capa e batina€œensinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal...

32
CAPA e BATINA Janeiro a Junho 2008 N o 31 • 3 a SÉRIE Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra em Lisboa AAECL COMEMORA O SEU ANIVERSÁRIO EM COIMBRA NESTE NÚMERO EM DESTAQUE PÁG. 03 NOVA IMAGEM E NOVAS RÚBRICAS PARA O CAPA E BATINA! II GALA DO ANTIGO ESTUDANTE DE COIMBRA PÁG. 03 PASSEIO DA PRÉ-PRIMAVERA PÁG. 04

Upload: truongliem

Post on 28-Apr-2018

216 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

CAPA e BATINAJaneiro a Junho 2008

No 31 • 3a SÉRIEFICHA TÉCNICA Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra em Lisboa

AAECLCOMEMORA O SEUANIVERSÁRIOEM COIMBRA

NESTE NÚMERO

EM DESTAQUE

PÁG. 03

CAPA E BATINADIRECTOR: A Presidente da DirecçãoEDIÇÃO: Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra em LisboaInstituição de Utilidade PúblicaRua António Pereira Carrilho, 5 - 1º1000-046 LISBOATEL. 21 849 41 97 FAX. 21 849 42 08E-MAIL: [email protected]: SemestralTIRAGEM: 1000 exemplaresDISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS SÓCIOS DA ASSOCIAÇÃO

NOVA IMAGEM ENOVAS RÚBRICASPARA O CAPA EBATINA!

II GALA DO ANTIGOESTUDANTE DE COIMBRAPÁG. 03

PASSEIO DA PRÉ-PRIMAVERAPÁG. 04

CB_capa 27/1/09 12:48 Page 1

Page 2: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

2

ÍNDICE

CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

EDITORIAL

0203091114181920222324252628

EDITORIAL

EM DESTAQUE

CONFERÊNCIAS

TERTÚLIAS ACADÉMICAS

OS NOSSOS PASSEIOS

IN ILLO TEMPORE

A VOZ DA FILANTRÓPICA

A UNIVERSIDADE HOJE

ESPAÇO DE POESIA

OPINIÃO

ESPAÇO DAS ASSOCIAÇÕES

BLOGOSFERA

IN MEMORIAM

NOTÍCIAS BREVES

COMUNICAR MELHORPÁG.

O novo Capa e Batina aí está!

Vestiu novo fato, acrescentou novaspeças de roupa à sua indumentárianormal, foi buscar novos anéis ao joa-lheiro e eis que se apresenta com ou-sadia renovada perante os seus maisdirectos destinatários e que são arazão de ser da sua existência, ou seja,os antigos estudantes de Coimbra emLisboa.

Assim, apresentamos hoje a primeiraedição desta nova era do Capa e Bati-na, remoçado na sua forma e no seuconteúdo.

Com efeito, na era da informação e daglobalização, em que a todo o momen-to somos bombardeados com notíciase apelos mediáticos do espaço físico esocial que nos rodeia, importa ser ca-paz de comunicar com clareza e objec-tividade, conseguindo atrair a atençãodos públicos a impactar.

O segredo da comunicação escritapassa por, sem prejuízo da riqueza dosseus conteúdos, ser capaz de encontrara forma mais adequada ao seu suporte,fazendo uso das melhores técnicas deimagem e arrumação de texto.

Foi neste contexto de permanente mu-dança que a Direcção da AAECL tomoua decisão de melhorar o nosso Capa eBatina. Esta mudança traduz-se emdois aspectos fundamentais:

• na forma, modernizando o tipo deletra; disciplinando a arrumaçãodos textos e as suas dimensão eapresentação; acrescentandografismos e imagens de suporte àcomunicação, tornando-a maisagradável e sistematizando a suadisposição;

• nos conteúdos, pelo que, sem reti-rar nenhuma das rubricas já exis-tente, acrescentam-se outras quehá muito faziam falta, enriquecen-

do desta forma os temas tratados eabordados pela nossa revista.

Em bom rigor, há muito que a actualdirecção almejava renovar o Capa eBatina. O objectivo que traçámos foi ode, preservando o lastro comunica-cional afectivo do passado, sermos ca-pazes de introduzir todas as mudançasque pudessem melhorar a forma comocomunicamos entre nós. Julgamos, as-sim, ter encontrado uma fórmula decompromisso que permite estabelecera ponte entre um modelo mais tradi-cional e os formatos editoriais maisactuais.

A mudança ora empreendida insere-sealiás num plano mais vasto de apostana melhoria e alargamento dos su-portes de comunicação da AAECL comos seus associados, pelo que, em breve,estará igualmente no ar o nosso sítiona Internet.

O próprio Capa e Batina passará a es-tar disponível no nosso sítio em for-mato electrónico, podendo ser consul-tado por todos os nossos associados eoutros cibernautas, sempre bem vindosao nosso convívio.

O objectivo claramente assumido é co-municar mais e melhor com os nossosassociados!

O resultado deste esforço de melhoriaaí está! Correndo o risco próprio dequem empreende a mudança e é con-sequente com a mesma, sujeitamo-noscom humildade ao julgamento dosnossos colegas, ao mesmo tempo queestaremos sempre disponíveis para reu-nir as críticas e os contributos quevisem melhorar, ainda mais, o nossoCapa e Batina.

A bem da AAECL.

4 de Novembro de 2008António Ribeiro

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 2

Page 3: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

3Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

EM DESTAQUE

16º ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃOII GALA DO ANTIGO ESTUDANTE DE COIMBRAPASSEIO DA

(pré)PRIMAVERA8 a 11 de Março 2008

A Reitoria da Universidade deCoimbra marcou a 2ª Gala parao dia 8 de Março, final da Se-mana Cultural da Universidade, emanifestou a maior vontade dea nossa Associação participarem força (à semelhança do anopassado…). Tal levou-nos acongeminar o “Projecto 3 em1”, correspondendo ao apelofeito. Assim:

1º Inovação na comemoração doaniversário da Associação, no Palá-cio de S. Marcos - desconhecido demuitos - invocando o “Dia da Mulher”;

2º Participação na II Gala do AntigoEstudante de Coimbra com a nossapresença e a intervenção, no Sarau,do Luiz Goes e do Carlos Carranca;

3º Prosseguimos com o costumadoPasseio da Primavera, por terras deCoimbra, Buçaco e Penela, umpouco antecipado no calendário,mas não menos apelativo que osanteriores.

A Reitoria cedeu gratuitamente oPalácio de S. Marcos, promoveu asvisitas guiadas e os necessárioscontactos institucionais. Respondemosao convite da Reitoria com: “A Asso-ciação está presente, com toda asolidariedade académica!”.

O “Projecto 3 em 1” obteve maioradesão do que a esperada:

– 85 convivas no Aniversário da As-sociação comemorado no Palácio de S. Marcos,

– 72 na II Gala do Antigo Estudantede Coimbra, com a nossa presençae a intervenção no Sarau do LuizGoes e do Carlos Carranca, e

– 55 no Passeio da Primavera (Coim-bra, Penela, Buçaco).

1. Aniversário da Associação

No almoço comemorativo do Aniver-sário da Associação, a ProfessoraCristina Robalo Cordeiro, Vice-Reitorada Universidade de Coimbra (foto em

seguida), brindou os presentes comuma excelente alocução, alusiva aoDia da Mulher, que transcrevemos deseguida.

2. II Gala do Antigo Estudante de Coimbra

Realizou-se a II Gala do Antigo Estu-dante de Coimbra. Foi com casa cheiaque, no passado dia 8 de Março, decor-reu no TAGV, a 2ª edição da Gala doAntigo Estudante da Universidade deCoimbra. Poesia, canção e guitarra deCoimbra, teatro e música erudita mar-caram um espectáculo em que, porocasião do Dia Internacional da Mulher,a UC homenageou Manuela Azevedo,vocalista dos Clã, e a Real RepúblicaPalácio da Loucura, fundada em 1947.Fazem parte da extensa lista derepúblicos que por ali passaram: LouzãHenriques, Camacho Vieira, CamiloAraújo Correia, Herberto Hélder, VítorMiragaia, Daniel Proença de Carvalho,Tui Curto, Pio Abreu e Celso Cruzeiro,entre outros.

01.

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 3

Page 4: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

EM DESTAQUE

4 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

3. Passeio da Primavera

Com a alma académica em plenitude,iniciamos o nosso habitual Passeio daPrimavera (o bloco 3), dedicado o 1ºdia, domingo, à lusa Atenas: aolendário Basófias acolheu-nos nassuas muitas águas a bordo de um bar-co com o seu nome, com animado al-moço; ao Museu da Ciência e da Físi-ca, com visitas guiadas por jovens en-tusiastas e sabedoras; ao novel ParqueVerde do Mondego, numa zonapitoresca que oferece regalo para osolhos e conforto para o estômago (jan-tar no Restaurante “A Taberna”).

No dia seguinte – e mau grado a chu-va que impediu o percurso pela Serrado Espinhel e suas aldeias xistosas –tivemos oportunidade ainda de admi-rar o seu Castelo, a Vila Romana doRabaçal, o seu bem cuidado Museu e,pela primeira vez, assistir a uma aulade espeleologia, dada por um teórico eprático num Centro que dirige a activi-dade, bem explorada, na zona.

Tudo isto antecedido por uma re-cepção na Câmara Municipal, onde oseu jovem Presidente e coimbrão Eng.Paulo Júlio, nos saudou com entusias-mo, explanou as suas realizações eprojectos, disponibilizou guias e técni-

cos para nos acompanharem ao longodo dia e… no final, ofereceu umavariada prova de produtos endógenosque… dispensou o jantar!

No último dia, o S. Pedro continuou afustigar-nos com chuva que impossi-bilitou a visita a Montemor-o-Velho,mas não impediu um interessante per-curso pelo Buçaco, com visita aoMuseu Militar, ao Convento e umaautêntica via-sacra às Portas de Coim-bra, aqui registada.

Tudo compensado pela beleza do Palá-cio e pelo requinte do almoço no“Palace Hotel”, onde todos gostariamde ter ficado em remanso…

Nas Portas de Coimbra

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 4

Page 5: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

EM DESTAQUE

5Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

Na minha ju-ventude, numaépoca em quenão se falavaainda de “pós-f e m i n i s m o ” ,quando meacontecia, comoneste momento,

tomar a palavra em público, em nomeou a propósito da mulher, citava debom grado a abertura de um romancede Maria Isabel Barreno:

“Ensinavam-me e eu aprendia: o homofaber, o homo sapiens, o homem é umanimal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história,o homem é um animal religioso, os pa-triarcas, Deus é pai, os faraós, ohomem é um animal social, os filóso-fos gregos, os imperadores romanos, aseternas aspirações do homem, os guer-reiros, os cavaleiros, os soldados, osmarinheiros; os descobridores, osaventureiros, o homem da renascença;o homem tem sede de conhecimento;os físicos, os matemáticos, os homenslutam pela sua liberdade; os homens ea sua angústia vivencial; os operários,os capitalistas; os homens fazem oprogresso técnico; os homens do go-verno; a declaração dos direitos dohomem; os homens da imprensa; oshomens lutam pelo poder; a explo-ração do homem pelo homem; milhõesde homens morreram na guerra; oshomens de boa vontade; a arte é umanecessidade do homem; o homem faceà natureza... “

Um dia perguntei: Onde estão as mu-lheres?

Uma tirada tão eloquente e a irónicainterrogação que a encerra obtinhamsempre um vivo sucesso, junto dasmulheres como, aliás também, juntodos homens. Hoje, volvidos quase trin-ta anos, e neste Palácio de São Marcos,a pergunta não apenas encontrou res-posta – “As mulheres estão aqui!” –como também perdeu muito da suapertinência ou, melhor dizendo, da suaimpertinência.

Hoje, as mulheres estão em todo o la-do, entre os presidentes, os generais,os juízes, os artistas, os engenheiros,os pilotos, os toureiros. Apenas o clerocatólico e romano hesita em recebê--las mas não é talvez senão umaquestão de paciência. A revolução so-cial, cultural e moral que levou àemancipação do “sexo fraco” está fei-ta, pelo menos no ocidente, e uma de-claração feminista com a da co-autoradas Novas Cartas Portuguesas já nãoparece justificar-se.

E no entanto, há cerca de um ano, oreitor da Universidade de Harvard susci-tava uma espécie de escândalo pondoem dúvida as capacidades científicasdo espírito feminino. Pouco depois, arevista Time publica um inquérito“Women in Germany” onde se lê quehá apenas 6% de docentes mulheres,na área das ciências, naquele país. Porcontraste, a Universidade de Coimbrapode orgulhar-se de ser maioritaria-mente feminina: as estudantes são emmaior número e, entre os docentes

doutorados, o universo de mulherescresce de forma exponencial. Quepodemos pensar desta evolução?Tratar-se-á de um fenómeno novo nahistória da Universidade? Poder-se-áarriscar um paralelo entre esta mu-tação e o desaparecimento do cleroque, durante séculos, havia constituídoa quase totalidade do corpo docente?Se os laicos tomaram o lugar dos cléri-gos, no decurso do século XVIII e so-bretudo no século XIX, caberia hoje àsmulheres ocupar, por sua vez, ascátedras.

Haverá aqui uma ruptura epistemoló-gica? Uma revolução axiológica? Umsismo político? Deixando de lado aabissal questão de uma natureza ou deuma essência feminina (e talvez Lacannão estivesse enganado, por razões aliássubtis, quando afirmava que “La femmen’existe pas”), interroguemo-nos sobreo comportamento das mulheres perantetrês realidades simbólicas: o Saber, o De-ver e o Poder.

No que toca à aptidão para o conheci-mento, a demonstração está feita. Daescola primária aos estudos pós-doutorais, as mulheres, desde que essapossibilidade lhes foi concedida,forneceram, definitivamente, a provada sua total igualdade. Acresce aindaque, segundo as estatísticas, o in-sucesso escolar é um mal mais mas-culino do que feminino. Nesta matéria,a prova da puberdade é muito maismortífera para os rapazes: basta olhar-mos para a Faculdade de Medicina,conhecida pela sua extrema selectivi-

02.

Em nome da mulher...

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 5

Page 6: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

EM DESTAQUE

6 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

dade, e que acolhe todos os anos umnúmero sensivelmente maior de ra-parigas do que de rapazes. É aospsicólogos e aos sociólogos que cabedeterminar os factores deste estado decoisas. E é verdade que vemos as nos-sas alunas ultrapassarem os obstáculossemeados no caminho da aprendiza-gem intelectual com uma regularidadee uma segurança que os seus colegasmuitas vezes manifestam em menorgrau. Se alguns cursos (em particularas engenharias) permanecem o apaná-gio dos homens, é com certeza porrazões que se prendem com as repre-sentações sociais ligadas às profissõese não em virtude da sua dificuldadecientífica intrínseca.

No terreno da investigação, os suces-sos femininos multiplicam-se a olhosvistos: entre os investigadores premia-dos, as mulheres marcam presençacom brio! É inútil insistir: quaisquerque sejam as diferenças que possamexistir entre o cérebro feminino e océrebro masculino, é notório, peranteas estatísticas universitárias (as únicasque aqui nos interessam) e no plano daaquisição e da produção do saber, queo primeiro nada fica a dever ao segun-do!

E quanto à segunda esfera: a do De-ver? Devemos entender este conceitocomo o conjunto das injunções e dasregras que decorrem da nossa funçãosocial. Assim, não é a consciênciaprofissional, por exemplo, tão partilha-da pelos dois sexos quanto o "bomsenso" segundo Descartes? A medidaquantitativa do escrúpulo, do zelo e dadedicação não nos permite entrar nosegredo das almas. Estará a mulhermais apta do que o homem a obedecerao imperativo categórico? Estaquestão seria absurda aos olhos deKant para quem o sujeito ético nãotem sexo. Se o absentismo parece

afectar mais as mulheres, é sem dúvi-da porque, no corpo docente e adminis-trativo da Universidade, existem nu-merosas mães de família e porque oshábitos (as inércias?) sociais ainda de-terminam que devem ser elas a sacri-ficar as suas carreiras aos filhos: quan-do muito, podemos falar de um confli-to de deveres. Ao invés, por parte dosestudantes, o absentismo é claramentemasculino. Mais escrupulosas, menosdadas à transgressão, as nossas alunasrevelam uma autodisciplina e umaprudência maiores, em parte condiçãode um sucesso escolar superior. Con-cluamos estas demasiado rápidas con-siderações sobre a seriedade profis-sional na universidade (falta-nos aindauma sólida pesquisa científica e filosó-fica), afirmando que as mulheres nãosão dotadas de um menor sentidomoral mas que, na sociedade actual,possuem certamente mais deveres acumprir do que os seus parceiros.

Resta-nos o Poder. Todos estamos deacordo em reconhecer o défice femini-no em órgãos de decisão e de direcção.O peso "político" das mulheres não éproporcional ao lugar que ocupam e aoserviço que prestam na instituição uni-versitária, como aliás nos outros sec-tores da actividade social e na vidapolítica propriamente dita, onde asmulheres parecem recuar perante oexercício do poder que cada vez menosa elas se recusa. E o "machismo" não éjá uma explicação suficiente para darconta deste desequilíbrio. Se as mu-lheres parecem dispostas a assegurarpesadas e importantes responsabili-dades (e não tem a nossa Universidadeuma Administradora, uma Directora doArquivo, e tantas outras mulherespresidentes de conselhos, directoras dedepartamentos, de institutos, de labo-ratórios e de centros de investigação,chefes de serviço?), a sua "libido do-

minandi" não as leva a uma exposiçãode corpo inteiro aos perigos que aacção pública comporta. Aqui resideuma espécie de enigma de origemtalvez ontológica. A menos que, muitosimplesmente, as filhas de Eva temam,mais do que tudo e todos, a caricatu-ra!...

Permitam-me, para concluir, que abordea questão matricial e simbólica de umlongo trabalho sobre a linguagem, sobreas representações e os sinais, que, só ele,fará emergir e espalhar-se uma cons-ciência nova, pelo menos nos indivíduosque sabem o que falar quer dizer. Osclichés são resistentes e enquanto sub-sistirem as imagens feitas, perversa-mente alimentadas pela publicidade epelos media, inconscientemente insta-ladas na opinião, que continuam a avil-tar a mulher e as mulheres, o combateda razão contra a ignorância e o precon-ceito não deverá dar tréguas.

Mas esta luta exige uma vigilânciaimpiedosa que não poupa ninguém eque deve, antes de mais, exercer-se nointerior de cada um e de cada uma denós. Acuso-me assim pessoalmente,quando vou ao volante do meu carro,de me deixar arrastar, a despeito de to-das as minhas ideias claras e distintas,pelos automatismos verbais que fazemda mulher o alvo preferido dos condu-tores de táxi menos esclarecidos!

Esta alienação sub-reptícia, esta trivia-lização quotidiana da palavra íntima écúmplice muda de atentados muitomais graves contra a dignidade e a in-tegridade da mulher. Mas é todavia poresta expurgação da linguagem queuma revolução moral deveria começare acabar.

Terminarei afirmando que hoje, nestareunião de Antigos Estudantes da UC,é justo que a uma velha senhora

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 6

Page 7: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

EM DESTAQUE

7Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

prestemos homenagem. À Univer-sidade, e particularmente à Univer-sidade de Coimbra devemos a primeiraoportunidade de um desabrochar inte-lectual e de uma carreira traçada se-gundo os nossos gostos e as nossas ap-tidões. Se as mulheres puderam sair dasua condição ancilar ou, pelo menos,subordinada, a que a história as haviarelegado, é sem dúvida graças à cora-gem e ao sacrifício de certas mili-tantes, mas é também, e sobretudo,graças à universidade, essa "almamater" no seio da qual, e no confrontocom as exigências próprias dos maisrigorosos saberes, tomaram consciên-cia de si, das suas forças, dos seus di-reitos e das suas responsabilidades. Ese o conhecimento e a sabedoria, sãofins em si, ideais imprescritíveis, aoserviço dos quais a Universidade sem-

pre, até hoje, se consagrou, a mulherobjecto do saber, a mulher, sujeito dosaber, contribuirá para inflectir opróprio devir da Universidade, sub-traindo-a à influência crescente doque lhe rouba a alma e a impede deatingir os fins últimos e absolutos.

Não sei exactamente - ninguém sabe -o que será o ensino superior nas pró-ximas décadas. Mas sei - e todas nóssabemos! - o que devo à nossa Univer-sidade, tão antiga e tão jovem, tãopresa às suas tradições, mas mais ain-da à sua liberdade. E o futuro passa,cada vez mais, pelas alunas da Univer-sidade de Coimbra.

Até lá, resta-me agradecer à Associa-ção dos Antigos - e das Antigas - Estu-dantes da Universidade de Coimbra emLisboa, o ter antecipado esse dia cadavez menos paradoxal, na fidelidade, naamizade e na paz dos géneros.

Cristina Robalo Cordeiro Palácio de São Marcos, 8 de Março de 2008

UM DIA VIRÁ ENTÃO EMQUE, DEPOIS DE UMA LISTAENUMERANDO OS SEUSMÉRITOS E AS SUAS OBRAS,PERGUNTAREMOS: “ONDEESTÃO OS HOMENS?”

Sessão realizada na sede da as-sociação, às 17h00, dia 5 deMarço, com a seguinte Ordemde Trabalhos.

a) Informações;

b) Discussão e aprovação do Relatórioe Contas do exercício de 2007,elaborado pela Direcção, e do Pare-cer do Conselho Fiscal;

c) Apreciação e votação de alteraçõesaos Estatutos da Associação pro-postas pela Direcção;

d) Desistências de Sócios.

Novos Estatutos

1 No entendimento de que os Estatu-tos da nossa Associação necessi-tavam de ser reformados e actuali-zados, nomeou a Direcção, paraesse efeito, uma comissão quepouco depois apresentou um an-teprojecto que analisado pela Di-recção, foi em seguida submetido àapreciação, discussão e aprovaçãoda Assembleia-geral efectuada a 5de Março último.

Nem todos as associados se terãoapercebido das principais altera-ções e correcções aprovadas

naquela Assembleia. E é para co-nhecimento de todos que vimosagora indicar o que de essencial foiproposto, discutido e aprovado e seencontra actualmente em vigor.

2 Começaremos por sublinhar que,em consequência dessas alterações,temos agora como que uns novosEstatutos, com diferente estruturaem que, e por exemplo, nos anterio-res, o Capítulo I compreendia a De-nominação e Sede e o Capítulo II oObjecto, agora Denominação, Sedee Objecto formam apenas o Capítu-lo I.

ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA

03.

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 7

Page 8: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

EM DESTAQUE

8 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

3 De menor importância:

a) A sede da Associação pode sertransferida para outro local na áreametropolitana de Lisboa e que à Di-recção compete efectivar o respec-tivo registo na Conservatória com-petente.

b) Dos prémios e bolsas de estudo sópodem agora beneficiar “os estu-dantes que frequentem uma qual-quer das Faculdades da Univer-sidade de Coimbra”.

c) A convocatória para as Assem-bleias Gerais é apenas enviada aossócios efectivos.

d) Compete à Assembleia Geral fixar omontante das quotas anuais, en-quanto que antes essa competênciaera apenas para fixar quotas semqualquer distinção.

e) A pena de demissão deve ser aplica-da pelo atraso injustificado de qua-tro quotas anuais.

4 - Significativas são as alteraçõessubstanciais que a seguir se in-dicam:

a) Exige-se para admissão como sócioefectivo que “tenham frequentadoefectivamente, durante pelo menosum ano lectivo, qualquer Faculdadeda Universidade de Coimbra, ou aíprestado provas de mestrado ou dedoutoramento ou que tenham fre-quentado um curso universitáriocompleto de post-graduação, coma duração mínima de um ano lecti-vo de frequência”.

b) E quanto aos sócios extra-ordinários, exige-se que tivessemfrequentado, em Coimbra, qualquerestabelecimento de ensino se-cundário, médio ou superior, “pelomenos um ano lectivo”.

c) Dispõe-se agora que, sem paga-mento de jóia, podem também seradmitidos como sócios extra-ordinários, “os cônjuges sobre vivos

dos sócios efectivos ou quem comeles esteja a viver no momento dasua morte há mais de dois anos emunião de facto nos termos legais eque tenham habitualmente fre-quentado a Associação, desde queo requeiram até seis meses depoisde ter falecido o referido sócio.”

d) Inovatória é também a disposiçãopela qual adquirem a qualidade desócios efectivos, sem pagamento dejóia, as pessoas referidas nonúmero anterior que tiverem quali-ficações para serem sócios efec-tivos, desde que o requeiram dentrodo referido prazo de 6 meses.

e) No que respeita aos sócios hono-rários, podem ser nomeados os in-divíduos ou instituições “nacionaisou estrangeiras” e pode ser retiradaessa qualidade “a quem se revele pos-teriormente à concessão, indignodessa qualidade”.

f) Quanto aos direitos e deveres dossócios efectivos, podendo emboraassistir ás Assembleias-gerais, sótêm o direito de voto e o de con-tribuírem para o esclarecimentodas questões que se discutirem,“desde que tenham pagas todas asquotas inclusive as do ano anterior”.

g) O Presidente da Mesa da Assem-bleia Geral é agora qualificado co-mo “a entidade mais representativano seio da Associação, garante a le-galidade…”.

h) Quanto ao funcionamento das reu-niões da Direcção, dispõe-se tam-bém no artigo 19º que essas reu-niões são privadas, “a elas só po-dendo assistir membros de outroórgão social, funcionários da Asso-ciação ou sócios, cuja presença, atítulo excepcional seja expressa-mente solicitada pelo órgão emcausa”, salvo no que respeita aoPresidente do Conselho Fiscal “quepoderá assistir às reuniões da Di-recção sempre que o entenda”.

i) Relativamente ao cargo de cadaum dos Presidentes dos três órgãosSociais, inova o artigo 21º que “sópode ser exercido por quem tiver,na Universidade de Coimbra, fre-quentado e obtido aproveitamento,no mínimo, em todos os anos lec-tivos que integram uma licenciatu-ra”.

j) A pena de demissão deve ser apli-cada a qualquer sócio, desde queverificado que nunca tinha sido es-tudante de Coimbra.

l) Constitui total inovação a dis-posição do artigo 32º, onde se pre-vê que as deliberações das assem-bleias-gerais devem ser consig-nadas em acta assinada pela Mesae também as disposições dos arti-gos 34º e 35º que regulamentam aseleições para os Órgãos Sociais e aconstituição das respectivas listas.

m) Inovadora é ainda a disposição donúmero 3 do actual artigo 45º, aodispor que os sócios demitidos nãopodem ser readmitidos nos dezanos seguintes à sua demissão.

n) Matéria não prevista no anterior Es-tatuto, é também a que agora constado artigo 64º onde se dispõe que“os sócios da Associação não res-pondem individualmente pelos en-cargos que a Associação assumir ”ea que consta do artigo 65º, ao es-tipular-se que os “órgãos da Asso-ciação eleitos mantêm-se no exer-cício das suas funções até ao fimdos mandatos que assumiram.”

o) Importante e com muita actuali-dade e em reconhecimento de direi-tos anteriormente adquiridos poralguns actuais sócios, é a dis-posição, embora de natureza pro-visória, do artigo 66º, onde se estipu-la que “os sócios já admitidos aoabrigo dos Estatutos revogados,mantêm a categoria de que sãot i tu lares e os direitos adquiri-dos.”

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 8

Page 9: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

9Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

CONFERÊNCIAS

O REGÍCIDIOONTEM E HOJERealizou-se no passado dia 29 deFevereiro, o jantar/conferência noHotel Avenida Palace (junto da Es-tação do Rossio, em Lisboa), seguidode uma palestra pelo Prof. Doutor RuiRamos, autor da última e mais minu-ciosa biografia do controversomonarca. Uma qualificada visão dosacontecimentos, já exposta em canaltelevisivo. Entre as efemérides docorrente ano distingue-se o regicídioperpetrado contra a pessoa de D.Carlos de Bragança, penúltimo Rei dePortugal, assassinado numa praçapública, quando seguia com a famílianuma carruagem descoberta, empleno dia, por entre o povo que oaclamava. Não foi um acto quedignificasse a República, que as-sim se anunciava, de arma em punho,disparando a matar.

Não cremos que os verdadeiros ideó-logos da República se tivessem revis-to nesse crime, ou, pelo menos, quetodos os republicanos tivessem reju-

bilado com tal procedimento nem se-quer que o tivessem simplesmenteaprovado. Mas, claro, tratou-se deum assassínio político de que é ine-vitável reconhecer as motivações re-publicanas. A questão ainda hoje temque se lhe diga. O reinado de D. Car-los não foi pacífico, decorreu numaépoca de sucessivas crises interna-cionais e internas, políticas, ideológi-cas, económicas e até culturais. Amorte do Rei, para Portugal, podia sera solução? Alguns o pensaram…

Não quisemos, nós, AAECL, passar emclaro estes factos de há 100 anos.Fazem parte da nossa história re-cente, vale a pena conhecê-los, teruma opinião a respeito.

Os cerca de 60 sócios presentesaplaudiram e animaram o debate quese seguiu e do qual registamos, deseguida, algumas das suas opiniõesmuito do interesse da assistência.

mas era um regime frágil, dependentede consensos”, defendeu o historiadore estudioso desta controversa épocada História de Portugal e também au-tor de uma obra biográfica, recente-mente trazida a público, sobre o rei D.Carlos.

Quanto à importância deste tipo deefemérides, Rui Ramos lembrou que“faz parte da civilização de um país termemória do seu passado”. “É a riquezade um país”, acentuou. Por isso, con-sidera ser importante interessar aspessoas por essa mesma memória,muito embora “sem divisões artificiais”.“Há necessidade de se ir mais além doque os mitos e frases feitos na época”.

Referindo-se ao papel político do Rei,Rui Ramos, investigador do Institutode Ciências Sociais (ICS) da Universi-dade de Lisboa, afirmou: "procuravauma certa reserva relativamente aospartidos, não era precipitado, tinhaconsciência dos seus limites, não eraum megalómano nem narcisista, tinhaaté uma certa visão prosaica, de algu-ma forma, das coisas".

O historiador realçou a sua capacidadede "engenharia política" que permitiurecuperar os partidos políticos, Pro-gressista e Regenerador, de modo aque o rotativismo democrático fun-cionasse, "mesmo quando apoiou a di-tadura de João Franco" por si chamadoa liderar o Governo do Reino.

Mais ainda, o historiador tambémrecordou que, com a morte do rei D.Carlos, Portugal chegou ao fim dequase 80 anos de monarquia liberal edo regime de liberdade que ela repre-sentava, não deixando de recordar a IRepública (1910-1926), com todos os

O Regicídio – D. Carlos I

D. Carlos Fernando Luís Maria VictorMiguel Rafael Gabriel Gonzaga XavierFrancisco de Assis José Simão de Bra-gança Sabóia Bourbon e Saxe-Cobur-go-Gotha, nasceu em Lisboa em 1863,casou em 1886 com Amélia de Or-leans, filha do Conde de Paris, subiu aotrono três anos depois.

Rui Ramos num mero exercício dehistória contrafactual, tem a con-vicção de que se não tivesse aconteci-do o regicídio, na tarde do dia 1 de

Fevereiro de 1908 muito provavel-mente a Monarquia em Portugal podiater durado mais uns anos, sem quehouvesse a implantação da República,a 5 de Outubro de 1910, ou os exces-sos cometidos durante a I República,que culminaram no golpe militar de 28de Maio de 1926. O acto foi levado acabo por Alfredo Costa e ManuelBuíça, na Praça do Comércio, em Lis-boa, que vitimou o Rei D. Carlos e opríncipe D. Luís Filipe, quando regres-savam de Vila Viçosa.

“A Monarquia não estava condenada,

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 9

Page 10: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

10 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

seus exageros de que se revestiu,nomeadamente o anticlericalismo ouexcessivo controlo do Estado, havia deconduzir ao golpe militar de 28 deMaio de 1926 e à instauração da di-tadura durante 48 anos. Apesar de tu-do, lembra Rui Ramos, houve maisanos em liberdade do que em re-pressão. “As coisas não acontecem porsi próprias, dependem da sabedoria dosdirigentes e também da sorte”, referiu.

Rui Ramos salientou a "lucidez do Rei" relativamente à posição dopaís nas relações internacionais e a "disponibilidade para tomar algu-mas decisões polémicas, e que o afas-taram de alguma elite política".

Coroado em 1889, se "o reinado nãocomeçou bem", e foi muitas vezesreferido como "D. Carlos, o último", as"dificuldades iniciais foram-se dissi-pando".

"Reataram-se as relações comInglaterra, ganhámos mais territórioaté no Ultramar, daí as guerras coloni-ais, designadamente com o Gungu-nhana, são reconfirmados tratados in-ternacionais, as questões financeira ea económica a partir de 1898 melho-ram muito, em parte graças às remes-sas dos emigrantes portugueses noBrasil".

Para o historiador, a morte de D. Carlos, pelas costas, sem guarda,"pois um rei constitucional apenas tema guarda do seu povo", é "uma mortepolítica e quem o assassinou estavaenquadrada numa conspiração políti-ca, mas a documentação não nos per-mite dizer quem foi o mandante".

Recolhido por José António Correia;colaboração de Eduíno de Jesus.

(Fontes: LUSA e Jornal 1º Janeiro)

Em comemoração do bicentenário dachegada da Família Real ao Brasil, em1808, realizou-se no passado dia 3 de Ju-nho, o jantar no Hotel Avenida Palace,seguida de uma prelecção sobre “A CortePortuguesa no Rio de Janeiro” pelo DoutorJorge Couto, Director da Biblioteca Na-cional de Portugal, especialista na matéria,e também antigo aluno da Universidade deCoimbra.

Contou com as presenças de S. A. o Duquede Bragança, D. Duarte Nuno, estandotambém prevista a presença do Conse-lheiro Renato Assunção, em representaçãodo Senhor Embaixador do Brasil. Partici-param ainda cerca de 100 pessoas, Asso-ciados(as) e amigos(as) da AAECL.

Foi explicado, com muita sapiência efluência, o enquadramento histórico e asrazões desta deslocação da Corte para oBrasil. Em 1806 Portugal era a única Coroaeuropeia que Napoleão Bonaparte não ti-nha ainda derrotado e dominado. Com atransferência da Corte para o Brasil, Por-tugal evitou essa derrota e, entre outrosaspectos, assegurou a manutenção dosmuitos bens portugueses e dos navios daArmada portuguesa, através de uma com-plexa e bem preparada operação logística,preparada ao longo de vários meses nascostas da várias potências da época. Estaviagem entre Lisboa e o Rio de Janeirodurou 54 dias.

A Guerra das Laranjas correspondeu aoreatar das velhas alianças, reforçando oslaços de Portugal com Inglaterra, quedominava os mares e que tinha derrotadoa armada francesa em Trafalgar, e o eixoFrança-Espanha.

O duque de Wellington, o general Wesley,libertou Portugal das tropas napoleónicas.Revelou extraordinárias qualidades es-tratégicas e tácticas, foi comandante-chefe das forças peninsulares e repeliu osfranceses de Portugal e Espanha. Aplicouaos franceses, entre Coimbra e Torres Ve-

dras (nas “Linha de Torres”) uma políticade terra queimada. Retirou os bens e pes-soas para sul da linha de Torres e queimouo que restou. Ao chegarem os franceses,deparavam assim com uma escassez detudo, provocando dificuldades elevadas deabastecimento e atrasos significativos aoseu avanço. Esta política teve tambémcustos elevados para Portugal, para alémdas pilhagens realizadas pelos franceses.

O Brasil representava uma extensa áreageográfica e riquezas imensas, muito co-biçadas, de ouro e diamantes. Os inglesesbeneficiaram da abertura de um porto emSanta Catarina, para acesso directo aosseus navios, para carregamento das mer-cadorias.

Desde 1808, com a transferência da corteportuguesa para o Brasil, que marcou onascimento da nação brasileira moderna,o Brasil conhece uma fase grande cresci-mento económico impulsionado pelos cer-ca de 10.000 pessoas transferidas e pelasmedidas desenvolvidas – estabelecimentodo Banco do Brasil, autorização defundições e estamparias concessão de ses-marias, implantação da Real Biblioteca edo Hospital do Rio de Janeiro, e a im-pressão de livros no Brasil. As grandescapitanias do Brasil (4) passaram a repor-tar directamente ao centro político do Riode Janeiro.

Em 1818, o regente Dom João VI foi coroa-do rei do Reino Unido de Portugal, Brasil eAlgarves. Três anos depois voltou para Por-tugal, deixando seu filho mais velho, DomPedro, como regente do Brasil. Em 7 deSetembro de 1822, Dom Pedro proclamoua Independência do Brasil (D. Pedro I doBrasil).

Seguiu-se um período de algumas pergun-tas e respostas, ao palestrante DoutorJorge Couto e S.A. D. Duarte Nuno, termi-nando de seguida o agradável jantar comos agradecimentos, despedidas e umcaloroso FRA.

A CORTE PORTUGUESA

NO BRASIL

CONFERÊNCIAS

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 10

Page 11: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

11Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

TERTÚLIAS ACADÉMICAS

O HINO NACIONALE SEUS AUTORES

Alfredo Christiano Keil nasceu a 3 deJulho 1850 em Lisboa, no palácio deBarcelinhos (onde foram os Armazéns doChiado). Filho de Johan Christian Keil(1820-1890), alemão de Hanôver entãoexilado político, em Lisboa, desde 1839por se ter oposto à unificação alemã emcurso e de Maria Josefina Stellpflug, fi-lha de um alemão. A. Stellpflug, com aprestigiante profissão de sapateiro desua Majestade Fidelíssima, El – Rei D.Fernando II, tinha a sua oficina na Ruado Alecrim, 20-21.

Mestre alfaiate Christian Keil seria o al-faiate do rei D. Luís e de boa parte daaristocracia e burguesia lisboeta. Poréma sua clientela estendia-se a outrospaíses, onde se contava o Príncipe deGales – futuro Eduardo VII. Muitosclientes vinham a Lisboa mandar fazeros seus fatos, visitar a cidade e ficavam

amigos deste alemão emigrado e muitobem relacionado com a alta finança. Ofilho, Alfredo pôde assim ter uma edu-cação de menino rico sem qualquer limi-tação nos seus estudos e viagens.

Desde muito novo que Alfredo Keilmostrou um talento invulgar para amúsica, tendo, aos 12 anos, escrito a suaprimeira peça musical com o título Pen-sé Musicale, que dedicou à mãe.

Estudou no Colégio de Santo António eem 1858 já tinha aulas de música comAntónio Soller. Em 1860, com apenasdez anos, frequentava o colégio Britâni-co, na Rua Vale de Pereiro, em Lisboa eteve lições de piano com o famoso pia-nista húngaro Oscar de La Cinna. Em1869 (19 anos) viajou com o pai pela Eu-ropa, passando por Madrid, Paris, Gene-bra, Zurique, visitando museus e monu-mentos e acabando por ficar em Nurem-berga, para frequentar a Academia Realde Belas Artes e não deixou de frequen-tar os espectáculos nocturnos, que porsinal não eram do seu maior agrado. Aguerra franco-prussiana, em 1870,força-o a regressar a Portugal, onde fre-quenta aulas de pintura com MiguelLuppi. Teve ainda como professores demúsica, António Soares e Ernesto Vieira,e aulas de desenho com o professor daAcademia Real de Belas Artes, JoaquimPrieto e por incitamento dela, em 1878concorreu à exposição de Paris com atela «Melancolia», que lhe valeu umaMenção Honrosa, e em 1879, recebe aMedalha de Ouro na Exposição no Rio deJaneiro.

Compositor de paisagens e sons Alfre-do Keil, que viajava muito e passavatemporadas em Itália conseguia dividir oseu tempo entre a pintura e a com-posição musical. Em 1893, teve estreiaem Turim a sua ópera Irene, baseada nalenda de Santa Iria. O sucesso foi enormee o rei Humberto de Itália condecorou-o.Esta ópera foi, três anos mais tarde, le-

vada à cena no Real Teatro de São Car-los de Lisboa. A ópera de Alfredo Keil que mais tempoperdurou foi Serrana, a primeira com li-breto em português, inspirada num ro-mance de Camilo Castelo Branco, com-posta entre 1895 e 1899 e estreada comsucesso no São Carlos, em Março de1899. O texto é mais uma vez de Hen-rique Lopes de Mendonça. É talvez apeça musical mais conhecida, excep-tuando “A Portuguesa”, e, no século pas-sado, foi levada à cena mais onze vezes.

Este autor, multifacetado legou-nostambém obras escritas, contos e ro-mances dos seus verdes anos e estudoscomo «Breve História dos Instrumentosde Música Antigos e Modernos» (1904),Colecções e Museus de Arte em Lisboa(1905), «Breve Notícia da Colecção Keil(instrumentos de música)» (1905) e umlivro editado postumamente, «Tojos eRosmaninhos».

Henrique Lopes de Mendonça nasce, emLisboa, a 12 de Fevereiro de 1856, filhodo militar António Raulino Lopes deMendonça e de Honorata Lopes de Men-donça. Eram como Alfredo Keil oriundoda alta burguesia.

Foi historiador, arqueólogo naval, pro-fessor, conferencista, dramaturgo, cro-nista e romancista. Entrou para a Ma-rinha Portuguesa em 27 de Outubro de1871 sendo promovido a Guarda-Ma-rinha em 1 de Novembro de 1874 e aCapitão de Mar-e-Guerra em 27 deAgosto de 1909, posto no qual foi refor-mado em 25 de Maio de 1912. Foi pro-fessor da Escola Prática de ArtilhariaNaval, então instalada no a bordo dafragata D. Fernando II e Glória. EmJaneiro de 1887 foi nomeado para coad-juvar o conselheiro João de AndradeCorvo na publicação dos estudos sobreas possessões ultramarinas. Casou comAmélia Bordalo Pinheiro, oitava filha deManuel Maria Bordalo Pinheiro. Tiveram

Luísa de Paiva Boléo

Palestra realizada na Sede da AAECL,dia 23 de Janeiro, pelas 17h30. Foianimada pela nossa associada MariaLuísa Paiva Boléo que preparou bemo tema e a respectiva apresentação,com meios multimédia. Contou comcerca de 40 participantes queseguiram com muita atenção as ex-plicações detalhadas apresentadas,pese embora algumas dificuldadesiniciais com os meios áudio-visuaisdisponíveis. Seguem em seguida al-guns excertos do texto apresentado,cuja versão integral se encontradisponível na AAECL, para consulta.

“A história do hino nacional é bemconhecida aqui apenas são recor-dadas as circunstâncias em que foimusicado e o texto escrito. Os seuscriadores tinham muito maisafinidades entre si do que à partidase pensava.”

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 11

Page 12: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

12 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

três filhos. Virgínia Lopes de Mendonça(1881-1969) contista e dramaturga, Al-da Lopes de Mendonça, desenhadora derendas e Vasco Lopes de Mendonça(1881-1963), engenheiro militar, carica-turista e ceramista. Em Agosto de 1889foi nomeado para proceder à elaboraçãode uma obra onde se historiassemmetodicamente os feitos da ArmadaPortuguesa. Como fruto dessas investi-gações publicou Estudos sobre NaviosPortugueses dos séculos XV e XVI.

Como escritor e dramaturgo, Lopes deMendonça iniciou a carreira em 1884com a peça A Noiva, a que se seguiu AMorta, que foi galardoada com o prémioD. Luís I da Academia das Ciências deLisboa. Entre 1897 e 1901 foi bibliotecárioda Escola Naval. Passou a professor dacadeira de História da Escola de Belas-Artes de Lisboa. Em 1900 foi eleitomembro efectivo da Academia das Ciên-cias de Lisboa e em 1915, nomeado seupresidente.

Em 1916 foi agregado à comissãonomeada pelo governo para propor asversões oficiais e definitivas para pia-no,canto, orquestra e banda, e do Hino Na-cional. Em 1922 foi nomeado presidenteda comissão destinada a perpetuar a Via-gem Aérea Lisboa-Rio de Janeiro. Em1925 foi co-fundador da Sociedade Por-tuguesa de Autores. O ComandanteLopes de Mendonça foi ainda membroda Academia Brasileira de Letras, desde1923, sócio do Instituto de Coimbra,membro Honorário do Clube de Londres,vogal do Conselho de Arte Dramática emembro das Comissões Oficiais dosCentenários de Cristóvão Colombo e deVasco da Gama. Deixou escrita quaseuma centena de obras teatrais, poesias,romances e estudos históricos.

Antecedentes do UltimatoPortugal ainda tentou, por viadiplomática, alguns apoios nos paísescomo Alemanha, Itália, Espanha, EUAFrança e Rússia, mas todos lhe viraramas costas como a dizer «é assunto vosso,tratem dele como entenderem».

Em finais do século XIX, havia gravesconflitos entre a Grã-Bretanha e Portu-gal com as suas colónias africanas.Surge o caso do “Mapa cor-de-rosa” que

correspondia à perda de uma larga fatiado território português no continenteafricano, entre Angola e Moçambique.

É então que Alfredo Keil, animado dosmais elevados sentimentos patrióticos,compõe na noite de 12 de Janeiro, amarcha «A Portuguesa» então para can-to e piano. No ano seguinte, os re-voltosos de 31 de Janeiro proclamaram arepública no Porto ao som da nova mar-cha.

A iniciativa da marcha nacionalistasurgiu num jantar de amigos que fre-quentavam a Tabacaria Costa do Rossioe o estabelecimento do editor musicalNeupart, onde se encontravam AlfredoKeil, António Ennes, António Lamas, oduque de Palmela, Fernando Caldeira,Hygino de Sousa, Rafael Bordalo Pinheiro,Sebastião de Magalhães Lima e TeófiloBraga entre outros.

Alfredo Keil compôs a letra num dia eque na madrugada foi a correr a casa doseu amigo Henrique para então este fa-zer a letra, recomendando-lhe: «O meudesejo era que cada compasso musicalcorrespondesse na letra o sentimentoque a ditou! Convém não deixar arrefe-cer o entusiasmo do povo. Que ele aaprenda de cor quanto antes e a adoptecomo um canto de reivindicação na-cional.»

A inspiração baseia-se no fado, cançãode melancolia, a ária da Fonte hino deamor pátrio e a Marselhesa canto de re-volta contra o despotismo.

A Portuguesa teve distribuição gratuitacom uma tiragem de 12000 exemplares.Depois mais edições num total de 22000 exemplares. O projecto gráfico foido próprio Alfredo Keil. A marcha foirapidamente traduzida na Alemanha,Espanha Itália e Rússia. A revista O Oci-dente nº nº 405 de 21 de Março incluiuma edição especial de A Portuguesa eum dossier sobre os seus autores.

Em plena monarquia de D. Carlos «A Por-tuguesa» era cantada na rua, masproibida oficialmente e motivo degrandes refregas. Foi preciso aguardarmais uns anos para que o ciclo doregime monárquico desse lugar àRepública, a 5 de Outubro de 1910. Até

esse dia, “A Portuguesa” esteve proibidade ser tocada em público. Depois, em1911 é adoptada pela nova Constituiçãocomo Hino Nacional da República Por-tuguesa.

A mesma Assembleia Constituinte de 19de Junho de 1911, que aprovou a Ban-deira Nacional proclamou A Portuguesacomo Hino Nacional. Era assim oficia-lizada a composição de Alfredo Keil eHenrique Lopes de Mendonça que, numafeliz e extraordinária aliança de música epoesia, respectivamente, conseguira in-terpretar em 1890, com elevado sucesso,o sentimento patriótico de revolta con-tra o ultimato que a Inglaterra, em ter-mos arrogantes e humilhantes, impuseraa Portugal.

A 4 de Outubro de 1907, três anos e umdia antes de ser proclamada a República,Alfredo Keil morre, em Hamburgo, vítimade doença.

Contava apenas 57 anos e deixou ina-cabada a ópera “Índia”, que começara acompor para as comemorações dachegada de Vasco da Gama à Índia. Oseu enterro foi uma grande manifes-tação de pesar em Portugal e muito sen-tida na Europa.

Em 1956, constatando-se a existênciade algumas variantes do Hino, não só nalinha melódica, como até nas instrumen-tações, especialmente para banda, oGoverno nomeou uma comissão encar-regada de estudar a versão oficial de APortuguesa, a qual elaborou uma pro-posta que, aprovada em Conselho deMinistros em 16 de Julho de 1957, é aque actualmente está em vigor.

O nosso hino é harmonioso. Foi compos-to e a letra concebida por imperativospatrióticos por dois homens que viveramo momento na pele, o que lhe dá maiorforça, a da autenticidade”.

TERTÚLIAS ACADÉMICAS

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 12

Page 13: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

13Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

TERTÚLIAS ACADÉMICAS

“A PORTUGUESA”

I

Heróis do mar, nobre povo,

Nação valente, imortal

Levantai hoje de novo

O esplendor de Portugal!

Entre as brumas da memória,

Ó Pátria, sente-se a voz

Dos teus egrégios avós

Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!

Sobre a terra sobre o mar,

Às armas, às armas!

Pela Pátria lutar

Contra os canhões marchar,

marchar!

II

Desfralda a invicta Bandeira,

À luz viva do teu céu!

Brade a Europa à terra inteira:

Portugal não pereceu

Beija o solo teu jucundo

O oceano, a rugir d’amor,

E o teu Braço vencedor

Deu mundos novos ao mundo!

Às armas, às armas!

Sobre a terra sobre o mar,

Às armas, às armas!

Pela Pátria lutar

Contra os canhões marchar,

marchar!

III

Saudai o Sol que desponta

Sobre um ridente porvir;

Seja o eco de uma afronta

O sinal de ressurgir.

Raios dessa aurora forte

São como beijos de mãe,

Que nos guardam, nos sustêm,

Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!

Sobre aterra, sobre o mar,

Às armas, às armas!

Pela Pátria lutar

Contra os canhões marchar,

marchar!

Fonte: Ministério da Defesa Nacional

Nos finais do século XIX, "A Portuguesa", marcha vibrante e ar-rebatadora, de forte expressão patriótica, pela afirmação de inde-pendência que representa e pelo entusiasmo que desperta, torna--se, naturalmente e por mérito próprio, um consagrado símbolonacional, na sua versão completa:

O NOVO REGIME DE AVALIAÇÃO DOSPROFESSORESPalestra ao final da tarde pela Dr.ª JúliaAraújo, Directora de Serviços dos Re-cursos Humanos da Direcção Regionalde Educação de Lisboa, dia 14 de Maio.

Este tema “escaldante” da actualidadefoi bem explicado por quem detém osaber e a prática. Foram apresentadosos diversos factores principais quelevaram ao descontentamento dosprofessores, entre os quais: o congela-mento das carreiras; aumento doperíodo para a aposentação; alteraçãodas carreiras, a criação da categoria deprofessor titular e seus critérios de se-lecção.

Foram apresentados os aspectos asso-ciados à alteração da avaliação, quepassa a ser efectuada de 2 em 2 anos,e conta com quotas para os níveis detopo, incorporando também os resul-tados da avaliação das escolas.

Em relação ao actual modelo, baseadona experiência do Chile, registam-sealguns dados mencionados, como ouniverso de 120.000 professores quese distribuem por 1.200 Escolas ouAgrupamentos de Escolas. Estas irãopassar a ser dirigidas por um DirectorEscolar.

Ficou combinado um novo encontrocom a Dra. Júlia Araújo, após oagradecimento pela objectividade,brilhantismo da exposição e conheci-mento do tema, para o revisitar eaprofundar outros tópicos tão do agra-do da audiência.

José António Correia

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 13

Page 14: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

14 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

OS NOSSOS PASSEIOS

LÁ FORA

A AAECL realizou de 29 de Dezembrode 2007 a 2 de Janeiro de 2008 a pas-sagem de ano em Salamanca, comvisita às cidades de Ávila, Segóvia,Zamora, e Cáceres, todas elas conside-radas Património da Humanidade, visi-tando ainda “La Alberca” e a cidadehistórica de Alba de Tormes.

O grupo composto de 84 pessoas par-tiu em dois autocarros rumo a Espa-nha pela fronteira de Vilar Formoso,com o tempo cheio de neblina, e, já emterritório espanhol, chegámos a Ciu-dad Rodrigo e almoçámos na aldeia deLa Alberca, conjunto artístico nacional.Após o almoço, subimos à vizinha ser-ra de Peña de Francia, a 1.723 metrosde altitude, onde tivemos oportu-nidade de observar a neve mesmo jun-to ao Santuário de Nª. Sra. de Peña deFrancia, de grande devoção local. Deseguida, partimos em direcção a Sala-manca, e chegámos ao Hotel Régio,cerca das 21 horas.

No dia seguinte, 30 de Dezembro, par-timos às 9 horas do Hotel para visitara cidade de Ávila que fica a 88 Km deSalamanca e está situada no vale deAmblés, sendo a cidade mais alta deEspanha, a 1.100 m de altitude. Estácercada pelas imponentes muralhas(séc. XI), que configuram a cidade. Assuas Igrejas e Palácios brasonados são

caracterizados pelos estilos pré-românico, românico e gótico, do finaldo século XI. Foi classificadaPatrimónio da Humanidade em 1986.

Fomos à Catedral (estilo gótico de in-fluência francesa) e à Igreja de S. Vi-cente (estilo românico) e ao conventode Sta. Teresa do Menino de Jesus,Santa reformadora, mística e Doutorada Igreja Católica, tendo nascido em1515 e falecido no dia 14 de Outubrode 1582. Almoçámos no restaurantedo Hotel Palácio do Valle de Rábanos,que pertenceu à nobreza do século XV,tendo a sua transformação em Hotelrespeitado a fachada original.

Após o almoço, seguimos para ahistórica cidade de Segóvia, igual-mente património da humanidade. É acapital da província do mesmo nome,limitada a oeste por Ávila, a sul comMadrid e a norte com Burgos. Visitá-mos o Alcazar, e a Catedral, não esque-cendo a sua peculiar muralha compainéis explicativos de como era a ar-quitectura medieval da cidade e oaqueduto com seus arcos góticos. OAlcazar foi residência real no séculoXIII, de estilo gótico, e mais tarde foiconvertido em Museu. À direita do Al-cazar, encontra-se o Palácio dos Reisde Castela e à sua esquerda, a casa daQuímica do século XVIII, onde o inves-

tigador françês, Louis Proust elaboroua Lei das Proporções Definidas. Ao finalda tarde regressámos ao Hotel Régio.

Depois do jantar, realizou-se numa dassalas do Hotel, um Workshop dedanças de salão orientado por dois ele-mentos do nosso grupo, no qual par-ticiparam muitos dos nossos colegas,tendo-se vivido uma noite muito ale-gre e divertida.

No dia 31 de Dezembro, partimos às 9horas em direcção a Zamora, que sesitua a 65 Km de Salamanca. A nebli-na teimava em não nos deixar, masnão desistimos de cumprir o nossoprograma. Em Zamora, deparámo-nosà chegada com a sua imponente pontede ferro sobre o rio Douro. Foi nestacidade que foi armado cavaleiro o nos-so 1º. Rei de Portugal D. Afonso Hen-riques. A Porta da Catedral de ZamoraObispo, constitui um elemento arqui-tectónico de excepcional beleza,destacando-se 4 arquivoltas lobuladas,as colunas coríntias, árabes e bizanti-nas, influência do estilo renascentista.Visitámos em seguida a Igreja de Sto.Ildefonso, com uma única nave de es-tilo gótico, resultante da fusão de trêsnaves. Vimos o magnífico retábulo,onde está a estátua de Madame delAmor Hermoso, “Santa do Amor”, vene-rada pelas pessoas que estão à procura

VIAGEM DE

FIM DE ANO A

SALAMANCA

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 14

Page 15: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

15Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

de namorado e se socorrem dela parapedir sorte no casamento. É como onosso Santo António de Lisboa. Nestacidade existem os palácios dos Condesde Alba. Regressámos ao Hotel para oalmoço.

Às 15 horas partimos para o centro deSalamanca, cidade de referência Uni-versitária, património artístico, históri-co e cultural, com 170.000 habitantes,e ainda cerca de 40.000 estudantes. Acidade é atravessada pelo rio Tormes eestá a 800 metros de altitude. Nelaexistem 12 conventos de clausura,com todas as ordens religiosas. A nos-sa visita centrou-se na Praça Mayor,vendo-se nela o arco de Filipe V, porter sido construído durante o seureinado. Esta praça é das mais belas deEspanha, data da época barroca, comnumerosos arcos e fachadas dife-rentes, andares e varandas harmo-

niosas, sendo que os andares são per-corridos por colunas coríntias comfrontões. Percorrendo a Rua Mayorchega-se às Catedrais e também àCasa das Conchas que alberga a Bibliote-ca Nacional, onde existem livros queremontam aos anos 1050. Na Universi-dade Católica destaca-se a célebrefachada com porta dupla. A fachada étoda trabalhada à mão em estiloplateresco e pedra de Villamayor. Adecoração é rica em detalhes e figurasentre elas a famosa rã que, segundo alenda, dava sorte aos estudantes aoconseguirem descobri-la. De referirtambém La Clerecia – Colégio Real daCompanhia de Jesus, hoje sede da Uni-versidade Pontifícia. É composta portrês torres, encontrando-se uma dascúpulas inclinada, consequência doterramoto de 1755. Regressámos aoHotel ao fim da tarde para o nosso jan-tar de Reveillon, aliás, muito bem

servido, seguindo-se o baile que decor-reu com muita alegria e animação, atéaltas horas da madrugada, sendo deregistar o fado de Coimbra cantadopelo Fernando Rolim e pelo MárioPombo.

No 1º. dia da ano de 2008, tivemos amanhã livre, tendo vários colegasaproveitado para ir a Salamanca assis-tir à Missa. Da parte da tarde, pelas15h00 horas, partimos no autocarropara Alba de Tormes – aldeia situadana margem direita do rio com o mes-mo nome. Visitámos o convento dasMadres Carmelitas, onde viveu e mor-reu a Santa Teresa do Menino Jesus.Vimos ainda o quarto onde ela faleceue ainda o coração e braço da Santa,que se encontram guardados intactos,dentro de uma redoma de vidro.

No dia 2, regressámos a Lisboa compassagem pela cidade de Cáceres comvisita à parte histórica, consideradapatrimónio no ano de 1949. Para a en-trada da zona monumental, assim sechama por não existir qualquer comér-cio, passa-se pelo arco da estrela, ten-do-se visitado a Concatedral de SantaMaria Mayor onde está o Cristo Negrodo século XIV. Após esta visita, parti-mos rumo a Lisboa, onde chegámospor volta das 21H00 horas.

Lisboa, 14 de Janeiro de 2008

Maria Alice dos Santos Dias Pereira eAlberto José Nunes Pereira

OS NOSSOS PASSEIOS

O Fado de Coimbra encantou também os espanhóis presentes

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 15

Page 16: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

16 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

OS NOSSOS PASSEIOS

Deslocaram-se à Austrália e Nova Zelândia28 Sócios, em repetição da magnífica via-gem de 2004. (Ver C&B Nº 23, Junho2004). Viagem com partida de Lisboa, es-cala em Londres e paragem em Singapura.Ao 4º dia partida para a Austrália com des-tino a Sidney, maior cidade do país, com 4milhões de habitantes.

De Sidney seguiu-se a visita das BlueMountains. Após esta visita o grupo rumoua Melbourne, onde realizou diversas outrasvisitas.

O grupo deslocou-se de seguida (14º dia)para a Nova Zelândia (voos Cairns/Sid-ney/Auckland, na N.Zelândia), onde se rea-lizaram visitas aos principais pontos de in-teresse. Dos desertos da Austrália aosfiordes…

O regresso foi efectuado com escala emLos Angeles , dormida e visita a S.Francis-

co, nos EUA, e regresso via Londres.

A nossa opinião:

Como se esperava esta viagem foi uma,(mais uma), para mais tarde recordar.

A) AustráliaÉ um imenso Continente, cheio de coisasbelas. Sidney com a sua fantástica Baía e asua Ópera, Blue Mountains, Melbourne,Alice Springs, com toda a sua história liga-da aos Aborígenes, Ayers Rock e o seuMonte Ayers, Uluru em Aborígene, ex-librisda Austrália, ainda mais belo ao nascer doSol - diz quem teve coragem para se levan-tar às 5h da manhã para o observar - as Ol-gas e essa coisa interessante e diferenteque é um deserto com um lençol de águapor baixo!!!

Há ainda Cairns com a sua Grande Barreirade Corais.

E que dizer dos simpáticos Koalas, Cangu-rus e de outras “bichezas” também curiosase excitantes, embora não tão “carinhosas”?

Só ficou por entender porque é que, comtanto espaço disponível, se constroem ascasas umas em cima das outras. Será porsimples falta de gosto ou haverá outrarazão?

B) Nova ZelândiaUm espanto!!! Com um Guia de excelência,o Thomas, profissional, eficaz, educado,com sentido de humor, disponível para nosmostrar o mais possível e sempre com umairradiante simpatia, viveram-se uns diasfantásticos.

Enquanto a Austrália tenta copiar os Esta-dos Unidos e a cópia é sempre pior do queo original, a Nova Zelândia é mais Eu-ropeia.

A Cultura, a Arte e os Costumes dos Maorisão francamente mais evoluídos do que osdos “feios” Aborígenes. Porquê? Terá a vercom as origens?

Com uma vegetação luxuriante, mas sem otremendo calor húmido de Singapura, tudoé de uma beleza fantástica – Auckland,Rotorua e finalmente Queenstown eChristchurch, que “foram as cerejas emcima do bolo”!!!

C) A Agência AbreuO Sr. Luís Marques, tão discreto, como efi-ciente e profissional, embora sempre aten-to, só interferiu no trabalho dos guias lo-cais quando tal se mostrou indispensável.Conseguiu, sem dúvida, um generalizado epositivo consenso. O nosso muito obrigadopela segurança que a sua presença semprenos transmitiu.

D) São FranciscoJá nossa conhecida, é contudo uma revisãoque vale sempre a pena. Tudo é lindo, masa sua Catedral é um hino à Arquitectura eà Engenharia

Nela e Zé Costa

VIAGEM À

AUSTRÁLIA ENOVA ZELÂNDIA

...Na Nova Zelândia

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 16

Page 17: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

17Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

OS NOSSOS PASSEIOS

CÁ DENTRO

Em Fevereiro realizámos, com 27 pes-soas, uma visita ao Museu de Arqueo-logia e à Exposição Temporária “O Ourode Viana – da Pré-História à Actuali-dade”. Por ser perto, terminámos emagradável convívio nos Pastéis deBelém.

O Museu da Música, foi o destino deMarço para 18 pessoas e, em Abril, oMuseu do Azulejo foi o palco de umavisita do agrado geral dos 16 partici-

pantes que terminou em alegrecavaqueira e óptimo lanche na cafe-taria do museu.

Em Maio, a Exposição Temporária “AEducação do Príncipe” (com peçasnotáveis, do futuro Museu Aga Khan),na Fundação Gulbenkian, foi visitadaem dois dias, por dois grupos de 16 e12 pessoas (nº máximo permitido erade 15 pessoas em cada visita).

Em Junho, 25 colegas aderiram à visi-ta ao recente Museu do Oriente, emque a expectativa foi, no geral, supera-da.

Como sempre, as visitas foram guiadaspor técnicos superiores, muito qualifi-cados, o que contribuiu para que te-nham sido bastante apreciadas.

É, contudo, de salientar um ponto nega-tivo que se refere às inscrições nas visi-tas, pois há colegas que faltam, semaviso prévio impedindo, assim, outroscolegas de participar nas mesmas. Co-mo todas as visitas têm um númeromáximo de participantes, em geral 25,normalmente existe uma lista de es-pera que é respeitada, caso se saiba,antecipadamente, quem falta. Se oaviso não surgir, ficam outros colegasimpossibilitados de participar e este,não é, de facto, o espírito coimbrão dacamaradagem...

No primeiro semestre deste ano, iniciámos esta actividade com avisita à “Exposição Arte e Cultura do Império Russo nas Colecçõesdo Hermitage”, no Palácio Nacional da Ajuda, em Janeiro, paradois grupos de 26 e 22 pessoas, em dois dias diferentes.

VISITAS LOCAIS

O MUSEU DA MÚSICA,EM MARÇO E O MUSEUDO AZULEJO EM ABRIL,FORAM VISITAS DOAGRADO GERAL

Maria Claudina Castel-branco

Museu do Azulejo

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 17

Page 18: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

18 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

IN ILLO TEMPORE

TESTEMUNHODA PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ESTUDANTES DE COIMBRA EM LISBOAEra uma jovem de 17 anos que,em Outubro de 1957, subiupela primeira vez a escadaria daFaculdade de Direito.

E nem a saia, que inestéticas alças se-guravam, nem os “soquetes”, que naaltura usavam as adolescentes, mino-raram o pisar firme de quem vai deter-minada a vencer!

Desde logo, deparou-se-lhe uma turma(do 1º ano) com 600 rapazes e… 14 ra-parigas (condição esta que o “fera/se-leccionador” Pires de Lima não aceita-va de bom grado, depurando logometade na prova final de passagem).

Talvez esta enorme desproporção desexos tivesse pesado também no climade fraternidade que, espontanea-mente, nasceu entre todos; mas o cer-to é que a sua mais profunda razão deser dimanava daquelas salas austeras,daqueles corredores/convívio, daquela“cabra” que todos ouviam com a mes-ma sonoridade e significado. Tanto as-sim que o toque do meio-dia soava co-mo trompeta em todas as salas, a pon-to de os Lentes nem se atreverem a pôro ponto nos iii: era a saída das meni-nas da Faculdade de Letras (aqui numnúmero inversamente proporcional aoda nossa faculdade)! E os galfarrões deDireito galgavam as escadas e per-filavam-se ao fundo da escadaria dasLetras, classificando cada uma quepassava com valorações tão certeirasque fariam inveja a qualquer júri daespecialidade. O curioso desta situaçãoé que os meus colegas exigiam a com-

panhia das suas (poucas) colegas e en-sinavam-lhes os critérios tão bem que,no final, éramos nós a avançar a notae até a ditar o veredicto inapelável. As-sim decorriam 12 minutos de umabrincadeira sadia para as julgadas epara os julgadores, onde imperava omaior respeito, radicando em todosnós uma comunhão de valores e senti-do de vida sem par em qualquer outracomunidade universitária conhecida.

Mas a mais valiosa expressão dessavivência residia na partilha, sem reser-vas, dos conhecimentos que um de nósdescobria fora das velhas sebentas quecontinham as matérias exigidas paraas provas. Com que alegria o(a) desco-bridor(a) puxava o braço do(a) colega elhe transmitia a informação extra (quenão raro valia uma subida na escala denotas)!

A entreajuda e a compreensão sobre-levavam todas as dificuldades, fossemquais fossem as circunstâncias. Relatoapenas dois episódios:

1º - A Micá coabitava comigo nogrande Lar do Penedo da Saudade ecorria o risco de prescrever na cadeirado Pires de Lima; propus-me estudarcom ela, se largasse o baralho de car-tinhas de jogar que, viciadamente,manuseava em todo o lado, distraindo--a; após uma luta renhida e ameaçasem vão, peguei no maldito baralho eatirei-o janela fora; impropériossaltaram, mas a Micá ficou atenta etirou 11 na cadeira!

2º - O mais avantajado dos nossosMestres embirrava com a constanteabstracção poética do Manel, meuparceiro do lado, interpelando-o comfrequência; o Manel só despertavacom as minhas cotoveladas, de quenunca abdiquei apesar das magistraisadmoestações que sofria…

Consta-me, hoje, que esta comunhãode interesses imateriais, esta generosi-dade intelectual se foram esbatendo àmedida que a competitividade ganhaterreno, por força das menores oportu-nidades de emprego no final da jorna-da académica. Redunda numa perda –que desejo conjuntural – porque ocarácter forjado na abertura de espíri-to e no respeito pela verdade e pelosoutros, que a minha geração viveu,preside à vida inteira, quase instintiva-mente, e irmana os antigos estudantesde Coimbra onde quer que se fixem eonde ou quando se reencontrem.

Na verdade, a velha Torre tem ocondão de criar um universo de amigosem cujos encontros, mesmo os maislongínquos, se reatam os olhares, ascumplicidades, as conversas, como sena véspera nos tivéssemos dito: “atéamanhã” (um amanhã que pode distardezenas de anos…).

O caso paradigmático destes enlaces éo dos “encontros de curso”. Podem teruma periodicidade curta ou longa, masa “Alma Mater” que lhes subjaz nãoesmorece, a solidariedade fortifica-se,a memória da vida académica revigora.

Fátima Lencastre

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 18

Page 19: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

19Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

E até a memória dos Docentes: noprimeiro encontro do nosso curso, dezanos decorridos, o venerando PereiraCoelho perguntou-me: “então, Fátima,chegou a casar com o rapaz alto emoreno, das engenharias?”.

É que os nossos Professores, na gene-ralidade, acompanhavam as vidas pes-soais dos alunos e até intervinhamquando tal se justificava (sempre emnosso benefício). Lembro-me, a res-peito, do passeio de curso à Alemanhapara visitar o sistema prisional, no qualparticiparam 80 dos meus colegas euma única rapariga, que era eu – fac-to que levou o Prof. Eduardo Correia aexigir a presença da então “gravidíssi-ma” Teresa, mulher do seu AssistenteFigueiredo Dias, para me fazer a “de-vida guarda” (mal sabia o tão zelosoProfessor que era eu a “guarda” de al-guns dos meus companheiros, a pedidosecreto das suas mulheres ounamoradas…). Pois o Figueiredo Diaspuxou-me as orelhas por mor da ousa-dia de ter subido à torre da Catedral deColónia, proeza de antemão proibida(recente intervenção cirúrgica); aindahoje nos provocamos mutuamente àconta deste incidente.

É, também memorável o fino espíritode compreensão manifestado peloProf. Ferrer Correia, aquando da minhaentrada na sua aula, pela primeira vezatrasada e pela primeira vez vestidacom o traje académico (pertencia àComissão da Queima das Fitas, que iater uma audiência com o MagníficoReitor). Pois o Mestre suspendeu alição, mandou que o Bedel retirasse afalta já marcada e dirigiu-se aos cole-gas, exortando-os: “então, meus se-nhores, não aplaudem a elegância davossa colega?”. Quão bem compreen-dera que os saltos altos (exigidos naaltura) do traje académico haviam di-ficultado o meu habitual percurso des-de o Penedo da Saudade!...

Esta reverente familiaridade é hojequase obstruída pela explosão de dis-centes universitários verificada ao lon-go de décadas, daí resultando outraperda, mas creio que compensada porfactores positivos da actual vidaacadémica (ocorre-me que as jovensmelómanas de hoje não se vêem cons-trangidas, como me senti, a prescindirda assistência a concertos da Pró-Arteou similar por terem de recolher aoslares até às 22h…).

STOP. Esgotei o castrante tempo deantena.

Uma certeza me consola para já: a detestemunhar, neste passo, a vertentehumana dessa vivência coimbrã, queenformou um substrato sólido de res-peito pelas opções ou posturas de vidaque não sigo, de dádiva incondicionalaos outros, em suma, de autenticidadenas relações dentro e fora da matrizcoimbrã e que encontrou a sua ex-pressão mais acabada (mas sempreaberta) no seio das Associações dosAntigos Estudantes de Coimbra.

A SOLIDARIEDADE – QUE ÉAPANÁGIO DE QUEM INTERIO-RIZOU A MÍSTICA COIMBRÃMESMO PARA COM AQUELESQUE NÃO USUFRUÍRAM DESSAVIVÊNCIA – IMPEDE-ME DEREALÇAR AQUI AS MAIS-VALIASPARA A MENTE E PARA O DIS-CERNIMENTO QUE A ESCOLADE COIMBRA PROJECTA NASNOSSAS VIDAS PROFISSIONAIS.

IN ILLO TEMPORE

Maria ClaudinaCastel-branco

OS NOSSOSCHÁSNo primeiro semestre deste ano con-tinuámos as nossas actividadessolidárias por todos conhecidas echás-convívio os quais, decididamente,já fazem parte da agenda de muitosassociados. O Chá dos Reis, emborasem os presentes dos ditos, foi muitoanimado e encerrou da melhor forma aquadra de convívio natalício.

A animação esteve a cargo dos nossoscolegas Tito e Alcindo que nosbrindaram, como sempre, com umagradável momento musical.

Para além destes momentos de con-vívio, não esquecemos a nossa vocaçãosolidária e, por isso, foram oferecidosuns óculos graduados a quem delesnecessitava e pago um tratamento an-ti-tabágico, que se revelou bem suce-dido. Pensamos estar a cumprir a mis-são a que nos propusemos e apelamosà vossa colaboração, frequentando osnossos chás e fazendo-nos chegar su-gestões e informações sobre colegasque possam necessitar do nosso apoio.

NO CHÁ DA ROSA, ODRESS CODE FOI CUM-PRIDO A PRECEITO, TO-DOS OS CAVALHEIROSUSARAM PEÇA DE VES-TUÁRIO COR-DE-ROSA

A VOZ DAFILANTRÓPICA

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 19

Page 20: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

20 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

A UNIVERSIDADE HOJE

ENTREVISTA COM PROF. DOUTOR PEDRO SARAIVANa actuação da Reitoria da UC podemosmencionar, entre outros aspectos, a reali-zação da II Gala dos Antigos Estudantes eo lançamento da Rede UC cujo âmbitoronda já os 10.000 registos, nas suas diver-sas tipologias.

1. A Gala do Antigo Estudante de Coimbravai na sua IIª edição. Que aspectos gostariade destacar na realização deste evento,enquadrado no “projecto 3 em 1” com aAAECL, e na participação dos antigos estu-dantes nas iniciativas desenvolvidas pelaUC?

R: Com a criação da Gala do Antigo Estu-dante, em estreita colaboração com as As-sociações de Antigos Estudantes, pre-tendeu-se estabelecer um espaço anual deencontro e reencontro das diversas gera-ções de estudantes que a Universidade deCoimbra muito se orgulha de ter formadoao longo dos tempos. A concretização dasegunda edição traduz um salto qualitati-vo importante em termos de evolução dainiciativa. Na noite de 8 de Março foi as-sim possível preencher o Teatro AcadémicoGil Vicente, através de sucessivas partici-pações de e para antigos estudantes, queenglobaram diferentes momentos musi-cais, teatro e poesia, incluindo ainda mo-mentos de homenagem a Manuela Azeve-do (vocalista dos Clã) e à Real RepúblicaPalácio da Loucura. O apoio prestado pelaAAECL, sob a liderança entusiástica de suaPresidente, Dra. Fátima Lencastre, foi maisuma vez imprescindível ao sucesso da ini-ciativa, através de uma formatação quepermitiu conjugar a participação nesteevento com a celebração do aniversário daassociação e ainda com uma breve di-gressão por Coimbra e alguns dos seusconcelhos limítrofes. De sublinhar ainda oexcelente contributo dado pela AAECLpara o próprio programa da II Gala do

Antigo Estudante, com as brilhantes inter-venções de Luiz Goes e Carlos Carranca,bem como a quantidade de associados eantigos estudantes que mobilizou paramais esta iniciativa conjunta. Depois deter sido decisiva aquando do lançamentoe realização da primeira edição, e do con-tributo dado na segunda edição, a brevetrecho iremos começar a trabalhar napreparação da III Gala do Antigo Estu-dante, na certeza de que o faremos umavez mais com o apoio e o empenho daAAECL enquanto parceiro fundamental.

2. Consideram importante e planeiam en-volver os antigos estudantes em novas ini-ciativas da UC? Que contributos podem seraguardados no futuro próximo?

R: A crescente aproximação da Universi-dade de Coimbra aos seus antigos estu-dantes é um objectivo estrategicamenteassumido e que se tem procurado afirmarno terreno através de um crescente con-junto de iniciativas, saindo reforçado coma nova versão dos estatutos da universi-dade, submetidos para homologação gover-namental, onde fica consagrado, nadefinição da sua própria matriz identitária,que “a Universidade de Coimbra consideraque os seus Antigos Estudantes não sãoapenas parte da sua história mas cons-tituem um suporte fundamental da suaafirmação no presente e no futuro e da sualigação à sociedade”. De modo a reforçarestes elos de ligação, e ao mesmo tempocontribuir para a consolidação das Asso-ciações de Antigos Estudantes, foi lançadahá dois anos a Rede de Antigos Estudantesda Universidade de Coimbra, construídadesde o início com o envolvimento das As-sociações de Antigos Estudantes, que pos-sui um mecanismo de registo efectuadoem linha (www.uc.pt/antigos-estudantes),e conta actualmente com perto de 10.000

membros, das mais variadas gerações eFaculdades. Funciona também ela numaplataforma electrónica que nos permitever quem integra a rede, remeter men-salmente novidades, facultar um conjuntode descontos e promover novos produtosde merchandising, nalguns casos conce-bidos por alunos, como sucede com o reló-gio Lótus Pateo, recentemente lançado.

Adicionalmente, e indo ao encontro dasnecessidades de aprendizagem ao longo davida, a Universidade de Coimbra identifi-cou um conjunto de 17 cursos de curta du-ração, baseados em mecanismos de apren-dizagem a distância (www.uc.pt/elearn-ing), que cobrem uma panóplia de áreas doconhecimento, especialmente direcciona-dos para que todos os que assim o desejempossam voltar a ser sempre nossos alunos.Actualmente decorre um período deaceitação de pré-inscrições nestes cursos,abertas igualmente em condições prefe-renciais para antigos estudantes. Paraquem assim o deseje, a Rede de AntigosEstudantes prevê ainda a possibilidade deestreitamento de modos de relacionamen-to diversificados com os seus antigos estu-dantes, através de diferentes tipologias derelacionamento, igualmente descritas nosítio da Internet acima referido. Maisatenta do que nunca ao significado erelevância de uma intensa proximidadecom os seus antigos estudantes, a Univer-sidade de Coimbra encontra-se sempredisponível para vos receber, recolher con-tributos e sugestões de iniciativas a desen-volver futuramente, sendo justo referir oimportante papel que a AAECL tem assu-mido neste contexto, e que decerto irácontinuar a assumir igualmente no futuro,que não posso nem devo deixar de aquisublinhar e agradecer publicamente.

Vice-Reitor da Universidadede Coimbra

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 20

Page 21: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

21Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

ALTERAÇÕES PROFUNDAS DO

CÓDIGO DA PRAXEGERAM POLÉMICA NO SEIO DA ACADEMIAFace à importância e actualidade dotema, auscultamos a opinião da Di-recção Geral da AAC sobre o novoCódigo da Praxe e o novo Programa daQueima das Fitas, com a alteração dasprincipais datas, como a MonumentalSerenata à sexta-feira e o Cortejo aodomingo, nomeadamente. Segue-se aposição transmitida pelo seu Presi-dente.

O Novo Código da Praxe Académica daUniversidade de Coimbra representa aadaptação da praxe coimbrã às exi-gências do Processo de Bolonha.

Ao nível da hierarquia da praxe e dosrespectivos títulos praxísticos, veri-ficaram-se algumas alterações, com aintrodução de novos graus e desig-nações, passando a hierarquia ser aseguinte: caloiro, semi-puto, candeeiroe bacharel, no primeiro ciclo, ebolognez, marquez e veterano no se-gundo ciclo. No que diz respeito aotraje feminino visou-se uma uni-formização do mesmo, proibindo-se ouso do colete feminino. Medida quegerou controvérsia no seio da Acade-mia, principalmente do lado feminino.Está também prevista a criação de umnovo órgão praxístico, o “SenatusPraxis”, que substitui a comissão per-manente do Conselho de Veteranos.Por outro lado, no que toca às trupes e

julgamentos o controlo será maisapertado. Sendo necessário a entregade um “Sanctionatis Documentum” aosancionado, nas trupes, sendonecessária a indicação do sancionador.Ao nível dos julgamentos, o Conselhode Veteranos irá indicar para todoseles um representante, sob pena dosmesmos serem ilegais. ambém existi-ram algumas alterações no que toca àsfestas académicas, nomeadamente naQueima das Fitas. A Benção das Pastasfoi antecipada, sendo realizada 15 diasantes do início da Queima. Na noite daSerenata Monumental passa a haverNoite do Parque, deixando de lado ostradicionais convívios das Faculdades.Por outro lado, o Cortejo, que tradi-cionalmente se realizava na terça-feira, passa a realizar-se no domingo.O Baile de Gala terá lugar na terça-feira e o Chá Dançante na quinta-feira.

As alterações relativas à Queima dasFitas geraram bastante polémica, ten-do inclusivamente existido um “Corte-jo alternativo”, na terça-feira daQueima das Fitas, em jeito de protesto.

Efectivamente, estamos perante alte-rações profundas do Código da Praxeque geraram polémica no seio daAcademia. Antes das alterações o Con-selho de Veteranos abriu um períodopara entrega de propostas, em que a

participação de estudantes foi reduzi-da. A Direcção-Geral da AAC entendeque alterações profundas ao Código daPraxe devem merecer a reflexão de to-dos, sendo este o momento ideal parase fazer um balanço das mudanças atéagora operadas, auscultando os estu-dantes, para que no futuro se alcanceum consenso na Academia. Neste sen-tido, a Direcção-Geral irá em brevefazer inquéritos junto dos estudantes,para perceber melhor a opinião de to-dos e posteriormente apresentar as de-vidas alterações ao Conselho de Vete-ranos.

O Presidente da Direcção Geral da AACAndré Oliveira

A UNIVERSIDADE HOJE

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 21

Page 22: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

22 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

ESPAÇO DE POESIA

Salve, Coimbra, a ti quero cantar,

Clara mãe de poetas e doutores,

Lembras de Inês os trágicos amores,

Capas negras, guitarras a chorar.

Orgulho lusitano a proclamar

Da pródiga amizade seus sabores,

Camaradagem de reais valores,

Que nunca os tempos poderão riscar.

Eu te saúdo, canto tão amado,

E num amplexo vai toda a vaidade

Dos factos memoráveis do passado.

Que os jovens que hoje lutam pelaverdade,

Te honrem e exaltem, firmes a teulado,

Dignos filhos de tão nobre cidade.

Do livro “Do Âmago do meu Ser”, em1990

Antónia Caetano

Os nossos poetas

Dos mais jovens, motivados pelos nossosamigos e estimados sócios, inserimos deseguida um poema inédito. Trata-se doneto do Sutil Roque, com 10 anos, a quemdamos os parabéns e, também desta for-ma, incentivamos a continuar. Aosrestantes, esperamos pelos vossos poemaspara preencher esta secção…

VOU ESCREVER À PESSOA DE QUEM GOSTO

Hoje é Dia de Namorados.

Diana

És uma flor

E o meu amor

És o meu viver

Fazes tudo em mim acontecer

Gosto de tudo em ti

És tudo para mim

E para me despedir de ti

Dou-te um beijo… assim

Bernardo10 anos Feito na aula

SALVE, COIMBRA!

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 22

Page 23: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

2323Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

OPINIÃO

O MEU PRIMEIROANO NA DIRECÇÃO

Por Maria José Bernardino

Durante o último ano, tive o gosto e oprivilégio de conviver de forma maispróxima e regular com alguns doscolegas da Associação, sobretudo comos da Direcção. Esta experiência asso-ciativa proporcionou-me a oportu-nidade de presenciar a dedicação eempenho que os meus colegas maisantigos colocam na preparação doschás, das conferências, dos passeios,das viagens, etc., São um extra-ordinário exemplo, para as geraçõesmais recentes, de entrega a uma causacolectiva, que é essencial para a per-petuação da nossa Associação.

Quero, também, dar o meu teste-munho como participante em algumasdas actividades promovidas pela Asso-ciação, das quais destaco uma quepude partilhar com os meus filhos, ain-da crianças, e muitos amigos de todasas idades. Refiro-me ao passeio, emSetembro passado, à Quinta da Re-galeira, em Sintra, onde um grupomuito heterogéneo, de cerca de 25pessoas, usufruiu de um belíssimo diasol e da fantástica visita, guiada pelaAna Castel-branco e Almeida Bernardoque nos proporcionou um inesquecívelpasseio pelo romântico e esotéricojardim e conjunto arquitectónico.

Lamento, apenas, a pouca disponibili-dade que a vida familiar e os afazeresprofissionais me deixam para poderacompanhar os colegas nas inúmerasiniciativas proporcionadas, todas comenorme interesse cultural e lúdico.

Deixo, deste modo, o meu reconheci-mento e agradecimento a todos oscolegas com quem, colectivamente,tenho enriquecido a minha vivênciapessoal.

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 23

Page 24: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

24 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

ESPAÇO DAS ASSOCIAÇÕES

COLABORAÇÃO E CONVÍVIOCOM OUTRAS ENTIDADESA “Alumni”, designação abreviada deAssociação dos “Antigos Estudantes daFaculdade de Direito da Universidadede Coimbra”, nasceu fruto do empenhode alguns antigos estudantes daquelaInstituição que acreditaram ser possí-vel e, – ao mesmo tempo –, valer a pe-na, efectuar uma troca de saberes en-tre gerações de juristas unidos pelofacto de um dia terem frequentado aF.D.U.C., seja no âmbito de uma Licen-ciatura, seja no de um Mestrado ouainda de um Doutoramento. A isso seacrescente que sonhamos com a con-solidação dos valores e espírito àquelapertencentes.

A nossa Associação é ainda muitojovem, razão pela qual não estranharáse dissermos que temos ainda um lon-go caminho a percorrer para atingir-mos cabalmente os seus fins. Mas, cer-tamente que há outra razão pela qualainda não os atingimos: ela fica a de-ver-se ao facto de nos faltar, como As-sociado, um de vós que agora lê estaslinhas.

Fica, pois, aqui o apelo para que, emhomenagem aos valores que todos co-mungamos, enquanto antigos estu-dantes da Faculdade de Direito de Uni-versidade de Coimbra, se junte a nós epasse a ser uma Alumna ou um Alum-nus, caminhando connosco em di-recção às metas da Alumni.

Ana Rita Alfaiate (Secretária)

(Eleitos em Assembleia-Geral 28 deMaio de 2005 e reconduzidos emAssembleia-Geral de 7 de Junho de2008)

Mesa de Assembleia

Daniel Proença de Carvalho

Maria de Fátima Lencastre

Paulo Mota Pinto

Direcção

José de Faria Costa (Presidente)

Alexandra Vilela

Virgínia Veiga

Conselho Fiscal

Benjamim Silva Rodrigues

Guilherme Xavier de Basto

José Carlos Vieira de Andrade

Consilium

Álvaro Laborinho Lúcio

António Arnaut

António Barbosa de Melo

António Castanheira Neves

António de Almeida Santos

Artur Santos Silva

Emílio Rui Vilar

Eurico Nogueira

Fernando Aguiar Branco

Francisco Pereira Coelho

José Cardoso da Costa

José Miguel Júdice

José Narciso Cunha Rodrigues

Manuel Henrique Mesquita

Maria de Fátima Lencastre

Mário Júlio de Almeida Costa

Miguel Veiga

Rogério Soares

Rui Alarcão

CORPOS SOCIAIS DA ALUMNI

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 24

Page 25: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

25Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

O Cavalo Selvagem é um blog muitointeressante sobre o Bairro Norton deMatos para uns, ou Marechal Carmonapara outros.

BLOGOSFERA

VISITAS AOS SÍTIOS E BLOGUES

CORTEJO DA QUEIMA DAS FITAS 2008 Domingo, 4 de Maio de 2008

Neste capítulo iremos apresen-tar excertos da vasta infor-mação presente na Internet eque nos pareceu relevante,merecedora da sua divulgaçãoespecifica junto dos AntigosAlunos de Coimbra.

Nesta data, foi o cortejo da Queimadas Fitas de Coimbra, pela primeira vezao Domingo. Como sempre os antigosestudantes abriram o cortejo com boadisposição e excelente espíritoacadémico.

Os Antigos Estudantes no Cortejo daQueima das Fitas de 2008em http://ruilopesfotos.blogspot.com.

“Dux Veteranorum” admite no-vas alterações para a Queima2009

Protestos ao actual figurino podemmotivar mudanças pontuais. O Conse-lho de Veteranos (CV) vai abrir umperíodo de análise e reflexão após aQueima.

O ano de 2008 foi de viragem para aQueima das Fitas, com o Processo de

Bolonha a obrigar a mexidas profundasno formato da maior festa académicado país. As alterações podem continuarjá para o ano, admitiu ontem o presi-dente do Conselho de Veteranos (CV),João Luís Jesus. «Existe a possibilidadede reajustes, caso se justifiquem. Massó mudamos se for para melhor», afir-mou o “Dux Veteranorum”.

«Após a Queima das Fitas desde ano oCV vai analisar todos os processos, veros prós e os contras, e vai ser dado umnovo espaço para as pessoas darem asua opinião», explicou João Luís Jesus.

A Academia não tem uma posição con-sensual em relação às mudanças im-plementadas pelo Conselho. A Secçãode Fado da Associação Académica deCoimbra (SF/AAC) tem sido uma dasvozes mais activas nos protestos aonovo figurino. O grupo de estudantesabriu a Serenata Monumental 2008com um comunicado a contestar o no-vo modelo da festa. A SF/AAC defendeque a mudança da Serenata da madru-gada de sexta-feira para a de sábadosignifica «o mais duro e vergonhosogolpe à praxe coimbrã». Os estudantesda secção não concordam que tenhahavido a primeira Noite de Parque logoa seguir à Serenata, nem que o Sarauseja à quarta-feira, e consideraramque o actual “Dux Veteranorum” «é tu-do menos a voz dos usos e costumesda Academia de Coimbra».

O presidente do Conselho de Veteranosaceita as críticas, até porque «estamosnum país democrático e toda a gentetem direito a protestar», mas recordaque todo o processo de alteração dofigurino da Queima «demorou mais deum ano, onde foi pedida a participaçãode toda a gente e ninguém se deu aotrabalho de participar».

João Luís Jesus recordou ainda que obalanço será feito apenas no final dafesta académica. Mas em relação aoseventos tradicionais que já decor-reram, como a Serenata e o Cortejo,sempre vai dizendo que «a adesão dosestudantes tem sido igual ou maior emrelação a Queimas das Fitas anterio-res».

Bruno Vicente In “Diário de Coimbra”, 6 Maio 2008http://www.diariocoimbra.pt

José António Correia e Luís Martins

VALE A PENA VISITAR

CAVALO SELVAGEMhttp://cavalinhoselvagem.blogspot.com

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 25

Page 26: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

26 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 200826

IN MEMORIAM

…UM PUNHADO DE PALAVRAS PARA

UM HOMEM BOMJoaquim de Oliveira Martins (1935 – 2008)

1. Partiu o Joaquim, em busca de umanova circunstância.

Sem reparar que não houve tempopara se despedir dos amigos. Não ti-nha conseguido digerir aquelas “atro-cidades” que o vinham impedindo deexercer a sua actividade profissionalcom a dignidade e o pundonor que eleinscrevia no quadro de satisfação pes-soal para que muito justamente apon-tava.

Fora, primeiro, a destreza manualafectada, num pequeno acidente decarro. Seguira-se um conjunto deproblemas de acuidade visual, commaior ou menor decorrência de outrosprocessos então em curso, e o Joaquimconfessava, numa ironia branda, queafinal aquilo para que menos tinhasabido preparar-se era para fazerfrente a um tempo sem trabalho acti-vo, como aquele a que se via forçado,e que nem lhe parecia nada mau…

Era seu entendimento que deveria tersabido apetrechar-se, em tempo opor-tuno, dos instrumentos de “bem gozartoda a sela” que o impedissem de sen-tir aqueles arrepios metafísicos que oincomodavam, por exemplo, depois deum bom almoço. Mas, lá está, o temponunca joga a nosso favor…

Joguemos, então, nós, com a categoriaespaço e aproveitemos palavrasdisponíveis de Nuno Pacheco (Público,06 Maio 2008), em mensagem en-dereçada a Torcato Sepúlveda – “Eraum dos nossos e os nossos estão sem-pre à distância de um abraço” – paramarcar o nosso território e precisar aoque vimos.

2. Estamos aqui, assim sendo, paragarantir uma passagem de testemunho– só nos separa a distância de umabraço… – o que nos leva, por um la-do, a interceder, junto do Joaquim,para que, lá nos campos de brisas ligei-ras onde agora se encontra, e onde, se-guramente, já terá encontrado o Ar-mando Marta, e o António Bernardino,e outros…, e outros…, nos represente elhes faça chegar (ele está inscrito,claro) o nosso abraço, do tamanho doMundo, mesmo sem termos qualquercerteza sobre se o mundo tem mesmotamanho, ou se esse tamanho é pornós perceptível; por outro lado, a par-tilhar algumas memórias com que nospropomos, despretensiosamente, fazerchegar a quem menos bem o conhecia,ou mais distraído andava, meia dúziade pequenos traços para a composiçãode um perfil, de Homem Bom, que an-tecipávamos no título.

3. Permitam-nos, então, umas quantasnotas soltas, de clarificação, umas, oude desmistificação, eventualmente, asrestantes:

O JOAQUIM E OS MÉDIAEra o próprio que procurava fazer pas-sar a mensagem de que raramente liajornais, só de longe em longe via tele-visão ou ouvia rádio, e por aí adiante.

Só que ele esquecia-se de referir queaquilo que não lia, via ou ouvia corres-pondia, sensivelmente, ao que PachecoPereira, recentemente, designou “cul-tura da irrelevância”, e isso não cabianas contas do seu rosário.

Manuel Figueiredo FerreiraO JOAQUIM E A SUA COSTELA DE FILÓSOFOHá uns bons pares de anos, em casa deamigos comuns, depois de uma sessãode aprofundamento gastronómico, eapós audição atenta da exposição deum jovem que não sabia como sair daencruzilhada a que havia chegado, euhesitava no discurso, pesava aspalavras, olhava em redor, à procura demelhor inspiração, até que, mesmo aolado, o Joaquim, em atitude de socráti-ca humildade, nos pergunta se podecontribuir com um pedacinho deprosa…

Foi um verdadeiro “achamento” o quefiz nessa noite em relação à capaci-dade de “aconselhamento filosófico”do nosso amigo, que, em momentos desolenidade inter-repúblicas, passei atratar por Filósofo.

O JOAQUIM E O FUNDAMENTALISMORELIGIOSOComo bom minhoto, o Joaquim eraprofundamente religioso (católicoapostólico romano, segundo a norma)e o encarniçamento com que, porvezes, defendia as suas posições pare-cia atirá-lo para sectores de um cul-turalismo religioso manifestamentefundamentalista. Uma apreciação ser-ena e despreconceituosa conduzia,porém, a uma leitura bem diferente,que nos mostrava um Joaquim decomprometimentos éticos assumidos,sim, mas que podia perfeitamente pas-sar ao lado de um qualquer suportelitúrgico que não tivesse sido sujeito aescrutínio seu, em tempo oportuno.

O JOAQUIM E O FUNDAMENTALISMOPOLÍTICOIdêntico encarniçamento, no planopolítico, correspondia, mais que qual-quer outra coisa, ao prazer que sentiaem discretear, aqui e ali lançando umfoguete ao ar, a ver onde e como é quecaía a cana e se alguém corria a apa-nhá-la.

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 26

Page 27: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

27Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

IN MEMORIAM

No fundo, tratava-se de um questiona-mento manso o do Joaquim, nestamatéria, para apaziguar velhas e váriasinquietudes.

O JOAQUIM E A CABO-VERDIANIDADENão poderá considerar-se que oJoaquim partilhasse, de qualquer for-ma, a maneira de pensar e de sentirdos Cabo-Verdianos.

Não é menos certo que deverá consi-derar-se um deles, todavia, pela formacomo “agarrava” e assumia “a dife-rença”, como a “injectava” de mais-valias e sobre ela assentava todo umclima de abertura, que era apanágio doseu normal relacionamento com aspessoas.

O JOAQUIM, UM “DRAGÃO” QUE CEDEO NINHO ÀS “ÁGUIAS”As grandes (e também as outras)noites europeias do Benfica costu-mavam ser passadas, a dois tempos,nas bancadas de amesendação do

Joaquim. Mas, porquê a dois tempos?Eu explico: não são os tempos normaisdos desafios de futebol, ou de outrosdesportos; são os tempos de chegadaao “local de trabalho”. É que uns (eu eo Jorge Caramelo, por exemplo), menosprosélitos, ocupavam o lugar à mesamal soava o 1º sinal da trombeta dacasa. Os outros (o Rui Macedo e o Ar-tur Cutileiro, por exemplo), esperavampelo último apito do árbitro. E oJoaquim, que não tinha sido baptizadona mesma pia, enquanto “dragão” queera, lá estava, com o apoio dedicado esorridente da Celeste, a emprestar oninho às “águias” que iam chegando, aquem se limitava a colocar duasquestões, num castelhano de finorecorte:

- Hay problemas? - Hay motivo?

Problemas não havia nunca, pois se as-sim fosse não estávamos lá.

O motivo era por demais evidente.

4. Diz-nos Miguel Torga que“A velhice é isto:ou se chora sem motivo,ou os olhos ficam secosde lucidez”

e eu terei que procurar novamente oapoio de Nuno Pacheco (já anterior-mente referenciado) para aqui deixaruma nota de algum hedonismo, aindaque aparentemente minimalista:(para ti e para nós)

“Um copo na mesa e a eternidade no horizonte”

Até sempre, Joaquim.

Depois deste retrato perfeito,à Direcção cabe apenas teste-munhar o entusiasmo que oJoaquim manifestou ao longode fartos anos pela nossacausa associativa e a dedi-cação ao seu “munus” dePresidente do Conselho Fiscal.

Ei-lo no desempenho de umagrata função: entregar oprémio à melhor aluna daFaculdade de Medicina naTomada da Bastilha de 2007.

Com salutar Saudade, atésempre!

Deixaram-nos... No primeiro Semestre de 2008:

D. Maria Luísa de Albuquerque San-tos Pina de Jesus, Sócio 993 – em 3de Janeiro;

Dr.ª Sara Maria da Silva MenanoAlmiro e Castro, Sócio 292 – em 19de Janeiro;

Eng. Vasco de Faria Pimentel MoraisFonseca, Sócio 436 – em 20 deMarço;

Dr. Joaquim Oliveira Martins, Sócio44 – em 25 de Março;

Dr. António Gumersindo Paiva Para-da, Sócio 322 – em 1 de Abril

Carlos Alexandre Fortes Alhinho, Só-cio 650 – em 1 de Junho

Dr. Mário Castelo Branco Gonçalves,Sócio 543 – em 7 de Maio

Que descansem em Paz!

O Joaquim a “segredar” conselhos de médico para uma colega neófita…

NOTA DA DIRECÇÃO

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 27

Page 28: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

28 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

NOTÍCIAS BREVES

01.JANTARES MENSAIS

Realizaram-se os jantares mensais na Valenciana previstospara o Iº semestre de 2008. O primeiro evento deste ano foirealizado a 4 de Abril, pois nos meses passados outras reali-zações se sobrepuseram. Contou com a participação de 53convivas. Cantaram-se os parabéns aos aniversariantes e aserenata do grupo Porta Férrea foi dedicada, a título póstu-mo, ao estimado colega Oliveira Martins, em lembrança eagradecimento, por toda a dedicação e pelo trabalho desen-volvido em prole da AAECL.

Dia 2 de Maio – Encontro dos amigos, no ambiente de ale-gria e espontaneidade que já conheces. Na sobremesa dojantar, os aniversariantes ofereceram bolo de aniversário aospresentes.

02.FOLIA DO CARNAVALNo ambiente preferido (Altis Park Ho-tel) e com o conjunto Lorenzo’s Combode sempre, 81 Sócios e Amigos deramlargas à sua jovialidade e desfrutaram,mais uma vez, da brincadeira do 1º bo-lo de aniversário a fingir…

03.ENCONTRO DOS “AMERICANOS”No dia 10 de Maio, 38 dos 49 partici-pantes na viagem “EUA – Costa a Cos-ta” reviveram todos os passos andadosatravés de um filme muito completo,da exposição de fotografias (comprémios…), recheando-os de comen-tários de excelência; no final, o repas-to que todos esperam.

De uns queridos ausentes (no Porto)recebemos esta mensagem:

“Prezados Camaradas num dos estadosevolutivos por que passamos até cinzae pó, somos, agora, simples e integral-mente, esta folha de papel. E tudo oque somos está nela, por cedência dasSombra, que o Norte não libertou.

Assim vos revemos e abraçamos afec-tuosamente.

10/05/2008 Victória – Napoleão

04.CURSOS DE BORDADOS Iniciou-se com 5 “aprendizas”, que, nodizer da generosa “Mestra”, irãotornar-se profissionais de respeito…

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 28

Page 29: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

29Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

NOTÍCIAS BREVES

06.LANÇAMENTOS DE LIVROS

Ecos da América Latina

Apresentação do livro de Fer-nanda Godinho Esteves, da Edi-tora SeteCaminhos.

Decorreu no passado dia 13 de Março de2008, no espaço do Atheneu Comercialde Lisboa, a apresentação do livro, acargo de Carlos Consiglieri. Esta sessãocontou com a presença da ilustre Pres-idente da Direcção da AAECL e de Car-los Carranca.

FRÁTRIA

Lançamento do livro de CarlosCarranca

Estivemos presentes no lançamentoem Lisboa do livro do Carlos Carranca“Fratria”, que teve lugar no dia 20 deMaio, no Palácio Beau-Séjour, com aapresentação pela Dr.ª Maria Barroso epelo Professor José d’Encarnação,seguida de um concerto de canto e guitarra de Coimbra.

07.DIVERSAS

A Casa da Académica em Lisboa divul-gou em Lisboa, no dia 19 de Fevereiro,no restaurante “Espaço Tejo” (antiga FIL,na Junqueira), o livro “Académica:História do Futebol”, da autoria de JoãoMesquita e João Santana, lançado emCoimbra com enorme sucesso. A nossaAssociação, correspondendo ao apelofeito, associou-se a esta iniciativa, comtoda a solidariedade académica, divul-gando-a junto dos conhecidos “briosos”e comparecendo no local. Registou-se ahabitual sessão de autógrafos; após ojantar, e tertúlia com intervenção dosautores e debate.

Antigos Orfeonistas premiadosno Festival de São Petersburgo

O Coro dos Antigos Orfeonistas daUniversidade de Coimbra foi galardoa-do com a Taça de Ouro, equivalente àvitória no concurso, no II World ChoirFestival, que decorreu na cidade deSão Petersburgo (Rússia) entre 16 e 21de Junho.

Numa actuação com peças de músicasacra, de autores de Coimbra e peçasde música de Coimbra acompanhadaspor guitarra e viola, o Coro demon-strou a sua valia e reafirmou a quali-dade da música e do trabalho coralque tem vindo a desenvolver em Portu-gal e no estrangeiro.

O Coro dos Antigos Orfeonistas é umEmbaixador Oficial da Universidade deCoimbra.

Aqui ficam os nossos parabéns e a nos-sa Saudação Académica.

Para mais informações, pode consultaro sítio do Coro dos Antigos Orfeonistasda Universidade de Coimbra, em:http://www.uc.pt/antorf.

Ainda temos Sócios com Quotas em atraso!

Quando estarão todas em dia? Dependemos do cumprimento de umdever estatutário…!

A autora com amigos

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 29

Page 30: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

30 CAPA e BATINA | Janeiro a Junho 2008

08.FESTA DOS SANTOS POPULARESConvívio dos Santos PopularesO tradicional convívio dos Santos Popu-lares reuniu no dia 28 de Junho de2008 um animado e alargado grupo de106 convivas, no usual restaurante daQuinta da Ponte D’Asseca (Santarém).Depois do almoço, seguiu-se umatarde dança ao som do Conjunto Mu-sical e a exibição de Rancho Folclóricode Fazendas de Almeirim.

A criatividade e a participação no con-curso de quadras dos Santos Popularessão ilustradas de seguida com a publi-cação dos versos premiados.

1º PrémioArranjou noivas aos montes,todas casou por amor…Mas depois deu-as aos outros!Santo António é que é doutor.Doutor, Bacharel etc. (Teresa Leónidas)

2º PrémioSanto António é que é doutormas cá nesta reinaçãoOs doutores aqui presentessão sábios mas Santos… não.Odisseia (Isabel Alexandre)

3º PrémioSanto António é que é Doutor;Connosco vem para a rua,Vem reviver o passado,Coimbra também é tua.Ego (Manuel Osório)

Menção HonrosaNão penses que sabes tudo.Sobre o verdadeiro Amor.É que nessa matéria,Santo António é que é doutor.Marialva (Isabel Prazeres)

Concluída a confraternização, ficouregistada a vontade de um novo en-contro, a realizar na mesma época, nopróximo ano.

09.SE NÃO SABIAS, FICAS A SABER QUE...Mais uma vez temos o pra-zer de referir os nomes dos Só-cios e Amigos que contribuíramno 1º semestre de 2008, para oPatrimónio da nossa Associaçãocom várias ofertas: CD’s, livros,livros da Queima, plaquetas, etc.

Foram eles:

Fernando Rolim, Eduíno de Jesus, Câmara Municipal de Coimbra, Reitoria daUniversidade de Coimbra, Direcção da Associação Académica de Coimbra,Maria Manuela Aguiar, Maria da Piedade Tavarela Veloso, Francisco AugustoPereira Salgado Dias (retrato em aguarela do Luiz Goes), Carlos Carranca, Fer-nanda Godinho Esteves, João Eduardo Ataíde Laranjeira, Maria Amélia FerreiraPinto, Jorge Couto, Manuel Carvalho Varela, que por lapso não foi referido no“Capa Batina” n.º 29/30 de 2007, a oferta da sua tese de Doutoramento “Para-sitas e Parasitoses em Piscicultura”, pelo que apresentamos as nossas descul-pas. Em destaque muito especial a dádiva de uma bela guitarra da nossa Só-cia Maria das Dores Marques da Costa Lopes da Silva.

A todos o nossoBem hajam!

Deixamos aqui o pedido de in-dicarem sempre a identidadede quem oferece, para nos evi-tar o lapso involuntário, de nãoos nomearmos no nossoagradecimento.

NOTÍCIAS BREVES

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 30

Page 31: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

31Janeiro a Junho 2008 | CAPA e BATINA

10.COLABORAÇÃO E CONVÍVIO COM OUTRAS ENTIDADES• A Associação Académica de Coimbra

convidou-nos a assistir:

– à inauguração da Exposição de De-cretus pintados por Mário Silva en-tre 1954 e 1970, ocorrida em 19 deJaneiro e

– à tomada de posse dos seus ÓrgãosGerentes 2008, que teve lugar nodia 24 de Janeiro;

• O Presidente da C. M. de Cascais e oPresidente da Fundação D. Luís I re-

quereram a nossa presença na inau-guração da Exposição de pinturaOcidente/Oriente, de José Sarmen-to, em 11 de Abril;

• A Casa dos Açores festejou o seu 81ºAniversário no dia 18 de Abril, ten-do o seu Presidente dado os lugaresde honra à nossa Direcção e acolhi-do com solidariedade associadosnossos;

• Participámos, a convite da Reitoriada U.C., no dia 5 de Abril no Palácio

de S. Marcos, à apresentação eapreciação do “Programa de Re-qualificação da Alta Universitáriade Coimbra” visando a sua candi-datura a Património Mundial daUnesco;

• Também partilhámos a Tertúlia pro-movida no dia 3 de Junho pela So-ciedade de Língua Portuguesa, so-bre a obra de Carlos Couceiro“Fábulas”.

11.NOVOS SÓCIOS ADMITIDOS… em 2008 (até Junho) foram:

Dr.ª Laura Vale da Costa Vicente, Sócio nº 1252;

Eng. Luís Miguel Gaspar Martins, Sócio nº 1253;

Dr. Alfredo Carlos André dos Santos,Sócio nº 1254;

Dr.ª Maria Manuela da Silva BernardoGonçalves, Sócio nº 1255;

Dr.ª Celeste Pinto Costa Martins, Sócio nº 44;

Dr. Acácio Meireles da Cruz, Sócio nº 1256

e

Dr. Manuel Cirilo Livreiro Rocha, Sócio nº 1257.

Estão à venda na Sede osvídeos e DVD seguintes:

– Viagem de Verão a Berlim/ Han-nover / Expo 2000;

– Passeio da Primavera 2002 aSalamanca e Viagem de Fim-de-Ano em Madrid;

– Viagem de Fim-de-Ano naMadeira / Pôr-do-Sol;

– Viagem de Verão ao Canadá e No-va Iorque;

– Passeio de Verão a S. Petersburgo,Báltico, Finlândia, Lapónia eCabo Norte;

– Grande Viagem ao Chile / Patagó-nia / Ilha da Páscoa / Terra doFogo / Argentina;

Grande Viagem de Costa a Costados E.U.A..

– “Viagem aos E.U. América”.

– Holanda e cruzeiro no Reno.

– Império dos Incas (Perú e Bolívia).

Estão à venda os CD’s áudio(caso ainda não disponhasadquire já a tua cópia):

– “Regresso de quem nunca partiu”,CD do Fernando Rolim.

– CD do Coro dos Antigos Orfeo-nistas da UC “20 anos ao vivo,no CCB”.

– “Poesia para todos”, CD de CarlosCarranca.

NOTÍCIAS BREVES

CeB_miolo 27/1/09 12:45 Page 31

Page 32: CAPA e BATINA€œEnsinavam-me e eu aprendia: o homo faber, o homo sapiens, o homem é um animal racional, os homens descobri-ram o fogo, os homens da pré-história, o homem é um

CAPA e BATINAJaneiro a Junho 2008

No 31 • 3a SÉRIEFICHA TÉCNICA Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra em Lisboa

AAECLCOMEMORA O SEUANIVERSÁRIOEM COIMBRA

NESTE NÚMERO

EM DESTAQUE

PÁG. 03

CAPA E BATINADIRECTOR: A Presidente da DirecçãoEDIÇÃO: Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra em LisboaInstituição de Utilidade PúblicaRua António Pereira Carrilho, 5 - 1º1000-046 LISBOATEL. 21 849 41 97 FAX. 21 849 42 08E-MAIL: [email protected]: SemestralTIRAGEM: 1000 exemplaresDISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS SÓCIOS DA ASSOCIAÇÃO

NOVA IMAGEM ENOVAS RÚBRICASPARA O CAPA EBATINA!

II GALA DO ANTIGOESTUDANTE DE COIMBRAPÁG. 03

PASSEIO DA PRÉ-PRIMAVERAPÁG. 04

CB_capa 27/1/09 12:48 Page 1