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7/24/2019 Camino Florecimiento http://slidepdf.com/reader/full/camino-florecimiento 1/72  MARTA SUSANA FREIRE DA SILVA BECALLI Caminho para o Florescimento: satisfação com a vida, emoções positivas e otimismo em adultos  Orientador: Américo Baptista Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Escola de Psicologia e Ciências da Vida Lisboa 2014 

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MARTA SUSANA FREIRE DA SILVA BECALLI

Caminho para o Florescimento: satisfação com a vida,

emoções positivas e otimismo em adultos 

Orientador: Américo Baptista

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias 

Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Lisboa

2014 

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Marta Susana Freire da Silva Becalli –  Caminho para o Florescimento: satisfação com a vida, emoções positivase otimismo em adultos

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias –  Escola de Psicologia e Ciências da Vida  2 

MARTA SUSANA FREIRE DA SILVA BECALLI

Caminho para o Florescimento: satisfação com a vida,

emoções positivas e otimismo em adultos 

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias 

Escola de Psicologia e Ciências da Vida

Lisboa

2014

Dissertação apresentada para a obtenção de grau

de Mestre em Psicologia no Curso de Mestradoem Psicologia, Aconselhamento e Psicoterapias

 pela Universidade Lusófona de Humanidades e

Tecnologias

Orientador: Professor Doutor Américo Baptista

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Epígrafe

“Como ganhar, como manter, como recuperar a felicidade, é na verdade para a

maioria dos homens, em todos os tempos, o motivo secreto de tudo o que fazem, e de tudo o

que estão dispostos a suportar” 

William James

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Aos meus pais

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Agradecimentos

Ao Professor Doutor Américo Baptista pelo apoio, disponibilidade, partilha de

conhecimento, pela motivação e sobretudo por acreditar no meu desempenho.

A todos os que participaram de forma voluntária no presente estudo, muito obrigada,

 pois sem vocês não seria possível.

Às minhas queridas amigas Vanda e Catarina pelo carinho, pelo companheirismo,

 palavras e sorrisos partilhados neste percurso, que a nossa amizade se perpetue por muitos

anos. À Vânia, Catarina F. e a todas as colegas que partilharam momentos desta caminhada.

À minha querida mãe por me ensinar a nunca desistir dos sonhos e a encarar cada

obstáculo como um desafio e como fonte de crescimento.Ao meu pai por me ensinar o gosto pelo conhecimento.

Obrigada ao dois onde quer que estejam… 

Aos meus queridos filhos e marido não há palavras que expressem a minha gratidão

 pela vossa paciência e carinho, só o amor que sinto por vocês.

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Resumo

O bem-estar pode ser estudado sob duas perspetivas, hedónica e eudaimónica.

Atualmente surge um novo conceito, o florescimento humano, que abrange estas duas

conceções de bem-estar. O presente estudo tem como objetivo estudar o florescimento

enquanto conceito abrangente de bem-estar numa amostra de 253 adultos (51% do sexo

feminino e 49% do sexo masculino), com uma média de idade de 26,45 anos ( DP = 8,80) e

uma escolaridade média de 13,69 (DP   = 2,03), através de um protocolo constituído pelas

medidas de autorrelato: Escala de Florescimento (FS; Diener, Wirtz, Tov, Kim-Prieto, Choi,

Oishi, & Biswas-Diener, 2010; versão traduzida por Baptista, 2011); Escala de Satisfação

com a Vida (SWLS; Diener, Emmons, Larsen, & Griffin, 1985; versão traduzida por Baptista,2011); Teste de Positividade (PST; Fredrickson, 2009; versão traduzida por Baptista, 2011) e

 pelo Teste de Orientação Prolongada de Vida (ELOT; Chang, Maydeu-Olivares, & D’Zurilla,

1997; versão traduzida por Baptista, 2011). Verificou-se uma associação positiva entre

florescimento, satisfação com a vida e otimismo, assim como uma associação negativa entre

florescimento, emoções negativas e pessimismo. Identificaram-se como variáveis preditoras

do florescimento, a satisfação com a vida, o otimismo, as emoções positivas e as emoções

negativas.

Palavras-chave: florescimento; satisfação com a vida; emoções; otimismo; adultos.

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Abstract

Well-being can be studied under two perspectives, hedonic and eudaimonic.

Currently there is a new concept, human flourishing, which covers these two conceptions of

well-being. The present study aims to study flourishing as a comprehensive concept of well-

 being in a sample of 253 adults (51 % female and 49 % male) with a mean age of 26.45 years

(SD = 8.80) and a mean education of 13.69 (SD = 2.03), using a protocol consisting of the

self-report measures: Flourishing Scale (FS; Diener, Wirtz, Tov, Kim-Prieto, Choi, Oishi, &

Biswas-Diener, 2010; translated by Baptista, 2011); Satisfaction with Life Scale (SWLS;

Diener, Emmons, Larsen, & Griffin, 1985, translated by Baptista, 2011); Positivity Self Test

(PST; Fredrickson, 2009; translated by Baptista, 2011) and Extended Life Orientation Test

(ELOT; Chang, Maydeu-Olivares, & D’Zurilla, 1997; versão traduzida por Baptista, 2011).There was a positive association between flourishing, life satisfaction and optimism, as well

as a negative association between flourishing, negative emotions and pessimism. Were

identified as predictors of flourishing, satisfaction with life, optimism, positive emotions and

negative emotions.

Key Words: flourishing; life satisfaction; emotions; optimism; adults.

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Lista de Abreviaturas

APA –  Associação Americana de Psicologia

ELOT - Extended Life Orientation Test

EN –  Emoções negativas

EP –  Emoções positivas

ERRES - Emoções positivas, relacionamentos, realização, envolvimento, significado

ESS - European Social Survey

FL - Florescimento

FS - Flourishing Scale

KMO - Kaiser-Meyer-OlkinOT - Otimismo

PERMA - Positive emotion, engagement, relationships, meaning, accomplishment

PS - Pessimismo

PST - Positivity Self Test

R 2 ajd - R 2 ajustado

SPSS –  Statistical Package for Social Science

SV –  Satisfação com a vidaSWLS - Satisfaction with Life Scale

t –  Teste t  de student

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Índice Geral 

Introdução ................................................................................................................................. 12

Capítulo 1 - Enquadramento Teórico ....................................................................................... 14

1.1. Psicologia Positiva ........................................................................................................ 15

1.2. Perspetivas hedónica e eudaimónica: antecedentes históricos do estudo do bem-estar 16

1.2.1. Perspetiva hedónica .......................................................................................... 18

1.2.2. Perspetiva eudaimónica .................................................................................... 19

1.3. Satisfação com a vida ................................................................................................... 20

1.4. Emoções ........................................................................................................................ 23

1.4.1. Efeitos e benefícios das emoções positivas ...................................................... 26

1.5. Otimismo e Pessimismo................................................................................................ 281.6. Florescimento ............................................................................................................... 30

1.6.1. Modelo de florescimento de Corey Keyes ....................................................... 31

1.6.2. Modelo de florescimento de Felicia Huppert e Timothy So ............................ 34

1.6.3. Outras conceções de florescimento .................................................................. 34

1.7. Caminho para o florescimento: satisfação com a vida, emoções positivas e otimismo 36

1.8. Pertinência do estudo .................................................................................................... 39

1.9. Objetivos e hipóteses de estudo .................................................................................... 39Capítulo 2 - Método .................................................................................................................. 41

2.1. Participantes .................................................................................................................. 42

2.2. Instrumentos .................................................................................................................. 43

2.3. Procedimento ................................................................................................................ 45

Capítulo 3 - Resultados ............................................................................................................ 47

3.1. Análise estrutural da Escala de Florescimento ............................................................. 48

3.2. Análise de fidelidade .................................................................................................... 49

3.3. Análise comparativa do florescimento, satisfação com a vida, emoções (positivas e

negativas), otimismo e pessimismo em função do género ................................................... 49

3.4. Correlações entre florescimento, satisfação com a vida, emoções (positivas e

negativas), otimismo e pessimismo ..................................................................................... 50

3.5. Análise preditiva do florescimento ............................................................................... 52

Capítulo 4 - Discussão .............................................................................................................. 53

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Conclusão ................................................................................................................................. 57

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 58

Anexos ......................................................................................................................................... I

Anexo I –  Protocolo de avaliação ......................................................................................... II

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Índice de Tabelas

Tabela 1 –  Caraterísticas sociodemográficas da amostra em função do género ...................... 42

Tabela 2 –  Estrutura da Escala de Florescimento ..................................................................... 48

Tabela 3 –  Fidelidade da escala ................................................................................................ 49

Tabela 4 –  Teste t  para as variáveis em estudo em função do género ...................................... 50

Tabela 5  –   Matriz de correlações entre florescimento, satisfação com a vida, emoções

 positivas, emoções negativas, otimismo e pessimismo ............................................................ 50

Tabela 6 –  Análise de regressão linear múltipla ....................................................................... 52 

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Introdução

A preocupação com o bem-estar e felicidade acompanha o ser humano desde há

séculos atrás. Duas perspetivas têm guiado a investigação do bem-estar, a hedonia e a

eudaimonia (Ryan & Deci, 2001; Deci & Ryan, 2008). Presentemente, a preocupação com o

 bem-estar ultrapassa o plano individual e estende-se às nações do mundo e aos seus

governantes que reconhecem a importância de avaliar o bem-estar subjetivo como indicador

de progresso (Huppert & So, 2013).

O estudo do bem-estar tem merecido especial atenção por parte da psicologia

 positiva que direciona os seus estudos para os processos que contribuem para o

funcionamento ótimo dos indivíduos, grupos e instituições (Gable & Haidt, 2005). É noâmbito desta corrente da psicologia que surge o conceito de florescimento que se traduz no

supracitado funcionamento ótimo e que abrange o bem-estar subjetivo, psicológico e social

dos indivíduos (Keyes, 2002, 2005, 2007). Apesar de existirem atualmente mais do que uma

abordagem do conceito de florescimento, existem pontos em comum que reúnem consenso e

fornecem um ponto de partida para o seu estudo. O florescimento de um indivíduo manifesta-

se quando este se sente bem e funciona bem (Keyes, 2002; Fredrickson & Losada, 2005;

Huppert & So, 2009; Huppert & So, 2013).A presente dissertação sustentada numa revisão da literatura pretendeu compreender,

a relação entre o conceito de florescimento, satisfação com a vida, emoções e otimismo.

Os resultados encontrados neste estudo pretendem contribuir para o conhecimento

acerca deste conceito que ainda não reúne muita investigação, permitindo o desenvolvimento

de novas intervenções no campo clínico, assim como na área da prevenção mediante o

desenvolvimento de programas que promovam o florescimento dos indivíduos, das

instituições e das populações.

Assim, o presente trabalho é composto por cinco capítulos. O capítulo 1 diz respeito

ao enquadramento teórico onde é realizada uma revisão da literatura, começando por uma

apresentação da psicologia positiva, seguida de uma breve introdução ao estudo do bem-estar

e dos seus antecedentes históricos. É também realizada uma revisão das teorias associadas ao

florescimento, uma descrição dos conceitos de satisfação com a vida, emoção e dos conceitos

de otimismo e pessimismo. São ainda apresentados estudos relativos às variáveis presentes na

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investigação onde são estudadas as relações que se estabelecem entre si. Este primeiro

capítulo compreende também a pertinência do estudo, respetivos objetivos e hipóteses

associadas. No capítulo 2 inicia-se o estudo empírico onde é apresentado o método de estudo,

com uma descrição das caraterísticas sociodemográficas da amostra, instrumentos utilizados e procedimento adotado na recolha de dados. O capítulo 3 apresenta uma descrição dos

resultados, nomeadamente a análise comparativa em função do género, as correlações entre as

variáveis em estudos e análise preditiva do florescimento. A discussão dos resultados é

desenvolvida no capítulo 4, onde também são apresentadas as limitações do presente estudo e

sugestões para estudos futuros. Por fim, é apresentada uma conclusão geral de toda a

investigação. 

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Capítulo 1

Enquadramento Teórico

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1.1. Psicologia Positiva

A psicologia procurou desde sempre compreender o funcionamento psicológico dos

indivíduos, de forma a promover o bem-estar e restaurar o equilíbrio psicológico quando este

estava perdido. Antes da II Guerra Mundial, a psicologia centrou-se em três áreas deintervenção: tratamento da doença mental; melhoramento das vidas dos indivíduos tornando-

as mais produtivas e satisfatórias e, na identificação e desenvolvimento de competências

(Seligman & Csikszentmihalyi, 2000; Seligman, 2002; Linley, Joseph, Harrington & Wood,

2006), no entanto, só a primeira foi objeto de investigação. Existiram focos de interesse em

temas como a criatividade, otimismo, sabedoria, no entanto, não foram reunidos num quadro

teórico (Boniwell, 2012). Após a II Guerra Mundial, a psicologia ocupou-se essencialmente

do tratamento da doença mental, sustentando a sua intervenção com base num modelo médico(Seligman & Csikszentmihalyi, 2000; Seligman, 2002). Devido a este incidente histórico a

 psicologia focou-se na avaliação e cura do sofrimento individual. Ao nível da investigação,

surgiram diversos trabalhos relativos às doenças mentais e aos efeitos negativos provocados

 por acontecimentos de vida stressantes (e.g., divórcio, morte de parentes), o que permitiu

compreender como as pessoas reagem e superam situações de adversidade (Seligman &

Csikszentmihalyi, 2000). Seligman e Csikszentmihalyi (2000) destacaram a importância do

modelo médico, uma vez que, permitiu encontrar tratamento para cerca de catorze

 perturbações mentais, anteriormente incuráveis (e.g., depressão, perturbações de

 personalidade), mas por outro lado, verificou-se uma associação da psicologia à patologia

(Boniwell, 2012).

Seligman (1999) quando foi eleito presidente da Associação Americana de

Psicologia (APA) inicia um novo movimento dentro da psicologia, a psicologia positiva. Este

movimento surge com objetivo de ampliar a intervenção da psicologia e operar uma mudança

de paradigma, direcionando as investigações da psicologia para os aspetos positivos e

virtuosos do ser humano (e.g., esperança, criatividade, sabedoria, espiritualidade,

 perseverança), uma vez que, até então, a psicologia centrava-se quase exclusivamente na

 patologia e “reparação do pior que acontece na vida” deixando para  segundo plano as

caraterísticas positivas do ser humano, os seus potenciais e motivações, “ produzindo pouco

conhecimento acerca do que faz a vida valer a pena ser vivida” e acerca de como as pessoas

“florescem” sob condições favoráveis (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000, p. 5).

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O campo da psicologia positiva atua a três níveis: a nível subjetivo, individual e

grupal ou comunitário. O nível subjetivo diz respeito a experiências subjetivas, como bem-

estar, alegria, satisfação, esperança, otimismo, felicidade e fluxo. A nível individual estuda

traços individuais positivos: capacidade de amar, coragem, capacidade interpessoal, perseverança, originalidade, sabedoria, espiritualidade. O nível grupal ou comunitário refere-

se às virtudes cívicas (e.g., responsabilidade, altruísmo, tolerância, ética no trabalho), às

instituições e outros fatores que contribuem para o desenvolvimento dos cidadãos e das

comunidades (Seligman & Csikszentmihalyi, 2000; Boniwell, 2012).

A psicologia positiva pode ser definida como o estudo dos processos e condições que

contribuem para o florescimento e funcionamento ótimo dos indivíduos, grupos e instituições

(Gable & Haidt, 2005). Esta abordagem abre novas perspetivas de investigação, intervenção etambém de prevenção na psicologia. Surge assim, “uma ciência da experiência subjetiva

 positiva, traços individuais positivos e instituições positivas que promete melhorar a

qualidade de vida e prevenir as patologias que surgem quando a vida é estéril e sem sentido” 

(Seligman & Csikszentmihalyi, 2000, p. 5).

1.2. Perspetivas hedónica e eudaimónica: antecedentes históricos do estudo do bem-

estar

A procura da felicidade acompanha o ser humano há vários séculos. A ideia de que,

não basta só viver, é importante que tenhamos uma “vida boa”, é provavelmente tão antiga

quanto o ser humano (Kesebir & Diener, 2008, p. 117).

 Na literatura existente, maioritariamente baseada na filosofia e ciências sociais é

 possível identificar o conceito de felicidade como sinónimo de bem-estar, florescimento,

qualidade de vida ou associada a momentos agradáveis em oposição à tristeza ou sofrimento

(Grinde, 2012). O termo felicidade originou vários debates na comunidade científica, o que,

segundo Veenhoven (1991), deveu-se em parte à multiplicidade de significados que lhe foram

atribuídos na linguagem comum. Este debate teve a sua origem na filosofia e estendeu-se à

 psicologia.

O conceito de bem-estar enquadra-se no constructo de saúde mental, sendo uma

condição essencial para a mesma (Galinha, 2008). Deci e Ryan (2008) definem bem-estar

como funcionamento psicológico ótimo. Este conceito tem sido estudado essencialmente sob

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duas perspetivas teóricas, o bem-estar subjetivo e o bem-estar psicológico (Ryan & Deci,

2001). O bem-estar subjetivo proposto por Diener (1984) e o bem-estar psicológico definido

 por Ryff (1989) derivam de duas perspetivas filosóficas acerca da natureza humana, hedonia e

eudaimonia (Deci & Ryan, 2008).O estudo da felicidade inicia-se na Grécia antiga e, desde essa altura, era considerado

um dos maiores objetivos na vida do ser humano. Ao longo da história alguns filósofos

descreviam a felicidade como o maior bem que motivava a ação humana (Diener, 1984). Para

Aristóteles (384-322 a.C.) a felicidade era um bem supremo e o objetivo final na vida de todo

o homem, e uma vez alcançada, não desejaria mais nada. No entanto, a “verdadeira

felicidade” só seria conseguida através da virtude. Por outro lado, Aristippus (435-356 a.C.)

considerava que o objetivo da vida humana era a procura de prazer, e a felicidade eraalcançada através da acumulação de momentos de prazer (Diener, 1994; Ryan & Deci, 2001).

Durante a idade média, os filósofos cristãos também consideravam que, uma vida de

virtude era indispensável para ter uma “vida boa”, no entanto, não era suficiente para atingir a

felicidade. A felicidade era vista como etérea, e a felicidade terrena ainda que possível, era

considerada falível só atingida plenamente pela fé (Tatarkiewicz, 1976 citado por  Kesebir &

Diener, 2008).

 Na época do Iluminismo, a ideia de felicidade transcendental deu lugar à visão

utilitarista de felicidade. A filosofia utilitarista via a felicidade como uma utilidade, que

derivava da obtenção do máximo de prazer. O filósofo Jeremy Bentham (1748-1832)

afirmava que a obtenção do máximo prazer era o principal objetivo da ação humana e a

felicidade humana deveria ser a base da moral e da legislação. Começou a ser dada ênfase às

culturas ocidentais que consideravam o prazer como um caminho, e até mesmo como

sinónimo de felicidade, deixando um pouco de lado a virtude e perfeição, afirmando-se a ideia

de que o ser humano tem o direito a procurar e alcançar a felicidade (Kesebir & Diener,

2008).

Estas concepções acerca da felicidade, por um lado a procura de prazer e evitamento

da dor/sofrimento, por outro a procura de virtude e desenvolvimento do potencial humano,

resumem as duas perspetivas filosóficas supracitadas, importadas pela psicologia, que

 permitiram orientar os estudos acerca da felicidade e do bem-estar: a perspetiva hedónica e a

 perspetiva eudaimónica.

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1.2.1. Perspetiva hedónica

A visão hedónica de bem-estar, inaugurada por Aristippus (435-356 a.C.) e que

comparava o bem-estar aos momentos de prazer, refere que o objetivo da vida humana era

experienciar o máximo de prazer (Ryan & Deci, 2001; Grinde, 2012) e que a felicidade é oacumular de todos os momentos hedónicos (Ryan & Deci, 2001). Outros filósofos e

 pensadores, como Hobbes (1588-1679) e DeSade (1740-1814) divulgaram esta visão

hedonista de felicidade. O hedonismo, como abordagem do bem-estar, foi expresso de muitas

formas, desde um foco específico em prazeres físicos a uma abordagem mais ampla dos

desejos e interesses próprios (Ryan & Deci, 2001). No entanto, a perspetiva hedónica

 predominante entre os psicólogos, aborda o bem-estar como felicidade subjetiva, no que diz

respeito à “experiência de prazer versus desprazer”, incluindo a avaliação dos acontecimentos“bons e maus” da vida (Ryan & Deci, 2001, p. 144).

É indiscutível a importância da filosofia na compreensão dos conceitos de bem-estar

e felicidade, contudo, na ciência é indispensável definir e operacionalizar conceitos, e a

 psicologia, como pioneira no estudo científico destes conceitos, propôs o conceito de bem-

estar subjetivo (Diener, 1984). Nesta concepção o bem-estar é considerado subjetivo, pois

refere-se à avaliação que os indivíduos fazem das suas vidas (Deci & Ryan, 2008). Esta

avaliação tem uma componente cognitiva, que diz respeito ao grau de satisfação com a vida

(em termos globais ou específicos) e por outro, uma componente afetiva, emocional (positiva

e negativa) (Galinha, 2008). Ou seja, o bem-estar subjetivo é compreendido como a

experiência de níveis elevados de afeto positivo, baixo afeto negativo e elevada satisfação

com a vida (Deci & Ryan, 2008). O extenso trabalho empírico desenvolvido por Diener

(1984) não só permitiu uma visão global do constructo como veio a torna-se a pedra angular

da pesquisa deste conceito, não só pelo grupo de colaboradores de Diener como de outros

investigadores (Larsen & Eid, 2008).

É possível identificar estes componentes do bem-estar subjetivo no discurso da

filosofia hedonista acerca da felicidade. A frequência de afeto positivo e o raro afeto negativo,

são referidos por esta corrente como favoráveis ao alcance da felicidade (Kesebir & Diener,

2008).

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1.2.2. Perspetiva eudaimónica

Muitos filósofos criticaram a felicidade  per se, como principal indicador de bem-

estar. Aristóteles (384-322 a.C.) considerava que a felicidade hedónica tornava o ser humano

“escravo seguidor dos desejos e prazeres” (Ryan & Deci, 2001, p. 145; Waterman, 1993), eafirmava que, a verdadeira felicidade era alcançada pela virtude, introduzindo o termo

eudaimonia para definir felicidade. Esta conceção incluía virtudes morais como justiça,

coragem, benevolência e honestidade, e estaria presente em qualquer atividade do ser

humano. A perspetiva eudaimónica visa estudar o bem-estar para além da felicidade e, diz

respeito à atualização e desenvolvimento do potencial humano, sustentando que o bem-estar

não é tanto um resultado ou estado final, mas um processo de cumprimento ou realização do

 próprio daimon  ou «verdadeiro eu» (Deci & Ryan, 2008). O daimon refere-se às potencialidades comuns a todo o ser humano e às potencialidades únicas que distinguem cada

indivíduo dos outros (Waterman, 1993).

A eudaimonia é um conceito multifacetado e vários autores focaram-se nas suas

diferentes facetas para desenvolver as suas teorias acerca do bem-estar (Huta, 2013). Alan

Waterman (1990) com base no conceito de eudaimonia desenvolveu o conceito de

expressividade pessoal. A expressividade pessoal manifesta-se quando há um envolvimento

intenso (pouco habitual) numa determinada atividade, presença de um forte sentimento de

«estar vivo», um sentimento de envolvimento completo e a sensação de que através dessa

atividade expressamos o nosso «verdadeiro eu». As atividades que originam sentimentos de

expressividade pessoal serão aquelas quer permitem experiências de autorrealização através

do desenvolvimento das aptidões pessoais e/ou progresso nos objetivos de vida do indivíduo

(Waterman, 1990, 1993).

A teoria de autodeterminação está relacionada com a eudaimonia através do conceito

de autonomia como causa central do bem-estar (Huta, 2013). Desenvolvida por Ryan e Deci

(2000), explica que, uma vivência eudaimónica pode ser caracterizada através de quatro

conceitos motivacionais: procura de objetivos e valores intrínsecos (e.g., crescimento pessoal,

relações, saúde) em vez de, objetivos e valores extrínsecos (e.g., prosperidade/riqueza, fama,

imagem, poder); ter um comportamento autónomo e volitivo; estar atento e agir com

consciência; e comportar-se de forma a satisfazer as necessidades psicológicas básicas de

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competência, relação com os outros e autonomia (Deci & Ryan, 2000; Ryan, Huta, & Deci,

2008).

Carol Ryff (1989) introduziu a sua conceção de eudaimonia, propondo o conceito de

 bem-estar psicológico, em oposição à visão hedonista de bem-estar que prevalecia na altura(Deci & Ryan, 2008). Ryff (1989) desenvolveu a sua teoria tendo por base as perspetivas

teóricas do desenvolvimento humano e alguns conceitos da psicologia humanista, tais como, a

conceção de funcionamento pleno, a teoria de auto atualização, o conceito de individuação e a

conceção de maturidade, definindo seis caraterísticas que determinam o bem-estar

 psicológico: (1) autoaceitação, (2) relações positivas com os outros, (3) autonomia, (4)

 propósito na vida, (5) maestria ambiental e (6) crescimento pessoal. A autoaceitação é um

critério de bem-estar bastante presente nas teorias anteriores, e pressupõe uma atitude positivarelativamente a si próprio e ao seu passado. É importante que a pessoa se sinta bem consigo

 própria, sendo esta uma caraterística central do funcionamento psicológico positivo. Relações

 positivas com os outros refere-se a relações interpessoais calorosas e de confiança. A

capacidade de manter este tipo de relação de proximidade pressupõe maturidade e a

capacidade de amar é considerada uma componente central da saúde mental. A autonomia

envolve autodeterminação, independência e autorregulação do comportamento. O propósito

na vida associa-se à definição de objetivos de vida que permitem direcionar o comportamento

e atribuir sentido à vida. A maestria ambiental pressupõe capacidade para gerir e adaptar-se às

imposições do ambiente à sua volta. Além das anteriores caraterísticas, para se atingir um

funcionamento psicológico ótimo, é necessário continuar a desenvolver o próprio potencial e

a abertura à experiência permite este desenvolvimento e crescimento enquanto pessoa (Ryff &

Singer, 1996; Ryff, 1989).

1.3. Satisfação com a vida

Inicialmente o bem-estar era avaliado através do bem-estar material das populações.

Os sujeitos avaliavam o seu bem-estar de acordo com o seu rendimento, e os bens e serviços

que podiam alcançar através do mesmo (Galinha & Ribeiro, 2005; Galinha, 2008). Nos anos

60, verificou-se uma mudança no domínio de estudo do bem-estar, passando a valorizar-se

outras dimensões da vida dos indivíduos para além do bem-estar económico (Novo, 2003).

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O estudo do bem-estar subjetivo como o conhecemos atualmente foi iniciado por

Wilson (1967), com uma revisão deste conceito. Nesta revisão, o bem-estar foi estudado

através dos conceitos de felicidade e satisfação. Numa perspetiva base-topo, pretendia

conhecer quais necessidades devem ser atendidas para assegurar a felicidade (a satisfaçãoimediata de necessidades produz felicidade, enquanto a persistência de necessidades

insatisfeitas origina infelicidade), e numa perspetiva topo-base em que pretendia estudar os

fatores intra-individuais, que podem influenciar o bem-estar, uma vez que, o grau de

satisfação fundamental depende da adaptação ou do nível de aspiração, que é influenciado

 pelas experiências do passado, comparações com os outros, valores pessoais, entre outros

(Diener, Suh, Lucas, & Smith, 1999; Galinha, 2008). A satisfação com a vida é definida como

a componente cognitiva do bem-estar subjetivo, enquanto a felicidade é considerada acomponente afetiva (Galinha, 2008

Andrews e Withey (1976) identificaram três componentes do bem-estar subjetivo:

satisfação com a vida, afeto positivo e afeto negativo. Após décadas de investigação e alguma

controvérsia, atualmente, existe consenso no que diz respeito ao conceito de bem-estar

subjetivo ser composto por uma dimensão cognitiva definida através de um juízo avaliativo da

satisfação com a vida e por uma dimensão afetiva definida pelo afeto positivo e negativo

(Lucas, Diener, & Suh, 1996; Galinha & Ribeiro, 2005; Galinha, 2008).

A satisfação com a vida envolve um processo de julgamento através do qual os

indivíduos avaliam globalmente as suas vidas com base em critérios próprios e não de acordo

com critérios externos impostos pelo investigador (Diener, Emmons, Larsen, & Griffin, 1985;

Diener & Suh, 1997; Veehoven, 1996). Assim, de acordo com Galinha (2008) a satisfação

com a vida faz parte de um amplo conceito que é a qualidade de vida e refere- se à “dimensão

 psicológica subjetiva” da qualidade de vida que inclui outras dimensões objetivas, como as

condições de vida e as circunstâncias sociais (Galinha, 2008, p. 35). Veenhoven (1996)

descreve a satisfação com a vida, também como um indicador de qualidade de vida e,

 juntamente com indicadores de saúde física e mental permitem saber em que medida a pessoa

está a prosperar. 

A satisfação com a vida inclui julgamentos globais acerca da vida mas também

satisfação em diferentes domínios de vida específicos (e.g., saúde, profissional, conjugal).

Cada um destes domínios detém um nível de importância na avaliação que cada indivíduo faz

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da satisfação com a vida, ou seja, o conceito de sucesso em cada uma destas áreas é baseado

nos padrões que cada sujeito possui e que considera adequado para ter uma «boa vida»

(Diener, 1984; Diener et  al., 1985; Galinha, 2008; Pavot & Diener, 1993). Quanto menor for a

discrepância entre as realizações na vida do indivíduo e o seu padrão de referência maior asatisfação com a vida. De acordo com a teoria da múltipla discrepância os indivíduos tendem

a comparar-se com um conjunto de parâmetros ou referências múltiplas, com outras pessoas,

com as suas condições passadas, aspirações pessoais, necessidades ou objetivos de vida. Os

 julgamentos de satisfação resultam assim, da discrepância entre as condições atuais do

indivíduo e esses parâmetros. A discrepância que envolve uma comparação com parâmetros

superiores origina um decréscimo na satisfação, enquanto a comparação com parâmetros

inferiores resulta num aumento da satisfação (Michalos, 1985; Galinha, 2008). As teorias dacomparação social defendem que um indivíduo será feliz se considerar que está numa situação

melhor do que os indivíduos que estão à sua volta e será menos feliz se o grupo a que se

compara estiver em condições melhores que a sua (Diener & Biswas-Diener, 2000). Na

 perspetiva de Diener e Fujita (1997) estabelecer comparações com parâmetros inferiores pode

não ser uma causa mas um resultado do bem-estar subjetivo. A perceção de diferenças quando

um indivíduo faz uma comparação é influenciada pela satisfação com a vida, sugerindo a

existência de um processo topo-base. O que significa que, o mesmo tipo de comparação pode

originar reações diferentes dependendo do indivíduo. Por exemplo, confrontar-se com alguém

com o mesmo problema de saúde mas com um nível de severidade superior pode elevar o

 bem-estar subjetivo, porque o indivíduo vê-se numa situação mais favorável. Por outro lado,

 pode gerar mal-estar se o indivíduo pensar que a sua doença pode evoluir para um nível de

gravidade idêntico (Diener et al., 1999).

Diener et  al. (1985) consideram importante perguntar acerca da avaliação global que

cada sujeito faz da sua vida, em vez de, apenas questionar a satisfação em domínios

específicos. Para isso, desenvolveram uma medida de Satisfação com a Vida que permite esta

avaliação de acordo com uma comparação das circunstâncias do próprio com o padrão que

 julga adequado (Diener  et  al., 1985; Pavot & Diener, 1993). Há que salientar, que em alguns

indivíduos os domínios onde têm mais problemas têm maior peso no juízo que fazem acerca

das suas vidas, enquanto outros atribuem maior peso aos domínios onde estão mais satisfeitos,

o que se refletirá nas respostas (Diener, Lucas, Oishi, & Suh, 2002). Emmons e Diener (1985)

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verificaram que a comparação social e o afeto positivo eram fortes preditores da satisfação em

vários domínios (e.g., família, relacionamentos, padrão de vida) num estudo realizado com

estudantes universitários, em que foram avaliados o afeto positivo e negativo, assim como a

comparação social e as aspirações destes estudantes.

1.4. Emoções

As emoções começaram a ser categorizadas pelos filósofos hindus, e posteriormente

René Déscartes (1596-1650) designou as emoções de paixões e identificou o amor, o ódio, a

alegria, a tristeza e a admiração, enquanto Baruch Spinoza (1632-1677) identificou apenas a

alegria, a pena e o desejo. Atualmente, no estudo das emoções a taxonomia de Ekman (1984)

é das mais utilizadas e inclui: o medo, a cólera, o nojo, o desprezo, a surpresa, a tristeza e aalegria (Baptista, 2009).

Em 1884, William James apresentou a sua definição de emoção através do artigo «O

que é uma emoção?», afirmando que, a perceção de estímulos produz mudanças corporais e a 

sensação causada por essas mudanças constitui a emoção (James, 2007). Esta definição foi

importante pois conseguiu “captar o mecanismo essencial para a compreensão das emoções e

dos sentimentos”, no entanto, desvalorizou a avaliação cognitiva da situação que provoca a

emoção (Damásio, 1994, p. 144). A emoção segundo Damásio (1994) é “a combinação de um

 processo avaliatório, simples ou complexo, com respostas disposicionais a esse processo, na

sua maioria dirigidas ao corpo propriamente dito, resultando num estado emocional do corpo,

mas também dirigidas ao próprio cérebro, resultando em alterações mentais adicionais”

(Damásio, 1994, p. 153). Damásio (1994) refere ainda que as emoções podem ser primárias

(inatas) e secundárias, adquiridas pela experiência ao longo da vida.

De acordo com Clore e Ortony (2000) as emoções caracterizam-se normalmente por

quatro componentes: cognitiva (representação da situação), motivacional-comportamento

(comportamento face à situação), fisiológica (manifestações corporais face à situação) e uma

componente de experiência subjetiva (o que o indivíduo sente, estado afetivo). É possível

ainda falar de intensidade e duração da emoção e da interação existente entre estas

componentes.

As emoções também podem ser conceptualizadas como dimensões do afeto (positivo

e negativo), sendo que, a divisão entre emoções positivas e negativas tem sido aceite de uma

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maneira geral. São consideradas emoções negativas, a tristeza, o desprezo, o medo, a ira e o

nojo, enquanto a felicidade é considerada uma emoção positiva, a surpresa pode ser incluída

em ambas as categorias (Baptista, 2009). O humor e emoção definem o afeto, que está

 presente nas avaliações que as pessoas fazem dos acontecimentos de vida (Diener et   al.,1999). Bradburn (1969) concluiu que o afeto positivo e o afeto negativo são independentes e

afirmou que a ausência de afeto negativo não significa a presença de afeto positivo. Diener e

Emmons (1984) apresentam evidências desta independência, afirmando que o afeto positivo e

negativo correlacionam-se inversamente em determinados momentos, mas a correlação

diminui à medida que o intervalo de tempo aumenta. Demonstraram que, quando

consideramos um período de semanas ou superior, os níveis de afeto positivo e negativo

experienciados pela pessoa são independentes. Diener, Larsen, Levine e Emmons (1985)estudaram a influência da intensidade e frequência da afetividade no bem-estar subjetivo e

concluíram com o seu estudo, que a frequência e a intensidade representam processos

separados que contribuem independentemente para a experiência afetiva. É importante medir

a frequência e intensidade afetiva, no entanto, vai depender do propósito do investigador

utilizar uma medida que avalie frequência ou intensidade dos afetos.

Uma revisão da literatura relativa às emoções permite constatar que, durante bastante

tempo as emoções negativas foram maior foco de atenção por parte dos investigadores. Uma

das razões apontadas por Fredrickson (2003) foi a tendência habitual para estudar o que altera

o bem-estar da humanidade e também o facto de que, as emoções positivas são mais difíceis

de estudar, pois existem em menor número e são menos indiferenciadas comparativamente

com as emoções negativas. As emoções negativas têm expressões faciais específicas que

 podem ser reconhecidas universalmente, enquanto as emoções positivas partilham o sorriso de

Duchenne, que se caracteriza pela contração dos músculos dos olhos e pela elevação dos

cantos dos lábios. Fredrickson (2003) salienta ainda o facto de os estudos científicos relativos

à taxonomia das emoções básicas (e.g., Ekman, 1992) identificarem uma emoção positiva por

cada três ou quatro negativas.

Surgiram diversos modelos teóricos acerca das emoções com um princípio comum, a

associação das emoções a uma tendência de ação específica, o medo conduz à fuga, a cólera é

associada ao ataque (Fredrickson, 1998, 2000, 2003). As emoções negativas (e.g., medo, nojo,

cólera) favoreceram a sobrevivência dos nossos ancestrais perante as ameaças enfrentadas,

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desempenhando assim uma função adaptativa. Por outro lado, as mudanças corporais, a

tendência para agir e as expressões faciais produzidas pelas emoções positivas não são vistas

como relevantes para a sobrevivência como nas emoções negativas (Fredrickson, 2003).

Contudo, Fredrickson (1998, 2003) argumentou que muitas emoções positivas não seenquadram nesses modelos, primeiro porque as emoções positivas não costumam surgir em

circunstâncias de vida ameaçadoras e consequentemente, parece que não originam impulsos

 bem definidos para uma ação específica. Em 1998, Barbara Fredrickson apresenta um novo

modelo que pretende explicar a função de um subconjunto de emoções positivas (alegria,

interesse, amor e contentamento) e propõe substituir a expressão “tendência à ação” por

“tendência de pensamento-ação” (Fredrickson, 1998, p. 303), modelo este designado de teoria

da ampliação-construção das emoções positivas. Enquanto as emoções negativas (e.g., medo,tristeza, cólera) estreitam o reportório de pensamento-ação dos indivíduos para ações

específicas permitindo agir de forma imediata perante ameaça. Por outro lado, a teoria ampliar

e construir postula que o papel das emoções positivas (e.g., alegria, interesse, contentamento)

não se prende com a resolução imediata de problemas de sobrevivência, mas sim com a

expansão do reportório momentâneo de pensamento-ação, ampliando o leque de pensamentos

e ações e, permitindo construir recursos pessoais duradouros (físicos, intelectuais, sociais e

 psicológicos) (Fredrickson, 2000, 2004).

Fredrickson (1998, 2004) destaca as seguintes emoções positivas no seu modelo:

alegria, interesse, contentamento e amor. A alegria estimula o divertimento, apela à

criatividade fomenta não só o desenvolvimento social e físico como também o intelectual e

artístico. O interesse, por vezes visto como sinónimo de curiosidade, promove o desejo de

explorar, adquirir novas informações e experiências. O contentamento cria o desejo de

disfrutar das circunstâncias de vida atual e integrar estas circunstâncias em novas conceções

de si e do mundo. O amor é visto como uma mistura de emoções positivas distintas (e.g.,

alegria, interesse e contentamento) experienciado em contextos seguros e de relações

 próximas promove ciclos recorrentes de impulsos para brincar, explorar e disfrutar dos nossos

entes queridos. Estas tendências de pensamento-ação (e.g., explorar, brincar, disfrutar)

refletem diferentes formas das emoções positivas ampliarem o modo habitual de agir e pensar.

Os recursos pessoais adquiridos através da experiência das emoções positivas são

duradouros, permanecendo após os estados emocionais transitórios que conduziram à sua

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aquisição e a frequente experiência de emoções positivas conduz a um aumento desses

recursos que podem ser utilizados em momentos posteriores. As experiências emocionais

 positivas permitem que os indivíduos se tornem mais criativos, informados, socialmente

integrados, resilientes e até saudáveis (Fredrickson, 1998, 2004). A teoria ampliar e construirfornece uma nova perspetiva sobre o significado adaptativo de emoções positivas. Os nossos

antepassados acumularam mais recursos pessoais mediante a experiência destas emoções

 positivas (que forneceram novas formas de pensamento e ação) permitindo que, quando estes

antepassados se depararam com ameaças à vida os seus recursos pessoais melhorados

traduziram-se numa maior oportunidade de sobrevivência, e por sua vez, maior probabilidade

de viver mais tempo e para se reproduzirem (Fredrickson, 1998, 2004).

1.4.1. Efeitos e benefícios das emoções positivas

Fredrickson (2001, 2004) sustentou a proposição de que as emoções positivas

 possibilitam a ampliação do reportório momentâneo pensamento-ação partindo dos estudos

efetuados por Alice Isen e colaboradores (1984, 1987). Em duas décadas de investigação

encontraram evidências de que as pessoas que experienciam emoções positivas apresentam

um padrão de pensamento flexível (Isen & Daubman, 1984), criativo, (Isen, Daubman, &

 Nowicki, 1987); eficiente (Isen, Rosenzweig, & Young, 1991) e mais recetivo a novas

informações (Estrada, Isen, & Young, 1997). Apesar dos estudos de Isen não citarem emoções

 positivas específicas ou tendências de pensamento-ação, apresentaram evidências de que o

afeto positivo amplia a cognição. Estes estudos forneceram o fundamento empírico de partida

 para a hipótese elaborada de que, distintos tipos de emoções positivas têm a capacidade de

ampliar o reportório momentâneo pensamento-ação, enquanto as emoções negativas limitam

esse mesmo reportório (Fredrickson, 2001, 2004).

Isen et al. (1991) desenvolveram uma investigação com estudantes de medicina com

o objetivo de verificar a influência do afeto positivo nas tomadas de decisão relativamente a

diagnósticos. O grupo de estudantes sujeito a indução de afeto positivo mediante o relato de

sucesso numa tarefa e o grupo de controlo não diferiram no que diz respeito à tendência na

escolha correta de diagnóstico. No entanto, o grupo de estudantes sujeito à indução de afeto

 positivo chegou mais rapidamente ao diagnóstico e de forma mais aprofundada, com menor

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evidência de desorganização no protocolo demonstrando maior flexibilidade e eficiência na

tomada de decisão e resolução de problemas.

Fredrickson e Branigan (2005) desenvolveram uma investigação cujo objetivo era

verificar se as emoções positivas ampliavam a cognição, capacidade de atenção aumentando oleque de pensamentos e ações, mediante a indução de emoções positivas e negativas através

do visionamento de pequenos filmes. O grupo de controlo também assistiu a um filme cujo

conteúdo não suscitava nenhum tipo de emoção, ou seja, o objetivo era manter um estado de

neutralidade. Foram solicitadas duas tarefas de forma a avaliar a amplitude do reportório

 pensamento-ação. A primeira pedia que se descentrassem do conteúdo dos filmes, mas que se

imaginassem numa situação que suscitasse sentimentos semelhantes e que descrevessem o

que fariam de acordo com o que estavam a sentir. O grupo de sujeitos num estado emocional positivo apresentou maior número de respostas do que os sujeitos num estado emocional

negativo e do que os que se encontravam num estado de neutralidade.

As emoções positivas também podem servir de “antídotos” contra os efeitos das

emoções negativas (Fredrickson, 2004, p. 1371). Ou seja, as emoções positivas podem

corrigir anular o efeito das emoções negativas, o que foi designado de hipótese anulatória.

Fredrickson e colaboradores (2000) testaram esta hipótese através da indução de emoções

negativas mediante a solicitação da tarefa de preparação de um discurso. O objetivo era

 provocar ansiedade, aumentar o ritmo cardíaco, pressão sanguínea e vasoconstrição periférica.

Após saberem que não tinham que entregar os seus discursos foi mostrado a cada grupo de

 participantes, um de quatro filmes, que evocavam os seguintes estado emocionais:

divertimento, contentamento, tristeza ou nenhuma emoção. Após a avaliação do ritmo

cardíaco, a pressão arterial e vasoconstrição periférica dos participantes constatou-se que os

sujeitos que experienciaram emoções positivas tiveram uma recuperação mais rápida da

atividade cardíaca inicial, antes de serem colocados na situação geradora de ansiedade, do que

o que assistiram ao filme de conteúdo neutro. Os indivíduos que assistiram ao que gerava

tristeza tiveram a recuperação mais lenta. As emoções positivas ajudam a regular a

reatividade cardiovascular potencialmente prejudicial à saúde que se verificou perante a

frequente exposição a emoções negativas (Fredrickson & Levenson, 1998; Fredrickson,

Mancuso, Branigan, & Tugade, 2000).

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O efeito anulatório das emoções positivas sugere que as pessoas podem melhorar o

seu bem-estar e a sua saúde, através da experiência frequente de emoções positivas em

determinados momentos de forma a conseguir lidar com as emoções negativas (Fredrickson,

2000). Folkman e Moskowitz (2000) chegaram a conclusões semelhantes afirmando que,experienciar emoções positivas durante situações de elevado stresse auxilia os indivíduos a

lidarem de forma mais eficaz com estas situações. Verifica-se que alguns indivíduos

compreendem e utilizam os benefícios das emoções positivas, mais do que outros. Uma

caraterística determinante desta diferença é a resiliência psicológica. Os indivíduos mais

resilientes recuperam mais rapidamente e de forma mais eficaz (Fredrickson, 2004). A

associação entre resiliência e emoções positivas têm sido suportada através de diversos

estudos longitudinais. Os estudos sugerem que os indivíduos resilientes apresentam umaabordagem mais otimista, enérgica e entusiasta da vida, demonstrando maior abertura à

experiência (Block & Kremen, 1996). Tugade e Fredrickson (2004) pretenderam verificar se

as pessoas resilientes utilizavam as emoções positivas como forma de recuperação de eventos

stressantes e procuravam significado positivo nestes acontecimentos. Concluíram que

experienciar emoções positivas durante momentos stressantes mobiliza os indivíduos a

 procurar novas formas de agir e pensar. Mediante a exploração e experiência, encontrarão

estratégias de coping   efetivas que funcionem como proteção física e psicológica contra a

afetividade negativa que as experiências de vida adversas desencadeiam. As emoções

 positivas ajudam a construir recursos para viver com sucesso, a ter vidas mais satisfatórias e

com maior realização (Fredrickson, Cohn, Coffey, Pek, & Finkel, 2008).

1.5. Otimismo e Pessimismo

O otimismo é uma das virtudes ou aspeto positivo do ser humano estudado pela

 psicologia positiva, funcionando como um protetor contra a doença mental (Seligman, 2002).

Conceptualizado e avaliado de diferentes formas, o otimismo  tem sido associado ao humor

 positivo, à moral, perseverança, resolução eficaz de problemas, à realização de determinados

objetivos, a uma vida mais saudável e livre de traumas (Peterson & Steen, 2003). O otimismo

é também associado ao florescimento por Huppert e So (2009, 2013) ou Keyes (2007), assim

como ao bem-estar subjetivo (Carver, Scheier, Segerstrom, 2010).

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Scheier e Carver (1985, 1992) descrevem o otimismo como uma expectativa geral de

resultados positivos, enquanto o pessimismo pode ser definido como uma expectativa

negativa de resultados negativos. Ou seja, os indivíduos otimistas quando confrontados com

adversidades têm a expectativa de ultrapassá-las e alcançar resultados positivos, ao contráriodos pessimistas que perante a adversidade esperam resultados negativos. Ambas são

caraterísticas estáveis, disposições da personalidade, Scheier e Carver (1992) desenvolveram

assim a conceção de otimismo disposicional. As ações das pessoas são influenciadas pelas

expectativas e consequências das suas ações, Scheier e Carver (1992) referem que a vida dos

indivíduos se organiza em torno de objetivos e, da regulação das ações que conduzem a esses

objetivos, considerando por isso a sua abordagem, um modelo de autorregulação (Carver &

Scheier, 1981). O otimismo e o pessimismo envolvem confiança e dúvida não só em contextoespecífico, mas relativamente à vida de uma maneira geral. Enquanto os otimistas são

confiantes e persistentes esforçando-se por alcançar os seus objetivos apesar dos

impedimentos que possam surgir, os pessimistas face às dificuldades podem ser passivos,

hesitantes ou mesmo desistirem (Peterson & Chang, 2003; Carver, Scheier, & Segerstrom,

2010). Perante as adversidades, os indivíduos experienciam diferentes emoções e sentimentos

(e.g., entusiasmo, cólera), o equilíbrio entre eles poderá depender de diferenças no otimismo

entre os indivíduos (Carver, Scheier, & Segerstrom, 2010). Chang (1996) pesquisou possíveis

diferenças culturais entre otimismo e pessimismo entre asiáticos-americanos e caucasianos-

americanos, apurando que, os asiáticos-americanos eram significativamente mais pessimistas

e menos otimista que os caucasianos. 

O otimismo e o pessimismo relacionam-se com a afetividade positiva e negativa,

quando as pessoas acreditam que os seus objetivos são atingíveis, experienciam afeto

 positivo, por isso, os otimistas relatam níveis mais elevados de afetividade positiva. Os

estudos revelam que o otimismo apresenta efeitos positivos no bem-estar físico e psicológico,

associando-se positivamente à afetividade positiva, por outro lado, o pessimismo apresenta

uma associação direta à afetividade negativa (Scheier & Carver, 1992; Chang, Maydeu-

Olivares, & D’Zurilla, 1997).  Estas diferenças na forma como as pessoas enfrentam a

adversidade têm implicações na forma como lidam com o stresse, Chang et al. (1997)

verificaram que o pessimismo correlaciona-se com sintomas depressivos, mesmo quando

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controlado o efeito do otimismo, afetividade positiva e negativa, o pessimismo permanece um

 preditor significante de sintomas depressivos.

Outra abordagem do otimismo é através do estilo explicativo caraterístico de cada

 pessoa relativamente à explicação que encontram para as causas dos eventos que acontecemnas suas vidas (Peterson & Steen, 2002). O conceito de estilo explicativo deriva da

reformulação do modelo de desamparo aprendido, que propõe que as pessoas questionam-se

 perante os eventos que não controlam principalmente os desagradáveis (Abramson, Seligman,

& Teasdale, 1978). Esta causa pode ser estável ou instável, global ou específica e, interna ou

externa. Os indivíduos otimista encontram explicações internas para os acontecimentos

agradáveis e explicações externas, transitórias e específicas para os acontecimentos

desagradáveis. Porém, os pessimistas vêm os acontecimentos desagradáveis comoduradouros, gerais e internos (culpabilização), enquanto, os acontecimentos bons são vistos

como temporários e externos (Peterson, Buchanan, & Seligman, 1995; Peterson & Chang,

2003). A teoria refere que estas explicações (otimistas ou pessimistas) influenciam as

expetativas relativamente ao futuro. O estilo explicativo pessimista espera acontecimentos

desagradáveis incontroláveis e correlaciona-se com uma má adaptação em vários domínios de

vida, enquanto o estilo explicativo otimista considera que esses acontecimentos são devidos a

causas específicas e por isso espera maior controlo, e por isso os indivíduos que adotam este

estilo explicativo são mais resilientes (Abramson, Seligman, & Teasdale, 1978; Peterson &

Chang, 2003). De Neve e Cooper (1998) verificaram também, que o facto de atribuir a fatores

externos o controle das circunstâncias de vida diminui os níveis de bem-estar subjetivo e que,

a tendência para fazer atribuições positivas e negativas das emoções, dos eventos de vida e até

mesmo de comportamento influencia o bem-estar subjetivo.

1.6. Florescimento

O florescimento é uma das formas de conceptualizar o bem-estar (Huppert & So,

2009) e apesar de existirem atualmente mais do que uma abordagem deste conceito, existem

 pontos em comum que reúnem consenso e fornecem um ponto de partida para o seu estudo. O

florescimento de um indivíduo manifesta-se quando este se sente bem e funciona bem,

definindo-se como um estado ótimo de funcionamento positivo (Keyes, 2002; Fredrickson &

Losada, 2005; Huppert & So, 2009; Huppert & So, 2013).

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1.6.1. Modelo de florescimento de Corey Keyes

A conceção de florescimento de Corey Keyes (2002, 2007) associa-se ao conceito de

saúde mental. Keyes (2002) refere que a saúde mental pode ser operacionalizada como um

conjunto de sintomas de bem-estar subjetivo, tendo sido estudada através deste ao longo dedécadas. O bem-estar subjetivo reflete perceções e avaliações das próprias vidas relativamente

aos seus estados afetivos e ao seu funcionamento psicológico e social. Quarenta anos de

 pesquisa sobre bem-estar subjetivo permitiram definir uma taxonomia de sintomas de saúde

mental, que consistem em bem-estar emocional e bem-estar funcional (Keyes, Shmotkin, &

Ryff, 2002; Keyes & Waterman, 2003). O bem-estar emocional é definido por Keyes (2002)

como um conjunto de sintomas que manifesta a presença ou ausência de sentimentos

 positivos em relação à vida, no entanto, a saúde mental pressupõe também um funcionamento positivo operacionalizado através das seis dimensões do modelo de bem-estar psicológico de

Ryff (1989). Porém, Keyes (2002) considera que para haver um funcionamento positivo é

essencial a presença de outros critérios de bem-estar, mais concretamente, seis aspetos

definidos por Keyes (1998) como dimensões de bem-estar social (coerência social,

atualização social, integração social, aceitação social e contribuição social). Ou seja, de

acordo com Keyes (2002, 2005, 2007), a saúde mental não se caracteriza simplesmente pela

ausência de doença, nem simplesmente pela presença de bem-estar subjetivo e vai além do

 bem-estar psicológico.

Keyes (2002, 2005) introduziu assim, uma analogia entre os conceitos de saúde

mental completa e florescimento, afirmando que os indivíduos que apresentam uma saúde

mental completa estão a florescer, estabelecendo critérios que permitem determinar se o

indivíduo está em florescimento. O primeiro critério é a hedonia definida por dois

indicadores: (1) afeto positivo nos últimos 30 dias (e.g., feliz, calmo, satisfeito); (2) felicidade

ou satisfação com a vida declarada, de um modo geral ou em diversos domínios da sua vida.

O segundo critério define-se como funcionamento positivo composto por onze indicadores:

(1) autoaceitação (atitude positiva relativamente a si e ao seu passado, pressupõe

reconhecimento e aceitação); (2) aceitação social (atitude positiva para com os outros e de

aceitação das diferenças e complexidade pessoais); (3) crescimento pessoal (envolve o próprio

 potencial e o sentido de desenvolvimento do mesmo, assim como a abertura a experiências

desafiadoras); (4) atualização social (acreditar que as pessoas, os grupos sociais e a sociedade

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têm capacidade para evoluir e crescer positivamente); (5) significado na vida (ter objetivos de

vida que relevam um sentimento de direção na vida, uma finalidade); (6) contribuição social

(sentir que a sua vida é útil à sociedade e os resultados das suas atividades reconhecidos pelos

outros); (7) maestria ambiental (demonstrar capacidade de gerir e moldar ambientescomplexos de acordo com as suas necessidades); (8) coerência social (interessar-se pela

sociedade e vida social, sentir que a sociedade e a cultura são previsíveis, lógicas e com

significado); (9) autonomia (demonstra um comportamento autodirigido, orientado por

 padrões internos e resiste às pressões sociais); (10) relações positivas com os outros

(apresenta relações interpessoais satisfatórias, calorosas, de confiança e capacidade de

empatia e intimidade); (11) integração social (sentimento de pertença à comunidade e obtém

conforto e suporte da comunidade). Em suma, é possível avaliar o florescimento de umindivíduo avaliando o bem-estar hedónico e o funcionamento positivo, ou seja, medindo o

 bem-estar emocional (afeto positivo e satisfação com a vida de forma geral ou em vários

domínios), bem-estar psicológico (autoaceitação, crescimento pessoal, significado na vida,

maestria ambiental, autonomia e relações positivas) e o bem-estar social (aceitação social,

atualização social, contribuição social, coerência social e integração social) (Keyes, 2002,

2005, 2007).

Da mesma maneira que a depressão requer sintomas de anedonia, a saúde mental

envolve a presença de sintomas de hedonia ou vitalidade emocional, sentimentos positivos em

relação à vida e sintomas de funcionamento positivo, fazendo uma analogia à depressão que

apresenta sintomas de mau funcionamento. Desta forma, o conceito de florescimento define-

se por um nível elevado de bem-estar, presença de emoções positivas e um funcionamento

ótimo a nível social e psicológico. Keyes (2002, 2007) conceptualiza a saúde mental como um

contínuo que vai desde um estado de doença mental, passando por um estado que Keyes

(2002, 2007) define como definhar (caracterizado por uma vida vazia e saúde mental

deficitária), por um estado de saúde mental moderado até um estado de saúde mental

completo, que é o florescimento. O diagnóstico de florescimento verifica-se quando um

indivíduo pontua valores elevados pelo menos numa das duas dimensões do bem-estar

hedónico e pelo menos em seis das onze dimensões do funcionamento positivo. Os indivíduos

que apresentam níveis baixos numa das duas escalas de bem-estar hedónico e pelo menos em

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uma das onze de funcionamento positivo, encontram-se em definhamento (Keyes, 2002,

2007).

Keyes (2002) refere que muitos indivíduos permanecem livres de doença mental ao

longo da vida, contudo, fundamentou que a «genuína» saúde mental não se traduz apenas naausência de doença. Verificou na sua investigação que indivíduos que cumpriam critérios de

depressão, assim como os indivíduos em definhamento apresentavam mais dias de ausência

no trabalho devido à sua condição mental e apresentavam severas perdas a nível psicossocial.

Pelo contrário, os indivíduos com saúde mental moderada e sobretudo os indivíduos em

florescimento apresentavam menos faltas, menos limitações nas suas atividades diárias e

apresentavam um nível de funcionamento psicossocial superior. A maioria dos indivíduos da

sua amostra encontravam-se na condição de saúde mental moderada, depressão edefinhamento, e apenas 17,2% preenchia critérios de florescimento. Constatou ainda que, a

saúde mental completa (florescimento) associa-se a níveis elevados de resiliência, a objetivos

claros de vida e a um menor sentimento de desamparo que de acordo com a teoria pode

conduzir a depressão. O florescimento funciona como um protetor contra os elementos

stressores que possam surgir na vida dos indivíduos e afetar de forma negativa o seu estado de

saúde, e tem não só benefícios individuais como também para a sociedade (Keyes, 2002,

2005).

1.6.2. Modelo de florescimento de Felicia Huppert e Timothy So

Outro conceito de florescimento foi conceptualizado por Huppert e So (2009),

mediante a análise dos dados da  European Social Survey  (ESS) 2006/7. Através de uma

análise dos critérios de diagnóstico das perturbações mentais mais frequentes (ansiedade e

depressão), e após estabelecerem o oposto de cada sintoma identificaram inicialmente, como

caraterísticas principais do florescimento: emoções positivas, envolvimento, interesse,

significado e propósito. E como caraterísticas adicionais: autoestima, otimismo, resiliência,

vitalidade, autodeterminação e relações positivas. Posteriormente identificaram dez

caraterísticas positivas que combinam aspetos hedónicos e eudaimónicos do bem-estar:

competência, estabilidade emocional, otimismo, envolvimento, significado, emoções

 positivas, relações positivas, autoestima, resiliência e vitalidade. A definição operacional de

florescimento destes autores foi desenvolvida a partir de indicadores destas dez caraterísticas,

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 presentes nos itens utilizados pela ESS, numa amostra de 43000 Europeus e que permitiram

avaliaram os níveis de florescimento na Europa. Huppert e So (2009, 2013) reportam uma

correlação entre satisfação com a vida e florescimento (.34), no entanto, são conceitos

distintos e segundo a autora devem ser medidos em separado. De acordo com Huppert e So(2009) uma pessoa em florescimento considera que a sua vida vai bem, e o florescimento

resulta de uma combinação entre sentir-se bem e funcionar bem.

1.6.3. Outras conceções de florescimento

Diener e Biswas-Diener (2008) utilizam o conceito de riqueza psicológica para

definir um funcionamento psicológico ótimo ou florescimento (Baptista, 2013). A riqueza

 psicológica depende da felicidade e da satisfação com a vida, como também dos fatores que permitem alcançá-las. É a experiência de bem-estar e uma elevada qualidade de vida e, é mais

do que simples alegria momentânea, mais do que ausência de depressão e ansiedade. É

experienciar a nossa vida como excelente sentir que vivemos de forma gratificante,

significativa e agradável. Inclui satisfação com a vida, a sensação de que a vida é cheia de

significado, um sentido de envolvimento nas atividades, a procura de objetivos importantes, a

experiência de emoções positivas e um sentimento de espiritualidade que conecta as pessoas a

coisas maiores do que elas mesmas. Em conjunto, essas experiências psicológicas

fundamentais constituem a verdadeira riqueza. Se estiverem presentes na vida de uma pessoa,

de acordo com Diener e Biswas-Diener (2008), essa pessoa terá tudo o que quer da vida,

 porém, quando a riqueza é material, tem apenas um recurso desejável da lista de tudo o resto

que é desejável. Além dos aspetos internos da riqueza psicológica, existem os universais

como saúde e relações sociais positivas que são tão intrinsecamente ligados à experiência de

 bem-estar que também são parte da riqueza psicológica. Em suma, os componentes da riqueza

 psicológica são: satisfação com a vida e felicidade, espiritualidade e significado da vida,

emoções e atitudes positivas, relacionamentos sociais, trabalho e atividades envolventes,

valores e objetivos de vida, saúde física e mental e suficiência material para preencher as suas

necessidades (Diener e Biswas-Diener, 2008).

Diener et   al. (2010) apresentaram uma medida de florescimento que pretende

complementar as medidas existentes de bem-estar subjetivo de maneira a avaliar a

 prosperidade/riqueza psicossocial com base nas teorias existentes acerca do bem-estar

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 psicológico e social. Inicialmente designada como uma escala de bem-estar psicológico, os

autores alteraram o nome para escala de florescimento, de forma a revelar com maior precisão

o que permite avaliar, uma vez que vai além do bem-estar psicológico. É composta por oito

itens que resultam de diversas teorias, tais como: as teorias de Ryff (1989) ou Ryan e Deci(2000) que propuseram a existência de necessidades psicológicas básicas, como a necessidade

de competência, relação com os outros e autoaceitação, com base nas teorias humanistas; os

estudos de Seligman (2002), Ryff (1989), Ryff e Singer (1998) que afirmaram e suportaram

empiricamente a importância do significado e propósito no funcionamento humano positivo; a

teoria de Czikszentmihalyi (1990) que demonstrou a importância do interesse e do

envolvimento para o bem-estar; e o estudo de Peterson, Seligman e Vaillant (1988) que

apresentou evidências acerca importância do otimismo no bem-estar e saúde ao longo da vida.Quanto maior a pontuação mais recursos psicológicos a pessoa apresenta, apresentando assim

florescimento psicológico (Diener et  al., 2010). 

Outra perspetiva de bem-estar ou florescimento foi desenvolvida por Martin

Seligman (2012). Seligman (2002) começou por desenvolver a teoria da Felicidade Autêntica

onde destacava os elementos chave que contribuíam para a felicidade: emoções positivas,

envolvimento e significado. Considera as emoções positivas (e.g., sentimento de prazer,

conforto, êxtase) o elemento chave para uma vida agradável. O envolvimento centra-se no

fluxo que se manifesta através da perda de noção de si próprio, do tempo, durante uma

atividade absorvente. Por fim, o significado envolve um sentimento de pertença e finalidade

na vida A felicidade era medida através da satisfação com a vida e o objetivo era aumentar a

satisfação com a vida e as pessoas que tinham mais emoções positivas, envolvimento e

significado seriam as mais felizes e tinham maior satisfação com a vida. Posteriormente,

verificou que estes elementos não expressam tudo o que as pessoas procuram para se sentirem

 bem. Considerou assim que se operou uma mudança de objeto de estudo da psicologia

 positiva (criada por si em 1998), da felicidade para o bem-estar que seria avaliado através do

florescimento (Seligman, 2012). A sua teoria do bem-estar deu origem ao seu modelo

PERMA que engloba: emoções positivas, envolvimento, relações positivas, significado e

realização, e que em Portugal é referenciado como ERRES devido à tradução dos elementos

que definem este modelo. O florescimento depende da presença destes cinco elementos na

vida do indivíduo, ou seja, resulta de uma vida agradável, com significado, com experiências

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de fluxo que pressupõe uma entrega completa àquilo que realiza, sentimentos de realização e

sucesso e a presença de relações positivas com os outros (Baptista, 2013).

Outros dois investigadores tentaram afirmar a sua conceção de florescimento,

Fredrickson e Losada (2005) concebem o florescimento como um funcionamento humanoótimo que vai além da felicidade, abrange também atitudes benevolentes, crescimento pessoal

e resiliência. Fredrickson (2006, 2013) considera que as relações positivas, o caráter positivo,

a competência, o significado, o otimismo também são aspetos importantes para florescer, no

entanto, considera que as emoções positivas são a base de todos os mecanismos responsáveis

 pelo florescimento. Além da sua teoria da ampliação-construção das emoções positivas, toda a

sua investigação é centrada nas emoções positivas, e nos benefícios que originam na vida dos

indivíduos. Fredrickson e Losada (2005) postularam que por cada emoção negativa devemexistir três positivas para contrabalançar, ao que chamaram de rácio de positividade.

Fredrickson (2006) afirma que os estados afetivos positivos são “os ingredientes principais da

receita do florescimento” (Fredrickson, 2006, p. 57), por isso, uma maneira de estimar o

florescimento é através das experiências positivas dos indivíduos. Fredrickson (2001) destaca

a importância das emoções positivas no florescimento quando afirma que estas, não são

somente indicadores de florescimento com também o “produzem” (Fredrickson,  2001, p.

218).

1.7. Caminho para o florescimento: satisfação com a vida, emoções positivas e otimismo 

O conceito de florescimento tem sido adotado por vários autores como um sinónimo

abrangente do bem-estar, que concebe não só o bem-estar emocional, como também o bem-

estar psicológico e o bem-estar social, permitindo integrar as teorias hedónicas e as teorias

eudaimónicas do bem-estar (Keyes, 2006). O florescimento relaciona-se com objetivos claros

de vida e com otimismo (Keyes, 2007) e Lucas, Diener e Suh (1996) verificaram que o

otimismo correlaciona-se com a satisfação com a vida, afeto positivo e negativo. Os

indivíduos em florescimento relatam níveis mais elevados de satisfação com a vida,

envolvimento, significado, uma aprendizagem mais eficaz, relacionamentos mais saudáveis,

maior satisfação no trabalho e longevidade (Seligman, 2012). Além dos níveis elevados de

satisfação com a vida, a relação entre as emoções positivas e o florescimento é referida por

vários autores (e.g., Seligman, 2012; Huppert & So, 2013; Fredrickson & Losada, 2005). Os

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indivíduos em florescimento além de manifestarem emoções positivas relativamente à vida,

apresentam um bom funcionamento psicológico e social, assim como, uma ótima “saúde

emocional”, maior produtividade devido a diminuição de faltas no trabalho e também menos

limitações físicas (Keyes, 2011, p. 294). O que também caracteriza estes indivíduos é oentusiasmo pela vida e o envolvimento com os outros e com a sociedade (Keyes, 2011).

Os julgamentos que os indivíduos constroem acerca da satisfação com a vida ou de

realização, envolvem informação afetiva (Kim-Prieto et  al., 2005), e a relação entre emoções

e satisfação com a vida foi verificada por Suh, Diener, Oishi e Triandis (1998) numa amostra

abrangente de várias nações, tendo verificado, no entanto, que a cultura também poderá

exercer uma influência nesta relação.

Van Zyl e Rothmann (2012) encontraram evidências da relação positiva entreflorescimento, níveis elevados de afeto positivo e satisfação com a vida, assim como, uma

relação inversa entre florescimento e afeto negativo, numa amostra de estudantes Sul-

Africanos.

Como supracitado nas teorias acerca do florescimento, o significado na vida é um

dos constructos que faz parte do florescimento, sendo um fator importante na obtenção e

manutenção dos níveis de bem-estar psicológico de acordo com Zica e Chamberlain (1992). A

sua relação com o bem-estar subjetivo tem sido estudada apresentando resultados

significativos (Dogan, Sapmaz, Tel, Sapmaz, & Temizel, 2012; Santos, Magramo, Oguan,

Paat, & Barnachea, 2012). Chamberlain e Zika (1992) assim como Shek (1992) referem uma

relação positiva entre significado e satisfação com a vida.

Também Santos et al. (2012) verificaram uma forte correlação positiva, entre

significado na vida (presença) e bem-estar subjetivo. Porém, a procura de significado

apresentou uma correlação negativa com a satisfação com a vida e com o afeto positivo.

Resultados semelhantes foram encontrados por Dogan et al. (2012) no que diz respeito à

relação entre as variáveis significado na vida e bem-estar subjetivo, a variância de 34% do

 bem-estar subjetivo foi explicada pela presença e procura de significado na vida.

Khodarahimi (2013) realizou um estudo numa amostra de 300 indivíduos, com

idades entre os 15 e os 80 anos, cujo objetivo era compreender a relação entre as emoções

(positivas e negativas), o florescimento e a esperança, verificando uma associação direta entre

estas variáveis e as emoções positivas, e uma associação negativa com as emoções negativas.

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Concluíram também que, os indivíduos que apresentavam níveis elevados de florescimento e

esperança experienciavam mais emoções positivas nas suas vidas. Verificaram também

diferenças significativas entre os géneros no florescimento, apresentando as mulheres níveis

superiores no florescimento comparativamente aos homens. Ryff e Singer (1996) tambémobservaram diferenças de género em determinados aspetos do bem-estar psicológico (e.g.,

relações positivas com os outros, crescimento pessoal), onde as mulheres obtiveram valores

superiores. Porém, Keyes (2002) encontrou resultados que apontam níveis superiores de

florescimento nos homens e maiores índices de depressão nas mulheres.

 No que se refere ao otimismo e pessimismo, os homens são apontado como mais

otimistas em vários domínios de vida e as mulheres mais pessimistas (Jacobsen, Lee,

Marquering, & Zhang, 2010; Chang, Tsai, & Lee, 2010). No entanto, a maioria das investigações no que diz respeito às diferenças de género

relativas ao bem-estar subjetivo demonstraram poucas diferenças entre homens e mulheres

nas nações ocidentais (Pavot & Diener, 2013; Eddington & Shuman, 2005). Os estudos que

utilizam medidas de autorrelato para avaliar a experiência emocional encontram diferenças de

género nas emoções negativas (Nolen-Hoeksema & Rusting, 1999). Haring, Stock e Okun

(1984) encontraram ligeiras diferenças, verificando que, os homens são mais felizes e as

mulheres apresentam níveis superiores de experiência afetiva negativa. Por  outro lado, Wood,

Rhodes e Whelan (1989) apuraram que as mulheres relatam maior satisfação com a vida e

felicidade comparativamente aos homens. Estas diferenças verificam-se sobretudo nos

indivíduos casados. Na população em geral, os estudos indicam que as mulheres apresentam

maior vulnerabilidade à depressão e ansiedade (Nolen-Hoeksema & Rusting, 1999), no

entanto, os níveis de felicidade nos homens e mulheres não diferem significativamente

(Diener et   al., 1999). Fujita, Diener e Sandvick (1991) verificaram que as experiências

emocionais (positivas e negativas) são mais intensas nas mulheres do que nos homens e que,

emoções positivas mais intensas tendem a contrabalançar as emoções negativas quando os

sujeitos relatam sua felicidade global. As mulheres vivenciam com maior intensidade as

emoções e aparecem representadas mais frequentemente nos extremos das escalas de bem-

estar (Diener et   al., 1999). Segundo Wood et al. (1989) estas diferenças entre homens e

mulheres podem resultar de estereótipos e papéis atribuídos a cada um dos sexos na

sociedade, no caso das mulheres, o papel de cuidador que envolve maior sensibilidade às

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necessidades e expressão emocional, já os papéis sociais dos homens não envolvem tanta

experiência emocional. As mulheres são associadas a maior labilidade emocional, enquanto

aos homens é atribuída maior estabilidade emocional (Wood et  al., 1989). Nolen-Hoeksema e

Rusting (1999) assinalam uma inconsistência nos resultados relativos às diferenças entregéneros, referindo que as estas diferenças mudam de direção entre estudos. Fujita et  al. (1991)

demonstraram que o género explica menos de 1% da variância no bem-estar mas é

responsável por mais de 13% da variância da experiência emocional.

1.8. Pertinência do estudo

Atualmente manifesta-se uma preocupação por parte dos líderes mundiais com o

 bem-estar e felicidade das nações (Huppert & So, 2013; Tay, Kuykendall, & Diener, 2014).Existem estudos a nível mundial que utilizam o bem-estar subjetivo dos indivíduos como

indicador social, uma vez que se verificou ser uma variável sensível aos efeitos das alterações

nas condições sociais (Tay et  al., 2014), ou seja, os indicadores económicos deixaram de ser a

fonte privilegiada para a compreensão do bem-estar e qualidade de vida das populações.

Após décadas de investigação que permitiram compreender que o bem-estar é um

conceito multidimensional e que a forma mais completa de o avaliar será através das suas

componentes hedónicas e eudaimónicas, presentemente, os estudos no âmbito do bem-estar

começam-se a centrar-se no florescimento humano.

1.9. Objetivos e Hipóteses de estudo

O presente estudo tem como objetivo aprofundar o conhecimento relativamente ao

florescimento, enquanto conceito abrangente do bem-estar, que visa um funcionamento ótimo

dos indivíduos. Pretende-se estudar a relação do florescimento com a satisfação com a vida,

as emoções (positivas e negativas), o otimismo e pessimismo, assim como, identificar

 potenciais variáveis preditoras do florescimento.

Face aos objetivos definidos elaboraram-se as seguintes hipóteses de investigação:

Hipótese 1  –   Existem diferenças significativas entre géneros no florescimento,

emoções positivas e otimismo.

Hipótese 2 - Existem diferenças significativas entre géneros na satisfação com a vida,

apresentando as mulheres níveis superiores.

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Hipótese 3 - Existem diferenças significativas entre géneros nas emoções negativas e

 pessimismo, apresentando as mulheres níveis superiores.

Hipótese 4 –  Existe uma relação positiva entre o florescimento, satisfação com vida e

emoções positivas e uma relação negativa entre florescimento, emoções negativas e pessimismo.

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Capítulo 2

Método

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2.1. Participantes

Foi recolhida uma amostra de conveniência, participando do presente estudo 253

indivíduos adultos, 51% do sexo feminino (n = 129) e 49% do sexo masculino (n = 124), com

idades compreendidas entre os 18 e os 61 anos ( M   = 26,45;  DP   = 8,80) e com umaescolaridade média de 13,69 ( DP  = 2,03).

 Na tabela seguinte são apresentados os resultados obtidos pela análise das

características sociodemográficas em função do género, bem como os resultados dos testes do

Qui-quadrado e do t  de student, para amostras independentes.

Tabela 1

Caraterísticas sociodemográficas da amostra em função do género

Masculino (n = 124) Feminino (n = 129)2 

 N % N %

 Estado Civil  

Solteiro 95 76.6 104 86.6 1.150 NSCasado/União defacto

22 17.7 21 16.3

Divorciado/Separado 7 5.6 4 3.1

 Profissão 13.47**

Sem profissão 3 2.4 3 2.3

Estudante 71 57.3 101 78.3

ProfissãoRemunerada

50 40.7 25 19.4

 Religião  22.65***

Sem religião 59 47.6 28 21.7

Católica 61 49.2 84 65.1

Outra 4 3.2 17 13.3

 Etnia  5.44*

Caucasiana 112 90.3 103 79.8

 Negra 12 9.7 2620.2

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Masculino Feminino

 M DP    M    DP t

 Idade  27.52 8.50 25.41 8.98 1.92 NS

 Anos de escolaridade  13.56 2.17 13.81 1.88 -.974 NS

* p <05; ** p < .01; p < ***.001; NS = Não significativo.

Em cada um dos grupos, a distribuição para o estado civil foi equivalente, não

apresentando diferenças significativas 2(2) = 1.150; p= .563. A distribuição foi, igualmente

equivalente, para a idade t (251) = 1.92;  p = .056 e para os anos de escolaridade t (251) = -

.974; p = .331.

 Não obstante, foram verificadas diferenças significativas entre o género nas variáveissociodemográficas relativas à profissão 2(2) = 13.47; p= .001; à religião 2(2) = 22.652; p =

.000; e à etnia 2(1) = 5.44; p= .020. Os participantes do sexo masculino no que diz respeito à

 profissão distribuíram-se de forma mais equilibrada entre a profissão de estudante e a

 profissão remunerada, do que no sexo feminino, onde a maioria dos participantes eram

estudantes. O mesmo se verificou relativamente à religião onde a distribuição entre católicos e

indivíduos sem religião foi quase equivalente no sexo masculino, enquanto as mulheres são na

sua maioria católicas.

2.2. Instrumentos

O protocolo construído para o presente estudo foi composto por um conjunto de

medidas de autoavaliação e por um questionário sociodemográfico, de forma a obter

informação relativa às caraterísticas sociodemográficas da amostra (anexo I).

A  Escala de Florescimento (FS; Diener, Wirtz, Tov, Kim-Prieto, Choi, Oishi, &

Biswas-Diener, 2010; versão traduzida por Baptista, 2011) foi desenvolvida com o objetivo

de avaliar a prosperidade psicossocial e complementar outras escalas de avaliação do bem-

estar subjetivo, mas tendo por base o conceito de florescimento humano. É uma breve escala

de autoavaliação, composta por oito itens formulados numa direção positiva e com formato de

resposta numa escala tipo  Likert   de 7 pontos que varia de 1 (Discordo totalmente) a 7

(Concordo fortemente). Avalia aspetos do funcionamento humano que vão desde as relações,

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autoestima, até ao significado e propósito na vida, formando uma única dimensão, fornece um

resultado total de bem-estar psicológico, que pode variar entre 8 (forte desacordo com todos

os itens) e 56 (forte concordância com todos os itens). A escala possui boas qualidades

 psicométricas demonstrando uma forte associação com outras escalas de bem-estar psicológico, valores de consistência interna adequados com um α de Cronbach  de .87 e

estabilidade temporal moderadamente alta .71 (Diener et  al., 2010). Esta medida foi validada

 para a população portuguesa por Silva e Caetano (2013) revelando valores de consistência

interna de .83 e .78, nas duas amostras estudadas (Silva & Caetano, 2013).

A  Escala de Satisfação com a Vida  (SWLS; Diener, Emmons, Larsen, & Griffin,

1985; versão traduzida por Baptista, 2011) permite uma autoavaliação da satisfação com avida, de forma global, segundo critérios do próprio respondente e não de acordo com

domínios definidos pelo investigador, o que permite liberdade ao indivíduo em ponderar

acerca dos vários domínios da sua vida e chegar a uma avaliação global, acerca da sua vida

(Diener, 1984; Diener et al., 1985, Pavot & Diener, 1993). A escala é composta por cinco

itens formulados no sentido positivo, com formato de resposta numa escala de  Likert  de sete

 pontos que pode variar entre 1 (Discordo totalmente) e 7 (Concordo totalmente). A cotação

dos itens permite obter uma pontuação entre 5 (menor grau de satisfação com a vida) e 35

 pontos (maior grau de satisfação com a vida), em que uma pontuação 20 representa o ponto

neutro da escala. Pontuações entre 5 e 9 indicam que o sujeito se sente “extremamente

insatisfeito com a sua vida”, entre 31 e 35 “extremamente satisfeito com a vida”, entre 21 e 25

“ligeiramente satisfeito” e entre 15 e 19 “ligeiramente insatisfeito”. No estudo original, a

medida revela uma adequada consistência interna, com um α  de Cronbach  de .87 e

estabilidade temporal, através do método teste-reteste (2 meses) com um coeficiente de .82. A

análise fatorial revelou a emergência de um único fator que explica 66% da variância. Ficou

demonstrada a validade de constructo através da correlação moderadamente forte com outras

medidas de bem-estar subjetivo (Diener et  al., 1985). Esta medida foi validada para Portugal

 por Neto, Barros, e Barros (1990), posteriormente por Simões (1992) e, mais recentemente

 por Laranjeira (2006).

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O Teste de Positividade  (PST; Fredrickson, 2009; versão traduzida por Baptista,

2011). É um instrumento com 20 itens, que mede emoções positivas e negativas, constituído

 por duas dimensões: emoções positivas e emoções negativas, e que permite obter um rácio de

 positividade (que não foi utilizado neste estudo). O participante deverá responder numa escalade  Likert   de cinco pontos, que varia de 0 (Nada) a 4 (Muito), a intensidade com que

experienciou essas emoções em determinado período de tempo.

O Teste de Orientação Prolongada de Vida  (ELOT; Chang, Maydeu-Olivares, &

D’Zurilla, 1997; versão traduzida por Baptista, 2011) é uma medida de autoavaliação do

otimismo e pessimismo entendidos com expectativas generalizadas de resultados positivos e

negativos face ao futuro (Scheier & Carver, 1985). Resulta da junção de alguns itens dosquestionários LOT ( Life Orientation Test ) e LOT-R (LOT revisto) de Scheier e Carver (1985)

e OPS (Optimism, Pessimism Scale) de Dember et   al. (1989). É constituída por 20 itens,

distribuídos por duas dimensões, seis relativos à subescala do otimismo, nove relativos à

dimensão do pessimismo e cinco itens de preenchimento, com um formato de resposta numa

escala de Likert  de cinco pontos que varia de 1 (Discordo bastante) a 5 (Concordo bastante).

Permite obter dois resultados dados pelo somatório das respostas aos itens de cada uma das

dimensões. O estudo original revelou valores de consistência interna, α de Cronbach de .77,

na dimensão relativa ao otimismo e, de .89 na dimensão do pessimismo. Apresentou um valor

de correlação igual a -.65 entre as dimensões (Chang et  al., 1997). Perloiro (2002) realizou um

estudo de validação desta medida para a população portuguesa tendo obtido valores de

consistência interna de .66 e .83 para a subescala de otimismo e pessimismo respetivamente.

2.3. Procedimento

A recolha dos dados foi efetuada no concelho de Lisboa, em locais diversos entre os

meses de Dezembro de 2012 e Maio de 2013. Para a aplicação dos questionários procedeu-se

a uma abordagem informal dos sujeitos, de forma a informar acerca da investigação e solicitar

o preenchimento do questionário. Foram explicados os objetivos do estudo assegurando a

confidencialidade dos dados e o anonimato, informando que as respostas seriam submetidas a

tratamento estatístico em grupo. Foram ainda facultadas as explicações necessárias ao

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 preenchimento, informando que não existiam respostas certas ou erradas e que poderiam

desistir a qualquer momento. O tempo de preenchimento foi de aproximadamente 5 minutos.

O protocolo era constituído por informação relativa ao estudo de forma a permitir o

consentimento informado, um questionário demográfico e pelas escalas descritasanteriormente.

Toda a análise estatística foi efetuada através do Statistical Package for Social

Sciences (SPSS) V.17 para o sistema operativo Windows 32 bits.

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Capítulo 3

Resultados

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3.1. Análise estrutural da Escala de Florescimento

Com o objetivo de avaliar a estrutura da Escala de Florescimento foi efetuada uma

análise fatorial em componentes principais.

Os valores do teste de Kaiser Meyer-Olkin (KMO) = .872 e do teste de esfericidade deBartlett χ2 (28) = 651.467; p < .000) foram adequados para a realização da análise fatorial. A

análise de componentes principais sem fixar o número de fatores a extrair, revelou a presença

de um fator, atendendo ao critério de valor próprio igual ou superior a 1 (3.85), explicando

48,19% da variância total. Os resultados vão de encontro ao estudo original da medida onde

se verificou a emergência de um fator (tabela 2).

Tabela 2 Estrutura da Escala de Florescimento

ItensComponente

1

1. Levo uma vida com objetivos e significado.779

2. Os meus relacionamentos sociais apoiam-me e recompensam-me.725

3. Estou envolvido e interessado nas minhas atividades diárias.717

4. Contribuo ativamente para o bem-estar e a felicidade dos outros.711

5. Sou capaz e competente nas atividades que são importantes para mim.701

6. Sou uma boa pessoa e levo uma boa vida.684

7. Sou otimista em relação ao futuro.611

8. As pessoas respeitam-me .609 Método de Extração: Análise de Componentes Principais

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3.2. Análise de fidelidade

Com o objetivo de testar a fidelidade da componente encontrada efetuou-se uma

análise de consistência interna através do alfa de Cronbach, obtendo-se um valor de .84, que é

considerado bom (Nunnaly, 1978).

Tabela 3

 Fidelidade da escala

ItemCorrelação Corrigida do item

com a escala totalAlfa se o item for excluído

1 .602 .817

2 .494 .832

3 .597 .818

4 .491 .830

5 .603 .819

6 .673 .809

7 .582 .822

8 .579 .820

3.3. Análise comparativa do florescimento, satisfação com a vida, emoções (positivas e

negativas), otimismo e pessimismo em função do género

Foi efetuado o test t de Student  para duas amostras independentes de forma a

verificar as diferenças entre géneros nas variáveis em estudo. O teste t   revelou diferenças

estatisticamente significativas nas emoções negativas t (251) = - 2.69, p = .008, apresentando

as mulheres um nível mais elevado ( M  = 13.19) quando comparadas com os homens ( M  =

10.94). Para as restantes variáveis não foram encontradas diferenças significativas ( p > .05).

A tabela 4 mostra os resultados obtidos.

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Tabela 4

Teste t para as variáveis em estudo em função do género

Variáveis

Masculino

(n=124)

Feminino

(n=129) t

M DP M DP

Florescimento 39.71 4.69 39.47 5.36 0.39 NS

Satisfação com a vida 23.93 4.95 23.71 5.41 0.33 NS

Emoções positivas 25.58 5.42 25.43 6.46 0.20 NS

Emoções negativas 10.94 6.28 13.19 7.05 -2.69*

Otimismo 23.05 3.02 22.90 3.44 0.37 NS

Pessimismo 22.08 5.58 22.28 6.55 0.26 NS

*p < .05; NS = Não significativo

3.4. Correlações entre florescimento, satisfação com a vida, emoções (positivas e

negativas), otimismo e pessimismo

Para examinar a associação das variáveis supracitadas efetuou-se uma correlação

 bivariada de Pearson. A tabela 5 mostra os coeficientes de Pearson obtidos.

Tabela 5

 Matriz de correlações entre florescimento, satisfação com a vida, emoções positivas, emoções

negativas, otimismo e pessimismo

Variável FL SV EP EN OT PS

Florescimento (FL) -

Satisfação com a vida

(SV).602*** -

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* p <05; p < ***.001

Verificou-se através do coeficiente de  Pearson  que o florescimento estava positiva,moderada e significativamente correlacionado com a satisfação com a vida (r   = .602;  p 

<.001), com as emoções positivas (r  = .492;  p < .001), com o otimismo (r  = ..476;  p <.001),

significativamente correlacionado de forma negativa e moderada com as emoções negativas (r  

= -.367;  p  <  .001) e significativamente correlacionado de forma negativa e fraca com o

 pessimismo (r  = -.295; p < .001).

A satisfação com a vida apresentou-se correlacionada significativamente de forma

 positiva e moderada com as emoções positivas (r  = .484;  p < .001) e com o otimismo (r  =.385; p < .001, e correlacionada significativamente de forma negativa e fraca com as emoções

negativas (r  = -.231; p < .001) e o pessimismo ( r  = -.232;  p < .001).

 No que concerne às emoções positivas apresentaram uma correlação significativa de

forma positiva e moderada com o otimismo (r = .468;  p <.001) e uma correlação significativa

de forma negativa e fraca com as emoções negativas ( r  = -.139;  p < .05) e de forma negativa

e moderada com o pessimismo (r = -.336; p < .001).

As emoções negativas correlacionaram-se significativamente de forma negativa e

moderada com o otimismo (r   = -.342;  p  < .001) e de forma positiva e moderada com o

 pessimismo (r = .414; p < .001).

O otimismo revelou-se significativamente correlacionado de forma negativa e

moderada com o pessimismo (r  = -.484; p < .001).

Emoções positivas

(EP).492*** .484*** -

Emoções negativas

(EN) -.367*** -.231*** -.139* -

Otimismo (OT) .476*** .385*** .468*** -.342*** -

Pessimismo (PS) -.295*** -.232*** -.336*** .414*** -.484*** -

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3.5. Análise preditiva do florescimento

Com o objetivo de identificar as variáveis preditoras do florescimento efetuou-se

uma análise de regressão múltipla através do método stepwise.

A tabela 6 indica o contributo de cada variável introduzida no método de regressão para explicar a variância do florescimento.

Tabela 6

 Análise de regressão linear múltipla

Variável

dependentePassos

Variáveis

independentesR 2  R 2ajustado  Β  t

Florescimento 1 Satisfaçãocom a vida

.363 .360 .602 11.967***

2 Otimismo .433 .429 .287 5.57***

3Emoções

negativas.461 .454 -.178 -3.56***

4Emoções

 positivas.482 .473 .178 3.16*

** p < .01*** p < .001

Os resultados permitiram encontrar quatro variáveis independentes preditoras, a

satisfação com a vida, o otimismo, as emoções positivas e negativas explicando 47,3% da

variância do florescimento,  F (4, 248) = 57,59; p < .001; R 2 ajd = .47. A variável preditora

que mais contribuiu para o modelo foi a satisfação com a vida ( β  = .602; t  (251) = 11.967 p <

.001) que explicou 36% da variância, a segunda variável preditora foi o otimismo que

explicou 7% da variância. As emoções negativas e as emoções positivas contribuíram com2,5% e 1,9% para a variância.

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Capítulo 4

Discussão

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O propósito principal deste estudo foi compreender o florescimento através da sua

relação com a satisfação com a vida, emoções, otimismo e pessimismo. Num primeiro

objetivo pretendeu-se analisar diferenças de género relativamente às variáveis em estudo. A

hipótese 1 foi infirmada, pois não foram encontradas diferenças estatisticamente significativasentre homens e mulheres no florescimento, emoções positivas e otimismo. Na hipótese 2, era

esperado que existissem diferenças entre os géneros na satisfação com a vida, o que não se

verificou. Este resultado pode ter derivado do efeito de outras variáveis demográficas. Wood,

et al. (1989) apuraram diferenças entre os géneros na satisfação com a vida, apresentando as

mulheres valores superiores, no entanto, estas diferenças verificaram-se sobretudo nos

indivíduos casados, e a amostra em estudo foi composta maioritariamente por indivíduos

solteiros. Relativamente à hipótese 3, esta foi parcialmente confirmada, pois apesar de nãoterem existido diferenças estatisticamente significativas entre homens e mulheres no

 pessimismo, encontraram-se diferenças estatisticamente significativas nas emoções negativas.

Este resultado está de acordo com as conclusões de Haring et al. (1984) que sustentam que as

mulheres apresentaram níveis superiores de experiência afetiva negativa e corrobora também

as conclusões de Diener et  al. (1999) relativamente às experiências emocionais, as mulheres

vivem mais intensamente as emoções do que os homens, e por isso aparecem frequentemente

representadas nos extremos das escalas de bem-estar.

A análise da relação entre as variáveis permitiu confirmar a hipótese 4. Verificou-se

uma associação positiva entre florescimento, satisfação com a vida, emoções positivas e

otimismo, e por outro lado, uma associação negativa entre florescimento, emoções negativas e

 pessimismo. Estes resultados vão de encontro à literatura respeitante ao florescimento. A

associação positiva entre satisfação com a vida e florescimento, encontrada neste estudo,

replica os resultados de Van Zyl e Rothmann (2012). Os mesmos investigadores também

encontraram uma relação positiva entre florescimento e afeto positivo, assim como uma

associação negativa com o afeto negativo, resultados estes também apurados no presente

estudo. Comum a todas as teorias do florescimento é a presença de emoções positivas (Keyes,

2002, 2005; Huppert, 2009, 2013; Seligman, 2012) e, no presente estudo confirmou-se uma

relação positiva entre emoções positivas e florescimento. O otimismo também se relacionou

 positivamente com o florescimento, o que está de acordo com Keyes (2007) que relaciona o

florescimento com objetivos claros de vida e com otimismo. Huppert e So (2009, 2013)

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indicam o otimismo como uma caraterística que contribui para o florescimento. No que diz

respeito às emoções negativas e ao pessimismo, apresentaram uma relação negativa com o

florescimento. Estes resultados do presente estudo foram congruentes com a investigação

desenvolvida por Khodarahimi (2013), que verificou uma associação negativa entreflorescimento e as emoções negativas. O pessimismo associa-se a sintomas depressivos o que

compromete o bem-estar psicológico opondo-se assim ao florescimento (Scheier & Carver,

1992; Chang et  al.,1997).

Os resultados permitiram encontrar quatro variáveis preditoras significativas do

florescimento, a satisfação com a vida, o otimismo, as emoções positivas e negativas

explicando 47,3% da variância do florescimento. É patente na teoria do florescimento humano

de Keyes (2002, 2005, 2007), o facto de os indivíduos em florescimento apresentaremsintomas de hedonia ou vitalidade emocional, assim como sentimentos positivos em relação à

vida e a manifestação de um funcionamento positivo.

Fredrickson (2006) postula que uma maneira de estimar o florescimento é através das

experiências positivas dos indivíduos, uma vez que, os estados afetivos positivos são um

elemento importante do florescimento. Khodarahimi (2013) através do seu estudo pode

concluir que os indivíduos com elevados níveis de florescimento experienciavam mais

emoções positivas.

Apesar do contributo que estes resultados proporcionam para a compreensão da

relação entre as diferentes componentes do bem-estar as conclusões retiradas a partir deles

devem ser cuidadosas, não podendo afirmar-se uma relação direta (causa-efeito) entre estas

variáveis. De acordo com a revisão da literatura, o florescimento resulta da associação de uma

série de elementos conforme a teoria associada, verificando-se comum a todas a presença de

emoções positivas. Keyes (2002, 2005, 2007) refere os sintomas de hedonia (satisfação com a

vida e emoções positivas) como elemento indispensável para o diagnóstico de florescimento.

Destacando também que uma vida com objetivos e otimista contribui para o florescimento,

assim como Huppert e So (2009, 2013) que consideram o otimismo como uma caraterística

do florescimento. Fredrickson (2001) destaca não só a importância das emoções positivas na

vida dos indivíduos devido ao seu efeito protetor perante as adversidades da vida, resultante

do aumento de recursos psicológicos e mesmo físicos que proporcionam, como destaca

também a sua capacidade preditiva do florescimento. No entanto, aceder a uma compreensão

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mais exaustiva destas relações seria importante, sobretudo, utilizando em estudos futuros uma

medida de florescimento multidimensional. Como citado anteriormente a investigação relativa

ao florescimento ainda é diminuta, no entanto, alguns dos seus elementos já são estudados,

como a presença de significado na vida, que apresenta uma associação positiva à satisfaçãocom a vida (Chamberlain & Zika, 1992; Santos et  al., 2012).

O presente estudo apresenta algumas limitações, nomeadamente o tipo de amostra

(conveniência), o «desenho» do estudo, de caráter transversal, assim como facto de umas das

escalas não estar aferida para a população portuguesa. Deveriam ter sido utilizados no estudo

os dados sociodemográficos, pois ainda que o seu contributo para a variância do bem-estar

subjetivo seja reduzido, seria importante perceber a sua relação com o florescimento. Seria

relevante a utilização de uma medida de desejabilidade social de forma a minimizarenviesamentos devido a esse fator. Estudos futuros requerem ainda uma maior manipulação

das variáveis envolvidas de forma a obter um conhecimento mais preciso do que caracteriza

um indivíduo em florescimento, controlando algumas variáveis possibilita determinar uma

influência mais concreta das outras envolvidas.

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Conclusão

Os resultados obtidos no presente estudo permitiram conhecer um caminho para o

florescimento através da análise da sua relação com componentes do bem-estar subjetivo

(satisfação com a vida e emoções). Sendo conceitos distintos sobrepõem-se, dadas as

associações que se estabelecem. As associações positivas encontradas entre satisfação com a

vida, emoções positivas, otimismo e florescimento facultam um ponto de partida a

intervenção e promoção do florescimento dos indivíduos e das populações. Mais importante

do que medir o florescimento será promovê-lo, potenciando as caraterísticas positivas dos

indivíduos. O que nos diz a literatura é que a capacidade de florescer está ao alcance de todos,

cultivando emoções positivas nas nossas vidas, encontrando significado, propósito,

envolvendo-nos verdadeiramente nas atividades da nossa vida diária, procurando relações positivas com os que nos rodeiam, descobrindo as nossas competências e fazendo uso delas.

O que à partida parece difícil poderá ser facilitado com o desenvolvimento de

 programas que ensinem estes princípios de bem-estar desde cedo nas escolas (Seligman,

2012) o que mais tarde será uma mais-valia não só para o próprio indivíduo quer para a

sociedade. Indivíduos em florescimento apresentam sentimentos positivos em relação à vida,

são mais produtivos, têm menos limitações físicas (Keyes, 2011), possuem maiores recursos

 psicológicos manifestando maior resiliência perante situações adversa e encontrando melhoresestratégias para resolução de problemas. Assim, apesar das limitações apresentadas neste

estudo, e dado o carácter exploratório do mesmo, esperamos ter contribuído para aumentar o

conhecimento acerca do florescimento, dada a limita investigação neste âmbito.

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Anexos

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Anexo I –  Protocolo 

Versão: A. Baptista, 2011 Data ____/___/_____

Solicitamos a sua colaboração para uma investigação que tem como objectivoestudar o comportamento emocional.

As suas respostas são confidenciais e anónimas, sendo submetidas a tratamentoestatístico em grupo. Agradecemos a sua colaboração.

I - INFORMAÇÃO DEMOGRÁFICA

1. Se é estudante qual a Instituição ou Estabelecimento de Ensino que frequenta: _______________________________

 ________________________________________________________________________________________________

2. SEXO:  1 Masculino 2 Feminino

3. ESTADO CIVIL:  Solteiro(a)  Casado(a) / União de Facto   Divorciado(a) / Separado(a)  Viúvo

4. IDADE: _____ Anos 5. PROFISSÃO: ___________________________________________________________

6. N.º ANOS DE ESCOLARIDADE: ____________________ 7. CURSO: __________________________________

8. RELIGIÃO: _______________________________ 9. ETNIA: _______________________________________

I  –   SWLS - Seguidamente vai ler 5 afirmações com as quais pode concordar ou não. Utilize aescala de 1 a 7 para indicar a sua concordância com cada afirmação. Coloque uma cruz nonúmero apropriado na linha à frente a cada afirmação. A escala de 7 pontos é a seguinte:

1 2 3 4 5 6 7

Discordototalmente Discordo Discordo

ligeiramente

 Neutro,não concordo,nem discordo

Concordoligeiramente Concordo Concordo

totalmente

1. Em muitos campos a minha vida está próxima do meu ideal ……........…........  1 2 3 4 5 6 7

2. As minhas condições de vida são excelentes ………………......………...…....  1 2 3 4 5 6 7

3. Estou satisfeito com a minha vida ………………....……………......................  1 2 3 4 5 6 7

4. Até ao momento tenho alcançado as coisas importantes que quero para a minha vida 1 2 3 4 5 6 7

5. Se pudesse viver a minha vida de novo não mudaria quase nada ……….........  1 2 3 4 5 6 7

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II  –  FS - Apresentam-se seguidamente 8 frases com as quais pode concordar ou discordar. Utilize aescala de 1 a 7 para, à frente de cada frase, indicar o seu grau de concordância com a mesma.Responda fazendo uma cruz (X) em cima do número que considerar adequado.

1 2 3 4 5 6 7

DiscordoFortemente

Discordo DiscordoLigeiramente

 NãoDiscordo

 NemConcordo

ConcordoLigeiramente

Concordo ConcordoFortemente

1 Levo uma vida com objectivos e significado .......................................... 1 2 3 4 5 6 7

2 Os meus relacionamentos sociais apoiam-me e recompensam-me ......... 1 2 3 4 5 6 7

3 Estou envolvido e interessado nas minhas actividades diárias ................ 1 2 3 4 5 6 7

4 Contribuo activamente para o bem-estar e a felicidade dos outros ….....  1 2 3 4 5 6 7 

5 Sou capaz e competente nas actividades que são importantes para mim 1 2 3 4 5 6 7

6 Sou uma boa pessoa e levo uma vida boa …….......................................  1 2 3 4 5 6 7

7 Sou optimista a propósito do futuro ………............................................  1 2 3 4 5 6 7

8 As pessoas respeitam-me ......................................................................... 1 2 3 4 5 6 7

III  –  PST- Avalie como se sentiu durante as últimas quatro semanas. Utilize a escala de 0 a 4 paraavaliar o grau em que sentiu cada emoção ou sentimento. Para cada frase faça uma cruz “X” emcima do número que melhor representa o grau em sentiu essa emoção ou sentimento.

1. Até que ponto se sentiu alegre, divertido ou bem-disposto? ………..………..  0 1 2 3 4

2. Até que ponto se sentiu zangado, irritado ou aborrecido? ................................ 0 1 2 3 4

3. Até que ponto se sentiu envergonhado, ridicularizado ou humilhado? ............ 0 1 2 3 44. Até que ponto se sentiu admirado ou espantado? ............................................. 0 1 2 3 4

5. Até que ponto sentiu desdém ou desprezo? …..................................................  0 1 2 3 4

6. Até que ponto sentiu repugnância, aversão ou repulsa? ................................... 0 1 2 3 4

7. Até que ponto se sentiu envergonhado, embaraçado ou corou? ....................... 0 1 2 3 4

8. Até que ponto se sentiu grato ou agradecido? ................................................. 0 1 2 3 4

9. Até que ponto sentiu culpa ou arrependimento? ............................................... 0 1 2 3 4

10. Até que ponto sentiu ódio, desconfiança ou suspeição? ................................... 0 1 2 3 4

11. Até que ponto sentiu esperança, optimismo ou encorajamento? ……………..  0 1 2 3 4

12. Até que ponto se sentiu inspirado ou entusiasmado? ……...............................  0 1 2 3 4

13. Até que ponto sentiu interesse, alerta ou curiosidade ....................................... 0 1 2 3 4

14. Até que ponto sentiu alegria ou felicidade? ...................................................... 0 1 2 3 4

15. Até que ponto sentiu amor, proximidade ou confiança? ................................... 0 1 2 3 4

16. Até que ponto se sentiu que se sentiu orgulhoso, confiante e seguro? ............. 0 1 2 3 4 

0 1 2 3 4 Nada Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente

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Marta Susana Freire da Silva Becalli –  Caminho para o Florescimento: satisfação com a vida, emoções positivas eotimismo em adultos

17. Até que ponto se sentiu triste, em baixo ou infeliz? ......................................... 0 1 2 3 4

18. Até que ponto se sentiu assustado ou medroso? …….......................................  0 1 2 3 4

19. Até que ponto se sentiu sereno, calmo e em paz? ……….................................  0 1 2 3 4

20. Até que ponto se sentiu stressado ou nervoso? …….........................................  0 1 2 3 4

IV- ELOT - Responda a cada uma das seguintes perguntas fazendo uma cruz (X) em cima de umdos números da escala que está à frente de cada frase. Indique o seu grau de concordância comcada uma dessas frases utilizando a escala de 1 (Discordo bastante) a 5 (Concordo bastante).

1 2 3 4 5Discordo bastante

Discordo Não concordonem discordo

Concordo Concordo bastante

Considere o modo como tem pensado e como se tem sentido no último mês. Seja o mais preciso e honesto possível e, tente não deixar que as suas respostas a uma questão influenciemas suas respostas noutras questões. Não existem respostas certas nem erradas.

1. É sempre bom ser-se franco …………..……………………….....................  1 2 3 4 5

2. É melhor não ter grandes esperanças porque provavelmente ficareidesapontado ………………………………………………………………...  1 2 3 4 5

3. Em alturas de incerteza, habitualmente, espero que aconteça o melhor ……  1 2 3 4 5

4. Raramente espero que aconteçam coisas boas ……………………………...  1 2 3 4 5

5. Quando existe a probabilidade de algo me poder correr mal, issohabitualmente acontece …………………………………………………...  1 2 3 4 5

6. Vejo sempre os acontecimentos pelo seu lado mais positivo ……………...  1 2 3 4 57. A honestidade é sempre a melhor solução ………………………………….  1 2 3 4 5

8. Estou sempr e optimista em relação ao meu futuro …………………………  1 2 3 4 5

9. É importante para mim manter-me ocupado ………………………………  1 2 3 4 5

10. Quase nunca espero que as coisas ocorram do modo que eu desejo ……….  1 2 3 4 5

11. Quando começo algo novo, espero ter sucesso …………………………….  1 2 3 4 5

12. As coisas nunca acontecem do modo que eu quero ………………...………  1 2 3 4 5

13.  Não me aborreço facilmente ………………………………………………  1 2 3 4 5

14. Se tomar uma decisão, posso contar à partida que irá ser uma má decisão .. 1 2 3 4 515. Quando há vontade há um caminho ………………………………………...  1 2 3 4 5

16. Raramente espero que as coisas me boas me aconteçam …………………..  1 2 3 4 5

17 É sensato lisonjear as pessoas importantes 1 2 3 4 5