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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA HIDROTERMAL NO MUNICÍPIO DE IMIGRANTE, RS, COM VISTAS AO SEU POTENCIAL DE USO E CONSUMO Anna Leticia Giacomelli Lajeado, novembro de 2015

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Page 1: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

CENTRO UNIVERSITAacuteRIO UNIVATES

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

CARACTERIZACcedilAtildeO E ESTUDO DE UMA OCORREcircNCIA

HIDROTERMAL NO MUNICIacutePIO DE IMIGRANTE RS COM

VISTAS AO SEU POTENCIAL DE USO E CONSUMO

Anna Leticia Giacomelli

Lajeado novembro de 2015

Anna Leticia Giacomelli

CARACTERIZACcedilAtildeO E ESTUDO DE UMA OCORREcircNCIA

HIDROTERMAL NO MUNICIacutePIO DE IMIGRANTE RS COM VISTAS

AO SEU POTENCIAL DE USO E CONSUMO

Monografia apresentada na disciplina de Trabalho

de Conclusatildeo de Curso I na linha de formaccedilatildeo

especiacutefica em Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio UNIVATES como parte da

exigecircncia para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em

Engenharia Ambiental

Orientador Prof Me Henrique Carlos

Fensterseifer

Lajeado novembro de 2015

Anna Leticia Giacomelli

CARACTERIZACcedilAtildeO E ESTUDO DE UMA OCORREcircNCIA

HIDROTERMAL NO MUNICIacutePIO DE IMIGRANTE RS COM VISTAS

AO SEU POTENCIAL DE USO E CONSUMO

A Banca examinadora abaixo aprova a Monografia apresentada na disciplina Trabalho de

Conclusatildeo de Curso II na linha de formaccedilatildeo especiacutefica em Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio UNIVATES como parte da exigecircncia para obtenccedilatildeo do grau de Bacharela em

Engenharia Ambiental

Prof Ms Henrique Carlos Fensterseifer ndash Orientador

Centro Universitaacuterio UNIVATES

Prof Ms Tiago de Almeida

Centro Universitaacuterio UNIVATES

Prof Flaacutevio Aguiar Folleto

Centro Universitaacuterio UNIVATES

Lajeado novembro de 2015

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Antonio e

Maria de Lourdes Giacomelli e ao meu irmatildeo

Stefano Giacomelli pelo apoio compreensatildeo

puxotildees de orelha e por me ensinarem que a famiacutelia

eacute o cerne de tudo

AGRADECIMENTOS

A realizaccedilatildeo de um sonho depende natildeo soacute do sonhador mas tambeacutem das pessoas que o

cerca Desta forma tenho que agradecer a muitas pessoas que possibilitaram a realizaccedilatildeo tanto

deste trabalho como de toda minha graduaccedilatildeo

Quero iniciar agradecendo a minha famiacutelia ao meu pai Antonio agrave minha matildee Maria de

Lourdes e ao meu irmatildeo Stefano por termos passado juntos momentos muito difiacuteceis e por

eles nunca me permitirem desistir deste sonho Esta conquista sem duacutevida natildeo seria possiacutevel

sem vocecircs Muito obrigada do fundo do meu coraccedilatildeo

Agradeccedilo ao professor Henrique meu orientador por me mostrar desde o primeiro

semestre na faculdade que a geologia eacute faacutecil e por me permitir trabalhar neste projeto tatildeo

importante

Quero agradecer ao professor Tiago pelas dicas quando o TCC parecia que natildeo ia se

concretizar e ao Laboratoacuterio de Biorreatores pelo compartilhamento de mateacuterias equipamentos

e experiecircncias uacutenicas

Ao Viniacutecius por me ouvir falando horas sobre aacutegua e rochas por me ver pegando todo

roacutetulo de garrafa de aacutegua mineral que aparecesse pela frente e por me apoiar sempre

Agrave Maria Clara e agrave Maria Raquel por me permitirem conviver com elas e natildeo deixarem

eu perder a visatildeo do mundo pelos olhos de uma crianccedila Ao Epiacutelogo Grupo Vocal por me

proporcionar experiecircncias uacutenicas e me envolver ateacute o uacuteltimo dia do TCC

Ao meus amigos do ocircnibus pelos maravilhosos seis anos que passamos juntos indo e

vindo de Lajeado compartilhando momentos bons e ruins rindo e chorando e ateacute

resmungando Obrigada por estarem sempre comigo

Agrave minha madrinha por ajudar desde sempre aos meus familiares amigos professores

ao Centro Universitaacuterio UNIVATES e principalmente a Deus o meu muito obrigada

RESUMO

A vida no sobe a superfiacutecie da Terra estaacute diretamente ligada com a presenccedila da aacutegua em

seus trecircs estados fiacutesicos liacutequido soacutelido e gasoso interligados pela accedilatildeo do ciclo hidroloacutegico

A porccedilatildeo de aacutegua doce no mundo eacute reduzida sendo de apenas 3 da totalidade do liacutequido e

destes aproximadamente 30 estatildeo localizados em subsuperfiacutecie alojados em formaccedilotildees

geoloacutegicas propiacutecias os aquiacuteferos Devido as caracteriacutesticas geoloacutegicas idade da aacutegua e

profundidade em que se encontra este liacutequido pode apresentar peculiaridades distintas das

aacuteguas encontradas em superfiacutecie como a presenccedila de bicarbonatos cloretos e dioacutexido de

carbono e quando isto ocorre a aacutegua passa as ser considerada mineral O mercado de aacutegua

mineral no mundo move milhotildees de doacutelares por ano e seu consumo em alguns paiacuteses passa de

200 litros por pessoa anualmente No Brasil sete das cem maiores empresas mineradoras atuam

no mercado de aacutegua mineral ajudando a mover a economia de municiacutepios e do paiacutes Uma das

formas minerais da aacutegua estaacute relacionada a temperatura encontrada em sua fonte podendo

conferir a esta caracteriacutestica termal Para tanto esta aacutegua deve estar sendo aquecida pelo calor

interno do planeta em funccedilatildeo da profundidade em que se encontra e a estruturas geoloacutegicas

como falhas e fraturas Dessa forma a possiacutevel incidecircncia de poccedilo termal em Imigrante Rio

Grande do Sul estaacute relacionado com os sedimentos depositados para formaccedilatildeo do Aquiacutefero

Poroso Guarani e os derrames basaacutelticos fissurais da Formaccedilatildeo Serra Geral e mostra-se

anocircmalo se comparado com as outras aacuteguas subterracircneas da regiatildeo Dessa maneira seraacute

estudado atraveacutes da caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica da aacutegua deste local suas propriedades bem

como seu uso de forma sustentaacutevel atraveacutes da recuperaccedilatildeo do poccedilo de 234 metros Aleacutem disso

devido ao grande mercado mineral que envolve a aacutegua seraacute feita comparaccedilotildees entre as

propriedades de marcas de aacutegua mineral comercializadas no Brasil e as amostras extraiacutedas do

poccedilo a fim de se traccedilar um panorama das aacuteguas minerais mais comuns do estado

Palavras-chave Hidrotermalismo Aacutegua Mineral Aacutegua Subterracircnea Imigrante ndash RS

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico 18

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul 39

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal 40

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo 41

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS 42

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo 43

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza 44

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates 46

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco 47

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos 48

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade 52

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos 53

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m 65

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade 67

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade 69

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade 70

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul 22

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral 25

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas 33

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais 35

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais 36

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais 36

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA 37

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005 38

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco 54

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do 55

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises 56

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul 61

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B 62

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

degC Grau Celsius

microScm Microsiemens por centiacutemetro

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APIAM Associaccedilatildeo Portuguesa de Industriais de Aacuteguas Minerais

C14 Carbono quatorze

Ca+ Caacutelcio

CaCO3 L-1 Carbonato de Caacutelcio por Litro

Cl-L-1 Cloro por Litro

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento

DBO Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio

DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral

DRH Departamento de Recursos Hiacutedricos

Fe+L-1 Ferro por Litro

FEPAM Fundaccedilatildeo Estadual de Proteccedilatildeo Ambiental

g Grama

ha Hectare

Hg Mercuacuterio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

K+ Potaacutessio

km Quilocircmetro

km3 Quilocircmetro Cuacutebico

km2 Quilocircmetro Quadrado

m Metro

m3d Metro Cuacutebico por Dia

m3s Metro Cuacutebico por Segundo

Mg+ Magneacutesio

mg L-1 Miligrama por Litro

mgL Miligrama por Litro

mL Mililitros

mm Miliacutemetro

mScm Milisiemens por Centiacutemetro

Ma Milhares de Anos

ndeg Nuacutemero

Na+ Soacutedio

NaCl Cloreto de Soacutedio

NaHCO3L-1 Bicarbonato de Soacutedio

nm nanocircmetro

NO-L-1 Nitrito por Litro

NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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Page 2: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

Anna Leticia Giacomelli

CARACTERIZACcedilAtildeO E ESTUDO DE UMA OCORREcircNCIA

HIDROTERMAL NO MUNICIacutePIO DE IMIGRANTE RS COM VISTAS

AO SEU POTENCIAL DE USO E CONSUMO

Monografia apresentada na disciplina de Trabalho

de Conclusatildeo de Curso I na linha de formaccedilatildeo

especiacutefica em Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio UNIVATES como parte da

exigecircncia para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Bacharel em

Engenharia Ambiental

Orientador Prof Me Henrique Carlos

Fensterseifer

Lajeado novembro de 2015

Anna Leticia Giacomelli

CARACTERIZACcedilAtildeO E ESTUDO DE UMA OCORREcircNCIA

HIDROTERMAL NO MUNICIacutePIO DE IMIGRANTE RS COM VISTAS

AO SEU POTENCIAL DE USO E CONSUMO

A Banca examinadora abaixo aprova a Monografia apresentada na disciplina Trabalho de

Conclusatildeo de Curso II na linha de formaccedilatildeo especiacutefica em Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio UNIVATES como parte da exigecircncia para obtenccedilatildeo do grau de Bacharela em

Engenharia Ambiental

Prof Ms Henrique Carlos Fensterseifer ndash Orientador

Centro Universitaacuterio UNIVATES

Prof Ms Tiago de Almeida

Centro Universitaacuterio UNIVATES

Prof Flaacutevio Aguiar Folleto

Centro Universitaacuterio UNIVATES

Lajeado novembro de 2015

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Antonio e

Maria de Lourdes Giacomelli e ao meu irmatildeo

Stefano Giacomelli pelo apoio compreensatildeo

puxotildees de orelha e por me ensinarem que a famiacutelia

eacute o cerne de tudo

AGRADECIMENTOS

A realizaccedilatildeo de um sonho depende natildeo soacute do sonhador mas tambeacutem das pessoas que o

cerca Desta forma tenho que agradecer a muitas pessoas que possibilitaram a realizaccedilatildeo tanto

deste trabalho como de toda minha graduaccedilatildeo

Quero iniciar agradecendo a minha famiacutelia ao meu pai Antonio agrave minha matildee Maria de

Lourdes e ao meu irmatildeo Stefano por termos passado juntos momentos muito difiacuteceis e por

eles nunca me permitirem desistir deste sonho Esta conquista sem duacutevida natildeo seria possiacutevel

sem vocecircs Muito obrigada do fundo do meu coraccedilatildeo

Agradeccedilo ao professor Henrique meu orientador por me mostrar desde o primeiro

semestre na faculdade que a geologia eacute faacutecil e por me permitir trabalhar neste projeto tatildeo

importante

Quero agradecer ao professor Tiago pelas dicas quando o TCC parecia que natildeo ia se

concretizar e ao Laboratoacuterio de Biorreatores pelo compartilhamento de mateacuterias equipamentos

e experiecircncias uacutenicas

Ao Viniacutecius por me ouvir falando horas sobre aacutegua e rochas por me ver pegando todo

roacutetulo de garrafa de aacutegua mineral que aparecesse pela frente e por me apoiar sempre

Agrave Maria Clara e agrave Maria Raquel por me permitirem conviver com elas e natildeo deixarem

eu perder a visatildeo do mundo pelos olhos de uma crianccedila Ao Epiacutelogo Grupo Vocal por me

proporcionar experiecircncias uacutenicas e me envolver ateacute o uacuteltimo dia do TCC

Ao meus amigos do ocircnibus pelos maravilhosos seis anos que passamos juntos indo e

vindo de Lajeado compartilhando momentos bons e ruins rindo e chorando e ateacute

resmungando Obrigada por estarem sempre comigo

Agrave minha madrinha por ajudar desde sempre aos meus familiares amigos professores

ao Centro Universitaacuterio UNIVATES e principalmente a Deus o meu muito obrigada

RESUMO

A vida no sobe a superfiacutecie da Terra estaacute diretamente ligada com a presenccedila da aacutegua em

seus trecircs estados fiacutesicos liacutequido soacutelido e gasoso interligados pela accedilatildeo do ciclo hidroloacutegico

A porccedilatildeo de aacutegua doce no mundo eacute reduzida sendo de apenas 3 da totalidade do liacutequido e

destes aproximadamente 30 estatildeo localizados em subsuperfiacutecie alojados em formaccedilotildees

geoloacutegicas propiacutecias os aquiacuteferos Devido as caracteriacutesticas geoloacutegicas idade da aacutegua e

profundidade em que se encontra este liacutequido pode apresentar peculiaridades distintas das

aacuteguas encontradas em superfiacutecie como a presenccedila de bicarbonatos cloretos e dioacutexido de

carbono e quando isto ocorre a aacutegua passa as ser considerada mineral O mercado de aacutegua

mineral no mundo move milhotildees de doacutelares por ano e seu consumo em alguns paiacuteses passa de

200 litros por pessoa anualmente No Brasil sete das cem maiores empresas mineradoras atuam

no mercado de aacutegua mineral ajudando a mover a economia de municiacutepios e do paiacutes Uma das

formas minerais da aacutegua estaacute relacionada a temperatura encontrada em sua fonte podendo

conferir a esta caracteriacutestica termal Para tanto esta aacutegua deve estar sendo aquecida pelo calor

interno do planeta em funccedilatildeo da profundidade em que se encontra e a estruturas geoloacutegicas

como falhas e fraturas Dessa forma a possiacutevel incidecircncia de poccedilo termal em Imigrante Rio

Grande do Sul estaacute relacionado com os sedimentos depositados para formaccedilatildeo do Aquiacutefero

Poroso Guarani e os derrames basaacutelticos fissurais da Formaccedilatildeo Serra Geral e mostra-se

anocircmalo se comparado com as outras aacuteguas subterracircneas da regiatildeo Dessa maneira seraacute

estudado atraveacutes da caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica da aacutegua deste local suas propriedades bem

como seu uso de forma sustentaacutevel atraveacutes da recuperaccedilatildeo do poccedilo de 234 metros Aleacutem disso

devido ao grande mercado mineral que envolve a aacutegua seraacute feita comparaccedilotildees entre as

propriedades de marcas de aacutegua mineral comercializadas no Brasil e as amostras extraiacutedas do

poccedilo a fim de se traccedilar um panorama das aacuteguas minerais mais comuns do estado

Palavras-chave Hidrotermalismo Aacutegua Mineral Aacutegua Subterracircnea Imigrante ndash RS

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico 18

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul 39

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal 40

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo 41

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS 42

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo 43

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza 44

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates 46

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco 47

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos 48

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade 52

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos 53

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m 65

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade 67

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade 69

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade 70

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul 22

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral 25

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas 33

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais 35

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais 36

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais 36

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA 37

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005 38

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco 54

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do 55

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises 56

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul 61

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B 62

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

degC Grau Celsius

microScm Microsiemens por centiacutemetro

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APIAM Associaccedilatildeo Portuguesa de Industriais de Aacuteguas Minerais

C14 Carbono quatorze

Ca+ Caacutelcio

CaCO3 L-1 Carbonato de Caacutelcio por Litro

Cl-L-1 Cloro por Litro

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento

DBO Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio

DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral

DRH Departamento de Recursos Hiacutedricos

Fe+L-1 Ferro por Litro

FEPAM Fundaccedilatildeo Estadual de Proteccedilatildeo Ambiental

g Grama

ha Hectare

Hg Mercuacuterio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

K+ Potaacutessio

km Quilocircmetro

km3 Quilocircmetro Cuacutebico

km2 Quilocircmetro Quadrado

m Metro

m3d Metro Cuacutebico por Dia

m3s Metro Cuacutebico por Segundo

Mg+ Magneacutesio

mg L-1 Miligrama por Litro

mgL Miligrama por Litro

mL Mililitros

mm Miliacutemetro

mScm Milisiemens por Centiacutemetro

Ma Milhares de Anos

ndeg Nuacutemero

Na+ Soacutedio

NaCl Cloreto de Soacutedio

NaHCO3L-1 Bicarbonato de Soacutedio

nm nanocircmetro

NO-L-1 Nitrito por Litro

NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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Page 3: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

Anna Leticia Giacomelli

CARACTERIZACcedilAtildeO E ESTUDO DE UMA OCORREcircNCIA

HIDROTERMAL NO MUNICIacutePIO DE IMIGRANTE RS COM VISTAS

AO SEU POTENCIAL DE USO E CONSUMO

A Banca examinadora abaixo aprova a Monografia apresentada na disciplina Trabalho de

Conclusatildeo de Curso II na linha de formaccedilatildeo especiacutefica em Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio UNIVATES como parte da exigecircncia para obtenccedilatildeo do grau de Bacharela em

Engenharia Ambiental

Prof Ms Henrique Carlos Fensterseifer ndash Orientador

Centro Universitaacuterio UNIVATES

Prof Ms Tiago de Almeida

Centro Universitaacuterio UNIVATES

Prof Flaacutevio Aguiar Folleto

Centro Universitaacuterio UNIVATES

Lajeado novembro de 2015

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Antonio e

Maria de Lourdes Giacomelli e ao meu irmatildeo

Stefano Giacomelli pelo apoio compreensatildeo

puxotildees de orelha e por me ensinarem que a famiacutelia

eacute o cerne de tudo

AGRADECIMENTOS

A realizaccedilatildeo de um sonho depende natildeo soacute do sonhador mas tambeacutem das pessoas que o

cerca Desta forma tenho que agradecer a muitas pessoas que possibilitaram a realizaccedilatildeo tanto

deste trabalho como de toda minha graduaccedilatildeo

Quero iniciar agradecendo a minha famiacutelia ao meu pai Antonio agrave minha matildee Maria de

Lourdes e ao meu irmatildeo Stefano por termos passado juntos momentos muito difiacuteceis e por

eles nunca me permitirem desistir deste sonho Esta conquista sem duacutevida natildeo seria possiacutevel

sem vocecircs Muito obrigada do fundo do meu coraccedilatildeo

Agradeccedilo ao professor Henrique meu orientador por me mostrar desde o primeiro

semestre na faculdade que a geologia eacute faacutecil e por me permitir trabalhar neste projeto tatildeo

importante

Quero agradecer ao professor Tiago pelas dicas quando o TCC parecia que natildeo ia se

concretizar e ao Laboratoacuterio de Biorreatores pelo compartilhamento de mateacuterias equipamentos

e experiecircncias uacutenicas

Ao Viniacutecius por me ouvir falando horas sobre aacutegua e rochas por me ver pegando todo

roacutetulo de garrafa de aacutegua mineral que aparecesse pela frente e por me apoiar sempre

Agrave Maria Clara e agrave Maria Raquel por me permitirem conviver com elas e natildeo deixarem

eu perder a visatildeo do mundo pelos olhos de uma crianccedila Ao Epiacutelogo Grupo Vocal por me

proporcionar experiecircncias uacutenicas e me envolver ateacute o uacuteltimo dia do TCC

Ao meus amigos do ocircnibus pelos maravilhosos seis anos que passamos juntos indo e

vindo de Lajeado compartilhando momentos bons e ruins rindo e chorando e ateacute

resmungando Obrigada por estarem sempre comigo

Agrave minha madrinha por ajudar desde sempre aos meus familiares amigos professores

ao Centro Universitaacuterio UNIVATES e principalmente a Deus o meu muito obrigada

RESUMO

A vida no sobe a superfiacutecie da Terra estaacute diretamente ligada com a presenccedila da aacutegua em

seus trecircs estados fiacutesicos liacutequido soacutelido e gasoso interligados pela accedilatildeo do ciclo hidroloacutegico

A porccedilatildeo de aacutegua doce no mundo eacute reduzida sendo de apenas 3 da totalidade do liacutequido e

destes aproximadamente 30 estatildeo localizados em subsuperfiacutecie alojados em formaccedilotildees

geoloacutegicas propiacutecias os aquiacuteferos Devido as caracteriacutesticas geoloacutegicas idade da aacutegua e

profundidade em que se encontra este liacutequido pode apresentar peculiaridades distintas das

aacuteguas encontradas em superfiacutecie como a presenccedila de bicarbonatos cloretos e dioacutexido de

carbono e quando isto ocorre a aacutegua passa as ser considerada mineral O mercado de aacutegua

mineral no mundo move milhotildees de doacutelares por ano e seu consumo em alguns paiacuteses passa de

200 litros por pessoa anualmente No Brasil sete das cem maiores empresas mineradoras atuam

no mercado de aacutegua mineral ajudando a mover a economia de municiacutepios e do paiacutes Uma das

formas minerais da aacutegua estaacute relacionada a temperatura encontrada em sua fonte podendo

conferir a esta caracteriacutestica termal Para tanto esta aacutegua deve estar sendo aquecida pelo calor

interno do planeta em funccedilatildeo da profundidade em que se encontra e a estruturas geoloacutegicas

como falhas e fraturas Dessa forma a possiacutevel incidecircncia de poccedilo termal em Imigrante Rio

Grande do Sul estaacute relacionado com os sedimentos depositados para formaccedilatildeo do Aquiacutefero

Poroso Guarani e os derrames basaacutelticos fissurais da Formaccedilatildeo Serra Geral e mostra-se

anocircmalo se comparado com as outras aacuteguas subterracircneas da regiatildeo Dessa maneira seraacute

estudado atraveacutes da caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica da aacutegua deste local suas propriedades bem

como seu uso de forma sustentaacutevel atraveacutes da recuperaccedilatildeo do poccedilo de 234 metros Aleacutem disso

devido ao grande mercado mineral que envolve a aacutegua seraacute feita comparaccedilotildees entre as

propriedades de marcas de aacutegua mineral comercializadas no Brasil e as amostras extraiacutedas do

poccedilo a fim de se traccedilar um panorama das aacuteguas minerais mais comuns do estado

Palavras-chave Hidrotermalismo Aacutegua Mineral Aacutegua Subterracircnea Imigrante ndash RS

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico 18

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul 39

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal 40

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo 41

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS 42

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo 43

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza 44

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates 46

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco 47

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos 48

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade 52

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos 53

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m 65

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade 67

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade 69

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade 70

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul 22

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral 25

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas 33

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais 35

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais 36

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais 36

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA 37

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005 38

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco 54

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do 55

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises 56

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul 61

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B 62

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

degC Grau Celsius

microScm Microsiemens por centiacutemetro

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APIAM Associaccedilatildeo Portuguesa de Industriais de Aacuteguas Minerais

C14 Carbono quatorze

Ca+ Caacutelcio

CaCO3 L-1 Carbonato de Caacutelcio por Litro

Cl-L-1 Cloro por Litro

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento

DBO Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio

DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral

DRH Departamento de Recursos Hiacutedricos

Fe+L-1 Ferro por Litro

FEPAM Fundaccedilatildeo Estadual de Proteccedilatildeo Ambiental

g Grama

ha Hectare

Hg Mercuacuterio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

K+ Potaacutessio

km Quilocircmetro

km3 Quilocircmetro Cuacutebico

km2 Quilocircmetro Quadrado

m Metro

m3d Metro Cuacutebico por Dia

m3s Metro Cuacutebico por Segundo

Mg+ Magneacutesio

mg L-1 Miligrama por Litro

mgL Miligrama por Litro

mL Mililitros

mm Miliacutemetro

mScm Milisiemens por Centiacutemetro

Ma Milhares de Anos

ndeg Nuacutemero

Na+ Soacutedio

NaCl Cloreto de Soacutedio

NaHCO3L-1 Bicarbonato de Soacutedio

nm nanocircmetro

NO-L-1 Nitrito por Litro

NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

REFEREcircNCIAS

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Page 4: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

DEDICATOacuteRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Antonio e

Maria de Lourdes Giacomelli e ao meu irmatildeo

Stefano Giacomelli pelo apoio compreensatildeo

puxotildees de orelha e por me ensinarem que a famiacutelia

eacute o cerne de tudo

AGRADECIMENTOS

A realizaccedilatildeo de um sonho depende natildeo soacute do sonhador mas tambeacutem das pessoas que o

cerca Desta forma tenho que agradecer a muitas pessoas que possibilitaram a realizaccedilatildeo tanto

deste trabalho como de toda minha graduaccedilatildeo

Quero iniciar agradecendo a minha famiacutelia ao meu pai Antonio agrave minha matildee Maria de

Lourdes e ao meu irmatildeo Stefano por termos passado juntos momentos muito difiacuteceis e por

eles nunca me permitirem desistir deste sonho Esta conquista sem duacutevida natildeo seria possiacutevel

sem vocecircs Muito obrigada do fundo do meu coraccedilatildeo

Agradeccedilo ao professor Henrique meu orientador por me mostrar desde o primeiro

semestre na faculdade que a geologia eacute faacutecil e por me permitir trabalhar neste projeto tatildeo

importante

Quero agradecer ao professor Tiago pelas dicas quando o TCC parecia que natildeo ia se

concretizar e ao Laboratoacuterio de Biorreatores pelo compartilhamento de mateacuterias equipamentos

e experiecircncias uacutenicas

Ao Viniacutecius por me ouvir falando horas sobre aacutegua e rochas por me ver pegando todo

roacutetulo de garrafa de aacutegua mineral que aparecesse pela frente e por me apoiar sempre

Agrave Maria Clara e agrave Maria Raquel por me permitirem conviver com elas e natildeo deixarem

eu perder a visatildeo do mundo pelos olhos de uma crianccedila Ao Epiacutelogo Grupo Vocal por me

proporcionar experiecircncias uacutenicas e me envolver ateacute o uacuteltimo dia do TCC

Ao meus amigos do ocircnibus pelos maravilhosos seis anos que passamos juntos indo e

vindo de Lajeado compartilhando momentos bons e ruins rindo e chorando e ateacute

resmungando Obrigada por estarem sempre comigo

Agrave minha madrinha por ajudar desde sempre aos meus familiares amigos professores

ao Centro Universitaacuterio UNIVATES e principalmente a Deus o meu muito obrigada

RESUMO

A vida no sobe a superfiacutecie da Terra estaacute diretamente ligada com a presenccedila da aacutegua em

seus trecircs estados fiacutesicos liacutequido soacutelido e gasoso interligados pela accedilatildeo do ciclo hidroloacutegico

A porccedilatildeo de aacutegua doce no mundo eacute reduzida sendo de apenas 3 da totalidade do liacutequido e

destes aproximadamente 30 estatildeo localizados em subsuperfiacutecie alojados em formaccedilotildees

geoloacutegicas propiacutecias os aquiacuteferos Devido as caracteriacutesticas geoloacutegicas idade da aacutegua e

profundidade em que se encontra este liacutequido pode apresentar peculiaridades distintas das

aacuteguas encontradas em superfiacutecie como a presenccedila de bicarbonatos cloretos e dioacutexido de

carbono e quando isto ocorre a aacutegua passa as ser considerada mineral O mercado de aacutegua

mineral no mundo move milhotildees de doacutelares por ano e seu consumo em alguns paiacuteses passa de

200 litros por pessoa anualmente No Brasil sete das cem maiores empresas mineradoras atuam

no mercado de aacutegua mineral ajudando a mover a economia de municiacutepios e do paiacutes Uma das

formas minerais da aacutegua estaacute relacionada a temperatura encontrada em sua fonte podendo

conferir a esta caracteriacutestica termal Para tanto esta aacutegua deve estar sendo aquecida pelo calor

interno do planeta em funccedilatildeo da profundidade em que se encontra e a estruturas geoloacutegicas

como falhas e fraturas Dessa forma a possiacutevel incidecircncia de poccedilo termal em Imigrante Rio

Grande do Sul estaacute relacionado com os sedimentos depositados para formaccedilatildeo do Aquiacutefero

Poroso Guarani e os derrames basaacutelticos fissurais da Formaccedilatildeo Serra Geral e mostra-se

anocircmalo se comparado com as outras aacuteguas subterracircneas da regiatildeo Dessa maneira seraacute

estudado atraveacutes da caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica da aacutegua deste local suas propriedades bem

como seu uso de forma sustentaacutevel atraveacutes da recuperaccedilatildeo do poccedilo de 234 metros Aleacutem disso

devido ao grande mercado mineral que envolve a aacutegua seraacute feita comparaccedilotildees entre as

propriedades de marcas de aacutegua mineral comercializadas no Brasil e as amostras extraiacutedas do

poccedilo a fim de se traccedilar um panorama das aacuteguas minerais mais comuns do estado

Palavras-chave Hidrotermalismo Aacutegua Mineral Aacutegua Subterracircnea Imigrante ndash RS

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico 18

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul 39

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal 40

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo 41

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS 42

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo 43

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza 44

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates 46

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco 47

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos 48

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade 52

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos 53

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m 65

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade 67

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade 69

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade 70

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul 22

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral 25

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas 33

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais 35

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais 36

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais 36

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA 37

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005 38

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco 54

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do 55

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises 56

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul 61

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B 62

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

degC Grau Celsius

microScm Microsiemens por centiacutemetro

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APIAM Associaccedilatildeo Portuguesa de Industriais de Aacuteguas Minerais

C14 Carbono quatorze

Ca+ Caacutelcio

CaCO3 L-1 Carbonato de Caacutelcio por Litro

Cl-L-1 Cloro por Litro

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento

DBO Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio

DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral

DRH Departamento de Recursos Hiacutedricos

Fe+L-1 Ferro por Litro

FEPAM Fundaccedilatildeo Estadual de Proteccedilatildeo Ambiental

g Grama

ha Hectare

Hg Mercuacuterio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

K+ Potaacutessio

km Quilocircmetro

km3 Quilocircmetro Cuacutebico

km2 Quilocircmetro Quadrado

m Metro

m3d Metro Cuacutebico por Dia

m3s Metro Cuacutebico por Segundo

Mg+ Magneacutesio

mg L-1 Miligrama por Litro

mgL Miligrama por Litro

mL Mililitros

mm Miliacutemetro

mScm Milisiemens por Centiacutemetro

Ma Milhares de Anos

ndeg Nuacutemero

Na+ Soacutedio

NaCl Cloreto de Soacutedio

NaHCO3L-1 Bicarbonato de Soacutedio

nm nanocircmetro

NO-L-1 Nitrito por Litro

NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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TEIXEIRA W TOLEDO MCM FAIRCHILD TR TAIOLI F Decifrando a

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Page 5: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

AGRADECIMENTOS

A realizaccedilatildeo de um sonho depende natildeo soacute do sonhador mas tambeacutem das pessoas que o

cerca Desta forma tenho que agradecer a muitas pessoas que possibilitaram a realizaccedilatildeo tanto

deste trabalho como de toda minha graduaccedilatildeo

Quero iniciar agradecendo a minha famiacutelia ao meu pai Antonio agrave minha matildee Maria de

Lourdes e ao meu irmatildeo Stefano por termos passado juntos momentos muito difiacuteceis e por

eles nunca me permitirem desistir deste sonho Esta conquista sem duacutevida natildeo seria possiacutevel

sem vocecircs Muito obrigada do fundo do meu coraccedilatildeo

Agradeccedilo ao professor Henrique meu orientador por me mostrar desde o primeiro

semestre na faculdade que a geologia eacute faacutecil e por me permitir trabalhar neste projeto tatildeo

importante

Quero agradecer ao professor Tiago pelas dicas quando o TCC parecia que natildeo ia se

concretizar e ao Laboratoacuterio de Biorreatores pelo compartilhamento de mateacuterias equipamentos

e experiecircncias uacutenicas

Ao Viniacutecius por me ouvir falando horas sobre aacutegua e rochas por me ver pegando todo

roacutetulo de garrafa de aacutegua mineral que aparecesse pela frente e por me apoiar sempre

Agrave Maria Clara e agrave Maria Raquel por me permitirem conviver com elas e natildeo deixarem

eu perder a visatildeo do mundo pelos olhos de uma crianccedila Ao Epiacutelogo Grupo Vocal por me

proporcionar experiecircncias uacutenicas e me envolver ateacute o uacuteltimo dia do TCC

Ao meus amigos do ocircnibus pelos maravilhosos seis anos que passamos juntos indo e

vindo de Lajeado compartilhando momentos bons e ruins rindo e chorando e ateacute

resmungando Obrigada por estarem sempre comigo

Agrave minha madrinha por ajudar desde sempre aos meus familiares amigos professores

ao Centro Universitaacuterio UNIVATES e principalmente a Deus o meu muito obrigada

RESUMO

A vida no sobe a superfiacutecie da Terra estaacute diretamente ligada com a presenccedila da aacutegua em

seus trecircs estados fiacutesicos liacutequido soacutelido e gasoso interligados pela accedilatildeo do ciclo hidroloacutegico

A porccedilatildeo de aacutegua doce no mundo eacute reduzida sendo de apenas 3 da totalidade do liacutequido e

destes aproximadamente 30 estatildeo localizados em subsuperfiacutecie alojados em formaccedilotildees

geoloacutegicas propiacutecias os aquiacuteferos Devido as caracteriacutesticas geoloacutegicas idade da aacutegua e

profundidade em que se encontra este liacutequido pode apresentar peculiaridades distintas das

aacuteguas encontradas em superfiacutecie como a presenccedila de bicarbonatos cloretos e dioacutexido de

carbono e quando isto ocorre a aacutegua passa as ser considerada mineral O mercado de aacutegua

mineral no mundo move milhotildees de doacutelares por ano e seu consumo em alguns paiacuteses passa de

200 litros por pessoa anualmente No Brasil sete das cem maiores empresas mineradoras atuam

no mercado de aacutegua mineral ajudando a mover a economia de municiacutepios e do paiacutes Uma das

formas minerais da aacutegua estaacute relacionada a temperatura encontrada em sua fonte podendo

conferir a esta caracteriacutestica termal Para tanto esta aacutegua deve estar sendo aquecida pelo calor

interno do planeta em funccedilatildeo da profundidade em que se encontra e a estruturas geoloacutegicas

como falhas e fraturas Dessa forma a possiacutevel incidecircncia de poccedilo termal em Imigrante Rio

Grande do Sul estaacute relacionado com os sedimentos depositados para formaccedilatildeo do Aquiacutefero

Poroso Guarani e os derrames basaacutelticos fissurais da Formaccedilatildeo Serra Geral e mostra-se

anocircmalo se comparado com as outras aacuteguas subterracircneas da regiatildeo Dessa maneira seraacute

estudado atraveacutes da caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica da aacutegua deste local suas propriedades bem

como seu uso de forma sustentaacutevel atraveacutes da recuperaccedilatildeo do poccedilo de 234 metros Aleacutem disso

devido ao grande mercado mineral que envolve a aacutegua seraacute feita comparaccedilotildees entre as

propriedades de marcas de aacutegua mineral comercializadas no Brasil e as amostras extraiacutedas do

poccedilo a fim de se traccedilar um panorama das aacuteguas minerais mais comuns do estado

Palavras-chave Hidrotermalismo Aacutegua Mineral Aacutegua Subterracircnea Imigrante ndash RS

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico 18

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul 39

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal 40

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo 41

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS 42

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo 43

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza 44

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates 46

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco 47

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos 48

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade 52

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos 53

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m 65

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade 67

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade 69

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade 70

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul 22

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral 25

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas 33

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais 35

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais 36

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais 36

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA 37

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005 38

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco 54

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do 55

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises 56

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul 61

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B 62

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

degC Grau Celsius

microScm Microsiemens por centiacutemetro

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APIAM Associaccedilatildeo Portuguesa de Industriais de Aacuteguas Minerais

C14 Carbono quatorze

Ca+ Caacutelcio

CaCO3 L-1 Carbonato de Caacutelcio por Litro

Cl-L-1 Cloro por Litro

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento

DBO Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio

DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral

DRH Departamento de Recursos Hiacutedricos

Fe+L-1 Ferro por Litro

FEPAM Fundaccedilatildeo Estadual de Proteccedilatildeo Ambiental

g Grama

ha Hectare

Hg Mercuacuterio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

K+ Potaacutessio

km Quilocircmetro

km3 Quilocircmetro Cuacutebico

km2 Quilocircmetro Quadrado

m Metro

m3d Metro Cuacutebico por Dia

m3s Metro Cuacutebico por Segundo

Mg+ Magneacutesio

mg L-1 Miligrama por Litro

mgL Miligrama por Litro

mL Mililitros

mm Miliacutemetro

mScm Milisiemens por Centiacutemetro

Ma Milhares de Anos

ndeg Nuacutemero

Na+ Soacutedio

NaCl Cloreto de Soacutedio

NaHCO3L-1 Bicarbonato de Soacutedio

nm nanocircmetro

NO-L-1 Nitrito por Litro

NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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RESUMO

A vida no sobe a superfiacutecie da Terra estaacute diretamente ligada com a presenccedila da aacutegua em

seus trecircs estados fiacutesicos liacutequido soacutelido e gasoso interligados pela accedilatildeo do ciclo hidroloacutegico

A porccedilatildeo de aacutegua doce no mundo eacute reduzida sendo de apenas 3 da totalidade do liacutequido e

destes aproximadamente 30 estatildeo localizados em subsuperfiacutecie alojados em formaccedilotildees

geoloacutegicas propiacutecias os aquiacuteferos Devido as caracteriacutesticas geoloacutegicas idade da aacutegua e

profundidade em que se encontra este liacutequido pode apresentar peculiaridades distintas das

aacuteguas encontradas em superfiacutecie como a presenccedila de bicarbonatos cloretos e dioacutexido de

carbono e quando isto ocorre a aacutegua passa as ser considerada mineral O mercado de aacutegua

mineral no mundo move milhotildees de doacutelares por ano e seu consumo em alguns paiacuteses passa de

200 litros por pessoa anualmente No Brasil sete das cem maiores empresas mineradoras atuam

no mercado de aacutegua mineral ajudando a mover a economia de municiacutepios e do paiacutes Uma das

formas minerais da aacutegua estaacute relacionada a temperatura encontrada em sua fonte podendo

conferir a esta caracteriacutestica termal Para tanto esta aacutegua deve estar sendo aquecida pelo calor

interno do planeta em funccedilatildeo da profundidade em que se encontra e a estruturas geoloacutegicas

como falhas e fraturas Dessa forma a possiacutevel incidecircncia de poccedilo termal em Imigrante Rio

Grande do Sul estaacute relacionado com os sedimentos depositados para formaccedilatildeo do Aquiacutefero

Poroso Guarani e os derrames basaacutelticos fissurais da Formaccedilatildeo Serra Geral e mostra-se

anocircmalo se comparado com as outras aacuteguas subterracircneas da regiatildeo Dessa maneira seraacute

estudado atraveacutes da caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica da aacutegua deste local suas propriedades bem

como seu uso de forma sustentaacutevel atraveacutes da recuperaccedilatildeo do poccedilo de 234 metros Aleacutem disso

devido ao grande mercado mineral que envolve a aacutegua seraacute feita comparaccedilotildees entre as

propriedades de marcas de aacutegua mineral comercializadas no Brasil e as amostras extraiacutedas do

poccedilo a fim de se traccedilar um panorama das aacuteguas minerais mais comuns do estado

Palavras-chave Hidrotermalismo Aacutegua Mineral Aacutegua Subterracircnea Imigrante ndash RS

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico 18

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul 39

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal 40

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo 41

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS 42

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo 43

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza 44

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates 46

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco 47

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos 48

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade 52

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos 53

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m 65

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade 67

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade 69

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade 70

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul 22

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral 25

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas 33

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais 35

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais 36

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais 36

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA 37

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005 38

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco 54

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do 55

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises 56

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul 61

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B 62

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

degC Grau Celsius

microScm Microsiemens por centiacutemetro

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APIAM Associaccedilatildeo Portuguesa de Industriais de Aacuteguas Minerais

C14 Carbono quatorze

Ca+ Caacutelcio

CaCO3 L-1 Carbonato de Caacutelcio por Litro

Cl-L-1 Cloro por Litro

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento

DBO Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio

DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral

DRH Departamento de Recursos Hiacutedricos

Fe+L-1 Ferro por Litro

FEPAM Fundaccedilatildeo Estadual de Proteccedilatildeo Ambiental

g Grama

ha Hectare

Hg Mercuacuterio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

K+ Potaacutessio

km Quilocircmetro

km3 Quilocircmetro Cuacutebico

km2 Quilocircmetro Quadrado

m Metro

m3d Metro Cuacutebico por Dia

m3s Metro Cuacutebico por Segundo

Mg+ Magneacutesio

mg L-1 Miligrama por Litro

mgL Miligrama por Litro

mL Mililitros

mm Miliacutemetro

mScm Milisiemens por Centiacutemetro

Ma Milhares de Anos

ndeg Nuacutemero

Na+ Soacutedio

NaCl Cloreto de Soacutedio

NaHCO3L-1 Bicarbonato de Soacutedio

nm nanocircmetro

NO-L-1 Nitrito por Litro

NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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Page 7: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico 18

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul 39

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal 40

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo 41

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS 42

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo 43

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza 44

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates 46

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco 47

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos 48

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade 52

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos 53

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m 65

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade 67

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade 69

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade 70

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul 22

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral 25

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas 33

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais 35

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais 36

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais 36

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA 37

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005 38

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco 54

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do 55

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises 56

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul 61

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B 62

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

degC Grau Celsius

microScm Microsiemens por centiacutemetro

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APIAM Associaccedilatildeo Portuguesa de Industriais de Aacuteguas Minerais

C14 Carbono quatorze

Ca+ Caacutelcio

CaCO3 L-1 Carbonato de Caacutelcio por Litro

Cl-L-1 Cloro por Litro

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento

DBO Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio

DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral

DRH Departamento de Recursos Hiacutedricos

Fe+L-1 Ferro por Litro

FEPAM Fundaccedilatildeo Estadual de Proteccedilatildeo Ambiental

g Grama

ha Hectare

Hg Mercuacuterio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

K+ Potaacutessio

km Quilocircmetro

km3 Quilocircmetro Cuacutebico

km2 Quilocircmetro Quadrado

m Metro

m3d Metro Cuacutebico por Dia

m3s Metro Cuacutebico por Segundo

Mg+ Magneacutesio

mg L-1 Miligrama por Litro

mgL Miligrama por Litro

mL Mililitros

mm Miliacutemetro

mScm Milisiemens por Centiacutemetro

Ma Milhares de Anos

ndeg Nuacutemero

Na+ Soacutedio

NaCl Cloreto de Soacutedio

NaHCO3L-1 Bicarbonato de Soacutedio

nm nanocircmetro

NO-L-1 Nitrito por Litro

NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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Page 8: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul 22

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral 25

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas 33

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais 35

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais 36

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais 36

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA 37

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005 38

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco 54

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do 55

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises 56

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul 61

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B 62

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

degC Grau Celsius

microScm Microsiemens por centiacutemetro

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APIAM Associaccedilatildeo Portuguesa de Industriais de Aacuteguas Minerais

C14 Carbono quatorze

Ca+ Caacutelcio

CaCO3 L-1 Carbonato de Caacutelcio por Litro

Cl-L-1 Cloro por Litro

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento

DBO Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio

DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral

DRH Departamento de Recursos Hiacutedricos

Fe+L-1 Ferro por Litro

FEPAM Fundaccedilatildeo Estadual de Proteccedilatildeo Ambiental

g Grama

ha Hectare

Hg Mercuacuterio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

K+ Potaacutessio

km Quilocircmetro

km3 Quilocircmetro Cuacutebico

km2 Quilocircmetro Quadrado

m Metro

m3d Metro Cuacutebico por Dia

m3s Metro Cuacutebico por Segundo

Mg+ Magneacutesio

mg L-1 Miligrama por Litro

mgL Miligrama por Litro

mL Mililitros

mm Miliacutemetro

mScm Milisiemens por Centiacutemetro

Ma Milhares de Anos

ndeg Nuacutemero

Na+ Soacutedio

NaCl Cloreto de Soacutedio

NaHCO3L-1 Bicarbonato de Soacutedio

nm nanocircmetro

NO-L-1 Nitrito por Litro

NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

degC Grau Celsius

microScm Microsiemens por centiacutemetro

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

APIAM Associaccedilatildeo Portuguesa de Industriais de Aacuteguas Minerais

C14 Carbono quatorze

Ca+ Caacutelcio

CaCO3 L-1 Carbonato de Caacutelcio por Litro

Cl-L-1 Cloro por Litro

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento

DBO Demanda Bioquiacutemica de Oxigecircnio

DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral

DRH Departamento de Recursos Hiacutedricos

Fe+L-1 Ferro por Litro

FEPAM Fundaccedilatildeo Estadual de Proteccedilatildeo Ambiental

g Grama

ha Hectare

Hg Mercuacuterio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

K+ Potaacutessio

km Quilocircmetro

km3 Quilocircmetro Cuacutebico

km2 Quilocircmetro Quadrado

m Metro

m3d Metro Cuacutebico por Dia

m3s Metro Cuacutebico por Segundo

Mg+ Magneacutesio

mg L-1 Miligrama por Litro

mgL Miligrama por Litro

mL Mililitros

mm Miliacutemetro

mScm Milisiemens por Centiacutemetro

Ma Milhares de Anos

ndeg Nuacutemero

Na+ Soacutedio

NaCl Cloreto de Soacutedio

NaHCO3L-1 Bicarbonato de Soacutedio

nm nanocircmetro

NO-L-1 Nitrito por Litro

NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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Page 10: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

g Grama

ha Hectare

Hg Mercuacuterio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

K+ Potaacutessio

km Quilocircmetro

km3 Quilocircmetro Cuacutebico

km2 Quilocircmetro Quadrado

m Metro

m3d Metro Cuacutebico por Dia

m3s Metro Cuacutebico por Segundo

Mg+ Magneacutesio

mg L-1 Miligrama por Litro

mgL Miligrama por Litro

mL Mililitros

mm Miliacutemetro

mScm Milisiemens por Centiacutemetro

Ma Milhares de Anos

ndeg Nuacutemero

Na+ Soacutedio

NaCl Cloreto de Soacutedio

NaHCO3L-1 Bicarbonato de Soacutedio

nm nanocircmetro

NO-L-1 Nitrito por Litro

NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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NTU Unidade de Turbidez

OD Oxigecircnio Dissolvido

Ohmm Resistividade

PET Polietilenotereftalato

pH Potencial Hidrogeniocircnico

PtCo Platino - Cobalto

R$ Reais

RS Rio Grande do Sul

Scm Siemens por Centiacutemetro

SiO2 Dioacutexido de Siliacutecio

SO-L-1 Oacutexido de Enxofre por Litro

UFC Unidade Formadora de Colocircnia

US$ Doacutelar

uT Unidade de Turbidez

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

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longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

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Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

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gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

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Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

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Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

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Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

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A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

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mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

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Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

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da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

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Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

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Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

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Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

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Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

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Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

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Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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Page 12: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO 12

1 AacuteGUA 16

11 Aacuteguas Subterracircneas 19

12 Aacuteguas Minerais 22

13 Aacuteguas Termais 26

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI - SERRA

GERAL 29

3 LEGISLACcedilAtildeO 32

4 METODOLOGIA 39

41 Aacuterea de Estudo 39

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo 42

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua 45

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 50

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV) 50

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 53

51 Anaacutelises 53

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas 57

53 Tomada de Temperatura e Resistividade 63

6 CONCLUSAtildeO 71

REFEREcircNCIAS 73

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

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Page 13: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

12

INTRODUCcedilAtildeO

Tendo em vista que o planeta Terra eacute recoberto por 75 de aacutegua nas mais diversas

formas e que esta eacute imprescindiacutevel para a vida de qualquer organismo que se encontra

em sua superfiacutecie (LIBAcircNIO 2007) e que deste total aproximadamente 299 se

localiza em subsuperiacuteficie alojado em aquiacuteferos porosos ou fraturados (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006) este trabalho tem como objetivo geral realizar o acompanhamento

analises e interaccedilatildeo no processo de reativaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo com

evidecircncias de aacuteguas termais e minerais localizado no municiacutepio de Imigrante RS atraveacutes

do monitoramento dos procedimentos teacutecnicos utilizados no estudo das caracteriacutesticas

fiacutesico-quiacutemicas de aacuteguas com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentaacutevel

A proposta deste trabalho do Curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitaacuterio Univates baseia-se em um poccedilo tubular profundo (234 m) executado no

ano de 2010 atualmente desativado cujas anaacutelises preliminares das aacuteguas apontaram para

a ocorrecircncia de temperaturas anocircmalas para a regiatildeo do Vale do Taquari bem como para

a presenccedila de teores significativos de sais Insere-se neste projeto uma anaacutelise

comparativa de algumas das aacuteguas minerais mais comercializadas na regiatildeo Para o

desenvolvimento desta proposta a empresa responsaacutevel pelo empreendimento autoriza e

oferece o apoio teacutecnico para o acompanhamento dos procedimentos envolvidos

Os objetivos especiacuteficos do presente trabalho que seratildeo desenvolvidos ao longo

de 2015 satildeo

13

Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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TEIXEIRA W TOLEDO MCM FAIRCHILD TR TAIOLI F Decifrando a

Terra Oficina de Textos Satildeo Paulo SP 2003

Page 14: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

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Descrever e analisar os procedimentos teacutecnicos utilizados na recuperaccedilatildeo e

adequaccedilatildeo de um poccedilo tubular profundo localizado em Imigrante RS com

caracteriacutesticas hidrotermais e minerais

Efetuar anaacutelises fiacutesico-quiacutemicas para uma avaliaccedilatildeo das caracteriacutesticas

hidrotermais e possiacuteveis propriedades hidrominerais das aacuteguas do poccedilo em

questatildeo e comparar os resultados com outras aacuteguas minerais comercializadas na

regiatildeo

Estudar as caracteriacutesticas geoloacutegicas locais e as possiacuteveis relaccedilotildees

hidrogeoloacutegicas com a ocorrecircncia termal e mineral em questatildeo

Avaliar em relaccedilatildeo aos resultados obtidos o potencial de implantaccedilatildeo de uma

planta de exploraccedilatildeo das aacuteguas em questatildeo

Identificar descrever e analisar as questotildees legais para a prospecccedilatildeo exploraccedilatildeo

e implantaccedilatildeo de uma planta de uso e consumo das aacuteguas locais e

Caracterizar descrever e avaliar as questotildees ambientais locais decorrentes dos

procedimentos teacutecnicos utilizados na anaacutelise e avaliaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

locais e apontar possiacuteveis medidas mitigatoacuterias na implantaccedilatildeo da uma planta de

exploraccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas locais

Tal problemaacutetica se torna interessante em decorrecircncia das diversas utilizaccedilotildees das

aacuteguas subterracircneas tanto para abastecimento urbano como para o potencial de

beneficiamento e comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais e balneabilidade (TEIXEIRA etal

2003)

As caracteriacutesticas de aacuteguas minerais satildeo diversas relacionadas tanto com

elementos quiacutemicos estabilizados encontrados em amostras como com condiccedilotildees de

temperatura e radioatividade de fontes conforme o Coacutedigo de Aacuteguas Minerais de 1945

Segundo a APIAM tais peculiaridades que as diferem das aacuteguas normais estatildeo associadas

a trecircs fatores principais caracteriacutesticas geoloacutegicas do local da fonte tempo de contato e

percolaccedilatildeo da aacutegua e profundidade em que esta se encontra

Alguns paiacuteses do mundo com Meacutexico e Tailacircndia apresentam consumo per capta

anual de mais de 20000 litros de aacutegua mineral Economicamente falando o nicho da

produccedilatildeo de aacutegua mineral no ano de 2013 reverteu em US$ 176 milhotildees em gastos com

importaccedilatildeo de 230 milhotildees de litros desta apesar da exploraccedilatildeo de 717 bilhotildees de litros

em territoacuterio nacional No Brasil das 100 maiores industrias de exploraccedilatildeo mineral sete

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satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

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Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

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1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

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60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

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Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

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11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

73

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Page 15: CARACTERIZAÇÃO E ESTUDO DE UMA OCORRÊNCIA ......físico-químicas de águas, com finalidade de avaliar seu potencial para seu uso sustentável. A proposta deste trabalho, do Curso

14

satildeo do ramo de aacuteguas minerais e o consumo deste liquido pelos brasileiros eacute de 9030

litros anualmente (SUMAacuteRIO MINERAL 2014 ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

Dentre as aacuteguas minerais uma das classificaccedilotildees de fontes relaciona-se a

temperatura destas caracterizando-as como fonte hidrotermal conforme o Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais de 1945 As fontes termais apresentam aacuteguas acima dos 20degC e sua

incidecircncia associa-se agrave profundidade onde estaacute alojada bem como resquiacutecios de calor de

fontes de magma Estas podem apresentar bicarbonatos cloretos e teores de soacutedio

potaacutessio enxofre entre outros relacionados com a geologia local (PIRES 2008) Poreacutem

poucos estudos satildeo encontrados no Brasil sobre esta temaacutetica predominado estudos

realizados em regiotildees de atividade geoloacutegica mais intensa como Portugal Turquiacutea e

Indoneacutesia

Extremamente associado com hidrotermalismo estaacute a geologia Para o

armazenamento de qualquer tipo de liacutequido em subsuperfiacutecie eacute necessaacuterio a presenccedila de

aquiacuteferos podendo ser porosos fraturados ou um sistema integrado destes para que haja

percolaccedilatildeo do liacutequido Normalmente aacuteguas quentes datam percolaccedilatildeo antiga de origem

principalmente meteoacuterica (PRESS etal2006)

No Rio Grande do Sul na aacuterea do local de estudo a geologia eacute composta pelo

sistema integrado aquiacutefero Guarani ndash Serra Geral sendo o primeiro um aquiacutefero poroso

de caracteriacutestica sedimentar e o segundo um aquiacutefero fraturado proveniente da atividade

geoloacutegica no periacuteodo de separaccedilatildeo entre o continente africano e o Brasil

(FENSTERSEIFER 2013) Dessa forma acredita-se que a possiacutevel incidecircncia de

termalismo esteja associada a este sistema com mistura de aacutegua de percolaccedilatildeo com aacuteguas

mais profundas aquecidas e que em questatildeo de mineralizaccedilatildeo apresente caracteriacutesticas

relacionadas as rochas iacutegneas e sedimentares que compotildees o aquiacutefero

Legalmente para a exploraccedilatildeo deste poccedilo faz-se necessaacuterio o pedido de outorga

respeitando a lei federal 9433 de 1997 para o oacutergatildeo responsaacutevel no estado Salienta-se

que conforme for a intenccedilatildeo de uso desta aacutegua deve-se atender tambeacutem resoluccedilotildees da

ANVISA quanto a condiccedilotildees de consumo

Para realizar a caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica poccedilo seratildeo realizadas anaacutelises como

de temperatura cor dureza alcalinidade nitrogecircnio soacutelidos totais dissolvidos sendo

estes ensaios realizados nas dependecircncias do Centro Universitaacuterio Univates Laboratoacuterio

Unianaacutelises e no local do poccedilo

15

Aleacutem disso apoacutes a caracterizaccedilatildeo propotildeem-se a comparaccedilatildeo com aacuteguas minerais

comercializadas no Brasil a fim de se traccedilar um panorama geral das aacuteguas minerais

comercializadas e extraiacutedas no Rio Grande do Sul

16

1 AacuteGUA

O surgimento da vida no planeta soacute foi possiacutevel quando as primeiras gotas de aacutegua

caiacuteram sobre sua superfiacutecie sendo esta primordial para a sobrevivecircncia de qualquer

espeacutecie viva seja animal vegetal ou microbioloacutegica sendo a Terra o uacutenico planeta que

apresenta o liacutequido em seus trecircs estados fiacutesicos soacutelido liquido e gasoso (PIRES 2008)

Segundo Libacircnio (2010) a aacutegua recobre aproximadamente 75 da superfiacutecie do

planeta Terra aleacutem de ser parte constituinte do aproximadamente 23 do corpo humano

Sabe-se que o homem historicamente instalou os primeiros vilarejos da histoacuteria ao longo

de cursos hiacutedricos que facilitavam tanto nas atividades domeacutesticas como na irrigaccedilatildeo das

culturas plantadas As primeiras civilizaccedilotildees se fixaram na Mesopotacircmia entre os rios

Tigre e Eufrates no territoacuterio onde atualmente se encontra o Iraque Grande cidades da

atualidade tambeacutem estatildeo intimamente ligadas aos cursos hiacutedricos que as cortam como no

caso de Budapeste e Viena associadas ao rio Danuacutebio a cidade de Londres cortada pelo

Tacircmisa o Rio Sena que atravessa Paris e Roma situada agraves margens do rio Tibre

Estima-se que o volume total de aacutegua no planeta Terra eacute de 1386 milhotildees de kmsup3

onde aproximadamente 97 se encontram na forma de aacuteguas com teores altos de

salinidade com em oceanos e mares Dos 3 restantes cerca de 689 estatildeo na forma de

gelo locados nas calotas polares sendo de difiacutecil utilizaccedilatildeo para fins de abastecimento

de populaccedilotildees Desse modo estima-se que 299 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo

esteja situada em fontes subterracircneas 03 em rios e lagos e 09 em outros reservatoacuterios

(COSTA 2007 LIBAcircNIO 2010)

Quanto a distribuiccedilatildeo das aacuteguas superficiais no planeta o continente americano eacute

o que deteacutem maior volume com 46 de todos os recursos hiacutedricos superficiais de Terra

enquanto a Austraacutelia e Oceania apresenta apenas 6 conforme Libacircnio (2010) Isto

comprova que apesar de ser um ciclo de circulaccedilatildeo global a distribuiccedilatildeo de aacutegua pelo

planeta se faz de forma distinta

Segundo Teixeira etal(2003) a Ameacuterica do Sul e parte da Aacutesia satildeo as aacutereas do

planeta mais uacutemidas enquanto a Aacutefrica e a regiatildeo central da Aacutesia se encontram os grandes

desertos da Terra Acredita-se que 40 das terras continentais sejam aacuteridas agrave medida que

17

60 da aacutegua doce disponiacutevel para consumo esteja localizada em apenas nove paiacuteses

Brasil Ruacutessia Estados Unidos Canadaacute China Indoneacutesia Iacutendia Colocircmbia e Peru

Conforme Press etal(2006) a Ameacuterica do Sul apresenta os dois principais rios em vazatildeo

do mundo o Rio Amazonas com descarga de 175000m3s e o Rio La Plata cuja vazatildeo

eacute de 79300m3s

Poreacutem independentemente da localizaccedilatildeo e caracteriacutesticas da aacutegua todos os

recursos hiacutedricos seja situados em oceanos continentes ou na atmosfera estatildeo ligados

pelo ciclo hidroloacutegico

Ciclo hidroloacutegico estaacute ligado ao movimento e troca de aacutegua em seus diferentes

estados fiacutesicos que ocorre na Hidrosfera entre os oceanos calotas de gelo as

aacuteguas superficiais as aacuteguas subterracircneas e a atmosfera Este movimento

permanente deve-se ao Sol que fornece a energia para elevar a aacutegua da

superfiacutecie terrestre para a atmosfera (evaporaccedilatildeo) e agrave gravidade que faz com

que a aacutegua condensada caia (precipitaccedilatildeo) (ALVES 2010 p 5)

Apoacutes a precipitaccedilatildeo parte da aacutegua corre pelos leitos dos rios e parte infiltra-se

atraveacutes do solo e rochas servindo como recarga para alguns corpos hiacutedricos Aleacutem disso

parte da aacutegua que retorna para a superfiacutecie terrestre pela precipitaccedilatildeo eacute absorvida pelas

plantas que devolvem esta para a atmosfera por meio do processo de evapotranspiraccedilatildeo

(COLLISCHONN amp DORNELLES 2013)

Em questotildees de volume de aacutegua conforme Collischonn e Dornelles (2013) o ciclo

hidroloacutegico mobiliza aproximadamente 577 mil km3 por ano desde a precipitaccedilatildeo seja

ela em forma de chuva ou neve quanto por evaporaccedilatildeo

Se considerarmos o ciclo hidroloacutegico em acircmbito global verifica-se que toda a

aacutegua evaporada e condensada retorna para a superfiacutecie do planeta da mesma forma que

toda precipitaccedilatildeo seraacute evaporada Dessa forma se analisado em escala global o ciclo

hidroloacutegico eacute fechado podendo apresentar algumas alteraccedilotildees regionais (ALVES 2010

COLLISCHONN amp DORNELLES 2013) A Figura 1 representa de modo esquemaacutetico

as interaccedilotildees de circulaccedilatildeo da aacutegua no planeta Terra perante o ciclo hidroloacutegico

18

Figura 1 - Ciclo Hidroloacutegico

Fonte - Disponiacutevel em httpcoberturadasnoticiascominformacoesciclo-da-agua acesso em abril de

2015

Em referecircncia as suas propriedades agrave aacutegua segundo Gonccedilalves amp Giampaacute (2006)

e Guerra amp Cunha (2007) apresenta caracteriacutesticas particulares relacionadas a sua

estrutura molecular sendo um destes aspectos a capacidade de arrastar iacuteons tornando-a

o principal solvente do planeta e por consequecircncia um agente intempeacuterico efetivo Dessa

forma a aacutegua eacute um dos principais agentes modeladores da topografia da Terra atraveacutes da

erosatildeo e intemperismo que ela causa Devido a isso se torna improvaacutevel a ocorrecircncia de

aacutegua pura em estado liacutequido jaacute que ao longo do ciclo hidroloacutegico satildeo carreados diversos

elementos dos ambientes percorridos por esta

O uso da aacutegua eacute bastante variado destacando-se o abastecimento humano

abastecimento industrial irrigaccedilatildeo navegaccedilatildeo recreaccedilatildeo e geraccedilatildeo de energia No

entanto tais usos podem gerar conflitos em zonas onde a disponibilidade hiacutedrica natildeo eacute

elevada sendo necessaacuterio elencar a prioridade para o uso das aacuteguas (COLLISCHONN

amp DORNELLES 2013)

19

11 Aacuteguas Subterracircneas

Representando aproximadamente 30 de toda aacutegua doce as aacuteguas subterracircneas

segundo Gonccedilalves e Giampaacute (2006) satildeo a parcela dos recursos hiacutedricos locados na

subsuperfiacutecie terrestre ou seja estatildeo abaixo da linha da superfiacutecie localizadas no

subsolo que conforme Press etal(2006) apresenta cada vez mais demanda de uso devido

ao aumento da populaccedilatildeo e consumo para fins industriais e de irrigaccedilatildeo ldquoEstima-se que

mais de 15 bilhotildees de pessoas em nuacutecleos urbanos e uma grande parcela da populaccedilatildeo

rural tenham suas necessidades supridas pelo manancial subterracircneo (TEIXEIRA etal

2003 p 427)

Estas aacuteguas de acordo com os estudos de Gonccedilalves e Giampaacute (2006) podem

possuir trecircs origens distintas origem meteoacuterica aacuteguas conatas e origem juvenil estando

muito ligas as questotildees geoloacutegicas dos locais onde se encontram

Aacuteguas de origem meteoacuterica satildeo recarregadas atraveacutes da infiltraccedilatildeo proveniente

da precipitaccedilatildeo participando efetivamente do ciclo hidroloacutegico sendo de faacutecil acesso

para uso domeacutestico industrial e de irrigaccedilatildeo Elas podem ocorrem em profundidades de

ateacute 750 metros (GONCcedilALVES amp GIAMPAacute 2006)

Jaacute aacuteguas conatas satildeo aacuteguas encontradas em profundidades maiores que 4000

metros sendo retidas em sedimentos desde da eacutepoca de suas deposiccedilotildees Sendo assim

este tipo de aacutegua subterracircnea eacute considerada como aacutegua de formaccedilatildeo com caracteriacutesticas

elevadas de salinidade Tais aacuteguas participam de forma menos intensa no ciclo da aacutegua

jaacute que natildeo haacute infiltraccedilatildeo raacutepida pelas matrizes rochosas que as recobrem (GONCcedilALVES

amp GIAMPAacute 2006)

A aacutegua gerada pela atividade magmaacutetica de deslocamento de placas tectocircnicas eacute

conhecida como aacuteguas de origem juvenil que representam uma pequena parcela de

participaccedilatildeo no ciclo hidroloacutegico atual jaacute que estaacute relacionada intimamente com

mecanismos geoloacutegicos e movimentaccedilatildeo de massas e energias conforme Gonccedilalves amp

Giampaacute (2006)

Para a ocorrecircncia de aacuteguas subterracircneas eacute necessaacuterio a presenccedila de um meio que

favoreccedila seu acuacutemulo como poros fraturas fissuras e outros vazios na rocha Sendo

assim um conceito baacutesico para incidecircncia de aacutegua na forma subterracircnea eacute a porosidade

20

que segundo Press etal(2006 p206) fundamenta-se na ldquopercentagem do volume de uma

rocha que consiste em poros abertos entre os gratildeosrdquo que compotildeem a rocha

Destaca-se que segundo Press etal 2006 em subsuperfiacutecie natildeo muito profunda

existe uma regiatildeo conhecida como zona vadosa onde os vazios entre os gratildeos do solo ou

das rochas satildeo preenchidos por ar e natildeo por aacutegua Abaixo da zona vadosa os poros do

meio constituinte estatildeo ocupados em totalidade por aacutegua sendo esta a zona saturada e a

regiatildeo entre as zonas vadosa e saturada eacute denominada niacutevel freaacutetico onde normalmente

satildeo perfurados poccedilos para uso da aacutegua

Aleacutem de niacutevel freaacutetico ambientes que apresentam porosidade ou sistema de

fraturamento capazes de armazenar aacutegua satildeo considerados zonas aquiacuteferas que segundo

Gonccedilalves e Giampaacute (2006 p13) correspondem

Aos setores de rochas compactas em geral onde as condiccedilotildees de porosidade

e permeabilidade relativamente maiores ficam restritas agraves faixas afetadas por

falhas fraturas fissuras ou associadas agraves descontinuidades entre copos

rochosos muito distintos

Eacute importante ressaltar que sob a camada porosa ou sistema de faturamento

encontrasse uma camada confinante que conforme Gonccedilalves amp Giampaacute (2006) baseia-

se em uma camada com caracteriacutestica de pouca permeabilidade que permite o acuacutemulo

da aacutegua no aquiacutefero Quando tal camada se encontra sobre o aquiacutefero e abaixo deste

conforme Press etal (2006) haacute a formaccedilatildeo de aquiacuteferos confinados ou seja ocorre a

formaccedilatildeo de uma espeacutecie de bolsatildeo de aacutegua praticamente isolada da aacutegua da percolaccedilatildeo

Eacute possiacutevel segundo Teixeira etal(2003) a existecircncia de dois tipos de aquiacuteferos

Os aquiacuteferos porosos cujo espaccedilamento entre os gratildeos que os compotildeem permite a

circulaccedilatildeo da aacutegua sendo estes de origem sedimentar Jaacute os aquiacuteferos fraturados satildeo os

que ocorrem em formaccedilotildees geoloacutegicas que apresentem falhas ou fraturas provenientes do

processo de deformaccedilatildeo podendo ocorrer em rochas iacutegneas metamoacuterficas e

sedimentares

Abaixo do niacutevel freaacutetico todos os espaccedilos vazios estatildeo preenchido por aacutegua que

se move de uma forma muito lenta Dessa forma aacuteguas profundas costumam apresentar

caracteriacutesticas especiacuteficas conforme o tempo que estiveram em exposiccedilatildeo ao ambiente

em que estatildeo confinadas e profundidade Sendo assim algumas aacuteguas profundas podem

conter caracteriacutesticas minerais onde a presenccedila de algum determinado iacuteon eacute

21

predominante ou ainda apresentar alteraccedilotildees em sua temperatura formando fontes

hidrotermais (PRESS etal 2006) Ainda eacute possiacutevel ocorrer o fenocircmeno do artesianismo

que consiste em poccedilos em profundidade que devido agrave pressatildeo quando perfurados jorram

aacutegua para a superfiacutecie (TEIXEIRA etal 2003)

Para alcanccedilar a zona aquiacutefera ou regiotildees mais profundas a aacutegua percorre

camadas distintas de material que atuam como meio filtrante dessa forma a utilizaccedilatildeo

deste tipo de aacutegua para abastecimento humano torna-se menos onerosa jaacute que natildeo se faz

necessaacuterio a implantaccedilatildeo de sistemas de filtraccedilatildeo para torna-la potaacutevel Ainda em ordem

econocircmica aacuteguas subterracircneas em geral consistem em grandes reservatoacuterios que natildeo

necessitam de grandes obras como de represamento para sua utilizaccedilatildeo Aleacutem disso o

risco de contaminaccedilatildeo de forma raacutepida de um manancial subterracircneo eacute menor que em

relaccedilatildeo a um corpo hiacutedrico superficial com despejos de efluentes de maneira direta e a

possibilidade de assoreamento como ocorre em leitos hiacutedricos eacute muito baixa jaacute que a

accedilatildeo de agentes assoreantes em subsolo se daacute de forma lenta (GONCcedilALVES amp

GIAMPAacute 2006)

O uso de aacutegua subterracircnea para abastecimento puacuteblico eacute muito frequente sendo

que segundo Teixeira etal(2003) tanto a Cidade do Meacutexico como Lima no Peru satildeo

guarnecidas em maior proporccedilatildeo por aacuteguas dessa natureza Na Cidade do Meacutexico 1330

poccedilos tubulares satildeo utilizados para suprir a demanda de 3200 metros cuacutebicos de aacutegua por

dia enquanto em Lima 748 metros cuacutebicos de aacutegua por dia satildeo obtidos pelo bombeamento

de 320 poccedilos O Brasil apresenta um volume de armazenamento subterracircneo superior agrave

11200000 Km3 distribuiacutedo de forma variada ao longo de seu territoacuterio sendo a maior

quantidade de aacutegua encontrada na Bacia Vulcano Sedimentar do Paranaacute que abriga os

aquiacuteferos Serra Geral e Guarani com volume de armazenamento de aacutegua estimado em

5040000 Km3 no entanto destaca-se que apesar do volume elevado parte desta aacutegua

natildeo estaacute disponiacutevel para extraccedilatildeo por questotildees geoloacutegicas ou satildeo improacuteprias para

consumo devido agrave presenccedila e contaminantes Mais alguns volumes diaacuterio retirados de

reservatoacuterios subterracircneos satildeo mostrados no Quadro 1

22

Quadro 1 - Volume de aacutegua subterracircnea extraiacuteda em paiacuteses da Ameacuterica Central e do

Sul

Paiacutes Cidade Volume (m3d)

Meacutexico Cidade do Meacutexico 320000

Costa Rica San Joseacute 42800

Peru Lima 74800

Chile Santiago do Chile 95000

Argentina Grande Buenos Aires 36600

Fonte - Adaptado de Teixeira etal 2003 p 429

A contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas natildeo profundas estaacute diretamente associada

a poluiccedilatildeo do solo que a recobre podendo ser proveniente de vazamentos de tubulaccedilotildees

de efluente domeacutestico ou industrial derramamentos acidentais percolaccedilatildeo de agrotoacutexicos

(GONCcedilALVES E GIAMPAacute 2006) Segundo Teixeira etal(2003) o principal

contaminante deste tipo de aacutegua eacute o nitrato proveniente do uso de fertilizantes e de esgoto

cloacal Aleacutem disso microrganismos como bacteacuterias e viacuterus tambeacutem podem estar

presentes em aacuteguas subterracircneas Normalmente utiliza-se a presenccedila de coliformes

termotolerantes para caracterizar uma contaminaccedilatildeo poreacutem este tipo de microrganismo

em geral sobrevive em aacuteguas profundas por um periacuteodo de uma semana enquanto viacuterus

podem permanecer no reservatoacuterio por um periacuteodo de 200 dias sem ter sua presenccedila

detectada

12 Aacuteguas Minerais

Aacutegua mineral segundo Midotildees e Fernandes (2006) e Carvalho (2012) consiste em

uma aacutegua de origem subterracircnea que apresente caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas distintas

como pH fora do padratildeo regional presenccedila consideraacutevel e estabilizada de elementos

quiacutemicos como sulfatos siacutelica dioacutexido de carbono e temperaturas elevadas sendo que

geralmente satildeo de incidecircncia profunda

Para ocorrer tais caracteriacutesticas especiacuteficas trecircs fatores para ocorrecircncia da

mineralizaccedilatildeo satildeo destacados pela Associaccedilatildeo Portuguesa dos Industriais de Aacuteguas

Minerais Naturais e de Nascente (APIAM) O primeiro estaacute relacionado com o tipo de

23

formaccedilatildeo rochosa por onde a aacutegua percolou e permaneceu alojada jaacute que esta possui a

capacidade de carrear os elementos presentes na rocha O tempo de permanecircncia que a

aacutegua ficou em contato com o subsolo tambeacutem eacute relevante sendo que quanto maior for

este periacuteodo maior seraacute o grau de mineralizaccedilatildeo apresentado pelo liacutequido E como terceiro

fator de importacircncia a temperatura e profundidade em que se encontra esta aacutegua uma

vez que em maiores profundidades a temperatura apresentada tende a ser maior e o grau

de sais presentes na aacutegua tambeacutem

Independente das peculiaridades das aacuteguas minerais Petrovic etal(2010) afirma

que suas propriedades especiacuteficas estatildeo diretamente relacionadas as caracteriacutesticas

geoloacutegicas onde estas estatildeo localizadas e o modo de circulaccedilatildeo interna destas pelas

formaccedilotildees rochosas Dessa forma aacuteguas encontradas em locais cujas caracteriacutesticas de

geologia satildeo semelhantes necessariamente natildeo apresentaratildeo as mesmas propriedades

O Brasil apresenta uma classificaccedilatildeo especiacutefica quanto as caracteriacutesticas

apresentadas pelas aacuteguas minerais bem como da natureza das fontes minerais

englobando questotildees de radioatividade e temperatura conforme seraacute apresentado no

capiacutetulo Legislaccedilatildeo deste trabalho

Segundo Dusan etal(2010) a legislaccedilatildeo europeia natildeo permite qualquer

tratamento das aacuteguas minerais antes de seu envase sendo possiacutevel apenas a retirada de

elementos instaacuteveis como ferro e sulfatos e adiccedilatildeo de dioacutexido de carbono para gaseifica-

la

Na Eslovaacutequia conforme os estudos de Dusan etal(2010) a caracterizaccedilatildeo de

parte das aacuteguas minerais do paiacutes apresentam percentuais de gases livres principalmente

dioacutexido de carbono e sulfureto de hidrogecircnio relacionados com a estrutura de

armazenamento desta aacutegua em aquiacuteferos carbonatados que remete ao periacuteodo Mezosoacuteico

Na Ilha de Accedilores em Portugal conforme Cruz etal(2010) as aacuteguas apresentam

caracteriacutesticas distintas devido a sua origem vulcacircnica As temperaturas destas aacuteguas

variam entre 15degC e 9950degC e pH oscilando entre 22 e 782 A condutividade eleacutetrica

que remete a quantidade de sais dissolvidos na aacutegua alterna-se entre 139microScm e

43100microScm explicada pelas grandes quantidades de carbonato de soacutedio e cloreto de

soacutedio que estatildeo associados com a entrada de aacutegua salgada proveniente do oceano nos

aquiacuteferos de aacutegua mineral da ilha

24

A Seacutervia segundo Petrovic etal(2010) possui 230 nascentes de aacuteguas minerais

exploradas comercialmente Tais aacuteguas satildeo predominantemente bicarbonatadas

associadas ao soacutedio e caacutelcio sendo que o pH destas permanece entre 560 e 780 e a

condutividade eleacutetrica varia em torno de 340microScm e 4560microScm que da mesma forma

que as aacuteguas da Ilha de Accedilores estaacute relacionada a quantidade de sais encontrados no

liacutequido

Devido as peculiaridades de composiccedilatildeo das aacuteguas minerais as primeiras

utilizaccedilotildees deste liacutequido remetem segundo Macedo (2001) ao uso medicinal sendo estas

vendidas em farmaacutecias devido as suas qualidades terapecircuticas Acreditava-se na eacutepoca o

poder de cura da aacutegua mineral de problemas como disfunccedilotildees diureacuteticos e

gastrointestinais conforme a caracteriacutestica especiacutefica da fonte da aacutegua

Segundo o Sumaacuterio Mineral de 2014 publicado pelo DNPM estima-se que o

consumo mundial no ano de 2013 de aacuteguas minerais engarrafadas foi de

aproximadamente 266 bilhotildees de litros sendo que os cinco maiores consumidores

mundiais do liacutequido satildeo a China Estados Unidos Meacutexico Indoneacutesia e Brasil No periacuteodo

entre 2008 e 2013 estima-se que a China teve um crescimento no consumo de aacutegua

mineral de 151 Cada pessoa do Meacutexico consumiu aproximadamente 25480 litros de

aacuteguas minerais em 2013 sendo o maior consumo per capta do mundo O Quadro 2 mostra

o elevado consumo per capta por ano de dez paiacuteses bem como o consomo de aacutegua

mineral para o ano de 2013

25

Quadro 2- Consumo per capta e total para o ano de 2013 de aacutegua mineral

Paiacutes Consumo per capta

(litrosano)

Consumo (milhotildees de

litros)

Brasil 9030 18158

China 11810 39438

Estados Unidos 12110 38347

Meacutexico 25480 31171

Indoneacutesia Sem dados 18253

Tailacircndia 22520 15086

Itaacutelia 19650 12018

Alemanha 14380 11769

Franccedila 13820 9118

Iacutendia Sem dados 7517

Fonte - Adaptado de Sumaacuterio Mineral 2014

No Brasil segundo os dados publicados no Sumaacuterio Mineral de 2014 foram

explorados aproximadamente 717 bilhotildees de litros no de 2013 sendo que o estado

brasileiro com maior beneficiamento de aacutegua mineral eacute Satildeo Paulo responsaacutevel por cerca

de 19 do envase nacional seguido pelo estado de Pernambuco com 14 Bahia com

8 Rio de Janeiro com 7 Cearaacute com 6 Minas Gerais e Rio Grande do Sul ambos

cm 5

Quanto a unidades fabris 518 complexos industrias no ano de 2013 envasam aacutegua

mineral sendo que de toda produccedilatildeo deste ano 205 mil litros foram exportados para paiacuteses

da Ameacuterica do Sul Aacutesia e Europa arrecadando um valor de US$5200000 Enquanto 23

milhotildees de litros de aacutegua mineral foram importados de paiacuteses europeus para o Brasil com

um gasto declarado de US$ 176 milhotildees (SUMAacuteRIO MINERAL 2014)

Segundo o Anuaacuterio Mineral de 2010 publicado pelo DNPM dentre as 100 maiores

empresas exploradoras de recursos minerais no paiacutes sete destas satildeo de beneficiamento de

aacuteguas minerais sendo responsaacuteveis no ano de 2009 por 082 de toda produccedilatildeo nacional

Os investimentos em 2009 neste setor para melhorias nas induacutestrias e questotildees hoteleiras

chegaram a R$7612350600 sendo que deste valor R$2514680000 foi investido na

regiatildeo sudeste do paiacutes No entanto o estado do Paranaacute apresentou os maior valor

individual com investimento de R$1058015300 (ANUAacuteRIO MINERAL 2010)

26

13 Aacuteguas Termais

Dentre as classificaccedilotildees das aacuteguas minerais um fator relevante eacute a temperatura

encontrada na fonte subterracircnea sendo este o condicionante para definir uma fonte termal

ou natildeo

Segundo Pires p13 2008 aacuteguas termais satildeo ldquoaacuteguas de origem subterracircnea cuja

temperatura de emergecircncia excede os 20degCrdquo sendo que sua composiccedilatildeo quiacutemica estaacute

condicionada as caracteriacutesticas geoloacutegicas do local de armazenamento

Conforme com a legislaccedilatildeo brasileira de 1945 pelo Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

satildeo definidas quatro categorias de aacuteguas termais As aacuteguas frias com temperatura abaixo

de 25degC hipotermais quando as aacuteguas emergentes possuem temperatura entre 25degC e

33degC aacuteguas mesotermais cuja temperatura varia entre 33degC e 36degC e aacuteguas hipertermais

quando a temperatura da fonte de emergecircncia for acima de 38degC

Armazenadas em aquiacuteferos porosos ou fraturados a fonte de calor das aacuteguas

termais estaacute associada a profundidade em que se encontra bem como com possiacuteveis

bolsotildees de magma profundos ou resquiacutecios do calor destes Ressalta-se que tais aacuteguas

datam de milhares de anos adquirindo caracteriacutesticas de mineralizaccedilatildeo de forma lenta

atraveacutes da dissoluccedilatildeo das rochas por onde percolou Estas aacuteguas podem emergir de forma

natural por meio de fraturas nas rochas ou atraveacutes de perfuraccedilotildees de poccedilos (FIEacuteRI etal

2012) As aacuteguas termais estatildeo diretamente relacionadas com eventos geoloacutegicos que

formam caminhos preferenciais como fraturas e fissuras por onde o liacutequido percorre

(MARQUES etal2003)

O Balneaacuterio de Caldas Novas em Minas Gerais conforme Fieacuteri etal(2012) eacute a

maior estacircncia termal do planeta explorado e possui dois sistemas aquiacuteferos interligados

de profundidade variada onde circulam aacuteguas com temperaturas entre 33degC e 60degC As

aacuteguas deste balneaacuterio apresentam bicarbonatos caacutelcio e magneacutesio aleacutem de dioacutexido de

carbono

Jaacute na regiatildeo do Alto Rio Uruguai entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande

do Sul o Aquiacutefero Poroso Guarani e o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral que possuem

conexatildeo armazenam aacuteguas segundo Freitas etal(2011) com temperaturas que variam

entre 30degC e 38degC Estas aacuteguas remetem haacute 30000 anos datadas por meio de C14 e

apresentam alcalinidade e salinidade aleacutem da presenccedila de sulfatos e cloretos O pH destas

27

fontes fica em torno de 723 e 879 e a condutividade eleacutetrica variando entre 2000microScm

e 4120 microScm aleacutem disso a profundidade dos poccedilos permanece entre 200m e 387m

Em Portugal as vaacuterias incidecircncias termais propiciam grande volume de estudos

relacionados a aacuterea do hidrotermalismo Tais incidecircncias estatildeo associadas a acidentes

tectocircnicos que permitem a circulaccedilatildeo ascendente das aacuteguas por fraturas o que pode vir

a caracterizar o fenocircmeno de artesianismo sendo que quimicamente estas aacuteguas satildeo

bicarbonatadas e cloretadas com a presenccedila de enxofre na forma de sulfatos poreacutem com

pH elevados aleacutem de teores consideraacuteveis de siacutelica e fluacuteor (CRUZ amp LOURENCcedilO

2005) As vaacuterias aacuteguas portuguesas segundo Pires (2008) apresentam caracteriacutesticas

variadas ao longo do paiacutes sendo elas principalmente bicarbonatadas cloretadas e

sulfatadas com grande presenccedila de soacutedio e fluacuteor

O Arquipeacutelago de Accedilores em Portugal estaacute localizado em uma aacuterea geoloacutegica

complexa no encontro das placas Norte Americana Africana e Euraacutesia dessa forma sua

origem vulcacircnica propicia a ocorrecircncia de fontes hidrotermais ao longo das nove ilhas

que o compotildeem (CRUZ amp FRANCcedilA 2006)

Dessa forma Carvalho etal(2009) direcionou seu estudo ao Arquipeacutelago de

Accedilores na localidade de Ferraria e levantou a hipoacutetese que parte das estacircncias termais

localizadas na ilha fossem originadas pelo aquecimento da aacutegua do mar pelo gradiente

geoteacutermico ou seja a aacutegua do mar percolava por sistemas de fratura agrave grandes

profundidades sendo aquecida por este motivo Poreacutem tal hipoacutetese se mostrou

parcialmente incorreta apesar da grande quantidade de cloretos relacionados a aacuteguas

salobras uma temperatura de aproximadamente 60degC pH de 55 e condutividade de

37mScm foi constatado uma mistura entre a aacutegua do mar e a aacutegua termal pelo sistema

interligado de fraturamentos Isto eacute haacute um diluiccedilatildeo da aacutegua do mar na aacutegua termal a

aquecendo e reduzindo a temperatura da fonte de 100degC aleacutem de reduzir a concentraccedilatildeo

de sais da aacutegua proveniente do oceano

Tambeacutem o Arquipeacutelago de Accedilores foi estudado por Cruz e Franccedila (2006) com

finalidade de agrupar aacuteguas termais com semelhanccedilas ao longo das nove ilhas que

compotildeem o arquipeacutelago De origem meteoacuterica foram caracterizados trecircs grupos de fontes

termais O primeiro grupo engloba fontes que apresentam bicarbonato de soacutedio aleacutem de

apresentarem teores de dioacutexido de carbono com amplitude teacutermica entre 27degC e 75degC O

segundo grupo reuacutene aacuteguas aacutecidas com pH variando entre 202 e 227 e presenccedila

28

predominante de sulfato de soacutedio Compotildeem o terceiro grupo aacuteguas termais com alto teor

de cloreto de soacutedio que indicam entrada de aacutegua oceacircnica no aquiacutefero fraturado

Jaacute na Turquia conforme Pasvanoglu (2013) devido a uma zona geoloacutegica com

atividade vulcacircnica recente decorrente da sua localizaccedilatildeo proacutexima ao Himalaia apresenta

aacuteguas termais de origem meteoacuterica de dataccedilatildeo de milhares de anos alcanccedilando grandes

profundidades aquecidas por meio de conduccedilatildeo do calor associada aos vulcotildees da aacuterea

Estas aacuteguas apresentam temperatura na fonte em torno de 92degC e 156degC poreacutem com o

movimento ascendente das aacuteguas por sistemas fraturados agrave mistura com aacuteguas mais

novas com temperaturas menores faz com que estas aacuteguas emerjam com temperaturas

proacuteximas agrave 30degC e 64degC

Outro estudo realizado na Turquia por Haklidir (2013) na regiatildeo de Bursa

indica que o uso destas aacuteguas estaacute ligado a balneabilidade e spas As temperaturas da aacutegua

ficam entorno de 37degC e 80degC chegando agrave 124degC no interior da fonte devido a sua

circulaccedilatildeo profunda com caracteriacutesticas distintas devido a presenccedila de dois sistemas de

aquiacuteferos na aacuterea Um grupo de aacuteguas termais conteacutem bicarbonato de soacutedio enquanto

outro apresenta teores de bicarbonato de caacutelcio sendo que as fontes termais estatildeo ligadas

por meio de recargas nas regiotildees fraturadas a aacuteguas superficiais

Na Malaacutesia a caracterizaccedilatildeo feita por Baiomy et al (2015) mostram que as

fontes termais do paiacutes se encontram em aacutereas que sofreram eventos geoloacutegicos como o

movimento de cisalhamento entre placas que formaram rochas metamoacuterficas na porccedilatildeo

oeste do paiacutes Dessa forma a aacutegua termal encontrada na Malaacutesia apresenta propriedades

relacionadas a formaccedilotildees metamoacuterficas apresentando alto teor de potaacutessio por exemplo

pH variando entre 55 e 90 e temperaturas em torno de 41degC e 99degC com possibilidade

de mistura entre aacuteguas profundas de temperatura elevada com aacuteguas rasas de menores

temperaturas

Na Indoneacutesia segundo Brehme etal(2014) as fontes de aacuteguas termais satildeo

utilizadas para geraccedilatildeo energeacutetica As fontes termais apresentam temperatura

extremamente elevada alcanccedilando em grande profundidade temperaturas de ateacute 340degC

Outro exemplo de utilizaccedilatildeo de aacuteguas termais para obtenccedilatildeo de energia estaacute em Portugal

segundo Cruz e Franccedila (2006) onde o uso do calor das fontes para obtenccedilatildeo de energia

em pequena escala eacute posto em praacutetica no Hospital da Forccedila Aeacuterea em Lumiar e nos

Serviccedilos Sociais das Forccedilas Armadas em Oeiras

29

2 HIDROGEOLOGIA O SISTEMA INTEGRADO AQUIacuteFERO GUARANI -

SERRA GERAL

Na regiatildeo sul do Brasil as aacuteguas subterracircneas estatildeo associadas a dois dos mais

importantes aquiacuteferos do planeta o Aquiacutefero Fraturado Serra Geral e o Aquiacutefero Poroso

Guaraniacute tambeacutem referidos como Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral pelas

interaccedilotildees hidrogeoloacutegicas que se estabelecem entre ambos

O Sistema Fraturado Serra Geral estaacute integrado ao Planalto da Serra Geral (ou

Planalto Meridional) o qual representa uma das mais expressivas manifestaccedilotildees

vulcacircnicas conhecidas em aacutereas continentais gerando uma sobreposiccedilatildeo de derrames de

lavas que formaram rochas basaacutelticas e derivados mais aacutecidos (andesitos riodacitos e

reoignimbritos) ultrapassando 1200m de espessura particularmente na regiatildeo que forma

a borda oriental do planalto

As lavas formadoras deste planalto cobriram extensas aacutereas que atualmente

correspondem ao Rio Grande do Sul Santa Catarina Paranaacute Satildeo Paulo Goiaacutes Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul aleacutem dos paiacuteses Uruguai Argentina e Paraguai totalizando

uma aacuterea superior a 12 milhotildees de kmsup2 Este acontecimento ocorreu ao final do Periacuteodo

Juraacutessico e iniacutecio do Cretaacuteceo em um momento geoloacutegico contemporacircneo ao da

separaccedilatildeo Ameacuterica do Sul e Aacutefrica O vulcanismo responsaacutevel por este evento foi

predominantemente do tipo fissural (de fendas) isto eacute as lavas emergiram de rupturas

da crosta e derramaram-se sobre a superfiacutecie terrestre a partir de fraturas de centenas a

milhares de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura (LOPES etal

2008)

Tais rochas vulcacircnicas e intrusotildees cronocorrelatas segundo Lopes etal (2008)

correspondem predominantemente a rochas efusivas de natureza basaacuteltica (magmas

baacutesicos com teores de siacutelica - SiOsup2 - entre 52 e 45) Ocorrem no entanto derivaccedilotildees

destes magmas com teores mais elevados de siacutelica que geraram rochas que adentraram

no campo dos andesitos (magmas intermediaacuterios com teores de SiOsup2 entre 52 e 65)

e mesmo rochas do tipo riodacitos e reoignimbritos cujos teores podem superar aos 65

As rochas de caraacuteter mais aacutecido excetuando as correspondentes intrusivas situam-se na

30

porccedilatildeo superior do pacote de rochas vulcacircnicas formador do Planalto da Serra Geral

sendo assim tambeacutem mais jovens

De acordo com o Mapa Geoloacutegico do Estado do Rio Grande do Sul escala

1750000 CPRMDNPM (2006) mostrado na Figura 2 as lavas e respectivas intrusotildees

constituem a unidade litoestratigraacutefica Serra Geral (neojuraacutessica a exocretaacutecea) que eacute

subdividida em oito distintas faacutecies vulcanogecircnicas Jaguaratildeo Alegrete Esmeralda

Chapecoacute Gramado Vaacuterzea do Cedro Caxias e Paranapanema sendo que as duas uacuteltimas

abrangem o municiacutepio de Imigrante foco do presente estudo

A Faacutecies Caxias corresponde a derrames de composiccedilatildeo intermediaacuteria a aacutecida

riodacitos a riolitos mesocraacuteticos microgranulares a vitrofiacutericos estruturas de fluxo

comuns e autobrechas com idades aproximadas de 1323 plusmn 05 Ma Ocupa no municiacutepio

de Imigrante tal Faacutecies corresponde as aacutereas topograacuteficas mais altas (MAPA

GEOLOacuteGICO DO RIO GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

A Faacutecies Paranapanema corresponde a derrames basaacutelticos melanocraacuteticos (cinza

a pretos) com idades de 1362 plusmn 2 Ma com desenvolvimento acentuado de geocircdos e

amiacutegdalas preenchidos com ametista quartzo calcedocircnia calcita zeolita e outros

Ocorre no municiacutepio de Imigrante em posiccedilatildeo topograacutefica inferior que a faacutecies Caxias

ocupando desta forma as aacutereas mais baixas do vale (MAPA GEOLOacuteGICO DO RIO

GRANDE D SUL ESCALA 17500000 2006)

Os basaltos e derivados intermediaacuterios e aacutecidos (andesitos riolitos riodacitos)

podem apresentar uma grande diversidade de estruturas e feiccedilotildees relacionadas a sua

gecircnese que podem interferir no comportamento hidrodinacircmico das aacuteguas subterracircneas

Dentre as feiccedilotildees que mais interferem destacam-se as disjunccedilotildees colunares

irregulares ou planares aleacutem das geofraturas e falhas que podem apresentar amplitudes

regionais (MACHADO amp FACCINI 2005)

A disjunccedilatildeo colunar que ocorre preferencialmente na porccedilatildeo central de derrames

mais espessos e a disjunccedilatildeo irregular favorecem o fluxo vertical das aacuteguas A disjunccedilatildeo

planar horizontal no entanto tende a retecirc-la

Tais estruturas definem grande parte do comportamento das aacuteguas subterracircneas e

as conduzem muitas vezes ao Aquiacutefero Poroso Guaraniacute sotoposto agraves efusivas da Serra

Geral As rochas da Formaccedilatildeo Botucatu principal unidade formadora do Aquiacutefero Poroso

31

Guarani juntamente com as rochas vulcacircnicas e intrusivas da Formaccedilatildeo Serra Geral

fraturadas compotildeem o Sistema Integrado Aquiacutefero Guarani - Serra Geral (SCHEIBE amp

HIRATA 2008)

Segundo Fensterseifer etal (2013) o Aquiacutefero Poroso Guarani eacute formado

principalmente por arenitos eoacutelicos de granulaccedilatildeo fina a grossa e materializa a extensa

regiatildeo aacuterida que se estendeu durante o final do Periacuteodo Juraacutessico no centro e sul do Paiacutes

aleacutem do Uruguai Argentina e Paraguai O ambiente aacuterido permitiu o desenvolvimento de

um amplo depoacutesito de areias eoacutelicas com espessuras que podem alcanccedilar duas centenas

de metros As cores destas rochas variam de creme-claras a marrom avermelhadas

geralmente devidas as caracteriacutesticas do cimento geralmente limoniacutetico Igualmente o

grau de litificaccedilatildeo eacute definido pela concentraccedilatildeo e natureza quiacutemica do cimento

verificando-se a ocorrecircncia de rochas friaacuteveis ateacute rochas de altiacutessima dureza consistecircncia

e resistecircncia ao impacto Estas uacuteltimas formaram-se principalmente quando o cimento

foi de natureza silicosa ou ocorreram processos hidrotermais A accedilatildeo teacutermica junto ao

contato de arenitos com derrames de lavas ou junto a intrusatildeo de diabaacutesios

(anquimetamorfismo) tambeacutem afeta as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas dos arenitos

Segundo Soares etal (2008) o aquiacutefero Guarani eacute reconhecido como um dos mais

importantes aquiacuteferos do mundo Esta unidade hidroestratigraacutefica deve a sua maior ou

menor capacidade de fornecer aacutegua a fatores como o grau de porosidade da rocha

localizaccedilatildeo topograacutefica posiccedilatildeo estratigraacutefica potencial de recarga e descarga A

porosidade dessas rochas decorre por sua vez do tamanho granulomeacutetrico dos clastos

do volume e da natureza fiacutesico-quiacutemica do cimento A interaccedilatildeo de tais fatores pode gerar

diferentes vazotildees de aacutegua para poccedilos tubulares instalados no Aquiacutefero Guarani mesmo

localizados a curtas distacircncias um do outro

De acordo com Fensterseifer etal (2013) em algumas regiotildees do Estado do Rio

Grande do Sul especialmente em regiotildees como Alegrete Quaraiacute Santana do Livramento

Itaqui localizadas no centro-sul e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul ocorrem

frequentemente arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu (principal unidade litoestratigraacutefica que

compotildeem o Aquiacutefero Guarani) com porosidade e permeabilidade muito reduzidas onde

o termo aquiacutefero eacute inapropriado Nestes casos os intensos processos de cimentaccedilatildeo

(silicosa eou limoniacutetica) reduziram a porosidade da rocha Situaccedilotildees anaacutelogas podem

ocorrer tambeacutem em alguns niacuteveis do arenito de Botucatu na regiatildeo do Vale do Taquari

32

ocorrendo horizontes de rochas esteacutereis no que se refere agrave presenccedila de aacutegua intersticial

Nestas situaccedilotildees a denominaccedilatildeo de niacuteveis ou horizontes aquiacuteferos do Guaraniacute natildeo

correspondem agrave denominaccedilatildeo

3 LEGISLACcedilAtildeO

Existem vaacuterias legislaccedilotildees que regem a exploraccedilatildeo e uso de aacuteguas subterracircneas

tanto em acircmbito federal quanto estadual Dentre as quais o artigo 26 da Constituiccedilatildeo

Federal de 1988 que estabelece como bem do Estado tanto aacuteguas subterracircneas quanto

superficiais aleacutem de evocar a coletividade no artigo 225 para garantir um ambiente

ecologicamente equilibrado para as geraccedilotildees atuais e futuras

Conforme a Lei 9433 de 1997 que institui a Poliacutetica Nacional de Recursos

Hiacutedricos eacute considerado infraccedilatildeo passiacutevel de penalidade segundo o artigo 49 a utilizaccedilatildeo

sem a devida autorizaccedilatildeo de recursos hiacutedricos que possa afetar a qualidade quantidade

ou regime hiacutedrico deste bem como a perfuraccedilatildeo de poccedilos e sua operaccedilatildeo Para esta

finalidade eacute necessaacuterio de acordo com os artigos 11 e 12 desta mesma lei a solicitaccedilatildeo

de outorga para o Poder Puacuteblico respeitando os Planos de Recursos Hiacutedricos Estaduais

Ressalta-se que a outorga de um recurso hiacutedrico daacute apenas o direito de uso deste e natildeo

posse do mesmo jaacute que este eacute bem da Uniatildeo

Quanto aos paracircmetros das aacuteguas subterracircneas a Resoluccedilatildeo CONAMA 396 de

2008 que leva em conta a caracterizaccedilatildeo destas para aferir a sua qualidade e tendo em

vista a proteccedilatildeo deste recurso natural jaacute que sua descontaminaccedilatildeo eacute processo lento e

dispendioso financeiramente tem como finalidade dispor sobre a classificaccedilatildeo e

diretrizes ambientais das aacuteguas subterracircneas a fim de classifica-las e limitar seu uso

Segundo o artigo 3 desta resoluccedilatildeo as aacuteguas subterracircneas poderatildeo ser classificadas em

cinco categorias Classe Especial Classe I Classe II Classe III Classe IV e Classe V

conforme o niacutevel de alteraccedilatildeo antroacutepica apresentada por elas

A Classe Especial de aacuteguas subterracircneas segundo o CONAMA 396 de 2008 eacute

toda a parcela deste recurso utilizada para a preservaccedilatildeo do ecossistema e que estejam

33

ligadas diretamente com recursos superficiais tambeacutem enquadrados como Classe

especial Jaacute aacuteguas do tipo Classe I satildeo aquelas que natildeo apresentam alteraccedilatildeo em sua

qualidade por accedilatildeo humana natildeo sendo necessaacuterio nenhum tipo de tratamento devido as

seus aspectos hidrogeoquiacutemicos Aacuteguas que natildeo apresentam modificaccedilatildeo por intermeacutedio

de atividade humana mas que podem requerer tratamento dependendo de sua finalidade

de uso devido as suas caracteriacutesticas hidrogeoquiacutemicas satildeo condizentes com a Classe II

Poreacutem recursos hiacutedricos subterracircneos cuja caracteriacutesticas iniciais foram modificadas

antropicamente que natildeo necessitam de tratamento mas devido as sua qualidade natural

requer tratamento para determinados usos satildeo classificadas como Classe III Aacuteguas

subterracircneas de Classe IV tem sua qualidade modificada por intervenccedilatildeo humana e

apenas podem ser utilizadas sem o devido tratamento para atividade de uso menos nobre

E por fim a Classe V das aacuteguas subterracircneas se encontram recursos hiacutedricos com

possibilidade de modificaccedilatildeo antroacutepica destinada ao uso que natildeo possua requisito de

qualidade

Para classificaccedilatildeo das aacuteguas os paracircmetros miacutenimos exigidos pelo CONAMA

396 de 2008 englobam anaacutelises de soacutelidos totais dissolvidos coliformes termotolerantes

e nitrogecircnio conforme as quantidades expressas no Quadro 3 Aleacutem destes paracircmetros

podem estar presentes devido a fontes naturais elementos como ferro arsecircnio chumbo e

cromo

Quadro 3 - Paracircmetros miacutenimos para classificaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas

Paracircmetro Classe I Classe II Classe III Classe IV

Soacutelidos Totais

Dissolvidos

(microgL-1)

lt1000000 gt1000000 1000000 1000000

Coliformes

Termotolerantes

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

Ausente em

100mL

4000 em

100mL

Nitrogecircnio

(expresso em N)

lt10000 gt10000 10000 90000

Fonte - Adaptado de Resoluccedilatildeo CONAMA 39608

Em acircmbito estadual a Constituiccedilatildeo do Estado do Rio Grande do Sul de 1989 no

artigo 171 estabelece a criaccedilatildeo do Sistema Estadual de Recursos Hiacutedricos onde elenca

como prioridade de uso de qualquer recursos hiacutedrico para abastecimento puacuteblico aleacutem de

34

tratar dos criteacuterios que permitam a proteccedilatildeo e controle destes Regulamentando tal artigo

da Constituiccedilatildeo Estadual a Lei 10350 de 1994 foi promulgada instituindo tal Sistema

No artigo 29 da Lei 1035094 estabelece que no estado a outorga do uso de

recursos hiacutedricos seraacute de responsabilidade do Departamento de Recursos Hiacutedricos (DRH)

quanto a alteraccedilotildees quantitativas e a FEPAM quando o uso alterar a qualidade da aacutegua

Tambeacutem estabelece no artigo 38 a divisatildeo do Estado em trecircs agrave regiotildees hidrograacuteficas

Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Rio Uruguai Regiatildeo Hidrograacutefica da Bacia do Guaiacuteba

e Regiatildeo Hidrograacutefica das Bacias Litoracircneas

O Decreto Estadual ndeg 37033 de 1996 estabelece as diretrizes para outorga de

qualquer natureza de recursos hiacutedricos dentro do Rio Grande do Sul e estabelece em

paraacutegrafo uacutenico do artigo 5deg que FEPAM determinaraacute as diretrizes quanto a qualidade

das aacuteguas subterracircneas A duraccedilatildeo do periacuteodo de outorga de maacuteximo eacute de cinco anos

sendo passiacutevel de renovaccedilatildeo segundo o artigo 9deg

Jaacute as aacuteguas minerais satildeo regidas pelo Decreto 1985 de 1940 o Coacutedigo de

Mineraccedilatildeo no artigo 10 onde fica estabelecido que estas e jazidas de aacuteguas subterracircneas

seratildeo regidas por leis especiais sob o regimento do Departamento Nacional de Produccedilatildeo

Mineral (DNPM) Dessa forma o Decreto 7841 de 1945 estabelece o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais que estabelece em seu artigo 1deg como recurso mineral hiacutedrico

Aqueles provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composiccedilatildeo quiacutemica ou propriedades fiacutesicas ou fiacutesico-quiacutemicas

distintas das aacuteguas comuns com caracteriacutesticas que lhes confiram uma accedilatildeo

medicamentosa

O artigo 3deg deste mesmo decreto denomina como ldquoaacutegua potaacutevel de mesa as aacuteguas

de composiccedilatildeo normal provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente

captadas que preencham tatildeo somente condiccedilotildees de potabilidade para a regiatildeordquo Aleacutem

disso fica vedada a realizaccedilatildeo de sondagens e outras atividades subterracircneas em torno da

fonte sem autorizaccedilatildeo preacutevia do DNPM segundo o artigo 13

Para fins de emprego comercial seja para consumo quanto para balneabilidade eacute

necessaacuterio decreto de autorizaccedilatildeo de lavra expedido pelo DNPM sendo negada a

comercializaccedilatildeo caso haja influecircncia de recursos hiacutedricos superficiais devido a sua

suscetibilidade agrave poluiccedilatildeo conforme os artigos 25 e 26 do Coacutedigo das Aacuteguas Minerais

Quanto as caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas da aacutegua eacute exigido a realizaccedilatildeo de analises

completas agrave cada trecircs anos e no miacutenimo quatro exames bacterioloacutegicos por ano a fim de

35

garantir condiccedilotildees relacionadas a higiene da aacutegua comerciada segundo o artigo 27 e

paraacutegrafo uacutenico do capiacutetulo VI do Decreto 784145

As aacuteguas minerais seratildeo classificadas quimicamente de acordo com o artigo 35 do

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais pelo DNPM conforme o Quadro 4

Quadro 4 - Classificaccedilatildeo quiacutemica das aacuteguas minerais conforme artigo 35 do Coacutedigo das

Aacuteguas Minerais

Classificaccedilatildeo de Aacuteguas Minerais Caracteriacutesticas Quiacutemicas

I ndash Oligominerais Natildeo apresentam os limites miacutenimos para sua

classificaccedilatildeo poreacutem apresentam propriedades

medicamentosas comprovadas

II ndash Radiferas Substacircncias radioativas dissolvidas que lhes

confira radioatividade permanente

III ndash Alcalino-bicarbonatadas No miacutenimo 0200 g de NaHCO3L-1 ou

compostos alcalinos equivalentes

IV ndash Alcalino-terrosas No miacutenimo 0120g de CaCO3L-1 ou

compostos alcalinos terrosos equivalentes

V ndash Sulfatadas No miacutenimo 0100g de SO-L-1 combinado

com Na+ K+ ou Mg+

VI ndash Sulfurosas No miacutenimo 0100g de S-L-1

VII ndash Nitratadas No miacutenimo 0100g de NO-L-1 de origem

mineral

VIII - Cloretadas No miacutenimo 0500g de Cl-L-1 em soluccedilotildees

com NaCl

IX ndash Ferruginosas No miacutenimo 0050g de Fe+L-1

X ndash Radioativas Que contiverem radocircnio em dissoluccedilatildeo

XI ndash Toriativas Que contiverem torocircnio em dissoluccedilatildeo com

no miacutenimos duas unidades Mache por litro

XII ndash Carbogasosas No miacutenimo 200mL de gaacutes carbocircnico livre

dissolvido agrave 20degC e 760mm de Hg de pressatildeo

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 35 do decreto 7481 de 1945

A classificaccedilatildeo das fontes tambeacutem eacute abordada pelo decreto sendo o paraacutegrafo 2

do artigo 36 voltado para a temperatura destas como mostra o Quadro 5

36

Quadro 5 - Classificaccedilatildeo quanto a temperatura da fonte conforme o Coacutedigo das Aacuteguas

Minerais

Tipo de Fonte Temperatura

I ndash Fontes Frias Inferior agrave 25degC

II ndash Fontes Hipotermais Entre 25degC e 33degC

III ndash Fontes Mesotermais Entre 33degC e 36degC

IV ndash Fontes Hipertermais Superior agrave 38degC

Fonte - Adaptaccedilatildeo do paraacutegrafo 2 do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

As fontes de aacuteguas minerais tambeacutem satildeo classificadas pelo artigo 36 do Coacutedigo

das Aacuteguas Minerais de 1945 quanto a sua radioatividade podendo ser fracamente

radioativas radiotivas ou fortemente radioativas conforme o Quadro 6

Quadro 6 - Classificaccedilatildeo conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 para

radioatividade de fontes minerais

Tipo de Fonte Radioativa Descriccedilatildeo

Fracamente Radioativa Teor de radocircnio entre 5 e 10 unidades Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Radioativa Teor de radocircnio entre 10 e 50 unidades

Mache agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de

760mm de Hg

Fortemente Radioativa Teor de radocircnio superior agrave 60 unidade Mache

agrave temperatura de 20degC e pressatildeo de 760mm de

Hg

Fonte - Adaptaccedilatildeo do artigo 36 do decreto 7481 de 1945

A qualificaccedilatildeo das aacuteguas minerais para envase eacute regulada pela Portaria da

ANVISA ndeg54 de 2000 sendo que o aspecto desta deve estar liacutempido cor com no

maacuteximo 5uC turbidez maacutexima de 30uT Ainda natildeo eacute permitido para tal finalidade

concentraccedilotildees superiores dos contaminantes expressos no Quadro 7

37

Quadro 7 - Limites maacuteximos para presenccedila de contaminantes pela Portaria ndeg54 de

2000 da ANVISA

Contaminante Limite maacuteximo

Antimocircnio 0005 mgL-1

Arsecircnio 0050 mgL-1

Baacuterio 1000 mgL-1

Borato 5000 mgL-1

Cadmio 0003 mgL-1

Cromo 0050 mgL-1

Cobre 1000 mgL-1

Cianeto 0070 mgL-1

Chumbo 0010 mgL-1

Manganecircs 2000 mgL-1

Mercuacuterio 0001 mgL-1

Niacutequel 0020 mgL-1

Nitrato 50000 mgL-1

Nitrito 0020 mgL-1

Selecircnio 0050 mgL-1

Fonte - ANVISA Portaria ndeg54 de 2000

Quanto ao envase de aacuteguas a Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

(ANVISA) por meio da Resoluccedilatildeo RDC ndeg274 de 2005 aprova o Regulamento Teacutecnico

para Aacuteguas Envasadas e Gelo tendo em vista a comercializaccedilatildeo de aacuteguas minerais

naturais adicionadas de sais e gelo Dentre os requisitos elencados por essa resoluccedilatildeo fica

permitida a adiccedilatildeo de gaacutes carbocircnico no envase das aacuteguas desde que conste no roacutetulo o

termo ldquogaseifica artificialmenterdquo quando este for de origem natural o roacutetulo deve

apresentar o termo ldquonaturalmente gasosardquo Referente a questotildees microbioloacutegicas a

Resoluccedilatildeo ANVISA RDC ndeg 275 de 2005 estabelece os criteacuterios para a comercializaccedilatildeo

da aacutegua Para tanto as anaacutelises microbioloacutegicas devem atender os criteacuterios apresentados

no Quadro 8

38

Quadro 8 - Criteacuterios microbioloacutegicos para aacuteguas engarrafadas segundo a Resoluccedilatildeo

ANVISA 2752005

Microrganismo Limite Nuacutemero de amostragem

Escherichia coli ou

coliforme termotolerantes

100Ml

Ausecircncia 5

Coliformes Totais em

100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Enteroccocos em 100mL lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Pseudomonas aeruginosas

em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Clostriacutedios sulfitoredutores

ou Clostriacutedium

perfringens em 100mL

lt10 UFClt11 ou

ausecircncia

5

Fonte - Adaptado da Resoluccedilatildeo ANVISA RDC 275 de 2005

O DNPM tambeacutem estabelece medidas para garantir a qualidade do envase da aacutegua

mineral ou natural atraveacutes da portaria 374 de 2009 Dentre as medidas satildeo ressaltadas a

utilizaccedilatildeo de maacutequina automatizada para a colocaccedilatildeo das tampas das garrafas aleacutem de

determinar que a fabricaccedilatildeo do recipiente de armazenamento seja feita com resinas

virgens seja por policarbonato ou PET ou similares que mantenham as caracteriacutesticas

naturais da aacutegua Aleacutem disso tal portaria que qualquer induacutestria de envase de aacuteguas deve

realizar diariamente analises microbioloacutegicas e fiacutesico-quiacutemicas que contemple mediccedilotildees

de condutividade eleacutetrica pH e temperatura em laboratoacuterio proacuteprio

A fim de balneabilidade esta mesma portaria do DNPM determina que para

utilizaccedilatildeo do termalismo para fim recreativo eacute necessaacuterio apresentar um infraestrutura

que contenha piscinas com designaccedilatildeo de profundidade temperatura duchas vestiaacuterios

e sanitaacuterios femininos e masculinos e sala de avaliccedilatildeo meacutedica e primeiro socorros Sendo

que para ser estabelecido como aacuterea de propriedade terapecircutica eacute preciso aprovaccedilatildeo da

Comissatildeo Permanente de Crenologia do DNPM

39

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de Estudo

Imigrante estaacute localizada na regiatildeo do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul sob

latitude 29deg21rsquo18rdquo Sul e longitude 51deg46rsquo37rdquo Oeste conforme a Figura 2 sendo a

distacircncia de 128 km de Porto Alegre ligada pela BR 386 Os municiacutepios que fazem divisa

com cidade satildeo Roca Sales Coronel Pilar Garibaldi Boa Vista do Sul Westfaacutelia

Teutocircnia e Colinas A populaccedilatildeo de Imigrante apurada pelo senso demograacutefico de 2010

do IBGE eacute de 3025 pessoas

Figura 2 - Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Imigrante Rio Grande do Sul

Fonte - httpwikipediaorgwikiImigrantemediaRioGrandedoSul_Municip_Imigrante

40

O municiacutepio de Imigrante emancipou-se no ano de 1988 requerendo terras dos

municiacutepios de Garibaldi e Estrela Sendo que a colonizaccedilatildeo deste municiacutepio se deu

principalmente por imigrantes italianos da aacuterea de terras pertencentes a Garibaldi e

alematildees do municiacutepio de Estrela (HESSEL 1998) A economia local baseia-se

principalmente no setor primaacuterio destacando-se a criaccedilatildeo de aves suiacutenos e gado leiteiro

e a produccedilatildeo agriacutecola de milho aleacutem de possuir a maior estufa de cactos do Brasil

localizada na aacuterea central da cidade O comeacutercio e a induacutestria tambeacutem movimentam a

economia local e segundo o IBGE (2008) o produto interno bruto municipal eacute de R$

7466150500 e o produto interno bruto per capta igual agrave R$2396838

A aacuterea referente a localizaccedilatildeo do poccedilo de incidecircncia termal situa-se na localidade

de Marques do Herval cerca de 15 km ao sul da cidade sendo o poccedilo objeto de avaliaccedilatildeo

do seu potencial exploratoacuterio por uma empresa privada apoacutes obtidos os devidos

requerimentos de pesquisa mineral de uma aacuterea de 4919 ha junto ao Departamento

Nacional de Produccedilatildeo Mineral DNPM conforme a Figura 3

Figura 3 - Localizaccedilatildeo da aacuterea de estudo do poccedilo hidrotermal

Fonte - Do autor (2015)

A principal atividade prevista no desenvolvimento do presente trabalho focaliza

um poccedilo tubular de 234 m de profundidade com manifestaccedilotildees hidrotermais e minerais

executado no ano de 2010 como mostrado na Figura 4 com latitude 29deg22rsquo1573rdquo Sul e

41

longitude 51deg46rsquo35 26rdquo Oeste Tal poccedilo tubular foi perfurado pela CORSAN com

finalidade de abastecimento puacuteblico poreacutem devido a vazatildeo de 47msup3h apresentada

considerada baixa para tal finalidade este poccedilo foi lacrado sendo necessaacuterio dessa forma

o processo de limpeza da aacuterea e recuperaccedilatildeo do poccedilo Ressalta-se que os dados

fornecidos pela CORSAN a temperatura da aacutegua medida agrave 160m de profundidade

apresentou 323degC jaacute caracterizando a fonte como termal sendo anocircmala se comparada

a outros poccedilos da regiatildeo com profundidades similares ou proacuteximas Pelos mesmos dados

da empresa acima mencionada a entrada de aacutegua no poccedilo se deu quando atingida na

perfuraccedilatildeo a profundidade de 206m proacutexima aos contatos entre a Formaccedilatildeo Serra Geral

(basaltos) e Formaccedilatildeo Botucatu (arenito)

Figura 4 - Local do poccedilo em estudo

Fonte - Do autor (2015)

Quanto ao perfil geoloacutegico da regiatildeo eacute possiacutevel verificar que o municiacutepio de

Imigrante estaacute localizado sobre as formaccedilotildees Serra Geral Botucatu aleacutem de ser cortado

por duas falhas que proporcionaram o deslocamento de blocos de rochas podendo tais

falhas armazenar aacutegua Regionalmente ocorrem rochas psamiacuteticas e peliacuteticas sotopostas

a Formaccedilatildeo Botucatu poreacutem localmente estas natildeo afloram

42

Ressalta-se ainda que o municiacutepio apresenta formaccedilotildees areniacuteticas intertraacutepicas

ou seja localizadas entre derrames basaacutelticos sendo que existem afloramentos no bairro

Daltro Filho haacute 4km do centro da cidade que comprovam tal incidecircncia A perfuraccedilatildeo do

poccedilo pela CORSAN se deu ateacute 73m abaixo do niacutevel do mar (cota -73) como mostra a

Figura 5 cortando um expeccedilo pacote de rochas basaacutelticas e 28m da Formaccedilatildeo Botucatu

O novo processo de perfuraccedilatildeo aprofundou o poccedilo em 28m alcanccedilando uma

profundidade de 262m e portanto perfurou 56m do Aquiacutefero Poroso Guarani fato que

ampliou a vazatildeo inicial de aacutegua de 470msup3h para 25msup3h

Figura 5 Perfil geoloacutegico do municiacutepio de Imigrante RS

Fonte - Fensterseifer e Ferreira (2015)

42 Reperfuraccedilatildeo do Poccedilo

O processo de reperfuraccedilatildeo do poccedilo que ocorreu no dia 7 de julho de 2015 e

objetivou alcanccedilar uma maior profundidade na Formaccedilatildeo Botucatu e por consequecircncia

aumentar a vazatildeo deste Neste processo realizou-se inicialmente o deslacramento do

poccedilo e a retirada da tubulaccedilatildeo geomecacircnica de PVC seguindo-se o aprofundamento do

poccedilo atraveacutes do uso de um equipamento de perfuraccedilatildeo rotopneumaacutetica

Para tal procedimento forma utilizados trecircs caminhotildees com mostra a Figura 6

um para o armazenamento dos tubos de hastes 6 m de comprimento um utilizado com

43

gerador e o terceiro composto pela perfuratriz de rotopecussatildeo Esta uacuteltima compotildeem-se

por uma perfuratriz de movimento circular e de percussatildeo concomitantes

Figura 6 - Maquinaacuterio necessaacuterio para reperfuraccedilatildeo do poccedilo

Fonte - Fensterseifer (2015)

Cada tubo utilizado para a perfuraccedilatildeo possuiacutea 6m de comprimento e para a

reperfuraccedilatildeo de 262m foram utilizados um total de 44 tubos em um trabalho que durou

aproximadamente 10 horas Para a limpeza do poccedilo foi feita injeccedilatildeo de ar como mostra

a Figura 7

44

Figura 7 ndash Injeccedilatildeo de ar no poccedilo para sua limpeza

Fonte ndash Do autor (2015)

45

43 Coleta e Anaacutelises de Aacutegua

A aacutegua eacute considerada solvente natural devido a sua capacidade de dissoluccedilatildeo e

apresenta diversas caracteriacutesticas fiacutesicas quiacutemicas e microbioloacutegicas Dentre as

caracteriacutesticas fiacutesicas encontra-se a temperatura relacionada ao niacutevel de agitaccedilatildeo

molecular da aacutegua A cor tambeacutem caracteriacutestica fiacutesica associada a presenccedila de coloacuteides

na aacutegua enquanto a turbidez relaciona-se com partiacuteculas dissolvidas em suspenccedilatildeo

(LIBAcircNIO 2010)

Aguas puras devem ser insipidas e inodoras sendo assim as caracteriacutesticas fiacutesicas

de odor e sabor estatildeo relacionadas agrave decomposiccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica e atividades

microbioloacutegicas (MACEDO 2001) Outra caracteriacutestica fiacutesica eacute a condutividade eleacutetrica

relacionada a presenccedila de sais dissolvidos na aacutegua e indica a capacidade da aacutegua

transmitir corrente eleacutetrica referindo-se principalmente a presenccedila de dos iacuteons ferro

manganecircs potaacutessio cloro soacutedio caacutelcio e magneacutesio (LIBAcircNIO 2010)

Tambeacutem satildeo levados em conta caracteriacutesticas quiacutemicas como pH alcalinidade

acidez dureza oxigecircnio dissolvido demanda quiacutemica de oxigecircnio demanda bioquiacutemica

de oxigecircnio e soacutelidos suspensos volaacuteteis e fixos Em relaccedilatildeo as caracteriacutesticas

microbioloacutegicas as de maior relevacircncia satildeo a presenccedila de bacteacuterias do grupo coliforme e

de algas que caracterizam elevadas concentraccedilotildees de mateacuteria orgacircnica (LIBAcircNIO

2010)

Para a caracterizaccedilatildeo da aacutegua do poccedilo para confirmaccedilatildeo do fenocircmeno de

termalismo bem como identificaccedilatildeo das demais caracteriacutesticas minerais do liacutequido foi

realizado no dia 19 de agosto de 2015 no periacuteodo da manhatilde coleta da aacutegua por meio de

bombeamento como mostra a Figura 8 Foram coletados 16 litros de aacutegua pelo

Laboratoacuterio Unianaacutelises de Lajeado e 25 litros de aacutegua para anaacutelise no Laboratoacuterio de

Biorreatores do Centro Universitaacuterio Univates onde foram realizados ensaios de soacutelidos

totais dissolvidos cor turbidez pH oxigecircnio dissolvido (OD) demanda bioquiacutemica de

oxigecircnio (DBO) e condutividade O acondicionamento das amostras se deu em garrafas

teacutermicas previamente esterilizadas para se manter agrave temperatura

46

Figura 8 - Coleta de amostras que foram analisadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Fonte - Fensterseifer (2015)

Tambeacutem foram realizadas in loco anaacutelises de temperatura condutividade e

oxigecircnio dissolvido uma vez que tais caracteriacutesticas estatildeo ligadas com a temperatura das

amostras (Figura 9)

47

Figura 9 - Anaacutelise de condutividade eleacutetrica realizada in loco

Fonte ndash Do autor (2015)

Para anaacutelise do potencial hidrogeniocircnico (pH) das amostras foi utilizado a leitura

por pHmecirctro atraveacutes da inserccedilatildeo do eletrodo previamente lavado com aacutegua deionizada na

amostra

Para a determinaccedilatildeo de cor da amostra foi realizado a leitura no coloriacutemetro em

laboratoacuterio onde a amostra foi inserida em uma cubeta de quartzo para posterior mediccedilatildeo

no aparelho A unidade de medida adota eacute platino-cobalto (PtCo)

A turbidez tambeacutem foi medida em laboratoacuterio com leitura direta no turbidiacutemetro

previamente calibrado A metodologia aplicada se assemelha com a de determinaccedilatildeo de

cor sendo sua unidade de medida como unidade de turbidez (NTU)

Para a determinaccedilatildeo de condutividade eleacutetrica que estaacute relacionada com a

quantidade de sais presentes na amostra foi utilizado a leitura tanto em campo quanto em

laboratoacuterio por condutiviacutemetro Tal metodologia consiste na inserccedilatildeo do eletrodo

previamente lavado com aacutegua destilada na amostra tendo como unidade de medida

siemens por centiacutemetro (Scm) ou seus muacuteltiplos

48

A anaacutelise de soacutelidos totais dissolvidos ou resiacuteduos de evaporaccedilatildeo mede a

quantidade de material que natildeo eacute composto de aacutegua em uma amostra sendo que a porccedilatildeo

volaacutetil corresponde a mateacuteria orgacircnica e a fraccedilatildeo fixa estaacute relacionada a mateacuteria

inorgacircnica Para esta anaacutelise utiliza-se o meacutetodo de comparaccedilatildeo de massa de entrada e

saiacuteda para tanto realizou-se a pesagem uma caacutepsula de porcelana (cadinho) em balanccedila

analiacutetica (Figura 10) Apoacutes adiciona-se uma quantidade de amostra no cadinho e pesa-se

novamente em balanccedila analiacutetica para que posteriormente a amostra no cadinho ser

encaminhada para estufa agrave 105degC por um periacuteodo de 24 horas que garantiraacute a secagem

da amostra Apoacutes o cadinho novamente eacute pesado obtendo-se a quantidade de soacutelidos

totais presente na aacutegua atraveacutes da diferenccedila de massa de entrada e saiacuteda Tal procedimento

seraacute realizado em triplicata a fim dar mais confiabilidade a anaacutelise

Figura 10 - Pesagem de cadinho para determinaccedilatildeo de soacutelidos

Fonte - Do autor (2015)

Para a determinaccedilatildeo de oxigecircnio dissolvido (OD) utilizou-se o aparelho oxiacutemetro

previamente calibrado tanto no local da coleta como em laboratoacuterio uma vez que a

temperatura da amostra compromete a quantidade de oxigecircnio dissolvido nesta sendo

que quanto maior for a temperatura menor seraacute a presenccedila de oxigecircnio Para tanto

49

mergulho-se o eletrodo previamente calibrado e lavado com aacutegua deionizada e se fez a

leitura da quantidade de OD da amostra sendo a unidade de medida em mg de oxigecircnio

por litro

A demanda bioquiacutemica de oxigecircnio estaacute relacionada com a quantidade de

oxigecircnio necessaacuteria para realizar a estabilizaccedilatildeo da mateacuteria orgacircnica biodegradaacutevel da

amostra Para tanto seraacute utilizado o meacutetodo manomeacutetrico do sistema Oxitop com as

devidas diluiccedilotildees aconselhadas pelo fabricante do aparelho

Todas as metodologias adotadas satildeo escritas no Standart Methods for the

Examination of Water and Wastwater

As anaacutelises realizadas pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises foram as seguintes uma vez

que tais anaacutelises seratildeo utilizadas para posterior entrega de relatoacuterio ao DNPM

Caacutelcio

Mercuacuterio

Alumiacutenio

Antimocircnio

Arsecircnio

Baacuterio

Chumbo

Cobre

Cromo

Caacutedmio

Ferro Total

Magneacutesio

Manganecircs

Niacutequel

Potaacutessio

Selecircnio

Soacutedio

Zinco

Cloro in loco

Cor aparente

50

Cloretos

Condutividade

Dureza total

Nitratos

Nitritos

pH

Soacutelidos totais

Turbidez

Alcalinidade total

Fluoretos

Sulfatos

Soacutelidos tais dissolvidos

44 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Para realizaccedilatildeo das comparaccedilotildees entre o liacutequido estudado e as demais aacuteguas

minerais comercializadas no estado do Rio Grande do Sul utilizou-se uma metodologia

simples atraveacutes das informaccedilotildees disponibilizadas no roacutetulos de 13 marcas aleacutem de dados

de um parque de aacuteguas minerais

Tal comparaccedilatildeo permite ter a visatildeo de panorama das aacuteguas minerais

comercializadas no estado bem como uma possiacutevel inserccedilatildeo da aacutegua de Imigrante neste

contexto consumidor deste recurso natural

45 Tomada de Temperatura e Sondagem Eleacutetrica Vertical (SEV)

Uma perfilagem de temperatura ao longo dos 262m do poccedilo tubular foi efetuada

pela Empresa AFC Geofiacutesica de Porto Alegre em 09 de Novembro de 2015 Para tanto

foi utilizado um sensor de temperatura de alta definiccedilatildeo acoplado a um cabo de accedilo

especial que eacute baixado para dentro do poccedilo segundo uma velocidade controlada e

constante Neste perfil registrou-se a variaccedilatildeo de temperatura em cada centiacutemetro ao

longo do poccedilo Esta perfilagem detalhada permite visualizar as variaccedilotildees de temperatura

51

da aacutegua e planejar o isolamento (por revestimento) dos locais das entradas de aacutegua mais

frias

No mesmo cabo de accedilo que conteacutem em sua estrutura um condutor eleacutetrico

especial satildeo acoplados os sensores para a efetuaccedilatildeo de Sondagens Eleacutetricas Verticais

(SEV) que objetivaram registrar tambeacutem atraveacutes da perfilagem vertical as variaccedilotildees da

conduccedilatildeo eleacutetrica no meio liacutequido do poccedilo assim como no entorno rochoso proacuteximo que

compotildeem geologicamente o poccedilo

Este processo consiste em uma caracteriacutestica relacionada a dificuldade de

transmissatildeo de corrente eleacutetrica por um material seja no meio liacutequido seja no rochoso

Quanto maior for a condutividade menor seraacute a resistividade onde a aacutegua apresenta baixa

resistividade por ser um bom condutor e especialmente se for portadora de sais

por meio de resistividade no dia 9 de outubro de 2015 no periacuteodo da manhatilde

Tal teacutecnica consiste na inserccedilatildeo de um cabo de longo comprimento acoplado com

um sensor de temperatura e quatro sensores que emitem corrente eleacutetrica como mostra a

Figura 11 Os sensores da eltroresistividade em questatildeo no perfil projetam as variaccedilotildees

do meio segundo distacircncias (em centiacutemetros) preacute-estabelecidas em relaccedilatildeo ao emissor de

energia Os perfis geofiacutesicos R8 R16 R32 e R64 representam respectivamente as

caracteriacutesticas da resistividade eleacutetrica no meio liacutequido e rochoso proacuteximo nas distacircncias

centimeacutetricas numeacutericas apontadas por cada um

52

Figura 11 - Inserccedilatildeo dos sensores para mediccedilatildeo de temperatura e resistividade

Fonte - Do autor (2015)

Concomitante a este processo houve a elaboraccedilatildeo de graacuteficos que relacionam a

profundidade do poccedilo com a temperatura e resistividade como mostra a Figura 12

53

Figura 12 - Programa computacional para elaboraccedilatildeo dos graacuteficos

Fonte - Do autor (2015)

Esta tomada de temperatura e resistividade permite a averiguaccedilatildeo das

caracteriacutesticas das rochas presentes das anomalias litoloacutegicas e das variaccedilotildees fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua

5 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES

51 Anaacutelises

As anaacutelises in loco de temperatura condutividade eleacutetrica e oxigecircnio dissolvido

resultaram nos valores expressos no Quadro 9

54

Quadro 9 - Resultado das anaacutelises in loco

Temperatura (degC) Condutividade Eleacutetrica

(microScm)

Oxigecircnio Dissolvido

(mgO2L)

2700 24300 750

Fonte - Do autor (2015)

Tais resultados datildeo um parecer preliminar quanto a possiacutevel caracterizaccedilatildeo do

meio liacutequido Dessa forma a temperatura que alcanccedilou na boca do poccedilo e no momento

da limpeza apoacutes a reperfuraccedilatildeo o valor de 2700 ordmC mostrou uma diminuiccedilatildeo em relaccedilatildeo

a temperatura inicial registrada pela CORSAN de 3280 ordmC

Igualmente o decaimento da temperatura de 2700 ordmC na boca do poccedilo para

2440ordmC (Quadro 10) decorre devido ao transporte entre o local do poccedilo e Laboratoacuterio de

Biorreatores Tal decaimento de temperatura eacute responsaacutevel pelo aumento na quantidade

de oxigecircnio dissolvido que quanto menor for a temperatura maior seraacute a quantidade deste

gaacutes no liquido Aleacutem disso percebe-se que a condutividade eleacutetrica se manteve o que

mostra que a temperatura do liacutequido pouco influencia nesta caracteriacutestica

Assim estas temperaturas permitem definir de acordo com Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais (Decreto-Lei ndeg 7841 de 08081945) que a fonte em questatildeo estaacute no limite

hipotermal (temperaturas entre 25ordm C e 33ordm C) com mesotermal (temperaturas entre 33ordmC

e 36 ordm C) O bloqueio de entradas de aacutegua superficiais mais frias constatadas nos

trabalhos de geofiacutesica deveratildeo elevar estas temperaturas

Por sua vez a presenccedila destacada de sais dissolvidos conferem uma expressiva

condutividade eleacutetrica ao liacutequido Tal concentraccedilatildeo salina e qualitativamente muito

variada pode ser atribuiacuteda ao fato de tais aacuteguas circularem pelo sistema fraturado da Serra

Geral rico em produtos minerais derivados da dissoluccedilatildeo das rochas basaacutelticas e dos

minerais de origem hidrotermal que percolaram tal sistema fraturado durante e ainda

apoacutes a sua formaccedilatildeo no Cretaacuteceo Igualmente tais minerais podem provir das aacuteguas mais

quentes presentes nos interstiacutecios dos arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu e possivelmente

oriundos de maiores profundidades atraveacutes de fraturas

A presenccedila de oxigecircnio dissolvido em grande quantidade permite constatar a

baixa concentraccedilatildeo de mateacuteria orgacircnica jaacute que a concentraccedilatildeo de oxigecircnio eacute inversa a

presenccedila de mateacuteria orgacircnica

55

Quantos as anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores foram obtidos os

resultados demonstrados no Quadro 10 Ressalta-se que os valores de soacutelidos e de DBO

satildeo meacutedias da triplicata e duplicata respetivamente ou seja as anaacutelises foram realizadas

trecircs vezes para soacutelidos e duas vezes para DBO

Quadro 10 - Resultados das anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio de Biorreatores do

Centro Universitaacuterio Univates

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 2440

Condutividade Eleacutetrica (microScm) 24300

Oxigecircnio Dissolvido (mgO2L) 780

Turbidez (NTU) 113

Cor (Pt-Co) 720

pH 784

Soacutelios Totais Dissolvidos (mgL) 13800

DBO (mgO2L) 040

Fonte - Do autor (2015)

Os paracircmetros de turbidez e cor apresentam valores baixos o que jaacute era esperado

uma vez que ao bombear a aacutegua o aspecto fiacutesico desta era cristalino

Quanto ao pH tal aacutegua apresenta leve tendecircncia de alcalinidade explicada pela

porccedilatildeo perfurada da Formaccedilatildeo Serra Geral que proveacutem de magmas de caracteriacutestica

baacutesica ricos em siacutelica Quanto o valor de DBO apresentado indica algum tipo de

interferecircncia de aacutegua superficial possivelmente por meio de fraturas ocorrentes no

basalto Isto determina a necessidade de um revestimento maior da parte interna do poccedilo

com tubo geomecacircnico de PVC vendando as possiacuteveis entradas de aacutegua externas

A grande quantidade de soacutelidos totais dissolvidos ou com a induacutestria de aacuteguas

minerais chama resiacuteduos de evaporaccedilatildeo confirma os motivos da condutividade eleacutetrica

ser elevada e remete ao grande poder de dissociaccedilatildeo aacutegua

As anaacutelises realizadas no Laboratoacuterio Unianaacutelises tinham como finalidade

realizar um caracterizaccedilatildeo total da aacutegua levando em conta as caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas da aacutegua e os resultados destas anaacutelises estatildeo expressos no Quadro 11

56

Quadro 11 - Resultados obtidos atraveacutes de anaacutelises pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises

Paracircmetro Resultado

Temperatura (degC) 271

pH 796

Cor aparente Incolor

Turbidez (UT) 068

Alcalinidade Total (mgCaCO3L-1) 13000

Condutividade (microScm) 26208 agrave 2500degC

Dureza Total (mgCaCO3L-1) 6800

Caacutelcio (mgL-1) 1400

Cloro in loco (mgL-1) lt020

Cloretos (mgL-1) lt400

Nitratos (mgNO3-L-1) 010

Nitritos(mgNO2-L-1) Natildeo detectado

Soacutelidos Totais (mgL-1) 18200

Soacutelidos Totais Dissolvidos (mgL-1) 15100

Fluoretos (mgL-1) lt030

Sulfatos (mgL-1) 010

Alumiacutenio (mgL-1) 007

Antimocircnio (mgL-1) lt00009

Arsecircnio (mgL-1) lt00012

Baacuterio (mgL-1) 003

Chumbo (mgL-1) Natildeo detectado

Cobre (mgL-1) lt00024

Cromo (mgL-1) lt00018

Caacutedmio (mgL-1) Natildeo detectado

Ferro total (mgL-1) 006

Magneacutesio (mgL-1) 1300

Manganecircs (mgL-1) 005

Mercuacuterio (mgL-1) Natildeo detectado

Niacutequel (mgL-1) Natildeo detectado

Potaacutessio (mgL-1) lt430

Selecircnio (mgL-1) Natildeo detectado

Soacutedio (mgL-1) 2778

Zinco (mgL-1) 024

Fonte - Adaptado de Laboratoacuterio Unianaacutelises (2015)

57

Tais anaacutelises satildeo essenciais para classificaccedilatildeo das aacuteguas minerais conforme o

Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 bem como pra classificaccedilatildeo conforme a portaria 398

de 2008 do CONAMA E percebe-se que tanto as anaacutelises realizadas in loco como em

laboratoacuterios manteacutem o padratildeo dos resultados

Aleacutem disso por meio da anaacutelise mais ampla realizada no Laboratoacuterio Unianaacutelises

constata-se que um do motivos para o pH da aacutegua ser baacutesico estaacute relacionado a quantidade

de carbonato de caacutelcio que confere alcalinidade e dureza ao liacutequido sendo relacionada a

presenccedila das rochas basaacutelticas e dos veios amiacutegdalas e geocircdos que comportam calcitas

(carbonado de caacutelcio) e zeolitas (silicatos hidratados de alumiacutenio soacutedio e caacutelcio)

Tambeacutem verifica-se a presenccedila de sulfatos baacuterio ferro magneacutesio manganecircs e

zinco classificando tal aacutegua como oligomineral conforme o Coacutedigo das Aacutegua Minerais

de 1945 uma vez que nenhum deste elementos apresenta altas concentraccedilotildees poreacutem

divergem da caracteriacutestica geral de aacuteguas da regiatildeo

Ressalta-se contudo que tais concentraccedilotildees podem ter sido afetadas pela aporte

de aacuteguas mais superficiais identificada durante a etapa de estudos geofiacutesicos de 9 de

novembro de 2015

52 Comparaccedilatildeo Entre Aacuteguas

Em estudo de 13 marcas distintas de aacuteguas minerais com as informaccedilotildees

disponiacuteveis em seus roacutetulos e dos dados obtidos atraveacutes das anaacutelises do poccedilo de Imigrante

obteve-se o seguinte panorama sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas das aacuteguas

exploradas em fontes no estado do Rio Grande do Sul expresso no Quadros 12 e 13

Percebe-se ao se analisar estes dados que a maior parte das aacuteguas comercializadas

no Rio Grande Sul apresentam teores definidos de fluacuteor que a induacutestria classifica como

fluoretada poreacutem ressalta-se que conforme o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais de 1945 tal

classificaccedilatildeo natildeo existe dessa forma a maioria das aacuteguas comercializadas no estado satildeo

oligominerais ou seja apresentam caracteriacutesticas especiacuteficas poreacutem natildeo alcanccedilam as

concentraccedilotildees miacutenimas para classifica-las em outra categoria

Tambeacutem constata-se que apenas a aacutegua Itatiacute de Canoas eacute termal e explorada para

consumo direto Isso se explica pois aacuteguas termais podem apresentar concentraccedilotildees muito

58

grandes ou muito baixas de elementos quiacutemicos que podem trazer malefiacutecios agrave sauacutede

humana A aacutegua do poccedilo de Imigrante segundo a portaria ndeg10 de 1999 da Secretaria

Estadual de Sauacutede natildeo pode ser consumida diretamente nesta fase uma vez que os niacutevel

de fluoretos satildeo baixos poreacutem tal portaria se aplica apenas para aacuteguas de abastecimento

e caso seja do interesse do investidor eacute possiacutevel submeter esta aacutegua a um processo de

fluoretaccedilatildeo desde que este elemento quiacutemico seja devidamente identificado na

comercializaccedilatildeo

Fontes termais em geral satildeo raras nesta regiatildeo do Vale do Taquari e mesmo em

outras localidades gauacutechas satildeo usadas mais intensamente para finalidades turiacutesticas

Economicamente eacute mais viaacutevel explorar esta aacutegua na forma de piscinas teacutermicas com

grande apelo para aacuterea da sauacutede e turiacutestica

Quanto ao pH das marcas de aacutegua analisada constata-se que variam entre 679

da marca Schin e 958 da marca Crystal o que mostra a tendecircncia alcalina das aacuteguas

exploradas no estado Isto ocorre devido a presenccedila de elementos como carbonatos e

bicarbonatos em concentraccedilotildees elevadas A aacutegua da fonte de Imigrante apresenta pH de

796 classificando-a como levemente alcalina

Quanto ao soacutedio as marcas analisadas apresentam grande variaccedilatildeo entre

557mgL da fonte Valle Vita localizada em Satildeo Joseacute do HortEcircncio e 103 60mgL da

marca Crystal da cidade de Ijuiacute A quantidade de soacutedio apresentada na fonte de Imigrante

apresenta concentraccedilatildeo de soacutedio mediana natildeo havendo restriccedilatildeo para seu consumo

quanto a presenccedila deste elemento

Dessa forma devido agrave alta concentraccedilatildeo de soacutedio a aacutegua da marca Crystal

tambeacutem apresenta a maior condutividade eleacutetrica entre as marcas estudadas

45900microScm e por consequecircncia a aacutegua da fonte Valle Vita tambeacutem apresenta baixa

condutividade de apenas 6450microScm o que comprova que tal caracteriacutestica estaacute ligada

a concentraccedilatildeo de sais presentes no liacutequido Ressalta-se que aacutegua da fonte Da Lomba

apresenta a menor condutividade entre as marcas analisadas com 2500 microScm

Por este motivo tambeacutem a marca Crystal apresenta a maior concentraccedilatildeo de

soacutelidos dissolvidos representado pelos resiacuteduos de evaporaccedilatildeo A aacutegua da fonte de

Imigrante se comparada com as demais presenta a segunda menor concentraccedilatildeo de

soacutelidos com 150mgL o que mostra pouca quantidade de soacutelidos dissolvidos apesar de

59

apresentar uma condutividade elevada Novamente devido agrave baixa concentraccedilatildeo de sais a

fonte Valle Vita apresenta menor concentraccedilatildeo de resiacuteduos de evaporaccedilatildeo

A presenccedila de magneacutesio da fonte de Imigrante se torna relevante e explica a

alcalinidade e dureza constatadas na realizada pelo Laboratoacuterio Unianaacutelises sendo um

dos responsaacuteveis pela valor de pH levemente baacutesico Se comparada as demais marcas

apenas a fonte Schin apresenta concentraccedilatildeo maior

Se compararmos marca Aacutegua da Pedra coma fonte de Imigrante devido a sua

proximidade verificamos grandes diferenccedilas entre alguns aspectos como a presenccedila de

cloretos que na fonte lajeadense apresenta concentraccedilatildeo elevada enquanto em Imigrante

a concentraccedilatildeo ficou abaixo de 400mgL Em contrapartida a concentraccedilatildeo de magneacutesio

na fonte de Imigrante como jaacute dito eacute elevada e na fonte da Aacutegua da Pedra a presenccedila

deste elemento fica em torno de 444mgL Poreacutem em outros aspectos como pH o

comportamento das duas aacutegua se assemelha bem como a concentraccedilatildeo de soacutedio de ambas

Tal constataccedilatildeo permite confirmar que apesar da geologia ser semelhante devido agrave

proximidade das fontes fatores como temperatura profundidade tempo de mineralizaccedilatildeo

e comportamento da aacutegua em subsuperfiacutecie fazem com que o liacutequido apresente

caracteriacutesticas distintas

61

Quadro 12 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal da

Terra Valle Vita Crystal Schin

Fonte

Feliz Do Campo Floresta Itati Sarandi Da Lomba Hortecircnsias

Localizaccedilatildeo

Vila Seca

Imigrante Lajeado

Santa Cruz

do Sul

Satildeo Joseacute do

Hortecircncio Ijuiacute Igrejinha Feliz Progresso

Barra

Funda Canoas

Barra

Funda

Novo

Hamburgo Canela

Classificaccedilatildeo Oligomineral

hipotermal Fluoretada Fluoretada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretada

e vanaacutedica

Fluoretad

a

Fluoretada e

litionada Fluoretada

Alcalino-

bicarbonatad

a fluoretada

litinada e

hipotermal

Fluoretada Fluoretada

e Vanaacutedica

Fluoretada

e litionada

Temperatura

degC 2710 2160 2000 2120 2010 2130 2130 1960 2100 2850 2100 2210 2240

Bicarbonatos

mgL 12283 8968 7156 15879 14193 12264 15573 20832 8901 14693 17478

Carbonatos

mgL 2210 2154

Cloretos

mgL lt400 847 359 293 147 843 454 122 516 083 476 301

Caacutelcio mgL 1400 2518 930 399 031 3143 2552 2410 4106 549 200 1878 4531

Fluoretos

mgL lt030 011 010 004 106 014 009 019 012 155 119 011 021

Magneacutesio

mgL 1300 444 071 167 004 1319 971 275 121 468 742 499

Nitrato mgL 010 560 005

Potaacutessio

mgL lt430 109 014 202 021 044 005 193 400 116 600 370 020

Sulfato mgL 610 082 720 810 5186 3224

Siliacutecio mgL 3017 3331

Fonte - Do autor (2015)

62

Quadro 13 - Comparaccedilatildeo entre as aacuteguas comercializadas no Rio Grande do Sul - B

Identificaccedilatildeo da Fonte

Marca Poccedilo

Analisado

Aacutegua da

Pedra

Cristal

da Terra

Valle

Vita

Crystal Schin Fonte

Feliz

Do

Campo

Floresta Itati Sarandi Da

Lomba

Hortecircnsias

Soacutedio Total

mgL

2778 2302 2686 457 10360 1558 1184 1474 1600 7800 7100 2600 2172

Zinco mgL 024 002

Vanaacutedio mgL 010 003 002

Estrocircncio

mgL

011 001

Liacutetio mgL 006 001

Baacuterio mgL 003 001

pH 796 720 558 958 679 694 711 700 858 936 757 780

Condutividade microScm

26208 280 645 459 296 239 1966 290X10-4

mhoscm

381

uScm

335 x 10-4

mhoscm

25 347

Resiacuteduo de

Evaporaccedilatildeo

15100 18764 5123 28949 24524 16169 16777 21109 2326 22303 17182 23005

Radioatividade 097

maches

053

maches

272

maches

009

maches

Fonte - Do autor (2015)

63

53 Tomada de Temperatura e Resistividade

A tomada de temperatura e de eletroresistividade em escala de detalhe no poccedilo

em Imigrante foi levada a efeito no dia 09 de Novembro de 2015 pela empresa AFC

Geofiacutesica As medidas da temperatura iniciaram em 7500m de profundidade

correspondente ao niacutevel estaacutetico da aacutegua do poccedilo indicando uma temperatura de somente

2070degC enquanto as mediccedilotildees de resistividade iniciaram abaixo do niacutevel freaacutetico em

aproximadamente 7650m devido a calibraccedilatildeo do equipamento Ressalta-se que a escala

de resistividade varia entre 10 ohmm e 1000 ohmm e a escala de temperatura fica entre

15degC e 30degC

Constatou-se no iniacutecio dos trabalhos de perfilagem a partir de uma sonorizaccedilatildeo

auditiva a ocorrecircncia de alguma entrada de aacutegua localizada entre o final do revestimento

do poccedilo com o tubo geomecacircnico de PVC aos 26m de profundidade e o niacutevel estaacutetico

da aacutegua (aos 75m de profundidade) Esta entrada de aacutegua apesar de pequena mas audiacutevel

tem origem nas aacuteguas mais superficiais e atinge o poccedilo atraveacutes de fraturas nos basaltos

Somente foi percebida nesta fase dos trabalhos e atribui-se a sua presenccedila as intensas

chuvas que tem assolado a regiatildeo nos uacuteltimos meses e culminam com infiltraccedilotildees e a

proacutepria recarga do aquiacutefero fraturado da Serra Geral

Assim certamente a menor temperatura da aacutegua aos 75m de profundidade

corresponde praticamente agrave temperatura ambiente dado a infiltraccedilatildeo mencionada Estas

aacuteguas representam aacuteguas de subsuperfiacutecie poreacutem de pequena profundidade e portanto

apresentam temperaturas mais baixas (do ambiente circundante) Constituem

possivelmente aacuteguas de recarga recente do aquiacutefero fraturado Serra Geral Esta afirmaccedilatildeo

baseia-se no fato de que a presenccedila de alguma infiltraccedilatildeo natildeo foi constatada em

avaliaccedilotildees anteriores no poccedilo e sim somente apoacutes este periacuteodo chuvoso da primavera do

corrente ano

Com base na Figura 13 que mostra parte dos perfis de eletroresistividade e

temperatura do poccedilo o perfil de linha roxa (R8) relaciona-se principalmente com o

comportamento do meio liacutequido circundante aos sensores o azul (R16) aleacutem do meio

liacutequido tambeacutem registra o comportamento das rochas mais proximais em relaccedilatildeo aos

sensores Jaacute os perfis em tonalidades laranja (R32) e vermelho (R64) referem-se ao

64

comportamento das rochas e do meio liacutequido em distacircncias maiores em relaccedilatildeo aos

sensores

Baseado nos perfis geofiacutesicos verticais (Figura 13) percebe-se uma tendecircncia de

elevada resistividade tanto para o fluido como para a rocha poreacutem consta-se grande

oscilaccedilatildeo o que caracteriza a presenccedila de disjunccedilotildees e fraturas nas rochas isso se explica

pois o primeiro pacote rochoso a ser cortado eacute composto por basalto que quanto mais

maciccedilo for maior e mais homogenia seraacute sua resistividade

Verifica-se logo no iniacutecio dos registros do poccedilo uma relativa variaccedilatildeo dos valores

de eletroresistividade entre os quatro sensores ldquoR8rdquo ldquoR16rdquo ldquoR32rdquo e ldquoR64rdquo

identificando-se um setor do poccedilo de 7650m ateacute cerca de 11600 m Este segmento

apresentou uma de relativa elevada resistividade poreacutem oscilante Pode-se atribuir tais

variaacuteveis a diferenccedilas litoloacutegicas fraturamentos geoloacutegicos diversos nas rochas basaacutelticas

ou diferenccedilas nas caracteriacutesticas qualitativas no meio liacutequido existente no poccedilo ou nas

fraturas das rochas adjacentes Eacute tambeacutem neste segmento do poccedilo parte natildeo revestida

onde pode haver alguma entrada de aacutegua diretamente proveniente de superfiacutecie

constatada atraveacutes das observaccedilotildees diretas efetuadas o que tambeacutem iraacute diminuir a

resistividade do meio liacutequido (pela dissoluccedilatildeo salina presente) Eacute possiacutevel tambeacutem que

neste segmento do poccedilo possa ocorrer algum fluxo de aacutegua para fora do mesmo tendo

em conta que o niacutevel estaacutetico estar nivelado em aproximadamente 7500m

independentemente da eacutepoca em que as observaccedilotildees foram efetuadas sugerindo-se um

fluxo hidrodinacircmico subterracircneo

65

Figura 13 - Temperatura e resistividade entre 7650m e 8600m

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Entre 8600m e 11500m de profundidade a temperatura apresentou leve tendecircncia

de aumento e a resistividade se manteve oscilante e elevada representando as fraturas

das rochas Poreacutem ao chegar a profundidade de aproximadamente 11600m ocorreu uma

queda na resistividade dos quatro perfis de resistividade Pode-se interpretar a partir

destes dados que neste horizonte ocorreu alguma importante alteraccedilatildeo na litologia

(contato litoloacutegico significativo entre derrames subsequentes presenccedila de um arenito

intertraacutepico (natildeo registrado durante as perfuraccedilotildees) ou ocorrecircncia de alguma

66

fraturamento significativo com um meio liacutequido diferenciado Um indicativo desta

variaccedilatildeo para menor resistividade eleacutetrica registrou-se em niacuteveis mais distais ao poccedilo (e

sensores)

A partir dos 118m de profundidade registra-se um aumento progressivo e

homogecircnio da eletroresistividade indicando tambeacutem uma grande homogeneidade do um

meio liacutequido e da rocha adjacente e formadora do poccedilo

67

Figura 14 ndash Temperatura e resistividade entre 10750m e 11950m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

Apoacutes 12000m de profundidade a resistividade que vinha sendo elevada poreacutem

inconstante torna-se mais elevada e homogecircnea o que representa que rocha basaacuteltica

torna-se maciccedila natildeo apresentando disjunccedilotildees ou faturamentos que possam ser utilizados

como canais de entrada para aacutegua fria dessa forma na profundidade de 20400m a

temperatura da aacutegua chega a aproximadamente 2850degC A partir desta profundidade haacute

68

uma abrupta queda na resistividade onde ocorrem os valores mais baixos de desta

propriedade no perfil variando de 11 ohmm ateacute 95 ohmm Nesta profundidade haacute uma

abrupta diminuiccedilatildeo da resistividade principalmente nas linhas laranja (R32) e vermelha

(R64) portanto em horizontes mais distais nas rochas formadoras do poccedilo Esta

modificaccedilatildeo coincide com o contato entre os basaltos da Formaccedilatildeo Serra Geral e os

arenitos da Formaccedilatildeo Botucatu identificado originalmente durante a perfuraccedilatildeo do poccedilo

tubular pela CORSAN e depois durante a reperfuraccedilatildeo do mesmo O arenito subjacente

aos basaltos apresenta uma maior condutividade de eleacutetrons do que o basalto aspecto

que pode ser favorecido pela presenccedila de argilas na composiccedilatildeo desta Formaccedilatildeo Botucatu

bem como de aacuteguas mais ricas em elementos minerais

Inicialmente durante as perfuraccedilotildees efetuadas pela CORSAN foi neste contato

que se registrou a principal entrada de aacutegua do poccedilo insuficiente na ocasiatildeo para os fins

desejados de abastecimento puacuteblico coincidente tambeacutem com aacuteguas que registram

temperaturas de 285ordm C

69

Figura 15 - Temperatura e resistividade entre 19650m e 20800m de profundidade

Fonte - Adaptado de AFC Geofiacutesica (2015)

A partir do ponto de 20500m a resistividade se manteve baixa mostrando assim

abundacircncia de aacutegua bem como mineralizaccedilotildees Aleacutem disso baixa resistividade em

arenitos com a apresentada na Figura 16 estaacute associada a presenccedila de argila na rocha

areniacutetica Em relaccedilatildeo a temperatura a tendecircncia de aumento se manteve alcanccedilando o

valor de aproximadamente 2950degC em profundidade de 26200m A vazatildeo nesta

70

profundidade alcanccedilou 2500msup3h sendo bastante elevada se comparada a vazatildeo

apresentada pela CORSAN no momento da primeira perfuraccedilatildeo do presente poccedilo

Figura 16 - Temperatura e resistividade entre 25000m e 26200m de profundidade

Fonte - Do autor (2015)

71

6 CONCLUSAtildeO

Com este estudo conclui-se que a fonte de aacutegua localizada em Imigrante cuja

profundidade do poccedilo alcanccedilou 26200m eacute classificada segundo o Coacutedigo de Aacuteguas

Minerais de 1945 como hipotermal apresentando uma temperatura 2950degC a uma

profundidade de 262m em relaccedilatildeo a cota de instalaccedilatildeo do poccedilo (161m acima do niacutevel do

mar) Esta temperatura a tais profundidades eacute anocircmala para regiatildeo considerando-se o

registro de outros poccedilos tubulares existentes com profundidades proacuteximas Esta

temperatura recentemente registrada atraveacutes de perfilagem teacutermica deve estar sendo

afetada por aacuteguas frias de infiltraccedilatildeo nas partes mais superiores do poccedilo sendo a mesma

mais elevada como foi inicialmente registrado pela CORSAN (328ordm C A 160m de e

profundidade) em 2010 Mesmo assim somente o fator ldquogradiente geoteacutermicordquo da regiatildeo

natildeo explica tal anomalia devendo-se procurar possiacuteveis explicaccedilotildees em aportes de aacuteguas

mais aquecidas de fluxos hidrodinacircmicos em falhas de grande expressatildeo regional

localizadas nas proximidades ou em diques de diabaacutesio tambeacutem ocorrentes nas

proximidades

Pela grande variedade de minerais presentes as aacuteguas do poccedilo podem ser

classificadas de acordo com o Coacutedigo das Aacuteguas Minerais jaacute mencionado como aacuteguas

oligominerais Ressalta-se que tal legislaccedilatildeo eacute antiga e atualmente as aacuteguas minerais

comercializadas utilizam terminologias como por exemplo fluoretadas vanaacutedicas e

outras denominaccedilotildees relatavas a algum elemento quiacutemico que se destaca pela sua

presenccedila

Ressalta-se que a aacutegua do poccedilo de Imigrante natildeo atende as exigecircncias para

consumo direto abastecimento puacuteblico ou para atividades como envase sendo necessaacuterio

dessa forma realizar um processo de fluoretaccedilatildeo caso seja do interesse do empreendedor

realizar seu envase Deve-se mencionar que estas aacuteguas estatildeo momentaneamente

sofrendo um processo de aporte de aacuteguas superficiais em quantidades momentaneamente

desconhecidas e certamente influenciadas pelo elevado ciclo das chuvas Revestimento

do poccedilo e correccedilotildees da parte superior ateacute os 118 m de profundidade satildeo necessaacuterias

conforme apontam os perfiacutes geofiacutesicos de eletroresistividade A partir daiacute haacute uma

indicaccedilatildeo de rochas basaacutelticas homogecircneas relativamente maciccedilas e de poucas chances

de contribuir com aporte de aacuteguas subterracircneas

72

No entanto caso o interesse seja na utilizaccedilatildeo para balneabilidade e crenologia

natildeo haacute empecilhos A temperatura que poderaacute ser maior em funccedilatildeo do isolamento de

aacuteguas mais superficiais e frias poderaacute favorecer o seu uso em hoteacuteis ou locais de

recreaccedilatildeo

Mencione-se tambeacutem que uma vez isoladas as aacuteguas superficiais as

caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemicas tais como a concentraccedilatildeo relativa dos sais e elementos

quiacutemicos deveraacute sofrer alteraccedilotildees sugerindo outros usos e talvez a sua comercializaccedilatildeo

de aacutegua mineral ou como aacutegua de mesa

Verificou-se tambeacutem uma ampliaccedilatildeo substancial da vazatildeo apoacutes a reperfuraccedilatildeo

efetuada e um aprofundamento de 28m contrariando dessa maneira a tentativa inicial da

CORSAN em 2010 que afirmava a inviabilidade do poccedilo para abastecimento devido sua

baixa carga hiacutedrica No caso da CORSAN a perfuraccedilatildeo realizada alcanccedilou apenas a parte

superior do arenito mais riacutegida para ser perfurada e que continha menor quantidade de

aacutegua

Mencione-se tambeacutem que o processo de avaliaccedilatildeo das aacuteguas do poccedilo de Imigrante

eacute inicial e estaacute longe de estar concluiacutedo devendo ser continuado e complementado com

outras teacutecnicas geofiacutesicas e anaacutelises quiacutemicas Dentre estes procedimentos o primeiro a

ser efetuado consiste no revestimento com tubo geomecacircnico de PVC de grande parte

da porccedilatildeo superior do poccedilo

Apoacutes este procedimento novas avaliaccedilotildees fiacutesico-quiacutemicas deveratildeo ser efetuadas

quando natildeo houver mais nenhuma contribuiccedilatildeo indesejaacutevel de aacuteguas superficiais

Somente entatildeo ter-se-aacute a real qualificaccedilatildeo e quantificaccedilatildeo destas aacuteguas

Ao longo da elaboraccedilatildeo deste trabalho conclui-se que ainda existem poucos

estudos em relaccedilatildeo a aacuteguas minerais e termais no Brasil e que cada poccedilo tubular a ser

estudado apresenta particularidades e desafios analiacuteticos e teacutecnicos diferentes

constituindo uma aacuterea de pesquisa e profissional de grande importacircncia local e regional

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