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Ano XL Nº 452 |Setembro/Outubro 2016 | Publicação Bimestral | ISSN 0870-8789 Apoio Apoio Distribuição Gratuita aos Associados Preço Avulso 5,25 Euros (I.V.A. Incluído) www.apotec.pt ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADE INSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA Prémios APOTEC – Ano 2016 Candidaturas até 30 de Novembro Álvaro Costa, presidente da Secção Regional de Coimbra em entrevista As garantias dos contribuintes: pagar ou reclamar, qual a melhor opção? IVA: algumas notas sobre a tributação

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Ano XL Nº 452 |Setembro/Outubro 2016 | Publicação Bimestral | ISSN 0870-8789

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www.apotec.pt

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADEINSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA

Prémios APOTEC – Ano 2016Candidaturas até 30 de Novembro

Álvaro Costa, presidente da Secção Regional de Coimbra em entrevista

As garantias dos contribuintes: pagar ou reclamar, qual a melhor opção?

IVA: algumas notas sobre a tributação

166    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADEINSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA

Estatuto Editorial:

O Jornal de Contabilidade é o periódico técnico e científico que permite tomar conhecimento de todos os aspectos das técnicas contabilística, fiscal e jurídica.

É distribuído gratuitamente a todos os associados e é editado ininterruptamente desde Abril de 1977, constituindo um importante elo de ligação entre a APOTEC e os Associados.

Está disponível aos Associados e Assinantes na Área Reservada, as edições desde 2006.

Os destaques desta edição encontram-se em www.apotec.pt/jornal/

www.apotec.pt

Dois mil e dezasseis ao fim da tarde 167

O Jornal de Contabilidade entrevista Álvaro Costa, presidente da Secção Regional de Coimbra da APOTEC 169

As Garantias dos Contribuintes: Pagar ou reclamar. Qual a melhor opção? 172

Algumas notas sobre a tributação das prestações de serviços em IVA e a jurisprudência das prestações recíprocas 175

Síntese Económica 179

Nações e Mercados 181

Consultório 183

Glossário do Contabilista 193

Com a devida vénia 194

Legislação 195

Obituário 197

A APOTEC em notícias 198

SEPARATA:

- FormaçãoAlbufeira | Braga | Coimbra | Lisboa | Madeira | Viseu

Director: Manuel Benavente RodriguesCoordenação: Isabel Maria CiprianoColaboração: Alexandra Varela, Paulo Nogueira FilhoMensário Técnico, fundado por Martim Noel MonteiroPropriedade e Edição: Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade – APOTEC (Instituição de Utilidade Pública)NIF: 500910847Periodicidade: Bimestral

Redacção e Administração: Rua Rodrigues Sampaio, 50, 3º Esq. 1169-029 LISBOATelefone: 213 552 900 / Telefax: 213 552 909Site: www.apotec.pt / E-mail: [email protected]

Tiragem: 7000 exs.Depósito Legal: 53873/92Registo nº 105076 ICS

Assessores: Abílio Sousa; António José Neves Casaca; Ana Coelho; João Filipe Gonçalves Pinto; José de Oliveira Sales Pires.

Composição e impressão: PENTAEDRO – Tel. 218444340 1700-249 LISBOA

Normas de publicação: Os textos recepcionados têm a prévia autorização dos respectivos autores para publicação na nossa revista.

Os artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores e não vinculam a APOTEC.

O Jornal de Contabilidade, até decisão em sentido diferente, publicará os textos em português de acordo com a ortografia adoptada pelos respectivos autores.

Os textos da responsabilidade da redacção não são escritos segundo o Novo Acordo Ortográfico.

ÍNDICE

FICHA TÉCNICA

JORNAL DE CONTABILIDADE

Nº 452 | Setembro/Outubro 2016

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    167

editorial

Dois mil e dezasseis ao fim da tarde

Estava  agora  a  ouvir  Fareed  Zaccaria  jornalista  da Newsweek  no  programa  de  televisão  “GPS”  parafra- sear Bill Clinton, afirmando: “Sigam as tendências não sigam as notícias”.

As guerras no mundo, expressas nas notícias que hoje, não só nos caem no prato, como nos surpreendem no portátil ou no telemóvel,  fazem-nos experimentar per-cepções  semelhantes  de  este  a  oeste  do  globo,  pelo que se perguntarem a um cidadão de Pequim, a outro de Nova York ou outro em Lisboa, sobre esses conflitos mundiais,  todos  mais  ou  menos  serão  unânimes  na resposta  afirmando,  que  atravessamos  um  verdadeiro caos de violência. 

Por  outro  lado,  partindo  do  princípio  que  as  guerras que são pagas sempre em vidas, nunca têm preço, ao olharmos hoje para um mapa do globo, podemos cons-tatar, que os grandes conflitos de agora se concentram grosso modo, no Médio-Oriente mais África.  Inclusiva-mente e mesmo agora, acabou a fratricida guerra civil na Colômbia, que durou cinquenta anos e que erradi-cou  o  fenómeno  do  continente  americano.  Que  se junta assim à Europa, Ásia e Oceânia. O que de forma alguma sublinho, apaga as consequências das guerras, porém é um fenómeno que tem de ser visto em pers-pectiva e tem de se levar em conta. 

E pergunta-se agora:  acaso  isso quer dizer que morre menos gente nas guerras do mundo ou que os  inves-timentos bélicos diminuíram? De forma alguma. O que nós temos de perceber são os caminhos que se percor-rem, para lá das frases estáticas das notícias. 

E são as frases das notícias que no nosso mundo cons-troem muitos juízos. De forma alguma se procura aqui a unicidade da história da notícia, bem pelo contrário. O  facto  só  existe  enquanto  facto,  enquanto  houver sujeitos  a  fazer  eco  do  facto  e  depois  a  interpretá-lo. Mas se aceitarmos que a verdade é portadora de mais verdade apenas porque mais gente  faz eco dela,  lem-bramos  que  resvalamos  para  o  politicamente  correcto mais  rasteiro  e  correndo  o  risco  dessa  ser  a  menor verdade.  O  que  nos  pode  levar  também,  às  opiniões transvestidas de notícias com que amiúde, deparamos nos meios de comunicação. E o que é opinião e o que é notícia? 

Vejamos os resumos de notícias com que os meios de comunicação  audiovisuais  nos  informam:  são  notícias mais ou menos puras,  são opiniões escamoteadas em notícias e são notícias pré-seleccionadas – voltam a ser opiniões. 

Uma  articulista  de  um  jornal  diário,  a  propósito  da manifestação  dos  taxistas,  assumindo-se  consumidora e  utente  de  táxis  há  muitos  anos,  proclama  que  vai deixar de utilizar os respectivos serviços, como censura ao comportamento dos mesmos durante a manifesta-ção.  E  onde  está  o  comentário  ao  diferendo  taxistas- -uber-governo, por parte da articulista? 

Manuel Benavente RodriguesDirector Jornal de Contabilidade

168    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

E já agora, voltando aos taxistas, começo por recriminar o  seu  comportamento  nada  sociável  durante  a  mani-festação; porém, vejo muito poucos comentários sobre a  actuação  do  governo,  que  tem  nos  taxistas  e  nas respectivas empresas, bem ou mal, uma actividade pro-fissional  regulamentada,  a  cumprir  preços  regulamen-tados,  com  contingentações  regulamentadas,  numa palavra,  a  prestar  serviço  público.  Mas  que  pretende impor-lhes a desregulamentação do mercado da Uber, como dizia ontem o Secretário de Estado, reconhecen-do que a Uber, dona de uma preciosíssima tecnologia de ponta só ao alcance dos eleitos, tem a liberdade de praticar os preços que melhor entender, de transportar ou  não  os  passageiros  que  quiser,  porque  não  está  a cumprir serviço público… Aqui para nós, ou regulamen-tam  tudo  ou  desregulamentam  todos.  A  propósito, porque não  fazem experiências peregrinas  como esta, com médicos, advogados ou juízes? É que mesmo para muitos profissionais da informação, os mal-educados e os  bem-educados  taxistas  são  apenas  carne  para  ca-nhão.

Visitemos  agora  os  refugiados  que  vão  penando  pela Europa: os alemães têm a má ou boa fama, de serem inflexíveis com os seus devedores. Em nome disso, va-mos  apagar  o  milhão  de  refugiados  que  a  chanceler Merkl acolheu na Alemanha? 

António Guterres, que é um homem bom e culto, estou ciente disso, ganhou a eleição para Secretário-geral da ONU e não escondo que como português  fiquei  feliz, pois é  sem dúvida um cargo que prestigia Portugal. E se  esquecêssemos  alguns  dos  seus  nebulosos  tempos de primeiro-ministro?

Relendo um artigo que publicara na “Vida Económica” há cerca de quinze anos atrás, deparei  com este meu raciocínio:  o  poder  é  sempre  optimista  e  a  oposição pessimista. Estes anos todos depois, servem para rever governos e oposições que entretanto por aqui passaram e entenderemos como as convicções não mudam, con-soante  as pessoas, mas quantas  vezes,  sim,  conforme os lugares que se ocupam no parlamento.

Como havemos pois de  classificar o poder de há dois anos atrás, que agora está na oposição? E como clas-sificar a oposição ao poder de outrora e que agora está no governo? 

E  os  referendos?  Serão  apenas  populistas  quando apoiam decisões dos outros, ou são sempre populistas?

Finalmente voltemos às guerras; agora às guerras justas e guerras injustas, conforme nos convêm ou não. 

As  notícias  muitas  vezes  fabricam-se,  as  tendências poucas  vezes  se  estudam.  Quanto  à  ética,  quantas vezes fica em lugar incerto… 

A campanha de novos associados continua!No espírito do livre associativismo e entreajuda, a Direcção da APOTEC decidiu continuar com a Campanha de NOVOS ASSOCIADOS que teve início em 2012, por ocasião dos 35 anos da APOTEC.

Mais de duzentos novos associados aderiram à APOTEC no ano transacto! Uma Associação livre, de inscrição faculta-tiva e de  reconhecida utilidade pública. A confiança dos Associados  impele-nos e motivamos a  servir mais e melhor, em defesa e acompanhamento profissional, nos limites estipulados no Estatuto que rege a APOTEC.

CAMPANHA DE NOVOS ASSOCIADOS

•   Os Novos Associados beneficiam de uma Acção de Formação Gratuita1

•   Os Associados que divulguem e promovam a APOTEC, que proponham Novos Associados, beneficiam também de uma Acção de Formação Gratuita1

1  Acções de Formação limitadas a 6 horas (1 dia)

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    169

eNtreViSta

O JC entrevista Álvaro Costa, presidente da Secção Regional de Coimbra da ApOteC

ça mais baixa, não havendo a preocupação com a qualidade do trabalho. Porém, o contabilista, continua a ser o confiden-te de todas as situações e problemas, que as sociedades e os respectivos gestores  atravessam,  tanto no plano empresarial como pessoal.

JC – O que pensa da evolução da profissão? (Guarda livros, técnico de contas, contabilista, técnico oficial de contas, contabilista certificado)AC – Foi uma evolução que acompanhou a marcha do tem-po. À medida que o mercado evoluiu e se tornou mais com-plexo, o paradigma contabilístico, obrigou que os profissionais se fossem tornando mais competentes, por força da formação académica e profissional, essencial em qualquer profissão. A fiscalidade acompanhou esta evolução, e  como parceira  im-perativa da nossa contabilidade,  tornou a pragmática muito mais exigente.Diria que um guarda-livros, era no seu tempo, um profissional munido  das  competências  necessárias,  para  o  cumprimento dos normativos exigidos à época, como hoje um contabilista certificado,  através  do  seu  conhecimento  e  do  seu  “saber fazer”, é uma peça imprescindível para a gestão das empresas. Como diria o Prof. Daniel Bessa: “O contabilista é o médico de medicina geral, por onde passa a gestão das PME... Pois elas não dispõem de outros serviços (qualificados – diria eu!) que não os prestados pelo ‘clínico geral’“. Embora os termos usados nos primeiros tempos da profissão, não fossem nada abonatórios, sendo o guarda-livros apelidado de “manga de alpaca”  pela  indumentária  usada,  que  não  era  mais  afinal, que o seu cuidado com a apresentação, em tempos de gran-de formalidade, isto associou a profissão à pouca qualificação, o que era de todo injusto. Com a publicação do Código da Contribuição  Industrial,  os contabilistas  passaram  a  ser  designados  como  “técnicos  de contas”  e  para  o  exercício  da  profissão  era  exigida  a  sua inscrição na Direcção Geral das Contribuições e Impostos. Esta expressão – técnico de contas – na minha opinião ajudou a justificar a corrente de autores que reduziam a contabilida-de a uma técnica. Com a reforma fiscal de 1989, os códigos dos novos  impostos então criados, “esqueceram-se” do téc-nico  de  contas,  criando  um  vazio  no  exercício  da  profissão, desregulamentando-a e tornando-a também alvo de oportu-nismos. Em 1995, com a ATOC, surgiu a tão ansiada regulamentação, que consagrou  legalmente a profissão como “técnico oficial de contas”, o que trouxe não só direitos, mas também deve-res e obrigações, tendo a excessiva colagem à vertente fiscal, sido associada à cobrança de impostos, tornando redutora e injusta  a  interpretação  que  desde  aí  se  passou  a  fazer  do estatuto. 

JC – O que é hoje “um contabilista” em Portugal?AC – Podemos ver hoje um contabilista em Portugal, sob dois prismas:  como  profissional  e  como  agente  inserido  no  mer-cado.  Como  profissional,  hoje  o  contabilista  não  é  mais  o profissional do registo, mas antes um profissional qualificado, apetrechado  de  conhecimento  interdisciplinar,  ao  dispor  da administração  ou  gerência  da  empresa,  capacitado  para  o aconselhamento  das  políticas  fiscais  e  de  gestão,  capaz  de antecipar o risco.No  contexto  do  mercado,  atendendo  ao  quadro  geral  da economia  do  país,  é  a  nossa  profissão  das  profissões  mais atingidas pela recessão e pelas medidas tomadas para a com-bater. O nosso tecido empresarial, como sabemos, é constituído na sua maioria por micro empresas, muito delas familiares, que pouco ou nada valorizam o papel do contabilista, profissional qualificado que têm ao dispor, vendo-o antes, como “um mal necessário“, por  imposição também de uma  legislação fiscal cada  vez  mais  complexa.  Para  a  grande  maioria  das  nossas empresas, o importante é contratar o contabilista com aven-

170    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

Mais  tarde  a  Ordem,  aproveitando  a  legislação  entretanto publicada  para  a  regulamentação  das  associações  profissio-nais, decidiu aprovar o termo “contabilista”, mais condizente com a palavra inglesa “accountant “ e desta forma ajustando a nossa denominação profissional ao mundo da contabilidade. Pessoalmente, não aprecio a  locução, “contabilista  certifica-do”, pois que, nestas questões de semânticas profissionais, o substantivo  é  tudo,  exceptuando  particularidades  profissio-nais. Noutras profissões liberais o termo não existe, pois quem possui  qualificações  para  desempenhar  a  nossa  actividade, está já à partida “certificado”. 

JC – O que acha da inserção da profissão de contabilis-ta no contexto económico e financeiro do país?AC – O contabilista é cada vez mais um profissional  impres-cindível no contexto económico e financeiro do país.Veja-se a importância dada – bem sei que de forma negativa, tinha mesmo de ser – ao contabilista no “caso BES“. Ele é e será sempre, uma das pedras basilares de qualquer empresa.No contexto difícil que o país vive, o contabilista está prepa-rado para a análise dos dados das peças financeiras e conta-bilísticas e desde que lhe sejam dadas condições, pode ante-cipar  cenários  que  poupam  administrações  a  funestas  con- sequências dos negócios. 

JC – Como vê a articulação do Fisco com a OCC quanto à profissão de contabilista?AC – Vejo uma grande  falha na articulação do  Fisco  com a Ordem. Quem está no terreno, sente na prática, que grande parte  da  legislação  não  é  apresentada  e  discutida  com  os profissionais, ou  seja,  com os  seus  representantes  institucio-nais. Tenho  que  reconhecer  que  a  Ordem  contribuiu  de  forma decisiva na desmaterialização das declarações. Pena é que este mérito não se tenha estendido noutras áreas e que o legisla-dor não escute quem diariamente tem que aplicar e conviver com a  lei. E assim tornou-se  já recorrente a presença da Or-dem, nos órgãos da comunicação social, a reclamar da juste-za da  implementação de  leis  confusas,  com  regras de difícil aplicação,  que  nem  profissionais,  nem  contribuintes,  enten-dem. 

JC – O que pensa da geopolítica da profissão e concen-tração do país (Litoral/Interior e Norte/Sul)?AC –  Como  em  todas  as  actividades  do  nosso  país,  salvo algumas  excepções,  a  atração  pelo  litoral  é  sempre  mais apetecível, quer pela facilidade de acesso à informação, quer pelas acessibilidades.As empresas concentram-se assim ao longo de todo o litoral, onde naturalmente existe por atração uma maior densidade 

populacional.  Isto reflecte-se no exercício da profissão, tanto em  exigências  técnicas  como  financeiras  do  profissional.  Há uma diferenciação no preço dos serviços de contabilidade: um interior mais pobre e sem capacidade de poder suportar cus-tos elevados e um  litoral onde preços mais altos podem ser praticados; e se a concorrência é desejável, a partir de certo ponto, pode balizar por baixo o valor do exercício da profissão.

JC – Contabilistas, formação e ordem: que regulamen-tação e que deontologia?AC – A formação contínua potencia e valoriza os profissionais, para  um  melhor  desempenho  das  suas  funções.  O  que  me atraiu na APOTEC e por  isso me associei,  foi  verificar que a formação ministrada pela Associação  era de qualidade,  não só  pela  escolha  dos  formadores,  que  transmitem  de  forma clara  e  objectiva  as  matérias  propostas,  mas  também  pelos temas, sempre atempadamente escolhidos. Infelizmente  a nossa Ordem,  entidade  reguladora da profis-são,  quis  desde  o  início  monopolizar  a  formação  e  nestes vinte  anos,  tem  sido  o  que  se  viu.  Para  muitos  colegas  era fundamental  a obtenção dos  famigerados  créditos pois,  pa-gavam  a  formação,  iam  buscar  o  manual  de  apoio  e  logo saíam.  A  Ordem  passou  a  efectuar  um  ridículo  controlo  de entradas e saídas nas sessões, sinónimo de que não havendo escolha,  os  profissionais  não  tinham  outro  remédio  senão frequentar sessões que deixavam muito a desejar.Com a aprovação do novo estatuto da Ordem dos Contabi-listas Certificados, pela Lei n.º 139/2015 de 7 setembro, veio ser  reposta,  como deve acontecer num estado democrático, pertencente à União Europeia, a justiça, pela qual a APOTEC lutou,  ou  seja,  que  toda  a  formação  certificada  nos  termos do  código  do  trabalho  é  válida  e  aceite,  como  formação profissional.Apesar da imposição nos últimos 20 anos da Ordem, entida-de  reguladora,  sobre  a  formação,  a APOTEC  sempre  seguiu o  seu  caminho,  mantendo  a  oferta  da  qualidade,  atraindo novos sócios, ávidos de formação, na procura de melhorar as suas qualificações profissionais; e a prova é que auditórios e salas sempre têm mantido excelentes assistências.Entristece-me no entanto que sem discutir com os profissio-nais,  a  OCC  tenha  procurado  aprovar  regulamentos,  entre eles o do controlo de qualidade, que para além de contrariar a  lei  (leia-se o estatuto) violava uma série de direitos. Mas a verdade é que numa das últimas Assembleias,  finalmente, a classe  despertou  e  como  dona  do  seu  destino  e  reprovou quase todos os regulamentos postos a votação. Por fim, a classe uniu-se, não só na defesa dos seus interesses, mas de forma abrangente, na defesa de direitos de cidadania e  de  ética  profissional.  Esperemos  que  assim  aconteça  no futuro. 

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    171

eNtreViSta

JC – Mercado, contabilidades e contabilistas: que fazer?AC – Esta questão atormenta todos os profissionais. O nosso país  não  tem  mercado  para  tantos  contabilistas.  O  tecido empresarial  assenta  em  micro  empresas,  a  maioria  de  cariz familiar,  que  não  conseguem  suportar  custos  elevados.  Os politécnicos e as faculdades, continuam todos os anos a for-mar  centenas  de  contabilistas  que  saem  para  um  mercado saturado, obrigando no desespero e desconhecimento, a ni-velar por baixo o preço dos serviços, criando uma concorrên-cia desleal. Compreendo que o ensino universitário e politéc-nico,  com os  cortes de  financiamento que  tem sofrido, não tem outra alternativa, senão manter as vagas para as candi-daturas, pois uma parte do financiamento provém das propi-nas. Bem sei, que nem todos os licen-ciados  vão  enveredar  pela  profissão, pois os cursos permitem outras alter-nativas de emprego. Estou convenci-do que a profissão corre sérios riscos, atendendo aos condicionalismos que já sentimos e que se vão agravar no futuro.  Na  minha  modesta  opinião, quando da candidatura ao ensino su-perior,  o  aluno  devia  ter  uma  pers-pectiva  de  empregabilidade  que  o curso  permite,  baseado  em  estudos de mercado e em estatísticas. Assim, antes  de  optar,  ficava  ciente  sobre qual  o  grau  de  risco  em  relação  ao seu futuro profissional.

JC – O ensino universitário, a con-tabilidade e a fiscalidade: que fu-turo?AC – Pela minha experiência de lon-gos anos da profissão, lembro sempre o que Fernando Pessoa escreveu na “Revista de Comércio e Contabilidade” em 1926, sobre a teoria e a prática: “Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria, não é senão, uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria.“Lembro-me do Curso Geral do Comércio, onde algumas das aulas eram práticas, focadas para a realidade das empresas e como se aplicava a  teoria à prática. Na verdade noto que o ensino  superior  necessitava  de  estar  muito  mais  ligado  às empresas, para que os conhecimentos adquiridos fossem apli-cados à realidade do seu funcionamento. Os cursos deveriam desde o primeiro ano conter aulas práticas em empresas. Para isso era necessário  ter uma base de empresas protocoladas, para que o aluno pudesse ir aplicando na prática todos os co- 

nhecimentos adquiridos, fazendo com que quando concluísse a  sua  formação  académica,  já  estivesse  familiarizado  com  a realidade e fosse mais fácil a sua colocação no mercado.Falando  na  fiscalidade,  penso  que  a  sobreposição  desta  à contabilidade, deturpa de alguma maneira o quadro para que um profissional foi preparado, tendo como base todo o nor-mativo contabilístico. Somos contabilistas e só depois fiscalis-tas, ou somos fiscalistas primeiro e só muito depois contabi-listas?...  Os  Institutos  são  de  “Contabilidade”,  mas  a  Fisca- lidade inunda tudo e todos… E  há  que  reconhecer,  na  verdade,  que  a  fiscalidade  tem  a maior relevância para a nossa realidade empresarial, pois bem sabemos que a maioria dos nossos empresários, só contratam 

um  contabilista,  porque  existe  uma Autoridade Tributária… Por muito assertivo que o contabilista seja, esforçando-se para fazer enten-der que possui as  ferramentas  indis-pensáveis à gestão, os nossos empre-sários,  na  sua  maioria  responsáveis por micro e pequenas empresas, não relevam a importância que a contabi-lidade tem para a sua organização.

JC – Ensino universitário e politéc-nicos: que curriculos? AC –  Claro  que  nas  actuais  circuns-tâncias, são  imprescindíveis, especia-lizações académicas na área da Fisca-lidade, servindo também para isso, as pós-graduações,  os  mestrados,  os doutoramentos, etc.Como  disse  anteriormente,  os  currí-culos  deveriam  conter  uma  vertente 

ligada às  empresas,  com acontece por  exemplo, na área da medicina.  Os  cursos  deveriam  desde  o  primeiro  ano  conter, aulas práticas, sendo estas realizadas nas empresas, realizan-do assim o aluno um estágio profissional ao longo de todo o seu percurso académico. Diria  que  no  exemplo  da  medicina,  os  alunos  quando  con-cluem os seus estudos académicos, estão perfeitamente liga-dos ao mercado de trabalho. Assim deveria acontecer, entre outros, com os contabilistas, pois creio que o mercado, absor- veria,  dentro  das  contingências  que  abordei  nas  questões iniciais, mais facilmente os profissionais, os quais teriam com-petências muito mais desenvolvidas para iniciarem o exercício da profissão.

Entrevista conduzida por Manuel Benavente Rodrigues, director do Jornal de Contabilidade.

a Álvaro Costa

172    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

A principal função do sistema fiscal é proporcionar a arreca-dação de receitas fiscais necessárias a que o Estado e outras entidades de direito público possam deter recursos financeiros adequados  à  prossecução  das  suas  atribuições.  O  direito  à tributação  emerge  da  relação  jurídica  tributária,  a  qual  se constitui  com  a  verificação  do  facto  tributário.  Esta  ficção jurídica que representa uma situação ou posição constitutiva do direito à tributação, objectivamente, evidencia o exercício de uma actividade profissional e/ou económica ou a  titulari-dade de rendimentos ou bens patrimoniais. A constituição da relação jurídica tributária permite que o sujeito activo exerça o  direito  à  liquidação  dos  tributos,  bem  como  desenvolva todas as actividades e funções tendentes ao exercício equili-brado, imparcial e justo do poder tributário. Estes  desideratos  exigem  celeridade,  eficácia  e  eficiência  na cobrança das receitas tributárias. De  igual modo, o exercício da  actividade  tributária  impõe,  no  quadro  do  ordenamento jurídico,  a  observância  de  princípios  constitucionais  e  legais essenciais à prossecução do interesse público e fundamentais ao  reforço  da  colaboração  e  da  confiança  entre  a  Adminis-tração Tributária e a generalidade dos contribuintes. A  Administração  Tributária  é,  no  que  se  refere  aos  tributos estaduais, a titular do direito de tributar e de efectuar a res-pectiva  cobrança.  Por  sua  vez,  o  sujeito  passivo  da  relação jurídica  tributária  e  os  demais  obrigados  tributários  são  os titulares do dever de proceder ao cumprimento das obrigações tributárias, quer estas, nos termos do artigo 31.º da Lei Geral Tributária (LGT) revistam a natureza de obrigação principal ou a natureza de obrigações acessórias. As obrigações tributárias a que cada contribuinte está adstrito decorrem directamente do  seu  enquadramento  tributário,  o  qual  é  determinado  e concretizado em função da actividade económica exercida, da tipologia e dimensão da actividade e dos respectivos regimes de tributação. Os contribuintes e demais obrigados tributários têm o dever de cumprir as obrigações tributárias nos termos prescritos  na  lei,  beneficiando  do  princípio  do  declarativo prescrito no artigo 75.º da LGT. 

As Garantias dos Contribuintes:pagar ou reclamar. Qual a melhor opção?

Jesuíno Alcântara Martins Professor Universitário e Formador

Com efeito, até prova em contrário, presumem-se verdadeiras e de boa-fé as declarações apresentadas pelos contribuintes nos termos previstos na lei, bem como os dados e apuramen-tos  inscritos  na  sua  contabilidade  ou  escrita,  quando  estas estiverem organizadas de acordo com a  legislação comercial e fiscal. Os erros, omissões, inexactidões ou indícios fundados de que as declarações não reflectem ou impedem o conheci-mento real da matéria tributável do sujeito passivo, determi-nam  a  quebra  da  presunção  de  verdade  e,  não  obstante  o exercício do ónus da prova pertencer à Administração Tribu-tária,  potenciam  o  adequado  e  proporcional  exercício  do poder ou função inspectiva.A  relação  jurídica  tributária  é,  portanto,  uma  ficção  jurídica que se projecta na vida real e económica dos cidadãos e dos agentes económicos, cuja dinâmica e evolução tem maior ou menor  impacto nas  finanças públicas, na  trajectória da eco-nomia e no acervo patrimonial dos contribuintes.Não obstante o exercício da actividade tributária assentar no princípio da  legalidade e as obrigações dos contribuintes es-tarem tipificadas na lei, quadro que deveria motivar uma re-lação jurídico-técnica e funcional potencialmente pacificadora, fundada  em  comportamentos  e  atitudes  colaborantes  inspi-radas pela confiança e pela boa-fé, a relação fisco-contribuin-te facilmente resvala para o domínio da incerteza, da insegu-rança, do descrédito e da crise psicorelacional.É  verdade  que,  por  definição,  a  relação  jurídica  tributária  é um pólo de  conflitualidade, porquanto, o  sujeito  activo  visa a optimização da aplicação da  lei e o eficaz e eficiente  fun-cionamento da máquina de cobrança, e o sujeito passivo, sem descurar o  cumprimento das obrigações  tributárias,  tenden-cialmente  visa  a  utilização  da  lei  no  sentido  de  potenciar  a poupança  fiscal.  Da  relação  jurídica  tributária  emerge  um acervo de obrigações para o sujeito passivo e alguns direitos para o sujeito activo, equação que visa evidenciar equilíbrio, racionalidade, proporcionalidade e justiça para o exercício dos direitos e deveres a que estão adstritos ambos os sujeitos da relação jurídica tributária.

coNteNcioSo tributário

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    173

A circunstância do contribuinte cumprir  todas as obrigações tributárias  não  prejudica  o  exercício  do  poder  inspectivo  de que  a  Administração  Tributária  é  titular,  sendo  este  poder, seguramente, direccionado preferencialmente para os contri-buintes faltosos e incumpridores, na estrita execução do pla-no  de  actividades  a  que  se  refere  o  artigo  23.º  do  Regime Complementar  do  Procedimento  de  Inspecção  Tributária  e Aduaneira (RCPITA). Os contribuintes para  justificar o  incumprimento das obriga-ções tributárias não podem invocar o desconhecimento da lei (o artigo 6.º do Código Civil prescreve que “[a] ignorância ou má interpretação da lei não justifica a falta do seu cumpri-mento nem isenta as pessoas das sanções nela estabelecida”), bem  como  a  Administração  Tributária  está  vinculada  aos princípios da imparcialidade, da colaboração, da igualdade e da  justiça, pelo que a sua  relação com os contribuintes  tem de  ser  pautada  por  estes  e  pelos  demais  princípios  legais  e Constitucionais.  É  evidente que os  contribuintes  têm de  co-nhecer  a  lei  substantiva,  no  âmbito  das  diversas  cédulas  de tributação, mas é, outrossim,  fundamental que conheçam o catálogo  dos  direitos  e  garantias  que  lhe  assistem  (quer  no domínio  não  impugnatório,  quer  no  campo  impugnatório). Este conhecimento é essencial para melhorar e reforçar o grau de cumprimento das obrigações tributárias e para incrementar um salutar e saudável relacionamento entre os contribuintes e os  serviços da Administração Tributária. Só quem conhece os seus direitos pode exigir o seu cumprimento e, simultanea- mente,  reagir às  ilegalidades e à violação da  lei. A Adminis-tração  Tributária  tem  competências  e  atribuições  legais  a prosseguir,  os  contribuintes  têm  o  dever  de  cumprir  as  res-pectivas obrigações  tributárias, mas, nos  termos da  lei,  têm, outrossim, o direito de exigir a prestação de um serviço pú-blico de qualidade e eficiente. Os contribuintes têm de admitir e compreender que a Admi-nistração Tributária, sempre que, à luz da interpretação da lei e dos seus entendimentos jurídico-tributários, percepcionar e apurar que as obrigações tributárias não foram cumpridas de modo  adequado  e  suficiente  pode  desenvolver,  nos  termos da  lei,  todas as diligências necessárias ao apuramento da si-tuação  tributária  dos  contribuintes.  A  estes  resta  exigir  o cumprimento  da  lei  e  quando  considerarem  que  tal  não  se verifica podem invocar e accionar as suas garantias para exi-gir a protecção dos seus direitos e dos seus  interesses  legal-mente protegidos.Todavia, o correcto exercício dos direitos e garantias apenas pode ser concretizado pelo contribuinte que esteja habilitado a  identificar a  imperfeição da notificação do acto  tributário, a insuficiência da fundamentação da decisão ou a invalidade ou  a  lesividade  de  qualquer  outro  acto  ou  decisão  de  um órgão da Administração Tributária. De igual modo, é essencial 

saber determinar o meio gracioso ou contencioso adequado para  reagir  contra  a  caducidade  do  direito  à  liquidação  ou contra a prescrição da dívida tributária, bem como para reagir contra  a  aplicação  de  métodos  indirectos  ou  contra  as  cor-recções meramente aritméticas em sede de avaliação directa da matéria tributável. Igual rigor de conhecimento técnico se impõe noutros domínios, como por exemplo, a tributação com fundamento  em  manifestações  de  fortuna,  derrogação  de sigilo bancário, aplicação de cláusulas antiabuso, efectivação de  responsabilidade  subsidiária  ou  em  caso  de  prática  de actos  ilegais  no  domínio  da  execução  fiscal  ou  do  processo de contra-ordenação.É  corrente  e  comum  afirmar-se  que  primeiro  paga-se  a liquidação  de  imposto  e  depois  reclama-se.  Esta  afirmação não corresponde à verdade ou pelo menos carece de adequado e profícuo esclarecimento. Com efeito, o direito de acção que assiste  ao  sujeito  passivo  da  relação  jurídica  tributária  não nasce do facto deste proceder ao pagamento do imposto. A realização ou não do pagamento apenas  traduz uma opção do contribuinte, porquanto, o direito de  reclamar ou de  im-pugnar o acto tributário de liquidação é prévio e emerge dos princípios  do  acesso  ao  direito  e  da  tutela  plena  e  efectiva dos direitos e interesses legalmente protegidos dos contribuin-tes, consagrados nos artigos 20.º e 268.º da Constituição da República Portuguesa  (CRP) e nos artigos 9.º e 97.º da LGT. Nesta medida, todos os actos em matéria tributária que lesem direitos ou interesses legalmente protegidos são impugnáveis ou recorríveis, nos termos previstos na lei.Todavia,  a  opção  do  contribuinte  só  pode  ser  consciente  e adequada  mediante  o  conhecimento  de  que  a  interposição de reclamação graciosa ou de impugnação judicial só suspen-de  o  processo  de  execução  fiscal,  caso  seja  prestada  ou constituída  garantia  idónea  nos  termos  previstos  no  artigo 42.º da LGT e nos artigos 169.º e 199.º do Código de Proce-dimento  e  de  Processo  Tributário  (CPPT)  ou,  em alternativa, seja,  mediante  requerimento  do  interessado,  autorizada  a isenção de prestação de garantia. Algo de semelhante se coloca em relação ao  recurso hierár-quico ou no  tocante  à oposição  judicial. Há que  referir  que ao contribuinte se exige um conhecimento sobre o que a lei dispõe  (artigo  177.º-A  do  CPPT  e  artigo  208.º  do  Código Contributivo) sobre a regularização da situação tributária ou sobre a regularização da situação contributiva.A correcta invocação das garantias e direitos dos contribuin-tes exige que em relação a cada acto tributário seja utilizado o meio processual mais  adequado para  fazer  valer  o direito em  juízo ou perante o órgão  competente da Administração Tributária. Isto pressupõe que o contribuinte esteja preparado para  escolher  entre  a  via  do  procedimento  tributário  ou  o domínio do processo judicial tributário. Feita a primeira opção, 

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perante  a natureza do acto  ilegal  ou  lesivo,  torna-se neces-sário  saber  seleccionar  o  meio  processual  idóneo,  produzir uma adequada fundamentação de facto e de direito e apre-sentar, nos prazos previstos na lei, a petição ou o requerimen-to no serviço ou tribunal competente.O erro sobre a forma processual ou a sua interposição intem-pestiva pode levar à preclusão do direito de acção do contri-buinte, perdendo este de  forma  irremediável a possibilidade de provocar a discussão sobre a ilegalidade do acto de liqui-dação  ou  sobre  a  exigibilidade  da  dívida  exequenda  ou  a apreciação do mérito de qualquer pedido que invoque a  ile-galidade da decisão de um órgão da Administração Tributária. A perda do direito de defesa, em regra, conduz a uma obri-gação de pagamento  iníqua e  injusta, pelo que compete ao sujeito passivo da relação jurídica tributária produzir de forma adequada,  útil  e  tempestiva  a protecção dos  seus direitos  e interesses legais. Em contrapartida à Administração Tributária é exigível  rigor na aplicação da  lei,  imparcialidade e propor-cionalidade de meios e medidas aplicadas, de modo a contri-buir para a transparência, a racionalidade, a eficácia e justiça do sistema fiscal.Possuir um bom conhecimento, ainda que não absoluto, sobre o ordenamento jurídico tributário é fundamental para que os contribuintes possam proceder de forma equilibrada e eficaz ao cumprimento dos  seus deveres  tributários.  Este objectivo não é fácil de alcançar, uma vez que as alterações dos códigos tributários  ou  fiscais,  seja  por  via  da  Lei  do  Orçamento  do Estado, seja por via de leis avulso, ocorrem com uma frequên-cia inusitada e indesejada, alterações que, muitas vezes, ape-nas visam fazer estranhos esclarecimentos ou inusitadas alte-rações com natureza interpretativa.

Esta  instabilidade  do  ordenamento  jurídico  tributário  não  é nova e muito provavelmente tem “contrato a termo incerto”, pelo que  temos de dar por  adquirido que as  alterações aos códigos  e  leis  tributárias  vão  continuar  e  persistir,  apenas desejamos  que  a  sua  periodicidade  não  seja  tão  frequente. Aliás, nós somos um forte adepto da modernização, da ino-vação  e  do  aperfeiçoamento  técnico  qualificado,  pelo  que estamos sempre receptivos à evolução positiva, apenas enten-demos que a ponderação entre custo/benefício muitas vezes aconselharia outras opções.Perante as diversas alterações das leis tributárias impõe-se aos contribuintes um constante e permanente empenhamento no sentido de estudar, analisar e conhecer os diversos  institutos jurídicos,  contabilísticos  e  tributários.  Só  assim  será  possível garantir a correcta  interpretação das  leis  tributárias e a con-cretização  do  adequado  enquadramento  e  qualificação  dos factos, com a subsequente relevância contabilística das ope-rações, de modo a obter uma objectiva e  real quantificação da  matéria  tributável.  Esta  exigência  verifica-se  no  domínio do  direito  tributário  substantivo,  mas  existe,  outrossim,  no plano adjectivo ou processual, porquanto, o desconhecimen-to ou a apatia sobre a evolução dos textos legais impossibili-ta uma correcta, adequada, útil e eficaz utilização do acervo das garantias e meios processuais que o legislador disponibi-lizou para que o sujeito passivo e demais obrigados tribuários possam accionar para fazer vingar os seus direitos e interesses legalmente protegidos.O conhecimento técnico é um edifício em permanente esta-do  de  conservação,  que  exige  muito  investimento  e  muita dedicação.  Só  assim  poderemos  alvejar  alcançar  os  nossos objectivos e desideratos profissionais e pessoais. O futuro está ao nosso alcance apenas exige a nossa determinação e  tra-balho.

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Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    175

FiScalidade

Algumas notas sobre a tributação das prestações de serviços em IVA e a jurisprudência das prestações recíprocas

Clotilde Celorico PalmaAdvogada e Docente Universitária

1. REGRAS EuROPEIAS E INtERNAS

O  Imposto  sobre  o  Valor  Acrescentado  (IVA),  dadas  as  suas características  de  imposto  geral  sobre  o  consumo  definidas ao  nível  da  União  Europeia,  incide,  tendencialmente,  sobre todo o acto de consumo. Ora,  as  respectivas  regras  de  incidência  pressupõem,  regra geral, o exercício de uma actividade económica enquanto tal, na qualidade de sujeito passivo.A Directiva IVA abrange as “entregas de bens” e as “presta-ções de serviços” como factos susceptíveis de tributação.Estas operações estão sujeitas a IVA quando forem efectuadas no  território  de  um  Estado  membro  por  quem  exerça  de modo independente actividades de produção, de comerciali-zação ou de prestação de serviços e desempenhe profissões liberais ou equiparadas,  isto é, por quem exerça uma activi-dade económica.À  excepção  das  prestações  de  serviços,  todas  as  operações tributáveis se encontram definidas positivamente. De acordo com  esta  definição,  constante  do  n.º  1  do  artigo  24.º  da Directiva IVA(1), será prestação de serviços qualquer operação efectuada a título oneroso que não se qualifique como trans-missão  de  bens,  aquisição  intracomunitária  de  bens  ou  im-portação.  Desta  forma,  através  de  um  conceito  residual  ou negativo de prestação de  serviços, este  imposto ganha uma vocação de universalidade.Em conformidade com o previsto na Directiva IVA, nos termos do  disposto  no  n.º  1  do  artigo  4.º  do  Código  do  IVA,  con-substanciam prestações de  serviços as operações efectuadas a título oneroso que não constituam transmissões, aquisições intracomunitárias ou importações de bens.Isto  é,  a  lei  fiscal,  nacional  ou  comunitária,  não  define  o conceito de prestações de serviços. Define sim, as transmis-sões  (“entregas”)  de  bens,  como  sendo  “a  transferência onerosa  de  bens  corpóreos  por  forma  correspondente  ao exercício  do  direito  de  propriedade”  (artigo  3.º,  n.º  1,  do Código do  IVA) ou, na  linguagem comunitária,  “a  transfe-

rência do poder de dispor de um bem corpóreo como pro-prietário”(2).As  directivas  comunitárias  pretenderam,  assim,  seguir  um caminho  diferente  daquele  que  resultava,  por  exemplo,  do nosso  antigo  Imposto  de  Transacções  (IT)  ou  daquele  que vigora ainda hoje num dos primeiros precursores do moderno IVA, o  Imposto brasileiro  sobre Circulação de Mercadorias  e Serviços (ICMS). Significa  isto que  todas as operações praticadas por  sujeitos passivos que não sejam transmissões de bens são automática e  necessariamente  prestações  de  serviços,  como  uma  inter-pretação menos avisada poderia  ser  tentada a  afirmar? Sig-nifica  isto que o conceito de prestação de  serviços em sede de IVA não tem qualificativos próprios, limitando-se a ser um mero  conceito económico  (e não  jurídico), de natureza  resi-dual?(3)

Não, com efeito, importa em primeiro lugar sublinhar-se que o conceito de prestação de serviços para efeitos deste impos-to é um conceito funcional e não ontológico. Visa não tanto adequar-se à  realidade existente, mas  resolver problemas de aplicação  do  modelo  do  IVA  aos  Estados  membros  que  necessariamente  deverão  transpor  as  directivas  que  criaram ou desenvolveram este  imposto. Essa sua função (evitar que a pluralidade de conceitos de prestação de serviços eventual-mente  presente  nos  ordenamentos  dos  Estados  membros ponha em causa os objectivos de harmonização fiscal do IVA), dá ao conceito um estatuto de conceito jurídico-comunitário. A  exemplo  do  que  ocorre  com  o  conceito  de  “entrega  de bens” (também ele um conceito comunitário), o conceito de prestação de serviços é um conceito jurídico, não um conceito de  Direito  Civil,  mas  um  conceito  de  Direito  Fiscal  ou, eventualmente, de Direito Económico. Este conceito é simul- taneamente  mais  vasto  e  mais  restrito  que  o  conceito  de Direito Civil português: mais vasto porque engloba realidades que o Direito Civil deixaria de fora, mais restrito porque, regra geral,  não  abrange,  ao  contrário  do  conceito  civilista,  as prestações gratuitas. 

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Com efeito, o conceito de prestação de serviços acolhido no Código do IVA não corresponde ao civilístico, de acordo com o qual o contrato de prestação de serviços é aquele median-te  o  qual  uma  das  partes  se  obriga  a  proporcionar  à  outra certo resultado do seu trabalho,  intelectual ou manual, com ou sem retribuição(4).Quando se refere que as prestações de serviços, para efeitos de  IVA, decorrem de um conceito  residual de operações  tri-butáveis,  isso  significa apenas que a  lei  (comunitária ou na-cional) não pode assentar numa tipicidade fechada, devendo abdicar de uma  técnica de enumeração(5). Não  significa que tenha abandonado qualquer preocupação de juridicidade na construção do conceito, mormente prescindindo de verificar se as operações que caem sob a alçada do conceito fiscal de “prestação de serviços” respondem ou não a certas caracte-rísticas estruturais deste conceito.Conforme  nota  Xavier  de  Basto(6),  de  acordo  com  a  Sexta Directiva,  “Uma atribuição patrimonial, qualquer que seja, terá, em princípio, subjacente uma prestação de serviço, se não for contrapartida de uma entrega de bens, mesmo que tal prestação de serviços haja de qualificar-se (como faz a administração francesa) de inominada (inomée), por ser des-conhecido ou de difícil identificação o seu conteúdo. Há que, todavia, ter o cuidado de não levar longe demais o significa-do e as implicações da renúncia da directiva em definir, de modo positivo, as prestações de serviços e em identificar o seu conteúdo. Parece ser necessário que, de qualquer modo, exista um serviço. Uma atribuição patrimonial feita por um sujeito passivo não pode ser considerada, sem mais, como contrapartida de um serviço” (7). Isto  é,  é  importante  reter  que,  para  que  se  esteja  perante uma prestação de serviços para efeitos de IVA, é necessário que  haja  efectivamente  a  prestação  de  um  serviço  subja- cente  que,  nomeadamente,  represente  o  exercício  de  uma actividade económica. Caso contrário, será inaceitável a tri-butação  de  uma  operação  em  sede  deste  imposto  invo- cando-se a natureza negativa do  conceito de prestação de serviços.Em suma, a operação em causa tem que ter substância eco-nómica  para  que  possamos  tributá-la  em  IVA.  Temos  que estar perante o exercício de uma actividade económica.Há  que  verificar  se  as  operações  em  análise  respondem  ou não a características de natureza jurídica, genéricas ou espe-cíficas,  que  permitem  delimitar  com  maior  precisão  os  con-tornos do conceito de prestação de serviços como operação sob a qual o IVA incide.São  genéricas  as  que  são  comuns  às  restantes  operações tributárias  internas.  São  específicas  as  que  apenas  dizem respeito às prestações de serviços.Quanto às primeiras, a operação, para ser sujeita a IVA, deve:

1)  Ocorrer no  território nacional  (isto  é,  localizar-se  em Por-tugal de acordo com as regras de localização previstas no artigo 6.º do Código do IVA);

2)  Ser, regra geral, onerosa;3)  Ser efectuada por um sujeito passivo agindo nessa quali-

dade  (e  não  na  qualidade  de  mero  consumidor  final,  de “particular”);

4)  Ser  realizada  no  âmbito  do  exercício  de  uma  actividade económica.

A primeira característica aponta para a definição do elemento espacial da incidência. As restantes apontam para o facto de o IVA incidir, em princípio, sobre actividades económicas. Quanto às características específicas, uma prestação de servi-ços  é  sempre,  do  ponto  de  vista  jurídico,  um  contrato  bila- teral  e, em princípio, para efeitos de  IVA, oneroso. Significa isto que, como iremos verificar, tal como preconiza o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), para que se possa falar de uma prestação de  serviços a  título oneroso  (e,  como  tal, tributável) deve “existir entre o prestador e o beneficiário uma relação jurídica durante a qual são transaccionadas presta- ções recíprocas, constituindo a retribuição recebida pelo pres-tador o contravalor efectivo do serviço fornecido ao benefi- ciário”.(8)  Ou,  noutra  formulação,  significa  que  esta  noção há-de  pressupor  “a existência de um nexo directo entre o serviço prestado e o contravalor recebido”.(9) Decorre daqui que não existe prestação de serviços tributável em  IVA se não existir bilateralidade ou sinalagma  (prestação e contraprestação) ou se houver mera correspectividade indi-recta.Ou, de novo, como diz o TJUE, como iremos ver mais adian-te, não estão preenchidas as condições de uma prestação de serviços efectuada a título oneroso, se não existir “contrapar-tida que tenha valor subjectivo e nexo directo com o serviço prestado”(10).Chegados aqui, cumpre recordar que a qualificação de uma operação  para  efeitos  tributários  não  pode  ser,  pura  e  sim-plesmente, extraída da qualificação (favorável ou desfavorável) efectuada  pelas  partes.  Esta  qualificação  (o  nomen juris)  é apenas um indício, entre outros, que a Administração toma-rá em conta para chegar à verdadeira qualificação. Esta  é,  aliás,  a orientação da  Lei Geral  Tributária  (LGT),  que recebe, neste particular, a doutrina desde há muito dominan-te. Assim, de acordo com a LGT, “a qualificação do negócio jurídico efectuada pelas partes, mesmo em documento au-têntico, não vincula a administração tributária”.(11) Esta regra geral  relativa  à  relação  jurídica  tributária  não  se  aplica  em sentido único: tanto vale quando as partes, defendendo uma dada qualificação, podem vir a pagar menos  imposto, como quando, pelo contrário, eventualmente se enganam na qua-lificação, arriscando-se a pagar imposto que não seria devido. 

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Este é um corolário do “dever de colaboração recíproco”, do princípio da “boa-fé” que devem nortear as relações entre os contribuintes e a administração tributária e do próprio “prin-cípio do inquisitório” que impõe à administração a descober-ta  da  verdade  material  (e  não  de  uma  verdade  meramente formal).(12)

2. JuRISPRuDêNCIA DO tRIBuNAL DE JuStIçA DA uNIãO EuROPEIA

De acordo com a interpretação do Tribunal de Justiça da União Europeia  e  em  conformidade  com  as  características  básicas deste tributo, o conceito de actividade económica para efeitos de IVA é, antes do mais um conceito amplo e tal facto deve-rá reflectir-se na interpretação dos elementos que o compõem. É certo que o TJUE tem vindo sucessivamente a reiterar que o conceito de actividade económica para efeitos de  IVA de-verá ser interpretado de forma a atribuir um âmbito de apli-cação muito abrangente a este  tributo, abrangendo os cha-mados actos preparatórios  (pelo que  se pode deduzir o  IVA suportado num acto preparatório) e as actividades  ilícitas(13). Contudo,  tem  vindo  igualmente  a  salientar  que,  embora  as regras comunitárias confiram um âmbito de aplicação muito lato  ao  IVA,  apenas  são  abrangidas  por  esta  disposição  as actividades que tenham carácter económico(14). Tal como o TJUE tem vindo a enfatizar, o conceito de “acti-vidades económicas” definido na Directiva  IVA engloba “to-das”  as  actividades  de  produção,  de  comercialização  ou  de prestação de serviços,  incluindo todos os estádios da produ-ção, da distribuição e da prestação de serviços(15). Por  outro  lado,  este  Tribunal  tem  vindo  a  relevar  o  carácter objectivo  do  conceito  de  actividade  económica,  salientando que a actividade se define por si mesma, independentemente dos  fins ou  resultados. Como afirmou o Advogado Geral  no Caso Comissão/Países Baixos,  importará para o efeito atender à natureza da operação, não sendo necessário que tenha por objecto, exclusiva ou essencialmente, o exercício de actividades de produção, comércio ou prestações de serviços(16).Ou seja, deverá aferir-se casuisticamente se existe ou não uma operação  com  substância  económica  que  possamos  tributar a título de prestação de serviços.Como salientou o TJUE no Caso FCE Bank(17), resulta da juris-prudência  comunitária  que  uma  prestação  de  serviços  só  é tributável  se  existir  entre  o  prestador  e  o  beneficiário  uma relação  jurídica  em  cuja  vigência  são  trocadas  prestações  e contraprestações,  recordando a denominada “jurisprudência das prestações recíprocas”(18). Em conformidade com a  juris-prudência das prestações  recíprocas, uma operação só é  tri-butável  se houver um nexo directo entre o  serviço prestado 

e o contravalor  recebido, um sinalagma  individualizável,  isto é, se houver uma relação jurídica determinável entre prestador e beneficiário.Com efeito,  tal como mencionámos, de acordo com a  juris-prudência constante do Tribunal de  Justiça, “uma prestação de serviços só é tributável se existir um nexo directo entre o serviço prestado e a contrapartida recebida”. Neste contexto, o Caso Tolsma é um clássico citado por todos como exemplo da interpretação que o Tribunal faz da noção de “nexo direc-to”.  Neste  aresto  o  Tribunal  vem  concluir  que,  quando  um músico  que  toca  na  via  pública  recebe  contribuições  dos transeuntes, estas receitas não podem ser consideradas como constituindo  a  contrapartida  de  um  serviço  que  lhes  seja prestado. Como observa, não há qualquer contrato entre as partes, nem nexo necessário entre a operação e o pagamen-to.  O  pagamento  é,  de  facto,  autónomo  relativamente  ao prazer proporcionado pela prestação musical(19). Isto  é,  tal  como  a  jurisprudência  do  TJUE  tem  frisado  em várias  ocasiões  a  propósito  da  interpretação  do  então  n.º  1 do artigo 6.º da Sexta Directiva, a noção genérica de presta-ção de serviços para efeitos do IVA implica que os montantes pagos constituam uma contrapartida efectiva de um serviço individualizável, fornecido no âmbito de uma relação jurídica em que sejam trocadas prestações recíprocas. Em linhas gerais, poderemos concluir que para que exista uma contraprestação  para  efeitos  de  IVA  é  necessário  que,  em simultâneo,  exista  um  nexo  de  ligação  ou  vínculo  directo entre o bem entregue ou o serviço prestado e a contraparti-da recebida(20),  isto é, deve verificar-se uma dependência das prestações e estas não devem ser, necessariamente, autóno-mas, devendo a  contraprestação  ser avaliável  em dinheiro e ter um valor subjectivo, dado que o  IVA deverá  incidir sobre a  remuneração  efectivamente  recebida,  e  não  num  valor apurado com base em critérios objectivos.

(1)  Directiva 2006/112/CE, de 28 de Novembro, publicada no JO n.º L 347, de 11 de Dezembro de 2006. Essencialmente, esta Directiva veio  re-formular  o  texto  da  Sexta  Directiva  (trata-se  de  uma  reformulação basicamente formal, atendendo ao facto de o seu texto se encontrar excessivamente denso,  dadas  as  sucessivas  alterações  que  lhe  foram introduzidas  desde  a  sua  aprovação).  Com  a  reformulação  passou  a ter  414  artigos  (tinha  53).  Note-se,  todavia,  que  foram  revogadas várias  directivas  de  IVA,  pelo  que  poderemos  passar  a  designar  a “nova” Directiva, abreviadamente, como Directiva IVA (a Directiva base do sistema comum vigente).

(2)  O conceito de transmissão de bens é, pois, o marco em torno do qual se definirá o conceito de prestação de serviços. Não admira que assim seja. De facto, é mais fácil definir uma noção de transmissão de bens que  possa  ser  comum  a  todos  os  Estados  membros  (centrada  na transferência  da  chamada  “propriedade  económica”,  ou  melhor,  da propriedade  jurídica e dos actos  com efeito equivalente) do que en-contrar uma noção comum de prestação de serviços, muito dificultada pela  existência  de  uma  pluralidade  de  ordenamentos  jurídicos  com conceitos de prestação de serviços distintos entre  si. Neste contexto, 

Clotilde Celorico Palma

FiScalidade

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a  técnica da enumeração das prestações de  serviços  tributáveis  seria sempre muito deficiente, arriscando-se a deixar de fora da incidência do  IVA muitas prestações que, na  lógica de um  imposto geral  sobre o consumo, deveriam ser tributadas.

(3)  Com base no n.º 1 do artigo 4.º do CIVA, o carácter residual da noção de prestação de serviços é frequentemente assinalado pela doutrina e pela prática administrativa portuguesa, de forma acrítica, sem explica-ção daquilo que por tal se entende. Assim, v.g., AAVV, Manual do IVA, Centro de Formação DGCI, 2006, p. 40; C. Gomes Silva, I.V.A. & R.I.T.I., Manual Prático, Lisboa/ Porto, Lidel, p. 10. Um pouco mais longe nos conduz a explicação dada pelo Núcleo do IVA,  in Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, Notas Explicativas e Legislação Comple-mentar, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1985, p. 187), ao refe-rir (de forma, aliás, não totalmente correcta), que do referido carácter residual, resulta que “a noção de prestação de serviços transcende o seu significado jurídico”, abrangendo, assim, tal conceito “a transmis-são de direitos,  a  obrigação de  conteúdo negativo  (não praticar  de-terminado acto)  e mesmo a prestação de  serviços  coactiva, determi-nada por  requisição de autoridade pública”, mas excluindo “as ope- rações que constituem meras operações de pagamento (a entrega de preço de um bem, p.ex.)”. Na mesma linha, escrevem F. P. Fernandes e  N.  P,  Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, Anotado e Comentado, 4.ª ed., Rei dos Livros, 1997 que o conceito de prestação de  serviços,  dado  pelo  artigo  4.º  do  CIVA  “apresenta  natureza  resi- dual”,  acrescentando  que  tal  conceito  “é  de  natureza  económica  e ultrapassa a definição jurídica dada pelo artigo 1154.º do Código Civil, segundo o qual a prestação de serviço é o contrato em que uma das partes se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem retribuição”. E os mesmos autores esclarecem  que  “o mérito da definição é conduzir à tributação, de qualquer modo, as situações que se situem na zona cinzenta da fron-teira entre as transmissões de bens e as prestações de serviços”.  O erro destas interpretações é o de assumir que o conceito de prestação de serviços em  IVA é um conceito económico e não  jurídico. Em Di-reito não há conceitos económicos, como não há interpretações eco-nómicas. Todos os conceitos, mesmo os provenientes de outras disci-plinas  como  a  economia  e  a  contabilidade,  são,  uma  vez  recebidos pelo Direito, conceitos jurídicos, sujeitos a regras de interpretação ju-rídica.  Por  sua  vez,  J. A. Valente Torrão, Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, Anotado e Comentado, Almedina, 2005, p. 45, fala de uma definição de prestação de serviços “por exclusão”.

(4)  Cfr. o disposto no artigo 1154.º do Código Civil.(5)  Esta técnica continua a existir nas leis do IVA, mas agora para definir 

as prestações de serviços que, não tendo a característica da onerosi-dade ou que sendo operações de difícil fronteira com as de transmis-sões de bens, são assimiladas a prestações de serviços onerosas (n.º 2 do artigo 4.º do CIVA e artigo 26.º da Directiva IVA). Mais raramente o Direito comunitário do IVA procura circunscrever os  limites de uma dada  prestação  de  serviços  adoptando  uma  técnica  de  enumeração interna a um dado conceito. É, no entanto, o que ocorre com a noção de “serviços de telecomunicações” acolhida pelo n.º 2 do artigo 24.º da Directiva  IVA. Para a crítica da tipicidade fechada no Direito Fiscal moderno, vide a tese de Ana Paula Dourado, O Princípio da Legalida-de Fiscal, Tipicidade, conceitos jurídicos indeterminados e margem de livre apreciação, Almedina, 2007, pp. 225 e ss.

(6)  A tributação do consumo e a sua coordenação a internacional, Lições sobre harmonização fiscal na Comunidade Económica Europeia, CCTF n.º 164, Lisboa 1991, pp. 172 e 173.

(7)  A  ênfase  é  nossa.  Também  nós,  em  Introdução ao Imposto sobre o Valor Acrescentado, Introdução ao Imposto sobre o Valor Acrescenta-do, 6.ª edição, Almedina, Setembro de 2014, p. 83, salientamos que “para que se considere que existe uma prestação de serviços em sede de IVA deverá, naturalmente, existir um serviço enquadrável numa actividade económica, deverá existir um consumo”.

(8)  Cfr.  Acórdão  de  3  de  Março  de  1994,  Caso  Tolsma,  Proc.  C-16/93, Colect., p.  I-00743.

(9)  Cfr.  Acórdão  de  8  de  Março  de  1988,  Caso  Apple and Pear,  Proc. 102/86, Colect., p.  I-01443.

(10)  Vide n.º  17  do  Acórdão  de  16  de  Outubro  de  1997,  Caso  Julius F. Sohne, Proc. C-258/95, Colect., p.  I-5577.

(11)  Cfr. o n.º 4 do artigo 36.º da LGT.(12)  Cfr. os princípios constantes no artigo 58.º e nos n.os 1 e 2 do artigo 

59.º da LGT..(13)  Vide,  nomeadamente,  os  Acórdãos  de  26  de  Março  de  1987,  Caso 

Comissão/Países Baixos, Proc. 235/85, Rec. p. 1471, de 4 de Dezembro de 1990, Caso Van Tiem, Proc. C-186/89, Rec. p.  I-4363 e de 20 de Junho de 1991, Caso Polysar Investiments, Proc. C-60/1990, Colect., p.  I-3111.

(14)  Vide,  neste  sentido,  Acórdãos  de  11  de  Julho  de  1996,  Caso  Régie dauphinoise, Proc. C306/94, Colect., p. I3695, n.° 15, de 29 de Abril de 2004, Caso EDM, Proc. C77/01, Colect., p. I4295, n.° 47, e de 26 de Maio de 2005, Caso Kretztechnik, Proc. C465/03, Colect., p. I4357, n.° 18.

(15)  Veja-se, designadamente, Acórdãos de 4 de Dezembro de 1990, Caso Van Tiem,  Proc. C-186/89,  já  cit.,  n.º  17, Caso MGKKraftfahrzeuge-Factoring, Proc. C-305/01, Colect., p.  I-6729, n.º 42, e de 21 de Fe-vereiro  de  2006,  Caso  Halifax, Proc.  C-255/02,  Colect.,  p.  I-1609, n.º 54.

(16)  Acórdão  de  26  de  Março  de  1987,  Caso  Comissão/Países Baixos,  já cit.

(17)  Acórdão de 23 de Marco de 2006, Proc. C-210/04, Colect., p. I-2803. Em princípio, o âmbito das questões prejudiciais colocadas pelo Tribu-nal italiano ao TJUE implicava, em traços gerais, a necessidade de este se pronunciar, nomeadamente, sobre se as sucursais de uma socieda-de com sede noutro país, localizadas num Estado membro, que reúnam as  características  para  ser  tidas  como  um  estabelecimento  estável dessa sociedade, poderiam ser consideradas um sujeito passivo autó-nomo do IVA.

(18)  Há muitos anos que o Tribunal de Justiça salienta a existência de um “princípio das prestações recíprocas” no contexto deste imposto. São célebres neste contexto os Casos Apple and Pear Development Coun-cil, Proc. C-102/86, de 8 de Março de 1988, já cit., Caso Tolsma, Proc. C-16/93, de 3 de Março de 1994, já cit., Caso Kennemer Golf, Proc. C-174/00,  de  21  de  Março  de  2002,  Colect.,  p.  I-3293.,  Caso  Spa-rekassernes Datacenter – SDC, Proc. C-2/95, de 5 de Junho de 1997, Colect.,  p.  I-3017,  e,  mais  recentemente,  o  Caso  Société Thermale d’Eugénie-les-Bains, Proc. C-277/05, de 18 de Julho de 2007, Colect., p.   I-6415.

(19)  Acórdão  de  3  de  Março  de  1994,  Proc.  C-16/93,  já  cit.  Estava  em causa a actividade de R.  J.  Tolsma,  tocador de  realejo na via pública que  recebia  dinheiro  dos  transeuntes. Vide,  igualmente, Acórdão de 1 de Abril de 1982, Caso HongKong Trade Development Council, Proc. 89/81, Colect., p. 1277, n.os 9 e 10. Sempre que a actividade de um prestador consiste em fornecer exclusivamente prestações sem contra-partida directa, não existe base de tributação e essas prestações não estão, como tal, sujeitas a IVA. Deste modo, o valor tributável de uma prestação de serviços é constituída por tudo o que foi recebido como contrapartida do serviço prestado e, por conseguinte, uma prestação de serviços só é tributável se existir uma ligação directa entre o servi-ço prestado  e  a  contrapartida  recebida  (Caso Tolsma,  n.º  13  e  juris-prudência aí citada). Nestas circunstâncias, o Tribunal de Justiça acabou por concluir que uma prestação de serviços “só é efectuada ‘a título oneroso’ […] se existir entre o prestador e o beneficiário uma relação jurídica durante a qual são transaccionadas prestações recíprocas, constituindo a retribuição recebida pelo prestador o contravalor efec-tivo do serviço fornecido ao beneficiário” (ibidem, n.º 14). Vide, rela-tivamente  às  aplicações  mais  recentes  dessa  jurisprudência,  os  Acór-dãos de 14 de  Julho de 1998, Caso First National Bank of Chicago, Proc. C-172/96, Colect., p.  I-3017, n.º 26, de 14 de  Julho de 2005, Caso British American Tobacco International e Newman Shipping, Proc. C-435/03, Colect., p.  I7077, n.º 32, de 23 de Março de 2006, Caso FCE Bank, Proc. C-210/04,  já cit., n.º 34, e de 18 de Julho de 2007, Caso Société Thermale d’Eugénie-les-Bains, Proc. C-277/05, já cit.

(20)  Sobre este requisito e o Acórdão de 8 de Março de 1988, Caso Apple and Pear, Proc. 102/86, já cit., vide, nomeadamente, Amand, “When is a link direct?”, VAT Monitor, 1996, vol. 7, n.º 1, pp. 3 e ss.

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    179

SíNteSe ecoNómica

Paulo Nogueira Filho (Jornalista)

Bancos cortaram 1400 balcões e 9 mil trabalhadores em 5 anos

Os  bancos  fecharam  1400  balcões  em  Portugal  e  cortaram cerca  de  9000  empregos  desde  2011,  avança  o  Diário  de Notícias, que numa análise à reestruturação do setor nos úl-timos cinco anos aponta ainda para a falta de renovação de quadros, que está a deixar o contingente pessoal dos bancos mais envelhecido.Menos agências bancárias, menos trabalhadores, mais velhos. A reestruturação, diz o presidente da Associação Portuguesa de Bancos,  tinha de acontecer para aumentar a eficácia dos bancos.O resultado, nas contas do DN, são menos 1400 balcões no final de 2015 do que no ano em que atingiram o seu máximo, em  2011,  e  com  isto  desapareceram  9000  empregos.  Com cortes e restrições nas contratações, haverá quase menos dois terços dos trabalhadores com menos de 29 anos que o que se verificava em 2011.

Número de aposentados não pára de aumentar

Em  2015,  o  número  de  funcionários  públicos  aposentados ultrapassou pela primeira  vez o número de  subscritores da Caixa Geral de Aposentações (CGA) – ou seja, os trabalha-dores  que  estão  no  ativo  e  pagam  quotas  para  efeitos  de reforma.Segundo o Relatório de Acompanhamento da Execução Or-çamental  da  Segurança  Social,  divulgado  pelo  Tribunal  de Contas  (TC),  o  total  de  aposentados  da  CGA  ascendia,  no final do ano passado a 486.269 pessoas mais 23,5% que em 2006,  enquanto  o  número  de  subscritores  era  de  473.446, menos 235.551 que em 2006 (33,2%).

O  ano de 2015  é  o  ano de  viragem,  em que o número de subscritores  é  inferior  ao  número  de  aposentados/reforma-dos”, sublinha o TC no relatório.As maiores perdas de subscritores ocorreram no escalão etá-rio  mais  baixo  (menos  30  anos),  “em  linha  com  a  política adotada para as admissões de novos  trabalhadores em  fun-ções públicas, os quais já não estão integrados neste regime de pensões”.A maior parte dos subscritores atuais da CGA têm entre 50 e os 59 anos (43,4%), seguindo-se os funcionários com ida-des entre os 40 e os 49 anos (35,4%).Em 31 de dezembro de 2015, a média de  idades dos  subs-critores  da  CGA  à  data  de  aposentação  era  de  61,1  anos, (60,9  anos  em  2013),  ainda  assim  “muito  abaixo  da  idade normal de acesso à pensão de aposentação/reforma (66 anos para 2014 e 2015)”, refletindo o quadro legal em que foram atribuídas a generalidade das pensões em pagamento.Entre  2013  e  2015,  o  número  de  aposentados  aumentou 3,2%  (0,7%  em  termos  homólogos)  e  quase  metade  têm idades inferiores a 70 anos.O TC concluiu, por isso, que “os fatores inibidores de passa-gem à aposentação” implementados nos últimos anos (como as alterações das  fórmulas de cálculo e a  introdução de pe-nalizações mais  severas na  formação destes  rendimentos de substituição  dos  rendimentos  do  trabalho),  tiveram  um  “re-duzido efeito” neste universo, sobretudo no que diz respeito ao prolongamento da vida ativa.Em causa  estão  as  sucessivas  alterações do quadro  legal,  so-bretudo  durante  a  vigência  do  programa  de  assistência  da ‘troika’, que se revelou “bastante instável” com reflexos diretos no  comportamento da população ativa  com  idades próximas dos 60 anos, que preferiu não prolongar a sua vida ativa.“Consequentemente, a duração média das pensões de apo-sentação e  reforma é  tendencialmente crescente, efeito que resulta da combinação do aumento da esperança de vida da população com a passagem precoce à situação de aposenta-do”, salienta o TC.

180    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

Rede de fraudes

As burlas, as extorsões e outros crimes semelhantes estão a aumentar no Facebook. Em Espanha foram já detetadas má-fias  criminosas  ‘especializadas’.  Por  cá  são cada vez mais os crimes praticados através das redes sociais, e vários já chega-ram aos tribunais.O  pedido  de  amizade  vinha  de  um  perfil  do  Facebook  que lhe parecia conhecido e foi por isso que o aceitou. O empre-sário  catalão  pensou  tratar-se  de  uma  mulher  francesa  que conhecera em trabalho e começou a falar com ela. Depois de a  conversa  ter  ficado mais  intensa,  ela  revelou-lhe a  sua  in-tenção: ou transferia uma quantia em dinheiro para determi-nada conta, ou “ela” ia desencadear uma verdadeira campa-nha  de  difamação  junto  dos  seus  amigos.  E  foi  o  que aconteceu,  com  a  divulgação  de  imagens  pornográficas  do próprio empresário.A história aconteceu em Espanha e, segundo as autoridades espanholas,  não  é um  caso  isolado. Diz  a  polícia  espanhola ao El Mundo que há verdadeiras máfias nigerianas e senega-lesas a dedicarem-se a este tipo de crimes através das redes sociais — seja do Facebook,  seja do Linkedin, por exemplo. Em Portugal, diz a PJ, ainda não se registaram casos idênticos em que por detrás deste  tipo de extorsões  esteja uma  rede criminosa.  “Mas  há  inúmeros  crimes  praticados  através  do Facebook. O mais semelhante a este, e que tem acontecido com frequência, são pessoas que usurpam perfis e que depois pedem  quantias  em  dinheiro  aos  seus  amigos”,  explica  o diretor-adjunto da PJ, Pedro do Carmo.Nestes  casos, quem usurpa determinado perfil  no  Facebook envia novos pedidos de amizade aos amigos dessa pessoa. Os utilizadores aceitam, pensando que por algum motivo aquele amigo  deixou  de  estar  na  rede  e  que  agora  está  de  volta. Depois vêm as conversas de circunstância através do chat. E o pedido de ajuda. “Dizem que estão com dificuldades eco-nómicas e perguntam se é possível emprestarem-lhes dinhei-ro”. Só quando é suposto receber o dinheiro de volta é que os lesados percebem que foram enganados.O  Relatório  Anual  de  Segurança  Interna  não  especifica  o número  de  crimes  cometidos  através  das  redes  sociais,  mas dá conta de que em 2015 se registaram 659 crimes informá-ticos – mais 160 que no ano anterior. Nesta categoria incluem- -se crimes como o de de acesso indevido ou ilegítimo, inter-ceção  ilegítima, falsidade  informática, viciação ou destruição de  dados  e  sabotagem  informática.  Alguns  destes  crimes foram praticados através das redes sociais. Foram constituídos 414 arguidos.

Em Espanha, o empresário catalão recusou transferir dinheiro para  uma  conta  africana,  mesmo  sendo  ameaçado  de  que seriam  tornadas  públicas  imagens  suas  comprometedoras. Eram mais de mil euros. No dia seguinte, a consequência: um novo perfil seu no Facebook que enviou pedidos para todos os seus amigos. Mal estes aceitavam, recebiam no mural um vídeo do empresário, feito com montagens de fotografias em que  ele  se  masturbava  enquanto  olhava  para  pornografia infantil.Pedro  do  Carmo  afirma  que  chegam  à  PJ  cada  vez  mais queixas de crimes que envolvem redes sociais. Crimes de di-famação, de violação dos direitos de imagem, de burla. Ain-da  assim  não  há  registo  de  casos  em  que  por  trás  tenham sido detetadas máfias senegalesas ou nigerianas. À barra do tribunal, já chegaram alguns casos que envolvem redes sociais e houve até uma decisão de um juiz que fala em “Facebook jacking”,  como  sendo  o  ato  de  um  terceiro  se  apoderar  e utilizar o perfil de um utilizador sem a sua autorização.Atualmente,  vivemos  numa  sociedade  permanente  ligada  à internet,  às  novas  tecnologias  e  às  redes  sociais.  Com  essa permanente  conectividade  com  o  mundo,  designadamente, na rede social Facebook, surgem os chamados fenómenos de criação  de  perfis  falsos  de  “Facebook  jacking”,  lê-se  num acórdão do Tribunal da Relação do Porto.

Uma boa notícia

Nos primeiros seis meses de 2016 realizaram-se 42.758 testes do pezinho, o que representa um aumento de 2639 exames relativamente ao ano passado. Estes testes costumam indicar, de forma bastante rigorosa pois a sua realização é obrigatória, a evolução da natalidade, pelo que tudo indica que teremos este ano mais nascimentos do que em 2015.Apesar de os demógrafos considerarem que ainda é cedo para se falar numa recuperação da taxa da natalidade, a verdade é  que  depois  de  uma  queda  acentuada  nos  últimos  anos, 2015 e, agora, 2016 podem ser anos de inversão da tendên-cia, ou pelo menos de estabilização da nossa taxa de natali-dade, que é uma das mais baixas da Europa.Em 2014, Portugal  registou o mais baixo  índice  sintético de fecundidade da Europa, com apenas 1,2 crianças nascidas por cada mulher em  idade fértil, quando o número considerado necessário para a reposição da população é de 2,1. Os outros países  europeus  com  taxas  mais  baixas,  de  1,3  eram  nesse ano  Espanha,  Polónia,  Chipre  e  Grécia.  Em  2015  o  nosso índice subiu ligeiramente também para 1,3.

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    181

NaçõeS e mercadoS

Manuel Benavente RodriguesDirector Jornal de Contabilidade

Indexado a 3/10/2016

Apreciação geral

Índices –  O  nosso  PSI20  desde  Janeiro  que  está  em  queda 

percentual  progressiva  11,8  –  3,5  7,96  –  12,47  –  13,44.  O 

Nikkei, menos pronunciado,  também.  Já o Nasdaq100 e so-

bretudo o Dow Jones têm um bom comportamento, sempre 

na variante anual.

Nos câmbios, o Euro deu um salto pronunciado em relação 

à Libra, devido ao Brexit, valorizando-se 15,51%! Também a 

valorização do Euro em relação ao Dólar tem sido consisten-

te desde o  início do ano. Quanto ao  Iene  tem-se valorizado 

em relação ao Euro. 

Nas matérias-primas – petróleo (brent) e ouro – a tendência 

é de subida.

Quanto  às  taxas de juro,  as  Yelds  portuguesas  deslizaram 

desde o Verão, e sobem a 5 e 10 anos – já estão a 2,15% e 

3,44% –. A dívida americana funciona em harmónio, enquan-

to a Euribor prossegue a descida, estando em 0,2% negativos! 

O Quantitative Easing do BCE continua sem produzir efeitos. 

Mas pergunta-se: e se a Dívida Portuguesa não tivesse – em-

bora mitigado – este escape do BCE?

Portugal

O  BCP,  tem  valorizado  substancialmente  as  acções,  embora 

com valores por acção, insignificantes. 

Os nossos bancos mantêm-se extremamente vulneráveis, pelo 

que as notícias do Deutsch Bank são péssimas embora segun-

do parece a nossa exposição não seja muito pronunciada. No 

entanto,  uma  má  posição  do  Deutsch,  embora  fragilizando 

todo o  sistema  financeiro europeu,  em desespero de  causa, 

ocasionará um amolecimento do BCE perante outros Bancos 

frágeis,  como  os  nossos,  pelo  que  poderíamos  ser  tratados 

com  muito  menos  ímpeto.  Mas  daria  “o  laisser  faire”  para 

equilibrar a queda do maior Banco europeu?

Europa

Deutsch Bank  –  As  acções  em  Wall  Street  ontem  tiveram 

uma  ligeira  correcção  positiva.  John  Cryan  CEO  do  Banco, 

desloca-se a Washington para negociar com o Departamen-

to de Justiça dos Estados Unidos a propósito da multa que 

lhe  foi  imposta  –  14  mil  milhões  de  US$  –,  esperando-se 

alguma compreensão dos americanos. Porém, aproximando- 

-se  as  eleições  nos  USA,  a  tendência  para  a  conciliação 

deve-se  esbater.  Por  outro  lado,  se  a  multa  ficar  abaixo  

dos 6 mil milhões,  estará  coberta por  uma provisão que o 

Deutsch Bank criou para  litígios  judiciais. 

As  acções  tiveram  nestes  dias  uma  boa  inflexão  devido  à 

falada deslocação do CEO aos USA para negociar a gigan-

tesca multa. Ainda em relação a este Banco alemão, os seus 

activos  financeiros  são  bastante  elevados  face  ao  capital, 

cujo  rácio  é  de  apenas  2,68%  (os  Bancos  americanos  an- 

dam  à  volta  dos  5,75%  e  os  europeus  dos  5.45%).  Isto 

aconteceu  pois  o  Banco  aumentou  a  sua  exposição  aos 

activos  financeiros  quando  os  outros  Bancos  no  mundo, 

estavam a diminuir. Em termos de  taxas de  juro, 47% das 

receitas  do  Banco  dependem  delas,  pelo  que  com  taxas 

próximas  do  zero,  não  há  grande  margem  para  equilibrar 

perdas. O Banco conta também alienar alguns activos, talvez 

colocando  o  Postbank  em  Bolsa,  mas  possivelmente  só  se 

não  registar uma perda. Assim avulta cada vez mais o en-

tendimento  com  o  Departamento  de  Justiça  dos  USA,  de 

forma  a  tranquilizar  um  pouco  mais  os  investidores,  mas 

sem os concentrar noutras fragilidades do Banco. Será pos-

sível? 

Maus  tempos para o Deutsch Bank e maus  tempos para a 

União Europeia.

Brexit – Com o conhecimento da data em que se vai accio-

nar o artigo 50 do Tratado de  Lisboa, para a  saída da Grã 

Bretanha da União Europeia – Março de 2017 – a Bolsa de 

Londres  além  de  preocupada  com  o  Deutsch  Bank,  mais 

ficou, com o comportamento da Libra face ao Brexit.

Porém,  a  fragilidade  da  Libra  beneficia  o  FSTE  100(1)  pois 

esta pool de empresas da Bolsa de Londres está menos ex-

posta à Grã Bretanha e à Europa, dado que 58% das suas 

receitas  são geradas  fora da Grã Bretanha e dos 27 países 

da União Europeia. 

182    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

uSA

O  índice  ISM(2)  relativo  às  manufacturas  recuperou  em  Se-

tembro – 51,5 após 49,4 em Agosto.

O  Deutsch  Bank  prende  as  atenções  em  Wall  Street,  pelo 

que as notícias e os boatos não ajudaram a ganhos, aguar-

dando o mercado o comportamento das acções do Deutsch. 

Também chama a  atenção  a  intervenção de dois membros 

da FED.

Ásia

Reacção  positiva  asiática,  face  à  controvérsia  internacio- 

nal  dos  últimos  dias  em  relação  ao  problema  do  Deutsch 

Bank. 

PATROCÍNIOS:

M a r t i m N o e l M o n t e i r oPrémio História da

Contabilidade

2016

APOIOS DE:

Universidade do Minho

institUto sUperior de Contabilidade e adMinistração de lisboa

institUto sUperior de Contabilidade e adMinistração de CoiMbra

institUto sUperior de Contabilidade e adMinistração de aveiro

institUto sUperior de Contabilidade e adMinistração do porto

esCola sUperior de teCnoloGia e Gestão de viseU

Os interessados em participarem neste prémio instituído pelo Centro de Estudos de História da Contabilidade da APOTEC poderão apresentar os seus trabalhos até ao dia 30/11/2016 na sede da APOTEC.Os trabalhos apresentados candidatam-se ao seguinte prémio:

• Prémio ........... e 750,00

O premiado receberá também uma escultura, alusiva ao evento.Para mais informações, os interessados poderão contactar a sede da APOTEC na Rua Rodrigues Sampaio, n.º 50, 3.º Esq. – 1169-029 Lisboa – Telf. 21 355 29 00, pelo Fax 21 355 29 09 ou pelo e-mail: [email protected].

Actividade económica reduzida na China, devido à celebra-

ção da semana dourada com sete feriados seguidos.

A Austrália manteve as taxas em 1,5%. 

(1)  FTSE,  the  Índex  Company,  é  propriedade  do  Financial  Times  e  da London  Stock  Exchange  e  representa  uma  pool  de  100  empresas presentes na Bolsa de Londres.

(2)  ISM-Institute of Suply Mangement, o  Índice  ISM engloba 300 manu-facturas,  monitorizando  o  emprego,  a  produção,  os  inventários,  as encomendas e a  facturação de  fornecedores. Quanto aos algoritmos para a actividade económica, abaixo de 50 trata-se de uma contracção e acima de 50 significa desenvolvimento. 

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    183

coNSultório

esclareça as suas dúvidas

CAE

Questão Associado n.º 17212

Uma empresa tem a CAE 45211, de Construção de Edifícios. Agora alugou uma garagem sua por desnecessária para a sua actividade  que  está  reduzida.  Por  este  arrendamento  a  em-presa  terá de acrescentar um novo CAE o 68200, de arren-damentos?  Ou  o  que  tem  agora  também  abrange  arrenda-mentos?

Resposta do Assessor Fiscal:

1. Uma vez que o aluguer em causa não tem natureza habi-tacional  não  há  implicações  no  âmbito  do  arrendatário  em sede de  IRS e por esse motivo não é forçoso a  indicação de uma segunda CAE. 2. Contudo, se o objeto social da empre-sa  contemplar  também esta atividade, aconselhamos a  indi-cação  da  segunda  CAE  mediante  o  envio  de  declaração  de alterações. 3. Note-se que uma eventual alteração do objeto social,  constitui  um  facto  sujeito  a  registo  comercial  obriga-tório. 4. Neste caso será a própria Conservatória do Registo Comercial a comunicar a alteração à AT.

AS – 2016-07-18

IVA – Localização da Operação

Questão Associado n.º 19689

Uma empresa portuguesa, com sede em Portugal, adquire via internet  uma  licença  de  utilização  de  um  software  a  uma empresa  chinesa  (fornecedor),  com  sede na China.  Por  este serviço a empresa portuguesa paga um valor, e, só quando o recebimento  é  confirmado  pela  empresa  chinesa  é  que  o serviço fica disponível. a) Como devo enquadrar esta operação para efeitos de IVA? b) Onde é localizada esta operação em sede de IVA? (arrisco em Portugal, mas sem certeza absoluta) c) A empresa portuguesa (adquirente) do serviço deve liquidar o imposto IVA em Portugal? Se sim, pode a mesma empresa deduzir  esse  imposto  IVA,  sendo  a  operação  designada  de importação?

Resposta do Assessor Fiscal:

Consideram-se  localizadas  no  território  nacional  onde  são tributadas  as  prestações  de  serviço  efectuadas  a  um  sujeito passivo, cuja  sede, estabelecimento estável ou, na sua  falta, o domicílio, para o qual os serviços são prestados, se situe no território nacional, onde quer que  se  situe a  sede, estabele-cimento  estável  ou,  na  sua  falta,  o  domicílio  do  presta- dor  (alínea a) do n.º 6 do artigo 6.º do CIVA) Neste caso, o 

adquirente  é  um  sujeito  passivo  nacional  e  o  prestador  do serviço electrónico uma empresa chinesa com sede na China. A  operação  considera-se  localizada  em  território  nacional, onde é tributada, sendo sujeito passivo do imposto o adqui-rente do serviço (reverse charge), com direito a dedução, de acordo com a alínea e) do n.º 1 do artigo 2.º e alínea c) do n.º 1 do artigo 19.º do CIVA.

SP – 2016-06-16

Compra e venda de quotas

Questão Associado n.º 19689

A  sociedade  ABC  adquiriu  mais  uma  quota  a  um  particular por 100€. Passados três meses vende essa mesma quota por 1.500€.  a)  Quais  são  as  implicações  fiscais  na  compra  da quota e na  venda dessa quota  três meses depois? b)  Existe algum procedimento que se deva ter para minimizar o custo fiscal destas duas operações (compra/venda de quota)?

Resposta do Assessor Fiscal:

1.  A  operação  em  causa  configura  um  acto  sujeito  a  mais--valias  fiscais  em  sede  de  IRC,  ao  abrigo  do  artigo  46.º  do Código  do  IRC.  2.  Em  sede  de  IRC,  as  mais  valias  relativas a  partes  de  capital  são  suscetíveis  de  não  tributação  nos termos e condições expostos no artigo 51.º-C do Código do IRC.  3.  Contudo,  tal  exclusão  não  se  aplica  à  situação  em análise uma vez que a empresa deteve a quota por período inferior a 12 meses.

AS – 2016-07-18

Cessação em IVA

Questão Associado n.º 17212

Há uma empresa que vendeu o seu  imobilizado no primeiro trimestre de 2016. Em 31/3/2016 fez a cessação para efeitos de  IVA.  Por  lapso  a  declaração  deste  primeiro  trimestre  foi enviada fora do prazo. A empresa tem IVA a reembolsar que era  evidenciado  no  campo  61  da  Declaração  periódica,  de cerca de 4.200€ Como esta declaração  foi  enviada  fora do prazo este campo 61 foi sem valores. Como fazer para voltar a evidenciar este crédito de IVA que a empresa tem: 1. Enviar uma  declaração  dentro  do  próximo  prazo  de  validade  de envio só com o valor no campo 61? 2. Este valor de crédito de IVA está perdido? 3. Este crédito de IVA continua válido e pode ser pedido o seu reembolso? A empresa vai entrar em processo de insolvência talvez ainda este mês.

184    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

Resposta do Assessor Fiscal:

A empresa  cessou a  sua  actividade para  efeitos de  IVA em 31.03.2016, tendo apresentado a respectiva declaração pe-riódica fora do prazo. A empresa tinha IVA a reembolsar que vinha  evidenciando  no  campo  61  da  declaração.  Como  a declaração do período da cessação foi apresentada fora do prazo, nada foi referido no mencionado campo 61, nem foi, consequentemente, solicitado o reembolso do crédito ainda existente,  cerca  de  €  4  200.  O  mecanismo  do  pedido  de reembolso de IVA está regulamentado no artigo 22.º do CIVA e  no  Despacho  Normativo  n.º  18-A/10,  de  01.07,  com  as subsequentes  alterações,  resultando  do  n.º  1  do  artigo  2.º deste  último  diploma  que  os  reembolsos  de  IVA  apenas podem  ser  solicitados  numa  declaração  periódica  do  IVA apresentada dentro do prazo  legal.  Também a alínea a) do n.º  1  do  artigo  14.º  do  DL  229/95,  de  11.09,  redacção  da Lei 64/12, de 20.12 (regime de cobrança do IVA) prevê que «Os  reembolsos  do  IVA  são  solicitados  nos  casos  previstos nos n.os 5 e 6 do artigo 22.º do Código do  IVA, através da declaração prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 29.º (de-claração periódica do imposto)». Nos casos, como o presen-te, em que o sujeito passivo cessa a actividade, assiste-lhe o direito  de  solicitar  o  reembolso  do  crédito  de  imposto  que subsistir nesse momento, independentemente do tempo de-corrido desde o período em que  se  iniciou o excesso,  con-forme  resulta  do  n.º  6  do  artigo  22.º  do  CIVA.  No  caso presente,  a  declaração  periódica  referente  ao  período  da cessação  da  actividade  foi  apresentada  fora  de  prazo,  sem indicação  de  crédito  susceptível  de  reembolso.  Face  ao  ex-posto  e  considerando  que:  a)  O  pedido  de  reembolso  tem de ser feito em declaração periódica apresentada dentro do prazo legal; b) Que o prazo legal é o referido nas alíneas a) ou b) do n.º 1 do artigo 41.º do CIVA, consoante as circuns-tâncias; c) Que a apresentação de uma eventual declaração de substituição, ainda que viável, o que não é, seria sempre apresentada fora do prazo legal fixado para apresentação da declaração referida na alínea b) (artigo 59.º do CPPT). d) Que numa  situação  normal,  ou  seja,  caso  o  sujeito  passivo  se mantivesse  em  funções,  o  reembolso  do  imposto  entregue em  excesso  poderia  ser  exercido  até  ao  decurso  de  quatro anos após o pagamento em excesso do imposto, o que, na circunstância,  não  é  viável  (n.º  2  do  artigo  98.º  do  CIVA). Nestes termos, tendo o sujeito passivo cessado a actividade para  efeitos  de  IVA,  o  que  determina  a  impossibilidade  de apresentação futura de uma declaração periódica dentro do prazo  legal  e,  consequentemente,  a  viabilização  do  pedido de  reembolso  através  do  mecanismo  legal  estabelecido,  a única  solução  que  vislumbro para  o  problema,  ainda  assim de sucesso muito duvidoso, será o de apresentar o assunto 

à Direcção de Serviços de Reembolsos,  requerendo a even-tual reactivação do crédito e o seu pagamento.

SP – 2016-06-17

Admissão de Estagiário Vs Obrigações

Questão Associado n.º 8936

1. Admissão de estagiário Português. 1.1. Quais as obrigações decorrentes  desta  admissão no que  respeita  a: 1.1.1.  Segu-rança  Social;  1.1.2.  ACT-Autoridade  para  as  Condições  no Trabalho; 1.1.3. Seguro de Acidentes no Trabalho; 1.1.4. Cen-tro de Emprego  Informação adicional. 2. O empregador en-contra-se no Regime Simplificado para efeitos de  tributação em IRS.

Resposta da Assessor Jurídica:

Se o estágio é protocolado, nomeadamente, com o IEFP terá de cumprir os  requisitos do  respetivo protocolo. Fora dessas situações, o Decreto-Lei n.º 66/2011, de 1 de  Junho,  regula os restantes estágios (curriculares, profissionais extracurricula-res,  académicos).  1.1.1.  Desde  que  o  estágio  seja  pago,  o estagiário deverá ser inscrito na segurança Social (enviando a cópia do contrato de estágio), e pagar-se-á TSU sobre o valor do pagamento. 1.1.2. Não há qualquer comunicação à ACT. 1.1.3.  Porque  se  não  trata  de  um  trabalhador,  a  entidade promotora do estágio terá de fazer um seguro de acidentes pessoais para o estagiário. 1.1.4. Não sendo um estágio pro-tocolado com o IEFP não há qualquer informação a prestar a esta entidade. O regime de IRS ao abrigo do qual a entidade contratante  se  encontra,  não  tem  qualquer  influência  no cumprimento das obrigações em matéria de estágios profis-sionais.

AC – 2016-06-22

Regularização de IVA – Insolvência

Questão Associado n.º 18329

Um  sujeito  passivo,  para  regularizar  IVA  a  seu  favor  de  um crédito reclamado judicialmente em 10/2015 no montante de 168,83€,  pode  reconhecer  regularização  nos  termos  78A, n.º 4 B)  sem  recorrer  à Certificação do ROC? O cliente que ficou a dever, apresentou se à insolvência em 10/2015 e em 05/2016 foi reconhecido pelo tribunal encerramento do pro-cesso ficando declarada a  insolvência com carácter  limitado. Quais os procedimentos corretos para regularizar IVA?

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    185

Resposta do Assessor Fiscal:

1. A regularização de créditos de cobrança duvidosa e  inco-brável  nos  termos  do  artigo  78.º-A,  nos  casos  em  que  é  admitida,  obriga  sempre  à  certificação  por  revisor  oficial  de contas,  de  acordo  com  o  artigo  78.º-D.  2.  A  partir  de 01.01.2015,  os  sujeitos  passivos  podem  regularizar  o  IVA respeitante a  créditos  considerados  incobráveis  em processo de  insolvência,  quando  a  mesma  for  decretada  de  carácter limitado, após o trânsito em julgado da sentença de verifica-ção e graduação de créditos prevista no Código da Insolvên-cia e da Recuperação de Empresas (CIRE) ou, quando exista, a homologação do plano objecto da deliberação prevista no artigo 156.º do mesmo Código (alínea b) do n.º 7 do artigo 78.º do CIVA, na redacção da Lei 82-B/14, de 31.12 (OE2015). 3.  Assim,  nos  casos  em  que  a  insolvência  é  decretada  de carácter  limitado  (por  inexistência  ou  insuficiência  da massa insolvente), os sujeitos passivos de  IVA, podem regularizar o imposto a seu favor, após o trânsito em julgado da sentença que declarou a  insolvência com carácter  limitado. Nos casos de insolvência plena, os sujeitos passivos de IVA podem pro-ceder á regularização do imposto após o trânsito em julgado da sentença de verificação e graduação de créditos, ou após a  homologação  do  plano  de  insolvência,  quando  aprovado, previsto  no  artigo  156.º  do  CIRE.  4.  O  sujeito  passivo  deve ter na sua posse a correspondente certidão  judicial de onde conste  os  elementos  identificadores  de  cada  situação,  bem como a data do trânsito em julgado.

SP – 2016-06-20

IVA – Inversão sujeito passivo

Questão Associado n.º 15256

Um contribuinte, enquadrado no regime normal de IVA, tem como atividade a fabricação e montagem de estores. Sempre que  presta  serviços  nesta  área  a  sujeitos  passivos  de  IVA, aplica  a  regra  de  inversão  prevista  no  ofício  n.º  30101  de 24/05/2007.  Entretanto  diversificou  a  sua  atividade  para  a área da decoração, passando também a colocar estores inte-riores  e  cortinados em  tecido.  Está este  serviço  também su-jeito à  regra de  inversão, ou terá que  liquidar  IVA à taxa de 23% aquando da emissão da respetiva fatura?

Resposta do Assessor Fiscal:

Nos  termos  da  alínea  j)  do  n.º  1  do  artigo  2.º  são  sujeitos passivos do IVA «as pessoas singulares ou colectivas referidas na alínea a) que disponham de sede, estabelecimento estável ou domicílio em território nacional e que pratiquem operações que confiram o direito à dedução total ou parcial do imposto, 

quando  sejam  adquirentes  de  serviços  de  construção  civil, incluindo a  remodelação,  reparação, manutenção,  conserva-ção e demolição de bens imóveis, em regime de empreitada ou  subempreitada.» Método da  inversão do  sujeito passivo. De  acordo  com  esse  normativo  para  que  haja  inversão  do sujeito  passivo,  é  necessário  que,  cumulativamente:  a)  se esteja  na  presença  de  aquisição  de  serviços  de  construção civil; b) o adquirente seja sujeito passivo do IVA em Portugal e aqui pratique operações que confiram, total ou parcialmen-te,  o  direito  à  dedução  do  IVA.  No  conceito  de  serviços  de construção civil cabem todos aqueles que tenham por objec-to a realização de uma obra, abrangendo todo o conjunto de actos que sejam necessários à sua concretização (v.g. aluguer ou colocação de andaimes, aluguer de gruas e de outros bens, serviços de limpeza, sinalização, fiscalização, remoção de en-tulhos,  serviços  de  projectistas  ou  de  arquitectura,  etc),  en-tendendo-se por obra todo o trabalho de construção, recons-trução,  ampliação,  alteração,  reparação,  conservação,  reabi- litação,  limpeza, restauro e demolição de bens  imóveis, bem como qualquer outro trabalho que envolva processo constru-tivo, seja de natureza pública ou privada. Esclareceu a então Administração Fiscal (actual Autoridade Tributária e Aduanei-ra) através do OFCD 30 101/07, de 24.05 (ponto 1.5): i) que a  entrega  de  bens,  com  montagem  ou  instalação  na  obra, considera-se abrangida pela regra de inversão, desde que se trate de entregas no âmbito de trabalhos contemplados pela Portaria  19/2004,  de 10 de  Janeiro,  independentemente do fornecedor ser ou não obrigado a possuir alvará ou título de registo nos termos do DL 12/2004, de 9 de Janeiro; ii) que a mera transmissão de bens (sem instalação ou montagem por parte  ou  por  conta  de  quem  os  forneceu)  não  releva  para efeitos da regra de inversão; iii) que se excluem da regra de inversão os bens que, inequivocamente, tenham a qualidade de bens móveis,  isto é, bens que não estejam ligados mate-rialmente ao bem  imóvel com carácter de permanência. Por forma a auxiliar na definição dos tipos de serviço abrangidos pelo regime, o supra referido ofício-circulado (OFCD) enuncia no Anexo  I, e no Anexo  II duas  listas exemplificativas de di-versos serviços de construção civil, uma, aos quais se aplica a regra  de  inversão  do  sujeito  passivo  (anexo  I)  e  outra,  aos quais não se aplica essa mesma regra (anexo II). De salientar, face ao exposto, como características essenciais do regime, o facto do serviço a prestar dever  ter por objecto a  realização de uma obra  e  que  a  entrega de bens,  com montagem ou instalação na obra, apenas se considera abrangida pela regra de  inversão  desde  que  se  trate  de  entregas  no  âmbito  dos trabalhos contemplados no anexo I ao ofício-circulado n.º 30 101/07, de 24.05, desde que tenham ligação material ao bem imóvel  com  carácter  de  permanência.  Neste  sentido,  se  me parece  que  a  entrega  e  montagem  dos  estores  interiores 

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186    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

obedecem às características enunciadas, nomeadamente a sua ligação  material  ao  imóvel,  com  carácter  de  permanência, desde que integrada na realização de uma obra, já o mesmo não  me  parece  com  a  entrega  dos  cortinados  em  tecido. Assim  sendo,  no  primeiro  caso,  haveria  inversão  do  sujeito passivo; no segundo, não, devendo, neste caso, a factura ser processada pelo fornecedor dos bens com IVA à taxa normal.

SP – 2016-06-22

Faturas extraviadas

Questão Associado n.º 20505

Uma determinada empresa extraviou faturas referentes à aqui-sição de serviços. Podemos emitir uma cópia dessa fatura no portal e-fatura e contabilizar essa despesa? Pode ser conside-rado como sendo um documento de suporte para justificar o lançamento e com direito a dedução do IVA?

Resposta do Assessor Fiscal:

É  jurisprudência  do  Supremo Tribunal Administrativo que  as reproduções  de  facturas,  em  segunda  via,  bastarão  à  finali-dade legal da sua reforma que é a da identificação abrangen-te (a comportar os dados do n.º 5 do art.º 36.º do CIVA) do documento reformado e proporcionam ao órgão fiscalizador meio  satisfatório  para  o  controlo  da  situação  tributária,  no-meadamente no aspecto de apuramento do IVA dedutível que foi  facturado  ao  contribuinte.  A  Administração  Tributária  e Aduaneira  (ao  tempo Administração Fiscal)  face a esta  juris-prudência  procedeu  à  revisão  da  posição  então  seguida  e passou a aceitar, como o dito Tribunal estatuiu, as 2.as vias de facturas perdidas ou extraviadas como elemento bastante ao controlo da situação tributária, nomeadamente, como supor-te  do  exercício  do  direito  à  dedução  do  IVA  nelas  contido, nos  termos do n.º 2 do artigo 19.º do CIVA  (ver OFCD 030 074/05, de 24.03).

SP – 2016-07-01

Operação fora u.E.

Questão Associado n.º 20329

Um sujeito passivo A, sede em Portugal, compra mercadoria a uma empresa B, com sede em Angola. Depois da compra efetuada,  o  sujeito  passivo  A,  vende  a  mercadoria  a  uma empresa C em Cabo Verde, sem que a mercadoria entre em Portugal,  ou  seja,  a  mercadoria  sai  diretamente  de  Angola para Cabo Verde. Como a mercadoria não entra em território 

nacional,  deduzo  que  não  podemos  considerar  de  uma  im-portação no momento da compra, assim como não podemos considerar uma exportação aquando da venda. Pretendo sa-ber então o tratamento fiscal e contabilístico, nomeadamen-te em sede de IVA (isenção do IVA se aplica, e qual o artigo a mencionar na fatura) a considerar na compra e venda, assim como no preenchimento da D.P. de IVA.

Resposta do Assessor Fiscal:

Os  bens  são  adquiridos  em  Angola  por  um  sujeito  passivo nacional  e  revendidos  por  este  a  uma  empresa  em  Cabo Verde, seguindo os bens directamente de Angola para Cabo Verde,  sem  entrarem,  obviamente,  em  território  português. Ora o conceito de  importação e exportação de bens  implica a passagem fronteiriça dos bens e a sua consequente entrada e  saída  do  território  nacional,  respectivamente,  pelo  que  o critério  de  conexão  relevante  tem  subjacente  uma  relação directa e objectiva com o território nacional, conforme resul-ta dos artigos 5.º, 6.º e 14.º do CIVA. A venda que o sujeito passivo nacional faz à empresa de Cabo Verde consubstancia uma operação não tributada, em razão da sua não-localização em território nacional, mas que, por realizada por um sujeito passivo  do  imposto,  implica  o  cumprimento  de  outras  obri-gações previstas no CIVA, uma vez que o  imposto eventual-mente suportado na aquisição a montante pode, se reunidas as demais condições formais previstas no CIVA, conferir direi-to  à  dedução  nos  termos  da  subalínea  II)  da  alínea  b)  do  n.º 1 do artigo 20.º do CIVA. Neste caso, deve o sujeito pas-sivo nacional emitir factura nos termos do artigo 36.º do CIVA, indicando os motivos da não-liquidação do imposto, de acor-do  com  o  disposto  na  alínea  e)  do  n.º  5  do  artigo  36.º  do CIVA (vg. operação não tributada por  localizada fora do ter-ritório  nacional,  artigo  1.º  e  n.º  1  do  artigo  6.º  do  CIVA). Nesta factura deve ainda fazer menção de que os bens, ori-ginários de Angola, são entregues no  local  identificado pelo seu  cliente,  em  Cabo  Verde,  identificando  o  meio  de  trans-porte e respectivo documento titular. Esta operação deve ser relevada na declaração periódica de  IVA correspondente, no campo 8 do quadro 06. No que se refere à venda inicial em Angola, uma vez que o vendedor não é sujeito passivo com sede ou estabelecimento estável num dos  territórios da Co-munidade Europeia, não está sujeito às regras de facturação impostas pela Directiva 2006/112/CE, do Conselho, de 28 de Novembro. No entanto, o sujeito passivo nacional deve relevar contabilisticamente  a  aquisição,  documentada  pela  factura emitida pelo vendedor angolano, acompanhada do documen-to de transporte que demonstre que os bens, adquiridos em Angola,  tiveram  como  destino  Cabo  Verde,  sem  entrar  na União Europeia. Tendo em vista a necessidade de uma even-tual demonstração das operações perante os serviços de ins-

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    187

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pecção  tributária,  deverá  também  juntar  aos  documentos contabilísticos, cópia ou fotocópia dos documentos aduanei-ros de entrada dos referidos bens no território de Cabo Verde (Despacho de 04.06.2010 do SDG do IVA).

SP – 2016-07-08

Resposta do Assessor Contabilístico:

Depreendemos da sua exposição que a empresa importadora e  exportadora  de  bens  adquiridos  em  Angola  e  exportados para Cabo Verde arrecada, pela diferença, meios monetários nas suas disponibilidades. As diferenças entre as aquisições e as exportações devem reflectir-se na contabilidade da empre-sa. Pelo que, sugerimos que as contas da classe 31 – Compras e da classe 71 – Vendas sejam desdobradas a nível do plano de contas, identificando a sua proveniência, por forma, a que a empresa cumpra as suas obrigações  fiscais. Neste sentido, e  tendo em conta o parecer do assessor  fiscal,  sugerimos a leitura  das  Notas  de  enquadramento  do  Código  de  Contas do SNC.

AJNC – 2016-07-18

Localização Operação – IVA

Questão Associado n.º 20688

A Empresa "A" é uma empresa Portuguesa, especializada em serviços  metalúrgicos.  Esporadicamente,  a  Empresa  "A"  é contratada  pela  Empresa  "B",  com  sede  em  Espanha,  para efectuar serviços na Empresa "C", situada em Portugal. Esses serviços  são  facturados  à  Empresa  "B",  mas  são  exclusiva-mente desempenhados e desenvolvidos em Portugal. A dúvi-da  remete-se  ao  IVA  e  a  tributação  ou  não  desses  mesmos serviços em território nacional.

Resposta do Assessor Fiscal:

A empresa B, com sede em Espanha, contrata a empresa A, com sede em Portugal, para efectuar serviços metalúrgicos na empresa  C,  sita  em  Portugal.  Estes  serviços,  exclusivamente desempenhados  e  desenvolvidos  em  território  nacional,  são facturados  à  empresa  B,  com  sede  em  Espanha,  ou  seja,  o adquirente dos serviços prestados em território nacional pela empresa A, portuguesa, é a empresa B, com sede em Espanha, a quem os correspondentes serviços são facturados. O pres-tador  do  serviço  tem  sede  em  território  nacional,  sendo  o respectivo adquirente um sujeito passivo espanhol. Conforme disposto no n.º 1 do artigo 4.º do Código do IVA, são consi-deradas como prestações de serviços as operações efectuadas a título oneroso que não constituam transmissões, aquisições 

intracomunitárias ou importações de bens. De acordo com a alínea a), n.º 6 do artigo 6.º do CIVA (de carácter transnacio-nal),  são  tributadas  em  território  nacional  as  prestações  de  serviço  efectuadas  a um  sujeito passivo dos  referidos no n.º 5 do artigo 2.º, cuja sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o domicílio, para o qual os serviços são prestados, se situe no território nacional, onde quer que se situe a sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o domicílio do pres-tador do  serviço. Neste  sentido, as prestações de  serviço de intermediação  efectuadas  pelo  sujeito  passivo  português  a uma sociedade sediada em Espanha, não se consideram, «a contrario senso», efectuadas em território nacional, não sen-do, por isso, aqui sujeitas a tributação em IVA, dado o adqui-rente do serviço não ser um sujeito passivo de IVA português, para  o  qual  os  serviços  são  prestados.  Contudo,  além  da emissão  de  factura,  na  qual  devem  constar  os  elementos  a que se refere o n.º 5 do artigo 36.º, nomeadamente, o mo-tivo  justificativo da não aplicação do  imposto, o sujeito pas-sivo nacional deve indicar na declaração recapitulativa a que referida na alínea c) do n.º 1 do artigo 23.º do RITI, nos pra-zos e nas condições previstos no artigo 30.º do mesmo diplo-ma,  as  prestações  de  serviços  efectuadas  ao  sujeito  passivo espanhol, de acordo com a alínea  i) do n.º 1 do artigo 29.º do CIVA, devendo atender ao disposto no n.º 17 do mesmo normativo.

SP – 2016-07-14

Viagem a Inglaterra (Diretor Empresa)

Questão Associado n.º 20439

O Director de uma empresa de  Industria Gráfica,  esteve em Inglaterra para ver umas máquinas de impressão. As despesas com o hotel e avião devem ser contabilizadas como desloca-ções e estadas? São sujeitas a tributação autónoma? A fatu-ra do hotel foi emitida em libras, como é efetuado o contra-valor para euros? Podemos levar em consideração o conversor de  moeda  do  Banco  de  Portugal?  Tendo  em  conta  que  a fatura foi emitida a 16/07/2016 (sábado), a taxa a considerar deverá ser a do dia útil anterior  (15/07/2016) ou do dia útil seguinte  (18/07/2016).  Relativamente  ao  valor  do  IVA  que consta na fatura do Hotel, acresce ao valor do gasto?

Resposta do Assessor Fiscal:

1.  Tratando-se de  encargo  com  transporte  e  estadia de  tra-balhador da empresa fora do seu local de trabalho, ao servi-ço  da  mesma,  sem  recurso  ao  pagamento  de  ajudas  de custo, é de contabilizar como «deslocações e estadas». Essa despesa não  se encontra  sujeita  a  tributação autónoma. De 

188    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

notar que a despesa tem necessariamente de ser comprovada por documento emitido em forma legal, para merecer a acei-tação da administração fiscal como gasto do exercício, sendo de  toda  a  conveniência,  para  evitar  quaisquer  reservas  por parte da autoridade tributária sobre a veracidade da desloca-ção, que o  trabalhador apresente prova da sua presença no local  a que  se deslocou e que mencione no verso do docu-mento (factura) o seu nome, bem como o motivo justificativo da deslocação. 2. Conforme determina o n.º 8 do artigo 16.º do  Código  do  IVA,  sempre  que  os  elementos  necessários  à determinação do valor tributável sejam expressos em moeda diferente da moeda nacional, a taxa de câmbio a utilizar é a última divulgada pelo Banco Central Europeu ou a de venda praticada  por  qualquer  banco  estabelecido  no  território  na-cional.  Por  sua  vez  o  n.º  9  da  citada  disposição  legal  dá  a possibilidade aos sujeitos passivos de optarem entre conside-rar a  taxa do dia em que se verificou a exigibilidade do  im-posto  ou  a  do  primeiro  dia  útil  do  respectivo  mês.  Face  às citadas  disposições  legais  é  concedida  aos  sujeitos  passivos  a  faculdade de optarem pelas  taxas de  câmbio  referidas no n.º 8 do artigo 16.º do Código do IVA, sem prejuízo de poder ser  aplicada  a  taxa  em  vigor  no  dia  em  que  se  verificou  a exigibilidade do imposto ou a do primeiro dia útil do mês em que se verificou tal exigibilidade. Tendo a factura sido emitida em  16.07.16,  supostamente  dentro  do  prazo  legal,  para  o efeito, é nesta data que se verifica a exigibilidade do imposto. Sendo assim, não sendo utilizadas as taxas de câmbio divul-gadas pelo Banco Central Europeu ou as de venda praticadas por qualquer banco estabelecido no território nacional, pode o  sujeito  passivo  optar  para  a  conversão  entre  a  taxa  de câmbio do dia em que se verificou a exigibilidade do impos-to, data da emissão da factura, ou a do primeiro dia útil do mês de  Julho em que se verificou tal exigibilidade. 3. O  IVA suportado em Inglaterra pode ser reembolsado, a pedido do sujeito passivo, de acordo com o disposto no DL 186/09, de 12.08, que estabelece as regras respeitantes ao «Reembolso do  imposto  suportado  noutros  Estados  membros  a  sujeitos passivos estabelecidos em território nacional», designadamen-te  no  Capítulo  II,  devendo  apresentar,  para  esse  efeito,  o correspondente pedido junto da Direcção-Geral dos Impostos, por via electrónica. 4. O valor do  IVA, neste caso, não é de acrescer ao valor do gasto.

SP – 2016-07-20

Isenção de IVA

Questão Associado n.º 1999

Um empresário em nome individual presta serviços isentos de IVA,  ao  abrigo  do  Art.º  9.º  Médico  Dentista,  pretende,  em 

paralelo com esta atividade, exercer a de Técnico de Próteses 

dentárias fixas, pensando adquirir o equipamento necessário 

ao desenvolvimento da nova atividade. Concluídas as próte-

ses, onde serão aplicados outros consumíveis, nomeadamen-

te blocos de cerâmica, resinas, acrílicos e outros, serão fatu-

rados  a  laboratórios  para  serem  por  estes  comercializados.  

1. Encontrando-se o empresário isento de IVA, como médico 

dentista,  como criar  condições para deduzir o  IVA  liquidado 

na fatura de aquisição de equipamento e das matérias primas, 

através da nova atividade? 2. Na faturação das próteses aos 

laboratórios  liquida  IVA  com  que  taxa?  3. Na  aplicação  das 

referidas  próteses  aos  seus  clientes,  na  clínica,  liquida  IVA?  

4. Qual vai ser o novo enquadramento do IVA?

Resposta do Assessor Fiscal:

1. O exercício de uma nova actividade obriga o sujeito passi-

vo  à  apresentação  de  uma  declaração  de  alterações,  nos 

termos  do  artigo  32.º  do  CIVA.  Essa  declaração  deve  ser 

apresentada em qualquer serviço de finanças ou noutro local 

legalmente autorizado, no prazo de 15 dias a contar da data 

da  alteração.  2.  As  prestações  de  serviços  efectuados  por 

estomatologistas, médicos dentistas e odontologistas  (artigo 

9.º  n.º  1  do  CIVA)  e  por  protésicos  dentários  (artigo  9.º,  

n.º  3,  do  CIVA),  estão  isentas  de  imposto  (IVA).  3.  No  caso 

presente as próteses feitas pelo técnico da especialidade são 

para aplicação aos seus pacientes/clientes e para fornecimen-

to  a  laboratórios  que  as  comercializam.  4.  Se  as  próteses 

produzidas foram para aplicação exclusiva aos seus pacientes 

na clínica, não há  lugar à  liquidação do IVA, dada a  isenção 

prevista no n.º 3 do artigo 9.º do CIVA), nem haverá lugar à 

dedução do imposto suportado a montante na aquisição do 

material necessário à sua produção. 5. Não sendo as próteses 

que fabrica, de exclusiva aplicação nos seus pacientes, sendo 

igualmente vendidas a terceiros, nomeadamente laboratórios, 

neste caso, há  lugar à  liquidação de  IVA à  taxa  reduzida de 

6% (verba 2.6. da Lista I anexa ao CIVA). Neste caso, tratan-

do-se  de  sujeito  passivo  misto,  que  pratica,  em  simultâneo, 

operações isentas sem direito à dedução e operações tributa-

das que conferem esse direito, o direito à dedução está  su-

jeita  ao  regime do pro-rata previsto na  alínea b)  do n.º  1  e 

n.º 4 do artigo 23.º do CIVA, ou em alternativa ao regime da 

afectação real, por opção própria ou por imposição da admi-

nistração tributaria (n.os 2 e 3 do artigo 23.º do CIVA). 6. Na 

hipótese da afectação real dos dois sectores (fabrico de pró-

teses e prestações de serviços), deverá liquidar-se IVA sobre a 

incorporação das próteses por si fabricadas nos serviços pres-

tados, nos  termos da alínea g) do n.º 3 do artigo 3.º. Mas, 

nesse caso, haverá direito a dedução de todo o IVA suporta-

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    189

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do  a  montante,  no  sector  tributado  no  fabrico  de  próteses (Doutrina do OFCD 69 258, de 03.06.1992, do  SIVA). 7. O novo  enquadramento  do  IVA  deverá  ser  estabelecido  pela administração tributária no Quadro 10 da declaração de alte-rações, bem como a data a partir da qual entrará em vigor o novo enquadramento.

SP – 2016-07-27

Faturas de adiantamentos

Questão Associado n.º 12234

Emissão uma fatura com adiantamento com IVA. No caso de emissão da fatura final do serviço pelo valor total, como deve ser feito? Emitindo-se Nota de Crédito pelo adiantamento ou pode-se  na  fatura  final  acrescentar  uma  linha  a  colocar "adiantamento" e deduzir este valor ao total da fatura. Qual é a opção legal neste caso?

Resposta do Assessor Fiscal:

De acordo com a alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º do CIVA, os  sujeitos  passivos  são  obrigados  emitir  factura  por  cada transmissão de bens ou prestação de serviços, tal como vêm definidas nos artigos 3.º e 4.º, independentemente da quali-dade  do  adquirente  dos  bens  ou  destinatário  dos  serviços, ainda que estes não a solicitem, bem como pelos pagamentos que  lhes  sejam efectuados antes da data da  transmissão de bens ou da prestação de  serviços Por outro  lado, determina a alínea c) do n.º 1 do artigo 8.º do Código do  IVA, que se a transmissão de bens ou a prestação de serviços derem lugar ao  pagamento,  ainda  que  parcial,  anteriormente  à  emissão da  factura, o  imposto  torna-se exigível, no momento do  re-cebimento desse pagamento, pelo montante recebido. Deste modo, havendo pagamento antecipado "o imposto é devido e toma-se exigível no momento do recebimento”, devendo o sujeito  passivo  emitir  a  correspondente  factura,  em  forma legal, pelo respectivo recebimento. No momento da conclusão da  operação,  deverá  ser  emitida  uma  factura,  também  ela, igualmente, em forma legal, podendo o imposto ser liquida-do  (Informação  vinculativa,  sancionada  por  Despacho  de 10.02.06,  do  Subdirector-Geral  dos  Impostos):  a)  Sobre  a diferença entre o valor da factura final e o valor do adianta-mento,  ou; b)  Sobre  o  valor  total  da  operação,  na  factura final, sendo que, neste caso, o fornecedor poderá regularizar o imposto a seu favor devendo, se assim acontecer, o adqui-rente  fazê-lo  a  favor  do  Estado,  dando-se,  nesta  situação, cumprimento ao estipulado no artigo 78.º do CIVA, nomea-damente  os  condicionalismos  elencados  no  n.º  5  e  n.º  13 desse normativo. De notar que o fornecedor só poderá regu-

larizar  a  diferença  a  seu  favor  se  tiver  a  prova  de  que  o  adquirente tomou conhecimento da retificação.

SP – 2016-07-20

Pagamento por Conta IRS

Questão Associado n.º 7203

Um empresário em nome individual cessou a atividade no dia 30/06/2016. Como tinha cessado e nos termos da b) do n.º 4  do artigo 102.º do CIRS, pensei que não estaria obrigado a efetuar pagamentos por conta do IRS de 2016, uma vez que os mesmos têm vencimentos em Julho, Setembro e Dezembro, ou seja, depois de ter cessado. Questionei o Serviço de Finan-ças  de Barcelos  e  a  opinião deles  é  que o  contribuinte  tem que efetuar os pagamentos por conta, porque quando entre-gar a declaração modelo 3  referente a 2016 e  se houver  li-quidação de IRS a pagar, poderá haver coimas e juros por não ter efetuado os respetivos pagamentos.

Resposta do Assessor Fiscal:

1. A obrigação dos pagamentos por conta cessa, efectivamen-te, nos termos da alínea b) do n.º 4 do artigo 102.º do CIRS, quando deixem de ser auferidos rendimentos da categoria B. 2. Contudo, mesmo no caso de cessação, deve acautelar-se o disposto  no  n.º  6  do  mesmo  normativo,  segundo  o  qual «Verificando-se, pela declaração de rendimentos do ano a que respeita o imposto (neste caso, 2016), que, em consequência da cessação (...), deixou de pagar-se uma importância superior a 20% da que, em condições normais, teria sido entregue, há lugar  a  juros  compensatórios  se  a  liquidação do  imposto do penúltimo ano (2015) tiver sido efectuada até 31 de Maio do ano em que os pagamentos por conta devam ser efectuados (2016)  e  os  sujeitos  passivos  se  mantiverem  integrados  no mesmo agregado, sendo para o efeito a importância conside-rada em falta imputada em partes iguais ao valor de cada um dos pagamentos devidos».

SP – 2016-07-27

ESNL – IVA

Questão Associado n.º 18257

Uma associação sem fins lucrativos (associação de bombeiros), com  regime  de  IVA  trimestral  por  prestar  serviços  sujeitos, nomeadamente abastecimentos de água, desentupimento de esgotos,  etc  tem  nas  suas  instalações  uma  antena  de  uma operadora de telecomunicações. Essa antena consome ener-

190    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

gia  que  vem  na  fatura  de  eletricidade  da  associação.  Esse valor é ressarcido à mesma por parte da operadora. A asso-ciação terá que emitir uma fatura. A minha dúvida prende-se com o enquadramento em sede de IVA e IRC.

Resposta do Assessor Fiscal:

1. A situação descrita traduz-se, objectivamente, na renúncia pela operadora de telecomunicações da verba que a associa-ção  de  bombeiros  suporta  na  factura  de  electricidade  na parte que àquela é consignada. 2. De acordo com a alínea a) do  n.º  1  do  artigo  1.º  do  CIVA,  o  imposto  sobre  o  valor acrescentado incide sobre as transmissões de bens e as pres-tações de  serviços efectuadas no  território nacional,  a  título oneroso, por um sujeito passivo agindo como  tal. 3. Na cir-cunstância,  a  associação  de  bombeiros  limita-se  a  receber, objectivamente,  um  determinado  valor  que  lhe  é  devolvido pela operadora por espírito de  liberalidade, que  terá de en-tender-se  como  um  «donativo»  na  medida  em  que  não  se vislumbra a existência de quaisquer contrapartidas comerciais ou  outras,  para  o  efeito.  4.  Não  configurando  a  situação descrita uma operação de venda de bens nem de prestação de  serviço, que deva  ser  tributada em  IVA, não  tem a asso-ciação  de  bombeiros  de  emitir  qualquer  factura,  devendo, contudo, emitir  recibo de quitação da  importância  recebida. 5.  As  pessoas  colectivas  de  utilidade  pública  são  isentas  de IRC, salvo quanto aos rendimentos empresariais derivados do exercício das actividades comerciais ou industriais desenvolvi-das fora do âmbito dos fins estatutários (n.º 1 do artigo 10.º do CIRC). 6. Não resultando o ganho proveniente do recebi-mento  do  «donativo»,  do  exercício  de  qualquer  actividade empresarial,  e  estando  a  associação  certamente  abrangida pela isenção prevista no n.º 1 do artigo 10.º do CIRC, então, neste caso, sendo assim, o ganho estará abrangido pela isen-ção pessoal prevista no referido normativo.

SP – 2016-07-29

IVA

Questão Associado n.º 9599

Uma empresa licenciada para o serviço transportes rodoviários de mercadorias por conta de outrem, fez um serviço de tração para uma empresa de recolha de pneus usados para recicla-gem.  Isto  é,  apenas  utilizou  o  seu  trator  que  rebocou  um atrelado da empresa sua cliente carregado de pneus usados que esta recolheu de outras empresas produtoras de resíduos (pneus  usados).  A  carga  acompanhou  a  Guia  do  Ministério do Ambiente emitida em nome daquela empresa (proprietária do  reboque  e  da  carga).  Neste  caso  qual  a  taxa  de  IVA  a aplicar no serviço deste transporte, 6 ou 23%?

Resposta do Assessor Fiscal:

1. Em termos objectivos a empresa acaba por prestar a uma empresa  sua  cliente um  serviço de  transporte de pneus por ela  recolhidos para  reciclagem. 2.  Refere o Despacho vincu-lativo de 22.09.10, do SDG do IVA, que os pneus usados de que o respectivo detentor se desfaça ou tenha a intenção ou a obrigação de se desfazer constituem resíduos, na acepção da alínea u) do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro. 3. Assim, no seguimento da referida doutrina, tratando-se  duma  prestação  de  serviços  de  transporte  de pneus usados que não se destinam a reutilização (recauchu-tagem), é a mesma passível de tributação à taxa reduzida de 6%,  a  que  se  refere  a  alínea  a)  do  n.º  1  do  artigo  18.º  do Código do  IVA, por  se  tratar de  serviços prestados  abrangi- dos pelo disposto na  verba 2.22 da  lista  I  anexa ao mesmo Código.

SP – 2016-07-28

Renting e utilização de viatura para fins pessoais

Questão Associado n.º 20114

Uma empresa adquiriu viaturas ligeiras de passageiros e para as quais celebrou contractos de AOV (aluguer operacional de veículos). Cada viatura será afeta, em permanência, ao traba-lhador que terá um acordo escrito, com menção expressa da possibilidade  de  utilização  para  fins  pessoais  e  sem  isenção de horário de trabalho. A dúvida prende-se com o cálculo dos 0,75%, isto é, o valor de cada viatura é de 20.300,74 + IVA = 24.969,90 e o valor de cada renda é de 398,15 (IVA incluí- do) × 48 meses = 19.111,20. Assim, sobre que valor devem incidir os 0,75%?

Resposta do Assessor Fiscal:

1.  De  acordo  com  o  n.º  9)  do  n.º  3  do  artigo  2.º  do  CIRS, consideram-se  rendimentos  do  trabalho  dependente,  «os  resultantes  da  utilização  pessoal  pelo  trabalhador  ou  mem- bro de órgão social, de viatura automóvel que gere encargos para a entidade patronal, quando exista acordo escrito entre o  trabalhador ou membro do órgão  social  e  a entidade pa-tronal sobre a imputação àquele da referida viatura automó-vel». 2. A equivalência pecuniária dos rendimentos em espé-cie, nos casos da atribuição do uso de viatura automóvel pela entidade patronal, é o  rendimento anual correspondente ao produto de 0,75% do seu valor de mercado,  reportado a 1 de Janeiro do ano em causa, pelo número de meses de utili-zação da mesma (n.º 5 do artigo 24.º do CIRS). 3. Na deter-

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    191

minação desses rendimentos, considera-se valor de mercado o que corresponder à diferença entre o valor de aquisição e o  produto  desse  valor  pelo  coeficiente  de  desvalorização acumulada  constante  da  tabela  publicada  com  a  Portaria  n.º 383/2003, 14.05. Ou seja: Ra = 0,75 % × Vm (reportado a 1 de Janeiro do ano em causa) x n.º de meses de utilização Vm  =  Va  –  (Va  ×  Cfdac)  Em  que:  Ra  –  Rendimento  anual tributável  Vm  –  Valor  de  mercado  Va  –  Valor  de  aquisição Cfdac – Coeficiente de desvalorização acumulada, conforme tabela da Portaria n.º 383/03, de 14.05.

SP – 2016-08-03

Comissões pagas a não residentes

Questão Associado n.º 7296

A Empresa X, Lda.  tem como actividade, aluguer de aparta-mentos para  férias. Uma Empresa não  residente,  através de reserva de apartamentos aufere uma comissão sobre as mes-mas  efectuadas  no  período  combinando,  entre  as  partes. Quais as obrigações a que a Empresa X, Lda. está sujeita?

Resposta do Assessor Fiscal:

1. As  comissões pagas por  empresa portuguesa  a uma em-presa não residente pela intermediação em negócio, conside-ram-se  localizadas em  território português  (artigo 4.º, n.º 3, alínea  c),  n.º  6)  do  CIRS),  estando  o  respectivo  rendimento sujeito a retenção na fonte à taxa de 25%, a título definitivo (alínea g) do n.º 1, n.º 3, alínea b) do artigo 94.º e n.º 4 do artigo 87.º, ambos do CIRS). Cumpre ao devedor dar cumpri-mento  ao  disposto  no  n.º  7  do  artigo  119.º  do  CIRS,  por remissão do artigo 128.º do CIRC. 2. Determina a  al.  a)  do n.º 6 do artigo 6.º do Código do IVA, que são tributáveis as prestações  de  serviço  efectuadas  a  “Um  sujeito  passivo  dos referidos  no  n.º  5  do  artigo  2.º,  cuja  sede,  estabelecimento estável ou, na sua falta, o domicílio, para o qual os serviços são prestados, se situe no território nacional, onde quer que se  situe  a  sede,  estabelecimento  estável  ou,  na  sua  falta,  o domicílio do prestador”, o que equivale a dizer que nos ser-viços de intermediação prestados a um sujeito passivo nacio-nal por um sujeito passivo de outro Estado membro, o  local de tributação é no território nacional, onde o destinatário dos serviços, se encontra estabelecido. Neste caso, é ao adquiren-te  nacional  dos  serviços  de  intermediação,  na  qualidade  de sujeito passivo que compete a liquidação do imposto, confor-me alínea e) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA (reverse-charge), imposto  esse  que  terá  direito  a  deduzir,  em  conformidade com as regras definidas nos artigos 19.º e 20.º do CIVA.

SP – 2016-08-17

Obrigatoriedade do recibo de quitação

Questão Associado n.º 20587

O  recibo de quitação, quando não  solicitado, não é obriga-tório. Correto? Se  sim, qual o artigo ou artigos onde posso sustentar esta afirmação?

Resposta do Assessor Fiscal:

O dever de dar quitação daquilo que se recebe apenas é obri-gatório quando aquele que paga exige o  respectivo  recibo de quitação. Aquele que cumpre a obrigação pode recusar a pres-tação  enquanto  a  quitação  não  for  dada,  assim  como  pode exigir a quitação depois do cumprimento (artigo 787.º do Có-digo Civil). Por outro lado, de acordo com o disposto no artigo 476.º do Código Comercial “o vendedor não pode recusar ao comprador  a  factura  das  coisas  vendidas  e  entregues,  com  o recibo do preço ou parte do preço que houver reembolsado”.

SP – 2016-08-18

Morada Fiscal Vs Estabelecimento

Questão Associado n.º 18316

Qual  a  morada  que  os  operadores,  empresários  em  nome individual,  devem  colocar  nas  facturas?  O  artigo  36.º  do Código do  IVA, diz: “a) Os nomes,  firmas ou denominações sociais e a sede ou domicílio do fornecedor de bens ou pres-tador de serviços e do destinatário ou adquirente”. O domi-cílio do fornecedor significa o local onde é prestado o serviço (estabelecimento) ou a morada fiscal (habitação). Um empre-sário em nome individual ao fazer o seu início de actividade, o  sistema  da  AT  pergunta  se  o  estabelecimento  é  igual  ao domicílio fiscal, se sim,  já não abre nenhum campo, se não, o sistema abre um campo para se colocar a morada do esta-belecimento,  é  esta  a  morada  a  ser  colocada  nas  facturas? Não tem lógica que seja colocada a morada de habitação do empresário, mas sim, a morada onde os serviços são prestados (estabelecimento).  Existem  algum  parecer  vinculativo,  sobre esta questão?

Resposta do Assessor Fiscal:

1. As facturas devem conter os elementos elencados no n.º 5 do artigo 36.º do Código do IVA, nomeadamente, os nomes, firmas  ou  denominações  sociais  e  a  sede  ou  domicílio  do fornecedor de bens ou prestador de serviços e do destinatá-rio  ou  adquirente,  bem  como  os  correspondentes  números de identificação fiscal dos sujeitos passivos de imposto (alínea 

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192    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

a)  do  n.º  5  do  artigo  36.º  do  CIVA).  2.  De  acordo  com  o disposto no artigo 19.º, n.º 1, da Lei Geral Tributária (LGT), o domicílio fiscal do sujeito passivo é, salvo disposição em con-trário:  a)  Para  as  pessoas  singulares,  o  local  da  residência habitual;  b)  Para  as  pessoas  colectivas,  o  local  da  sede  ou direcção efectiva ou, na falta destas, do seu estabelecimento estável em Portugal. 3. De acordo com o artigo 82.º do Có-digo Civil, a pessoa tem domicílio no lugar da sua residência habitual; se residir alternadamente em diversos lugares, tem-se por domiciliada em qualquer deles. 4. O conceito de do-micílio fiscal a que se refere o n.º 1 do artigo 19.º da LGT, é um domicílio especial que se refere a um lugar determinado para o exercício de direitos e cumprimento dos deveres pre-vistos  nas  normas  tributárias  (ver  Alberto  Xavier,  in  Manual de Direito Fiscal, I, pág.393). É, por conseguinte um domicílio diferente daquele a que se refere a lei civil. 5. Neste sentido, o  empresário  em  nome  individual  tem,  quanto  às  relações referentes ao exercício da actividade, domicílio  fiscal empre-sarial  no  lugar  onde  a  actividade  é  exercida  (artigo  83.º  da 

LGT). É esse domicílio fiscal que os sujeitos passivos, pessoas singulares,  nos  termos  da  lei,  são  obrigados  a  comunicar  à AT  (n.º 3 do artigo 19.º da LGT), ou  seja, no caso de haver um domicílio empresarial, o domicílio fiscal a declarar é o do local  onde  a  actividade  é  exercida.  6.  Nos  casos  em  que  a actividade empresarial é exercida em local diferente do domi-cílio, deve ser preenchido o quadro 23 da declaração de início de  actividade.  Sendo  assim,  sempre  que  estes  empresá- rios mudem de domicílio,  ou  seja,  de  local  onde  exercem a actividade  (vg.  estabelecimento)  deverão  apresentar  uma  declaração de alterações nos termos do artigo 32.º do CIVA. 7. Afinal, na factura pode constar a indicação sobre a mora-da  correspondente  ao  local  do  estabelecimento  (domicílio empresarial) a partir do qual a actividade é exercida sem que isso  signifique uma alteração do domicílio  fiscal.  (De acordo com a opinião do Conselho Nacional das Ordens Profissionais, publicada em 20.11.2011, com a qual se concorda).

SP – 2016-08-26

PATROCÍNIOS DE: APOIOS:

Prémio para trabalhos sobre contabilidade financeira e auditoria.Os trabalhos deverão entrar na sede da APOTEC até ao dia 30/11/2016 e candidatam-se aos seguintes prémios.

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Para mais informações, os interessados poderão contactar a sede da APOTEC na Rua Rodrigues Sampaio, n.º 50 – 3.º Esq.1169-029 Lisboa • Telf. 21 355 29 00, pelo Fax 21 355 29 09 ou pelo e-mail: [email protected].

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Prémiode

Contabilidade 2016

Cada trabalho premiado receberá também uma escultura, alusiva ao evento.

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    193

gloSSário do coNtabiliSta

Conta

A palavra “conta” tem ganho um câmbio relevante de signi-ficados ao longo dos tempos; basta ver em qualquer dicioná-rio ou enciclopédia a relação de sinónimos e variantes expos-tos.Do  ponto  de  vista  da  Contabilidade  por  partidas  dobradas, “conta” é constituída por duas colunas de registos, ordenadas cronologicamente com o Deve à esquerda e o Haver à direita. A  diferença  entre  deve  e  haver  –  saldo  –  pode  ser  devedor ou credor. No português do século XIV, era côta, e no século XV, comta, já como evolução significante assinalamos, bolinha, missanga, conto; como sinónimos, alçada, computo, despesa. Conta  é derivação  regressiva do  verbo  contar. Derivação do latim  putarê  –  julgar,  fazer  uma  conta,  contar  –,  como  o italiano  contare  (século XII),  e  o  francês, compter  (séc. XIII). Em  Portugal  a  partir  do  século  XV  ganha  o  significante  de narrar, enumerar os detalhes de um acontecimento,  (por via popular). Forma  histórica  do  vocábulo  “contar”,  segundo  o  IVPM  –  – António Geraldo da Cunha, Índice do Vocabulário Português Medieval, Fundação Casa Rui Barbosa:1292, comtar, “computar”; século XIII, contar, “narrar”; sécu-lo XIV, côtar, “computar”; século XIV, côtar, “narrar” (Houaiss).

Como  já  é  hábito,  os  significados  aqui  apresentados  são apenas algumas poucas entradas das muitas que os dicioná-rios  e  enciclopédias  apresentam.  Nos  dicionários  do  século XVIII,  seguimos  a  sintaxe  da  época  quando  necessário,  e  actualizámos apenas a morfologia. 

Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – Instituto An-tónio Houaiss de Lexicografia Portuguesa – 2004Acto ou  efeito  de  contar,  operação  aritmética,  anotação de despesas, factura, comunicação, informação. 

A Enciclopédia – Editorial Verbo – 2002Acto ou efeito de contar, cálculo, operação aritmética, impor-tância de despesa,  factura, estado de débitos e créditos, de pagamentos e recebimentos.Atenção, estima, apreço. Responsabilidade, cargo, cuidado. 

Nova Enciclopédia Larousse – Círculo de Leitores – 1997Cálculo de um número, avaliação de uma quantidade.Situação do que é devido ou recebido. Extracto das importâncias devidas a um fornecedor.Relação de uma conta a pagar, factura. Despesa num café restaurante. 

Lexicoteca Moderna Enciclopédia universal – Círculo de Leitores – 1987Em  contabilidade  a  conta  tem  duas  colunas  –  deve  e  ha- ver –, relacionadas cronologicamente, sendo o saldo a expres-são da diferença entre deve e haver. Em náutica conta é uma escala, graduação de  instrumentos náuticos antigos. 

Dicionário de Língua Portuguesa – José Pedro Machado – SLP e Amigos do Livro Editores – 1981Acto ou efeito de contar; calculo, computo, operação aritmé-tica.  Confrontação  de  créditos  e  débitos  ou  de  receita  e despesa.Nota do que se deve, lista, rol, importância de despesa, nota.Cautela, sentido, prevenção, atenção. Participação, notícia, narração, relação.Missanga,  objecto  globular  que  serve  para  enfeite  ou  com que se fazem os rosários. 

Dicionário da língua portuguesa composto pelo padre D. Rafael Bluteau, reformado, e acrescentado por Antó-nio de Moraes Silva natural do Rio de Janeiro – 1789Cálculo, computo, fazer a conta das despesas.Narração, acusar, encarregar-se, tomar sobre si.

Vocabulário Português e Latino do Padre Raphael Blu-teau – 1712-1728A contas  velhas, baralhas novas,  renego de  contas  com pa-rentes e de dívidas com ausentes.O  Rosário  da  Senhora,  como  também  o  Terço  e  a  Coroa, pode-se  chamar,  preces,  rezas,  devoções,  mas  segundo  a especulação do Doutor Jerónymo Ribeiro de Carvalho no seu Sermão do Rosário… chamam-se contas. 

Colabore com a sua Associação

regularizando as suas quotas

194    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

recorteS

Com a devida vénia...

“Estamos num país sem futuro, velho, doente, cada vez mais fechado

sobre si”

Francisco Moita Flores, Professor Universitário, in “Correio da Manhã” de 2/10/2016

“Não tenho os valores tradicionais da direita. Não sou pateta”

Helena Sacadura Cabral, in “Expresso” de 1/10/2016

“He takes us for idiots”“Ele toma-nos por idiotas”

Colin Powell, ex-Secretário de Estado do Presidente USA George W. Bush, sobre o tratamento

dado a eleitores negros num email pessoal, pelo actual candidato à Presidência USA, Donald Trump,

in “Time” de 3/10/2016

“Se o Governo quiser ser consequente no combate à fraude e evasão fiscal

terá no BE uma parte da maioria capaz de o fazer”

Pedro Filipe Soares, líder do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, in “Público” de 30/9/2016

“É uma vítima e não uma oportunista”

Mário David, eurodeputado, falando sobre Kristalina Georgieva, comissária europeia e

candidata a Secretária-geral da ONU, in “Expresso” de 1/10/2016

“Se poupar um bocadinho não tem mal. Agora, se acumularem mais, aí

cuidado. Cuidado porque eles acham mesmo que quem acumula e quem

poupa é mau”

Pedro Passos Coelho, chefe da oposição na Assembleia da República e Presidente do PSD, referindo a proposta

de novo imposto para proprietários com património avaliado acima dos 500 mil euros,

in “Agência Lusa” de 2/10/016

“Se algo floresce em Portugal, o poder político gosta de meter a pata”

João Pereira Coutinho, jornalista, in “Correio da Manhã” de 2/10/2016

“Economia portuguesa deverá crescer entre 1% e 2% nos próximos anos”

Miguel Frasquilho, Presidente da AICEP, in “Vida Económica” de 14/10/2016

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    195

legiSlação

DIA 10:

IVA:  Envio  da  declaração  mensal  referente  ao mês de se-tembro de 2016 e anexos.

IRS/IRC/SEGuRANçA SOCIAL:  Declaração  de  rendimentos pagos  e  de  retenções,  deduções,  contribuições  sociais  e  de saúde e quotizações, referentes a outubro de 2016 (trabalho dependente).

SEGuRANçA SOCIAL: Entrega das Declarações de Remune-rações  referentes  a  Outubro de 2016  por  transmissão  ele-trónica de dados.

BANCO DE PORtuGAL: Disponibilização COL na Aplicação de Recolha.

DIA 15:

IVA: Envio da declaração trimestral referente ao 3.º tri-mestre de 2016 e anexos.

IRS: Entrega da Declaração Modelo 11,  por  transmissão eletrónica de dados, pelos Notários e outros funcionários ou entidades que desempenhem funções notariais, bem como as entidades ou profissionais  com competência para autenticar documentos particulares que titulem atos ou contratos sujei-tos  a  registo  predial,  ou  que  intervenham  em  operações previstas  nas  alíneas  b),  f)  e  g  do  n.º  1  do  artigo  10.º,  das relações  dos  atos  praticados  no  mês  anterior,  suscetíveis  de produzir rendimentos. 

IMt: Os  notários  e  outros  funcionários  ou  entidades  que desempenhem  funções  notariais,  bem  como  as  entidades  e profissionais  com  competência  para  autenticar  documentos particulares  que  titulem  atos  ou  contratos  sujeitos  a  registo predial, devem submeter, até ao dia 15 de cada mês, à Dire-ção-Geral dos Impostos, os seguintes elementos: 

a)  Em  suporte  eletrónico  (Modelo11),  uma  relação dos  atos ou contratos sujeitos a IMT, ou dele isentos, efetuados no mês antecedente, contendo, relativamente a cada um desses atos, o número, data e  importância dos documentos de cobrança ou  os  motivos  da  isenção,  nomes  dos  contratantes,  artigos matriciais  e  respetivas  freguesias,  ou  menção  dos  prédios omissos; 

b) Cópia das procurações que confiram poderes de alienação de bens imóveis em que por renúncia ao direito de revogação ou cláusula de natureza semelhante o representado deixe de poder revogar a procuração, bem como dos respetivos subs-tabelecimentos, referentes ao mês anterior; c) Cópia das escrituras ou documentos particulares autentica-dos de divisões de coisa comum e de partilhas de que façam parte bens imóveis. 

Mapa das Obrigações Fiscais e parafiscais de Novembro de 2016

Declaração Intrastat: Envio da informação referente ao mês de outubro.

Entrega da contribuição sobre o setor energético calcu-lada sobre os ativos fixos tangíveis e intangíveis pelas pessoas singulares  ou  coletivas  que  integrem  o  setor  energético  na-cional a 1 de janeiro de 2014.

DIA 21:

IVA:  Envio da declaração recapitulativa  por  transmissão eletrónica  de  dados,  pelos  sujeitos passivos isentos ao abrigo do artigo 53.º do Código do IVA que tenham efe-tuado  prestações  de  serviços  noutros  Estados  Membros,  no mês de Outubro, quando tais operações sejam aí  localizadas nos termos do artigo 6.º do Código do IVA.

IVA: Entrega da Declaração Recapitulativa por transmis-são eletrónica de dados, pelos sujeitos passivos do re-gime normal mensal  que  tenham  efetuado  transmissões intracomunitárias de bens e/ou prestações de serviços noutros Estados  Membros,  no  mês  anterior,  quando  tais  operações sejam aí  localizadas nos termos do art.º 6.º do CIVA, e para os  sujeitos  passivos  do  regime  normal  trimestral  quando  o total das transmissões  intracomunitárias de bens a  incluir na declaração tenha no trimestre em curso (ou em qualquer mês do trimestre) excedido o montante de € 50.000.

IVA: Entrega da Declaração Modelo P2 ou da guia Mo-delo 1074, pelos retalhistas sujeitos ao regime de tributação previsto no art. 60.º do CIVA, consoante haja ou não impos-to a pagar, relativa ao 3.º trimestre.

IMPOStO DE SELO: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior, para efeitos de Imposto do Selo (Outubro 2016).

SEGuRANçA SOCIAL:  Entrega,  entre  os  dias  10  e  20,  das contribuições relativas às remunerações do mês anterior (Ou-tubro de 2016).

IRC: Entrega das  importâncias  retidas, no mês anterior, para efeitos de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC) (Outubro 2016).

IRS: Entrega das  importâncias  retidas, no mês anterior, para efeitos de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singula-res (IRS) (Outubro 2016).

FCt ou (ME) e FGCt – Entregas: Pagamento das entregas para o Fundo de Compensação do Trabalho (FCT) ou Meca-nismo Equivalente (ME) e para o Fundo de Garantia de Com-pensação  do  Trabalho  (FGCT)  relativas  ao  mês  de  outubro, entre os dias 10 e 20.

BANCO DE PORtuGAL: Prazo de reporte COPE - EMPRESAS 

196    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

Últimas Novidades Legislativas

Decreto Legislativo Regional n.º 21/2016/A, de 17/10: Cria a derrama regional a vigorar na Região Autónoma dos Açores e aprova o respetivo regime jurídico.

Ofício Circulado n.º 10002/2016, 14/10:Caducidade do direito à  liquidação de  impostos  rela-tivos ao ano/período de 2012.

Proposta de Lei n.º 37/XIII, 13/10:Orçamento do Estado para 2017.

Decreto-Lei n.º 64/2016, de 11/10:No  uso  da  autorização  legislativa  concedida  pelos  n.os 1, 2 e 3 do artigo 188.º da Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março,  regula a  troca automática de  informa-ções  obrigatória  no  domínio  da  fiscalidade  e  prevê regras  de  comunicação  e  de  diligência  pelas  institui-ções  financeiras  relativamente  a  contas  financeiras, transpondo a Diretiva n.º 2014/107/UE, do Conselho, de  9  de  dezembro  de  2014,  que  altera  a  Diretiva  n.º 2011/16/UE.

Declaração de Rectificação n.º 19/2016, de 10/10:Declaração de retificação à Lei n.º 34/2016, de 24 de agosto,  que  elimina  a  obrigatoriedade de  apresenta-ção quinzenal dos desempregados (oitava alteração ao Decreto-Lei  n.º  220/2006,  de  3  de  novembro,  que estabelece  o  regime  jurídico  de  proteção  social  da 

DIA 25:

IVA:  Comunicação  dos  elementos  das  faturas  referentes  a outubro de 2016.

DIA 30:

IVA: Entrega, por transmissão eletrónica de dados, do pedido de restituição de IVA pelos sujeitos passivos cujo imposto  suportado, no próprio ano, noutro Estado Membro ou país terceiro (neste caso em suporte de papel), quando o montante a reembolsar for superior a 400,00 euros e respei-tante a um período de três meses consecutivos.

IRS/IRC:  Declaração  de  rendimentos  pagos  ou  colocados  à disposição  de  sujeitos  passivos  não  residentes  (Modelo 30) em setembro de 2016.

IMPOStO DE SELO: Pagamento da 2.ª prestação do Im-posto do Selo previsto na verba 28 da tabela Geral refe-rente ao ano anterior, se  superior  a 250,00€ e igual ou inferior a 500,00€ ou da 3.ª prestação, se superior a 500,00€.

IuC:  Liquidação, por  transmissão eletrónica de dados, e pa-gamento do Imposto Único de Circulação relativo aos veículos cujo aniversário de matrícula ocorra no mês de novembro.

IMI: Pagamento da 2.ª prestação do Imposto Municipal sobre Imóveis  (IMI),  referente ao ano anterior,  se superior a 250,00€ e igual ou inferior a 500,00€ ou da 3.ª pres-tação, se superior a 500,00€.

IMI: Envio pelas câmaras municipais, por transmissão eletró-nica, dos elementos relativos à constituição, aprovação, alte-ração ou receção, ocorridas no mês anterior:– Alvarás de  loteamento,  licenças de construção, plantas de arquitetura  das  construções  correspondentes  às  telas  finais, licenças de demolição e de obras, pedidos de vistorias, datas de  conclusão  de  edifícios  e  seus  melhoramentos  ou  da  sua ocupação, bem como todos os elementos necessários à ava-liação dos prédios;– Plantas dos aglomerados urbanos à escala disponível donde conste a toponímia;– Comunicações prévias de instalação, modificação ou encer-ramento de estabelecimentos previstos no n.º 1 do artigo 2.º do Dec-Lei n.º 48//2011, de 1 de abril, efetuadas nos termos daquele diploma;–  Licenças  de  funcionamento  de  estabelecimentos  afetos  a atividades industriais.

IRS/IRC – VALORES MOBILIÁRIOS: Entrega da Modelo 4 –  Entrega  da  declaração  de  aquisições  e/ou  alienação  de 

valores mobiliários – esta declaração é de entrega obrigató-ria  pelos  alienantes  e  adquirentes  de  valores  mobiliários quando a  respetiva  transmissão  tenha sido  realizada sem a intervenção de  instituições de  crédito,  sociedades  financei-ras, notários, conservadores, secretários judiciais, secretários técnicos de  justiça  e  entidades  e profissionais  com compe-tência para autenticar documentos particulares, nos 30 dias subsequentes à realização das operações sobre valores imo-biliários.

Nota: A  informação encontra-se disponível mensalmente em www.apotec.pt. Se  durante  o  mês  ocorrerem  alterações  as  datas  supra  indicadas,  a  APOTEC não se responsabiliza pelas mesmas.

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    197

António Moreira Barbosa de Melo (1932-2016)

Professor universitário, especialista em Direito Administrativo, constitucionalista, foi fundador do PPD actual PSD, em 1974, juntamente com Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balse-mão e Joaquim Magalhães Mota.Integrou a Comissão para a elaboração da Lei Eleitoral para a  Assembleia  Constituinte,  em  1974.  Em  1991  foi  eleito  o 9.º presidente da Assembleia da República, funções que exer-ceu até 1995. Foi ainda membro do Conselho de Estado, de 1985 até 2005.No que respeita à APOTEC, foi um bom amigo da nossa asso- ciação que nos tempos difíceis dos anos 80, muito nos ajudou defendendo a inconstitucionalidade de determinados artigos do Código da Contribuição Industrial e do Código do Imposto de Transacções,  que  punham  em  causa  a  dignidade  do  exercício da profissão de técnico de contas, o que veio a  ter  total aco-lhimento com o Acórdão 282/86 do Tribunal Constitucional. À família enlutada os nossos mais sinceros pêsames. 

António Domingues de Azevedo (1950-2016)

Deputado pelo Partido Socialista durante  três mandatos,  foi Presidente  e  Vice-Presidente  da  Comissão  Instaladora  da  Associação  dos  Técnicos  Oficiais  de  Contas  e  Presidente  da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas de 1999 a 2009. Desde 2010 foi Bastonário, primeiro da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas e depois da Ordem dos Contabilistas Cer-tificados, tendo falecido devido a doença prolongada. Apresentamos  as  nossas  sinceras  condolências,  à  família  enlutada e à Ordem dos Contabilistas Certificados.

obituário

eventualidade de desemprego dos trabalhadores por con-ta de outrem)

Ofício Circulado N.º: 15532, 07/10: Nova  codificação  de  documentos  de  origem  das  merca-dorias.

Portaria n.º 261/2016, de 07/10:Finanças  e  Trabalho,  Solidariedade  e  Segurança  Social: Determina os valores dos coeficientes a utilizar na atuali-zação das remunerações de referência que servem de base de cálculo das pensões de  invalidez e velhice do sistema previdencial  e  das  pensões  de  aposentação,  reforma  e invalidez do regime de proteção social convergente.

Portaria n.º 259/2016, de 04/10:Portaria que regulamenta os procedimentos do REAID.

Aviso n.º 103/2016, de 04/10:Torna  público  que  foram  emitidas  notas,  em  que  se  co-munica terem sido cumpridas as formalidades constitucio-nais  internas de aprovação da Convenção entre a Repú-blica Portuguesa e o Reino da Arábia Saudita para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento, assinada em Lisboa a 8 de abril de 2015.

Declaração de rectificação n.º 18/2016, 03/10:Presidência do Conselho de Ministros  –  Secretaria-Geral: Retifica  o  Decreto  Regulamentar  n.º  3/2016,  de  23  de agosto do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social que estabelece o  regime do  subsídio por  frequência de esta-belecimentos de educação especial, revogando os Decre-tos Regulamentares n.os 14/81, de 7 de abril, e 19/98, de 14 de agosto, publicado no Diário da República, n.º 161, 1.ª série, de 23 de agosto de 2016.

legiSlação

198    Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016

aPotec em NotíciaS

Ainda  no  seguimento  das  várias  informações  que  nos  têm chegado sobre a não conformidade de procedimentos/divul-gações por parte da Ordem dos Contabilistas Certificados, no que  respeita  à  questão  da  formação,  tendo  em  conta  as disposições da Lei n.º 139/2015, a Lei n.º 2/2013 e as decisões judiciais que culminaram no Acórdão n.º 875/2014 do Tribu-nal  Constitucional,  a  APOTEC  deu  conhecimento  junto  do Ministério Público e da Autoridade da Concorrência (AdC), ao que esta deu o respectivo provimento no termos da legislação em vigor.Aproveitamos  para  reproduzir  na  íntegra  o  Comunicado  da Autoridade  da  Concorrência  de  2014  sobre  o  Acórdão  do Tribunal  Constitucional  que  fez  transitar  em  julgado  esta questão:

Comunicado 16 /2014 tribunal Constitucional confirma decisão da AdC que abre mercado da formação obrigatória dos técnicos

Oficiais de Contas

O Tribunal Constitucional (TC) rejeitou a reclamação da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas  (OTOC), confirmando-se as-sim,  a  condenação por  restrição das  regras  da  concorrência no mercado da formação obrigatória dos Técnicos Oficiais de Contas  (TOC)  decidida  pela  Autoridade  da  Concorrência (AdC).Depois do acórdão do Tribunal Constitucional ficam esgotadas todas as vias de recurso para a OtOC, que se vê obrigada

A formação e os profissionais

a alterar as normas do Regulamento declaradas nulas(*), a pagar uma coima no valor de 90 mil euros e a publicar um extrato da sentença em dois  jornais de circulação nacional.A Autoridade da Concorrência tinha condenado a OTOC, em maio de 2010, por ter aprovado e aplicado um regulamento de formação contínua obrigatória e remunerada para os Téc-nicos  Oficiais  de  Contas,  o  Regulamento  de  Formação  de Créditos.Na prática, este regulamento restringia gravemente a presta-ção da formação obrigatória para o exercício da profissão de TOC por qualquer outra entidade, que não a OTOC.A decisão de  condenação  tinha  já  sido  confirmada pelo Tri-bunal de Comércio de Lisboa, que reduziu a coima aplicada pela AdC, e pelo Tribunal da Relação de Lisboa, ao considerar que  a  OTOC  tinha  violado  as  normas  nacionais  e  europeias do direito da concorrência.Também o Tribunal de Justiça da União Europeia  (TJUE) pro-feriu um acórdão que confirmou a interpretação da AdC.Segundo o TJUE, um regulamento como o criado pela OTOC, constitui  uma  restrição de  concorrência proibida pelo  artigo 101.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE).

22 de dezembro de 2014

Fonte:  http://www.concorrencia.pt/vPT/Noticias_Eventos/Comunicados /Paginas/Comunicado_AdC_201416.aspx?lst=1&Cat=2014

(*) destaque nosso

Calendário de exames de avaliação profissional da Ordem dos Contabilistas Certificados

De acordo com a  informação disponibilizada pela Ordem dos Con-tabilistas Certificados no seu site, as datas dos exames profissionais a realizar em 2017 são as seguintes:

1.º Exame: 18 de Fevereiro2.º Exame: 3 de Junho3.º Exame: 14 de Outubro

A APOTEC há semelhança dos anos anteriores vai promover cursos de preparação para estes exames. Dentro em breve serão divulgadas as datas destes cursos, podendo os candidatos desde já efectuarem a pré-inscrição nos mesmos.As  pré-inscrições  estão  disponíveis  em  http://www.apotec.pt/pt/ formacao/curso-de-preparacao-exames-cc/

Reuniões mensais 2016 Secção Regional de Braga

Lembramos  os  Associados  que  as  reuniões livres e gratuitas da Secção Regional de Braga da  APOTEC,  são  realizadas  na  sala  58  do Centro Comercial Cruz de Pedra, sito na Rua Cruz de Pedra, 96 em Braga. Decorrem  das  21h30m  às  23h00,  assessora-das pelo Dr. José Soares Roriz.A  última  reunião  deste  ano  está  agendada para o dia 28 de Novembro.

Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro    199

A  convite  da  Escola  Superior  de  Tecnologia  e  Gestão  e  da Unidade  de  Investigação  Aplicada  em  Gestão  do  Instituto Politécnico de Bragança,  a APOTEC esteve presente no XVII Encontro AECA, realizado nos dias 22 e 23 do passado mês de setembro.A nossa Associação foi representada pelo presidente da Dire-ção da Secção Regional do Porto, António Jorge Ribeiro.A AECA, Associación Española de Contabilidad y Administra-ción de Empresas, que realiza estes seus congressos em Por-tugal com alguma frequência, propôs, para este de 2016, o tema  «Desenvolvimento  Sustentável.  Novos  Desafios  para  a Contabilidade e a Gestão», tendo acorrido um grande núme-ro de associados e de interessados da vizinha Espanha e uma representação portuguesa significativa.

XVII encontro AeCA 2016 em Bragança

As  sessões  paralelas  que  se  realizaram  na  Sala  patrocinada pela APOTEC foram dinamizadas por representantes dos Ins-titutos Politécnicos de Bragança, do Cávado e Ave, da Guar-da, de Leiria e de Coimbra, e das Universidades Industrial de Santander,  Autónoma  de  Madrid,  de  Vic,  Lusíada-Norte,  da Extremadura e Estadual de Paraíba.Em tempos de uma controversa relação entre a especulação financeira e os negócios na economia  real, os  temas desen-volvidos nas jornadas revestem-se de uma enorme atualidade, pelo que estão de parabéns a AECA e o Instituto Politécnico de Bragança que  se esmeraram de  forma  inexcedível na or-ganização do evento.

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No espirito de apoio e entreajuda aos Associados, a Direcção da APOTEC decidiu atribuir o benefício de 50% de desconto, nas inscrições em Acções de Formação*, aos Associados que se encontrem em situação de desemprego.

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