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04 - Editorial Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Caminhada pela Vida22 - Semana de... Paulo Rocha24 - Dossier Diocese de Viana, 40 anos26 - Entrevista D. Anacleto Oliveira

60 - Multimédia62 - Estante64 - Agenda66 - Vaticano II68 - Por estes dias70 - Programação Religiosa71 - Minuto Positivo72 - Liturgia74 - Fundação AIS76 - LusoFonias

Foto de capa: Agência ECCLESIAFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração:Quinta do Bom PastorEstrada da Buraca, 8-121549-025 LISBOATel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Nunca mais aguerra![ver+]

Os números doCentenário emFátima[ver+]

40 anos deDiocese de Viana[ver+] D. António Moiteiro | Paulo Rocha |Octávio Carmo | Fernando CassolaMarques | Manuel Barbosa | TonyNeves | Paulo Aido

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Lições dos mortos para os vivos

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

A semana que acaba agora ficou marcada pelosvários gesto de homenagem e oração, no caso doscrentes, pelos que já partiram. Como tão bem disseo Papa Francisco, é um dia de esperança comlágrimas, o dos fiéis defuntos, uma celebração que étambém um desafio para toda a humanidade.A melhor homenagem que podemos fazer aos quenos precederam é aceitar as lições que nostransmitiram, com a sua vida e com a sua morte,tantas vezes trágica e evitável. Foi muito grande opreço que muitos homens e mulheres tiveram depagar às mãos da loucura humana, da guerra, dafome, do desprezo pela vida, para que a sua mortese tenha de continuar a repetir sem cessar naquelesque se lhes seguiram.Muito particularmente, no caso da guerra, é precisoevitar que novas tragédias globais se repitam.Valeria a pena perguntarmo-nos qual é o objetivo dehaver armas capazes de destruir a humanidade. Aquem é que isso interessa? Porque é que não hácapacidade de evitar que tal aconteça? Até quandovai ser legítimo pensar no “poder dissuasor” de umatal força de destruição? Quando deixaremos de vera guerra como sinal de força no discurso político ena afirmação global das “potências” internacionais?O nosso destino não é caminhar para o abismo, maspara o infinito. Essa convicção de fé, para quem écristão, não dispensa a aprendizagem das lições dopassado e o respeito mais absoluto pela memóriados que nos procuraram deixar um mundo melhor enão puderam, porque as forças do mal se lhessobrepuseram. É uma luta que ultrapassa a própriahistória e que exige o empenho de todos os queacreditam no Bem.

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Oito vítimas mortais em Manhattan. Donald Trump volta a falar emGuantánamo e pede pena capital para o autor do ataque. Há um mês, umtiroteio em Las Vegas provocou 58 mortos e mais de 500 feridos. Atirador

tinha um arsenal consigo. Na ocasião, a proliferação de armas na sociedadeamericana não incomodou Trump. Foto: Reuters / Andrew Kelly

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Embora nós sintamos um pudor naturalperante a exposição da intimidade deduas figuras públicas, estes são oscasos em que não podemos virar acara, fechar os olhos ou deixar deexpor publicamente o quão desprezíveltem sido o comportamento de ManuelMaria Carrilho ao longo de todo oprocesso, numa tentativa sistemática dedestruir a ex-mulher, mesmo que paraisso tenha também de destruir a vidados seus dois filhos.João Miguel Tavares, 2.11.2017,Público A Espanha unida faz falta ao mundo,aos Estados que formou, ao Suleuropeu, à paz e à segurança globaisem evidente perigo. Os sintomas deque o contágio é um perigo sãoevidentes...Adriano Moreira, 2.11.1017, Diário deNotícias O facto de Portugal estar na moda temé de servir para potenciar e alavancaras oportunidades competitivas e osmodelos de negócio que atraemcompradores para os produtosportugueses e turistas para os nossosmelhores destinos.Manuel Serrão, 1.11.2017, Jornal deNotícias

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Centenário levou milhões aFátima, Santuário Global

O Santuário de Fátima estima emcerca de 50 milhões de pessoas osparticipantes nas celebraçõesreligiosas do ciclo comemorativo doCentenário das Aparições, entre2010 e 2017, anunciou a instituiçãoem conferência de imprensa.O padre Carlos Cabecinhas, reitor

da instituição, disse que esteperíodo confirmou a "dimensãomundial de Fátima", como Santuárioe como Mensagem, com umaparticipação que “superou” asexpectativas “mais otimistas”. “Avariedade de proveniências deperegrinos que, a cada ano,acorrem a Fátima,

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comprova que este é, de facto umSantuário global”, disse oresponsável, aludindo, emparticular, a “aumento significativo”de peregrinos estrangeiros.No total, estima-se que tenhampassado pelo santuário mais de 70milhões de pessoas entre finais de2010 e outubro de 2017.Nestes anos decorreramconferências, cursos, simpósios econgressos, concursos, exposiçõese espetáculos que mostraram a“atualidade” da Mensagem deFátima, traduzida em particular nascelebrações religiosas e nasperegrinações.O destaque foi para a “grandeperegrinação” de 12 e 13 de maio,presidida pelo Papa, com acanonização dos Santos Franciscoe Jacinta Marto.Já o vice-reitor do Santuário deFátima anunciou esta quinta-feiraque a instituição católica distribuiumais de 10 milhões de euros emajuda social e apoio à Igreja emPortugal, no ciclo de comemoraçõesdo Centenário das Aparições, entre2010 e 2017.O padre Vítor Coutinho sublinhou,em conferência de imprensa, que ofinanciamento nestas duas “áreasespecíficas” ascendeu a 5,2milhões de euros em apoios decaráter social em Portugal eestrangeiro e a 4,8

milhões de euros em ajudas à IgrejaCatólica em Portugal.O encontro com os jornalistas foidedicado ao balanço do programacelebrativo do Centenário dasAparições que decorreu entre 2010e 2017.O Santuário de Fátima informou queos projetos e iniciativas do programacelebrativo tiveram um custo de 1549 225 euros, a que se somaramdespesas diretas com a visita papalde maio deste ano, num total de 560425 euros.O padre Vítor Coutinho observouque “muitos destes projetosestiveram sujeitos a negociações”com artistas e autores, com “algumaconfidencialidade” nos contratosespecíficos.Neste balanço não estão incluídasas intervenções de obras no novoaltar e na Basílica de NossaSenhora do Rosário de Fátima.O padre Carlos Cabecinhas realçouque estas são obras que não estão“diretamente dependentes” doCentenário das Aparições e que aopção do Santuário tem sido “nãodivulgar os custos” dosinvestimentos, face à “indefinição”que permanece em volta de“questões tributárias” ligadas àConcordata.

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Papa associa-se a Caminhada pela Vida2017O Papa Francisco enviou umamensagem aos promotores daCaminhada pela Vida 2017,marcada para este sábado emAveiro, Lisboa e Porto, evocando a“batalha contra o aborto, eutanásiae demais atentados à vida humana”.“O Papa Francisco envia a suasaudação aos participantes nainiciativa, nascida da consciênciacristã nacional moralmente sensívelà promoção e defesa da vida,contra a cultura do descarte, guiadapor uma lógica económica queexclui e por vezes mata”, refere umamensagem enviada através daNunciatura Apostólica em Lisboa eassinada pelo cardeal PietroParolin, secretário de Estado doVaticano.No texto, enviado à AgênciaECCLESIA, o Papa manifesta odesejo de que “apareçam cada vezmais homens e mulheres de boavontade que abracemcorajosamente a verdade e valorque cada ser humano tem paraDeus”, sustentando a sua posição“com factos e razões científicas emorais num dramático apelo àrazão, para se voltar ao respeito decada vida humana”.A 7ª edição da Caminhada,organizada pela FederaçãoPortuguesa Pela Vida (FPV), temcomo objetivo “dar

testemunho público da defesa dodireito à vida desde a conceção atéà morte natural”. Na capitalportuguesa, a iniciativa tem início noLargo Camões, pelas 15h00, etermina em frente a Assembleia daRepública.O tema da Caminhada de 2017 será‘Sempre Pela Vida’ e tem comoespecial enfoque a eutanásia.A organização adianta que ainiciativa vai retomar a campanha“Toda Vida tem Dignidade” que deuorigem a petição com o mesmonome que está neste momento a serdebatida no Parlamento.A presidente da FPV sublinhou ementrevista à Agência ECCLESIA aintenção de reforçar a “dignidade davida humana” desde o seu “início aofim”, num tempo em que ela “estáem perigo”.

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AIC celebrou 25 anos de históriaA Associação de Imprensa deInspiração Cristã celebrou estesábado os 25 anos no X Congressoe foi desafiada por D. Nuno Brás aser voz do “país esquecido” e dequem olha de uma forma cristã arealidade.Para o bispo auxiliar de Lisboa emembro da Comissão Episcopal daCultura, Bens Culturais eComunicações Sociais há um “paísque merece ser ouvido” epermanece distante dos media,nomeadamente as regiões dointerior.D. Nuno Brás acrescentou emdeclarações à Agência ECCLESIAque o “país cristão” é também um“país esquecido” e que tem depassar nos média de inspiraçãocristã. “É necessário dar voz a essepaís enorme, que está muito longede ficar apenas pelos ambientesrurais, da pequena imprensa, mas éum o país missionário e que querolhar de uma forma cristã arealidade”, disse o bispo auxiliar deLisboa.A AIC celebrou os 25 anos dehistória no encerramento do XCongresso, que decorreu emAlmada, entre os dias 26 e 28, eanalisou o tema “A meio da ponterumo ao futuro – Modelos editoriaise empresariais para a imprensa deinspiração cristã”.Na sessão de encerramento,

o presidente da direção da AIC disseque o Congresso “representa ummarco na história da associação” edesafia a “novos modelos decomunicação, de organização e deempresa”. “Nobre tarefa que nosimpele a arregaçar as mangas”,disse o padre Elísio Assunção,acrescentando que é preciso “juntarforças para travar combates queestão no terreno”.O padre Elísio Assunção lembrouque é necessário mudar a “lei deimprensa que está ultrapassada” eque deverá responder às “questõeslevantadas pelas novas tecnologias”.O professor universitário EduardoCintra Torres disse na conferênciade encerramento que é necessáriocriar um “agregador único deconteúdos” do setor, dominado porpoucos “grossistas”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Setúbal: Peregrinação diocesana levou milhares de pessoas a Fátima

Bragança-Miranda: Diocese vai acolher mosteiro de monjas trapistas

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Com a guerra perdemos tudo

O Papa assinalou a comemoraçãodos fiéis defuntos com uma Missano Cemitério Americano de Neptuno,em Roma, local onde estãosepultados os soldados norte-americanos que caíram nacampanha de Itália, na II GuerraMundial. Na sua homilia, Franciscodeixou um forte apelo ao fim daguerra no mundo, a dizer

“não mais” ao “massacre inútil” devidas humanas, que custou a vida atantos seres humanos, jovens,“milhares e milhares e milhares” depessoas.“Hoje quando o mundo está outravez em guerra e se prepara para umconflito ainda mais forte. Não mais,Senhor, não mais! Com a guerra

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perdemos tudo”, frisou.Para o Papa, se a celebração dosfiéis defuntos representa “um dia deesperança”, pelos cristãosacreditarem que os seus entesqueridos estão junto de Deus, étambém uma “jornada de lágrimas”.Lágrimas por todos aqueles que nomundo sofrem com os conflitos,“que a humanidade não deveesquecer”, mas que parece “tardarem aprender a lição”."Quantas vezes na História oshomens recorreram à guerraconvencidos de que ela os ajudariaa trazer um mundo novo, umaprimavera; e tudo acabou eminverno, feio, cruel, num reino doterror e morte”, questionouFrancisco.O Papa pediu às comunidadescristãs para rezarem “por todos osmortos”, sobretudo pelos jovens que– como os que acabaram nocemitério de Neptuno – tombamtodos os dias em batalha, numaguerra amarga”. “Rezemos pelosmortos de hoje, vítimas da guerra,também as crianças inocentes. Éeste o fruto da guerra: a morte. Queo Senhor nos conceda a graça dechorar”, exortou.Antes da Eucaristia, o Papa deixouramos de flores em várias dascampas dos soldados americanosque tombaram durante a campanha

de Itália da II Grande Guerra, entre1943 e 1945. Francisco visitou –tal como fez Bento XVI em 2011 - asFossas Ardeatinas, em Roma,voltando a colocar flores no local.O gesto evoca as vítimas domassacre levado a cabo pelasforças nazis em 1944, quando 335civis e militares italianos, váriosdeles judeus, foram fuzilados pelasforças alemãs em represália a umatentado que matou 33 soldadosgermânicos.Juntamente com o rabino-chefe deRoma, Riccardo Di Segni, e após ummomento de oração em hebraico, oPapa rezou ao “Deus de Jesus”, aoDeus de Abraão, de Isaac e deJacob”, Deus que se compadececom “qualquer povo que sofre amiséria”.“Deus dos rostos e dos nomes das335 pessoas abatidas aqui, a 24 demarço de 1944, cujos restos mortaisrepousam aqui”, disse.Francisco recordou os “nomes erostos” de cada um dos que aliforam mortos, 12 dos quaispermanecem por identificar. “Para Ti[Deus], ninguém é umdesconhecido”, acrescentou.A intervenção concluiu-se com umamensagem contra “o egoísmo e aindiferença”.

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Santos, cemitérios e morteO Papa Francisco alertou para asconsequências da guerra, navéspera de evocar em Roma asmortes do segundo conflito mundial,lamentando que a humanidade nãoaprenda com o passado. “Asguerras só produzem cemitérios emorte: eis porque quis dar estesinal, num momento em que a nossahumanidade parece não teraprendido as lições ou que não asquer aprender”, declarou, após arecitação do ângelus na solenidadede Todos os Santos.Hoje, o Papa preside à Missa, apartir das 11h30, em sufrágio peloscardeais e bispos que morreram noúltimo ano.A Igreja Católica evoca a memóriados fiéis defuntos, um dia depois deassinalar a festa de Todos osSantos; as comunidades recolhem-se em oração e muitos visitam oscemitérios onde foram sepultadosos seus familiares e amigos. Nassuas catequeses sobre aesperança, que se concluíram háuma semana, o Papa Franciscodedicou várias reflexões ao tema damorte.“Toda a nossa existência se jogaaqui, entre a encosta da fé e

o precipício do medo”, assinalou.O Papa sublinhou a “esperança”dos católicos diante da morte, porcausa da fé na ressurreição. “Esta éa nossa esperança diante da morte.Para quem acredita, é uma portaque se abre de par em par; paraquem duvida é uma brecha de luzque se infiltra por uma porta quenão se fechou completamente. Masserá para todos nós uma graça,quando esta luz, do encontro comJesus, nos iluminar”, defendeu.O Papa convidou os católicos arecordar “com gratidão” os entesqueridos que já faleceram e a rezarpor eles. “Que a Mãe de Deus,rainha dos santos e porta do céu,interceda pelo nosso caminho desantidade e pelos nossos caros quenos precederam e já partiram para apátria celeste”, acrescentou.

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Devolver alma à Europa, rejeitandoextremismosO Papa Francisco defendeu noVaticano a participação dos cristãosna política para dar nova “alma” àEuropa, rejeitando os extremismos.“[Os cristãos] são chamados a darnovamente alma à Europa, adespertar a consciência, não paraocupar espaços, mas para animarprocessos que gerem novosdinamismos na sociedade”,declarou, falando perante osparticipantes da Conferência ‘(Re)thinking Europa. Uma contribuiçãocristã ao futuro do projeto europeu’,promovido pela Comissão dosEpiscopados da ComunidadeEuropeia (COMECE).Até domingo, o congresso daCOMECE reuniu mais de 350representantes dos vários Estados-membros, não só da Igreja Católicae várias confissões cristãs, mastambém responsáveis políticos,deputados, embaixadores e figurasdo mundo académico e dasociedade civil.O Papa apontou o dedo a um “umcerto preconceito laicista” que nãoentende o valor positivo da religião,“preferindo restringi-la a uma esferameramente privada e sentimental”.“Encontram assim terreno fértil emmuitos países as formações extremistas e populistas que fazemdo protesto o coração da suamensagem

política, sem todavia oferecer aalternativa de um construtivo projetopolítico”, advertiu.Francisco evocou a herança cristãna Europa, hoje em dia marcada poruma pluralidade de culturas e dereligiões, recordando a figura deSão Bento, para quem “não existemfunções, existem pessoas”. “Éjustamente este um dos valoresfundamentais que o cristianismotrouxe: o sentido da pessoa,constituída à imagem de Deus”,precisou.O Papa sublinhou que, nestaperspetiva, a Europa não é umsomatório de números ou deinstituições, mas “é feita depessoas”. “A comunidade é o maiorantídoto aos individualismos quecaracterizam o nosso tempo, àtendência difusa hoje no Ocidentede se conceber e viver na solidão”,prosseguiu.

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Francisco condena «loucura homicida» do terrorismo

Papa desafia cristãos a devolver «alma» à Europa, rejeitando extremismos

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Convite à participação na 1ªCaminhada Solidária Pela Vida emAveiro

António Manuel MoiteiroRamos, Bispo de Aveiro

Convido toda a Diocese a participar na 1ªCaminhada Solidária pela Vida, que se realizaráno dia 4 de novembro, às 16.00h., no Cais daFonte Nova, em Aveiro, iniciativa que se associaà jornada nacional da Caminhada Pela Vida, queocorrerá, também, em Lisboa e no Porto.Sob o lema «Toda a vida tem dignidade», estaCaminhada, que ocorrerá, pela primeira vez, emAveiro, propõe-se manifestar, publicamente, queé dever de todos e de cada um cuidar da vidahumana em todas as suas fases e condições,permitindo dar, deste modo, um sinal alegre evivo de que as gentes de Aveiro cuidam, comdedicação e carinho, de todos os seus. Bemrecorda o Papa Francisco que «um ser humanoé sempre sagrado e inviolável, em qualquersituação e em cada etapa do seudesenvolvimento.» (Evangelii Gaudium 213).Atendendo ao cariz solidário conferido a estainiciativa, todos os donativos oferecidos pelosparticipantes permitirão apoiar a ADAV Aveiro –Associação de Defesa e Apoio da Vida , umaIPSS de iniciativa de cidadãos que, desde 2000,se dedica a ajudar jovens mães de toda a regiãode Aveiro e respetivos bebés e famílias edefender a dignidade da vida humana, em todasas suas fases e condições.Nos últimos 8 anos (2010-2017), a ADAV – Aveiroapoiou 242 grávidas, 14 delas menores de 18anos e 553 famílias com filhos até 3 anos. Esteapoio

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foi dado não só em génerosalimentícios, leite para bebés,fraldas e roupa, mas também emapoio jurídico, apoio de dentista ede preparação para o parto. Foramapoiadas 1323 crianças.Em tempos de desafio, em que avida parece reduzida à condição dedescartável ou menos digna de servivida quando marcada pelafragilidade, a participação nesta

caminhada solidária pela vida seráum sinal da unidade de todos emdefesa de todos, sem abandono deninguém. Nesta caminhada como nacaminhada da vida, ninguém deveser deixado para trás. Todosmerecem o cuidado, conforto eacompanhamento dos outros.Fazermo-nos próximos é um deverde todo o cristão a quem, por isso,convoco para esta iniciativa que sepropõe fins tão nobres.

Cardeal-patriarca apoia «Caminhada pela Vida»

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Estão vivos os meus mortos!...

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Ao longo do dia, a procura de algumas ideiaspara partilhar na “Semana de…” foi acontecendoà medida que se repetiam imagens de violênciadesumana em muitos ecrãs, destes dias…Confesso que, mais do que escrever a “Semanade…”, fiquei com “vontade de…”Um ou dois passos atrás, três segundos parapensar e é melhor voltar à “Semana de…”,cuidando de um quotidiano feito de pessoasconcretas, familiares, amigos e colegas, desituações bem reais onde cada um tem de dar oseu melhor, construir “passo-a-passo”, nacerteza de que viver é “fazer juntos um caminho”.E, afinal, são essas dimensões da vida quemerecem ser homenageadas, quando a mortenos separa de quem viveu e conviveu, foiparceiro ou adversário, capaz de construir a pazou nunca tendo outra habilidade que não fossesemear ódio, negar toda possibilidade deconstruir o belo e de, em conjunto, ter a belezanum horizonte a desenhar.Diante de tradições que tomam a vida como umsusto e ridicularizam a morte, é necessárionovamente dar uns passos atrás e parar. Nãosegundos, mas minutos, para fixar o sentido davida e da morte, o princípio e o fim, o nascer e aglória. Porque é nesse todo que se tem de olhara morte, os que morreram e já não estão numquotidiano feito de venturas e desventuras.Sobretudo quem é próximo. Os que me sãopróximos e me marcaram profundamente. Tantoque sou capaz de dizer “Estão vivos os meusmortos”. E digo-o com o padre João AguiarCampos que tantas vezes o diz a respeito dosque já partiram e estiveram/estão na sua vida. Éesse texto que transcrevo porque, referindo-se àmorte, diz tudo sobre a vida.

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Nunca me despedi completamente: o amor não deixa…Quem ama pode ausentar-se, boiar por uns tempos na neblina eno silêncio, ou acampar provisoriamente no deserto. Masdespedir-se…Quem ama é incapaz de se despedir completamente. Por issodiz «Volto já», «É por pouco tempo», «O tempo passadepressa», «Vou escrever ou telefonar centenas de vezes aodia», «Vou estar sempre a pensar em ti».Às vezes parece que pelo menos a faca da morte corta tudo oque se teve ou viveu. Mas não. A morte apenas separa, nãomata.Lavo-me, por isso, na água da saudade e da espera; procurovozes e risos que guardei intactos; aspiro o perfume do vaporonde ferveram conversas e sonhos; aconchego-me a umacamisola sem corpo, como se nela habitassem ainda os braçosque me abraçaram.Estão tão vivos os meus mortos!...

Padre João Aguiar Campos

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A Diocese de Viana do Castelo 2017 está a celebrar os seus40 anos de fundação desta e começa hoje a viver um

Ano Jubilar, com a abertura da Porta Santa na Sé.O aniversário está em destaque nesta edição

do Semanário ECCLESIA, com uma entrevistaao bispo da diocese do Alto Minho,

D. Anacleto Oliveira, e um retrospetiva históricasobre o momento que levou à decisão

do Papa Paulo VI em 1977. Um trabalho realizadoem colaboração com o Semanário ‘Notícias de Viana’.

A 3 de novembro de 1977, Paulo VI erigiu canonicamentea Diocese de Viana do Castelo, no território que constitui

o Distrito de Viana, separando-a da Arquidiocese de Braga,pela Constituição Apostólica ‘Ad aptiorem populi Dei’.

A área da diocese, com 2255Km2, coincide com território civildo distrito de Viana do Castelo, contando 291 paróquias

e uma população de 241 mil habitantes,dos quais 216 900 são católicos (89,88%).

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Celebrar uma Diocese adultaA Diocese de Viana do Castelo assinala os seus 40 anos de criação, dataque vai ser comemorada através de um programa que se prolonga até 2020.D. Anacleto Oliveira aborda à Agência ECCLESIA os principais motivos edesafios que se colocam à Igreja Católica no Alto Minho, projetando o futurode uma diocese que se quer adulta.

Entrevista conduzida por Carlos Borges

Agência ECCLESIA (AE) – ADiocese de Viana assinala o seu40.º aniversário com um ano jubilar.Espera que este seja um tempopropício essencialmente para quê?D. Anacleto Oliveira (AO) – Para nosalegrarmos, em primeiro lugar, epara agradecer. Muita gente écapaz de perguntar porque os 40anos e não os 50? Para quemconhece a Bíblia, 0 número 40 é onúmero por excelência. Nos 40 anosdo Povo de Deus no deserto, foi aíque se construíram as bases deexistência do Povo de Israel. A meuver, é algo que tem a ver com aprópria existência humana e,revendo a história da diocese,estamos a chegar a uma idade emque finalmente se adquiriu umaidade adulta, isto é, tem pessoas,tem estruturas que se foramconstruindo lentamente, tem jámuito um sentido

diocesano. Por isso, pareceu-memuito oportuno que déssemos umaimportância especial a estacelebração dos 40 anos,como ponto de chegada, atéporque passamos pelo período maisatribulado – comparando com aexistência humana, do nascimento edo crescimento – e estamos numaidade em que começam a aparecerproblemas novos, uma certamonotonia, e precisamos derevitalizar a diocese e preparar umafase nova da sua existência. AE - A Carta Pastoral «Somos Igrejaque Agradece» é apresentada comovoluntariamente pastoral einstrutivamente bíblica. Porquê?AO – Agradecer é, talvez, dosverbos que aparece mais nareflexão bíblica, dar graças. Euconsidero uma das expressões maisbelas da fé, que, em si, é umagraça. Parte de Deus, que toma ainiciativa.

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Se é uma das formas mais belas deviver a fé, é evidente que através dagratidão, expressa de diversasmaneiras, nós estamos a realizaralgo que faz de nós mais Igreja,mais Povo de Deus. A Igreja é maisIgreja na medida em que dá graçasa Deus por aquilo que recebe dele. AE – É neste sentido que se vaiabrir uma Porta Santa da Gratidão?AO – A Porta Santa é umanovidade, porque até ao Jubileu daMisericórdia

só existia em Roma. Como o SantoPadre, o Papa Francisco, deuoportunidade de, em cada diocese,haver uma ou várias portas santas.Por acaso, tínhamos uma porta quenão estava aberta, habitualmente, eaproveitamos a oportunidade para aembelezarmos e para lhe darmosoutra dimensão. É evidente que,sendo uma Porta Santa, ecelebrando um ano jubilar, eu diria,um ano santo, ao nível diocesano,nada mais normal do que,simbolicamente, abrirmos a porta,durante todo o ano.Posso comunicar que já temos apromessa da possibilidade deindulgência plenária, por parte deRoma. Teremos as mesmas graçasque são concedidas à Igreja em AnoSanto. Daí essa porta que é abertano primeiro dia do ano jubilar e seráfechada no último dia. AE - A diocese é convidada aagradecer e a fazer memóriadurante este ano em particular.Quem é que se destaca nestepercurso?AO – Nós celebramos este anojubilar com um programa pastoralque está muito concentrado nestapalavra, agradecimento, massempre sob o impulso de figurasmarcantes para a existência dadiocese. Nós

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privilegiamos duas figuras.Uma, a do Beato Paulo VI, porquefoi ele o criador da diocese e é umPapa pelo qual vai crescendo aadmiração, que teve uma vida muitobela e, simultaneamente, muitoatribulada. É o Papa do Concílio, darenovação da Igreja, dos novostempos. Para nós é uma graçatermos sido criados como diocesepor alguém que tem um papel tãoimportante na vida da Igreja, que jáfoi beatificado. Sabemos que oPapa Francisco tem uma grandeadmiração por ele, esperamos queseja em breve também canonizado.Nunca tendo

estado aqui, é uma figura que acabapor marcar, é o pai, aquele que deuo impulso para que a diocese fossediocese.Cerca de 450 anos antes, temos aoutra figura: o Beato Bartolomeudos Mártires, que temos a graça deestar sepultado entre nós. Foi umafigura que deu um impulso enormepara que o Alto Minho seja hoje umadiocese, ele investiu aqui muita dasua atividade pastoral. Amouprofundamente Viana, de talmaneira que nos últimos anos dasua vida, depois de ter sidodispensado dos seus afazeresarquiepiscopais em Braga, escolheuViana, o convento que ele própriomandou construir, para passar osúltimos oito anos de vida e para ficarsepultado. Por sua vontade.Eu considero-o o primeiro bispo deViana, porque efetivamente foi bispode Viana sendo arcebispo de Braga,e até agora o único a estarsepultado aqui. É uma figura muitoimportante para nós, também pelasua atividade pastoral, que é muitosemelhante à do Papa PauloVI, mutatis mutandis. É também umpadre do Concílio, reformador, comofoi o Concílio de Trento, participouna última sessão, teve intervençõesmuito duras, humanamente, emordem à reforma

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e à renovação da Igreja, e teve desofrer muito por causa disso,também. De certo modo, é um mártirda renovação que ele próprioimpulsionou, naturalmente guiadopor Deus e pelo Espírito Santo.Estas são duas figuras que, nãofazendo propriamente parte dadiocese, devido ao papel quetiveram na história da Igreja no AltoMinho, devido ao seu perfil,merecem da nossa parte umareflexão, uma consideração e umaimitação. São pessoas quecontinuam a alimentar a diocese. AE - Frei Bartolomeu dos Mártires éum beato cada vez mais conhecidona diocese? A sua canonizaçãoneste ano jubilar seria ouro sobreazul?AO – Eu ainda tenho umaesperança maior: que sejam os dois[Frei Bartolomeu e Paulo VI]. Nósvamos recebendo informações doque se está a passar com osprocessos. Em relação aBartolomeu dos Mártires houve umapausa, houve dificuldades, porqueas coisas já deveriam estarresolvidas, em princípio.O Papa manifestou a D. JorgeOrtiga (arcebispo de Braga) umdesejo muito grande de ser ele acanonizá-lo, porque entretantoconheceu a figura,

e as coisas estão a processar-se nosentido de ser canonizado nesteano pastoral. Claro que seria ourosobre azul. Será então um motivopara darmos mais graças a Deus. AE - Vão também fazer memória doprimeiro bispo da diocese, D. JúlioTavares Rebimbas, com atransladação dos restos mortais.Porque este gesto, qual o seusignificado?AO – Em primeiro lugar, comoprimeiro bispo da diocese – emboratenha falecido como bispo do Porto -, ele tem o direito de estar sepultadona catedral diocesana, é um direitoque lhe cabe. Sabemos, tambématravés de testemunhos de pessoasque conviveram com ele, quemanifestou esse gosto, esse desejo,de um dia ser sepultado em Vianado Castelo.Quando faleceu, em 2010, é claroque não estávamos preparadospara isso. Deixamos passar estetempo, à procura de umaoportunidade que nos parecessemais significativa. Então, nadamelhor do que isso acontecer nos40 anos, quando a diocese atinge aidade adulta que ele próprio ajudoua criar – com o seu entusiasmo, asua simplicidade, o seu amor a estadiocese.Acho que tem um sentido enorme

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isso acontecer neste ano jubilar, equeremos D. Júlio TavaresRebimbas mais junto de nós, eleque agora está junto de Deus. Atrasladação acontece num dia muitosignificativo, no dia litúrgico em queele tomou posse da diocese, emque ele realmente se tornou bispoda diocese, na festa da Epifania doano de 1978. Está tudo programadopara que nesse dia ele volte a serrecebido na diocese onde entrou há40 anos. AE - O ano jubilar começa tambémcom uma ordenação sacerdotal eduas diaconais. Qual a importânciadas ordenações e que testemunhorepresentam para os jovens?AO – Para qualquer diocese, aordenação de um sacerdote ésempre um acontecimento derelevo. A diocese vive de Cristo-sacerdote, vive também daquelesque participam no sacerdócioministerial de Jesus Cristo. Ésempre um momento alto.Graças a Deus, desde que estouaqui todos os anos tem havidoordenações sacerdotais, não emgrande número, poucos, mas bons.É um acontecimento interessante,até porque esta ordenação teve deser adiada e acaba por ser umacoincidência agradável.

Já a ordenação dos diáconosacontece no dia habitual, no últimodia da Semana da Diocese. É umacontecimento que vem dar umrelevo ainda maior à vida diocesana,à comemoração dos 40 anos ecertamente que atrairá muitos maiscristãos à celebração de domingo,na Catedral.

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AE - Os Jotas de Viana sãoconhecidos no país. Como é que osjovens estão a viver a preparaçãopara o Sínodo dos Bispos de 2018?AO – Uma das coisas belas que euencontrei aqui em Viana, quandopara cá vim, foi a participaçãohabitual e às vezes com sacrifícios,de jovens, nas Jornadas Mundiaisda Juventude. Há aqui jovens quechegam de umas e começam apreparar as seguintes, porqueprecisam de meios monetários eoutras coisas. Mesmo que sejam emdatas de inverno, como serão aspróximas (Panamá, 2019), sei quehá jovens que farão tudo por tudopara estar lá.Agora vem um Sínodo que nosalarga os horizontes e sei que osnossos jovens já estão a participar,em diversos grupos, na reflexãosobre a pastoral juvenil. É umSínodo

extremamente oportuno, porque sehá faixa etária para a qual a Igrejaprecisa urgentemente de olhar, e deolhar muito, é para os jovens,incluindo já aí os adolescentes e pré-adolescentes. Estão na fase depassagem e é uma idade fulcralpara a existência humana, aexistência cristã. O futuro da Igreja,já o presente, depende muito daparticipação ativa desses jovens. AE - As Constituições finais doSínodo de Viana, umacontecimento-charneira, foramanunciadas a 8 de janeiro de2006. Que caminho fez a diocese eo que falta fazer?AO – O Sínodo foi, antes de mais,um acontecimento-charneira,porque nessa altura houve, isso édito explicitamente, a consciência deque a diocese estava a chegar auma idade juvenil, prestes a tomarnas suas

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próprias mãos o seu destino, acaminhar por si própria. Ou seja,estava-se a atingir um auge em quese precisavam de projetar novoscaminhos, em relação ao futuro.Houve a proposta de diversastemas, oito, e – para minhasurpresa, hoje – os cristãos dadiocese escolheram os temasfundamentais para a existência daIgreja: A formação, a celebração e acomunhão. São os três pilares daIgreja.Foi interessante, para mimpessoalmente significa que houve jáali a voz de Deus, a inspiração doEspírito Santo. Aí foram lançadasuma série de propostas, algumasdas quais foram assumidas – variamuito de paróquia para paróquia, dezona para zona.Essas propostas tiveram aceitaçãovariada, não perderam em nada asua atualidade, porque são temasnucleares, temas fundamentais paraa existência de uma Igrejadiocesana. Temos de continuar ainsistir nelas.Uma ou outra teve uma aceitaçãomuito rápida e entretanto arrefeceuum bocadinho, por exemplo a nívelda formação. Neste momentoestamos a passar por uma certacrise, porque não é o modelo deformação que é preconizado pelaIgreja, pelo Papa Francisco; antesera uma formação um tanto ouquanto

académica, intelectual, enquantohoje percebemos que a formaçãotem de ser integral, não pode serapenas uma aquisição deconhecimentos. Têm de serconhecimentos postos em prática,isso é que é uma formaçãocompleta. São temas que precisamde ser agora revistos, reatualizados,perante as novas necessidades quese notam na Igreja universal. Énessa linha que queremos queessas propostas sejam revitalizadas,com a energia própria do queconsideramos fundamental para aIgreja de hoje.

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AE - A palavra “periferia” continua aestar na ordem do dia, na Igreja ena sociedade. A diocese sente-seperiférica? E a sociedade vianenseem relação aos centro de decisão?AO – A periferia tem muitossignificados. Geograficamente,somos periféricos, é lógico, estamosna ponta do país. Quando o Papaveio cá, todos os bispos o queriamna sua diocese, e eu disse: “O Papaprivilegia os lugares periféricos e umdos lugares periféricos é Viana doCastelo”.Acho que, talvez as dioceses dointerior, por outras razões, sejammais periféricas. Em Viana, sentimoso problema da desertificação maisnos concelhos do interior. Em Viana,a população não tem descido, temaumentado ligeiramente. Ponte deLima também, Vila de Nova deCerveira.Não nos consideramos periféricos

no aspeto eclesial, longe disso,sentimo-nos perfeitamenteintegrados na Igreja portuguesa,damos tanta importância a Vianacomo damos a qualquer diocese dopaís. AE - Como é que a Igrejaacompanha a realidade dasociedade onde está inserida?Tivemos estes anos de criseeconómica, social, desemprego,emigração. Ou há uns anos, porexemplo, como acompanhou o casodos Estaleiros de Viana?AO – É claro que eu vou tentandoinformar-me, neste campo daEconomia, com muitas ramificações.Sei que depende muito, de concelhopara concelho, mas em Viana doCastelo tem havido um crescimentosuperior ao do resto do país. Éevidente que estamos atrasados,mas tem havido um investimentomuito grande em criar novos postosde

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trabalho, em trazer para aqui novasunidades fabris. A crise por que sepassou, com o fim dos estaleiros, eupenso que está superada. É aimpressão que tenho. Graçastambém aos responsáveis civis.Há outros aspetos, sempre sob oponto de vista económico, que nosdão uma certa esperança, que é oflorescer do turismo, a descobertado turismo rural. O Minho, semdesprimor para as outras zonas dopaís, para mim é a zona mais belapara passarmos férias, para nosdivertirmos. Mesmo sob o ponto devista agrícola, o vinho verde estácom um impulso enorme.

O futuro parece risonho, mas éevidente que continua a haver gentepobre, gente miserável, a viver narua, nomeadamente na cidade deViana. Isso exige uma atençãoespecial, mas tenho uma visão muitoesperançosa em relação ao futurodesta zona do país.Compete à Igreja ajudar naquilo quelhe é próprio, porque, embora emcampos diferentes, a sociedade civile a sociedade religiosa completam-se. O que é importante é que osresponsáveis saibam cooperar e,graças a Deus, de modo geral acooperação é muito boa.

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AE - Que competências eobstáculos, se podemos colocar apergunta desta forma, encontra nascomunidades católicas destadiocese?AO – Há o problema dadesertificação, de que falei hápouco, do interior, onde o númerode crianças e de jovens estáreduzido a zero, nalguns lugares,com muita gente no verão. Nessaaltura há festa por todos os cantose as aldeias transformam-secompletamente, com a chegada dosemigrantes. Agora, a residir

permanentemente... No futuro, eudiria que mesmo os jovens quese estão a formar vão sair. Hojequalquer jovem tem a hipótese detirar um curso superior e não vãovoltar para a aldeia enfiada lá noalto da serra, porque lá não têmhipóteses de poder exercer a suaprofissão. Esse é um aspeto quenos preocupa um bocadinho.Noutras comunidades, nota-se, aimpressão que tenho é que está asurgir uma nova geração que seimpõe

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nas suas paróquias, com uma vidanova, uma vida ativa. A nossaprincipal preocupação é ultrapassarum certo pessimismo que seinstaurou sobretudo nalgunssacerdotes, que viveram sobretudonum tempo de Cristandade, aqui emcima. Esses tempos estão adesaparecer: estou a lembrar-me deuma paróquia com 70 habitantesonde todos os domingos há 70pessoas na Missa, mas é umaexceção.A minha preocupação é aproveitaraquilo que há de bom, de muitobom, e novos sinais de vitalidade,nomeadamente até os que vêm defora, como os Caminhos deSantiago. A sociedade vem-nosmostrando que há muita gentesedenta de Deus, do sobrenatural.É preciso passar deste desencantoque se apoderou de algunssacerdotes mais idosos paraaproveitar o mínimo que houvernuma perspetiva positiva. Já hápárocos que estão a trabalhar muitobem, neste sentido.Dando um exemplo: a catequesefamiliar. Para nós é uma honra,porque ela nasceu em Viana ecoincidiu com a minha chegada àdiocese. O padre Vasco Gonçalves[atual chefe de

gabinete do bispo de Viana] trouxeesse modelo para o nosso país.Estou convencido que esse é omelhor modelo de catequese deinfância, já consagrado pelaConferência Episcopal, e há aquiparóquias que já o adotaram eestão a funcionar bastante bem.Outro ponto que me preocupa eonde temos de avançar muito sãoas chamadas unidades pastorais.Nós temos muitas paróquiaspequeninas, que não têm mais de50 habitantes, logo, não podem terum pároco nem no futuro poderãoter aqueles serviços que sãohabituais em cada paróquia,inclusivamente a Missa dominical.Isso cria dificuldades, porque aindahá um bairrismo entre as pessoas,apesar de isso estar ultrapassado anível escolar. A nível religiosodemora mais tempo e é precisohaver sacerdotes que queiramtrabalhar em equipa, que queiramcompletar-se mutuamente. É umapreocupação que temos, algo emque temos de investir, porque senão nos unirmos mais, a diocesenão terá futuro.

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AE – Que diálogo existe entre oprojeto diocesano e a religiosidadepopular que existe muito, ainda, noAlto Minho?AO – A nossa preocupação é“cristianizar” as expressões dereligiosidade popular, umapreocupação que já vem de longadata. Aliás, um dos maioresespecialistas do país é de Viana, opadre José da Silva Lima. Ele partiuexatamente pela experiênciapastoral que fez como pároco. Oque a Igreja propõe é realçar,reforçar os aspetos positivos quetem a religiosidade popular.Um exemplo: as pessoas estãomuito mais abertas àquilo que agente lhes transmite quando saemdo seu canto e se concentram numsantuário. Ninguém as obriga,reúnem-se espontaneamente, e sea gente lhes fala ao coração,aceitam com facilidade, estão muitomais sedentas. O próprio PapaFrancisco realça isso, quando falada religiosidade popular, que sesentava a observar as expressõesque via nas pessoas.Esse é um bem, se as pessoas vãoà procura de Deus, à procura dosobrenatural, à procura de sentidopara a sua vida, temos deaproveitar para lhes falar, nessasalturas,

porque estão especialmenterecetivas.Não está no nosso programapastoral dedicar-nos apenas a estetema, que é um tema transversal atudo. Falamos de formação, falamosde celebração. É evidente que emtudo isso temos de ter presentes aspessoas, com uma religiosidade comformas tradicionais que são muitoricas. AE – Como é a presença católica naprodução cultural que se faz aquino território?AO – É uma presença incentivada,embora talvez pudesse ser mais.Por exemplo, a Escola Teológicaestá a organizar, pelo segundo ano,a semana de estudos teológicos emcooperação com a escola superiorde enfermagem. É um sinal decooperação entre entidades quequerem atingir a mesma coisa. AE – O ano jubilar vai terminardaqui a um ano, 24 de novembro de2018. O que é que espera destecaminho?AO – Este é um ano jubilar inseridonum projeto pastoral de três anos.Uma Igreja que agradece não sepode fechar em si própria,agradecer significa viver a fé commais intensidade, enriquecer-se nasua

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energia cristã, e depois passar parafora.O segundo ano deste projeto vai serdedicado à evangelização; a Igrejatem depois de saber acolher no seuseio aqueles que evangeliza, paraque ela cresça e produza novosevangelizadores. Não é umprograma fixo, é um projeto, seruma Igreja que é verdadeiramentemãe.Para a evangelização, escolhemos opadroeiro secundário da diocese,São Teotónio, o primeiro santoportuguês e que nós consideramosum filho de Viana. Ele será o nossomodelo.O terceiro ano será sobre acompanhia daquela que é apadroeira principal da diocese,Nossa Senhora, sob a invocação deSanta Maria Maior, a da catedral.

AE – Uma última pergunta: como éque é ser bispo de Viana doCastelo?AO – É uma alegria. A sério, é umaalegria. Confesso que não conhecianada de Viana, vim aberto a tudo.Naturalmente, tem havidoproblemas, como é normal em cadadiocese, não há ninguém que osnão tenha, mas no fundo sinto-memuito realizado aqui, como bispo,porque vejo que sou bem acolhido.Eu amo profundamente estaspessoas e elas sabem isso. É umaocasião para desafios muitograndes, sob o ponto de vistacristão.Uma das coisas que aprendi comobispo, aqui em Viana, é que temosde dar tempo ao tempo.

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AE – Uma última pergunta: como é que é ser bispo de Viana do Castelo?AO – É uma alegria. A sério, é uma alegria. Confesso que não conhecia nada de Viana,vim aberto a tudo. Naturalmente, tem havido problemas, como é normal em cadadiocese, não há ninguém que os não tenha, mas no fundo sinto-me muito realizado aqui,como bispo, porque vejo que sou bem acolhido. Eu amo profundamente estas pessoas eelas sabem isso. É uma ocasião para desafios muito grandes, sob o ponto de vistacristão.Uma das coisas que aprendi como bispo, aqui em Viana, é que temos de dar tempo aotempo.

Bispos de Viana do CasteloAo celebrarmos os quarenta anos da fundação da nossa Diocese, o Sr.D. Anacleto, Bispo Diocesano, convida-nos a «dar graças a Deus».Respondendo ao seu convite, damos graças a Deus pelos muitos donsque concedeu e concede a esta Igreja Particular, através de tantosrostos que estiveram na sua origem e na sua estruturação ao longodestas quatro décadas. Damos graças a Deus, em concreto, pelos Bisposque, ao longo destes anos, marcaram e marcam a vida desta Igreja. D. Júlio TavaresRebimbas (1977-1982)D. Júlio Tavares Rebimbas nasceuna freguesia de S. Mateus deBunheiro, concelho da Murtosa, aesse tempo Diocese do Porto, em21 de janeiro de 1922. Foiordenado Presbítero em 29 dejunho de 1945, em Pardilhó. Em1946, foi nomeado Pároco deAvelãs de Cima e Avelãs deCaminho, em Anadia. Em 21 deoutubro de 1949, tornou-se Párocode Ílhavo. Em 1959, foi nomeadoVigário Geral da Diocese de Aveiro.No mesmo ano, foi nomeadomonsenhor pelo Papa João XXIII.Em 27 de setembro de 1965, foieleito, por Paulo VI, Bispo doAlgarve, tendo tomado parte naúltima sessão do ConcílioEcuménico Vaticano II. A 26 dedezembro do mesmo ano, foiordenado Bispo.No dia 01 de julho de 1972, foi eleitoArcebispo de Mitilene e Auxiliar do

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Cardeal Patriarca de Lisboa. Em 03de novembro de 1977, foi escolhidopelo Santo Padre Paulo VI paraprimeiro Bispo da Diocese de Vianado Castelo, tomando posse no dia 8de janeiro do ano seguinte,Solenidade da Epifania do Senhor.Em 12 de fevereiro de 1982, foinomeado Bispo do Porto, tomandoposse no dia 02 de maio de 1982.No dia 31 de junho de 1997, com anomeação de D. Armindo LopesCoelho para Bispo do Porto, foiaceite a sua resignação como Bispodo Porto. Faleceu no dia 6 dedezembro de 2010. D. Armindo LopesCoelho(1982-1997)D. Armindo Lopes Coelho nasceu a16 de fevereiro de 1931, em Regilde(Felgueiras), distrito do Porto. Foiordenado sacerdote a 1 de agostode 1954. Frequentou aUniversidade Gregoriana, em Roma,até 1959, tendo-se licenciado emFilosofia (1956) e em Teologia(1958).Em 1959, foi nomeado Prefeito eProfessor do Seminário do Porto,onde lecionou até 1974.Em 1970, foi nomeado Vice-Reitor do Seminário Maior do Porto,com exercício pleno da Reitoria,

e em 1975 foi nomeado Reitor,função que exerceu até 1979, dataem que foi nomeado Bispo Titular deElvas e Auxiliar do Porto. Recebeu aOrdenação Episcopal em 25 demarço das mãos de D. AntónioFerreira Gomes, então Bispo doPorto.Em 27 de setembro de 1982, foinomeado Bispo da Diocese deViana do Castelo, tendo tomadoposse em 8 de dezembro de 1982.Em 1991, foi encarregado de fazer

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a Visita Apostólica aos Semináriosda Província Bracarense, por parteda Congregação para osSeminários e Universidades. A 13 dejunho de 1997, foi nomeado Bispodo Porto, tendo tomado posse daDiocese em 29 de julho. Aresignação ao cargo foi aceite porBento XVI a 22 de fevereiro de2007, data em que D. ManuelClemente foi nomeado como novoBispo do Porto. Faleceu no dia 29de setembro de 2010. D. José Augusto MartinsF ernandes Pedreira(1997-2010)D. José Augusto Martins FernandesPedreira nasceu em Gondomil, noconcelho de Valença, distrito deViana do Castelo, no dia 10 de abrilde 1935. Entrou no Seminário deBraga em outubro de 1947 e foiordenado Presbítero, na Sé deBraga, em 12 de julho de 1959.Foi, depois, formador no SeminárioMaior de Braga, diretor e professordo Colégio do Minho, em Viana do Castelo e Professor da Escola doMagistério Primário, da Escola deEducadoras de Infância e da Escolade Enfermagem de Viana doCastelo (1975-1979). De 1978 a1983, foi

chancelersecretário da CúriaDiocesana e, em 1982, Promotor deJustiça do Tribunal Eclesiástico. Foiainda PróVigário-Geral da Diocese.No ano de 1971/72, esteve emLisboa onde concluiu o curso doISPA, tendo feito estágio dePsicologia na FundaçãoGulbenkian. Em 31 de dezembro de1982, foi eleito Bispo Titular deElvas e Auxiliar do Porto, tendo sidoordenado em Viana do Castelo, porD. Armindo Lopes

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Coelho, em 19 de março seguinte. A29 de outubro de 1997, foi nomeadoBispo de Viana do Castelo, cargoonde se manteve até ao seu pedidode resignação e consequentenomeação de D. Anacleto CordeiroGonçalves de Oliveira, em 2010. É,atualmente, Bispo-Emérito de Vianado Castelo. D. AnacletoCordeiro Gonçalves deOliveira (Bispo de Vianadesde 2010)D. Anacleto Cordeiro Gonçalves deOliveira nasceu a 17 de julho de1946, na freguesia das Cortes, emLeiria, tendo frequentado oSeminário daquela Diocese.Foi ordenado Presbítero no dia 15de agosto de 1970. Ainda comoseminarista, partiu para Roma, ondeobteve as licenciaturas em TeologiaDogmática e Ciências Bíblicas.Em Portugal, frequentou o Curso deHistória da Faculdade de Letras daUniversidade de Coimbra. Doutorou-se, depois, em Exegese Bíblica, naAlemanha, mais concretamente nacidade de Münster , onde chegou aser capelão de uma comunidade deemigrantes portugueses. Foi nomeado Bispo Auxiliar deLisboa em 04 de Fevereiro de 2005,com o título de Aquae Flaviae.Recebeu a

Ordenação Episcopal, no Santuáriode Fátima, no dia 24 de abril domesmo ano, pelas mãos de D.Serafim Ferreira e Silva, então Bispode LeiriaFátima. No dia 14 deagosto de 2010, tomou posse comoBispo de Viana do Castelo, para aqual havia sido nomeado no dia 11de junho. Na Conferência EpiscopalPortuguesa, foi Presidente daComissão Episcopal de Liturgia.Atualmente, faz parte do ConselhoPermanente.

texto e fotos:: Notícias de Viana

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Nascimento da Diocese do AltoMinhoNo dia 03 de novembro de 1977,sua Santidade o Papa Paulo VI, pelaConstituição Apostólica Ad aptiorempopuli Dei, separando daArquidiocese de Braga o territórioque constitui o distrito de Viana,erigiu canonicamente a Diocese deViana do Castelo.D. Júlio Tavares Rebimbas, umPastor bem testado, como Pároco eVigário Geral, em Aveiro, e, comoBispo, residencial no Algarve, e, atéentão, Bispo Auxiliar do Patriarcadode Lisboa, com o título de Arcebispode Mitilene, foi o escolhido paralançar mãos à obra de daridentidade e corpo à nova Igrejalocal.Separado o território era necessárioexecutar na prática o documentopapal, de acordo com a seu próprioarticulado. A Santa Sé encarregouMons. Ângelo Felici, NúncioApostólico em Portugal, de levar acabo a tarefa, tendo o Bispo eleitode Viana apresentado o Mons.Daniel José Machado Júnior, então,Vigário Episcopal, Arcipreste deViana do Castelo e Pároco deMonserrate.Na Constituição Apostólica, o SantoPadre, depois de justificar a criaçãoda nova Diocese ? ajudar commelhores auxílios o povo de Deusna sua caminhada eclesial epromover

com mais eficácia a ação pastoral adesenvolver no seu meio ? efundamentar a Sua decisão nospareceres obtidos da ConferênciaEpiscopal Portuguesa e naNunciatura Apostólica, determinouque é criada a Diocese de Viana,separando da de Braga o territóriocorrespondente ao distrito de Vianado Castelo; que a sede episcopalestá na cidade de Viana e a igrejade Santa Maria Maior é a Catedral;que a Diocese e o seu Bispo são,respetivamente, sufragâneos da SéMetropolitana de Braga e

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do Metropolita Bracarense; que ànova Diocese pertencem, comofonte de receitas, os emolumentosda Cúria, as ofertas livres dos fiéise, de acordo com o cânon 1 500 doCódigo Direito Canónico, a partedos bens que, até agora ligados aBraga, lhe dizem respeito; que sejaconstituído o Cabido, porém,“entretanto, em lugar dos membrosdaquele”, se escolham “ConsultoresDiocesanos que auxiliem o Bispocom o seu conselho e ação”;

que para o “regimen” eadministração da nova Diocese,bem como para a eleição do VigárioCapitular, direitos e deveres dosfiéis, se observem as leis canónicas;que a construção do Seminário e aeducação dos alunos sejam feitosde acordo com os documentos daSanta Sé; que quanto aosSacerdotes com nomeação anterior,fiquem incardinados na Diocese “emcujo adictos” àquela território detêmbenefício ou ofício

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eclesiástico”; e que os outrosSacerdotes, Clérigos e alunos doSeminário sejam consideradosadictos “àquela onde legitimamentevivem”. E acrescenta: “Ordenamosfinalmente que todos osdocumentos e atas de qualquermodo respeitantes à Diocese deViana do Castelo sejam transferidospela Cúria Bracarense para aaquela, que os guardaráreligiosamente no Arquivo”. Porúltimo, prescreve que o executordesta Constituição é o SenhorNúncio

Apostólico “ou um sacerdotedelegado por ele”, e recorda osseus deveres, manifestando odesejo de “que esta ConstituiçãoApostólica seja e venha a ser eficaz,quer agora quer no futuro, nãoobstante quaisquer disposições emcontrário”. A criação da Diocese de Viana doCastelo foi acolhida pelos cristãosdo Alto Minho, à volta do seu novoPastor, com estrondosa explosão dealegria e com manifesta e sentidagratidão,

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em expressões de veneração ecomunhão com a Sé de Pedro.Uma das preocupações do primeiroBispo de Viana - conhecedor dasdificuldades sentidas por ocasião dacriação de outras dioceses irmãs -,era que, antes da sua tomada deposse, tudo o que se relacionavacom a divisão dos bens, móveis eimóveis, entre as duas dioceses,estivesse ultimado, incluindo aprópria casa episcopal.Porque em Igreja se vive e trabalhaem comunhão, todas as instituiçõesenvolventes (Congregação para osBispos, Nunciatura Apostólica,Arquidiocese de Braga e Diocese deViana do Castelo) e seusconfigurantes jurídicos e eclesiaistrabalharam de boa fé emverdadeira expressão de comunhãode Igreja, cedendo de parte-a-parte,até chegarem àquilo que fora aproposta despretensiosa, masrazoável, do Bispo de Viana: “ficama pertencer, em posse plena, à novaDiocese de Viana do Castelo

todos os bens que, à data da suaerecção canónica, estejam na posseou no uso da Arquidiocese deBraga, da Mitra de Braga, ou dosSeminários de Braga, ou de outrasInstituições Arquidiocesanas efiquem situados dentro dos limitesda nova Diocese de Viana doCastelo”.Assim aconteceu. Depois de umafecunda correspondência epistolar,algumas outras propostasalternativas, muita reflexão e algunsrecursos, a Nunciatura Apostólica,em 24/07/1978, e a Arquidiocese deBraga, em 02/08/1978, informavamo Senhor D. Júlio Tavares Rebimbasacerca da aceitação definitiva dasua proposta e da autorização daSanta Sé, para outorgarem asrespetivas escrituras.A entrada solene e tomada deposse do primeiro Bispo da novaDiocese ocorreram no dia 08 deJaneiro de 1978. Foi um dia de festapara Viana do Castelo.

Diocese de Viana do Castelo Já nessa altura me empenhei na questão e, suponho, do modo maisadequado. Procurando reconhecer essa liberdade e de pensar de formadiferente, mas cada um manter a sua identidade. Ia a encontros onde sedefendia a criação [da Diocese de Viana] e ia a outros onde se defendia ocontrário. Procurava estabelecer pontes.D. Francisco Maria da Silva [ndr: arcebispo de Braga na altura] sabiadeste trabalho todo que eu realizava. Não lhe contava os pormenores,mas sabia que ia a essas reuniões. Tentava ser ponte para ultrapassarquestiúnculas. Tenho experiências maravilhosas desse período.D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga

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Abertura da Semana da Diocesejunto a Frei Bartolomeu dos MártiresD. Anacleto Oliveira, bispo de Vianado Castelo, presidiu à aberturasolene da Semana da Diocese, naigreja de São Domingos, onde estásepultado

o Beato Bartolomeu dos Mártires.Na sua homilia, D. Anacleto Oliveirofalou às crianças presentes, paralhes falar no “lugar muito especial”

Apelo a todos os diocesanos, sacerdotes, religiosos e religiosas erestantes fiéis a que participem neste programa. Se possível com apresença física. Se não, ao menos com outras expressões de comunhãoeclesial:- A comunhão pela oração, pessoal, familiar e sobretudo comunitária, emcelebrações eucarísticas ou outras, realizadas durante a semana daDiocese. Rezemos a oração composta para este ano jubilar (e seguintes),à disposição em vários formatos. E às intenções da oração dos fiéis dacelebração eucarística juntemos preces específicas pela Diocese. A oraçãoé para ela o pulmão imprescindível para respirar e viver.- A comunhão pelos donativos materiais. Exprimem comunhão, por serem,na sua maioria, fruto do trabalho e, como tal, da vida dos cristãos, a vidaque gastam pelos outros – a exemplo e com a graça de Cristo, que por nósentregou o seu Corpo na cruz e no-lo dá em cada Eucaristia. Daí aexortação de S. Paulo a que ofereçamos os nossos corpos como sacrifíciovivo, santo, agradável a Deus (Rom 12, 1).- A comunhão pela leitura e meditação dos mesmos textos, nomeadamenteda Sagrada Escritura, que nos orientem sobre o sentido de Igreja e nosincentivem a participar na sua vida. Sugiro, nesse sentido, as passagensbíblicas que comento e em que mais me baseio na Carta Pastoral SomosIgreja que Agradece, escrita para nos ajudar a viver o ano jubilar.Que o Senhor, em especial nessa semana, nos una na Igreja de que é Eleo verdadeiro Pastor, sob a proteção de S. Maria Maior, S. Teotónio e dosBeatos Bartolomeu dos Mártires e Paulo VI!

Viana do Castelo, 19 de outubro de 2017D. Anacleto Oliveira

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que ocupam no coração de Jesus.“Devemos também nós amar osoutros, guardando-os no nossocoração", acrescentou, numaintervenção enviada à AgênciaECCLESIA.No final da celebração, teve lugaruma visita à cela onde freiBartolomeu dos Mártires, o“arcebispo Santo" viveu os últimosanos da sua vida.Esta sexta-feira, dia da criação daDiocese, D. Anacleto Oliveira vaipresidir na Sé de Viana, pelas10h00, à celebração de abertura doAno Jubilar, durante a qual seráaberta a "Porta Santa da Gratidão".Após a Missa realiza-se umaAssembleia Diocesana do Cleroonde o padre José da Silva Lima vairefletir a Carta Pastoral ‘SomosIgreja que Agradece’.No próximo domingo, às

15h30, a Catedral recebe acelebração de ordenação de umsacerdote e de dois diáconos.As comemorações dos 40 anos dacriação da Diocese de Viana doCastelo vão ser vividas comdiversas iniciativas e destaca-se atransladação dos restos mortais doprimeiro bispo da Diocese, D. JúlioTavares Rebimbas, a 7 de janeiro,“no mesmo dia litúrgico da suaentrada na diocese” e da solenidadeda Epifania do Senhor.

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Sonho de autonomia foi «fermentovivo que os séculos conservaram»O padre Manuel Correia Quintas, de83 anos, foi uma figura essencial noprocesso de criação da Diocese deViana do Castelo, e destaca umterritório cuja “autonomia” já “estavana mente” das comunidadescatólicas locais ainda antes daoficialização da mesma, a 03 denovembro de 1977, por decreto doPapa Paulo VI.Durante vários séculos, entre 1514e 1977, o território eclesiástico quehoje é conhecido como a Diocesede Viana do Castelo, hoje comcerca de 250 mil habitantesdistribuídos por 291 paróquias,esteve integrado na Arquidiocese deBraga, já depois de vários períodosde indefinição relativamente à suapertença.“Integrado, portanto, na Diocese deBraga, o povo alto minhoto foiassimilando, ponderando aaceitando que os bens poderiam serde Tuy, de Ceuta, de Braga ou deoutra qualquer terra desde que aautonomia de Viana continuasse aser respeitada. E Braga respeitou”,realça o sacerdote numa entrevistaao jornal ‘Notícias de Viana’,integrada no 40.º aniversário dacriação da Diocese de Viana doCastelo.

Desde cedo, o sonho da autonomiafoi um “fermento vivo que os séculosconservaram e Braga nãoconseguiu destruir”.“A diocese em potência, com sedeem Viana, estava na mente dosaltos minhotos” e foi nesse sentidoque 31 anos depois da suaanexação a Braga, e “com ainterferência de D. João III”, foipedido “à Santa Sé a criação deuma diocese que abrangesse osterritórios entre Minho e Lima.“Os mesmos que o Papa Leão Xtinha oferecido a Braga de mãobeijada. Viana não se deitou nalavrada. Era de esperar…” salientao padre Manuel Correia Quintas,que na sua investigação nãoconseguiu encontrar “eco” históricodeste primeiro pedido masdescobriu uma segunda petição aRoma, datada de 1926.Desta vez, envolvia uma propostade diocese tendo como “limitesidiossincráticos o território entre osrios Cávado e Minho”.“E nessa data, o pedido não erapara entreter; a convicção estava láe era mesmo para valer. Foi por issoque, sem resposta positiva até1964, Viana do Castelo relembrou opedido

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a Roma”, por intermédio do “padreJosé Fernandes de CarvalhoArieiro”, destaca o sacerdote.A intervenção do padre José deCarvalho Arieiro, num “trabalhohistórico-pastoral muito bemfundamentado”, seria decisiva

no reforço das sementes da futuradiocese do Alto Minho,complementado pelo trabalho do“Eng.º José Luís Silva Dias”, algunsanos mais tarde, já com base nos“documentos conciliares do VaticanoII”.

Fotografia de Pe. Ricardo CorreiaNotícias de Viana

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“Chegados à segunda metade doséculo XX, não foi a história ou obairrismo que impeliu os crentes deViana do Castelo a insistir comRoma. Nessa altura, a motivaçãopastoral foi a mola real. A hora eramesmo aquela”, frisou o padreManuel Correia Quintas.A 03 de novembro de 1977, aDiocese de Viana do Castelo seriafinalmente uma realidade, na óticadas comunidades do Alto Minho,através da bula Ad Aptiorem populiDei, assinada pelo Papa Paulo VI.Esta altura constituiu também ummarco para a missão do padreManuel Correia Quintas, que desdeos tempos de aluno no SeminárioConciliar de Braga tinha feito suatambém esta causa, fazendoinclusivamente parte de um grupochamado “Colónia de Viana”.“Não era um conspirador, mas umconvívio de candidatos aosacerdócio integrados na e para aArquidiocese de Braga. Não erauma maneira desligada de convivercom todos, mas um interior impulsode ser vianense convívio entrecolegas que eram de Guimarães,Celorico de Basto, Terras de Bouroou Fafe”, frisa o sacerdote. “Ali vivi e vivemos quatro anos afalar de Viana, do Rio Lima, daSerra d’Arga,

dos abades da terra natal e –porque não? – da Diocese de Vianado Castelo”, acrescenta ainda,puxando pela memória pararecuperar o momento em que, jásacerdote ordenado há 20 anos,escutou finalmente o anúncio dacriação da nova diocese, através daRádio Renascença.“Eu estava colado ao rádio,aguardando as doze horas e trintaminutos que noticiariam a diocese(…) Tinha a meu lado o sacristão daAreosa para tocar um prolongadorepenique de sino. No fim dorepenique, dei-lhe uma nota de vinteescudos e expliquei-lhe o motivo dotoque. Nesse dia com a criação dadiocese, acabou a Colónia deViana”, complementa.O padre Manuel Correia Quintassublinha no entanto que, durante oseu percurso pastoral integrado naArquidiocese de Braga, o sonho deuma diocese própria nunca colocouem causa o seu trabalho.“Numa lutei contra ninguém e muitomenos contra um bispo, a quemprometi obediência sacra. Sempreobedeci, cumprindo a promessafeita no altar. Mas este cumprimentonão me privou, por vezes, de pensardiferente”, diz o sacerdote.Por outro, lado, assegura que“entrou

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na causa da diocese porquepercebeu a tempo e horas que estenão era um sonho de visionários”,antes uma necessidade real dascomunidades locais.O sonho de “um bispo próximo dorebanho”, de um “futuro” que tinhameios de “subsistência para seaguentar”.“E a prova está à vista: o bispodeixou de ser um Senhor de longe epassou a ser um Pastor de perto.Era o que fazia falta há 50 anos noAlto Minho”, sustenta o padreManuel Correia Quintas.40 anos depois da concretizaçãodeste objetivo, o sacerdote nãoesquece aqueles que - tal como ele- sofreram na pele a defesa destacausa, como o padre JoséFernandes de Carvalho Areeiro, que“foi demitido de todos os cargos naSacrossanta Arquidiocese PrimacialBracarense”, ou “o padre ArturCoutinho, ameaçado de não serordenado”.“A clandestinidade é obra desúbditos inconformados, submundode descontentes, truque de não-alinhados e esconderijo derevoltados. A clandestinidade cheiraa traição e lembra deslealdade. Masquero acrescentar aqui que, à luzda fé, a clandestinidade foi igual afidelidade à Igreja”, sublinha osacerdote.Sobre o futuro da Diocese de Viana

do Castelo, quatro décadaspassadas, o padre Manuel CorreiaQuintas considera que durante estepercurso ela “cumpriu as trêsvertentes da essência da Igreja,anunciando a verdade, denunciandoos erros e partilhando valores”.Quanto à realidade das suascomunidades, “a diocese tem, comBraga, a maior taxa de frequênciacristã em Portugal”; revelou ao paíse ao mundo “três bispos das suasentranhas, D. Carlos Francisco, D.José Augusto e D. AntoninoEugénio”; e atualmente “tem mais deduas dezenas de seminaristas”, umcontexto vocacional de “fazer ciúmesa todas as dioceses de Portugal”.Ao mesmo tempo tem “assim seespera, Bartolomeu dos Mártires”próximo da “canonização” e “Mariada Conceição Pinto da Rochadeclarada venerável”.No entanto, há um caminho queainda é preciso fazer, ao nível dapastoral no terreno.“Na minha opinião, a militância aindanão merece vinte valores. O lugarde muitos e bons soldados que adiocese tem é na luta, no terreno,no campo de batalha e não à janelado quartel”, considera o padreManuel Correia Quintas.

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“Ser e Estar” no Sínodo Diocesano comoLeigoA palavra tem origem nogrego “synodos”, que, como todossabemos, significa: caminho feito emconjunto. Foi traduzida para o latimcomo “concilium”, que quer dizer:assembleia.Assim sendo, Sínodo Diocesano éuma assembleia que reúne leigos,consagrados e sacerdotes dessaIgreja Particular, escolhidos paraauxiliar o Bispo Diocesano noexercício da sua função, para o bemde toda a comunidade cristã. É umcaminho de reflexão, avaliação,renovação, planeamento eprogramação, feito em conjunto.Foi assim, nesta base, que o SínodoDiocesano de Viana do Castelosurgiu, considerado como umacontecimento de “primordialimportância para esta jovem Igreja”,e anunciado por D. José Pedreira a6 de Janeiro de 2001, na SéCatedral, durante a celebração deencerramento do grande Jubileu doAno 2000. A sua realização, noquadro das celebrações das Bodasde Prata da criação da Diocese,correspondeu, também, a um votoquase unânime do ConselhoPresbiteral, na sua reunião de 10 deMaio de 2000. Depois de um tempode reflexão e análise, as trêsAssembleias Sinodais,correspondentes a outras tantas

temáticas, realizaram-se ao longo doano de 2005, entre Fevereiro e ofinal de Outubro.Foi com grande alegria, empenho eresponsabilidade que todos osconvocados se dedicaram a estetrabalho. Acreditando que sim, quetodos somos Igreja, que todos temosum papel e um serviço a prestar aesta Igreja, na qual não existemfilhos prediletos, mas todos, comofilhos do mesmo Pai, se entregamda mesma forma ao seu serviço emprol do bem comum. Estava bempresente em todos o sentido decomunhão: uma comunhão onde adimensão societária é parteessencial e não acessório. Umacomunhão fundada não só naharmonia horizontal entre oscomponentes da Igreja, mas naação trinitária, cristológica esacramental na vida da mesmaIgreja. A Igreja é, como afirmaa Lumen Gentium citando SãoCipriano, ‘um povo unido à unidadedo Pai, do Filho e do Espírito Santo’.Para os leigos presentes acrescia aesta nova experiência aresponsabilidade sentida pelaconfiança depositada pelo seuPastor. Recordo, até com algumanostalgia, o empenho e o diálogocrítico e, por isso, construtivo que sevivia em todos os grupos detrabalho. A forma como todas aspropostas

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eram discutidas e votadas. Recordoas conversas de corredor, duranteos intervalos. Os sonhos projetados,uma ansiedade crescente econfiante em que algo mudaria paramelhor. O desejo de ver aplicar no“terreno” as preocupações e jáconclusões votadas e registadas emplenário.Lembro a alegria sentida, por todos,ao ouvir o Bispo Diocesano, D. JoséPedreira, proferir que era hora deserem “reconhecidas competências” de muitos dos participantes, numalarga maioria leigos. “Revelastes umprofundo sentido de Igreja, comonunca tínhamos imaginado ser jápossível nesta Igreja Diocesana”.Reconheceu ainda que ficoupatente uma “capacidadeextraordinária de análise dassituações dos nossos ambientes aevangelizar” e considerou queforam “exímios no discernimento daspropostas apresentadas para levaraté esses ambientes a mensagemde Cristo”.Ecoava dentro de cada um de nósas suas palavras: “A IgrejaDiocesana pode contar convosco evós também podeis contar com estaIgreja que crê, vive e trabalha emViana do Castelo, e com o seuPastor”.E, todos nós, os mesmos que aliestivemos, que ali nos sentámos

horas a fio; que ali refletimos; que aliexpusemos o trabalho de reflexãolevado das paróquias; os mesmosaqui continuamos. Continuamosfirmes neste serviço “de coração”,confiando que muito do que aliconcluímos, um dia se possa aindatornar realidade. Lígia Pereira, Diretora doSecretariado Diocesano de EMRC

Texto: Notícias de Viana

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40 anos de gratidão

O bispo de Viana do Castelopublicou uma carta pastoral paraassinalar os 40 anos da dioceselocal, que vão ser comemoradosatravés de um programa que seprolonga até 2020. D. AnacletoOliveira destaca o contributo dosbispos que ao longo das décadaspassaram pela região, desde D.Júlio Tavares Rebimbas a D.Armindo Lopes Coelho e D. JoséAugusto Pedreira.Um dos eventos destinados acelebrar o 40.º aniversário dadiocese é “a transladação dosrestos mortais de

D. Júlio Tavares Rebimbas”, primeirobispo de Viana do Castelo, “para aSé diocesana”.A cerimónia, que “está já a serpreparada”, vai ter lugar no dia 07de janeiro de 2018, “no mesmo dialitúrgico da sua entrada na diocese”e da solenidade da Epifania doSenhor.Recorde-se que D. Júlio TavaresRebimbas entrou em Viana doCastelo a 08 de janeiro de 1978,mas no próximo ano a referida festalitúrgica está estipulada para um diaantes no calendário.

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Na carta intitulada ‘Somos Igreja queAgradece’, o atual bispo de Vianado Castelo sintetiza “os contributosessenciais” dos seus antecessores,que construíram a Igreja Católica naregião e as suas comunidades, efizeram dela o que é hoje.Destaca por exemplo o sínododiocesano lançado por D. JoséAugusto Pedreira, um“acontecimento-charneira naformação e consolidação daDiocese, entre um passado de quejá vivia e um futuro que projetava einiciava”.“As propostas aí apresentadas,passados onze anos, em nadaperderam a sua validade,importância e atualidade. Pelocontrário: tratam de temasestruturantes na constituição e vidada Igreja; são fruto de uma reflexão,longamente feita e largamenteparticipada”, recorda o responsávelcatólico.Para D. Anacleto, os 40 anos daDiocese de Viana são também uma ocasião para celebrar figuras comoo Beato frei Bartomoleu dos Mártires(1514 -1590).

O ano 2017-2018 é reservado àcomemoração da memória de freiBartolomeu dos Mártires, pela formacomo “preparou” a comunidadecatólica de Viana do Castelo para asua consolidação com diocese. Umbispo que vai ser canonizado pelaIgreja Católica, depois da aprovaçãodo processo pelo Papa Francisco.Será também ocasião para asparóquias do território olharem parao legado do Beato Paulo VI, Papaque “criou a diocese” vianense,através de uma bula publicada a 3de novembro de 1977.Para os anos seguintes, em 2018-2019 D. Anacleto Oliveira propõe o“tema d evangelização”, tendo porbase “São Teotónio”, que “já épadroeiro secundário da diocese”, eem 2019-2020 na temática do“acolhimento” e na figura de Maria.“Temos de ser uma Igreja maisacolhedora. Para isso teremos,como maternal guia e protetora,aquela que, como Mãe de Jesus, oFilho de Deus, e Mãe da Igreja, atodos acolhe”, conclui.

Frei Bartolomeu, nascido em Lisboa, foi arcebispo de Braga e tambémresponsável pelo território que hoje compreende as dioceses de Viana doCastelo, Bragança-Miranda e Vila Real. Foi declarado venerável a 23 demarço de 1845, pelo Papa Gregório XVI e beato a 4 de novembro de2001, pelo Papa João Paulo II.A 1 de maio de 2014, a Conferência Episcopal Portuguesa publicou umanota pelos 500 anos de nascimento do futuro santo, que se encontrasepultado em Viana do Castelo, no Convento de São Domingos que elepróprio mandou construir e onde se recolheu até à sua morte em 16 dejulho de 1590.

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Mensagem de D. Manuel Clementeà Diocese de Viana do CasteloSaúdo, do coração, a Diocese deViana do Castelo, no quadragésimoano da sua fundação.Algumas notaspessoais me unem aos seussucessivos Pastores. D. JúlioTavares Rebimbas foi Arcebispo deMitilene em Lisboa e recordo muitobem o trabalho que aqui fez,ajudando o então jovem CardealRibeiro. D. Armindo Lopes Coelhofoi meu antecessor como Bispo doPorto, onde ainda pude conviveralgum tempo com ele. Presidi na Sédo Porto às consecutivas exéquiasdos dois. D. José Augusto Pedreiratambém viveu algum tempo emLisboa e contei depois com a suaamizade. D. Anacleto Oliveira foimeu colega em Lisboa, quandoéramos Bispos Auxiliares dosaudoso Cardeal Policarpo.Por tudo isto, saúdo com particularenvolvimento a Diocese de Viana doCastelo. Também por guardar osrestos mortais do grande lisboeta D.Frei Bartolomeu dos Mártires, queassim mesmo nos une na santidadedele e na caridade pastoral.Desejo ao Senhor D. Anacleto e atodos os diocesanos de Viana do

Castelo as maiores felicidadescristãs e apostólicas. O povo do AltoMinho é para todos nós, emPortugal e na diáspora portuguesa,um bom exemplo de generosidade ealegria cristã!

† MANUEL CLEMENTECardeal-Patriarca de Lisboae Presidente da Conferência

Episcopal Portuguesa

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Liga Contra o Cancro onlinehttp://www.ligacontracancro.pt/

A Liga Portuguesa Contra o Cancro(LPCC) é “uma Organização NãoGovernamental com vários objetivosdirigidos para a problemáticaoncológica. A efetividade da suaação advém, por um lado, do papelfundamental do seu voluntariado,que intervém quer na comunidade,quer na humanização da assistênciaao doente oncológico e, por outro,das contribuições recebidas dasociedade civil, através dosdonativos que permitem custear osaspetos materiais de apoio aodoente e o desenvolvimento dasiniciativas de promoção da saúde ede prevenção da doença”. É entãodentro deste espírito que decorrede 1 a 5 de novembro, um poucopor todo o país, mais um peditório afavor da LPCC. Assim, esta semana,a minha sugestão passa por umavisita ao seu sítio na internet.Ao digitarmos o endereçowww.ligacontracancro.ptencontramos um espaçoeminentemente informativo, muitobem produzido, sendo que napágina inicial, estão os principaisdestaques, notícias ecalendarização dos eventos.Na opção “o cancro” podemos

saber o que é o cancro, quais osprincipais fatores de risco esintomas, que opções alimentaresdeveremos tomar, como o podemosdetetar, que métodos de tratamentoexistem e ainda como é que seencontra a investigação nesta área.Particularmente temos aindatipificados quais os géneros decancro mais comuns, cominformações bastantepormenorizadas sobre mais de vintediferentes tipos.No item “a liga” temos ao dispor umconjunto de conteúdos que nosajudam a conhecer melhor estaassociação. Entre outras coisasficamos a saber que “por propostado Prof. Doutor Francisco Gentil, a 4de Abril de 1941, é fundadalegalmente (portaria n.º 9772) aLPCC, assente em dois princípiosfundamentais: a Humanização e aSolidariedade”.Em “atividades” dispomos deinformações sobre as principaisáreas de atuação da LPCC. Desdea educação para a saúde, aorastreio do cancro da mama, dovoluntariado em oncologia à linhacancro, não esquecendo também oapoio à investigação e formação.Caso pretenda envolver-se de umamaneira mais efetiva com estaorganização, na opção “colaborar”,

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fica a conhecer as diversas formasde o fazer. Pode inscrever-se comovoluntário para o peditório, comosócio, enviado um donativo,consignado 0,5% do seu IRS,através de parcerias ou aindaligando para o número 760 304 304e assim contribuindo com o valor dachamada de valor acrescentado.Por último sugiro ainda dê uma vistade olhos nos itens “saber mais”

e “testemunhos” para aprofundar eentender melhor o extraordináriotrabalho realizado por esta entidadede referência nacional no apoio aodoente oncológico e suas famílias.Não se esqueça que “contra ocancro todos contam”!

Fernando Cassola [email protected]

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Os padres e a sua humanidadeO jornalista e cronista João MiguelTavares disse que os cristãosdevem cuidar mais dos seus padrese que os sacerdotes devem"confessar a sua humanidade". "Ospárocos deviam confessar-se maisàs suas comunidades: os seuserros, as suas angústias, as suasdúvidas. Os padres têm algumadificuldade em confessar a suahumanidade", afirmou o jornalistadurante a apresentação do livro«Senhor Bispo, o pároco fugiu»,que decorreu na livraria Ferin, emLisboa.Segundo um comunicado enviado àAgência ECCLESIA, João MiguelTavares assumiu o "fascínio" quesente pela "dimensão humana dopadre diocesano", motivo pelo qualse interessou pelo livro."Um padre esmagado pelaburocracia e que se tornoufuncionário e nem sequer é deDeus, mas da paróquia", suscitou ojornalista na apresentação da obra,que dividiu com o padre GonçaloPortocarrero de Almada.O sacerdote da prelatura do OpusDei indicou que o papel dos padreshoje está dificuldade porque tudomudou. "Nós, os padres, devemosfugir. O padre tem de ser umapessoa que leva a Cristo. Ointeressante do padre é

que ele desapareça. O sacerdóciocristão não é pôr o sacerdote nocentro", destacou na suaintervenção.O padre Gonçalo Portocarrero deAlmada sublinhou ainda a confiançaque Deus deposita nos cristãos."Deus conta connosco! E contaconnosco e não é por eu ser bomporque não sou; não é por eu serespecial porque não sou".Para o diretor-geral da PaulusEditora, que distribui a obra daMultinova Livreiros, o livro «SenhorBispo, o pároco fugiu» pode ajudaros leitores a olhar de formadiferente para "a vida dos padres,do clero e dos leigos".O comunicado apresenta a obracomo um livro que aborda as"dificuldades por que passa umpároco desanimado e afogado ematividades, reuniões e sem tempopara a sua relação com Deus e paraa salvação das almas. O padreBenjamim está em crise e acaba porfugir"

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Os retratos dos bispos do Porto«Os retratos dos bispos do Porto nacoleção do paço episcopal» é otítulo da obra lançada, dia 06 destemês, às 18H00, naquela cidade. Daautoria de Maria João Oliveira eSilva e de Luis Carlos Amaral, aobra vai ser lançada no paçoepiscopal da cidade do Porto, realçauma nota enviada

à Agência ECCLESIA. Após olançamento da obra far-se-á umavisita à coleção de retratos. Oevento conta com a presença doadministrador diocesano do Porto,D. António Taipa, e do presidente daIrmandade dos Clérigos, padreAmérico Aguiar.

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novembro 2017Dia 03 de novembro*Lisboa - O Centro Social ParoquialSão Romão de Carnaxide (Lisboa)organiza o I Seminário Escola deCuidadores que visa debaterquestões relacionadas com oenvelhecimento e a sua promoçãopositiva. *Viana do Castelo - Abertura daPorta Santa na Sé de Viana doCastelo integrada na celebraçãodos 40 anos da diocese. *Porto – UCP - Encontro sobreviolência em contexto familiar e assuas implicações na proteção dasvítimas. *Aveiro – Esgueira - Colóquio sobreo retrato socioeconómico daParóquia de Esgueira (Diocese deAveiro) e os apoios sociaisexistentes. *Fátima - As jornadas nacionais decatequistas vão refletir sobre cartapastoral para o setor «Catequese: Aalegria do encontro com JesusCristo» (03 a 05) Dia 04 de novembro*Braga - Auditório Vita - O FórumEcuménico Jovem 2017 (FEJ) vai

realizar-se a 4 de novembro, noAuditório Vita e no Seminário Menorda Arquidiocese de Braga, com otema ‘Eis que faço novas todas ascoisas’ (Ap. 21, 5). *Bragança - Bairro Artur Mirandela -Centro Social Paroquial dos SantosMártires (Bragança) promoveformação de música para a infância. *Braga – Fafe - Conferência sobre«compreender a morte e o luto apartir da Esperança» organizadapelo Arciprestado de Fafe *Algarve – Lagos - Encontroregional de caminheiros do CorpoNacional de Escutas (CNE). *Algarve - Assembleia diocesana doMovimento da Mensagem de Fátima *Guarda – Seminário - O Movimentoda Mensagem de Fátima daDiocese da Guarda promove umasjornadas marianas, no semináriodaquela cidade. O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, fará aprimeira conferência sobre “AMensagem de Fátima - Atualidade eincidência na espiritualidade e navida das comunidades cristãs”.

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*Lamego – Seminário - Encontro deformação de catequistas doarciprestado de Lamego *Algarve - Carmelo do Patacão -Primeira edição dos «Encontros noSilêncio» promovida pelasCarmelitas Descalças no Carmelodo Patacão *Viana do Castelo - Instituto Católicode Viana do Castelo - Conferênciasobre «O Alto Minho Cristão» pelopadre António Matos Reis e nacelebração dos 40 anos da diocesede Viana do Castelo e dolançamento do estudo integrado narevista MEMORIA. *Aveiro, Lisboa e Porto - As cidadesde Aveiro, Lisboa e Porto vãoacolher a edição deste ano da‘Caminhada pela Vida’, organizadapela Federação Portuguesa pelaVida (FPV), evocando problemáticascomo o aborto e a eutanásia. *Algarve - Lausperene Diocesanono âmbito da Semana dosSeminários (04 a 18) 05 de novembro*Encerramento do Jubileu dosMissionários Espiritanos *Viana do Castelo – Sé -Ordenações sacerdotais na Diocesede Viana do Castelo

*Coimbra - Ofertório dascelebrações destina-se às vítimasdos incêndios de outubro *Braga – Sameiro - Confraria doSameiro celebra dia do irmão *Évora – Sé - Ordenaçõessacerdotais de Nelson Fernandes eAlessandro Cont na Sé de Évora *Algarve – Albufeira - Visita pastoralde D. Manuel Quintas, bispo doAlgarve, a Albufeira. (05 a 12). Dia 06 de novembro*Porto - Paço Episcopal - «Osretratos dos bispos do Porto nacoleção do paço episcopal» é o títuloda obra lançada, às 18H00, naquelacidade. Da autoria de Maria JoãoOliveira e Silva e de Luis CarlosAmaral, a obra vai ser lançada nopaço episcopal da cidade do Porto. *Lisboa – UCP - O Centro de Estudosem Teologia e Estudos em Religião(CITER) da Universidade CatólicaPortuguesa (UCP) promove umcolóquio sobre «Visões de Deus –Filosofia, Arte e Espiritualidade». *Lisboa - Projeto católico português«Click to pray» na Web Summit (06 a09).

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Dia 05 de novembro *Encerramento do Jubileu dos Missionários Espiritanos *Viana do Castelo – Sé - Ordenações sacerdotais na Diocese de Viana do Castelo *Coimbra - Ofertório das celebrações destina-se às vítimas dos incêndios de outubro *Braga – Sameiro - Confraria do Sameiro celebra dia do irmão *Évora – Sé - Ordenações sacerdotais de Nelson Fernandes e Alessandro Cont na Séde Évora *Algarve – Albufeira - Visita pastoral de D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, a Albufeira.(05 a 12). Dia 06 de novembro *Porto - Paço Episcopal - «Os retratos dos bispos do Porto na coleção do paçoepiscopal» é o título da obra lançada, às 18H00, naquela cidade. Da autoria de MariaJoão Oliveira e Silva e de Luis Carlos Amaral, a obra vai ser lançada no paço episcopalda cidade do Porto. *Lisboa – UCP - O Centro de Estudos em Teologia e Estudos em Religião (CITER) daUniversidade Católica Portuguesa (UCP) promove um colóquio sobre «Visões de Deus –Filosofia, Arte e Espiritualidade». *Lisboa - Projeto católico português «Click to pray» na Web Summit (06 a 09).

II Concílio do Vaticano: Contributopara fechar as cicatrizes das guerrasmundiais

A um mês do início do II Concílio do Vaticano, o PapaJoão XXIII leu uma radiomensagem ao mundo inteiroonde refere que esta assembleia magna se reúnedezassete anos depois do fim da II guerra mundial ecada qual “dará o contributo da sua inteligência e dasua experiência para fechar as cicatrizes dos doisconflitos que alteraram profundamente a fisionomia detodos os países” (Cf. Boletim de Informação Pastoral,nº 19, 1962, pag.16).Na sua mensagem - intitulada «Ecclesia Christi,Lumen Gentium» -, difundida pela imprensa, rádio etelevisão, João XXIII sublinhou que o mundo “temverdadeiramente necessidade de Cristo e é a Igrejaquem leva Cristo ao mundo”. Este tem os “seusproblemas” e “muitas vezes procura angustiadosolução para eles”.Para o Papa que convocou o II Concílio do Vaticano écompreensível “que uma preocupação ansiosa de osresolver a tempo e bem, possa ocasionar obstáculos àdifusão da verdade integral e da graça que santifica”.Difundida a 11 de Setembro de 1962, João XXIII frisouque a Igreja sempre se interessou por estes “tãograves problemas, fez deles um cuidadoso estudo”, eo Concílio poderá “propor, em linguagem clara, assoluções que para eles reclamam a dignidade dohomem e a sua vocação cristã”.Para o Papa, as doutrinas que “apregoam oindiferentismo religioso ou negam Deus e a ordemsobrenatural” e também aquelas que “ignoram o papelda providência na história e exaltaraminconsideradamente a personalidade do homem

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individual” devem “ouvir a palavracorajosa e generosa que já foiformulada” na encíclica «Mater etMagistra» que “resume opensamento de dois mil anos dehistória cristã”.Consciente que se vive um períodonovo na história, João XXIII disseque um dos direitos fundamentaisque a Igreja “não pode renunciar éa liberdade religiosa, liberdade quese não pode reduzir à liberdade deculto” e acrescenta: “Verdade eliberdade são as pedras basilaressobre que se edifica a civilizaçãohumana”.Perante os paísessubdesenvolvidos, a Igrejaapresenta-se “tal e qual é epretende ser: A Igreja de todos,

e muito particularmente a Igrejados pobres”, acentuou o Papa nasua radiomensagem.Na sua comunicação a um mês daabertura do II Concílio do Vaticano,o Papa frisou que é “dever de todoo homem, e é dever imperioso docristão, fazer contas ao seusupérfluo atendendo àsnecessidades dos outros e velarcuidadosamente para que aexploração e distribuição dosrecursos naturais a todosaproveitem”. E conclui, dizendo queessa posição será defendida “comvigor” na assembleia magna: “Trata-se, pois, de difundir o sentido sociale comunitário, imanente noautêntico cristianismo”.

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As jornadas nacionais de catequistas, a realizar emFátima, de 3 a 5 de novembro, vão refletir sobre cartapastoral para o setor «Catequese: A alegria doencontro com Jesus Cristo». formação decorre noCentro Pastoral Paulo VI e destina-se a catequistas detodo o país e iniciam-se dia 3 de novembro com areflexão «“Vimos o Senhor!” (Jo 20, 25) A alegria doencontro com o ressuscitado». O Fórum Ecuménico Jovem 2017 (FEJ) vai realizar-sea 4 de novembro, no Auditório Vita e no SeminárioMenor da Arquidiocese de Braga, com o tema ‘Eis quefaço novas todas as coisas’ (Ap. 21, 5). Numa notaenviada à Agência ECCLESIA, o DepartamentoNacional da Pastoral Juvenil (DNPJ) informa que aequipa organizadora do FEJ pretende “darcontinuidade” à celebração dos 500 anos da Reformae vai procurar colocar em evidência os seus “donsespirituais”. O bispo de Coimbra anunciou que o ofertório das“celebrações dominicais” a 5 de novembro vai tercomo destino a ajuda às vítimas dos fogos do mês deoutubro, através da Cáritas diocesana. A plataforma ‘Click to Pray’, criada pelo Apostolado deOração em Portugal, vai estar representada napróxima ‘Web Summit’, entre 6 e 9 de novembro emLisboa.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia; Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 05 de novembro- 50 anos de assistênciareligiosa em meio militar Segunda-feira, dia 06novembro, 15h00 - Aplicação Click to Pray naweb summit. Entrevista aopadre António valério, doApostolado de Oração. Terça-feira, dia 07 novembro, 15h00 - Informação eentrevista a Catarina Martins Bettencourt sobre acampanha de regresso dos cristãos a Nínive Quarta-feira, dia 08 novembro, 15h00 - Informção eentrevista a José Eduardo Franco sobre o congressosobre Lutero. Quinta-feira, dia 09 novembro, 15h00 - Informaçãoe comentário à atualidade Sexta-feira, dia 10 novembro, 15h00 - Entrevista.Comentário à liturgia do domingo com a irmã LuísaAlmendra e o frei José Nunes. Antena 1Domingo, 05 de novembro, 06h00 - 50 anos daUniversidade Católica Portuguesa: audiência com oPapa Francisco Segunda a sexta, 6 a 10 de novembro, 22h45 -Leigos em Portugal: perspetivas para o IV EncontroNacional de Leigos.

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Ano A – 31.º Domingo do TempoComum Viver comcoerência everdade

A liturgia do 31.º Domingo do Tempo Comum convida-nos a uma reflexão sobre a seriedade, a verdade e acoerência do nosso compromisso com Deus e com oReino, do nosso real empenho na construção decomunidades comprometidas com os valores doEvangelho.Na primeira leitura, um mensageiro de Deus interpelaos sacerdotes de Israel a não se deixarem dominar porinteresses egoístas, a não negligenciarem os seusdeveres, a não desvirtuarem a Lei, mas a serem«mensageiros do Senhor do universo», para ensinar aLei e para conduzir o Povo para Deus.A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de Paulo,Silvano e Timóteo. Do seu esforço missionário feitocom amor e humildade, com simplicidade e gratuidade,nasce a comunidade viva e fervorosa de Tessalónica,que acolhe o Evangelho como um dom de Deus, quese compromete com ele e que o testemunha comverdade e coerência.O Evangelho apresenta-nos o grupo dos fariseus e oseu modo de proceder, e convida os crentes a nãodeixarem que atitudes farisaicas, como a incoerência,o exibicionismo, a insensibilidade ao amor e àmisericórdia se introduzam na família cristã e destruama fraternidade, fundamento da comunidade.Jesus, ao criticar a incoerência dos fariseus, está aavisar-nos contra a tentação de mostrarmos o que nãosomos, de vendermos uma imagem corrigida eaumentada de nós próprios para obtermos o aplausoe admiração dos outros, de vivermos para asaparências e não para o compromisso simples ehumilde com o Evangelho. A mentira e a incoerênciadestroem a paz do nosso coração, roubam-nos aalegria e a serenidade, comprometem

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o nosso testemunho, minam acomunidade e põem em causa osfundamentos do Reino.«Um pouco de coerência», parecedizer Jesus aos seus discípulos, atodos nós, pondo-nos de sobreavisoem relação àqueles que «dizem enão fazem». Jesus pode falarporque todo Ele é coerência: tudo oque disse fez. Não se limitando abelos discursos e pios conselhos,Ele próprio experimenta o que pedeaos seus discípulos. Nisso Jesus écredível. Podemos confiar n’Ele.Não é isso a fé: ter confiançan’Aquele que faz o que diz? Aoressuscitá-l’O, Deus seu Pai

autentificará a mensagem de Jesuse o seu testemunho em plenaunidade.Somos chamados a permanecer emcoerência de vida que brota doacolhimento do Evangelho, no dizerde São Paulo, não como palavrahumana, mas como ela é realmente,palavra de Deus, que permaneceativa em nós, os crentes.Que seja a Palavra de Deus a basedo nosso agir em verdade e emcoerência, atitudes bem exigentesnas difíceis situações da nossa vidaperegrina.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Iraque: Campanha Regresso dos Cristãos à Planície deNínive - 1

Os dias da fugaFoi um sobressalto. Na primeirasemana de agosto de 2014, osjihadistas chegaram às terrasbíblicas da Planície de Nínive.Nesses dias de medo, mais de120 mil cristãos foram forçados afugir de suas casas, perdendotudo o que tinham. Por maisanos que viva, Yohanna Yousifnunca irá esquecer essesmomentos de aflição Yohanna Yousif é um professorcristão e sabe bem o que significater de fugir dos jihadistas no Iraque.Ter de fugir da barbárie. Quando,em agosto de 2014, os jihadistaschegaram a Qaraqosh encontrarama cidade praticamente vazia. Ficarera o mesmo que assinar umasentença de morte. Yohanna Yousifainda hoje estremece quandorecorda as histórias, o sofrimento, aviolência dos bárbaros queassaltaram a região naquelassemanas infernais. “Nós, oscristãos, fugimos antes que osjihadistas chegassem, poissabíamos bem o que tinham feitoaos Yazidis.” O que fizeram aosYazidis e também a muitos Cristãosterá de ser sempre lembrado comoum dos momentos mais negros nahistória da Humanidade.

Mulheres e crianças violadas,vendidas como escravas, homensmortos sem dó nem piedade. Asombra da violência que osjihadistas traziam consigo era tãoforte que bastava que seanunciasse a chegada dos homensvestidos de negro para que aspessoas se precipitassem para arua, fugindo em alvoroço,procurando apenas salvar aspróprias vidas. “Na noite de 6 para 7de agosto, tivemos de fugir deQaraqosh. Eram duas e meia damadrugada. Não levei nada comigo.Deixei todos os documentos. Sólevava uma camisa.” Nunca sesaberá o número exacto de Cristãosque fugiram naquela noite, naquelashoras. Calcula-se que cerca de 125mil pessoas, na verdade cerca de125 mil ‘Yohannas Yousif’ tenhamatravessado o deserto em pânico,fugindo para salvar as própriasvidas. Foram todos para o CurdistãoIraquiano. Regressar a casaChegaram exaustos. Eram todosrefugiados no próprio país. Foi háprecisamente três anos e trêsmeses. Desde então, todos têmvivido apenas com o apoio deinstituições

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como a Fundação AIS. É agenerosidade dos Cristãosportugueses e dos de todo o mundoque tem permitido a Yohanna pagara renda do quarto onde vive agoracom os filhos, comprar osmedicamentos, a roupa e osalimentos de que precisa. Desdeque foi obrigado a fugir de casa,Yohanna passou a saber, com todaa crueza, o que significa dependerdos outros. Até para as coisas maisbásicas. Nos últimos meses, osjihadistas têm sofrido pesadasderrotas. Foram já expulsos deMossul, forçados a deixar a Planíciede Nínive e os seus povoadoscristãos, mas deixaram para trás umrasto de destruição, de profanação,que é difícil de traduzir por palavras.A Fundação

AIS continua apostada, atravésde uma das maiores campanhas desolidariedade de toda a história, emapoiar, alimentar e ajudar acomunidade cristã que ainda viverefugiada no Curdistão Iraquiano.Além disso, está empenhada,também, na reconstrução das casase das igrejas na Planície de Nínive.É um esforço imenso masnecessário. O regresso a casa éfundamental. Se não acontecer,será o fim da presença cristã nestasterras bíblicas. Yohanna tambémquer voltar para casa. Mas temmedo de imaginar o que iráencontrar…

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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O Padre dos meninos de rua!

Tony Neves Espiritano

Evocar o Padre Américo aqui na Bolívia eParaguai dá vontade de gritar e chamar por ele.Missões como a ‘Obra da Rua’ continuam actuaise urgentes, um pouco por todo o mundo. Aqui,nestas paragens latino americanas, há tantascrianças de rua que se torna decisivo arregaçaras mangas e fazer algo por elas, enquanto nãose faz tarde demais.Conheci o P. Américo através do jornal ‘O Gaiato’que chegava a casa e que eu lia sempre commuito entusiasmo. Embora nascesse e crescessemuito perto de Paço de Sousa, só lá fui quandotinha mais de 20 anos, mas conhecia bem afigura carismática do P. Américo e o amor quenutria pelos abandonados das nossassociedades. Agradava-me nele, sobretudo, acompaixão pelas crianças que as famíliasmandavam para rua onde tinham de sobreviverpor qualquer preço. E todos podemos imaginar oalto preço dessa sobrevivência!Marcou-me muito, em 1992, em plena guerracivil, a visita que fiz à Casa do Gaiato de Malanje,em Angola. Por ali passaram (e continuam apassar!) muitas crianças, adolescentes e jovenssem família. A alma desta instituição tãoapreciada por todos era o P. Telmo Ferraz, umtransmontano que fez de Malanje a sua terra.Construiu casas, escolas, oficinas, Igreja,pomares e campos para o cultivo. E fez da Casado Gaiato uma grande escola de vida. Durante aguerra civil, militares e bandidos assaltaram edestruíram várias vezes as estruturas dainstituição. Sempre o P. Telmo ousou partir dozero (ou quase) e levantar das cinzas esta obra

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cada vez mais emblemática. Nem opeso dos anos nem a desilusão dasdestruições o fizeram quebrar ourecuar. Vivia a mística do P. Américoa quem só a morte de acidente fezbaixar os braços.Tenho encontrado muitas criançasaqui nesta parte sul interior daAmérica Latina. Abarrotam asescolas, as Igrejas, as ruelas dosbairros. Muitas parecem passar aolado de um futuro risonho porque apobreza é muita e escasseiamoportunidades. Muitas adolescentesaparecem grávidas. A experiênciaque fiz com o projecto ‘Gotas deAmor’ marcou-me muito. No imensomercado abastecedor, nas periferiasde Assunção, há centenas decrianças e adolescentes ao ‘deus-dará’, sempre à espreita de umaoportunidade de ajudar a carregarou descarregar algo. Muitosesperam apenas por bocados defruta estragada que possam pegar,comer e levar para casa. O projecto

‘Gotas de Amor’, fundado pelosEspiritanos, apoia dezenas destascrianças, cada sábado, com equipasde rua que vão ao encontro dascrianças, conversam com elas edão-lhes uma refeição quente. Maspretendem ir muito além, poismuitíssimo fica por fazer em ordem auma integração destas crianças nasociedade.Há carismas que têm o selo daperenidade, pois serão actuais emtodos os tempos e lugares. Estapreocupação do Padre Américopelos rapazes sem família continuaa ser desafio forte para a Igrejahoje. Mudam-se os tempos e asformas de intervir, mas os problemasatravessam as fronteiras do tempo edo espaço e mantêm-se quasesempre os mesmos.É uma honra poder olhar parafiguras como o P. Américo e captaralgo da sua inspiração. Homenscomo ele fazem muita falta à Igreja eàs sociedades, porque lhes fizerammuito bem.

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