características dos valores

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Características dos valores Polaridade – isto porque os valores apresentam-se em polos opostos, como por exemplo, belo/feio, justo/injusto, belo/mau. Diversidade – a diversidade é uma das características dos valores porque é possível evidenciar a sua pluralidade nos diferentes tipos de valores. Hierarquização – os valores podem ser reconhecidos como mais importantes ou menos importantes, atendendo às carências e experiências de vida de cada um. Podem então ser escalonados por cada pessoa. Subjetividade – pode-se dizer que os valores são subjetivos porque cada pessoa sente a necessidade de reajustar a sua escala de valores em função das suas experiências e necessidades. Dita-se então que os valores dependem de pessoa para pessoa. Relatividade – os valores dizem-se relativos, no sentido de relativos ao homem, e às circunstâncias que nele atuam. Ou seja, um mesmo sujeito, estando num deserto sem quaisquer recursos ou em casa com acesso a água potável, o valor que ele daria à agua iria ser completamente diferente, isto porque atuou nele uma circunstância, neste caso espacial. Podemos evidenciar ainda, circunstâncias pessoais, sociais e culturais. Acerca dos valores, pode-se dizer ainda que não podem ser adquiridos racionalmente, mas sim, afetiva e emocionalmente, e não são propriedades dos objetos, ou seja, não estão contidos neles. Definição de valor Apesar de várias tentativas, por parte de filósofos, de definir valor, nenhuma delas é universalmente aceite, isto porque surgem perguntas às quais sobrevêm distintas respostas. Dentro das perguntas mais colocadas, destaca-se a que questiona se os valores serão objetivos ou subjetivos. É a propósito dessa questão que Johannes Hessen publicou a obra, Filosofia dos Valores, que apresentou uma síntese de três perspetivas distintas de encarar o valor: valor como uma vivência,

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Page 1: Características Dos Valores

Características dos valores

Polaridade – isto porque os valores apresentam-se em polos opostos, como por exemplo, belo/feio, justo/injusto, belo/mau.

Diversidade – a diversidade é uma das características dos valores porque é possível evidenciar a sua pluralidade nos diferentes tipos de valores.

Hierarquização – os valores podem ser reconhecidos como mais importantes ou menos importantes, atendendo às carências e experiências de vida de cada um. Podem então ser escalonados por cada pessoa.

Subjetividade – pode-se dizer que os valores são subjetivos porque cada pessoa sente a necessidade de reajustar a sua escala de valores em função das suas experiências e necessidades. Dita-se então que os valores dependem de pessoa para pessoa.

Relatividade – os valores dizem-se relativos, no sentido de relativos ao homem, e às circunstâncias que nele atuam. Ou seja, um mesmo sujeito, estando num deserto sem quaisquer recursos ou em casa com acesso a água potável, o valor que ele daria à agua iria ser completamente diferente, isto porque atuou nele uma circunstância, neste caso espacial. Podemos evidenciar ainda, circunstâncias pessoais, sociais e culturais.

Acerca dos valores, pode-se dizer ainda que não podem ser adquiridos racionalmente, mas sim, afetiva e emocionalmente, e não são propriedades dos objetos, ou seja, não estão contidos neles.

Definição de valor

Apesar de várias tentativas, por parte de filósofos, de definir valor, nenhuma delas é universalmente aceite, isto porque surgem perguntas às quais sobrevêm distintas respostas. Dentro das perguntas mais colocadas, destaca-se a que questiona se os valores serão objetivos ou subjetivos.

É a propósito dessa questão que Johannes Hessen publicou a obra, Filosofia dos Valores, que apresentou uma síntese de três perspetivas distintas de encarar o valor: valor como uma vivência, como qualidade ou como ideia. A cada perspetiva encontra-se associada uma vertente filosófica diferente, apresentando cada uma delas, a sua definição de valor.

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O Psicologismo é a vertente filosófica que encara o valor como uma vivência pessoal. De acordo com esta posição, os valores são subjetivos, isto significa que estes estão totalmente dependentes do sujeito. Assim, esta posição filosófica defende que os objetos não são desejados pelo seu valor ou por alguma qualidade específica, mas sim pelo significado que cada pessoa lhe atribui.

Outra perspetiva filosófica que se aproxima do Psicologismo, é o Emotivíssimo. Esta teoria, desenvolvida por Charles Leslie Stevenson defende que os juízos de valor são, nem mais nem menos, que a exteriorização dos nossos sentimentos ou emoções, e que assim, não podem ser avaliados segundo a verdade ou a falsidade, distinguindo-os assim, dos juízos de facto, sobre os quais se pode refletir criticamente.

Ao defender a subjetividade dos valores, estas perspetivas defrontam algumas dificuldades: a primeira baseia-se na impossibilidade de aclarar a permanência dos valores na vida dos homens; uma segunda, que está relacionada com a primeira, é pelo facto de assim se inviabilizar a possibilidade de os diferentes indivíduos se entenderem acerca dos valores que aprovam. Assim, poderá colocar-se a seguinte questão, “Se os valores são totalmente subjetivos, como posso, por exemplo, provar a um defensor da pena de morte que ela corresponde a uma prática injusta?”

A perspetiva filosófica que encara o valor como uma qualidade é o Naturalismo. Esta posição, defende a existência dos valores como qualidades das coisas, ou seja, que estes são objetivos. Assim, segundo esta vertente filosófica, dita-se que, por exemplo, a beleza de uma pessoa encontra-se nela mesmo, e que cabe ao homem descobri-la.

Segundo esta teoria, não é possível fazer a distinção entre um juízo de facto e um juízo de valor. Um exemplo, um sujeito afirma que uma determinada pintura é bela; adotando a vertente filosófica do naturalismo, que diz que os valores encontram-se nos objetos, seria possível classificar a afirmação do sujeito como verdadeira ou falsa, dependendo dos valores que a pintura contivesse. Desta maneira erradicavam-se os juízos de valor, passando estes, a juízos de facto, podendo estes, serem sempre classificados como verdadeiros ou falsos.

Esta perspetiva filosófica, tal como a anterior, depara-se com algumas dificuldades. Partindo do pressuposto que os valores são objetivos, esta vertente vê-se impossibilitada de explicar o contraste das opiniões dos indivíduos a

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propósito dos valores. Por exemplo, “se os valores são objetivos, por que será que nem todos encontramos a beleza numa mesma obra de arte?”

A vertente filosófica que encara o valor como uma ideia é o Ontologismo. Desta perspetiva, os valores existem em si mesmo, e são assim, independentes dos objetos reais, do espaço e do tempo em que nos encontramos. Pode-se dizer então, que os objetos estão dependentes dos valores para se tornarem valiosos ou não. Deste ponto de vista, os valores são imateriais, intemporais e imutáveis.

Considerando Platão o representante mais antigo desta vertente filosófica, pode-se dizer que, para perceber o bem de uma Acão, é necessário procurar as verdadeiras essências do bem, que se mantêm inalteráveis ao longo dos anos. Assim, esta perspetiva, dita que os valores não dependem do sujeito, nem existem em função dele. No entanto, também não é necessária qualquer relação com os objetos, já que os valores existem como um mundo à parte.

Ao se considerar os valores como essências absolutas, independentes do sujeito, do espaço e do tempo em que se situam, surge um obstáculo na fundamentação da perspetiva. Será possível a existência de um mundo dos valores separado do mundo real e humano?

Conclusão:

Como se constatou, as diferentes vertentes filosóficas, encontram-se a favor ou da subjetividade ou da objetividade dos valores. Qualquer uma delas se depara com obstáculos, porque todas são, como afirmou Johannes Hessen, exclusivistas e unilaterais.

Na tentativa de garantir uma saída para o problema, capaz de ultrapassar a oposição entre subjetivismo e objetivismo, Adolfo Sánchez Vázquez aponta uma série de características ou, como lhe chama, traços essenciais dos valores:

Os valores não são entidades ideais ou irreais.

Uma vez que os valores não constituem um mundo à parte, estes são apenas propriedades dos objetos.

Esses valores apenas se podem exteriorizar através das propriedades reais (naturais ou físicas) que constituem o objeto. Ex: aquele caderno cor-de-laranja é mesmo giro. Teve de se basear no facto do caderno ser cor-de-laranja.

As propriedades reais que sustentam o valor só são valiosas potencialmente. Para estas se converterem em propriedades valiosas efetivas, é indispensável

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que o objeto se encontre em relação com o homem, com os seus interesses e necessidades.

O problema da natureza dos valores

“Os valores são coisas ou ideias?”

Objetividade:Os valores são objetivos; encontram-se nos objetos; podem ser reconhecidos como qualquer outro facto.

Subjetividade:Os valores são subjetivos; dependem do sujeito

“Os valores existem em si mesmo ou só existem no sujeito?”

Absolutividade:Os valores são absolutos, isto é, não dependem de nada, nem do sujeito, nem do objeto, valem por si mesmos.

Relatividade:Os valores são relativos porque dependem da valoração do sujeito. 

“Os valores são imutáveis ou evoluem com o tempo?”

Perenidade:Os valores são intemporais, não sofrem alterações nem acompanham a história antropológica.

Historicidade:Os valores acompanham o tempo; sofrem alterações em função da história da humanidade. 

Vejamos agora a relação existente entre estes conceitos:

Se uma pessoa, defensora da objetividade dos valores, que considera uma mulher bela, está, indiretamente, a apoiar a absolutividade pois, se se aceita que a beleza se encontra na mulher, todos a acharão bela. Deste modo, possuindo a mulher o valor da beleza, esta permanecerá bela ao longo tempo, (perenidade).

Por outro lado, um indivíduo que considere uma Acão injusta, e sendo defensor da subjetividade dos valores, está a admitir que os valores estão dependentes do sujeito, variando então, consoante o mesmo, (relatividade). Isso significa, indiretamente que estes vão sofrer alterações ao longo do tempo, acompanhando a evolução do homem, (historicidade).

Pode-se concluir então, que ao apoiar qualquer um dos conceitos mencionados, estar-se-á também a apoiar, indiretamente outros dois conceitos que lhes estão associados.