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  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    1/109

    TCC/UNICAMP

    C158p

    IE

    UNICAMI

    CEDOC

    I UNICAMP

    UNIVERSIDADE EST DU L DE CAMPINAS

    Instituto

    de

    Economia- IE

    Perspectivas de Crescimento Econmico Brasileiro de Longo Prazo:

    Estratgia Industrial Ameaa da Doena Holandesa

    Oportunidades do Pr-saL

    Guilherme Rodrigues de Campos

    Monografia apresentada ao Instituto de

    Economia da Unicamp para obteno

    do ttulo de graduao em Cincias

    Econmicas sob orientao do Prof.

    Dr. Carlos Amrica Pacheco.

    Campinas dezembro/2010

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    2/109

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    3/109

    Os cidados

    o

    futuro sero recompensados

    por sua diversidade e por sua originalidade

    McLuhan

    H.

    M.

    3

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    4/109

    A meu pai Aguinaldo e minha rm Rosane in

    memoriam .

    Gilka

    por

    toda sua grande dedicao como me e a meu rmo Aguiualdo.

    4

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    5/109

    Prefcio e gradecimentos

    Essa monografia resultado de no apenas cinco anos do curso de graduao em

    Economia mas tambm de vrios anos de acompanhamento e preocupao com os rumos

    da Economia brasileira. A ideia dessa monografia foi sendo construda desde o primeiro dia

    de aula

    no

    Instituto de Economia da UNICAMP. Esse trabalho no s resultado das

    diferentes influncias recebidas dos professores

    ao

    longo desses cinco anos mas tambm

    de diversos economistas que participam ou participaram do Governo.

    Esse estudo se destina a disseminar uma anlise preocupante da trajetria de nossa

    Economia e nossa Estrutura Industrial tendo ainda em vista

    os

    recursos provenientes

    da

    explorao do Pr-sal.

    Agradeo a todos

    os

    professores

    do

    Instituto

    de

    Economia da Unicamp dos quais .

    em sua grande maioria no consegui esconder minha grande motivao e interesse pelas

    cincias econmicas e em especial com relao

    ao

    desenvolvimento brasileiro. Alis se

    no fosse por essa equipe de professores no seria possvel a concretizao desse trabalho.

    Mais uma vez agradeo a todos mas em especial ao professor Carlos Amrica Pacheco

    que acompanhou com bastante ateno pacincia e dedicao a elaborao dessa

    monografia e ao professor Carlos Brando que como

    um

    psiclogo conseguiu

    me

    ouvir

    e

    alm disso ajudou a delimitar o tema e atribuir um ttulo monografia. Agradeo tambm

    ao professor Jlio Srgio Gomes de Almeida por suas observaes e recomendaes

    durante a apresentao da monografia no dia 24/11/20 I

    O

    Agradeo a todos os funcionrios do Instituto de Economia especialmente aos

    funcionrios da biblioteca e da secretaria de graduao que apesar de ficarem no b ckst ge

    dessa realizao e conquista tiveram uma importante participao e suporte prestado

    ao

    longo desses anos.

    Enfim deixo um agradecimento especial e um profundo apreo e gratido quela

    dedicao extra prestada por alguns professores que ultrapassou

    as

    quatro paredes da sala

    de aula contribuindo no s para a nossa formao acadmica e profissional como tambm

    para a formao de nossas vidas.

    5

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    6/109

    ndi e

    Banca examinadora ............................ .

    Pretcio e Agradecimentos.................. . ........................................ .

    Lista de ilustraes Grficos e Tabelas) .............................................. .

    . ..... 2

    ........ 5

    . ....... 8

    Siglas e Abreviaturas .............................................................................................................. 9

    ResUJno ................................................................................................................................. 11

    Abstract. .................................................................................................. .............................. 12

    Objetivos .............................................................................................................................

    13

    Introduo ................................... .

    Vises de Desenvolvimento .

    .13

    .13

    Desenvolvimento, crescimento econmico, estrutura industrial e desindustrializao ... 15

    I. Estratgia industrial, insero internacional e desindustrializao ..................................

    18

    1 1

    Ciclos recentes de crescimento da economia brasileira .........................................

    18

    1.2 Reestruturao produtiva: globalizao e comrcio internacional .........................

    25

    1 3 Padro de insero da economia no mercado mundial na etapa da globalizao

    internacional ................................................................................................................ 28

    1 3 1 Padro de integrao

    capital accounts

    ou passiva dimenso financeira) ..... .. 30

    1.3.2 Padro de integrao frade accounts ou ativa dimenso produtiva)... .

    31

    1.4 A importncia da indstria para o crescimento econmico ............ ......... ......... .... 32

    1 5 Conexo entre produtos com maior intensidade tecnolgica e dinamismo do

    comrcio internacional ................................................................................................ 36

    1 6 Reverso recente do mecanismo da deteriorao dos termos

    de

    troca ................... 37

    1 7 Acirramento da competio internacional .............................................................. 39

    1 8

    Questo

    do

    Investimento Direto Estrangeiro ......................................................... 40

    1 9 Sntese do Captulo

    ......................................................

    ............................... 41

    2 Doena holandesa antes mesmo dos impactos do Pr-sal ............. ............ ............ ......... 45

    2 1 Doena holandesa e outros canais que prejudicam o crescimento econmico ......

    45

    2.1.1 Doena Holandesa, os mecanismos de transmisso .................... .......... .......... 45

    2.2

    Commodities

    fim das restries cambiais, mas e a vulnerabilidade externa? ....... 47

    2.3 Maldio das

    commodities

    sobrevalorizao do cmbio e a atrao de capital .... 49

    2.4 Vulnerabilidade imposta pela poltica monetria via canal da taxa de juros ......... 52

    6

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    7/109

    2 5 A questo da vulnerabilidade pela ampliao do dficit em conta corrente .......... 55

    2.6 A questo da insero no comrcio internacional e a doena holandesa ............... 56

    2 7 A doena holandesa e a especializao regressiva da estrutura produtiva-

    desindustrializao ............................................................................. ...... 63

    2.8 A doena holandesa e a estrutura industrial- especializao regressiva.... 67

    2 9

    Sntese

    do

    Captulo 2 ......................................................................... .

    69

    3 Perspectivas de crescimento de longo prazo Oportunidades do Pr-sal.. .................... 72

    3 1

    Questo da Poltica Industrial PI) ......................................................................... 75

    3 1 1 Aspectos Tericos e Conceituais da Poltica Industrial PI) ............... . ... 79

    3.1.2 Poltica macroeconmica e Poltica Industrial Pl) ................. ............. . ... 81

    3 1 3 Brasil e a necessidade de Poltica Industrial PI) ............................................. 82

    3.1.4 Brasil e o esboo da formulao de uma Poltica Industrial PI) ....... . ...

    83

    3.1.5 Poltica Industrial Tecnolgica e de Comrcio Exterior PITCE)...... . .... 84

    3.1.6 Poltica de Desenvolvimento Produtivo PDP) .......... ...... 86

    3.2 Petrleo e Pr-sal...................................................................... . ..... 88

    3 2 1 Pr-sal, Matriz Energtica e a Demanda por Petrleo ...................................... 89

    3.2.2 Pr-sal e o Desenvolvimento: Encadeamentos e Contedo Nacional .............. 89

    3.2.3 Pr-sal: Aplicao dos Recursos, vacina para a Doena Holandesa ................ 93

    3.3 Questo do Investimento..................................................... ......... ....... . ........ 94

    3.4 Sntese do Captulo 3. ............ ....................................................................... 98

    Concluso ........................................... .

    Bibliografia .............................................................................. .

    . .... 99

    . 102

    7

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    8/109

    Lista

    de ilustraes (Grficos e Tabelas)

    Grfico I -Crescimento

    do

    PIB a mdio prazo (dados em

    0

    /o) ...................................................................................... 23

    Grfico 2 Contribuio das variveis

    de

    demanda agregada para o crescimento

    do

    PIR ( )

    23

    Grfico 3 Taus tendenciais

    de

    crescimento econmico-1995 a 2008 (em a.a.) .................................................

    29

    Grfico

    4-

    Crescimento Trimestral do PIB e

    da

    Indstria para o Brasil. Trimestre Contra Mesmo Trimestre do

    Ano

    Anterior,

    (I Trimestre de 1992- 3 Trimestre de 2005) ......................................................... 33

    Ta bela I - Paises em desenvolvimento da sia- Indicadores selecionados .............................................................. 34

    Tabela 2- Taxa de crescimento do produto industrial-1992 -2002 ......................................................................... 34

    GrficoS- Paiscs Selecionados: PIB relativo e Participao da Indstria no PIB, 1950-2005

    (em ,

    a partir de liSS PPP constantes de 1990,

    ElJA:oiOO)

    ..................................................................

    35

    Tabela

    3

    PED da AL- Participao nas exportaes mundiais por categoria de

    produto-

    1980 c 2002,

    em

    .. 36

    Grfico 6- Ewluo do ndice de preos de commodities do CRB (1996 '100) e dos termos de

    troca (2006 ' 100)........................................................................................................................................ 38

    Tabela 4 Fluxos de capitais para pases emergentes ...................................................................................................

    40

    Grfico 7- ndice

    de

    preos de commodities

    do

    CRB (exceto petrleo) (2005 ' 100) e

    taxa de cmbio real efetiva (1994 ' 100) ...................................................................................................

    48

    Grfico 8 ndice

    de

    rentabilidade das exportaes (dcz/2003 ' 100) ......................................................................... 50

    Grfico 9- Taxa

    de

    cmbio e taxa de juros Over/Selic- jan/2000 a jan/2008 ............................................................ 50

    Grfil O

    lO- Taxa

    de

    cm

    bio

    real

    (jun94:oJOO)

    vs

    Risco Brasil (pontos bsicos)

    ............................

    51

    Grfico 11- E\oluo diaria das taxas

    de

    juros (Taxas referenciais de Swap

    DI

    prefixado

    em )

    ......................... 53

    Grfico 12- Taxas

    de

    juros oficiais (taxas anuais em

    0

    /o) ............................................................................................. 53

    Grfico 13- Brasil: Evoluo do saldo em conta corrente 1996-2010 (em

    VS

    bilhes e do PIB) ..................... 55

    Tabela 5 - Brasil: Passivo Externo Bruto Total .......................................................................................................... 56

    Grfico 14- Participao do Brasil em nas Exportaes e Importaes

    Mundiais-

    1950 a 2009 ......................... 56

    Tabela 7 - Saldo da balana comercial, segundo produtos que originam (commodities) e so afetados pela doena

    holandesa (manufaturados) ........................................................................................................................

    57

    Grfico 15- ndice da taxa de cmbio real efetiva (mdia 12 meses, dez 2003 100)

    Balana comercial acumulada

    em

    12 meses das commodlties (lJS$ milhes) .........................................

    58

    Grfico 16- ndice da taxa

    de

    cmbio real efetiva (mdia

    12 meses,

    dez 2003

    =

    100)

    Balana comercial acumulada em

    12 meses dos

    produtos manufaturados (lJS$ milhes) ................... 59

    Ta bela 7 - Relao entre commoditieJ e manufaturados para o ndice de preo e quantum de uportaes .......... 59

    Grfico 17- Exportao brasileira por valor agregado- Participao sobre o total geral em - 1964 a 2009 ...... 60

    Grfico

    18-

    Balana comercial brasileira

    -1964

    a

    2009 (US$

    bilhes- FOB) ............................................................

    60

    Tabela 8 - Participao(%) de commodities e manufaturados nas exportaes c importaes totais .................... 61

    Grfico 19- lnterdmbio comercial brasileiro de produtos da indstria

    de

    transformao 1996-2009 e jan-

    abr/2009-2010 (em liSS bilhes, FOB) .....................................................................................................

    62

    Ta bela 9 - Participao relativa ( ) do valor adicionado de cada grupo no valor adicionado geral da economia

    63

    Grfico 20- Grau de industriali7.ao: Indstria de transformao/PIB ( )

    64

    Grfico 21 -Grau de industriali7.ao: Indstria de transformao/PIB ( ) 65

    Grfico 22 - Aliqnotas

    de

    importaes na indstria brasileira ( ) 66

    Grfico 23

    -Indstria

    e senios industrializados (Participao

    no

    PIB) ..................................................................... 67

    Tabela 10 - Participao relativa(%)

    do

    valor adicionado

    de

    cada grupo

    no

    valor adicionado de cada grupo

    no

    valor dos bens comercializveis (commodities e manufaturados) ............................................................ 67

    Grlico

    24

    - Evoluo da estrutura industrial (\-TI) por intensidade tecnolgica ......................................................

    68

    Grfico 25 - Participao em setores de alta intensidade tecnolgica- Exportao, 1999 .........................................

    77

    Grfico 26- Participao em setores de alta intensidade tecnolgica -Importaes, 1999 .......................................

    77

    Figura Desenvolvimento da Indstr ia Nacional .......................................................................................................

    90

    Figura 2 -Adeqnaao do Complexo Industrial Nacional para Fornecimento de Hens e Servios ..............................

    91

    Figura 3 -Fomento a Fornecedores ................................................................................................................................. 91

    Grfico

    27-

    PETROBRAS: Evoluo do Contedo Nacional. .....................................................................................

    92

    Grfico

    28-

    Taxa de Formao Bruta

    de

    Capital Fixo no

    Brasil( do PIB)-

    1970 a

    2005

    ...................................... 95

    Grfico

    29-

    Formao Bruta do Capital Fixo

    (em

    relao

    ao

    trimestre anterior) ..................................................... 96

    Tabela

    11

    - Crescimento

    dos

    Investimentos Mapeados

    na

    Indstria 2010-

    2013

    ..................................................... 96

    Tabela 12 - Perspectivas de Investimento na Indstria- Determinantes .................................................................. 97

    8

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    9/109

    ABDI

    AEB

    AlE

    AL

    Aladi

    ANP

    BCBou

    BC

    BCE

    BNDES

    BoJ

    bpd

    BRICS

    C T

    Cepa

    CN

    CNDI

    CNI

    CRB

    ETN

    EUA

    F&A

    FBCF

    Fed

    FHC

    FIESP

    Finep

    FPSO

    FMI

    Funcex

    IBC-Br

    IBGE

    I E

    Siglas e breviaturas

    Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial

    Associao de Comrcio Exterior Brasileiro

    Agncia Internacional de Energia

    mrica

    Latina

    Associao Latino-Americana de Integrao

    gncia Nacional do Petrleo

    Banco Central do Brasil

    Banco Central Europeu

    Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social

    Bank ofJapan

    barril de petrleo por dia

    Brasil, Rssia, ndia, China e

    South Africa

    (frica do Sul)

    cincia e tecnologia

    Comisso Econmica para a Amrica Latina

    contedo nacional

    Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial

    Confederao Nacional da Indstria

    American Commodity Resemch Bureau

    empresa transnacional

    Estados Unidos da Amrica

    fuses e aquisies

    fonnao bruta de capital fixo

    Federal Reserve

    Fernando Henrique Cardoso

    Federao das Indstrias do Estado de So Paulo

    Financiadora de Estudos e Projetos

    jloating production storage nd oflloading

    Fundo Monetrio Internacional (ver IMF)

    Fundao de Centro de Estudos de Comrcio Exterior

    ndice de Atividade Econmica do Banco Central

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    Investimento Direto Estrangeiro

    9

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    10/109

    I EDI

    IMF

    IPGN

    Lula

    MDIC

    Mercosul

    MSI

    MSIC

    MVA

    NPD

    O DE

    OM

    OPD

    PAIT

    PBIT

    PD

    PDP

    PED

    Pl:

    PIA

    PIB

    PITCE

    PITRN

    PMIT

    PND

    ppp

    SE EX

    UE

    UNCTAD

    UNIDO

    VAM

    VTI

    Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial

    lnternational Monetary und ver FMI

    indstria do petrleo e do gs natural

    Lus Incio Lula da Silva

    Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior

    Mercado

    omum

    do Cone Sul

    modelo de substituio de importaes

    modelo de substituio de importaes competitiva

    mamifacturing value added ver VAM

    novo paradigma para o desenvolvimento (new paradigm for developmenl)

    Organizao

    para

    Cooperao e Desenvolvimento

    Econmico

    Organizao Mundial de Comrcio

    velho paradigma para o desenvolvimento (old paradigm for development)

    produto de alta intensidade tecnolgica

    produto de baixa intensidade tecnolgica

    pas desenvolvido

    Poltica de Desenvolvimento Produtivo

    Pas em desenvolvimento

    poltica industrial

    pesquisa industrial anual

    Produto Interno Bruto

    Poltica Industrial Tecnolgica e de Comrcio Exterior

    produtos intensivos em trabalho e recursos naturais

    produto de mdia intensidade tecnolgica

    Plano Nacional de Desenvolvimento

    paridade poder de compra

    (purchasing power partily)

    Secretaria de Comrcio Exterior

    Unio Europeia

    United Nations Cof ference on Trade

    and

    Development

    United Nations Industrial Development Organization

    valor da atividade manufatureira ver MA V)

    valor de transfonnao industrial

    lO

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    11/109

    Resumo

    Recentemente as perspectivas

    de

    crescimento econmico brasileiro

    de

    longo prazo ou crescimento

    econmico sustentvel) tm se tomado um importante objeto

    de

    debate. Algumas das principais razes para

    esse crescente interesse

    no

    assunto esto: a estabilizao de preos obtida atravs

    o

    e x i t o ~ o plano de

    estabilizao. Plano Real 1994); os ciclos recentes de crescimento econmico e investimento, na economia

    brasileira. desde 2004. sendo que esses ciclos

    fOram

    consequncia principalmente

    do boom

    de

    commodities

    e

    da crescente importncia da demanda domstica. E por ltimo, mas no menos importante, as perspectivas de

    apropriao de recursos provenientes da explorao das enormes reservas de petrleo, que

    fOram

    recentemente descobertas, o Pr-sal que poder colocar o Brasil entre as oito maiores reservas mundiais

    de

    petrleo). Entretanto, desde 1980, tem-se detectado uma perda

    de

    convergncia econmica do Brasil baseada

    nas economias desenvolvidas),

    em

    comparao com os pases emergentes asiticos. Essa perda de dinamismo

    econmico est diretamente relacionada ao processo de desindustrializao.

    em

    funo da ausncia de uma

    poltica industrial. O processo de desindustrializao

    foi

    detectado desde a dcada de 1980. quando houve a

    liberao de taxas de importao. Esse processo ti intensificado nos anos 1990 com uma sbita abertura

    comercial sem planejamento. A consequncia tOi uma competio selvagem que induziu no apenas

    um

    processo de desindustrializao, mas tambm

    de

    especializao regressiva. A estrutura industrial aumentou a

    participao de produtos intensivos

    em

    recursos naturais e

    em

    trabalho, e essa estrutura industrial se retletiu

    numa pauta de exportao concentrada, principalmente,

    em

    produtos de baixa intensidade tecnolgica. Para

    muitos especialistas. a economia brasileira

    j

    estaria intectada com a doena holandesa e esse contgio estaria

    associado ao recente

    hoom

    de

    commodities

    iniciado

    em

    2003. Esse sucesso da exportao de

    r:ommodities

    traz

    um

    C'xcessivo fluxo

    de

    entrada de capital, que aprecia o Real unidade monetria brasileira). A apreciao

    do Real reduz a competitividade interna e externa dos produtos manufaturados brasileiros.

    Consequentemcnte, h um aumento da preocupao em relao a

    um

    agravamento dos sintomas

    da

    doena

    holandesa, aps a apropriao dos recursos provenientes da explorao das enormes reservas de petrleo do

    Pr-sal. A indstria de petrleo e gs natural puxou o recente ciclo de investimentos e deve continuar a ter

    uma importante participao

    no

    prximo planejamento de investimentos. tendo a Petrobras

    um

    papel de

    destaque. O Brasil tem muitas janelas de oportunidades e desafios a serem enfrentados nas prximas dcadas.

    Portanto, projetar e gerir uma poltica industrial efetiva constitui uma condio

    sine qu non

    para o futuro dos

    produtos manufaturados brasileiros. Alm disso,

    um

    plano

    de

    desenvolvimento, com investimento em

    inflacstrutura, tecnologia, educao e qualificao de mo de obra, deve ser priorizado. Dessa forma.

    possvel se evitar que a beno do petrleo se torne em maldio dos recursos naturais e permitir

    um

    crescimento econmico

    de

    longo prazo liderado pela indstria

    de

    petrleo e gs natural.

    Palavras chave

    crescimento

    econmico, e ~ t m t u r industrial desmdustrializao,

    espccializl o

    regressiva, commodmes

    doena Holandesa, poltica industnal, reservas de

    petrleo,

    Pr-sal.

    l

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    bstract

    The Brazilian pcrspcctivcs

    of

    a long tem1 sustainable economic growth had hecome an important object

    of

    debate lately. Some reasons

    Or

    this increasing interest over the matter have been related to: lhe pricc

    stabilization. since the successful stabilization plan, Plano Real (1994); since 2004, Brazilian economy has

    faced. an economic growth and an investment cycle and these cycles have bcen mainly supported by the

    commodities boom and the growing importance o f domestic demand. And. the last but

    not thc

    lcast,

    thc

    pcrspcctives of lhe appropriation of the resourccs coming

    from

    the exploration

    of

    the huge petroleum

    reserves. which were recent discovered: lhe Pr sal (that would place Brazil amongst the eight largest global

    oi

    reserves). However, sincc 1980. it

    has

    been detected a Brazilian economic convcrgcnce loss (based

    on

    developcd cconomies), compareci

    to

    Asian economies. This Brazilian economic dynamism loss has been

    directly rclated to the deindustrialization, due to the lack

    of

    an industrial policy. The deindustrialization

    proccss has bcen detected since

    the

    80's, when some

    impm1

    tax liberalization were removed. This process has

    been intensified

    in

    the

    90 s

    with an abrupt trade openness without planning. The consequencc was a wild

    competition that induced not only a deindustrialization process, but a regressive specialization. The industrial

    structurc

    has

    increased the share of natural resourcc and labor-intensive processing, and this industrial

    structure rdlected on a poor export porttlio, which became highly concentrated mainly on low-techno ogy

    products. For many specialists, Brazilian cconomy

    has

    a ready been infected

    by the

    Dutch disease and this

    contagion has been rclated

    to

    the recent boom of commodities, which started in 2003. This success of the

    commodities export brings

    in

    an excessive capital intlow, which appreciatcs thc Real (Brazilian exchange

    ratc). Thc

    Real

    overvaluation lowers intemational and domestic manufacturing competitiveness.

    Consequently, thcre

    is an

    increasing concern about lhe intensification o the Dutch disease negative etfects

    after thc rcsources appropriated from the exploration o f thc Pr sal huge

    oi

    reserves. The oi and gas industry

    pulled the recent investment cycle

    and

    should

    be of

    great importance

    on

    the next investment plan. besides

    Petrobras (Brazilian global player company on the oi and gas activities) has a protagonist role on t i ~ sector.

    Bra;.-il has a lot

    of

    opportunitics and challenges to face on the next decades. Thereforc, thc dcsign and the

    management

    of

    an etfectivc industrial policy

    is

    a

    sine qua

    o

    condition tr thc Brazilian manufactured

    products future. Beyond, a development plan with investmcnt

    in

    infrastructure, technology,

    IOrmal

    education

    and labor-JOrce qualitication should be considered.

    In

    this way, it should be possible avoiding that the

    blcssing of

    the

    petroleum would becomc

    thc

    natural resource curse and it will ensure

    the

    long-term

    sustainable growth spcarheaded

    by

    the

    oi

    I and gas industry.

    Key words: cconomic growth, industrial structure, deindustrialization, rcgrcssivc spccialization, commoditics,

    Dutch disease, industrial policy, petroleum reserves.

    Pr sal.

    12

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    Objetivos

    O objetivo dessa monografia no s diagnosticar as principais restries, como

    tambm identificar as perspectivas de crescimento econmico de longo prazo. Essa

    monografia poder contribuir como instrumento

    de

    reflexo e anlise para o

    estabelecimento de uma poltica de governo de crescimento sustentado, tendo a estrutura

    industrial como elemento impulsionador.

    Essa monografia no tem a pretenso de elaborar uma poltica industrial ou indicar

    qual seria a poltica monetria ideal, ou to pouco estabelecer uma formulao ideal para a

    utilizao dos recursos provenientes do Pr-sal, mas buscar

    os

    novos condicionamentos do

    crescimento no longo prazo da economia brasileira.

    Introduo

    Vises de esenvolvimento

    Para Dunning (2006,

    p

    176),

    no

    velho paradigma para o desenvolvimento (OPD),

    os

    objetivos e caractersticas dos pases em desenvolvimento seriam similares queles dos

    pases desenvolvidos, mas no similares aos destes, quando ainda eram pases em

    desenvolvimento. Ademais, a crena era

    de

    que para ampliar o padro de vida

    da

    populao, o pas em desenvolvimento tinha que perseguir o

    PIB per c pit

    dos pases

    desenvolvidos. Alm disso, para crescer e prosperar, esse pas tinha que adotar as polticas

    econmicas e instituies das naes mais ricas. Essa viso de desenvolvimento prevaleceu

    nos anos

    1970

    Stiglitz (1998, p.S-6) destaca trs eventos nos ltimos

    25

    anos que influenciaram a

    viso de desenvolvimento. O primeiro evento o colapso das economias comunistas,

    atribudo falta de superviso bancria, ausncia do fornecimento de capital para

    financiamento, e deteriorao da infraesti-utura. O segundo evento enfatiza a decepo dos

    preceitos do Consenso de Washington, especialmente as suas premissas centrais como

    liberalizao, estabilizao e privatizao. Muitos pases que seguiram essas prescries

    no cresceram. O terceiro evento o milagre do sudeste asitico . Esse milagre foi

    atribudo em funo do rpido crescimento da maioria dos pases do sudeste asitico.

    incontestvel que, as economias do sudeste asitico demonstraram que o desenvolvimento

    13

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    possvel

    sem

    seguir a cartilha dos preceitos do Consenso de Washington. Esses pases

    alcanaram reduo da pobreza, elevao dos padres de vida, e inclusive um processo de

    democratizao. Na maioria desses pases o Estado desempenhou

    um

    papel importante e

    central, apesar de ter seguido a prescrio da estabilidade macroeconmica, ignorou os

    outros preceitos do Consenso.

    De acordo com Dunning 2006, p.

    183),

    os trs laureados pelo prem1o Nobel,

    Armartya Sen, Joseph Stiglitz e Douglas North, apresentam uma insatisfao com a viso

    de desenvolvimento do Consenso de Washington. Para esses autores, o conceito de

    desenvolvimento holstico, multidimensional e ainda contextuaL envolvendo uma

    variedade de objetivos e de necessidades humanas.

    Stigltz 1998, p.l-3,42) explora a relao entre a nova ordem da globalizao e a

    transformao da sociedade atravs

    do

    processo de desenvolvimento. Reafirma a desiluso

    com o Consenso de Washington, que estabelecia uma srie de prescries que falharam em

    fomentar a transformao do desenvolvimento. A avaliao que a noo

    de

    desenvolvimento construda pelo Consenso era muito limitada em seus objetivos e

    instrumentos para estabelecer mudanas estruturais. Repete-se o equvoco do mainstream

    de ver o desenvolvimento apenas como uma questo econmica. Equvoco esse, que

    faz

    Stiglitz sugerir o questionamento da noo tradicional de desenvolvimento.

    No

    sculo XXI, surge ento um novo paradigma para o desenvolvimento NPD),

    que alm de ser mais amplo, surge como uma resposta aos estreitos fundamentos do

    Consenso

    de

    Washington. O foco em aspectos econmicos confundiu meios com os fins,

    uma

    vez que maior

    PIB

    no um fim, por

    si s,

    mas um meio para melhorar a sociedade.

    Esse novo paradigma alternativo para o desenvolvimento estabelece a transformao da

    sociedade como a questo central. O sucesso dessa estratgia consiste no

    s na

    elevao

    do

    PIB per capita como tambm na elevao dos padres de vida sade, educao,

    expectativa de vida, nvel de pobreza, meio ambiente, ndice

    de

    criminalidade .. . Outros

    fatores so incorporados nesse novo paradigma para o desenvolvimento, dentre os quais se

    destacam: segurana econmica e criao de redes

    de

    segurana. Ademais, tem havido um

    grande consenso

    em

    relao

    aos

    objetivos de desenvolvimento democrtico, equitativo e

    sustentvel STIGLITZ, 1998, p.2-9, 42).

    4

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    Na presente anlise, o crescimento econmico definido, basicamente, pelo ndice

    de crescimento anual do Produto Nacional Bruto (PNB) per capita ou ainda pelo Produto

    Interno Bruto (PIB)

    per capita

    como uma maneira mais simples e direta de medir o

    desempenho econmico de um pas. Embora o crescimento econmico no seja uma

    condio suficiente para atestar a melhoria das condies de vida da populao, uma

    condio necessria.

    muito mais fcil desenvolvimento com crescimento que com

    estagnao. Sem crescimento do PIB, o governo tem sua receita oramentria

    comprometida, levando ao aumento da carga tributria para manter seus gastos. Por

    concluso,

    sem

    crescimento do PIB dificilmente

    um

    pas conseguir elevar ou mesmo

    manter seu padro de vida, isto

    ,

    dificilmente poder no mnimo atender o crescimento

    vegetativo. Confonne Stiglitz (1998, p.2-9), o crescimento econmico

    um

    meio para

    contribuir para a melhora da sociedade.

    Desenvolvimento, crescimento econmico, estrutur industrial e desindustrializao

    A indstria ainda o motor do dinamismo do desenvolvimento econmico

    (BRASIL, 2004, p.5).

    De

    acordo com Suzigan (2005, p.l

    ,

    ''um dos aspectos mais

    marcantes do atraso no desenvolvimento econmico, e por extenso no desenvolvimento

    social, do Brasil tem sido o fraco desempenho da indstria de transformao nas ltimas

    duas dcadas e meia .

    De

    maneira geral,

    as

    mudanas que caracterizam o desenvolvimento econmico

    de

    um pas, consistem

    no

    aumento da atividade industrial e na mudana para uma pauta de

    exportao mais associada a produtos industriais com maior intensidade tecnolgica,

    resultando em maior insero no comrcio internacional (HIRATUKA SARTI, p.2,

    2005). Desde a segunda metade da dcada de 1980, a indstria brasileira tem perdido a

    capacidade de crescer e criar dinamismo. A eroso da competitividade

    do

    Brasil manifesta

    se na perda de importncia no comrcio internacional.

    Aps o relativo sucesso

    do

    Plano Real, indiscutivelmente o mais bem-sucedido

    programa de estabilizao dos ltimos trinta anos, a discusso econmica no Brasil, dentro

    e fora do mbito acadmico, tem assumido uma perspectiva menos imediatista

    (GONALVES, 1998a, p.84).

    15

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    O sucesso da consolidao da estabilizao monetria e

    os

    recentes ciclos de

    crescimento econmico e investimento, iniciados em 2004 e interrompidos pela crise

    eclodida

    no

    final de 2008, propiciaram o ressurgimento do debate da necessidade da criao

    das condies necessrias para

    um

    crescimento de longo prazo. Ademais, o indicador de

    atividade econmica do

    BC

    (IBC-Br) do primeiro trimestre de 20 I

    foi

    de cerca de 10%,

    que remeteu ao perodo do "milagre econmico" (1968 - 1973). Nesse perodo, o

    crescimento mdio do Brasil foi de 11%, atingindo um pico de quase 14 no ano de 1973

    1

    Os perodos de crescimento do passado no se sustentavam em razo da grande

    dependncia de poupana, da restrio externa e da falta de financiamento de longo prazo.

    De

    acordo com Ruas (20 I 0), com o Pr-sal, o Brasil tem a oportunidade de planejar e

    preparar-se para um evento que ter suas principais repercusses em meados da prxima

    dcada, ainda que inmeras questes de curto prazo sejam de extrema importncia.

    Entretanto, antes mesmo de usufruir dos recursos provenientes da explorao do

    Pr-sal, o Brasil tem apresentado um excelente desempenho na exportao de

    commodities.

    Foi registrado

    um

    crescimento na exportao de commodities de 31%

    no

    primeiro semestre

    de 20 IO Esse

    boom

    das

    commodities

    tem favorecido uma permanente valorizao do Real,

    que por sua vez reduz a competitividade da indstria brasileira. Mesmo para produtos

    industriais em que o Brasil competitivo existe uma tendncia da reduo do contedo

    nacionaL com "esvaziamento da cadeia produtiva e reduo dos encadeamentos produtivos

    e tecnolgicos"

    2

    .

    Para Sarti (2010b), a crescente oferta de produtos importados ajuda na conteno de

    presses inflacionrias no curto prazo, mas traz a ameaa de

    um

    impacto negativo na

    estrutura industrial no longo prazo. Em funo do Real apreciado, essa complementao da

    produo local carrega o risco da substituio de bens nacionais por bens estrangeiros.

    Essa questo traz de volta o temor da doena holandesa, antes mesmo da

    apropriao das riquezas do Pr-sal. O tenno doena holandesa surgiu nos anos 1960,

    quando o preo do gs natural subiu muito e a Holanda se tornou forte exportadora de gs

    1

    O aumento da renda

    per capita

    de um pas pode estar mascarado pela reduo do crescimento demogrfiw.

    Kanczuk (2010) faz uma ressalva da comparao do crescimento do PIB atual com o crescimento do

    perodo denominado

    ..

    milagre econmico". O autor afirma: "um milagre econmko hoje

    em

    dia seria um

    crescimento

    de

    8

    ao

    ano

    ..

    'ara

    um

    aprofUndamento

    na

    anlise

    da

    teoria dos encadeamentos para frente jorward linkuge) e para trs

    backward linkage) ver Hirschman,

    A.

    O. ( 1984. p.94-101: 117).

    6

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    1

    Estratgia industrial insero internacional e desindustrializao

    1 1

    Ciclos recentes de crescimento da economia brasileira

    1930 a 1980: Perodo Nacional Desenvolvimentista

    3

    :

    Nesse perodo, a indstria

    liderou o processo de desenvolvimento econmico, tendo o investimento como sua

    principal fora dinmica e um movimento

    de

    catching up com os pases desenvolvidos. O

    Plano de Metas e o PND so exemplos em que foram realizados blocos de investimentos

    com capacidade de autoalimentao. O desenvolvimento desse perodo

    foi

    capitaneado pelo

    modelo de substituio de importaes (MS ), que foi caracterizado pela diversificao da

    estrutura produtiva atravs da industrializao e seus encadeamentos (CARNEIRO, 2008a,

    p.

    2-4). A economia brasileira conseguiu crescer, durante esses cinquenta anos a urna taxa

    mdia anual de 6,5%, com o ndice do PIB p r capita

    se

    expandindo a 3,7% ao ano,

    coincidente com o perodo de maior exploso demogrfica da populao, um dos mais

    elevados crescimentos de longo prazo registrados

    na

    histria econmica de qualquer pas

    (RICUPERO, 2009,

    p.

    22). De acordo com Almeida (2005, p.302), 60% do crescimento do

    PIB brasileiro nesse perodo explicado pelo crescimento do estoque de capital, isto

    ,

    de

    taxas de investimento mais elevadas.

    "A estrutura industrial brasileira, que evoluiu sob uma estratgia ampla e

    permanente de proteo, promoo e regulao tinha alcanado, em 1980, um alto grau de

    integrao intersetorial e diversificao da produo" (COUTINHO FERRAZ, p.

    29

    1993).

    1980: Dcada Perdida:

    Esse perodo caracterizado pelas Crises do Petrleo, pelo

    Choque dos Juros (poltica do "dlar forte") e, pelo golpe final da Crise da Dvida da

    Amrica Latina, que estreitaram as margens de manobra do Estado

    4

    Alm disso, ocorreu

    uma intensificao do protecionismo nos Pases Desenvolvidos (PDs) e a reduo do

    crescimento d economia mundial (SIMO, 2005).

    Em

    funo da restrio externa, o pas teve que sacrificar

    a

    busca pelo crescimento

    em funo da necessidade de gerar supervits comerciais, a partir de uma pauta de

    exportao com predomnio de commodities

    3

    Carneiro (2007, p.56) destaca o adensamento de cadeias da estrutura produtiva. cujo motor central era a

    incorporao de novos segmentos produtivos, processo similar introduo permanente de

    inova ,:t:S.

    4

    Ver Hughes Singh 1991)

    18

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    No final da dcada de 1970,

    os

    Estados Nacionais da Amrica Latina ampliaram seus

    gastos com juros e correo cambial da dvida externa ampliando a crise fiscal.

    De

    acordo

    com Cano (2000, p. 31),

    as

    empresas resgataram

    as

    suas dvidas

    em

    moeda estrangeira e

    trocaram por dvidas em moeda nacional. Essa operao

    foi

    denominada ''estatizao da

    dvida externa .

    Devido transferncia de recursos para o exterior e instabilidade

    macroeconmica, o Estado perde capacidade

    de

    investimento e de realizar polticas

    econmicas ativas em busca do desenvolvimento. Conforme Ricupero (2009, p. 23):

    Os pacotes de estabilizao

    do

    Fundo Monetrio incluam. como era habitual. certos

    ingredientes obrigatrios: reduo

    do

    gasto pblico, polticas monetrias 1estritivas e ajuste da

    taxa

    de

    cmbio. Alm disso, estes programas comearam a incorporar, de forma crescente.

    condies estruturais (as condicionalidadcs), tais como a abolio de medidas de proteo e a

    drstica liberalizao das importaes, a privatizao de empresas pblicas. e a

    desregulamentao da economia domstica.

    Nesse perodo, o crescimento

    foi

    detenninado pela componente demanda-consumo,

    que apresentou grandes oscilaes

    em

    funo das variaes descontnuas da renda

    provocadas por uma sequncia

    de

    programas de estabilizao da inflao ineficientes e

    polticas de estmulo ao crdito. Alm disso, as exportaes lquidas estiveram vinculadas

    aos ciclos

    do

    crescimento internacional (CARNEIRO, 2008a, p.

    4 .

    Para Pinheiro (2003, apud ALMEIDA, 2005, p.

    30

    I), a reduo da taxa de

    crescimento da economia, a partir dos anos 1980, foi em grande parte, resultado da reduo

    da taxa de crescimento

    do

    estoque de capital e

    do

    desaparecimento dos ganhos

    de

    produtividade.

    A ausncia de uma poltica de inovao na estrutura industrial e a sua deficiente

    integrao com o mercado internacional constituram elementos potencializadores de

    desestabilizao do processo industrial brasileiro. A essa desestabilizao soma-se ainda

    uma

    acelerao inflacionria que termina por condicionar

    um

    ajuste industrial defensivo.

    Esse ajuste compreendeu contrao de investimentos, estagnao da produo e reduo da

    renda p r c pil (COUTINHO FERRAZ, p. 3 0 ~ 3 1 1993).

    9

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    Essa turbulncia econmica reflete no setor industrial. Entre 1980 e 1992, a

    indstria de transformao sofre uma queda de 7,4 e a indstria de bens de capital sofre

    uma reduo de 44 . A reduo dessa indstria atribuda

    desacelerao do

    investimento, e em consequncia de seu papel difusor, toda a indstria de transformao

    deixa de crescer. A indstria de bens

    de

    consumo durvel sofreu reduo de 8 . A

    indstria de bens intermedirios cresceu pouco, apenas 6 , consequncia maior do

    amadurecimento dos investimentos

    do Il

    PND e da ampliao

    de

    setores exportadores que

    aplicaram esforos para a gerao de supervit primrio. O setor de bens de consumo no

    durvel apresentou um crescimento de apenas 8 , entretanto, esse setor apresenta uma

    baixa elasticidade renda (COUTINHO FERRAZ, p. 31, 1993).

    1990: Dcada da Privatizao Desnacionalizao: A instabilidade macroeconmica

    e a acelerao inflacionria decorrente dos anos 1980 levaram a uma imobilizao do

    Estado. Essa imobilizao inviabilizou a formulao

    de

    uma poltica industrial e

    tecnolgica que pudesse suceder o modelo de substituio de importaes. O investimento

    pblico que poderia induzir o investimento privado no ocorre e

    as empresas adotam uma

    estratgia defensiva de reduo do nvel de endividamento. Com a ausncia de

    investimentos e de uma estratgia industrial associados a uma rpida abertura da economia

    brasileira e das privatizaes, houve um processo de desnacionalizao (ALMEIDA, 2005,

    p.

    291i. Essa dcada foi caracterizada pelo baixo crescimento, apesar de pequena

    recuperao em relao dcada anterior. Entretanto, o perfil desse crescimento foi de

    maior volatilidade da taxa de crescimento em torno de uma mdia reduzida,

    comportamento tpico de crescimento comandado pela demanda/consumo e exportaes

    lquidas, com o investimento ocupando papel subordinado (CARNEIRO, 2008a,

    p.

    3 .

    Esse perodo caracterizado por uma forte reduo do papel do Estado no processo

    de reestruturao.

    No

    perodo 1997-99, apenas uma parcela reduzida do IDE foi do tipo

    greenfield

    isto , realmente destinada implantao e ampliao de capacidade produtiva.

    De

    acordo com Carneiro {2009, p.30) sobre o Brasil: De um lado. ainda conta com setores estratgicos nos

    quais

    expressiva a participao

    do

    setor publico, como, por exemplo, bancos c energia. De outro. depende

    menos

    da

    demanda externa

    em

    razo

    de

    seu amplo mercado interno e menor grau de abertura''.

    20

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    21/109

    A participao estrangeira cresce de fonna expressiva em relao

    ao

    estoque de

    capacidade produtiva existente, atravs

    de

    operaes

    de

    Fuses e Aquisies (F&A) de

    empresas locais. De acordo com Ricupero (2009, p. 23)

    as

    promessas liberais de alocao

    eficiente que traria crescimento mais acelerado e equilibrado no se concretizaram.

    A Amrica Latina apresentou, nos anos 1980, mdia anual de aumento do PIB de I 8%. e nos anos 1990,

    de 3,3%, razo que levou a Cepal a falar na dcada e meio perdida para o desenvolvimento.

    Em

    contraste,

    as economias que seguiram estratgias alternativas. como

    os

    pases recm-industrializados

    do

    Leste da

    sia tiveram, com muito menor oscilao e instabilidade, crescimento mdio

    do Pll3

    que excedeu a taxa de

    7 por ano durante todo o perodo de

    1980

    a 1996. O desempenho fo ainda mais espetacular na China,

    com expanso anual contnua acima de 10%. de

    1980

    a 2000.

    A taxa de cmbio recorrentemente utilizada como instrumento

    de

    estabilizao da

    economia e

    os

    ciclos

    de

    liquidez internacional determinaram

    um

    perfil de forte flutuao

    cclica da taxa de cmbio real, assim como fortes movimentos de apreciao do cmbio

    prejudicando a competitividade da indstria brasileira.

    Incio

    dos anos

    2

    Com a crise do Estado Brasileiro na dcada de 80, a globalizao e o desmonte das

    funes desenvolvimentistas

    na

    dcada de 90 e incio de 2000, tem-se

    um

    retorno ao

    domnio

    de

    instituies

    do

    atraso, sob nova roupagem. A abertura da conta de capitais

    tornou o Brasil uma economia dependente e reflexa. Na fase mais recente, depois da

    abertura da conta de capitais

    no

    incio da dcada de 90, tivemos sucessivos ciclos de

    recuperao e crise, determinados do exterior. Estes ciclos foram causados por

    booms

    de

    entradas alternados por paradas sbitas

    de

    fluxos de capitais,

    de

    acordo com o humor do

    mercado financeiro global.

    Desde 1999, a poltica macroeconmica domstica est sustentada em trs pilares:

    programa de meta de inflao, taxa de cmbio flutuante e obteno

    de

    supervits primrios.

    A taxa de juros alta e o cmbio valorizado tm mantido a inflao sob controle, e

    os

    supervits primrios tm segurado a expanso da dvida pblica. Trata-se, portanto, de uma

    poltica econmica defensiva (ALMEIDA, 2008).

    De acordo com ALMEIDA (2005, p. 291-301), dentre os inmeros fatores que

    explicam o modesto crescimento

    do

    PIB brasileiro

    no

    perodo 1980-2004, est a pequena

    integrao do pas no fluxo do comrcio internacional, reduzindo as oportunidades de

    investimento. Desde

    1999

    foi

    detectada uma estagnao da produtividade

    na

    indstria

    2

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    22/109

    brasileira, que por sua vez resulta numa reduo de competitividade e perda de insero

    internacional. Produtividade ao mesmo tempo resultado da expanso da insero

    internacional e causa desse processo.

    A abertura comercial sem critrio, isto , um processo de abertura muito rpido e a

    ausncia de uma poltica industrial associada sobrevalorizao do cmbio colocaram o

    setor produtivo brasileiro numa condio desprotegida e perversa. Essa condio levou

    especializao regressiva da estrutura industrial, que gradualmente perde participao no

    segmento

    de

    alta tecnologia e na indstria de bens

    de

    capital. Consequentemente, amplia-se

    a participao no PIB das indstrias processadoras

    de

    recursos naturais e de produtos de

    baixa tecnologia. Nesse perodo, o IDE foi canalizado preponderantemente ao setor de

    servios, especialmente telecomunicaes e intermediao financeira. A parcela dedicada

    ao setor industrial foi em maior peso para manufaturas de baixa e mdia intensidade

    tecnolgica

    6

    (CARNEIRO, 2009, p.24).

    2 4

    2 8: Ciclo de crescimento Ciclo de investimento

    A recuperao do crescimento teve incio em 2003/2004 com impulso do aumento

    das exportaes. Essa ampliao das exportaes foi estimulada pela depreciao da taxa

    de

    cmbio

    em

    2002/2003 (Grfico 9) e pela valorizao das commodities (Grfico 15 e o

    incio de um novo ciclo de aumento de produtividade liderado pelos setores exportadores a

    partir de 2004. Em 2005 fica ntida uma ruptura no padro cclico

    de

    recuperao e crise

    (stop

    nd

    go). Ademais, o crescimento se acelera e se sustenta por perodo mais longo,

    reflexo das condies favorveis da economia mundial e das transformaes internas. No

    perodo

    de

    2003 a 2008, a taxa mdia de crescimento foi de cerca de 5 a.a., muito acima

    da mdia anterior de cerca de 2 a.a.(Grfico 1 .

    Esse crescimento econmico est baseado

    em

    dois fatores, no aumento do consumo

    domstico e no investimento (Grfico 2). No cenrio externo houve o .. boom dos preos

    de

    commodities

    e da economia mundial. Internamente ocorrem mudanas demogrficas que

    afetam o mercado de trabalho, mudando a dinmica

    de

    gerao de emprego c formao de

    salrio.

    6

    Setores de alta e mdia tecnologia

    uma classificao da OCDE excluem produtos agrcolas.

    22

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    23/109

    Grfico I -Crescime nto

    do J>IR

    a mdio prazo (dados em

    )

    8

    7

    5,7

    6,1

    --------...

    5,2 ...............Mdia

    S,Oo/c

    1

    5,1 I

    6

    5

    4

    3

    2

    1

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    I

    4,0

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    \ i

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    I I

    I

    I

    \ I

    '

    I

    O

    \,10,1

    I

    f

    o

    1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009. 2010" 2011 ' 2012. 2013

    '

    2014'

    lontc IBGF (apuu ,

    :3rasL

    2010) . OBS * Pn:vises elo

    Governo

    O desempenho do consumo interno, que propiciou um novo ciclo de crescimento

    econmico atravs do efeito multiplicador, est baseado em dois fatores,

    na

    expanso

    da

    renda e do crdito. A expanso da renda foi resultado do aumento do mvcl de emprego. da

    formalizao de trabalhadores. do aumento

    do

    salrio mnimo (resultando em aumento de

    salrio real) e da ampliao dos programas de transferncia de renda. Esse conjunto de

    fatores contribuiu para um aumento da massa salarial total na economia domstica. A

    expanso do crdito deveu-se no s poltica de governo,

    mas

    tambm se consolidou em

    funo da reestruturao e recuperao

    do

    mercado de trabalho (SARTI, 20 IOa).

    Grfico Contribuio

    da

    \

    \ariHi .

    de

    demanda

    agregada

    para

    o

    r e ~ i m e o t o do

    I'IB (% )

    83

    -

    -

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    ...

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    -

    L-

    UExportaoLqUJda Consumo mal - Adm. Pbl1cn Consumo

    tona

    l - famhas Dlnvestnnemo

    FD

    CF

    +E

    stoque)

    ronte

    SARTI

    (2009.

    p

    13)

    23

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    24/109

    A recuperao do consumo das famlias em combinao com a progressiva elevao

    do nvel de utilizao da capacidade instalada da indstria abriram caminho para uma

    retomada expressiva dos planos de investimentos. A retomada do investimento estimulou o

    crescimento atravs do efeito acelerador com base

    em

    projetos voltados ao mercado interno

    (Grfico 2). Esse investimento se concentrou na indstria extrativa e de insumos bsicos

    (petrleo, gs natural, minrio de ferro, siderurgia, papel e celulose) em funo do oom

    das

    commodities

    no mercado internacional e ainda na infraestrutura, com destaque para a

    construo residencial e bens de consumo durveis. A expanso desse investimento teve

    uma importante participao do financiamento pblico (BNDES) e no

    caso das empresas

    brasileiras, uma participao crescente do autofinanciamento e da reduo das captaes

    externas (SARTI, 2010a; PUGA MEIRELLES, 2010,

    p.l).

    Crise financeira 2008) e Oportunidade para Retomar Crescimento

    O mercado domstico com sua dimenso e dinamismo se tornou um ativo estratgico

    para o Brasil, como ocorre para outros pases emergentes como China e ndia. Tudo indica

    que tivemos uma mudana estrutural com a reconstruo de um novo paio dinmico

    endgeno, resultado da conjugao de fatores externos e internos criando um crculo

    virtuoso de crescimento, interrompido pela crise financeira no ltimo trimestre de 2008. O

    mercado domstico se tornou uma forma de compensar a retrao das exportaes

    na

    retomada da crise do subprime de 2008. Alis, o mercado domstico comea a se tornar

    importante desde 2004, desde que a varivel exportao lquida comea a perder

    importncia (Grfico 2).

    A expectativa para a economia brasileira em 2010 de um crescimento superior a

    5 ao ano. Para o perodo

    de

    2009 a 2014 a expectativa de um crescimento mdio de 5 ,

    aps ter crescido 4,2 ao ano de 2003 a 2008, ver Grfico 1 (BRASIL, 2010).

    De

    acordo

    com Carneiro (2009, p.25), o Brasil, comparado com o Cone Sul, ainda mantm uma

    participao razovel da indstria no PIB

    7

    Entretanto, no total da indstria, as indstrias de

    mdia e alta intensidade tecnolgica, apresentam um dficit comercial. Segundo Belluzzo

    (20 I 0), 80 das empresas superavitrias pertencem indstria intensiva

    de

    recursos

    7

    De

    acordo com Coutinho Sarti

    2003, p.33l :

    ''O Brasil

    um

    dos poucos pases em desenvolvimento que conta

    com uma base industrial diversifcada c dada a dimenso de sua

    ~ c o n o m i

    e

    as

    condies

    de

    vulnerabilidade no pode

    prescindir

    de

    uma base competitiva e capaz

    de

    gerar supervit comercial, para poder crescer sustentavelmente,,

    24

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    25/109

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    Em

    2000,

    as

    ETNs responderam por l/3

    do

    total das exportaes mundiais. A

    necessidade de construir ou adquirir capacidade produtiva

    em

    outros pases fez com que os

    investimentos

    se

    ampliassem a uma taxa ainda maior que a

    do

    comrcio mundial, que por

    sua vez cresceu a uma taxa maior que a taxa

    do

    produto HIRATUKA SARTI, 2005,

    p.2-3).

    A indstria o motor

    do

    desenvolvimento econmico. A taxa de crescimento da

    indstria mundial

    no

    perodo de

    1980

    a 2000 foi ligeiramente menor que a

    do

    PIB mundial,

    devido

    ao

    crescimento

    do

    peso

    do

    setor de servios nas economias industriais maduras, que

    ainda dominam o setor industrial mundial. Para um pas desenvolvido PD) no haveria

    problema

    um

    aumento da participao

    do

    setor de servios, pois a estrutura industrial

    est consolidada. Enquanto que para um pas em desenvolvimento PED) significaria uma

    desindustrializao, uma vez que, a estrutura industrial ainda est em construo

    10

    . De

    acordo com Carneiro 2006, p 77), para pases de nvel de renda mdio e baixo, a

    industrializao representa o mecanismo para o crescimento sustentado. S aps o nvel de

    renda atingir um nvel elevado que a composio

    do

    produto e emprego muda em direo

    ao setor dos servios, como ocorre com a maioria dos pases desenvolvidos.

    O crescimento do comrcio mundial

    foi

    maior que o aumento da produo, que

    pode ser explicado pela internacionalizao do processo produtivo. O que est sendo

    produzido num determinado pas no est sendo consumido domesticamente, pois ocorreu

    um fracionamento

    do

    processo produtivo. Esse movimento fez surgir uma rede

    internacional

    de

    manufatura integrando diferentes pases e diferentes empresas, realizando

    etapas da cadeia de valor sob a coordenao das grandes corporaes. A produo no

    mais verticalizada em um nico pas, mas foi dispersa em diferentes pases e a

    fragmentao do processo produtivo fez com que se ampliasse o comrcio mundial. Esse

    comrcio se apresentou mais dinmico para os produtos com maior intensidade tecnolgica

    produto com alta intensidade tecnolgica - PAIT e produto com mdia intensidade

    tecnolgica PMIT). Esses produtos respondem por mais da metade

    do

    comrcio

    internacional UNIDO, 2004).

    10

    A desindustrializao pode ser entendida como um processo natural. desde que se tmte de um pais

    desenvolvido. Existe uma teoria

    de

    uma trajetria

    de

    importncia

    na

    participao de produtos primrios para

    produtos industrializados e deste para o setor de servio. Essa discusso

    resgatada de Clark 1957) por

    Rowthorn e Ramaswany 1999).

    26

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    27/109

    Os pases em desenvolvimento (PEDs) Apresentaram um aumento na participao

    nas exportaes mundiais em todas

    as

    categorias de produtos (PAIT; PMIT; PBIT;

    produtos intensivos

    em

    trabalho e recursos naturais) exceto em

    commodities

    primrias.

    Entretanto esse desempenho positivo dos PEDs foi bastante seletivo, pois ficou restrito a

    pases da sia, atravs de uma dinmica regional, envolvendo os tigres de primeira gerao

    (Coreia do Sul e Taiwan) e os tigres de segunda gerao (Malsia, Tailndia, Filipinas,

    Cingapura e Indonsia) (H IRA TUKA SARTI, 2005, p. 12-16).

    Essa reorganizao das cadeias produtivas globais abriu oportunidade para que os

    PEDs ampliassem sua participao no comrcio internacional. Esse desempenho positivo

    foi

    decorrente

    de

    um aumento da participao

    noVAM

    (valor adicionado da manufatura)

    ou MVA

    manufGcturing value added)

    global. Houve um expressivo aumento na

    participao da indstria dos PEDs

    no

    MVA global, de 14% a 24%, no perodo de 1980 a

    2000 e simultaneamente uma reduo de 5% da participao dos pases industrializados.

    Entretanto, os pases industrializados ainda respondiam por 72% do MVA global em 2000

    (UNIDO 2004, Cap.7, p.J35-137).

    Na avaliao de Carneiro (2006, p.77), a insero dos PEDs foi assimtrica, pois o

    Brasil e a Amrica Latina apresentaram uma descontinuidade do processo

    de

    industrializao a partir dos anos 1980. Para os latino-americanos a perda de dinamismo

    coincide com o processo da globalizao neoliberal e a industrializao centrada

    no

    mercado interno, pela abertura e busca dos mercados externos.

    Para Coutinho Ferraz (1994,

    apud

    GONALVES, 1998a,

    p.l5)

    dentre os fatores

    que podem explicar a baixa competitividade de diversos segmentos da indstria brasileira

    esto: a excessiva dependncia do mercado interno e a estagnao econmica dos anos

    1980. O avano em termos de capacitao competitiva observado

    ao

    longo da presente

    dcada tem como desvantagem essencial a gerao de

    um

    persistente desequilbrio

    comercial e o chamado desadensamento das cadeias produtivas.

    Numa trajetria oposta e exitosa, os pases asiticos promoveram a continuidade e o

    aprofundamento da industrializao. Esse desempenho dos asiticos est associado

    ao

    modelo

    de

    crescimento orientado para fora. Alm disso, o xito dos pases asiticos est

    associado a uma maior capacitao para realizar mudanas tecnolgicas endgenas e

    consequentemente, aos ganhos de produtividade.

    27

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    28/109

    1.3 adro

    de

    insero

    da

    economia no mercado mundial na etapa

    da

    globalizao

    internacional

    Crotty (2002,

    p

    3-37) destaca que os crticos da globalizao neoliberal

    argumentam que o abandono

    do

    crescimento em prol da predominncia curtoprazismo

    ( 'shorf-termism ) tenderia a reduzir o crescimento do produto mundial resultando em

    aumento do nvel de desemprego. Esse elevado nvel de desemprego e a tendncia para a

    flexibilizao do mercado de trabalho resultariam em uma reduo do crescimento do

    salrio real e aumento da desigualdade no pas e entre

    os

    pases. Ademais, a liberao

    financeira teria como consequncia a elevao das taxas de juros real e aumento da

    instabilidade nos mercados financeiros globais. Pases menos avanados, que substituram

    as polticas de desenvolvimento econmico intervencionistas pelo neoliberalismo, teriam

    menor capacidade de experimentar um crescimento a longo prazo.

    Para Crotty (2002, p.3-37), na maioria dos pases em desenvolvimento (PED), esses

    problemas no so entendidos como sendo resultados inevitveis do aumento da integrao

    global p r

    se

    mas

    em vez disso, causados por instituies especficas e prticas

    constituintes do neoliberalismo. Com isso, ficou decretado o fim do progresso como

    instrumento contra a pobreza nos pases em desenvolvimento, com exceo dos pases do

    leste asiticos que tiveram um progresso substancial em direo ao desenvolvimento.

    Carneiro (2006, p.73) defende uma viso da insuficincia das polticas de inspirao liberal

    em

    estabelecer um modelo de desenvolvimento para o Brasil e Amrica Latina. O principal

    argumento para essa tese o contraste da experincia exitosa obtida pelos pases asiticos

    fundada num perfil distinto de polticas de desenvolvimento.

    Apesar da maior parte do produto industrial global ainda ser gerado pelos PDs

    (aprox. 70 , em 2000), foram

    os

    PEDs que apresentaram maior crescimento da

    participao na produo industrial global. Entretanto, essa insero dos PEDs

    foi

    assimtrica, pois houve uma perda de liderana, dinamismo e participao

    no

    PIB global do

    Brasil e dos pases da Amrica Latina (UNIDO, 2004, Cap.7, p.l35-137).

    Na viso de Carneiro (2006,

    p

    78), a comparao do desempenho da economia

    brasileira com a dos pases da sia pode ser realizada atravs da anlise de uma estilizao

    do padro de integrao economia globalizada. Essa articulao envolve tambm a

    anlise das estratgias de desenvolvimento e o padro poltico-insitucional domstico.

    28

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    29/109

    Confonne o Grfico 3, verifica-se que desde 1996, o Brasil tem apresentado o pior

    desempenho

    em

    tennos de crescimento econmico, comparado mdia dos pases

    emergentes e inclusive frica. Esse desempenho est diretamente relacionado forma de

    insero na economia do mercado mundial na nova ordem econmica da globalizao.

    Essa forma de articulao da economia domstica economia globalizada pode ser

    relacionada

    s

    demandas sociais, como emprego e renda. Por outro lado, a fonna de

    insero ser mais propcia

    acumulao de capital na rbita financeira, sem

    necessariamente proporcionar

    as

    condies de retomada

    do

    crescimento econmico em

    taxas altas e sustentveis. (IPEA, 2009, p. 27-29).

    A partir de 2000, verifica-se uma recuperao da economia, mas ainda insuficiente

    para superar o maior dinamismo dos demais emergentes.

    De

    acordo com IPEA (2009,

    p.29):

    Uma das grandes lies da evoluo econmica mundial

    no

    perodo 1985-2008

    t i

    a

    de

    que

    tanto

    as

    estratgias

    de

    desenvolvimento

    do

    tipo ''tudo

    ao

    Estado'' como

    as

    do

    tipo tudo

    ao

    mercado'' encontram seus limites endgenos. Mercados e Estados

    no

    so substitutos uns

    dos outros, mas, sim, instncias complementares no que conceme

    ao

    estabelecimento

    de

    arranjos institucionais capazes

    de

    garantir coerncia macroeconmica e coeso social. duas

    condies bsicas

    do

    desenvolvimento

    das

    naes.

    Grfico

    J

    T a : ~ a s tendenciais de crescimento econmico -1995 a 2008 (em% a.a.)

    '

    1'195

    19 .17

    1998

    199 .1

    200{) 2001

    l 2

    0 {)(1]

    21104 2005 2006 ; 007 2000

    '

    E

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    30/109

    1.3.1

    Padro de integrao

    c pit l ccounts ou

    passiva (dimenso financeira)

    O Brasil e a maioria dos PEDs (pases

    em

    desenvolvimento) na Amrica Latina

    associaram-se globalizao pela dimenso financeira (atravs do fluxo de capitais). Esse

    padro de integrao est, em geral, associado ao carter liberal do Consenso de

    Washington, compreendendo uma dupla liberalizao: externa e interna. A primeira

    dimenso de liberalizao est fundada nas aberturas comercial e financeira, e a segunda,

    na

    supresso das polticas seletivas de desenvolvimento e na privatizao (CARNEIRO,

    2006, p.78). De acordo com Carneiro (2006, p.81 , aps 1980, houve maior desregulao e

    dessa forma maior peso

    do

    mercado nas decises econmicas na Amrica Latina.

    De acordo com Carneiro (2006, p.79),

    os

    pases que aderiram a esse padro de

    integrao so caracterizados por regimes de cmbio flutuante e em geral taxas de cmbio

    volteis associadas a dficit na balana comercial e na conta de transaes correntes. Alm

    disso, predominam investimentos de portflio e IDE de natureza patrimonial. Em geral, o

    nvel de reservas internacionais desses pases so inferiores quelas dos pases asiticos.

    Ainda em Carneiro (2006, p.79), esse padro de integrao resultou numa pequena

    insero internacional

    do

    pas nos fluxos de comrcio e predominncia da integrao via

    fluxos de capitais. A internacionalizao produtiva foi assimtrica, com

    um

    montante de

    IDE

    recebido bem superior ao realizado. Alm disso, o predomnio de investimentos

    estrangeiros de portflio, para

    se

    beneficiar da diferena da taxa de juros; e tambm de

    natureza patrimonial, responsvel pela desnacionalizao da base produtiva (onda de fuses

    e aquisies, F A).

    Outro ponto negativo desse padro de integrao ao mercado mundial consiste no

    baixo nvel de restries mobilidade de capitais. Essa maior liberdade mobilidade de

    capitais intensifica ainda mais a instabilidade das taxas de cmbio, que por sua vez, resulta

    em perda de autonomia da poltica econmica domstica, que se torna dependente dos

    movimentos

    de

    capitais especulativos (CARNEIRO, 2006, p.79). No Brasil, a recuperao

    da crise de 2008, com o regime de cmbio flutuante, resultou em forte volatilidade e

    valorizao do Real. Com a economia mundial se recuperando, o cmbio prejudica a

    exportao e deixa um espao

    no

    comrcio internacional a ser ocupado pelos importados

    (SARTI, 2010).

    30

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    31/109

    1.3.2 Padro

    e

    integrao tr de ccounts ou ativa dimenso produtiva)

    Nesse grupo esto os pases da sia, que se associaram ao novo padro

    internacional atravs d dimenso produtiva, isto , atravs do fluxo de comrcio. Nesse

    padro existe uma forte articulao entre o Estado e o mercado. Para os asiticos prevalece

    a estabilidade da taxa de cmbio, o controle governamental dos fluxos financeiros externos

    e o gerenciamento d concorrncia, incluindo a coordenao das decises de investimento.

    Esse padro de integrao est associado a polticas intervencionistas.

    Nesse padro, a articulao

    economia globalizada atravs do comrciO e IDE

    constitui o elemento dinmico da trajetria

    de

    altas taxas de crescimento e catching u

    tecnolgico CARNEIRO, 2007, p.2). Uma taxa

    de

    cmbio estvel constitui instrumento

    fundamental para urna poltica de exportao e gerao de

    supervits

    comerciais

    expressivos. Esse dinamismo de insero internacional constitui estmulo ao crescimento

    propiciando um acmulo de reservas internacionais e consequentemente uma

    maJOr

    autonomia da poltica macroeconmica domstica. Entretanto, para a estabilidade da taxa

    de cmbio, ainda necessrio a regulao dos fluxos de capital

    CARNEIRO, 2006, p.78).

    Essa estabilidade na taxa de cmbio contribui tanto para a autonomia da poltica

    macroeconmica, quanto para assegurar competitividade das exportaes

    de

    manufaturados, cada vez mais acirrada. Ademais, facilita o clculo da rentabilidade dos

    investimentos externos e a avaliao do valor de ativos internacionais. Portanto, a

    estabilidade na taxa de cmbio sustenta a estratgia de crescimento baseada na poltica de

    industrializao orientada para a exportao e na atrao de IDE, o expor led growth

    CARNEIRO, 2006, p.79). Alm disso, confonne Silber 2005, p.297), se os investimentos

    dependessem do mercado domstico, seriam menores.

    As

    elevadas taxas de lucro da

    atividade exportadora atraem mais os investimentos diretos.

    Almeida 2006, p.5) destaca a importncia do padro de integrao como

    determinante do maior sucesso quanto ao crescimento econmico. Esse padro de

    integrao diferenciado permitiu aos asiticos uma maior insero na rede

    de

    produo

    global. Essa insero ampliada resultado de u

    upgrade

    na estrutura produtiva e na pauta

    de exportao, gerando maior dinamismo e agregao de valor. Complementar a isso, de

    acordo com Carneiro 2006, p.81 , um mercado domstico mais massificado tambm

    permitiu a ampliao das escalas de produo favorecendo a competitividade da indstria.

    3

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    32/109

    1 4 A importncia da indstria para o crescimento econmico

    De acordo com a viso kaldoriana

    , existe uma conexo entre expanso da indstria

    e crescimento do produto agregado. Essa relao positiva, e estabelece que, quanto maior

    o crescimento do setor industrial, maior o crescimento do produto nacional. O crescimento

    do setor industrial consequncia de maior produtividade, que por sua vez baseada em

    economias de escala, que so obtidas pela expanso da demanda. A expanso da demanda

    obtida atravs da ampliao das exportaes. O aumento de escala dinmica tem impacto

    imediato na reduo de custos, em funo da existncia de retornos crescentes de escala

    verificados na indstria de transformao. As inovaes (tanto em processo, quanto em

    produto, quanto em mercado, etc.) transbordam para toda a economia, aumentando a

    competitividade no mercado externo. Dessa fonna, a estratgia de incentivo exportao

    (modelo export ed growth)

    um instrumento que propicia um crescimento sustentado em

    longo prazo, a exemplo do executado pelos pases do sudeste asitico.

    Bresser Pereira Marconi (2008, p.S-6) tambm abordam a influncia da indstria

    no

    desenvolvimento econmico.

    Os

    autores citam Kaldor, para a construo do nexo causal

    do crescimento do setor manufatureiro e da produtividade

    da

    economia, a partir do

    pressuposto dos rendimentos de escala crescentes da indstria. O progresso tcnico, os

    encadeamentos e as externalidades do setor industrial transbordam para outros setores,

    gerando empregos e aumentando a produtividade de outros setores da economia.

    Os

    quais

    no se apresentam to dinmicos como o setor industrial e apresentariam uma menor

    difuso tecnolgica. Dessa forma, a indstria pode gerar maior dinamismo economia em

    consequncia do efeito multiplicador mais amplificado sobre a produo e o crescimento da

    renda per capita. Conforme assif (2008, p.85, apud BRESSER PEREIRA MARCONI,

    2008, p.6), setores baseados em cincia e tecnologia puxam a maximizao nos ganhos

    de produtividade e garantem a sustentao do crescimento econmico

    no

    longo prazo.

    Os

    setores com maior intensidade tecnolgica apresentam maior capacidade de ongmar

    encadeamentos produtivos e efeitos multiplicadores de renda e emprego e difundir

    inovao e tecnologia para o restante da economia.

    Essa viso de desenvolvimento adotada pelos pases asiticos em reao nova ordem econmio:;a mundial

    est presente

    em

    Kaldor ( 966 .

    32

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    33/109

    Para Almeida (2006. p.3). a indstria tem sido o motor

    do

    crescimento econmico

    brasileiro. O crescimento do produto agregado est condicionado expanso

    da

    indstria.

    ver Grfico 4.

    Grfico_.

    Crescime

    nt

    o i m e ~ t r a l o PJ e

    da Indstria

    para o

    Bra

    s

    il Trime

    s

    tre

    Contra \ esmo

    T r i m c ~ t r e

    do

    .-\no Anterior, (

    1

    r i m e ~ t r c tle

    1992- 3 Tr

    ime

    st re

    de 2005)

    Cl

    i r

    8

    o

    12

    .

    ..

    o ~ - - - - - - - - - - - - - - - - ~ ~ - - - - - - - r - - - - - - - - - - - - -

    E

    1

    o

    rontc. \ l m ~ :

    (2006)

    o

    Crescimento

    d

    lndustra

    14

    De acordo com Si lva (2009. p.3), a indstria o setor da econom ia com mator

    capacidade de ampliar o

    va

    lor adicionado per capita condio essencial para elevar o

    padro de vida da populao.

    A mdia do crescimento dos PEDs foi superior ao

    do

    s PD s e a indstria

    foi

    o carro

    chefe da economia global. Esse crescimento resultou e, de cct1a maneira, foi resultado do

    aumento da produtividade e da fragmentao da produo. Entretanto. esse crescimento

    fo

    i

    bastante assimtrico, pois se concentrou nos pases asiticos (Tabelas I e 2 .

    Esses PEDs, responsveis pelo maior dinamismo

    da

    economia globaL

    es

    to

    se ndo

    promovidos de pases em desenvolvimento para pases emergentes. Devido comple:\idade

    dos problemas econmicos j destacados. nota-se

    um

    descolamento do Brasil

    do

    padro

    mdio mundial de integrao ao mercado mundial ,

    com

    destaque ao acesso

    tecnologia ,

    escalas de produo, custo do desenvolvimento e competitividadc (Tabela

    2).

    33

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    34/109

    T b I I P

    '

    a1ses

    em

    d

    I ' t d \ ' I d d

    I . d

    senvo

    v1mcn

    o

    a.- sa

    n 1ca ores

    se ec10na os

    Crescimento

    do

    PIB Industrial FBCF/PIB (mdia)

    Participao

    da Indstria no PIB

    1992-2002 1990-2002

    1980

    1990

    2000

    Coria

    8.9 33,2

    22,8 28,8

    35.

    Taiwan

    4 4 n.d.

    34,5

    32,7 29,6

    Singapura

    6,5 32.8 29.7 28,6 28,2

    China

    10,9

    38.0

    33,0

    33,1

    34,5

    Malsia

    9.0 33,7

    19,4

    26.5

    35,9

    Tailndia

    5,5

    33,4

    22,6

    27.2 34.3

    Filipinas

    3,8 21,7

    26,9

    24,8

    24,2

    Indonsia

    7.0

    25,0

    11,9

    20,7 26.5

    .

    fonte. E1ahoraao NEIT UNICAMP a parl T dos dados da

    UNCTAD

    e

    da

    UNIDO UNIDO (apud H1ratuka Sart1, 2005)

    No perodo de I 950 a 1980, o Brasil apresenta uma trajetria de convergncia em

    ralao

    economia dos EUA (PIB EUA =100) (BRASIL, 2004, p.6). O

    PIB per c pit

    relativo do Brasil (em %, a partir do US$ paridade poder de compra, PPP, constante de

    1990) cresce de 17%

    em

    1950 para 28%

    do

    PIB americano em 1980 (SARTI, 20 I

    O p.

    1-4).

    Nesse perodo ocorre um aumento da participao da indstria de transformao no PIB,

    isto

    ,

    a indstria ainda era a locomotiva do dinamismo do desenvolvimento econmico,

    ver Grfico

    5.

    Entretanto, aps esse perodo de grande dinamismo, caracterizado como o Perodo

    Nacional Desenvolvimentista, verifica-se uma perda de convergncia da economia

    brasileira (ver item 1.1 ). De 1980 at 2004 verifica-se um esgotamento do dinamismo da

    indstria na economia, que passa de uma participao de 28% para 18%, ver Grfico

    5.

    O

    PIB per c pit

    brasileiro passa a ter um crescimento inferior

    ao

    do PIB

    per c pit

    americano (HIRATUKA SARTI, 2005,

    p.

    4). "Entre 1980 e 1996, a participao da

    indstria de transformao brasileira

    no PIB

    reduziu-se

    em

    50%, segundo dados do IBGE".

    (IPEA, 2009, p.3 I).

    Tbi T d

    e a

    -

    '

    e crescimento

    d

    d t d . I 1992 2002

    pro uom

    ustrm -

    -

    Crescimento do PIB Industrial

    FBCF/PIB (mdia)

    Participa

    o da Indstria no PIB

    1992-2002

    1990-2002

    1980

    1990 2000

    Argentina

    -0,8

    17,0 27,0

    22.5 19,6

    Brasil

    2,3 21,0 29,0

    26,8

    23,1

    Chile 3,0

    24.6

    20.9 18.5 15,3

    Mxico

    3,4

    22,7 18,5

    19.0 20,8

    -

    .

    fonte.

    E1aboraao

    NEIT/UNICAMP a

    part1r dos

    dados

    da

    UNCTAD

    e

    da UNIDO

    (apud Hlratuka& Sart, 2005)

    34

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    35/109

    O fraco desempenho

    da

    economia brasiIe

    ira, nas

    dcadas

    de

    1980

    e

    1990,

    pode ser

    co

    nstatado comparando a evoluo

    da

    renda p r

    c pit

    relativa

    dos

    E

    UA

    e o

    de

    sempenho

    da

    ind

    stria

    de

    transformao

    do

    Brasil

    com

    o

    de

    outros pases

    em

    desenvolvimento

    (Co

    re

    ia

    do S

    uL

    China e ndia),

    que

    continuar

    am sua

    trajetria

    de

    crescimento (BRASIL,

    2004,

    p.

    6)

    .

    No perodo

    de 1980

    a 2004, o Brasil

    ap

    resentou reduo

    do

    PIB

    per c pit de

    28

    para

    19

    %

    em

    relao

    ao

    PlB

    per c pit

    dos

    EUA (em

    a partir do US$ PPP,

    con

    stantes de

    19

    90

    ).

    Enquanto,

    no

    mesmo perodo, a Coreia do

    Sul

    apresentou um crescimento

    es

    petacular

    do PTB p r

    c pit de

    20

    para 60%

    do PIB

    per c pit

    do

    s EUA, a China

    de

    5%

    para 20% e a ndia um crescimento discreto

    de

    6 para

    8%,

    ver Grfico 5.

    Essa trajetria

    de

    convergncia econmica

    dos

    pases asiticos

    es t

    associada

    ao

    d

    in

    amismo

    da ind

    stria. Nesse perod o,

    ao

    contrrio do Brasil, os pases do sudes

    te

    asitico

    manti

    veram um

    crescimento

    da

    participao da indstria

    de

    transformao

    no PIB. Para

    o

    Brasi l, assim como para a Amrica

    Latina

    ,

    1980 foi

    um ponto de

    inflexo,

    caracterizado

    pela imobilizao

    do

    Estado, decorrente dos Choques

    do

    Petrle

    o, Ch

    o

    qu

    e dos Juros e

    da

    C

    ri

    se da D

    vida

    agravada pela recesso mundial. (H I

    RA

    TUKA & SARTI, 2

    005

    , p. 4).

    G rficoS - Pases Selecionados:

    l

    B relativo e Participao da Indstria no

    l B,

    1950-2005

    (em , a

    partir

    de tiS$ PPP consta

    nt

    es de 1990, E:liA= JOO)

    Brasil

    Co

    ria

    do Sul

    30.0

    70.0

    29,0

    ~ ~

    00

    .0

    1

    2GO

    ~ ~ /

    ~ : ; ~ ~ ==

    4

    ,0

    60,0

    f-

    22.0

    - -" ~ ---

    400

    200

    ?

    ~ v

    ~

    /

    18.0

    I -

    30,0

    1

    G O

    ~ ------------

    20 ,0

    f-

    40

    ----

    12,0

    1

    10,0

    10,0

    Sl

    :;

    $

    SI

    li :s i :: i C

    :2

    lil

    ;

    : l

    :;

    ;

    ::

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    il

    ?

    Ch

    i na

    ndia

    oo

    25

    .0

    35

    o

    .....,;;;;;;.;:

    20

    .0

    . - . . ~

    0.0

    - ---

    25 0

    - .r =

    ---

    15.0

    200

    ~

    ~

    __ _ /

    ._.

    10 .0

    15.0

    ------

    ../

    0 0

    5.0

    50

    - -

    ; ;

    O

    Si Si SI

    li

    ..

    -

    PI per Ca

    ptta relat

    iV

    - lnd de Tr

    ansf

    . no PI

    lonte . GGDC database. Elaborao NEIT-IE-UNCAMP (apud SARTI , 20 10, p. 4)

    35

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    36/109

    1.5 Conexo entre produtos com maior intensidade tecnolgica e dinamismo

    do

    comrcio internacional

    Para Hiratuka Sarti (2005, p.\9-20), os pases do sudeste conseguiram fortalecer a

    posio no comrcio internacional, os pases

    da

    Amrica Latina (AL) perderam espao em

    funo da perda de competitividade nos produtos mais dinmicos. Consequentemente, o

    sistema industrial na AL foi incapaz de liderar o crescimento econmico.

    De acordo com Almeida, os setores

    de mdia e alta tecnologia so os setores que

    mats crescem no mercado mundial. Ou seja, h uma associao significativa entre a

    intensidade tecnolgica dos produtos exportados e o crescimento

    da

    participao no

    comrcio internacional. Um maior crescimento nesses produtos, com maior dinamismo no

    comrcio internacional, significa maior crescimento econmico. Contudo, o Brasil segue

    trajetria inversa, pois as exportaes brasileiras tm-se ampliado, justamente, nos produtos

    de baixa intensidade tecnolgica (ALMEIDA, 2005, p. 288), ver Tabela 3.

    De acordo com Coutinho (2010), a taxa de crescimento do Complexo das

    Tecnologias de informao e de comunicao nas economias asiticas em desenvolvimento

    cresceu, em 2005, cerca de duas vezes e meia em relao

    mdia internacional. Entretanto,

    em 2005, no Brasil ela representava apenas 5,5 do valor agregado na indstria, enquanto

    que nos PDs essa participao era de 27,5 . Esse

    mais

    um

    indcio da perda de espao do

    Brasil no comrcio internacional e do sucesso das economias asiticas em desenvolvimento

    desde o incio dos anos 1990 (UNCTAD, 2005,

    apud

    Coutinho, 20 I 0).

    Tabela 3 -I'ED da

    AL-

    Participao nas exportaes mundiais por categoria

    de

    produto-1980 e 2002, em

    Regio/Pais

    ano CP

    PITRN

    BIT

    MIT AIT Total

    Argentina

    1980 1,4 0,3 0,2

    0 1

    0,2 0,4

    2002 1,8 0,2 0,3 0,2 0,1 0,4

    Brasil

    1980 1,8 1,6 1 1

    0,8

    0,8 1,0

    2002

    3,3

    0,9 1 2 0,6 0,5 1,0

    Chile

    1980

    0,8

    0,1 0,1 0,0 0,1 0,2

    2002

    1,8

    0,1 0,1 0,0 0,1 0,3

    Mxico

    1980 1,6 1

    O

    0,5 0,6 1,2 0,9

    2002

    1 5

    2,2 2 1 4,0 2,4 2,6

    fonte: lliratuka Sarti, 2005 p.18.

    36

  • 7/25/2019 Campos,GuilhermeRodriguesde TCC

    37/109

    1.6

    Reverso recente do mecanismo da deteriorao dos termos de troca

    Nas dcadas de 1950 e 1970, o diagnstico da deteriorao dos termos de troca dos

    bens primrios frente aos bens manufaturados no comrcio internacional foi colocado como

    um argumento alternativo ao pensamento ortodoxo, no processo de desenvolvimento. Esse

    argumento foi um dos pilares fundamentais da necessidade da industrializao para os

    pases em desenvolvimento, segundo a escola do desenvolvimento cepalina, posteriormente

    essa viso ficou conhecida como escola estruturalista cepalina

    (PREBISCH, p.l76 1984).

    Esse mecanismo atribudo ao fato de que as matrias primas no tm uma

    tendncia valorizao como os produtos industrializados. As matrias primas apresentam

    menor valor agregado e menor elasticidade da demanda capaz de resultar em deteriorao

    dos termos de troca. Essa argumentao est alicerada em uma insero dos pases latino

    americanos em um sistema centro-periferia, no qual se destaca o papel ativo das economias

    industrializadas. Favorecido por sua posio e o acesso ao progresso tcnico, os pases

    industrializados organizaram o sistema com a finalidade de satisfazer seus prprios

    interesses. Nesse sistema heterogneo, ocorre uma diviso internacional da tecnologia

    (progresso tcnico) e de seus frutos, alm de uma diviso internacional do trabalho

    (PREBISCH, 1984, p.l76-179)

    12

    O modelo de substituio de importaes (MS ) vai tentar minimizar esse vnculo

    de dependncia, independente de ter sido opo consciente ou mera consequncia, tendo

    em vista as restries de importao impostas pela guerra. A substituio de importaes

    pelo protecionismo era uma resposta

    tendncia de deteriorao dos termos de troca, ao

    evitar a alocao de recursos econmicos adicionais nas atividades de