capitulo i - queixa
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Capitulo 1 - Diagnostico baseado em evidenciasTRANSCRIPT
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Toda vez que iniciamos o
processo de atendimento de
um paciente, com a
perspectiva de um futuro
tratamento ortodôntico,
devemos saber (figuras 1.1 e
1.2), que o necessário
entendimento com respeito à
relevância do mesmo, e as
limitações que poderemos
encontrar durante o
desenvolvimento deste
tratamento ortodôntico,
devem sim fazer parte da
concepção do processo de
diagnóstico1.
Ora, é bom lembrarmos
que o tratamento ortodôntico
depende da capacidade de
diagnóstico correto, e
Sendo assim, não
começo nenhuma manobra
operatória, se o meu paciente
não puder descrever quais
suas intenções, seus anseios,
suas esperanças, para que as
mesmas não fluam para
fortíssimas decepções
futuras2.
É importante ao
ortodontista definir com
suficientes informações a
queixa, e que a mesma esteja
acompanhada de uma série de
fatores tais como, que
aparelhos ou procedimentos
espera ou não utilizar3 ?
Ou ainda, quanto tempo
espera que o tratamento dure4
?
habilidade operacional do
ortodontista, contudo,
também depende e muito do
paciente, do seu grau de
envolvimento e participação
neste mesmo tratamento5 !
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Pois se forem necessárias
a utilização de dispositivos de
natureza extra-bucal6,
procedimentos com
exodontias7, recursos
cirúrgicos de natureza
ortognática8, inter-relação da
Ortodontia com as outras
demais especialidades de
nossa profissão (prótese,
periodontia, por exemplo)9, o
paciente irá acompanhar o
raciocínio do ortodontista e as
indicações do mesmo.
Afinal, não basta uma
excelente técnica, porque
também devemos adicionar o
paciente neste "negócio", sem
o qual nada dará certo10 !
Portanto, na abordagem
de um paciente “ortodôntico”
devemos iniciar nossos
procedimentos, com
formulações simples, como
por exemplo:
Por quê você
procura o tratamento
ortodôntico agora ?
Defina corretamente esta
questão porque muitas vezes
o paciente está aqui por que
os pais determinaram11, ou
ainda, por indicação de algum
profissional ligado a área de
saúde.
Lembre-se, não somos
embelezadores da face, muito
embora isto possa acontecer
em determinadas ocasiões 12.
E esta questão, embora
enormemente subjetiva
acompanha nossos pacientes,
quando os mesmos buscam
algum tipo de tratamento,
pois em variados momentos
estes buscam beleza ou
atratividade social13, e quanto
a nós ortodontistas, buscamos
oclusão, saúde, harmonia
muscular, e que são fatos bem
distintos14.
Certamente o paciente
não gostaria exatamente de
estar aqui, mas foi conduzido
a isto, e nesta hora será
importante corrigirmos
distorções sérias que
acompanham a Ortodontia
como especialidade15.
O ortodontista deve ter o
pensamento de que, como
profissional da área de saúde,
buscamos prevenir onde seja
possível, corrigir onde se faça
necessário, e tratar,
respeitando os limites de
atuação da Ortodontia sempre
em conformidade com os
anseios do paciente, sob a
filosofia maior de criarmos
condições necessárias para a
fundamental existência de
saúde bucal16.
Se formos enumerar a
queixa, ou, as queixas
principais de nossos
pacientes, é certo que muitas
estarão relacionadas às
sempre citadas maloclusões
de classe II17 (para o paciente
importa a grande convexidade
na face que ele consegue
vislumbrar) quanto mais
àquelas que evidenciam uma
visualizável sobressaliência
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clínica, que dá ao leigo a
aparência fortemente convexa
no perfil (figuras 1.3 e 1.4),
muito citada pela maioria dos
pacientes18.
Contudo, quais são as
alternativas de que dispomos
para a correção clínica destes
elementos em sua fase de
crescimento e
desenvolvimento ?
Recursos de nartureza
ortopédicos ?
.
Pois bem, se tivermos que
utilizar aparelhos extra-bucais,
qual a estimativa de
cooperação por parte do
paciente19 ! E quanto aos
aparelhos removíveis20 ?
"O compliance do
paciente é considerado o
Figura 1.3
maior problema em
ortodontia"21, desta forma
neste momento será relevante
o apoio da família, bem como,
um tratamento com menor
tempo de duração, e
principalmente, perfeito
domínio da técnica pelo
ortodontista, entre outros
fatores.
A queixa para mim é de
suma relevância na
consideração que faço no
desenvolvimento do processo
de diagnóstico, porque
subjetiva ou não, colocada de
forma leiga ou não, é a razão
principal para o paciente estar
a sua frente22.
Desta forma jamais
induzo meu paciente neste
momento, muito ao contrário,
procuro mesmo deixá-lo à
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vontade para me relatar
aquilo que acha imperfeito
com seus dentes, com seu
sorriso, ou mesmo, com sua
face23.
Afinal, nunca me esqueço
de que trato questões de
razões bem objetivas… Trato o
que vejo… Isto mesmo !
Trato questões de
espaço, posso tratar questões
transversais, ou quem sabe,
questões verticais, ou ainda,
as questões sagitais !
Mas já tive inúmeros
pacientes em primeira
consulta, relatando-me não
gostar do formato de seus
dentes, ou, do contorno
gengival, que não é um
problema necessariamente de
nosso alcance.
Em outra ocasião, tive
pacientes desejando fechar
espaços protéticos em locais
onde a perda dentária já era
de muitos anos, não havendo
condições de movimentação
dentária, e mesmo, pacientes
muito jovens querendo
tratamento ortodôntico fixo
sem todos os dentes
permanentes presentes, e
muitas vezes, com os dentes
presentes com parcial
formação de raízes.
Ou seja, a definição
correta da queixa, informando
ao nosso paciente
perfeitamente sobre aquilo
que podemos fazer, ou não
fazer, tem me salvado de
inúmeros contra-tempos, pois
não quero um paciente com
uma maloclusão severa de
classe II ou III, esperando por
resultados de um tratamento
ortodôntico fixo com
informações parciais (figura
5), porque certamente haverá
por parte destes a intenção de
alteração do perfil, que não
conseguiremos realizar sem o
recurso da cirurgia
ortognática24!
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Além disso, tenho
recebido um número não
muito pequeno de solicitações
de avaliações de pacientes,
notadamente adultos, com
relatos sobre disfunção da
ATM, e nestes casos, tenho o
cuidado de deixar bem claro o
papel da Ortodontia no
encaminhamento destas
questões, para que não
passemos ao paciente
inadequada informação de
que somente a Ortodontia
possa ser a solução para todos
os casos25.
Sim a queixa, elemento
relevante e indissociável do
processo de elaboração da
lista de problemas, com
questionamentos bem simples
e diretos …
Bem, você certamente
numa conversa informal,
ainda poderá colher outros
dados que julgue necessários,
mas veja, é a primeira
abordagem, e lembre-se você
ainda não tem em mãos os
exames complementares, tais
como radiografias, modelos,
fotografias, mas neste
primeiro contato, poderá ou
não conseguir a confiança
deste seu potencial paciente,
se lhe apresentar razões
objetivas sobre as vantagens
ou não desta terapia,
colocando de forma clara e
concisa os limites de alcance
da mesma26.
É certo que perdemos ou
ganhamos pacientes nesta primeira
consulta, assim darmos segurança,
passarmos suficiente credibilidade e
confiança do domínio que temos da
técnica é primordial, ainda mais, se
lembrarmos da fortíssima
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concorrência que sofremos em
nosso dia-a-dia profissional !
O paciente tem anseios, quer
tratar porque algo em seu sorriso,
em sua face, ou, com seus dentes
não lhe agrada, talvez mesmo já
tenha frequentado outros
consultórios; assim não queira ser
"bonzinho", não queira dizer o que
as pessoas esperam de você, anime-
se em "vasculhar" o pensamento de
seu paciente, e sentir aquilo que o
atormenta.
É óbvio para o ortodontista
mais experiente que se o mesmo
realizar uma avaliação completa e
profunda, em seu íntimo você já
saberá qual será a melhor hipótese
de tratamento, MAS, lembre-se,
você não tem visão de raios X, não é
super-homem, e portanto, os
exames complementares são de
suma relevância.
Somente após esta criteriosa
avaliação inicial, é que irei solicitar
ou não, a “documentação
ortodôntica completa” com a
finalidade de detalhamento maior
do caso a ser tratado, respeitando a
queixa principal do paciente, sem
contudo, deixar bem claro, o que
posso resolver totalmente, o que
posso solucionar parcialmente, e
finalmente, o que não posso
resolver, e a partir deste fato, se o
paciente consentir com o
tratamento ortodôntico planejado,
não estará em nenhum momento
sendo informado parcialmente sobre
as reais possibilidades do plano de
tratamento proposto.
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