capítulo 1. conceitos básicos de estatística e...
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Universidade Federal do ParanáSetor de Ciências ExatasPrograma de Pós-Graduação em FísicaFISC-7016 - FÍSICA ESTATÍSTICA
Capítulo 1. Conceitos Básicos de Estatística e Termodinâmica
1a. Parte: Termodinâmica
1. Conceitos Básicos
Termodinâmica: é uma teoria fenomenológica da matéria, que extrai seus conceitos diretamente dosexperimentos (Kerson Huang).
Sistema termodinâmico: é qualquer sistema macroscópico
Parâmetros termodinâmicos: são quantidades macroscópicas mensuráveis associadas ao sistema
Sistemas termodinâmicos simples: empregam três parâmetros termodinâmicos, dos quais um é a temperatura (T)
Sistemas hidrostáticos: caracterizados pelos parâmetros termodinâmicos pressão (P), volume (V) e temperatura (T)
Estado termodinâmico: é especificado por um conjunto de valores de todos os parâmetros termodinâmicos necessários à descrição do sistema
Equilíbrio termodinâmico: quando o estado termodinâmico do sistema não se altera com o tempo
Equação de estado: é uma relação funcional entre os parâmetros termodinâmicos de um sistema em equilíbrio
Ex.: para um sistema hidrostáticos, é uma relação da forma geral f(P,V,T) = 0: reduz o número de variáveis independentes de três para duas
Podemos representar o estado de um sistema hidrostático por um ponto no diagrama PVT. A equação de estado define uma superfície neste diagrama. Qualquer ponto sobre esta superfície representa um estado em equilíbrio.
Transformação termodinâmica: é uma mudança de estado. Se o estado inicial é um estado de equilíbrio, a transformação só pode ser realizada por mudanças na condição externa do sistema.
Transformação quase-estática: se as condições externas mudam tão lentamente com o tempo que, a qualquer instante, o sistema está aproximadamente em equilíbrio.
Transformação reversível: se a transformação remonta sua história no tempo quando a condição externa remonta sua história no tempo
Uma transformação reversível é quase-estática, mas uma transformação quase-estático não precisa ser necessariamente reversível!
Diagrama PV: é a projeção da superfície da equação de estado sobre o plano PV (T = const.). Todo ponto sobre o diagrama PV representa um estado de equilíbrio. Uma transformação reversível é um caminho contínuo no diagrama PV. Já uma transformação irreversível não pode ser representada dessa maneira.
Alguns tipos de transformação reversível:a) isotérmica: temperatura permanece constanteb) isobárica: pressão permanece constantec) isocórica: volume permanece constante
Trabalho: para uma transformação infinitesimal de um sistema hidrostático: dW = P dV
Para uma transformação finita:
W=∫V i
V f
PdV
(i) A integral depende do caminho que liga os estados inicial e final(ii) a diferencial dW não é exata (W não é função do estado termodinâmico)(iii) o sinal do trabalho depende de como o caminho é percorrido
Calor: é uma grandeza física absorvida por um sistema homogêneo se a sua temperatura aumenta sem que seja realizado trabalho.
Capacidade térmica: se ΔQ é uma quantidade de calor absorvido e ΔT é a mudança correspondente de temperatura, a capacidade térmica C é definida como ΔQ = C ΔT.
Para sistemas hidrostáticos interessam-nos as capacidades térmicas a pressão constante (CP) e a volume constante (CV).
A capacidade térmica por unidade de massa é chamada “calor específico” (c = C/m)
Reservatório de calor (ou termostato): é um sistema tão grande que qualquer ganho ou perda finita de calor não muda sua temperatura.
Um sistema é termicamente isolado se não há trocas de calor entre ele e a sua vizinhança. Uma transformação de um sistema termicamente isolado é chamada adiabática (Q = 0).
Uma quantidade termodinâmica é extensiva se for proporcional à quantidade de substância no sistema (Ex.: massa, volume), e é intensiva se for independente dela (Ex.: pressão, temperatura).
Gás ideal (ou gás perfeito): é um sistema hidrostático, e representa um comportamento universal de todos os gases a pressões suficientemente baixas
Equação de estado dos gases ideais:
P V = N k T
N: número de moléculask = 1,38 x 10-16 erg/K: constante de Boltzmann
Em um mol há NA = 6,023 x 1023 moléculas (número de Avogadro), então para n moles haverá N = n NA moléculas. Definindo a constante dos gases
R = k NA = 8,315 J/K = 1,986 cal/K
P V = n R T
2. Primeira Lei da Termodinâmica (conservação de energia)
Numa transformação termodinâmica arbitrária, onde ΔQ é a quantidade líquida de calor absorvido pelo sistema, e ΔW é o trabalho líquido realizado pelo sistema, a quantidade
ΔE = ΔQ – ΔWé a mesma para todas as transformações entre um dado estado inicial e um dado estado final. Numatransformação infinitesimal
dE = dQ – dW
Energia interna E: é uma função de estado, e uma quantidade extensiva, tal que sua variação é ΔE = Ef – Ei . Logo E é definida a menos de uma constante aditiva, que pode ser especificada para um dado estado de referência (Ex.: pressão atmosférica e temperatura ambiente)
Obs.: dE é uma diferencial exata, a despeito de dQ e dW serem diferenciais inexatas! Logo
∫i
fdE independe do caminho de integração entre os estados inicial e final.
Se E = E(P,V) num sistema hidrostático
dE=(∂E∂P )V
dP+(∂E∂V )P
dV
Como dE é uma diferencial exata
∂∂V [(∂E∂P )
V ]P= ∂∂P [(∂ E
∂V )P]V
Como dW = P dV a primeira lei da termodinâmica resulta em
dQ=(∂E∂P )V
dP+[(∂E∂V )P
+P]dV
Capacidade térmica a volume constante: dV = 0, logo
CV=( dQdT )V
=(∂E∂T )V
Entalpia: H = E + PV
dH = dE + P dV + V dP
Capacidade térmica a pressão constante: dP = 0
dH = dE + P dV = dQ
CP=( dQdT )P
=(∂ H∂T )
P
Expansão livre de Joule: é um processo irreversível, mas os estados inicial e final são de equilíbrio. Observa-se que a temperatura não varia: Tf = Ti.
Como ΔT = 0 então ΔQ = 0. O gás não realiza trabalho sobre a sua vizinhança, então ΔW = 0, donde ΔE = 0. Como Ef = Ei concluímos que E só depende de T para um gás ideal. Logo CV = dE/dT. Se CV não depender de T, então E = CV T, e a entalpia do gás ideal é H = E + PV = CV T + N k T. Assim
CP=(∂H∂T )P
=CV+N k>CV
3. Segunda Lei da Termodinâmica
É uma restrição a determinados processos físicos que não podem ocorrer, mesmo sendo permitidos pela primeira lei da Termodinâmica (conservação da energia).
Ex.: nunca se viu uma pedra em repouso no chão esfriar espontaneamente e converter o calor gerado em energia mecânica, pulando em direção ao teto! (este processo não violaria a conservação de energia)
Historicamente a segunda lei da Termodinâmica foi enunciada antes da primeira lei, e seguiu a evolução tecnológica de máquinas térmicas (máquina a vapor)
Ciclo termodinâmico: é uma transformação onde os estados inicial e final são os mesmos
Num ciclo completo Ef = Ei, portanto pela 1a. Lei temos ΔE = ΔQ – ΔW = 0, logo ΔQ = ΔW.
Máquina térmica: opera num ciclo, absorvendo uma quantidade de calor Qh de um reservatório quente (à temperatura Th), realizando um trabalho W e rejeitando uma quantidade de calor Qc para um reservatório frio (à temperatura Tc). Assim ΔQ = Qh – Qc = W.
Eficiência da máquina térmica:
η=WQh
=1−Q c
Q h
Enunciado de Kelvin-Planck para a segunda lei: não existe uma máquina térmica cujo únido efeito seja extrair uma quantidade de calor Qh de um reservatório quente, e convertê-lo integralmente em trabalho W. Logo Qc ≠ 0, donde η < 1: a segunda lei não especifica qual o máximo valor da eficiência, só diz que não pode ser 100%.
“Enunciados futebolísticos” das leis da Termodinâmica:• 1a. Lei: você não pode ganhar• 2a. Lei: você não pode nem mesmo empatar
Enunciado de Clausius para a segunda lei: não existe uma máquina térmica cujo único efeito seja o de extrair uma quantidade de calor Qc de um reservatório frio e transferi-lo integralmente para o reservatório quente. Logo deve sempre existir um trabalho W realizado sobre a máquina térmica, quando esta funciona como um refrigerador.
O calor nunca pode ser espontaneamente transferido do reservatório frio para o reservatório quente.
É possível mostrar que os enunciados de Kelvin-Planck e Clausius são equivalentes (um implica nooutro e vice-versa)
Ciclo de Carnot: absorve calor isotermicamente de um reservatório quente (à temperatura TH), sofre uma expansão adiabática, cede calor isotermicamente a um reservatório frio (à temperatura TC) e sofre uma compressão adiabática.
Teorema de Carnot: nenhuma máquina térmica operando entre duas temperaturas é mais eficiente do que uma máquina de Carnot: ηcarnot ≥ ηx.
Como o ciclo X é arbitrário ele pode ser o próprio ciclo de Carnot: todos os ciclos de Carnot, operando entre as mesmas temperaturas, têm a mesma eficiência.
Kelvin (1850): usou a eficiência do ciclo de Carnot como a propriedade termométrica de uma escalaabsoluta de temperatura
QH
Qc
=T H
T c
assim a eficiência do ciclo de Carnot é
η=1−T c
T h
Além da eficiência de um ciclo qualquer ser necessariamente menor do que 1 (2a. Lei da TD) ela pode ser igual, no máximo, à eficiência do ciclo de Carnot.
O ciclo de Carnot é o único ciclo reversível para uma máquina térmica, pois a absorção e a rejeição de calor são realizados a temperatura constante. A transferência de calor entre reservatórios a temperaturas diferentes é um processo irreversível, em geral.
4. Entropia
Teorema de Clausius: em qualquer transformação cíclica temos
∮dQT
≤0
onde a igualdade vale se a transformação é reversível.
Corolário: para uma transformação reversível a integral ∫i
f dQT
não depende do caminho, apenas
dos estados inicial e final.
Entropia: dS = dQ/T tal que a variação de entropia é
S f−Si=∫i
f dQT
Se 0 é um estado de referência para o qual S(O) = 0, então a entropia de um estado A qualquer é
S (A)=∫O
A dQT
Para uma transformação qualquer temos
∫A
B dQT
≤S (B)−S (A )
Consequência: a entropia de um sistema termicamente isolado nunca diminui.
Exemplo 1: expansão isotérmica reversível de um gás ideal
Como E = E(T), então se T = const., ΔE = 0. Da primeira lei ΔE = Q – W = 0 logo
Q=∫1
2PdV=nRT∫V 1
V 2 dVV
=nRT ln(V 2
V 1)
Variação de entropia do sistema (gás)
(δS )sistema=∫1
2 dQT
=QT
=nR ln(V 2
V 1)>0
pois V2 > V1.
Variação de entropia da vizinhança (reservatório de calor que cede uma quantidade de calor -Q para o gás)
(δS )vizinhança=−QT
=−n R ln(V 2
V 1)<0
Variação de entropia do “universo” (=sistema+vizinhança)
(δS )universo=(δS)vizinhança+(δS)sistema=0
como, aliás, deve ser para um processo reversível. O trabalho W = Q é armazenado numa mola presa ao êmbolo.
Exemplo 2: expansão livre de Joule
Os estados inicial e final são os mesmos do exemplo 1, mas agora o processo é irreversível! Como aentropia é função de estado, a sua variação é a mesma para o gás
(δS )sistema=∫1
2 dQT
=QT
=nR ln(V 2
V 1)>0
Como o gás está isolado adiabaticamente do exterior, Q = 0, donde a variação de entropia da vizinhança é igual a zero. Portanto a entropia do universo aumenta (variação positiva):
(δS )universo=(δS)vizinhança+(δS)sistema>0
como deveria ser para qualquer processo irreversível.
Há um trabalho W = T (δS)sistema que é “desperdiçado”, pois não pode ser usado, por exemplo, para comprimir o gás, ao contrário do Exemplo 1, onde o trabalho foi armazenado como energia potencial da mola, e poderia ser usado para a compressão.
Processos irreversíveis têm, além do aumento da entropia do universo, a produção de trabalho indisponível (“degradação de energia”)
Exemplo 3: condução térmica numa barra
Como os estados inicial e final da barra são os mesmos não há variação de entropia do sistema.
Vizinhança = reservatório frio + reservatório quente
O reservatório quente cede uma quantidade de calor (-Q) à temperatura T2, que passa pela barra e é absorvida (+Q) pelo reservatório frio à temperatura T1. A variação de entropia da vizinhança (e, por consequência, do universo) é
(δS )universo=Q(1T 1
−1T 2
)>0
pois T2 > T1. O processo é irreversível!
A única forma reversível de transferir calor entre dois reservatórios é operando um ciclo de Carnotentre eles!
Consequências da Segunda Lei da Termodinâmica
Como dQ = T dS para um processo reversível temos,
TdS=( ∂E∂P )V
dP+[(∂E∂V )P
+P]dV (1)
Considerando S = S(T,V)
dS=( ∂ S∂T )
V
dT+(∂E∂V )T
dV
Comparando com a equação anterior, e impondo que dS seja uma diferencial exata, é possível mostrar que (exercício)
(∂E∂V )T
=T (∂P∂T )V
−P (2)
Ex.: para um gás ideal P V = N k T, logo (∂E∂V )T
=0 , donde a energia interna só pode depender
da temperatura. Deduzimos isso anteriormente a partir do resultado experimental da expansão livre de Joule.
1a. Equação TdS: substituindo (2) em (1)
TdS=CV dT +T (∂P∂T )V
dV
2a. Equação TdS: analogamente mostra-se que
TdS=CPdT−T (∂V∂T )P
dP
Igualando as duas equações TdS, obtemos uma relação geral para as capacidades térmicas (exercício)
CP−CV=−T [(∂V∂T )P]
2
(∂ P∂V )
T
As derivadas parciais nas equações TdS podem ser expressas em função de quantidades físicas mensuráveis, como:
(i) coeficiente de expansão térmica:
α=1V (∂V∂T )
P
(ii) compressibilidade isotérmica
χT=−1V (∂V∂ P )
T
(iii) compressibilidade adiabática
χS=−1V (∂V∂P )
S
Com o auxílio destas quantidades reescrevemos as equações TdS como:
TdS=CV dT +T αχT
dV
TdS=CPdT−T αV dP
CP−CV=TV α
2
χT
Tanto χT como χS são sempre quantidades positivas: nunca se observou um material que aumentasse de volume com o aumento da pressão! Assim CP > CV para qualquer substância. Outra relação geral que se pode provar é (exercício):
γ=CP
CV
=χTχS
>1
Potenciais Termodinâmicos:
a) Energia Livre de Helmholtz: A = E – TS
Em uma transformação infinitesimal reversível
dA = dE – T dS – S dT
Como dE = dQ – dW = T dS – P dV (1a. Lei da TD)
dA = - P dV – S dT
Considerando A = A(V,T)
dA=(∂ A∂T )
V
dT +(∂ A∂V )
T
dV
comparando obtemos o primeiro par de relações de Maxwell
S=−(∂ A∂T )
V
,P=−(∂ A∂V )
T
Teorema: Em uma transformação isotérmica a variação da energia livre de Helmholtz é igual amenos o máximo trabalho possível realizado pelo sistema.
Prova: pela segunda lei da TD ∫A
B dQT
≤S (B)−S (A )
Se T é constante δQT
≤δS
Da 1a. Lei da TD δ E=δQ−W logo W≤−δ E+T δ S=−δ ALogo δ A≤−W para uma transformação isotérmica qualquer. Se a transformação isotérmica reversível vale a igualdade δ A=−W CQD.
Teorema: para um sistema mecanicamente isolado mantido à temperatura constante, a energia livrede Helmholtz nunca aumenta.Prova: se W = 0 no teorema anterior, então δ A≤0 em geral.
Corolário: para um sistema mecanicamente isolado mantido à temperatura constante, o estado de equilíbrio é o estado onde a energia livre de Helmholtz é um mínimo. Prova: se δ A=A f−A i≤0 então A f≤Ai e o estado final é o de menor valor possível de A.
Na Mecânica o estado de equilíbrio estável de uma partícula é o estado onde a energia potencial é um mínimo. Por analogia, A serve como um “potencial termodinâmico”.
A minimização da energia livre de Helmholtz fornece a condição de equilíbrio mecânico de um sistema termodinâmico.
Ex.: Câmara dupla com um pistão móvel
Se a energia livre tem um valor mínimo no equilíbrio δA = 0. Como
δ A=(∂ A∂V 1
)T
δV 1+(∂ A∂V 2
)T
δV 2=0
Como V = V1 + V2 permanece constante, δV1 = - δV2, logo
[( ∂ A∂V 1
)T
−( ∂ A∂V 2
)T ]δV 1=0
Mas δV1 é arbitrária, donde (∂ A∂V 1
)T
=(∂ A∂V 2
)T
, ou seja, P1 = P2 é a condição para o equilíbrio
mecânico do sistema.
b) Energia Livre de Gibbs: G = A + PV
Em uma transformação infinitesimal reversível
dG = dA + P dV + V dP
Como dA = - P dV – S dT
dG = – S dT + V dP
Considerando G = G(P,T)
dG=(∂G∂T )P
dT+(∂G∂P )T
dP
comparando obtemos o segundo par de relações de Maxwell
S=−(∂G∂T )P
,V=(∂G∂P )T
Teorema: Para um sistema mantido a temperatura e pressão constantes a energia livre de Gibbsnunca aumenta.
Prova: Vimos anteriormente que, se a temperatura é constante , então W≤−δ A . Se, além disso, a pressão for também constante então W = P δV, logo PδV +δ A=δG≤0 CQD.
Corolário: Para um sistema mantido a temperatura e pressão constantes o estado de equilíbrio é o estado de mínima energia livre de Gibbs.
Aplicação: transições de fase → a temperatura e a pressão são constantes. Logo a energia de Gibbs é mínima sobre as curvas de coexistência (ex.: sólido-líquido, líquido-vapor, etc.)
c) Entalpia: H = E + PV
dH = dE + P dV + V dP = T dS + V dP
Considerando H = H(S,T)
dH=(∂H∂T )S
dT+( ∂H∂ S )T
dS
comparando obtemos o terceiro par de relações de Maxwell
V=(∂H∂P )S
,T=(∂H∂ S )P
d) Energia interna: E = E(S,V)
dE=T dS−PdV=(∂E∂ S )V
dS+(∂E∂V )S
dV
comparando obtemos o quarto par de relações de Maxwell
T=(∂E∂ S )V
, P=−(∂E∂V )S
A Terceira Lei da Termodinâmica
2a. lei da TD: define a entropia a menos de uma constante aditiva arbitrária
S f−Si=∫i
f dQT
Postulado de Nernst (1905): a entropia de um sistema à temperatura de zero absoluto (T = 0 K) éuma constante universal, que pode ser considerada igual a zero: S(T=0)=0
Obs.: a terceira lei refere-se a qualquer sistema termodinâmico
Consequências (exercício):- a capacidade térmica tende a zero se T→0- o coeficiente de expansão térmica tende a zero se T→0
A baixas temperaturas a capacidade térmica a pressão constante pode ser representada pela seguinte expansão em série de potências da temperatura:
CP=T x (a+bT+cT2+... )
onde x é uma constante positiva e a, b, c, … são funções da pressão P. Neste caso, pode-se mostrar
que a razão V α
C P
tende a uma constante finita se T→0 (exercício).
Da segunda equação TdS, se temos uma variação adiabática da pressão dP, a temperatura varia de
dT=V α
CP
T dP
Portanto, se T→0 a variação de pressão necessária para obter uma mudança finita na temperatura é arbitrariamente grande: inatingibilidade do zero absoluto por uma sequência finita de processos termodinâmicos.
Sistemas Abertos
São aqueles para os quais o número de partículas da substância varia devido a processos como passagem por paredes permeáveis ou reações químicas (ou ainda transições de fase, se pensarmos na fase da substância)
Num sistema aberto com uma única substância a energia interna é função da entropia S, do volume V e do número de partículas N
dE(V , S , N)=(∂E∂ S )V , N
dS+( ∂E∂V )
S , N
dV +( ∂E∂N )
S ,V
dN
Definimos o potencial químico da substância como μ=( ∂E∂N )
S , V
Das equações de Maxwell T=(∂E∂ S )V , N
, P=−(∂ E∂V )
N ,S
teremos
dE(V , S , N)=T dS−PdV +μdN
de forma que o termo μ dN pode ser identificado como um “trabalho químico reversível”, que pode ser incorporado aos demais potenciais termodinâmicos:
Energia livre de Helmholtz: dA(V,T,N) = - P dV – S dT + μ dN
Entalpia: dH(P,S,N) = T dS + V dP + μ dN
Energia livre de Gibbs: dG(P,T,N) = – S dT + V dP + μ dN
Composição de dois sistemas hidrostáticos
A entropia é uma grandeza extensiva (aditiva):
S(E1,V1,N1; E2,V2,N2) = S1(E1,V1,N2) + S2(E2,V2,N2)
Por exemplo, se o número de partículas dobra, a entropia também dobra. Como consequência, a entropia é uma função homogênea de primeiro grau de suas variáveis:
S(λE, λV, λN) = λS(E, V, N)para qualquer valor de λ. Fazendo λ = 1/N
1N
S (E ,V ,N )=S( EN ,VN
,1)=s (e , v)
onde s = S/N (entropia específica), e = E/N (energia interna específica), e v = V/N (volume específico).
Podemos formalmente colocar a energia interna como função de S, V e N. Neste caso a energia interna também é uma grandeza extensiva e, como tal, é uma função homogênea de primeiro grau
E(λS, λV, λN) = λE(S, V, N)
Derivando em relação a λ e fazendo λ = 1 obtemos a chamada relação de Euler:
TS – PV + μN = E
Aplicando a diferencial em ambos os lados da igualdade acima e dividindo por N obtemos a chamada relação de Gibbs-Duhem
dμ = v dP – s dT
Da relação de Euler , segue que a energia livre de Gibbs pode ser escrita simplesmente como G = μ N
Equilíbrio Termodinâmico
Como E, S, V e N são grandezas extensivas, então
E = E1 + E2 = constante, S = S1 + S2 = constante, V = V1 + V2 = constante, N = N1 + N2 = constante
dE = dE1 + dE2 = 0, logo dE1 = - dE2
dS = dS1 + dS2 = 0, logo dS1 = - dS2
dV = dV1 + dV2 = 0, logo dV1 = - dV2
dN = dN1 + dN2 = 0, logo dN1 = - dN2
Como dS=dET
+PTdV−
μ
TdN resulta que
dS=dE1(1T 1
−1T 2
)+dV 1(P1
T 1
−P2
T 2)+dN1(
μ1
T 1
−μ2
T 2)=0
que é identicamente satisfeita se T1 = T2 (equilíbrio térmico), P1 = P2 (equilíbrio mecânico) e μ1 = μ2 (equilíbrio químico).
Representação da entropia: como S = S(E,V,N) a sua diferencial total resulta nas seguintes expressões
1T
=( ∂ S∂ E )
V ,N
,PT
=( ∂ S∂V )
E ,N
,μ
T=−( ∂ S
∂N )E ,V
,