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CAPÍTULO - 1
ESTUDO DOS COMPONENTES EMPREGADOS EM
ELETRÔNICA DE POTÊNCIA (DIODOS E TIRISTORES)
1.1 - O DIODO
1.1.a - Diodo Ideal
O diodo ideal está representado na figura 1.1.
-
C
F
vF+
A
i
Fig. 1.1 - Representação do diodo ideal.
A sua característica tensão corrente está representada na figura 1.2.
iF
vF
Fig. 1.2 - Característica estática do diodo ideal.
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
5
Para tensões vF > 0, o diodo apresenta resistência nula. Para tensões vF < 0, ele apresenta
resistência infinita. Assim o diodo ideal, quando polarizado diretamente, não apresenta nenhuma
perda de energia. Quando polarizado inversamente, é capaz de bloquear uma tensão infinita. Tais
características são as de um interruptor ideal.
1.1.b - Característica Estática de um Diodo Real
A característica estática de um diodo real está representada na figura 1.3.
Tal característica é estabelecida experimentalmente para cada diodo. Em condução, ele é
representado por uma força-eletromotriz V(TO) associada em série com uma resistência rT. A
equivalência está representada na figura 1.4.
iF
vFV(TO)
VRRM IR
1rT
Fig. 1.3 - Característica estática de um diodo real.
-
C
F
vF
F
+
A
i
i
A
V(TO)
+
C
rT
-vF
Fig. 1.4 - Circuito equivalente de um diodo.
A tensão reversa máxima que o diodo pode bloquear é limitada. Na figura essa tensão
está representada por VRRM. Tensões superiores a esse valor são destrutivas para o componente,
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
6
porque ele entra em condução, mantendo a tensão elevada e conseqüentemente gerando grande
quantidade de calor na junção.
Constata-se também que, quando polarizado inversamente, circula no diodo uma
corrente de baixo valor.
A título de exemplo, estão apresentados abaixo alguns dados de um diodo de potência,
obtidos em catálogo de fabricante.
Diodo : SKN20/08
VRRM = 800V
V(TO) = 0,85V
rT = 11m
Corrente média 20A (para Tcápsula = 125oC)
IR = 0,15mA
1.1.c - Perdas em Condução
Quando o diodo encontra-se em condução, a potência que nele é perdida e convertida
em calor é dada pela expressão (1.1).
P V I r ITO Dmed T Def ( )2
(1.1)
Onde:
IDmed = Valor médio da corrente.
IDef = Valor eficaz da corrente.
A expressão (1.1) é genérica, podendo ser empregada para qualquer forma de onda.
1.1.d - Características Dinâmicas dos Diodos
Inicialmente serão analisados os fenômenos associados ao bloqueio de um diodo.
Seja a estrutura representada na figura 1.5.
IiF
DL L
iSS
E
Fig. 1.5 - Circuito para o estudo da comutação de um diodo.
Inicialmente o interruptor S encontra-se bloqueado. Na malha LD circula a corrente IL
em roda livre.
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
7
Na figura, representa a indutância parasita do circuito. Quando S é fechado, a corrente
do indutor L é transferida do diodo para S. Essa mudança de um ramo para outro chama-se
comutação.
Na comutação mostrada o diodo se bloqueia.
As seqüências do bloqueio estão descritas nas figuras 1.6 e 1.7.
C representa a capacitância de recuperação do diodo. Qrr representa a carga armazenada
em C quando o diodo está conduzindo.
Durante a comutação a corrente IL será considerada constante. Assim:
i i IS F L (1.2)
C+
-Qrr
IiFiD
DL L
iSS
E
Fig. 1.6 - Estudo da comutação do diodo.
Após S ser fechado, a corrente iF começa a decrescer. A sua velocidade de
decrescimento depende de E e segundo a relação (1.3).
di
dt
EF
(1.3)
Após a corrente no diodo ideal ter se anulado, ocorre a descarga do capacitor C. Nesse
intervalo a corrente iD torna-se negativa, até que Qrr seja toda evacuada (Figura 1.7).
IRM
ID-
+vD
IRM L L
ILISRM
E
Fig. 1.7 - Estudo da comutação do diodo.
Quando Qrr se anula, o diodo se bloqueia. O indutor provoca uma sobretensão sobre o
diodo, que pode ser destrutiva. Essa sobretensão pode ser evitada se for colocado um circuito RC
em paralelo com o diodo. As formas de onda estão representadas na figura 1.8.
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Eletrônica de Potência
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iF
IL tr t
t
ri
rr
t
E
t3t2
t1t0
VD
IRM
Vpico
Qrr
di
dt
EF
Fig. 1.8 - Tensão e corrente em um diodo durante o bloqueio.
Pode-se obter os valores de trr e de IRM com o emprego das expressões empíricas (1.4) e
(1.5).
tQ
di dtrrrr
F
3 (1.4)
I Qdi
dtRM rrF
4
3 (1.5)
O valor de Qrr é dado pelo fabricante do diodo. O valor de di dtF depende do circuito e
é estabelecido pelo projetista.
Segundo as expressões (1.4) e (1.5) tanto o tempo de recuperação do diodo quanto o
pico da corrente inversa dependem de Qrr. Quanto menor Qrr, mais rápido será o diodo.
Os diodos, quanto à velocidade de recuperação, são classificados em rápidos, ultra-
rápidos e lentos. Por exemplo, para correntes até 50A e tensões de 500V, os diodos rápidos
apresentam trr menores que 200ns e os diodos ultra-rápidos apresentam trr menores que 70ns. Os
diodos comuns, empregados em retificação de baixa freqüência apresentam trr superiores a 1s.
No circuito apresentado na figura 1.5 não há uma impedância que limite o valor de pico
da corrente inversa. No circuito representado na figura 1.9 a corrente inversa é limitada pelo
resistor r.
D
r
L
S
E
Fig. 1.9 - Circuito com limitação da corrente de pico.
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Eletrônica de Potência
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A forma de corrente do diodo está apresentada na figura 1.10.
iF
t rr t
I RM
di
dt
F
Fig. 1.10 - Corrente do diodo para a figura 1.9.
Para o caso da figura 1.9 são empregados as seguintes expressões:
IE
rRM (1.6)
tQ
I
I
di dtrrrr
RM
RM
F
0,63( )
(1.7)
Serão considerados a seguir os fenômenos associados à entrada em condução de um
diodo.
Seja o circuito representado na figura 1.11.
E
FvF i
R
Fig. 1.11 - Circuito para o estudo da comutação do diodo.
Com o circuito apresentado pode-se impor no diodo a corrente cuja forma está
representada na figura 1.12.
iF
vF
t
I o
tFPV
VF2V
rftRD
t
di
dt
F
Fig. 1.12 - Formas de onda relativas à entrada em condução de um diodo.
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Eletrônica de Potência
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Verifica-se a existência de um certo tempo para que o diodo entre em condução. É o
tempo de entrada em condução e pode variar de 0,1 a 1,5s. O valor de pico da tensão em alguns
casos pode alcançar valores próximos de 40V.
O que explica o atraso e a sobretensão é a existência de uma variação da resistência do
diodo, mostrado na figura 1.12.
Os fenômenos mostrados só aparecem quando o diodo é atacado por uma fonte de
corrente.
A experiência mostra que nos circuitos de baixa tensão, onde o diodo não pode ser
atacado em corrente, o diodo introduz no circuito um atraso considerável na corrente.
Como no caso do bloqueio, o emprego de diodos rápidos reduz o valor de VFP e do
tempo de entrada em condução trf.
1.1.e - Perdas na Comutação
As perdas nos diodos na entrada em condução são representadas pela expressão (1.8).
P V V I t fFP F o rf1 0 5 , ( ) (1.8)
Para freqüências inferiores a 40KHz essas perdas podem ser ignoradas.
As perdas que ocorrem no bloqueio são calculadas com a expressão (1.9).
P Q Efrr2 (1.9)
Sendo f a freqüência das comutações e E a tensão aplicada no diodo após a comutação.
1.1.f - Emprego dos Diodos Rápidos
Há um grande número de aplicações em que o emprego do diodo rápido é de grande
interesse ou mesmo indispensável. Em seguida serão apresentados alguns casos típicos.
a) Retificação a freqüência elevada
Nesses casos o emprego de diodos rápidos diminui as perdas nas comutações e diminui a
rádio-interferência.
b) Conversores a transistor
Tome-se como exemplo a estrutura apresentada na figura 1.13.
Quando o transistor entra em condução, o diodo inicialmente em condução se bloqueia.
A corrente de pico inversa do diodo circula pelo transistor. Se o diodo não for rápido, tal corrente
pode ser destrutiva para o transistor.
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Eletrônica de Potência
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DI
T
E
Fig. 1.13 - Circuito que utiliza um diodo rápido.
1.2 - O TIRISTOR
1.2.a - Tiristor Ideal
O tiristor ideal está representado na figura 1.14. Além do anodo e do catodo, possui o
gatilho, que é utilizado para o disparo.
-
C
T
vT
iG+
A
i
Fig. 1.14 - Representação do tiristor ideal.
A característica estática ideal do tiristor está representada na figura 1.15.
iT
vT
1 2
3
Disparo
Fig. 1.15 - Característica estática ideal do tiristor.
O tiristor sem corrente de gatilho é representado na figura 1.15 pelas retas 1 e 2. Assim
sendo, ele bloqueia tanto as tensões positivas quanto as negativas. Com corrente de gatilho, ele
passa a ser representado pelas retas 1 e 3, assumindo portanto a característica de um diodo. Por
isto é denominado também de diodo controlado. Em inglês é também conhecido por SCR
(“Silicon Controlled Rectifier”).
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
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1.2.b - Característica Estática Real dos Tiristores.
A exemplo do diodo, a característica real do tiristor apresenta modificações importantes
em relação à característica ideal. Tais modificações podem ser verificadas na figura 1.16.
As tensões máximas que o tiristor consegue bloquear, tanto direta quanto inversa, são
limitadas.
iT
vT
VAKM
VRM 1
2
3
Fig. 1.16 - Característica estática real de um tiristor.
Curvas 1 e 2 - Sem corrente de gatilho.
Curvas 1 e 3 - Com corrente de gatilho.
As demais não idealidades já mencionadas para o diodo são também válidas para o
tiristor. Em condução o tiristor é também representado por uma força-eletromotriz em série com
uma resistência, como está representado na figura 1.17.
-
C
T
vT
T
+
A
i
i
A
V
+T(TO)
C
rT
-vT
Fig. 1.17 - Circuito equivalente do tiristor.
1.2.c - Perdas em Condução
A potência média dissipada pelo tiristor em condução é dada pela expressão (1.10).
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
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P V I r IT TO Tmed T Tef ( )2
(1.10)
Onde:
ITmed e ITef são os valores médio e eficaz da corrente que o tiristor conduz.
1.2.d - Características Dinâmicas dos Tiristores
Inicialmente será estudado o comportamento do tiristor no disparo. Seja o circuito
representado na figura 1.18. O tiristor encontra-se inicialmente bloqueado. No instante to o
interruptor S é fechado.
R
T
+
Tv
-
S
VGiG
E
Fig. 1.18 - Circuito para o estudo do disparo do tiristor.
As formas de onda estão representadas na figura 1.19.
vG
t
t
IG
iG
G10% I
vT
90% E
10% E t
trtd
ton
Fig. 1.19 - Formas de onda relativas ao disparo do tiristor.
São empregadas as seguintes denominações:
ton - tempo de fechamento.
td - tempo de retardo.
tr - tempo de descida da tensão anodo-catodo.
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t t ton d r (1.11)
O tempo de retardo, que é o maior componente do tempo ton, depende:
a) da amplitude da corrente de gatilho;
b) da velocidade de crescimento da corrente de gatilho. O tempo tr independe da
corrente de gatilho. Em geral o valor de ton é superior a 1s e inferior a 5s.
Na figura 1.20 estão representadas duas correntes de gatilho com formas diferentes.
i
t
G
1
2
Fig. 1.20 - Formas da corrente de gatilho.
Curva 1 - Disparo lento.
Curva 2 - Disparo rápido.
A seguir será considerado o comportamento do tiristor no bloqueio.
Seja a estrutura representada na figura 1.21.
R S
E2
TiT
E1
Fig. 1.21 - Circuito para o estudo do tiristor no bloqueio.
Inicialmente o interruptor S encontra-se aberto. O tiristor T encontra-se em condução.
Para iniciar o bloqueio de T, S é fechado. Os fenômenos associados ao bloqueio são semelhantes
àqueles já descritos para o diodo. As formas de onda estão representadas na figura 1.22.
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Eletrônica de Potência
15
E1
iT tq
t inv
t1t0
VT
IRM
E2
t
Qrr
2E + V
Fig. 1.22 - Formas de onda relativas ao bloqueio do tiristor.
No instante t1 o interruptor S é novamente aberto. O tiristor encontra-se bloqueado e
retém a tensão E1.
O tempo tq é especificado pelo fabricante do tiristor. É denominado tempo mínimo de
aplicação de tensão inversa. Para que o tiristor readquira o poder de bloqueio é necessário, após a
sua corrente ter-se anulado, aplicar uma tensão inversa durante um tempo superior a tq.
Quando se trata de comutação forçada, o tempo tq é um dado fundamental. Quanto
menor o tq, melhor é o tiristor. Poderá operar com freqüências mais elevadas, com menores
perdas na comutação e com circuitos auxiliares de comutação forçada de menor custo.
Infelizmente o tiristor não pode ser comandado pelo gatilho no bloqueio. Esse é o seu
maior ou talvez único inconveniente. Atualmente estão sendo produzidos os GTO’s (“Gate Turn-
Off Thyristors”) que podem ser bloqueados pelo gatilho. Para os tiristores rápidos tem-se:
10s < tq < 200s
1.3 - CÁLCULO TÉRMICO
1.3.a - O Problema
A corrente que circula no componente produz calor, tanto na condução quanto na
comutação. Esse calor gerado deve ser transferido para o ambiente. Caso contrário a temperatura
da junção se eleva acima dos limites máximos permitidos e provoca a inutilização do componente.
A corrente máxima e portanto a potência máxima que um diodo de potência ou tiristor pode
processar é limitada apenas pela temperatura da junção.
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
16
Assim, a determinação do dissipador e das perdas em um componente é de importância
prática fundamental.
1.3.b - Cálculo Térmico em Regime Permanente
Para o cálculo térmico será empregado o circuito equivalente representado na figura
1.23.
P
R jc Rcd Rda
TaTdTcTj
Fig. 1.23 - Circuito térmico equivalente de um componente.
As grandezas representadas na figura 1.23 são definidas do seguinte modo:
Tj - temperatura da junção (oC).
Tc - temperatura da cápsula (oC).
Td - temperatura do dissipador (oC).
Ta - temperatura ambiente (oC).
P - potência térmica produzida pela corrente que circula no componente e sendo
transferida ao meio ambiente (W).
Rjc - resistência térmica entre a junção e cápsula (oC/W).
Rcd - resistência térmica entre o componente e dissipador (oC/W).
Rda - resistência térmica entre o dissipador e o ambiente (oC/W).
Rja - resistência térmica entre a junção e o ambiente (oC/W).
R R R Rja jc cd da (1.12)
A equação empregada para o cálculo térmico de um componente é a seguinte:
T T R Pj a ja (1.13)
Existe uma analogia com um circuito elétrico resistivo, representado na figura 1.24.
RV2
I
V1
Fig. 1.24 - Circuito elétrico análogo.
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Eletrônica de Potência
17
O objetivo do cálculo térmico é evitar que a temperatura máxima da junção alcance
valores próximos da máxima temperatura permitida.
É adotado o seguinte procedimento:
a) P - é calculado a partir das características do componente e da corrente que por ele
circula.
b) Tj - fornecida pelo fabricante do componente.
c) Ta - valor adotado pelo projetista.
d) com a expressão (1.14) determina-se a resistência térmica total.
RT T
Pjaj a
(1.14)
e) com a expressão (1.15) determina-se a resistência térmica do dissipador.
As resistências térmicas Rjc e Rcd são fornecidas pelo fabricante do componente (diodo
ou tiristor).
R R R Rda ja jc cd (1.15)
Com um catálogo de dissipadores pode-se escolher o mais conveniente. Caso o valor
encontrado não seja comercial, deve ser escolhido o valor menor mais próximo.
1.3.c - Transitório - Conceito de Impedância Térmica
Seja um diodo no qual não circula corrente para t < to. A sua temperatura de junção é
igual à temperatura ambiente Ta.
No instante to começa a dissipar uma potência constante P. A capacidade térmica do
componente impede que a temperatura cresça abruptamente. Ela cresce exponencialmente como
está representado na figura 1.25.
Tj
P
to t
TaT
Fig. 1.25 - Transitório térmico em um componente.
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A diferença de temperatura instantânea é dada pela expressão (1.16).
T Z Pt (1.16)
Onde Zt representa a impedância térmica, que é variável com o tempo.
Seja o circuito térmico equivalente incluindo a capacidade térmica, representado na
figura 1.26.
P C
P P1 P
R
Tj
2
Ta
Fig. 1.26 - Circuito térmico transitório.
P P P 1 2 (1.17)
R PC
P dt T T Tj a2 1
1 (1.18)
RdP
dt
P
C
2 1 (1.19)
Assim:
RdP
dt
P
C
P
C
2 2 (1.20)
dP
dt
P
RC
P
RC
2 2 (1.21)
Resolvendo-se a equação (1.21) obtém-se a equação (1.22).
T
PR e Z
t
RCt
1 (1.21)
A dedução feita adota algumas simplificações.
O valor exato de Zt é fornecido pelo fabricante do componente.
O conceito de impedância térmica é muito importante quando o componente funciona
com correntes impulsivas (grande intensidade e curta duração).
Convém salientar que a impedância térmica é análoga à impedância elétrica, grandeza
muito conhecida na teoria de circuitos elétricos.
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
19
1.4 - CURVAS PARA CÁLCULO TÉRMICO DE DIODOS E TIRISTORES
a) Diodos
(a) (b)
Fig. 1.27.a - Potência dissipada PFmed em função da corrente direta média Imed, para corrente contínua
pura (cont.), para meia-onda senoidal (sin.180) e para ondas retangulares (rec.60) e (rec.120).
Fig. 1.27.b - Temperatura da cápsula Tc em função da temperatura ambiente Ta para diferentes
resistências térmicas Rthca.
Fig. 1.28 - Impedância térmica transitória Z(th)t para corrente contínua pura, em função do tempo t. A
impedância térmica para correntes impulsivas Z(th)p, é obtida pela soma dos valores dados pela tabela
Z(th)z com aqueles dados pela curva Z(th)t.
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
20
b) Tiristores
(a) (b)
Fig. 1.29.a - Potência dissipada PTmed em função da corrente média ITmed, para diferentes ângulos de
condução, para correntes senoidais.
Fig. 1.29.b - Potência dissipada PTmed em função da temperatura ambiente Ta, para diferentes
resistências térmicas totais junção-ambiente, Rthja.
Fig. 1.30 - Potência dissipada PTmed em função da corrente média ITmed, para diferentes ângulos de
condução, para correntes retangulares.
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
21
Fig. 1.31 - Resistência térmica entre junção e a cápsula, Rthjc, em função do ângulo de condução para
correntes senoidais e retangulares. Para corrente contínua pura, deve ser tomada Rthjc cont.
Fig. 1.32 - Impedância térmica em função do tempo. As curvas são interpretadas como as da figura
1.28. Para tempos grandes a impedância térmica tende assintoticamente para um valor constante igual a
resistência térmica em regime permanente. Para tempos pequenos a impedância depende do dissipador
empregado e das condições de ventilação.
Na tabela é dada a resistência térmica cápsula-ambiente Rthca para vários dissipadores,
incluindo a resistência térmica de contato. Desse modo, R R Rthja thjc thca .
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Eletrônica de Potência
22
c) Relação de Dissipadores Semikron **
DIODOS
DISSIPADORES
Massa
Resistência Térmica (Incluindo a
Resistência de contato cápsula-
dissipador
Aproximada Convecção
Natural
Ventilação
Forçada 6m/s
SKN12, SKR12 K9 - M4 50g 10,5oC/W -
SKN20, SKR20
SKN26, SKR26
SKNa20
K9 - M4
K5 - M6
K3 - M6
K1,1 - M6
50g
100g
200g
700g
9,5oC/W
5,7oC/W
3,8oC/W
2,2oC/W
-
-
-
-
SKN45, SKR45
SKN70, SKR70
K5 - M8
K3 - M8
K1,1 - M8
P1/120 - M8
100g
200g
700g
1300g
5,0oC/W
3,0oC/W
1,3oC/W
0,85oC/W
-
-
0,60oC/W
0,40oC/W
SKN100, SKR100
SKN130, SKR130
K3 - M12
K1,1 - M12
P1/120 - M12
K0,55 - M12
200g
700g
1300g
2000g
3,1oC/W
1,2oC/W
0,65oC/W
0,65OC/W
-
0,40oC/W
0,27oC/W
0,25oC/W
SKN240, SKR240 K1,1 - M16x1,5
K0,55 - M16x1,5
P1/120 - M16x1,5
P1/120 - M16x1,5
P4/200 - M16x1,5
700g
2000g
1300g
2200g
4000g
1,1oC/W
0,55oC/W
0,58oC/W
0,40OC/W
0,29OC/W
0,35oC/W
0,17oC/W
0,21oC/W
0,17OC/W
-
SKN320, SKR320 K0,55 - M24x1,5
K0,1 F
K0,05 W
P1/200 - M24x1,5
P4/200 - M24x1,5
P4/300 - M24x1,5
2000g
2150g
900g
2200g
4000g
6000g
0,55oC/W
-
-
0,40oC/W
0,29OC/W
0,25OC/W
0,17oC/W
0,11oC/W
0,065oC/W*
0,16OC/W
-
-
(*) - Refrigeração por água.
(**) - O formato e as dimensões dos dissipadores poderão ser obtidos diretamente com o
fabricante.
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
23
1.5 - EXEMPLO DE CÁLCULOS TÉRMICOS
a) Retificador de Meia Onda a Diodo
Seja a estrutura representada na figura 1.33.
D
Rv t( )f Hz60
R 10
v sen t 2 220 ( )t( )
D = SKN20/04
Fig. 1.33 - Retificador de meia onda a diodo.
O objetivo do cálculo é determinar a resistência térmica do dissipador a ser empregado
para manter a temperatura da junção abaixo do limite estabelecido pelo fabricante.
A partir da relação de dados técnicos fornecidos pelo fabricante, obtém-se:
Rjc = 2oC/W (Rthjc)
Rcd = 1oC/W (Rthch)
Tj = 180oC (Tvj)
V(TO) = 0,85V
rT = 11m
Seja Ta = 50oC (Ta = temperatura ambiente)
a.1) Cálculo das correntes no diodo
Seja a corrente representada na figura 1.34.
t
Vo2
Fig. 1.34 - Corrente no diodo.
IV
RADmed
o
0 45 0 45 220
109 9
, ,,
IV
RADef
o
0 707 0 707 220
1015 55
, ,,
a.2) Cálculo da potência dissipada
P V I r ITO Dmed T Def ( )2
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
24
P 0 85 9 9 11 10 15 553 2, , ( , )
P W 8 415 2 660 1107, , ,
Há um método mais rápido para se determinar a potência. Com o valor médio da
corrente e a forma de onda, entra-se na figura 1.27.a do catálogo de diodo do fabricante. Assim
para Imed = 9,9A e uma senóide de 180o obtém-se P 11W.
a.3) Cálculo do dissipador
T P R R Rjc cd da ( )
RT
PR R
T
Pda jc cd
2 1130
113
R C W R R C Wdao
da cdo 8 8 8 8 1 9 8, / , , /
Para realizar o cálculo do dissipador é possível também o emprego das curvas oferecidas
pelo fabricante. Ainda na figura 1.27.b, tomando-se Ta = 50oC e P 11W, obtém-se
Rca 11oC/W, assim Rda 11 - 1 = 10
oC/W.
É recomendável portanto o emprego do dissipador K5, cuja resistência térmica é igual a
5,7 oC/W.
a.4) Temperaturas resultantes para o dissipador escolhido
P=11W
= 2,0RjcoC/W Rcd = 1,0oC/W Rda = 4,7oC/W
T Cao50TdTcTj
T P R Tj ja a 11 2 5 7 50( , )
T Cjo 134 7,
T P R R Tc cd da a ( ) ,11 5 7 50
T Cjo112 7,
b) Retificador de Meia Onda a Tiristor
Seja a mesma estrutura, para R = 8 e = 60o. Seja o tiristor SKT16 com os seguintes
parâmetros:
Rjc = 0,94oC/W (obtida na figura 1.31)
Rcd = 0,5oC/W
Tj = 130oC
= 120o
Seja Ta = 50oC (valor adotado)
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
25
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
26
b.1) Cálculo da corrente média
IV
RTmedo
0 225
10 225 220
101 0 5
,( cos )
,( , )
I ATmed 9 28,
b.2) Cálculo da potência média
Entrando-se na figura 1.29.a com = 120o, ITmed = 9,28A obtém-se P = 17,5W.
b.3) Cálculo do dissipador
Entrando-se na figura 1.29.b com Ta = 50oC e P = 17,5W obtém-se:
R C Wjao 4 5, /
Mas: R R R Rja jc cd da
Assim: R R R Rda ja jc cd 4 5 0 94 0 5, , ,
R C Wdao 3 06, /
Caso os dissipadores previstos para o tiristor SKT16/04 não satisfaçam, restam dois
recursos: empregar ventilação forçada ou um tiristor com maior capacidade em corrente.
c) Impedância Transitória
Seja o diodo SKN20 montado em um dissipador K5 inicialmente com corrente nula e à
temperatura ambiente igual a 30oC. Determinar o valor máximo de uma corrente contínua que ele
pode conduzir durante um tempo de 1s, de modo que a temperatura de junção não ultrapasse o
valor limite de 180oC.
Solução:
T o180 Cj1s
iF
o30 C
I
Entrando-se na figura 1.28 com t = 1s obtém-se Z(th)t 1,5oC/W.
Z P T Tth t j a( )
PT T
ZW
j a
th t
( ) ,
180 30
15100
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
27
P V I r ITO T ( )2
IV
rI
P
r
TO
T T
2 0 ( )
Assim: IV
r
V
r
P
rV V e r m
TO
T
TO
T TTO T
( ) ( )( ) ,
2 20 85 11
2
I
0 85
0 022
0 85
0 022
100
0 011
2,
,
,
, ,
I A 64
d) Temperatura Média Instantânea de Junção
Seja o tiristor SKT16 conduzindo uma corrente com a forma de onda indicada na figura
abaixo. Determinar a temperatura média e máxima da junção.
I=20A
t
Dados do Tiristor:
VT(TO) = 1,0V
rT = 20m
= 180o
P V I r IT TO T ( )2
P W 1 20 0 020 20 282, (Potência Instantânea)
Seja f = 50Hz
Assim: tT
fms
2
1
2
1
2 5010
PP
Wmed
2
1 10 0 02 1414
2
28
214
2( ) , ( , )
Seja o dissipador K5. Assim:
R C Wthjao 0 80 5 5 6 30, , , /
Seja Ta = 30oC. Assim:
T Cjo 6 30 14 30 118 20, , (Temperatura Média)
Para t = 10ms, da figura 1.32 obtém-se:
Cap. 1- Estudo dos Componentes Empregados em Eletrônica de Potência
Eletrônica de Potência
28
Z C Wth to
( ) , / 015
T P Z Cj th to ( ) , ,28 015 4 2
To120,30 C
t
o116,10 C
jo118,20 C
10ms 20ms
Verifica-se assim que para f = 50Hz a temperatura da junção varia de 120,30oC até
116,1oC. Por mais surpreendente que possa parecer, tal fenômeno ocorre porque em relação aos
tempos envolvidos as constantes de tempo térmicas são baixas.