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Em 1946, adoece de novo,gravemente. Gastara demais o corpo.Achava-se esgotadíssimo, fraco, febril.Os médicos, consultados, dão-nocomo tuberculoso. E em certa manhãensolarada, vendo-o sentado, muitotriste, à porta da casa, Emmanuel, seudedicado Guia, põe-lhe a mão noombro e lhe diz:- Chico, procure reagir, senão vocêfalirá. Sua enfermidade é tanto docorpo como do espírito. Mas nãodesanime. Vai ficar bom, se Deusquiser.E, depois de lhe dar uma bela aulasobre os males do dêsanimo, datristeza e das mágoas recolhidas,ampliadas pelo nosso pessimismo,diz-lhe:- Logo, ao dormir, lembre-se de mim.Vou levar seu espírito a um lugar muitolindo e onde será medicado.De fato, ao dormir, Chico lembra-se doconvite de Emmanuel, e, depois deorar, dorme antegozando o auspiciosopasseio. Em espírito, vê-se junto aoseu Guia. E, com ele, caminha por umvergel esmeraldo de trevos viçosos,floridos, como jamais vira na Terra. Aofim, sentado num banco envolto emluz alaranjada, está um meninodelicado, belo. Emmanuel apresenta-o

ao Chico. E sob a surpresa do Médiumo menino, com rara facilidade, comoquem pega outra criança, segura-o e opõe ao colo. Passa as mãos pequenase luminosas sobre o corpo do Chico.Afaga-o amorosamente, estreitando-oao peito, e diz-lhe sorrindo:- Pronto, está medicadoChico despede-se do lindoirmãozinho. E já quase a chegar emcasa e enclausurar-se, de novo, nocorpo e acordar para a realidade daTerra, Emmanuel, abraçando-o, afirmasatisfeito:- Chico, você recebeu hoje umremédio de que necessitava: umaTransfusão de Fluidos. Vai acordar,amanhã, melhorado, sem cansaço,sem febre e mais forte graças a Deus!No dia seguinte, Chico acordoudiferente. ressoava-lhe aos ouvidos oque ouvira. O coração, agradecido aoSenhor guardava a grande Graça. Esentia que tudo desaparecera:cansaço, tristeza, mágoa, medo, febre,tudo...Sim, tudo, porque bem traduzia o queganhara. Agora teria de dar tambémtudo, como está dando, a bem daGrande Causa, que a todos nosirmana e iguala na Fazenda do Pai,que é Deus!

As lições de Chico Xavier

(Extraído de “LINDOS CASOS DE CHICO XAVIER”, Ramiro Gama, ed. LAKE)

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SUMÁRIO

Em “O EVANGELHO SEGUNDO OESPIRITISMO” cap. XXI

O Espiritismo vem revelar uma outracategoria bem mais perigosa de falsosCristos e de falsos profetas, que seencontram, não entre os homens, masentre os desencarnados: a dos Espíritosenganadores, hipócritas, orgulhosos epseudo-sábios que, da Terra, passarampara a erraticidade, e se adornam comnomes veneráveis para procurar, graças àmáscara com a qual se cobrem,recomendar idéias, freqüentemente, asmais bizarras e as mais absurdas. Antesque as relações mediúnicas fossemconhecidas, eles exerciam sua ação demaneira menos ostensiva, pela inspiração,pela mediunidade inconsciente, auditiva oufalante. O número daqueles que, emdiversas épocas, mas nos últimos tempossobretudo, se deram como alguns dosantigos profetas, pelo Cristo, por Maria, mãede Cristo, e mesmo por Deus, éconsiderável. São João adverte contra eles,quando disse: “Meus bem-amados, não acrediteis emtodos os Espíritos, mas experimentais se osEspíritos são de Deus; porque vários falsosprofetas se ergueram no mundo.” OEspíritismo dá nos meios de os provarindicando os caracteres pelos quais sereconhecem os bons Espíritos, caracteressempre morais e jamais materiais. É nodiscernimento entre os bons e os mausEspíritos que podem sobretudo seraplicadas estas palavras de Jesus:“Reconhece-se a qualidade da árvore pelofruto; uma boa árvore não pode produzirmaus frutos, e uma árvore má não podeproduzir bons.

COMUNICAÇÃOESCLAREÇA AS SUAS DÚVIDAS

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SERVIÇOSÉRIE ACONTECEU COM...

(9ª PARTE)

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CIÊNCIADINÂMICA DA CONSCIÊNCIA

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PANORAMANECESSIDADE DA CRÍTICA

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JUVENTUDEO JOVEM E SEUS PROBLEMAS

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EDUCAÇÃOAS CRIANÇAS SÃO O FUTURO

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Conversa BreveKardec AfirmaA Vida ContinuaChico e EmmanuelAs Lições de Chico XavierMensagens

ASSUNTOS

OUTROS...

REVISTA ESPÍRITA MENSALANO XXIX Nº338DEZEMBRO 2004

Kardec Afirma

Mensagem da capa

EXPE

DIE

NTE

“INFORMAÇÃO”:é registrada na D.C.D.P. Do D.P.F. sob n.1702(Portaria 209/73) - publicada pelo Grupo Espírita“Casa do Caminho” - Jornalista responsável:Zancopé Simões (Reg. 10.162) - Redação: Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 6097-5700Correspondência:Cx Postal: 45.307 - Ag. VI. Mariana/São Paulo (SP),

“INFORMAÇÃO” não se responsabiliza pelosconceitos e opiniões emitidos pelos seusentrevistados ou articulistas

Edição, Fotolito e Impressão: VAN MOORSEL,ANDRADE & CIA. LTDA.Rua Souza Caldas, 343 - São Paulo - SP

“O Senhor nunca nos solicitou o impossivele nem nunca exigiu da criatura falivelespetaculos de grandeza compulsoria.Enquanto existam numerosos desertos, afonte pequenina corre confiante, fecundandoa gleba em que transita”.

EMMANUEL

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Agradecer a Deus os benefícios da vida e valorizar osrecursos do próprio corpo.

Trabalhar e servir além do próprio dever, quanto lhe sejapossível.

Observar, ainda mesmo por instantes, a beleza dapaisagem que lhe emoldura a presença.

Nada reclamar.

Comentar unicamente os assuntos edificantes.

Refletir nas qualidades nobres de alguma pessoa com aqual os seus sentimentos ainda não se afinem.

Falar sem azedume e sem agressividade na voz.

Ler algum trecho construtivo.

Praticar, pelo menos, uma boa ação, sem contar isso apessoa alguma.

Cultivar tolerãncia para com a liberdade dos outros sematrapalhar a ninguém.

Atendamos diariamente a semelhante receita de atitude e,em breve tempo, realizaremos a conquista da paz.

ANDRÉ LUIZ

CONVERSA BREVE

EXPERIMENTE HOJE

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Allan Kardec estabeleceu o uso corretoda mediunidade e a aplicou, com mestria,para elaborar a Codificação doEspiritismo.O que facilitou o trabalho de Allan Kardecfoi o grande número de médiuns com osquais ele pôde contar. Assim, aprofundouas suas investigações sobre asmanifestações dos Espíritos e extraiudelas ensinamentos científicos,filosóficos, religiosos e morais, quecompõem a Doutrina dos Espíritos.No período de maio de 1855 a 31 demarço de 1869, em que Allan Kardeccumpriu a missão de estabelecer oEspiritismo, ele aproveitou asoportunidades para avaliar todos os tiposde médiuns e de mediunidades e as maisdiversas formas de manifestações dosEspíritos. Assim, em suas obras,podemos encontrar soluções adequadase orientações seguras para todas asdificuldades que podem surgir na práticada Doutrina Espírita.A valiosa experiência que Allan Kardecacumulou no exercício de sua missão, eque está contida em suas obras, inclusivena “REVISTA ESPÍRITA”, devemosaplicá-la tal qual o Mestre o fez nacomunicação com os Espíritos e no tratocom a mediunidade.Para isto, vamos, agora, esclarecer aspossíveis dúvidas que tenham restado,abordando temas relativos aodesenvolvimento e o uso da faculdademediúnica, seja em reuniões familiares,seja no Centro Espírita.As questões, apresentadas a seguir,foram respondidas, rigorosamente, combase nos ensinamentos de Allan Kardec,que estavam disseminados, principalmenteem diversos números da “REVISTAESPÍRITA”.

Conhecendo-os, podemos nos sentirbem mais seguros em conduzir osnossos trabalhos práticos no campo doEspiritismo, tal qual Allan Kardec o fez erecomendou aos adeptos do Espiritismo.

1. Quais as qualidades que umapessoas precisa possuir para poderdesenvolver e educar a suamediunidade?Allan Kardec tratou de um modo práticoesta questão do desenvolvimento e daeducação da mediunidade ensinando-nos que, para desenvolvê-la,precisamos, em primeiro lugar, ter boavontade para servir de intermediários aosEspíritos. Em seguida, paciência paraganhar habilidade, e persistência paraaprimorar e educar a aptidão inata, se elaexistir. Além disso, com o exercícioconstante da mediunidade e com osresultados comprovados, vamosadquirindo segurança em transmitir ascomunicações dos Espíritos.

2. Como eu posso saber se soumédium?Segundo os ensinamentos de AllanKardec, é importante avaliarmos a nósmesmos, para saber se trazermos emnós o gérmen das qualidades necessáriaspara nos tornarmos médiuns. Além disso, afaculdade mediúnica apresenta diversosgraus de desenvolvimento, o que facilitaou dificulta a ação dos Espíritos. Porém, odesenvolvimento da mediunidade nãodepende apenas da vontade de quem querser médium, mas também da ação dosEspíritos. Portanto, avaliando cuidadosamentea nós mesmos, identificamos qual o grau dedesenvolvimento da nossa faculdademediúnica. Se ela prestar à ação fácil dosEspíritos, devemos recorrer ao estudo

COMUNICAÇÃOESCLAREÇA AS SUAS DÚVIDAS

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Geziel Andrade

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para orientá-la para o bem e para um fimsério e útil, visando atrair a participaçãodos bons Espíritos.

3. Com que idade um jovem podedesenvolver e educar a suamediunidade?Allan Kardec serviu-se da mediunidadeda senhorita Caroline Baudin, de 16anos, da menina Julie Baudin, de 14anos, e da senhorita Japhet paracomeçar a elaborar “O LIVRO DOSESPÍRITOS”. Além disso, pela“REVISTA ESPÍRITA”, constatamos oquão maravilhoso foi o trabalhomediúnico realizado pela senhoritaHermance Dufaux, que, na época,possuía apenas quatorze anos de idade.Assim, quando a mediunidade aparecenaturalmente em um jovem, ele devecuidar da sua educação para poderprestar bons serviços à humanidade.

4. Quais são as evidências claras deque eu possuo mediunidade, e o quedevo fazer para desenvolvê-la?As evidências principais são asinfluências nítidas ou ostensivas que osEspíritos podem exercer e a facilidadeem receber e transmitir os seuspensamentos pela escrita ou pelapalavra. Constatado isso, devemosestudar “O LIVRO DOS ESPÍRITOS” eprocurar outros médiuns experientespara exercitar, junto com eles, essafaculdade. Dessa forma, asmanifestações dos Espíritos tornam-secada vez mais ostensivas, emborasempre exigindo paciência, bom senso,discernimento, experiência, habilidade,segurança e um fim útil e proveitoso.

5. Podemos pedir a um Espírito umaprova de que existe mediunidade emnós?Sim. Allan Kardec, na “REVISTAESPÍRITA” de julho de 1858, publicou

um caso interessante sobre isso: ummédium que começava a desenvolver asua mediunidade de psicografia, e queainda duvidava da existência dessafaculdade. Pediu ao Espírito São Luísque dissipasse as suas dúvidas einquietações, escrevendo, por seuintermédio, uma dissertação. AllanKardec afirmou que o pedido do médiumfoi prontamente atendido, porque elehavia se dirigido ao Espírito com ocoração puro e sincero, isto é, semsegundas intenções. Além disso, oEspírito sabia que, com essa prova, omédium poderia se tornar útil aossemelhantes com o bom uso que faria desua mediunidade.

6. Qual é o tipo de mediunidade maisfácil de ser adquirido?Allan Kardec nos ensinou, através doartigo “Estudo sobre os Médiuns”, contidona “REVISTA ESPÍRITA” de março de1859, que “de todos os gêneros demédiuns, o mais comum é o psicógrafo.E isso por ser a modalidade mais fácil dese adquirir pelo exercício. Eis por que, ecom razão, para ela se dirigemgeralmente os desejos e os esforços dosaspirantes”.

7. Um médium deve aceitar um desafiode alguém que quer uma prova de suamediunidade desenvolvida?Não. Allan Kardec nos ensinou que amediunidade não é um talento pessoal àdisposição do médium. Ela dependesempre da vontade e da disposição dosEspíritos em promover suas manifestaçõesfísicas ou inteligentes. Adicionalmente, osEspíritos só agem quando querem e nãoobedecem ao capricho de um médium enem gostam de satisfazer a curiosidadede ninguém. Eles, geralmente,manifestam-se quando menos se esperae se ausentam quando umacomunicação lhes é exigida. Além disso

COMUNICAÇÃO

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os Espíritos sentem antipatia dos quequerem submetê-los à prova e afastam-se dos médiuns orgulhosos que julgamter poder de dar ordens a eles.

8. As sessões espíritas devem serrealizadas apenas em ambientes quetenham um público muito bemselecionado?Não. Allan Kardec publicou, na“REVISTA ESPÍRITA” de maio de 1858,a notícia da legalização da SociedadeParisiense de Estudos Espiritas,afirmando que se tratava de um centroregular de observações das crençasespíritas. Porém, embora se tratasse deuma sociedade composta de pessoassérias, sábias, isentas de prevenções eanimadas pelo desejo sincero deesclarecimentos sobre as verdadesespirituais, estava aberta aos queviessem a Paris interessados na doutrinaespírita, em obter informações oucomunicar as suas próprias observações.Além disso, no artigo “Diatribes”,publicado na “REVISTA ESPÍRITA” demarço de 1859, Allan Kardec afirmouque: “A Sociedade Parisiense de EstudosEspíritas, composta de homens dignospor seu saber e por sua posição, tantofranceses como estrangeiros, médicos,escritores, artistas, funcionários, oficiais,negociantes etc, recebia diariamente asmais altas notabilidades sociais e tinhacorrespondência com todas as partes domundo”. Adicionalmente, Allan Kardecacreditava que as manifestaçõesespíritas se tornariam cada dia maispopulares, pois os fenômenos estavamao alcance de todos. Assim, ninguémteria o poder de impedir as comunicaçõesdos Espíritos que se produziam em plenaluz, publicamente ou na intimidade doslares. Além disso, surgiriam muitos novosmédiuns entre os jovens, adultos ouidosos, popularizando as comunicaçõescom os Espíritos.

9. As sessões espíritas devem serrealizadas em um ambiente especial,silencioso, com as portas fechadas,para um público seleto, com poucailuminação, num clima de preces quefacilite a sintonia com os Espíritos eque colabore para a maiorconcentração dos médiuns?Pelo que constatamos nas informaçõescontidas na “Revista Espirita”, AllanKardec não adotava essas providênciase, pelo contrário, estimulava os espíritasa buscarem, nas sessões, provas dasobrevivência e da comunicabilidade daalma, inclusive através da evocação deEspíritos, ou do Aprofundamento daspesquisas práticas. Por outro lado, AllanKardec alertava que as manifestações deEspíritos, em sessões espíritas emcondições estranhas, geram muitasdúvidas e suspeitas de fraudes emistificações. Além disso, os médiunsficam sujeitos a fascinação ou obsessão,pois os resultados obtidos não sãodisponibilizados para uma avaliaçãoaberta. Ainda, a prática tem demonstradoque os médiuns desenvolvidos erealmente autênticos transmitem ascomunicações dos Espíritos até emreuniões públicas, dando provasincontestes da manifestação dosEspíritos em qualquer ambiente.Exemplo disso encontra-se nas palavrasde Allan Kardec acerca do notávelmédium senhor Jean Hillaire, contidas noartigo “Os Milagres de Nossos Dias”, da“REVISTA ESPÍRITA”, de agosto de1864:As faculdades de Hillaire são múltiplas: émédium vidente de primeira ordem,auditivo, falante, extático e aindaescrevente. Obteve a escrita direta etransportes admiráveis. Várias vezes foilevantado e transpôs o espaço sem tocarsolo, o que não é mais sobrenatural doque ver erguer-se uma mesa. Todas ascomunicações e todas as manifestações

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que obtém atestam a assistência demuitos bons Espíritos e sempre se dãoem plena luz”.

10. O que devemos fazer paraidentificar o grau de evolução moral eintelectual dos Espíritos que secomunicam?Allan Kardec nos ensinou que cadaEspírito se encontra num determinadonível de evolução intelectual e moral.Porém, todos estão caminhando para aperfeição espiritual, através da Lei doprogresso e da reencarnação. Tendo emvista isso, o grau de evolução jáalcançado por cada Espírito pode serclaramente identificado através dalinguagem que emprega e dosensinamentos que transmite. Dessaforma, torna-se indispensável a análisecuidadosa da linguagem empregada peloEspírito em suas comunicações, bemcomo de seus ensinamentos, paratermos segurança na sua identificação enas suas qualidades intelectuais emorais. Nesse sentido, Allan Kardec nosensinou que a linguagem dos Espíritosbons e superiores é repleta de dignidade,sabedoria, bondade, doçura,benevolência e estímulo à prática doamor, da caridade cristã e das virtudesevangélicas.

11. Existiu pintura mediúnica na épocade Allan Kardec?A pintura mediúnica surgiu junto com asprimeiras manifestações inteligentes dosEspíritos. Na “REVISTA ESPÍRITA” demarço de 1858, quando Allan Kardectratou de “Júpiter e de alguns outrosmundo”, ele escreveu que o EspíritoBernard Palissy, célebre oleiro do séculoXVI, fez, espontaneamente, uma série dedesenhos originais, notáveis eexecutados magistralmente nos menoresdetalhes, retratando personagens,animais, habitações e cenas da vida em

Júpiter. Victorien Sardou, jovem liberato efamoso autor teatral francês, semnenhuma habilidade para o desenho,serviu de médium para odesenvolvimento desse trabalhoextraordinário.Na “REVISTA ESPÍRITA” de agosto de1858, Allan Kardec, no artigo “A Propósitodos Desenhos de Júpiter”, apresentou odesenho da fachada da casa de Mozartem Júpiter, executado com detalhesincríveis, mas sem nenhum modelo ouensaio prévio.O mais surpreendente foi o que omédium desenhista, Senhor VictorienSardou, mais tarde tornou-se um médiumgravador, embora jamais tivesse pegadonum buril. Assim, ele passou a fazer osdesenhos diretamente sobre o cobre,permitindo que a reprodução fosse feitasem o concurso de qualquer outro artista.Na “REVISTA ESPÍRITA” de setembrode 1858, Allan Kardec assim seexpressou sobre esse médiumdesenhista: “Quando o vemostrabalhando percebemos facilmente aausência de qualquer concepçãopremeditada e de qualquer vontade: suamão, arrastada por uma força oculta, dáao lápis ou ao buril o mais irregularmovimento e, ao mesmo tempo, o maiscontrário aos elementares preceitos daarte, pois vai incessantemente, com umarapidez incrível, de um extremo a outroda prancha, sem interrupção e volta cemvezes ao mesmo ponto. Todas as partessão assim começadas e simultaneamentecontinuadas, sem que qualquer delasfique completada antes que se inicieoutra. Disso resulta, à primeira vista, umconjunto incoerente, cujo fim só écompreensível quando tudo estáacabado. Esse andamento original não épeculiar do Sr. Sardou. Vimos todos osmédiuns desenhistas procedendo domesmo modo”.Além desse fato, Allan Kardec, na

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“REVISTA ESPÍRITA” de outubro de1858, no artigo “Médium Pintor” publicouum texto narrando fatos sobre o médiumpintor senhor Rogers, que fazia retratosde pessoas mortas há muito tempo, semque jamais as houvesse visto, mas comconfirmação da autenticidade pelosfamiliares dos falecidos.Assim, os médiuns desenhistas oupintores surgiram junto com oEspiritismo.

12. Devemos não divulgar as comunicaçõesrecebidas pelos médiuns, nas sessõesespíritas, quando elas são de Espíritossuicidas, criminosos, maus?Não. Allan Kardec nos alertou que “foramos Espíritos mais vulgares que lhesofereceram material muito maisinteressante para estudo”. Elesmostraram a sua situação no mundoespiritual e atestaram o seu sofrimento,que era a conseqüência da má condutapraticada na vida terrena, prevenindo oshomens contra os resultados futuros daprática de erros graves. Além disso, AllanKardec, na “Revista Espírita” dedezembro de 1858, no artigo “Sensaçõesdos Espíritos”, mencionou que foiridicularizado por certos críticos ao terpublicado comunicações do Espíritoassassino Lemaire e por ter se ocupadocom seres tão ignóbeis, quando tinhatantos Espíritos superiores à suadisposição.Então, o Codificador do Espiritismorespondeu que esses críticos não haviamainda compreendido o alcance daCiência Espírita. Além disso, relembrouas palavras ditas por um filósofo depoisde ter conversado com um camponês:“Aprendi mais com esse rústico do quecom todos os sábios”.Por outro lado, se, na época de AllanKardec, os Centros Espíritas tivessemmantido em sigilo as comunicações queeram transmitidas por Espíritos inferiores

ou maus, através dos médiuns, nas suassessões, ele não teria conseguido fazer oEspiritismo progredir tanto e nem aciência espírita teria sido tão bemconstituída.Por isso, a divulgação do teor dascomunicações recebidas em um CentroEspírita é importante para que outrosCentros Espíritas e estudiosos doEspíritismo estabeleçam a universalidadedos ensinamentos dos Espíritos.Na “REVISTA ESPÍRITA”, de março de1864, no artigo “Da Perfeição dos SeresCriados”, Allan Kardec explicou como adivulgação das comunicações dadaspelos Espíritos foi importante para queele constituísse o Espiritismo:“ Um princípio, seja qual for, para nósadquire autenticidade pela universalidadedo ensinamento, isto é, por instruçõesidênticas, dadas em todos os lugares, pormédiuns estranhos uns aos outros, semsofrer as mesmas influências,notoriamente isentos de obsessões eassistidos por Espíritos esclarecidos. (...)Assim é que foram controladas asdiversas partes da doutrina , formuladano LIVRO DOS ESPÍRITOS e no LIVRODOS MÉDIUNS. (...) Em nossa posição,recebendo as comunicações de cerca demil Centros Espíritas sérios, disseminadosem diversos pontos do globo, estamosem condições de ver os princípios, sobreos quais houve concordância. Foi estaobservação que nos guiou até hoje e nosguiará igualmente nos novos camposque o Espiritismo é chamado a explorar.As revelações, muitas vezes em palavrasveladas, passaram inapercebidas amuitos dos que as receberam; muitosoutros se supuseram os únicos a recebê-las; consideradas isoladamente, para nósnão teria valor; mas a sua coincidêncialhes dá alta importância...”.

FONTE: Andrade, Jeziel; ALLAN KARDEC E AMEDIUNIDADE; Ed. EME.

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... FRANCISCO DE ASSISFrancisco peregrinava com umpunhado de discípulos por Espoleto,Terni, Riéti e Áquila. Trazia no coraçãoa necessidade de integração com anatureza, de amar não somente aossemelhantes, como assevera oEvangelho; também tinha fome deamar tudo que manifestasse a vida epalpitasse a presença de Deus.Eram de grande valia para ele asoportunidades de expandir o seu amorpor alguma coisa ou por algum vivente,fosse qual fosse a sua natureza. Sabiacombinar a sua condição com aquelasdos que com ele participavam, na linhado progresso espiritual. Tinha razõespara isso, por encontrar na vida doDivino Mestre, quadros que o levavamao Amor mais Puro e Universal. Tinhana feição de Maria, mãe de Jesus, asegurança do seu coração e adisciplina dos seus mais arrojadossentimentos. Orava sempre à MãeDivina, pedindo a ela as bênçãos paraos seus caminhos, tendo-a como suaprópria mãe, reconhecendo sua mãecarnal, como irmã em caminho.Francisco, que chegava a Terni,ouvindo um melro a cantar, de modo aparecer um desafio ao seu própriodom, aproximou-se do pássaro,cantaram a duas vozes e, passadolongo tempo naquela arte, o poetahumano, não suportando o ritmo daave canora, pediu para parar. Opássaro deu umas voltas em torno deseu companheiro, desdobrou-se emuma sinfonia estridente, e desapareceucomo por encanto, em uma grandeextensão de árvores próximas. Com

mais alguns quilômetros decaminhada, Francisco deparou comuma multidão de peregrinos que vinhaao seu encontro. Francisco,emocionado com tanta gente ansiosapela sua palavra na palavra de Cristo,começou a pregar o Evangelho. Emdado momento, o melro regressou,dirigindo um bando da mesmaespécie, milhares de pássaros, todoscantando e voando em torno damultidão,ficando a voz de Franciscoabafada pela cantoria. Franciscocalou-se. Os pássaros redobraram-seem cantos, todos de uma só vez. Acerta altura, os sons tornaram-seestridentes demais para seremsuportados, e a multidão já seinquietava.Francisco, em um gesto de amor ànatureza divina, na expressão divinadaquelas vidas em evolução, levantouos braços para o alto, e em tom dehumildade, falou aos melros comdelicadeza:-” Meus irmãos!... Estou sentindo muitaalegria em conhecê-los a todos. É paramim grande satisfação tê-los junto anós, nesta festa ante a natureza. Comoé bom ouvi-los, compreendendo queestão ajudando na harmonia danatureza e fazendo a vontade deDeus, na alegria do Cristo! Que anossa Mãe Santíssima os abençoe atodos, agora e eternamente. Eu lhespeço, com toda a humildade de meucoração, no grau em que possaofertar-lhes, com toda a paciêncianaquilo que posso lhes dar, com todo oamor pelos poderes do Mestre Jesus,que se calem um pouco, para que eu

SÉRIE ACONTECEU COM...(9ª PARTE)

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possa falar do Evangelho a esse povoque está sedento da palavra de Deus,e, se for do agrado de todos que assimseja, ficarei muito contente com todosvocês, e a minha gratidão será bemmaior do que todas as alegrias que tiveno mundo até agora. Vocês, como nós,são filhos de Deus, e o Amor do PaiCelestial lhes deu tudo para afelicidade: a natureza para viver, oscampos, os frutos, as sementes, asasas para voar, e o dom de cantar paraEle, que sempre ouve Seus filhos docoração. Eu, como o menor de todos,pelo-lhes que se calem, para que eufale aos irmãos que me desejam ouvir”!Os pássaros silenciaram-se, espalhando-se pelo chão e pelas árvores, eFrancisco recomeçou o seu sermão,tendo como templo a mãe Natureza.Discorreu sobre a vida do Cristo, noanúncio dos velhos profetas, sobre amissão de Moisés, e os trabalhos dosdiscípulos de Nosso Senhor; recordoua renúncia dos companheiros doDivino Amigo e o sacrifício de muitosdeles, a morte de inúmeros seguidoresdo Evangelho no Coliseu de Roma eem praças públicas e do sangue quefoi derramado como cântico de louvorà vida, que não tem fronteiras econtinua em todos os rumos.Quando terminou sua prédica, as avesalçaram vôo, como que festejando amultidão que sempre crescia aopassar dos minutos, e cantaram comonunca. Francisco observou em tornodos pássaros, luzes que seentrecruzavam naquele ambiente livreda vida simples e formosa. Entidadesespirituais, com mãos entrelaçadas,cantavam hosanas ao Criador, umas

apresentando a forma de pássarosdourados, que, ao farfalhar das asas,desprendiam claridades benfeitorasem forma de essências em direção aoshomens que ouviam Francisco que,abençoando a todos, em êxtase deemoção, disse com dignidade:“- Meu Deus!... Como é belo ver o quese esconde por trás da ignorância;como é lindo sentir o que se encontradepois do ódio, como é esperançosorespirar onde se encontram os Anjoscantando em louvor ao Todo Poderoso!Jesus, abençoa todas essas criaturasque vieram em busca do pão quedesceu do céu, o pão espiritual, e quea Tua mãe seja a mãe de todos nós,hoje, agora e na eternidade.Abençoa os pássaros nas suastrajetórias, abençoa os animais, asárvores que nos ouvem, igualmente,no silêncio que nos faz compreender osegredo da vida mais profunda e quepor vezes foge ao nosso raciocínio eescapa à maior das ciências da Terra.Eu, na qualidade de Teu menor servono mundo, curvo-me como faço agora,sobre a terra quente e benfeitora e,beijando-a, beijo-Te o coração naeternidade”.

... DIVALDO FRANCODivaldo preparava-se como sempre,com muita unção, para a reuniãomediúnica daquela quarta-feira do mêsde outubro de 1997 no Centro EspíritaCaminho da Redenção, na esperançade mais uma noite de bênçãos eoportunidades de libertação paratantos Espíritos ainda escravizadosnos pesadelos de seus crimes eproblemas. Era também uma

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oportunidade para que os participantesda reunião aprendessem com osEspíritos comunicantes, sendo eles,aliás, como Divaldo nos explica, queexercem a caridade, nos descrevendocomo caíram nas malhas do crime edeslizes do passado, rebelando-sedessa maneira contra as leis de amordo Mestre Jesus.Essa reunião seria bem especial, poiso plano espiritual a preparara commuito carinho, como um ágape debênçãos e luzes.Quando inúmeros Espíritos sofredoresjá haviam sido socorridos e instruídoscom amor através da carinhosa atençãodos Benfeitores da Casa Espírita,ocorreu belíssimo fenômeno de aporte.O Espírito Walter, antigo companheiroespiritual do médium, estava presentee preparou-o para o fenômeno.Divaldo estendeu as mãos e as maisbelas angélicas - flores do campo -foram caindo sobre elas esparzindobeleza, perfume e bons fluidos no

ambiente.As angélicas estavam frescas, poishaviam sido colhidas naquele instante.Prova mais doce e mais suave doslaços eternos do amor, não poderiaexistir. Flores alvas, belas e perfumadascaindo do céu abençoando a Terra.Na época de hoje, com tanta violênciae desamor, essas flores tão purascaindo sobre as mãos de Divaldonuma reunião fraterna como em umnovo pentecostes de luz, nos trazemcom seu perfume e beleza um sinal deternura dos Espíritos bons, mostrandoa gentileza desses nossos benfeitoresqueridos, que nos vêm dizer que nemtudo está perdido e que eles estãoconosco, trazendo-nos provas daimortalidade da alma e da comunicaçãocom o outro lado da vida.Algumas pessoas que estavam nestareunião abençoada puderam levarpara casa uma angélica como símboloda alegria, da paz e da união entre oplano físico e o espiritual.

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A consciência é o centro dinâmico do Ser,estruturado pela essência das experiênciassofridas e vividas da evolução criadora. Nãohá propriamente uma ontogênese, pois oque geralmente se define com essaexpressão é o desenvolvimento da mônadaem suas potencialidades divinas. A mônadaé a centelha do pensamento criador deDeus que encerra em si o esquemaarquetípico do homem. Quando dizemoshomem não nos referimos a este ou àquelehomem, mas à idéia do homem, segundo ateoria platônica. O Mundo das Idéias, dePlatão, é o pré-mundo da rés, da coisaobjetiva, sensível, passível de captaçãopelo sensório. A centelha criadora dopensamento divino (de Deus) projetada,una e perfeita, no caos da matéria, estruturaa mônada, partícula infinitesimal do átomo edas partículas atômicas. A primeiraestruturação da matéria pela centelhadivina é a da mônada, que se reveste dematéria, coisificando-a, ou seja, tornando-acoisa, objeto sensível, material. Essa étambém a primeira manifestação do espíritona matéria. Esse é o momento dacriação,que as religiões simbolizaram no fiatou faça-se, a palavra de Deus ordenando omundo na Gênese.Kardec apresenta a matéria como dispersano espaço cósmico e sendo estruturadapelo espírito. O mundo, que era apenasIdéia, coisifica-se no primeiro ato dematerialização das formas ideaisproduzindo a mônada e a seguir produzindoo mundo.Os sete dias da criação do mundosimbolizaram sete instantes do processocriador de toda a realidade. Tudo o quechamamos de real (expressão que vem derés, coisa) é idéia transformada em coisa.Por isso podemos dizer que a consciência éuma coisa essencial do Homem, querepresenta a natureza humana. Dessamaneira, a consciência é em si mesma,dinamismo interno e estático, dotado das

funções de projeção externa da mente eda inteligência. A mente capta a realidadeatravés do sensório, pensa e transmitepensamentos através do cérebro, e ainteligência penetra no sentido dessacaptação, analisando a natureza dascoisas e estabelecendo as conotaçõespara a prática racional do entendimento domundo. É ligação direta da consciênciacom o mundo arquetípico, deslocando amente do sensório para a superação domundo fragmentário da matéria.Para Frederic Myers a mente se divide emsupraliminar, destinada a operar no planoda realidade sensível, e na mentesubliliminar, cujas funções se referem aoplano do inteligível ou supra-sensível,correspondente ao mundo arquetípico.Compreendendo este esquema, emboratoscamente esboçado, podemos avaliar osrecursos de que o homem dispõe paraenfrentar e resolver o problema dovampirismo, no controle consciencial doseu comportamento. A vontade, que épotencialidade instintiva, posta em açãopela mente, dispõe sempre de energiasvitais para repelir as tentativas deinfestação vampiresca. Pelo treinamentoda vontade, afugentamos o medo e acovardia instintiva da animalidade, que sãoos principais colaboradores dovampirismo. Pela inteligência cultivada etreinada arrancamos a mente dos planosde instintos destruidores do vampirismo ea elevamos aos planos superiores doespírito. A batalha é longa, difícil e penosa,mas a vitória conseguida investe o homemnos seus poderes superiores, reajustando-o na sua posição e no seu comportamentohumano, que os distingue das espéciesanimais.A tragédia humana decorre da contradiçãoconstitucional do homem, na dualidadeespírito-matéria, que o obriga a carregar ofardo da animalidade no roteiro daangelitude. Como pode um aspirante a

DINÂMICA DA CONSCIÊNCIA

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anjo arrastar pelas encostas do Olimpoessa carga imantada de magnetismoterreno? O conceito de Unamuno, de queo homem é um drama, corresponde bemao que chamamos de condição humana.A dramaticidade da existência gera váriostipos de contradição, como: sentimentode fragilidade e ambição de poder, apegoà matéria e aspirações espirituais, instintovital, certeza da morte, anseio de paz eexigência da guerra, busca da verdade enecessidade da mentira, amor e ódio eassim por diante, numa seqüênciainfindável de oposições inconciliáveis noSer que só pode ser uno e tem dedesdobrar-se e multiplicar-se para atingira sua integridade ôntica. Camusapresentou esse caos no Mito de Sísifo, oSer que rola sem cessar o tonel pelacolina acima e o deixa voltar para baixopara de novo o levar para cima, e issosem interrupção. Sartre exclamou: “Ohomem é uma paixão inútil.” Mas todasessas figurações partiram de umpressuposto único, o da naturezaexclusivamente material do homem.Quando adicionamos a essa visão trágicao conceito de espírito, tudo se modifica.Foi o que fez Kardec, mostrando quetodas as contradições do homem sãodialéticas e se resolvem nas síntesessuperiores do desenvolvimento depotencialidades divinas. O alvo daangelitude é atingido quando o homem,vencendo todas as contradições,descobre em si mesmo o poder doespírito, fazendo-se espírito na duração,que é a imortalidade num conceitodinâmico e não estático da imortalidade.Por isso, Heidegger afirmou, comofilósofo do Ser e não da existência: “Ohomem se completa na morte.” Ao dizerisso, o filósofo matou a morte, o que valedizer que o amor da sabedoria, ou asabedoria do amor (como disse Platão)matou a escravidão da carne.René Hubert, neokantiano, sustenta hoje

que o homem é consciência emdesenvolvimento. E apresenta-nos adialética da consciência em termosauspiciosos. A consciência prática dohomem comum evolui para e contra aconsciência teórica do aspirante àsabedoria. A fusão dos contrários (Não acontradição, mas a fusão, segundo a tesede Hameleim) resolve-se na síntese daconsciência estética, em que predominao sentimento do belo e da harmonia.Torna-se então possível na Terra aimplantação da República dos Espíritos,fundada na solidariedade dasconsciências. A perspectiva dessamudança, que coincide com o sonhocristão do Reino de Deus na Terra parecealongar-se ao infinito. Mas, de qualquermaneira, Hubert nos acena com umaesperança e ao mesmo tempo justifica asituação atual como transitória.Ingenieros, em “O HOMEM MEDÍOCRE”,assinala a predominância asfixiante nomundo. Não obstante, admite que aevolução cultural possa aumentar asfileiras dos sonhadores, que, por suasuperioridade consciencial de elitepudessem transformar a realidadedesoladora dos nossos dias. Por outrolado,a teoria de Karl Mannheim sobre autopia, considerando-a como precogniçãode realidades, pode também alentar asnossas esperanças. Kardec, num estudosobre a evolução social do planeta,acena-nos com a vitória, que considerainevitável, da Aristocracia Intelecto-Moral,que daria o governo do mundo aosgrupos superiores. O desenvolvimentointelectual da Humanidade, pari passucom o desenvolvimento moral, liqüidariacom os últimos resquícios de barbárie noplaneta. Claro que a moral prevista não écomum, essa moral fechada que nascedos costumes e das sacristias, mas aMoral Aberta de Bergson, determinadapela consciência estética.Os interesses práticos dos homens são

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alimentados na ganância,na cobiça e noegoísmo da maioria, provocando ovampirismo voraz. Mas não há dúvidaque as condições conflitivas, no jogo dasconsciências práticas não serãoresolvidas por si mesmas. E podemoscontar com as aspirações da almahumana, essas vagas aspirações de quetrata Kardec, tornam-se mais vigorosasna proporção em que o homem seaproxima da sua realização comoespírito. O materialismo nada maisoferece aos homens do que o nadailusório das conquistas materiais, com anadificação final no túmulo ou valacomum. De outro lado, o espiritualismopropõe a solidariedade humana na Terrae a beleza e harmonia nas hipóstasesespirituais de Plotino, os mundossuperiores em que as utopias se tornarãorealidades vivas. Não se trata dehipóteses ou estórias do lobo mauinventadas por videntes alucinados outeólogos perturbados por visões místicas,mas de realidades concretas confirmadaspor múltiplas e rigorosas pesquisascientíficas. Só podem duvidar dessasrealidades, em nossos dias, as criaturasculturalmente desatualizadas, osespíritos levianos e os espíritossistemáticos, ainda hoje prisioneiros noleito de Procusto. Quem possua algunsconhecimentos de Ciência e acompanhea corrida científica atual, em que seempenham as maiores potênciasmundiais e os mais respeitáveis centrosuniversitários do mundo, sabe, mas sabemesmo, com dados positivos eirrecusáveis nas mãos e um pingo de luzno cérebro, que a realidade dasobrevivência do homem à morte docorpo é tão certa como o fato dehavermos nascido e termos de morrer.As religiões atuais, monstrosantidiluvianos, remanescentes dasépocas de terrorismo clerical, essaspobres religiões encarquilhadas navelhice de seus crimes assombrosos,

lutam hoje para escapar ao dilúvio deterrores que lançaram na Terra,desmentindo-se agora a si mesmas,negando as supostas verdades de seusdogmas e de suas fogueiras santificadorase sustentando ainda a existência doBicho Papão que rouba as almas deDeus para os caldeirões do Inferno.Representam os últimos resquícios domisticismo do terror, tomando agora aresde defensores da liberdade e da dignidadehumanas. Peremptas, exclerosadas,desprovidas de uma só gota de sanguenas veias murchas, dispõem apenas deuma sobrevida concedida por médicosque não acreditam em si mesmos. Asucessão das gerações, como previuKardec, exterminará fatalmente osderradeiros sinais desses vampirismosorganizados que devastaram o planetaem nome de Deus. E tanto assim é, queos teólogos modernos, temerosos deenfrentar aqueles de cujo nomeabusaram por milênios, sem procuração,resolveram instalar com urgência ocomplô teológico da Morte de Deus,tendo a frente da fanfarra festiva einconseqüente das novas teologiasradicais nascidas nos campos deconcentração e nas câmaras de gás daúltima conflagração mundial.Os problemas de consciência, notenebroso passado teológico, resolviam-se no confessionário, onde clérigospiedosos perdoavam pecados por contaprópria. Os homens de então seblasonavam de serem os homens do rito,geralmente maçons ou clérigos. Doritualismo das civilizações peremptas, osrituais, os sacramentos, as bençãos e asmaldições formavam as estruturasfictícias dos cultos tenebrosos com osresíduos brutais, mágicas baseadas nosangue, no cílicio masoquista e na morte.A cruz romana, sacrifício infamante, eratransformada em símbolo sagradoporque nela, entre dois condenados

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infelizes, os rabinos do Templo deJerusalém fizeram morrer, sangrando eescarnecidos, o Redentor daHumanidade. E se até o Messias sofreraesse castigo infamante, por que estranharazão os hereges comuns, desprovidosde imunidades sacerdotais, não podiamser queimados vivos para, como osuplício do fogo passageiro da Terra,possivelmente se livrarem do fogo eternodos caldeirões do Diabo, onde fringiriampor toda a eternidade? Santo Agostinho,que se nutria em Platão, chegou a afirmarque a maior delícia das almas bem-aventuradas, no Céu, era ver as almasdesgraçadas em estertores, quandomãos diabólicas ou piedosas levantavama tampa dos caldeirões do Inferno. Detoda esta imensa miséria cultural e moralnascia ao mesmo tempo, como irmãssiamesas, a fé cega, que não precisavamdas vendas da Justiça nos olhos vazios, eo sacerdócio de paramentos doirados e apúrpura sanguínia das matanças àespada.A consciência humana dormia nossocavões do inconsciente e o vampirismose alastrava pela Terra de Caim nosaleijões humanos, Falar em consciênciaera ameaçar camponeses e sábios com acondenação passageira e cruel dostribunais sagrados e a condenaçãoeterna, irremissível, da Ira de Deus.Os traumas desse terror sem limitesesmagam ainda hoje a todos nós,algozes e vítimas ao mesmo tempo naesteira das vidas sucessivas. A introjeçãodesses vagalhões de terror noinconsciente coletivo foi o único dilúvioverdadeiro que avassalou não apenas oplaneta, mas a toda a Humanidade. Arepressão dos instintos genéricos, asautoflagelações místicas, as abstinênciasforçadas pelas ameaças sobrenaturais, ocelibato obrigatório levando ao fingimentoe á hipocrisia sistemáticos produziramfrustrações, recalques, perturbações eaviltamento da personalidade em

multidões de criaturas por quase doismilênios. A dolorosa e pesada safra,semeadura de aleijões, afetivos eespirituais caiu esmagadora sobre onosso século. Uma psicanálise dessarealidade escabrosa mostraria que ela fezmais vítimas do que todas as pestes quedevastariam o mundo nesses tempos eque, ainda hoje, intelectuais tambémmarcados e deformados por ela, queremjustificar e não raro até mesmo exaltar. Acultura medieval, como denunciouHuxley, foi um impacto da impostura nomundo cristão em elaboração quetentava formar-se nos alicereces doEvangelho sonegado ao povo. A simoniamais escandalosa corroeu as boasintenções dos que sonhavam com oReino de Deus na Terra.O homem é um ser religioso, trás em seuíntimo a lei de adoração, que leva, anteos obstáculos e as ciladas de umarealidade mundial atormentada, a adorardesde as vacas e os macacos da Índiaaté os ídolos precários das religiõesvampirescas e os charlatães que sefazem de santos e profetas gananciosos,missionários por conta própria. Só adinâmica renovadora da consciênciadesperta, vigilante e ativa, capaz deintegrá-lo nas suas responsabilidadespessoais e intransferíveis, poderá salvá-lo das novas fascinações do vampirismosolerte nesta hora de transição para umanova fase histórica, o conhecimento real,e portanto científico, da sua naturezaespiritual, é dever inalienável de todos osque se sentem capazes de contribuir parao despertar das consciências aindaadormecidas. Somos nós que fazemos omundo dos homens em que vivemos.Deixar que outros o façam em proveitopróprio é trair-nos a nós mesmos, àHumanidade sofredora e ao destinosuperior que Deus nos concedeu.

FONTE: Pires, J. Herculano; “VAMPIRISMO”; ED. Parga

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PANORAMA

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Em matéria de crítica, parece que nãohá, no meio espírita, melhor exemplodo que o de Allan Kardec. Ele peneiroumuito as comunicações e rejeitoumuitas delas, como se sabe. AllanKardec usou realmente o “olho clínico”com toda a isenção, pois o que lheinteressava, antes de tudo, era asolidez da Doutrina. As mensagens doAlém não tinham para ele o caráter detabu ou de letras sagradas, tantoassim que tratou os Espíritosdesencarnados com necessáriabrandura, mas sem submissãoabsoluta. Procedeu, em tudo por tudo,como um homem de estudos,sinceramente preocupado emprocurar a Verdade, e não como umdevoto que espera as graças do céu.Recusava conscientemente tudoquanto fosse comunicação discrepante,trouxesse o nome que trouxesse. Porisso mesmo, por ter deixado traços tãofortes e indeléveis de equilíbrio elucidez, o exemplo do Codificador bempoderia servir de norma básica, atéhoje, para os que desejam adotar aDoutrina Espírita como diretriz emtodas as circunstâncias da vida.Em que consiste, pois, o padrãonormativo de Kardec? Simplesmentenisto: ser humilde e paciente nointercâmbio com o mundo espiritual,mas nunca transformar esteintercâmbio em idolatria de Espíritosnem de médiuns. É a orientação críticamais condizente com o caráter doEspiritismo.Em todos os ramos do pensamento hádois tipos de crítica, bem diferentes: acrítica demolidora, que se comprazem negar ou destruir sistematicamente,e a crítica esclarecedora, que é uma

necessidade, porque auxilia e provocareflexões construtivas. Claro que omeio espírita comporta perfeitamentea crítica sensata, que esclarece ou fazreparos justos, no lugar próprio. Masinfelizmente, nem todos entendemassim... Porque, afinal, não se podelevantar dúvidas sobre umacomunicação mediúnica? Porque, emsuma, não se pode discordar deste oudaquele ponto no exame demensagens mediúnicas? E não foiassim que procedeu Allan Kardec,tantas vezes? Os Espíritos têm assuas opiniões, como nós temos asnossas,não é verdade? É natural quelá uma vez por outra não estejamos deacordo. e que mal vai nisso? Nenhum.O fato de não aceitarmos tudo quantodizem certas mensagens não querdizer que estejamos querendo negar aboa intenção e o valor do médium...Mas não somos obrigados a concordarcom tudo, passivamente, como se acomunicação mediúnica fosse ummandamento intocável. Se abdicarmosda Razão e desprezarmos o bom-senso, estaremos saindo doverdadeiro espírito da Doutrina, quequer dizer o livre exame, e nãoreverência conventual às entidades doAlém. Os guias espirituais querem odiálogo,não querem nem exigematitudes devocionais.Pois é nestes termos que devemoscolocar o problema crítico à luz daDoutrina Espírita. Discordar de umacomunicação ou não subscrever, porexemplo, as opiniões de uma obramediúnica, sem espírito demolidor,mas por uma questão de consciêncianão significa desrespeito. Seenveredarmos por esse caminho,

NECESSIDADE DA CRÍTICA

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PANORAMA

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achando que nem se deve fazer omais leve comentário para não faltarcom o respeito aos Espíritos, entãoiremos chegar ao ponto extremo dever na crítica uma heresia, palavraque não tem cabimento no vocabulárioespírita. Seriam heréticos todosaqueles que, com a melhor intençãopossível, ousassem divergir dequalquer mensagem ou livro deorigem mediúnica! Ora, o arejamentoda mentalidade atual não combinariacom atitudes tão rígidas e atiquadas.Mas o certo é que, às vezes, háestranheza quando alguém faz críticaao que vem do Alto, neste ou naqueleaspecto, o que, aliás, é umadecorrência da própria abertura daDoutrina Espírita. Há comunicaçõesque apenas repetem idéias ouconselhos já divulgados. E se alguémdisser esta verdade palmar estaráprofanando porventura a palavra doAlto? Claro que não, mas apenasobservando aquilo que o bom-sensoenxerga facilmente. Não é, portanto,uma depreciação.É justo que se dê o valor aos trabalhosrecebidos mediunicamente, pois játemos uma literatura apreciável, umaliteratura que está espelhando luzes econsolo em todas as latitudes. Mastambém é justo que se dê o devido

valor aos trabalhos de elementosainda encarnados, trabalhos quemuitas vezes trazem mensagens,esclarecimento e testemunho deconvicção.Compreendemos bem a avidez, osentimento afetivo com que sãorecebidas muitas mensagens do Além,mas a preferência pelo material quevem do Alto, algumas vezes, semtrazer qualquer tema novo ou semprovocar qualquer indagação maisprofunda, nunca deveria chegar aoexagero de relegar artigos,conferências ou livros de autoriahumana. O critério unilateral contrariafrontalmente o legítimo espírito daDoutrina. Se é verdade que do Altovem muita obra capaz de iluminar eenriquecer o Espírito - também éverdade que aqui mesmo, na Terra, seproduzem livros, que merecem serlidos e meditados. Aí está a grandebibliografia espírita, representando otrabalho humano, fruto do estudo, dameditação e do idealismo sadio. Etudo isto, afinal, não merece apreço ecompreensão, somente porque não foirecebido por via mediúnica? É bomque se medite muito a respeito disto.

FONTE: Amorim, Deolindo e Martins, Celso; “PONTO DEENCONTRO”, ed. Lar/ABC do Interior

Mensagens

“Nos círculos da vida, não oulvides a necessidade do ensinamentogravado em ti mesmo.

EMMANUEL

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JUVENTUDE

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FREQUENTAR CENTRO ESPÍRITA" O que quer dizer um sonho com umente querido desencarnado? Ele medá um recado; por exemplo:freqüentar um Centro Espírita. Comoposso saber se esse sonho éverdadeiro ou se foi apenas fruto deminha imaginação?"Se você quer um conselho, cara leitora,diríamos o seguinte: não fiquepreocupada se o sonho é verdadeiro ounão. Isso não é o fundamental. Aliás, navida, nem sempre é fácil saber se umfato é real ou imaginário - depende doângulo em que nos colocamos. Oimportante é a forma como reagimos aosonho, a maneira como o aplicamos emnossa própria vida. Com certeza, todostemos o bom senso de saber o queconvém e o que não convém para nós,medindo sempre as conseqüênciasdaquilo que fazemos ou que deixamosde fazer. Isso que é fundamental. Veja,portanto, nesse sonho, o que dizrespeito à sua vida, às suasnecessidades. Mas veja com seriedadeo compromisso com seus valores maiselevados, a fim de que você mesma sesinta comprometida com aquilo quepossa ajudá-la, de fato, a viver melhor ea conviver melhor com a sua família ecom o semelhante. É possível que vocêtenha captado o anseio de um entequerido desencarnado, de quererencaminhá-la ao Centro, mas, no fundo,é você quem vai decidir o que é melhor.Em matéria de Espiritismo, o quepodemos lhe dizer, com todasegurança, é que se preocupe emconhecer bem a Doutrina antes de tudo,porque o importante e fundamental nãoé freqüentar o Centro, mas saber porque freqüentar, como freqüentar e para

quê freqüentar o Centro Espírita.

HUMANIDADE CONDENADA" Basta ligar a televisão ou abrir umjornal para que a gente só veja notíciaruim. De um lado, a maldade, acorrupção, a violência; de outro, aindiferença, o individualismo. Pareceque, enquanto alguns agridem ematam, outros sofrem e os outrosnão fazem nada para evitar tudo isso.Se a gente for examinar bem o queJesus ensinou, quantos cristãosverdadeiros vamos encontrar nestemundo? De que valeu o seu sacrifíciopor um mundo que não merece a suacompaixão? Se a gente for levar arisca quem merece e quem nãomerece ir para o céu, quase todomundo vai para o inferno, não émesmo?"Isso aconteceria de verdade, se nãoexistisse a lei da evolução. Se formosanalisar o panorama do mundo pelaótica de uma única vida na Terra, comcerteza, vamos concluir que todosestamos perdidos, que a Humanidadenão tem mais salvação, porque, quandosairmos desta vida, já seremosimediatamente julgados pelo quefizemos ou deixamos de fazer: nãohaverá outra alternativa ou outraoportunidade. No entanto, não é assim.Todos estamos submetidos a um longoprocesso chamado evolução, que nãovai ser concluído apenas depois de umavida ou depois de alguns milênios deCivilização. Há um caminhar constanteda Humanidade, visando ao seuaperfeiçoamento. Deus é paciente. Anatureza caminha sem pressa: dá-se aoUniverso conhecido a idade de 15bilhões de anos. Se existe pressa, a

O JOVEM E SEUS PROBLEMAS

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JUVENTUDE

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pressa é nossa, que queremos que tudose transforme de um dia para outro,como num passe de mágica. Assim,prezado leitor, gostaríamos que todas aspessoas fossem boas, que todostivéssemos bons sentimentos, que jásoubéssemos agir com respeito esolidariedade, com amor e dedicaçãouns pelos outros. Mas isso é exigir oabsurdo, é querer demais para umahumanidade tão jovem neste planeta,que ainda ensaia seus primeiros passospara a regeneração. Se a Terra tem 4bilhões de anos - como afirma hoje aastrofísica - o homem, na verdade, nãotem mais que 100 mil, a civilização cercade 10 mil anos, considerando as nossasreencarnações no planeta, desde osurgimento do "Homo Sapiens". QuandoJesus recomenda "sede perfeitos", eleestá se referindo a essa nossacapacidade de auto-aperfeiçoamentoao longo do tempo, que depende de nóse que precisamos impulsionar pelopróprio esforço para chegarmos maisdepressa à meta. Mas isso dentro dasleis da natureza, onde nada setransforma de um momento para outro,onde as mudanças exigem trabalho esacrifício. Assim, o homem daatualidade - com todos os defeitos queainda traz consigo - é fruto de um curtoperíodo evolutivo, através do qual vemtentando aprender a viver e a convivermelhor, mas não o suficiente para quehoje tenhamos um mundo de paz eamor, como quer Jesus. Se realmentehouvesse céu e inferno, como pregamas religiões, estaríamos todos perdidos,porque, com certeza, não fizemos osuficiente para merecermos um futurode felicidade eterna. Deus não seria tãoinjusto e parcial a ponto de proteger

alguns só porque adotaram essa ouaquela religião, ou levantaram altarespara glorificá-lo, mas faria umjulgamento sério e perfeito de todos,independente da crença que adotam.No entanto, sabemos que não é assim.Estamos todos aprendendo na escolada vida, de encarnação em encarnação- como as séries de um curso - para quepossamos construir um mundo melhor,onde seremos no futuro melhores quehoje. O nosso esforço individual emcultivar o bem e propagarmos a verdadeserá muito importante nessa grandeobra de aperfeiçoamento humano, queJesus pede a todos nós. Daíentendermos que não foi em vão osacrifício de Jesus pela humanidade.Encarnando na Terra, como um EspíritoSuperior, ele veio com a maisimportante e sublime missão: a deproclamar valores espirituais capazesde regenerar o homem, de tirá-lo doestreito mundo do egoísmo e domaterialismo para abrir-lhe uma visãonova de fraternidade e paz. O que Jesusfez foi o mais extremado ato de amor,como um pai ou uma mãe faz pelo filho,sabendo que a sua palavra não seriaem vão, que os seus ensinosproduziriam frutos no futuro. E o queprecisamos entender é que Jesus nãoveio para nos proporcionar umasalvação fácil e egoísta, mas para nosensinar a conviver melhor, porque a lutapela nossa reabilitação e pela nossafelicidade futura depende de nósmesmos, como indivíduos e comocoletividade. Como mestre, seriaabsurdo pensar que Jesus perderia seutempo ensinando a prática do amor edando exemplo de amor, se isso nãofosse fundamental para todos nós.

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EDUCAÇÃO

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Os pais, provavelmente, farão a grandeviagem antes dos filhos. É necesssáriotorná-los independentes, integrados àsociedade, preparados para continuarem asua caminhada com tranquilidade.O egoísmo faz com que muitos paisestimulem a submissão nos filhos, aincapacidade de resolverem os seusproblemas sozinhos. Algumas vezes, ospais lutam para conseguiram aindependência dos filhos, mas váriosproblemas, reencanatórios, inclusive,impedem que as crianças e jovensconsigam o seu desenvolvimento pleno.Os pais precisam permanecer atentos,para identificarem os processos dedesequilíbrio nos filhos, auxiliando-os comos recursos da “horizontal” e da “vertical”,para libertá-los dos problemas. Nãodispensamos o tratamento médico,psiquiátrico, psicológico, pedagógico e,sobretudo, o espiritual, para que o indivíduoconsiga a expressão necessária aodesenvolvimento das suas potencialidades.Para ilustrar melhor o que escrevemos,vamos relembrar histórias reais deindivíduos que estão com váriasdificuldades na possibilidade da conquistada paz interior.

MônicaA menina foi rejeitada pela mãe que jápossuía dois filhos e não queria maisnenhum. A Ciência Oficial prova queMônica sentiu no útero a não-aceitação desua mãe e a indiferença de seu pai.Nasceu muito miúda e chorona. A mãecontratou uma babá e entregou a meninapara a estranha. A moça realizava toda astarefas com propriedade, mas sem amor.O bebê estava sempre impecável,limpo, bem-vestido, bem-alimentado;tecnicamente falando, a babá era ótima;faltava, porém, o principal: AMORAos cinco anos, Mônica era uma menina

antipática, melancólica e indiferente paracom todos. Foi para a escola, onde logocriou antipatia em relação à sua pessoa.Não conseguia fazer amigos, nãoconseguia ficar interessada nos desenhose brincadeiras que encantavam as outrascrianças.A mãe demonstrava, claramente, queamava os dois meninos, mas nãosuportava Mônica. O pai agia da mesmaforma. Mônica começou a afastar-se davida. Continuou desinteressada pelaslições e pelos colegas.Na adolescência continuou isolada edifícil; queria fazer amigos, mas nãoconseguia. Desejava melhorar na escolae parecia impossível. Considerava-seincapaz, desagradável, indesejável;transformou-se em uma mocinhainsuportável.Aos dezoito anos, encontrou umaprofessora bondosa que a orientou paracomparecer a uma Casa Espiritualista.Por sorte, encontrou uma Casa na qualalguns indivíduos especiais estavamaprendendo a entender Jesus. Perceberampor trás da antipatia de Mônica anecessidade de ser amada. A jovem foiorientada a passar por um tratamentoespiritual. Encontrou alguns jovens queaceitaram, embora com reservas.Começou a participar de um grupo e, pelaprimeira vez, sentiu-se uma no meio deum grupo que a amparava. Iniciou-se,também, uma terapia com uma psicólogae uma mudança começou a ocorrerlentamente. Mônica melhorou muito, masainda traz as seqüelas do desamor queenfrentou na infância e juventude. Umamágoa a afasta da família que não a amouou compreendeu. Com dificuldades, estáreconstituindo a auto-imagem positiva e acerteza de que todos somos especiais,dignos de amor e de respeito. Conseguiualguns amigos; tem medo de amar e ser

AS CRIANÇAS SÃO O FUTUROHeloísa Pires

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EDUCAÇÃO

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rejeitada. Por causa da família, Mônica vaienfrentar problemas dispensáveis, queteriam sido evitados, se os pais,quevieram preparados para a vitória,auxiliassem Mônica em suasnecessidades básicas: amar e seramada, ser respeitada, para conseguir seexpressar no respeito ao próximo. Umaencarnação que se tornou difícil, porcausa do egoísmo do grupo familiar.Mônica luta para resolver seus conflitos,suas inseguranças. Como a vida seriamais fácil se entendêssemos que “énecessário fazer aos outros o quedesejamos que os outros nos façam...”Apenas isso: tratar os nossos filhos com orespeito e amor que desejamos paranós...

MuriloAinda no útero materno, Murilo começou asentir a rejeição da mãe. Ela não oaceitava de maneira alguma; egoísta,achava que ele viera atrapalhar;deformara o seu corpo e pertubava o seusucesso profissional. A revolta crioudificuldades para o feto, e os problemasaumentaram: desejava abortar e só nãotentou de forma mais eficiente com medode complicações físicas. Mas inúmerasvezes expulsou Murilo pelo pensamento.Ordenava a ele que saísse do seu corpo,e ele retrucava, telepaticamente, que nãosairiaFoi uma guerra mental. Sete meses sepassaram, e o feto não resistiu às agressõesda mãe e nasceu. Os problemascontinuaram. A mãe continuava criança

mimada, incapaz de doar amor ededicação ao seu pequeno rebento.Tentou empurrar Murilo para as avós, maselas não aceitaram. O pai foi embora pornão suportar o egoísmo e as agressõesdaquela mulher estranha, e Murilo ficousó.O seu desenvolvimento foi realizado emcreches, nas quais, infelizmente, nãoconseguia aceitar o amor que lhe eraoferecido, pois estava muito magoadocom o desamor que o deixara doente.Repetiu vários anos escolares, que aindamais enfurecia a mãe; esta ainda não eracapaz de amar e dizia em alto e bom somque filhos só servem para dar trabalho.Aos doze anos, Murilo iniciou a suadependência com drogas; aos dezoito foiinternado em uma clínica especializada, e,assim, começou a procurar a cura. A lutacontinuou, com períodos de internação eoutros fora do hospital. Agora, iniciou,também, o tratamento espiritual. A mãecontinua mergulhada nela mesma,incapaz de amar. É a nossa Mônica daoutra historinha.Vibremos para que Murilo, que foi comodiz “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”,preparado para a vitória, consiga atingi-la;que Mônica entenda a importância damaternidade. E o pai? Ele vai ser o própriojuiz, quando amadurecer mais.Quantos problemas poderiam serevitados, através de atitudes maduras erealmente civilizadas...

FONTE: Pires, Heloísa, “EDUCAR PARA SER FELIZ”, EdCamille Flamarion.

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Rosana Maria T. Lara, desencarnada em acidenteaviatório de grandes proporções nas imediações deFortaleza, CE.

“Mãezinha, quando tomamos o avião paraFortaleza efetivamente nem de leve imagineipudéssemos ser protagonistas do acontecimentoque não sei qualificar.Compreendendo que as Leis de Deus são exatase se cumprem com segurança; por isso, não desejografar uma carta alarmista, em que o pânico sejachamado a senhorear o ânimo dos que a lerem.Renato e eu trocávamos idéias pela noite adentro,enquanto o nosso Affonso e o nosso Júliodescansavam. Se estivéssemos numa paisagemde guerra, não seríamos tomados de tamanhoassombro. O primeiro estampido no choque damáquina com o corpo da serra me pareceu o gritolancinante de alguém anunciando-nos a morte.Renato abraçou-se a mim evidentemente com aidéia de proteger-me contra qualquereventualidade, no entanto, esse gesto deleperdurou por um instante só. Outros brados doavião se fizeram seguidos por uma dispersão detudo o que éramos nós e de toda a bagagem demão que havíamos acomodados no interior. Tive aidéia de que a velocidade do avião era tamanhaque o contato indescritível do aparelho com adureza da terra imprimia um estranho movimento anós todos e a tudo o que nos cercava. Explico-meassim porque a ligeireza daquele engenho enormepassou a comandar-nos, atirando-nos à distância enada mais vi senão a queda ao longe, na qual mesenti esfalecelar, a princípio, para depoisreconstituir-me.Ouvia vozes de criaturasbeneméritas a pedir-nos calma e fé na DivinaProvidência e sem que me fosse possível retirar umdedo sob o controle de minha própria vontade, fuideposta em maca tipo bangüê no interior da qualentrei num sono longo, do qual despertei numaposento-enfermaria de grandes proporções. Aslágrimas haviam desaparecido de meus olhos, epor mais as procurasse para exprimir o sofrimentoque me chegava à sensibilidade, apósconscientizar-me, não as encontrei. Tinha a cabeçapesada e ocupada por visões estranhas e naquelemal-estar indefinível que me possuiu, seriaimpossível para mim coordenar idéias ou palavrascom as quais pudesse me dirigir às enfermeiras quedeslizavam ali em silêncio. Tive medo. Quis gemer, no

entanto, a minha voz morrera na garganta. Indagavade mim própria o que teria ocorrido, mas não dispunhade meios para qualquer manifestação. Aquelas santasmulheres que iam e vinham perceberam que o medome ocupara todos os espaços da própria alma e aospoucos, me ensinaram de novo a balbuciar palavras.Perguntei por meus pais, pela mãe Ivonete e pelosnossos entes amados do coração. Eram os primeirosvocábulos que me escapavam da boca e fuiinformada de que voltáramos todos, os queviajávamos na máquina gigante, à Vida Espiritual.Esforcei-me. Ganhei novas energias e indaguei doRenato. Vim a saber que ele, Affonso e Júlio seencontravam em um local diferente. Sofri o que o seumaternal coração e a querida Mãe Ivonete podemimaginar até que, depois de providências sobreprovidências, fui transportada para perto dos amigos edo meu irmão, a fim de vê-los. A cena que sedesenrolou não pode ser descrita, por falta determinologia que nos corresponda ao espanto. Amuitocusto levantei-me, necessitando de alguém que meescorasse e as queridas Mãezinhas aqui presentesconseguirão imaginar o sofrimento sem limites queme tomou o coração. Em horas semelhantes apenasa confiança em Deus me renovava as energias paraouvir o que me contavam... Não procurei estenderminha visita. O receio de contubar-me me empolgavaa cabeça. Impossível associar idéias e traçar novosrumos, quando estávamos abatidos, sem cousaalguma por preservar ou defender que não fosse asnossas almas transidas de dor. Um amigo nos exortouà paciência de profundidade, convidando-nos apensar e com esse estímulo, foi possível iniciar anossa conversa. O Affonso e o Júlio falavam em Dulcee Maria do Carmo, enquanto o Renato me tomava asmãos. Então, como se as nossas formas últimas seentrelaçassem, conseguimos chorar, qual se o prantofosse um poder capaz de aliviar-nos os corações. Nãomais nos achávamos nas cercanias da Aratanha,porque o refúgio a que fôramos conduzidos era umlugar ameno, adequado a se pensar na importânciada calma após a tempestade. Saber-nos no corporeal, de que o corpo físico é apenas uma imperfeitaexteriorização, espantou-nos, de vez que, em nossoentendimento, conservávamos-nos tais quais éramos.Não nos sentíamos leves porque a dor nos pesavaem todo o Ser, entretanto, com os dias a tensãoemocional de que nos víamos possuídos cedeu lugara uma serenidade que atribuo à influência das precesde muitos amigos em nosso novo ambiente.”

(Extraído de “ANTE O FUTURO”, F. C. Xavier e Rubens Germinlesi, IDEAL)

(DEPOIMENTOS ESPIRITUAIS)

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Eram oito horas da manhã de um

sábado de maio. Chico levantava-se

apressado. Dormira demais. Trabalhara

muito na véspera, psicografando uma

obra erudita de Emmanuel. Não

esperara a charrete. Fora mesmo a pé

para o escritório da Fazenda. Não

andava, voava, tão velozmente

caminhava. Ao passar defronte à casa

de D. Alice, esta o chama:

- Chico, estou esperando-o desde às

seis horas. Desejo-lhe uma explicação.

- Estou muito atrasado, D. Alice. Logo na

hora do almoço, lhe atenderei.

D. Alice fica triste e olha o irmão, que

retomara os passos ligeiros a caminho

do serviço. Um pouco adiante,

Emmanuel lhe diz:

- Volte, Chico, atende à irmã Alice.

Gastará apenas cinco minutos, que não

irão prejudicá-lo.

Chico volta e atende.

- Sabia que você voltava, conheço seu

coração.

E pede-lhe explicação como tomar

determinado remédio homeopático que

o caroável Dr. Bezerra de Menezes lhe

receitara, por intermédio do abnegado

Médium. Atendida, toda se alegra. E

despedindo-se:

- Obrigada, Chico. Deus lhe pague! Vá

com Deus!

Chico parte apressado. Quer recobrar os

minutos perdidos.

Quando andara uns cem metros,

Emmanuel sempre amoroso, lhe pede:

- Pare um pouco, olhe para trás e veja o

que está saindo dos lábios de D. Alice e

caminhando para você.

Chico olha: uma massa branca de

fluidos luminosos sai da boca da irmã

atendida e encaminha-se para ele e

entra-lhe no corpo...

- Viu, Chico, o resultado que obtemos

quando somos serviçais, quando

possibilitamos a alegria cristã aos

nossos irmãos?

E concluiu:

- Imagine se, ao invés de VÁ COM

DEUS, dissesse, magoada, “vá com o

diabo”. Dos seus lábios estariam saindo

coisas diferentes, como cinzas, ciscos,

algo pior...

E Chico, andando agora naturalmente,

sem receio de perder o dia, sorri

satisfeito com a lição recebida

entendendo em tudo e por tudo o

SERVIÇO DO SENHOR, refletido nos

menores gestos, com os nomes de

Gentileza, Tolerância, Doçura, Amor.

Chico e Emmanuel (O Aprendiz e o Mestre)

(Extraído de “LINDOS CASOS DE CHICO XAVIER”, de Ramiro Gama, ed. LAKE)

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