Ano XL Nº 452 |Setembro/Outubro 2016 | Publicação Bimestral | ISSN 0870-8789
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ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADEINSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA
Prémios APOTEC – Ano 2016Candidaturas até 30 de Novembro
Álvaro Costa, presidente da Secção Regional de Coimbra em entrevista
As garantias dos contribuintes: pagar ou reclamar, qual a melhor opção?
IVA: algumas notas sobre a tributação
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ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADEINSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA
Estatuto Editorial:
O Jornal de Contabilidade é o periódico técnico e científico que permite tomar conhecimento de todos os aspectos das técnicas contabilística, fiscal e jurídica.
É distribuído gratuitamente a todos os associados e é editado ininterruptamente desde Abril de 1977, constituindo um importante elo de ligação entre a APOTEC e os Associados.
Está disponível aos Associados e Assinantes na Área Reservada, as edições desde 2006.
Os destaques desta edição encontram-se em www.apotec.pt/jornal/
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Dois mil e dezasseis ao fim da tarde 167
O Jornal de Contabilidade entrevista Álvaro Costa, presidente da Secção Regional de Coimbra da APOTEC 169
As Garantias dos Contribuintes: Pagar ou reclamar. Qual a melhor opção? 172
Algumas notas sobre a tributação das prestações de serviços em IVA e a jurisprudência das prestações recíprocas 175
Síntese Económica 179
Nações e Mercados 181
Consultório 183
Glossário do Contabilista 193
Com a devida vénia 194
Legislação 195
Obituário 197
A APOTEC em notícias 198
SEPARATA:
- FormaçãoAlbufeira | Braga | Coimbra | Lisboa | Madeira | Viseu
Director: Manuel Benavente RodriguesCoordenação: Isabel Maria CiprianoColaboração: Alexandra Varela, Paulo Nogueira FilhoMensário Técnico, fundado por Martim Noel MonteiroPropriedade e Edição: Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade – APOTEC (Instituição de Utilidade Pública)NIF: 500910847Periodicidade: Bimestral
Redacção e Administração: Rua Rodrigues Sampaio, 50, 3º Esq. 1169-029 LISBOATelefone: 213 552 900 / Telefax: 213 552 909Site: www.apotec.pt / E-mail: [email protected]
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ÍNDICE
FICHA TÉCNICA
JORNAL DE CONTABILIDADE
Nº 452 | Setembro/Outubro 2016
Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 167
editorial
Dois mil e dezasseis ao fim da tarde
Estava agora a ouvir Fareed Zaccaria jornalista da Newsweek no programa de televisão “GPS” parafra- sear Bill Clinton, afirmando: “Sigam as tendências não sigam as notícias”.
As guerras no mundo, expressas nas notícias que hoje, não só nos caem no prato, como nos surpreendem no portátil ou no telemóvel, fazem-nos experimentar per-cepções semelhantes de este a oeste do globo, pelo que se perguntarem a um cidadão de Pequim, a outro de Nova York ou outro em Lisboa, sobre esses conflitos mundiais, todos mais ou menos serão unânimes na resposta afirmando, que atravessamos um verdadeiro caos de violência.
Por outro lado, partindo do princípio que as guerras que são pagas sempre em vidas, nunca têm preço, ao olharmos hoje para um mapa do globo, podemos cons-tatar, que os grandes conflitos de agora se concentram grosso modo, no Médio-Oriente mais África. Inclusiva-mente e mesmo agora, acabou a fratricida guerra civil na Colômbia, que durou cinquenta anos e que erradi-cou o fenómeno do continente americano. Que se junta assim à Europa, Ásia e Oceânia. O que de forma alguma sublinho, apaga as consequências das guerras, porém é um fenómeno que tem de ser visto em pers-pectiva e tem de se levar em conta.
E pergunta-se agora: acaso isso quer dizer que morre menos gente nas guerras do mundo ou que os inves-timentos bélicos diminuíram? De forma alguma. O que nós temos de perceber são os caminhos que se percor-rem, para lá das frases estáticas das notícias.
E são as frases das notícias que no nosso mundo cons-troem muitos juízos. De forma alguma se procura aqui a unicidade da história da notícia, bem pelo contrário. O facto só existe enquanto facto, enquanto houver sujeitos a fazer eco do facto e depois a interpretá-lo. Mas se aceitarmos que a verdade é portadora de mais verdade apenas porque mais gente faz eco dela, lem-bramos que resvalamos para o politicamente correcto mais rasteiro e correndo o risco dessa ser a menor verdade. O que nos pode levar também, às opiniões transvestidas de notícias com que amiúde, deparamos nos meios de comunicação. E o que é opinião e o que é notícia?
Vejamos os resumos de notícias com que os meios de comunicação audiovisuais nos informam: são notícias mais ou menos puras, são opiniões escamoteadas em notícias e são notícias pré-seleccionadas – voltam a ser opiniões.
Uma articulista de um jornal diário, a propósito da manifestação dos taxistas, assumindo-se consumidora e utente de táxis há muitos anos, proclama que vai deixar de utilizar os respectivos serviços, como censura ao comportamento dos mesmos durante a manifesta-ção. E onde está o comentário ao diferendo taxistas- -uber-governo, por parte da articulista?
Manuel Benavente RodriguesDirector Jornal de Contabilidade
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E já agora, voltando aos taxistas, começo por recriminar o seu comportamento nada sociável durante a mani-festação; porém, vejo muito poucos comentários sobre a actuação do governo, que tem nos taxistas e nas respectivas empresas, bem ou mal, uma actividade pro-fissional regulamentada, a cumprir preços regulamen-tados, com contingentações regulamentadas, numa palavra, a prestar serviço público. Mas que pretende impor-lhes a desregulamentação do mercado da Uber, como dizia ontem o Secretário de Estado, reconhecen-do que a Uber, dona de uma preciosíssima tecnologia de ponta só ao alcance dos eleitos, tem a liberdade de praticar os preços que melhor entender, de transportar ou não os passageiros que quiser, porque não está a cumprir serviço público… Aqui para nós, ou regulamen-tam tudo ou desregulamentam todos. A propósito, porque não fazem experiências peregrinas como esta, com médicos, advogados ou juízes? É que mesmo para muitos profissionais da informação, os mal-educados e os bem-educados taxistas são apenas carne para ca-nhão.
Visitemos agora os refugiados que vão penando pela Europa: os alemães têm a má ou boa fama, de serem inflexíveis com os seus devedores. Em nome disso, va-mos apagar o milhão de refugiados que a chanceler Merkl acolheu na Alemanha?
António Guterres, que é um homem bom e culto, estou ciente disso, ganhou a eleição para Secretário-geral da ONU e não escondo que como português fiquei feliz, pois é sem dúvida um cargo que prestigia Portugal. E se esquecêssemos alguns dos seus nebulosos tempos de primeiro-ministro?
Relendo um artigo que publicara na “Vida Económica” há cerca de quinze anos atrás, deparei com este meu raciocínio: o poder é sempre optimista e a oposição pessimista. Estes anos todos depois, servem para rever governos e oposições que entretanto por aqui passaram e entenderemos como as convicções não mudam, con-soante as pessoas, mas quantas vezes, sim, conforme os lugares que se ocupam no parlamento.
Como havemos pois de classificar o poder de há dois anos atrás, que agora está na oposição? E como clas-sificar a oposição ao poder de outrora e que agora está no governo?
E os referendos? Serão apenas populistas quando apoiam decisões dos outros, ou são sempre populistas?
Finalmente voltemos às guerras; agora às guerras justas e guerras injustas, conforme nos convêm ou não.
As notícias muitas vezes fabricam-se, as tendências poucas vezes se estudam. Quanto à ética, quantas vezes fica em lugar incerto…
A campanha de novos associados continua!No espírito do livre associativismo e entreajuda, a Direcção da APOTEC decidiu continuar com a Campanha de NOVOS ASSOCIADOS que teve início em 2012, por ocasião dos 35 anos da APOTEC.
Mais de duzentos novos associados aderiram à APOTEC no ano transacto! Uma Associação livre, de inscrição faculta-tiva e de reconhecida utilidade pública. A confiança dos Associados impele-nos e motivamos a servir mais e melhor, em defesa e acompanhamento profissional, nos limites estipulados no Estatuto que rege a APOTEC.
CAMPANHA DE NOVOS ASSOCIADOS
• Os Novos Associados beneficiam de uma Acção de Formação Gratuita1
• Os Associados que divulguem e promovam a APOTEC, que proponham Novos Associados, beneficiam também de uma Acção de Formação Gratuita1
1 Acções de Formação limitadas a 6 horas (1 dia)
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O JC entrevista Álvaro Costa, presidente da Secção Regional de Coimbra da ApOteC
ça mais baixa, não havendo a preocupação com a qualidade do trabalho. Porém, o contabilista, continua a ser o confiden-te de todas as situações e problemas, que as sociedades e os respectivos gestores atravessam, tanto no plano empresarial como pessoal.
JC – O que pensa da evolução da profissão? (Guarda livros, técnico de contas, contabilista, técnico oficial de contas, contabilista certificado)AC – Foi uma evolução que acompanhou a marcha do tem-po. À medida que o mercado evoluiu e se tornou mais com-plexo, o paradigma contabilístico, obrigou que os profissionais se fossem tornando mais competentes, por força da formação académica e profissional, essencial em qualquer profissão. A fiscalidade acompanhou esta evolução, e como parceira im-perativa da nossa contabilidade, tornou a pragmática muito mais exigente.Diria que um guarda-livros, era no seu tempo, um profissional munido das competências necessárias, para o cumprimento dos normativos exigidos à época, como hoje um contabilista certificado, através do seu conhecimento e do seu “saber fazer”, é uma peça imprescindível para a gestão das empresas. Como diria o Prof. Daniel Bessa: “O contabilista é o médico de medicina geral, por onde passa a gestão das PME... Pois elas não dispõem de outros serviços (qualificados – diria eu!) que não os prestados pelo ‘clínico geral’“. Embora os termos usados nos primeiros tempos da profissão, não fossem nada abonatórios, sendo o guarda-livros apelidado de “manga de alpaca” pela indumentária usada, que não era mais afinal, que o seu cuidado com a apresentação, em tempos de gran-de formalidade, isto associou a profissão à pouca qualificação, o que era de todo injusto. Com a publicação do Código da Contribuição Industrial, os contabilistas passaram a ser designados como “técnicos de contas” e para o exercício da profissão era exigida a sua inscrição na Direcção Geral das Contribuições e Impostos. Esta expressão – técnico de contas – na minha opinião ajudou a justificar a corrente de autores que reduziam a contabilida-de a uma técnica. Com a reforma fiscal de 1989, os códigos dos novos impostos então criados, “esqueceram-se” do téc-nico de contas, criando um vazio no exercício da profissão, desregulamentando-a e tornando-a também alvo de oportu-nismos. Em 1995, com a ATOC, surgiu a tão ansiada regulamentação, que consagrou legalmente a profissão como “técnico oficial de contas”, o que trouxe não só direitos, mas também deve-res e obrigações, tendo a excessiva colagem à vertente fiscal, sido associada à cobrança de impostos, tornando redutora e injusta a interpretação que desde aí se passou a fazer do estatuto.
JC – O que é hoje “um contabilista” em Portugal?AC – Podemos ver hoje um contabilista em Portugal, sob dois prismas: como profissional e como agente inserido no mer-cado. Como profissional, hoje o contabilista não é mais o profissional do registo, mas antes um profissional qualificado, apetrechado de conhecimento interdisciplinar, ao dispor da administração ou gerência da empresa, capacitado para o aconselhamento das políticas fiscais e de gestão, capaz de antecipar o risco.No contexto do mercado, atendendo ao quadro geral da economia do país, é a nossa profissão das profissões mais atingidas pela recessão e pelas medidas tomadas para a com-bater. O nosso tecido empresarial, como sabemos, é constituído na sua maioria por micro empresas, muito delas familiares, que pouco ou nada valorizam o papel do contabilista, profissional qualificado que têm ao dispor, vendo-o antes, como “um mal necessário“, por imposição também de uma legislação fiscal cada vez mais complexa. Para a grande maioria das nossas empresas, o importante é contratar o contabilista com aven-
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Mais tarde a Ordem, aproveitando a legislação entretanto publicada para a regulamentação das associações profissio-nais, decidiu aprovar o termo “contabilista”, mais condizente com a palavra inglesa “accountant “ e desta forma ajustando a nossa denominação profissional ao mundo da contabilidade. Pessoalmente, não aprecio a locução, “contabilista certifica-do”, pois que, nestas questões de semânticas profissionais, o substantivo é tudo, exceptuando particularidades profissio-nais. Noutras profissões liberais o termo não existe, pois quem possui qualificações para desempenhar a nossa actividade, está já à partida “certificado”.
JC – O que acha da inserção da profissão de contabilis-ta no contexto económico e financeiro do país?AC – O contabilista é cada vez mais um profissional impres-cindível no contexto económico e financeiro do país.Veja-se a importância dada – bem sei que de forma negativa, tinha mesmo de ser – ao contabilista no “caso BES“. Ele é e será sempre, uma das pedras basilares de qualquer empresa.No contexto difícil que o país vive, o contabilista está prepa-rado para a análise dos dados das peças financeiras e conta-bilísticas e desde que lhe sejam dadas condições, pode ante-cipar cenários que poupam administrações a funestas con- sequências dos negócios.
JC – Como vê a articulação do Fisco com a OCC quanto à profissão de contabilista?AC – Vejo uma grande falha na articulação do Fisco com a Ordem. Quem está no terreno, sente na prática, que grande parte da legislação não é apresentada e discutida com os profissionais, ou seja, com os seus representantes institucio-nais. Tenho que reconhecer que a Ordem contribuiu de forma decisiva na desmaterialização das declarações. Pena é que este mérito não se tenha estendido noutras áreas e que o legisla-dor não escute quem diariamente tem que aplicar e conviver com a lei. E assim tornou-se já recorrente a presença da Or-dem, nos órgãos da comunicação social, a reclamar da juste-za da implementação de leis confusas, com regras de difícil aplicação, que nem profissionais, nem contribuintes, enten-dem.
JC – O que pensa da geopolítica da profissão e concen-tração do país (Litoral/Interior e Norte/Sul)?AC – Como em todas as actividades do nosso país, salvo algumas excepções, a atração pelo litoral é sempre mais apetecível, quer pela facilidade de acesso à informação, quer pelas acessibilidades.As empresas concentram-se assim ao longo de todo o litoral, onde naturalmente existe por atração uma maior densidade
populacional. Isto reflecte-se no exercício da profissão, tanto em exigências técnicas como financeiras do profissional. Há uma diferenciação no preço dos serviços de contabilidade: um interior mais pobre e sem capacidade de poder suportar cus-tos elevados e um litoral onde preços mais altos podem ser praticados; e se a concorrência é desejável, a partir de certo ponto, pode balizar por baixo o valor do exercício da profissão.
JC – Contabilistas, formação e ordem: que regulamen-tação e que deontologia?AC – A formação contínua potencia e valoriza os profissionais, para um melhor desempenho das suas funções. O que me atraiu na APOTEC e por isso me associei, foi verificar que a formação ministrada pela Associação era de qualidade, não só pela escolha dos formadores, que transmitem de forma clara e objectiva as matérias propostas, mas também pelos temas, sempre atempadamente escolhidos. Infelizmente a nossa Ordem, entidade reguladora da profis-são, quis desde o início monopolizar a formação e nestes vinte anos, tem sido o que se viu. Para muitos colegas era fundamental a obtenção dos famigerados créditos pois, pa-gavam a formação, iam buscar o manual de apoio e logo saíam. A Ordem passou a efectuar um ridículo controlo de entradas e saídas nas sessões, sinónimo de que não havendo escolha, os profissionais não tinham outro remédio senão frequentar sessões que deixavam muito a desejar.Com a aprovação do novo estatuto da Ordem dos Contabi-listas Certificados, pela Lei n.º 139/2015 de 7 setembro, veio ser reposta, como deve acontecer num estado democrático, pertencente à União Europeia, a justiça, pela qual a APOTEC lutou, ou seja, que toda a formação certificada nos termos do código do trabalho é válida e aceite, como formação profissional.Apesar da imposição nos últimos 20 anos da Ordem, entida-de reguladora, sobre a formação, a APOTEC sempre seguiu o seu caminho, mantendo a oferta da qualidade, atraindo novos sócios, ávidos de formação, na procura de melhorar as suas qualificações profissionais; e a prova é que auditórios e salas sempre têm mantido excelentes assistências.Entristece-me no entanto que sem discutir com os profissio-nais, a OCC tenha procurado aprovar regulamentos, entre eles o do controlo de qualidade, que para além de contrariar a lei (leia-se o estatuto) violava uma série de direitos. Mas a verdade é que numa das últimas Assembleias, finalmente, a classe despertou e como dona do seu destino e reprovou quase todos os regulamentos postos a votação. Por fim, a classe uniu-se, não só na defesa dos seus interesses, mas de forma abrangente, na defesa de direitos de cidadania e de ética profissional. Esperemos que assim aconteça no futuro.
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JC – Mercado, contabilidades e contabilistas: que fazer?AC – Esta questão atormenta todos os profissionais. O nosso país não tem mercado para tantos contabilistas. O tecido empresarial assenta em micro empresas, a maioria de cariz familiar, que não conseguem suportar custos elevados. Os politécnicos e as faculdades, continuam todos os anos a for-mar centenas de contabilistas que saem para um mercado saturado, obrigando no desespero e desconhecimento, a ni-velar por baixo o preço dos serviços, criando uma concorrên-cia desleal. Compreendo que o ensino universitário e politéc-nico, com os cortes de financiamento que tem sofrido, não tem outra alternativa, senão manter as vagas para as candi-daturas, pois uma parte do financiamento provém das propi-nas. Bem sei, que nem todos os licen-ciados vão enveredar pela profissão, pois os cursos permitem outras alter-nativas de emprego. Estou convenci-do que a profissão corre sérios riscos, atendendo aos condicionalismos que já sentimos e que se vão agravar no futuro. Na minha modesta opinião, quando da candidatura ao ensino su-perior, o aluno devia ter uma pers-pectiva de empregabilidade que o curso permite, baseado em estudos de mercado e em estatísticas. Assim, antes de optar, ficava ciente sobre qual o grau de risco em relação ao seu futuro profissional.
JC – O ensino universitário, a con-tabilidade e a fiscalidade: que fu-turo?AC – Pela minha experiência de lon-gos anos da profissão, lembro sempre o que Fernando Pessoa escreveu na “Revista de Comércio e Contabilidade” em 1926, sobre a teoria e a prática: “Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria, não é senão, uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria.“Lembro-me do Curso Geral do Comércio, onde algumas das aulas eram práticas, focadas para a realidade das empresas e como se aplicava a teoria à prática. Na verdade noto que o ensino superior necessitava de estar muito mais ligado às empresas, para que os conhecimentos adquiridos fossem apli-cados à realidade do seu funcionamento. Os cursos deveriam desde o primeiro ano conter aulas práticas em empresas. Para isso era necessário ter uma base de empresas protocoladas, para que o aluno pudesse ir aplicando na prática todos os co-
nhecimentos adquiridos, fazendo com que quando concluísse a sua formação académica, já estivesse familiarizado com a realidade e fosse mais fácil a sua colocação no mercado.Falando na fiscalidade, penso que a sobreposição desta à contabilidade, deturpa de alguma maneira o quadro para que um profissional foi preparado, tendo como base todo o nor-mativo contabilístico. Somos contabilistas e só depois fiscalis-tas, ou somos fiscalistas primeiro e só muito depois contabi-listas?... Os Institutos são de “Contabilidade”, mas a Fisca- lidade inunda tudo e todos… E há que reconhecer, na verdade, que a fiscalidade tem a maior relevância para a nossa realidade empresarial, pois bem sabemos que a maioria dos nossos empresários, só contratam
um contabilista, porque existe uma Autoridade Tributária… Por muito assertivo que o contabilista seja, esforçando-se para fazer enten-der que possui as ferramentas indis-pensáveis à gestão, os nossos empre-sários, na sua maioria responsáveis por micro e pequenas empresas, não relevam a importância que a contabi-lidade tem para a sua organização.
JC – Ensino universitário e politéc-nicos: que curriculos? AC – Claro que nas actuais circuns-tâncias, são imprescindíveis, especia-lizações académicas na área da Fisca-lidade, servindo também para isso, as pós-graduações, os mestrados, os doutoramentos, etc.Como disse anteriormente, os currí-culos deveriam conter uma vertente
ligada às empresas, com acontece por exemplo, na área da medicina. Os cursos deveriam desde o primeiro ano conter, aulas práticas, sendo estas realizadas nas empresas, realizan-do assim o aluno um estágio profissional ao longo de todo o seu percurso académico. Diria que no exemplo da medicina, os alunos quando con-cluem os seus estudos académicos, estão perfeitamente liga-dos ao mercado de trabalho. Assim deveria acontecer, entre outros, com os contabilistas, pois creio que o mercado, absor- veria, dentro das contingências que abordei nas questões iniciais, mais facilmente os profissionais, os quais teriam com-petências muito mais desenvolvidas para iniciarem o exercício da profissão.
Entrevista conduzida por Manuel Benavente Rodrigues, director do Jornal de Contabilidade.
a Álvaro Costa
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A principal função do sistema fiscal é proporcionar a arreca-dação de receitas fiscais necessárias a que o Estado e outras entidades de direito público possam deter recursos financeiros adequados à prossecução das suas atribuições. O direito à tributação emerge da relação jurídica tributária, a qual se constitui com a verificação do facto tributário. Esta ficção jurídica que representa uma situação ou posição constitutiva do direito à tributação, objectivamente, evidencia o exercício de uma actividade profissional e/ou económica ou a titulari-dade de rendimentos ou bens patrimoniais. A constituição da relação jurídica tributária permite que o sujeito activo exerça o direito à liquidação dos tributos, bem como desenvolva todas as actividades e funções tendentes ao exercício equili-brado, imparcial e justo do poder tributário. Estes desideratos exigem celeridade, eficácia e eficiência na cobrança das receitas tributárias. De igual modo, o exercício da actividade tributária impõe, no quadro do ordenamento jurídico, a observância de princípios constitucionais e legais essenciais à prossecução do interesse público e fundamentais ao reforço da colaboração e da confiança entre a Adminis-tração Tributária e a generalidade dos contribuintes. A Administração Tributária é, no que se refere aos tributos estaduais, a titular do direito de tributar e de efectuar a res-pectiva cobrança. Por sua vez, o sujeito passivo da relação jurídica tributária e os demais obrigados tributários são os titulares do dever de proceder ao cumprimento das obrigações tributárias, quer estas, nos termos do artigo 31.º da Lei Geral Tributária (LGT) revistam a natureza de obrigação principal ou a natureza de obrigações acessórias. As obrigações tributárias a que cada contribuinte está adstrito decorrem directamente do seu enquadramento tributário, o qual é determinado e concretizado em função da actividade económica exercida, da tipologia e dimensão da actividade e dos respectivos regimes de tributação. Os contribuintes e demais obrigados tributários têm o dever de cumprir as obrigações tributárias nos termos prescritos na lei, beneficiando do princípio do declarativo prescrito no artigo 75.º da LGT.
As Garantias dos Contribuintes:pagar ou reclamar. Qual a melhor opção?
Jesuíno Alcântara Martins Professor Universitário e Formador
Com efeito, até prova em contrário, presumem-se verdadeiras e de boa-fé as declarações apresentadas pelos contribuintes nos termos previstos na lei, bem como os dados e apuramen-tos inscritos na sua contabilidade ou escrita, quando estas estiverem organizadas de acordo com a legislação comercial e fiscal. Os erros, omissões, inexactidões ou indícios fundados de que as declarações não reflectem ou impedem o conheci-mento real da matéria tributável do sujeito passivo, determi-nam a quebra da presunção de verdade e, não obstante o exercício do ónus da prova pertencer à Administração Tribu-tária, potenciam o adequado e proporcional exercício do poder ou função inspectiva.A relação jurídica tributária é, portanto, uma ficção jurídica que se projecta na vida real e económica dos cidadãos e dos agentes económicos, cuja dinâmica e evolução tem maior ou menor impacto nas finanças públicas, na trajectória da eco-nomia e no acervo patrimonial dos contribuintes.Não obstante o exercício da actividade tributária assentar no princípio da legalidade e as obrigações dos contribuintes es-tarem tipificadas na lei, quadro que deveria motivar uma re-lação jurídico-técnica e funcional potencialmente pacificadora, fundada em comportamentos e atitudes colaborantes inspi-radas pela confiança e pela boa-fé, a relação fisco-contribuin-te facilmente resvala para o domínio da incerteza, da insegu-rança, do descrédito e da crise psicorelacional.É verdade que, por definição, a relação jurídica tributária é um pólo de conflitualidade, porquanto, o sujeito activo visa a optimização da aplicação da lei e o eficaz e eficiente fun-cionamento da máquina de cobrança, e o sujeito passivo, sem descurar o cumprimento das obrigações tributárias, tenden-cialmente visa a utilização da lei no sentido de potenciar a poupança fiscal. Da relação jurídica tributária emerge um acervo de obrigações para o sujeito passivo e alguns direitos para o sujeito activo, equação que visa evidenciar equilíbrio, racionalidade, proporcionalidade e justiça para o exercício dos direitos e deveres a que estão adstritos ambos os sujeitos da relação jurídica tributária.
coNteNcioSo tributário
Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 173
A circunstância do contribuinte cumprir todas as obrigações tributárias não prejudica o exercício do poder inspectivo de que a Administração Tributária é titular, sendo este poder, seguramente, direccionado preferencialmente para os contri-buintes faltosos e incumpridores, na estrita execução do pla-no de actividades a que se refere o artigo 23.º do Regime Complementar do Procedimento de Inspecção Tributária e Aduaneira (RCPITA). Os contribuintes para justificar o incumprimento das obriga-ções tributárias não podem invocar o desconhecimento da lei (o artigo 6.º do Código Civil prescreve que “[a] ignorância ou má interpretação da lei não justifica a falta do seu cumpri-mento nem isenta as pessoas das sanções nela estabelecida”), bem como a Administração Tributária está vinculada aos princípios da imparcialidade, da colaboração, da igualdade e da justiça, pelo que a sua relação com os contribuintes tem de ser pautada por estes e pelos demais princípios legais e Constitucionais. É evidente que os contribuintes têm de co-nhecer a lei substantiva, no âmbito das diversas cédulas de tributação, mas é, outrossim, fundamental que conheçam o catálogo dos direitos e garantias que lhe assistem (quer no domínio não impugnatório, quer no campo impugnatório). Este conhecimento é essencial para melhorar e reforçar o grau de cumprimento das obrigações tributárias e para incrementar um salutar e saudável relacionamento entre os contribuintes e os serviços da Administração Tributária. Só quem conhece os seus direitos pode exigir o seu cumprimento e, simultanea- mente, reagir às ilegalidades e à violação da lei. A Adminis-tração Tributária tem competências e atribuições legais a prosseguir, os contribuintes têm o dever de cumprir as res-pectivas obrigações tributárias, mas, nos termos da lei, têm, outrossim, o direito de exigir a prestação de um serviço pú-blico de qualidade e eficiente. Os contribuintes têm de admitir e compreender que a Admi-nistração Tributária, sempre que, à luz da interpretação da lei e dos seus entendimentos jurídico-tributários, percepcionar e apurar que as obrigações tributárias não foram cumpridas de modo adequado e suficiente pode desenvolver, nos termos da lei, todas as diligências necessárias ao apuramento da si-tuação tributária dos contribuintes. A estes resta exigir o cumprimento da lei e quando considerarem que tal não se verifica podem invocar e accionar as suas garantias para exi-gir a protecção dos seus direitos e dos seus interesses legal-mente protegidos.Todavia, o correcto exercício dos direitos e garantias apenas pode ser concretizado pelo contribuinte que esteja habilitado a identificar a imperfeição da notificação do acto tributário, a insuficiência da fundamentação da decisão ou a invalidade ou a lesividade de qualquer outro acto ou decisão de um órgão da Administração Tributária. De igual modo, é essencial
saber determinar o meio gracioso ou contencioso adequado para reagir contra a caducidade do direito à liquidação ou contra a prescrição da dívida tributária, bem como para reagir contra a aplicação de métodos indirectos ou contra as cor-recções meramente aritméticas em sede de avaliação directa da matéria tributável. Igual rigor de conhecimento técnico se impõe noutros domínios, como por exemplo, a tributação com fundamento em manifestações de fortuna, derrogação de sigilo bancário, aplicação de cláusulas antiabuso, efectivação de responsabilidade subsidiária ou em caso de prática de actos ilegais no domínio da execução fiscal ou do processo de contra-ordenação.É corrente e comum afirmar-se que primeiro paga-se a liquidação de imposto e depois reclama-se. Esta afirmação não corresponde à verdade ou pelo menos carece de adequado e profícuo esclarecimento. Com efeito, o direito de acção que assiste ao sujeito passivo da relação jurídica tributária não nasce do facto deste proceder ao pagamento do imposto. A realização ou não do pagamento apenas traduz uma opção do contribuinte, porquanto, o direito de reclamar ou de im-pugnar o acto tributário de liquidação é prévio e emerge dos princípios do acesso ao direito e da tutela plena e efectiva dos direitos e interesses legalmente protegidos dos contribuin-tes, consagrados nos artigos 20.º e 268.º da Constituição da República Portuguesa (CRP) e nos artigos 9.º e 97.º da LGT. Nesta medida, todos os actos em matéria tributária que lesem direitos ou interesses legalmente protegidos são impugnáveis ou recorríveis, nos termos previstos na lei.Todavia, a opção do contribuinte só pode ser consciente e adequada mediante o conhecimento de que a interposição de reclamação graciosa ou de impugnação judicial só suspen-de o processo de execução fiscal, caso seja prestada ou constituída garantia idónea nos termos previstos no artigo 42.º da LGT e nos artigos 169.º e 199.º do Código de Proce-dimento e de Processo Tributário (CPPT) ou, em alternativa, seja, mediante requerimento do interessado, autorizada a isenção de prestação de garantia. Algo de semelhante se coloca em relação ao recurso hierár-quico ou no tocante à oposição judicial. Há que referir que ao contribuinte se exige um conhecimento sobre o que a lei dispõe (artigo 177.º-A do CPPT e artigo 208.º do Código Contributivo) sobre a regularização da situação tributária ou sobre a regularização da situação contributiva.A correcta invocação das garantias e direitos dos contribuin-tes exige que em relação a cada acto tributário seja utilizado o meio processual mais adequado para fazer valer o direito em juízo ou perante o órgão competente da Administração Tributária. Isto pressupõe que o contribuinte esteja preparado para escolher entre a via do procedimento tributário ou o domínio do processo judicial tributário. Feita a primeira opção,
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perante a natureza do acto ilegal ou lesivo, torna-se neces-sário saber seleccionar o meio processual idóneo, produzir uma adequada fundamentação de facto e de direito e apre-sentar, nos prazos previstos na lei, a petição ou o requerimen-to no serviço ou tribunal competente.O erro sobre a forma processual ou a sua interposição intem-pestiva pode levar à preclusão do direito de acção do contri-buinte, perdendo este de forma irremediável a possibilidade de provocar a discussão sobre a ilegalidade do acto de liqui-dação ou sobre a exigibilidade da dívida exequenda ou a apreciação do mérito de qualquer pedido que invoque a ile-galidade da decisão de um órgão da Administração Tributária. A perda do direito de defesa, em regra, conduz a uma obri-gação de pagamento iníqua e injusta, pelo que compete ao sujeito passivo da relação jurídica tributária produzir de forma adequada, útil e tempestiva a protecção dos seus direitos e interesses legais. Em contrapartida à Administração Tributária é exigível rigor na aplicação da lei, imparcialidade e propor-cionalidade de meios e medidas aplicadas, de modo a contri-buir para a transparência, a racionalidade, a eficácia e justiça do sistema fiscal.Possuir um bom conhecimento, ainda que não absoluto, sobre o ordenamento jurídico tributário é fundamental para que os contribuintes possam proceder de forma equilibrada e eficaz ao cumprimento dos seus deveres tributários. Este objectivo não é fácil de alcançar, uma vez que as alterações dos códigos tributários ou fiscais, seja por via da Lei do Orçamento do Estado, seja por via de leis avulso, ocorrem com uma frequên-cia inusitada e indesejada, alterações que, muitas vezes, ape-nas visam fazer estranhos esclarecimentos ou inusitadas alte-rações com natureza interpretativa.
Esta instabilidade do ordenamento jurídico tributário não é nova e muito provavelmente tem “contrato a termo incerto”, pelo que temos de dar por adquirido que as alterações aos códigos e leis tributárias vão continuar e persistir, apenas desejamos que a sua periodicidade não seja tão frequente. Aliás, nós somos um forte adepto da modernização, da ino-vação e do aperfeiçoamento técnico qualificado, pelo que estamos sempre receptivos à evolução positiva, apenas enten-demos que a ponderação entre custo/benefício muitas vezes aconselharia outras opções.Perante as diversas alterações das leis tributárias impõe-se aos contribuintes um constante e permanente empenhamento no sentido de estudar, analisar e conhecer os diversos institutos jurídicos, contabilísticos e tributários. Só assim será possível garantir a correcta interpretação das leis tributárias e a con-cretização do adequado enquadramento e qualificação dos factos, com a subsequente relevância contabilística das ope-rações, de modo a obter uma objectiva e real quantificação da matéria tributável. Esta exigência verifica-se no domínio do direito tributário substantivo, mas existe, outrossim, no plano adjectivo ou processual, porquanto, o desconhecimen-to ou a apatia sobre a evolução dos textos legais impossibili-ta uma correcta, adequada, útil e eficaz utilização do acervo das garantias e meios processuais que o legislador disponibi-lizou para que o sujeito passivo e demais obrigados tribuários possam accionar para fazer vingar os seus direitos e interesses legalmente protegidos.O conhecimento técnico é um edifício em permanente esta-do de conservação, que exige muito investimento e muita dedicação. Só assim poderemos alvejar alcançar os nossos objectivos e desideratos profissionais e pessoais. O futuro está ao nosso alcance apenas exige a nossa determinação e tra-balho.
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FiScalidade
Algumas notas sobre a tributação das prestações de serviços em IVA e a jurisprudência das prestações recíprocas
Clotilde Celorico PalmaAdvogada e Docente Universitária
1. REGRAS EuROPEIAS E INtERNAS
O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), dadas as suas características de imposto geral sobre o consumo definidas ao nível da União Europeia, incide, tendencialmente, sobre todo o acto de consumo. Ora, as respectivas regras de incidência pressupõem, regra geral, o exercício de uma actividade económica enquanto tal, na qualidade de sujeito passivo.A Directiva IVA abrange as “entregas de bens” e as “presta-ções de serviços” como factos susceptíveis de tributação.Estas operações estão sujeitas a IVA quando forem efectuadas no território de um Estado membro por quem exerça de modo independente actividades de produção, de comerciali-zação ou de prestação de serviços e desempenhe profissões liberais ou equiparadas, isto é, por quem exerça uma activi-dade económica.À excepção das prestações de serviços, todas as operações tributáveis se encontram definidas positivamente. De acordo com esta definição, constante do n.º 1 do artigo 24.º da Directiva IVA(1), será prestação de serviços qualquer operação efectuada a título oneroso que não se qualifique como trans-missão de bens, aquisição intracomunitária de bens ou im-portação. Desta forma, através de um conceito residual ou negativo de prestação de serviços, este imposto ganha uma vocação de universalidade.Em conformidade com o previsto na Directiva IVA, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 4.º do Código do IVA, con-substanciam prestações de serviços as operações efectuadas a título oneroso que não constituam transmissões, aquisições intracomunitárias ou importações de bens.Isto é, a lei fiscal, nacional ou comunitária, não define o conceito de prestações de serviços. Define sim, as transmis-sões (“entregas”) de bens, como sendo “a transferência onerosa de bens corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade” (artigo 3.º, n.º 1, do Código do IVA) ou, na linguagem comunitária, “a transfe-
rência do poder de dispor de um bem corpóreo como pro-prietário”(2).As directivas comunitárias pretenderam, assim, seguir um caminho diferente daquele que resultava, por exemplo, do nosso antigo Imposto de Transacções (IT) ou daquele que vigora ainda hoje num dos primeiros precursores do moderno IVA, o Imposto brasileiro sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Significa isto que todas as operações praticadas por sujeitos passivos que não sejam transmissões de bens são automática e necessariamente prestações de serviços, como uma inter-pretação menos avisada poderia ser tentada a afirmar? Sig-nifica isto que o conceito de prestação de serviços em sede de IVA não tem qualificativos próprios, limitando-se a ser um mero conceito económico (e não jurídico), de natureza resi-dual?(3)
Não, com efeito, importa em primeiro lugar sublinhar-se que o conceito de prestação de serviços para efeitos deste impos-to é um conceito funcional e não ontológico. Visa não tanto adequar-se à realidade existente, mas resolver problemas de aplicação do modelo do IVA aos Estados membros que necessariamente deverão transpor as directivas que criaram ou desenvolveram este imposto. Essa sua função (evitar que a pluralidade de conceitos de prestação de serviços eventual-mente presente nos ordenamentos dos Estados membros ponha em causa os objectivos de harmonização fiscal do IVA), dá ao conceito um estatuto de conceito jurídico-comunitário. A exemplo do que ocorre com o conceito de “entrega de bens” (também ele um conceito comunitário), o conceito de prestação de serviços é um conceito jurídico, não um conceito de Direito Civil, mas um conceito de Direito Fiscal ou, eventualmente, de Direito Económico. Este conceito é simul- taneamente mais vasto e mais restrito que o conceito de Direito Civil português: mais vasto porque engloba realidades que o Direito Civil deixaria de fora, mais restrito porque, regra geral, não abrange, ao contrário do conceito civilista, as prestações gratuitas.
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Com efeito, o conceito de prestação de serviços acolhido no Código do IVA não corresponde ao civilístico, de acordo com o qual o contrato de prestação de serviços é aquele median-te o qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho, intelectual ou manual, com ou sem retribuição(4).Quando se refere que as prestações de serviços, para efeitos de IVA, decorrem de um conceito residual de operações tri-butáveis, isso significa apenas que a lei (comunitária ou na-cional) não pode assentar numa tipicidade fechada, devendo abdicar de uma técnica de enumeração(5). Não significa que tenha abandonado qualquer preocupação de juridicidade na construção do conceito, mormente prescindindo de verificar se as operações que caem sob a alçada do conceito fiscal de “prestação de serviços” respondem ou não a certas caracte-rísticas estruturais deste conceito.Conforme nota Xavier de Basto(6), de acordo com a Sexta Directiva, “Uma atribuição patrimonial, qualquer que seja, terá, em princípio, subjacente uma prestação de serviço, se não for contrapartida de uma entrega de bens, mesmo que tal prestação de serviços haja de qualificar-se (como faz a administração francesa) de inominada (inomée), por ser des-conhecido ou de difícil identificação o seu conteúdo. Há que, todavia, ter o cuidado de não levar longe demais o significa-do e as implicações da renúncia da directiva em definir, de modo positivo, as prestações de serviços e em identificar o seu conteúdo. Parece ser necessário que, de qualquer modo, exista um serviço. Uma atribuição patrimonial feita por um sujeito passivo não pode ser considerada, sem mais, como contrapartida de um serviço” (7). Isto é, é importante reter que, para que se esteja perante uma prestação de serviços para efeitos de IVA, é necessário que haja efectivamente a prestação de um serviço subja- cente que, nomeadamente, represente o exercício de uma actividade económica. Caso contrário, será inaceitável a tri-butação de uma operação em sede deste imposto invo- cando-se a natureza negativa do conceito de prestação de serviços.Em suma, a operação em causa tem que ter substância eco-nómica para que possamos tributá-la em IVA. Temos que estar perante o exercício de uma actividade económica.Há que verificar se as operações em análise respondem ou não a características de natureza jurídica, genéricas ou espe-cíficas, que permitem delimitar com maior precisão os con-tornos do conceito de prestação de serviços como operação sob a qual o IVA incide.São genéricas as que são comuns às restantes operações tributárias internas. São específicas as que apenas dizem respeito às prestações de serviços.Quanto às primeiras, a operação, para ser sujeita a IVA, deve:
1) Ocorrer no território nacional (isto é, localizar-se em Por-tugal de acordo com as regras de localização previstas no artigo 6.º do Código do IVA);
2) Ser, regra geral, onerosa;3) Ser efectuada por um sujeito passivo agindo nessa quali-
dade (e não na qualidade de mero consumidor final, de “particular”);
4) Ser realizada no âmbito do exercício de uma actividade económica.
A primeira característica aponta para a definição do elemento espacial da incidência. As restantes apontam para o facto de o IVA incidir, em princípio, sobre actividades económicas. Quanto às características específicas, uma prestação de servi-ços é sempre, do ponto de vista jurídico, um contrato bila- teral e, em princípio, para efeitos de IVA, oneroso. Significa isto que, como iremos verificar, tal como preconiza o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), para que se possa falar de uma prestação de serviços a título oneroso (e, como tal, tributável) deve “existir entre o prestador e o beneficiário uma relação jurídica durante a qual são transaccionadas presta- ções recíprocas, constituindo a retribuição recebida pelo pres-tador o contravalor efectivo do serviço fornecido ao benefi- ciário”.(8) Ou, noutra formulação, significa que esta noção há-de pressupor “a existência de um nexo directo entre o serviço prestado e o contravalor recebido”.(9) Decorre daqui que não existe prestação de serviços tributável em IVA se não existir bilateralidade ou sinalagma (prestação e contraprestação) ou se houver mera correspectividade indi-recta.Ou, de novo, como diz o TJUE, como iremos ver mais adian-te, não estão preenchidas as condições de uma prestação de serviços efectuada a título oneroso, se não existir “contrapar-tida que tenha valor subjectivo e nexo directo com o serviço prestado”(10).Chegados aqui, cumpre recordar que a qualificação de uma operação para efeitos tributários não pode ser, pura e sim-plesmente, extraída da qualificação (favorável ou desfavorável) efectuada pelas partes. Esta qualificação (o nomen juris) é apenas um indício, entre outros, que a Administração toma-rá em conta para chegar à verdadeira qualificação. Esta é, aliás, a orientação da Lei Geral Tributária (LGT), que recebe, neste particular, a doutrina desde há muito dominan-te. Assim, de acordo com a LGT, “a qualificação do negócio jurídico efectuada pelas partes, mesmo em documento au-têntico, não vincula a administração tributária”.(11) Esta regra geral relativa à relação jurídica tributária não se aplica em sentido único: tanto vale quando as partes, defendendo uma dada qualificação, podem vir a pagar menos imposto, como quando, pelo contrário, eventualmente se enganam na qua-lificação, arriscando-se a pagar imposto que não seria devido.
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Este é um corolário do “dever de colaboração recíproco”, do princípio da “boa-fé” que devem nortear as relações entre os contribuintes e a administração tributária e do próprio “prin-cípio do inquisitório” que impõe à administração a descober-ta da verdade material (e não de uma verdade meramente formal).(12)
2. JuRISPRuDêNCIA DO tRIBuNAL DE JuStIçA DA uNIãO EuROPEIA
De acordo com a interpretação do Tribunal de Justiça da União Europeia e em conformidade com as características básicas deste tributo, o conceito de actividade económica para efeitos de IVA é, antes do mais um conceito amplo e tal facto deve-rá reflectir-se na interpretação dos elementos que o compõem. É certo que o TJUE tem vindo sucessivamente a reiterar que o conceito de actividade económica para efeitos de IVA de-verá ser interpretado de forma a atribuir um âmbito de apli-cação muito abrangente a este tributo, abrangendo os cha-mados actos preparatórios (pelo que se pode deduzir o IVA suportado num acto preparatório) e as actividades ilícitas(13). Contudo, tem vindo igualmente a salientar que, embora as regras comunitárias confiram um âmbito de aplicação muito lato ao IVA, apenas são abrangidas por esta disposição as actividades que tenham carácter económico(14). Tal como o TJUE tem vindo a enfatizar, o conceito de “acti-vidades económicas” definido na Directiva IVA engloba “to-das” as actividades de produção, de comercialização ou de prestação de serviços, incluindo todos os estádios da produ-ção, da distribuição e da prestação de serviços(15). Por outro lado, este Tribunal tem vindo a relevar o carácter objectivo do conceito de actividade económica, salientando que a actividade se define por si mesma, independentemente dos fins ou resultados. Como afirmou o Advogado Geral no Caso Comissão/Países Baixos, importará para o efeito atender à natureza da operação, não sendo necessário que tenha por objecto, exclusiva ou essencialmente, o exercício de actividades de produção, comércio ou prestações de serviços(16).Ou seja, deverá aferir-se casuisticamente se existe ou não uma operação com substância económica que possamos tributar a título de prestação de serviços.Como salientou o TJUE no Caso FCE Bank(17), resulta da juris-prudência comunitária que uma prestação de serviços só é tributável se existir entre o prestador e o beneficiário uma relação jurídica em cuja vigência são trocadas prestações e contraprestações, recordando a denominada “jurisprudência das prestações recíprocas”(18). Em conformidade com a juris-prudência das prestações recíprocas, uma operação só é tri-butável se houver um nexo directo entre o serviço prestado
e o contravalor recebido, um sinalagma individualizável, isto é, se houver uma relação jurídica determinável entre prestador e beneficiário.Com efeito, tal como mencionámos, de acordo com a juris-prudência constante do Tribunal de Justiça, “uma prestação de serviços só é tributável se existir um nexo directo entre o serviço prestado e a contrapartida recebida”. Neste contexto, o Caso Tolsma é um clássico citado por todos como exemplo da interpretação que o Tribunal faz da noção de “nexo direc-to”. Neste aresto o Tribunal vem concluir que, quando um músico que toca na via pública recebe contribuições dos transeuntes, estas receitas não podem ser consideradas como constituindo a contrapartida de um serviço que lhes seja prestado. Como observa, não há qualquer contrato entre as partes, nem nexo necessário entre a operação e o pagamen-to. O pagamento é, de facto, autónomo relativamente ao prazer proporcionado pela prestação musical(19). Isto é, tal como a jurisprudência do TJUE tem frisado em várias ocasiões a propósito da interpretação do então n.º 1 do artigo 6.º da Sexta Directiva, a noção genérica de presta-ção de serviços para efeitos do IVA implica que os montantes pagos constituam uma contrapartida efectiva de um serviço individualizável, fornecido no âmbito de uma relação jurídica em que sejam trocadas prestações recíprocas. Em linhas gerais, poderemos concluir que para que exista uma contraprestação para efeitos de IVA é necessário que, em simultâneo, exista um nexo de ligação ou vínculo directo entre o bem entregue ou o serviço prestado e a contraparti-da recebida(20), isto é, deve verificar-se uma dependência das prestações e estas não devem ser, necessariamente, autóno-mas, devendo a contraprestação ser avaliável em dinheiro e ter um valor subjectivo, dado que o IVA deverá incidir sobre a remuneração efectivamente recebida, e não num valor apurado com base em critérios objectivos.
(1) Directiva 2006/112/CE, de 28 de Novembro, publicada no JO n.º L 347, de 11 de Dezembro de 2006. Essencialmente, esta Directiva veio re-formular o texto da Sexta Directiva (trata-se de uma reformulação basicamente formal, atendendo ao facto de o seu texto se encontrar excessivamente denso, dadas as sucessivas alterações que lhe foram introduzidas desde a sua aprovação). Com a reformulação passou a ter 414 artigos (tinha 53). Note-se, todavia, que foram revogadas várias directivas de IVA, pelo que poderemos passar a designar a “nova” Directiva, abreviadamente, como Directiva IVA (a Directiva base do sistema comum vigente).
(2) O conceito de transmissão de bens é, pois, o marco em torno do qual se definirá o conceito de prestação de serviços. Não admira que assim seja. De facto, é mais fácil definir uma noção de transmissão de bens que possa ser comum a todos os Estados membros (centrada na transferência da chamada “propriedade económica”, ou melhor, da propriedade jurídica e dos actos com efeito equivalente) do que en-contrar uma noção comum de prestação de serviços, muito dificultada pela existência de uma pluralidade de ordenamentos jurídicos com conceitos de prestação de serviços distintos entre si. Neste contexto,
Clotilde Celorico Palma
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a técnica da enumeração das prestações de serviços tributáveis seria sempre muito deficiente, arriscando-se a deixar de fora da incidência do IVA muitas prestações que, na lógica de um imposto geral sobre o consumo, deveriam ser tributadas.
(3) Com base no n.º 1 do artigo 4.º do CIVA, o carácter residual da noção de prestação de serviços é frequentemente assinalado pela doutrina e pela prática administrativa portuguesa, de forma acrítica, sem explica-ção daquilo que por tal se entende. Assim, v.g., AAVV, Manual do IVA, Centro de Formação DGCI, 2006, p. 40; C. Gomes Silva, I.V.A. & R.I.T.I., Manual Prático, Lisboa/ Porto, Lidel, p. 10. Um pouco mais longe nos conduz a explicação dada pelo Núcleo do IVA, in Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, Notas Explicativas e Legislação Comple-mentar, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1985, p. 187), ao refe-rir (de forma, aliás, não totalmente correcta), que do referido carácter residual, resulta que “a noção de prestação de serviços transcende o seu significado jurídico”, abrangendo, assim, tal conceito “a transmis-são de direitos, a obrigação de conteúdo negativo (não praticar de-terminado acto) e mesmo a prestação de serviços coactiva, determi-nada por requisição de autoridade pública”, mas excluindo “as ope- rações que constituem meras operações de pagamento (a entrega de preço de um bem, p.ex.)”. Na mesma linha, escrevem F. P. Fernandes e N. P, Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, Anotado e Comentado, 4.ª ed., Rei dos Livros, 1997 que o conceito de prestação de serviços, dado pelo artigo 4.º do CIVA “apresenta natureza resi- dual”, acrescentando que tal conceito “é de natureza económica e ultrapassa a definição jurídica dada pelo artigo 1154.º do Código Civil, segundo o qual a prestação de serviço é o contrato em que uma das partes se obriga a proporcionar à outra certo resultado do seu trabalho intelectual ou manual, com ou sem retribuição”. E os mesmos autores esclarecem que “o mérito da definição é conduzir à tributação, de qualquer modo, as situações que se situem na zona cinzenta da fron-teira entre as transmissões de bens e as prestações de serviços”. O erro destas interpretações é o de assumir que o conceito de prestação de serviços em IVA é um conceito económico e não jurídico. Em Di-reito não há conceitos económicos, como não há interpretações eco-nómicas. Todos os conceitos, mesmo os provenientes de outras disci-plinas como a economia e a contabilidade, são, uma vez recebidos pelo Direito, conceitos jurídicos, sujeitos a regras de interpretação ju-rídica. Por sua vez, J. A. Valente Torrão, Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, Anotado e Comentado, Almedina, 2005, p. 45, fala de uma definição de prestação de serviços “por exclusão”.
(4) Cfr. o disposto no artigo 1154.º do Código Civil.(5) Esta técnica continua a existir nas leis do IVA, mas agora para definir
as prestações de serviços que, não tendo a característica da onerosi-dade ou que sendo operações de difícil fronteira com as de transmis-sões de bens, são assimiladas a prestações de serviços onerosas (n.º 2 do artigo 4.º do CIVA e artigo 26.º da Directiva IVA). Mais raramente o Direito comunitário do IVA procura circunscrever os limites de uma dada prestação de serviços adoptando uma técnica de enumeração interna a um dado conceito. É, no entanto, o que ocorre com a noção de “serviços de telecomunicações” acolhida pelo n.º 2 do artigo 24.º da Directiva IVA. Para a crítica da tipicidade fechada no Direito Fiscal moderno, vide a tese de Ana Paula Dourado, O Princípio da Legalida-de Fiscal, Tipicidade, conceitos jurídicos indeterminados e margem de livre apreciação, Almedina, 2007, pp. 225 e ss.
(6) A tributação do consumo e a sua coordenação a internacional, Lições sobre harmonização fiscal na Comunidade Económica Europeia, CCTF n.º 164, Lisboa 1991, pp. 172 e 173.
(7) A ênfase é nossa. Também nós, em Introdução ao Imposto sobre o Valor Acrescentado, Introdução ao Imposto sobre o Valor Acrescenta-do, 6.ª edição, Almedina, Setembro de 2014, p. 83, salientamos que “para que se considere que existe uma prestação de serviços em sede de IVA deverá, naturalmente, existir um serviço enquadrável numa actividade económica, deverá existir um consumo”.
(8) Cfr. Acórdão de 3 de Março de 1994, Caso Tolsma, Proc. C-16/93, Colect., p. I-00743.
(9) Cfr. Acórdão de 8 de Março de 1988, Caso Apple and Pear, Proc. 102/86, Colect., p. I-01443.
(10) Vide n.º 17 do Acórdão de 16 de Outubro de 1997, Caso Julius F. Sohne, Proc. C-258/95, Colect., p. I-5577.
(11) Cfr. o n.º 4 do artigo 36.º da LGT.(12) Cfr. os princípios constantes no artigo 58.º e nos n.os 1 e 2 do artigo
59.º da LGT..(13) Vide, nomeadamente, os Acórdãos de 26 de Março de 1987, Caso
Comissão/Países Baixos, Proc. 235/85, Rec. p. 1471, de 4 de Dezembro de 1990, Caso Van Tiem, Proc. C-186/89, Rec. p. I-4363 e de 20 de Junho de 1991, Caso Polysar Investiments, Proc. C-60/1990, Colect., p. I-3111.
(14) Vide, neste sentido, Acórdãos de 11 de Julho de 1996, Caso Régie dauphinoise, Proc. C306/94, Colect., p. I3695, n.° 15, de 29 de Abril de 2004, Caso EDM, Proc. C77/01, Colect., p. I4295, n.° 47, e de 26 de Maio de 2005, Caso Kretztechnik, Proc. C465/03, Colect., p. I4357, n.° 18.
(15) Veja-se, designadamente, Acórdãos de 4 de Dezembro de 1990, Caso Van Tiem, Proc. C-186/89, já cit., n.º 17, Caso MGKKraftfahrzeuge-Factoring, Proc. C-305/01, Colect., p. I-6729, n.º 42, e de 21 de Fe-vereiro de 2006, Caso Halifax, Proc. C-255/02, Colect., p. I-1609, n.º 54.
(16) Acórdão de 26 de Março de 1987, Caso Comissão/Países Baixos, já cit.
(17) Acórdão de 23 de Marco de 2006, Proc. C-210/04, Colect., p. I-2803. Em princípio, o âmbito das questões prejudiciais colocadas pelo Tribu-nal italiano ao TJUE implicava, em traços gerais, a necessidade de este se pronunciar, nomeadamente, sobre se as sucursais de uma socieda-de com sede noutro país, localizadas num Estado membro, que reúnam as características para ser tidas como um estabelecimento estável dessa sociedade, poderiam ser consideradas um sujeito passivo autó-nomo do IVA.
(18) Há muitos anos que o Tribunal de Justiça salienta a existência de um “princípio das prestações recíprocas” no contexto deste imposto. São célebres neste contexto os Casos Apple and Pear Development Coun-cil, Proc. C-102/86, de 8 de Março de 1988, já cit., Caso Tolsma, Proc. C-16/93, de 3 de Março de 1994, já cit., Caso Kennemer Golf, Proc. C-174/00, de 21 de Março de 2002, Colect., p. I-3293., Caso Spa-rekassernes Datacenter – SDC, Proc. C-2/95, de 5 de Junho de 1997, Colect., p. I-3017, e, mais recentemente, o Caso Société Thermale d’Eugénie-les-Bains, Proc. C-277/05, de 18 de Julho de 2007, Colect., p. I-6415.
(19) Acórdão de 3 de Março de 1994, Proc. C-16/93, já cit. Estava em causa a actividade de R. J. Tolsma, tocador de realejo na via pública que recebia dinheiro dos transeuntes. Vide, igualmente, Acórdão de 1 de Abril de 1982, Caso HongKong Trade Development Council, Proc. 89/81, Colect., p. 1277, n.os 9 e 10. Sempre que a actividade de um prestador consiste em fornecer exclusivamente prestações sem contra-partida directa, não existe base de tributação e essas prestações não estão, como tal, sujeitas a IVA. Deste modo, o valor tributável de uma prestação de serviços é constituída por tudo o que foi recebido como contrapartida do serviço prestado e, por conseguinte, uma prestação de serviços só é tributável se existir uma ligação directa entre o servi-ço prestado e a contrapartida recebida (Caso Tolsma, n.º 13 e juris-prudência aí citada). Nestas circunstâncias, o Tribunal de Justiça acabou por concluir que uma prestação de serviços “só é efectuada ‘a título oneroso’ […] se existir entre o prestador e o beneficiário uma relação jurídica durante a qual são transaccionadas prestações recíprocas, constituindo a retribuição recebida pelo prestador o contravalor efec-tivo do serviço fornecido ao beneficiário” (ibidem, n.º 14). Vide, rela-tivamente às aplicações mais recentes dessa jurisprudência, os Acór-dãos de 14 de Julho de 1998, Caso First National Bank of Chicago, Proc. C-172/96, Colect., p. I-3017, n.º 26, de 14 de Julho de 2005, Caso British American Tobacco International e Newman Shipping, Proc. C-435/03, Colect., p. I7077, n.º 32, de 23 de Março de 2006, Caso FCE Bank, Proc. C-210/04, já cit., n.º 34, e de 18 de Julho de 2007, Caso Société Thermale d’Eugénie-les-Bains, Proc. C-277/05, já cit.
(20) Sobre este requisito e o Acórdão de 8 de Março de 1988, Caso Apple and Pear, Proc. 102/86, já cit., vide, nomeadamente, Amand, “When is a link direct?”, VAT Monitor, 1996, vol. 7, n.º 1, pp. 3 e ss.
Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 179
SíNteSe ecoNómica
Paulo Nogueira Filho (Jornalista)
Bancos cortaram 1400 balcões e 9 mil trabalhadores em 5 anos
Os bancos fecharam 1400 balcões em Portugal e cortaram cerca de 9000 empregos desde 2011, avança o Diário de Notícias, que numa análise à reestruturação do setor nos úl-timos cinco anos aponta ainda para a falta de renovação de quadros, que está a deixar o contingente pessoal dos bancos mais envelhecido.Menos agências bancárias, menos trabalhadores, mais velhos. A reestruturação, diz o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, tinha de acontecer para aumentar a eficácia dos bancos.O resultado, nas contas do DN, são menos 1400 balcões no final de 2015 do que no ano em que atingiram o seu máximo, em 2011, e com isto desapareceram 9000 empregos. Com cortes e restrições nas contratações, haverá quase menos dois terços dos trabalhadores com menos de 29 anos que o que se verificava em 2011.
Número de aposentados não pára de aumentar
Em 2015, o número de funcionários públicos aposentados ultrapassou pela primeira vez o número de subscritores da Caixa Geral de Aposentações (CGA) – ou seja, os trabalha-dores que estão no ativo e pagam quotas para efeitos de reforma.Segundo o Relatório de Acompanhamento da Execução Or-çamental da Segurança Social, divulgado pelo Tribunal de Contas (TC), o total de aposentados da CGA ascendia, no final do ano passado a 486.269 pessoas mais 23,5% que em 2006, enquanto o número de subscritores era de 473.446, menos 235.551 que em 2006 (33,2%).
O ano de 2015 é o ano de viragem, em que o número de subscritores é inferior ao número de aposentados/reforma-dos”, sublinha o TC no relatório.As maiores perdas de subscritores ocorreram no escalão etá-rio mais baixo (menos 30 anos), “em linha com a política adotada para as admissões de novos trabalhadores em fun-ções públicas, os quais já não estão integrados neste regime de pensões”.A maior parte dos subscritores atuais da CGA têm entre 50 e os 59 anos (43,4%), seguindo-se os funcionários com ida-des entre os 40 e os 49 anos (35,4%).Em 31 de dezembro de 2015, a média de idades dos subs-critores da CGA à data de aposentação era de 61,1 anos, (60,9 anos em 2013), ainda assim “muito abaixo da idade normal de acesso à pensão de aposentação/reforma (66 anos para 2014 e 2015)”, refletindo o quadro legal em que foram atribuídas a generalidade das pensões em pagamento.Entre 2013 e 2015, o número de aposentados aumentou 3,2% (0,7% em termos homólogos) e quase metade têm idades inferiores a 70 anos.O TC concluiu, por isso, que “os fatores inibidores de passa-gem à aposentação” implementados nos últimos anos (como as alterações das fórmulas de cálculo e a introdução de pe-nalizações mais severas na formação destes rendimentos de substituição dos rendimentos do trabalho), tiveram um “re-duzido efeito” neste universo, sobretudo no que diz respeito ao prolongamento da vida ativa.Em causa estão as sucessivas alterações do quadro legal, so-bretudo durante a vigência do programa de assistência da ‘troika’, que se revelou “bastante instável” com reflexos diretos no comportamento da população ativa com idades próximas dos 60 anos, que preferiu não prolongar a sua vida ativa.“Consequentemente, a duração média das pensões de apo-sentação e reforma é tendencialmente crescente, efeito que resulta da combinação do aumento da esperança de vida da população com a passagem precoce à situação de aposenta-do”, salienta o TC.
180 Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016
Rede de fraudes
As burlas, as extorsões e outros crimes semelhantes estão a aumentar no Facebook. Em Espanha foram já detetadas má-fias criminosas ‘especializadas’. Por cá são cada vez mais os crimes praticados através das redes sociais, e vários já chega-ram aos tribunais.O pedido de amizade vinha de um perfil do Facebook que lhe parecia conhecido e foi por isso que o aceitou. O empre-sário catalão pensou tratar-se de uma mulher francesa que conhecera em trabalho e começou a falar com ela. Depois de a conversa ter ficado mais intensa, ela revelou-lhe a sua in-tenção: ou transferia uma quantia em dinheiro para determi-nada conta, ou “ela” ia desencadear uma verdadeira campa-nha de difamação junto dos seus amigos. E foi o que aconteceu, com a divulgação de imagens pornográficas do próprio empresário.A história aconteceu em Espanha e, segundo as autoridades espanholas, não é um caso isolado. Diz a polícia espanhola ao El Mundo que há verdadeiras máfias nigerianas e senega-lesas a dedicarem-se a este tipo de crimes através das redes sociais — seja do Facebook, seja do Linkedin, por exemplo. Em Portugal, diz a PJ, ainda não se registaram casos idênticos em que por detrás deste tipo de extorsões esteja uma rede criminosa. “Mas há inúmeros crimes praticados através do Facebook. O mais semelhante a este, e que tem acontecido com frequência, são pessoas que usurpam perfis e que depois pedem quantias em dinheiro aos seus amigos”, explica o diretor-adjunto da PJ, Pedro do Carmo.Nestes casos, quem usurpa determinado perfil no Facebook envia novos pedidos de amizade aos amigos dessa pessoa. Os utilizadores aceitam, pensando que por algum motivo aquele amigo deixou de estar na rede e que agora está de volta. Depois vêm as conversas de circunstância através do chat. E o pedido de ajuda. “Dizem que estão com dificuldades eco-nómicas e perguntam se é possível emprestarem-lhes dinhei-ro”. Só quando é suposto receber o dinheiro de volta é que os lesados percebem que foram enganados.O Relatório Anual de Segurança Interna não especifica o número de crimes cometidos através das redes sociais, mas dá conta de que em 2015 se registaram 659 crimes informá-ticos – mais 160 que no ano anterior. Nesta categoria incluem- -se crimes como o de de acesso indevido ou ilegítimo, inter-ceção ilegítima, falsidade informática, viciação ou destruição de dados e sabotagem informática. Alguns destes crimes foram praticados através das redes sociais. Foram constituídos 414 arguidos.
Em Espanha, o empresário catalão recusou transferir dinheiro para uma conta africana, mesmo sendo ameaçado de que seriam tornadas públicas imagens suas comprometedoras. Eram mais de mil euros. No dia seguinte, a consequência: um novo perfil seu no Facebook que enviou pedidos para todos os seus amigos. Mal estes aceitavam, recebiam no mural um vídeo do empresário, feito com montagens de fotografias em que ele se masturbava enquanto olhava para pornografia infantil.Pedro do Carmo afirma que chegam à PJ cada vez mais queixas de crimes que envolvem redes sociais. Crimes de di-famação, de violação dos direitos de imagem, de burla. Ain-da assim não há registo de casos em que por trás tenham sido detetadas máfias senegalesas ou nigerianas. À barra do tribunal, já chegaram alguns casos que envolvem redes sociais e houve até uma decisão de um juiz que fala em “Facebook jacking”, como sendo o ato de um terceiro se apoderar e utilizar o perfil de um utilizador sem a sua autorização.Atualmente, vivemos numa sociedade permanente ligada à internet, às novas tecnologias e às redes sociais. Com essa permanente conectividade com o mundo, designadamente, na rede social Facebook, surgem os chamados fenómenos de criação de perfis falsos de “Facebook jacking”, lê-se num acórdão do Tribunal da Relação do Porto.
Uma boa notícia
Nos primeiros seis meses de 2016 realizaram-se 42.758 testes do pezinho, o que representa um aumento de 2639 exames relativamente ao ano passado. Estes testes costumam indicar, de forma bastante rigorosa pois a sua realização é obrigatória, a evolução da natalidade, pelo que tudo indica que teremos este ano mais nascimentos do que em 2015.Apesar de os demógrafos considerarem que ainda é cedo para se falar numa recuperação da taxa da natalidade, a verdade é que depois de uma queda acentuada nos últimos anos, 2015 e, agora, 2016 podem ser anos de inversão da tendên-cia, ou pelo menos de estabilização da nossa taxa de natali-dade, que é uma das mais baixas da Europa.Em 2014, Portugal registou o mais baixo índice sintético de fecundidade da Europa, com apenas 1,2 crianças nascidas por cada mulher em idade fértil, quando o número considerado necessário para a reposição da população é de 2,1. Os outros países europeus com taxas mais baixas, de 1,3 eram nesse ano Espanha, Polónia, Chipre e Grécia. Em 2015 o nosso índice subiu ligeiramente também para 1,3.
Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 181
NaçõeS e mercadoS
Manuel Benavente RodriguesDirector Jornal de Contabilidade
Indexado a 3/10/2016
Apreciação geral
Índices – O nosso PSI20 desde Janeiro que está em queda
percentual progressiva 11,8 – 3,5 7,96 – 12,47 – 13,44. O
Nikkei, menos pronunciado, também. Já o Nasdaq100 e so-
bretudo o Dow Jones têm um bom comportamento, sempre
na variante anual.
Nos câmbios, o Euro deu um salto pronunciado em relação
à Libra, devido ao Brexit, valorizando-se 15,51%! Também a
valorização do Euro em relação ao Dólar tem sido consisten-
te desde o início do ano. Quanto ao Iene tem-se valorizado
em relação ao Euro.
Nas matérias-primas – petróleo (brent) e ouro – a tendência
é de subida.
Quanto às taxas de juro, as Yelds portuguesas deslizaram
desde o Verão, e sobem a 5 e 10 anos – já estão a 2,15% e
3,44% –. A dívida americana funciona em harmónio, enquan-
to a Euribor prossegue a descida, estando em 0,2% negativos!
O Quantitative Easing do BCE continua sem produzir efeitos.
Mas pergunta-se: e se a Dívida Portuguesa não tivesse – em-
bora mitigado – este escape do BCE?
Portugal
O BCP, tem valorizado substancialmente as acções, embora
com valores por acção, insignificantes.
Os nossos bancos mantêm-se extremamente vulneráveis, pelo
que as notícias do Deutsch Bank são péssimas embora segun-
do parece a nossa exposição não seja muito pronunciada. No
entanto, uma má posição do Deutsch, embora fragilizando
todo o sistema financeiro europeu, em desespero de causa,
ocasionará um amolecimento do BCE perante outros Bancos
frágeis, como os nossos, pelo que poderíamos ser tratados
com muito menos ímpeto. Mas daria “o laisser faire” para
equilibrar a queda do maior Banco europeu?
Europa
Deutsch Bank – As acções em Wall Street ontem tiveram
uma ligeira correcção positiva. John Cryan CEO do Banco,
desloca-se a Washington para negociar com o Departamen-
to de Justiça dos Estados Unidos a propósito da multa que
lhe foi imposta – 14 mil milhões de US$ –, esperando-se
alguma compreensão dos americanos. Porém, aproximando-
-se as eleições nos USA, a tendência para a conciliação
deve-se esbater. Por outro lado, se a multa ficar abaixo
dos 6 mil milhões, estará coberta por uma provisão que o
Deutsch Bank criou para litígios judiciais.
As acções tiveram nestes dias uma boa inflexão devido à
falada deslocação do CEO aos USA para negociar a gigan-
tesca multa. Ainda em relação a este Banco alemão, os seus
activos financeiros são bastante elevados face ao capital,
cujo rácio é de apenas 2,68% (os Bancos americanos an-
dam à volta dos 5,75% e os europeus dos 5.45%). Isto
aconteceu pois o Banco aumentou a sua exposição aos
activos financeiros quando os outros Bancos no mundo,
estavam a diminuir. Em termos de taxas de juro, 47% das
receitas do Banco dependem delas, pelo que com taxas
próximas do zero, não há grande margem para equilibrar
perdas. O Banco conta também alienar alguns activos, talvez
colocando o Postbank em Bolsa, mas possivelmente só se
não registar uma perda. Assim avulta cada vez mais o en-
tendimento com o Departamento de Justiça dos USA, de
forma a tranquilizar um pouco mais os investidores, mas
sem os concentrar noutras fragilidades do Banco. Será pos-
sível?
Maus tempos para o Deutsch Bank e maus tempos para a
União Europeia.
Brexit – Com o conhecimento da data em que se vai accio-
nar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, para a saída da Grã
Bretanha da União Europeia – Março de 2017 – a Bolsa de
Londres além de preocupada com o Deutsch Bank, mais
ficou, com o comportamento da Libra face ao Brexit.
Porém, a fragilidade da Libra beneficia o FSTE 100(1) pois
esta pool de empresas da Bolsa de Londres está menos ex-
posta à Grã Bretanha e à Europa, dado que 58% das suas
receitas são geradas fora da Grã Bretanha e dos 27 países
da União Europeia.
182 Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016
uSA
O índice ISM(2) relativo às manufacturas recuperou em Se-
tembro – 51,5 após 49,4 em Agosto.
O Deutsch Bank prende as atenções em Wall Street, pelo
que as notícias e os boatos não ajudaram a ganhos, aguar-
dando o mercado o comportamento das acções do Deutsch.
Também chama a atenção a intervenção de dois membros
da FED.
Ásia
Reacção positiva asiática, face à controvérsia internacio-
nal dos últimos dias em relação ao problema do Deutsch
Bank.
PATROCÍNIOS:
M a r t i m N o e l M o n t e i r oPrémio História da
Contabilidade
2016
APOIOS DE:
Universidade do Minho
institUto sUperior de Contabilidade e adMinistração de lisboa
institUto sUperior de Contabilidade e adMinistração de CoiMbra
institUto sUperior de Contabilidade e adMinistração de aveiro
institUto sUperior de Contabilidade e adMinistração do porto
esCola sUperior de teCnoloGia e Gestão de viseU
Os interessados em participarem neste prémio instituído pelo Centro de Estudos de História da Contabilidade da APOTEC poderão apresentar os seus trabalhos até ao dia 30/11/2016 na sede da APOTEC.Os trabalhos apresentados candidatam-se ao seguinte prémio:
• Prémio ........... e 750,00
O premiado receberá também uma escultura, alusiva ao evento.Para mais informações, os interessados poderão contactar a sede da APOTEC na Rua Rodrigues Sampaio, n.º 50, 3.º Esq. – 1169-029 Lisboa – Telf. 21 355 29 00, pelo Fax 21 355 29 09 ou pelo e-mail: [email protected].
Actividade económica reduzida na China, devido à celebra-
ção da semana dourada com sete feriados seguidos.
A Austrália manteve as taxas em 1,5%.
(1) FTSE, the Índex Company, é propriedade do Financial Times e da London Stock Exchange e representa uma pool de 100 empresas presentes na Bolsa de Londres.
(2) ISM-Institute of Suply Mangement, o Índice ISM engloba 300 manu-facturas, monitorizando o emprego, a produção, os inventários, as encomendas e a facturação de fornecedores. Quanto aos algoritmos para a actividade económica, abaixo de 50 trata-se de uma contracção e acima de 50 significa desenvolvimento.
Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 183
coNSultório
esclareça as suas dúvidas
CAE
Questão Associado n.º 17212
Uma empresa tem a CAE 45211, de Construção de Edifícios. Agora alugou uma garagem sua por desnecessária para a sua actividade que está reduzida. Por este arrendamento a em-presa terá de acrescentar um novo CAE o 68200, de arren-damentos? Ou o que tem agora também abrange arrenda-mentos?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. Uma vez que o aluguer em causa não tem natureza habi-tacional não há implicações no âmbito do arrendatário em sede de IRS e por esse motivo não é forçoso a indicação de uma segunda CAE. 2. Contudo, se o objeto social da empre-sa contemplar também esta atividade, aconselhamos a indi-cação da segunda CAE mediante o envio de declaração de alterações. 3. Note-se que uma eventual alteração do objeto social, constitui um facto sujeito a registo comercial obriga-tório. 4. Neste caso será a própria Conservatória do Registo Comercial a comunicar a alteração à AT.
AS – 2016-07-18
IVA – Localização da Operação
Questão Associado n.º 19689
Uma empresa portuguesa, com sede em Portugal, adquire via internet uma licença de utilização de um software a uma empresa chinesa (fornecedor), com sede na China. Por este serviço a empresa portuguesa paga um valor, e, só quando o recebimento é confirmado pela empresa chinesa é que o serviço fica disponível. a) Como devo enquadrar esta operação para efeitos de IVA? b) Onde é localizada esta operação em sede de IVA? (arrisco em Portugal, mas sem certeza absoluta) c) A empresa portuguesa (adquirente) do serviço deve liquidar o imposto IVA em Portugal? Se sim, pode a mesma empresa deduzir esse imposto IVA, sendo a operação designada de importação?
Resposta do Assessor Fiscal:
Consideram-se localizadas no território nacional onde são tributadas as prestações de serviço efectuadas a um sujeito passivo, cuja sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o domicílio, para o qual os serviços são prestados, se situe no território nacional, onde quer que se situe a sede, estabele-cimento estável ou, na sua falta, o domicílio do presta- dor (alínea a) do n.º 6 do artigo 6.º do CIVA) Neste caso, o
adquirente é um sujeito passivo nacional e o prestador do serviço electrónico uma empresa chinesa com sede na China. A operação considera-se localizada em território nacional, onde é tributada, sendo sujeito passivo do imposto o adqui-rente do serviço (reverse charge), com direito a dedução, de acordo com a alínea e) do n.º 1 do artigo 2.º e alínea c) do n.º 1 do artigo 19.º do CIVA.
SP – 2016-06-16
Compra e venda de quotas
Questão Associado n.º 19689
A sociedade ABC adquiriu mais uma quota a um particular por 100€. Passados três meses vende essa mesma quota por 1.500€. a) Quais são as implicações fiscais na compra da quota e na venda dessa quota três meses depois? b) Existe algum procedimento que se deva ter para minimizar o custo fiscal destas duas operações (compra/venda de quota)?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. A operação em causa configura um acto sujeito a mais--valias fiscais em sede de IRC, ao abrigo do artigo 46.º do Código do IRC. 2. Em sede de IRC, as mais valias relativas a partes de capital são suscetíveis de não tributação nos termos e condições expostos no artigo 51.º-C do Código do IRC. 3. Contudo, tal exclusão não se aplica à situação em análise uma vez que a empresa deteve a quota por período inferior a 12 meses.
AS – 2016-07-18
Cessação em IVA
Questão Associado n.º 17212
Há uma empresa que vendeu o seu imobilizado no primeiro trimestre de 2016. Em 31/3/2016 fez a cessação para efeitos de IVA. Por lapso a declaração deste primeiro trimestre foi enviada fora do prazo. A empresa tem IVA a reembolsar que era evidenciado no campo 61 da Declaração periódica, de cerca de 4.200€ Como esta declaração foi enviada fora do prazo este campo 61 foi sem valores. Como fazer para voltar a evidenciar este crédito de IVA que a empresa tem: 1. Enviar uma declaração dentro do próximo prazo de validade de envio só com o valor no campo 61? 2. Este valor de crédito de IVA está perdido? 3. Este crédito de IVA continua válido e pode ser pedido o seu reembolso? A empresa vai entrar em processo de insolvência talvez ainda este mês.
184 Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016
Resposta do Assessor Fiscal:
A empresa cessou a sua actividade para efeitos de IVA em 31.03.2016, tendo apresentado a respectiva declaração pe-riódica fora do prazo. A empresa tinha IVA a reembolsar que vinha evidenciando no campo 61 da declaração. Como a declaração do período da cessação foi apresentada fora do prazo, nada foi referido no mencionado campo 61, nem foi, consequentemente, solicitado o reembolso do crédito ainda existente, cerca de € 4 200. O mecanismo do pedido de reembolso de IVA está regulamentado no artigo 22.º do CIVA e no Despacho Normativo n.º 18-A/10, de 01.07, com as subsequentes alterações, resultando do n.º 1 do artigo 2.º deste último diploma que os reembolsos de IVA apenas podem ser solicitados numa declaração periódica do IVA apresentada dentro do prazo legal. Também a alínea a) do n.º 1 do artigo 14.º do DL 229/95, de 11.09, redacção da Lei 64/12, de 20.12 (regime de cobrança do IVA) prevê que «Os reembolsos do IVA são solicitados nos casos previstos nos n.os 5 e 6 do artigo 22.º do Código do IVA, através da declaração prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 29.º (de-claração periódica do imposto)». Nos casos, como o presen-te, em que o sujeito passivo cessa a actividade, assiste-lhe o direito de solicitar o reembolso do crédito de imposto que subsistir nesse momento, independentemente do tempo de-corrido desde o período em que se iniciou o excesso, con-forme resulta do n.º 6 do artigo 22.º do CIVA. No caso presente, a declaração periódica referente ao período da cessação da actividade foi apresentada fora de prazo, sem indicação de crédito susceptível de reembolso. Face ao ex-posto e considerando que: a) O pedido de reembolso tem de ser feito em declaração periódica apresentada dentro do prazo legal; b) Que o prazo legal é o referido nas alíneas a) ou b) do n.º 1 do artigo 41.º do CIVA, consoante as circuns-tâncias; c) Que a apresentação de uma eventual declaração de substituição, ainda que viável, o que não é, seria sempre apresentada fora do prazo legal fixado para apresentação da declaração referida na alínea b) (artigo 59.º do CPPT). d) Que numa situação normal, ou seja, caso o sujeito passivo se mantivesse em funções, o reembolso do imposto entregue em excesso poderia ser exercido até ao decurso de quatro anos após o pagamento em excesso do imposto, o que, na circunstância, não é viável (n.º 2 do artigo 98.º do CIVA). Nestes termos, tendo o sujeito passivo cessado a actividade para efeitos de IVA, o que determina a impossibilidade de apresentação futura de uma declaração periódica dentro do prazo legal e, consequentemente, a viabilização do pedido de reembolso através do mecanismo legal estabelecido, a única solução que vislumbro para o problema, ainda assim de sucesso muito duvidoso, será o de apresentar o assunto
à Direcção de Serviços de Reembolsos, requerendo a even-tual reactivação do crédito e o seu pagamento.
SP – 2016-06-17
Admissão de Estagiário Vs Obrigações
Questão Associado n.º 8936
1. Admissão de estagiário Português. 1.1. Quais as obrigações decorrentes desta admissão no que respeita a: 1.1.1. Segu-rança Social; 1.1.2. ACT-Autoridade para as Condições no Trabalho; 1.1.3. Seguro de Acidentes no Trabalho; 1.1.4. Cen-tro de Emprego Informação adicional. 2. O empregador en-contra-se no Regime Simplificado para efeitos de tributação em IRS.
Resposta da Assessor Jurídica:
Se o estágio é protocolado, nomeadamente, com o IEFP terá de cumprir os requisitos do respetivo protocolo. Fora dessas situações, o Decreto-Lei n.º 66/2011, de 1 de Junho, regula os restantes estágios (curriculares, profissionais extracurricula-res, académicos). 1.1.1. Desde que o estágio seja pago, o estagiário deverá ser inscrito na segurança Social (enviando a cópia do contrato de estágio), e pagar-se-á TSU sobre o valor do pagamento. 1.1.2. Não há qualquer comunicação à ACT. 1.1.3. Porque se não trata de um trabalhador, a entidade promotora do estágio terá de fazer um seguro de acidentes pessoais para o estagiário. 1.1.4. Não sendo um estágio pro-tocolado com o IEFP não há qualquer informação a prestar a esta entidade. O regime de IRS ao abrigo do qual a entidade contratante se encontra, não tem qualquer influência no cumprimento das obrigações em matéria de estágios profis-sionais.
AC – 2016-06-22
Regularização de IVA – Insolvência
Questão Associado n.º 18329
Um sujeito passivo, para regularizar IVA a seu favor de um crédito reclamado judicialmente em 10/2015 no montante de 168,83€, pode reconhecer regularização nos termos 78A, n.º 4 B) sem recorrer à Certificação do ROC? O cliente que ficou a dever, apresentou se à insolvência em 10/2015 e em 05/2016 foi reconhecido pelo tribunal encerramento do pro-cesso ficando declarada a insolvência com carácter limitado. Quais os procedimentos corretos para regularizar IVA?
Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 185
Resposta do Assessor Fiscal:
1. A regularização de créditos de cobrança duvidosa e inco-brável nos termos do artigo 78.º-A, nos casos em que é admitida, obriga sempre à certificação por revisor oficial de contas, de acordo com o artigo 78.º-D. 2. A partir de 01.01.2015, os sujeitos passivos podem regularizar o IVA respeitante a créditos considerados incobráveis em processo de insolvência, quando a mesma for decretada de carácter limitado, após o trânsito em julgado da sentença de verifica-ção e graduação de créditos prevista no Código da Insolvên-cia e da Recuperação de Empresas (CIRE) ou, quando exista, a homologação do plano objecto da deliberação prevista no artigo 156.º do mesmo Código (alínea b) do n.º 7 do artigo 78.º do CIVA, na redacção da Lei 82-B/14, de 31.12 (OE2015). 3. Assim, nos casos em que a insolvência é decretada de carácter limitado (por inexistência ou insuficiência da massa insolvente), os sujeitos passivos de IVA, podem regularizar o imposto a seu favor, após o trânsito em julgado da sentença que declarou a insolvência com carácter limitado. Nos casos de insolvência plena, os sujeitos passivos de IVA podem pro-ceder á regularização do imposto após o trânsito em julgado da sentença de verificação e graduação de créditos, ou após a homologação do plano de insolvência, quando aprovado, previsto no artigo 156.º do CIRE. 4. O sujeito passivo deve ter na sua posse a correspondente certidão judicial de onde conste os elementos identificadores de cada situação, bem como a data do trânsito em julgado.
SP – 2016-06-20
IVA – Inversão sujeito passivo
Questão Associado n.º 15256
Um contribuinte, enquadrado no regime normal de IVA, tem como atividade a fabricação e montagem de estores. Sempre que presta serviços nesta área a sujeitos passivos de IVA, aplica a regra de inversão prevista no ofício n.º 30101 de 24/05/2007. Entretanto diversificou a sua atividade para a área da decoração, passando também a colocar estores inte-riores e cortinados em tecido. Está este serviço também su-jeito à regra de inversão, ou terá que liquidar IVA à taxa de 23% aquando da emissão da respetiva fatura?
Resposta do Assessor Fiscal:
Nos termos da alínea j) do n.º 1 do artigo 2.º são sujeitos passivos do IVA «as pessoas singulares ou colectivas referidas na alínea a) que disponham de sede, estabelecimento estável ou domicílio em território nacional e que pratiquem operações que confiram o direito à dedução total ou parcial do imposto,
quando sejam adquirentes de serviços de construção civil, incluindo a remodelação, reparação, manutenção, conserva-ção e demolição de bens imóveis, em regime de empreitada ou subempreitada.» Método da inversão do sujeito passivo. De acordo com esse normativo para que haja inversão do sujeito passivo, é necessário que, cumulativamente: a) se esteja na presença de aquisição de serviços de construção civil; b) o adquirente seja sujeito passivo do IVA em Portugal e aqui pratique operações que confiram, total ou parcialmen-te, o direito à dedução do IVA. No conceito de serviços de construção civil cabem todos aqueles que tenham por objec-to a realização de uma obra, abrangendo todo o conjunto de actos que sejam necessários à sua concretização (v.g. aluguer ou colocação de andaimes, aluguer de gruas e de outros bens, serviços de limpeza, sinalização, fiscalização, remoção de en-tulhos, serviços de projectistas ou de arquitectura, etc), en-tendendo-se por obra todo o trabalho de construção, recons-trução, ampliação, alteração, reparação, conservação, reabi- litação, limpeza, restauro e demolição de bens imóveis, bem como qualquer outro trabalho que envolva processo constru-tivo, seja de natureza pública ou privada. Esclareceu a então Administração Fiscal (actual Autoridade Tributária e Aduanei-ra) através do OFCD 30 101/07, de 24.05 (ponto 1.5): i) que a entrega de bens, com montagem ou instalação na obra, considera-se abrangida pela regra de inversão, desde que se trate de entregas no âmbito de trabalhos contemplados pela Portaria 19/2004, de 10 de Janeiro, independentemente do fornecedor ser ou não obrigado a possuir alvará ou título de registo nos termos do DL 12/2004, de 9 de Janeiro; ii) que a mera transmissão de bens (sem instalação ou montagem por parte ou por conta de quem os forneceu) não releva para efeitos da regra de inversão; iii) que se excluem da regra de inversão os bens que, inequivocamente, tenham a qualidade de bens móveis, isto é, bens que não estejam ligados mate-rialmente ao bem imóvel com carácter de permanência. Por forma a auxiliar na definição dos tipos de serviço abrangidos pelo regime, o supra referido ofício-circulado (OFCD) enuncia no Anexo I, e no Anexo II duas listas exemplificativas de di-versos serviços de construção civil, uma, aos quais se aplica a regra de inversão do sujeito passivo (anexo I) e outra, aos quais não se aplica essa mesma regra (anexo II). De salientar, face ao exposto, como características essenciais do regime, o facto do serviço a prestar dever ter por objecto a realização de uma obra e que a entrega de bens, com montagem ou instalação na obra, apenas se considera abrangida pela regra de inversão desde que se trate de entregas no âmbito dos trabalhos contemplados no anexo I ao ofício-circulado n.º 30 101/07, de 24.05, desde que tenham ligação material ao bem imóvel com carácter de permanência. Neste sentido, se me parece que a entrega e montagem dos estores interiores
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obedecem às características enunciadas, nomeadamente a sua ligação material ao imóvel, com carácter de permanência, desde que integrada na realização de uma obra, já o mesmo não me parece com a entrega dos cortinados em tecido. Assim sendo, no primeiro caso, haveria inversão do sujeito passivo; no segundo, não, devendo, neste caso, a factura ser processada pelo fornecedor dos bens com IVA à taxa normal.
SP – 2016-06-22
Faturas extraviadas
Questão Associado n.º 20505
Uma determinada empresa extraviou faturas referentes à aqui-sição de serviços. Podemos emitir uma cópia dessa fatura no portal e-fatura e contabilizar essa despesa? Pode ser conside-rado como sendo um documento de suporte para justificar o lançamento e com direito a dedução do IVA?
Resposta do Assessor Fiscal:
É jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo que as reproduções de facturas, em segunda via, bastarão à finali-dade legal da sua reforma que é a da identificação abrangen-te (a comportar os dados do n.º 5 do art.º 36.º do CIVA) do documento reformado e proporcionam ao órgão fiscalizador meio satisfatório para o controlo da situação tributária, no-meadamente no aspecto de apuramento do IVA dedutível que foi facturado ao contribuinte. A Administração Tributária e Aduaneira (ao tempo Administração Fiscal) face a esta juris-prudência procedeu à revisão da posição então seguida e passou a aceitar, como o dito Tribunal estatuiu, as 2.as vias de facturas perdidas ou extraviadas como elemento bastante ao controlo da situação tributária, nomeadamente, como supor-te do exercício do direito à dedução do IVA nelas contido, nos termos do n.º 2 do artigo 19.º do CIVA (ver OFCD 030 074/05, de 24.03).
SP – 2016-07-01
Operação fora u.E.
Questão Associado n.º 20329
Um sujeito passivo A, sede em Portugal, compra mercadoria a uma empresa B, com sede em Angola. Depois da compra efetuada, o sujeito passivo A, vende a mercadoria a uma empresa C em Cabo Verde, sem que a mercadoria entre em Portugal, ou seja, a mercadoria sai diretamente de Angola para Cabo Verde. Como a mercadoria não entra em território
nacional, deduzo que não podemos considerar de uma im-portação no momento da compra, assim como não podemos considerar uma exportação aquando da venda. Pretendo sa-ber então o tratamento fiscal e contabilístico, nomeadamen-te em sede de IVA (isenção do IVA se aplica, e qual o artigo a mencionar na fatura) a considerar na compra e venda, assim como no preenchimento da D.P. de IVA.
Resposta do Assessor Fiscal:
Os bens são adquiridos em Angola por um sujeito passivo nacional e revendidos por este a uma empresa em Cabo Verde, seguindo os bens directamente de Angola para Cabo Verde, sem entrarem, obviamente, em território português. Ora o conceito de importação e exportação de bens implica a passagem fronteiriça dos bens e a sua consequente entrada e saída do território nacional, respectivamente, pelo que o critério de conexão relevante tem subjacente uma relação directa e objectiva com o território nacional, conforme resul-ta dos artigos 5.º, 6.º e 14.º do CIVA. A venda que o sujeito passivo nacional faz à empresa de Cabo Verde consubstancia uma operação não tributada, em razão da sua não-localização em território nacional, mas que, por realizada por um sujeito passivo do imposto, implica o cumprimento de outras obri-gações previstas no CIVA, uma vez que o imposto eventual-mente suportado na aquisição a montante pode, se reunidas as demais condições formais previstas no CIVA, conferir direi-to à dedução nos termos da subalínea II) da alínea b) do n.º 1 do artigo 20.º do CIVA. Neste caso, deve o sujeito pas-sivo nacional emitir factura nos termos do artigo 36.º do CIVA, indicando os motivos da não-liquidação do imposto, de acor-do com o disposto na alínea e) do n.º 5 do artigo 36.º do CIVA (vg. operação não tributada por localizada fora do ter-ritório nacional, artigo 1.º e n.º 1 do artigo 6.º do CIVA). Nesta factura deve ainda fazer menção de que os bens, ori-ginários de Angola, são entregues no local identificado pelo seu cliente, em Cabo Verde, identificando o meio de trans-porte e respectivo documento titular. Esta operação deve ser relevada na declaração periódica de IVA correspondente, no campo 8 do quadro 06. No que se refere à venda inicial em Angola, uma vez que o vendedor não é sujeito passivo com sede ou estabelecimento estável num dos territórios da Co-munidade Europeia, não está sujeito às regras de facturação impostas pela Directiva 2006/112/CE, do Conselho, de 28 de Novembro. No entanto, o sujeito passivo nacional deve relevar contabilisticamente a aquisição, documentada pela factura emitida pelo vendedor angolano, acompanhada do documen-to de transporte que demonstre que os bens, adquiridos em Angola, tiveram como destino Cabo Verde, sem entrar na União Europeia. Tendo em vista a necessidade de uma even-tual demonstração das operações perante os serviços de ins-
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pecção tributária, deverá também juntar aos documentos contabilísticos, cópia ou fotocópia dos documentos aduanei-ros de entrada dos referidos bens no território de Cabo Verde (Despacho de 04.06.2010 do SDG do IVA).
SP – 2016-07-08
Resposta do Assessor Contabilístico:
Depreendemos da sua exposição que a empresa importadora e exportadora de bens adquiridos em Angola e exportados para Cabo Verde arrecada, pela diferença, meios monetários nas suas disponibilidades. As diferenças entre as aquisições e as exportações devem reflectir-se na contabilidade da empre-sa. Pelo que, sugerimos que as contas da classe 31 – Compras e da classe 71 – Vendas sejam desdobradas a nível do plano de contas, identificando a sua proveniência, por forma, a que a empresa cumpra as suas obrigações fiscais. Neste sentido, e tendo em conta o parecer do assessor fiscal, sugerimos a leitura das Notas de enquadramento do Código de Contas do SNC.
AJNC – 2016-07-18
Localização Operação – IVA
Questão Associado n.º 20688
A Empresa "A" é uma empresa Portuguesa, especializada em serviços metalúrgicos. Esporadicamente, a Empresa "A" é contratada pela Empresa "B", com sede em Espanha, para efectuar serviços na Empresa "C", situada em Portugal. Esses serviços são facturados à Empresa "B", mas são exclusiva-mente desempenhados e desenvolvidos em Portugal. A dúvi-da remete-se ao IVA e a tributação ou não desses mesmos serviços em território nacional.
Resposta do Assessor Fiscal:
A empresa B, com sede em Espanha, contrata a empresa A, com sede em Portugal, para efectuar serviços metalúrgicos na empresa C, sita em Portugal. Estes serviços, exclusivamente desempenhados e desenvolvidos em território nacional, são facturados à empresa B, com sede em Espanha, ou seja, o adquirente dos serviços prestados em território nacional pela empresa A, portuguesa, é a empresa B, com sede em Espanha, a quem os correspondentes serviços são facturados. O pres-tador do serviço tem sede em território nacional, sendo o respectivo adquirente um sujeito passivo espanhol. Conforme disposto no n.º 1 do artigo 4.º do Código do IVA, são consi-deradas como prestações de serviços as operações efectuadas a título oneroso que não constituam transmissões, aquisições
intracomunitárias ou importações de bens. De acordo com a alínea a), n.º 6 do artigo 6.º do CIVA (de carácter transnacio-nal), são tributadas em território nacional as prestações de serviço efectuadas a um sujeito passivo dos referidos no n.º 5 do artigo 2.º, cuja sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o domicílio, para o qual os serviços são prestados, se situe no território nacional, onde quer que se situe a sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o domicílio do pres-tador do serviço. Neste sentido, as prestações de serviço de intermediação efectuadas pelo sujeito passivo português a uma sociedade sediada em Espanha, não se consideram, «a contrario senso», efectuadas em território nacional, não sen-do, por isso, aqui sujeitas a tributação em IVA, dado o adqui-rente do serviço não ser um sujeito passivo de IVA português, para o qual os serviços são prestados. Contudo, além da emissão de factura, na qual devem constar os elementos a que se refere o n.º 5 do artigo 36.º, nomeadamente, o mo-tivo justificativo da não aplicação do imposto, o sujeito pas-sivo nacional deve indicar na declaração recapitulativa a que referida na alínea c) do n.º 1 do artigo 23.º do RITI, nos pra-zos e nas condições previstos no artigo 30.º do mesmo diplo-ma, as prestações de serviços efectuadas ao sujeito passivo espanhol, de acordo com a alínea i) do n.º 1 do artigo 29.º do CIVA, devendo atender ao disposto no n.º 17 do mesmo normativo.
SP – 2016-07-14
Viagem a Inglaterra (Diretor Empresa)
Questão Associado n.º 20439
O Director de uma empresa de Industria Gráfica, esteve em Inglaterra para ver umas máquinas de impressão. As despesas com o hotel e avião devem ser contabilizadas como desloca-ções e estadas? São sujeitas a tributação autónoma? A fatu-ra do hotel foi emitida em libras, como é efetuado o contra-valor para euros? Podemos levar em consideração o conversor de moeda do Banco de Portugal? Tendo em conta que a fatura foi emitida a 16/07/2016 (sábado), a taxa a considerar deverá ser a do dia útil anterior (15/07/2016) ou do dia útil seguinte (18/07/2016). Relativamente ao valor do IVA que consta na fatura do Hotel, acresce ao valor do gasto?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. Tratando-se de encargo com transporte e estadia de tra-balhador da empresa fora do seu local de trabalho, ao servi-ço da mesma, sem recurso ao pagamento de ajudas de custo, é de contabilizar como «deslocações e estadas». Essa despesa não se encontra sujeita a tributação autónoma. De
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notar que a despesa tem necessariamente de ser comprovada por documento emitido em forma legal, para merecer a acei-tação da administração fiscal como gasto do exercício, sendo de toda a conveniência, para evitar quaisquer reservas por parte da autoridade tributária sobre a veracidade da desloca-ção, que o trabalhador apresente prova da sua presença no local a que se deslocou e que mencione no verso do docu-mento (factura) o seu nome, bem como o motivo justificativo da deslocação. 2. Conforme determina o n.º 8 do artigo 16.º do Código do IVA, sempre que os elementos necessários à determinação do valor tributável sejam expressos em moeda diferente da moeda nacional, a taxa de câmbio a utilizar é a última divulgada pelo Banco Central Europeu ou a de venda praticada por qualquer banco estabelecido no território na-cional. Por sua vez o n.º 9 da citada disposição legal dá a possibilidade aos sujeitos passivos de optarem entre conside-rar a taxa do dia em que se verificou a exigibilidade do im-posto ou a do primeiro dia útil do respectivo mês. Face às citadas disposições legais é concedida aos sujeitos passivos a faculdade de optarem pelas taxas de câmbio referidas no n.º 8 do artigo 16.º do Código do IVA, sem prejuízo de poder ser aplicada a taxa em vigor no dia em que se verificou a exigibilidade do imposto ou a do primeiro dia útil do mês em que se verificou tal exigibilidade. Tendo a factura sido emitida em 16.07.16, supostamente dentro do prazo legal, para o efeito, é nesta data que se verifica a exigibilidade do imposto. Sendo assim, não sendo utilizadas as taxas de câmbio divul-gadas pelo Banco Central Europeu ou as de venda praticadas por qualquer banco estabelecido no território nacional, pode o sujeito passivo optar para a conversão entre a taxa de câmbio do dia em que se verificou a exigibilidade do impos-to, data da emissão da factura, ou a do primeiro dia útil do mês de Julho em que se verificou tal exigibilidade. 3. O IVA suportado em Inglaterra pode ser reembolsado, a pedido do sujeito passivo, de acordo com o disposto no DL 186/09, de 12.08, que estabelece as regras respeitantes ao «Reembolso do imposto suportado noutros Estados membros a sujeitos passivos estabelecidos em território nacional», designadamen-te no Capítulo II, devendo apresentar, para esse efeito, o correspondente pedido junto da Direcção-Geral dos Impostos, por via electrónica. 4. O valor do IVA, neste caso, não é de acrescer ao valor do gasto.
SP – 2016-07-20
Isenção de IVA
Questão Associado n.º 1999
Um empresário em nome individual presta serviços isentos de IVA, ao abrigo do Art.º 9.º Médico Dentista, pretende, em
paralelo com esta atividade, exercer a de Técnico de Próteses
dentárias fixas, pensando adquirir o equipamento necessário
ao desenvolvimento da nova atividade. Concluídas as próte-
ses, onde serão aplicados outros consumíveis, nomeadamen-
te blocos de cerâmica, resinas, acrílicos e outros, serão fatu-
rados a laboratórios para serem por estes comercializados.
1. Encontrando-se o empresário isento de IVA, como médico
dentista, como criar condições para deduzir o IVA liquidado
na fatura de aquisição de equipamento e das matérias primas,
através da nova atividade? 2. Na faturação das próteses aos
laboratórios liquida IVA com que taxa? 3. Na aplicação das
referidas próteses aos seus clientes, na clínica, liquida IVA?
4. Qual vai ser o novo enquadramento do IVA?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. O exercício de uma nova actividade obriga o sujeito passi-
vo à apresentação de uma declaração de alterações, nos
termos do artigo 32.º do CIVA. Essa declaração deve ser
apresentada em qualquer serviço de finanças ou noutro local
legalmente autorizado, no prazo de 15 dias a contar da data
da alteração. 2. As prestações de serviços efectuados por
estomatologistas, médicos dentistas e odontologistas (artigo
9.º n.º 1 do CIVA) e por protésicos dentários (artigo 9.º,
n.º 3, do CIVA), estão isentas de imposto (IVA). 3. No caso
presente as próteses feitas pelo técnico da especialidade são
para aplicação aos seus pacientes/clientes e para fornecimen-
to a laboratórios que as comercializam. 4. Se as próteses
produzidas foram para aplicação exclusiva aos seus pacientes
na clínica, não há lugar à liquidação do IVA, dada a isenção
prevista no n.º 3 do artigo 9.º do CIVA), nem haverá lugar à
dedução do imposto suportado a montante na aquisição do
material necessário à sua produção. 5. Não sendo as próteses
que fabrica, de exclusiva aplicação nos seus pacientes, sendo
igualmente vendidas a terceiros, nomeadamente laboratórios,
neste caso, há lugar à liquidação de IVA à taxa reduzida de
6% (verba 2.6. da Lista I anexa ao CIVA). Neste caso, tratan-
do-se de sujeito passivo misto, que pratica, em simultâneo,
operações isentas sem direito à dedução e operações tributa-
das que conferem esse direito, o direito à dedução está su-
jeita ao regime do pro-rata previsto na alínea b) do n.º 1 e
n.º 4 do artigo 23.º do CIVA, ou em alternativa ao regime da
afectação real, por opção própria ou por imposição da admi-
nistração tributaria (n.os 2 e 3 do artigo 23.º do CIVA). 6. Na
hipótese da afectação real dos dois sectores (fabrico de pró-
teses e prestações de serviços), deverá liquidar-se IVA sobre a
incorporação das próteses por si fabricadas nos serviços pres-
tados, nos termos da alínea g) do n.º 3 do artigo 3.º. Mas,
nesse caso, haverá direito a dedução de todo o IVA suporta-
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do a montante, no sector tributado no fabrico de próteses (Doutrina do OFCD 69 258, de 03.06.1992, do SIVA). 7. O novo enquadramento do IVA deverá ser estabelecido pela administração tributária no Quadro 10 da declaração de alte-rações, bem como a data a partir da qual entrará em vigor o novo enquadramento.
SP – 2016-07-27
Faturas de adiantamentos
Questão Associado n.º 12234
Emissão uma fatura com adiantamento com IVA. No caso de emissão da fatura final do serviço pelo valor total, como deve ser feito? Emitindo-se Nota de Crédito pelo adiantamento ou pode-se na fatura final acrescentar uma linha a colocar "adiantamento" e deduzir este valor ao total da fatura. Qual é a opção legal neste caso?
Resposta do Assessor Fiscal:
De acordo com a alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º do CIVA, os sujeitos passivos são obrigados emitir factura por cada transmissão de bens ou prestação de serviços, tal como vêm definidas nos artigos 3.º e 4.º, independentemente da quali-dade do adquirente dos bens ou destinatário dos serviços, ainda que estes não a solicitem, bem como pelos pagamentos que lhes sejam efectuados antes da data da transmissão de bens ou da prestação de serviços Por outro lado, determina a alínea c) do n.º 1 do artigo 8.º do Código do IVA, que se a transmissão de bens ou a prestação de serviços derem lugar ao pagamento, ainda que parcial, anteriormente à emissão da factura, o imposto torna-se exigível, no momento do re-cebimento desse pagamento, pelo montante recebido. Deste modo, havendo pagamento antecipado "o imposto é devido e toma-se exigível no momento do recebimento”, devendo o sujeito passivo emitir a correspondente factura, em forma legal, pelo respectivo recebimento. No momento da conclusão da operação, deverá ser emitida uma factura, também ela, igualmente, em forma legal, podendo o imposto ser liquida-do (Informação vinculativa, sancionada por Despacho de 10.02.06, do Subdirector-Geral dos Impostos): a) Sobre a diferença entre o valor da factura final e o valor do adianta-mento, ou; b) Sobre o valor total da operação, na factura final, sendo que, neste caso, o fornecedor poderá regularizar o imposto a seu favor devendo, se assim acontecer, o adqui-rente fazê-lo a favor do Estado, dando-se, nesta situação, cumprimento ao estipulado no artigo 78.º do CIVA, nomea-damente os condicionalismos elencados no n.º 5 e n.º 13 desse normativo. De notar que o fornecedor só poderá regu-
larizar a diferença a seu favor se tiver a prova de que o adquirente tomou conhecimento da retificação.
SP – 2016-07-20
Pagamento por Conta IRS
Questão Associado n.º 7203
Um empresário em nome individual cessou a atividade no dia 30/06/2016. Como tinha cessado e nos termos da b) do n.º 4 do artigo 102.º do CIRS, pensei que não estaria obrigado a efetuar pagamentos por conta do IRS de 2016, uma vez que os mesmos têm vencimentos em Julho, Setembro e Dezembro, ou seja, depois de ter cessado. Questionei o Serviço de Finan-ças de Barcelos e a opinião deles é que o contribuinte tem que efetuar os pagamentos por conta, porque quando entre-gar a declaração modelo 3 referente a 2016 e se houver li-quidação de IRS a pagar, poderá haver coimas e juros por não ter efetuado os respetivos pagamentos.
Resposta do Assessor Fiscal:
1. A obrigação dos pagamentos por conta cessa, efectivamen-te, nos termos da alínea b) do n.º 4 do artigo 102.º do CIRS, quando deixem de ser auferidos rendimentos da categoria B. 2. Contudo, mesmo no caso de cessação, deve acautelar-se o disposto no n.º 6 do mesmo normativo, segundo o qual «Verificando-se, pela declaração de rendimentos do ano a que respeita o imposto (neste caso, 2016), que, em consequência da cessação (...), deixou de pagar-se uma importância superior a 20% da que, em condições normais, teria sido entregue, há lugar a juros compensatórios se a liquidação do imposto do penúltimo ano (2015) tiver sido efectuada até 31 de Maio do ano em que os pagamentos por conta devam ser efectuados (2016) e os sujeitos passivos se mantiverem integrados no mesmo agregado, sendo para o efeito a importância conside-rada em falta imputada em partes iguais ao valor de cada um dos pagamentos devidos».
SP – 2016-07-27
ESNL – IVA
Questão Associado n.º 18257
Uma associação sem fins lucrativos (associação de bombeiros), com regime de IVA trimestral por prestar serviços sujeitos, nomeadamente abastecimentos de água, desentupimento de esgotos, etc tem nas suas instalações uma antena de uma operadora de telecomunicações. Essa antena consome ener-
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gia que vem na fatura de eletricidade da associação. Esse valor é ressarcido à mesma por parte da operadora. A asso-ciação terá que emitir uma fatura. A minha dúvida prende-se com o enquadramento em sede de IVA e IRC.
Resposta do Assessor Fiscal:
1. A situação descrita traduz-se, objectivamente, na renúncia pela operadora de telecomunicações da verba que a associa-ção de bombeiros suporta na factura de electricidade na parte que àquela é consignada. 2. De acordo com a alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º do CIVA, o imposto sobre o valor acrescentado incide sobre as transmissões de bens e as pres-tações de serviços efectuadas no território nacional, a título oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal. 3. Na cir-cunstância, a associação de bombeiros limita-se a receber, objectivamente, um determinado valor que lhe é devolvido pela operadora por espírito de liberalidade, que terá de en-tender-se como um «donativo» na medida em que não se vislumbra a existência de quaisquer contrapartidas comerciais ou outras, para o efeito. 4. Não configurando a situação descrita uma operação de venda de bens nem de prestação de serviço, que deva ser tributada em IVA, não tem a asso-ciação de bombeiros de emitir qualquer factura, devendo, contudo, emitir recibo de quitação da importância recebida. 5. As pessoas colectivas de utilidade pública são isentas de IRC, salvo quanto aos rendimentos empresariais derivados do exercício das actividades comerciais ou industriais desenvolvi-das fora do âmbito dos fins estatutários (n.º 1 do artigo 10.º do CIRC). 6. Não resultando o ganho proveniente do recebi-mento do «donativo», do exercício de qualquer actividade empresarial, e estando a associação certamente abrangida pela isenção prevista no n.º 1 do artigo 10.º do CIRC, então, neste caso, sendo assim, o ganho estará abrangido pela isen-ção pessoal prevista no referido normativo.
SP – 2016-07-29
IVA
Questão Associado n.º 9599
Uma empresa licenciada para o serviço transportes rodoviários de mercadorias por conta de outrem, fez um serviço de tração para uma empresa de recolha de pneus usados para recicla-gem. Isto é, apenas utilizou o seu trator que rebocou um atrelado da empresa sua cliente carregado de pneus usados que esta recolheu de outras empresas produtoras de resíduos (pneus usados). A carga acompanhou a Guia do Ministério do Ambiente emitida em nome daquela empresa (proprietária do reboque e da carga). Neste caso qual a taxa de IVA a aplicar no serviço deste transporte, 6 ou 23%?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. Em termos objectivos a empresa acaba por prestar a uma empresa sua cliente um serviço de transporte de pneus por ela recolhidos para reciclagem. 2. Refere o Despacho vincu-lativo de 22.09.10, do SDG do IVA, que os pneus usados de que o respectivo detentor se desfaça ou tenha a intenção ou a obrigação de se desfazer constituem resíduos, na acepção da alínea u) do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro. 3. Assim, no seguimento da referida doutrina, tratando-se duma prestação de serviços de transporte de pneus usados que não se destinam a reutilização (recauchu-tagem), é a mesma passível de tributação à taxa reduzida de 6%, a que se refere a alínea a) do n.º 1 do artigo 18.º do Código do IVA, por se tratar de serviços prestados abrangi- dos pelo disposto na verba 2.22 da lista I anexa ao mesmo Código.
SP – 2016-07-28
Renting e utilização de viatura para fins pessoais
Questão Associado n.º 20114
Uma empresa adquiriu viaturas ligeiras de passageiros e para as quais celebrou contractos de AOV (aluguer operacional de veículos). Cada viatura será afeta, em permanência, ao traba-lhador que terá um acordo escrito, com menção expressa da possibilidade de utilização para fins pessoais e sem isenção de horário de trabalho. A dúvida prende-se com o cálculo dos 0,75%, isto é, o valor de cada viatura é de 20.300,74 + IVA = 24.969,90 e o valor de cada renda é de 398,15 (IVA incluí- do) × 48 meses = 19.111,20. Assim, sobre que valor devem incidir os 0,75%?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. De acordo com o n.º 9) do n.º 3 do artigo 2.º do CIRS, consideram-se rendimentos do trabalho dependente, «os resultantes da utilização pessoal pelo trabalhador ou mem- bro de órgão social, de viatura automóvel que gere encargos para a entidade patronal, quando exista acordo escrito entre o trabalhador ou membro do órgão social e a entidade pa-tronal sobre a imputação àquele da referida viatura automó-vel». 2. A equivalência pecuniária dos rendimentos em espé-cie, nos casos da atribuição do uso de viatura automóvel pela entidade patronal, é o rendimento anual correspondente ao produto de 0,75% do seu valor de mercado, reportado a 1 de Janeiro do ano em causa, pelo número de meses de utili-zação da mesma (n.º 5 do artigo 24.º do CIRS). 3. Na deter-
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minação desses rendimentos, considera-se valor de mercado o que corresponder à diferença entre o valor de aquisição e o produto desse valor pelo coeficiente de desvalorização acumulada constante da tabela publicada com a Portaria n.º 383/2003, 14.05. Ou seja: Ra = 0,75 % × Vm (reportado a 1 de Janeiro do ano em causa) x n.º de meses de utilização Vm = Va – (Va × Cfdac) Em que: Ra – Rendimento anual tributável Vm – Valor de mercado Va – Valor de aquisição Cfdac – Coeficiente de desvalorização acumulada, conforme tabela da Portaria n.º 383/03, de 14.05.
SP – 2016-08-03
Comissões pagas a não residentes
Questão Associado n.º 7296
A Empresa X, Lda. tem como actividade, aluguer de aparta-mentos para férias. Uma Empresa não residente, através de reserva de apartamentos aufere uma comissão sobre as mes-mas efectuadas no período combinando, entre as partes. Quais as obrigações a que a Empresa X, Lda. está sujeita?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. As comissões pagas por empresa portuguesa a uma em-presa não residente pela intermediação em negócio, conside-ram-se localizadas em território português (artigo 4.º, n.º 3, alínea c), n.º 6) do CIRS), estando o respectivo rendimento sujeito a retenção na fonte à taxa de 25%, a título definitivo (alínea g) do n.º 1, n.º 3, alínea b) do artigo 94.º e n.º 4 do artigo 87.º, ambos do CIRS). Cumpre ao devedor dar cumpri-mento ao disposto no n.º 7 do artigo 119.º do CIRS, por remissão do artigo 128.º do CIRC. 2. Determina a al. a) do n.º 6 do artigo 6.º do Código do IVA, que são tributáveis as prestações de serviço efectuadas a “Um sujeito passivo dos referidos no n.º 5 do artigo 2.º, cuja sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o domicílio, para o qual os serviços são prestados, se situe no território nacional, onde quer que se situe a sede, estabelecimento estável ou, na sua falta, o domicílio do prestador”, o que equivale a dizer que nos ser-viços de intermediação prestados a um sujeito passivo nacio-nal por um sujeito passivo de outro Estado membro, o local de tributação é no território nacional, onde o destinatário dos serviços, se encontra estabelecido. Neste caso, é ao adquiren-te nacional dos serviços de intermediação, na qualidade de sujeito passivo que compete a liquidação do imposto, confor-me alínea e) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA (reverse-charge), imposto esse que terá direito a deduzir, em conformidade com as regras definidas nos artigos 19.º e 20.º do CIVA.
SP – 2016-08-17
Obrigatoriedade do recibo de quitação
Questão Associado n.º 20587
O recibo de quitação, quando não solicitado, não é obriga-tório. Correto? Se sim, qual o artigo ou artigos onde posso sustentar esta afirmação?
Resposta do Assessor Fiscal:
O dever de dar quitação daquilo que se recebe apenas é obri-gatório quando aquele que paga exige o respectivo recibo de quitação. Aquele que cumpre a obrigação pode recusar a pres-tação enquanto a quitação não for dada, assim como pode exigir a quitação depois do cumprimento (artigo 787.º do Có-digo Civil). Por outro lado, de acordo com o disposto no artigo 476.º do Código Comercial “o vendedor não pode recusar ao comprador a factura das coisas vendidas e entregues, com o recibo do preço ou parte do preço que houver reembolsado”.
SP – 2016-08-18
Morada Fiscal Vs Estabelecimento
Questão Associado n.º 18316
Qual a morada que os operadores, empresários em nome individual, devem colocar nas facturas? O artigo 36.º do Código do IVA, diz: “a) Os nomes, firmas ou denominações sociais e a sede ou domicílio do fornecedor de bens ou pres-tador de serviços e do destinatário ou adquirente”. O domi-cílio do fornecedor significa o local onde é prestado o serviço (estabelecimento) ou a morada fiscal (habitação). Um empre-sário em nome individual ao fazer o seu início de actividade, o sistema da AT pergunta se o estabelecimento é igual ao domicílio fiscal, se sim, já não abre nenhum campo, se não, o sistema abre um campo para se colocar a morada do esta-belecimento, é esta a morada a ser colocada nas facturas? Não tem lógica que seja colocada a morada de habitação do empresário, mas sim, a morada onde os serviços são prestados (estabelecimento). Existem algum parecer vinculativo, sobre esta questão?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. As facturas devem conter os elementos elencados no n.º 5 do artigo 36.º do Código do IVA, nomeadamente, os nomes, firmas ou denominações sociais e a sede ou domicílio do fornecedor de bens ou prestador de serviços e do destinatá-rio ou adquirente, bem como os correspondentes números de identificação fiscal dos sujeitos passivos de imposto (alínea
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192 Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016
a) do n.º 5 do artigo 36.º do CIVA). 2. De acordo com o disposto no artigo 19.º, n.º 1, da Lei Geral Tributária (LGT), o domicílio fiscal do sujeito passivo é, salvo disposição em con-trário: a) Para as pessoas singulares, o local da residência habitual; b) Para as pessoas colectivas, o local da sede ou direcção efectiva ou, na falta destas, do seu estabelecimento estável em Portugal. 3. De acordo com o artigo 82.º do Có-digo Civil, a pessoa tem domicílio no lugar da sua residência habitual; se residir alternadamente em diversos lugares, tem-se por domiciliada em qualquer deles. 4. O conceito de do-micílio fiscal a que se refere o n.º 1 do artigo 19.º da LGT, é um domicílio especial que se refere a um lugar determinado para o exercício de direitos e cumprimento dos deveres pre-vistos nas normas tributárias (ver Alberto Xavier, in Manual de Direito Fiscal, I, pág.393). É, por conseguinte um domicílio diferente daquele a que se refere a lei civil. 5. Neste sentido, o empresário em nome individual tem, quanto às relações referentes ao exercício da actividade, domicílio fiscal empre-sarial no lugar onde a actividade é exercida (artigo 83.º da
LGT). É esse domicílio fiscal que os sujeitos passivos, pessoas singulares, nos termos da lei, são obrigados a comunicar à AT (n.º 3 do artigo 19.º da LGT), ou seja, no caso de haver um domicílio empresarial, o domicílio fiscal a declarar é o do local onde a actividade é exercida. 6. Nos casos em que a actividade empresarial é exercida em local diferente do domi-cílio, deve ser preenchido o quadro 23 da declaração de início de actividade. Sendo assim, sempre que estes empresá- rios mudem de domicílio, ou seja, de local onde exercem a actividade (vg. estabelecimento) deverão apresentar uma declaração de alterações nos termos do artigo 32.º do CIVA. 7. Afinal, na factura pode constar a indicação sobre a mora-da correspondente ao local do estabelecimento (domicílio empresarial) a partir do qual a actividade é exercida sem que isso signifique uma alteração do domicílio fiscal. (De acordo com a opinião do Conselho Nacional das Ordens Profissionais, publicada em 20.11.2011, com a qual se concorda).
SP – 2016-08-26
PATROCÍNIOS DE: APOIOS:
Prémio para trabalhos sobre contabilidade financeira e auditoria.Os trabalhos deverão entrar na sede da APOTEC até ao dia 30/11/2016 e candidatam-se aos seguintes prémios.
1.º prémio ................e 1.200,002.º prémio ..................e 600,003.º prémio .................. e 300,00
Para mais informações, os interessados poderão contactar a sede da APOTEC na Rua Rodrigues Sampaio, n.º 50 – 3.º Esq.1169-029 Lisboa • Telf. 21 355 29 00, pelo Fax 21 355 29 09 ou pelo e-mail: [email protected].
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Contabilidade 2016
Cada trabalho premiado receberá também uma escultura, alusiva ao evento.
Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 193
gloSSário do coNtabiliSta
Conta
A palavra “conta” tem ganho um câmbio relevante de signi-ficados ao longo dos tempos; basta ver em qualquer dicioná-rio ou enciclopédia a relação de sinónimos e variantes expos-tos.Do ponto de vista da Contabilidade por partidas dobradas, “conta” é constituída por duas colunas de registos, ordenadas cronologicamente com o Deve à esquerda e o Haver à direita. A diferença entre deve e haver – saldo – pode ser devedor ou credor. No português do século XIV, era côta, e no século XV, comta, já como evolução significante assinalamos, bolinha, missanga, conto; como sinónimos, alçada, computo, despesa. Conta é derivação regressiva do verbo contar. Derivação do latim putarê – julgar, fazer uma conta, contar –, como o italiano contare (século XII), e o francês, compter (séc. XIII). Em Portugal a partir do século XV ganha o significante de narrar, enumerar os detalhes de um acontecimento, (por via popular). Forma histórica do vocábulo “contar”, segundo o IVPM – – António Geraldo da Cunha, Índice do Vocabulário Português Medieval, Fundação Casa Rui Barbosa:1292, comtar, “computar”; século XIII, contar, “narrar”; sécu-lo XIV, côtar, “computar”; século XIV, côtar, “narrar” (Houaiss).
Como já é hábito, os significados aqui apresentados são apenas algumas poucas entradas das muitas que os dicioná-rios e enciclopédias apresentam. Nos dicionários do século XVIII, seguimos a sintaxe da época quando necessário, e actualizámos apenas a morfologia.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – Instituto An-tónio Houaiss de Lexicografia Portuguesa – 2004Acto ou efeito de contar, operação aritmética, anotação de despesas, factura, comunicação, informação.
A Enciclopédia – Editorial Verbo – 2002Acto ou efeito de contar, cálculo, operação aritmética, impor-tância de despesa, factura, estado de débitos e créditos, de pagamentos e recebimentos.Atenção, estima, apreço. Responsabilidade, cargo, cuidado.
Nova Enciclopédia Larousse – Círculo de Leitores – 1997Cálculo de um número, avaliação de uma quantidade.Situação do que é devido ou recebido. Extracto das importâncias devidas a um fornecedor.Relação de uma conta a pagar, factura. Despesa num café restaurante.
Lexicoteca Moderna Enciclopédia universal – Círculo de Leitores – 1987Em contabilidade a conta tem duas colunas – deve e ha- ver –, relacionadas cronologicamente, sendo o saldo a expres-são da diferença entre deve e haver. Em náutica conta é uma escala, graduação de instrumentos náuticos antigos.
Dicionário de Língua Portuguesa – José Pedro Machado – SLP e Amigos do Livro Editores – 1981Acto ou efeito de contar; calculo, computo, operação aritmé-tica. Confrontação de créditos e débitos ou de receita e despesa.Nota do que se deve, lista, rol, importância de despesa, nota.Cautela, sentido, prevenção, atenção. Participação, notícia, narração, relação.Missanga, objecto globular que serve para enfeite ou com que se fazem os rosários.
Dicionário da língua portuguesa composto pelo padre D. Rafael Bluteau, reformado, e acrescentado por Antó-nio de Moraes Silva natural do Rio de Janeiro – 1789Cálculo, computo, fazer a conta das despesas.Narração, acusar, encarregar-se, tomar sobre si.
Vocabulário Português e Latino do Padre Raphael Blu-teau – 1712-1728A contas velhas, baralhas novas, renego de contas com pa-rentes e de dívidas com ausentes.O Rosário da Senhora, como também o Terço e a Coroa, pode-se chamar, preces, rezas, devoções, mas segundo a especulação do Doutor Jerónymo Ribeiro de Carvalho no seu Sermão do Rosário… chamam-se contas.
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regularizando as suas quotas
194 Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016
recorteS
Com a devida vénia...
“Estamos num país sem futuro, velho, doente, cada vez mais fechado
sobre si”
Francisco Moita Flores, Professor Universitário, in “Correio da Manhã” de 2/10/2016
“Não tenho os valores tradicionais da direita. Não sou pateta”
Helena Sacadura Cabral, in “Expresso” de 1/10/2016
“He takes us for idiots”“Ele toma-nos por idiotas”
Colin Powell, ex-Secretário de Estado do Presidente USA George W. Bush, sobre o tratamento
dado a eleitores negros num email pessoal, pelo actual candidato à Presidência USA, Donald Trump,
in “Time” de 3/10/2016
“Se o Governo quiser ser consequente no combate à fraude e evasão fiscal
terá no BE uma parte da maioria capaz de o fazer”
Pedro Filipe Soares, líder do Bloco de Esquerda na Assembleia da República, in “Público” de 30/9/2016
“É uma vítima e não uma oportunista”
Mário David, eurodeputado, falando sobre Kristalina Georgieva, comissária europeia e
candidata a Secretária-geral da ONU, in “Expresso” de 1/10/2016
“Se poupar um bocadinho não tem mal. Agora, se acumularem mais, aí
cuidado. Cuidado porque eles acham mesmo que quem acumula e quem
poupa é mau”
Pedro Passos Coelho, chefe da oposição na Assembleia da República e Presidente do PSD, referindo a proposta
de novo imposto para proprietários com património avaliado acima dos 500 mil euros,
in “Agência Lusa” de 2/10/016
“Se algo floresce em Portugal, o poder político gosta de meter a pata”
João Pereira Coutinho, jornalista, in “Correio da Manhã” de 2/10/2016
“Economia portuguesa deverá crescer entre 1% e 2% nos próximos anos”
Miguel Frasquilho, Presidente da AICEP, in “Vida Económica” de 14/10/2016
Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 195
legiSlação
DIA 10:
IVA: Envio da declaração mensal referente ao mês de se-tembro de 2016 e anexos.
IRS/IRC/SEGuRANçA SOCIAL: Declaração de rendimentos pagos e de retenções, deduções, contribuições sociais e de saúde e quotizações, referentes a outubro de 2016 (trabalho dependente).
SEGuRANçA SOCIAL: Entrega das Declarações de Remune-rações referentes a Outubro de 2016 por transmissão ele-trónica de dados.
BANCO DE PORtuGAL: Disponibilização COL na Aplicação de Recolha.
DIA 15:
IVA: Envio da declaração trimestral referente ao 3.º tri-mestre de 2016 e anexos.
IRS: Entrega da Declaração Modelo 11, por transmissão eletrónica de dados, pelos Notários e outros funcionários ou entidades que desempenhem funções notariais, bem como as entidades ou profissionais com competência para autenticar documentos particulares que titulem atos ou contratos sujei-tos a registo predial, ou que intervenham em operações previstas nas alíneas b), f) e g do n.º 1 do artigo 10.º, das relações dos atos praticados no mês anterior, suscetíveis de produzir rendimentos.
IMt: Os notários e outros funcionários ou entidades que desempenhem funções notariais, bem como as entidades e profissionais com competência para autenticar documentos particulares que titulem atos ou contratos sujeitos a registo predial, devem submeter, até ao dia 15 de cada mês, à Dire-ção-Geral dos Impostos, os seguintes elementos:
a) Em suporte eletrónico (Modelo11), uma relação dos atos ou contratos sujeitos a IMT, ou dele isentos, efetuados no mês antecedente, contendo, relativamente a cada um desses atos, o número, data e importância dos documentos de cobrança ou os motivos da isenção, nomes dos contratantes, artigos matriciais e respetivas freguesias, ou menção dos prédios omissos;
b) Cópia das procurações que confiram poderes de alienação de bens imóveis em que por renúncia ao direito de revogação ou cláusula de natureza semelhante o representado deixe de poder revogar a procuração, bem como dos respetivos subs-tabelecimentos, referentes ao mês anterior; c) Cópia das escrituras ou documentos particulares autentica-dos de divisões de coisa comum e de partilhas de que façam parte bens imóveis.
Mapa das Obrigações Fiscais e parafiscais de Novembro de 2016
Declaração Intrastat: Envio da informação referente ao mês de outubro.
Entrega da contribuição sobre o setor energético calcu-lada sobre os ativos fixos tangíveis e intangíveis pelas pessoas singulares ou coletivas que integrem o setor energético na-cional a 1 de janeiro de 2014.
DIA 21:
IVA: Envio da declaração recapitulativa por transmissão eletrónica de dados, pelos sujeitos passivos isentos ao abrigo do artigo 53.º do Código do IVA que tenham efe-tuado prestações de serviços noutros Estados Membros, no mês de Outubro, quando tais operações sejam aí localizadas nos termos do artigo 6.º do Código do IVA.
IVA: Entrega da Declaração Recapitulativa por transmis-são eletrónica de dados, pelos sujeitos passivos do re-gime normal mensal que tenham efetuado transmissões intracomunitárias de bens e/ou prestações de serviços noutros Estados Membros, no mês anterior, quando tais operações sejam aí localizadas nos termos do art.º 6.º do CIVA, e para os sujeitos passivos do regime normal trimestral quando o total das transmissões intracomunitárias de bens a incluir na declaração tenha no trimestre em curso (ou em qualquer mês do trimestre) excedido o montante de € 50.000.
IVA: Entrega da Declaração Modelo P2 ou da guia Mo-delo 1074, pelos retalhistas sujeitos ao regime de tributação previsto no art. 60.º do CIVA, consoante haja ou não impos-to a pagar, relativa ao 3.º trimestre.
IMPOStO DE SELO: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior, para efeitos de Imposto do Selo (Outubro 2016).
SEGuRANçA SOCIAL: Entrega, entre os dias 10 e 20, das contribuições relativas às remunerações do mês anterior (Ou-tubro de 2016).
IRC: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior, para efeitos de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC) (Outubro 2016).
IRS: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior, para efeitos de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singula-res (IRS) (Outubro 2016).
FCt ou (ME) e FGCt – Entregas: Pagamento das entregas para o Fundo de Compensação do Trabalho (FCT) ou Meca-nismo Equivalente (ME) e para o Fundo de Garantia de Com-pensação do Trabalho (FGCT) relativas ao mês de outubro, entre os dias 10 e 20.
BANCO DE PORtuGAL: Prazo de reporte COPE - EMPRESAS
196 Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016
Últimas Novidades Legislativas
Decreto Legislativo Regional n.º 21/2016/A, de 17/10: Cria a derrama regional a vigorar na Região Autónoma dos Açores e aprova o respetivo regime jurídico.
Ofício Circulado n.º 10002/2016, 14/10:Caducidade do direito à liquidação de impostos rela-tivos ao ano/período de 2012.
Proposta de Lei n.º 37/XIII, 13/10:Orçamento do Estado para 2017.
Decreto-Lei n.º 64/2016, de 11/10:No uso da autorização legislativa concedida pelos n.os 1, 2 e 3 do artigo 188.º da Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março, regula a troca automática de informa-ções obrigatória no domínio da fiscalidade e prevê regras de comunicação e de diligência pelas institui-ções financeiras relativamente a contas financeiras, transpondo a Diretiva n.º 2014/107/UE, do Conselho, de 9 de dezembro de 2014, que altera a Diretiva n.º 2011/16/UE.
Declaração de Rectificação n.º 19/2016, de 10/10:Declaração de retificação à Lei n.º 34/2016, de 24 de agosto, que elimina a obrigatoriedade de apresenta-ção quinzenal dos desempregados (oitava alteração ao Decreto-Lei n.º 220/2006, de 3 de novembro, que estabelece o regime jurídico de proteção social da
DIA 25:
IVA: Comunicação dos elementos das faturas referentes a outubro de 2016.
DIA 30:
IVA: Entrega, por transmissão eletrónica de dados, do pedido de restituição de IVA pelos sujeitos passivos cujo imposto suportado, no próprio ano, noutro Estado Membro ou país terceiro (neste caso em suporte de papel), quando o montante a reembolsar for superior a 400,00 euros e respei-tante a um período de três meses consecutivos.
IRS/IRC: Declaração de rendimentos pagos ou colocados à disposição de sujeitos passivos não residentes (Modelo 30) em setembro de 2016.
IMPOStO DE SELO: Pagamento da 2.ª prestação do Im-posto do Selo previsto na verba 28 da tabela Geral refe-rente ao ano anterior, se superior a 250,00€ e igual ou inferior a 500,00€ ou da 3.ª prestação, se superior a 500,00€.
IuC: Liquidação, por transmissão eletrónica de dados, e pa-gamento do Imposto Único de Circulação relativo aos veículos cujo aniversário de matrícula ocorra no mês de novembro.
IMI: Pagamento da 2.ª prestação do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), referente ao ano anterior, se superior a 250,00€ e igual ou inferior a 500,00€ ou da 3.ª pres-tação, se superior a 500,00€.
IMI: Envio pelas câmaras municipais, por transmissão eletró-nica, dos elementos relativos à constituição, aprovação, alte-ração ou receção, ocorridas no mês anterior:– Alvarás de loteamento, licenças de construção, plantas de arquitetura das construções correspondentes às telas finais, licenças de demolição e de obras, pedidos de vistorias, datas de conclusão de edifícios e seus melhoramentos ou da sua ocupação, bem como todos os elementos necessários à ava-liação dos prédios;– Plantas dos aglomerados urbanos à escala disponível donde conste a toponímia;– Comunicações prévias de instalação, modificação ou encer-ramento de estabelecimentos previstos no n.º 1 do artigo 2.º do Dec-Lei n.º 48//2011, de 1 de abril, efetuadas nos termos daquele diploma;– Licenças de funcionamento de estabelecimentos afetos a atividades industriais.
IRS/IRC – VALORES MOBILIÁRIOS: Entrega da Modelo 4 – Entrega da declaração de aquisições e/ou alienação de
valores mobiliários – esta declaração é de entrega obrigató-ria pelos alienantes e adquirentes de valores mobiliários quando a respetiva transmissão tenha sido realizada sem a intervenção de instituições de crédito, sociedades financei-ras, notários, conservadores, secretários judiciais, secretários técnicos de justiça e entidades e profissionais com compe-tência para autenticar documentos particulares, nos 30 dias subsequentes à realização das operações sobre valores imo-biliários.
Nota: A informação encontra-se disponível mensalmente em www.apotec.pt. Se durante o mês ocorrerem alterações as datas supra indicadas, a APOTEC não se responsabiliza pelas mesmas.
Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 197
António Moreira Barbosa de Melo (1932-2016)
Professor universitário, especialista em Direito Administrativo, constitucionalista, foi fundador do PPD actual PSD, em 1974, juntamente com Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balse-mão e Joaquim Magalhães Mota.Integrou a Comissão para a elaboração da Lei Eleitoral para a Assembleia Constituinte, em 1974. Em 1991 foi eleito o 9.º presidente da Assembleia da República, funções que exer-ceu até 1995. Foi ainda membro do Conselho de Estado, de 1985 até 2005.No que respeita à APOTEC, foi um bom amigo da nossa asso- ciação que nos tempos difíceis dos anos 80, muito nos ajudou defendendo a inconstitucionalidade de determinados artigos do Código da Contribuição Industrial e do Código do Imposto de Transacções, que punham em causa a dignidade do exercício da profissão de técnico de contas, o que veio a ter total aco-lhimento com o Acórdão 282/86 do Tribunal Constitucional. À família enlutada os nossos mais sinceros pêsames.
António Domingues de Azevedo (1950-2016)
Deputado pelo Partido Socialista durante três mandatos, foi Presidente e Vice-Presidente da Comissão Instaladora da Associação dos Técnicos Oficiais de Contas e Presidente da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas de 1999 a 2009. Desde 2010 foi Bastonário, primeiro da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas e depois da Ordem dos Contabilistas Cer-tificados, tendo falecido devido a doença prolongada. Apresentamos as nossas sinceras condolências, à família enlutada e à Ordem dos Contabilistas Certificados.
obituário
eventualidade de desemprego dos trabalhadores por con-ta de outrem)
Ofício Circulado N.º: 15532, 07/10: Nova codificação de documentos de origem das merca-dorias.
Portaria n.º 261/2016, de 07/10:Finanças e Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: Determina os valores dos coeficientes a utilizar na atuali-zação das remunerações de referência que servem de base de cálculo das pensões de invalidez e velhice do sistema previdencial e das pensões de aposentação, reforma e invalidez do regime de proteção social convergente.
Portaria n.º 259/2016, de 04/10:Portaria que regulamenta os procedimentos do REAID.
Aviso n.º 103/2016, de 04/10:Torna público que foram emitidas notas, em que se co-munica terem sido cumpridas as formalidades constitucio-nais internas de aprovação da Convenção entre a Repú-blica Portuguesa e o Reino da Arábia Saudita para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento, assinada em Lisboa a 8 de abril de 2015.
Declaração de rectificação n.º 18/2016, 03/10:Presidência do Conselho de Ministros – Secretaria-Geral: Retifica o Decreto Regulamentar n.º 3/2016, de 23 de agosto do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social que estabelece o regime do subsídio por frequência de esta-belecimentos de educação especial, revogando os Decre-tos Regulamentares n.os 14/81, de 7 de abril, e 19/98, de 14 de agosto, publicado no Diário da República, n.º 161, 1.ª série, de 23 de agosto de 2016.
legiSlação
198 Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 2016
aPotec em NotíciaS
Ainda no seguimento das várias informações que nos têm chegado sobre a não conformidade de procedimentos/divul-gações por parte da Ordem dos Contabilistas Certificados, no que respeita à questão da formação, tendo em conta as disposições da Lei n.º 139/2015, a Lei n.º 2/2013 e as decisões judiciais que culminaram no Acórdão n.º 875/2014 do Tribu-nal Constitucional, a APOTEC deu conhecimento junto do Ministério Público e da Autoridade da Concorrência (AdC), ao que esta deu o respectivo provimento no termos da legislação em vigor.Aproveitamos para reproduzir na íntegra o Comunicado da Autoridade da Concorrência de 2014 sobre o Acórdão do Tribunal Constitucional que fez transitar em julgado esta questão:
Comunicado 16 /2014 tribunal Constitucional confirma decisão da AdC que abre mercado da formação obrigatória dos técnicos
Oficiais de Contas
O Tribunal Constitucional (TC) rejeitou a reclamação da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC), confirmando-se as-sim, a condenação por restrição das regras da concorrência no mercado da formação obrigatória dos Técnicos Oficiais de Contas (TOC) decidida pela Autoridade da Concorrência (AdC).Depois do acórdão do Tribunal Constitucional ficam esgotadas todas as vias de recurso para a OtOC, que se vê obrigada
A formação e os profissionais
a alterar as normas do Regulamento declaradas nulas(*), a pagar uma coima no valor de 90 mil euros e a publicar um extrato da sentença em dois jornais de circulação nacional.A Autoridade da Concorrência tinha condenado a OTOC, em maio de 2010, por ter aprovado e aplicado um regulamento de formação contínua obrigatória e remunerada para os Téc-nicos Oficiais de Contas, o Regulamento de Formação de Créditos.Na prática, este regulamento restringia gravemente a presta-ção da formação obrigatória para o exercício da profissão de TOC por qualquer outra entidade, que não a OTOC.A decisão de condenação tinha já sido confirmada pelo Tri-bunal de Comércio de Lisboa, que reduziu a coima aplicada pela AdC, e pelo Tribunal da Relação de Lisboa, ao considerar que a OTOC tinha violado as normas nacionais e europeias do direito da concorrência.Também o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) pro-feriu um acórdão que confirmou a interpretação da AdC.Segundo o TJUE, um regulamento como o criado pela OTOC, constitui uma restrição de concorrência proibida pelo artigo 101.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE).
22 de dezembro de 2014
Fonte: http://www.concorrencia.pt/vPT/Noticias_Eventos/Comunicados /Paginas/Comunicado_AdC_201416.aspx?lst=1&Cat=2014
(*) destaque nosso
Calendário de exames de avaliação profissional da Ordem dos Contabilistas Certificados
De acordo com a informação disponibilizada pela Ordem dos Con-tabilistas Certificados no seu site, as datas dos exames profissionais a realizar em 2017 são as seguintes:
1.º Exame: 18 de Fevereiro2.º Exame: 3 de Junho3.º Exame: 14 de Outubro
A APOTEC há semelhança dos anos anteriores vai promover cursos de preparação para estes exames. Dentro em breve serão divulgadas as datas destes cursos, podendo os candidatos desde já efectuarem a pré-inscrição nos mesmos.As pré-inscrições estão disponíveis em http://www.apotec.pt/pt/ formacao/curso-de-preparacao-exames-cc/
Reuniões mensais 2016 Secção Regional de Braga
Lembramos os Associados que as reuniões livres e gratuitas da Secção Regional de Braga da APOTEC, são realizadas na sala 58 do Centro Comercial Cruz de Pedra, sito na Rua Cruz de Pedra, 96 em Braga. Decorrem das 21h30m às 23h00, assessora-das pelo Dr. José Soares Roriz.A última reunião deste ano está agendada para o dia 28 de Novembro.
Jornal de Contabilidade. Setembro/Outubro 199
A convite da Escola Superior de Tecnologia e Gestão e da Unidade de Investigação Aplicada em Gestão do Instituto Politécnico de Bragança, a APOTEC esteve presente no XVII Encontro AECA, realizado nos dias 22 e 23 do passado mês de setembro.A nossa Associação foi representada pelo presidente da Dire-ção da Secção Regional do Porto, António Jorge Ribeiro.A AECA, Associación Española de Contabilidad y Administra-ción de Empresas, que realiza estes seus congressos em Por-tugal com alguma frequência, propôs, para este de 2016, o tema «Desenvolvimento Sustentável. Novos Desafios para a Contabilidade e a Gestão», tendo acorrido um grande núme-ro de associados e de interessados da vizinha Espanha e uma representação portuguesa significativa.
XVII encontro AeCA 2016 em Bragança
As sessões paralelas que se realizaram na Sala patrocinada pela APOTEC foram dinamizadas por representantes dos Ins-titutos Politécnicos de Bragança, do Cávado e Ave, da Guar-da, de Leiria e de Coimbra, e das Universidades Industrial de Santander, Autónoma de Madrid, de Vic, Lusíada-Norte, da Extremadura e Estadual de Paraíba.Em tempos de uma controversa relação entre a especulação financeira e os negócios na economia real, os temas desen-volvidos nas jornadas revestem-se de uma enorme atualidade, pelo que estão de parabéns a AECA e o Instituto Politécnico de Bragança que se esmeraram de forma inexcedível na or-ganização do evento.
50% de descontoem Formação paraDesempregados No apoio aos
Associados
No espirito de apoio e entreajuda aos Associados, a Direcção da APOTEC decidiu atribuir o benefício de 50% de desconto, nas inscrições em Acções de Formação*, aos Associados que se encontrem em situação de desemprego.
Para o efeito é apenas necessário comprovativo do Centro de Emprego.
* Acções de Formação limitadas a 6h (1 dia)
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