calçadistas incrementam receita com franquias, …...bilidade do negócio, para que um não...

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Negócios SEXTA-FEIRA, 12 DE AGOSTO DE 2016 DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS 6 Petrobras lucrou R$ 370 mi no 2º tri PETRÓLEO E GÁS Vanessa Stecanella Jéssica Kruckenfellner São Paulo [email protected] A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 370 milhões no segundo trimestre, queda de 30% em relação ao mesmo pe- ríodo do ano passado. No ano, a estatal acumula prejuízo de R$ 876 milhões ante lucro lí- quido de R$ 5,86 bilhões no primeiro semestre de 2015. Segundo o diretor finan- ceiro da companhia, Ivan Monteiro, resultado foi im- pactado por aumento de des- pesas com o novo Programa de Demissões Voluntárias (PDV), impairment de ativos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em função da reavaliação do projeto, e pela devolução de blocos na fase exploratória. Entre abril e junho, o lucro antes de juros, impostos, de- preciação e amortização (Ebit- da, em inglês) ajustado somou R$ 20,3 bilhões ante R$ 19,8 bi- lhões registrado um ano antes. O Ebitda acumulado pela com- panhia no primeiro semestre foi de R$ 41,4 bilhões, estável no confronto anual. A receita operacional ultra- passou R$ 71,3 bilhões no se- gundo trimestre, recuo de 10,8% ante o mesmo intervalo de 2015. De janeiro a junho, a receita somou R$ 141,7 bi- lhões, uma retração de 8%. A companhia também divul- gou ontem dados de produção no mês passado. A estatal pro- duziu 2,89 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) em julho, levemente abaixo dos 2,90 milhões boed de um ano antes. Desse total, 2,70 milhões boed foram pro- duzidos no Brasil. A produção média de petró- leo, em julho, foi de 2,29 mi- lhões de barris por dia (bpd), em linha com o mês anterior, que foi de 2,30 milhões bpd. Desse total, 2,20 milhões bpd foram produzidos no Brasil e 0,09 milhão bpd no exterior. Planos Monteiro garantiu à jornalistas que a meta de desinvestimen- tos de US$ 15,1 bilhões até o fi- nal deste ano está mantida. Ele falou ainda que o processo de venda da BR Distribuidora foi remodelado para um controle compartilhado e que há inte- ressados na Liquigás. Ele também disse que os in- vestimentos podem ficar abai- xo dos R$ 20 bilhões previstos inicialmente. “Os investimen- tos ficaram abaixo do orçado no primeiro semestre e mesmo com uma alta no segundo se- mestre, é possível que fique abaixo [do previsto]”, afirmou. O aguardado Plano de Negó- cios da Petrobras deve ser di- vulgado até o final de setem- bro, informou o novo diretor de estratégia da companhia, Nelson Luiz Costa Silva. Emplacamentos caem 31,13% de janeiro a julho, diz Anfir IMPLEMENTOS O setor de implementos ro- doviários registrou o emplaca- mento de 37,429 mil unidades entre janeiro e julho, queda de 31,13% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, in- formou Associação Nacional dos Fabricantes de Implemen- tos Rodoviários (Anfir). "Acredito que chegamos a um ponto de inflexão na cur- va de queda" afirmou, em nota à imprensa, o presiden- te da Anfir, Alcides Braga. O dirigente se arrisca ainda em projetar uma melhora da atividade em breve. "Diante dos sinais de volta da con- fiança na economia, podere- mos observar nos próximos meses um início de recupera- ção que reduziria o resultado negativo do setor", destacou ele, no comunicado. O segmento leve, de carro- ceria sobre chassis, sentiu mais a retração, com queda de 37,99% nos primeiros sete me- ses do ano ante o mesmo in- tervalo do ano passado, para 22,725 mil unidades. No seg- mento de veículos pesados, re- boques e semirreboques, a en- tidade apontou queda de 16,92% na base anual, para 14,704 mil unidades. "A parte da economia ligada ao comércio e serviços nas ci- dades ainda não apresentou qualquer sinal de recuperação da crise o que explica a queda generalizada em todos os seto- res no segmento Carroceria so- bre Chassis", observou o dire- tor executivo da entidade, Mario Rinaldi, em nota envia- da ontem para a imprensa. A Anfir informou também que as exportações do setor entre janeiro e julho deste ano somaram 2,191 mil unidades, um crescimento de 24,07% em um ano. /Agências Consultor avalia que as estratégias de gigantes do setor, como Grendene, Alpargatas e Arezzo, são válidas em momentos de crise, levando inovação e soluções mais completas ao consumidores Calçadistas incrementam receita com franquias, lojas próprias e acessórios BENS DE CONSUMO Ana Carolina Neira São Paulo [email protected] O design e a qualidade dos calçados brasileiros já são re- conhecidas, mas gigantes co- mo Grendene, Alpartagas e Arezzo também buscam elevar os ganhos com franquias, acessórios e lojas próprias. Vale tudo para ampliar a receita em situação de crise econômica, dizem especialis- tas ouvidos pelo DCI. Mas o diretor do Instituto de Estu- dos e Marketing Industrial (Iemi), Marcelo Prado, desta- ca que inovar ainda é garan- tia de negócio. “É uma estra- tégia para momentos de crise que pode ser bem sucedida caso a marca consiga ofere- cer inovação e soluções com- pletas para o consumidor”. A Alpargatas, dona da Ha- vaianas, vem apostando na abertura de lojas próprias e franquias. No primeiro se- mestre deste ano, a marca contava com 532 franquias, ante 504 um ano antes. Já as lojas próprias saltaram de 32 para 37 no período. A fabri- cante brasileira também in- vestiu na oferta de chaveiros, óculos e capas para celulares da marca de chinelos. Entre janeiro e junho deste ano, a Alpargatas obteve re- ceita de R$ 1,13 bilhão, alta de 13% frente ao mesmo in- tervalo do ano passado. Segundo o presidente da companhia, Márcio Utsch, o resultado na primeira etapa deste ano foi melhor que o esperado, o que elevou as ex- pectativas para 2017. “O bom desempenho do período de- ve-se ao reforço de nichos, es- toque mais robusto e correção de deficiências em distribui- ção”, explicou o executivo em teleconferência com analistas. Para o coordenador da pós-graduação em Gestão Es- tratégica do Ibmec, Luiz Bar- bieri, buscar a diversificação de produtos e de pontos de vendas é muito positivo. “É uma estratégia para seguir crescendo em um mercado que, como todos os outros, foi afetado pela retração. Mas no caso de marcas ícones, como a Havaianas, é preciso ter aten- ção para que a identidade da marca não seja perdida e o car- ro-chefe não saia perdendo”. Bolsas e chaveiros perfuma- dos também entraram com força em canais multimarcas e lojas próprias da Melissa, pro- duzida pela Grendene. A com- panhia teve receita líquida de R$ 883 milhões no primeiro se- mestre, impulsionada pela alta de 5,7% no volume vendido entre abril e junho. Sem falar no reajuste de preços 2,3% também no segundo trimestre Na visão de Prado, esse é um caminho clássico: agregar va- lor, recompor margens, sair da briga de preço e estimular o consumo. “Com o poder de compra reduzido, o consumi- dor que pensava em comprar dois pares de sapato compra apenas um, mas vê uma novi- dade e tem curiosidade. Assim, cria-se uma oportunidade de maior gasto. Às vezes os aces- sórios garantem uma margem tão boa quanto os próprios calçados”, reforça. A Grendene não ficou só na venda combinada de produtos. A Melissa contava com 216 lo- jas próprias em junho, 30 uni- dades a mais em relação ao mesmo mês do ano passado. M u l t i m a rc as A ampliação do canal de ven- das também é aposta da Arez- zo. Na semana passada, o pre- sidente da empresa, Alexandre Birman, afirmou que está tra- balhando para ampliar os clientes (lojistas) multimarcas e melhorar as vendas nessas unidades, “em meio ao am- biente desafiador no canal”. “Houve queda na confiança dos lojistas e, por consequên- cia, redução das encomendas”, disse ele, em teleconferência para detalhar os resultados. O executivo comentou, po- rém, que, ao mesmo tempo em que avançam as investidas so- bre canais multimarcas, a Are- zzo continua abrindo lojas próprias. “são uma grande ave- nida de crescimento para o nosso negócio”, ponderou. Na visão de Barbieri, essa é uma situação que deve ser avaliada já que lojas próprias possuem vantagem por ofere- cer uma variedade maior de produtos, podendo abalar re- vendedores. “O risco dessa di- versificação está na sustenta- bilidade do negócio, para que um não rivalize com o outro”, acrescentou o professor. FOTOS: DIVULGAÇÃO Fachada da loja da Arezzo no Shopping Iguatemi, região nobre da cidade de São Paulo Galeria Melissa, na Rua Oscar Freire, capital paulista

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NegóciosSEXTA-FEIRA, 12 DE AGOSTO DE 2016 � DIÁRIO COMÉRCIO INDÚSTRIA & SERVIÇOS6

Petrobras lucrou R$ 370 mi no 2º tri

PETRÓLEO E GÁS

Vanessa StecanellaJéssica KruckenfellnerSão Paulor e d ac a o @ d c i . c o m . b r

� A Petrobras registrou lucrolíquido de R$ 370 milhões nosegundo trimestre, queda de30% em relação ao mesmo pe-ríodo do ano passado. No ano,a estatal acumula prejuízo deR$ 876 milhões ante lucro lí-quido de R$ 5,86 bilhões noprimeiro semestre de 2015.

Segundo o diretor finan-ceiro da companhia, IvanMonteiro, resultado foi im-pactado por aumento de des-pesas com o novo Programade Demissões Voluntárias(PDV), impairment de ativosdo Complexo Petroquímicodo Rio de Janeiro (Comperj),em função da reavaliação doprojeto, e pela devolução deblocos na fase exploratória.

Entre abril e junho, o lucro

antes de juros, impostos, de-preciação e amortização (Ebit-da, em inglês) ajustado somouR$ 20,3 bilhões ante R$ 19,8 bi-lhões registrado um ano antes.O Ebitda acumulado pela com-panhia no primeiro semestrefoi de R$ 41,4 bilhões, estávelno confronto anual.

A receita operacional ultra-passou R$ 71,3 bilhões no se-gundo trimestre, recuo de10,8% ante o mesmo intervalode 2015. De janeiro a junho, areceita somou R$ 141,7 bi-lhões, uma retração de 8%.

A companhia também divul-gou ontem dados de produçãono mês passado. A estatal pro-duziu 2,89 milhões de barris deóleo equivalente por dia(boed) em julho, levementeabaixo dos 2,90 milhões boedde um ano antes. Desse total,2,70 milhões boed foram pro-duzidos no Brasil.

A produção média de petró-leo, em julho, foi de 2,29 mi-lhões de barris por dia (bpd),em linha com o mês anterior,

que foi de 2,30 milhões bpd.Desse total, 2,20 milhões bpdforam produzidos no Brasil e0,09 milhão bpd no exterior.

PlanosMonteiro garantiu à jornalistasque a meta de desinvestimen-tos de US$ 15,1 bilhões até o fi-nal deste ano está mantida. Elefalou ainda que o processo devenda da BR Distribuidora foiremodelado para um controlecompartilhado e que há inte-ressados na L i q u i g á s.

Ele também disse que os in-vestimentos podem ficar abai-xo dos R$ 20 bilhões previstosinicialmente. “Os investimen-tos ficaram abaixo do orçadono primeiro semestre e mesmocom uma alta no segundo se-mestre, é possível que fiqueabaixo [do previsto]”, afirmou.

O aguardado Plano de Negó-cios da Petrobras deve ser di-vulgado até o final de setem-bro, informou o novo diretorde estratégia da companhia,Nelson Luiz Costa Silva.

Emplacamentos caem 31,13%de janeiro a julho, diz Anfir

IMPLEMENTOS

� O setor de implementos ro-doviários registrou o emplaca-mento de 37,429 mil unidadesentre janeiro e julho, queda de31,13% em relação ao mesmointervalo do ano passado, in-formou Associação Nacionaldos Fabricantes de Implemen-tos Rodoviários (Anfir).

"Acredito que chegamos aum ponto de inflexão na cur-va de queda" afirmou, emnota à imprensa, o presiden-te da Anfir, Alcides Braga.

O dirigente se arrisca aindaem projetar uma melhora daatividade em breve. "Diantedos sinais de volta da con-fiança na economia, podere-mos observar nos próximosmeses um início de recupera-ção que reduziria o resultadonegativo do setor", destacouele, no comunicado.

O segmento leve, de carro-

ceria sobre chassis, sentiumais a retração, com queda de37,99% nos primeiros sete me-ses do ano ante o mesmo in-tervalo do ano passado, para22,725 mil unidades. No seg-mento de veículos pesados, re-boques e semirreboques, a en-tidade apontou queda de16,92% na base anual, para14,704 mil unidades.

"A parte da economia ligadaao comércio e serviços nas ci-dades ainda não apresentouqualquer sinal de recuperaçãoda crise o que explica a quedageneralizada em todos os seto-res no segmento Carroceria so-bre Chassis", observou o dire-tor executivo da entidade,Mario Rinaldi, em nota envia-da ontem para a imprensa.

A Anfir informou tambémque as exportações do setorentre janeiro e julho deste anosomaram 2,191 mil unidades,um crescimento de 24,07% emum ano. /Agências

Consultor avalia que as estratégias de gigantes do setor, como Grendene, Alpargatas e Arezzo, sãoválidas em momentos de crise, levando inovação e soluções mais completas ao c o n s u m i d o re s

Calçadistas incrementam receita comfranquias, lojas próprias e acessóriosBENS DE CONSUMO

Ana Carolina NeiraSão Pauloa n a n e i ra @ d c i . c o m . b r

� O design e a qualidade doscalçados brasileiros já são re-conhecidas, mas gigantes co-mo Gre n d e n e , Alpartagas eA rez zo também buscam elevaros ganhos com franquias,acessórios e lojas próprias.

Vale tudo para ampliar areceita em situação de criseeconômica, dizem especialis-tas ouvidos pelo DCI. Mas odiretor do Instituto de Estu-dos e Marketing Industrial(Iemi), Marcelo Prado, desta-ca que inovar ainda é garan-tia de negócio. “É uma estra-tégia para momentos de criseque pode ser bem sucedidacaso a marca consiga ofere-cer inovação e soluções com-pletas para o consumidor”.

A A l p a rg a t a s, dona da Ha -va i a n a s, vem apostando naabertura de lojas próprias efranquias. No primeiro se-mestre deste ano, a marcacontava com 532 franquias,ante 504 um ano antes. Já aslojas próprias saltaram de 32para 37 no período. A fabri-cante brasileira também in-vestiu na oferta de chaveiros,óculos e capas para celularesda marca de chinelos.

Entre janeiro e junho desteano, a Alpargatas obteve re-ceita de R$ 1,13 bilhão, altade 13% frente ao mesmo in-tervalo do ano passado.

Segundo o presidente dacompanhia, Márcio Utsch, oresultado na primeira etapadeste ano foi melhor que oesperado, o que elevou as ex-pectativas para 2017. “O bom

desempenho do período de-ve-se ao reforço de nichos, es-toque mais robusto e correçãode deficiências em distribui-ç ã o”, explicou o executivo emteleconferência com analistas.

Para o coordenador dapós-graduação em Gestão Es-tratégica do Ib m e c , Luiz Bar-bieri, buscar a diversificaçãode produtos e de pontos devendas é muito positivo. “Éuma estratégia para seguircrescendo em um mercadoque, como todos os outros, foiafetado pela retração. Mas nocaso de marcas ícones, como aHavaianas, é preciso ter aten-ção para que a identidade da

marca não seja perdida e o car-ro-chefe não saia perdendo”.

Bolsas e chaveiros perfuma-dos também entraram comforça em canais multimarcas elojas próprias da Melissa, pro-duzida pela Grendene. A com-panhia teve receita líquida deR$ 883 milhões no primeiro se-mestre, impulsionada pela altade 5,7% no volume vendidoentre abril e junho. Sem falarno reajuste de preços 2,3%também no segundo trimestre

Na visão de Prado, esse é umcaminho clássico: agregar va-lor, recompor margens, sair dabriga de preço e estimular oconsumo. “Com o poder de

compra reduzido, o consumi-dor que pensava em comprardois pares de sapato compraapenas um, mas vê uma novi-dade e tem curiosidade. Assim,cria-se uma oportunidade demaior gasto. Às vezes os aces-sórios garantem uma margemtão boa quanto os própriosc a l ç a d o s”, reforça.

A Grendene não ficou só navenda combinada de produtos.A Melissa contava com 216 lo-jas próprias em junho, 30 uni-dades a mais em relação aomesmo mês do ano passado.

M u l t i m a rc asA ampliação do canal de ven-das também é aposta da Arez-zo. Na semana passada, o pre-sidente da empresa, AlexandreBirman, afirmou que está tra-balhando para ampliar osclientes (lojistas) multimarcase melhorar as vendas nessasunidades, “em meio ao am-biente desafiador no canal”.

“Houve queda na confiançados lojistas e, por consequên-cia, redução das encomendas”,disse ele, em teleconferênciapara detalhar os resultados.

O executivo comentou, po-rém, que, ao mesmo tempo emque avançam as investidas so-bre canais multimarcas, a A re -z zo continua abrindo lojaspróprias. “são uma grande ave-nida de crescimento para onosso negócio”, ponderou.

Na visão de Barbieri, essa éuma situação que deve seravaliada já que lojas própriaspossuem vantagem por ofere-cer uma variedade maior deprodutos, podendo abalar re-vendedores. “O risco dessa di-versificação está na sustenta-bilidade do negócio, para queum não rivalize com o outro”,acrescentou o professor.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Fachada da loja da Arezzo no Shopping Iguatemi, região nobre da cidade de São Pau l o

Galeria Melissa, na Rua OscarFreire, capital paulista