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Informativo Criminal nº15– março/2018
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CAO-Crim
Informativo criminal nº 15 março /2018
C Coordenador do CAO Criminal
Levy Emanuel Magno
Assessores
Virgílio Antonio Ferraz do Amaral
Fernanda Narezi Pimentel Rosa
Paulo José de Palma
João Santa Terra Júnior
Analista de Promotoria:
Ana Karenina Saura Rodrigues
Informativo Criminal nº15– março/2018
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Sumário
Sumário ................................................................................................................................................... 1
Informes de Interesse Institucional ......................................................................................................... 3
Direito Penal ............................................................................................................................................ 8
Informativos de Jurisprudência dos Tribunais Superiores ...................................................................... 8
Supremo Tribunal Federal ....................................................................................................................... 8
Superior Tribunal de Justiça .................................................................................................................. 10
Direito Processual Penal ........................................................................................................................ 10
Informativos de Jurisprudência dos Tribunais Superiores .................................................................... 10
Supremo Tribunal Federal ..................................................................................................................... 10
Superior Tribunal de Justiça .................................................................................................................. 19
Legislação Penal Especial ...................................................................................................................... 21
Informativos de Jurisprudência dos Tribunais Superiores .................................................................... 21
Supremo Tribunal Federal ..................................................................................................................... 21
Superior Tribunal de Justiça .................................................................................................................. 24
Execução Penal ...................................................................................................................................... 25
Informativos de Jurisprudência dos Tribunais Superiores .................................................................... 25
Supremo Tribunal Federal ..................................................................................................................... 25
Superior Tribunal de Justiça .................................................................................................................. 25
Notícias .................................................................................................................................................. 25
Informativo Criminal nº15– março/2018
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Informes de Interesse Institucional
MEDIDA CAUTELAR INOMINADA – MODELO
Em razão da pacificação do entendimento jurisprudencial a respeito da inadequação do
mandado de segurança para fim de obtenção de efeito suspensivo aos recursos ordinários, o Centro
de Apoio Operacional Criminal divulga modelo de MEDIDA CAUTELAR INOMINADA com o objetivo de
atribuição de tal efeito aos recursos interpostos.
A nova Súmula do STJ a respeito da matéria levou o número 604, e contém a seguinte
redação: “O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal
interposto pelo Ministério Público.” Terceira Seção, aprovada em 28/2/2018, DJe 5/3/2018.
Seguem abaixo os links relativos a tais modelos, um adaptado para demandas ainda na
fase de conhecimento, e outro para aquelas concernentes à fase da execução penal. Lembramos que
o conteúdo somente pode ser visualizado e acessado mediante login e senha.
Para a íntegra do primeiro modelo clique aqui
Para a íntegra do segundo modelo clique aqui
HABEAS CORPUS 143.641/SP, DO STF: DA AUSÊNCIA DO CARÁTER VINCULANTE E DAS
CONTRADIÇÕES DE EXEQUIBILIDADE DA SUA DECISÃO
O Centro de Apoio Operacional Criminal divulga artigo escrito pelo Promotor de Justiça
João Santa Terra Júnior, assessor do CAO Criminal, por meio do qual foram analisados os efeitos da
decisão do acórdão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal lavrado nos autos do habeas corpus
coletivo 143.641, especificamente a existência de amparo constitucional ou legal para aceitação da
vinculação, a todos os órgãos do Poder Judiciário, das conclusões nele alcançadas.
No estudo realizado procurou-se demonstrar que, sem descurar a imprescindibilidade
de melhor análise por toda a Corte Superior da questão preliminar ao julgamento do mérito daquela
demanda (qual seja, a possibilidade de conhecimento de habeas corpus coletivo), entre os
instrumentos procedimentos hábeis à produção de efeitos vinculantes não se encontra essa
“modalidade” de habeas corpus.
Ademais, destacou-se que, por ser tratar de decisão alcançada em sede julgamento de
apenas uma das Turmas do STF (e ainda por maioria), não representaria entendimento de toda
aquela Corte.
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Por fim, afirmou-se que a exequibilidade da comentada decisão do habeas corpus
coletivo ocasiona direta afronta à expressa disposição legal que, até o momento, não foi declarada
inconstitucional pela mesma Corte Suprema, o artigo 318, parágrafo único, do Código de Processo
Penal, que, para a substituição da prisão preventiva pela domiciliar, de forma taxativa determina que
“o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo”.
Em face dessas premissas foram lançadas as seguintes conclusões:
i) é possível, no caso concreto, invocar a falta de amparo constitucional para
aceitação de efeito vinculante para a decisão do Habeas Corpus 143.641/SP;
ii) do julgamento do habeas corpus estudado não decorreu o reconhecimento da
inconstitucionalidade do disposto no artigo 318, parágrafo único, do Código de Processo Penal;
iii) em decorrência das duas conclusões anteriores, é possível ao Magistrado, no caso
concreto, aplicar o artigo 318, parágrafo único, do Código de Processo Penal, e analisar
previamente a situação de vulnerabilidade que motivou a redação do incisos desse artigo
(decorrente da edição da lei 13.257/2016, o Estatuto da Primeira Infância), ou seja: a) buscar a prova
da existência da gravidez e, sendo positiva, tentar, inicialmente, a inclusão da gestante em
estabelecimento prisional dotado de instrumental hábil ao seu pré-natal; b) e, no caso da alegação
de existência de filiação, alcançar previamente a sua comprovação, bem como a demonstração de
inexistência de outro parente capaz de prover a tutela da criança ou a inexistência de causa de
suspensão ou de destituição do poder familiar por outros motivos que não a prisão;
iv) é possível, ainda, ao Magistrado, manter a custódia cautelar em hipóteses de
reincidência, de prática de delito cometido com violência ou grave ameaça contra descendente
(hipóteses expressamente indicadas no acórdão do Habeas Corpus coletivo), bem como em outras
circunstâncias excepcionais, mediante fundamentação do órgão julgador; entre as circunstâncias
excepcionais a serem consideradas para justificar a manutenção da custódia cautelar, a título de
exemplo podem ser lembradas (sem prejuízo de, reconhecendo a ausência de efeitos vinculantes do
habeas corpus coletivo, serem mantidos argumentos anteriormente invocados para a não aplicação
do artigo 318, do Código de Processo Penal):
a. a apreensão de grande quantidade de entorpecentes;
b. as graves mazelas físicas e morais acometidas à vítima em decorrência da prática do
delito, inerentes nas infrações penais cometidas com violência e grave ameaça;
c. a exorbitante potencialidade lesiva da conduta empreendida pela presa em
decorrência da sua prática criminosa imiscuída no contexto de associação ou
organização criminosa;
d. a necessidade de contenção de vertiginoso aumento de índices daquela modalidade
criminosa analisada;
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e. o fato de a própria presa ter envolvido seu filho na prática criminosa, circunstância
que tem muito maior peso na análise da vulnerabilidade à qual o menor foi exposto;
f. os maus antecedentes em razão de delitos graves, que denotam a impossibilidade
de, sem a manutenção da custódia cautelar, ocorrer futuro cumprimento da função
retributiva da pena e de assegurar a exata aplicação das leis penais e processuais
penais;
g. a inequívoca ofensa à segurança como direito fundamental do ser humano, e, em
consequência, a afronta ao princípio da vedação da proteção penal insuficiente no
caso concreto.
v) por fim, caso o entendimento de manutenção da custódia cautelar não prospere,
conforme permitido no estudado acórdão, é possível requerer ao Magistrado a aplicação das
medidas alternativas arroladas no artigo 319, do Código de Processo Penal, objetivando impedir a
mera prisão domiciliar, que, como é notório, não ostenta mínima fiscalização hábil à garantia da
efetiva aplicação das leis penais e processuais penais.
Clique aqui para acessar o artigo acima referido.
COMUNICADO DO NÚCLEO DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS, INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E
SEGURANÇA PÚBLICA:
SEGURANÇA PÚBLICA
PARECER – POSSIBILIDADE DE MANDADO DE BUSCA COLETIVO – DIREITO FUNDAMENTAL À
SEGURANÇA PÚBLICA
O direito individual à inviolabilidade de domicílio não é absoluto e pode ser afastado para assegurar a
segurança pública, que é um direito de toda a sociedade. Esse foi o argumento da Procuradoria-Geral
da República ao opinar, no dia 21 de março p.p., desfavoravelmente à ordem pleiteada em habeas
corpus coletivo impetrado junto ao Supremo Tribunal Federal objetivando a proibição de mandados
de busca e apreensão coletivos ou genéricos em todo o país. Clique aqui para acessar o mencionado
parecer. Lembramos que o conteúdo somente pode ser visualizado e acessado mediante login e
senha.
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
TURMAS DO STJ DIVERGEM SOBRE REPASSE DE DADOS SIGILOSOS PELA RECEITA AO MINISTÉRIO
PÚBLICO
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De acordo com matéria jornalística publicada no jornal “Consultor Jurídico” no dia 20 de março p.p.,
as turmas criminais do Superior Tribunal de Justiça divergem a respeito da possibilidade de repasse
de dados sigilos da Receita Federal diretamente para o Ministério Público ou à polícia, ainda que para
fins penais. Seguem abaixo o link da matéria jornalística referida, bem como o link da decisão do
Supremo Tribunal Federal que autorizara o envio dos dados diretamente ao Ministério Público:
Clique aqui para ter acesso a matéria
Clique aqui para ter acesso ao inteiro teor da decisão do STF.
Segue, também link do acórdão do Recurso Extraordinário 601.314, que teve o Ministro Edson Fachin
como relator, no qual, após ser reconhecida a repercussão geral da matéria, foi assentada
a constitucionalidade do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001, que permitiu o fornecimento de
informações sobre movimentações financeiras diretamente ao Fisco, sem autorização judicial, bem
como se entendeu possível a utilização de dados obtidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil
para fins de instrução penal.
COMUNICADO DO NÚCLEO DE EXECUÇÕES CRIMINAIS DO CAOCRIM:
1) A pedido do colega Florindo Camilo Campanella, comunicamos que o STJ editou a súmula 575,
considerando crime de perigo abstrato a entrega de direção de veículo automotor a pessoa não
habilitada.
SÚMULA 575 STJ : “Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo
automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas
no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na
condução do veículo.”
2) Ainda a pedido do referido colega, segue acórdão do Colégio Recursal Central da Capital, no
sentido de que na decisão proferida no Recurso Extraordinário 966.177-RS – que reconheceu a
repercussão geral nas ações penais referentes à contravenção penal do art. 50 da LCP – não foi
determinada a suspensão das ações penais e inquérito penal em curso, nem da “atividade” de
exploração dos jogos de azar, sendo inviável a concessão de salvo conduto para livre exploração de
tal “atividade”.
Clique aqui para ler a íntegra do acórdão.
Vide na página do CAO Crim, Núcleo 1 - Criminal, Júri e Jecrim, outros acórdãos no mesmo sentido.
3) Segue link da recente decisão da 10º Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São
Paulo, que deu provimento ao recurso do MP considerando como hediondo o crime de tráfico
privilegiado.
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4) Segue também link do acórdão do STF proferido no HC 118.770- SP, reconhecendo a possibilidade
do início do cumprimento da pena após condenação pelo Tribunal do Júri.
Clique aqui para ter acesso ao inteiro teor do acórdão.
STJ EDITA NOVA SÚMULA:
SÚMULA 604: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso
criminal interposto pelo Ministério Público. Terceira Seção, aprovada em 28/2/2018, DJe 5/3/2018.
SÚMULA 605: A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional
nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto
não atingida a idade de 21 anos. Terceira Seção, aprovada em 14/03/2018, DJe 19/03/2018.
PESQUISA PRONTA – STJ:
DIREITO PENAL- APLICAÇÃO DA PENA
Pesquise sobre este tema na base de Acórdãos do STJ: Configuração ou não de bis in idem da
aplicação conjunta do crime de tráfico de drogas com a majorante relativa à transnacionalidade
DIREITO PROCESSUAL PENAL- PROVAS
Pesquise sobre este tema na base de Acórdãos do STJ: Legitimidade ou não de terceiros
questionarem delação premiada
DIREITO PROCESSUAL PENAL- AÇÃO PENAL
Pesquise sobre este tema na base de Acórdãos do STJ: Cabimento ou não de impetração de habeas
corpus coletivo
DIREITO PENAL- CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Pesquise sobre este tema na base de Acórdãos do STJ: Aplicação ou não do princípio da
insignificância nas fraudes contra o Programa de Seguro-Desemprego
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JURISPRUDÊNCIA EM TESES- STJ:
EDIÇÃO N. 99: DOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA,ECONÔMICA E CONTRA AS RELAÇÕES DE
CONSUMO - II
Direito Penal
Informativos de Jurisprudência dos Tribunais Superiores
Supremo Tribunal Federal
INFORMATIVO STF Nº 894
DIREITO PENAL – CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Desacato praticado por civil contra militar e constitucionalidade
A 2ª Turma, por maioria, denegou a ordem de “habeas corpus” impetrado em favor de civil,
condenado pela prática do crime descrito no art. 299 do CPM (desacato).
A defesa sustentou a inconstitucionalidade da imputação do delito a civil, bem assim a
incompatibilidade da criminalização da conduta com o Pacto de São José da Costa Rica.
A Turma assinalou que o delito de desacato, quer conforme tipificado na legislação penal comum,
quer na militar, tem por sujeito passivo secundário o funcionário público (civil ou militar), figurando o
Estado como sujeito passivo principal. O bem jurídico tutelado é a Administração Pública, levando-se
em conta seu interesse patrimonial e moral. A tutela penal está no interesse em se assegurar o
normal funcionamento do Estado, protegendo-se o prestígio do exercício da função pública. Assim, a
norma tem como destinatário da proteção legal mais a função pública do que a pessoa (civil ou
militar). Portanto, para a configuração do crime, não é necessário que o funcionário público se sinta
ofendido, sendo indispensável que o menoscabo tenha alvo certo, de forma que a vítima deve ouvir
a palavra injuriosa ou sofrer diretamente o ato.
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O desacato é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. É essencial para a
configuração do delito que o funcionário público esteja no exercício da função, ou, estando fora, que
a ofensa seja empregada em razão dela. Deve, pois, haver o chamado nexo funcional. A crítica ou a
censura sem excessos, por sua vez, não constituem desacato, ainda que veementes.
No que se refere à suposta incompatibilidade desse delito com a liberdade de expressão e de
pensamento, garantidos pelo Pacto de São José da Costa Rica e pela Constituição, sabe-se que os
tratados de direitos humanos podem ser: a) equivalentes às emendas constitucionais, se aprovados
após a EC 45/2004; ou b) supralegais, se aprovados antes da referida emenda. De toda forma,
estando acima das normas infraconstitucionais, são também paradigma de controle da produção
normativa.
Nesse sentido, não se infere, da leitura do aludido tratado, afronta na tipificação do crime de
desacato. Não houve revogação da norma penal, mas recepção pela regra supralegal. O texto dispõe
que o exercício do direito à liberdade de pensamento e de expressão, embora não sujeito a censura
prévia, deve assumir responsabilidades ulteriores, expressamente fixadas em lei, para assegurar o
respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas. Portanto, não se está diante de
descriminalização ou de “abolitio criminis”.
A liberdade de expressão prevista no Pacto de São José da Costa Rica não difere do tratamento
conferido pela Constituição ao tema, sendo que esse direito não possui caráter absoluto. A
Constituição, ao tutelar a honra, a intimidade e a dignidade da pessoa humana, recepcionou a norma
do desacato prevista na legislação penal.
O direito à liberdade de expressão deve harmonizar-se com os demais direitos envolvidos, não
eliminá-los. Incide o princípio da concordância prática, pelo qual o intérprete deve buscar a
conciliação entre normas constitucionais.
O exercício abusivo das liberdades públicas não se coaduna com o Estado democrático. A ninguém é
lícito usar sua liberdade de expressão para ofender a honra alheia. O desacato constitui importante
instrumento de preservação da lisura da função pública e, indiretamente, da dignidade de quem a
exerce. Não se pode despojar a pessoa de um dos mais delicados valores constitucionais, a dignidade
da pessoa humana, em razão do “status” de funcionário público (civil ou militar). A investidura em
função pública não constitui renúncia à honra e à dignidade. Nesse aspecto, a Corte Interamericana
de Direitos Humanos, órgão responsável pelo julgamento de situações concretas de abusos e
violações de direitos humanos, reiteradamente tem decidido contrariamente ao entendimento da
Comissão de Direitos Humanos, estabelecendo que o direito penal pode punir condutas excessivas
no exercício da liberdade de expressão.
Por conseguinte, a figura penal do desacato não tolhe o direito à liberdade de expressão, não
retirando da cidadania o direito à livre manifestação, desde que exercida nos limites de marcos
civilizatórios bem definidos, punindo-se os excessos. A Constituição impõe à Administração a
observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,
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podendo-se dessumir daí a compatibilidade entre a defesa da honra e intimidade do funcionário
público e a liberdade de expressão.
Não parece ainda o caso de se invocar a teoria da adequação social como causa supralegal de
exclusão da tipicidade, pela qual se preconiza que determinadas condutas, consensualmente aceitas
pela sociedade, não mais se ajustam a um modelo legal incriminador. A evolução dos costumes seria
fator decisivo para a verificação da excludente de tipicidade, circunstância ainda não passível de
aferição, mas é preciso que o legislador atualize a legislação para punir eficazmente desvios e abusos
de agentes do Estado. Havendo lei, ainda que deficitária, punindo o abuso de autoridade, pode-se
afirmar que a criminalização do desacato se mostra compatível com o Estado democrático.
Vencido o ministro Edson Fachin, que concedeu a ordem.
HC 141949/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 13.3.2018. (HC-141949)
Superior Tribunal de Justiça
Não houve publicação de interesse no período.
Direito Processual Penal
Informativos de Jurisprudência dos Tribunais Superiores
Supremo Tribunal Federal
INFORMATIVO STF Nº 891
SEGUNDA TURMA
DIREITO PROCESSUAL PENAL – EXECUÇÃO PENAL
Execução provisória da pena e trânsito em julgado
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A Segunda Turma afetou ao Plenário o julgamento de “habeas corpus” em que se discute a
possibilidade de execução provisória da pena após o julgamento de recurso em segundo grau de
jurisdição.
HC 144717/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.2.2018. (HC - 144717)
HC 136720/PB, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.2.2018. (HC - 136720)
INFORMATIVO STF Nº 891
SEGUNDA TURMA
DIREITO PROCESSUAL PENAL - “HABEAS CORPUS”
Gestantes e mães presas preventivamente e “habeas corpus” coletivo
A Segunda Turma, por maioria, concedeu a ordem em “habeas corpus” coletivo, impetrado em favor
de todas as mulheres presas preventivamente que ostentem a condição de gestantes, de puérperas
ou de mães de crianças sob sua responsabilidade.
Determinou a substituição da prisão preventiva pela domiciliar — sem prejuízo da aplicação
concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 do CPP (1) — de todas as mulheres
presas, gestantes, puérperas, ou mães de crianças e deficientes sob sua guarda, nos termos do art. 2º
do ECA (2) e da Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto Legislativo 186/2008
e Lei 13.146/2015), relacionadas nesse processo pelo DEPEN e outras autoridades estaduais,
enquanto perdurar tal condição, excetuados os casos de crimes praticados por elas mediante
violência ou grave ameaça, contra seus descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as
quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o benefício.
Estendeu a ordem, de ofício, às demais mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças e
de pessoas com deficiência, bem assim às adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas em
idêntica situação no território nacional, observadas as restrições previstas acima.
Quando a detida for tecnicamente reincidente, o juiz deverá proceder em atenção às circunstâncias
do caso concreto, mas sempre tendo por norte os princípios e as regras acima enunciadas,
observando, ademais, a diretriz de excepcionalidade da prisão. Se o juiz entender que a prisão
domiciliar se mostra inviável ou inadequada em determinadas situações, poderá substituí-la por
medidas alternativas arroladas no já mencionado art. 319 do CPP. Para apurar a situação de guardiã
dos filhos da mulher presa, dever-se-á dar credibilidade à palavra da mãe.
Faculta-se ao juiz, sem prejuízo de cumprir, desde logo, a presente determinação, requisitar a
elaboração de laudo social para eventual reanálise do benefício. Caso se constate a suspensão ou
destituição do poder familiar por outros motivos que não a prisão, a presente ordem não se aplicará.
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A fim de se dar cumprimento imediato a esta decisão, deverão ser comunicados os Presidentes dos
Tribunais Estaduais e Federais, inclusive da Justiça Militar Estadual e Federal, para que prestem
informações e, no prazo máximo de 60 dias a contar de sua publicação, implementem de modo
integral as determinações estabelecidas no presente julgamento, à luz dos parâmetros ora
enunciados. Com vistas a conferir maior agilidade, e sem prejuízo da medida determinada acima,
também deverá ser oficiado ao DEPEN para que comunique aos estabelecimentos prisionais a
decisão, cabendo a estes, independentemente de outra provocação, informar aos respectivos juízos
a condição de gestante ou mãe das presas preventivas sob sua custódia.
Deverá ser oficiado, igualmente, ao Conselho Nacional de Justiça — CNJ, para que, no âmbito de
atuação do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de
Execução de Medidas Socioeducativas, avalie o cabimento de intervenção nos termos preconizados
no art. 1º, § 1º, II, da Lei 12.106/2009 (3), sem prejuízo de outras medidas de reinserção social para
as beneficiárias desta decisão. O CNJ poderá ainda, no contexto do Projeto Saúde Prisional, atuar
junto às esferas competentes para que o protocolo de entrada no ambiente prisional seja precedido
de exame apto a verificar a situação de gestante da mulher. Tal diretriz está de acordo com o Eixo 2
do referido programa, que prioriza a saúde das mulheres privadas de liberdade.
Os juízes responsáveis pela realização das audiências de custódia, bem como aqueles perante os
quais se processam ações penais em que há mulheres presas preventivamente, deverão proceder à
análise do cabimento da prisão, à luz das diretrizes ora firmadas, de ofício.
Embora a provocação por meio de advogado não seja vedada para o cumprimento desta decisão, ela
é dispensável, pois o que se almeja é, justamente, suprir falhas estruturais de acesso à Justiça da
população presa. Cabe ao Judiciário adotar postura ativa ao dar pleno cumprimento a esta ordem
judicial. Nas hipóteses de descumprimento da presente decisão, a ferramenta a ser utilizada é o
recurso, e não a reclamação, como já explicitado na ADPF 347 MC/DF (DJE de 19.2.2016).
Preliminarmente, a Turma entendeu cabível a impetração coletiva e, por maioria, conheceu do
“habeas corpus”. Destacou a ação coletiva como um dos únicos instrumentos capazes de garantir o
acesso à justiça dos grupos mais vulneráveis socioeconomicamente. Nesse sentido, o STF tem
admitido com maior amplitude a utilização da ADPF e do mandado de injunção coletivo.
O “habeas corpus”, por sua vez, se presta a salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico
ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo determinado de pessoas, o
instrumento processual para resgatá-lo é o “habeas corpus”, individual ou coletivo.
Esse remédio constitucional é notadamente maleável diante de lesões a direitos fundamentais, e
existem dispositivos legais que encorajam o cabimento do “writ” na forma coletiva, como o art. 654,
§ 2º (4), do CPP, que preconiza a competência de juízes e tribunais para expedir ordem de “habeas
corpus” de ofício. O art. 580 (5) do mesmo diploma, por sua vez, permite que a ordem concedida em
determinado “writ” seja estendida para todos que se encontram na mesma situação.
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Além disso, a existência de outras ferramentas disponíveis para suscitar a defesa coletiva de direitos
não deve obstar o conhecimento desta ação, pois o rol de legitimados não é o mesmo, mas
consideravelmente mais restrito na ADPF, por exemplo. Além disso, o acesso à justiça, sobretudo de
mulheres presas e pobres, diante de sua notória deficiência, não pode prescindir da atuação dos
diversos segmentos da sociedade civil em sua defesa.
Ademais, as autoridades estaduais apresentaram listas contendo nomes e demais dados das
mulheres presas preventivamente, de modo que fica superada qualquer alegação no sentido de as
pacientes serem indeterminadas ou indetermináveis. O fato de a ordem, se concedida, poder se
estender a outras mulheres em idêntica situação não representa novidade, ao contrário, constitui
uma das consequências normais do instrumento.
Fundamental, ainda, que a decisão do STF, no caso, contribua para imprimir maior isonomia às
partes envolvidas, para permitir que lesões a direitos potenciais ou atuais sejam sanadas com mais
celeridade e para descongestionar o acervo de processos em trâmite no país.
Essas razões, somadas ao reconhecimento do estado de coisas inconstitucional do sistema prisional,
bem assim à existência de decisões dissonantes sobre o alcance da redação do art. 318, IV e V, do
CPP (6), impõem o reconhecimento da competência do STF para o julgamento do “writ”, sobretudo
tendo em conta a relevância constitucional da matéria.
O ministro Dias Toffoli acresceu que, nos termos da Constituição, o mandado de segurança é cabível
quando não cabe o “habeas corpus”; e é admissível o mandado de segurança coletivo. Por dedução,
está prevista a possibilidade do “habeas corpus” coletivo. Entretanto, conheceu em parte da
impetração, apenas no tocante a atos coatores advindos do STJ, sem prejuízo de eventual concessão
da ordem de ofício, se o ato coator houver se originado nos demais juízos.
O ministro Edson Fachin também conheceu em parte da ação, para obstar a impetração “per
saltum”.
No mérito, o Colegiado entendeu haver grave deficiência estrutural no sistema carcerário, que faz
com que mulheres grávidas e mães de crianças, bem como as próprias crianças, sejam submetidas a
situações degradantes, resultantes da privação de cuidados pré-natal e pós-parto e da carência de
berçários e creches.
A respeito, apenas o STF se revela capaz, ante a situação descrita, de superar os bloqueios políticos e
institucionais que vêm impedindo o avanço de soluções, o que significa cumprir à Corte o papel de
retirar os demais Poderes da inércia, catalisar os debates e novas políticas públicas, coordenar ações
e monitorar os resultados.
Além disso, existe a cultura do encarceramento, que se revela pela imposição exagerada de prisões
provisórias a mulheres pobres e vulneráveis, e que resulta em situações que ferem a dignidade de
gestantes e mães, com prejuízos para as respectivas crianças.
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Ressalte-se que o país não tem conseguido garantir sequer o bem-estar de gestantes e mães que não
estão inseridas no sistema prisional, ainda que o cuidado com a saúde maternal, de acordo com a
ONU, seja prioritário no que concerne à promoção de desenvolvimento.
Assim, a atuação do Tribunal no sentido de coibir o descumprimento sistemático de regras
constitucionais e infraconstitucionais referentes aos direitos das presas e de seus filhos é condizente
com os textos normativos que integram o patrimônio mundial de salvaguarda dos indivíduos
colocados sob a custódia do Estado.
As crianças, notadamente, sofrem as consequências desse quadro em flagrante violação aos arts. 227
(7) e 5º, XLV (8), da CF, o que resulta em impactos ao seu bem-estar físico e psíquico e em danos ao
seu desenvolvimento.
Portanto, diante desse panorama, é de se evitar a arbitrariedade judicial e a supressão de direitos,
típicas de sistemas jurídicos que não dispõem de soluções coletivas para problemas estruturais.
Nesse sentido, cabe ao STF estabelecer os parâmetros a serem observados pelos juízes quando se
depararem com a possibilidade de substituir a prisão preventiva pela domiciliar.
Vencido, em parte, o ministro Edson Fachin, que concedeu a ordem para conferir interpretação
conforme à Constituição aos incisos IV, V e VI do art. 318 do CPP, de modo que a substituição da
prisão preventiva pela domiciliar esteja submetida à análise do caso concreto, para que se observe o
melhor interesse da criança, sem revisão automática das medidas já decretadas.
(1) CPP: “Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: I - comparecimento periódico em
juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; II - proibição de
acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; III -
proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao
fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibição de ausentar-se da
Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V -
recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado
tenha residência e trabalho fixos; VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de
natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de
infrações penais; VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com
violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável e
houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência
injustificada à ordem judicial; IX - monitoração eletrônica. § 4º A fiança será aplicada de acordo com
as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.”
(2) ECA: “Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos
Informativo Criminal nº15– março/2018
15
expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
anos de idade.”
(3) Lei 12.106/2009: “Art. 1º Fica criado, no âmbito do Conselho Nacional de Justiça, o
Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de
Medidas Socioeducativas – DMF. § 1º Constituem objetivos do DMF, dentre outros correlatos que
poderão ser estabelecidos administrativamente: II – planejar, organizar e coordenar, no âmbito de
cada tribunal, mutirões para reavaliação da prisão provisória e definitiva, da medida de segurança e
da internação de adolescentes e para o aperfeiçoamento de rotinas cartorárias;”
(4) CPP: “ Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de
outrem, bem como pelo Ministério Público. § 2º Os juízes e os tribunais têm competência para
expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém
sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.”
(5) CPP: “ Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente
pessoal, aproveitará aos outros.”
(6) CPP: “Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: IV
- gestante; V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
(7) CF: “Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e
ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.”
(8) CF: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XLV - nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor
do patrimônio transferido;”
HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 20.2.2018. (HC-143641)
INFORMATIVO STF Nº 892
PRIMEIRA TURMA
DIREITO PROCESSUAL PENAL - AÇÃO PENAL
Informativo Criminal nº15– março/2018
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Prazo decadencial e direito de representação - 2
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou a ordem e revogou a liminar
anteriormente deferida em “habeas corpus” que postulava a extinção de processo criminal com base
essencialmente na alegação de desconsideração do prazo decadencial do direito de representação
em crime de atentado violento ao pudor [CP, art. 214 (1)] (Informativo 878).
No caso, a denúncia do paciente foi realizada em 2012, quando já estava em vigor a Lei 12.015/2009,
que alterou o disposto no art. 225 do Código Penal (2), e mais de cinco anos após a ocorrência do
delito.
A Turma asseverou que as instâncias ordinárias concluíram que o crime foi praticado mediante
violência real. Incide, portanto, o Enunciado 608 da Súmula do STF (3), mesmo após o advento da Lei
12.015/2009. Com efeito, rejeitou a alegação de decadência ao fundamento de que a ação penal é
pública incondicionada, na linha do que decidido no HC 102.683/RS (DJe de 7.2.2011).
Vencido o ministro Marco Aurélio (relator), que deferiu a ordem para declarar extinto o processo
ante a decadência.
(1) Código Penal: “Art. 214 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou
permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: (...) (Revogado pela Lei
nº 12.015, de 2009)”.
(2) Código Penal: “Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública condicionada à representação”.
(3) Enunciado 608 da Súmula do STF: “No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação
penal é pública incondicionada".
HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em
27.2.2018. (HC-125360)
INFORMATIVO STF Nº 892
PRIMEIRA TURMA
DIRETO PROCESSUAL PENAL - “HABEAS CORPUS”
Decisão judicial transitada em julgado e “habeas corpus”
A Segunda Turma negou provimento a recurso ordinário em “habeas corpus” no qual se pleiteava a
anulação de sentença penal condenatória transitada em julgado.
Informativo Criminal nº15– março/2018
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Preliminarmente, a Turma conheceu do “habeas corpus”. Considerou o “writ” cabível, na espécie,
por ser mais célere e benéfico ao paciente, além de sua impetração estar autorizada no art. 648, VI,
do CPP (1). Ademais, a negativa de conhecimento do remédio constitucional dificultaria a defesa do
direito das pessoas privadas de liberdade por condenação alegadamente injusta.
No mérito, a Turma ressaltou que, apesar de parte das alegações da defesa não terem sido
expressamente enfrentadas quando do julgamento da apelação interposta na origem — o que
ensejaria a nulidade ora apontada —, cabia à parte interessada opor embargos de declaração, o que
não ocorreu. Por outro lado, as referidas alegações foram apresentadas de forma lacônica, em dois
parágrafos das razões de apelação, sem demonstrar conecção com o ponto de interesse. Concluiu
não haver nulidade a ser reconhecida no acórdão condenatório impugnado.
(1) Código de Processo Penal/1941: “Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: (...) VI - quando o
processo for manifestamente nulo”.
RHC 146327/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 27.2.2018. (RHC-146327)
INFORMATIVO STF Nº 893
PRIMEIRA TURMA
DIREITO PROCESSUAL PENAL – HABEAS CORPUS
Independência funcional das instâncias do Ministério Público
A Primeira Turma denegou pedido de “habeas corpus” no qual se pleiteava a anulação de ação penal
em trâmite na primeira instância criminal de Brasília referente à “Operação Caixa de Pandora”. O
“writ” se fundamenta na alegada impossibilidade de cisão de denúncia única, inicialmente, oferecida
pelo Ministério Público Federal e, posteriormente, ratificada pela Procuradoria-Geral de Justiça.
A Turma afirmou que seria possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença
final, garantidos o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, máxime quando a inicial
ainda não tenha sido sequer recebida originariamente pelo juízo competente, como se deu na
espécie.
O princípio da independência funcional está diretamente atrelado à atividade finalística desenvolvida
pelos membros do Ministério Público, gravitando em torno das garantias: a) de uma atuação livre no
plano técnico-jurídico, isto é, sem qualquer subordinação a eventuais recomendações exaradas pelos
órgãos superiores da instituição; e b) de não poderem ser responsabilizados pelos atos praticados no
estrito exercício de suas funções.
Consoante o postulado do promotor natural, a definição do membro do Ministério Público
competente para oficiar em determinado caso deve observar as regras previamente estabelecidas
Informativo Criminal nº15– março/2018
18
pela instituição para distribuição de atribuições no foro de atuação, obstando-se a interferência
hierárquica indevida da chefia do órgão por meio de eventuais designações especiais.
Nessa medida, a proteção efetiva e substancial ao princípio do promotor natural impede que o
superior hierárquico designe o promotor competente, bem como imponha a orientação técnica a ser
observada.
Assim, o membro do Ministério Público ostenta plena liberdade funcional não apenas na avaliação
inicial que faz, ao final da fase de investigação, no intuito de aferir a existência de justa causa para o
oferecimento da peça acusatória; como, também, no exame que realiza, ao final da instrução
processual, quanto à comprovação dos indícios de autoria originariamente cogitados. Certo é que a
imparcialidade na formação da “opinio delicti” se efetiva na hipótese em que o membro do
Ministério Público atua com total liberdade na formação de seu convencimento, é dizer, que sua
atuação não poderá ser vinculada a nenhuma valoração técnico-jurídica pretérita dos fatos sob
avaliação, ainda que proveniente de outro membro da instituição que possua atribuição para atuar
em instância superior.
No caso em comento, é irrelevante que outros membros do Ministério Público com atribuição para
atuar em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos, tenham, anteriormente,
oferecido denúncia de diferente teor em face do ora paciente, uma vez que, conforme devidamente
reconhecido pelos órgãos jurisdicionais a que submetida a pretensão, não eram aqueles —
porquanto incompetente o juízo — os promotores naturais para exercer a pretensão acusatória.
Portanto, o fato de o promotor natural — aquele com atribuição para atuar na 1ª instância — não se
encontrar tecnicamente subordinado e apresentar entendimento jurídico diverso, afasta qualquer
alegação de nulidade decorrente de alteração do teor da peça acusatória oferecida contra o
paciente.
HC 137637/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 6.3.2018. (HC-137637)
INFORMATIVO STF Nº 893
SEGUNDA TURMA
DIREITO PROCESSUAL PENAL – CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Terras indígenas e conflito de competência - 3
A Segunda Turma, em conclusão de julgamento, acolheu questão de ordem para julgar prejudicado
recurso, no qual se discutia conflito de competência entre a Justiça Federal e a Justiça Comum para
julgar delito supostamente praticado por indígena em área reservada (Informativos 650 e 655).
Informativo Criminal nº15– março/2018
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RE 541737/SC, rel. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 6.3.2018. (RE
- 541737)
INFORMATIVO STF Nº 894
SEGUNDA TURMA
DIREITO PROCESSUAL PENAL – EXECUÇÃO PENAL
Execução provisória da pena e trânsito em julgado
A Segunda turma, em conclusão de julgamento, resolveu questão de ordem para julgar prejudicada a
impetração em face de pedido de desistência do impetrante (Informativos 872 e 891).
HC 136720/PB, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 13.3.2018. (HC - 136720)
Superior Tribunal de Justiça
Informativo n. 0619- Publicação: 9 de março de 2018.
SEXTA TURMA
PROCESSO: HC 408.736-ES, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, por unanimidade, julgado em
06/02/2018, DJe 15/02/2018
RAMO DO DIREITO: DIREITO PROCESSUAL PENAL
TEMA: Omissão cartorária. Dúvida em relação ao recebimento da sentença. Art. 389 do CPP. Mero
lançamento de movimentação processual na internet. Requisitos não atendidos. Presunção
prejudicial ao réu. Extinção da punibilidade pela prescrição retroativa. Ocorrência.
DESTAQUE: Havendo dúvida resultante da omissão cartória em certificar a data de recebimento da
sentença conforme o art. 389 do CPP, não se pode presumir a data de publicação com o mero
lançamento de movimentação dos autos na internet, a fim de se verificar a ocorrência de prescrição
da pretensão punitiva.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR:
Informativo Criminal nº15– março/2018
20
Inicialmente, cumpre ressaltar que, conforme dispõe o art. 389 do Código de Processo Penal, a
publicação da sentença é ato complexo que se compraz com o recebimento da sentença pelo
escrivão, com a lavratura nos autos do respectivo termo e com o registro em livro especialmente
destinado para esse fim. Nesse sentido, a publicidade da sentença se apresenta como requisito
indispensável à própria existência do ato, retirando-lhe o caráter eminentemente particular e
privado, para que possa ser adjetivado como um autêntico ato processual. Na hipótese, as
formalidades não foram adequadamente cumpridas, porquanto não há registros quanto à
certificação da publicação da sentença. O que existe é, apenas e tão somente, o lançamento do
andamento processual "Mandado Expeça-sentença", registrado junto ao sistema eletrônico de
gerenciamento de processos (eJUD) do Tribunal. Com efeito, o registro em comento não pode ser
caracterizado como ato processual, por tratar-se, efetivamente, de uma facilidade oferecida aos
jurisdicionados para que possam acompanhar com maior comodidade o andamento dos feitos
judiciais. Nesse diapasão, não desponta qualquer efeito legal do simples registro de movimentação
dos autos físicos na internet, de cunho meramente informativo e não vinculativo. Via de
consequência, sob a óptica do direito penal, tal evento não possui o condão de interromper o lapso
prescricional, na forma do art. 117, IV, do CP. Portanto, em havendo dúvida resultante da omissão do
cartório em certificar a data de recebimento da sentença, deve-se considerar a data de publicação do
primeiro ato que demonstrou, de maneira inconteste, a ciência da sentença pelas partes e não a data
do mero lançamento de movimentação dos autos na internet, haja vista que esta solução prejudica o
réu. Ademais, no caso em tela, deve-se declarar extinta a punibilidade, uma vez que, em decorrência
da falta de cumprimento dos requisitos elencados no art. 389 do CPP, a prescrição não pode ser
interrompida.
Informativo n. 0620- Publicação: 23 de março de 2018.
TERCEIRA SEÇÃO
PROCESSO: CC 150.629-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade, julgado em 22/02/2018, DJe
28/02/2018
RAMO DO DIREITO: DIREITO PROCESSUAL PENAL
TEMA: Conflito negativo de competência. Compartilhamento de sinal de TV por assinatura, via
satélite ou cabo. Card Sharing. Convenção de Berna. Transnacionalidade da conduta. Competência da
Justiça Federal.
DESTAQUE: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes de violação de direito autoral e
contra a lei de software decorrentes do compartilhamento ilícito de sinal de TV por assinatura, via
satélite ou cabo, por meio de serviços de card sharing.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR:
Informativo Criminal nº15– março/2018
21
A conduta assinalada consiste no compartilhamento ilícito de sinal de TV, por meio de um cartão no
qual são armazenadas chaves criptografadas que carregam, de forma cifrada, o conteúdo
audiovisual. Tais cartões são inseridos em equipamentos que viabilizam a captação do sinal, via cabo
ou satélite, e sua adequada decodificação, conhecidos como AZBox, Duosat, AzAmérica, entre
outros. Ao que consta dos autos, uma das formas de quebra das chaves criptográficas é feita por
fornecedores situados na Ásia e Leste Europeu, que enviam, via internet, a pessoas que as
distribuem, também via internet, aos usuários dos decodificadores ilegais, assim permitindo que o
sinal de TV seja irregularmente captado. Nesse sentido, de acordo com o art. 109, V, da Constituição
Federal, a competência da jurisdição federal se dá pela presença concomitante da
transnacionalidade do delito e da assunção de compromisso internacional de repressão, constante
de tratados ou convenções internacionais. A previsão normativa internacional, na hipótese, é a
Convenção de Berna, integrada ao ordenamento jurídico nacional através do Decreto n.
75.699/1975, e reiterada na Organização Mundial do Comércio – OMC por acordos como o TRIPS
(Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights) - Acordo sobre Aspectos dos Direitos de
Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (AADPIC), incorporado pelo Decreto n.
1.355/1994, com a previsão dos princípios de proteção ao direitos dos criadores. O outro requisito
constitucional, de tratar-se de crime à distância, com parcela do crime no Brasil e outra parcela do
iter criminis fora do país, é constatado pela inicial prova da atuação transnacional dos agentes, por
meio da internet. Nesse contexto, tem-se por evidenciados os requisitos da previsão das condutas
criminosas em tratado ou convenção internacional e do caráter de internacionalidade dos delitos
objeto de investigação, constatando-se, à luz do normativo constitucional, a competência da
jurisdição federal para o processamento do feito.
Legislação Penal Especial
Informativos de Jurisprudência dos Tribunais Superiores
Supremo Tribunal Federal
INFORMATIVO STF Nº 891
PRIMEIRA TURMA
DIREITO PENAL – CRIMES PREVISTOS NA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE
Inexigibilidade de licitação e tipicidade da conduta
Informativo Criminal nº15– março/2018
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A Primeira Turma, por maioria, rejeitou denúncia oferecida em face de parlamentar federal pela
suposta prática do crime previsto no art. 89 da Lei 8.666/1993 (1).
O Colegiado afirmou que o tipo penal em questão não criminaliza o mero descumprimento de
formalidades, antes tipifica tal descumprimento quando em aparente conjunto com a violação de
princípios cardeais da administração pública. Irregularidades pontuais são inerentes à burocracia
estatal e não devem, por si só, gerar criminalização de condutas, se não projetam ofensa consistente
— tipicidade material — ao bem jurídico tutelado, no caso, ao procedimento licitatório.
Verifica-se que a decisão administrativa adotada pelo acusado em ordem a deixar de instaurar
procedimento licitatório para a contratação de determinada espécie de serviço publicitário esteve
amparada por argumentos legitimáveis sob o enfoque da legalidade, lastreada em pareceres —
técnicos e jurídicos — que atenderam aos requisitos legais, fornecendo justificativas plausíveis sobre
a escolha do executante e do preço cobrado.
Nessa medida, sob a ótica da tipicidade objetiva, não há falar em indícios factíveis a justificar a
instauração de processo criminal contra o acusado.
Por outro lado, inexiste prova indiciária de ter o acusado agido em conluio com os pareceristas, com
vistas a fraudar o procedimento de contratação direta, ausente a prática de conduta dolosa do gestor
público para fins da tipicidade subjetiva do crime previsto no art. 89 da Lei 8.666/1993.
O delito em questão exige, além do dolo genérico — representado pela vontade consciente de
dispensar ou inexigir licitação com descumprimento das formalidades —, a configuração do especial
fim de agir, que consiste no dolo específico de causar dano ao erário ou de gerar o enriquecimento
ilícito dos agentes envolvidos na empreitada criminosa.
Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Alexandre de Moraes, que recebiam a denúncia.
(1) Lei 8.666/1993: “Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou
deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena - detenção, de 3
(três) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo
comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou
inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público”.
Inq 3962/DF, rel. Min Rosa Weber, julgamento em 20.2.2018. (Inq 3962)
INFORMATIVO STF Nº 893
SEGUNDA TURMA
DIREITO PENAL – INCITAÇÃO À DISCRIMINAÇÃO RELIGIOSA
Incitação à discriminação religiosa e liberdade de expressão
Informativo Criminal nº15– março/2018
23
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não está
protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão.
Com base nessa orientação, a Segunda Turma, por maioria, negou provimento a recurso ordinário
em “habeas corpus”, no qual se postulava a anulação ou o trancamento de ação penal que condenou
o recorrente pela prática do crime de racismo em decorrência de incitação à discriminação religiosa,
na forma do art. 20, § 2º, da Lei 7.716/1989 (1).
De acordo com os autos, o acusado incitou o ódio e a intolerância contra diversas religiões, além de
ter imputado fatos criminosos e ofensivos a seus devotos e sacerdotes, tendo as condutas sido
praticadas por meio da internet.
A Turma considerou que o exercício da liberdade religiosa e de expressão não é absoluto, pois deve
respeitar restrições previstas na própria Constituição. Nessa medida, os postulados da igualdade e da
dignidade pessoal dos seres humanos constituem limitações externas à liberdade de expressão, que
não pode e não deve ser exercida com o propósito subalterno de veicular práticas criminosas
tendentes a fomentar e a estimular situações de intolerância e de ódio público.
As condutas praticadas pelo réu representam abusos graves contra os valores, fundamentos e
princípios da Constituição Federal, indo de encontro ao que consigna o preâmbulo. Ele agiu contra a
harmonia social e a fraternidade que os constituintes procuraram construir a partir da promulgação
do texto constitucional.
Outrossim, compete ao Estado exercer o papel de pacificador da sociedade, para, assim, evitar uma
guerra entre religiões, como acontece em outras regiões do mundo.
Portanto, não há falar na existência de teratologia apta a ensejar o trancamento da ação penal, na
medida em que os fatos se enquadram na figura delitiva do art. 20, § 2º, da Lei 7.716/1989.
Vencido o ministro Edson Fachin, que dava parcial provimento ao recurso para determinar o
trancamento da ação penal.
(1) Lei 7.716/1989: “Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor,
etnia, religião ou procedência nacional. (...)§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é
cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa”.
RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgamento em 6.3.2018. (RHC
- 146303)
Informativo Criminal nº15– março/2018
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Superior Tribunal de Justiça
Informativo n. 0619- Publicação: 9 de março de 2018. SEXTA TURMA PROCESSO: HC 390.038-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 06/02/2018, DJe 15/02/2018 RAMO DO DIREITO: DIREITO PROCESSUAL PENAL TEMA: Tráfico de drogas. Causa especial de diminuição de pena. Art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006. Reincidência. Reconhecimento equivocado. DESTAQUE: É inviável o reconhecimento de reincidência com base em único processo anterior em desfavor do réu, no qual – após desclassificar o delito de tráfico para porte de substância entorpecente para consumo próprio – o juízo extinguiu a punibilidade por considerar que o tempo da prisão provisória seria mais que suficiente para compensar eventual condenação. INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR: Trata-se de habeas corpus em que o impetrante sustenta a ocorrência de constrangimento ilegal, ao argumento de que a reincidência foi considerada de maneira equivocada. Vale salientar que o paciente – condenado por tráfico de drogas – não obteve a redução da pena inerente à figura privilegiada do tipo penal, em face do reconhecimento da reincidência, com base em única ação penal anterior constante em sua vida pregressa. Na oportunidade da referida primeira e única condenação, o Juiz desclassificou o delito pelo qual respondia, atribuindo-lhe o crime de porte de substância entorpecente para consumo próprio, e, ato contínuo, extinguiu a punibilidade por considerar o tempo da prisão provisória mais do que suficiente para compensar eventual medida a lhe ser imposta. De fato, as instâncias ordinárias deixaram de reconhecer a incidência da causa especial de diminuição prevista no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, porque concluíram que a extinção da punibilidade, nesses casos, se assemelharia à extinção do processo executivo pelo cumprimento de pena e, por conseguinte, seria apta a gerar a reincidência. Todavia, não há como desprezar que o tempo de constrição considerado para a extinção da punibilidade se deu no âmbito exclusivo da prisão preventiva, sendo inconcebível compreender, em nítida interpretação prejudicial ao réu, que o tempo de prisão provisória seja o mesmo que o tempo de prisão no cumprimento de pena, haja vista tratar-se de institutos absolutamente distintos em todos os seus aspectos e objetivos. Nessa linha de raciocínio, a decisão de extinção da punibilidade, na hipótese, aproxima-se muito mais do exaurimento do direito de exercício da pretensão punitiva como forma de reconhecimento, pelo Estado, da prática de coerção cautelar desproporcional no curso do único processo em desfavor do paciente – citado anteriormente – do que com o esgotamento de processo executivo pelo cumprimento de pena. Acrescente-se, ainda, que, se o paciente não houvesse ficado preso preventivamente – prisão que, posteriormente, se mostrou ilegal, dada a desclassificação do primeiro delito a ele imputado –, teria feito jus à transação penal, benefício que, como é sabido, não é apto a configurar nem maus antecedentes nem reincidência. Nesse sentido, o único processo anterior existente em desfavor do réu não pode ser considerado para fins de reincidência, devendo a
Informativo Criminal nº15– março/2018
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Corte de origem reanalisar o preenchimento dos demais requisitos necessários à aplicação da minorante prevista no art. 33, § 4º, da Lei de Drogas.
Execução Penal
Informativos de Jurisprudência dos Tribunais Superiores
Supremo Tribunal Federal
Não houve publicação de interesse no período.
Superior Tribunal de Justiça
Não houve publicação de interesse no período.
Notícias
Notícias STF 27 de fevereiro de 2018 Recebida denúncia contra senador Wellington Fagundes por corrupção e lavagem Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2ª Turma: julgamento de inquérito contra deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) é suspenso por novo pedido de vista Clique aqui para ler a íntegra da notícia
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1ª Turma nega HC a pastor condenado por atentado violento ao pudor praticado com violência real Clique aqui para ler a íntegra da notícia PGR deve se manifestar sobre vazamentos de informações sigilosas das colaborações premiadas da Odebrecht Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2ª Turma condena deputado Nilton Capixaba por envolvimento na Máfia dos Sanguessugas Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2ª Turma reconhece prescrição e nega extradição de espanhol acusado de tentativa de homicídio Clique aqui para ler a íntegra da notícia Após voto-vista, relator indica adiamento de inquérito contra políticos do PP Clique aqui para ler a íntegra da notícia 28 de fevereiro de 2018 Ministra Cármen Lúcia oferece ao Ministério de Segurança Pública cadastro do CNJ para monitorar prisões Clique aqui para ler a íntegra da notícia Ministro nega pedido de imposição de medidas cautelares a deputado Lúcio Vieira Lima Clique aqui para ler a íntegra da notícia Negado habeas corpus a advogada condenada por integrar organização criminosa armada Clique aqui para ler a íntegra da notícia 1 de março de 2018
Informativo Criminal nº15– março/2018
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Ministro determina transferência para União de R$ 71 milhões de contas do publicitário João Santana Clique aqui para ler a íntegra da notícia Negado HC a acusado de fraude a licitação e corrupção passiva em Governador Valadares (MG) Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2 de março de 2018 Relator determina inclusão de Temer em inquérito que investiga ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco Clique aqui para ler a íntegra da notícia Ministro nega HC a ex-prefeito de cidade alagoana acusado de organização criminosa Clique aqui para ler a íntegra da notícia 5 de março de 2018 Negada soltura de advogado acusado de mandar matar sócio em São José do Rio Preto (SP) Clique aqui para ler a íntegra da notícia Decano do STF garante pena restritiva de direitos a duas mulheres condenadas por tráfico de drogas Clique aqui para ler a íntegra da notícia Autorizada transferência para penitenciária federal de mexicano apontado como líder de cartel de drogas Clique aqui para ler a íntegra da notícia 6 de março de 2018 Ministro determina que Justiça paulista analise pedido de prisão domiciliar de mãe seguindo balizas fixadas pela 2ª Turma
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Clique aqui para ler a íntegra da notícia 1ª Turma rejeita queixa-crime contra deputado federal Fernando Francischini por difamação e injúria Clique aqui para ler a íntegra da notícia 1ª Turma mantém processos contra Paulo Octávio na Justiça do DF Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2ª Turma recebe denúncia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra políticos do PP Clique aqui para ler a íntegra da notícia 1ª Turma concede habeas corpus para prefeito de Embu das Artes (SP) Clique aqui para ler a íntegra da notícia 1ª Turma nega habeas corpus a empresário de MS preso em operação da Polícia Federal Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2ª Turma nega recurso de pastor condenado por discriminação religiosa Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2ª Turma remete à Justiça de Pernambuco termos de colaboração premiada que envolvem Refinaria Abreu e Lima Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2ª Turma: situação excepcional autoriza concessão de habeas corpus substitutivo de revisão criminal Clique aqui para ler a íntegra da notícia Decisão determina nova investigação de vazamentos em inquérito contra Michel Temer Clique aqui para ler a íntegra da notícia
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7 de março de 2018 Negada queixa-crime por calúnia contra senador Telmário Mota Clique aqui para ler a íntegra da notícia 8 de março de 2018 Lei Maria da Penha é necessária, mas parece insuficiente Clique aqui para ler a íntegra da notícia Ministra Cármen Lúcia discute questão penitenciária com Raul Jungmann Clique aqui para ler a íntegra da notícia Relator desmembra inquérito que investiga suposta organização criminosa formada por políticos do PT Clique aqui para ler a íntegra da notícia Ministro determina que Justiça do Rio de Janeiro examine pedido de prisão domiciliar da mulher de Nem da Rocinha Clique aqui para ler a íntegra da notícia 9 de março de 2018 AP 470: Relator nega pedido de indulto para Henrique Pizzolato Clique aqui para ler a íntegra da notícia 12 de março de 2018 Ministro determina realização de perícia médica no deputado Jorge Picciani Clique aqui para ler a íntegra da notícia
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Liminar suspende sessão do júri do empresário Sérgio Nahas Clique aqui para ler a íntegra da notícia Grupo de trabalho liderado pela presidente do STF discute soluções para a questão penitenciária brasileira Clique aqui para ler a íntegra da notícia 13 de março de 2018 Liminar autoriza parte do indulto presidencial para sentenciados Clique aqui para ler a íntegra da notícia 1ª Turma recebe denúncia contra senador Romero Jucá por corrupção passiva e lavagem de dinheiro Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2ª Turma revê decisão que enviou dois habeas corpus para o Plenário Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2ª Turma nega HC que questionava criminalização de desacato de civil contra militar Clique aqui para ler a íntegra da notícia 14 de março de 2018 Ministro assegura a defesa de Jacob Barata Filho acesso a vídeos de depoimentos de colaboradores Clique aqui para ler a íntegra da notícia Presidente do STF reafirma que não pautará ações para rever prisão após decisão em segunda instância Clique aqui para ler a íntegra da notícia 15 de março de 2018
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Rejeitado trâmite de HC contra liminar que suspendeu parcialmente efeitos do decreto de indulto Clique aqui para ler a íntegra da notícia 16 de março de 2018 Ministro rejeita HC que pedia soltura a ex-prefeito de município paulista Clique aqui para ler a íntegra da notícia Negado habeas corpus a acusado de transmitir vírus HIV intencionalmente para vítimas Clique aqui para ler a íntegra da notícia Ministro nega novos pedidos apresentados no HC do ex-presidente Lula Clique aqui para ler a íntegra da notícia 19 de março de 2018 Rejeitado HC impetrado por defesa de agropecuarista preso por tráfico internacional de drogas Clique aqui para ler a íntegra da notícia Rejeitado HC que pedia encerramento de ação penal contra juiz acusado de trabalho escravo Clique aqui para ler a íntegra da notícia Suspensa execução provisória da pena de condenados por fatos investigados em operação da PF na Paraíba Clique aqui para ler a íntegra da notícia 20 de março de 2018 Ministro nega HC impetrado em favor de presos após condenação em segunda instância Clique aqui para ler a íntegra da notícia
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1ª Turma recebe denúncia contra deputado Adilton Sachetti por crime de responsabilidade Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2ª Turma concede habeas corpus para encerrar inquérito no STJ contra governador do Paraná Clique aqui para ler a íntegra da notícia Deputado Izalci Lucas é absolvido da acusação de Caixa 2 de campanha Clique aqui para ler a íntegra da notícia Negado recurso do MPF contra revogação da prisão do empresário Jacob Barata Filho Clique aqui para ler a íntegra da notícia Ministro rejeita recurso contra acórdão do julgamento de ações sobre execução provisória da pena Clique aqui para ler a íntegra da notícia 22 de março de 2018 STF concede salvo-conduto ao ex-presidente Lula até julgamento final de habeas corpus Clique aqui para ler a íntegra da notícia 26 de março de 2018 Convocada audiência pública em ação que discute descriminalização do aborto até 12ª semana de gestação Clique aqui para ler a íntegra da notícia Cassada decisão de órgão fracionário do TJ-MS que rejeitou crime previsto no CTB Clique aqui para ler a íntegra da notícia
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Notícias STJ 1 de março de 2018 Acusada de levar droga ao marido preso fica impedida de retornar ao presídio Clique aqui para ler a íntegra da notícia Seção aprova súmula sobre impossibilidade de atribuição de efeito suspensivo a recurso do MP Clique aqui para ler a íntegra da notícia 2 de março de 2018 Relação entre médico e paciente não pressupõe vulnerabilidade em casos de abuso sexual Clique aqui para ler a íntegra da notícia Comarca onde vítima toma conhecimento de ameaça por redes sociais é competente para analisar medidas protetivas Clique aqui para ler a íntegra da notícia Condenação por violência doméstica contra a mulher pode incluir dano moral mínimo mesmo sem prova específica Clique aqui para ler a íntegra da notícia 5 de março de 2018 Delação premiada é tema da Pesquisa Pronta Clique aqui para ler a íntegra da notícia 6 de março de 2018 Terceira Seção fixa em R$ 20 mil valor máximo para aplicação de insignificância em crime de descaminho Clique aqui para ler a íntegra da notícia
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Quinta Turma nega pedido da defesa de Lula para suspender execução provisória da pena de prisão Clique aqui para ler a íntegra da notícia 8 de março de 2018 Absolvição genérica não impede MP de pedir anulação do júri por contrariedade às provas Clique aqui para ler a íntegra da notícia Corte Especial recebe denúncia e afasta conselheiro do Tribunal de Contas do Amapá Clique aqui para ler a íntegra da notícia 9 de março de 2018 Ministro nega pedido de prisão domiciliar ao deputado Paulo Maluf Clique aqui para ler a íntegra da notícia 12 de março de 2018 Restabelecida sentença que condenou motorista por uso indevido de brasão da Polícia Federal Clique aqui para ler a íntegra da notícia Terceira Seção declara competência da Justiça Federal para apurar agressão contra índio Clique aqui para ler a íntegra da notícia 15 de março de 2018 Exposição pornográfica não consentida é grave forma de violência de gênero, diz Nancy Andrighi Clique aqui para ler a íntegra da notícia Sexta Turma nega habeas corpus a ex-vereador acusado de ficar com salário de servidor fantasma Clique aqui para ler a íntegra da notícia
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16 de março de 2018 Habeas corpus não é meio legítimo para defesa de visitas íntimas em presídio Clique aqui para ler a íntegra da notícia 17 de março de 2018 Para Quinta Turma, prova com material genético descartado é legal mesmo sem consentimento do investigado Clique aqui para ler a íntegra da notícia 21 de março de 2018 Corte Especial atende pedido do MPF e arquiva inquérito contra governador do Rio Clique aqui para ler a íntegra da notícia