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Capa

eIA daProjeto criado para sepultar a Lei de Imprensa da ditadura vai a plenário

por Luiz Antonio Macie l

O projeto da nova Lei de Imprensa aprovad opela Comissão de Constituição e Justiça d aCâmara dos Deputados em agosto, com base

no texto do relator, deputado Vilmar Rocha (PFL/GO), e que deverá ser submetido a votação em ple-nário, não agradou a gregos nem a troianos . E muitomenos a jornalistas, empresas de comunicação e par -lamentares das mais variadas tendências . Todos apre-sentam justificativas jurídicas, éticas, morais, eco-nômicas e até pessoais para discordar de um ou maisaspectos do projeto, que não apresenta avanços sig-nificativos em relação à lei atual, um dos último sentulhos autoritários ainda em vigor impostos pel oregime militar à sociedade brasileira .

A revogação da Lei n° 5 .250, de 9 de fevereir ode 1967, e sua substituição pelo texto em tramita-ção na Câmara não significa o fim das restrições àliberdade de imprensa no país . Ao contrário . Emmanifesto à nação divulgado no início de outubr opelos veículos de comunicação de massa em todo opaís, as entidades representativas de jornais, revis-tas, emissoras de rádio e televisão e a Associaçã oBrasileira de Imprensa denunciaram o projeto com oa "maior ameaça que a livre circulação de idéias einformação sofre desde o regime militar" .

Esse alerta tem sua razão de ser. Os cerca de 2 8mil jornalistas que exercem a profissão em todo opaís e também os 108 jornais diários, as 800 revis-tas, as 2 .290 emissoras de rádio e as 247 emissora sde televisão filiadas àquelas entidades estão sujei -tos a cunicões múltiplas, caso o projeto sela anro -

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discórdiada Câmara sob o ataque de jornalistas e empresários de comunicações

vado pelo Congresso Nacional .Os repórteres, redatores, editores, colunistas, co-

laboradores e diretores poderão ser condenados pel ajustiça, cumulativamente, a pagar indenizações e mvalores a serem definidos pelos juízes de cada ação ,a prestar serviços à comunidade e a pagar multa sque variam de 1 .000 a 100 mil reais . Em caso dedescumprimento injustificado da pena de prestaçãode serviços, receberão tratamento que o direito mo-derno, em todo o mundo, só reserva a réus que re-presentem efetivo perigo à sociedade : a prisão .

As empresas, por sua vez, terão de cumprir ra-pidamente o "direito de resposta proporcional a oagravo" exigido pelo ofendido . Além disso, pode-rão ser condenadas, junto com os jornalistas, a pa-gar indenização a ser definida pelo juiz em açãocivil . Uma vez punidos, os veículos de comunica-

ção terão o dever, definido no projeto, de noticiara condenação com destaque .

Tramitação longaAinda há um longo caminho a percorrer antes

que qualquer proposta se transforme em lei . Hámuitas divergências no Congresso em relação ao con-teúdo dos vários substitutivos já aprovados nas co -missões tanto do Senado como da Câmara dos De-putados, desde que o senador Josaphat Marinho(PFL/BA) apresentou o projeto original no Senado ,há seis anos . Além disso, diversos setores da socie-dade estão exercendo pressões contra aspectos po-lêmicos dessas propostas .

No início de setembro, o assunto estava pronto ,em termos regimentais, para entrar na pauta de vo-tação na Câmara. A intenção inicial, tanto do presi -

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As propostas de Vilmar Roch aCensura

É proibida a apreensão de publicações e a suspensão de trans-missões de rádio e televisão . Porém, o substitutivo abre u mprecedente para casos de leis especiais e de publicações o utransmissões anônimas ou clandestinas, como as das rádio scomunitárias . Atualmente só existe uma "lei especial" qu epermite a apreensão, o Estatuto do Menor e do Adolescente . AAssociação Nacional de Jornais está contestando na Justiç aesse aspecto do estatuto .

Crime sConstituem crimes de Imprensa : calúnia, difamação e injúri acontra pessoa viva ou morta ; divulgação de matéria inverídi-ca, capaz de abalar o conceito ou o crédito de pessoa jurídica ;e violação da intimidade ou da vida privada de alguém .

Indenizaçã oAs pessoas e empresas atingidas por publicação ou trans-missão podem requerer Indenização por dano material e mo-ral ou por prejuízos à sua imagem . Os ofendidos deverão es-pecificar na petição inicial vários critérios, que servirão com oparâmetro para o juiz fixar o valor da Indenização : culpa o udolo, primariedade ou reincidência específica e capacidad efinanceira do ofensor, respeitada sua solvabilidade ; área d ecobertura primária do veículo e sua circulação ou audiência ;e extensão do prejuízo à Imagem do ofendido, considerand osua situação profissional, econômica e social .Esse ponto é um dos mais polémicos do substitutivo VilmarRocha . Alguns setores propõem que já na petição inicial oofendido defina o valor a ser indenizado. Outros defendem anecessidade de estabelecimento de um teto máximo que nã oameace a sobrevivência das empresas . Há ainda aqueles qu esão contra a fixação de limites, por considerarem que as gran -des empresas poderiam comodamente pagar o teto para te -rem o direito de dizer o que quiserem . E argumentam que areferência deve ser o prejuízo sofrido e não quanto o ofenso rpode pagar sem problemas .

Responsabilidade civi lSão civilmente responsáveis pelas ofensas, e sujeitos a pa -gar Indenização ao ofendido, os seguintes envolvidos : a em -presa de comunicação; o autor de matéria assinada ; o edito rda área, em caso de matérias não assinadas ; o autor da ofen-sa identificado pela voz ou pela imagem (em emissoras d erádio ou televisão), desde que tenha função jornalística . Asempresas responderão sempre solidariamente ao autor d aofensa, desde que este tenha vínculo empregatício ou em cas ode delitos cometidos por pessoas inidôneas em entrevistasou artigos assinados. Pessoas idôneas sem vínculos com aempresa responderão sozinhas pelas ofensas feitas em ma-térias pagas, textos e artigos assinados .

Pena de prisãoAs penas de prestação de serviços à comunidade poderão se rconvertidas em detenção se o jornalista não justificar as ra-zões por que não cumpriu a punição. Nesse caso, ficará pre -so pelo resto do período previsto na sentença de condena-ção, observado um mínimo de 30 dias .

dente da casa, deputado Michel Temer (PMDB/SP) ,como do relator da Comissão de Constituição e Jus-tiça, deputado Vilmar Rocha, era votar o substituti-vo ainda naquele mês. O que não ocorreu . Diantedas criticas surgidas, Temer, antes de colocar o pro-jeto em votação, passou a considerar a necessidad ede mais negociações e discussões, para o aprimora -mento de pontos que preocupam os profissionais eas empresas de comunicação . "Ainda teremos um alonga tramitação", disse o presidente da Câmara,no início de outubro . O primeiro passo seria a con-vocação de uma reunião de líderes dos partidos paradiscutir o assunto . Mas até o final daquele mês adata ainda não havia sido marcada .

Começando do zeroEmbora o substitutivo de Vilmar Rocha seja o

mais cotado para aprovação, por ser considerado omais consistente, os deputados podem optar po rqualquer um dos demais projetos : o original, do se-nador Josaphat Marinho ; o substitutivo, do senadorJosé Fogaça (PMDB/RS), aprovado pelo Senado eencaminhado à Câmara ; ou o texto da Comissão deCiência, Tecnologia, Informática e Comunicação,que reintroduziu a pena de prisão para jornalistas .O mais recente complicador é o projeto de lei d osenador Roberto Requião (PMDB/PR) regulamen-tando o direito de resposta, aprovado em 15 de se-tembro, em votação simbólica, com apenas doi svotos contrários, os dos senadores Josaphat Mari-nho e José Fogaça (leia quadro na página 25) .

O deputado federal pelo PDT/RJ e jornalista Mir oTeixeira (leia entrevista na página 29) pretende pro -por em plenário a revogação da Lei de Imprensa e arealização de audiência pública, quando o assunt ofor incluído na pauta . Ele defende a tese de que o spaíses desenvolvidos não têm leis específicas par aa imprensa e no Brasil os crimes contra a honra (ca-lúnia, difamação e injúria), cometidos por veículo sde comunicação, podem ser punidos com base noCódigo Penal . "No plenário, a discussão vai come-çar do zero", explicou o deputado .

O debate promete ser quente . Nas reuniões d aComissão de Constituição e Justiça da Câmara, MiroTeixeira até desistiu de sugerir a revogação da Le ide Imprensa, diante do radicalismo das posições .De um lado, os defensores de uma lei draconiana .De outro, os que propõem uma lei branda, com li -mites às indenizações e multas, e total eliminaçã odas penas de prisão . No plenário da Câmara, essecenário deve se repetir.

Unidos na divergênciaFora dos limites do Congresso, a discussão mo-

biliza tanto os jornalistas como as empresas de co-municação, principalmente as pequenas e médias ,temerosas de se tornar economicamente inviávei s

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se tiverem de pagar indenizações sem limites .A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e

a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), juntas ,pretendem defender, em audiência pública no Con-gresso, várias alterações no substitutivo de VilmarRocha, embora mantenham posições divergentes e mrelação à necessidade de uma Lei de Imprensa . AABI, ao contrário da Fenaj, rejeita uma lei específi-ca e defende o enquadramento dos crimes e abuso sda imprensa nos códigos Civil e Penal . Em comum ,ambas defendem o fim de multas e indenizações ele-vadas para jornalistas, da possibilidade de prisão d eprofissionais e da apreensão de publicações . Vãopropor a definição de critérios para o cálculo de in-denizações pelos juízes, eliminando o risco de fa-lência dos veículos de comunicação em caso de pro-cessos com base na Lei de Imprensa. Também que -rem que a fonte passe a ser co-responsável pela di-vulgação de informações inveridicas .

O Jornal do Brasil defendeu, em editorial, o fimda Lei de Imprensa : "O recurso a leis especiais paraa imprensa, cujo fundamento é a liberdade de infor-mação e opinião, encerra contradição fatal : restri-ções à coleta e publicação de informações ou o cer-ceamento do direito de crítica, fora dos termos qu eestão no Código Civil e no Código Penal, são in-compatíveis com o que diz a Constituição e, portan-to, insustentáveis ."

Serviço, em vez de prisãoA maior dificuldade para aprovar o fim da Lei

de Imprensa está no fato de que praticamente a tota-lidade dos jornalistas e das empresas de comunica

- são contra o enquadramento dos delitos de im-prensa no Código Penal, porque este prevê penas dedetenção para os crimes contra a honra (calúnia, di-famação e injúria) . A não ser que o código seja alte-rado e todas as penas, inclusive as de calúnia, trans -formadas em prestação de serviços à comunidade .A menor pena, de 1 mês, é aplicável aos crimes d einjúria ; e a maior, de 2 anos, aos de calúnia . O cri -me de injúria consiste em ofender a dignidade ou odecoro de alguém ; o de calúnia, em atribuir falsa-mente a alguém fato criminoso ; e o de difamação ,em atribuir a alguém fato ofensivo à sua reputação .

No dia 3 de outubro, a Fenaj e 30 sindicatos d ejornalistas filiados à entidade divulgaram documen-to em que apontam como pontos positivos do subs-titutivo de Vilmar Rocha a revogação da Lei de Im-prensa do período do regime militar, a agilização d odireito de resposta, assegurando a rápida reparaçãodos danos causados pelos meios de comunicação so-cial, e a substituição da pena de prisão do jornalistapela de prestação de serviços à comunidade .

No entanto, diz a nota, "a ausência de critéri oobjetivo para o cálculo das indenizações para da-nos morais pode levar ao fomento de uma verda -

Multa sAlém de ter de prestar serviços à comunidade, os conde -nados em ações penais terão de pagar multas que varia mde 1 .000 a 50 mil reais . No entanto, o juiz poderá dobrar ovalor da multa máxima, em cada caso, se considerar qu eela será ineficaz "diante do poder econômico do réu" . Apena mínima de multa poderá ser reduzida em até dois ter-ços se puder causar "privações de caráter alimentar" a ocondenado e à sua família.

Responsabilidade penalEstão sujeitos à condenação penal : o autor de matéria as-sinada (ainda que com pseudônimo, nome artístico ou d efantasia) ou transmitida por rádio ou televisão quando olocutor ou apresentador tenha função jornalística e poss aser reconhecido pela voz ou imagem ; o editor-chefe ou oeditor de área, em caso de matérias não assinadas ; e odiretor-geral de programação de rádio e televisão quand oo nome de um jornalista ou radialista responsável não cons -tar da abertura ou encerramento da transmissão .A punição, em ação penal, só não será cumprida se houve rretratação do ofensor, acompanhada da publicação da res-posta do ofendido, desde que este a aceite e o juiz a jul-gue suficiente . Entretanto, se a sentença condenatória j áhouver transitado em julgado, eventual acordo entre o ré ue o autor da ação não terá valor.

PrazosTanto as ações civis como as penais deverão ser propos-tas no prazo máximo de seis meses, a partir da data d epublicação da ofensa . A queixa deverá ser formalizada pel oofendido ou por seu representante legal, em caso de inca-paz . Quando o crime for cometido contra morto, a açã odeverá ser movida pelo cônjuge ou por ascendente, des-cendente ou colateral . 0 prazo de prescrição da ação é d equatro anos a partir da ofensa .

Prova da verdade0 substitutivo Vilmar Rocha permite que o autor de maté-ria ou artigo prove a correção das suas denúncias contr aautoridades públicas . Nesse aspecto, representa uma evo-lução em relação à atual Lei de Imprensa, que não admitea prova da verdade contra os presidentes da República,do Senado e da Cãmara, ministros do Supremo Tribuna lFederal, chefes de Estado ou de governo estrangeiros erepresentantes diplomáticos estrangeiros .

!Ar!a!Ika' de resã:#osta0 pedido de resposta poderá ser feito pelo ofendido dire-tamente ao veículo de comunicação, que deverá divulgá -la no máximo em três dias, em caso de publicação ou pro -grama diário, e na edição ou programa seguinte, quando aperiodicidade for maior. Em caso de recusa de publicaçã oda resposta, o ofendido poderá recorrer à Justiça no má-ximo em 30 dias, e o juiz terá prazo de seis dias para to-mar uma decisão.

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deira indústria de indenizações, ameaçando a so-brevivência das empresas e a própria liberdade d eimprensa" . Também considera um absurdo a soli-dariedade do jornalista na indenização por dan omoral e a fixação de multas de até 100 mil reais ,em comparação com a média de salário de ingres-so na profissão, de 650 reais . A manutenção des-ses critérios, segundo a Fenaj, poderá levar os jor-nalistas à autocensura . E conclui : "As entidade sprofissionais confiam na possibilidade do diálogoe da negociação na luta por uma legislação de im-prensa que, sem ressentimentos ou retaliação, as -segure a mais ampla liberdade de expressão e ma-nifestação, fixando com equilíbrio e justiça as res-ponsabilidades dos jornalistas e das empresas d ecomunicação" .

Liberdade ameaçadaNo dia 5 de outubro, a Associação Nacional d e

Jornais (ANJ), a Associação Nacional de Editore sde Revistas (Aner), a Associação Brasileira deEmissoras de Rádio e Televisão (Abert) e a Asso-ciação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgaram ou -tro documento, mais contundente, com o títul o"Manifesto à Nação - Ameaça à Liberdade de Im-prensa" .

Essas entidades denunciam que "o projeto, seaprovado como está, cerceará a liberdade de im-prensa e intimidará os veículos de comunicaçã ona sua missão de manter o Brasil informado" . As -sim como a Fenaj, as entidades alertam para o pe-rigo da indústria da indenização, do fechament ode empresas jornalísticas e da volta à autocensur a

As leis e as penasTipo de crime

Substitutivo

Vilmar

Rocha Código

Penal Lei de Imprensa atua l

Calúnia

Prestação de serviços àcomunidade* por 6 meses1 ano, e multa de R$ 2 mi lR$ 50 mil**

aa

Detenção de 6 meses a2 anos, e multa

Detenção de 6 meses a 3anos, e multa de 1 a 20salários-mínimos da região

Difamação

Prestação de serviços àcomunidade* por 2 a 1 0meses, e multa de R$ 2 mi la R$ 50 mil**

Detenção de 3 meses a1 ano, e multa

Detenção de 3 a 18 meses, emulta de 2 a 10 salários -mínimos da região

Injúria

Prestação de serviços àcomunidade* por 30 dia sa 6 meses, e multa de R$ 1mil a R$ 25 mil**

Detenção de 1 a 6meses ou multa

Detenção de 1 mês a 1 anoou multa de 1 a 10 salários-mínimos da região

Calúnia, difamação e

Prestação de serviços àinjúria contra memória

comunidade* por 30 dia sde pessoa morta

a 1 ano, e multa de R$ 2mil a R$ 50 mil**

Detenção de 6 mese sa 2 anos, e multa (sópara crimes de calúnia)

Aplicam-se as mesmas penasde detenção e multas acimarelacionadas

Divulgar matéria

Prestação de serviços àinveridica, capaz de

comunidade* por 2 mese sabalar o conceito ou o

a 1 ano, e multa de R$ 2crédito de pessoa

mil a R$ 50 mil* *jurídica

Detenção de 1 a 6 meses, emulta de 5 a 10 salários -mínimos da região, em casode dolo ; e detenção de 1 a 3meses ou multa de 1 a 1 0salários-mínimos da regiãoem caso de crime culpos o

Violar intimidade ou

Prestação de serviços àa vida privada de

comunidade* por 30 dia salguém

a 6 meses, e multa de R$ 1mil a R$ 25 mil* *

Distribuir por agência

Prestação de serviços àde notícia, matéria

comunidade* por 30 dia sque constitua crime

a 6 meses, e multa de R$ 1previsto na Lei de

mil a R$ 25 mil* *Imprensa

Obs. :

Esta

tabela

sd

compara

os

crimes

incluídos

no

substitutivo

V1/mar

Rocha;'Em caso

de

não cumprimento,

a punirão se transforma em pena

de prisão .a Lei

Ade

imprensa

em

rigor contém

outros

crimes típicos

do

período

da

ditadura.multa poderh

dobrar se a

sanção

mãxima

resultar

ineficaz

diante do

poder económico

do

reu

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nas redações . O manifesto diz ainda : "Ao permiti ra apreensão de jornais e revistas, o projeto retir ado leitor o direito de ser informado pelo veículoque escolheu . Trata-se de uma das mais violentas eprimitivas penalidades contra a liberdade de expres-são em todo o mundo" . O documento ressalta queos órgãos de comunicação estão dispostos a discu-tir propostas que resguardem os direitos de priva -cidade, de resposta e de imagem, mas "ressalva mque a defesa desses direitos não pode ser pretextopara que, por meios indiretos, se cerceie definiti-vamente a capacidade de a imprensa exercer seudireito de buscar e expor a verdade" .

Decálogo de devere sNo processo de discussão do substitutivo de Vil -

mar Rocha, certamente ocorrerão mudanças no tex-to, que contém uma série de dispositivos desneces-sários ou estranhos ao objetivo da lei . O capítulo2, "Dos deveres dos meios de comunicação", po rexemplo, impõe um decálogo com proposições ób -vias, irrelevantes ou já existentes em outras leis ,como "defender o interesse público e a ordem de-mocrática", "observar os meios éticos na obtençã oda informação", "não fazer referências discrimi-natórias sobre raça, religião, sexo, preferências se-xuais, doenças mentais, convicções políticas e con -dição social", "não identificar as vítimas de abu-sos sexuais e as crianças e os adolescentes infrato-res" . Uma delas - "assegurar o direito de respos-ta" -, além de ser um preceito constitucional, éuma imposição da própria lei, que dedica um capí-tulo inteiro, o sétimo, à questão . Esse dever prati-camente se confunde com outro - "retificar as in -formações quando prestadas com inexatidão" .

Algumas proposições enveredam pela seara da snormas de redação, desnecessárias para publicaçõe sque procuram praticar um jornalismo ético e mo-derno . E o caso do artigo 27 : "Na produção e vei-culação de material jornalístico, os veículos de co-municação social observarão, em matéria contro-versa, a pluralidade de versões, ouvindo as parte senvolvidas em polêmica, sobre os fatos da atuali-dade e de interesse público, citando os casos emque houver recusa da parte" . O parágrafo únic odesse artigo com certeza dará muita dor de cabeç aa editores, pela possibilidade de recursos com bas eno direito de resposta : "A parte que tiver relevanteenvolvimento em fatos noticiados e se sentir pre-judicada com a omissão poderá requerer ao veícu-lo o imediato registro da sua posição" .

O substitutivo também determina que "assisteao profissional o direito de assinar, individual o ucoletivamente, as matérias que tenha produzido" .Isso significa uma interferência em critérios edi-toriais das publicações . Em algumas, a assinaturaé um prêmio, para valorizar as melhores matérias .Em dois parágrafos distintos, o substitutivo repet ea mesma ressalva : "Excepcionalmente e a seu cri-tério, pode o profissional não exercer o direito deassinatura, cabendo-lhe recusá-la quando entende rque a matéria sofreu modificação essencial no pro -cesso de edição, sem que a recusa possa acarreta rqualquer tipo de sanção por parte da empresa". Osjornalistas, entretanto, sabem que esse tipo de re-cusa, na prática, pode significar sanções e veto sfuturos, e que o pecado venial ou mortal de come-ter matérias distorcidas nem sempre ocorre na fas ede edição . Muitas vezes, trata-se de um pecad ooriginal . Da pauta. Em geral por encomenda.

X

Resposta atravessadaProjeto Requião ajuda, mas

também tem problemas

O projeto de lei do senador Ro-

berto Requião (PMDB/PR) regula-mentando o direito de resposta te mpelo menos dois pontos polêmicos :não revoga expressamente a Lei d eImprensa em vigor, da época da di-tadura ; e permite o fechamento doveículo de comunicação que nãocumprir decisão judicial determinan-do a publicação de resposta de pes-soa ofendida . Embora Requião e vá-rios senadores tenham proposto oprojeto como alternativa ao substitu-

tivo de Vilmar Rocha, o presidente d aCâmara, Michel Temer, já anunciou qu edará preferência à votação da propost aem tramitação na casa, mas admite in-cluir o texto aprovado no Senado n ocapítulo referente ao direito de resposta .

O projeto do Senado estabelece prazode sete dias para o veículo de comuni-cação publicar ou transmitir a resposta d oofendido, sob pena de ser acionado n aJustiça e ficar sujeito ao pagamento d emulta e até ao fechamento. Em veículosimpressos, ela deve ser publicada em es -paço com as mesmas dimensões d amatéria considerada ofensiva . Na tele-visão devem ser destinados dois minuto sa mais que o tempo original ; e no rádio,cinco minutos a mais . Se a resposta não

for publicada ou transmitida no praz oinicial, o prejudicado pode recorrer àJustiça, que terá prazo de 48 horas par aouvir o representante do veículo decomunicação e depois determinar adata de publicação, no máximo em dezdias . Em nenhuma hipótese, o praz ode tramitação da ação judicial poderáser superior a 30 dias .

Se a determinação judicial não forcumprida, a empresa de comunicaçãoestará sujeita por dez dias a multadiária de 1% do faturamento bruto doano anterior, lançado em balanço ecorrigido monetariamente . Findo esseprazo, se a defesa não for publicada ,o juiz poderá determinar o fechamen-to da publicação .

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