cana - novembro 05 - infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/aula15/att00820.pdf · até...

11

Upload: dangthien

Post on 13-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,
Page 2: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,
Page 3: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,

Invasoras - Cana - Novembro 05 • 3

Menos invasoras,mais dinheiroUma lavoura sem controle eficaz de plantas daninhas pode sofreraté 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento críticode interferência é a melhor forma de realizar o controle e evitar acompetição por nutrientes e água essenciais à cultura, abrindoespaço para o desenvolvimento ideal da planta

Oplantio da cana-de-açúcar,em áreas comerciais nãoirrigadas, ocorre na época das

chuvas, sendo que para condições do es-tado de São Paulo esse período se estendede setembro a fevereiro. Entre setembroe novembro, faz-se o “plantio de 12 me-ses”, e entre dezembro e fevereiro, o “plan-tio de 18 meses”.

A cana plantada na primavera, de se-tembro a novembro, tem brotação, perfi-lhamento e crescimento mais intensos atéabril, quando inicia-se o período mais seco,com decréscimo de temperatura, propor-cionando, assim, a maturação. Após atin-gir o máximo em acúmulo de sacarose, acana-de-açúcar pode florescer e perder sa-carose, podendo acamar e soltar brotos la-terais. Assim, o plantio de 12 meses é pla-nejado para que a cana seja colhida no fi-nal da próxima safra (Figura 1).

A cana plantada no verão, de dezem-bro a fevereiro, tem um ciclo vegetativomais intenso no início da brotação e perfi-lhamento, mas fica estagnado no períododo outono e inverno, devido às menoreschuvas e temperaturas. Entretanto, quan-do se iniciam a primavera e o verão se-guinte, as temperaturas mais elevadas eas ocorrências de chuvas estimulam no-

vamente o crescimento da cana, que po-derá ser colhida a partir do meio da próxi-ma safra. Assim, o plantio de 18 meses éplanejado para que a cana seja colhida apartir do meio da safra subseqüente (Fi-gura 2).

As chuvas mais intensas e as tempe-raturas mais elevadas da primavera e ve-rão beneficiam a brotação e o perfilhamen-to da cana, bem como a formação dos col-mos, e, ao mesmo tempo, também a ger-minação das plantas daninhas.

As condições de pluviosidade etemperaturas adequadas estimulam agerminação das sementes das plantasdaninhas no solo, e essas passam aformar a comunidade infestante, que,segundo Azzi & Fernandes (1968),passam a disputar com a cultura porágua, nutrientes, luz e espaço.

Esse período de convivência entrecana-de-açúcar e plantas daninhas, geral-mente, proporciona prejuízo à cultura. Aintensidade dos prejuízos está relacionadaàs espécies que compõem a comunidadeinfestante. Geralmente, quando a comu-nidade infestante é constituída na suamaioria por gramíneas, os prejuízos sãomaiores. Essas plantas possuem uma no-tável capacidade extratora de nutrientes e

água do solo, além de algumas espéciesatingirem porte elevado e prejudicarem acultura quanto ao aproveitamento de luz.Entretanto, algumas espécies de dicotile-dôneas também são notáveis competido-ras, especialmente quanto à extração denutrientes do solo, como por exemplo, ocaruru (Amaranthus spp.).

É muito importante conhecer o perí-odo em que a comunidade infestante podeconviver com a cana-de-açúcar sem cau-sar prejuízos ao perfilhamento, formaçãode colmos, composição tecnológica e pro-dução. Esse período de convivência é vari-ável; em teoria, qualquer cultura possuium período mais sensível durante o qualas plantas daninhas podem causar prejuí-zos. s

Para cana-de-açúcar, em plantio de 18meses, o período crítico está entre o 2o e o4o mês após o plantio, enquanto que, paracana de plantio de 12 meses ou soqueira,está entre o 2o e o 3o mês após plantio oucolheita, respectivamente (Figura 3).

Na literatura, como para Arevalo etal. (1977), o período crítico inicia-se a par-tir dos 60 dias da aparição da brotação dacana-planta e estende-se até aos 120 dias,enquanto que para Blanco (1981b) o pe-ríodo está compreendido entre o 18° até

Menos invasoras,mais dinheiroUma lavoura sem controle eficaz de plantas daninhas pode sofreraté 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento críticode interferência é a melhor forma de realizar o controle e evitar acompetição por nutrientes e água essenciais à cultura, abrindoespaço para o desenvolvimento ideal da planta

José

Fra

ncis

co G

arci

a

Page 4: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,

4 • Novembro 05 - Cana - Invasoras

66° dia após a emergência da cultura.Na prática, é difícil mantermos a cana

na ausência das plantas daninhas apenasno período crítico. Nesse sentido, Pitelli& Durigan (1984) comentam que o con-trole pode ser feito desde o período anteri-or à competição (PAI), além do períodocrítico de prevenção à interferência(PCPI), conforme a Figura 4. Assim, comoexistem diferenças de velocidade de cres-cimento entre os cultivares, o controle paracana-de-açúcar após o plantio pode serfeito até os 120 dias.

Os estudos sobre período de convivên-cia entre plantas daninhas e cana-de-açú-car são funcionais, desde que o espaçamen-to (1,30 a 1,50 m) e a época de plantio(setembro a fevereiro) sejam respeitados.O aumento no espaçamento pode resul-tar em mais luz dentro do talhão, com con-seqüente infestação na cultura, entretan-to, a redução no espaçamento pode preju-dicar a cultura com a competição interes-pecífica (entre a própria cultura). O plan-tio na época recomendada proporcionatemperaturas mais elevadas e ocorrênci-as de chuvas que estimulam o rápido cres-cimento e perfilhamento da cana, comconseqüente sombreamento do solo e re-dução de plantas daninhas.

A respostas desses estudos podem serobservadas em diferentes trabalhos e ge-ralmente confirmam a teoria proposta nosestudos descritos acima. Nesse sentido,pode-se observar no trabalho de Rolim &Christoffoleti (1982a) que, em cana-plan-ta de ano, a competição de uma comuni-dade infestante composta principalmentepor Brachiaria plantaginea e Digitaria san-guinalis passou a ser crítica à cultura a par-tir dos 30 dias após plantio, sendo que osautores não observaram efeitos prejudici-ais à cultura quando mantiveram-na 90dias, após plantio, sem competição.

Os efeitos da matoinfestação durantetodo o ciclo da cultura foram estudadospor Graciano & Ramalho (1983), que ob-servaram perdas de 83,1% na produçãoagrícola e de 83,6% na Pol/ha, em relaçãoà cultura capinada. Quando a competi-ção ocorreu no período crítico da cultura,as perdas atingiram 30,9 e 33,1% para pro-dução agrícola e Pol/ha, respectivamente.No trabalho de Rolim & Christoffoleti(1982a) foram observadas perdas de 85,5%na produção agrícola quando não se con-trolou a infestação de plantas daninhas.Coleti et al. (1984) observaram perdas deaté 23 t/ha, quando abandonaram a cul-tura à livre ocorrência de plantas daninhas.Blanco et al. (1984) verificaram que umadensidade de 32 indivíduos/m2 de uma co-munidade infestante composta por gramí-neas e dicotiledôneas causou 26,7% dequeda na produtividade agrícola, mas nãoalterou os teores de fibra e os valores de

Brix, Pol, Pureza e Açúcares Redutores no cal-do.

As plantas daninhas, além dos prejuízoscausados pela competição, também podem serhospedeiras de patógenos que causam doen-ças à cultura da cana-de-açúcar. Na Tabela 1podem-se observar as plantas daninhas de mai-ores ocorrências e os possíveis patógenos cau-sadores de doenças que elas podem hospedar.

Nesse sentido, temos que optar por umcontrole, que deve ser manejado na época cor-reta para evitar as perdas de produtividade.

MISTURA DE PRODUTOSO produtor deve saber distinguir mistura

de tanque, mistura formulada e adição de ad-juvantes.

A mistura em tanque é a adição de doisou mais herbicidas diretamente no tanque depulverização, sendo essa prática proibida peloMinistério da Agricultura. Essas misturas,além de causarem efeitos aditivos, antagôni-cos e sinérgicos, podem causar problemas de

incompatibilidade entre produtos, comconseqüente sedimentação no fundo dotanque. Entretanto, a mistura em tanquetambém pode ser bem sucedida e otimi-zar tempo e recursos do produtor.

A mistura em tanque é uma práticausada em muitos países por otimizar asaplicações e proporcionar simultaneamen-te o controle de diferentes plantas dani-nhas, pragas ou doenças. Essas misturastambém podem compreender a misturaentre herbicida e inseticida, inseticida efungicida etc.

Na cultura da cana-de-açúcar, o es-pectro de plantas daninhas que infestamos canaviais é muito grande, sendo quecada espécie apresenta características ana-tômicas, morfológicas e fisiológicas própri-as. Essas características conferem às plan-tas daninhas tolerância variada aos herbi-cidas. Um mesmo herbicida não conse-gue controlar todas as plantas daninhas,gramíneas e folhas largas, e ao mesmo tem-

Figura 1. Esquema do ciclo vegetativo da cana-de-açúcar –plantio de 12 meses. Instituto Agronômico, Ribeirão Preto (SP)

Figura 2. Esquema do ciclo vegetativo da cana-de-açúcar –plantio de 18 meses. Instituto Agronômico, Ribeirão Preto (SP)

Page 5: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,

Invasoras - Cana - Novembro 05 • 5

po ser seletivo à cana-de-açúcar. Assim,na tentativa de obter o controle do maiornúmero de espécies de plantas daninhas,muitos produtores fazem misturas de her-bicidas no tanque de pulverização.

Entretanto, na mistura entre dois

herbicidas podem-se prejudicar seria-mente a eficiência de controle, a seleti-vidade à cultura e as questões relacio-nadas ao meio ambiente.

A eficiência de controle pode ser inal-terada, aumentada ou diminuída devido

à mistura entre dois herbicidas. Assim,quando a mistura entre dois herbicidas nãoaltera a eficiência de controle de ambos osprodutos, denominamos de efeito aditi-vo; quando a mistura aumenta a eficiên-cia de um dos produtos ou de ambos, de-nominamos de efeito sinérgico; quando amistura diminui a eficiência de um dosprodutos ou de ambos denominamos deefeito antagônico (Figura 5).

A seletividade dos herbicidas à cana-de-açúcar, em mistura, pode ser inaltera-da, ou pode passar a ser tóxica à cultura.O potencial herbicida aumentado para umdeterminado produto, quando misturadocom outro herbicida, pode proporcionarexcelente eficiência de controle, conheci-do por efeito sinérgico. Entretanto, essepotencial herbicida aumentado tambémpode prejudicar a cultura, diminuindo aseletividade de ambos herbicidas da mis-tura ou de apenas um deles.

No meio ambiente, ambos herbicidasda mistura, ou apenas um deles, podemsofrer alterações que possibilitem lixivia-ção, volatilização, aumento da toxicidadee persistência no solo etc. Nesse caso, am-bos os produtos misturados ou apenas umdeles podem não ter apresentado prejuízoà eficiência de controle e seletividade, master se tornado extremamente tóxico aomeio ambiente e ao homem.

As misturas formuladas são de usopermitido e são produzidas nas fábricas,chegando ao produtor como um únicoproduto. Esse tipo de mistura não causaos problemas de incompatibilidade entreherbicidas, efeitos aditivos, sinérgicos eantagônicos. Outra questão é que, comessa mistura, o produtor também não temo risco de alterar as proporções das dosesde cada herbicida.

Para cana-de-açúcar existem diversasmisturas formuladas de diferentes fabri-cantes para diferentes espécies de plantasdaninhas (Tabela 2).

Os adjuvantes têm permissão para se-rem adicionados à calda, sempre seguin-do a recomendação do fabricante do her-bicida. Existem herbicidas que podem tera dose reduzida quando se utiliza adju-vante junto à calda, entretanto, outros her-bicidas não necessitam de adição de adju-vante.

Existem dois grupos de adjuvantes,aqueles que podem melhorar a área decontato sobre a folha, por possuírem a ca-pacidade de modificar as propriedades desuperfície dos líquidos, e os aditivos de cal-da. Os adjuvantes do primeiro grupo sãoconhecidos como surfactantes e classifi-cados em espalhantes, molhantes ouumectantes, aderentes, emulsificantes,dispersantes e detergentes. Os adjuvan-tes do segundo grupo são os aditivos queagem diretamente sobre a cutícula da fo-

Figura 3. Esquema de período crítico para cana-de-açúcar.Instituto Agronômico, Ribeirão Preto (SP)

Figura 4. Esquema do período de controle de plantas daninhas em cana-de-açúcar para as condiçõesde plantio 18 meses, plantio 12 meses e cana-soca. Instituto Agronômico, Ribeirão Preto (SP)

Page 6: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,

6 • Novembro 05 - Cana - Invasoras

Seja qual for o tipo de controle, apenas vai diminuira incidência das infestantes durante certo período

Principais plantas daninhas e possíveis patógenos hospedeiros

Tabela 1 Nome comum, científico e possível patógeno hospedeiro em algumas plantas daninhas

AZANIA & AZANIA adaptado de Sanguino (1982) in: Procópio et al. (2003). * sem informação.

Nome comum

Capim-braquiáriaCapim-colonião

Capim-colchãoCapim-marmeladaCapim-carrapichoCapim-pé-de-galinhaGrama-sedaCapim-massambará

Capim-falso-massambaráTiriricaTiriricãoCorda-de-violaCaruruBeldroegaTrapoerabaFalsa-serralhaSerralhaMentrastoLeiteiroNabiçaPoaia-brancaCarrapicho-de-carneiroPicão-pretoGuanxumaCapim-fino, capim-angolaCapim-de-rodesCapim-cidreiraCapim-arrozCapim-arrozCapim-açú-da-baíaCapim-jaraguáCapim-nungaCapim-forquilhaCapim-das-roçasCapim-das-roçasCapim-elefante

Capim-oferecidoCapim-favoritoCapim-camaloteSorgoCapim-rabo-de-raposa

Capim-canoão

Nome científico

Brachiaria decumbensPanicum maximum

Digitaria sanguinalisBrachiaria plantaginea

Cenchrus echinatusEleusine indica

Cynodon dactylonSorghum halepense

Sorghum harundinaceumCyperus rotundusCyperus esculentus

Ipomoea spp.Amarathus spp.

Portulaca oleraceaeCommelinabengalensis

Emilia sonchifoliaSonchus oleraceus

Ageratum conyzoidesEuphorbia heterophyllaRaphanus raphanistrumRichardia brasilliensis

Acanthospermum hispidumBidens pilosa

Sida spp.Brachiaria purpuracens

Chloris gayanaCymbopogon citratusEchinochloa colonumEchinochlooa crusgalli

Eragrotis bahiensisHyparrhenia rufa

Leptochloa filiformisPaspalum conjugatumPaspalum dilatatum

Paspalum malacophylumPenninsetum purpureum

Penninstum setosumRhynchelitrum roseum

Rottboellia exaltataSorghum bicolor

Setaria geniculata

Setaria poiretiana

Patógenos

*Raquitismo, estria vermelha,

escaldadura, gomoseMosaico, estria vermelha

Mosaico*

Estria vermelha, mosaico*

Estria parda, mosaico, estria vermelha,raquitismo, gomose, podridão vermelha

****************

Raquitismo, gomoseRaquitismo

Mancha-ocular, escaldaduraRaquitismo

Mosaico, estria-pardaMosaicoMosaico

Podridão vermelhaEstria vermelha

Escaldadura, estria vermelhaMosaico

Mosaíco, estria vermelha, escaldadura,mancha ocular, gomose, raquitismo

MosaicoRaquitismo, estria vermelha

MosaicoMosaico

Podridão de fusarium, pokka-boeng,estria parda, estria vermelha, mosaico

Mosaico

lha, sendo mais conhecidos os óleos, sul-fato de amônio e uréia.

MANEJO E CONTROLEExistem diferentes tipos de controle

de plantas daninhas, mas, seja qual ele for,apenas vai diminuir a incidência da co-munidade infestante durante certo perío-do. Não existe método que erradique asplantas daninhas da área, apenas diminu-em a incidência das mesmas.

Segundo Deuber (1997), os manejosusados para controle de plantas daninhassão: preventivo, manual, cultural (rotaçãode culturas, consorciação, manejo popu-lacional, manejo de palha), mecanizado,químico (costal, tratorizado, aéreo) e acombinação entre dois ou mais manejos.

Não existe método que seja o melhorpara controlar as plantas daninhas, mui-tas vezes, o melhor controle se faz pela in-teração entre os métodos, principalmentequando se consegue reduzir custos. Emcana-de-açúcar, entre todos os métodos, oquímico é mais usual principalmente emfunção da praticidade, economia e rapi-dez da aplicação. Entretanto, o controlequímico é apenas um dos métodos de con-trole, e os demais métodos não devem seresquecidos.

CANA-PLANTA (ÁREAS NOVAS)No caso de lavouras em implantação,

ou seja, aquelas que terão a cana-de-açú-car plantada pela primeira vez na área, ocontrole estará atrelado à cultura cultiva-da anteriormente.

No caso de áreas de pastagens paraplantio de cana-de-açúcar, pode-se optarpelo controle mecânico, especialmente asgrades, para destruição das gramíneas.Então, após a emergência das plantas da-ninhas, quando estas atingirem entre 10a 15 cm, pode-se fazer uso do controlequímico, aplicando-se de preferência umherbicida não seletivo.

Essas duas operações não necessaria-mente devem ser realizadas uma única vez,mas duas ou até três vezes. Embora pos-sa parecer desperdício de tempo e recur-sos, essa prática vai proporcionar a redu-ção do banco de sementes da área ,e con-seqüentemente o produtor terá menoresproblemas com emergência de plantas da-ninhas após o plantio.

Após a dessecação das plantas dani-nhas, independente do número de vezesque o produtor usou o controle mecânicoseguido do químico, pode-se realizar oplantio da cana-de-açúcar e em seguidaintervir novamente com o controle quí-mico. Nesse caso, deve-se optar por her-bicidas residuais, aplicados de preferênciaem pré-emergência da cultura e de plan-tas daninhas. Os herbicidas devemabranger principalmente plantas dani-

Page 7: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,

Invasoras - Cana - Novembro 05 • 7

nhas gramíneas, devido à origem daárea ser pastagem.

Os escapes de plantas daninhas sãocomuns nesse tipo de área, podendo sercorrigidos com a catação química ou ma-nual. No caso de catação química, a apli-cação deve ser feita com herbicida seletivoà cana-de-açúcar e dirigida sobre a plantadaninha.

Existem outras sugestões para esse tipode área: uso de controle químico direta-mente sobre a pastagem, seguido de con-trole mecânico (podem ser inclusas até asetapas de subsolagem, escarificação e gra-des), plantio e controle químico; elimina-ção da pastagem apenas com o controlemecânico, plantio da cana-de-açúcar e con-trole químico em pré-emergência; uso docontrole químico sobre a pastagem, con-trole cultural (plantio de adubo verde, cu-jas raízes podem quebrar camadas com-pactadas no solo, além de proporcionaradição de nutrientes ao solo), controle me-cânico com roçadeiras sobre as legumino-sas, plantio da cana e controle químico.Na verdade, essas são sugestões, não exis-te “receita de bolo”, cada área tem suasparticularidades, que merecem ser estu-dadas e respeitadas para, assim, aplicar omelhor manejo.

Essas mesmas práticas podem seradaptadas às áreas de implantação de cana-de-açúcar, antes ocupadas por outras cul-turas como café, citros, pinus, eucalipto eaté culturas anuais. No caso de culturasarbóreas, os implementos usados nas eta-pas de arranquio das árvores e preparo desolo simultaneamente contribuirão com omanejo mecânico das plantas daninhas,especialmente expondo as sementes emprofundidade no solo à superfície e dimi-nuindo o banco de sementes.

Após o plantio podem-se aplicar her-bicidas residuais em pré-emergência e emárea total, nos casos de escape de plantasdaninhas pode-se utilizar de catações quí-micas ou manejo mecânico e uso de gra-

des nas entrelinhas da cana-de-açúcar.Nesse casso, as grades destroem as plan-tas daninhas germinadas nas entrelinhase as soterram nas linhas da cultura. Essaprática deve ser feita quando as plantasdaninhas apresentarem poucos centíme-tros de altura e em épocas mais secas paraevitar o pegamento e disseminação pelaárea.

REFORMA DE CANAVIALNas áreas de reforma de canavial, uma

opção é usar o controle químico para des-secar a soqueira e em seguida entrar como manejo cultural, ou diretamente com oplantio da cana. Nesse sistema, o contro-le químico é realizado com o glifosato e omanejo cultural de sucessão da cultura poradubos verdes, amendoim ou soja. Nesse

caso, o controle das plantas daninhas noamendoim ou soja permite a melhor rota-ção de herbicidas, podendo amenizar osproblemas com resistência de plantas da-ninhas a herbicidas, além de proporcio-nar melhor controle.

As áreas de reforma de canavial ficamociosas geralmente entre os meses de agos-to a março, e muitos produtores otimizamesse período plantando amendoim ou soja.Essa prática é muito freqüente no muni-cípio de Jaboticabal (SP), devido ao plan-tio do amendoim, colocando o municípioentre os maiores produtores de amendo-im do Brasil.

Nas áreas de reforma de canavial, cujainfestação por ciperáceas (Cyperus spp.) ougramíneas for muito elevada, aproveita-sea ocasião do novo plantio para controledessa espécie daninha. Nesse caso, o con-trole mais utilizado é o mecânico para des-truição das soqueiras, então, espera-se abrotação das ciperáceas; quando estas al-cançarem entre 10 e15 cm de altura, apli-ca-se o controle químico. Ocorre que a ti-ririca possui um emaranhado de raízes etubérculos que dificultam a eficácia dosherbicidas, sendo, nesse caso, necessáriodestruir as raízes e tubérculos, esperar abrotação e entrar com o controle químico.

A cana recentemente plantada podeser submetida ao controle químico em préou pós-emergência total, que, dependen-do da infestação, pode ser até na forma decatação. Pode-se integrar o controle me-cânico (tríplice operação: escarificação,adubação e controle de plantas daninhassimultaneamente) nas entre linhas pouco

Tabela 2Principais misturas formuladas para uso em cana-de-açúcar

Marca comercial

BoxerSinergeKrismatExtrazinDontor

Velpar k, AdvanceFortex SCGramocil

Nome comum

alachlor + atrazineametryn + clomazoneametryn + trifloxysulfuron-sodiumatrazine + simazine2,4-D + piclorandiuron + hexazinonediuron + MSMAdiuron + paraquat

Fonte: RODRIGUES & ALMEIDA (2005).

Figura 5. Esquema do efeito aditivo, antagônico e sinérgico dos herbicidas em mistura de tanquesobre a eficiência de controle das plantas daninhas. Instituto Agronômico, Ribeirão Preto (SP)

Page 8: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,

8 • Novembro 05 - Cana - Invasoras

Tabela 3Principais herbicidas recomendados para uso em cana-de-açúcar, condições de aplicação, doses, espectro ação e persistência no solo

Características

PRÉ (2,5 a 3,5 L ha-1): picão-preto, caruru.PÓS (1,0 a 1,5 L ha-1): picão-preto, guanxuma, leiteiro, corda-de-viola, trapoeraba, caruru, beldroega .JATO DR (1% v/v): tiririca em pré-florescimento.Persistência solo: 10 diasMarcas: Aminol 806, Capri, DMA 806 BR, 2,4-D 806 Nufarm, Herb D-480, Navajo, U46 D-Fluid 2,4-D.PRÉ (3,0 a 4,0 L ha-1): trapoeraba e beldroegaPÓS (3,0 a 4,0 L ha-1): picão-preto, guanxuma, corda-de-viola, trapoeraba, caruru, beldroega .Marca: DontorPRÉ (5,0; 6,0 e 7,0 L ha-1) caruru, guanxuma, trapoeraba e capins: marmelada, carrapicho, colchão, colonião, pé-de-galinha.Persistência solo: 40 a 70 diasMarcas: Alaclor Nortox, Laço CEPRÉ (7,0; 8,0 e 9,0 L ha-1) apaga-fogo, caruru, picão-preto, guanxuma, trapoeraba, corda-de-viola e capins: marmelada, carrapicho, colchão, pé-de-galinha .Marca: BoxerPRÉ/PÓS (5,0; 6,0 e 7,0 L ha-1): caruru, trapoeraba, guanxuma, corda-de-viola e capins: braquiária, marmelada, colchão, pé-de-galinha, carrapicho, colonião.Persistência solo: 60 diasMarcas: Ametrina Agripec; Gesapax 500; Herbipak 500 BR; Metrimex 500 SCPRÉ/PÓS (5,0 L ha-1): picão-preto, beldroega, trapoeraba, corda-de-viola e capins: braquiária, marmelada, colchão, carrapicho, colonião, grama sed a.Marcas: Sinerge CEPÓS (1,75 a 2,0 kg ha-1): caruru, trapoeraba, picão-preto, guanxuma, corda-de-viola, beldroega, tiririca e capins: braquiária, marmelada, camalote, colchão, carrapicho.Marca: KrismatPRÉ/PÓS (1,5 a 2,5 kg ha-1): caruru, trapoeraba, guanxuma, corda-de-viola, capins: braquiária, marmelada, colchão, pé-de-galinha, carrapicho, coloniãoMarca: DinamicPRÉ/PÓS (4,0 a 5,0 kg ou L ha-1): caruru, trapoeraba, guanxuma, corda-de-viola, capins: marmelada, pé-de-galinha, carrapicho, colchão.Persistência solo: 60 diasMarcas: Atrazina Nortox 500 SC; Gesaprim 500; Gesaprim GRDA; Siptran 500 SC.PRÉ (3,6; 5,8 e 6,8 L ha-1): apaga-fogo, caruru, trapoeraba, picão-preto, guanxuma, corda-de-viola e capins: marmelada, colchão, pé-de-galinha, carrapich o.Marcas: Extrazin SCPRÉ/PÓS (1,8 a 2,2 L ha-1): caruru, trapoeraba, guanxuma, corda-de-viola e capins: braquiária, marmelada, carrapicho, pé-de-galinha, colchão, camalote, grama-seda.Cuidado com culturas vizinhas.Persistência solo: 150 diasMarca: Gamit 360 CSPRÉ (5,0; 6,5 e 8,0 kg ou L ha-1): apaga-fogo, caruru, trapoeraba, guanxuma, corda-de-viola e capins: braquiária, marmelada, carrapicho, pé-de-galinha, colchão ,colonião. Persistência solo: 90 diasMarcas: Cention SC; Diuron 500 SC Agripec; Diuron Nortox 500 SC; Herburon 500 BR; Karmex.PRÉ/PÓS (2,0 a 3,0 kg ha-1): caruru, picão-preto, trapoeraba, guanxuma, corda-de-viola, beldroega e capins: braquiária, marmelada, colchão, pé-de-galinha , colonião.Persistência solo: 150 diasMarcas: Velpar K WG; Advance, Hexaron WG.PÓS (2,0 a 3,0 L ha-1): caruru, picão-preto, trapoeraba, guanxuma, beldroega e capins: marmelada, colchão, grama-seda, pé-de-galinha, carrapicho.Marca: GramoxilPÓS (8,0 a 10,0 L ha-1): apaga-fogo, caruru, picão-preto, trapoeraba, guanxuma, corda-de-viola, tiririca e capins: braquiária, marmelada, colchão, pé -de-galinha,carrapicho, massambará.Marca: FortexPÓS: dose depende do fabricante e formulação do produto, geralmente entre 0,5 a 5,0 L ha-1: não seletivo, qualquer planta. Erradicação de soqueira: 4 a 7 L ha-1.Marcas: Glifos; Glifosato 480 Agripec; Glifosato Agripec 720 WG; Glifosato Atanor; Glifosato Nortox; Glifosato Nortox WG; Glifosato Nufarm; Gliter; Gliz 480 SL; Gliz 480NA; Pilarsato; Polaris; Round up NA; Round up Original; Round up Transorb; Round up WG; Scout NA; Trop; Trop NA.PA (350 g ha-1): entre 30 a 45 dias antes do plantio em área infestada com tiririca em desenvolvimento.PRÉ (150 a 210g ou ha-1): caruru, guanxuma, corda-de-viola, picão-preto, tiririca e capins: braquiária, marmelada, pé-de-galinha, colchão, colonião.Persistência solo: 180 diasMarca: PlateauPRÉ (0,5 a 0,8 L ha-1): da cultura e plantas daninhas: apaga-fogo, caruru, picão-preto, trapoeraba, corda-de-viola, tiririca e capins: marmelada, colchão, carrapicho,grama-seda.Persistência solo: 180 diasMarca: ContainCANA-PLANTA (80+80 e 90+90 g ha-1)*SOQUEIRA-SECA (200 a 250; 250 a 300 e 300 a 350 g ha-1)SOQUEIRA-ÚMIDA (100, 125 e 150 g ha-1): caruru, guanxuma e capins: braquiária, marmelada, pé-de-galinha, carrapicho, colchão, colonião.Persistência solo: 30 diasMarca: Provence 750 WGPRÉ/PÓS (3,0 a 4,0 L ha-1): apaga-fogo, caruru, picão-preto, guanxuma, corda-de-viola e capins: braquiária, marmelada, pé-de-galinha, carrapicho, colchã o.Persistência solo: 30 a 60 diasMarca: Sencor 480JATODR (2,5 a 4,0 L ha-1): caruru, picão-preto, guanxuma, corda-de-viola e capins: braquiária, marmelada, pé-de-galinha, carrapicho, colchão, colonião e massambará.Evitar as partes verdes da cultura, cana com mais de 50 cm.Marcas: Volcane; Dessecan; MSMA SanachenPRÉ (1,2 a 1,6 L ha-1): caruru, guanxuma, corda-de-viola, picão-preto, trapoeraba, tiririca e capins: braquiária, marmelada, pé-de-galinha, colchão, colonião, grama-seda.Persistência solo: 180 diasMarca: Boral 500 SCPRE(1,6 a 2,4 L ha-1): caruru, guanxuma, corda-de-viola, picão-preto, trapoeraba e capins: braquiária, marmelada, pé-de-galinha, colchão.Persistência solo: 12 a 14 mesesMarcas: Perflan 800 g/kg; Combine 500 g/l; Tebuthiuron Sanachen 500 SC.PÓS (30 g ha-1): caruru, corda-de-viola, picão-preto e tiririca (10 a 15 cm). Para tiririca aplicar 2,4-D e após 3 semanas trifloxysulfuron s odium.Marca: Envoke

Herbicidas

2,4-D

2,4-D + picloran

Alachlor

alachlor + atrazine.

Ametryn

ametryn + clomazone

ametryn + trifloxysulfuron sodium

amicarbazone

atrazine

atrazine + simazine

clomazone

Diuron

diuron + hexazinone

diuron + paraquat

diuron + MSMA

glifosato

imazapic

imazapyr

isoxaflutole

metribuzin

MSMA

sulfentrazone

tebuthiuron

trifloxysulfuron sodium

OBS. Doses menores para solo arenoso ou com pouca infestação PA (Preparo da Área); * (Aplicação seqüencial).AZANIA & AZANIA adaptado de Rodrigues & Almeida (2005)

Page 9: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,

Invasoras - Cana - Novembro 05 • 9

antes do fechamento da cultura.Nessa operação, as sementes queestão em profundidade no solo sãoexpostas à camada superficial, fi-cando essas na área de ação dos her-bicidas posteriormente aplicados.Essa prática, mesmo que indireta-mente, contribui com a diminuiçãodo banco de sementes do solo. En-tretanto, se não forem aplicadosherbicidas após o manejo mecâ-nico, torna-se conveniente reali-zar a prática mecânica mais pró-ximo do fechamento da cultura eem época seca.

Essas não são as únicas combi-nações entre métodos possíveis,mas, sim, algumas opções e exem-plos de integração de métodos quepodem ser usados para o controledas plantas daninhas.

SOQUEIRAS (ÁREAS DE CANA-CRUA)O sistema de colheita com a

prévia queima do canavial deve serextinguido até o ano de 2031. En-tretanto, ano a ano as áreas de cana-de-açúcar colhidas sem a préviaqueima do canavial tendem a au-mentar gradativamente.

A camada de palha, deixada so-bre a soqueira remanescente, impe-de a germinação de inúmeras plan-tas daninhas, mas, onde a camadade palha é menos densa (clareiras),as plantas daninhas germinam e sedesenvolvem. Entretanto, como es-sas clareiras ocorrem de forma ale-atória na área, as plantas daninhasficam distribuídas em reboleiras.

Por outro lado, outras espéciesde plantas daninhas, especialmen-te algumas gramíneas e corda-de-

viola, conseguem sobressair à camadade palha. Nesse sentido, é recomenda-do empregar variedades com maiorquantidade de palha, porque apenas ascamadas mais densas conseguem im-pedir a germinação das plantas dani-nhas.

Esse sistema de cultivo sugere queas aplicações dos herbicidas sejam empós-emergência e dirigidas, uma vezque os herbicidas recomendados nãosão muito eficientes sob a camada depalha. Esse tipo de manejo requer o usode equipamentos costais manuais oupressurizados, sistema de mangueiracom dispositivo na ponta e, no futuro,equipamentos capazes de localizar asreboleiras e pulverizar somente nos lo-cais necessários (Agricultura de Preci-

são).Em sistema de cana-crua com alta

incidência de plantas daninhas, pode-se aplicar herbicida indicado para usosobre a palha, em pré-emergência emárea total. As plantas daninhas que es-caparem podem ser controladas com ca-tação química em jato dirigido.

No sistema de cana-de-açúcar co-lhida sem a prévia queima do canavial,o produtor deve atentar-se mais ao con-trole das plantas daninhas no momen-to do plantio. Nessa ocasião, a ausên-cia da camada de palha possibilita açõesde controle mais eficientes, podendo-se realizar aplicações de herbicidas re-siduais em pré-emergência em área to-tal, catações químicas e/ou uso da trí-plice operação (controle mecânico). As-sim, quanto mais eficiente for o con-trole das plantas daninhas na ocasiãodo plantio, menores serão as incidênci-as de plantas daninhas na soqueira.Nesse caso, somente a camada de pa-lha exercerá um excelente controle, quepode ser complementado por cataçõesquímicas em pós-emergência.

SOQUEIRAS EM PERÍODOS SECOSA época seca do ano para o estado

de São Paulo se concentra durante asestações do outono e inverno, princi-palmente entre os meses de maio aagosto. Entretanto, no período do ou-tono e inverno, a menor ocorrência dechuvas e a diminuição da temperaturae do comprimento do dia são condições,segundo Casagrande (1991), essenci-ais para estimular o florescimento eamadurecimento da cana-de-açúcar.Assim, a partir de maio torna-se im-portante dar inicio à safra da cana-de-

Figura 6. Classificação dos herbicidas quanto aos respectivos mecanismos de ação

Trapoeraba é uma das principaisinvasoras da cana-de-açúcar

José

Fra

ncis

co G

arci

a

Page 10: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,

10 • Novembro 05 - Cana - Invasoras

Caderno Técnico:Invasoras

Foto de Capa:José Francisco Garcia

Circula encartado narevista CultivarGrandes Culturasnº 79 - Novembro/05

Reimpressões podemser solicitadas atravésdo telefone:(53) 3028.2065

www.grupocultivar.com

CC

Carlos A. M. Azania,IACAndréa A. P. M. Azania,UNESP/Jaboticabal

açúcar, que se estende até outubro ounovembro.

No início da safra, entre os mesesde maio e julho, os produtores, geral-mente, não se preocupam com o con-trole das plantas daninhas nas soqueiras,por acreditarem que temperaturas baixase menor ocorrência de chuvas não promo-vam a germinação e o desenvolvimentoda comunidade infestante. Nesse perío-do, as plantas daninhas dicotiledôneas sãopredominantes, enquanto que as gramí-neas são predominantes no período de pri-mavera e verão.

Nessa época pode-se realizar o ma-nejo mecânico nas entrelinhas da cul-tura apenas com o uso de grades bemna superfície do solo, que destroem asplantas daninhas e soterram aquelas nalinha. O uso de hastes em profundida-de não é recomendado em épocas se-cas, pois causa o revolvimento do solocom conseqüente perda de umidade.

Entretanto, para esse período doano, se os produtores de cana-de-açúcaroptarem pelo controle químico, devemutilizar herbicidas que interfiram o mí-nimo possível sobre o desenvolvimentodas soqueiras e garantam o controle dasplantas daninhas no momento propício.Outra característica que esses herbici-das devem apresentar é a capacidade de“esperar” o período das chuvas, sendoque no mercado já existem alguns her-bicidas para essas situações.

Muitos produtores que fizeram umbom controle por ocasião do plantio nãonecessitam fazê-lo no período seco, emrazão da infestação ser baixa, aguardan-do a época das chuvas para fazer novaaplicação de herbicidas. Na época seca,outros produtores aproveitam as áreasde aplicação de vinhaça, uma vez que

o período coincide com o de safra, paraaplicarem herbicidas, aproveitando aumidade que o subproduto deixa nosolo. Essa linha de estudo necessita demais pesquisas para comprovar a efici-ência.

PRINCIPAIS HERBICIDASA escolha do herbicida deve ser cri-

teriosa e nunca baseada em apenas umaúnica variável, deve-se evitar a escolhados herbicidas unicamente em funçãodo custo. Essa opção deve considerarprincipalmente a cultura, a comunida-de infestante presente na área e seusrespectivos estágios de crescimento e otipo de solo. Após a escolha de um her-bicida, devem-se respeitar a dose reco-mendada e as condições climáticas nomomento da aplicação, além de ser cau-teloso com misturas em tanque, devi-do a problemas com sinergismo e anta-gonismo, e regular o equipamento deaplicação. O herbicida escolhido nãodeve ser aplicado durante muitos anosna mesma área para evitar problemascom resistência de plantas daninhas.Nesse sentido, não se deve aplicar pormais de duas vezes consecutivas o mes-mo herbicida, ou outro que tenha omesmo modo de ação. Os principaisherbicidas usados em cana-de-açúcare seus respectivos modos de ação po-dem ser encontrados na Figura 6.

No sistema tradicional de canaqueimada, a aplicação pode ser realiza-da com equipamento tratorizado nascondições de pré-plantio incorporado(PPI), pré-emergência (PRÉ) ou pós-emergência (PÓS).

Os herbicidas em incorporação po-dem ser aplicados após o plantio dacana, pois o revolvimento de terra no

momento da sulcação deixará mui-tas sementes na linha da cultura,prejudicando o desenvolvimento damesma. Após o plantio, deve-seaplicar o herbicida e, em seguida,incorporá-lo ao solo à profundida-de de 3-4 cm. Essa prática é comu-mente feita com equipamentos quetenham o pulverizador e a gradetrabalhando conjuntamente, redu-zindo também os custos.

A aplicação dos herbicidas empré-emergência requer solos livresde torrões e preferencialmente úmi-dos no momento da aplicação.Nesse tipo de aplicação, quando seconhece a flora infestante por le-vantamento previamente realizado,podem-se utilizar produtos mais es-pecíficos na área. Entretanto, senão for conhecida a composição dacomunidade infestante, devem-seusar herbicidas que tenham umamplo espectro no controle de plan-tas daninhas. Essa modalidade deaplicação ocorre, geralmente, logoapós o plantio, antes da emergên-cia da cultura e de plantas daninhasou, no mais tardar, no início daemergência.

A condição de pós-emergênciaocorre sempre após a germinaçãodas plantas daninhas, que pode serantes ou depois da brotação dacana. Nesse caso, a escolha do her-bicida pode ser também facilitadapelo levantamento das plantas da-ninhas, realizado em outros anos.Em todo caso, nessa condição deaplicação, pode-se intervir com her-bicidas de espectro de controle maisrestrito às espécies presentes naárea. Essa modalidade tambémpermite a opção de aplicar ou nãoo herbicida em área total, depen-dendo da infestação da área. Noscasos em que a área apresenta me-nor incidência de plantas daninhas,mais típicas de soqueiras, o contro-le químico pode ser feito em cata-ção, ou seja, apenas nas reboleiras.

Para controle de plantas da-ninhas em cana-de-açúcar, exis-tem diferentes herbicidas regis-trados para uso no Brasil. NaTabela 3 estão apresentados al-guns herbicidas, bem como seunome comercial, plantas dani-nhas que controlam, dose e per-sistência no solo.

Carlos e Andréa alertam para os prejuízoscausados pela falta de controle das invasoras

Divulgação

Page 11: Cana - Novembro 05 - Infobibosinfobibos.com/cursocana/alunos/aulas/Aula15/ATT00820.pdf · até 85.5% de perdas em t/ha. Por isso, identificar o momento crítico ... água do solo,