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Dia dos Namorados: Roda de Leitura temática em Franco da Rocha I Sessão de Cinema na Penitenciária Feminina da Capital Lançamento da campanha “Detentos que trabalham, uma nova chance” CANTO LIBERDADE Publicação Funap - Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” - distribuição no sistema penitenciário de São Paulo agosto de 2008 edição 05 da (DES) Empenho dos alunos do Sistema no Centro de Exames Supletivos (CESU) Global Reciclagem comemora 1º aniversário

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da Sessão de Cinema na Penitenciária Feminina da Capital Dia dos Namorados: Roda de Leitura temática em Franco da Rocha I Global Reciclagem comemora 1º aniversário Lançamento da campanha “Detentos que trabalham, uma nova chance” agosto de 2008 edição 05 Publicação Funap - Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” - distribuição no sistema penitenciário de São Paulo

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Dia dos Namorados: Roda de Leitura temática em Franco da Rocha I

Sessão de Cinema na Penitenciária Feminina da Capital

Lançamento da campanha “Detentos que trabalham, uma nova chance”

cantoliberdade

Publicação Funap - Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” - distribuição no sistema penitenciário de São Paulo

agosto de 2008 edição 05

da

(DES) Empenho dos alunos do Sistema no centro de

Exames Supletivos (cESU)

Global Reciclagem comemora 1º aniversário

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Participe do canto

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Editorial

Olá a todos os leitores do Canto da Liberdade! Estamos de volta com mais uma edição.Esse espaço é reservado aos artistas do sistema peni-tenciário paulista. Pessoas que escrevem poemas, crôni-cas, contos ou poesias poderão ter seu trabalho publi-cado aqui. Participe também com dúvidas, comentários e reflexões. A sua carta sempre será bem-vinda! O Canto da Liberdade é o canal de comunicação do edu-cando. Participe!

Estudar é necessário e fundamental. Os estudos proporcionam privilégios e temos que entender que os estudos podem nos proporcionar melhores con-dições de vida. Ele é o único caminho para aqueles que estão em busca de uma nova oportunidade na vida.

Amauri Oliveira dos SantosPenitenciária “João Batista de Santana” de Riolândia

O retorno do informativo “Canto da Liberdade” é uma con-quista para todos, ampliando o canal de comunicação entre os educandos do sistema prisional paulista, os fun-cionários da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” e os da Secretaria da Administração Penitenciária.Elaborar propostas educacionais para os que se encontram recolhidos permite redefinir o papel das prisões no país e oferecer reais possibilidades de exercício responsável das liberdades individuais e coletivas. Implantar projetos de profissionalização possibilita a melhoria das condições de vida da pessoa presa, criando não só a perspectiva de tra-balho para todos como também o de geração de renda.Assim, a presente edição traz como matéria de capa uma boa notícia, divulgada pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo: o índice de aprovação dos alunos do sistema no Centro de Exames Supletivos (CESU) su-perou em 27% o resultado do ano passado. E mais que isso: o desempenho dos alunos na redação foi melhor do que os demais participantes.Temos, ainda, que comemorar o primeiro ano de atividades da cooperativa Global Reciclagem - iniciativa da Funap - Re-gional Araçatuba e da Prefeitura de Mirandópolis. Esse projeto abrange a integração social de egressos, familiares de

Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquin-ho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. Toquinho de madeira, alpiste e água. (...) Toquinho de madeira, al-piste e água. O menino abriu a gaiola; Ele voou por três dias... morreu de fome.1‘ lugar no concurso Escrevendo a LiberdadeAnderson Aparecido MachadoCDP Diadema

Nos escreva sempre! É muito bom receber uma carta sua, pois ela representa o resultado do nosso trabalho.Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” – Funap.A/C COMUNICAÇÃOR. Dr. Vila Nova, 268 - Vila BuarqueSão Paulo / SPCep: 01222-020

presos e a comunidade local de baixa renda, criando novos laços de amizades e agregando a questão da preservação ambiental. Os resultados positivos deste primeiro ano estão propiciando a expansão da cooperativa.Outra iniciativa inovadora, ora apresentada nesta edição, é o Projeto Cultura da Comunidade na Prisão, que tem por finalidade levar as questões da sociedade para dentro dos presídios, aproximando funcionários, estudantes, artistas e apoiadores vinculados às mais diversas formas de ex-pressão cultural. Uma sessão de cinema na Penitenciária Feminina da Capital marcou a estréia do projeto.Para nós, que persistimos acreditando na transformação de vidas no sistema prisional, que continuamos envolvidos nos projetos de educação, cultura e trabalho e que, há trinta anos, não desistimos de sonhar, é uma grande recompensa!Todos conhecem as muralhas que nos cercam. Vamos continuar trabalhando para fornecer ferramentas que permitam transpô-las ou, até mesmo, derrubá-las, lem-brando sempre que “a vida não se conta pela respiração, mas pelos momentos que cortaram o fôlego”.Tenham todos uma ótima leitura!

Lúcia Maria Casali de Oliveira - Diretora Executiva

EXPEDIENTEFunap - Fundação “ Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” Presidente: Arthur Allegreti JollyDiretora Executiva: Lúcia Maria Casali de OliveiraChefe de Gabinete: Rosália Maria Andreucci Naves Andrade

Jornalista: Joyce Malet Kassim (MTB 50973)Diagramação: Douglas Docelino da ConceiçãoColaboradores: Regionais São Paulo/Vale; Grande São Paulo/Litoral; Campinas; Presidente Prudente; Sorocaba; Ribeirão Preto; Araçatuba; Bauru.

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ExtraMuros

Em comemoração aos 30 anos de atividades desenvolvidas obje-

tivando a formação profissional e o trabalho remunerado dos educandos do sistema prisional de São Paulo, a Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel” - Funap - realizou em dezembro de 2007, no Memorial da América Latina – Biblioteca Latino-Americana “Victor Civita”, um evento de lançamento oficial do selo da campanha “Detentos que trabalham, uma nova chance”.Durante a celebração foram expostos quadros, brinquedos, tapetes e arte-sanatos em geral produzidos pelos educandos de diversas unidades e também por egressos. Todo dinheiro arrecadado com as vendas foi en-caminhado ao responsável pela confecção do trabalho e, no caso dos educandos, depositado em conta pecúlio.Um vídeo institucional foi apresen-tado aos convidados com os depoi-mentos da homenageada da noite, D. Carmen Pimentel, viúva do fundador da instituição e de seu atual presi-dente, Arthur Allegretti Joly, ambos presentes na ocasião. Ao término do evento, o Grupo Panóptico de Teatro - formado por egressos e atores con-vidados - apresentou a peça “Eles

não usam camisa de força”, um espe-táculo que tem como base a tríade: loucura, revolução e caos.Desde o lançamento oficial, todos os produtos e serviços da Funap levam o selo da campanha “Detentos que trabalham, uma nova chance”, alusivo à relevância da recuperação da população do sistema prisional. O projeto tem por objetivo aproximar a sociedade civil e acrescentar um valor agregado ao trabalho realizado.A Funap é vinculada à Secretaria da Administração Penitenciária, dirigida pelo secretário Antonio Ferreira Pinto. Instituída em 1976, durante a gestão do Dr. Manoel Pedro Pimentel à frente da Secretaria de Justiça, a Fundação tem por missão institucional plane-jar, desenvolver e avaliar, no âmbito estadual, programas sociais nas áreas da assistência jurídica, da educação, da cultura, da capacitação profissional e do trabalho para as pes-soas que se encontram privadas de liberdade, desenvolvendo seus poten-ciais como cidadãos e profissionais.Contribuir para a recuperação social do preso e para a melhoria de sua condição de vida, por meio da ele-vação do nível de sanidade física e moral, do adestramento profissional e do oferecimento de oportunidade

de trabalho remunerado tem sido o grande desafio e estímulo para os que estão à frente dos mais diversos projetos da Funap.Na área da profissionalização, os es-forços estão centrados na realização de cursos profissionalizantes com cer-tificação que invistam na perspectiva de formação integral (gestão, cidada-nia, mercado, empreendedorismo, cooperativismo), buscando sempre a especialização de forma a criar real possibilidade de ingresso no mercado formal de trabalho.“O valor das coisas não está no tem-po em que elas duram, mas na inten-sidade que elas acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas in-comparáveis. Pessoas que acreditam em seus sonhos, como o Prof. Ma-noel Pedro Pimentel e sua esposa, D. Carmen Pimentel. Todavia, não basta sonhar. É preciso acreditar, ter fé e lutar, como todos os servidores que, apesar das dificuldades diárias, se dedicam a manter a chama acesa. E, por fim, como nada é impossível, há pessoas que, de alguma forma, par-ticipam desses ideais. A elas, o nosso muito obrigado!”, finalizou a diretora executiva da Funap, Lúcia Maria Casali de Oliveira.

Funap comemora 30 anos e lança campanha “Detentos que trabalham, uma nova chance”

Cerca de 200 pessoas prestigiaram o lançamento da campanha “Detentos que trabalham, uma nova chance”

Selo da Campanha

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Índice de aprovação no CeSU sobe 27%

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, 3.318 educandos conquistaram diploma de conclusão do Ensino Fundamental e Médio.

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Já foi dito certa vez que educar é gerenciar sonhos. O trabalho

que a Funap desenvolve na área da Educação dentro de 97 unidades prisionais tem por objetivo oferecer um Programa de Educação Básica que engloba desde a alfabetiza-ção ao ensino médio. Mais do que ensinar os caminhos das letras e números, o que se busca é a Edu-cação plena do indivíduo, envolvendo questões de cidadania e de como vidas podem ser transformadas por meio do conhecimento.Um bom fruto desse trabalho foi colhido com o resultado da última prova do Centro de Exames Supletivos (CESU), divulgado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. O CESU tem por finalidade oferecer certificação de Ensino Fundamental e Médio, concedendo diploma ou atestado em determina-das áreas aos aprovados. A última avaliação foi realizada em 2 de março e cerca de 4.200 alunos do sistema prisional fizeram a prova, sendo que 3.318 educandos obtiveram essa con-quista. O número é 27% superior ao de 2006, quando 2.515 foram aprova-dos.A Secretaria da Educação divulgou que os alunos dentro do sistema pri-sional foram melhores nas redações do que os demais participantes. Esse dado demonstra que o incentivo da Funap na área cultural por meio da implantação de Salas de Leitura den-tro das unidades - atualmente são 112 salas formadas com, no mínimo, 1.000 títulos e equipadas com com-putadores para controle e otimização do acervo - é uma atitude acertada. O índice de aprovação dos educan-

dos no CESU foi de 75,7%, a marca de aprovação entre os participantes dos colégios públicos submetidos a igual exame ficou em 66% (105 mil candida-tos e 70 mil diplomados). Nas discipli-nas História, Geografia, Matemática, Física, Química e Biologia, a nota dos educandos que concluíram o Ensino Médio foi maior do que a dos alunos em liberdade. Já em Português, os presos alcançaram a mesma pontuação.A visão sobre os benefícios no mer-cado de trabalho e a percepção de que a educação ameniza a ficha criminal são algumas das explicações para essa significativa melhora no desempenho dos alunos dentro do sistema. A diretora executiva da Funap, Lúcia Casali, credita o aumento à implantação do calendário único escolar em 2006. “Quando o preso é transferido, o que é freqüente, ele continua a cursar o mesmo currículo

em qualquer unidade”. De fato, essa padronização trouxe um estímulo a mais para o ingresso nas aulas. Um dos aprovados no exame foi o monitor de cultura do Centro de Pro-gressão Penitenciária “Dr. Edgard Magalhães Noronha” de Tremembé, Edson Lúcio Passos. Ele ministra aulas de Inglês desde setembro de 2007 e fala da importância da busca pelo conhecimento, independente do momento da vida ou local. “Posso ser considerado um privilegiado, já que tive a oportunidade de morar no exterior. Não posso comparar as minhas oportunidades com as do resto da população tanto daqui como lá de fora. Eu não terminei os meus estudos porque não quis, foi pura vagabundagem. Hoje eu sei que o ensinamento e o estudo podem tirar a gente daqui”.

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temente uma coletânea de textos de pesquisadores da área da educação escolar nas prisões, “Educação Es-colar entre as grades”. Com textos de Elenice Maria Cammarosano Onofre, Elionaldo Fernandes Julião, Arlindo da Silva Lourenço, Marieta Gouvêa de Oliveira Penna, Silvio dos Santos e José Antonio Gonçalves Leme, essa apresentação de diversas pesquisas parte do princípio fundamental de que a educação é a essência transforma-dora, apresentando a escola como possibilidade, embora a cultura pri-sional se caracterize pela repressão, ordem e disciplina. Os estudos apresentados permitem o repensar de

possíveis caminhos para as escolas das prisões, na medida em que estas se constituem em mediadoras entre saberes, culturas e realidade, oferecen-do possibilidades que, ao mesmo tempo, libertem e unam os excluídos que vivem no interior das unidades prisionais. “O livro reúne as produções de seis mestres e doutores apaixonados pela escola no interior das prisões e esse interesse nasceu da crença de que a Educação, mesmo realizada entre as grades, é fundamental para a inclusão e cidadania de todos aqueles que estão privados da liberdade”, afirma José An-tonio, gerente da regional Grande São Paulo e Litoral da Funap.

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Oziel Rodrigues dos Santos também concluiu o ensino médio na mesma unidade e não pensa em parar de es-tudar. “Já estou inscrito para o ENEM e espero fazer a prova lá fora. Essa prova ajuda para o ingresso numa faculdade e eu quero continuar es-tudando, quero muito fazer algum curso na área de saúde”.O monitor orientador que atua nessa unidade, José Lincoln Simeão Lopes, pontua as principais mudanças ocor-ridas no sistema desde quando iniciou o seu trabalho, 15 anos atrás. “Houve mudanças no perfil do cidadão-preso. Agora, é uma faixa etária mais jovem que tem mais interesse pelo estudo, pois compreende melhor a importân-cia da educação. Também o nível de escolaridade mudou: se antes tínha-mos um número muito grande de analfabetos funcionais, hoje a maioria dos alunos possui o Ensino Fundamen-tal incompleto, uma parte um pouco menor possui Ensino Médio incompleto ou completo e, finalmente, os analfa-betos funcionais e os de curso superior são em menor número”.Quanto ao desempenho dos alunos da unidade ressalta “o fato do aluno poder cursar o Ensino Fundamental ou Médio na unidade penal e daqui sair com um certificado de conclusão do respectivo curso não é o fator pre-ponderante para a mudança de vida que ele necessita. Embora o diploma seja importante como elemento de inserção no mercado de trabalho e para a vida, a educação de jovens e adultos presos realizada pela Fu-nap visa antes de tudo o resgate da cidadania, a compreensão de que te-mos deveres, mas também direitos. Saber respeitar os primeiros e reivin-dicar de forma responsável os últimos é a tônica de nossa educação”.Apesar do bom desempenho, não se pode esquecer que dentro de um uni-verso amplo de 145 mil pessoas reclu-sas somente no Estado de São Paulo, cerca de 15 mil freqüentam as salas de aula. E sobre esse tema, foi lançado recen-

Edson Lúcio Passos dá aula de Inglês na Penitenciária “Dr. Edgard Magalhães Noronha” de Tremembé Oziel Rodrigues dos Santos também conseguiu sua

certificação no CESU

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IntraMuroscantoda l I B E R D a D E

Numa tarde chuvosa, típica do outono paulista, uma sessão de

cinema combina não apenas com pipoca, mas também é convidativa para uma boa reflexão. Foi assim com a estréia do projeto Cultura da Comunidade na Prisão, idealizado por José Roberto Costa, supervisor regional da Funap. O projeto tem por objetivo trazer questões da sociedade para dentro dos presídios, aproximando esses dois “mundos” separados, temporariamente, por grades e muros. Dessa forma, busca ampliar o conhecimento tanto dos educandos como também dos funcionários, estudantes, artistas e apoiadores vinculados às formas de expressão cultural. “Todos esses públicos sairão ganhando com essa iniciativa, pois representa uma troca de experiências muito interessante”, diz José Roberto.

Estréia do Projeto Cultura da Comunidade na Prisão

A primeira ação do projeto foi a exibição do filme “Ai que vida”, uma comédia romântica produzida por Cícero Filho, aluno de pós-graduação da

Anhembi Morumbi, curso de Cinema, Vídeo e Fotografia – integração de multimeios. Cerca de 110 pessoas - entre educandas e funcionários - prestigiaram a exibição do filme que

transformou a capela da Penitenciária Feminina da Capital numa verdadeira sala de exibição, com direito a telão, escurinho e muita pipoca. Ao término da exibição, as educandas pediram para que o próximo filme também seja um dos 24 produzidos por Cícero. Ele prometeu que levará um drama para o segundo semestre “Entre o amor e a razão”, que narra valores familiares tão pouco trabalhados nos dias de hoje. É só aguardar!Essa foi a primeira etapa de uma série que o projeto Cultura da Comunidade na Prisão levará para as unidades prisionais do Estado de São Paulo. Vivenciar novas experiências, expressões culturais e conhecimentos antes desconhecidos são os ingredientes que tornam essa iniciativa além de interessante, eficaz em seus efeitos.

Uma história de amor entre as grades

la, Maria Alice, do Cenpec, as educa-doras e educadores das Penitenciárias I e II de Franco da Rocha, o gerente regional da Funap, José Antonio e os Diretores da Unidade, o Sr. Eduardo (Diretor Geral) e o Sr. Anderson (Diretor do Núcleo de Trabalho e Educação).Foi um momento maravilhoso que emocionou a todos. Tanto pela apre-

sentação fantástica do educando Ailton, como pela história ali interpretada.

O acaso preparou uma grande sur-presa na tarde do dia 12 de junho

na Penitenciária “Mário de Moura Al-buquerque” de Franco da Rocha I. A Roda de Leitura, atividade que pas-sou a fazer parte do currículo escolar, coordenada pelo educando Ailton José da Silva, naquele dia em especial - dia dos namorados - teve como tema o amor.Na presença de mais de 50 alu-nos, os educandos Ailton e Renato (ao violão), contaram a história da “Melancia e do coco-verde” (adaptação do folclore da Região Sul), de Ricardo Azevedo (pesquisa-dor das tradições populares). Uma história que fala de um amor que pare-cia impossível, como tantos outros amores da literatura e da vida.Prestigiaram este maravilhoso evento representando a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, Egle e Ânge-

Essa iniciativa representou o primeiro passo de uma série e deve servir de exemplo para outras unidades.Vale ressaltar o apoio do diretor da unidade para a realização dessa Roda de Leitura, bem como o incentivo ao projeto por parte do Cenpec e Secre-taria de Cultura. O papel de destaque tanto da educadora Cláudia dos San-tos Nascimento, que já vem realizan-do eventos como este e incentivando o gosto pela leitura a muito tempo, como também dos monitores e alunos da PI de Franco da Rocha que deram um verdadeiro show na organização e participação entusiasmada. Ao final do evento, houve sorteio de livros para os alunos e um delicioso bolo. A história pode ser encontrada no livro: No meio da noite escura tem um pé de maravilha, Ricardo Azevedo, Editora Ática.

Sessão de cinema na PFC

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Em 19 de junho foi realizada a cerimô-nia do 1º ano de atividades da co-

operativa Global Reciclagem que reúne egressos, familiares de presos e comu-nidade de baixa renda de Mirandópolis. O evento teve início com a chamada das autoridades que representavam as instituições parceiras, a saber: o Prefeito José Antonio Rodrigues; a presidente do Fundo Social de Solidariedade, Carmen Lúcia Rodrigues Junqueira; a diretora de Formação, Capacitação e Valoriza-ção Humana da Funap, Maria Beatriz Arias Perez Figueredo; o presidente do Lions Clube de Mirandópolis, Luiz Carlos Buzzo; presidente da Câmara Municipal, Gines Fernandes e o presidente da Glo-bal Reciclagem, José Maria dos Santos.Falando em nome da cooperativa, o egresso Nelson Francisco destacou a importância da iniciativa para a acolhida e reintegração social das pessoas que deixam o sistema penitenciário, ressal-

tando que o fato de a cooperativa reunir também os familiares de presos e a comu-nidade local permite a criação de novos laços de amizade e convívio social.Já a diretora da Funap apontou os ganhos significativos desta experiência, sobretudo por aliar a reintegração social à preservação ambiental. “Trata-se de uma iniciativa de enorme valor social e ambiental e que coloca a reintegração social dos presos e egressos num novo horizonte de signifi-cação, promovendo um novo olhar tanto por parte da população como por parte da própria Funap”, afirmou Maria Beatriz. O presidente do Lions, Luiz Carlos Buzzo, informou que será renovado pelo período de 2 anos o termo de parceria com a Fu-nap, por meio do qual as organizações parceiras coordenam o Centro de Desen-volvimento e Reintegração Social de Mi-randópolis, iniciativa comunitária respon-sável pela gestão de diversos programas, dentre eles a Global Reciclagem.

Por fim, o prefeito municipal lembrou os desafios para a implantação da coopera-tiva, as conquistas já obtidas e a importân-cia da coleta e separação dos materiais recicláveis, que além de diminuírem o volume de resíduos incorretamente des-cartados, estão ajudando na geração de trabalho e renda para diversas famílias. “A coleta seletiva em Mirandópolis com-pleta hoje um ano, junto com a Global Reciclagem e já é necessário pensar na sua ampliação. Por isso, Prefeitura e Fu-nap já estão de olho em novos projetos”, informou José Antônio.Em seguida, o gerente regional da Funap Araçatuba, Felipe Athayde Lins de Melo, responsável pela gestão do projeto, apresentou um balanço dos resultados sócio-ambientais obtidos pela cooperativa. Assim, com este evento, marcou-se mais um momento de integração entre a comunidade lo-cal e o sistema prisional.

Global Reciclagem comemora 1º aniversário

culturaO concurso teve por objetivo incentivar a produção textual dos detentos dos estabelecimentos penais e contribuir para a inserção social do preso por meio da educação, além de criar um canal de expressão com o mundo externo. Os participantes puderam desenvolver textos dos mais variados tipos, como poesia, contos, prosa, histórias em quadrinhos e crônicas.Foram inscritas cerca de 8 mil redações e para a seleção dos melhores trabalhos a comissão organizada considerou como critérios a compatibilidade com o tema “Escrevendo a Liberdade”, clareza de expressão, criatividade, originalidade e o desenvolvimento lógico do raciocínio.As trinta melhores produções textuais serão reunidas em posterior publicação. Mais uma iniciativa bem-sucedida que reafirma a máxima de que os corpos po-dem estar presos, mas nunca a alma.

Cura para a alma e refrigério para o espírito. Esses são alguns dos

efeitos que as palavras podem exer-cer sobre aqueles que se dispõem ao hábito da leitura. Os livros dão asas, transpõem grades e fronteiras.Em 2007, o Ministério da Justiça, por

meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), promoveu o primei-ro concurso de redação voltado exclu-sivamente para detentos do sistema carcerário brasileiro. O concurso foi destinado aos presos provisórios, condenados e pessoas sob medida de segurança e premiou as melhores produções textuais sobre o tema “Es-crevendo a Liberdade”. O Estado de São Paulo foi muito bem representado neste concurso, prova disso foi que o primeiro e terceiro lugares foram con-quistados por educandos do estado.Anderson Aparecido Machado, do CDP de Diadema foi o vencedor e o terceiro lugar ficou com Alexandre da Silva Camilo, da Penitenciária “Mário de Moura Albuquerque” de Franco da Rocha I. Na categoria júri popular, o escolhido foi Marcio Augusto dos San-tos, da Penitenciária I de Serra Azul.

Escrevendo a Liberdade: Estado de São Paulo bem representado em concurso nacional

Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro” (Henry Thoreau, poeta e filósofo norte-americano).“Descobri que a leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, porque não sonhar os meus próprios sonhos?” (Fernando Pessoa)

oportunidade

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EntrevistaA Funap tem a sua história

CL - Merecidamente homenageada na comemoração dos 30 anos da Funap. Conte-nos um pouco do iní-cio dessa história.

CP - Meu marido foi Secretário da Justiça no governo Paulo Egydio Martins e logo após ele ter tomado posse, ele foi fazer sua primeira visita oficial à Penitenciária Feminina. Eu sempre acompanhei o trabalho dele, sempre me interessei muito pelo o que ele fazia e pelo trabalho que desenvolvia. Então, naquele dia, re-solvi ir junto para fazer essa visita. Che-gando lá, olhando todas as dependên-cias da penitenciária, conversando com a diretora que era uma irmã da Ordem do Bom Pastor, visitando a sala da laborterapia, constatamos que havia ali empilhada uma quanti-dade enorme de trabalhos artesanais, dos mais variados tipos. Eram panos

de prato bordados, vários crochês, enfim, coisas desse tipo empilhadas e desconhecidas pelo público. Nada daquilo era divulgado e poucas coisas eram vendidas, já que além da falta de coordenação e divulgação, não havia muito estímulo pelo trabalho.

CL - O que foi feito, então, para mudar essa realidade?

CP - Naquele instante meu marido começou a raciocinar que seria muito melhor capacitar, tornar o trabalho das detentas mais profissional, para dar uma qualificação de mão-de-obra visando à saída, uma vez cumprida a pena. Então, fizemos a divulgação daquele trabalho que já era realizado e começamos a vender todas aque-las pilhas de artesanatos. Fizemos, inclusive, um bazar na penitenciária feminina mesmo. Foi um suces-so, vendemos tudo! E dali partiu a idéia de realmente profissionalizar o trabalho delas e começamos uma campanha pedindo donativos para comprar máquinas e os equipa-mentos necessários.

CL - Quais foram os principais apoiadores desse novo projeto que originou a Funap?

CP - Fomos ajudados pelo Rotary e por várias entidades, secretarias de Estado e meu marido, então, resolveu criar um instituto que foi denominado “Instituto de Amparo ao Trabalhador Preso”. Essa seria uma experiência piloto na Penitenciária Feminina para ver se seria possível ser estendida às demais peniten-ciárias e, por fim, criar de fato uma Fundação.

CL - Qual a participação da senhora no início do Instituto?

Em 1977, o sonho começou. Como qualquer nobre projeto,

teve início no coração de quem se dispôs a mudar uma realidade. O velho jargão de que atrás de um homem bem-sucedido há uma grande mulher é refutada por essa ativa senhora. “Que coisa mais retrógrada! Ao lado de um grande homem, sempre ao lado, existe uma grande mulher”. De fato. Com o olhar meigo e atitude de van-guarda, a esposa do então Secretário da Justiça do Estado de São Paulo, Dr. Manoel Pedro Pimentel, arregaçou as mangas e começou a transformar a vida de muitas presas da Peniten-ciária Feminina. Mal sabia ela que, depois de 30 anos, a Fundação que leva o nome do seu marido atende uma população maior que muitas grandes cidades do Brasil. Conheça a simpática D. Carmem Pimentel, mais que uma simples viúva de um político importante, uma brasileira que acreditou na recuperação por meio do trabalho.

CP - Eu fui feita presidente desse Instituto e durante um ano e alguns meses trabalhei bastante no sentido de angariar donativos, trocar aquele artesanato todo manual por máqui-nas industriais. O instituto foi uma experiência piloto para ver se haveria resultado para então encaminharmos o pedido à Assembléia para se criar uma Fundação. Não posso deixar de mencionar a psicóloga da Peniten-ciária Feminina, Antonieta de Cássio Sá, pois ela acompanhou todo tra-balho do Instituto e viu seu progresso, o estímulo que as presas recebiam e acompanhou também o natural crescimento do Instituto de Amparo ao Trabalhador Preso. Por iniciativa própria, ela encaminhou uma men-sagem à Assembléia Legislativa de São Paulo relatando todo o progresso que estava havendo com as presas, o entusiasmo do trabalho, o interesse que estava gerando na população carcerária, enfim, justificando a criação da Fundação. E assim foi criada e aprovada a Funap.

Carmen Gama Pimentel, homenageada na comemoração dos 30 anos da Funap

SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA