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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E QUALIDADE DA CARNE DE OVINOS TERMINADOS EM PASTAGENS CULTIVADAS CYNTHIA GABRIELA FERNANDES DE ARAÚJO MACAÍBA/ RN BRASIL JULHO/2012

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Page 1: CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E QUALIDADE … · partilha de conhecimentos técnicos e pelos grandes momentos vividos entre nós. Essa turma deixou saudades! Em especial,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL

CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E QUALIDADE DA

CARNE DE OVINOS TERMINADOS EM PASTAGENS

CULTIVADAS

CYNTHIA GABRIELA FERNANDES DE ARAÚJO

MACAÍBA/ RN – BRASIL

JULHO/2012

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CYNTHIA GABRIELA FERNANDES DE ARAÚJO

CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E QUALIDADE DA

CARNE DE OVINOS TERMINADOS EM PASTAGENS

CULTIVADAS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,

Campus de Macaíba, como parte das

exigências para a obtenção do título de

Mestre em Produção Animal.

Orientador: Prof. Dr. Marcone Geraldo

Costa

MACAÍBA/ RN – BRASIL

JULHO/2012

Page 3: CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E QUALIDADE … · partilha de conhecimentos técnicos e pelos grandes momentos vividos entre nós. Essa turma deixou saudades! Em especial,

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CYNTHIA GABRIELA FERNANDES DE ARAÚJO

CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E QUALIDADE DA

CARNE DE OVINOS TERMINADOS EM PASTAGENS

CULTIVADAS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,

Campus de Macaíba, como parte das

exigências para a obtenção do título de

Mestre em Produção Animal.

APROVADA EM: _____/____/_____

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________________

Prof. Dr. Marcone Geraldo Costa (UFRN)

Orientador

______________________________________________________

Prof. Dr. Paulo Sérgio de Azevedo (UFPB)

Primeiro Membro (Externo)

______________________________________________________

Prof. Dr. Gelson dos Santos Difante (UFRN)

Segundo Membro (Primeiro Tutor)

_______________________________________________________

Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel (UFRN)

Terceiro Membro (Segundo Tutor)

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Dedico este trabalho aos

meus pais, Leonila e Araújo,

por me apoiarem em mais

esta etapa da vida.

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“O valor das coisas não está

no tempo que elas duram,

mas na intensidade com que

acontecem. Por isso existem

momentos inesquecíveis,

coisas inexplicáveis e pessoas

incomparáveis.”

Fernando Sabino.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo dom da vida e por está sempre iluminando meus caminhos.

Aos meus pais, Leonila e Araújo, pelo grande amor dedicado. Pela confiança e

segurança sempre depositada em mim.

Ao meu orientador, Dr. Marcone Geraldo Costa, por toda sua paciência,

dedicação e generosidade ao longo do período do mestrado. Obrigada pela confiança

nesse projeto!

Aos professores e amigos Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel, Dr.

Gelson dos Santos Difante e Dr. Luciano Patto Novaes por sempre desprenderem um

pouquinho do seu tempo para ouvirem meus desabafos e me aconselharem nos

momentos que necessitei. Pelas horas de descontração, amizade e por todo ensinamento,

tanto acadêmico quanto de vida. Muito obrigada!

À Fazenda São Joaquim por nos disponibilizar toda a sua estrutura para a

realização dos abates dos animais experimentais.

Ao professor Dr. Paulo Sérgio de Azevedo por sempre está disponível a me

instruir assuntos sobre carcaça e por me disponibilizar o Laboratório de Avaliação de

Produtos de Origem Animal (LAPOA) da UFPB e toda a sua equipe, Joyanne Sousa,

Juraci Marcos, Eriane Guedes, Rackel Ferreira e Rogério, para dissecação e análises

físicas da carne. Gostaria de agradecê-los pela colaboração neste projeto!

À professora Dra. Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga por me

disponibilizar o Laboratório de Bromatologia da UFPB para que fossem realizadas as

análises de composição centesimal da carne e por toda a sua paciência ao me repassar

conhecimentos sobre o assunto.

À professora Dra. Priscilla Diniz pela amizade conquistada e pela imensa

atenção principalmente nos momentos mais complicados, por não ter me deixado

fraquejar! Obrigada pela grande ajuda!

Aos futuros Zootecnistas Polyana Hazbun e Mário Manso por me auxiliarem no

Laboratório de Bromatologia. Vocês foram de grande valia nesse momento.

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Ao professor Dr. Emerson Moreira de Aguiar por ter me cedido o Laboratório de

Nutrição Animal da UFRN para as análises químicas das gramíneas e ao laboratorista,

Luís, pela grande ajuda nas mesmas.

Ao Grupo de Estudos em Forragicultura (GEFOR) representado por Itânia

Araújo, Rayssa Vasconcelos, Leonardo Fernandes, Thiago Trindade, Rômulo Cortez,

Hewerton Cleyton, Joederson Dantas, Luís Eduardo, Nathália Fidelis, Anna Grasielle e

Marcio Gleybson Bezerra por todo apoio no desenvolvimento experimental. Sem vocês

eu não teria conseguido chegar até aqui!

À Gabriela Trindade e Mariana Campelo, meus sinceros agradecimentos por

todo auxílio no experimento, nas análises laboratoriais e pelo companheirismo. Vocês

foram essenciais no desenvolvimento deste trabalho!

Aos meus colegas de mestrado, Alano Luna, João Emerenciano Neto, José

Geraldo, Vitor Bruno, Mirela Guerra, Renata Coutinho e Vanessa Nunes por toda a

partilha de conhecimentos técnicos e pelos grandes momentos vividos entre nós. Essa

turma deixou saudades!

Em especial, a João Virgínio Emerenciano Neto pelo grande auxílio na execução

desse projeto e por toda ciência desenvolvida e compartilhada. Muito obrigada pela

força!

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ)

pelo apoio financeiro para execução deste projeto e a Coordenação de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudo.

À toda equipe do Programa de Pós-Graduação em Produção Animal por todo

auxílio durante a vida acadêmica.

E finalmente a todos que colaboraram direta ou indiretamente na conclusão desta

Dissertação, os meus sinceros agradecimentos!

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CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E QUALIDADE DA CARNE DE OVINOS

TERMINADOS EM PASTAGENS CULTIVADAS

Araújo, C. G. F. Características da carcaça e qualidade da carne de ovinos terminados

em pastagens cultivadas. 2012. 65 f. Dissertação (Mestrado em Produção Animal. Sub

área; Sistemas de Produção Sustentáveis no Semiárido) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN). Macaíba - RN, 2012.

RESUMO: Objetivou-se com este estudo avaliar a qualidade da carcaça e das

características físico-químicas da carne de ovinos criados em pasto de Brachiaria

brizantha e Panicum maximum. O experimento foi conduzido na área física do Grupo

de Estudos em Forragicultura (GEFOR), situado na Unidade Acadêmica Especializada

em Ciências Agrárias – Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, em

Macaíba, RN. Foram utilizados 32 cordeiros SPRD, obtidos de rebanhos do Estado,

com peso vivo (PV) médio de 24,5kg, distribuídos aleatoriamente em quatro

tratamentos constituídos por gramíneas tropicais, sendo duas cultivares de Brachiaria

brizantha, Marandu e Piatã; e duas de Panicum maximum, Aruana e Massai. A área

experimental tinha 2,88 ha, dividida em 4 piquetes de 0,72 ha, onde cada piquete

consistia de uma cultivar e era dividido em 6 parcelas de 0,12 ha, onde os animais

permaneciam sob pastejo rotacionado. O período de adaptação aos piquetes foi de sete

dias. No início do experimento os animais foram pesados, identificados com brincos

plásticos e colares coloridos de acordo com o tratamento, e tratados contra

endoparasitas. Os cordeiros eram soltos nos piquetes às 8 horas e recolhidos às 16

horas, onde retornavam às baias coletivas. Durante o tempo de pastejo os animais

tinham livre acesso ao suplemento mineral Ovinofós® com monensina e água. Antes de

entrarem nos piquetes eram colhidas amostras do pasto para caracterização da

composição química. A cada sete dias ocorriam às pesagens, com jejum prévio, para o

acompanhamento do desenvolvimento ponderal. As cultivares Marandu, Aruana, Piatã e

Massai foram pastejadas durante 133, 129, 143 e 142 dias, respectivamente, até os

cordeiros atingirem o peso de abate. Ao chegarem aos 32 kg os cordeiros foram

avaliados subjetivamente quanto a condição corporal por meio escores, passaram por

jejum de sólidos, dieta hídrica durante 16 horas e foram abatidos. Foram feitas

mensurações internas e externas nas carcaças além de avaliações subjetivas quanto à

musculosidade, acabamento e quantidade de gordura pélvico-renal, depois cada uma foi

dividida longitudinalmente em duas meias carcaças e foram feitos os cortes comerciais

na meia carcaça esquerda, logo após pesados e calculados seus rendimentos. Entre a 12ª

e a 13ª vértebras torácicas, foi realizado um corte para expor a secção transversal do

músculo Longissimus dorsi, sobre o qual foi traçada a área de olho do lombo (AOL) em

película transparente. A espessura de gordura da AOL e a medida GR foram

determinadas utilizando-se de paquímetro. A composição tecidual foi determinada

através da dissecação das pernas. Foram feitas as análises físicas (cor, perdas por cocção

e força de cisalhamento) e a composição centesimal da carne (umidade, cinzas, proteína

e lipídios) no músculo Longissimus dorsi. Pastagem de gramíneas tropicais de

Brachiaria brizantha cvs. Marandu e Piatã e de Panicum maximum cvs. Aruana e

Massai podem ser utilizadas para cordeiros SRPD na época chuvosa, pois não alteraram

as características físico-químicas e composição centesimal da carne.

PALAVRAS CHAVE: análises físicas, composição centesimal, cordeiro, gramíneas

tropicais, pastejo, rendimento de carcaça

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CHARACTERISTICS OF THE CARCASS AND MEAT QUALITY IN SHEEP

OF FINISHED CULTIVATED PASTURES

Araújo, C. G. F. Characteristics of the carcass and meat quality in sheep of finished

cultivated pastures. 2012. 65 f. Master Science Degree in Animal Production. Sub Area:

Sustainable Production Systems in Semi-Arid – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN). Macaíba, 2012.

ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the quality of housing and the

physical and chemical characteristics of meat from sheep raised on pasture Brachiaria

brizantha and Panicum maximum. The experiment was conducted in the physical area

of the Study Group on Forage (GEFOR), located in the Academic Unit Specialized in

Agricultural Sciences - Federal University of Rio Grande do Norte - UFRN in Macaíba,

RN, Brazil. We used 32 lambs SPRD, obtained from herds in the state, with liveweight

(LW) of 24.5 kg were assigned randomly to four treatments consisting of tropical

grasses, two cultivars of Brachiaria brizantha, Marandu and Piatã, and two of Panicum

maximum, Aruana and Massai. The experimental area was 2.88 ha, divided into 4

paddocks of 0.72 ha, where each picket consisted of a farm and was divided into six

plots of 0.12 ha, where the animals remained under rotational grazing. The period of

adaptation to the pickets was seven days. At the beginning of the experiment the

animals were weighed, identified with plastic earrings and necklaces colored according

to the treatment, and treated against. The lambs were loose in the paddock at 8 am and

collected at 16 hours, which returned to collective pens. During the time of grazing

animals had free access to mineral supplement with monensin Ovinofós ® and water.

Before entering the paddocks of pasture were sampled to characterize the chemical

composition. Every seven days occurred at weighing, with fasting, to monitor the

weight development. Cultivars Marandu, Aruana, Piatã and Massai were grazed for 133,

129, 143 and 142 days, respectively, until the lambs reach slaughter weight. Arriving at

32 kg lambs were evaluated subjectively for body condition score by, passed through

fasting period, diet and water for 16 hours were slaughtered. Measurements were made

in the inner and outer casings in addition to subjective evaluations regarding muscling,

finish and quantity of pelvic-renal fat, then each was divided longitudinally into two

half-carcases and cuts were made in the commercial left half, and after heavy calculated

their income. Between the 12th and 13th thoracic vertebrae, was performed a cut to

expose the cross section of the Longissimus dorsi, which was drawn on the rib eye area

(REA) in transparent film. Fat thickness and extent of AOL GR were determined using

a caliper. A tissue composition was determined by dissection of the legs. Analyzes were

performed physical (color, cooking loss and shear force) and chemical composition of

meat (moisture, ash, protein and lipids) in Longissimus dorsi muscle. Grazing tropical

grass Brachiaria brizantha cvs. Marandu and Piatã and Panicum maximum cvs. Aruana

and Massai can be used for lambs SRPD in the rainy season, because not alter the

physico-chemical and chemical composition of meat.

KEY WORDS: physical, chemical composition, lamb, tropical grasses, grazing, carcass

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Composição química dos cultivares experimentais utilizados ....................... 38

Tabela 2 - Características biométricas e coeficiente de variação (CV) de cordeiros

SPRD em pasto de gramíneas tropicais .......................................................................... 44

Tabela 3 - Características e rendimentos de carcaça médios de cordeiros SPRD em pasto

de gramíneas tropicais .................................................................................................... 45

Tabela 4 – Características morfométricas médias das carcaças de cordeiros SPRD em

pasto de gramíneas tropicais ........................................................................................... 46

Tabela 5 – Rendimento médio da composição regional das carcaças de cordeiros SPRD

em pasto de gramíneas tropicais ..................................................................................... 48

Tabela 6 – Mensurações de área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura da

carcaça e espessura máxima de gordura subcutânea (GR) de cordeiros SPRD em pasto

de diferentes gramíneas tropicais ................................................................................... 49

Tabela 7 – Composição tecidual média da perna de cordeiros SPRD em pasto de

diferentes gramíneas tropicais ........................................................................................ 50

Tabela 8 - Análises físico-químicas do Longissimus dorsi de cordeiros SPRD de acordo

com as dietas. .................................................................................................................. 51

Tabela 9 - Composição centesimal da carne de cordeiros SPRD em pasto de gramíneas

tropicais .......................................................................................................................... 53

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LISTA DE SIGLAS

a* - Teor de Vermelho da carne

AOAC – Association of Official Analytical Chemists

AOL – Área de Olho de Lombo

ARCO – Associação Brasileira de Criadores de Ovinos

b* - Teor de Amarelo da carne

CCS – Centro de Ciências da Saúde

CE – Ceará

CF – Comprimento do Fêmur

cm – Centímetro

CTGI – Conteúdo Gastrointestinal

cv – Cultivar

CV – Coeficiente de Variação

ED – Energia Digestível

EE – Extrato Etéreo

FAO – Food and Agriculture Organization

FC – Força de Cisalhamento

FDA – Fibra em Detergente Ácido

FDN – Fibra em Detergente Neutro

GEFOR – Grupo de Estudos em Forragicultura

GR – Grade Rule (Espessura máxima de gordura da carcaça)

ha - Hectare

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMP – Índice de Musculosidade da Perna

kg – Quilograma

kgf – Quilograma Força

L* - Teor de Luminosidade da carne

LAPOA – Laboratório de Avaliação de Produtos de Origem Animal

LIG - Lignina

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MIDIC – Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior

MM – Matéria Mineral

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MS – Matéria Seca

NDT – Nutriente Digestível Total

NIDA – Nitrogênio Insolúvel em Detergente Ácido

NIDN – Nitrogênio Insolúvel em Detergente Neutro

PA – Peso de Abate

PB – Proteína Bruta

PCQ – Peso de Carcaça Quente

PCF – Peso de Carcaça Fria

PCVZ – Peso do Corpo Vazio

pH – Potencial Hidrogeniônico

PJ – Perdas por Jejum

PM5 – Peso dos 5 Músculos que envolvem o fêmur

PPC – Perda de Peso por Cocção

PPR – Perdas Por Resfriamento

PV – Peso Vivo

RB – Rendimento Biológico

RCQ – Rendimento de Carcaça Quente

RCF – Rendimento de Carcaça Fria

RN – Rio Grande do Norte

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SPRD – Sem Padrão Racial Definido

SRD – Sem Raça Definida

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

1. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 14

1.1. MERCADO DA CARNE OVINA .................................................................. 14

1.2. UTILIZAÇÃO DE PASTAGEM TROPICAL DE PANICUM E BRACHIARIA

NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL ............................................................................... 16

1.3. COMPONENTES DA CARCAÇA......................................................................18

1.4. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA CARNE OVINA..................................19

1.5. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FÍSICO-QUÍMICAS QUE INTERFEREM

NA QUALIDADE DA CARNE ................................................................................. 21

1.5.1. pH ............................................................................................................. 21

1.5.2. Cor ............................................................................................................ 22

1.5.3. Perda de Peso por Cocção (PPC) .............................................................. 23

1.5.4. Textura (Maciez) ...................................................................................... 24

1.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................25

2. CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E QUALIDADE DA CARNE DE

CORDEIROS TERMINADOS EM PASTAGENS CULTIVADAS ............................. 34

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 35

2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 36

2.1. Caracterização do ambiente .............................................................................. 36

2.2. Animais e tratamentos ...................................................................................... 37

2.3. Características de carcaça ................................................................................. 38

2.4. Qualidade da carne ........................................................................................... 41

2.5. Análise estatística ............................................................................................. 43

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 43

3.1. Características biométricas ............................................................................... 43

3.2. Características e rendimentos de carcaça ......................................................... 44

3.3. Qualidade da carne ........................................................................................... 50

4. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 54

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 55

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1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1. MERCADO DA CARNE OVINA

Os ovinos estão espalhados em todos os continentes, porém estão localizados

principalmente na Ásia, Oceania e Europa. Países como China, União Europeia e

Austrália concentram mais de 30% do rebanho ovino mundial e quase metade da

produção de carne que vem crescendo de forma acelerada. Enquanto que, de 1990 a

2000, a produção aumentou 8,6%, de 2000 a 2008, cresceu 14,4% (MDIC & ARCO,

2010).

Segundo dados da FAO (2010) o rebanho mundial de caprinos e ovinos

constituiu em 1.939.243.000 cabeças com uma produção de 13,048 trilhões de toneladas

de carne no ano de 2009. A China foi o grande destaque, com sua produção tendo

quadruplicado no mesmo período. No entanto entre 2009 e 2010 houve um decréscimo

de 0,58% no número de animais e de 0,54% na produção de carne.

Atualmente a carne ovina é o produto de maior significância para o sistema

agroindustrial da ovinocultura em termos de valor de mercado, ao contrário do passado,

quando a lã era o produto mais importante. Países como Nova Zelândia e Austrália

respondem pela maior parte do comércio internacional de carne ovina, com participação

significativa em todos os principais mercados importadores. A maioria da produção do

primeiro país citado é exportada, pois este tem uma pequena população e, apesar do

consumo per capita ser alto, o excedente exportável torna o país o maior vendedor

mundial de carne ovina (MDIC & ARCO, 2010).

O mercado mundial vem crescendo e se consolidando, com um reconhecimento

cada vez maior da qualidade da carne dos animais mais jovens, que aliado ao contínuo

preço baixo da lã no mercado internacional, firmam a tendência de os rebanhos ovinos

voltarem-se para a produção de carne (SORIO, 2009).

De acordo com Segundo estudo feito por Sório (2009) o principal destino da

carne ovina exportada pela Austrália são os Estados Unidos, enquanto a Nova Zelândia

envia mais de metade de seu produto para a União Europeia. A China exporta carne

ovina principalmente para o Oriente Médio e o Norte da África. O Uruguai tem como

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grandes consumidores de sua carne ovina exportada a União Europeia e o Brasil. Já os

EUA exportam para o México e o Canadá.

A importação de carne ovina é bastante distribuída, porém 7 países adquirem

mais de 50% do volume comercializado internacionalmente. A União Europeia é a

principal importadora, com cerca de 1/4 das importações totais (MDIC & ARCO,

2010).

Conforme o Censo feito pelo IBGE (2010) o efetivo de ovinos no Brasil teve

aumento de 3,4% em 2010 comparativamente a 2009. O maior efetivo encontra-se na

Região Nordeste, 56,7% de todo total nacional, sendo o Estado do RN o 5º maior

rebanho da região e o 7º maior do país. Este efetivo tem como finalidade a produção de

carne , com raças deslanadas. A Região Sul representa outros 28,1% desse plantel,

sendo o Rio Grande do Sul o Estado com o maior número de animais.

De acordo com Leite & Simplício (2005) o mercado da carne ovina está em

franca ascensão em todo o país. Os preços praticados em 2005 no âmbito da unidade

produtiva representavam bem mais do que o preço pago pela carne bovina nas mesmas

condições.

O consumo de cada brasileiro de carne ovina, em média, é de 0,7kg/ano, o que

coloca esse tipo de alimento na 5ª posição entre as carnes tradicionais. Embora tenha

potencial para produzir carne de melhor qualidade do que a importada, o Brasil ainda

compra a carne ovina de outros países, especialmente, do Uruguai (MAPA, 2012).

Alguns estudos trazem estimativas sobre o consumo per capita em cidades

brasileiras, onde foi calculado um consumo de 0,59 kg por ano em Fortaleza (CE). Em

Natal (RN) estima-se que o consumo per capita anual chegue a 0,43 kg e no Distrito

Federal, 0,46 kg (SEBRAE, 1998; SEBRAE, 2001; SOUZA, 2006).

O consumo de carne ovina no Brasil tem apresentado crescimento contínuo nos últimos

anos, e está direcionado para nichos de mercado exigente. Este direcionamento exige

qualidade, cortes especiais e continuidade de abastecimento. A popularização do

consumo exige a organização da cadeia produtiva em todos os seus componentes

(SORIO, 2009).

Segundo Sorio et al. (2008) a oferta de carne ovina no Brasil está abaixo da

capacidade de consumo, que ainda pode subir com o uso eficiente de ações de

marketing, adoção de embalagens adequadas e oferta de produtos de qualidade, com

foco na carne de cordeiro. O baixo consumo de carne ovina no Brasil se deve à falta de

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hábito do consumidor, irregularidade da oferta, má qualidade do produto colocado à

venda e má apresentação comercial do produto oferecido no mercado interno.

De acordo com SEBRAE (2005) o consumidor de carne ovina está entre as

classes A e B, e se caracteriza pela exigência em qualidade e informações a respeito do

produto. No Distrito Federal, 52% dos consumidores de carne ovina têm renda mensal

acima de R$ 3 mil e 47% têm curso superior (SOUZA, 2006).

Em Campo Grande-MS, 92% dos consumidores já experimentaram carne ovina,

sendo que mais da metade deles afirmou consumir carne ovina pelo menos uma vez a

cada trimestre, e quase um terço consome uma vez por mês ou mais. A maioria dos

consumidores tem uma opinião favorável sobre a carne ovina. No mesmo estudo, 70%

dos consumidores afirmam que se a carne ovina estivesse disponível no cardápio

consumiriam os pratos com maior frequência (SORIO, 2009).

Para que o Brasil possa participar no mercado com a carne ovina competindo

com as outras carnes de consumo, precisa organizar todos os elos que compõem a

cadeia produtiva da ovinocultura, de forma a atender a demanda dos consumidores

internos, com produtos em quantidade e qualidade (CARVALHO et al., 2011).

1.2. UTILIZAÇÃO DE PASTAGEM TROPICAL DE PANICUM E BRACHIARIA

NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

O uso de pastagens cultivadas permite o aumento dos níveis de produção animal

por hectare e por ano no Nordeste brasileiro (ARAÚJO FILHO et al., 1999). Neiva

(2005) afirma que o objetivo principal de se usar intensivamente esse tipo de pastagem

não é substituir o uso das pastagens nativas, busca-se, apenas, intensificar a produção

nessas áreas para diminuir a pressão sobre as pastagens nativas, as quais constituem um

ecossistema bastante frágil.

As gramíneas forrageiras representam uma gama de alimentos que permitem a

obtenção de produtos de origem animal com menores custos (ROSANOVA, 2008).As

gramíneas tropicais, no conjunto das plantas forrageiras, estão entre as espécies

conhecidas de maior produtividade potencial. Suportam elevada carga animal, desde

que bem manejadas, resultando em alta produção de carne por unidade de área

(LAZZARINI NETO, 2000).

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De acordo com Silva (2004) as gramíneas dos gêneros Panicum e Brachiaria

predominam nas áreas de pastagens cultivadas do Brasil e são caracterizadas por serem

extremamente produtivas e adaptadas ao pastejo.

O potencial produtivo das gramíneas forrageiras tropicais tem sido ressaltado e

pode ser justificado pela existência de espécies forrageiras extremamente produtivas e

adaptadas ao pastejo, como é o caso dos capins do gênero Panicum, um dos mais

utilizados nas áreas de pastagens cultivadas no Brasil. O elevado potencial produtivo de

capins desse gênero tem sido amplamente documentado na literatura, em razão de sua

elevada capacidade de produção de forragem por unidade de área, elevada taxa de

crescimento, boa qualidade da forragem produzida e capacidade de suportar períodos de

seca (ROSANOVA, 2008).

Segundo Moreno (2004), foram relatadas produções de 11 a 61 toneladas de

MS/ha em cultivares de capins do gênero Panicum, sendo a produção correlacionada à

época do ano, a cultivar utilizada e a adubação.

De acordo com Silva, (2004) as plantas do gênero Panicum são menos flexíveis

que plantas como as do gênero Brachiaria por apresentarem limitações e/ou

dificuldades para serem manejadas sob lotação contínua, prevalecendo, de uma forma

geral, o seu uso na forma de pastejo rotacionado. Dentre as braquiárias, a Brachiaria

brizantha cv. Marandu (capim-Marandu) adquiriu uma grande expressividade nas áreas

de pastagens cultivadas e, por essa razão, tornou-se uma das plantas forrageiras mais

detalhadamente estudadas no meio científico nacional.

Segundo Neiva & Cândido, (2003) o uso intensivo de pastagens cultivadas é

uma importante ferramenta para o aumento da produtividade dos rebanhos ovinos e

deve ser encarado como tecnologia que exige conhecimentos das inter-relações solo-

planta-animal.

Conforme indica o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA,

(2012) o melhor uso das pastagens por meio de modernas técnicas agronômicas e

nutricionais, aliado aos investimentos em genética, contribuem para o crescimento da

produção animal, tendo em contrapartida, menor utilização de áreas. Além disso, as

novas técnicas reduzem a idade de abate e aumentam a qualidade da carne produzida.

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1.3. COMPONENTES DA CARCAÇA

Biologicamente, a carcaça é o corpo do animal abatido, sangrado, esfolado,

eviscerado, decapitado e amputado das patas, cauda, pênis e testículos nos machos e da

glândula mamária nas fêmeas (CESAR & SOUSA, 2007).

A produção de carcaças de qualidade depende da demanda do mercado e do

preço de acordo com o tipo de produto oferecido. A procura no mercado atual é por

produtos o mais natural possível, que não causem danos à saúde e que sejam produzidos

dentro das normas sanitárias, além de possuir níveis de gordura reduzidos (PIRES et al.,

2006). A carcaça deve apresentar níveis adequados de gordura, pois esta contribui

positivamente para diminuir a perda de líquidos (CEZAR & SOUSA, 2007).

Conforme destaca Santos et al. (2009) os consumidores contemporâneos exigem

um produto com máxima produção da parte comestível (i.e músculos) e quantidade

aceitável de gordura, assim, é necessária a utilização de uma categoria animal capaz de

melhorar o direcionamento de nutrientes para a deposição de músculos.

O desenvolvimento do cordeiro desde o nascimento, em condições ambientais

adequadas, é descrito por uma curva sigmoide, havendo um crescimento acelerado até

que se atinja a puberdade, diminuindo gradativamente até a maturidade. Os constituintes

básicos da carcaça são os músculos, ossos e gordura. De acordo com a maturidade

fisiológica o tecido ósseo apresenta um crescimento mais precoce, o muscular

intermediário, e o adiposo mais tardio (SANTOS et al. 2001).

Silva Sobrinho (2001) destaca que de acordo com a idade e o sexo do animal,

observam-se diferentes proporções de músculo, gordura e osso. Para maiores idades, há

diminuição da porcentagem de músculos e aumento na de gordura, tendo os ossos

menor variação em sua amplitude.

A composição da carcaça é alterada à medida que o animal cresce e desenvolve-

se (PÉREZ et al., 2007), estando relacionada à taxa de crescimento dos distintos tecidos,

o que pode variar em função de fatores como sexo (ROSA et al., 2005) e grupo genético

(FURUSHO-GARCIA et al., 2006).

Para garantir a suculência e o sabor, as carcaças de boa qualidade devem

apresentar elevada proporção de músculos, baixa proporção de ossos e adequada

quantidade de gordura intramuscular (BUENO et al., 2000).

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Segundo Gonzaga Neto et al. (2006) o desempenho e as características da

carcaça são influenciadas diretamente pela composição nutricional da dieta dos animais,

visto que das partes que compõem a carcaça a de maior interesse ao consumidor é a

carne, seja em quantidade, qualidade e distribuição na carcaça e nos cortes comerciais.

Estudos mostram que a dieta, determina possíveis variações na carcaça e na

composição tecidual e química dos cortes. O nível energético e diferentes dietas (ROSA

et al., 2002; MADRUGA et al. 2008); nível de proteína (ORTIZ et al., 2005,

CARVALHO & BROCHIER, 2008); associação de níveis de energia e proteína

(PRALOMKARN et al., 1995); animais terminados em pastagem (SANTOS et al.,

2009) dentre outros, são fatores que podem determinar maiores ou menores variações.

No sistema de produção de carne, as características quantitativas e qualitativas

da carcaça são de fundamental importância, uma vez que estão diretamente relacionada

ao produto final carne (OLIVEIRA et al., 2008).

De acordo com Tarouco (2003), o conhecimento das características quantitativas

e qualitativas das carcaças a serem comercializadas é de fundamental importância na

busca da melhoria da qualidade potencial do produto final.

Conforme Cezar (2004), a avaliação das características quantitativas da carcaça,

por meio da determinação do rendimento, composição regional, composição tecidual e

da musculosidade da carcaça, é de fundamental importância para o processo produtivo,

além de trazer benefícios a toda cadeia produtiva da carne ovina.

1.4. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA CARNE OVINA

A carne é considerada um alimento nobre para o homem, pois contribui, na

dieta, com proteínas de alto valor biológico e outros nutrientes essenciais para a vida

(PARDI et al., 1993).

De acordo com Silva Sobrinho (2001) a composição da carne não pode ser

descrita simplesmente em termos dos diferentes componentes e suas porcentagens, uma

vez que a carne inclui a carcaça completa junto com os músculos, tecidos gordurosos,

ossos, tendões, órgãos comestíveis e glândulas. Isto, obviamente fornece uma ampla

faixa de componentes e, por conseguinte, de composição e valor nutritivo. Assim sendo,

qualquer variação na composição resulta em grandes diferenças no valor nutritivo e/ou

composição centesimal.

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A raça, o sexo, a dieta, o manejo, a localização do músculo na carcaça entre

outros fatores, podem interferir na composição química da carne (MADRUGA et al.,

2005).

A água é o componente mais abundante na carne, que influi na sua qualidade

afetando a suculência, textura, cor e sabor (LAWRIE, 2005). Sendo a água o meio

universal das reações biológicas, sua presença influencia diretamente as reações que

ocorrem na carne durante o processo de rigor mortis, armazenamento e processamento

(ROCHA, 2009).

Sañudo (1992) estudando a composição química da carne de ovinos observou

que os valores podem variar de 65,5% a 80,0% de umidade, 16,0% a 22,0% de proteína,

1,5% a 13% de lipídios e 0,5% a 1,5% de minerais. Segundo Prata (1999), a

composição centesimal da carne ovina apresenta valores médios de 75,0% de umidade,

19,0% de proteína, 4,0% de gordura e 1,0% de minerais. Estes valores podem oscilar

com o estado de acabamento do animal, resultando em diminuição das porcentagens de

proteína e água e elevação do teor de gordura da carne. Sendo assim, com maiores pesos

de abate há tendência em aumentar o teor de gordura e diminuir o percentual de água na

carne (BRESSAN et al., 2001; BONAGURIO et al., 2003).

Martinez-Cerezo et al. (2005) pesquisando o efeito da raça, peso ao abate e idade

de cordeiros e seu efeito nas características físico-químicas da carne, observaram

valores de umidade de 75,23% a 76,74% e de gordura intramuscular entre 1,28% e

2,79% nas raças Aragonesa, Churra e Spanish Merino.

Madruga et al. (2005) analisando a utilização de quatro tipos de alimentos

volumosos na dieta de ovinos Santa Inês reportaram que a alimentação exerceu

influência significativa nos teores de composição centesimal da carne.

Pinheiro et al., (2008) avaliando a composição química do músculo Tríceps

brachii do corte da paleta de cordeiros não castrados ½ Ile de France x ½ Santa Inês

terminados em regime de confinamento e abatidos aos 32 kg encontraram valores

médios de 74,05% ± 1,05 de umidade, 18,85% ± 0,50 de proteína, 5,36% ± 1,02 de

gordura, 1,15% ± 0,04 de cinzas e 0,59% ± 0,015 de carboidratos na composição

química da carne.

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1.5. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E FÍSICO-QUÍMICAS QUE INTERFEREM

NA QUALIDADE DA CARNE

1.5.1. pH

Conforme Ramos & Gomide (2009) o pH é um fator de grande influência na

qualidade e segurança dos alimentos. Em carnes, exceto para derivados acionados de

outros ácidos orgânicos, o pH está relacionado com o acúmulo de ácido lático oriundo

das mudanças post mortem. A quantidade e taxa de acúmulo de ácido lático na carne

tem influência importante na sua qualidade final, modificando, direta ou indiretamente,

a cor e a aparência, o sabor e o aroma, a textura (maciez e suculência) e as propriedades

funcionais (capacidade de retenção de água e capacidade emulsionante).

O pH final (pHf) do músculo, medido 24 horas post mortem constitui um fator

que exerce influência sobre vários parâmetros físicos e físico-químicos da carne, a

exemplo, da capacidade de retenção de água (CRA) perda de peso por cozimento (PPC)

e força de cisalhamento (FC), que podem variar conforme o pH final da carne

(BONAGURIO et al., 2003; BRESSAN et al., 2001; ROTA et al., 2006; ZAPATA et

al., 2000).

Dentre os diferentes fatores que influem na redução do pH e no seu valor final

alcançado na carne, o tipo de fibra muscular predominante e o conteúdo de glicogênio

muscular no momento do sacrifício, são provavelmente os mais importantes. As

características anatômicas do músculo, principalmente o tipo de fibra muscular

dominante, influem, sobretudo no pH final, já que o pH tem relação inversa com o

conteúdo de glicogênio acumulado no músculo no momento do abate, ou seja, quanto

mais elevado o teor de glicogênio mais baixo será o nível de pH muscular (CESAR &

SOUSA, 2007).

A velocidade de queda do pH, bem como o pH final da carne após 24-48 horas,

é muito variável. A queda do pH é mais rápida nos suínos, intermediária nos ovinos e

mais lenta nos bovinos (ROÇA, 2000a). Nos ovinos vivos, o pH dos músculos fica

entre 7,08 e 7,30, mas logo após o sacrifício esse valor cai para 7,0 e, posteriormente,

continua a cair até atingir valores entre 5,4 e 5,6 (CEZAR & SOUSA, 2007).

Teixeira et al. (2005) pesquisando a influência da raça, sexo e peso vivo na

qualidade da carne de cordeiro de duas raças, não encontraram diferenças significativas

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para pH final com valor médio em torno de 5,7. O mesmo foi encontrado por Martinez-

Cerezo et al. (2005) quando trabalharam com as raças Aragonesa, Churra e Spanish

Merino e por Silva Sobrinho et al. (2005) ao analisarem a carne de cordeiros Romney,

East Friesian x (Finn x Texel) e Finn x Poll Dorset.

Sen et al. (2004) reportaram valores médios de pHf de 5,43 na carne de

cordeiros criados sob condições do semiárido da Índia.

1.5.2. Cor

Conforme Osório & Osório (2005) a cor da carne é o fator de qualidade mais

importante que o consumidor pode apreciar no momento da compra e, a não ser que

outros fatores, como o cheiro, sejam marcadamente deficientes será o critério em que se

baseia prioritariamente sua seleção. Adams & Huffman (1972) indicaram que o

consumidor relaciona a cor da carne com sua frescura.

Na Espanha, uma coloração clara está associada, na mente do consumidor, a

carnes jovens e, portanto apreciadas. Apresentando uma incidência significativa, e

possivelmente excessiva, nos preços. Em outros países da Comunidade Econômica

Europeia são aceitas com maior facilidade as carnes mais escuras; porém geralmente

tem preferência as carnes com tendência a tons mais claros (OSÓRIO & OSÓRIO,

2005).

De acordo com Ramos & Gomide (2009) a cor e a aparência são os maiores, se

não os mais importantes, atributos de qualidade de alimentos, sendo critérios muito

utilizados para estabelecer limites que sugerem parâmetros para avaliar a qualidade da

carne. É pela cor do alimento que este alcança as melhores classificações e efetivamente

os maiores preços, relacionando-se diretamente com a qualidade da matéria-prima.

Os pigmentos da carne estão formados em sua maior parte por proteínas: a

hemoglobina que é o pigmento sanguíneo e a mioglobina, pigmento muscular que

constitui 80 a 90% do total. A mioglobina é formada por uma porção proteica

denominada globina e uma porção não proteica denominada grupo hemo. A quantidade

de mioglobina varia com a espécie, sexo, idade, localização anatômica do músculo e

atividade física, o que explica a grande variação de cor na carne (ROÇA, 2000b).

Segundo Cezar & Sousa (2007) diversos são os métodos de avaliação da cor da

carne. A avaliação subjetiva consiste no exame visual da cor da superfície da carne,

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onde a coloração detectada deve receber, por meio comparativo, um determinado escore

ou nota, em função de uma escala previamente determinada.

A cor da carne pode ser medida também pelo método objetivo, utilizando-se o

colorímetro, que determina os componentes de cor: L* (luminosidade), a* (teor de

vermelho e b* (teor de amarelo). Carnes com menor L* e maior a* apresentam cores

mais vermelhas (SIMÕES & RICARDO, 2000). Em ovinos, são descritos valores

médios de L* de 31,36 a 38,0, a* de 12,27 a 18,01 e b* de 3,34 a 5,65 (BRESSAN et al.

2001).

1.5.3. Perda de Peso por Cocção (PPC)

A perda de peso no cozimento é uma medida importante de qualidade, pois está

associada ao rendimento da carne no momento do consumo (PARDI et al. 2001). Sua

importância reside em influenciar as características de cor, força de cisalhamento e

suculência da carne (BONAGURIO et al., 2003).

Segundo Silva et al. (2008) a PPC varia segundo o genótipo, condições de

manejo pré e pós- abate e a metodologia no preparo das amostras, tais como a remoção

ou padronização da capa de gordura externa e tipo de equipamento, fatores que podem

levar a variação da temperatura no processo de cocção.

Bressan et al. (2001) estudando o efeito do peso ao abate de cordeiros Santa Inês

e Bergamácia não detectaram efeitos significativos desse fator sobre a PPC. Já Santos et

al. (2009) observaram-se diferenciações na PPC entre os genótipos avaliados, com

valores inferiores na carne dos cordeiros SRD (38,2%), em relação aos obtidos na carne

dos ovinos Santa Inês (40,9%). O tratamento dietético com menor percentual de

volumoso induziu à menores perdas por cocção na carne (38,5%).

Rizzi et al. (2002) utilizando seis dietas a base de soja e/ou semente de girassol

em diferentes proporções não relataram efeito da alimentação sobre a perda de peso no

cozimento, com valores médios de 25,9% a 31,9%, com resultados mais baixos para as

dietas que continham semente de girassol.

Sen et al. (2004) verificaram valores médios de 20,74% de PPC de carne de

cordeiros criados sob condições de semiárido. Já Cañeque et al. (2004) estudando a

qualidade da carne de cordeiros light, reportaram valores em torno de 26,04%.

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1.5.4. Textura (Maciez)

A maciez pode ser definida como a facilidade com que a carne se deixa

mastigar, sendo mensurada por meio da força de cisalhamento (MATURANO, 2003).

Pode ser decomposta por três sensações percebidas pelo consumidor: uma inicial,

descrita como a facilidade de penetração dos dentes e o corte; outra mais prolongada

que seria a resistência que oferece a ruptura ao longo da mastigação e a outra final, que

daria a sensação de resíduo, mais ou menos importante (SÓRIO & SÓRIO, 2005).

Devido à complexidade dos músculos e tecidos associados, a maciez é

influenciada por grande variedade de fatores, sendo função do tamanho do feixe de

fibras musculares e do tecido conectivo (perimísio) que o envolve. Assim duas

estruturas na carne são diretamente responsáveis pelo seu grau de maciez: o tecido

conectivo e as fibras musculares (RAMOS & GOMIGE, 2009).

Segundo Silva et al. (2008) é necessário que o músculo tenha um período de

maturação após o abate, para que sua maciez ideal seja atingida. Alguns fatores afetam

diretamente a maciez da carne, dentre os quais destacamos a dieta, genótipo, idade e

peso de abate, condições de abate e armazenamento da carne.

Esenbuga et al. (2001) avaliando o efeito do genótipo sobre as propriedades

físicas, químicas e organolépticas de quatro grupos genéticos (Awassi, Red Karaman,

Tushin e cruzas Awassi x Tushin) observaram que a carne da raça Tushin apresentou

maior maciez em análise sensorial. Entretanto sua força de cisalhamento foi de 8,18 kgf

versus 7,44 kgf para a raça Red Karaman.

Bressan et al. (2001) reportaram valores de força de cisalhamento variando de

2,3 a 3,2 kgf em músculos de cordeiros Santa Inês e Bergamácia. Sen et al. (2004)

apontaram valores médios de 3,74 kgf/cm² para força de cisalhamento da carne cozida

de cordeiros.

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1.6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E QUALIDADE DA CARNE DE

CORDEIROS TERMINADOS EM PASTAGENS CULTIVADAS

Trabalho submetido à revista:

ARQUIVO BRASILEIRO DE MEDICINA

VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

Página eletrônica:

http://www.vet.ufmg.br/editora/texto/1_20090120153045_/

ISSN: 1678-4162

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Características de carcaça e qualidade da carne de cordeiros terminados em pastagens

cultivadas

Cynthia Gabriela Fernandes de Araujo1, Marcone Geraldo Costa

1, Paulo Sérgio de

Azevedo2, Gelson dos Santos Difante

1, Adriano Henrique do Nascimento Rangel

1, João

Virgínio Emerenciano Neto1

1 Programa de Pós-Graduação em Produção Animal, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal, Rio Grande do Norte, Brasil.

2 Departamento de Zootecnia, Universidade Federal da Paraíba (CCA/UFPB), Areia, Paraíba, Brasil.

Resumo: Objetivou-se com esta pesquisa avaliar o desempenho, as características da

carcaça e a qualidade da carne de cordeiros mestiços sem padrão de raça definido

(SPRD) mantidos em pastagens de diferentes gramíneas tropicais cultivadas durante o

período das águas. Foram utilizados 32 cordeiros SPRD, com peso vivo (PV) médio de

24,5kg, distribuídos aleatoriamente em quatro tratamentos, constituídos das gramíneas

tropicais Marandu, Aruana, Piatã e Massai. A cada sete dias ocorriam às pesagens e ao

atingirem aproximadamente 32 kg de peso vivo os animais foram avaliados

subjetivamente quanto à condição corporal e foram obtidas as suas medidas biométricas

e realizou-se o abate. Após o abate foram obtidos as medias de temperatura e pH nas

carcaças quentes e após as 24 horas de resfriamento. As carcaças resfriadas foram

avaliadas visualmente quanto à conformação, acabamento e grau de engorduramento,

foram feitas as mensurações internas e externas das carcaças, os cortes comerciais, a

área de olho do lombo, a espessura de gordura da AOL e a medida GR. Nas meias

carcaças esquerda foram retirados os lombos para as análises físico-químicas (pH, cor,

perdas por cocção e força de cisalhamento) e de composição centesimal (umidade,

cinzas, proteína e lipídios). Apesar dos pesos vivo (PV) e de abate (PA) não terem

apresentado diferença significativa (P>0,05) entre as cultivares por causa da fixação do

PA, houve diferença significativa (P<0,05) para a variável peso de carcaça quente

(PCQ), que foi superior quando a dieta foi a base de capim Piatã e menor quando foi de

Massai. O mesmo ocorreu com o peso de carcaça fria (PCF). As medidas morfométricas

assim como área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura da AOL, medida GR

das carcaças e a composição tecidual das pernas deste estudo foram semelhantes

(P>0,05) tanto para as gramíneas de Brachiaria brizantha Piatã quanto para as de

Panicum maximum. Em relação aos cortes comerciais a cultivar Aruana proporcionou o

maior peso de pernil (P<0,05). Não houve influência das cultivares (P>0,05) para as

variáveis físico-químicas (pH, temperatura, cor, perdas por cocção e força de

cisalhamento). Gramíneas dos gêneros Brachiaria e Panicum no período das águas, em

pastejo rotacionado não promovem alterações nas características quantitativas e

qualitativas de carcaça de ovinos SPRD, com valores dentro dos padrões apresentados

pela literatura e mantiveram as características físico-químicas e a composição

centesimal da carne dentro dos padrões normais.

Palavras chave: acabamento, conformação, cortes comerciais, gramíneas tropicais,

ovinos, pastagem cultivada

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1. INTRODUÇÃO

A criação de ovinos tem sido uma importante fonte de renda para o produtor

rural devido a crescente demanda por seus produtos, principalmente a carne que,

atualmente, é apresentada como um alimento exótico, tendo alto valor agregado pago

pelo mercado consumidor. No entanto, é necessário fortalecer os elos da cadeia e

manter a produção contínua durante o ano com carcaças de qualidade desejável.

O uso de pastos cultivados é uma estratégia para a alimentação de ovinos, pois

contribui para a estabilidade de produção e redução de custos financeiros (SANTELLO

et al., 2006), além disso, permite ainda aumentar os níveis de produção por hectare e por

ano no Nordeste brasileiro (ARAÚJO FILHO et al., 1999).

Segundo Silva (2004) as plantas do gênero Brachiaria são caracterizadas pela

sua grande flexibilidade de uso e manejo, e dentre as braquiárias, a Brachiaria

brizantha cv. Marandu adquiriu uma grande expressividade nas áreas de pastagens

cultivadas e, por essa razão, tornou-se uma das plantas forrageiras mais detalhadamente

estudadas no meio científico nacional. Já as plantas do gênero Panicum são

caracterizadas pelo seu grande potencial de produção de forragem. O seu uso é

recomendável na forma de pastejo rotacionado.

Esta pode ser uma alternativa para a produção de carcaças precoces, com

quantidade adequada de músculo, boa deposição de gordura e de menor custo para o

produtor, pois geralmente pastagens cultivadas, quando manejadas adequadamente,

apresentam valor nutritivo satisfatório. Entretanto, a grande variedade de cultivares

disponíveis podem apresentar variações consideráveis em valor nutritivo, o que pode

interferir no desempenho animal e consequentemente na qualidade da carcaça e da

carne.

O estudo da carcaça é uma avaliação de parâmetros objetivos e subjetivos em

relação à mesma, ou seja, deve estar ligado aos aspectos e atributos inerentes à porção

comestível. Atualmente, a meta em ovinos de corte é a obtenção de animais capazes de

direcionar quantidades de nutrientes para a produção de músculo, uma vez que, este

tecido reflete a maior parte da porção comestível da carcaça (SANTOS & PÉREZ,

2000). De acordo com Gonzaga Neto et al. (2005) as principais características estudadas

na avaliação da carcaça são: peso, estado de engorduramento e conformação, enquanto

que os fatores que determinam a qualidade da carcaça são: genótipo, sexo, idade,

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sistema de criação e sanidade. Outro ponto importante a ser avaliado na produção de

carne ovina é a qualidade da carne, que inclui as características de cor, maciez,

suculência e composição centesimal. Zapata et al. (2000) afirma que a raça do animal e

o sistema de alimentação podem influenciar essas características.

A utilização da pastagem na alimentação dos animais produz uma carne com

características mais saudáveis, em relação ao teor e a menor quantidade de gordura

tornando-a mais desejável principalmente pela parcela mais idosa da sociedade que

busca uma vida salutar. Gramíneas tropicais cultivadas na época das águas também são

capazes de produzir animais mais precoces e consequentemente carnes mais macias que

as pastagens nativas, por possuírem um maior aporte nutricional.

Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o desempenho, as

características da carcaça e a qualidade da carne de cordeiros mestiços sem padrão de

raça definido (SPRD) mantidos em pastagens de diferentes gramíneas tropicais

cultivadas durante o período das águas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Caracterização do ambiente

O experimento foi conduzido na área do Grupo de Estudos em Forragicultura

(GEFOR), situado na Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias –

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, em Macaíba, RN. A área

experimental apresenta como coordenadas geográficas, latitude 5° 53' 35.12" sul e

longitude . oeste. O experimento ocorreu entre os meses de abril e outubro

de 2011, considerado como período das águas na região, com média pluviométrica de

140,28 mm, sendo o mês de junho caracterizado pela maior precipitação (281 mm) e o

mês de outubro pela ausência de chuva (Fig. 1).

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Fig. 1- Precipitação mensal observada na área experimental (Abril a Outubro de 2011)

2.2. Animais e tratamentos

Foram utilizados 32 borregos SPRD, obtidos de rebanhos do Estado, com peso

vivo (PV) médio de 24,5±DP kg, distribuídos aleatoriamente em quatro tratamentos. A

área experimental tinha 2,88 ha, dividida em 4 piquetes de 0,72 ha, onde cada piquete

consistia de uma cultivar e era dividido em 6 parcelas de 0,12 ha, onde os animais

permaneciam sob pastejo rotacionado. Os tratamentos constituíram de quatro gramíneas

tropicais, sendo duas cultivares de Brachiaria brizantha, Marandu e Piatã; e duas de

Panicum maximum, Aruana e Massai. O período de adaptação aos piquetes foi de sete

dias. No início do experimento os animais foram pesados, identificados com brincos

plásticos e colares coloridos, e tratados contra endoparasitas. Os cordeiros foram soltos

nos piquetes às 8 horas e recolhidos às 16 horas, onde retornavam às baias coletivas de

chão batido, divididas com tela campestre, cobertura de telha de amianto e equipadas

com bebedouros automáticos. Durante o tempo de pastejo os animais tinham livre

acesso ao suplemento mineral Ovinofós® com monensina e água. No pré-pastejo foram

coletadas amostras do pasto para caracterização da composição química (Tab. 1). Os

teores de matéria seca, matéria mineral, proteína bruta, extrato etéreo e lignina dos

alimentos oferecidos foram determinados conforme metodologias descritas por Silva &

Queiroz (2002). A Fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA)

dos alimentos foram determinadas segundo metodologia descrita por Van Soest et al.

(1991).

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Tabela 1- Composição química dos cultivares experimentais utilizados

Composição

química

Brachiaria brizantha Panicum maximum

Marandu Piatã Aruana Massai

MS (%) 27,23 24,91 38,79 28,72

MM (% MS) 6,49 6,75 7,32 7,58

PB (% MS) 9,72 9,67 6,67 6,47

EE (% MS) 1,81 2,02 2,05 1,77

FDN (% MS) 68,41 67,09 76,31 71,51

FDA (% MS) 31,82 33,55 39,92 42,07

LIG (% MS) 4,24 4,08 5,84 3,82

NIDN (% MS) 0,37 0,29 0,40 0,19

NIDA (% MS) 0,02 0,04 0,06 0,08

NDT 58,83 59,48 54,20 57,06

ED 2,59 2,62 2,39 2,50

MS - matéria seca; MM - matéria mineral PB - proteína bruta; EE - extrato etéreo, FDN - fibra em

detergente neutro; FDA – fibra em detergente ácido; LIG – lignina; NIDN – nitrogênio insolúvel em

detergente neutro; NIDA – nitrogênio insolúvel em detergente ácido; NDT - nutriente digestível total; ED

– energia digestível

Os pastos foram manejados com altura de pré-pastejo de 50 cm e de pós-pastejo

de 25 cm. Os animais foram pesados a cada sete dias para o acompanhamento do

desenvolvimento ponderal. O critério de abate foi o peso, por isso cada cultivar teve um

período de pastejo diferente. As cultivares Aruana, Marandu, Massai e Piatã foram

pastejadas durante 129, 133, 142 e 143 dias, respectivamente, até os cordeiros atingirem

o peso de abate.

2.3. Características de carcaça

Ao atingirem aproximadamente 32 kg de peso vivo (PV) os animais foram

avaliados subjetivamente quanto a condição corporal por meio de escores que variavam

de 1 (ausência de gordura) a 5 (excesso de gordura e musculo lombar muito volumoso)

com subdivisões de 0,5 pontos obtidos pela palpação da região lombar, para verificar a

deposição de gordura e músculos na vértebra, de acordo com o descrito por Siqueira et

al. (2001). Também foram tomadas as seguintes medidas biométricas: comprimento

corporal, alturas de dorso, de garupa e de tórax, perímetros torácico, de garupa e perna,

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larguras de peito, tórax, e garupa e comprimento da perna. Após jejum de sólidos de 16

horas e dieta hídrica os animais foram pesados para obtenção do peso ao abate (PA).

Os abates ocorreram de forma humanitária na Fazenda São Joaquim, situada no

município de Macaíba-RN. Nesse momento, os animais foram insensibilizados por

concussão cerebral, seguido de sangria por secção da artéria carótida e veia jugular.

Após a esfola e evisceração (retirada dos órgãos e vísceras, com exceção dos rins e da

gordura perirrenal para posterior avaliação visual), foram retiradas a cabeça (secção na

articulação atlas-occipital) e as extremidades das patas (secção nas articulações carpo e

tarso-metatarsianas), registrando-se a seguir os pesos das carcaças quentes (PCQ), que

foram utilizados para estimar o rendimento de carcaça quente (RCQ = PCQ/PA x 100).

O peso do corpo vazio (PCVZ) foi determinado através da diferença entre o peso de

abate e o peso do conteúdo do trato gastrointestinal (PCVZ = PA – CTGI). O

rendimento biológico (RB) foi obtido a partir da razão entre o peso da carcaça quente e

o peso de corpo vazio (RB = PCQ/PCVZ x 100). Após o abate as carcaças foram

levadas a câmara de resfriamento onde permaneceram durante 24 horas a uma

temperatura de ± 4°C. Posteriormente a esse período as mesmas foram novamente

pesadas registrando-se o peso da carcaça fria (PCF)utilizado para estimar o rendimento

da carcaça fria (RCF = PCF/PA x 100). O percentual de perda de peso pelo resfriamento

foi obtido pela fórmula: PR= ((PCQ-PCF)/PCQ) x 100.

As carcaças foram avaliadas visualmente quanto à conformação de acordo com

Colomer-Rocher et al. (1988), atribuindo-se valores de um a cinco, segundo a

distribuição dos planos musculares nas mesmas. Quanto ao acabamento, as carcaças

foram avaliadas pela distribuição harmônica da gordura na carcaça, também pontuadas

de um a cinco, desde extremamente magra até extremamente gorda, conforme Cañeque

& Sañudo (2000). A gordura perirrenal foi avaliada pelo estado de engorduramento dos

rins, pontuada de um a três (1=pouca gordura, 3=excesso de gordura), avaliados com

escala de 0,5 pontos.

As carcaças foram divididas longitudinalmente, na altura da linha média, em

dois antímeros, seccionando-se a meia-carcaça esquerda em cinco regiões anatômicas:

pescoço (refere-se às sete vértebras cervicais, obtido por corte oblíquo entre a sétima

cervical e a primeira torácica), paleta (região que compreende a escápula, o úmero, o

rádio, a ulna e o carpo), costilhar (envolve as 13 vértebras torácicas, com as costelas

correspondentes e o esterno), lombo (compreende a região das vértebras lombares,

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obtido perpendicularmente à coluna, entre a 13a vértebra torácica-primeira lombar e

última lombar-primeira sacra) e perna (base óssea que abrange a região do ilíaco (ílio),

o ísquio, o púbis, as vértebras sacrais, as duas primeiras vértebras coccígeas, o fêmur, a

tíbia e o tarso, obtida por corte perpendicular à coluna entre a última vértebra lombar e a

primeira sacra). Os cinco cortes foram pesados individualmente e calculados seus

rendimentos em relação ao peso da meia carcaça fria reconstituída.

Entre a 12ª e a 13ª vértebras torácicas, foi realizado um corte para expor a secção

transversal do músculo Longissimus dorsi, sobre o qual foi traçada a área de olho do

lombo (AOL) em película transparente. Com o auxílio de uma régua traçou-se duas

retas sobre a imagem, onde uma media a distância máxima do músculo no sentido

médio lateral (medida A) e a outra perpendicular a anterior (medida B). O cálculo da

AOL foi determinado pela fórmula: AOL = (A/2 x B/2) x π, onde π = 3,1416. A

espessura de gordura da AOL e a medida GR (espessura máxima de gordura de

cobertura sobre a superfície da 13ª costela), aferida a 11 cm da linha média, foram

determinadas utilizando-se de paquímetro.

Foi realizada a dissecação das pernas para a separação dos músculos, ossos e

gorduras subcutânea, pélvica e intermuscular, as quais foram quantificados segundo

procedimento estabelecido por Mccutcheon et al. (1993) para determinar a composição

tecidual. A porcentagem de músculos, ossos, gorduras e suas relações, foram realizadas

com base no peso da perna reconstituída, pois no momento da dissecação ocorreram

perdas de líquidos durante o processo de descongelamento. Após a separação dos

tecidos o índice de musculosidade da perna proposto por Purchas et al. (1991) foi

calculado utilizando o peso dos cinco músculos que envolvem o fêmur (Bíceps femoris,

Semimembranosus, Semitendinosus, Adductor femoris e Quadriceps femoris), através da

seguinte fórmula:

Em que:

IMP = índice de musculosidade da perna;

PM5 = peso dos 5 músculos que envolvem o fêmur (g), e;

CF = comprimento do fêmur (cm).

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2.4. Qualidade da carne

As carcaças foram conduzidas para câmara fria aonde permaneceram durante

vinte e quatro horas a uma temperatura de aproximadamente 4°C. Decorrido esse tempo

as carcaças foram divididas longitudinalmente, na altura da linha média, em dois

antímeros. Nas meias carcaças esquerda foram retirados os lombos para as análises

O lombo foi dissecado e separado o músculo Longissimus dorsi para as análises

físico-químicas (pH, temperatura, cor, perdas por cocção e força de cisalhamento) no

Laboratório de Avaliação de Produtos de Origem Animal (LAPOA) do Departamento

de Zootecnia, Centro de Ciências Agrárias, Campus II da Universidade Federal da

Paraíba.

As mensurações do pH e temperatura foram realizadas a 45 minutos e 24 horas

após o abate, por meio de instrumento de medição pH/temperatura, provido de eletrodo

de vidro, calibrado com solução tampão pH 7,0 e pH 4,0, segundo procedimentos da

AOAC (2000).

A determinação da cor foi realizada numa amostra do músculo Longissimus

dorsi, através do aparelho Minolta Chrome Meter (modelo CR-10, MINOLTA®,

Japão), empregando o sistema CIELAB, determinando-se as coordenadas L*-

luminosidade, a*- índice de vermelho e b*- índice de amarelo (MILTENBURG et al.,

1992). Foram feitas fatias de 2,5 cm de espessura do músculo e embaladas em papel

alumínio. As amostras foram desembaladas e expostas durante 50 minutos ao ar

atmosférico para que ocorresse a reação da mioglobina do músculo com o oxigênio do

ar, formando a oximioglobina, principal pigmento responsável pela cor vermelho

brilhante da carne (RENERRE, 1990). Para avaliação da cor, foram obtidas três leituras

de cada amostra (região medial, central e lateral), sendo calculada a média de cada

coordenada posteriormente.

Para determinação das perdas por cocção (PPC) foram retiradas do músculo

Longissimus dorsi fatias de 2,5 cm de espessura, pesadas e assadas em grill, marca

Fisher® (modelo Star), pré-aquecido a 150ºC, até que a temperatura interna (centro

geométrico das amostras) atingisse 71 °C, mensurado com termômetro digital (Delta

OHM modelo HD 9218, Caselle di Selvazzano, Itália). Em seguida as amostras foram

resfriadas em temperatura ambiente e novamente pesadas. As perdas de peso por

cozimento foram calculadas pela diferença de peso das amostras antes e depois de

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submetidas ao tratamento térmico e expressas em porcentagens (g/100g) segundo a

metodologia de Wheller et al. (1995).

Para as determinações da força de cisalhamento, indicativas de dureza da carne,

foram utilizadas as mesmas amostras para as determinações de PPC. Foram retirados

três cilindros da parte central de cada amostra, no sentido da fibra, com auxilio de um

molde cilíndrico de 1,27 cm de diâmetro. O cisalhamento foi feito perpendicularmente

as fibras, utilizando-se um texturômetro TA-XT2 (Surrey, England), equipado com uma

lâmina tipo Warner Bratzler, operando a 20 cm/min conforme metodologia descrita por

Duckett et al. (1998). Vale ressaltar, que cada uma das amostras foi cisalhada no centro

longitudinal do cilindro, para evitar erros devido a um maior endurecimento que ocorre

nas superfícies externas diretamente submetidas ao calor (RAMOS & GOMIDE, 2007).

O pico da força do cisalhamento foi registrado, sendo o resultado expresso em Kgf/cm2.

A determinação da composição centesimal da carne (umidade, cinzas, proteína e

lipídeos) foi realizada no Laboratório de Bromatologia, Departamento de Nutrição do

Centro de Ciências da Saúde (CCS) - Universidade Federal da Paraíba.

Foram utilizadas amostras do Longissimus dorsi de cada um dos 32 animais em

estudo. Os músculos foram triturados individualmente em multiprocessador Arno® e

acondicionados em recipientes de plástico semirrígido armazenados em freezer a -18°C

até a utilização. As análises foram realizadas em duplicata e os resultados foram

expressos na base úmida.

O teor de umidade da carne foi determinado em estufa da marca TECNAL®

modelo TE397/4, operando a 105°C ± 2°C até peso constante. Já a quantidade de cinzas

foi determinada pelo método gravimétrico, em que as amostras foram incineradas em

mufla a 550°C ± 10°C (FORNITEC®, modelo 1557). Para a determinação quantitativa

de proteína bruta foi realizada utilizando-se o método de Kjedhal, utilizando-se um

digestor (FANEM®, modelo TE0007) e um destilador (TECNAL

®, modelo TE036/1). O

teor de proteína foi calculado utilizando-se o fator de 6,38 para a conversão do

nitrogênio proteico. As análises de umidade, cinzas e proteína foram determinadas

segundo os procedimentos analíticos da AOAC (2000).

Os lipídeos totais foram determinados por extração em mistura de clorofórmio-

metanol (2:1), seguindo-se de evaporação em estufa (TECNAL®

modelo TE397/4),

operando a 105°C ± 2°C até peso constante, de acordo com a metodologia descrita por

Folch et al. (1957).

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2.5. Análise estatística

O delineamento utilizado no experimento foi inteiramente casualizado com 4

tratamentos, cada um representado por uma cultivar, sendo 8 animais em cada,

totalizando 32 parcelas. Foi realizada análise de variância dos dados e quando

necessário, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade,

utilizando o pacote estatístico SAS (1997), segundo o modelo estatístico a seguir: Yij = µ

+ ti + eij; em que: Yij = observação do tratamento Ti, na repetição j; µ = Média geral; ti =

efeito do tratamento (i = aruana, massai, piatã, marandu); eij = erro aleatório associado a

cada observação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Características biométricas

Não houve influência das dietas (P>0,05) sobre as características biométricas

avaliadas, o que pode estar relacionado ao critério de peso escolhido para o abate, 32 kg

(Tabela 2).

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Tabela 2 - Características biométricas e coeficiente de variação (CV) de cordeiros

SPRD em pasto de gramíneas tropicais

Variável B. brizantha P. maximum

CV(%) Marandu Piatã Aruana Massai

Peso ao abate (kg) 31,67ª

32,17a

32,32ª

30,57ª

4,38

Comprimento Corporal (cm) 63,12ª

62,75ª

64,87ª

60,62ª

4,85

Altura de cernelha (cm) 68,25ª

69,25ª

71,87ª

68,75ª

3,98

Altura de garupa (cm) 72,50ª

75,12ª

75,37ª

73,25ª

3,73

Largura de garupa (cm) 21,62ª

24,37ª

21,00a

25,12ª

14,55

Largura de peito (cm) 17,37ª

18,00a

17,75ª

16,87ª

6,13

Perímetro torácico (cm) 91,62ª

93,62ª

91,50ª

91,75ª

3,58

Perímetro de coxa (cm) 40,00a

34,87ª

40,12ª

38,12ª

14,02

Perímetro de garupa (cm) 86,00a

88,25ª

85,75ª

86,50ª

4,02

Comprimento da Perna (cm) 34,37ª

35,50ª

34,75ª

34,12ª

3,86

Escore de Condição Corporal (1 a 5) 2,50a

2,62ª

2,43ª

2,37ª

16,08

Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

3.2. Características e rendimentos de carcaça

Apesar dos pesos vivo (PV) e de abate (PA) não terem apresentado diferença

significativa (P>0,05) entre as cultivares por causa da fixação do PA, houve diferença

significativa (P<0,05) para a variável peso de carcaça quente (PCQ), que foi superior

quando a dieta foi a base de capim Piatã e menor quando foi de Massai. O mesmo fato

ocorreu com o peso de carcaça fria (PCF) (Tabela 3).

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Tabela 3 - Características e rendimentos de carcaça médios de cordeiros SPRD em pasto

de gramíneas tropicais

Variável B. brizantha P. maximum

CV (%) Marandu Piatã Aruana Massai

Peso Vivo (kg) 33,88a

34,99a

34,03a

32,72a

4,78

Peso ao Abate (kg) 31,67a

32,17a

32,24a

30,42a

4,35

Peso de Carcaça Quente (kg) 12,17ab

12,82a

12,55ab

11,40b

7,62

Peso do Corpo Vazio (kg) 23,78ab

24,45a

24,35a

21,90b

5,91

Conteúdo do TGI (kg) 7,89a

7,72a

7,89a

8,51a

11,37

Peso de Carcaça Fria (kg) 11,69ab

12,21a

12,04ab

10,93b

7,75

Rendimento de Carcaça Quente (%) 38,43a

39,86a

38,91a

37,45a

5,61

Rendimento de Carcaça Fria (%) 36,89a

37,96a

37,12a

35,63a

5,80

Perdas por Resfriamento (%) 4,01a

4,73a

4,59a

4,88a

21,76

Rendimento Biológico (%) 51,17a

52,38a

51,53a

52,04a

2,92

Compacidade da Perna (kg/cm) 0,53a

0,45a

0,55a

0,47a

17,18

Compacidade da Carcaça (kg/cm) 0,18a

0,19a

0,19a

0,17a

10,09

Escore de Conformação (1 a 5) 2,12a

2,37a

2,31a

2,12a

26,19

Escore de Acabamento (1 a 5) 1,93a

2,18a

1,75a

2,00a

30,63

Escore Pélvico-Renal (1 a 3) 1,50a

2,00a

1,50a

1,68a

29,83

CV – coeficiente de variação; TGI – trato gastrointestinal; Médias seguidas de letras diferentes nas linhas

diferem estatisticamente pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

O peso do corpo vazio (PCVZ) variou de acordo com a dieta (P>0,05), sendo os

capins Aruana e Piatã responsáveis pelos maiores pesos e o Massai pelo menor. O que

pode ser explicado observando o conteúdo do trato gastrointestinal (CTGI) que, embora

não significativo, apresentou-se superior quando a dieta foi a base de capim Massai

tornando o PCVZ mais leve, levando-nos a inferir que a concentração da fibra em

detergente neutro, bem como sua digestibilidade podem estar relacionadas à menor taxa

de desaparecimento ruminal.

Os rendimentos de carcaça quente, fria e biológico, as perdas por resfriamento,

as compacidades da perna e da carcaça e os escores de conformação, acabamento e

gordura pélvico-renal não apresentaram diferença significativa (P>0,05) para as

diferentes gramíneas tropicais.

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Resultados aproximados de PCQ (13,01 kg) e PCVZ (23,2 kg) foram relatados

por Arquimède et al. (2008) quando trabalharam com carcaças de ovinos Martinik

alimentados com pastagem cultivada de gramíneas tropicais (Digitaria decumbens e

Brachiaria decumbens). Já Costa et al. (2009) em experimento com ovinos Corriedale

em pastagem cultivada de Lolium multiflorum (Azevém) e Trifolium repens (Trevo

Branco) encontraram resultados de PCQ (14,70 kg) e PCF (13,66 kg) superiores aos

encontrados nesta pesquisa. Esta diferença era esperada por se tratar de animais de

genótipo mais especializado em produção de carne e de gramíneas de clima temperado,

onde a disponibilidade de nutrientes da planta é maior do que as de clima tropical, por

isso o maior aproveitamento pelos animais.

As medidas morfométricas das carcaças de cordeiros SPRD encontradas neste

estudo foram semelhantes (P>0,05) para as gramíneas estudadas (Tabela 4).

Tabela 4 – Características morfométricas médias das carcaças de cordeiros SPRD em

pasto de gramíneas tropicais

Variável B. brizantha P. maximum CV

(%) Marandu Piatã Aruana Massai

Comprimento Interno de Carcaça (cm) 64,37a

63,62a

61,37a

62,12a

5,06

Profundidade do Tórax (cm) 28,00a

27,75a

29,00a

28,00a

4,10

Perímetro (cm)

Tórax 70,25a

70,00a

70,00a

71,12a

3,37

Garupa 55,62a

54,87a

54,87a

53,00a

4,90

Coxa 34,62a

35,25a

35,25a

32,87a

10,13

Largura (cm) Tórax 21,62

a 23,62

a 23,62

a 22,87

a 9,39

Garupa 16,75a

19,62a

19,62a

17,12a

12,80

Comprimento da perna (cm) 35,62a

37,00a

34,87a

36,75a

5,65

CV – coeficiente de variação; Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem estatisticamente

pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Ovinos Santa Inês terminados em pastagem nativa enriquecida com capim buffel

(Cenchrus ciliaris L. cv. Biloela) apresentaram mensurações de carcaça (comprimento

interno, comprimento de perna, profundidade de peito e perímetro de perna) inferiores

as encontradas nesta pesquisa (DANTAS et al. 2008). Isso nos indica que animais

terminados em pastagem nativa, ainda que enriquecida, desenvolvem carcaça de menor

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comprimento e com perímetro de peito e perna menor do que os terminados em pasto

cultivado com gramíneas tropicais.

Houve diferenças significativas para os pesos dos cortes da meia carcaça para a

paleta e perna, onde o cultivar Massai apresentou as menores médias. Quando avaliados

os rendimentos médios dos cortes das carcaças dos cordeiros desta pesquisa, as médias

obtidas foram: paleta (18,83%), pescoço (11,62%), lombo (12,07%), perna (33,03%) e

costilhar (24,38%). A perna foi o único corte que diferiu estatisticamente (P<0,05) entre

as dietas. A cultivar Aruana proporcionou o maior rendimento enquanto que as

gramíneas Piatã e Massai tiveram os menores percentuais para o corte acima citado

(Tabela 5). Tonetto et al. (2004) encontraram rendimento da perna de cordeiros de

31,35% em pastagem cultivada de azevém (Lolium multiflorum Lam), inferior ao

observado neste trabalho.

Autores como Clementino et al. (2007) em pesquisa com mestiços Dorper x

Santa Inês e Alves et al. (2003) em experimento com ovinos Santa Inês em diferentes

níveis de energia encontraram valores de 17,61%, 18,07%; 10,95%, 10,34%; 11,63%,

11,29%; 32,30%, 33,15%; 26,06%, 27,43%, respectivamente de paleta, pescoço, lombo,

perna e costilhar corroborando com os encontrados neste experimento. Esses resultados

estão de acordo com a lei da harmonia anatômica que diz que em carcaças de pesos e

quantidades de gordura similares, quase todas as regiões corporais se encontram em

proporções semelhantes, qualquer que seja a conformação dos genótipos considerados

(BOCARD & DUMONT, 1960).

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Tabela 5 –Composição regional das carcaças de cordeiros SPRD em pasto de gramíneas

tropicais

Variável B. brizantha P. maximum

CV (%) Marandu Piatã Aruana Massai

(%)

Paleta 18,92a

18,17a

19,76a

18,49a

6,24

Pescoço 12,34a

11,49a

11,21a

11,54a

13,64

Lombo 12,01a

12,69a

11,00a

12,61a

10,54

Perna 32,90ab

32,07b

34,85a

32,31b

5,28

Costilhar 23,81a

25,56a

23,15a

25,03a

8,21

(kg)

Paleta 1,105ab

1,102ab

1,175a 1,010

b 9,36

Pescoço 0,725a 0,695

a 0,671

a 0,635

a 17,54

Lombo 0,700a 0,770

a 0,665

a 0,692

a 13,59

Perna 1,922ab

1,943ab

2,077a 1,765

b 9,74

Costilhar 1,382a 1,552

a 1,375

a 1,370

a 9,97

CV – coeficiente de variação; Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem estatisticamente

pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Não houve diferença significativa (P>0,05) entre as gramíneas tropicais quanto à

área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura da carcaça e medida GR (Tabela 6).

Valores superiores de AOL (16,6 cm2) e de medida GR (5,93 mm) foram observados

em cordeiros não castrados da raça Chall alimentados com 70% de alfafa (Medicago

sativa) (PAPI et al. 2011). Menezes et al. (2008) em pesquisa com ovinos Santa Inês em

pasto de capim Aruana (Panicum maximum) no período seco encontraram área de olho

de lombo de 8,3 cm2, enquanto que no presente trabalho a AOL de cordeiros que

pastejaram na mesma cultivar na época das águas foi de 13,93 cm², ou seja, quando não

há escassez de água essa cultivar é capaz de proporcionar um crescimento muscular

bem satisfatório.

Em relação à espessura de gordura da AOL foi relatado por Gonzaga Neto et al.

(2006) valor de 0,9 mm em cordeiros Morada Nova que receberam dieta com 70% de

volumoso e 30% de concentrado. Este parâmetro foi inferior ao encontrado nesta

pesquisa possivelmente devido às características genotípicas dos animais, que mesmo

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recebendo dieta com maior nível energético produziu menor quantidade de gordura que

os animais deste experimento.

Tabela 6 – Mensurações de área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura da

carcaça e espessura máxima de gordura subcutânea (GR) de cordeiros SPRD em pasto

de diferentes gramíneas tropicais

Variável B. brizantha P. maximum

CV (%) Marandu Piatã Aruana Massai

AOL (cm2) 13,13

a 13,23

a 13,93

a 12,56

a 18,33

Espessura de gordura (mm) 0,87a

0,86a

1,18a

1,00a

49,61

GR (mm) 1,48a

1,04a

1,25a

0,88a

88,47

CV – coeficiente de variação; Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem estatisticamente

pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

As proporções de osso, músculo e gordura, bem como as relações músculo:osso,

músculo:gordura, osso:gordura, assim como o índice de musculosidade da perna não

sofreram influência da dieta (P<0,05). O peso da perna reconstituída foi maior para a

cultivar Aruana e menor para o capim Massai (Tabela 7).

A composição tecidual da perna de ovinos Morada Nova pesquisada por Costa et

al. (2011) foi influenciada pelos níveis de substituição de feno de flor de seda (P<0,05),

ou seja a substituição de 15% de feno de flor de seda proporcionou 20,4% de ossos,

67,2% de músculo e 6,7% de gordura. Porcentagens superiores quanto a ossos e

músculos foram observadas neste trabalho enquanto que a de gordura foi inferior. Isto

pode ser explicado pela diferença genotípica dos animais e pela dieta fornecida aos

mesmos, ou seja, os cordeiros SPRD alimentados exclusivamente em pasto produziram

maior proporção de músculos e menor proporção de gordura em relação aos cordeiros

Morada Nova em confinamento. Santos et al. (2009) explica este fato quando diz que

animais em pastejo geralmente têm relação músculo:gordura maior que a daqueles em

confinamento, pois, de acordo com Butterfield (1988), atividade de pastejo está

relacionada a maior gasto energético e menor deposição de gordura.

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Tabela 7 – Composição tecidual média da perna de cordeiros SPRD em pasto de

diferentes gramíneas tropicais

Variável B. brizantha P. maximum

CV (%) Marandu Piatã Aruana Massai

Perna reconstituída (kg) 1,83ab

1,88ab

2,01a

1,74b

9,64

Osso (%) 23,04

22,69

23,93

22,39

9,39

Músculo (%) 69,19

69,09

68,94

70,40

3,05

Gordura (%) 4,45

5,87

3,65

4,56

42,66

Músculo:Osso 3,02

3,06

2,91

3,16

10,11

Músculo:Gordura 19,28

13,95

23,43

16,55

51,34

Osso:Gordura 6,57

4,63

8,47

5,26

59,84

IMP 0,34

0,33

0,34

0,33

4,59

IMP - índice de musculosidade da perna, CV – coeficiente de variação

Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem estatisticamente pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade.

3.3. Qualidade da carne

Não houve influência das cultivares (P>0,05) para as variáveis físico-químicas

(pH, temperatura, cor, perdas por cocção e força de cisalhamento) (Tabela 8). Isto

ocorreu provavelmente devido a composição química das dietas serem muito próximas,

bem como a semelhança no tempo de pastejo e peso dos animais.

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Tabela 8 - Análises físico-químicas do Longissimus dorsi de cordeiros SPRD de acordo

com as dietas.

Variável B. brizantha P. maximum

CV(%) Marandu Piatã Aruana Massai

pH 45 min 6,25ª

6,37ª

6,04ª

6,66ª

8,44

pH 24 h 5,92ª

5,93ª

5,75ª

5,91ª

3,51

Temperatura 45 min (°C) 32,61ª

31,78ª

33,41ª

32,12ª

8,52

Temperatura 24 h (°C) 8,30ª

10,07ª

5,22ª

8,46ª

44,52

Cor

L* 36,91ª

38,05ª

38,05ª

36,98ª

5,54

a* 13,81ª

13,28ª

13,28ª

13,47ª

11,10

b* 9,67ª

9,20ª

9,20ª

9,54ª

15,43

PPC (%) 33,51ª

33,63ª

33,41ª

31,42ª

12,72

FC (Kgf/cm2) 2,05ª

1,91ª

2,17ª

1,88ª

29,29

L* - teor de luminosidade da carne; a* - teor de vermelho da carne; b* - teor de amarelo da carne; PPC -

perdas por cocção; FC - força de cisalhamento; CV – coeficiente de variação; Médias seguidas de letras

diferentes nas linhas diferem estatisticamente pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

O pH constitui um dos fatores mais importantes na transformação do músculo

em carne com decisivo efeito sobre a qualidade da carne fresca e dos produtos derivados

(OSÓRIO & OSÓRIO, 2003). Os valores médios encontrados neste experimento para

pH (45 minutos) e pH (24 horas) foram 6,63 e 5,87 respectivamente. Segundo Silva

Sobrinho et al. (2005) o valor do pH final na carne ovina varia de 5,5 a 5,8; Valores

próximos a este estudo (pH inicial de 6,53 e pH final de 5,53) são descritos por Pinheiro

et al. (2009a) quando avaliaram o lombo (Longissimus lumborum) de cordeiros Ile de

France x Ideal em pasto de capim-tifton 85 (Cynodon spp) recebendo suplementação

concentrada equivalente a 1% do peso vivo. É importante ressaltar que a constatação de

valores normais de queda do pH da carcaça sugere que outros parâmetros indicadores da

qualidade, como capacidade de retenção de água, sabor, cor e textura apresentarão bons

resultados dentro da normalidade, pois, durante o desenvolvimento do rigor mortis, o

pH tem influência marcante na contração, proteólise e desnaturação proteica,

acarretando mudanças na sua estrutura e qualidade (RAMOS & GOMIDE, 2007).

A temperatura da carne é um parâmetro qualitativo quando em conjunto com o

pH, pois ela pode aumentar ou retardar a queda do pH influenciando na cor da carne.

Foram detectadas temperaturas médias de 32,48°C aos 45 minutos e de 8,01°C às 24

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horas após o abate dos animais corroborando com Costa et al. (2011b) que encontraram

temperaturas médias inicial e final de 33,1°Ce 6,9°C, respectivamente, na carne de

cordeiros alimentados com dietas variando os níveis de feno de flor de seda.

O parâmetro da cor avaliado neste estudo não apresentou diferença entre as dietas tendo

como resultados médios L* = 37,53, a* = 13,48 e b* = 9,47, somente a variável amarela

(b*) esteve fora dos valores médios de coloração. De acordo com Bressan et al. (2001) a

carne de ovinos possui valores médios de 31,36 a 38,0 para L* (teor de luminosidade),

12,27 a 18,01 para a* (teor de vermelho) e 3,34 a 5,65 para b* (teor de amarelo). De

acordo com Fernandes et al. (2008), a ingestão de pigmentos carotenóides contidos na

fração volumosa verde pelo ruminante pode influenciar a intensidade de amarelo da

carne e, consequentemente, o parâmetro b*. Costa et al.( 2011b) encontraram valores de

b* igual a 17,2 quando trabalharam com carne de cordeiros Morada Nova alimentados

em pasto de Caatinga nativa. Resultados semelhantes quanto à luminosidade e ao teor

de vermelho foram relatados por diversos autores (PINHEIRO et al., 2009a; 2009b;

SILVA SOBRINHO et al., 2005; SOUZA et al.,2004; ZAPATA et al.,2000). Costa et

al. (2011a) encontraram L* inferior ao encontrado nesta pesquisa e atribuíram à baixa

concentração de pigmentos hemínicos, comprovado pelo baixo conteúdo de ferro nas

amostras.

Segundo Silva et al. (2008) a maciez pode ser definida como a facilidade com

que a carne se deixa mastigar, sendo mensurada através da força de cisalhamento . Essa

força deve ficar abaixo de 4,6 kgf/cm², considerado um valor de maciez aceitável

(MILLER et al., 2001). Baseado nesta recomendação, pode-se inferir que as carnes de

cordeiros SPRD produzida em pasto de Brachiaria brizantha e Panicum maximum

foram consideradas macias, pois apresentaram força de cisalhamento entre 1,88 kgf/cm2

e 2,17 kgf/cm2. O valor nutritivo das cultivares em estudo na época das águas pode ter

diminuído o ciclo produtivo, levando ao abate de animais mais jovens e por

consequência resultando em carne mais macia. Bonacina et al. (2011) encontraram

carnes mais macias (2,33 kgf/cm2) em fêmeas que se alimentaram somente com

pastagem de clima temperado. Valores superiores de força de cisalhamento foram

relatados por Costa et al. (2011) e Silva Sobrinho et al. (2005).

Um outro parâmetro qualitativo estudado foram às perdas por cocção que podem

variar segundo o genótipo, condições de manejo pré e pós-abate e a metodologia no

preparo das amostras ( SILVA et al., 2008).

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No presente trabalho as perdas no cozimento foram, em média de 33%, ou seja,

foram perdidos 33% em água da carne no processo de cozimento, tanto por evaporação

quanto por gotejamento. Conforme Pardi et al. (2001), a gordura existente na carne é

solubilizada por ação do calor, que é registrada também como perda no cozimento.

Costa et al. (2011a) obtiveram resultados superiores (entre 38,5 e 40,7%) na carne de

ovinos SPRD e Dorper x Santa Inês abatidos aos 36kg, assim como Silva Sobrinho et al.

(2005) em pesquisa com ovinos de diferente genótipos e idades ao abate ( 37,96 a

38,88%). Por receberem alimentação exclusiva em pasto os animais da presente

pesquisa apresentaram carcaças com menor grau de acabamento e consequentemente as

carnes tiveram menor perda de peso na cocção.

As cultivares de Brachiaria brizantha e Panicum maximum não influenciaram

quanto à composição centesimal da carne de cordeiros (Tabela 3).

Tabela 9 - Composição centesimal da carne de cordeiros SPRD em pasto de gramíneas

tropicais

Variável (%) B. brizantha P. maximum

CV (%) Marandu Piatã Aruana Massai

Umidade 75,19ª

75,37ª

75,58ª

74,92ª

1,37

Cinzas 1,03ª

1,05ª

1,03ª

1,07ª

5,73

Proteína 24,42ª

23,06ª 24,37ª

23,79ª

4,22

Gordura 2,08ª

2,60ª

1,83ª

2,09ª

41,49

Médias seguidas de letras diferentes nas linhas diferem estatisticamente pelo teste Tukey a 5% de

probabilidade.

A carne de cordeiro em estudo apresentou teores médios de umidade, cinzas,

proteína e gordura de 75,26%, 1,04%, 23,91% e 2,15%, respectivamente. Segundo

Tornberg (2005) a composição centesimal da carne ovina apresenta valores médios de

75% de água, 20% de proteína, 3% de gordura e 2% de substâncias não proteicas

(vitaminas, minerais, carboidratos, etc).

Valores inferiores de cinzas (0,80%), proteína (17,98%) e lipídios (0,62%)

foram relatados por Santos et al. (2009) em um estudo desenvolvido com cordeiros

Santa Inês exclusivamente em pastagem nativa enriquecida com capim Buffel

(Cenchrus ciliaris L. cv. Biloela). No entanto quando esses mesmos animais passaram a

receber 1,5% de suplementação concentrada a composição centesimal da carne

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aumentou, ficando semelhante à apresentada neste estudo. Jardim et al. (2007)

trabalhando com ovinos da raça Corriedale exclusivamente em pastagem natural no Rio

Grande do Sul observaram teores de umidade, cinzas, proteína e gordura do músculo

Semimenbranosus inferiores a este trabalho.

A utilização de pastagem cultivada como alimento exclusivo de ovinos

geralmente tem proporcionado carnes com composição centesimal superior a de animais

com alimentação exclusiva de pastagem nativa, seja ela de clima tropical ou de clima

temperado.

Resultados superiores de matéria mineral e gordura foram encontrados nos

trabalhos de Pinheiro et al.(2009), Pinheiro et al. (2008), Ortiz et al. (2005), Bonagurio

et al. (2004), e Souza et al. (2002). Isso deve ter ocorrido devido à suplementação

alimentar fornecida aos animais que resultou em um maior teor de minerais e lipídios.

Pinheiro et al. (2007) encontraram teor de proteína de 23,05% e de gorduras

totais de 2,66% nos cortes de lombos de cordeiros ½ Ile de France x ½ Ideal em pasto

de Cynodon dactyton cv. Tifton – 85 e recebendo 1% do peso vivo de suplemento

concentrado. Esses resultados mostraram que mesmo tendo uma composição genética

diferente e recebendo suplementação alimentar, a carne desses animais apresentou

composição centesimal semelhante a dos animais deste estudo que foram alimentados

exclusivamente em pasto de capim Piatã, levando-nos a vislumbrar o potencial destas

cultivares para produção de ovinos.

No trabalho de Madruga et al. (2008) com cordeiros Santa Inês recebendo

diferentes níveis de caroço de algodão na dieta, os autores encontraram composição

centesimal semelhantes ao obtido no presente trabalho, com exceção do teor de lipídios

que foi superior.

4. CONCLUSÃO

Pastagem de gramíneas tropicais dos gêneros Brachiaria brizantha cvs.

Marandu e Piatã, e Panicum maximum cvs. Aruana e Massai podem ser utilizadas para

cordeiros SPRD na época chuvosa, pois não promoveram alterações no

desenvolvimento, nas características de carcaça, e ainda mantiveram as características

físico-químicas e a composição centesimal da carne dentro dos padrões normais.

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