetoprim.

As quinolonas e as fluorquinolonas atuam intracelularmente, inibindo a

subunidade A da enzima DNA-girase, essencial para a síntese do DNA bacteriano

(DRLICA & ZHAO, 1997).

Dentre os grupos de antibióticos testados, as fluorquinolonas foram as que

apresentaram melhor halo de inibição frente as cepas de Chromobacterium violaceum.

Deste grupo, as cepas demonstraram menor halo de inibição para o antibiótico

moxifloxacino que variou de 32,5 mm (cepa 2221) a 38,5 mm (cepa 1323), e maiores

halos utilizando o levofloxacino, que variou de 39,5 mm (cepas 1425 e 1222) a 46,5

mm (cepa ATCC 12472), (ver Gráfico 8) e ao ácido nalidíxico, uma quinolona, variou

de 30,5 mm (cepa 2221) a 34,5 mm (cepa 1323) (ver Gráfico 9).

Quando as cepas foram submetidas ao cloranfenicol, apresentaram halos de

inibição que variou de 29,5 mm (cepas 1425, 1323 e 1222) a 36,5 mm (cepa 2221), ao

sulfafetoxazol + trimetoprim, variou de 24,5 mm (cepas 1221 e 2221) a 29 mm (cepa

1323), ao teicoplamina, variou de 8 mm (cepas 1323, 1221, 1222, 2221 e ATCC 12472)

a 9 mm (cepa 1425), a bacitracina, as cepas não apresentaram nenhum halo de inibição,

e ao aztreonam, variou de 23,5 mm (cepa 1323) a 29,5 mm (cepa 1221), (ver Gráfico 9).

Segundo Chattopadhyay et al (2002), a duração da terapia da cromobacteriose,

deve variar entre duas a quatro semanas, utilizando como antibióticos de escolha os

aminoglicosídeos, as fluorquinolonas e a combinação de sulfametoxazol e trimetoprim.

Já Brown et al (2006) afirma que o tratamento da infecção consiste de drenagem

das secreções purulentas e a utilização de antibióticos de escolha, como por exemplo,

cloranfenicol, gentamicina, tetraciclina, ciprofloxacino, imipenem e

sulfametoazol+trimetoprim, durante três a quatro semanas de terapia intravenosa e mais

um mês de terapia oral.

De acordo com o perfil de susceptibilidade das cepas de Chromobacterium

violaceum isoladas no Estado do Ceará e a cepa ATCC 12472, demonstraram serem

mais sensíveis a cefepime, meropenem, imipenem, azitromicina, tertaciclina,

doxiciclina, tobramicina, cloranfenicol, sulfametoazol+trimetoprim, ciprofloxacino,

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moxifloxacino, levofloxacino, norfloxacino, ofloxacino, ácido nalidíxico e ao

aztreonam.

Quando as cepas de Chromobacterium violaceum isoladas no Estado do Ceará e

a ATCC 12472 foram submetidas ao teste da concentração inibitória e bactericida

mínimas, o meropenem foi o antibiótico que se obteve a menor concentração inibitória,

que variou de 0,1 µg/mL (cepas 1323, 1222 e 2221) a 0,2 µg/mL (cepas 1425, 1221 e

ATCC 12472). Ao contrário do meropenem, a ceftriaxona alcançou o maior CIM,

variando de 64 µg/mL (cepa 1222) a >256 µg/mL (cepas 1323 e ATCC 12472), (ver

Tabela 9).

Este é o primeiro trabalho desenvolvido, na qual avalia o potencial

antimicrobiano da Lippia alba e seus componentes majoritários, frente a

Chromobacterium violaceum.

O quimiotipo II (limoneno e citral) do óleo essencial da Lippia alba apresentou

menor CIM, que variou de 0,1 mg/mL (cepas 1425, 1323, 1222, 2221 e ATCC 12472) a

0,13 mg/mL (cepa 1221). Já o quimiotipo III (limoneno e carvona) apresentou maior

CIM, variando de 0,43 mg/mL (cepa ATCC 12472) a 1,16 mg/mL (cepa 1425). O

quimiotipo I (mirceno e citral) apresentou CIM intermediário, variando de 0,35 mg/mL

(cepa ATCC 12472) e 0,43 mg/mL (cepas 1425, 1323, 1221, 1222 e 2221) (ver Tabela

10).

Para os componentes majoritários dos óleos essenciais, o mirceno não detém de

atividade antibacteriano, com CIM superior a 150 mg/mL. O citral é o componente que

obteve o menor CIM, com 0,08 mg/mL para todas as cepas estudadas (ver Tabela 10).

Na combinação de citral e mirceno, não houve sinergismo de ação, pois o CIM

obtido é igual ao CIM do citral isolado, do mesmo modo ocorrido com a combinação de

limoneno e carvona, o CIM obtido da combinação é igual ao CIM obtido da carvona

testada isoladamente (0,37 mg/mL) (ver Tabela 10).

Com a observação destes resultados, o citral quando está presente nos óleos

essenciais (quimiotipo I e quimiotipo II) passam a ter uma maior ação inibitória (meor

CIM) quando comparadas aos óleos que não possuem o citral (quimiotipo III).

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9 CONCLUSÕES

Através do sequenciamento do gene rDNA 16S, cepas isoladas no Estado do

Ceará são de fato Chromobacterium violaceum;

Por meio da análise dos fragmentos do gene recA digeridos pela enzima PstI,

podemos afirmar que, apesar de serem cepas da mesma espécie, elas possuem

sequencias nucleotídicas diferentes;

As características fenotípicas das cepas de Chromobacterium violaceum isoladas

no Estado do Ceará, é semelhante a cepa Chromobacterium violaceum ATCC

12472;

As cepas estudadas possuem uma susceptibilidade maior a antibióticos do grupo

das Fluorquinolonas e menor aos antibióticos do grupo das Penicilinas;

O Meropenem foi o antibiótico mais eficaz na inibição das cepas de C.

violaceum testadas;

O óleo essencial de folhas do quimiotipo II de Lippia alba possui a maior

atividade antimicrobiana, quando comparado aos dos quimiotipos I e III;

O constituinte majoritário com maior atividade antibacteriana foi o citral,

presente nos óleos essenciais dos quimiotipos I e II.;

Todas as cepas testadas produzem β-lactamase por meio da indução do gene

ampC quando submetidas a um antibiótico indutor, a cefoxitina.

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10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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