capitulo i - queixa

17

Upload: eduardo-cesar-werneck

Post on 17-Jan-2016

234 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Capitulo 1 - Diagnostico baseado em evidencias

TRANSCRIPT

Page 1: Capitulo i - Queixa
Page 2: Capitulo i - Queixa

12

Page 3: Capitulo i - Queixa

11

Toda vez que iniciamos o

processo de atendimento de

um paciente, com a

perspectiva de um futuro

tratamento ortodôntico,

devemos saber (figuras 1.1 e

1.2), que o necessário

entendimento com respeito à

relevância do mesmo, e as

limitações que poderemos

encontrar durante o

desenvolvimento deste

tratamento ortodôntico,

devem sim fazer parte da

concepção do processo de

diagnóstico1.

Ora, é bom lembrarmos

que o tratamento ortodôntico

depende da capacidade de

diagnóstico correto, e

Sendo assim, não

começo nenhuma manobra

operatória, se o meu paciente

não puder descrever quais

suas intenções, seus anseios,

suas esperanças, para que as

mesmas não fluam para

fortíssimas decepções

futuras2.

É importante ao

ortodontista definir com

suficientes informações a

queixa, e que a mesma esteja

acompanhada de uma série de

fatores tais como, que

aparelhos ou procedimentos

espera ou não utilizar3 ?

Ou ainda, quanto tempo

espera que o tratamento dure4

?

Page 4: Capitulo i - Queixa

habilidade operacional do

ortodontista, contudo,

também depende e muito do

paciente, do seu grau de

envolvimento e participação

neste mesmo tratamento5 !

12

Page 5: Capitulo i - Queixa

11

Pois se forem necessárias

a utilização de dispositivos de

natureza extra-bucal6,

procedimentos com

exodontias7, recursos

cirúrgicos de natureza

ortognática8, inter-relação da

Ortodontia com as outras

demais especialidades de

nossa profissão (prótese,

periodontia, por exemplo)9, o

paciente irá acompanhar o

raciocínio do ortodontista e as

indicações do mesmo.

Afinal, não basta uma

excelente técnica, porque

também devemos adicionar o

paciente neste "negócio", sem

o qual nada dará certo10 !

Portanto, na abordagem

de um paciente “ortodôntico”

devemos iniciar nossos

procedimentos, com

formulações simples, como

por exemplo:

Por quê você

procura o tratamento

ortodôntico agora ?

Defina corretamente esta

questão porque muitas vezes

Page 6: Capitulo i - Queixa

o paciente está aqui por que

os pais determinaram11, ou

ainda, por indicação de algum

profissional ligado a área de

saúde.

Lembre-se, não somos

embelezadores da face, muito

embora isto possa acontecer

em determinadas ocasiões 12.

E esta questão, embora

enormemente subjetiva

acompanha nossos pacientes,

quando os mesmos buscam

algum tipo de tratamento,

pois em variados momentos

estes buscam beleza ou

atratividade social13, e quanto

a nós ortodontistas, buscamos

oclusão, saúde, harmonia

muscular, e que são fatos bem

distintos14.

Certamente o paciente

não gostaria exatamente de

estar aqui, mas foi conduzido

a isto, e nesta hora será

importante corrigirmos

distorções sérias que

acompanham a Ortodontia

como especialidade15.

O ortodontista deve ter o

pensamento de que, como

profissional da área de saúde,

buscamos prevenir onde seja

possível, corrigir onde se faça

necessário, e tratar,

respeitando os limites de

atuação da Ortodontia sempre

em conformidade com os

anseios do paciente, sob a

filosofia maior de criarmos

condições necessárias para a

fundamental existência de

saúde bucal16.

Se formos enumerar a

queixa, ou, as queixas

principais de nossos

pacientes, é certo que muitas

estarão relacionadas às

sempre citadas maloclusões

de classe II17 (para o paciente

importa a grande convexidade

na face que ele consegue

vislumbrar) quanto mais

àquelas que evidenciam uma

visualizável sobressaliência

12

Page 7: Capitulo i - Queixa

11

clínica, que dá ao leigo a

aparência fortemente convexa

no perfil (figuras 1.3 e 1.4),

muito citada pela maioria dos

pacientes18.

Contudo, quais são as

alternativas de que dispomos

para a correção clínica destes

elementos em sua fase de

crescimento e

desenvolvimento ?

Recursos de nartureza

ortopédicos ?

.

Pois bem, se tivermos que

utilizar aparelhos extra-bucais,

qual a estimativa de

cooperação por parte do

paciente19 ! E quanto aos

aparelhos removíveis20 ?

"O compliance do

paciente é considerado o

Figura 1.3

Page 8: Capitulo i - Queixa

maior problema em

ortodontia"21, desta forma

neste momento será relevante

o apoio da família, bem como,

um tratamento com menor

tempo de duração, e

principalmente, perfeito

domínio da técnica pelo

ortodontista, entre outros

fatores.

A queixa para mim é de

suma relevância na

consideração que faço no

desenvolvimento do processo

de diagnóstico, porque

subjetiva ou não, colocada de

forma leiga ou não, é a razão

principal para o paciente estar

a sua frente22.

Desta forma jamais

induzo meu paciente neste

momento, muito ao contrário,

procuro mesmo deixá-lo à

12

Page 9: Capitulo i - Queixa

11

vontade para me relatar

aquilo que acha imperfeito

com seus dentes, com seu

sorriso, ou mesmo, com sua

face23.

Afinal, nunca me esqueço

de que trato questões de

razões bem objetivas… Trato o

que vejo… Isto mesmo !

Trato questões de

espaço, posso tratar questões

transversais, ou quem sabe,

questões verticais, ou ainda,

as questões sagitais !

Mas já tive inúmeros

pacientes em primeira

consulta, relatando-me não

gostar do formato de seus

dentes, ou, do contorno

gengival, que não é um

problema necessariamente de

nosso alcance.

Em outra ocasião, tive

pacientes desejando fechar

espaços protéticos em locais

onde a perda dentária já era

de muitos anos, não havendo

condições de movimentação

dentária, e mesmo, pacientes

muito jovens querendo

tratamento ortodôntico fixo

sem todos os dentes

permanentes presentes, e

muitas vezes, com os dentes

presentes com parcial

formação de raízes.

Page 10: Capitulo i - Queixa

Ou seja, a definição

correta da queixa, informando

ao nosso paciente

perfeitamente sobre aquilo

que podemos fazer, ou não

fazer, tem me salvado de

inúmeros contra-tempos, pois

não quero um paciente com

uma maloclusão severa de

classe II ou III, esperando por

resultados de um tratamento

ortodôntico fixo com

informações parciais (figura

5), porque certamente haverá

por parte destes a intenção de

alteração do perfil, que não

conseguiremos realizar sem o

recurso da cirurgia

ortognática24!

12

Page 11: Capitulo i - Queixa

11

Além disso, tenho

recebido um número não

muito pequeno de solicitações

de avaliações de pacientes,

notadamente adultos, com

relatos sobre disfunção da

ATM, e nestes casos, tenho o

cuidado de deixar bem claro o

papel da Ortodontia no

encaminhamento destas

questões, para que não

passemos ao paciente

inadequada informação de

que somente a Ortodontia

possa ser a solução para todos

os casos25.

Sim a queixa, elemento

relevante e indissociável do

processo de elaboração da

lista de problemas, com

questionamentos bem simples

e diretos …

Bem, você certamente

numa conversa informal,

ainda poderá colher outros

dados que julgue necessários,

mas veja, é a primeira

abordagem, e lembre-se você

ainda não tem em mãos os

exames complementares, tais

como radiografias, modelos,

fotografias, mas neste

primeiro contato, poderá ou

Page 12: Capitulo i - Queixa

não conseguir a confiança

deste seu potencial paciente,

se lhe apresentar razões

objetivas sobre as vantagens

ou não desta terapia,

colocando de forma clara e

concisa os limites de alcance

da mesma26.

É certo que perdemos ou

ganhamos pacientes nesta primeira

consulta, assim darmos segurança,

passarmos suficiente credibilidade e

confiança do domínio que temos da

técnica é primordial, ainda mais, se

lembrarmos da fortíssima

12

Page 13: Capitulo i - Queixa

11

concorrência que sofremos em

nosso dia-a-dia profissional !

O paciente tem anseios, quer

tratar porque algo em seu sorriso,

em sua face, ou, com seus dentes

não lhe agrada, talvez mesmo já

tenha frequentado outros

consultórios; assim não queira ser

"bonzinho", não queira dizer o que

as pessoas esperam de você, anime-

se em "vasculhar" o pensamento de

seu paciente, e sentir aquilo que o

atormenta.

É óbvio para o ortodontista

mais experiente que se o mesmo

realizar uma avaliação completa e

profunda, em seu íntimo você já

saberá qual será a melhor hipótese

de tratamento, MAS, lembre-se,

você não tem visão de raios X, não é

super-homem, e portanto, os

exames complementares são de

suma relevância.

Somente após esta criteriosa

avaliação inicial, é que irei solicitar

ou não, a “documentação

ortodôntica completa” com a

finalidade de detalhamento maior

do caso a ser tratado, respeitando a

queixa principal do paciente, sem

contudo, deixar bem claro, o que

posso resolver totalmente, o que

posso solucionar parcialmente, e

finalmente, o que não posso

resolver, e a partir deste fato, se o

paciente consentir com o

tratamento ortodôntico planejado,

não estará em nenhum momento

sendo informado parcialmente sobre

as reais possibilidades do plano de

tratamento proposto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. RINCHUSE DJ, SWEITZER EM, RINCHUSE DJ, RINCHUSE DL – Understanding science and evidenced-based decision making in orthodontics. Am J Orthod Dentofac Orthop. 2005, 127 (5): 618-24.

2. ARRUDA AO – Occlusal indexes as judged by subjective opinions. Am J Orthod Dentofac Orthop. 2008, 134 (5): 671-5.

3. SERGL HG, ZENTNER A – A comparative assessment of acceptance of different types of functional appliances. Eur J Orthod. 1998, 20 (5): 517-24.

Page 14: Capitulo i - Queixa

4. ROBB SI, SADOWSKY, SCHNEIDER BJ, BeGOLE

5. EA – effectiveness and duration of orthodontic treatment in adults and adolescents. Am J Orthod Dentofac Orthop. 1998, 114 (4): 383-6.

6. SINHA PK, NANDA RS, McNEIL DW – Perceived orthodontist behaviors that predict patient satisfation, orthodontist-patient relationship, and patient adherence in orthodontic treatment. Am J Orthod Dentofac Orhop. 1996, 110 (4): 370-77.

7. AGAR U, DORUK C, BIÇAKÇI A, BÜK”SOGLU N – The role of psycho-social factors in headgear compliance. Eur J Orthod. 2005, 27 (3): 263-7.

8. CHAULSU G, BECKER A, ZELTSER R, VASKER N, BRANSK S, CHAULSU – Patient’s perceptions of recovery after routine extraction of healthy premolars. Am J Orthod Dentofac Orthop. 2007, 131 (2): 170-5.

9. WEAVER N, GLOVER K, MAJOR P, VARNHAGEN C, GRACE M – Age limitation on provision of orthopedic therapy and orthognathic surgery. Am J Orthod Dentofac Orthop. 1998, 113 (2): 156-64.

10. YAO CCJ, WU CB, WU HY, KOK SH, CHANG HFF, CHEN YJ - Intrusion of the Overerupted Upper Left First and Second Molars by Mini-implants with Partial-Fixed Orthodontic Appliances: A Case Report. Angle Orthod. 2004, 74 (4): 550–557.

11. SERGL HG, KLAGES DP, ZENTNER A - Pain and disconfort during orthodontic treatment: causative factors and effects on compliance. 1998, 114 (6): 684-91.

12. BYCZEK ET – A comparison of parental and orthodontic assessment of treatment need: a thesis. Am J Orthod Dentofac Orthop. 1998, 114 (4): A1.

13. SCOTT RC, GOONERWARDE MS, MURRAY K – Influences of lips on the perception of malocclusion. Am J Orthod Dentofac Orhop. 2006, 130 (2): 152-62.

14. ISIKSAL E, HAZAR S, AKYALÇIN S – Smile esthetics: perception and comparison of treated and untreated smiles. Am J Orthod Dentofac Orthop. 2006, 129 (1): 8-16.

15. REN Y, BOXUM C, SANDHAM A – Patient’s perceptions, treatment need, and complexity of orthodontic re-treatment. 2009, 31 (2): 189-95.

16. BERGIUS M, BROBERG AG, HAKEBERG M, BERGGREN U – Prediction of prolonged pain experiences during orthodontic treatment. Am J Orthod Dentofac Orthop. 2008, 133 (3): 339. e1-339.e8.

17. KLAGES U, ROST F, WERBHEIN H – Perception of occlusion, psychological impact of dental esthetics, history of orthodontic treatment and their relation to oral health in naval recruits. Angle Orthod. 2007, 77 (4): 675-80.

18. IOI H, NAKATA S, NAKASIMA A, COUNTS A - Effect of Facial Convexity on Antero-posterior Lip Positions of the Most Favored Japanese Facial Profiles. Angle Orthod. 2005, 75 (3): 326–332.

19. KAST GR – Perception of facial profile esthetics by providers and consumers with incremental alteration to the mandible: a thesis. Am J Orthod Dentofac Orthop. 1998, 114 (4): A1.

20. BOS A, KLEVERLAAN CJ, HOOGSTRATEN J, PRAHL-ANDERSEN B,KUITERT R - Comparing subjective and objective measures of headgear compliance. Am J Orthod Dentofac Orthpo 2007, 132 (6): 801-5.

21. LEE RT, KYI CS, MACK GJ – A controlled clinical trial of the effects of the twin block and dynamax appliance. Eur J Orthod. 2007, 29 (3): 272-82.

22. BARTSCH A, WITT E, SAHM G, SCHNEIDER S - Correlates of objective patient compliance with removable appliance wear. Am J Orthod Dentofac Orthop. 1993, 104 (4): 378-86.

23. PHILLIPS C, BEAL KNE - Self-Concept and the Perception of Facial Appearance in Children and Adolescents Seeking Orthodontic Treatment. Angle Orthod. 2009, 79 (1): 12–16.

12

Page 15: Capitulo i - Queixa

11

24. YEH MST, KOOCHEK AR, VLASKALI V, BOYD R, RICHMOND S – The relationship of 2 professional occlusal indexes with patient’s perceptions of aesthetic, function, speech, and orthodontic treatment need. Am J Orthod Dentofac Orthop. 2000, 118 (4): 421-8.

25. MIHAILIK CA, PROFFIT WR, PHILLIPS C – Long-term follow-up pf class II adults treated with orthodontic camouflage: a comparison with orthognathic surgery outcomes. Am J Orthod Dentofac Orthop. 2003, 123 (3): 266:778.

26. RINCHUSE DJ, RINCHUSE DJ, KANDASAMY S – Evidenced-base versus experience-based views on occlusion and TMD. Am J Orthod Dentofac Orthop. 2005, 127 (2): 249-54.

27. NANDA RS, KIERL MJ – Prediction of cooperation in orthodontic treatment. Am J Orthod Dentofac Orthop. 1992, 102 (1): 15-21.