cap 3 elementos de hidrometeorologia 2004

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C Ca ap pí í t t u ul l o o 3 3 E E l l e e m m e e n n t t o o s s d d e e H H i i d d r r o o m m e e t t e e o o r r o o l l o o g g i i a a 1. INTRODUÇÃO A hidrologia de uma região depende principalmente de seu clima e secundariamente de sua topografia e geologia. A topografia influencia a precipitação, a ocorrência de lagos, pântanos e a velocidade do escoamento superficial. A geologia, além de influenciar a topografia, define o local de armazenamento da água proveniente da precipitação, ou seja, na superfície (rios e lagos) ou no subsolo (escoamento subterrâneo ou confinada em aqüíferos). O clima de uma região é altamente dependente de sua posição geográfica em relação à superfície terrestre. Os fatores climáticos mais importantes são a precipitação e o seu modo de ocorrência, umidade, temperatura e ventos, os quais diretamente afetam a evaporação e a transpiração. Neste capítulo serão abordados os três últimos, uma vez que à precipitação se dedicará um capítulo a parte. 2. UMIDADE Existe sempre alguma água, na forma de vapor, misturado com o ar por toda a atmosfera. A condensação deste vapor é que origina a maioria dos fenômenos do tempo: nuvens, chuva, neve, nevoeiro, orvalho e etc., assim a compreensão do estudo do vapor d’água na atmosfera é de grande importância para a hidrologia. A quantidade de vapor d’água no ar expressa-se simplesmente pela relação peso/volume (ex.: gramas/m 3 ) Existe um limite para a quantidade de vapor d’água que um dado volume de ar pode suportar, e quando esse limite é alcançado, diz-se que o ar está saturado. O ar quente pode suportar mais vapor do que o ar frio, para cada grau de elevação da temperatura, verifica-se, também um aumento do conteúdo do vapor d’água para a saturação. A pressão atmosférica decorre de uma composição de pressões parciais exercidas pelos gases que a constituem. A parcela de pressão devida a presença do vapor d’água é denominada pressão de vapor d’água (e). Suponha uma superfície de água em evaporação, em um sistema fechado, envolta em ar. Notas de Aula – Prof a . Ticiana Marinho de Carvalho Studart

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  • CCaappttuulloo

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    EElleemmeennttooss ddee HHiiddrroommeetteeoorroollooggiiaa

    1. INTRODUO

    A hidrologia de uma regio depende principalmente de seu clima e secundariamente de sua topografia

    e geologia. A topografia influencia a precipitao, a ocorrncia de lagos, pntanos e a velocidade do

    escoamento superficial. A geologia, alm de influenciar a topografia, define o local de armazenamento

    da gua proveniente da precipitao, ou seja, na superfcie (rios e lagos) ou no subsolo (escoamento

    subterrneo ou confinada em aqferos).

    O clima de uma regio altamente dependente de sua posio geogrfica em relao superfcie

    terrestre. Os fatores climticos mais importantes so a precipitao e o seu modo de ocorrncia,

    umidade, temperatura e ventos, os quais diretamente afetam a evaporao e a transpirao. Neste

    captulo sero abordados os trs ltimos, uma vez que precipitao se dedicar um captulo a parte.

    2. UMIDADE

    Existe sempre alguma gua, na forma de vapor, misturado com o ar por toda a atmosfera. A

    condensao deste vapor que origina a maioria dos fenmenos do tempo: nuvens, chuva, neve,

    nevoeiro, orvalho e etc., assim a compreenso do estudo do vapor dgua na atmosfera de grande

    importncia para a hidrologia. A quantidade de vapor dgua no ar expressa-se simplesmente pela

    relao peso/volume (ex.: gramas/m3)

    Existe um limite para a quantidade de vapor dgua que um dado volume de ar pode suportar, e

    quando esse limite alcanado, diz-se que o ar est saturado. O ar quente pode suportar mais vapor

    do que o ar frio, para cada grau de elevao da temperatura, verifica-se, tambm um aumento do

    contedo do vapor dgua para a saturao.

    A presso atmosfrica decorre de uma composio de presses parciais exercidas pelos gases que a

    constituem. A parcela de presso devida a presena do vapor dgua denominada presso de vapor dgua (e). Suponha uma superfcie de gua em evaporao, em um sistema fechado, envolta em ar. Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

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    1. INTRODUO

    A hidrologia de uma regio depende principalmente de seu clima e secundariamente de sua topografia e geologia. A topografia influencia a precipitao, a ocorrncia de lagos, pntanos e a velocidade do escoamento superficial. A geologia, alm de influenciar a topografia, define o local de armazenamento da gua proveniente da precipitao, ou seja, na superfcie (rios e lagos) ou no subsolo (escoamento subterrneo ou confinada em aqferos).

    O clima de uma regio altamente dependente de sua posio geogrfica em relao superfcie terrestre. Os fatores climticos mais importantes so a precipitao e o seu modo de ocorrncia, umidade, temperatura e ventos, os quais diretamente afetam a evaporao e a transpirao. Neste captulo sero abordados os trs ltimos, uma vez que precipitao se dedicar um captulo a parte.

    2. UMIDADE

    Existe sempre alguma gua, na forma de vapor, misturado com o ar por toda a atmosfera. A condensao deste vapor que origina a maioria dos fenmenos do tempo: nuvens, chuva, neve, nevoeiro, orvalho e etc., assim a compreenso do estudo do vapor dgua na atmosfera de grande importncia para a hidrologia. A quantidade de vapor dgua no ar expressa-se simplesmente pela relao peso/volume (ex.: gramas/m3)

    Existe um limite para a quantidade de vapor dgua que um dado volume de ar pode suportar, e quando esse limite alcanado, diz-se que o ar est saturado. O ar quente pode suportar mais vapor do que o ar frio, para cada grau de elevao da temperatura, verifica-se, tambm um aumento do contedo do vapor dgua para a saturao.

    A presso atmosfrica decorre de uma composio de presses parciais exercidas pelos gases que a constituem. A parcela de presso devida a presena do vapor dgua denominada presso de vapor dgua (e). Suponha uma superfcie de gua em evaporao, em um sistema fechado, envolta em ar.

    Sob a ao de uma fonte de calor, a gua vai sendo evaporada at o estado de equilbrio, quando o ar est saturado de vapor e no pode mais absorv-lo. As molculas de vapor dgua exercero ento uma presso, denominada presso de saturao de vapor dgua (es), para determinada temperatura do sistema.

    O valor de es muda com a temperatura como mostra a Figura 1.

    Figura 3.1 Presso de saturao de vapor (Fonte: Varejo-Silva, 2001)

    A Figura 3.1 mostra que ocorre com a parcela de ar P, com presso de vapor e e temperatura t.

    Uma vez que o ponto P se encontra abaixo da curva de presso de saturao de vapor, est claro que a massa de ar pode absorver mais umidade. Teoricamente a saturao do ar pode se dar por trs processos bsicos:

    1. Processo isotrmico a temperatura mantida constante e o vapor dgua incorporado ao ar para suprir sua deficincia de umidade (ds).

    ds = es e (3.1)

    2. Processo isobrico a presso conservada constante e o ar submetido a um resfriamento at interceptar a curva de saturao de vapor. Est temperatura corresponde a temperatura do ponto de orvalho (td).

    3. Livre saturao se a gua evapora livremente dentro da massa de ar, a saturao atingida a presso e temperaturas diferentes das que tinha inicialmente, uma vez que a evaporao necessita de calor (calor latente de evaporao), que retirado do prprio ar. Assim a medida que a umidade e a presso aumentam, a temperatura diminui. O ponto P ir se mover na diagonal at atingir a curva de saturao a uma temperatura tw denominada de temperatura do bulbo mido.

    2.1. Umidade Relativa

    Em geral o ar no est saturado; contm apenas uma frao do vapor dgua possvel. Essa frao, expressa em percentagem, denominada umidade relativa (ur).

    Tabela 3.1 Contedo de vapor dgua no ar em vrias umidades relativas (Fonte: Forsdyke, 1969)

    Temperatura

    Contedo de vapor dgua (g/m3)

    59,3

    34,0

    18,7

    9,8

    4,9

    40(C

    100%

    57%

    31%

    17%

    8%

    30(C

    ---

    100%

    55%

    29%

    14%

    20(C

    ---

    ---

    100%

    52%

    26%

    10(C

    ---

    ---

    ---

    100%

    50%

    0(C

    ---

    ---

    ---

    ---

    100%

    O Psicrmetro o instrumento empregado para a medio da umidade atmosfrica. Ele consiste de dois termmetros o de bulbo mido e o de bulbo seco.

    Figura 3.2 Diagrama de um psicrmetro, mostrando o princpio do termmetro de bulbo mido.

    (Fonte: Villela, 1975)

    O valor de e para uma dada temperatura obtido pela equao:

    (3.2)

    Onde:

    tw Temperatura do termmetro de bulbo mido

    t Temperatura do termmetro de bulbo seco

    ew Presso de vapor correspondente a temperatura tw (Tabela 3.2)

    ( Constante do psicrmetro (( = 0,6, se e (mb), t ((C) e velocidade do ar entre os bulbos de 3m/s e ( = 0,485 se e (mmHg) )

    Tabela 3.2 Presso de saturao de vapor (es) em mmHg em funo da temperatura em (C.

    t (o C)

    es

    0.0

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    -10

    2.15

    -9

    2.32

    2.30

    2.29

    2.27

    2.26

    2.24

    2.22

    2.21

    2.19

    2.17

    -8

    2.51

    2.49

    2.47

    2.45

    2.43

    2.41

    2.40

    2.38

    2.36

    2.34

    -7

    2.71

    2.69

    2.67

    2.65

    2.63

    2.61

    2.59

    2.57

    2.55

    2.53

    -6

    2.93

    2.91

    2.89

    2.86

    2.84

    2.82

    2.80

    2.77

    2.75

    2.73

    -5

    3.16

    3.14

    3.11

    3.09

    3.06

    3.04

    3.01

    2.99

    2.97

    2.95

    -4

    3.41

    3.39

    3.37

    3.34

    3.32

    3.29

    3.27

    3.24

    3.22

    3.18

    -3

    3.67

    3.64

    3.62

    3.59

    3.57

    3.54

    3.52

    3.49

    3.46

    3.44

    -2

    3.97

    3.94

    3.91

    3.88

    3.85

    3.82

    3.79

    3.76

    3.73

    3.70

    -1

    4.26

    4.23

    4.20

    4.17

    4.14

    4.11

    4.08

    4.05

    4.03

    4.00

    -0

    4.58

    4.55

    4.52

    4.49

    4.46

    4.43

    4.40

    4.36

    4.33

    4.29

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    -------

    0

    4.58

    4.62

    4.65

    4.69

    4.71

    4.75

    4.78

    4.82

    4.86

    4.89

    1

    4.92

    4.96

    5.00

    5.03

    5.07

    5.11

    5.14

    5.18

    5.21

    5.25

    2

    5.29

    5.33

    5.37

    5.40

    5.44

    5.48

    5.53

    5.57

    5.60

    5.64

    3

    5.68

    5.72

    5.76

    5.80

    5.84

    5.89

    5.93

    6.97

    6.01

    6.06

    4

    6.10

    6.14

    6.18

    6.23

    6.27

    6.31

    6.36

    6.40

    6.45

    6.49

    5

    6.54

    6.58

    6.54

    6.68

    6.72

    6.77

    6.82

    6.86

    6.91

    6.96

    6

    7.01

    7.06

    7.11

    7.16

    7.20

    7.25

    7.31

    7.36

    7.41

    7.46

    7

    7.51

    7.56

    7.61

    7.67

    7.72

    7.77

    7.82

    7.88

    7.93

    7.98

    8

    8.04

    8.10

    8.15

    8.21

    8.26

    8.32

    8.37

    8.43

    8.48

    8.54

    9

    8.61

    8.67

    8.73

    8.78

    8.84

    8.90

    8.96

    9.02

    9.08

    9.14

    10

    9.20

    9.26

    9.33

    9.39

    9.46

    9.52

    9.58

    9.65

    9.71

    9.77

    11

    9.84

    9.90

    9.97

    10.03

    10.10

    10.17

    10.24

    10.31

    10.38

    10.45

    12

    10.52

    10.58

    10.66

    10.72

    10.79

    10.86

    10.93

    11.00

    11.08

    11.15

    13

    11.23

    11.30

    11.38

    11.75

    11.53

    11.60

    11.68

    11.76

    11.83

    11.91

    14

    11.98

    12.06

    12.14

    12.22

    12.96

    12.38

    12.46

    12.54

    12.62

    12.70

    15

    12.78

    12.86

    12.95

    13.03

    13.11

    13.20

    13.28

    13.37

    13.45

    13.54

    16

    13.63

    13.71

    13.80

    13.90

    13.99

    14.08

    14.17

    14.26

    14.35

    14.44

    17

    14.53

    14.62

    14.71

    14.80

    14.90

    14.99

    15.09

    15.17

    15.27

    15.38

    18

    15.46

    15.56

    15.66

    15.76

    15.96

    15.96

    16.06

    16.16

    16.26

    16.36

    19

    16.46

    16.57

    16.68

    16.79

    16.90

    17.00

    17.10

    17.21

    17.32

    17.43

    20

    17.53

    17.64

    17.75

    17.86

    17.97

    18.08

    18.20

    18.31

    18.43

    18.54

    21

    18.65

    18.77

    18.88

    19.00

    19.11

    19.23

    19.35

    19.46

    19.58

    19.70

    22

    19.82

    19.94

    20.06

    20.19

    20.31

    20.43

    20.58

    20.69

    20.80

    20.93

    23

    21.05

    21.19

    21.32

    21.45

    21.58

    21.71

    21.84

    21.97

    22.10

    22.23

    24

    22.27

    22.50

    22.63

    22.76

    22.91

    23.05

    23.19

    23.31

    23.45

    23.60

    25

    23.75

    23.90

    24.03

    24.20

    24.35

    24.49

    24.64

    24.79

    25.08

    25.09

    26

    25.31

    25.45

    25.60

    25.74

    25.89

    26.03

    26.18

    26.32

    26.46

    26.60

    27

    26.74

    26.90

    27.05

    27.21

    27.37

    27.53

    27.69

    27.85

    28.00

    28.16

    28

    28.32

    28.49

    28.66

    28.83

    29.00

    29.17

    29.34

    29.51

    29.68

    29.85

    29

    30.03

    30.20

    30.38

    30.56

    30.74

    30.92

    31.10

    31.28

    31.46

    31.64

    30

    31.82

    32.00

    32.19

    32.38

    32.57

    32.76

    32.95

    33.14

    33.33

    33.52

    Figura 3.3 Psicrmetro

    A Figura 3.4 mostra o mapa da umidade relativa mdia anual no Brasil, medida pelo INMET, no perodo de 1930 a 1990 (Normais Climatolgicas).

    Figura 3.4 Umidade relativa anual (Fonte: INMET(http://www.inmet.gov.br/produtos)

    3. TEMPERATURA

    Geograficamente, h uma tendncia de elevao de temperatura a medida que se aproxima do Equador. Verifica-se, entretanto, que a topografia e a vegetao pode comprometer este comportamento.

    Durante o dia, a incidncia da radiao solar provoca o aquecimento da superfcie, que alcana sua temperatura mxima algumas horas aps o sol ter alcanado o seu znite. As camadas inferiores da atmosfera so aquecidas pela radiao de onda longa emitida pela superfcie terrestre.

    Devido a diversos processos de troca de calor no sistema Terra-Atmosfera, existe uma distribuio de temperatura tambm segundo a direo vertical, conhecida como gradiente vertical de temperatura (-0,65(C/100m). O estudo desse gradiente importante para a influncia da estabilidade atmosfrica. Associados aos processos de evoluo do ar, so definidos trs gradientes tericos:

    1. Gradiente de temperatura adiabtica seca ((d)

    Parcela de ar ascendente

    Expande-se devido ao decrscimo de presso

    Temperatura decresce (-1(C/100m)

    2. Gradiente de temperatura adiabtica saturada ((s)

    Quando a parcela de ar em ascenso atinge o nvel de condensao, a presso continua decrescente.

    Gradiente menor (-0,54(C/100m)

    3. Gradiente de temperatura pseudo-adiabtico

    Figura 3.4 Formas de precipitao. (Fonte: Raudikivi, 1979).

    3.1. Estabilidade e Instabilidade Convectiva

    Uma vez que ar aquecido decresce em densidade, ele tende a se tornar mais leve. Entretanto a superfcie terrestre no homognea e faz com que o ar seja aquecido de forma desigual, o que resulta no aparecimento de camadas de ar com diferentes densidades; surgem ento foras ascendentes que elevam o ar mais quente (mais leve) atravs do ar vizinho mais frio (mais denso).

    Obviamente, o gradiente de temperatura dentro de uma camada atmosfrica diferente daqueles referentes a adiabtica seca e a adiabtica saturada. A relao entre o gradiente e a temperatura do ambiente atmosfrico (() e o gradiente da adiabtica seca que determina a umidade convectiva do ar. Seja, por hiptese, que uma partcula de ar seco em equilbrio trmico com o meio ambiente seja levada, por algum motivo, a uma altitude maior que a inicial. O movimento ascendente da partcula no modifica a estrutura da atmosfera circunvizinha. Como a parcela sob verticalmente, ela esfria a uma taxa (() (adiabtica seca), enquanto que a temperatura ambiente decresce a uma taxa ( ( ).

    a) Se

    :

    ( (parcela) ( (ambiente)

    tparc < tamb mais frio, mais denso, parcela desce (estvel)

    b) Se

    :

    ( (ambiente) ( (parcela)

    tparc > tamb mais quente, menos densa, parcela sobe (instvel)

    Figura 3.5 Estabilidade e Instabilidade Convectiva (Fonte: VILLELA,1975)

    Caso a parcela no esteja saturada, comear, no inicio a comportar-se como ar seco em ascenso ((d). Entretanto, em um dado momento, chegar temperatura de ponto de orvalho e passar a comporta-se como ar saturado ((s). A umidade que foi condensada do ar resfriado em ascenso torna-se visvel como nuvem, sendo a sua base representativa do nvel de condensao. O topo da nuvem continua a se desenvolver at alcanar uma camada estvel.

    Figura 3.6 Nuvem cumulonimbus (Fonte: INMET)

    4. Vento

    O ar est em movimento e isto sentido como vento. Ele influencia processos hidrometeorolgicos, uma vez que, ao retirar a camada de ar saturado prxima ao solo e substitu-la por uma com menos umidade, faz com que o processo de evaporao seja contnuo.

    So necessrios dois fatores para especificar o vento: direo e velocidade. Os instrumentos utilizados para medida destas grandezas so os anemmetros, que medem a velocidade do vento (em m/s) e, em alguns tipos, tambm a direo (em graus), e os anemgrafos, que registram continuamente a direo (em graus) e a velocidade instantnea do vento (em m/s), a distncia total (em km) percorrida pelo vento com relao ao instrumento e as rajadas (em m/s).

    Figura 3.7 Anemmetro

    Figura 3.8 Anemgrafo

    Devido a sua posio em relao a circulao geral da atmosfera, o Nordeste tem vento prevalecentes do sudeste, que podem se tornar mais zonais de acordo com a poca do ano (estao chuvosa).

    Figura 3.9 Direo mdia dos ventos de superfcie em janeiro. (Fonte: Raudikivi, 1979)

    Figura 3.10 Campos de umidade relativa, movimento vertical (500mb) e campos de vento (200mb e 850mb) (Fonte: NMC/SAD).

    Captulo

    3

    Hidrologia Aplicada

    EMBED PBrush

    EMBED PBrush

    Elementos de Hidrometeorologia

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

    10

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

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    _1115470090.unknown

    _1044387218.unknown

    _1044387217.unknown

    KarineCap 3_Elementos de Hidrometeorologia_22 de set 2003.doc

  • 2Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    Sob a ao de uma fonte de calor, a gua vai sendo evaporada at o estado de equilbrio, quando o

    ar est saturado de vapor e no pode mais absorv-lo. As molculas de vapor dgua exercero

    ento uma presso, denominada presso de saturao de vapor dgua (es), para determinada

    temperatura do sistema.

    O valor de es muda com a temperatura como mostra a Figura 1.

    Figura 3.1 Presso de saturao de vapor (Fonte: Varejo-Silva, 2001)

    A Figura 3.1 mostra que ocorre com a parcela de ar P, com presso de vapor e e temperatura t.

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

  • 3Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    Uma vez que o ponto P se encontra abaixo da curva de presso de saturao de vapor, est claro

    que a massa de ar pode absorver mais umidade. Teoricamente a saturao do ar pode se dar por trs

    processos bsicos:

    1. Processo isotrmico a temperatura mantida constante e o vapor dgua

    incorporado ao ar para suprir sua deficincia de umidade (ds).

    ds = es e (3.1)

    2. Processo isobrico a presso conservada constante e o ar submetido a um

    resfriamento at interceptar a curva de saturao de vapor. Est temperatura corresponde a

    temperatura do ponto de orvalho (td).

    3. Livre saturao se a gua evapora livremente dentro da massa de ar, a saturao

    atingida a presso e temperaturas diferentes das que tinha inicialmente, uma vez que a

    evaporao necessita de calor (calor latente de evaporao), que retirado do prprio ar.

    Assim a medida que a umidade e a presso aumentam, a temperatura diminui. O ponto P ir

    se mover na diagonal at atingir a curva de saturao a uma temperatura tw denominada de

    temperatura do bulbo mido.

    2.1. Umidade Relativa

    Em geral o ar no est saturado; contm apenas uma frao do vapor dgua possvel. Essa frao,

    expressa em percentagem, denominada umidade relativa (ur).

    ( )%100s

    r eeu =

    Tabela 3.1 Contedo de vapor dgua no ar em vrias umidades relativas (Fonte: Forsdyke, 1969)

    Contedo de vapor dgua (g/m3)

    Temperatura 59,3 34,0 18,7 9,8 4,9

    40C 100% 57% 31% 17% 8% 30C --- 100% 55% 29% 14% 20C --- --- 100% 52% 26% 10C --- --- --- 100% 50%

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

  • 4Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    0C --- --- --- --- 100%

    O Psicrmetro o instrumento empregado para a medio da umidade atmosfrica. Ele consiste de

    dois termmetros o de bulbo mido e o de bulbo seco.

    Figura 3.2 Diagrama de um psicrmetro, mostrando o princpio do termmetro de bulbo mido.

    (Fonte: Villela, 1975)

    O valor de e para uma dada temperatura obtido pela equao:

    ( ) ( )ww ttee = (3.2) Onde:

    tw Temperatura do termmetro de bulbo mido

    t Temperatura do termmetro de bulbo seco

    ew Presso de vapor correspondente a temperatura tw (Tabela 3.2)

    Constante do psicrmetro ( = 0,6, se e (mb), t (C) e velocidade do ar entre os bulbos de 3m/s e = 0,485 se e (mmHg) )

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

  • 5Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    Tabela 3.2 Presso de saturao de vapor (es) em mmHg em funo da temperatura em C. es

    t (o C) 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

    -10 2.15

    -9 2.32 2.30 2.29 2.27 2.26 2.24 2.22 2.21 2.19 2.17

    -8 2.51 2.49 2.47 2.45 2.43 2.41 2.40 2.38 2.36 2.34

    -7 2.71 2.69 2.67 2.65 2.63 2.61 2.59 2.57 2.55 2.53

    -6 2.93 2.91 2.89 2.86 2.84 2.82 2.80 2.77 2.75 2.73

    -5 3.16 3.14 3.11 3.09 3.06 3.04 3.01 2.99 2.97 2.95

    -4 3.41 3.39 3.37 3.34 3.32 3.29 3.27 3.24 3.22 3.18

    -3 3.67 3.64 3.62 3.59 3.57 3.54 3.52 3.49 3.46 3.44

    -2 3.97 3.94 3.91 3.88 3.85 3.82 3.79 3.76 3.73 3.70

    -1 4.26 4.23 4.20 4.17 4.14 4.11 4.08 4.05 4.03 4.00

    -0 4.58 4.55 4.52 4.49 4.46 4.43 4.40 4.36 4.33 4.29

    ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- ------- -------

    0 4.58 4.62 4.65 4.69 4.71 4.75 4.78 4.82 4.86 4.89

    1 4.92 4.96 5.00 5.03 5.07 5.11 5.14 5.18 5.21 5.25

    2 5.29 5.33 5.37 5.40 5.44 5.48 5.53 5.57 5.60 5.64

    3 5.68 5.72 5.76 5.80 5.84 5.89 5.93 6.97 6.01 6.06

    4 6.10 6.14 6.18 6.23 6.27 6.31 6.36 6.40 6.45 6.49

    5 6.54 6.58 6.54 6.68 6.72 6.77 6.82 6.86 6.91 6.96

    6 7.01 7.06 7.11 7.16 7.20 7.25 7.31 7.36 7.41 7.46

    7 7.51 7.56 7.61 7.67 7.72 7.77 7.82 7.88 7.93 7.98

    8 8.04 8.10 8.15 8.21 8.26 8.32 8.37 8.43 8.48 8.54

    9 8.61 8.67 8.73 8.78 8.84 8.90 8.96 9.02 9.08 9.14

    10 9.20 9.26 9.33 9.39 9.46 9.52 9.58 9.65 9.71 9.77

    11 9.84 9.90 9.97 10.03 10.10 10.17 10.24 10.31 10.38 10.45

    12 10.52 10.58 10.66 10.72 10.79 10.86 10.93 11.00 11.08 11.15

    13 11.23 11.30 11.38 11.75 11.53 11.60 11.68 11.76 11.83 11.91

    14 11.98 12.06 12.14 12.22 12.96 12.38 12.46 12.54 12.62 12.70

    15 12.78 12.86 12.95 13.03 13.11 13.20 13.28 13.37 13.45 13.54

    16 13.63 13.71 13.80 13.90 13.99 14.08 14.17 14.26 14.35 14.44

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

  • 6Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    17 14.53 14.62 14.71 14.80 14.90 14.99 15.09 15.17 15.27 15.38

    18 15.46 15.56 15.66 15.76 15.96 15.96 16.06 16.16 16.26 16.36

    19 16.46 16.57 16.68 16.79 16.90 17.00 17.10 17.21 17.32 17.43

    20 17.53 17.64 17.75 17.86 17.97 18.08 18.20 18.31 18.43 18.54

    21 18.65 18.77 18.88 19.00 19.11 19.23 19.35 19.46 19.58 19.70

    22 19.82 19.94 20.06 20.19 20.31 20.43 20.58 20.69 20.80 20.93

    23 21.05 21.19 21.32 21.45 21.58 21.71 21.84 21.97 22.10 22.23

    24 22.27 22.50 22.63 22.76 22.91 23.05 23.19 23.31 23.45 23.60

    25 23.75 23.90 24.03 24.20 24.35 24.49 24.64 24.79 25.08 25.09

    26 25.31 25.45 25.60 25.74 25.89 26.03 26.18 26.32 26.46 26.60

    27 26.74 26.90 27.05 27.21 27.37 27.53 27.69 27.85 28.00 28.16

    28 28.32 28.49 28.66 28.83 29.00 29.17 29.34 29.51 29.68 29.85

    29 30.03 30.20 30.38 30.56 30.74 30.92 31.10 31.28 31.46 31.64

    30 31.82 32.00 32.19 32.38 32.57 32.76 32.95 33.14 33.33 33.52

    Notas de Figura 3.3 Psicrmetro

    Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

  • 7Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    A Figura 3.4 mostra o mapa da umidade relativa mdia anual no Brasil, medida pelo INMET, no

    perodo de 1930 a 1990 (Normais Climatolgicas).

    Figura 3.4 Umidade relativa anual (Fonte: INMET(http://www.inmet.gov.br/produtos)

    3. TEMPERATURA

    Geograficamente, h uma tendncia de elevao de temperatura a medida que se aproxima do

    Equador. Verifica-se, entretanto, que a topografia e a vegetao pode comprometer este

    comportamento.

    Durante o dia, a incidncia da radiao solar provoca o aquecimento da superfcie, que alcana sua

    temperatura mx a algumas horas aps o sol ter alcanado o seu znite. As camadas inferiores da

    atmosfera so aq

    Devido a diverso

    temperatura tam

    0,65C/100m). OAssociados aos pimuecidas pela radiao de onda longa emitida pela superfcie terrestre.

    s processos de troca de calor no sistema Terra-Atmosfera, existe uma distribuio de

    bm segundo a direo vertical, conhecida como gradiente vertical de temperatura (-

    estudo desse gradiente importante para a influncia da estabilidade atmosfrica.

    rocessos de evoluo do ar, so definidos trs gradientes tericos:

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

  • 8Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    1. Gradiente de temperatura adiabtica seca (d) Parcela de ar ascendente Expande-se devido ao decrscimo de presso Temperatura decresce (-1C/100m)

    2. Gradiente de temperatura adiabtica saturada (s) Quando a parcela de ar em ascenso atinge o nvel de condensao, a

    presso continua decrescente.

    Gradiente menor (-0,54C/100m) 3. Gradiente de temperatura pseudo-adiabtico

    Figura 3.4 Formas de precipitao. (Fonte: Raudikivi, 1979).

    3.1. Estabilidade e Instabilidade Convectiva

    Uma vez que ar aquecido decresce em densidade, ele tende a se tornar mais leve. Entretanto a

    superfcie terrestre no homognea e faz com que o ar seja aquecido de forma desigual, o que

    resulta no aparecimento de camadas de ar com diferentes densidades; surgem ento foras

    ascendentes que elevam o ar mais quente (mais leve) atravs do ar vizinho mais frio (mais denso).

    Obviamente, o gradiente de temperatura dentro de uma camada atmosfrica diferente daqueles

    referentes a adiabtica seca e a adiabtica saturada. A relao entre o gradiente e a temperatura do

    ambiente atmosfrico () e o gradiente da adiabtica seca que determina a umidade convectiva do ar. Seja, por hiptese, que uma partcula de ar seco em equilbrio trmico com o meio ambiente seja

    levada, por algum motivo, a uma altitude maior que a inicial. O movimento ascendente da partcula

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

  • 9Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    no modifica a estrutura da atmosfera circunvizinha. Como a parcela sob verticalmente, ela esfria a

    uma taxa () (adiabtica seca), enquanto que a temperatura ambiente decresce a uma taxa ( ).

    a) Se : (ambiente) (parcela)

    tparc > tamb mais quente, menos densa, parcela sobe (instvel)

    Figura 3.5 Estabilidade e Instabilidade Convectiva (Fonte: VILLELA,1975)

    Caso a parcela no esteja saturada, comear, no inicio a comportar-se como ar seco em ascenso

    (d). Entretanto, em um dado momento, chegar temperatura de ponto de orvalho e passar a comporta-se como ar saturado (s). A umidade que foi condensada do ar resfriado em ascenso torna-se visvel como nuvem, sendo a sua base representativa do nvel de condensao. O topo da nuvem

    continua a se desenvolver at alcanar uma camada estvel.

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

  • 10Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    4. Vento

    O ar est em movimento

    uma vez que, ao retirar a

    umidade, faz com que o p

    So necessrios dois fato

    para medida destas grand

    em alguns tipos, tambm

    direo (em graus) e a ve

    pelo vento com relao ao

    NFigura 3.6 Nuvem cumulonimbus (Fonte: INMET)

    e isto sentido como vento. Ele influencia processos hidrometeorolgicos,

    camada de ar saturado prxima ao solo e substitu-la por uma com menos

    rocesso de evaporao seja contnuo.

    res para especificar o vento: direo e velocidade. Os instrumentos utilizados

    ezas so os anemmetros, que medem a velocidade do vento (em m/s) e,

    a direo (em graus), e os anemgrafos, que registram continuamente a

    locidade instantnea do vento (em m/s), a distncia total (em km) percorrida

    instrumento e as rajadas (em m/s).

    Figura 3.7 Anemmetro otas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

  • 11Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    Figura 3.8 Anemgrafo

    Devido a sua posio em relao a circulao geral da atmosfera, o Nordeste tem vento prevalecentes

    do sudeste, que podem se tornar mais zonais de acordo com a poca do ano (estao chuvosa).

    Figura 3.9 Direo mdia dos ventos de superfcie em janeiro. (Fonte: Raudikivi, 1979)

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

  • 12Captulo 1 Hidrologia Aplicada

    Figura 3.10 Campos de umidade relativa, movimento

    vertical (500mb) e campos de vento (200mb e 850mb) (Fonte: NMC/SAD).

    Notas de Aula Profa. Ticiana Marinho de Carvalho Studart

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