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CANA-DE-AÇÚCAR INTEGRAL NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO MARIANA DURAN CORDEIRO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ ABRIL - 2005

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CANA-DE-AÇÚCAR INTEGRAL NA ALIMENTAÇÃO DE

SUÍNOS EM CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO

MARIANA DURAN CORDEIRO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO - UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ ABRIL - 2005

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CANA-DE-AÇÚCAR INTEGRAL COMO FONTE ALTERNATIVA DE

ALIMENTO NA PRODUÇÃO DE SUÍNOS

MARIANA DURAN CORDEIRO

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal.

Orientador : Prof.ª Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

ABRIL - 2005

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CANA-DE-AÇÚCAR INTEGRAL NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM

CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO

MARIANA DURAN CORDEIRO

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal.

Aprovada em 12 de abril de 2005 Comissão Examinadora:

Prof. Edenio Detmann (DS. Nutrição Animal) – UFV

Prof. José Brandão Fonseca (PhD, Nutrição de Monogástricos) – UENF

Prof. Rony Antonio Ferreira (DS. Bioclimatologia Animal) – UENF

Prof. Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares (DS. Nutrição Animal) – UENF

(Orientador)

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BIOGRAFIA

MARIANA DURAN CORDEIRO, filha de Aurélio Cordeiro e Rosa Maria

Duran Cordeiro, nasceu em 18 de maio de 1973, na cidade do Rio de Janeiro – RJ.

Em agosto de 1992, iniciou o curso de Zootecnia na Universidade Federal de

Lavras, onde colou grau em julho de 1997.

Foi admitida em março de 1999 no Curso de Pós-Graduação em Produção

Animal, Mestrado, Nutrição de Monogástricos, da Universidade Estadual do Norte

Fluminense (UENF), em Campos dos Goytacazes – RJ, submetendo-se à defesa de

tese para conclusão do curso em abril de 2001.

Em março de 2001, ingressou no Curso de Pós-Graduação em Produção Animal, Doutorado, Nutrição de Monogástricos, da

Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), em Campos dos Goytacazes – RJ, submetendo-se à defesa de tese para

conclusão do curso em abril de 2005.

v

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Aos Meus pais pelo que sou e A Deus por todas as oportunidades e conquistas

DEDICO

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iii

AGRADECIMENTOS

À Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e ao Centro de

Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), pelo oferecimento deste curso;

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ,

pela concessão da bolsa de estudo;

À professora Rita, pela orientação e amizade durante o convívio na pós-

graduação;

Aos técnicos Maria Beatriz, Cláudio Lombardi, Ana Paula Delgado da Costa

e Luciana pelo auxílio prestado durante o desenvolvimento do experimento, bem

como das análises laboratoriais;

Aos funcionários do Modelo de Fazenda Sr. José, Jonas, Luís Maurício e Sr.

Jorge, pela ajuda, carinho e amizade formada durante o período de convívio;

Ao professor Rony Antonio Ferreira, que, mesmo tendo chegado depois do

meu ingresso no doutorado, a ajuda, o carinho e a amizade demonstrados foram

especiais;

Ao professor Edenio Detmann, pela orientação e auxílio nas análises

estatísticas;

Ao professor Paulo Marcelo, pela ajuda na análise econômica dos

experimentos;

Aos queridos Ana e Kadum, pelas muitas pizzas, muitos jogos de vôlei e

muitas noitadas no novo palacete do casal;

Em especial, à minha nova grande amiga Ana Paula, que, por sermos tão

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iv

parecidas conseguimos nos entender tão bem;

À minha pequenina amiga Marcinha, que, mesmo longe, sempre me apóia e

me surpreende, agora com uma gravidez de gêmeos;

Às minhas grandes amigas e amigos Sirlei, Kimie, Sandrinha, Vanessa,

Roberta, Juliana, Lola, Kátia, Coracini, Déborah, Hebinho, Guilherme, Adriano,

Denilson, Cláudio, Manoel, Anderson, pelas muitas alegrias compartilhadas, pelo

carinho, pelo respeito e pela amizade, e que, mesmo alguns estando longe, terão

sempre um cantinho no meu coração;

Ao meu querido Fábio, que mesmo só presente em espírito, vai estar

sempre na minha lembrança por todos os nossos momentos;

À Manta e ao Louro, que agora estão alegrando os caminhos do céu;

A toda minha família;

E a todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, na execução

deste trabalho.

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viii

LISTA DE TABELAS

CANA-DE-AÇÚCAR INTEGRAL NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM CRESCIMENTO (30-60 KG)......................................................................

29

Tabela 1 - Composição percentual das rações experimentais.............................................................................................

34

Tabela 2 - Descrição dos contrastes ortogonais empregados na decomposição da soma de quadrados para tratamentos..........................

36

Tabela 3 - Valores médios de consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e índice de eficiência bionutricional (IBN) em suínos alimentados com cana-de-açúcar integral desintegrada na fase de crescimento (30-60 kg).......................................

37 Tabela 4 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e índice de eficiência bionutricional (IBN).....................................................................................

38 Tabela 5 - Resultados dos pesos absolutos do fígado, pâncreas, estômago, intestino delgado vazio (IDv) e intestino grosso vazio (IGv) em função dos diferentes tratamentos.......................................................

40 Tabela 6 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis peso do fígado, pâncreas, estômago, intestino delgado vazio (IDv) e intestino grosso vazio (IGv)......................

41 abela 7 - Valores médios das concentrações séricas de uréia e glicose no sangue de suínos

alimentados com cana-de-açúcar na fase de crescimento................................................................................................

42 Tabela 8 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação para as variáveis concentrações séricas de uréia e glicose no sangue........................................................................................................

42 Tabela 9 - Altura das vilosidades no duodeno, jejuno e íleo de suínos alimentados com cana-de-açúcar integral desintegrada na fase de crescimento

43

Tabela 10 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação para a variável altura de vilosidades no duodeno, jejuno e íleo..

44 Tabela 11 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 15% de cana-de-açúcar integral desintegrada...................................

45

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ix

Tabela 12 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 15% de cana-de-açúcar integral desintegrada corrigida para cálcio, fósforo e lisina............................................................................................

46 Tabela 13 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 30% de cana-de-açúcar integral desintegrada...................................

47

Tabela 14 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 30% de cana-de-açúcar integral desintegrada corrigida para cálcio, fósforo e lisina............................................................................................

48 DESEMPENHO DE SUÍNOS ALIMENTADOS COM RAÇÕES CONTENDO CANA-DE-AÇÚCAR INTEGRAL PICADA NAS FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO............................................................

52 Tabela 1 - Composição percentual das rações experimentais para fase de crescimento...........................................................................................

57

Tabela 2. Composição percentual das rações experimentais para fase de terminação.............................................................................................

58

Tabela 3 - Descrição dos contrastes ortogonais empregados na decomposição da soma de quadrados para tratamentos..........................

60 Tabela 4 - Valores médios de consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e índice de eficiência bionutricional (IBN) em suínos alimentados com cana integral desintegrada no período total de criação...................................................

61 Tabela 5 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e índice de eficiência bionutricional (IBN).....................................................................................

61 Tabela 6 -Resultados dos pesos absolutos do fígado, pâncreas, estômago, intestino delgado vazio (Idv) e intestino grosso vazio (Igv) em função dos diferentes tratamentos.............................................................

63 Tabela 7 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis peso do fígado (PFI), pâncreas (PPA), estômago (PE), intestino delgado vazio (Idv) e intestino grosso vazio (Igv)............................................................................................................

63 Tabela 8 - Valores médios de peso de carcaça quente (PCQ), ½ direita resfriada (PDR), ½ esquerda resfriada (PER), pernil (PP), rendimento de carcaça (RC), rendimento de pernil (RP)...................................................

64 Tabela 9 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis peso de carcaça quente (PCQ), ½ direita resfriada (PDR), ½ esquerda resfriada (PER), pernil (PP), rendimento de carcaça (RC), rendimento de pernil (RP)............................................................................................................

65 Tabela 10 - Valores médios de espessura de toucinho na 1a. vértebra torácica (ET1), na última vértebra torácica (ET2), na última vértebra lombar (ET3), entre a penúltima e última vértebra lombar (EML) e área de olho de lombo (AOL) nos diferentes tratamentos..................................

66

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Tabela 11 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para espessura de toucinho na 1a. vértebra torácica (ET1), na última vértebra torácica (ET2), na última vértebra lombar (ET3), entre a penúltima e a última vértebra lombar (EML) e área de olho de lombo (AOL) nos diferentes tratamentos.......................................

66 Tabela 12 - Valores médios das concentrações séricas de uréia e glicose no sangue de suínos alimentados com cana-de-açúcar integral desintegrada na fase total de criação........................................................

67 Tabela 13 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação para as variáveis concentrações séricas de uréia e glicose no sangue........................................................................................................

67 Tabela 14 - Altura das vilosidades do duodeno, jejuno e íleo de suínos alimentados com cana-de-açúcar integral desintegrada na fase total de criação........................................................................................................

68 Tabela 15 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação para a variável altura de vilosidades no duodeno, jejuno e íleo..

69 Tabela 16 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 15% de cana-de-açúcar integral desintegrada...................................

70

Tabela 18 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 30% de cana-de-açúcar integral desintegrada...................................

71

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vi

CONTEÚDO

RESUMO.................................................................................................... xi

ABSTRACT................................................................................................ xiii

1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................. 4

2.1. A fibra na alimentação.................................................................... 4

2.2. Características e digestibilidade do componente da fibra

dietética.......................................................................................

6

2.3. Efeitos da fibra dietética sobre a secreção digestiva e a

morfologia do trato gastrintestinal de suínos.................................

10

2.4. Efeitos da fibra dietética sobre o desempenho e características

de carcaça de suínos....................................................................

13

2.5. Concentrações séricas de uréia e glicose.................................... 15

2.6. Alimentos usados como fonte de fibra.......................................... 16

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 19

4. TRABALHOS..................................................................................... 27

USO DA CANA-DE-AÇÚCAR INTEGRAL PICADA NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM CRESCIMENTO (30-60 KG)...............

29

RESUMO........................................................................................... 29

ABSTRACT....................................................................................... 30

INTRODUÇÃO.................................................................................. 30

MATERIAL E MÉTODOS................................................................. 33

RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 36

CONCLUSÕES.................................................................................... 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 49

DESEMPENHO DE SUÍNOS ALIMENTADOS COM RAÇÕES CONTENDO CANA-DE-AÇÚCAR INTEGRAL PICADA NAS FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO......................................................

52

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RESUMO.............................................................................................. 52

ABSTRACT........................................................................................... 53

INTRODUÇÃO...................................................................................... 53

MATERIAL E MÉTODOS..................................................................... 55

RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................. 60

CONCLUSÕES................................................................................... 72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 72

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RESUMO

CORDEIRO, Mariana Duran, D.S., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; abril de 2005; Cana-de-açúcar integral na alimentação de suínos em crescimento e terminação; Professora Orientadora: Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares. Professores Conselheiros: José Brandão Fonseca, Rony Antonio Ferreira.

Dois experimentos foram realizados na Unidade de Apoio à Pesquisa do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, situado na Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, no município de Campos dos Goytacazes (RJ). O primeiro experimento teve como objetivo avaliar o uso da cana-de-açúcar na alimentação de suínos na fase de crescimento. Foram utilizadas cinco rações experimentais :T1 = Ração controle; T2 = Ração controle, sendo substituída sua oferta em 15% por cana picada; T3 = Ração controle com os níveis de P, Ca e lisina corrigidos, sendo substituída sua oferta em 15% por cana picada; T4 = Ração controle, sendo substituída sua oferta em 30% por cana picada; T5 = Ração controle com os níveis de P, Ca e lisina corrigidos, sendo substituída sua oferta em 30% por cana picada. No segundo experimento, níveis de substituição de uma ração referência por cana integral picada foram utilizados na alimentação de suínos nas fases de crescimento e terminação. Foram utilizadas três rações experimentais que consistiram de: T1 = Ração controle; T2 = Ração controle, sendo substituída sua oferta em 15% por cana picada; T3 = Ração controle, sendo substituída sua oferta em 30% por cana picada. Nos dois experimentos, foram avaliados os parâmetros de desempenho, de características de carcaças, de bioquímica sanguínea, de peso dos órgãos gastrintestinais e análise histológica das vilosidades intestinais. No primeiro experimento, foi observado que a cana-de-açúcar integral pode substituir em até 30% a ração balanceada, não necessitando ajustar os níveis de cálcio, fósforo e lisina, enquanto que, no caso de substituição de 15%, foi obtido melhor desempenho dos animais. A substituição de 30% da cana-de-açúcar na ração referência propiciou maior eficiência na implantação do sistema, evidenciando a viabilidade do seu uso. Já no segundo, foi observado que cana-de-açúcar integral picada pode ser fornecida no nível de substituição de 30% como fonte alternativa à alimentação de suínos nos períodos de crescimento e terminação. A quantidade de fibra dietética presente nas dietas com cana-de-açúcar não influenciou no peso dos órgãos do trato gastrintestinal. A utilização de 30% de cana-de-açúcar integral picada não proporcionou mudanças nas características de carcaça dos animais. O orçamento comparativo dos sistemas demonstrou que a ração contendo 15% de cana-de-açúcar gerou maior balanço positivo, demonstrando a viabilidade da sua implantação. Palavras-chave : alimento alternativo, fibra dietética, nutrição de suínos, rendimento de carcaça, trato gastrintestinal, vilosidades.

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xi

ABSTRACT

CORDEIRO, Mariana Duran, D.S., Darci Ribeiro Norte Fluminense State University; April 2001; Sugar cane as alternative feed source performance of pigs; Adviser: Rita Trindade Ribeiro Nobre Soares. Committe Member: José Brandão Fonseca, Rony Antonio Ferreira. Two experiments were accomplished in the Research Nucleous of the Nutrition and Animal Science Department of the Norte Fluminense State University, localized in the Agricultural Technical State School Antônio Sarlo in Campos dos Goytacazes (RJ). The first experiment had as objective to evaluate the use of levels of sugar cane in the feeding of swine. The treatments were five experimental diets: T1= Reference diet; T2= Reference diet, with replacement of 15% of the diet by sugar cane; T3= Reference diet with correction of P, Ca and lysine levels and replacement of 15% of the diet by sugar cane; T4= Reference diet, with replacement of 30% of the diet by sugar cane; T5= Reference diet with correction of P, Ca and lysine levels and replacement of 15% of the diet by sugar cane. In the second experiment, it objectified to evaluate the sugar cane use in the swine feeding in growth and termination, without the correction of the lisina levels, Ca and P. There were used three experimental rations that consisted of: T1= Reference diet; T2= Reference diet, with the replacement of the diet by 15% of chopped sugar cane; T3= Reference diet, with the replacement of the diet by 30% of chopped sugar cane. In the two experiments there were appraised data on performance, carcass characteristics, blood biochemisty, gastric – intestinal organs weight and histologic analyses of intestinal vilosities were evaluated. In the first experiment, pigs fed sugar cane had higher daily feed intake and worse feed convertion rate (P<0,05). Pigs fed diets with 15% sugar cane, with no correction of Ca, P and lysine levels presented better bionutritional efficiency index, but the differences were not significant. However, the replacement of 30% of reference diet by sugar cane resulted in larger economic efficiency, indicating the viability of sugar cane utilization. The biochemical data evaluated were not affected (P>0,05). It was observed higher vilosities in duodenum and jejunum (P<0,05) of pigs fed sugar cane. In the second experiment, lysine and feed intake and daily weight gain were not affected by sugar cane levels used (P>0,05), however feed convertion rate decreased (P<0,05). The use of sugar cane resulted in higher liver, pancreas, stomach, empty small intestine and empty large intestine weight, but the differences were not significant (P>0,05). The biochemistry data evaluated were not affected (P>0,05). It was observed higher intestinal vilosities (P<0,05) in the animals fed diets containing sugar cane. The use of 30% of chopped sugar cane did not change carcass charachteristics of the animals. Chopped sugar cane can be fed at the level of 30% of replacement as an alternative in the feeding of growing and finishing swine. By a comparative budget of the feeding systems, the diet containing 15% sugar cane resulted in higher positive balance showing the viability of the system. Key words:dietary fiber, alternative feed, blood biochemisty, swine nutrition, carcass yield, gastric – intestinal tract, vilosities.

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1. INTRODUÇÃO

O crescimento da produção animal, como ramo do setor agropecuário

responsável pelo fornecimento de fontes de proteína de origem animal para a

população, esbarra na competição entre a alimentação humana e a animal,

principalmente em relação aos animais não-ruminantes, já que as rações formuladas

no Brasil e nos maiores produtores mundiais de suínos são baseadas na mistura de

milho e farelo de soja, que são alimentos ricos em nutrientes e importantes fontes

de energia e proteína na alimentação humana. Embora o Brasil seja um dos

principais produtores mundiais de milho e soja, a maior parte da produção é

exportada, elevando os custos para o setor de produção animal.

Nos últimos anos, o aumento na utilização da soja e do milho pela população

mundial demonstrou que é necessária a pesquisa por fontes alimentares alternativas

para a produção animal. Estas incluem uma enorme variedade de subprodutos e

resíduos, resultantes do processamento industrial de culturas agrícolas e de práticas

modernas de mecanização da agropecuária, sendo alguns desses ricos em proteína

e/ou amido e outros, ricos em fibra.

Apesar dos não-ruminantes, como os suínos, não possuírem o trato digestivo

adaptado à digestão de alimentos fibrosos como os ruminantes, a fibra dietética vem

sendo considerada uma alternativa na alimentação desta espécie animal. Pode ser

incorporada à ração para reduzir a quantidade de energia de categorias que

precisam ganhar peso de forma moderada (cachaços, marrãs destinadas à

reprodução, fêmeas em gestação) ou por melhoria da carcaça através da redução

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de gordura subcutânea de animais em fases de crescimento e/ou terminação

(GOMES, 1996).

A potencialidade dos alimentos fibrosos na alimentação de suínos precisa ser

explorada, uma vez que o conteúdo de fibra existente vai variar de acordo com o

alimento em questão. Portanto, é de suma importância o estudo de fontes fibrosas

de modo a viabilizar o seu aproveitamento.

O aproveitamento da fibra pelos suínos está relacionado com os

microorganismos que habitam o intestino grosso. Segundo VAREL (1987), os

microorganismos responsáveis pela degradação da celulose estão presentes no

ceco e no cólon, e se assemelham aos encontrados nos ruminantes.

Como alternativa ao milho, principal fonte de energia nas rações, foram

realizados alguns estudos com a cana-de-açúcar. De acordo com SOUZA et al.

(2002), enquanto o milho grão produz 8.650.000 kcal de energia digestível para

suínos, por ha cultivado, a cana produz 21.310.000 kcal de energia digestível

(valores estimados com base na produtividade brasileira de 2.500 kg/ha de milho e

53.618 kg/ha de cana-de-açúcar).

Por ser uma planta de fácil cultivo, adaptável a várias regiões, o milho é uma

das culturas mais produzidas no mundo. No Brasil, em 2003 foram cultivados

13.343.992 milhões de hectares, gerando produção em torno de 48 milhões de

toneladas (IBGE, 2005), sendo as regiões sul e centro-oeste responsáveis por 71%

da produção nacional. Segundo ROSTAGNO et al. (2000), o milho grão é o principal

fornecedor de energia (3476 kcal de ED/kg) na alimentação animal.

Já para a cana-de-açúcar, observou-se área cultivada de 5.377.216 milhões

de hectares na safra de 2003, sendo o estado de São Paulo o maior produtor

nacional, responsável por 57,6% da produção, enquanto que o estado do Rio de

Janeiro foi responsável por apenas 1,83% (IBGE, 2005). É uma forrageira que se

desenvolve facilmente em climas tropicais e subtropicais chuvosos, sendo adequada

tanto para grandes extensões com completa mecanização quanto para pequenas

propriedades (NICOLAIEWSKY et al., 1992).

No estado do Rio de Janeiro, a cana-de-açúcar é a principal atividade

agrícola da região de Campos dos Goytacazes, com seis usinas em funcionamento,

responsável por 3% das unidades industriais do setor sucroalcooleiro do Brasil

(FREITAS et al., 2001), evidenciando a disponibilidade do produto para ser utilizado

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na alimentação de suínos, impulsionando, assim, o desenvolvimento da atividade

suinícola na região, já que a mesma não tem tradição na produção de grãos.

Na safra de 2004 foram produzidos em torno de 5,6 milhões de toneladas de

cana, 7,5 milhões de sacos de açúcar e 140 milhões de litros de álcool (CARVALHO,

2005).

Neste contexto, foram realizados dois experimentos com os seguintes

objetivos:

• Avaliar a viabilidade técnica, nutricional e econômica da utilização da cana-

de-açúcar “in natura” na alimentação de suínos;

• Avaliar os efeitos da fibra sobre as características morfológicas do trato

gastrointestinal dos suínos na fase de crescimento e no período total de

criação;

• Avaliar os efeitos da fibra sobre as concentrações séricas de glicose e uréia

no sangue dos animais.

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15

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A fibra na alimentação

As proporções relativas aos componentes químicos nas plantas variam entre

espécies e entre tecidos dentro de uma mesma planta. Estas diferenças vão fazer

com que o aproveitamento da energia seja diferente de acordo com o alimento

consumido (SARMIENTO et al., 2000).

Por serem os componentes estruturais e de reserva energética das plantas,

os carboidratos são o grupo de compostos orgânicos mais abundante no mundo,

representando 50 a 80% da matéria seca em forragens, sendo diferenciado em duas

frações, de acordo com as funções que desempenha. Podem ser classificados em

não-estruturais, ligados à reserva e translocação de energia, e estruturais,

responsáveis pela forma e estrutura da planta (ou parte da planta), resistentes à

degradação por enzimas presentes em mamíferos (MERTENS, 1996).

Os carboidratos não-estruturais são constituídos por amido, açúcares

simples, frutanas, ácidos orgânicos e outros compostos de menor ocorrência

(SMITH, 1981). São encontrados em maior concentração em sementes, folhas e

hastes, localizados no conteúdo celular, representando as reservas de energia da

planta (MERTENS, 1992). Por sua vez, os estruturais, encontrados na parede celular

dos vegetais, são compostos de celulose, hemicelulose, lignina, pectina e complexos

fenólicos (MERTENS, 1996).

Porém, de acordo com MERTENS (1996), os carboidratos são melhor

definidos em fibrosos e não-fibrosos, com base em suas características

fermentativas. Assim, os carboidratos fibrosos exigem mastigação para redução das

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partículas e passagem através do trato digestivo, sendo constituídos, basicamente,

por celulose, hemicelulose e lignina. Os não-fibrosos são os açúcares, amido e

pectina, degradados mais rapidamente.

Há um considerável desdobramento microbiano das matérias vegetais no

intestino grosso dos suínos. O ceco e uma parte considerável do cólon possuem

saculações ou haustras, que podem prolongar a retenção do bolo alimentar e

possibilitar um tempo maior tanto para absorção como para a digestão microbiana

(DUKES, 1996).

Do ponto de vista econômico e do bem estar animal, a utilização da fibra é

conveniente (ANDERSON e LINDBERG, 1997). Contudo, é um componente crítico

em rações de animais não-ruminantes, como os suínos, pois pode limitar a

produtividade quando fornecida de forma indiscriminada a categorias animais não

aptas a receber tal componente, como por exemplo, leitões desmamados ou em fase

inicial de crescimento. Segundo RODRIGUEZ et al. (1990), a fibra pode promover

mudanças na taxa de absorção de diferentes nutrientes, especialmente proteína,

aminoácidos e minerais, e/ou na excreção de nitrogênio endógeno.

Em dietas nas quais foram utilizados altos níveis de inclusão de alimentos

fibrosos na formulação observou-se diminuição da absorção de nutrientes essenciais

ao organismo (BROUNS et al, 1995). Cole & Chadd (1989), citados por BROUNS et

al. (1995), em experimentos com suínos na fase de crescimento, mostraram que a

diluição do nível de energia em uma dieta com fibra pode resultar em maior consumo

de alimento para compensar o déficit energético. Por outro lado, a ingestão de dietas

fibrosas pode ser limitada devido à palatabilidade e ao excesso de volume

provocado pela fibra.

SARMIENTO et al. (2000), avaliando a farinha da folha de Chaya

(Cnidoscolus aconitifolius), árvore tropical de pequeno porte e crescimento rápido

originária do México, observaram que este subproduto composto por 70g de

pectina/kg de matéria seca reduziu a digestibilidade dos nutrientes, assim como o

conteúdo da energia metabolizável e, por conseguinte, a taxa de crescimento das

aves.

A utilização da fibra em dietas de não-ruminantes gera uma série de

conseqüências na digestão: aumenta a taxa de passagem da dieta, reduz a

digestibilidade e é benéfica para porcas em gestação, por auxiliar num ganho de

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peso moderado durante a gestação e em nenhuma ou perda moderada na lactação

(JOHNSTON et al., 1987).

Em estudos com galos adultos onde foram observados os efeitos do

consumo de farelo de soja livre de oligossacarídeos sobre a digestibilidade da fibra e

da energia metabolizável, COON et al. (1990) constataram que a fibra dietética é

modificada no cólon e no ceco, sendo que a fermentação dessa fibra pode produzir

quantidades úteis de energia na forma de ácidos graxos voláteis.

Broom & Potter (1984), citados por BROUNS et al. (1995), utilizando dietas

fibrosas na alimentação de fêmeas secas, aumentaram a oferta de alimento e

observaram que a fibra causou maior saciedade aos animais, não gerando prejuízos

ao desenvolvimento das mesmas.

2.2 Características e digestibilidade do componente fibra dietética

A fibra dietética representa uma mistura de polissacarídeos estruturais

(celulose, hemicelulose e pectina) e não-estruturais (gomas e mucilagens), além da

lignina, sendo que, o incremento desta fração como percentual da ração é

responsável pela redução da digestibilidade da fração energética (POND, 1989). O

conceito de fibra bruta não é o mais adequado para servir de indicador de valor

nutricional. Atualmente, a fibra é classificada em fibra em detergente neutro (FDN)

que é formada pela celulose, hemicelulose e lignina, e em fibra em detergente ácido

(FDA), onde são considerados os valores de celulose e lignina (FERNANDES,

2002).

Segundo VAN SOEST et al. (1991), fibra dietética total é composta por

polissacarídeos e lignina resistentes às enzimas digestivas dos mamíferos. Os

polissacarídeos incluem aqueles recuperados como fibra em detergente neutro e

outros polissacarídeos solúveis em detergente neutro, mas de natureza não

amilácea.

Dentre os métodos de análise de fibra, a fibra em detergente neutro (FDN) é

mais eficaz que a fibra bruta, pois distingue a

fração insolúvel da fibra, sendo o componente que

mais se aproxima do conteúdo da parede

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celular (RESENDE et al, 1995).

O conhecimento do real papel dos constituintes da parede celular vegetal,

bem como a determinação de seus efeitos sobre os parâmetros de desempenho e

características de carcaça, entre outros, é de suma importância no que diz respeito à

avaliação da qualidade nutricional e no estabelecimento de limites adequados de

utilização de ingredientes e/ou alimentos volumosos na ração animal (MERTENS,

1992).

A utilização dos componentes fibrosos por animais não-ruminantes varia de

acordo com o grau de lignificação, o nível de inclusão e a forma como estes foram

processados. Considerando-se estes fatores, a digestibilidade da fibra pode variar

de 0 a 97%. Os componentes fibrosos da dieta não são digeridos no intestino

delgado, servindo de substrato para a fermentação bacteriana no intestino grosso,

que tem como principal produto os ácidos graxos voláteis. Estes ácidos podem

contribuir com 5 a 28% da energia de mantença, variando de acordo com o nível, a

freqüência do fornecimento e a composição da fibra na dieta (FERNANDES, 2002).

Em trabalhos conduzidos por FREIRE et al. (2003), não se evidenciaram

diferenças no nível e no perfil de ácidos graxos voláteis no ceco de suínos em

crescimento alimentados com níveis de 10 e 17% de farelo de trigo na ração. A fibra

dietética no farelo de trigo está presente, principalmente, em combinações insolúveis

(celulose, hemicelulose e lignina), e baixas concentrações são observadas no

conteúdo cecal, demonstrando que a maior parte dos ácidos graxos voláteis são

oriundos da fermentação no cólon.

Segundo PLUSKE et al. (2003), o fornecimento de dietas com altas

quantidades de amilase diminuem o pH no ceco e cólon, indicando uma produção

prolongada e contínua de ácidos, principalmente os ácidos graxos voláteis, por todo

o intestino grosso.

Storer et al. (1984), citados por PLUSKE et al., (2003), observaram que uma

combinação de fontes fibrosas é fermentada de forma mais eficiente no intestino

grosso do que dietas com uma única fonte.

Os polissacarídeos não-amiláceos reduzem o tempo de trânsito

gastrointestinal, sugerindo que os carboidratos que escapam da digestão no

intestino delgado são as principais fontes de carbono e energia para a microflora

intestinal, estimulando o seu crescimento e aumentando os produtos finais da

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fermentação, como ácidos graxos de cadeia curta e gases (MACFARLANE e

MACFARLANE, 1993).

Cole et al. (1968), citado por FERNANDES (2002), verificaram que a

produção dos ácidos graxos voláteis: acético, propiônico e butírico em suínos é

modificada de acordo com o nível de inclusão da fibra, sendo produzidos em maior

quantidade com o aumento da inclusão.

De acordo com KNUDSEN et al. (1993), a fibra dietética é responsável pelo

aumento do volume e retenção de água no material fecal, além de estimular a

produção fecal em decorrência do aumento da biomassa microbiana, o que promove

maior excreção de proteína e gordura. O aumento de excreção de gordura é

justificado pela maior excreção de ácidos biliares, causados pela intensa

fermentação dos carboidratos estruturais e baixo pH no intestino grosso.

Suínos em crescimento recebendo dieta à base de aveia foram estudados

por KNUDSEN et al. (1993). Estes observaram redução na digestibilidade da

proteína com o aumento do percentual de fibra bruta na dieta devido, principalmente,

à maior taxa de passagem da digesta e ao menor tempo de exposição à digestão

enzimática.

BROUNS et al. (1995), utilizando a polpa de beterraba para porcas

gestantes, observaram que a digestibilidade aparente da fração fibrosa era

consideravelmente mais alta quando comparadas a de outros alimentos, como o

farelo de arroz, o farelo de trigo e a palhada da cevada. A natureza da fração da

fibra de polpa de beterraba consiste de polissacarídeos altamente fermentáveis

(pectina), enquanto que a fração da fibra das demais fontes contém material de

parede secundário, que é menos degradável devido à maior lignificação. A extensão

da degradação da fibra está relacionada diretamente com o tempo de retenção no

intestino grosso. Estes autores também observaram que a digestibilidade aparente

da fibra de beterraba pode ser melhorada aumentando-se os níveis de proteína na

dieta.

A digestibilidade da fibra depende da porcentagem de seus componentes.

De acordo com BERTIN et al. (1988), a polpa de beterraba contém em torno de 20%

de celulose, 25% de hemicelulose e 25% de pectina. CHESSON (1990) observou

que a pectina pode aumentar a viscosidade da digesta, reduzindo, assim, a

absorção de nutrientes. DIERICK et al. (1989) constataram um aumento na secreção

endógena de enzimas, resultando numa maior excreção de nitrogênio fecal. A

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pectina é altamente fermentável, causando um crescimento microbiano rápido e

levando ao aumento na quantidade de nitrogênio microbiano produzido. ROMAN &

HRUSKA (1987) constataram que o conteúdo de hemicelulose é extremamente

importante nas fontes fibrosas das rações de não-ruminantes, pois este

polissacarídeo, comparado à celulose, é mais bem digerido por estas espécies

animais.

Trabalhando com níveis de 10 e 20% de farinha de leucena (Leucaena

leucocephala) em suínos em crescimento, LY et al. (1998) encontraram decréscimo

na digestão da fibra bruta no intestino grosso com o aumento no nível de inclusão.

Porém, quanto à proteína bruta, não foram observadas diferenças.

LI et al. (1994), estudando o efeito da adição de níveis de fibra dietética

através da utilização de aveia em flocos na alimentação de suínos com 3 semanas

de idade, observaram que a inclusão de até 13,3% de aveia em flocos na ração não

afetou a digestibilidade ileal aparente da proteína bruta.

MROZ et al. (2000) observaram efeito da fonte de carboidrato sobre a

digestibilidade total aparente da proteína, encontrando valores de 79, 74 e 72% em

suínos na fase de terminação alimentados, respectivamente, com farinha de

mandioca, casca de soja e polpa de beterraba. A digestibilidade ileal aparente foi

mais baixa em dietas com casca de soja (58,4%) e mais alta em dietas com farinha

de mandioca (66,2%). A energia bruta foi mais bem aproveitada em dietas contendo

farinha de mandioca (66,3%), seguida pela polpa de beterraba (57,3%) e pela casca

de soja (53,8%).

A digestibilidade ileal de açúcares como glicose, galactose, xilose não foi

afetada com a adição de farelo de trigo, polpa de beterraba e batata em suínos em

crescimento comparada à dieta controle. As rações contendo polpa de beterraba e

farelo de trigo tiveram tendência em aumentar a excreção de nitrogênio urinário

(WANG et al., 2002).

MOORE et al. (1988), comparando dietas com 15% de casca de aveia, 15%

de casca de soja e 20% de farinha de alfafa, oferecidas a suínos em crescimento,

concluíram que a adição de qualquer uma destas fontes fibrosas foi responsável

pela diminuição da digestibilidade da matéria seca, FDN, energia e dos compostos

nitrogenados.

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2.3 Efeitos da fibra dietética sobre a secreção digestiva e a morfologia do trato gastrointestinal de suínos

Fatores como consumo de alimento, ganho de peso, fatores antinutricionais,

tipo de proteína e a fibra dietética presente na ração podem afetar na quantidade de

nitrogênio endógeno excretado (SOUFFRANT, 2001). Com relação à fibra dietética,

as perdas podem variar de acordo com o nível utilizado na ração. Primeiro por

estimular maior secreção de enzimas digestivas e segundo que, de acordo com o

tipo de fibra presente na dieta, estas perdas podem aumentar ou diminuir.

Langlois et al. (1987), citado por SOUFFRANT (2001), investigando o efeito

do farelo de trigo sobre a secreção pancreática de suínos, observaram aumento no

volume de secreção e decréscimo na concentração de proteína no pâncreas quando

comparado à dieta sem farelo de trigo.

SOUZA et al. (2002), trabalhando com três dietas: 1- controle; 2- 70%

controle e 30% de cana de açúcar desintegrada; 3- 30% de cana de açúcar

desintegrada e 70% de uma ração formulada à base de milho e farelo de soja, com

valores de nutrientes e aditivos elevados em relação à ração testemunha, não

observaram diferenças entre os pesos de pâncreas e percentual de pâncreas na

carcaça entre os tratamentos, indicando não haver ação antagonista do excesso de

fibra na dieta em relação às enzimas pancreáticas. Com relação ao tamanho do

fígado, os animais que receberam cana de açúcar tiveram maior peso e percentual

de fígado na carcaça comparado à dieta controle, podendo este fato ser explicado

por uma maior demanda do fígado para metabolizar ácidos graxos voláteis oriundos

da fermentação da fibra no intestino grosso.

A medida da atividade enzimática microbiana no intestino grosso de suínos é

um importante fator para clarificar o nível e a natureza do processo fermentativo

microbiano. MENDEL et al. (2002) demonstraram que a adição das enzimas xilanase

e celulase para suínos em crescimento alimentados com cevada melhorou sua

capacidade digestiva e seu desempenho.

Menores atividades da enzima amilase no ceco de leitões alimentados com

farelo de trigo foram observadas por FREIRE et al. (2003), relacionando este fato ao

baixo nível de amido na dieta. Segundo os autores, atividades mais altas das

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enzimas celulase e xilanase confirmam a melhor adaptação da população

microbiana no ceco para digerir a hemicelulose e celulose presentes nos

componentes fibrosos da dieta.

O efeito da pectina dietética sobre as secreções pancreáticas exócrinas em

suínos em crescimento foram estudados por MOSENTHIN et al. (1994). Observaram

que, com exceção da atividade da enzima .-amilase, a pectina não influenciou as

atividades enzimáticas, o volume e o conteúdo de nitrogênio ou uréia. Porém causou

um decréscimo na digestibilidade ileal aparente da proteína bruta e aminoácidos.

LI et al. (2001) constataram que o fluxo de dietas com níveis de 10 e 15% de

polissacarídeos não-digeríveis no trânsito gastrointestinal podem afetar os níveis de

sódio, potássio e cloro no estômago e no duodeno e, conseqüentemente, o consumo

de ração. Também observaram um aumento no peso do estômago utilizando-se o

nível de 15%.

A maior produção de fluidos digestivos está, provavelmente, associada ao

aumento na atividade de secreção dos órgãos, resultado do aumento no tamanho de

algum destes. Este fato foi comprovado por Jorgensen et al. (1996), citado por

WENK (2001), que demonstraram aumento significativo no tamanho do estômago,

ceco, cólon, além de um alongamento no cólon em suínos nas fases de crescimento

e terminação, alimentados com dietas contendo 26,8% quando comparados aos

animais alimentados com 5,9% de fibra dietética. Maior quantidade de movimentos

peristálticos foi observada nos animais alimentados com 26,8% de fibra.

De acordo com HANSEN et al. (1992), em não-ruminantes, o peso, volume e

capacidade do trato gastrintestinal aumentaram na presença de níveis elevados de

fibra dietética, evidenciando alterações na motilidade e morfologia do trato

gastrintestinal dos animais alimentados com rações fibrosas.

Semelhantemente, KASS et al. (1980) observaram aumento do peso do

cólon e peso total do trato gastrintestinal de suínos alimentados com 40 e 60 % de

farinha de alfafa. PEKAS et al. (1983) também detectaram elevação no peso do

intestino delgado, cólon e reto de suínos alimentados com ração contendo 50% de

alfafa desidratada.

Porém, OLIVEIRA et al. (2002), trabalhando com níveis (0; 5; 10; 15; 20%)

de casca de café melosa em rações de suínos em terminação, não encontraram

diferenças nos pesos dos órgãos.

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O aumento da viscosidade da digesta é geralmente associado com a fração

de polissacarídeos não-amiláceos presentes na dieta (CHOCT e ANNISON, 1992).

A fibra dietética influencia na morfologia intestinal assim como na

capacidade de tunorver das células intestinais, afetando diretamente a digestão,

absorção e metabolismo dos nutrientes (JIN et al, 1994).

Mutinelli e Formigoni (1988), citados por SCIPIONI e MARTELLI (2001),

observaram que o uso de silagens reduz significativamente e, em alguns casos,

totalmente, os processos inflamatórios e erosivos da mucosa gástrica dos suínos,

comprovando que o seu uso pode auxiliar na prevenção destas condições.

Mc DONALD et al. (2001) observaram que suínos após o desmame que

receberam dietas baseadas em arroz integral apresentaram aumento nas camadas

musculares do intestino delgado.

JIN et al. (1994) observaram maior proliferação de células no cólon em

leitões alimentados com dietas com altos níveis de fibra (93g/kg de fibra detergente

ácido e 167g/kg de fibra detergente neutro) comparados a dietas com baixo nível de

fibra (49g/kg de fibra detergente ácido e 116g/kg de fibra detergente neutro).

O intestino delgado é um importante segmento, alcançando comprimento de

16 a 21 metros em suínos adultos, sendo dividido nos mamíferos em duodeno,

jejuno e íleo, de acordo com as variações observadas na estrutura morfológica e na

atividade de absorção (TEIXEIRA, 1999).

A parede do intestino delgado é formada por quatro camadas ou túnicas

principais, que são a mucosa, submucosa, muscular e serosa. A mucosa é

responsável pela absorção e digestão dos nutrientes. A submucosa é constituída por

tecido conjuntivo vasculizado e inervado. Nesta camada estão presentes as

glândulas de Brunner, que ocorrem nos quatros metros iniciais do intestino delgado,

responsáveis pela lubrificação da superfície epitelial da mucosa. A camada muscular

é formada por duas subcamadas de fibras musculares lisas, enquanto que a serosa

é uma membrana delgada constituída por epitélio simples pavimentoso e tecido

conjuntivo (DELLMANN e BROWN, 1982).

Presentes na superfície luminal da parede do intestino delgado estão as

pregas, vilosidades e microvilosidades. Estas apresentam dimensões diferentes e

aumentam sensivelmente a superfície de absorção. As pregas são dobras da

mucosa e submucosa, organizadas ao redor da luz intestinal e revestidas por

vilosidades, as quais são projeções microscópicas somente da mucosa. Entre as

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vilosidades localizam-se as glândulas intestinais ou criptas de Lieberkuhn,

semelhantes a depressões que se estendem da base das vilosidades até a muscular

da mucosa.(TEIXEIRA, 1999).

O epitélio das glândulas intestinais e das vilosidades é contínuo, sendo

renovado com grande rapidez em função das células epiteliais se desprenderem

periodicamente da ponta das vilosidades. A renovação epitelial ocorre devido à

proliferação de células indiferenciadas localizadas na porção basal das criptas. A

proliferação celular e a diferenciação no epitélio intestinal estão sob o controle de

substâncias como as poliaminas, que chegam até as criptas pelo sangue ou pelo

conteúdo luminal (OSBORNE e SCIEDEL, 1990). De acordo com Moon (1971),

citado por TEIXEIRA (1999), a renovação das células absortivas ou enterócitos das

vilosidades pode levar de 3 a 4 dias.

Alguns autores acreditam que o aspecto das vilosidades e criptas intestinais

está relacionado à fase de vida em que o animal se encontra. No entanto, outros

acreditam que a intensidade das alterações morfológicas está associada à qualidade

dos alimentos empregados na formulação das dietas (LI et al., 1990). JIN et al.

(1994) relataram que o elevado teor de fibra dietética alterou a taxa de renovação

das células intestinais em suínos na fase de crescimento.

Mudanças anatômicas no intestino e alterações na forma das vilosidades

foram notadas em ratos alimentados com dietas com e sem fibra (Tasman-Jones et

al., 1982, citado por MEKBUNGWAN et al., 2002).

2.4 Efeitos da fibra dietética sobre o desempenho e características de carcaça

de suínos

Na literatura são encontrados diversos relatos frente aos efeitos do

fornecimento de alimentos fibrosos a suínos, cujos resultados apresentam elevada

variabilidade. Segundo POND (1989), as variações podem ser devido às diferenças

no conteúdo de saponina, aos métodos de processamento da fonte fibrosa ou

diferenças entre os grupos animais. A fração fibra dietética pode afetar

características nutricionais importantes, como a digestibilidade dos componentes

dietéticos, a fermentação ruminal e/ou intestinal, de acordo com a espécie animal em

questão e a taxa de ingestão alimentar, resultando, assim, em diversos efeitos sobre

o desempenho dos animais.

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De acordo com VAREL et al. (1988), suínos em crescimento com genética

para maior deposição de carne possuem capacidade digestiva mais alta para utilizar

a matéria seca e a energia fornecidas por uma dieta baseada em alfafa comparados

a suínos tipo banha.

Decréscimo linear no ganho diário de peso e na eficiência alimentar,

juntamente com aumento no consumo diário de ração e tendência de diminuição na

ingestão diária de energia digestível, foram observados por FRANK et al. (1983), em

suínos em fase de crescimento-terminação alimentados com rações contendo 0,0;

7,5 e 15,0 % de sabugo de milho moído.

Kass et al. (1980), citado por GOMES (1996), não observaram efeito

adverso da fibra sobre o desempenho de suínos tipo banha ou carne em fase de

crescimento-terminação quando 20% de farinha de alfafa foi adicionado às rações,

somente sendo observados efeitos depressivos em níveis de 40 e 60 % desta fonte.

Trabalhando também com farinha de alfafa no nível de 80% na ração, POND et al.

(1988) observaram redução no ganho de peso e aumento na conversão alimentar

em suínos na fase adulta.

Segundo FREIRE et al. (2003), suínos tipo carne, apesar de apresentarem

tendência para menor consumo de alimento, exibiram taxa de crescimento mais alta

do que os suínos tipo banha, confirmando uma melhor habilidade em transformar

alimentos fibrosos em ganho de peso.

BROUNS et al. (1995), incluindo às rações polpa de beterraba (40%; 50%;

58%; 65%; 65% + 3,36% óleo), observaram maior ganho de peso em fêmeas secas

que receberam ração com 40% deste alimento, enquanto que para deposição de

gordura na carcaça não foi observada diferença entre as dietas. Estes autores

concluíram que as rações com 58% e 65% de polpa de beterraba, quando

fornecidas à vontade para fêmeas secas, conseguem adequar a entrada de

nutrientes sem causar um ganho excessivo de peso.

Scipioni et al. (1991), citados por SCIPIONI & MARTELLI (2001), trabalhando

com suínos Duroc, dos 34 aos 144 kg, analisaram três dietas: A- dieta controle

baseada em milho e farelo de soja; B- dieta controle com substituição de 0,5kg do

consumo diário por silagem de milho; C- dieta controle com substituição de 0,5kg do

consumo diário por silagem de polpa de beterraba. Os suínos alimentados com as

dietas com silagem apresentaram redução significativa no ganho de peso, sendo

então prolongado o período de abate de 169 dias (controle) para 227 e 230 dias

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(dietas B e C respectivamente) para que os três tratamentos alcançassem o peso de

114,3kg. Porém apresentaram menor espessura de toucinho, maior rendimento em

carne magra, diferindo da dieta controle. Os animais que receberam a polpa de

beterraba apresentaram menor porcentagem de gordura na carcaça. Quando o teor

de ácidos graxos saturados foi medido no toucinho, os animais alimentados com as

silagens apresentaram menor quantidade por kg. Com relação aos ácidos graxos

insaturados, a que apresentou uma maior quantidade, se diferenciando dos demais

tratamentos, foi a dieta com silagem de milho.

2.5 Concentrações séricas de uréia e glicose

O metabolismo protéico dos animais pode ser avaliado pelas concentrações

sangüíneas de proteínas totais, albumina, globulina, hemoglobina e uréia, já o

metabolismo energético, normalmente é avaliado pelas concentrações de glicose

sangüínea (GONZALEZ, 1997).

Segundo BEITZ (1996 a), as proteínas são componentes orgânicos

essenciais de todas as células e constituem, aproximadamente, 18% do peso

corpóreo dos animais. Funcionam como reguladores do metabolismo (enzimas e

hormônios), elementos estruturais (membranas, músculo e tecido conjuntivo),

substâncias de transporte, osmorreguladores, componentes do ácido nucléico

(nucleoproteínas) e defensores do organismo (imunoglobulinas).

As proteínas dietéticas são hidrolisadas na luz intestinal e nas células

mucosas do trato gastrintestinal pela ação de inúmeras proteases e peptidases,

resultando na produção de aminoácidos livres, que, em sua maior parte, são

transportados para o fígado pelo sistema porta (BEITZ, 1996 a).

O cérebro, os músculos esqueléticos, os intestinos e o fígado são os

principais tecidos envolvidos na remoção de aminoácidos em excesso. Nos

mamíferos, o fígado retira estes aminoácidos do sangue e direciona para síntese

uréica (BEITZ, 1996 a).

O organismo animal pode armazenar glicogênio e gordura, mas tem pouca

capacidade para estocar proteínas de reserva. Em geral, o consumo de proteínas

além das necessidades diárias, resulta na formação de uréia excessiva, ácido úrico

ou íon amônio, acompanhada pela conversão do esqueleto de carbono da maioria

dos aminoácidos em carboidratos, lipídeos ou em CO2 para geração de ATP (BEITZ,

1996 a).

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Os carboidratos são as moléculas biológicas mais abundantes, formadas por

carbono, hidrogênio e oxigênio. São classificados em mono e polissacarídeos,

variando de acordo com o número de átomos de carbono e na organização dos

átomos de hidrogênio e oxigênio ligados a esses carbonos (VOET et al., 2002).

Segundo BEITZ (1996 b), os carboidratos dietéticos fornecem bem mais da metade

da energia necessária para o desempenho de trabalho metabólico, crescimento,

reparo, secreção, absorção, excreção e trabalho mecânico na maioria dos animais.

A glicose é o produto da digestão dos carboidratos e é o combustível básico

durante os períodos de nutrição adequada em monogástricos onívoros como os

suínos. A glicose absorvida no intestino é captada pelo fígado. Sob influência da

insulina, é desviada para a síntese de glicogênio, sendo armazenada no fígado sob

a forma de glicogênio, evitando altas concentrações no sangue.

(CUNNINGHAM,1999).

A concentração de glicose no sangue é fator importante na determinação da

concentração de glicose no fluido intersticial, a qual, por sua vez, tem influência no

índice de transporte dessa hexose em células individuais. Em condições pós-

absorção, as concentrações de glicose observadas no plasma, soro ou sangue total

de suínos situam-se entre 80 e 120mg/dL. As taxas digestivas e absortivas podem

apresentar uma variação alta, mesmo entre animais da mesma espécie e sob

regimes dietéticos semelhantes. Após uma refeição rica em carboidratos, as

concentrações sangüíneas de glicose podem ficar muito acima daquelas do estado

de jejum, mas num espaço de tempo relativamente curto voltam ao nível pré-

alimentação (BEITZ, 1996 b).

2.6 Alimentos usados como fonte de fibra BROUNS et al. (1995), avaliando a polpa de beterraba, a palha de cevada, o

farelo de arroz e o farelo de trigo na alimentação de porcas gestantes, observaram

que o consumo de alimento e o aproveitamento da energia variaram de acordo com

a fonte de fibra utilizada na alimentação, sendo menor na polpa de beterraba quando

comparada com as outras fontes. Com exceção da polpa, todos os ingredientes

fibrosos usados não conseguiram controlar o ganho de peso excessivo nas porcas e

nem o desperdício na utilização dos nutrientes. Já a polpa de beterraba de açúcar,

em níveis variando de 58 a 65%, forneceram resultados satisfatórios com relação ao

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ganho de peso e ao aproveitamento dos nutrientes de forma adequada pelas porcas

secas.

Redução no consumo voluntário de alimentos e no ganho de peso diário de

suínos em crescimento alimentados com a polpa de beterraba de açúcar também

foram observados por BULMAN et al. (1989).

OLIVEIRA et al. (2001), substituindo o milho por casca de café em rações

para suínos em crescimento e terminação, verificaram nos ensaios de digestibilidade

que, com o aumento nos níveis de inclusão de casca de café (0; 5; 10 e 15%), houve

redução linear nos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, da proteína, da

fibra em detergente neutro e da energia, assim como menor retenção de nitrogênio.

Segundo esses autores, estes resultados foram possivelmente associados às

dificuldades das enzimas digestivas atuarem nos conteúdos celulares de alimentos

fibrosos, à baixa qualidade da proteína oriunda da casca de café e ao aumento da

atividade microbiana no intestino grosso, elevando a quantidade de nitrogênio de

origem bacteriana presente nas fezes.

Avaliando a composição química de alguns alimentos para suínos,

FERREIRA et al. (1997) observaram que o farelo de algodão e a casca de café

foram os que apresentaram menores valores de matéria seca digestível, menor

coeficiente de digestibilidade de proteína bruta e menores valores de energia

digestível. Estes resultados estão relacionados ao teor de fibra dos alimentos. De

acordo com Pals & Ewan (1978), citados por FERREIRA et al. (1997), a causa dos

baixos valores energéticos provenientes de ingredientes com altos teores em fibra

deve-se ao maior gasto de energia para metabolizar os nutrientes desses alimentos,

propiciando, assim, maior dispêndio energético na conversão de energia presente

nos ingredientes em energia a ser utilizada pelos suínos.

KEMPEN et al. (2002), utilizando 10% de grama Bermuda em substituição

ao milho na alimentação de suínos em terminação, não observaram diferenças no

consumo de ração quando comparado à dieta controle, porém, com relação à

digestibilidade da energia e do nitrogênio, estes tiveram uma redução de 3% e 1%,

respectivamente.

SOUZA et al. (2002) não observaram diferenças na espessura de toucinho,

no rendimento de carcaça e no percentual de carne magra de machos e fêmeas

alimentados com rações contendo 30% de cana-de-açúcar desintegrada quando

comparados ao tratamento controle. Quanto ao consumo de ração e à conversão

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alimentar, as rações com 30% de cana apresentaram piores valores que a dieta

controle. Porém quando realizada a análise econômica das rações, devido ao baixo

preço da cana de açúcar comparado ao milho, a receita obtida para os animais onde

a dieta controle foi substituída em 30% por cana de açúcar desintegrada foi superior

em 17,71% e, quando a dieta controle foi substituída por 30% de cana e foram

corrigidos valores de proteína, minerais e aminoácidos, a receita foi superior em

7,07%. Como apresentado pelos autores, embora o ganho de peso tenha sido

menor nos tratamentos com cana de açúcar, a viabilidade do seu uso tornou-se

possível pela redução de custos, gerando uma receita líquida superior à das dietas

baseadas em milho e farelo de soja.

OLIVEIRA et al. (2002) observaram redução no desempenho e no

rendimento de carcaça e melhor qualidade das mesmas pela menor deposição de

gordura e maior porcentagem de carne e cortes magros em suínos na fase de

terminação alimentados com inclusão de casca de café melosa na ração.

RANHEMA e BORTON (2000), utilizando níveis de 15 e 20% de sobras da

indústria de batata frita e comparando à dieta controle na alimentação de suínos do

crescimento a terminação, não encontraram diferença no ganho de peso entre os

tratamentos. Entretanto, observaram que os animais alimentados com 20% de

batata necessitaram de um período de tempo mais prolongado para alcançar o peso

de abate (110-115 kg) comparado aos demais tratamentos. Com relação às

características de carcaça e propriedades organolépticas, também não foram

encontradas diferenças.

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4. TRABALHOS

Os trabalhos descritos a seguir foram elaborados de acordo com as normas

do Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia:

CANA-DE-AÇÚCAR INTEGRAL NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM

CRESCIMENTO (30-60 KG)1

MARIANA DURAN CORDEIRO2, RITA DA TRINDADE RIBEIRO NOBRE SOARES3, RONY

ANTONIO FERREIRA3, EDENIO DETMANN4 JOSÉ BRANDÃO FONSECA3, ANA PAULA

DELGADO DA COSTA2 CLÁUDIO TEIXEIRA LOMBARDI5, MARIA BEATRIZ MERCADANTE5

1Parte da tese de doutorado que será apresentada à Universidade Estadual do Norte Fluminense pelo primeiro

autor. 2Estudante de doutorado do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias – Universidade Estadual do Norte

Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 – Campos dos Goytacazes –RJ. Cep: 28013-600. email:

[email protected]. 3Docentes do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias – Universidade Estadual do Norte Fluminense.

Av. Alberto Lamego, 2000 – Campos dos Goytacazes –RJ. Cep: 28013-600 4Docente do Departamento de Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. 5Técnicos de Nível Superior do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal do Centro de Ciências e Tecnologias

Agropecuárias – Universidade Estadual do Norte Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 – Campos dos

Goytacazes –RJ. Cep: 28013-600.

DESEMPENHO DE SUÍNOS ALIMENTADOS COM RAÇÕES CONTENDO CANA-

DE-AÇÚCAR INTEGRAL NAS FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO1

MARIANA DURAN CORDEIRO2, RITA DA TRINDADE RIBEIRO NOBRE SOARES3, EDENIO

DETMANN4, JOSÉ BRANDÃO FONSECA3, RONY ANTONIO FERREIRA3, ANA PAULA

DELGADO DA COSTA2, MARIA BEATRIZ MERCADANTE5, CLÁUDIO TEIXEIRA LOMBARDI5

1Parte da tese de doutorado que será apresentada à Universidade Estadual do Norte Fluminense pelo primeiro

autor.

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39

2Estudante de doutorado do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias – Universidade Estadual do Norte

Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 – Campos dos Goytacazes –RJ. Cep: 28013-600. email:

[email protected]. 3Docentes do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias – Universidade Estadual do Norte Fluminense.

Av. Alberto Lamego, 2000 – Campos dos Goytacazes –RJ. Cep: 28013-600. 4Docente do Departamento de Zootecnia – Universidade Federal de Viçosa. 5Técnicos de Nível Superior do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal do Centro de Ciências e Tecnologias

Agropecuárias – Universidade Estadual do Norte Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 – Campos dos

Goytacazes –RJ. Cep: 28013-600.

CANA-DE-AÇÚCAR INTEGRAL NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM

CRESCIMENTO (30-60 KG)

RESUMO

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40

Foram utilizados 40 leitões mestiços (Large White x Landrace), com peso

médio inicial de 25 kg, distribuídos aleatoriamente em 20 baias, sendo cada unidade

experimental constituída por 2 animais. Os tratamentos consistiram de cinco rações

experimentais :T1 = Ração referência; T2 = Ração referência, sendo substituída sua

oferta em 15% por cana-de-açúcar; T3 = Ração controle com os níveis de P, Ca e

lisina corrigidos, sendo substituída sua oferta em 15% por cana-de-açúcar; T4 =

Ração referência, sendo substituída sua oferta em 30% por cana-de-açúcar; T5 =

Ração controle com os níveis de P, Ca e lisina corrigidos, sendo substituída sua

oferta em 30% por cana-de-açúcar. Foram avaliados o consumo de ração, o ganho

de peso, conversão alimentar, índice bionutricional-IBN, concentração sérica de

uréia e glicose, de peso dos órgãos gastrintestinais e análise histológica das

vilosidades intestinais. Os animais alimentados com ração contendo cana-de-açúcar

apresentam maior consumo de ração diário e pior conversão alimentar (P<0,05).

Embora não tenha sido observada diferença estatística, os animais que receberam

ração com 15% de cana-de-açúcar, sem correção dos níveis de Ca, P e lisina,

apresentaram melhor índice de bioeficiência nutricional. Os parâmetros bioquímicos

avaliados não foram influenciados (P>0,05). Observou-se maior altura de vilosidades

no duodeno e jejuno (P<0,05) dos animais alimentados com rações contendo cana-

de-açúcar. A substituição de 30% de cana-de-açúcar na ração referência propiciou

maior eficiência econômica na implantação do sistema, evidenciando a viabilidade

do seu uso.

Palavras-chave: Alimentos alternativos, bioquímica sanguínea, fibra, suínos,

vilosidades intestinais, viabilidade econômica.

ABSTRACT A total of 40 Large White x Landrace cross bred pigs, 25 kg mean initial

weight, were randomly distributed in 20 pens, with two animals in each experimental

unit. The treatments were five experimental diets: T1= Reference diet; T2=

Reference diet, with replacement of 15% of the diet by sugar cane; T3= Reference

diet with correction of P, Ca and lysine levels and replacement of 15% of the diet by

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sugar cane; T4= Reference diet, with replacement of 30% of the diet by sugar cane;

T5= Reference diet with correction of P, Ca and lysine levels and replacement of

30% of the diet by sugar cane. Data on feed consumption, weight gain, feed

conversion, bionutritional index – IBN, urea and glucose seric concentrations, gastric

– intestinal organs weight and histologie analysis of intestinal vilosities were

evaluated. The biochemical data evaluated were not affected (P>0,05). There were

observed higher vilosities in duodenum and jejunum (P<0,05) of pigs fed sugar cane.

These animals also had higher daily feed intake and worse feed convertion rate

(P<0,05). Pigs fed diets with 15% sugar cane, with no correction of Ca, P and lysine

levels presented better bionutritional efficiency index, but the differences were not

significant. However, the replacement of 30% of reference diet by sugar cane

resulted in larger economic efficiency, indicating the viability of sugar cane utilization.

Key words: Alternatives foods, blood bioquimic, fibre, swine, intestinal vilosities,

economic viabilid.

INTRODUÇÃO O crescimento da produção animal como setor responsável pelo

fornecimento de fontes protéicas esbarra na competição entre a alimentação

humana e a animal, principalmente em relação aos animais não-ruminantes, visto

que suas dietas são baseadas em importantes fontes de energia e proteína para a

alimentação humana, que são o milho e farelo de soja respectivamente. Nos últimos

anos, fontes alimentares alternativas para produção animal vêm sendo pesquisadas,

incluindo uma variedade de subprodutos e resíduos do processamento industrial de

culturas agrícolas e de práticas modernas de mecanização da agropecuária, que

podem ser utilizados como fontes de proteína, amido ou fibra.

Embora os não-ruminantes, como os suínos, não possuam microorganismos

em quantidades semelhantes aos ruminantes para degradarem e utilizarem a fração

fibrosa alimentar, esta vem sendo considerada uma alternativa na alimentação desta

espécie animal.

Do ponto de vista econômico e do bem-estar animal, a utilização da fibra é

conveniente (ANDERSON e LINDBERG, 1997). Porém, em quantidades excessivas,

pode promover mudanças na taxa de absorção de diferentes nutrientes,

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especialmente proteína, aminoácidos e minerais, e/ou na excreção de nitrogênio

endógeno (RODRIGUEZ et al., 1990). Cole e Chadd (1989) citados por BROUNS et

al. (1995), em experimentos com suínos na fase de crescimento, demonstraram que

a diluição do nível de energia em uma dieta com fibra pode resultar em maior

ingestão de alimento para compensar esse déficit energético, não ocorrendo, porém,

quando a fibra excede um alto nível ou a energia está abaixo do limite compensável.

A ingestão de dietas fibrosas pode ser limitada devido à palatabilidade e ao excesso

de volume provocado pela fibra.

Segundo VAN SOEST et al. (1991), a fibra dietética total é constituída de

polissacarídeos e lignina resistentes às enzimas digestivas dos mamíferos. Os

polissacarídeos incluem aqueles recuperados como fibra em detergente neutro e

outros polissacarídeos solúveis em detergente neutro, mas de natureza não-

amilácea.

Entre os métodos de análise da fibra, a fibra em detergente neutro (FDN) é o

mais eficaz, pois distingue a fração insolúvel dos alimentos sendo o componente que

mais se aproxima do conteúdo da parede celular (RESENDE et al., 1995).

A utilização dos componentes fibrosos por animais não-ruminantes varia de

acordo com o grau de lignificação, o nível de inclusão e a forma como estes foram

processados. Assim, a digestibilidade da fibra pode variar de 0 a 97%. Os

componentes fibrosos da dieta não são digeridos no intestino delgado, servindo de

substrato para a fermentação bacteriana no intestino grosso, que tem como principal

produto os ácidos graxos voláteis, que podem contribuir para a energia de

mantença, variando de acordo com o nível, a frequência do fornecimento e a

composição da fibra na dieta (FERNANDES, 2002).

A maior produção de fluidos digestivos está associada ao aumento na

atividade de secreção dos órgãos, resultado do aumento no tamanho de algum

destes. Fato comprovado por Jorgensen et al. (1996), citado por WENK (2001), que

demonstraram significativo aumento no tamanho do estômago, ceco, cólon, além do

alongamento no cólon em suínos nas fases de crescimento e terminação,

alimentados com dieta contendo 26,8% de fibra comparados a animais alimentados

com 5,9% de fibra.

Em geral, não-ruminantes alimentados com rações contendo altas

quantidades de fibra, necessitam de maior tempo para alcançar o mesmo ganho de

peso comparado ao de dietas com baixas quantidades de fibra. A fibra aumenta a

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taxa de passagem dos alimentos, expondo os mesmos a um menor tempo de ação

das enzimas digestivas. Também provoca a sensação de saciedade devido ao

volume ocupado no trato gastrointestinal. Fato comprovado por BULMAN et al.

(1989), ao observarem que suínos em crescimento alimentados com polpa de

beterraba de açúcar tiveram uma redução no consumo de alimento e no ganho de

peso diário.

Alguns estudos com cana-de-açúcar foram verificados na literatura

consultada. SOUZA et al. (2002) utilizaram até 30% de cana-de-açúcar desintegrada

na alimentação de suínos e não observaram diferenças com relação ao rendimento

de carcaça, comparado ao da dieta controle. Quando realizada a análise econômica

das rações, a receita obtida para os animais cuja dieta controle foi substituída em

30% por cana de açúcar desintegrada foi superior em 17,71%.

Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos da

inclusão da cana-de-açúcar na ração sobre as características morfológicas do trato

gastrointestinal, de desempenho e de carcaça, das concentrações séricas de glicose

e uréia, além da viabilidade econômica do seu uso na alimentação de suínos em

crescimento.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido na Unidade de Apoio à Pesquisa do

Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, situado

na Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio

Sarlo, no município de Campos dos Goytacazes

(RJ).

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Foram utilizados 40 leitões mestiços (Large White x Landrace), sendo 20 fêmeas e 20 machos castrados, com peso médio inicial de 25 kg. Os animais foram distribuídos aleatoriamente, aos pares, em 20 baias, em galpão de alvenaria, com piso de concreto compacto, provido de bebedouros tipo chupeta e comedouros de cimento. Antes do início do experimento os animais foram submetidos a um período de adaptação recebendo ração comercial até o peso médio de 30 kg. A temperatura do galpão foi monitorada diariamente, em três horários determinados (9:00; 12:00 e 15:00), através de termômetros de bulbo seco e bulbo úmido, termômetros de máxima e mínima e termômetro de globo negro, mantidos em duas baias vazias no centro do galpão e em lados opostos, à meia altura do corpo do animal. As leituras observadas foram utilizadas para calcular o Índice de Temperatura de Globo e Umidade (ITGU), caracterizando o ambiente térmico da instalação. Os animais foram distribuídos através de um delineamento em blocos casualizados, composto por cinco tratamentos e quatro blocos (sendo os sexos considerados como blocos), sendo cada unidade experimental constituída por dois

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animais. O controle da variação referente ao peso vivo inicial dos animais foi realizado por intermédio de análise de covariância. Foram utilizados níveis de substituição de uma ração referência por cana integral desintegrada na alimentação de suínos na fase de crescimento. A ração referência fornecida aos animais foi formulada atendendo às exigências nutricionais de suínos segundo ROSTAGNO et al. (2000). Foram utilizadas cinco rações experimentais que consistiram de: T1 = Ração referência; T2 = Ração referência, sendo substituída sua oferta em 15% por cana-de-açúcar; T3 = Ração referência com os níveis de P, Ca e lisina corrigidos, sendo substituída sua oferta em 15% por cana-de-açúcar; T4 = Ração referência, sendo substituída sua oferta em 30% por cana-de-açúcar; T5 = Ração referência com os níveis de P, Ca e lisina corrigidos, sendo substituída sua oferta em 30% por cana-de-açúcar. A cana de açúcar integral foi fornecida na forma desintegrada, em torno de uma hora após o fornecimento da ração, para evitar a fermentação e o aumento da umidade. A cana fornecida foi colhida diariamente e processada em moinho no horário de fornecimento. Os animais receberam as rações

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experimentais pela manhã e à tarde até o peso médio de 60 kg, caracterizando a mudança para fase de terminação e o final do período experimental. Na tabela 1, encontra-se a composição das dietas fornecidas nos cinco tratamentos. Tabela 1- Composição percentual das rações experimentais

Níveis de cana (%)

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Núcleo mineral-vitamínico contendo : Vit. A 342.860 UI; Vit.D3 51.430 UI; Vit. E 1.000 mg; Vit. K3 114 mg; Vit. B170 mg; Vit. B2 143 mg; Vit. B6 86 mg; Vit. B12 860 mcg; Niacina 860 mg; Ác.pantotênico 430 mg; Biotina 2,86 mg; Ácido fólico 23 mg ; Colina 8570 mg; Metionina 5710 mg; Lisina 22.860 mg; Triptofano 860 mg; Treonina 1.710 mg; Sódio 45g; Cálcio 231 g; Fósforo 78 g; Selênio

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15 mg; Flúor (máx.) 758 mg; Iôdo 23 mg; Cobalto 13 mg; Ferro 2.000 mg; Cobre 6.200 mg; Manganês 1.100 mg; Zinco 2.200 mg ; Promotor de crescimento 1.140 mg ; Antioxidante 125 mg; Vit. C 2.860 mg. Quantidade em 1 Kg do produto Foram avaliados parâmetros de desempenho (consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar e índice bionutricional-IBN), de bioquímica sanguínea (concentração sérica de uréia e glicose), e fisiológicos (peso dos órgãos gastrintestinais e análise histológica das vilosidades intestinais). O ganho de peso dos animais foi obtido através de pesagens quinzenais até o peso médio de 60kg. O consumo de ração foi obtido por pesagem diária das rações fornecidas e respectivas sobras. Com estes valores, foi calculada a conversão alimentar nos respectivos tratamentos. Para estimativa do IBN foram utilizados os procedimentos descritos por GUIDONI (1994). As amostras de sangue foram colhidas uma semana após o início e uma semana antes do fim da fase de crescimento, sempre no mesmo horário, uma hora após a alimentação dos animais. Foram colhidas na veia jugular ou na braquial, utilizando-se seringas de 10mL e agulhas de 25 x 0,7mm ou 40 x 1,2 mm de acordo com o tamanho dos animais. As amostras de sangue destinadas à

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análise da concentração de glicose sanguínea foram obtidas em tubo contendo fluoreto de sódio associado a EDTA, sendo estas centrifugadas (3500 rpm por cinco minutos) trinta minutos após a colheita. As destinadas à determinação de concentração sanguínea de uréia foram acondicionadas em tubos contendo heparina sódica, sendo posteriormente centrifugadas. Todas as amostras permaneceram acondicionadas em caixa térmica contendo gelo durante a etapa de colheita de material. Após a centrifugação, o plasma era separado, sendo este acondicionado em tubos tipo eppendorf e submetidos a congelamento a – 20o.C para posterior análise laboratorial. Para quantificação da glicose e da uréia foram utilizados kits enzimáticos Analisa, por meio da técnica de colorimetria. Ao término do período experimental, um animal de cada unidade experimental, escolhido aleatoriamente, foi submetido a jejum alimentar de 12 horas e abatido por dessensibilização e sangramento. Após o abate, procedeu-se ao toalete e à evisceração para retirada dos órgãos. Foram colhidos dados referentes ao peso dos órgãos digestivos cheios e vazios (estômago,

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intestino delgado, intestino grosso), do pâncreas, fígado, baço, rins, pulmões e coração. Cada órgão foi separado e pesado individualmente após o escorrimento do sangue. Após a pesagem do intestino delgado, foram coletados segmentos em torno de 3cm do duodeno, jejuno e íleo, fixados em papel filtro em formol tamponado a 10% para preparação de lâminas no Setor de Morfologia e Anatomia Patológica do Laboratório de Sanidade Animal da Universidade Estadual do Norte Fluminense para análise histológica das vilosidades seguindo a técnica descrita por GARTNER e HIATT (1997). Com os resultados de desempenho obtidos, foi realizada a análise econômica das rações para verificar a viabilidade de utilização da cana-de-açúcar na fase de crescimento por intermédio do método de orçamento parcial, que é baseado no balanço do crédito e do débito resultante da mudança proposta. A efetivação dessa mudança pode requerer um período longo de tempo para ajustamentos da propriedade, razão pela qual não se analisa a mudança da lucratividade num ano em particular e sim a lucratividade média com a introdução da mudança (PONCIANO, 2000).

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As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o procedimento GLM do SAS, versão 6.12 (1996), sendo a soma de quadrados dos tratamentos decomposta em contrastes ortogonais, como descrito na tabela 2 (.=0,05).

Tabela 2 - Descrição dos contrastes ortogonais empregados na decomposição da soma de quadrados para tratamentos

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A temperatura do galpão durante o período experimental manteve-se em 24,3 ±± 3,79 ºC, com umidade relativa de 72,5 ±± 7,10% e temperatura de globo negro de 25,8 ±± 3,02 ºC. O Índice de Temperatura de Globo e Umidade (ITGU) calculado no período foi de 73,8 ±± 3,70. A temperatura média observada mostrou-se um pouco acima da zona de conforto térmico para suínos em crescimento, que, segundo PERDOMO (1994), está na faixa de 18 a 23 ºC. Com relação ao

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ITGU, os valores encontraram-se acima da zona de conforto, que, segundo TAVARES e FERREIRA (2005), está na faixa de 69,5, caracterizando um moderado estresse calórico. O ITGU é considerado por vários autores o mais adequado para avaliar o conforto térmico ambiente, nas condições em que os animais são expostos à radiação solar (regiões tropicais), uma vez que combina os efeitos de radiação, velocidade do ar e temperatura de bulbo (TAVARES e FERREIRA, 2005). Na tabela 3, estão apresentados os resultados de consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e índice bionutricional (IBN). Na tabela 4, são apresentados os níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis estudadas listadas na tabela 4.

Tabela 3 - Valores médios de consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e índice bionutricional (IBN) em suínos alimentados com cana-de-açúcar integral desintegrada na fase de crescimento (30-60 kg)

Níveis de cana (%)

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1 IBN= 4,4367* ganho – 0,01967* consumo (importância relativa = 73,5%).

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Tabela 4 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e índice de eficiência bionutricional (IBN)

Contraste1

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1 Controle = tratamento controle x tratamentos com adição de cana integral picada; Nível = comparação entre os níveis de adição de cana integral picada; Correção = comparação entre tratamentos com e sem correção para cálcio, fósforo e lisina; N X C = efeito da interação entre níveis de adição de cana e correção para nutrientes. Não foram observados efeitos da interação entre os níveis de cana-de-açúcar integral desintegrada e a correção para cálcio, fósforo e lisina. O fornecimento de cana-de-açúcar promoveu aumento (P<0,05) no consumo de ração diário, sendo que os animais que receberam cana apresentaram incremento médio de 8,9% em relação àqueles que receberam a ração referência. Considerando-se que uma das teorias que estabelece a regulação da ingestão de alimentos pelos suínos está baseada no nível de energia ingerido, este fato pode ter contribuído para o aumento no consumo. As dietas em que a cana foi adicionada apresentavam valores de energia digestível em sua composição menores do que a exigência dos animais para a fase de crescimento. As dietas com 15% de cana apresentaram redução em torno de 5% no consumo de energia digestível diário, enquanto que as

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com 30%, tiveram uma redução média de 17% no consumo. Resultado semelhante foi observado por Cole e Chadd (1989), citados por BROUNS et al. (1995), que, trabalhando com suínos em crescimento, evidenciaram que o fornecimento de dietas com fibra pode resultar em aumento no consumo de alimentos para compensar o déficit energético advindo da diluição do nível de energia na ração fibrosa. Os animais que receberam substituição da ração referência por 15% de cana-de-açúcar apresentaram maior (P<0,05) ganho de peso diário em relação àqueles que receberam ração com 30% de cana, não sendo observado efeito (P>0,05) de ambos os níveis em relação à ração referência. Este fato pode estar relacionado à menor ingestão de energia digestível diária entre os níveis e também pelo aumento na quantidade de fibra ingerida, uma vez que o aumento na ingestão de fibra estimula a taxa de passagem dos alimentos pelo trato digestivo, reduzindo o tempo de exposição dos ingredientes à ação enzimática e, conseqüentemente, à digestibilidade dos nutrientes. Segundo BROUNS et al. (1995), dietas em que se utilizam altos níveis de inclusão de alimentos fibrosos podem

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restringir a absorção de nutrientes essenciais ao organismo na quantidade aceitável. Fato observado também por RODRIGUEZ et al. (1990), que afirmam que a fibra pode promover mudanças na taxa de absorção de diferentes nutrientes, especialmente proteína, aminoácidos e minerais. Associada a este fato, a maior concentração de fibra no trato digestivo dos animais que receberam 30% de cana-de-açúcar proporcionou aumento na viscosidade da digesta na luz do trato, contribuindo negativamente para a digestibilidade e, conseqüentemente, no ganho de peso dos animais. De acordo com CHOCT e ANNISON (1992), o aumento da viscosidade da digesta é geralmente associado com a fração de polissacarídeos não amiláceos presentes na dieta. O maior valor absoluto de ganho de peso observado nos animais que receberam 15% de cana-de-açúcar sem correção nutricional não é biologicamente explicado. O fornecimento da cana-de-açúcar piorou (P<0,05) a conversão alimentar dos animais. Uma vez que a conversão é calculada pelo quociente entre o consumo de ração e o ganho de peso, a piora observada com a utilização de cana-de-açúcar está, provavelmente, relacionada à maior

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ingestão de fibra pelos animais. A flutuação ocorrida no consumo de fibra detergente neutro diário está diretamente proporcional à verificada na conversão alimentar. Dessa maneira, a eficiência de utilização dos nutrientes para ganho de peso pode ser comprometida quando os suínos são alimentados com rações contendo fibra em excesso à sua capacidade fisiológica e metabólica. De forma similar, FRANK et al. (1983) observaram um decréscimo linear no ganho diário de peso e na eficiência alimentar, juntamente com aumento no consumo diário de ração e tendência de diminuição na ingestão diária de energia digestível, quando rações contendo 0; 7,5 e 15% de sabugo de milho moído foram oferecidas a suínos em fase de crescimento-terminação. Ao se calcular o índice de eficiência bionutricional, não foi observada diferença entre os níveis (P<0,05). Verificou-se que os animais alimentados com 15% de cana-de-açúcar, sem correção nutricional, apresentaram os melhores índices, o que pode estar relacionado ao maior valor absoluto de ganho de peso diário observado nestes animais. O índice correlaciona o ganho de peso e o consumo de ração de cada nível através de uma

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análise multivariada, garantindo a máxima discriminação entre grupos experimentais, propriedade não retida na utilização de conversão alimentar e eficiência. Os pesos absolutos do fígado (PF), pâncreas (PPA), estômago (PE), intestino delgado vazio (PIDV) e intestino grosso vazio (PIGV) estão descritos na tabela 5.

Tabela 5 - Resultados dos pesos do fígado, pâncreas, estômago, intestino delgado vazio (IDv) e intestino grosso vazio (IGv) em função dos diferentes tratamentos

Níveis de cana integral

picada (%)

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Na tabela 6, são apresentados os níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis listadas na tabela 6.

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Tabela 6 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos

diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis peso do fígado, pâncreas, estômago, intestino delgado vazio (IDv) e intestino grosso vazio (IGv)

Contraste1

1 Controle = tratamento controle x tratamentos com adição de cana integral picada;

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Nível = comparação entre os níveis de adição de cana integral picada; Correção = comparação entre tratamentos com e sem correção para cálcio, fósforo e lisina; N X C = efeito da interação entre níveis de adição de cana e correção para nutrientes. Os animais alimentados com dietas contendo cana-de-açúcar apresentaram menor peso de fígado (P<0,05) comparados aos da dieta controle. Este resultado pode estar relacionado ao menor nível de energia digestível (tabela1), associado à menor disponibilidade de energia líquida pelo aumento do incremento calórico gerado pelo tipo de carboidrato presente na cana-de-açúcar. Fato contrastante ao encontrado por SOUZA et al. (2002), que observaram aumento no peso e percentual de fígado na carcaça de animais alimentados com 30% de cana-de-açúcar desintegrada comparados aos da dieta controle. Segundo os autores, isto ocorreu em função da maior demanda do fígado em metabolizar os ácidos graxos voláteis oriundos do intestino grosso. Entretanto, foi observado, em animais na fase de terminação, que, comparados aos na fase de crescimento, possuem uma maior capacidade de fermentação pelos microorganismos presentes no intestino

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grosso e, conseqüentemente, maior produção de ácidos graxos voláteis. Os níveis de fibra dietética presentes nas dietas com cana-de-açúcar não influenciaram no aumento do peso do pâncreas (P>0,05). Isto demonstrou não haver ação sobre a secreção de bicarbonato de cálcio e a secreção de enzimas para a digestão no lúmen intestinal de carboidratos, gorduras e proteínas. Fato observado também por MOSENTHIN et al. (1994), que, estudando o efeito da pectina dietética sobre as secreções pancreáticas exócrinas em suínos em crescimento, observaram que, com exceção da enzima αα-amilase, a pectina não influenciou as atividades enzimáticas do órgão. Não foram observados efeitos das dietas com inclusão da cana sobre o peso do estômago, do intestino delgado e do intestino grosso vazio (P>0,05). Este fato pode estar relacionando à baixa quantidade de fibra bruta presente nas dietas. Com o nível de substituição de 30%, a quantidade de fibra bruta estimada na ração foi de 6,4%. Resultados semelhantes foram observados por Jorgensen et al. (1996), citado por WENK (2001), que demonstraram não haver aumento no tamanho do estômago e intestino grosso de suínos em

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crescimento e terminação alimentados com dietas com 5,9% de fibra bruta quando comparados aos animais alimentados com 26,8%. Na tabela 7, estão os resultados das concentrações séricas de uréia e glicose no sangue. Os contrastes ortogonais relacionados a estas variáveis encontram-se na tabela 8.

Tabela 7 - Valores médios das concentrações séricas de uréia e glicose no sangue de suínos alimentados com cana-de-açúcar integral desintegrada na fase de crescimento

Níveis de cana

integral picada (%)

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Tabela 8 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação para as variáveis concentrações séricas de uréia e glicose no sangue

Contraste1

1 Controle = tratamento controle x tratamentos com adição de cana integral picada; Nível = comparação entre os níveis de adição de cana integral picada; Correção = comparação entre tratamentos com e sem correção para cálcio, fósforo e lisina; N X C = efeito da interação entre níveis de adição de cana e correção para nutrientes.

Embora não tenham sido observadas diferenças significativas

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(P>0,05) nas concentrações séricas de uréia nos tratamentos, estas ficaram acima das concentrações referências, que, segundo BEITZ (1996 a), podem variar de 8 a 24 mg/dL. Este fato pode estar relacionado ao aumento da ingestão diária de ração e com conseqüente aumento da ingestão de proteína. Em geral, o consumo de proteínas além das necessidades diárias resulta em maior produção de uréia acompanhada pela conversão do esqueleto de carbono da maioria dos aminoácidos em carboidratos e lipídeos ou em gás carbônico para geração de ATP (BEITZ, 1996 a). Apesar da glicose ser o produto final da digestão de carboidratos, o uso da cana-de-açúcar não implicou (P>0,05) aumento nas suas concentrações séricas. Em concentrações elevadas, o pâncreas é diretamente afetado, por produzir maior volume de insulina para desviar este excesso para síntese de glicogênio, armazenado no fígado, fato não observado.

O resultado da altura das vilosidades no duodeno, jejuno e íleo encontram-se na tabela 9. Na tabela 10, são observados os contrastes da variável altura de vilosidades.

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Tabela 9 - Altura das vilosidades no duodeno, jejuno e íleo de suínos alimentados com cana-de-açúcar integral desintegrada na fase de crescimento

Níveis de cana integral

picada (%)

Altura das vilosidades

(�m)

Tabela 10 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação para a variável altura de vilosidades no duodeno, jejuno e íleo

Contraste1

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1 Controle = tratamento controle x tratamentos com adição de cana integral picada; Nível = comparação entre os níveis de adição de cana integral picada; Correção = comparação entre tratamentos com e sem correção para cálcio, fósforo e lisina; N X C = efeito da interação entre níveis de adição de cana e correção para nutrientes.

A utilização de cana-de-açúcar provocou aumento da altura das vilosidades

intestinais no duodeno e no jejuno (P<0,05). Foi observada interação significativa

(P<0,05) entre o nível de cana e a correção. Os animais que receberam a ração com

30% de cana corrigida apresentaram as maiores alturas de vilosidades no duodeno

(P<0,05). JIN et al. (1994) observaram maior proliferação de células no cólon em

leitões alimentados com dietas com altos níveis de fibra comparados a dietas com

baixo nível de fibra. No jejuno, os animais que receberam as rações corrigidas para

cálcio, fósforo e lisina apresentaram maior altura de vilosidades (P<0,05) quando

comparados aos que não receberam correção, propondo melhor ajuste dessas

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vilosidades para absorção dos nutrientes adicionados, sugerindo que a correção foi

mais importante que o teor de fibra para estimular a altura das vilosidades.

Nas tabelas 11, 12, 13 e 14, encontram-se os orçamentos comparativos da ração referência com os demais tratamentos.

Tabela 11 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 15% de cana-de-açúcar integral desintegrada

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Preço por kg do produto empregado na formulação das rações: R$ 0,52 kg milho; R$ 1,02 kg farelo de soja; R$ 0,03 kg cana-de-açúcar; R$ 1,40 kg premix; R$ 16,00 kg lisina; R$ 2,05 kg óleo de soja; R$ 1,90 kg fosfato bicálcico. Preço hora mão-de-obra: R$ 1,88.

Tabela 12 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 15% de cana-de-açúcar integral desintegrada corrigida para cálcio, fósforo e lisina

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Preço por kg do produto empregado na formulação das rações: R$ 0,52 kg milho; R$ 1,02 kg farelo de soja; R$ 0,03

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kg cana-de-açúcar; R$ 1,40 kg premix; R$ 16,00 kg lisina; R$ 2,05 kg óleo de soja; R$ 1,90 kg fosfato bicálcico. Preço hora mão-de-obra: R$ 1,88.

Tabela 13 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 30% de cana-de-açúcar integral desintegrada

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Preço por kg do produto empregado na formulação das rações: R$ 0,52 kg milho; R$ 1,02 kg farelo de soja; R$ 0,03 kg cana-de-açúcar; R$ 1,40 kg premix; R$ 16,00 kg lisina; R$ 2,05 kg óleo de soja; R$ 1,90 kg fosfato bicálcico. Preço hora mão-de-obra: R$ 1,88.

Tabela 14 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 30% de cana-de-açúcar integral desintegrada corrigida para cálcio, fósforo e lisina

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Preço por kg do produto empregado na formulação das rações: R$ 0,52 kg milho; R$ 1,02 kg farelo de soja; R$ 0,03

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kg cana-de-açúcar; R$ 1,40 kg premix; R$ 16,00 kg lisina; R$ 2,05 kg óleo de soja; R$ 1,90 kg fosfato bicálcico. Preço hora mão-de-obra: R$ 1,88.

Com exceção do orçamento comparativo da ração referência com a ração

com 15% de cana-de-açúcar com correção nutricional, todos os outros obtiveram

balanço positivo gerando lucro, demonstrando a viabilidade da implantação do

sistema. No tratamento com 15% de cana-de-açúcar com correção nutricional, foram

observados maiores custos na formulação das rações, relacionados principalmente

ao custo da lisina, tornando o sistema inviável. Porém, no nível de 30% de

substituição com correção nutricional, foi obtido lucro, fato ocorrido devido à maior

incorporação de cana na ração, reduzindo drasticamente o seu custo quando

comparado à ração controle. Nas rações em que foram utilizados níveis de cana-de-

açúcar sem correção nutricional, embora os custos relacionados à mão-de-obra,

gasto com energia, depreciação da picadeira e custo de oportunidade de

implantação do sistema fossem maiores, o fator decisivo para a geração de lucro foi

à redução no custo das rações obtidos nas quais se utilizou a cana-de-açúcar em

substituição ao milho.

CONCLUSÕES

A substituição de 30% da cana-de-açúcar integral desintegrada na ração referência propiciou maior eficiência econômica na implantação do sistema, evidenciando a viabilidade do seu uso, embora tenha sido observado melhor desempenho nos animais que receberam ração com 15% de cana-de-açúcar integral desintegrada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DESEMPENHO DE SUÍNOS ALIMENTADOS COM RAÇÕES CONTENDO CANA-

DE-AÇÚCAR INTEGRAL NAS FASES DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO

RESUMO

O experimento foi desenvolvido na Unidade de Apoio à Pesquisa do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, situada na Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, no município de Campos dos Goytacazes (RJ), com o objetivo de avaliar o efeito da utilização de cana-de-açúcar na alimentação de suínos. Foram utilizados 36 leitões mestiços (Large

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White x Landrace), sendo 18 fêmeas e 18 machos castrados, com peso médio inicial de 26 kg, distribuídos aleatoriamente em 18 baias, sendo cada unidade experimental constituída por 2 animais do mesmo sexo. Os animais foram alimentados com 3 rações experimentais: T1 = Ração referência; T2 = Ração referência, sendo substituída sua oferta em 15% por cana-de-açúcar; T3 = Ração referência, sendo substituída sua oferta em 30% por cana-de-açúcar. Foram avaliados os parâmetros de desempenho, características de carcaça, bioquímica sanguínea, peso dos órgãos gastrintestinais e análise histológica das vilosidades intestinais. O consumo de ração e o ganho de peso diário não foram afetados pelos níveis de cana utilizados (P>0,05), entretanto, a conversão alimentar piorou (P<0,05). Não foram observadas diferenças significativas (P>0,05) para peso do fígado, pâncreas, estômago, intestino delgado vazio e intestino grosso vazio. Os parâmetros bioquímicos avaliados não foram afetados (P>0,05). Observou-se maior altura de vilosidades intestinais (P<0,05) nos animais alimentados com ração contendo cana-de-açúcar. A utilização de 30% de cana-de-açúcar integral

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desintegrada não proporcionou mudanças nas características de carcaça dos animais. A cana-de-açúcar integral desintegrada pode ser fornecida ao nível de substituição de 30% como fonte alternativa à alimentação de suínos em crescimento e terminação. O orçamento comparativo dos sistemas demonstrou que a ração contendo 15% de cana-de-açúcar gerou maior balanço positivo, demonstrando a viabilidade da sua implantação. Palavras-chave: fibra dietética, nutrição de suínos, rendimento de carcaça, trato gastrintestinal, vilosidades.

ABSTRACT

An experiment was run in the Research Nucleaus of the Nutrition and Animal Science Departament of the Norte Fluminense State University, locad in the Agricultural Technical State School Antonio Sarlo in Campos dos Goytacazes, RJ, to evaluate the effects of the utilization of sugar cane in the feeding of swine. Thirty six cross bred pigs (Large White x Landrace) were used, 18 females and 18 castrated males, 26 kg mean initial weight. They were randomily distributed in 18 pens and each experiment unit had two

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animals of the same sex. The animals were fed tree experimental diets: T1 = Reference diet; T2 = Reference diet, with the replacement of the diet by 15% of chopped sugar cane; T3 = Reference diet, with the replacement of the diet by 30% of chopped sugar cane. Data on performance, carcass characteristics, blood biochemisty, gastric – intestinal organs weight and histologic analyses of intestinal vilosities were evaluated. Feed intake and daily weight gain were not affected by sugar cane levels used (P>0,05), however feed:gain ratio decreased (P<0,05). Differences were not significant (P>0,05) observeds in higher liver, pancreas, stomach, empty small intestine and empty large intestine weight. The biochemistry data evaluated were not affected (P>0,05). It was observed higher intestinal vilosities (P<0,05) in the animals fed diets containing sugar cane. The use of 30% of chopped sugar cane did not change carcass charachteristics of the animals. Chopped sugar cane can be fed at the level of 30% of replacement as an alternative in the feeding of growing and finishing swine. By a comparative budget of the feeding systems, the diet containing 15% sugar cane resulted in higher positive

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balance showing the viability of the system. Key words:dietary fiber, swine nutrition, carcass yield, gastric – intestinal tract, vilosities.

INTRODUÇÃO

A evolução na produção animal nas ultimas décadas está ligada a fatores como melhores práticas de manejo, melhoramento genético e fornecimento de dietas equilibradas em nutrientes atendendo às diferentes fases de vida do animal. Os principais alimentos utilizados nas rações de suínos e fornecedores de proteína e energia são a soja e o milho, respectivamente. Pela vasta extensão territorial, o Brasil se destaca como produtor desses grãos. Porém, grande parte dessa produção é exportada, ocasionando elevações nos preços, e encarecendo a produção animal, principalmente de animais não-ruminantes. Com isso, a pesquisa por alimentos alternativos, como subprodutos, resíduos do processamento industrial de culturas agrícolas e fontes fibrosas nas dietas de não-ruminantes, vem sendo intensificada. O potencial dos alimentos fibrosos na nutrição de suínos precisa ser explorado, sendo de suma importância o estudo dessas fontes alternativas,

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uma vez que o conteúdo de fibra existente varia de acordo com o alimento em questão, influenciando no seu aproveitamento pelo animal. A utilização da fibra em dietas de animais não-ruminantes gera uma série de conseqüências na digestão: aumenta a taxa de passagem da dieta, reduz a digestibilidade, e é benéfica para porcas em gestação por promover ganho de peso moderado durante a gestação (JOHNSTON et al., 1987). O conhecimento do real papel dos constituintes da parede celular vegetal, bem como a determinação de seus efeitos sobre os parâmetros de desempenho e características de carcaça, entre outros, é de suma importância no que diz respeito à avaliação da qualidade nutricional e no estabelecimento de limites adequados de utilização de ingredientes e/ou alimentos volumosos na ração animal (MERTENS, 1992).

Os carboidratos consistem num grupo de substâncias variadas com diferentes destinos no trato gastrintestinal e com propriedades fisiológicas que diferem em importância no organismo animal (WANG et al., 2002) A utilização dos componentes fibrosos por animais não-ruminantes varia de acordo com o grau de lignificação, o nível de inclusão e a forma

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como estes foram processados. Não são digeridos no intestino delgado dos suínos, servindo de substrato para a fermentação bacteriana no intestino grosso e tendo como produto final a produção de ácidos graxos voláteis. KNUDSEN et al. (1993) observaram que, com o aumento do percentual de fibra bruta na dieta, ocorre redução na digestibilidade, devido, principalmente, à maior taxa de passagem da digesta, reduzindo o tempo de exposição à digestão enzimática dos demais componentes, como a proteína. A digestibilidade da fibra depende da porcentagem de seus componentes. CHESSON (1990) observou que a pectina pode aumentar a viscosidade da digesta reduzindo, assim, a absorção de nutrientes. ROMAN & HRUSKA (1987) constataram que o conteúdo de hemicelulose é extremamente importante para as fontes fibrosas das rações de não-ruminantes, por ser o polissacarídeo melhor digerido por estas espécies. A fibra dietética também influencia na morfologia intestinal como na capacidade de tunorver das células intestinais, afetando diretamente a digestão, a absorção e o metabolismo dos nutrientes (JIN et al., 1994).

Animais não-ruminantes, alimentados

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com altas concentrações de fibra nas rações, demandam de maior tempo para alcançar o mesmo peso dos animais alimentados com baixas concentrações. Este fato está relacionado, principalmente, ao aumento na taxa de passagem dos alimentos, expondo os mesmos a um menor tempo de ação das enzimas digestivas.

Por ser uma planta cultivável em todo Brasil, a cana-de-açúcar constitui alternativa na alimentação de suínos. SOUZA et al. (2002), trabalhando com substituição de 30% de cana-de-açúcar na ração, não observaram diferenças na espessura de toucinho, no rendimento de carcaça e no percentual de carne magra de machos e fêmeas quando comparados ao tratamento controle.

Assim, objetivou-se, neste trabalho, avaliar os efeitos da inclusão da cana-de-açúcar integral nas rações para suínos em crescimento e terminação, sobre as características de desempenho e carcaça, sobre as características morfológicas do trato gastrintestinal, sobre as concentrações séricas de glicose e uréia, além da análise econômica do seu uso na criação de suínos.

MATERIAL E MÉTODOS

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O experimento foi

desenvolvido na Unidade de Apoio à Pesquisa do

Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, situado

na Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio

Sarlo, no município de Campos dos Goytacazes

(RJ). Foram utilizados 36 leitões mestiços (Large White x Landrace), sendo 18 fêmeas e 18 machos castrados, com peso médio inicial de 26 kg. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 18 baias, em galpão de alvenaria, com piso de concreto compacto, provido de bebedouros tipo chupeta e comedouros de cimento. Antes do início do experimento os animais foram submetidos a um período de adaptação recebendo ração comercial até o peso médio de 30 kg. A temperatura do galpão foi monitorada diariamente, em três horários determinados (9:00; 12:00; 15:00), através de termômetros de bulbo seco e bulbo úmido, termômetros de máxima e mínima e termômetro de globo negro, mantidos em duas baias vazias no centro do galpão e em lados opostos, à meia altura do corpo do animal. As leituras observadas foram utilizadas para calcular o Índice de Temperatura de Globo e Umidade (ITGU),

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caracterizando o ambiente térmico da instalação. Foi utilizado um delineamento experimental em blocos casualizados, composto por três tratamentos e seis blocos (três de machos e três de fêmeas), com dois animais por unidade experimental (baia). Os tratamentos foram os seguintes: T1 = Ração referência; T2 = Ração referência, sendo substituída sua oferta em 15% por cana-de-açúcar; T3 = Ração referência, sendo substituída sua oferta em 30% por cana-de-açúcar. A ração referência fornecida aos animais foi formulada atendendo às exigências nutricionais de suínos para as fases de crescimento e terminação, segundo ROSTAGNO et al. (2000). A cana de açúcar integral foi fornecida aos animais na forma desintegrada, em torno de uma hora após o fornecimento da ração, para evitar a fermentação e o aumento da umidade na ração. A cana fornecida foi colhida diariamente, processada em picadeira no horário de fornecimento. Os animais receberam as rações experimentais nos períodos da manhã e tarde. Na tabela 1, encontra-se a composição das dietas fornecidas nos três tratamentos para fase de crescimento (30-60kg). Para fase de terminação (60-110kg), a composição

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das dietas encontra-se na tabela 2.

Tabela 1 - Composição percentual das rações experimentais para fase de crescimento

Níveis de cana integral picada (%)

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Núcleo mineral-vitamínico contendo : Vit. A 342.860 UI; Vit.D3 51.430 UI; Vit. E 1.000 mg; Vit. K3 114 mg; Vit. B170 mg; Vit. B2 143 mg; Vit. B6 86 mg; Vit. B12 860 mcg; Niacina 860 mg; Ác.pantotênico 430 mg; Biotina 2,86 mg; Ácido fólico 23 mg ; Colina 8570 mg; Metionina 5710 mg; Lisina 22.860 mg; Triptofano 860 mg; Treonina 1.710 mg; Sódio 45g; Cálcio 231 g; Fósforo 78 g; Selênio 15 mg; Flúor (máx.) 758 mg; Iôdo 23 mg; Cobalto 13 mg; Ferro 2.000 mg; Cobre 6.200 mg; Manganês 1.100 mg; Zinco 2.200 mg ; Promotor de crescimento 1.140 mg ; Antioxidante 125 mg; Vit. C 2.860 mg. Quantidade em 1 Kg do produto.

Tabela 2 - Composição percentual das rações experimentais para fase de terminação

Níveis de cana integral picada (%)

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Núcleo mineral-vitamínico contendo : Vit. A 342.860 UI; Vit.D3 51.430 UI; Vit. E 1.000 mg; Vit. K3 114 mg; Vit.

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B170 mg; Vit. B2 143 mg; Vit. B6 86 mg; Vit. B12 860 mcg; Niacina 860 mg; Ác.pantotênico 430 mg; Biotina 2,86 mg; Ácido fólico 23 mg ; Colina 8570 mg; Metionina 5710 mg; Lisina 22.860 mg; Triptofano 860 mg; Treonina 1.710 mg; Sódio 45g; Cálcio 231 g; Fósforo 78 g; Selênio 15 mg; Flúor (máx.) 758 mg; Iôdo 23 mg; Cobalto 13 mg; Ferro 2.000 mg; Cobre 6.200 mg; Manganês 1.100 mg; Zinco 2.200 mg ; Promotor de crescimento 1.140 mg ; Antioxidante 125 mg; Vit. C 2.860 mg. Quantidade em 1 Kg do produto. Foram avaliados os parâmetros de desempenho (consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar e índice bionutricional-IBN), de características de carcaças (rendimento de carcaça, rendimento de pernil, espessura de toucinho, área de olho de lombo e comprimento de carcaça), de bioquímica sanguínea (concentrações séricas de uréia e glicose), de peso dos órgãos gastrintestinais e análise histológica das vilosidades intestinais. O ganho de peso dos animais foi obtido através de pesagens quinzenais nas fases de crescimento (30-60kg) e terminação (60-110kg). O consumo de ração foi obtido por pesagem diária das rações fornecidas e respectivas sobras. Com estes valores, foi calculada a conversão alimentar nos respectivos tratamentos. Para estimação do IBN, foram utilizados os procedimentos descritos por GUIDONI (1994).

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As amostras de sangue foram colhidas em três épocas diferentes: uma semana após o início, na mudança da fase de crescimento para fase de terminação e uma semana antes do final da fase experimental, sempre no mesmo horário, uma hora após a alimentação dos animais. Foram colhidas na veia jugular ou na braquial, utilizando-se seringas de 10mL e agulhas de 25 x 0,7mm ou 40 x 1,2 mm de acordo com o tamanho dos animais. As amostras de sangue destinadas à análise da concentração de glicose sanguínea foram obtidas em tubo contendo fluoreto de sódio associado a EDTA, sendo estas centrifugadas (3500 rpm por cinco minutos) trinta minutos após a colheita. As destinadas à determinação de concentração sanguínea de uréia foram acondicionadas em tubos contendo heparina sódica, sendo posteriormente centrifugadas. Todas as amostras permaneceram acondicionadas em caixa térmica contendo gelo durante a etapa de colheita de material. Após a centrifugação, o plasma era separado sendo este acondicionado em tubos tipo eppendorf e submetidos a congelamento a – 20o.C para posterior análise laboratorial. Para quantificação da glicose e uréia foram utilizados kits

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enzimáticos Analisa, por meio da técnica de colorimetria. Ao final do período experimental, um animal de cada unidade experimental foi escolhido aleatoriamente para o abate após jejum de 12 horas. Ao abate foram colhidos dados referentes ao peso dos órgãos digestivos cheios e vazios (estômago, intestino delgado, intestino grosso), do fígado, pâncreas, baço, rins, pulmões e coração. Cada órgão foi separado e pesado individualmente após o escorrimento do sangue. Após a pesagem do intestino delgado, foram coletados segmentos em torno de 3cm do duodeno, jejuno e íleo, fixados em papel filtro e formol a 5% para preparação de lâminas no Setor de Morfologia e Anatomia Patológica do Laboratório de Sanidade Animal da Universidade Estadual do Norte Fluminense para análise histológica das vilosidades através da técnica descrita por GARTNER e HIATT (1997). As carcaças foram pesadas e as meias carcaças esquerdas avaliadas seguindo o Método Brasileiro de Classificação de Carcaças, adotado pela ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE SUÍNOS (1973). Foram obtidos dados referentes ao peso e rendimento de carcaça,

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peso e rendimento do pernil, espessura de toucinho na 1ª. vértebra torácica, na última vértebra torácica e entre a penúltima e última vértebra caudal. A área de olho de lombo foi obtida no local da segunda medição. Foi realizado um corte transversal para exposição do lombo, sendo este demarcado com o auxílio de transparência. Posteriormente, estas foram xerocadas, recortadas e sua área medida através do uso do aparelho para medição de área foliar, Li – 3100 Area Meter. Com os dados de desempenho obtidos foi realizada a análise econômica das rações para verificar a viabilidade de utilização da cana-de-açúcar nas fases de crescimento e terminação por intermédio do método de orçamento parcial. Este é baseado no balanço do crédito e do débito resultante da mudança proposta. Para efetivação da mudança pode ser necessário um longo período de tempo para ajustamentos da propriedade, razão pela qual não se analisa a mudança da lucratividade num ano em particular e sim a lucratividade média com a introdução da mudança (PONCIANO, 2000). As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o

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procedimento GLM do SAS, versão 6.12 (1996), sendo a soma de quadrados dos tratamentos decomposta em contrates ortogonais, conforme descrito na tabela 3 (. = 0,05). Tabela 3 - Descrição dos contrastes ortogonais empregados na decomposição da soma de quadrados para tratamentos

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A temperatura do galpão durante o período experimental manteve-se em 23,3 ±± 5,39 ºC, com umidade relativa de 87,8 ±± 9,06% e temperatura de globo negro de 25,75 ±± 3,60 ºC. O Índice de Temperatura de Globo e Umidade (ITGU) calculado no período foi de 75,1 ±± 4,62, caracterizando um ambiente de moderado estresse por calor durante o período experimental. De acordo com TAVARES e FERREIRA (2005), a zona

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de conforto térmico caracteriza-se por temperaturas em torno de 22oC, umidade relativa de 74% e ITGU de 69,5. Já a zona de calor é caracterizada por temperaturas de 32oC, umidade relativa de 71,5% e ITGU de 82,2. Na tabela 4, encontram-se os valores médios de consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e índice bionutricional (IBN).

Tabela 4 - Valores médios de consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e índice de eficiência bionutricional (IBN) em suínos alimentados com cana integral desintegrada no período total de criação

Níveis de

cana integra

l picada

(%)

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1IBN = - 0,9276 * CRD + 3,5897 * GPD Na tabela 5, são apresentados os níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis estudadas.

Tabela 5 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis consumo de ração diário (CRD), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar (CA) e índice de eficiência bionutricional (IBN)

Contraste1

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1 Controle = tratamento controle x tratamentos com adição de cana integral picada; Nível = comparação entre os níveis de adição de cana integral picada; O aumento médio de 9,6% no consumo de ração diário observado nos animais que receberam cana-de-açúcar não foi significativo (P>0,05). Resultado diferente foi

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encontrado por CORDEIRO et al. (n.p.), os quais observaram um aumento significativo do consumo de ração devido à utilização de cana-de-açúcar na alimentação de suínos na fase de crescimento. A ausência de efeito significativo neste estudo pode ser explicada pelo maior tempo de exposição dos animais às rações experimentais (fase de crescimento e terminação).

O ganho de peso diário não foi influenciado com a utilização de cana-de-

açúcar (P>0,05). Resultados semelhantes foram obtidos por Kass et al. (1980),

citado por GOMES (1996), com suínos em crescimento e terminação, sendo que a

adição de 20% de farinha de alfafa não apresentou efeito adverso sobre o

desempenho dos animais. Já POND et al. (1988) observaram redução no ganho de

peso e pior conversão alimentar em suínos na fase adulta com a adição de 80% de

farinha de alfafa na ração.

O uso da cana-de-açúcar não influenciou (P>0,05) a conversão alimentar, resultado já esperado, visto que a conversão é obtida pela relação direta entre o consumo de ração e o ganho de peso. Quando o ganho de peso e o consumo de ração foram utilizados para o cálculo do índice bionutricional, verificou-se que os animais alimentados com a dieta controle apresentaram os melhores índices, demonstrando queda de desempenho nos animais alimentados com níveis de cana-de-açúcar. Através de uma análise multivariada, as variáveis são correlacionadas dentro de cada nível, garantindo a máxima

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discriminação entre os grupos experimentais, propriedade não retida na utilização da conversão alimentar. Os pesos absolutos do fígado (PF), pâncreas (PPA), estômago (PE), intestino delgado vazio (PIDV) e intestino grosso vazio (PIGV) estão descritos na tabela 6. Na tabela 7, são apresentados os níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis estudadas.

Tabela 6 -Resultados dos pesos do fígado, pâncreas, estômago, intestino delgado vazio (Idv) e intestino grosso vazio (Igv) em função dos diferentes tratamentos

Níveis de cana integr

al picada (%)

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Tabela 7 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis peso do fígado (PFI), pâncreas (PPA), estômago (PE), intestino delgado vazio (Idv) e intestino grosso vazio (Igv)

Contraste1

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1 Controle = tratamento controle x tratamentos com adição de cana integral picada; Nível = comparação entre os níveis de adição de cana integral picada;

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Não foram observadas diferenças entre os tratamentos (P>0,05) para peso do fígado, pâncreas, estômago, intestino delgado vazio e intestino grosso vazio, com a adição de cana-de-açúcar. Alimentos fibrosos demandam maior quantidade de fluidos digestivos produzidos pelos órgãos para o processo de digestão, ocasionando aumento no tamanho dos órgãos. Porém os resultados sugerem que a quantidade de fibra bruta presente nas dietas não foram suficientes para ocasionar este aumento. Fato contrastante ao encontrado por Jorgensen et al. (1996), citado por WENK (2001), que demonstraram significativo aumento no tamanho do estômago e intestino grosso de suínos em terminação alimentados com dietas contendo 26,8% de fibra dietética. POND et al. (1988) também detectaram aumento nos pesos relativos do fígado, coração, estômago, intestino delgado e grosso com dietas contendo 80% de farinha de alfafa.

Na tabela 8, são apresentados os dados de peso médio de carcaça quente (PCQ), ½ direita quente (PDQ), ½ esquerda quente (PEQ), ½ direita resfriada (PDR), ½ esquerda resfriada (PER), pernil (PP), rendimento de

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carcaça (RC), rendimento de pernil (RP).

Tabela 8 - Valores médios de peso de carcaça quente (PCQ), ½ direita resfriada (PDR), ½ esquerda resfriada (PER), pernil (PP), rendimento de carcaça (RC), rendimento de pernil (RP)

Níveis de

inclusão de cana-de-

açúcar (%)

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Na tabela 9, são apresentados os níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis estudadas.

Tabela 9 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis peso de carcaça quente (PCQ), ½ direita resfriada (PDR), ½ esquerda resfriada (PER), pernil (PP), rendimento de carcaça (RC), rendimento de pernil (RP)

Contraste1

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133

1 Controle = tratamento controle x tratamentos com adição de cana-de-açúcar; Nível = comparação entre os níveis de adição de cana-de-açúcar;

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Os pesos de carcaça quente, ½ direita resfriada, ½ esquerda resfriada, pernil, rendimento de carcaça e rendimento de pernil não foram influenciados (P>0,05) pela utilização da cana-de-açúcar na alimentação de suínos durante as fases de crescimento e terminação. Fato contrastante aos encontrados por Scipioni et al. (1991), citados por SCIPIONI e MARTELLI (2001), em que suínos alimentados com dietas com silagem de milho ou polpa de beterraba apresentaram redução significativa no ganho de peso, sendo necessário o prolongamento do período para abate dos animais em torno de 60 dias. A quantidade de fibra bruta estimada nas rações com cana-de-açúcar foi, em média, 4,61 e 6,4% para os níveis de 15 e 30%, respectivamente. Estes valores são baixos quando comparados aos da literatura, indicando que, para a cana afetar as características de carcaça, deve ser fornecida em maior quantidade nas dietas.

Na tabela 10, são encontrados os valores médios de espessura de toucinho na 1a. vértebra torácica (ET1), na última vértebra torácica (ET2), na última vértebra lombar (ET3), entre a penúltima e última vértebra lombar (EML) e área de olho de

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lombo (AOL) nos diferentes tratamentos.

Tabela 10 - Valores médios de espessura de toucinho na 1a. vértebra torácica (ET1), na última vértebra torácica (ET2), na última vértebra lombar (ET3), entre a penúltima e última vértebra lombar (EML) e área de olho de lombo (AOL) nos diferentes tratamentos

Níveis de

inclusão de cana-de-

açúcar (%)

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Na tabela 11, são apresentados os níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para as variáveis estudadas.

Tabela 11 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação (CV) para espessura de toucinho na 1a. vértebra torácica (ET1), na última vértebra torácica (ET2), na última vértebra lombar (ET3), entre a penúltima e a última vértebra lombar (EML) e área de olho de lombo (AOL) nos diferentes tratamentos

Contraste1

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1 Controle = tratamento controle x tratamentos com adição de cana-de-açúcar; Nível = comparação entre os níveis de adição de cana-de-açúcar;

A espessura de toucinho nas diferentes posições e a área de olho de lombo não foram influenciadas pelos níveis de inclusão de cana-de-açúcar (P>0,05). A fibra acelera a taxa de passagem da digesta pelo trato gastrintestinal,

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reduzindo a ação das enzimas digestivas e, conseqüentemente, a digestibilidade dos nutrientes. Com isso, o animal não armazena gordura na mesma quantidade, comparada a dietas com baixos níveis de fibra. Os níveis de cana utilizados não foram suficientes para proporcionar a redução destes depósitos. Scipioni et al. (1991), citados por SCIPIONI e MARTELLI (2001), observaram menor espessura de toucinho, maior rendimento de carne magra, menor percentagem de gordura na carcaça e menor quantidade de ácidos graxos saturados depositados no toucinho, em suínos alimentados com dietas com silagem de milho ou polpa de beterraba.

Na tabela 12, estão os resultados das concentrações séricas de uréia e glicose no sangue.

Tabela 12 - Valores médios das concentrações séricas de uréia e glicose no sangue de suínos alimentados com cana-de-açúcar integral desintegrada na fase total de criação

Níveis de

inclusão de cana-de-

açúcar (%)

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Os contrastes ortogonais das variáveis listadas acima encontram-se na tabela 13.

Tabela 13 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação para as variáveis concentrações séricas de uréia e glicose no sangue

Contraste1

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1 Controle = tratamento controle x tratamentos com adição de cana-de-açúcar; Nível = comparação entre os níveis de adição de cana-de-açúcar;

Apesar de

diferenças significativas (P>0,05) nas concentrações séricas de uréia nos tratamentos não terem sido notadas, os valores observados foram superiores às concentrações referências, que, segundo BEITZ (1996 a), podem variar de 8 a 24 mg/dl. Este fato pode estar

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relacionado ao aumento da ingestão diária de ração e, conseqüentemente, ao aumento da ingestão de proteína. Em geral, o consumo de proteínas além das necessidades diárias resulta em maior produção de uréia acompanhada pela conversão do esqueleto de carbono da maioria dos aminoácidos em carboidratos e lipídeos ou em gás carbônico para geração de ATP (BEITZ, 1996 a). Quanto à glicose, o uso da cana-de-açúcar não implicou (P>0,05) aumento nas suas concentrações, estando todos os tratamentos com as concentrações dentro da faixa considerada referência (80-120 mg/dl) por BEITZ (1996 b). Em concentrações elevadas, o pâncreas é diretamente afetado, por produzir um maior volume de insulina para desviar este excesso para síntese de glicogênio, armazenado no fígado, fato não observado, já que não ocorreu aumento no peso deste.

Na tabela 14, são observados os valores das alturas das vilosidades do duodeno, jejuno e íleo. Os contrastes ortogonais das alturas das vilosidades estão listados na tabela 15.

Tabela 14 - Altura das vilosidades do duodeno, jejuno e íleo de suínos alimentados com cana-de-açúcar integral desintegrada na fase total de criação

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Níveis de

inclusão de cana-de-

açúcar (%)

Altura das

vilosidades ��P�

Tabela 15 - Níveis descritivos de probabilidade para o erro tipo I associados aos diferentes contrastes ortogonais e coeficientes de variação para a variável altura de vilosidades no duodeno, jejuno e íleo

Contraste1

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143

1 Controle = tratamento controle x tratamentos com adição de cana integral picada; Nível = comparação entre os níveis de adição de cana integral picada;

As alturas das vilosidades no duodeno, jejuno e íleo dos animais

alimentados com cana-de-açúcar foram maiores (P<0,05) do que as dos animais

alimentados com a ração referência. Por ser um alimento fibroso, a cana-de-açúcar

estimula a taxa de passagem pelo trato gastrintestinal, a produção de enzimas

secretadas pelo intestino delgado para digestão e a renovação celular. Alguns

autores acreditam que a intensidade das alterações nas vilosidades está associada

à qualidade dos alimentos empregados na formulação das dietas (LI et al., 1990).

JIN et al. (1994) relataram que o elevado teor de fibra dietética alterou a taxa de

renovação das células intestinais em suínos na fase de crescimento. Mudanças

anatômicas no intestino e alterações na forma das vilosidades foram notadas em

ratos alimentados com dietas com e sem fibra (Tasman-Jones et al., 1982, citados

por MEKBUNGWAN et al., 2002).

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144

Nas tabelas 16 e

17, encontram-se os orçamentos comparativos da ração referência com os demais tratamentos.

Tabela 16 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 15%

de cana-de-açúcar integral desintegrada

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Preço por kg do produto empregado na formulação das rações: R$ 0,52 kg milho; R$ 1,02 kg farelo de soja; R$ 0,03 kg cana-de-açúcar; R$ 1,40 kg premix; R$ 16,00 kg lisina; R$ 2,05 kg óleo de soja; R$ 1,90 kg fosfato bicálcico.

Tabela 17 - Orçamento comparativo da ração referência com a ração com 30% de cana-de-açúcar integral desintegrada

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Preço por kg do produto empregado na formulação das rações: R$ 0,52 kg milho; R$ 1,02 kg farelo de soja; R$ 0,03

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kg cana-de-açúcar; R$ 1,40 kg premix; R$ 16,00 kg lisina; R$ 2,05 kg óleo de soja; R$ 1,90 kg fosfato bicálcico.

Nos dois orçamentos comparativos foi observado um balanço positivo devido à utilização da cana-de-açúcar na alimentação dos animais, gerando lucro de R$ 237,65 e R$ 133,19, para os níveis de 15% e 30%, respectivamente, comprovando a eficiência na implantação do sistema. Os custos adicionais nos dois sistemas foram inferiores aos custos não-realizáveis com a implantação do sistema. Estes resultados estão relacionados, principalmente, com a substituição do milho pela cana-de-açúcar, reduzindo, de forma acentuada, o preço final de produção das rações. O maior balanço positivo obtido ao nível de 15% está relacionado ao menor consumo de ração pelos animais quando comparados ao grupo alimentado com o nível de substituição de 30%.

CONCLUSÕES

Os animais alimentados com ração sem cana-de-açúcar foram os que apresentaram melhor desempenho. Entretanto,

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no orçamento comparativo, o sistema de utilização de ração contendo 15% de cana-de-açúcar gerou maior balanço positivo, demonstrando a viabilidade da sua implantação.

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