capítulo 23 - mudança e transformação social

Un

idad

e7 Mudança e

transformação socialQuando se fala em mudança social no Brasil,

um termo comumente empregado é

modernização. Uma pergunta sempre esteve presente nos escritos de muitos pensadores: por

que existe tanta resistência às mudanças no

Brasil?

Mudança e transformação social no Brasil

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“Façamos a revolução antes que o povo a faça”, disse um político às vésperas do movimento de 1930. Quem domina o país faz de tudo para garantir o controle, apesar das mudanças.

A Monarquia e a República comentam a mudança do regime político. Diz a Monarquia: “Não é por falar mal, mas com franqueza... eu esperava outra coisa”. A República responde: “Eu também!”. Charge de K. Lixto publicada na revista Fon-Fon de 1909.

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Assim, modernização ou reforma seriam os termos mais apropriados para classificar muitos eventos chamados de “revolução” no Brasil.


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23“Revolução” de 1930

Duas “revoluções” no Brasil no século XX

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Esse foi o movimento que levou Getúlio Vargas ao poder. Na década de 1920, os grupos que dominavam a política nacional eram os mesmos desde o Império. Com a crise de 1929, que fechou fábricas e derrubou os preços do café, houve descontentamento geral. Foi nesse contexto que se desenvolveu o movimento que alterou os grupos no poder.

Tropas de Minas Gerais no levante de outubro de 1930, que levaria Vargas ao poder.


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Essa ambiguidade da “revolução” de 1930 fez do movimento um marco nas mudanças sociais no país.

Analistas desse movimento o classificam como “revolução pelo alto” ou “revolução sem revolução”: a mudança social, sem a participação popular, foi realizada com base nos interesses das classes dominantes. Mesmo assim, foi implantada a legislação trabalhista ainda em vigor no Brasil.


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“Revolução” de 1964

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Tropas militares ocupam as ruas do Rio de Janeiro em agosto de 1968 e detêm dezenas de pessoas, na tentativa de impedir manifestação estudantil.

Desencadeada por um golpe militar que derrubou o governo de João Goulart, foi uma contrarrevolução. Os movimentos sociais, organizados desde 1960, foram abafados pelas forças conservadoras. Estas, temendo

as “classes perigosas” e o “comunismo” na cena política, deram o golpe em 1º de abril de 1964.


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Os militares reprimiram qualquer ideia ou atitude que parecesse de oposição e retiraram uma série de direitos dos trabalhadores.

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Apesar da modernização em várias áreas da economia, no fim desse período havia uma desigualdade social nunca vista no país, inflação maior que a de 1964 e enorme dívida externa.

Em 1972, militares assistem à primeira viagem do metrô da cidade de São Paulo.


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Entre 1920 e 1940, vários autores trataram da “modernização” no Brasil. Para eles havia uma ligação entre o passado colonial e o presente que deveria ser eliminada para o país sair do atraso.

“Modernização conservadora”

Circulavam, principalmente, duas ideias: enquanto Oliveira Vianna e Azevedo Amaral acreditavam ser necessário um Estado forte, Nestor Duarte e Sérgio Buarque de Holanda defendiam a sociedade democrática.

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De acordo com ele, o passado escravista está presente nas relações sociais, principalmente nas de trabalho, nas quais as pessoas são excluídas por serem pobres, negras ou mulheres.

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O golpe de 1964 levou o sociólogo Florestan Fernandes a buscar uma explicação para a sociedade brasileira que superasse a visão tradicional e conciliadora cultivada pelos intelectuais vinculados às classes dominantes.


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Florestan acreditava que para revolucionar o Brasil seria necessário abolir o passado escravista e substituir a visão da política como relação de favor e arte de se manter no poder por práticas democráticas.

Divisão política do “trono” presidencial entre as oligarquias de Minas Gerais e São Paulo: o domínio privado do Estado como empecilho à democracia e à modernização. Carge de Storni, 1925.

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Era preciso adotar uma democracia que fosse além do voto e permitisse a participação efetiva do povo nos destinos do país.


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Com a ditadura militar perto do fim, quando as greves e manifestações sociais voltaram à cena, Florestan Fernandes escreveu, em seu livro Brasil, compasso de espera: “A história volta a ter uma face de esperança, embora tudo ainda seja muito frágil, incerto e obscuro”. O sociólogo estava avaliando as possibilidades de uma consolidação da democracia no Brasil.

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Em alguns lugares, o modo de vida assemelha-se ao das sociedades industrializadas de qualquer parte do mundo, tanto nas áreas urbanas como nas rurais. Em outros, configura-se uma realidade de extrema pobreza. Nas grandes cidades as duas situações convivem.

Mudanças nos últimos anos

Muitas coisas mudaram no Brasil e muitas outras foram conservadas ou não mudaram de modo significativo.


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No entanto, persistem velhas práticas, como o clientelismo, o “favor”, as decisões judiciais parciais e os conchavos políticos, o que demonstra que o país não mudou tanto.

Politicamente, as regras do jogo democrático estão consolidadas: as eleições são realizadas regularmente e os eleitos são empossados e terminam os mandatos.

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Os processos industriais foram modificados com a entrada de novas indústrias e modernização tecnológica. Todavia, esse novo padrão não resultou em aumento de vagas de trabalho.

Nos últimos 20 anos, houve uma alteração substancial na economia brasileira.

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23Houve também mudanças no

consumo e nas relações entre os indivíduos – a oferta de dispositivos de comunicação de alta tecnologia provocou impressionantes mudanças comportamentais, nas relações sentimentais e nas trabalhistas.


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23A chamada globalização nos atingiu

em cheio. Como diz o sociólogo Francisco de Oliveira, os meninos nas ruas vendendo balas, doces e quinquilharias não são o exemplo do atraso do país, mas a forma terrível como a modernização aqui se implantou.


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Exercícios1. Junte-se a um colega e leiam o texto do boxe Modernidade sem modernização no Brasil, da página 236. Depois, produzam um cartaz, ilustrado com pelo menos duas imagens (fotografias, charges, ilustrações) e legendas, que expresse as principais ideias suscitadas pelo texto.2. Exponham o trabalho na classe e conversem sobre as diferentes soluções encontradas pela turma para coletar e apresentar essas informações.

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