captação de recursos para projetos públicos · mudanças na gestão das cidades européias e...

41
ESTRUTURA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E AS METRÓPOLES ALGUNS EXEMPLOS ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O MOMENTO ATUAL DO NOVO REGIONALISMO À LA ABC DEBATE E PERSPECTIVAS PAPEL DO TRABALHO?

Upload: trinhnhu

Post on 20-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

ESTRUTURA

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E AS METRÓPOLES

ALGUNS EXEMPLOS

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O MOMENTO ATUAL DO NOVO REGIONALISMO À LA ABC

DEBATE E PERSPECTIVAS – PAPEL DO TRABALHO?

CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES

Colapso no padrão de desenvolvimento nos países industrializados (sistema monetário internacional -Bretton Woods-, crise de petróleo, desemprego estrutural, deslocamento de grandes empresas para mercados emergentes)

Redução do papel do Estado-nação e suas políticas keynesianas. Enfâse nas parcerias públicas-privadas no nível local (acumulação flexível)

Consenso neo-conservadora=> redução da crença na capacidade de planejamento, e mais particularmente o planejamento territorial

EMPRESARIAMENTO Reversão de prioridades. Novo tema do

desenvolvimento econômico local

Mudança na postura => empreendedorismo (Goodman: governo local como último empreendedor)

› Atitude versus risco: alavancar a participação do setor privado em grandes projetos estratégicos

› Trabalhar com flexibilidade (ruptura com o modelo burocrático) => buscar novas atribuições

Analogia entre a empresa e a cidade (cidade como ator político, cidade como objeto)

Implicações para o planejamento (colapso do modernismo, produtos (?) do planejamento, planos X projetos, papel da imagem etc.)

ESTRATÉGIAS DE EMPRESARIAMENTO

Voltadas para a criação de vantagens competitivas na produção de bens e/ serviços

> Redução de custos

> Criação de um milieu local de qualidade - economias de aglomeração

Voltadas para a criação de um ambiente local propício a atração de poder aquisitivo

> Qualidade de vida (projetos urbanísticos)

> Turismo

> Cultura, esporte, lazer (estádios)

> Espectáculos e shows

Voltadas para a inserção na economia mundial de fluxos (a Cidade como nó na sociedade em rede)

> Finanças, (tele)comunicações, serviços profissionais e média etc.)

> Relação com teorias de cidades globais

> Implica investimentos pesados na infra-estrutura e escritórios

Voltadas para a captação de recursos junto a outras esferas de governo (exemplos de California)

O PAPEL DAS CIDADES-REGIÃO

A prática e a teoria da territorialização do desenvolvimento econômico

Mudanças na gestão das cidades européias e norte-americanas a partir da década de 70 – empresariamento

Década de 80 – Re-surgimento do debate sobre o papel econômico das cidades

Estudos de casos sobre as melhores práticas

Retomada e refinamento do referencial teórico baseado na literatura sobre os distritos marshalianos (sistemas industriais, untraded interdependencies)

Convergência notável de várias disciplinas (sistemas locais de inovação, literatura de administração de empresas, geografia econômica da escola californiana, Krugman)

Exemplos - O Caso de Roterdã

A evolução histórica da localização do porto de Roterdã

O processo de reestruturação

A evolução das políticas urbanas

O projeto Kop van Zuid como exemplo da nova relação entre cidade e porto

O processo histórico da localização do porto de Roterdã

Porto de armazenagem. (Entrepôt). Armazenagem e comercialização na cidade. Cais representa também um espaço público. Até meados do século IXX

Porto de transito/passagem. Maximizar fluxos com o hinterland e os mercados. Início da separação entre cidade e porto. A partir do final do século IXX

Separação entre o porto industrial e a cidade funcional. Agregação de valor ocorre no porto. A partir de meados do século XX

Porto de distribuição e cidade inserida na sociedade mundial de fluxos. Re-aproximação entre porto e cidade

Transformações no tecido

econômico

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1970 1975 1980 1985 1990

Evolução do emprego por setor econômico

Outros serviços

Serviços financeiros e

segurosTransporte/armazenage

m/comunicaçãoComércio

Construção civil

Serviços industriais de

utilidade públicaIndústria

Agricultura

Setor

•Queda de emprego de 463.000 postos de trabalho (1970) para 377.000 (1990)

•Papel da crise de petróleo, reestruturação produtiva na Alemanha, aumento de concorrência internacional na indústria naval, metalúrgica e de outros cidades portuárias

•O rebatimento das mudanças no quadro econômico sobre o perfil das políticas urbanas

A re-organização de 1991

Empresa do

porto

Empresa de

terra

Des. Ec. Micro- empresasRenovação

urbana

PORTO CIDADE

Empresa de

Des.

25/4/2011

Um exemplo do Projeto Estratégico “Kop Van Zuid”

> Uma antiga área portuária que entrou em decadência (modernização, descentralização das atividades portuárias)

> Planos antes de 1987: alocação para habitação. Apontar a relação com os bairros do entorno

> Depois de 1987: a área entra no debate sobre a estratégia de renovação da cidade de Roterdã

> Plano do arquiteto Koolhaas: ruptura com metodologia de planos anteriores: não há relação direta entre plano e execução (ou com necessidades da população local)

25/4/2011

Seqüências

> Masterplan do projeto em 1991: detalhamento, estudos genéricos de custos e de viabilidade, objetivando a comunicação com atores externos

> Infra-estrutura de alta qualidade para transformar uma antiga e degradada área portuária industrial num pólo de serviços e moradia de alta qualidade

> Exemplo da discussão sobre a construção da ponte Erasmus (imagem da cidade, visualização da Nova Roterdã etc...)

> Estudos de viabilidade inicialmente poucos sofisticados. No entanto, as primeiras discussões no secretariado (1989) não mostram uma grande preocupação com o risco do projeto

Roterdã - a área do Kop Van Zuid em 1986

Roterdã - a área do Kop Van Zuid em 1986

Remodelação da deserta área portuária em um bairro vibrante e de alta qualidade

Numa superfície de 125 hectares, inclui habitações, espaços para escritórios, áreas comerciais e de recreação

Reunificou a cidade com uma ponte que une os lados norte e sul da cidade

Criação do Kop van Zuid (cabeça do sul)

Uma diretriz do projeto foi o “Benefício Mútuo”

Exemplo internacional de desenvolvimento urbano de sucesso

Políticas de apoio financeiro ao processo de revitalização

O plano estratégico integrado

Promove a cooperação entre as várias políticas setoriais

Abrange a construção de casas, escritórios e unidades industriais, como também a construção de estradas e linhas de metrô.

Tem projetos de importância regional como o desenvolvimento de áreas para construção de depósitos de lixo químico

“Decisão chave do plano estratégico”.

Roterdã - a área do Kop Van Zuid em 1986

O VALE DO RUHR

ESTRUTURA, OBJETIVOS E METODOLOGIA DA IBA

A REVITALIZAÇÃO DA ÁREA CENTRAL DO PORTO DE

DUISBURG

CASO DO VALE DE RUHR, ALEMANHA

• Repercussões do Padrão de industrialização

Estruturas verticalizadas da indústria; Implantação caótica das redes de infra-estrutura; Baixíssima qualidade de vida (áreas verdes, nível de escolaridade, ambiente urbano pouco atraente)

•Crescimento e crise do setor básico (carvão, metalúrgico, aço, maquinaria)

• Crise da Indústria fordista e conflitos capital-trabalho

• Redução dos postos de trabalho / aumento de produtividade Carvão (50s) 470 .000 100.000Aço (60 até hoje) 200.000 110.000

Vale do RuhrVale do Ruhr

•Fim da década de 80: momento de “regionalização”da política regional na Alemanha (Conferências regionais: redes de cooperação, descentralização, e aproveitar capacidade local)

IBA: participam o Estado, os Municípios, Empresas, Sindicatos e Associações da Sociedade Civil

Meta: Revitalização Social e Ecológica da Região

Papel de Catalizador, Intermediador e facilitadorResultado: 5 bil. DM, 2/3 público, 1/3 privado

Eixos Estuturantes: paisagismo, saneamento ambiental (Emscher), trabalhar num ambiente urbano de qualidade, monumentos industriais, habitação, geração de trabalho e renda e inclusão social

Vale do Ruhr

Estrutura e papel da IBA

Vale do Ruhr

• O papel do porto como centro de distribuição de alimentação e cereais “(Padaria do Vale do Ruhr)”

•A transição do transporte fluvial para o transporte rodoviário e a perda de competitividade do porto

•Política Municipal: Concentração de recursos prioritariamente na revitalização da área central do porto/da cidade

O caso de Duisburg

•Final da década 80: Crise aguda , mas inclusão nos projetos da IBA impulsiona a política municipal de revitalização do porto

•1993: Masterplan do Arquiteto Inglês Norman Foster (Docklands): “reafirmar a relação simbólica da cidade com a água – Reganhar o espaço público para a população”

•Objetivo de transformação da área numa zona de terciário avançado, de cultura e lazer e residências de alta qualidade

Vale do Ruhr

Vale de Ruhr - Alemanha

Vale de Ruhr – Alemanha

Vale de Ruhr – Alemanha

Vale de Ruhr – Alemanha

Vale de Ruhr - Alemanha

O Novo Regionalismo no Brasil

Particularidades do caso da AL-C –fragilidades históricas

Pacto federativo (Chico de Oliveira/Fiori: federação de mercadores, leilão invertido)

Fragmentação do espaço nacional – ruptura nos laços construídos no Nac-Des.

A crítica estruturalista (Plínio Sampaio Jr., Vainer etc.)

No entanto, literatura regional vem crescendo

Localização dentro da RMSP

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Identidade política forte – papel na redemocratização, criação de lideranças nacionais (Lula, Marinho, ex-prefeito Celso Daniel etc.)

Aglomeração regional – fronteiras difusas entre as cidades

Cultura de trabalho (industrial)

No entanto – região é caracterizada pela “baixa urbanidade” –qualidade do espaço público, uso e ocupação do solo desordenado, relação com a água e os mananciais etc.

Relativa ausência de infra de cultura e lazer (“região de passagem” – entre a metrópole e o porto?)

Novas identidades (Cultura de Indústria versus Indústria de Cultura - Novas Centralidades Metropolitanas)

ESTRUTURA ECONÔMICA A região concentrou uma parcela grande de

investimentos (multinacionais) durante a época de substituição de importações - simbolismo

Sistema industrial relativamente verticalizado e hierarquizado com pouca tradição de cooperação interempresarial

Presença estratégica de grandes empresas (montadoras multinacionais e grande industria petroquimica)

A maioria das MPE não conseguiu se conectar aos processos de modernização empresarial e tecnológica que vêm ocorrendo na grande indústria no decorrer dos anos 90

Anos 90 - Reestruturação Produtiva - emprego

Quedas nos setores chaves que são maiores que as registradas nestes setores no ESP

Emprego Terciário cresce, mas não compensa queda no emprego formal

Crescimento relativamente mais acentuado de serviços técnicos e profissionais e comércio varejista reflete processo de compensação de atraso em relação aos níveis existentes destes setores na Capital

A Capital mantém pujança nestes setores do terciário mais dinâmico e capitalizado

Fragilidade da economia regional do ponto de vista sistêmico (inovação, fratura industrial etc.)

A PAEP à luz do Novo Regionalismo

Estrutura da economia fortemente concentrada, tanto espacialmente como setorialmente

Estratégias de localização não são voltadas para busca de um milieu “Marshaliano”, e sim para minimização de custos

Predominância de fontes tangíveis de inovação (que de fato ocorreram com mais freqüência na grande indústria)

Pujança de processo defensivos e ofensivos de reestruturação produtiva na grande indústria

Perfil de subcontratação não automaticamente favorece um impacto dinâmico e catalizador sobre a economia regional do Grande ABC (i.e. sobre os serviços de produção)

PERSPECTIVAS MAIS RECENTES

Novos investimentos nas principais cadeias

Enraízamento de uma cultura de políticas territoriais de desenvolvimento (incl. com novas institucionalidades)

Desafio => transformar os choques exógenos em capacidade endógena de aprendizagem dos atores locais (Nova Agenda Local)

Externalidades X bens públicos; exógeno versus endógeno; custo ABC X produtividade ABC; local X estadual e nacional etc. etc.

Desindustrialização X Reestruturação?

Nova dialética => UFABC: “no” versus “do”

REGIONALISMO À MODO ABC

Rebatimento da crise macroeconômica e do ajuste microeconômica sobre as regiões metropolitanas no Brasil nos anos 90

Conscientização acerca da crise e do papel protagonista das cidades => criação de um incipiente sistema de governance regional no ABC

REGIONALISMO NO ABC

Consórcio Intermunicipal das Bacias do Alto Tamanduateí e Billings - 19/12/1990

Setor público – associação dos 7 prefeitos

Coordenação dos principais serviços urbanos

Possui estrutura jurídica

Fórum da Cidadania - 16/03/1995 –sociedade civil

Câmara Regional do Grande ABC -12/03/1997

Agência de Desenvolvimento

A AGENCIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO ABC

Criada em função de um acordo regional em Outobro 1998 – Organização Não Governamental

Possui estrutura jurídica

Sócios-membros: Consórcio intermunicipal(49%) , sindicatos de trabalhadores, associações empresariais e CIESPs, SEBRAE, cadeias específicas, universidades (51%)

Missão – Fomento MPE, Sistema de informações, marketing regional

ORGANOGRAMA DA AGÊNCIA DE

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO GRANDE

ABC

ASSEMBLÉIA

GERAL

DIRETORIA

SECRETARIA

EXECUTIVA

APOIO E

FOMENTO

MARKETING

REGIONAL

BANCO DE

DADOS

COMISSÃO

FISCALIZADORA

CONSELHO

CONSULTIVO

Potencialidades do modelo

Sistema alternativo de Governança Regional

• Planejamento metropolitano de baixo para cima

• Informal, flexível e voltado para acordos e projetos estratégicos

• Redes horizontais e verticais => Articulação público privada

• Modelo público não estatal de gestão local

Limites

• Sobreposições e duplicações de discussões nos grupos temáticos

• Fragilidade operacional (ciclo vícioso no discurso –produtos X recursos e recursos X produtos)

• Dependência do ciclo político – mobilização política precisa ser complementada por uma fase de profissionalização das instituições regionais (Agência e Consórcio)

• Falta ainda respaldo institucional dentro do atual modelo de federalismo fiscal =>

Transparência e previsibilidade de recursos (financeiros e técnicos)

Flexibilidade como ponto forte e fraco do novo arranjo

Consensos com institucionalidades frágeis

Novo e velho regionalismo se complementam

PERSPECTIVA E DEBATE

Debate sobre as escalas – o que pode o poder local;

Ao mesmo tempo, escala e território como conceitos dinâmicos e relacionais

Rejeitar determinismos estruturais – território local não é sobre-determinado pelas estruturas –entrelaçamentos (agenciamento e estruturas operam ao mesmo tempo)

Papel do trabalho nas estratégias “multi-escalares”