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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE FÍSICA Caracterização Óptica de Pontos Quânticos Semicondutores de CdS em Matrizes Poliméricas. André Rezende de Figueiredo Oliveira Uberlândia 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE FÍSICA

Caracterização Óptica de Pontos Quânticos

Semicondutores de CdS em Matrizes Poliméricas.

André Rezende de Figueiredo Oliveira

Uberlândia 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE FÍSICA

Caracterização Óptica de Pontos Quânticos

Semicondutores de CdS em Matrizes Poliméricas.

André Rezende de Figueiredo Oliveira

Trabalho apresentado ao Curso de

Física de Materiais da Universidade

Federal de Uberlândia como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Bacharel em Física de Materiais.

Orientador: Adamo Ferreira Gomes do Monte.

Doutor em Física - UFU

Uberlândia 2009

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Rezende de Figueiredo Oliveira, André

Caracterização Óptica de Pontos Quânticos Semicondutores de CdS

em Matrizes Poliméricas / André Rezende de Figueiredo Oliveira – 2009

38.p

1. Física da Matéria Condensada. I.Título.

CDU

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André Rezende de Figueiredo Oliveira

Caracterização Óptica de Pontos Quânticos

Semicondutores de CdS em Matrizes Poliméricas.

A Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, submeteu o candidato à aprovação após análise do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisitos para obtenção do título de Bacharel em Física de Materiais.

______________________________________________

Prof. Dr. Adamo Ferreira Gomes do Monte - Orientador Universidade Federal de Uberlândia

______________________________________________

Prof. Dr. Roberto Hiroki Miwa Universidade Federal de Uberlândia

______________________________________________

Prof. Dr. Raimundo Lora Serrano Universidade Federal de Uberlândia

Coordenador do Curso de Graduação em Física de Materiais:

Prof. Dr. Eduardo Kojy Takahashi

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Dedico este trabalho à minha esposa

Aline e aos meus filhos Anna Luiza e

André Filho.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço ao professor Adamo, meu orientador de

iniciação cientifica, pela dedicação, paciência e confiança que depositou em mim

durante todo o nosso trabalho.

Ao professor Djalmir pela atenção e dedicação nos assuntos referentes

ao nosso laboratório e ao laboratório de Física Moderna.

A todo pessoal que fez parte do Grupo de Óptica e Fototérmica nesse

tempo, o Flávio, a Vanessa, o Melo, o Marcio, o Willian, o Guilherme, o José

Ricardo, a Kelly e muitos outros que passaram por lá. Mais recentemente,

obrigado ao professor Sidney pela atenção dispensada.

Ao técnico em mecânica Edimar, pela atenção e dedicação em

solucionar nossas necessidades técnicas e instrumentais.

Ao professor Ademir, por todas as lições às quais levarei por toda minha

vida.

Aos meus pais, Laércio e Alcione, agradeço pelo apoio nesses últimos

anos.

Aos meus colegas de turma, de turmas adjacentes e de turmas da Física

– Licenciatura, em especial: ao Danillo, Luis Alexandre, Erasto, Renato, Marcio,

Willian, Augusto (Azeitona), Augusto Adam, Roney, Walber, Michel, Victor,

Guilherme e Letícia.

Agradeço a todos integrantes do Instituto de Física, aos técnicos

administrativos (Jussara, André Luiz, Agrenor, Vinícius, Gabriela e a Lúcia) e em

especial aos trinta e três professores do INFIS que contribuiriam, de uma forma

ou de outra, para o meu crescimento.

Enfim, a minha esposa e filhos; - sem eles nada disto teria acontecido.

Obrigado a todos!

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SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................ viii

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 2

CAPITULO 1 – REVISÃO DA LITERATURA ................................................... 4

1.1 – Pontos Quânticos (PQs) ........................................................................ 4

1.2 – Crescimento e Caracterização de Pontos Quânticos ............................ 8

1.3 - O Sulfeto de Cádmio (CdS) .................................................................. 10

1.4 – Teoria de Semicondutores Nanocristalinos ........................................ 10

Capitulo 2 – DESENVOLVIMENTO ................................................................ 13

2.1 – Viabilidade ........................................................................................... 14

2.2 – Estrutura utilizada na pesquisa .......................................................... 14

2.3 – Cronograma ........................................................................................ 15

CAPITULO 3 – METODOLOGIA .................................................................... 16

3.1 – Amostras ............................................................................................. 21

3.2 – Síntese em materiais com cavidades de geometria bem definidas .... 23

3.2.1 – Polímeros contendo nanoparticulas de semicondutores ................. 23

CAPITULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................... 27

CAPITULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 34

5.1 – Referencias Bibliográficas ................................................................... 35

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RESUMO

Nanopartículas semicondutoras em matrizes poliméricas têm atraído

grande interesse devido a suas aplicações em dispositivos eletrônicos e

optoeletrônicos. Matrizes poliméricas têm sido utilizadas para imobilizar pontos

quânticos (PQs), visando controlar algumas variáveis como o seu crescimento,

morfologia e agregação, além de auxiliar na dispersão das nanopartículas.

Nanocristais de sulfeto de cádmio (CdS) têm recebido considerável atenção

devido às suas propriedades de confinamento quântico de dimensão zero. Neste

trabalho foi realizada a síntese de nanopartículas de CdS em uma matriz

polimérica esférica de estireno-divinilbenzeno (Sty-DVB). Os materiais foram

caracterizados por espectroscopia Raman e de micro-fotoluminescência (µ-PL).

Foram observadas emissões laser referentes aos modos ressonantes da galeria

das micro-esferas. A alta estabilidade óptica e o baixo valor de ativação laser

fazem deste sistema um promissor dispositivo em aplicações de microlaser.

Palavras Chaves: Nanoparticulas de CdS; Espectroscopia Raman; Micro-

fotoluminescência.

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ABSTRACT

Semiconductor nanoparticles in polymeric matrices have attracted great

interest mainly due to their applications in electronic and optoelectronics devices.

Polymeric matrices has been used to embed quantum dots (QDs), aiming to

control the growth parameters such as morphology, aggregation, besides aiding

the particles dispersion dispersion. CdS nanocrystals have received considerable

attention regarding the quantum confinement properties in zero-dimension

systems. In this work the synthesis of CdS nanoparticles was realized in a

spherical polymeric matrix of styrene-divinylbenzene (Sty-DVB). The materials

were characterized by Raman spectroscopy and of micro-photoluminescence (µ-

PL). Laser emissions were observed regarding the gallery resonant modes inside

the micro-spheres. High optical stability and low threshold emission make this

system a promising device for microlaser applications.

Keywords: CdS Nanoparticles, Raman spectroscopy, micro-photoluminescence.

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INTRODUÇÃO

O físico Richard Feynman no ano de 1959 em uma palestra intitulada "Há

mais espaços lá embaixo", em uma intuição brilhante, sugeriu a manipulação dos

átomos como forma de desenvolver novos materiais. A partir deste momento, fica

marcado o ponto inicial da nanociência. O objetivo da nanomanipulação de

átomos é criar materiais originais em suas características e desenvolver novos

produtos e processos baseados na crescente capacidade tecnológica de ver e

manipular átomos e moléculas.

A manipulação da matéria em escala da ordem de bilionésimo do metro

(nanométrica) é o que proporciona o que chamamos de nanotecnologia. Materiais

nanoestruturados são materiais que apresentam, pelo menos em uma de suas

dimensões, o tamanho na ordem de nanômetros. Na escala nanométrica, os

materiais apresentam características peculiares, podendo apresentar respostas

impares à variação de temperatura, comprimentos de ondas de luz incidente,

condutividade elétrica, entre outras. O principal propósito da nanociência e da

nanotecnologia (N&N) é desenvolver nanomateriais é potencializar as

propriedades físicas e químicas dos materiais, estas “novas” propriedades

possuem grande importância para futuras aplicações tecnológicas.

Nesse contexto este trabalho tem função de contribuir no avanço da

pesquisa de novos materiais, especificamente no campo da optoeletrônica, que

apresenta grande potencial para o desenvolvimento de novos dispositivos laser e

de sensoriamento.

Nos últimos anos, nanocristais de CdS, CdSe e PbS vêem sendo

intensamente estudados. Este crescente interesse se deve tanto aos aspectos de

física básica como os relacionados aos excitrons zero-dimensional; existe um

intenso interesse em suas propriedades químicas e eletrônicas, que por sua vez

apresentam potencial de uso nos campos da óptica não-linear, como emissão de

luz, na conversão de energia solar, na optoeletrônica, na biotecnologia e em

varias outras áreas do conhecimento. Assim, voltamos nossas atenções à

pesquisa em semicondutores nanoestruturados (entre 1 e 20 nm de diâmetro).

Buscando o aproveitamento tecnológico inerente aos pontos quânticos,

estudamos a luminescência associada à microesferas poliméricas de estireno-

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divinilbenzeno (Sty-DVB), cuja superfície confina nanoestruturas de CdS o seu

potencial de aplicação como material fotônico. As microesferas funcionam como

uma cavidade óptica (microcavidade), cujo espectro de emissão demonstra

diversos picos que são associados aos modos da cavidade (whippering-gallery

modes). Estudar esses espectros de emissão será importante no

desenvolvimento de microcavidade laser. A micro-luminescência (µ-PL) entra

neste trabalho porque as microesferas têm diâmetros de poucos microns, sendo

necessário um feixe de laser mais focalizado. Por isso, usamos a µ-PL para

excitar e capturar o sinal das microesferas. Tendo como foco a importância de se

revelar as vastas contribuições inerentes a tais microesferas e seus PQs,

utilizamos a caracterização óptica de nanocristais semicondutores através de

espectros de µ-PL e espectroscopia Raman, visando estudar a qualidade da

amostra e resultados condizentes com nossas posições teóricas.

Este trabalho tem como objetivo principal à implementação a técnicas

refinada de caracterização óptica: fotoluminescência, aplicada a temperatura

ambiente, voltadas para caracterização de materiais nanoestruturados no campo

da Física da Matéria Condensada. Os Objetivos Específicos envolvem o

aprendizado na manipulação da infra-estrutura instrumental e material da técnica

de caracterização óptica baseada na Foto-luminesciencia (PL) e espectroscopia

Raman; Desenvolver as atividades de pesquisa, processar amostras para

caracterização e caracterizar os sistemas nanoestruturados disponíveis no

laboratório; Estudar a estrutura do sistema PQs acoplados a microesferas

polimérica; Participar de encontros na área de Física da Matéria Condensada;

Redigir relatórios periódicos e publicar resultados do projeto em revista de

divulgação científica.

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CAPITULO 1 REVISÃO DA LITERATURA

1.1 – Pontos Quânticos (PQs)

Um PQ é uma nanoestrutura pontual, uma pequena ilha de um material

com um certo gap sobre a superfície de um outro material de gap maior. Dessa

forma, o elétron fica confinado nas três direções, dizemos então que este sistema

apresenta dimensão zero. Devido ao seu diminuto tamanho se comporta com um

poço de potencial que confina os elétrons nas três dimensões espaciais em uma

região com tamanho da ordem do comprimento de onda de Broglie dos elétrons,

alguns nanometros em um semicondutor. Devido ao confinamento, os elétrons em

um ponto quântico têm sua energia quantizada em valores discretos, como em

um átomo. Por esta razão, pontos quânticos são por vezes chamados átomos

artificiais. Os níveis de energia podem ser controlados mudando o tamanho e a

forma do ponto quântico, e a profundidade de poço de potencial.

Os PQs são profundamente dependentes dos tamanhos e formas

geométricas. Um elétron em um átomo isolado possui estados quânticos

estacionários caracterizados por níveis discretos e quantizados. Em um átomo

com muitos elétrons, o estado fundamental é obtido distribuindo-se os vários

elétrons nos níveis de menor energia possível, obedecendo ao Princípio de

Exclusão de Pauli. Como o elétron é dotado de spin semi-inteiro, cada estado

orbital comporta dois elétrons com spins opostos. No entanto, quando um grande

número de átomos (cerca de 1022/cm3) é colocado junto de forma organizada

para formar um cristal, os elétrons de cada átomo ficam sujeitos a interações com

os átomos vizinhos e seus níveis de energia se interpolam para formar bandas de

energia, as quais são separadas por regiões proibidas de energias, tais regiões

são denominadas gap. O gap é a energia necessária para propulsionar um elétron

da camada de valência para a de condução que é simplesmente a diferença entre

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os estados de maior energia ocupados e os estados de menor energia da banda

vazia, geralmente utilizamos a unidade em elétron-volts (eV) para representar

medidas desta natureza.

Em pontos quânticos, onde o confinamento está presente nas três

direções espaciais, o confinamento quântico torna possível mudar as

propriedades ópticas do material bulk, modificando completamente o seu gap

óptico, a figura abaixo demonstra variações do gap de energia para alguns cristais

semicondutores.

Figura 1 - Efeito do confinamento quântico no gap óptico de vários

semicondutores: nesta figura verificam-se as diferenças de energia do gap entre

os materiais bulk e o gap óptico de pontos quânticos com raio = 10 nm e de

pontos quânticos com raio = 3 nm. As retas tracejadas horizontais definem a

região de comunicação óptica, Neves et al (2002).

Uma das principais propriedades a ser considerada é a função densidade

de estados eletrônicos. Esta função descreve o número de estados possíveis na

banda de condução (elétrons) ou valência (buracos ou elétrons) por unidades de

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energia e volume que podem ser preenchidos com elétrons, para estruturas

semicondutoras temos as seguintes densidades de estados representados na

figura 2, em que nota-se, principalmente, a dependência em energia para cada

um dos casos. No caso do semicondutor bulk (3-D), a densidade de estados ρ(E)

varia de um modo contínuo. Quando se colocam barreiras de potencial limitando o

seu movimento em uma das direções da ordem de raios de Bohr dos portadores

no material, verifica-se que ocorre uma mudança na densidade de estados de

energia permitidos. Limitando um dos lados deste cubo tridimensional, os elétrons

ficam aprisionados em um plano (2D) e a densidade de estados eletrônicos se

torna quantizada, estes são os chamados poços quânticos.

Figura 2 - Descrição esquemática das mudanças de densidade de estados ρ(E)

em função do confinamento quântico.

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Progredindo na limitação das dimensões, teremos então os chamados fios

quânticos (1-D) e os pontos quânticos (0-D). Nos PQs o confinamento é presente

nas três direções espaciais e o primeiro estado quântico desse sistema pode ser

ocupado somente por dois elétrons. Quando as dimensões laterais de um cristal

são reduzidas abaixo do comprimento de onda de De Broglie para o elétron, o

movimento das partículas neste cristal não pode mais ser tratado de forma

clássica, sendo a mecânica quântica usada para descrever tal movimento. As

partículas ficam confinadas. Esse confinamento tem uma conseqüência direta no

espectro de energia da estrutura, isto é, na sua densidade de estados ρ(E), já que

a energia cinética da partícula passa a ter valores discretos permitidos na direção

do confinamento.

Estes pontos quânticos são interessantes para aplicações na área de

energia, já que produzem elétrons quando absorvem luz, permitindo a construção

de células solares extremamente eficientes. Apenas para comparação, uma célula

tem um diâmetro médio de 1.000 nanômetros. Os cientistas acreditam que os

pontos quânticos serão extremamente úteis no desenvolvimento de tecnologias

em nanoescala porque eles são versáteis e uniformes, eliminando possíveis

variações e falhas nos materiais.

Agora eles conseguiram fazer com que os pontos quânticos se

comuniquem utilizando luz. Os pesquisadores descobriram que, quando os

pontos quânticos são dispostos a distâncias definidas uns dos outros - uma

distância maior do que o raio dos pontos - as ondas de luz viajam entre esses

nanocristais em um padrão consistente - ou coerente. A variação ou

irregularidade da luz impede a comunicação entre os pontos quânticos.

Isso sugere que se poderá transmitir informações entre os pontos

quânticos utilizando-se a luz, o que cria a possibilidade da criação de um

computador optoquântico. Em um computador assim, a luz substituiria as cargas

elétricas utilizadas para a transferência de informações, como nos computadores

convencionais. "A idéia é fazer o processo de computação mais rápido e menor",

disse Rogach (2000).

A nova tecnologia também poderá ser utilizada no imageamento médico.

Pontos quânticos poderiam ser injetados no paciente, enquanto um equipamento

externo, também contendo pontos quânticos, poderia ser utilizado para rastrear os

nanocristais no interior do corpo humano.

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Outros pesquisadores estão avançando na utilização de pontos

quânticos com essa finalidade, já existindo experimentos de laboratório feitos em

ratos. Embora vários testes de toxicologia ainda necessitem ser feitos, as

descobertas parciais sugerem que os pontos quânticos têm menos efeitos

colaterais do que os contrastes químicos utilizados em conjunto com os raios-x.

1.2 - Crescimento e Caracterização de Pontos Quânticos

Em materiais semicondutores, o comprimento de onda de De Broglie é da

ordem de algumas dezenas de nanômetros, sendo necessária, portanto, a

produção de estruturas desta dimensão para se observar os efeitos do

confinamento tridimensional. A maneira mais comum de se obter pontos

quânticos é a produção, em primeiro lugar, de uma estrutura bidimensional como,

por exemplo, um poço quântico. Essa estrutura é geralmente produzida por

epitaxia para se ter um controle preciso da espessura do filme. O confinamento

lateral é obtido através da definição física das bordas da estrutura. Para isso, um

padrão geométrico desenhando as laterais da estrutura é transferido para a

amostra, após o crescimento, por litografia de alta resolução. Um ataque químico

subseqüente corrói a amostra até a camada bidimensional, produzindo as

nanoestruturas desejadas.

Devido à introdução de defeitos na amostra decorrentes do ataque

químico, essa técnica foi modificada para minimizar o problema, sendo

investigada a realização de pontos quânticos induzidos por um campo externo.

Nesta técnica, a amostra é crescida de tal forma que contenha um poço quântico

próximo a 10 superfícies. Após o crescimento, processo litográfico e ataque

químico são usados para se produzir nesta camada superficial estruturas de

pequenas dimensões laterais, a partir das quais será aplicado o campo externo.

Este pode ser um campo elétrico ou um campo de tensão, dependendo das

propriedades da camada superficial da amostra. Desta forma, os portadores são

confinados na direção vertical pelo poço quântico, sendo o confinamento lateral

resultante da modificação do potencial eletrostático produzida pelo campo externo

gerado abaixo da estruturas existentes na superfície. Esta técnica apresenta a

vantagem de separar espacialmente os pontos quânticos da região danificada

pelo ataque químico. É também possível se ajustar o alcance do confinamento

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lateral pela modificação da distância entre o poço quântico e a superfície.

Uma outra alternativa para a produção de nanoestruturas é o crescimento

seletivo sobre substratos processados. Nesta técnica, faz-se uso das diferentes

velocidades de crescimento dos materiais em função da orientação cristalográfica

do substrato. O material InGaAs, por exemplo, tem uma taxa de crescimento

quase nula nas faces (111) de um substrato de InP, enquanto o próprio InP

cresce em ambas as faces (111) e (100) do mesmo substrato. Se uma pirâmide

invertida com faces (111) for fabricada num substrato de InP, a deposição de uma

fina camada de InGaAs neste substrato resultará na formação de uma

nanoestrutura isolada de InGaAs no fundo da pirâmide. Tal pirâmide é geralmente

realizada por litografia e ataque químico seletivo.

No entanto, esse conjunto de técnicas apresenta desvantagens

relacionadas ao processamento litográfico. Em primeiro lugar, o ataque químico

realizado durante este processamento, seja antes ou após o crescimento, sempre

danifica a amostra. Em segundo, as dimensões laterais da nanoestrutura

produzida dependem da resolução da ‘escrita’ litográfica. Constata-se hoje que,

mesmo com técnicas de alta resolução, é difícil alcançar dimensões laterais de

algumas dezenas de nanômetros. E, por último, o processamento litográfico é

trabalhoso por necessitar de várias etapas, assim como de equipamentos

sofisticados.

Estruturas auto-organizadas também podem ser produzidas durante o

crescimento epitaxial de um material semicondutor que possui um desacordo

significativo do parâmetro de rede com o substrato. Durante a deposição das

primeiras camadas, o material depositado adota o parâmetro de rede do

substrato. O modo de crescimento é, então, bidimensional e a camada depositada

estressada. No entanto, atinge-se certa espessura para a qual a energia de

deformação armazenada no filme se torna alta demais, sendo mais favorável uma

reorganização do mesmo. Dependendo da energia superficial do sistema, esta

reorganização pode ocorrer através da criação de deslocações ou através da

formação espontânea de ilhas tridimensionais. Este último modo de relaxamento

é conhecido como transição de Stranski-Krastanov (SK).

As condições de crescimento e o material abaixo dos pontos quânticos

influenciam fortemente a densidade e o tamanho dos pontos.

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1.3 - O Sulfeto de Cádmio (CdS).

Um dos materiais mais utilizados na construção de nanoestruturas da

ordem de 10 nanometros é o sulfeto de cádmio (CdS). Sua principal característica

é o fato de serem fluorescentes, podendo ser fabricados para brilhar em diversas

cores. Pontos quânticos de sulfeto de cádmio (CdS) e seleneto de cádmio (CdSe),

por exemplo, absorvem fótons de luz ultravioleta e os reemitem como fótons de

luz visível. A cor do seu brilho varia, dependendo da dimensao de suas particulas,

passando do vermelho para o azul à medida em que se tornam menores.

Um dos dos principais motivos para os biocientistas estarem

interessados nos pontos quânticos é devido a sua caracteristica de durarem muito

mais do que os corantes convencionais utilizados para marcar moléculas,

corantes estes que só brilham por alguns segundos. Os pontos quânticos

permitem a observação das moléculas por muito mais tempo, permitindo aos

cientistas recolher muito mais informações sobre o que acontece nas reações

químicas e nas interações biológicas.

1.4 - Teoria de Semicondutores Nanocristalinos

As nanoestruturas semicondutoras, ou propriamente nanocristais

semicondutores, são sistemas que podem formar pontos quânticos. Os PQs, por

sua vez, são sistemas quantizados do tipo atômico, mas em estado sólido, e que

permitem a observação de vários fenômenos relacionados ao sistema zero-

dimensional. Os PQs também fornecem condições fundamentais para o estudo de

processos optoeletrônicos em estruturas semicondutoras zero-dimensionais.

Estas características surgem como resultado das próprias propriedades dos PQs,

não sendo encontrado em sistemas de dimensionalidade mais alta. Dois fatores

fundamentais, ambos relacionados ao tamanho do nanocristal individual,

distinguem seu comportamento do correspondente material macrocristalino. O

primeiro é a alta dispersividade associada com as partículas, com ambas as

propriedades, físicas e químicas, sendo particularmente sensíveis à estrutura da

superfície. O segundo fator é o tamanho real da partícula, que pode determinar as

propriedades físicas e eletrônicas do material. Quando o tamanho desses sólidos

diminui, o gap de energia da banda torna-se maior. Dentro das nanopartículas, o

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elétron e o buraco estão mais próximos em comparação ao material

macrocristalino, e a interação de Coulomb entre o elétron e buraco não pode ser

desprezada [Bimberg et al., 1999].

Alguns exemplos de nanocristais semicondutores são baseados em

sulfetos como PbS e CdS e óxidos ZnO e TiO. Para caracterizar esses materiais,

é comum utilizar as seguintes técnicas ópticas: Fotoluminescência (PL),

Fotoluminescência de Excitação (PLE), Microluminescência (Micro-PL), Absorção

Óptica (AO) e Espectroscopia Raman. Pode-se contar também com a

caracterização estrutural através da microscopia de força atômica (AFM). A

caracterização óptica de nanocristais semicondutores através de espectros PL,

PLE e AO visa estudar a qualidade da amostra e os parâmetros de crescimento

em função de determinados tratamentos aplicados à amostra. A espectroscopia

Raman pode ser usada para determinar a composição de um determinado

material, observando-se as vibrações moleculares deste material. As

características estruturais dos nanocristais obtidos, quanto à homogeneidade de

tamanhos e distribuição espacial, poderão ser observadas através de imagens de

AFM.

Na aproximação da massa efetiva, Brus e colaboradores, 1983 e 1986,

demonstraram para nanocristais de CdE (S ou Se) que a dependência com o

tamanho da energia da primeira transição eletrônica do éxciton (ou o

deslocamento do gap da banda com respeito ao valor típico bulk) pode ser

aproximadamente calculada usando a relação:

Re8.1

m1

m1

R2E

2

*h

*e

2

22

ε−⎥

⎤⎢⎣

⎡+

π≅∆η

. (1)

Esta equação é uma aproximação analítica para a primeira transição

eletrônica de um éxciton, que poder ser descrita pelo Hamiltoniano hidrogenóide,

he

22h*

h

22e*

e

2^

rre

m2m2H

−ε−∇−∇

−=

ηη . (2)

Na equação acima, o termo Coulombiano desloca o primeiro estado

excitado eletrônico para baixas energias, R-1, enquanto os termos de localização

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quânticos deslocam o estado para energias maiores, R-2. Conseqüentemente, a

primeira transição eletrônica (ou gap da banda) aumenta em energia com a

diminuição do diâmetro da partícula. Esta predição tem sido confirmada

experimentalmente para uma grande variedade de nanocristais semicondutores,

com um deslocamento para o azul no início da absorção da luz sendo observada

com a diminuição do diâmetro da partícula. Além disso, as bandas de condução e

valência nos materiais nanocristalinos consistem de conjuntos discretos de níveis

eletrônicos que representariam o estado da matéria entre o material molecular e o

bulk.

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CAPITULO 2 DESENVOLVIMENTO

A implementação, instalação e montagem dos experimentos foram

realizadas no Laboratório do Grupo de Óptica e Fototérmica, pertencente ao

Instituto de Física da UFU. Este grupo executor foi responsável pelo alinhamento

óptico, testes, ensaios, bem como do gerenciamento dos experimentos.

Foram utilizadas as técnicas de fotoluminescência (PL), como forma de

determinar as propriedades físicas dos PQs. A fotoluminescência da qual

dispomos no laboratório de espectroscopia óptica está em operação na faixa de

~350 nm até ~1100 nm. As medidas realizadas utilizando técnica de

espectroscopia Raman foram realizadas no Departamento de Física da

Universidade de Brasília, utilizando-se assim de uma das parcerias necessárias

para conclusão deste trabalho. Nossa equipe conta ainda com o apoio formal de

grupos teóricos do Instituto de Física da UFU.

Os programas de controle e automação dos equipamentos do

laboratório foram realizados através da linguagem LabView da National

Instruments. A participação da montagem e teste dos programas, bem como

participar da realização de todas as medidas experimentais e análises, foram

trabalhos dos alunos de iniciação cientifica, mestrandos e orientadores.

Os processos de síntese das amostras foram realizados pelo Instituto de

Química da Universidade de Goiás, dispondo assim de mais uma parceria do

Grupo de Óptica e Fototérmica (GOF) do Instituto de Física – UFU.

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14

2.1 – Viabilidade

Este trabalho de pesquisa foi viabilizado graça aos recursos técnicos e

humanos qualificados disponíveis, alcançando assim os objetivos.

O coordenador deste projeto possui experiência comprovada na

preparação e realização de experimentos na área de óptica. No Instituto de Física

da UFU, contamos com infra-estrutura disponível no Laboratório do Grupo de

Óptica e Fototérmica. A viabilidade deste projeto de pesquisa se mostrou concreta

visto que está apoiado em capacitados recursos técnicos e humanos, se

mostrando totalmente apto a alcançar os objetivos.

2.2 – Estrutura Utilizada na Pesquisa

No Instituto de Física da Universidade Federal de Uberlândia (INFIS-

UFU), contamos com a seguinte capacidade instalada e operante:

Realização de medidas experimentais de Fotoluminescência (PL),

Microluminescência (µ-PL), Fotocorrente (PC), Absorção Óptica (AO) e técnicas

similares:

• Espectrômetro Ocean Optics QE65000;

• Monocromador simples de 20 cm (1 un.);

• Monocromador Jobin-Yvon HR-320 (1 un.);

• Fotodetector de InGaAS (1 un.);

• Fotodetectores de silício e germânio (5 un. de cada);

• Laser de HeNe – 5 mW (5 un.);

• Lasers de diodo, baixa potência: 504, 532, 638, 670, 1310 nm e 1550nm;

• Laser de Ar+, 5W;

• Lâmpada de mercúrio com potência máxima de 1kW (1 un.);

• Fonte programável Voltagem-Corrente, AGILENT INST. (1 un.);

• Amplificador de corrente-tensão (1 un.);

• Osciloscópio (20 MHz);

• Nanoposicionadores piezoelétricos x-y-z, THORLABS, para realizar medidas

de varredura de microluminescência;

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15

• Laser de HeNe sintonizável (cinco comprimentos de onda);

• Medidor de cintura de feixe;

• Medidor de potência;

• Modulador ótico mecânico (chopper);

• Lentes diversas, postes, base para poste, etc;

• Fornecimento comercial de nitrogênio líquido; acessórios ópticos (espelhos

planos, lentes, prismas, suportes, posicionadores e trilhos);

• Oficina mecânica;

• Oficina eletrônica.

2.3 – Cronograma de Trabalho

O trabalho foi realizado durante três anos de iniciação cientifica. Para

tanto o cronograma descreve as fases do seu desenvolvimento.

TABELA 1 – Cronograma de Atividades desenvolvidas durante Iniciação Cientifica

ATIVIDADES 2007 2008 2009

1. Montagem das novas técnicas.

2. Caracterização física dos materiais

3. Tratamento dos resultados experimentais.

4. Análise dos resultados experimentais

5. Redação de relatórios.

6. Redação e encaminhamento de monografia.

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CAPITULO 3

METODOLOGIA

Para sintetizar as nanopartículas foi utilizada a síntese química coloidal,

de tal forma que os nanocristais podem ser preparados com precisão nanométrica

(10 a 100Å). Segundo Eisler et al. (2002), tais pontos quânticos nanocristalinos

podem ser considerados como uma “caixa quântica” de dimensões precisas e

com condições de contorno controladas.

As microesferas sintetizadas para os nossos estudos são consideradas

cavidades de Fabri-Pérot (meio óptico de amplificação), tais cavidades já foram

utilizados para demonstrar a capacidade de geração laser de PQs nanocristalinos,

incluindo as microesferas de poliestireno e de resposta dos ressonadores [Klimov

et al., 2002]. Nas microcavidades, existe um número de modos distintos de

ressonância óptica, estes são denominados Ressonância dos Modos de Galeria.

A microcavidade tri-dimensional proporciona efeito óptico de refração,

como as microesferas possuem um índice de refração maior que o meio vizinho,

ocorre que a emissão dos pontos quânticos permanece confinada no interior das

microesferas, não sendo absorvido pelo meio externo. As microcavidades

possuem diâmetro comparável ou ligeiramente maior que o comprimento de onda

da luz emitida, ou seja, poucos microns.

Compostos semicondutores II-VI como PQs de CdS podem ser

sintetizados dentro de diferentes matrizes sob diferentes processos de produção

[Borrelli et al., 1987]. Os PQs semicondutores estão embutidos nas microcavidade

esféricas, a luminescência do PQs “casa” com os modos ressonantes da cavidade

da microesfera polimérica, existe assim um ponto inicial de emissão estimulada,

ou seja, um processo de emissão laser.

Existem previsões de que Pontos Quânticos Nanocristalinos (PQN)

assumirão o papel principal na área de aplicações laser, pois são capazes de

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17

proporcionar um desempenho superior em comparação com semicondutores de

dimensões mais altas.

A técnica que utiliza o copolímero Sty-DVB como matriz para

nanocompósitos de semicondutores é pioneira, consta na literatura apenas a

utilização de Sty-DVB como hospedagem de nanopartículas magnéticas (Fe3O4).

Devido à estrutura discreta da transição óptica em PQs, o decaimento

dos estados mais baixos "emissores" é inibida. Este copolímero foi sintetizado

primeiramente na forma de microesferas, tornando-se ideal para estudar

microcavidades. Neste trabalho, microesferas de tamanho (diâmetro médio de

30µm) mesoporosas construídas com copolímeros de Sty-DVB foram usados

como uma matriz para incorporar nanopartículas de CdS. O interesse em utilizar

um copolímero Sty-DVB como matriz na criação deste dispositivo é devido ao

grau bem definido das estruturas mesoporosas, e também pelo fato do material

polimérico em questão funcionar relativamente bem no processo de troca iônica.

Para caracterizar estes materiais usamos espectroscopia Raman e

espectroscopia de fotoluminescência (PL). Para caracterizar as nanopartículas de

CdS, utilizamos a técnica de micro-fotoluminescência (µ-PL), cuja montagem

experimental se encontra na figura 3. O feixe do laser incidente (comprimento de

onda de excitação a 532 nm) é focalizado dentro da amostra com

aproximadamente 1 µm.

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Figura 3 – Montagem experimental para micro-fotoluminescência utilizada na

caracterização óptica da microesferas poliméricas dopadas com pontos quânticos

de CdS.

A montagem utiliza um diodo laser (Nd:YAG – 532 nm), o feixe incidente

passa por um filtro de intensidade, por duas lentes convergentes, passa pelo

prisma e posteriormente pela objetiva onde é focalizado na amostra, capturamos

a imagem da amostra através de uma fibra óptica de 600 µm instalada após um

filtro “passa alto” de 530 nm; neste ponto foi montado um espelho retrátil que tem

a função de selecionar a imagem da amostra para o espectrômetro ou para CCD,

que por sua vez projeta a imagem em um visor LCD. O filtro “passa alto” tem a

finalidade de cortar a emissão no comprimento de onda do laser, proporcionando

uma captura de sinal sem interferências.

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Figura 4 – Montagem experimental de micro-fotoluminescência do Laboratório do

Grupo de Óptica e Fototérmica do Instituto de Física da Universidade Federal de

Uberlândia.

Figura 5 – Display de cristal líquido (LCD) utilizado para visualizar e dimensionar

as amostras, bem como a incidência do laser nas mesmas.

Para medir os diâmetros da microesferas criamos um padrão, para tanto

utilizamos estruturas de dimensões micrométricas no foco da CCD,

dimensionando assim a tela utilizada na visualização das amostras, construímos

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assim uma escala horizontal e vertical no LCD. Como pode ser verificado na

figura 5, cada 1 cm do “eixo X” equivale a 14 µm e cada 1 cm do “eixo Y” equivale

a 20 µm.

No estudo da emissão dos PQs nas microesferas poliméricas foi

utilizado um diodo laser (532 nm). Porém, devido às variações de intensidade de

emissão do diodo no decorrer do tempo de funcionamento, optamos pela

construção do circuito demonstrado abaixo, cuja finalidade é estabilizar a

intensidade do bombeamento do cristal de Nd:YAG pelo diodo laser (200 mW).

Figura 6 – Unidade de força para o diodo laser. Material utilizado: Unidade de

força (saída: 6 ou 9 Volts); transistor LM 317; capacitores de 1 e 22 uF, resistor 0-

20 Ω e dissipador térmico.

Para caracterizar as nanopartículas de CdS, foi utilizada a micro-

fotoluminescência (µ-PL). O laser (comprimento de onda de excitação em 532 nm;

potência de 10 mW) foi focalizado em uma microesfera com cerca de 30 µm e

com spot do laser de aproximadamente 3 µm. Porém, devido ao formato esférico

das amostras, o feixe foi fortemente centralizado no interior da amostra, atingindo

um ponto tão pequeno quanto 1 µm de largura.

O espalhamento Raman é realizado nos PQs de CdS embutidos nas

microesferas. A geometria é a de retroespalhamento, utilizando um espectrômetro

Jobin-Yvon em sistema micro-Raman triplo.

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3.1 - Amostra

O copolímero Sty-DVB utilizado neste estudo foi sintetizado por

polimerização em suspensão na presença de diluentes inertes, como descrita por

Rabelo et al. (2001). A solução contendo os monômeros (estireno-Sty e

divinilbenzeno-DVB), os diluentes (tolueno e heptano), e iniciador (2,2'-

azobisisobutyronitrile) foram adicionadas à solução aquosa, fase a temperatura

ambiente. O fluxograma na figura abaixo explica os principais passos. A

polimerização ocorre em 70oC e 400 rpm (velocidade de agitação), durante 24

horas. Após a formação, as esferas de copolímero foram então separadas,

lavados com água/etanol para remover os diluentes e secas a vácuo.

As nanopartículas de CdS estão embutidas nas microesferas pelo

método de troca iônica simples.

FIGURA 7 – Fluxograma da preparação das microesferas copolímeros de Sty-

DVB.

A densidade aparente da amostra é de 0.44 g/cm3, área de superfície de

140 m2/g), o diâmetro comum dos poros é de 13 nm, o tolueno recuperado (1,52

cm3 / g), heptano recuperado (1,24 cm3 / g), percentagem do volume de inchaço

em tolueno (100%), e a percentagem do volume de inchaço em heptano

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(58%) foram os parâmetros utilizados para caracterizar o polímero esférico,

poliméricas micrométricas de modelo.

A sulfonação da esfera de Sty-DVB foi realizada utilizando ácido

sulfúrico concentrado (2g de polímero/30 mL de ácido sulfúrico). A reação foi

realizado na presença de dicloroetano (40% em volume com relação ao ácido

sulfúrico). As esferas de Sty-DVB foram primeiramente suspensas em

dicloroetano por alguns minutos. Então, acido sulfúrico foi adicionado lentamente,

enquanto a temperatura foi mantida a 70°C por 4 h.

As partículas de polímero Sty-DVB com diâmetro superior a 100 µm

foram separados por filtração, lavada abundantemente com água ionizadas, e

secas a vácuo, a 0°C por 24h. A capacidade de troca iônica (4,8 mmol de H+ / g)

foi determinada como descrito na literatura [Helfferich et al., 1962]. As

nanopartículas de CdS foram incorporadas nas microesferas por troca iônica. As

microesferas obtidas demonstraram uma superfície perfeita para síntese, com

diâmetros variando de 20 a 100 µm.

FIGURA 8 - Imagem obtida a partir de câmera CCD. Cada microesfera

demonstrada acima possui aproximadamente 30 µm.

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3.2 - Síntese em materiais com cavidades de geometria bem definida.

O método de síntese dos PQ semicondutores permitiu o crescimento de

nanopartículas com uniformidade de composição, forma, dimensão e estrutura. A

utilização de nanocristais em dispositivos optoeletrônicos requer a preparação de

nanocristais monodispersos, permitindo obter propriedades físicas apropriadas. A

obtenção de uma amostra na qual os nanocristais se apresentem com reduzida

dispersão de dimensão só é possível se o procedimento de síntese assegurar

uma elevada velocidade de nucleação e uma baixa velocidade de crescimento

das partículas. São vários os procedimentos de preparação conhecidos, porém

apenas alguns deles conduzem à obtenção de amostras com qualidade. O uso de

materiais cristalinos sólidos com estrutura bem definida e que apresentem

cavidades de dimensões moleculares, tais que os zeólitos e micelas inversas,

podem ser utilizados como um meio apropriado para promover o crescimento e a

aglomeração de nanocristais.

3.2.1 - Polímeros contendo nanopartículas de semicondutores.

Os materiais amorfos como polímeros, podem ser utilizados como um

meio para promover o crescimento de cristais e a aglomeração de nanocristais

em sua matriz. Os polímeros apresentam propriedades mecânicas e ópticas

adequadas para se produzirem materiais compósitos contendo nanopartículas de

semicondutores. O tamanho das nanopartículas de CdS formadas é controlado

pela concentração da solução de Cd2+ utilizada no processo de troca, permitindo

obter nanopartículas cujas dimensões variam entre 1.5 e 15 nm.

Pelo processo de síntese utilizado, obtêm-se ótimos compósitos de

nanopartículas. Este método proporciona a obtenção de partículas de CdS com

dimensões da ordem dos mesoporos da estrutura matriz (13nm). O mesmo

método de síntese pode ser empregado para preparar compósitos poliméricos

contendo nanopartículas de CdSe.

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Figura 9 – Imagens do porta-amostra desenvolvido para realização da absorção

óptica das microesferas copolímeros de Sty-DVB dopada com PQs de CdS.

A absorção foi realiza através de uma técnica especial, como havia um

espalhamento de luz relativamente grande nas microesferas devido a sua

geometria. Foi necessário quebrar as mesmas através de um mini-prensa, para

tanto, utilizamos as superfícies planas de um micrometro e posteriormente

depositamos as microesferas em uma lamínula de vidro para microscopia (18 mm

x 18 mm) de 100 µm de espessura, a mesma foi coberta com outra lamínula de

vidro e lacrada com cola epóx.

Para selecionarmos as microesferas utilizamos um microscópio com

ampliação de 300 vezes, para manipular as esferas foi utilizado a ponta de

seringa de aplicação de insulina, a ponta metálica desta agulha contem

aproximadamente 60 µm.

Figura 10 – À esquerda microscópio utilizado na manipulação das microesferas

com ampliação de 300 X. A direita seringa utilizada para separar a microesfera

escolhida das demais.

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FIGURA 11 – Porta-amostra construído com a finalidade de isolar uma única

microesfera em contato com aponta de uma fibra óptica de 50µm. Esta montagem

se encontra em fase de protótipo.

Esta montagem experimental tem a finalizada de aproveitar a

capacidade de resposta das microesferas utilizadas no desenvolvimento de um

dispositivo optoeletrônico; um dispositivo sensor que se utilizaria da variação do

índice de refração da microesferas de acordo com o meio onde a mesma é

colocada. Tal dispositivo se torna possível visto que os modos da cavidade

ressonante das microesferas estão inteiramente ligados com índice de refração

das mesmas, como estas esferas são porosas, ao submetermos as mesmas à

fluidos diferentes, estas absorverão tal fluido, o que mudariam o índice de

refração das mesmas.

O comprimento longitudinal da cavidade (zona ativa) é dado por:

onde: m é o numero de interações, λ é o comprimento de onde, n o índice de

refração e L a distância linear da cavidade ressonadora. É este tipo de cavidade

que permite que a radiação fique confinada no meio ativo de tal modo que possa

estimular decaimentos eletrônicos. Este novo tipo de dispositivo confina a zona

ativa do laser numa região muito pequena.

(3)

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Figura 12 – Frascos contendo amostras das microesferas poliméricas dopadas

com PQs de CdS. Da esquerda para direita ocorre a variação da concentração de

CdS nas microesferas, tais alterações são provocadas pelo número de ciclos

pelos quais passaram os polímeros: 1, 2 ou 3 ciclos.

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CAPITULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As microesferas poliméricas de styrene-divinylbenzene (Sky-DVB) foram

produzidas através de polimerização de suspensão na presença de diluentes

inertes. Utilizamos os mesoporos presentes nas superfícies das microesferas para

alocação dos nanocristais de CdS estável. Caracterizamos estes nanocristais de

CdS com espectroscopia Raman, absorção e micro-fotoluminescência.

O gráfico abaixo representa o espectroscopia Raman das nanopartículas

de CdS, onde tais medidas foram realizadas a temperatura ambiente.

Figura 13 – Espectro Raman das microesferas poliméricas dopadas com pontos

quânticos de CdS, estas medidas foram realizadas em uma geometria de

backscattering usando um sistema microraman triplo Jobin-Yvon. O comprimento

de onda de excitação utilizado foi de 488 nm.

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Os espectros Raman das microesferas foram medidos como mostrado

na Figura 13 usando a linha de excitação 488 nm de um laser de argônio. Os

sinais Raman da amostra são fortes para o fônon longitudinal óptico do CdS

localizado em 280,3 cm-1, de acordo com o esperado pelo comportamento dos

modo de vibrações na estrutura da liga CdS.

Observamos emissão aumentada e ação laser em certos comprimentos

de onda que correspondem à galeria ressonante dos modos da microesfera. A

alta estabilidade óptica e o baixo custo do laser fazem este sistema óptico

bastante promissor em aplicações de microlaser.

FIGURA 14 - Fotoluminescência e espectro de absorção de nanopartículas de

CdS embutidas em mesoporos de microesferas de styrene-divinylbenzene (Sty-

DVB). Medidas realizadas à temperatura ambiente.

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Figura 15 - Espectro de PL à temperatura ambiente de um grupo de microesferas

(a) e de uma única microesfera polimérica focalizada pelo laser (b).

Figura 16 – Normalização do espectro de PL e demonstração dos modos

ressonantes de galeria das microesferas. O Espectro de PL foi realizado a

temperatura ambiente, onde o feixe laser se concentrava em uma única

microesfera.

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A figura 16 mostra o espectro de emissão de uma única microesfera

com diâmetro médio de 30 µm. Detalhes da estrutura com modos de galeria

ressonante são mostrados nesta figura. Existe uma modulação periódica que

atribuímos aos modos ópticos da microcavidade esférica.

Uma das razões para observar este fenômeno é devido ao largo

espaçamento entre os níveis dos PQs. Os excitons confinados permitindo que a

emissão espontânea amplificada (ASE) ocorra em níveis mais baixos. Devido à

estrutura discreta das transições ópticas em PQs, o decaimento térmico dos

níveis mais baixos é inibido. Portanto, os PQs apresentam um desempenho

relativamente superior para aplicações de laser.

A estratégia adotada na síntese dos filmes poliméricos contendo

nanopartículas de CdS envolveu a coordenação de íons Cd2+ com os grupos –OH

do polímero, seguida da reação com os S2-. A figura 15-a apresenta os espectros

de PL das microesferas de CdS em grupo, na concentração inicial de íons Cd2+ de

10-2 mol/L, não foi possível demonstrar variações nas concentrações de CdS nas

microesferas, devido às falhas do equipamento experimental ocorridas nas

últimas semanas de ensaio. Ficando tais medidas como sugestão para trabalhos

futuros.

É possível observar que os picos das bandas se deslocaram de 2.30 eV

na figura 15-a para 2.17 eV na figura 15-b, indicando uma diminuição do tamanho

médio das nanopartículas de CdS.

A banda de emissão observada com intensidade máxima em ~2.2 eV

pode ser atribuída à transição ao primeiro estado de excitação, confirmando o

efeito de confinamento quântico das nanopartículas de CdS.

As microcavidades laser constituem um sistema atrativo para duas

linhas de pesquisas fundamentais: a eletrodinâmica quântica das cavidades e a

optoeletrônica. Uma das principais qualidades é a capacidade de emissão laser

não convencional, emissão laser causada pelo acoplamento entre o campo óptico

da matriz polimérica e o meio ativo dos monocristais.

Com relação à geometria das matrizes poliméricas, existem diversos

tipos de microcavidades, estas podem ter formatos de esferas, anéis, discos e

outras, porém todas podem ser caracterizadas como cavidades de Fabry-Perot.

Para potencializar a capacidade de emissão laser das cavidades é

necessário que se tenha um elevado fator de Qualidade (Q) para confinar a luz

Page 39: Caracterização Óptica de Pontos Quânticos Semicondutores ... · Nesse contexto este trabalho tem função de contribuir no avanço da ... uma pequena ilha de um material com um

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em uma região de maior ganho.

Calculamos o valor de fator de qualidade Q que usa a expressão

seguinte:

Onde 2ћγ é a Lorentziana que ajusta a largura dos modos de cavidade e ћω0 é a

energia de fóton.

Calculamos que o fator de qualidade Q é de 1142 para o comprimento

de onda a 532 nm. Pode-se concluir que, ao incorporar os nanocristais de CdS

na cavidade da microesfera, ocorre uma forte junção entre os estados fotônicos e

eletrônicos.

Nanopartículas semicondutoras de CdS foram sintetizadas com sucesso

em uma matriz polimérica. A espectroscopia Raman indicou o crescimento das

nanopartículas, enquanto os espectros de fotoluminescência mostraram

decréscimo da intensidade de emissão com o aumento da concentração.

Materiais luminescentes foram obtidos, indicando a eficiência do uso do polímero

no controle do crescimento das nanopartículas de CdS, que apresentaram efeito

de confinamento quântico.

O CdS é um material grandemente absorvente de radiações com

energias maiores que o gap (2.42 eV ; 512 nm, a temperatura ambiente ), além

disso é capaz de absorver radiações menos energéticas por mecanismos de

absorção de 2 e 3 fótons.

De acordo com estes resultados podemos dizer que as microesferas em

questão são compostos pelo elemento estrutural e pelo elemento semicondutor

CdS, mas não sabemos em que forma está distribuído o CdS na matriz. Para dar

um resultado mais preciso sobre a estrutura e composição deste filme é

necessário utilizar técnicas que permitam observar o interior das amostras com

precisão nanométrica, ou seja, Microscopia Eletrônica de Transmissão.

Não descartamos a possível presença conjunta de partículas de CdS

com estrutura wutzita (hexagonal) e partículas com estruturas zincblend (cúbica),

pois se existirem estas partículas elas podem se formar em diferentes condições

de equilíbrio locais. Comparando nossos resultados com os resultados de outros

investigadores podemos supor que partículas nanométricas de CdS, devem ter

(4)

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32

dimensões de alguns angstrons.

Na literatura Wang et al. observaram filmes através de microscopía de

força atômica partículas com dimensão media maiores que 70 angstrons e 250

angstrons (com annealing). Porém, não foi observado o deslocamento para o azul

na banda de emissão de PL correspondente às transições diretas.

Por último indicamos que a única causa que conhecemos que provoca

deslocamento espectral para o azul na absorção óptica é a dimensão nanométrica

das partículas semicondutoras, portanto nas nossas amostras este deslocamento

já seria um indício da presença de nanocristais de CdS.

A técnica utilizada é uma técnica que se mostrou estabelecida na

fabricação de PQs semicondutores, com propriedades úteis para o estudo da

física fundamental e para a aplicação em dispositivos. Os PQs que se formam

durante o processo, exibem alta qualidade de emissão óptica, grande

espaçamentos nos níveis de energia, alta densidade areal e confinamento de

elétrons e buracos. As propriedades dos PQs abrem a possibilidade real da

aplicação em dispositivos, como por exemplo PQs lasers. Os PQs também

fornecem condições para o estudo fundamental de processos optoeletrônicos em

estruturas semicondutoras zero-dimensionais.

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33

Figura 17 – Variação da intensidade do feixe laser sobre a amostra.

Pela figura 17 verificamos que os comprimentos de onda para os

variados “picos” e “vales” não se alteram quando se intensifica a potência do laser

sobre as amostras, garantido mais uma vez que as oscilações observadas são

realmente os modos ressonantes da galeria da microesfera dopada com PQs de

CdS. Verifica-se também que com maior intensidade do feixe, existe uma maior

emissão dos PQs, assim as distâncias entre “picos” e “vales” vão sendo

camufladas, pois as emissões se sobrepõem umas sobre as outras.

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CAPITULO 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em resumo, nanopartículas opticamente estável de CdS foram

sintetizadas em copolímero de estireno-divinilbenzeno mesoporosa. Além disso, o

sistema nanocristalino CdS quantitativa foi utilizada para investigar os efeitos de

emissão laser em microesferas. Esses esforços podem ser direcionados para a

fabricação de um laser sintonizável de cristal fotônico pela incorporação PQs em

estruturas fotônicas.

A espectroscopia Raman indicou o crescimento das nanopartículas,

enquanto os espectros de fotoluminescência mostraram o decréscimo da

intensidade de emissão com o aumento da concentração.

Materiais luminescentes foram obtidos, indicando a eficiência do uso do

polímero no controle do crescimento das nanopartículas de CdS, que

apresentaram efeito de confinamento quântico.

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35

5.1 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Scientific, Singapore, 1998).

Bimberg, D.; Grundmann, M.; Ledentsov, N.N.; Quantum Dot Heterostructure

(Wiley, 1999).

Borrelli N. F., Hall D. W., Holland H. J., and Smith D. W., J. Appl. Phys. 61, 5399

(1987).

Braun, P.F.; Lombez, L.; Marie, X.; Urbaszek, B.; Amand, T.; Renucci, P.;

Gauffier, J.-L.; Kalevich, V.K.; Kavokin, K.V.; Krebs, O. and Voisin, P.; Spin

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of Phys. 36, 482-487 (2006).

Brus L., Electronic wave functions in semiconductor clusters: experiment and

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