capitulo 3 - bellatriz grace

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Terceiro Capitulo do Projeto Diarios de um Cruel Fim

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Page 1: Capitulo 3 - Bellatriz Grace

Dia dois, madrugada. Várias horas após o soar da primeira trombeta.

Bellatriz segurou a cabeça de Ivy contra o chão e apontou sua adaga para o pescoço dela e lhe faz um corte pequeno.

– Você já se provou culpada o suficiente, eu agora tenho certeza que ele foi levado para aquele acampamento e que vocês fizeram algo com ele, mas vou te dar outra chance antes de rasgar seu pescoço. Ele está vivo? – Pergunta Bellatriz furiosa.

Ivy estava nervosa, tensa e com medo. Tentava se soltar de Bellatriz, mas sem sucesso. O que deixava Bellatriz mais furiosa que por fim a cortava mais e mais.

– Me responda. Porra! É simples, apenas responda. – Retruca Bellatriz, já perdendo a paciência. Seus cabelos caiam sobre seus olhos.

– Eu não tive culpa. – Chora Ivy – eu tentei o segurar, mas...

Ivy não conseguiu completar. E foi ouvido dos céus o soar da segunda trombeta. E como a primeira foi um barulho que a longo tempo se tornava insuportável. Bellatriz tentou ficar forte para não deixar sua oponente escapar, mas não conseguiu. Ivy aproveita a oportunidade e chuta Bellatriz na perna e foge. O chute acertou sua perna ferida.

Bellatriz solta um urro estridente e cai no chão agonizante não sabendo se tapava seus ouvidos devido ao som da trombeta ou se a usava para segurar sua perna. Ela vê sua oponente fugindo, covarde, e desaparecendo na mata verde.

Naquele momento Bellatriz sabia que isso significava o seu fim. Seu fim poderia vir em consequência do desastre que viria com essa segunda trombeta, senão por seu som infernal. Ou poderia vir por causa de sua perna que latejava de tanta dor, ou até mesmo ao reforço que certamente a garota ruiva traria.

Mas ela sabia que não podia ficar ali, sua missão não havia chegado ao fim. Ela tenta se arrastar, porém quanto mais ela se arrastava mais sangue se corpo deixava sair. Seu osso da perna estava exposto.

Ela se arrastou até certo ponto que seu corpo não suportava mais nenhum movimento. Com os cotovelos no chão, ela se vira e olha para as estrelas entre as árvores, o som da trombeta começou a diminuir, não porque estavam acabando, mas sim porque a percepção dos sentidos de Bellatriz estava indo embora. Sua visão se enfraqueceu. Tornou-se turva, até que passou a não ouvir nada, ela havia desmaiado.

...

Page 2: Capitulo 3 - Bellatriz Grace

Naquele estado de subconsciência, Bellatriz teve um sonho. Nele ela viu um lobo cinza. Ele estava correndo sozinho pelos campos. Estava à noite, as estrelas brilhavam intensamente e a lua era cheia. De repente o lobo para e olha as estrelas, e uma delas, uma que estava ao leste, começou a brilhar ainda mais forte. O lobo uivou para aquela estrela, que começou a andar pelo céu, como uma estrela cadente. Ela vai em direção a um morro que havia a frente do lobo, que assim que presencia a queda, começa a correr em direção a ela. A luz da estrela no morro continuava forte, a única coisa que era possível ver era apenas a sombra do lobo indo embora em direção a ela. Em certo ponto, a sombra do lobo se transforma na sombra de um homem.

Bellatriz então desperta. Ainda tonta, sua visão ainda permanecia embasada. Ela esfrega seus olhos e olha envolta. Estava em uma pequena cabana de madeira, as janelas tinham vidros quebrados, no seu interior moveis bagunçados e teias de aranha para todo lado. Parecia abandonada há muito tempo.

Pelas frestas e buracos daquela casa podia ser visto que ainda estava de escuro.

Ela olha pra frente e se depara com um vulto vermelho, era Ivy. Seus olhos se arregalaram.

– Ah, Que bom que você acordou. – Diz Ivy em um tom agradável.

Bellatriz permanece imóvel e procura sua adaga na bainha de sua cintura. Ela estava pálida, mais do que já era comumente.

–Você deve estar procurando isso, não é? – Pergunta Ivy, mostrando a adaga – Não tenha medo de mim, não vou te fazer mal.

– Não é você que temo, mas sim seus amigos. – Responde Bellatriz.

– O quê? – Pergunta confusa.

– Não se faça de tonta, você fugiu depois de chutar minha perna. É claro que eles me arrastaram para cá.

– Oh, pelos deuses, eu te machuquei muito? – Se espanta e abaixa para examinar a ferida – Me desculpa, deixe-me ver se posso...

– Sai daqui! – Bellatriz empurra Ivy para longe, que cai no chão empoeirado daquela casa – Qual é o seu problema?

– Eu quero te ajudar, esse ferimento deve estar feio.

– Ah, claro. Você quer me ajudar. Você acha que eu sou idiota? É claro que você só está se fazendo de amiguinha para tentar tirar alguma informação

Page 3: Capitulo 3 - Bellatriz Grace

de mim, assim como vocês estão fazendo com Johnny, por isso você me arrastou para esse acampamento, mas eu já adianto que...

– Espera ai, você acha que estamos no acampamento? – Ela levanta do chão e sacode a poeira que grudou em suas mãos e de sua calça – Não. Aqui está bem longe de lá. E não quero tirar nada de você, não estou fingindo ser sua amiga, porque não sou. Você está ferida e quero ajudar, qual a dificuldade de entender isso?

– Você quer que eu acredite que mesmo depois de eu ter te atacado você voltou para me ajudar?

– Porque eu não voltaria? Eu te feri e peço desculpas.

– Ok, ok. Você é pior do que eu imaginava. Você é louca, inocente e totalmente idiota.

Ivy estende a mão para Bellatriz para que ela pudesse levantar. Ela olha com receio para mão, mas cede e também estende. Ivy a levanta e ajuda a sentar numa cadeira ao lado.

– Eu não entendo, porque as pessoas não podem ajudar as outras sem que achem que ela esta interessada em segundas intenções? – Questiona Ivy. Bellatriz a olha com receio, ela não crê que Ivy possa estar a ajudando por nada.

– É porque é assim que esse mundo funciona pobre criança. Nós vivemos em um mundo onde o importante é si próprio, e foda-se o resto. Essa 3ª guerra só piorou as coisas, agora esse apocalipse.

– Mesmo assim eu a ajudei. – Ivy serve uma xícara com chá que ela havia preparado no fogão a lenha daquela casa. – Apesar de ter me apontado uma arma na cabeça e de ter pulado em mim e me cortado.

– É – Bellatriz pega o chá – mas seus amigos capturaram aquele Imp, você fugiu de mim quando fiz uma simples pergunta e me chutou na minha perna ferida...

– Mas eu já pedi desculpa... – Ivy interrompe.

– Desculpas não trazem minha perna de volta. O ponto é: como você quer que eu confie em você, diante disso tudo?

– E como você confiou em mim em tomar esse chá? – Deixa escapar um riso – Olha, não quero que confie, não posso te obrigar, mas saiba que eu não sou meus amigos.

Bellatriz olha para o chá e olha para Ivy em pensamento de dúvida.

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– Não, não tem nada de mal no chá. Acredite. Agora eu posso fazer um curativo na sua perna?

Ivy olhou a perna de Bellatriz e viu que a ferida era de uma bala, supostamente atirada por Josh. E viu também o osso exposto.

– Diante de toda essa confusão eu não me apresentei, meu nome é Ivy Belmont. Qual o seu?

– Bellatriz. Bellatriz Grace.

– Prazer. Viu, se sua perna já estava ferida antes de eu ter te chutado, como você conseguiu correr e me alcançar? – Pergunta Ivy.

– É preciso mais que um simples tiro para me impedir de fazer algo.

– A-ham, claro.

– Mas agora ela tá mais fodida ainda, quando você a chutou rasgou a carne e expôs o osso. – Diz jogando na cara.

– Por favor, não descreva. Já to vendo como tá. – Reclama Ivy – Você vai ter que ser forte, porque vou ter q voltar com esse osso no lugar.

Bellatriz consente. Ivy puxa sua perna e empurra o osso para dentro com a outra mão. Bellatriz sente muita dor, mas se mantém firme.

– Você deve ta adorando isso, não é? – Diz Bellatriz com muita dor.

– O quê? – Pergunta Ivy – Eu estar mexendo na sua perna? Eu não sinto prazer em causar dor nas pessoas se é isso que você quer dizer.

– Tá Bom. – Respondi Bellatriz, sem se importar.

Ivy fez uma mistura de ervas e colocou no machucado, o enrolou com uma faixa e começou a murmurar algumas palavras enquanto ficava com as mãos encima do curativo.

– Ei, o que você está fazendo? – Questiona Bellatriz.

– Feitiço de cura. Quando eu era criança minha mãe me ensinou para eu curar meu irmão mais novo.

– Você não é humana, não é? Você é algum tipo de bruxa? – Pergunta curiosa.

– Não. Sou uma semideusa, filha de Atena. – Responde Ivy.

– Atena?! Você está brincando comigo, não é? É você? – Bellatriz se espanta.

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– O quê? Como assim? – Ivy não entende o espanto e acaba de fazer o curativo.

Bellatriz inspira fundo. Pensa um pouco sobre o que vai falar. Ela fica imaginando se poderia confiar em Ivy, mas apesar de tudo que havia acontecido algo no fundo de seu coração dizia que ela poderia contar a ela.

– Ok, escute. Quando eu era criança eu sofri muito, não por culpa de meus pais ou algo assim, eles eram maravilhosos comigo, mas por causa de coisas que passavam por minha mente. Quando criança eu via vultos, pessoas, coisas e monstros. Meus pais me levaram em diversos médicos. Vários disseram que não era nada e outros que poderia ser esquizofrenia ou alguma outra doença. As vozes em minha cabeça eram insuportáveis. Até que um dia eu ouvi um sussurro. Uma voz que se diferenciava das outras e diferente das outras, não parecia vir de um daquelas criaturas envolta de mim. Aquela voz era doce e calma. Ela me dizia para ter calma, que era normal e que eu era especial. Eu passei a ouvi-la e ela me ensinou que essas criaturas eram, além de espíritos, demônios e monstros. Ela me ensinou também como afastar essas criaturas, ela me apoiou a estudar sobre elas e todo esse lance de magia e feitiços e passei a vê-la como uma guia. Ela me dizia que eu tinha uma missão e eu saberia na hora certa. Eu perguntei para ela como eu saberia que estaria no caminho certo, ela só disse que eu encontraria alguém que tinha um grande vinculo com ela. Mais tarde eu descobri que essa voz era de Atena.

– Nossa! Às vezes eu converso com ela e ela dizia que eu me encontraria com alguém e saberia qual meu real propósito. Acho que esse alguém é você. – Responde Ivy.

– Talvez sim, mas estou longe de descobrir o que faço aqui.

– Ivy! – Grita Alex do lado de fora.

Ivy levanta nervosa. Bellatriz tenta alcançar sua arma que ela avistou na mesa ao lado. Ivy a segura pelo braço:

– Também é uma surpresa pra mim! Por favor, fique aqui e quieta, ele não sabe que tem alguém aqui.

– Se você me trair rasgarei pessoalmente sua garganta – murmura Bellatriz.

– Dificilmente com essa perna ferida – Ivy responde.

Bellatriz viu Ivy saindo pela porta da casa e com ela vinha à desconfiança. A possibilidade de Ivy a entregar, por mais tonta que ela possa parecer, as chances eram grande pensava Bellatriz.

Page 6: Capitulo 3 - Bellatriz Grace

Ivy caminhou até seu namorado. Bellatriz tenta ver pela janela ao lado. A distância não permitia Bellatriz de ouvir a conversa. Alex segurava um lampião. Para poder andar naquela escuridão, ainda deveria ser de madrugada.

De repente, durante a conversa, Ivy aponta para a janela. – Desgraçada! – Pensa Bellatriz que puxa seu revólver.

Ela se abaixa e fica em um ângulo, pronta para atirar em qualquer traidora que entrasse pela porta.

Bellatriz permanece em silêncio, tenta ouvir o que acontecia a seu redor, para assim não ser pega de surpresa. Ela ouve passos se aproximando, passos de mais de uma pessoa.

– Fique aqui, vou pegá-la. – Diz Ivy para seu namorado.

– Ah é? Tente então, vadia – Pensa sozinha.

A porta se abre e o som do gatilho soa. Ivy entra.

– Fique aqui. Vou voltar para o acampamento. NÃO-ATIRE-EM-NINGUÉM. – Diz Ivy a Bellatriz. Ela pega sua bolsa e logo sai.

Bellatriz abaixa o revólver e volta a olhar pela janela. Os dois saem e somem ao meio da mata.

Bellatriz se levanta e vê que sua perna havia parado de doer. Aparentemente aquele feitiço de Ivy havia funcionado.

– Acho que vou meditar – Pensa ela.

Ela se prepara para sentar, mas logo repara em algo estranho. Na posição onde ela estava olhando para o fogão a lembrava de uma imagem.

– Não pode ser verdade – Dizia Bellatriz, rindo enquanto procurava em seus bolsos da calça algo.

Logo ela encontra um pedaço de papel, ele havia sido guardado dobrado, mas devido ao tempo e ao movimento de Bellatriz ele estava completamente amassado.

Porém ainda era possível compreender o que havia nele, era um desenho.

No exato lugar onde ela estava, olhando em direção ao fogão, ela olha para o papel. No papel havia desenhado um fogão a lenha, não tão parecido com aquele, porém o que espantava Bellatriz não era apenas o fogão. Todos os objetos envoltos do fogão, paredes, quadros, janelas, estavam representados naquele desenho.

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Embaixo do fogão estava marcado um circulo com uma seta apontando para ele, sinalizando que haveria algo de importante ali.

Bellatriz então vai em direção ao fogão. Ela agacha e olha por baixo do fogão, havia muita teia de aranha e alguns tijolos soltos que pareciam estar escondendo algo ao invés de segurar o fogão, já que esse era do tipo que era parafusado no chão e na parede. Com um isqueiro Bellatriz queima as teias de aranhas e ilumina o lugar. Ela repara que havia um alçapão pequeno escondido.

– Aquele filho da puta! – Bellatriz diz pra si mesma, rindo impressionada.

Ela pega sua adaga e com pouco esforço começa a soltar os parafusos que prendiam aquele fogão no chão e na parede. Após alguns minutos ela puxa o fogão para abrir caminho ao alçapão.

Aquele alçapão era bem pequeno, claramente não foi feito para pessoas passarem, era do tamanho de uma caixa de sapato. Uma pequena tranca protegia o alçapão de futuros ladrões, mas nada poderia impedir Bellatriz de abrir e pegar o que era seu.

Com sua adaga, novamente, Bella estoura a tranca e abre-o.

Lá dentro havia um livro grande, ele era do tamanho ideal para caber naquele alçapão. Não era um livro simples, sua capa era de couro e continha um símbolo, um pentagrama. Quando Bella tenta o abri-lo, mas havia uma tranca no lado.

– A chave deve estar com o desgraçado do Johnny. – Reclama consigo mesma.

Aquele era seu Grimorio. Um livro com todas as suas anotações sobre tudo que viu, descobriu e presenciou, desde informações de monstros que ela matou, até mesmo feitiços. Ela estava a um passo de encontrar realizar sua missão. Ela só precisava encontrar sua chave.

– Já vou, meu amor. – Dizia contente abraçando o livro – Eu vou arrumar um jeito de te encontrar novamente.