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A GESTÃO DE PROCESSOS EM LABORATÓRIOS: UM ESTUDO COMPARATIVO EM EMPRESAS CALÇADISTAS DOS MUNICÍPIOS DO VALE DO SINOS E PARANHANA Marisa Policeno, Carlos Fernando Jung Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT, [email protected], Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT, [email protected] Resumo Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem qualitativa, que teve por finalidade analisar e comparar os processos de gestão de Laboratórios de Ensaios de empresas calçadistas do Vale do Sinos e Paranhana, localizados no Estado do Rio Grande do Sul, em relação ao controle da qualidade, gestão da informação e de recursos humanos. O método para avaliar o processo de gestão foi baseado nos requisitos da norma NBR ISO-IEC17025. Os resultados mostram que das sete empresas pesquisadas somente uma atende aos requisitos da norma 17025. A maioria das empresas pesquisadas não atende esta norma e não são acreditadas. Foi evidenciada a falta de registros adequados de acordo com o exigido em um sistema de qualidade. O estudo permitiu constatar que a maioria dos laboratórios não participa de atividades inter-laboratoriais o que indica a falta de comparação dos processos. Palavras-Chave: Laboratórios, Qualidade, Gestão

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Page 1: A GESTÃO DE PROCESSOS EM LABORATÓRIOS:  UM ESTUDO COMPARATIVO EM EMPRESAS CALÇADISTAS DOS MUNICÍPIOS DO VALE DO SINOS E PARANHANA

A GESTÃO DE PROCESSOS EM LABORATÓRIOS: UM ESTUDO

COMPARATIVO EM EMPRESAS CALÇADISTAS DOS MUNICÍPIOS

DO VALE DO SINOS E PARANHANA

Marisa Policeno, Carlos Fernando Jung

Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT, [email protected], Faculdades Integradas de Taquara -

FACCAT, [email protected]

Resumo

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem

qualitativa, que teve por finalidade analisar e comparar os processos de gestão de

Laboratórios de Ensaios de empresas calçadistas do Vale do Sinos e Paranhana, localizados

no Estado do Rio Grande do Sul, em relação ao controle da qualidade, gestão da informação e

de recursos humanos. O método para avaliar o processo de gestão foi baseado nos requisitos

da norma NBR ISO-IEC17025. Os resultados mostram que das sete empresas pesquisadas

somente uma atende aos requisitos da norma 17025. A maioria das empresas pesquisadas não

atende esta norma e não são acreditadas. Foi evidenciada a falta de registros adequados de

acordo com o exigido em um sistema de qualidade. O estudo permitiu constatar que a maioria

dos laboratórios não participa de atividades inter-laboratoriais o que indica a falta de

comparação dos processos.

Palavras-Chave: Laboratórios, Qualidade, Gestão

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1. Introdução

Empresas que atuam em um mercado cada vez mais globalizado enfrentam muitos desafios,

como preços competitivos, qualidade de produtos, agilidade, flexibilidade e capacidade de

inovação. Para atender estes requisitos é necessário investir em qualidade e numa base

metrológica que transforme amostras, calibrações e ensaios em informações confiáveis para o

processo de tomada de decisão e para isso é necessário um sistema de gestão que garanta

formalmente a competência técnica. Neste cenário, a ausência da aplicação de procedimentos

metrológicos tem sido responsável por grande parte dos prejuízos causados por retrabalho

(PROTEC, 2009).

Silva e Campos (2010) afirmam que, o crescimento do comércio nacional e internacional

devido à queda de barreiras comerciais e criação de áreas de livre comércio vêm exigindo das

indústrias a adoção de padrões normativos de aceitação global, e a adequação de produtos e

processos às normas de organizações internacionais de qualidade.

O INMETRO (2011) afirma que a metrologia facilita o comércio, a produção de bens e

serviços mais qualificados, possibilitando que a competitividade entre empresas e países

torne-se mais transparente e justa, promovendo uma atuação empresarial mais ética. Com a

avaliação da conformidade dos procedimentos técnicos utilizados pode-se verificar o

cumprimento e utilização de normas e regulamentos. Para tanto, são realizados ensaios,

verificações, inspeções e certificações no intuito de avaliar sistemas da qualidade, produtos e

serviços. Estes procedimentos permitem estabelecer o grau de confiabilidade e qualidade dos

produtos testados ou avaliados protegendo, desta forma, o consumidor e as empresas.

Os contornos econômicos não mais se definem pelas fronteiras geográficas, mas sim pelas

barreiras não tarifárias de natureza técnica e pela capacidade de articulação da inovação

tecnológica. Isto tem gerado a necessidade de novos padrões de qualidade e estimulado uma

crescente demanda por metrologia. O desenvolvimento continuado e especializado dos

recursos humanos na área da metrologia torna-se indispensável, pois o desempenho das

atividades básicas da metrologia requer recursos humanos com formação acadêmica de

excelência, para que se possa responder em tempo hábil às sofisticações e a velocidade dos

avanços impostos pela metrologia contemporânea (FROTA e FROTA, 1999).

O laboratório de ensaios é um setor fundamental para as empresas. Neste local é possível

avaliar a conformidade e qualidade dos componentes e materiais adquiridos e, produtos

fabricados pela empresa. Os resultados dos ensaios permitem a geração de informações que

pode contribuir para o processo de tomada de decisão em vários departamentos e setores de

uma empresa. Para ser possível realizar ensaios e inspeções os equipamentos devem estar em

bom estado de funcionamento e calibrados, e os recursos humanos qualificados. Neste caso, o

processo de gestão dos laboratórios torna-se fundamental para o adequado desempenho e

qualificação da infraestrutura tecnológica e de recursos humanos.

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem

qualitativa, que teve por finalidade analisar e comparar os processos de gestão de

Laboratórios de Ensaios de empresas calçadistas do Vale do Sinos e Paranhana, localizados

no Estado do Rio Grande do Sul, em relação ao controle da qualidade, gestão da informação e

de recursos humanos. O método para avaliar o processo de gestão foi baseado nos requisitos

da norma ABNT NBR ISO-IEC17025. O trabalho possui a seguinte estrutura: na seção 2 é

apresentado o referencial teórico, a seção 3 os procedimentos metodológicos, a seção 4 a

análise, a seção 5 a síntese dos resultados e, a seção 6 traz as conclusões do estudo.

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2. Referencial teórico

2.1 Metrologia

Para Silva (2011), metrologia é a ciência que provê a técnica e permite que grandezas físicas e

químicas sejam quantificadas, embasadas em informações que permitem correlacionar

números com um senso de exatidão para caracterizar produtos, processos e serviços, provendo

uma base técnica para o exercício e a prática da qualidade.

A metrologia é uma palavra de origem grega, onde metron - medida e logos - ciência. Ela é a

ciência das medidas e medições, a qual estuda as unidades de medir bem como suas

grandezas, sendo de suma importância para a física, pois fenômeno algum poderá ser bem

definido sem conhecimento exato da quantidade de fatores. Não somente na física, de modo

geral em todas as ciências a metrologia ocupa papel de primeira importância ela pode ser

classificada como uma ciência básica (THEISEN, 1997).

Em função desta necessidade, foram criados os sistemas de medidas, que mais tarde tornaram-

se uma ciência chamada metrologia. Este acordo universal de medidas requereu que fossem

adotados padrões dos quais todos os homens derivariam saber suas unidades (DIAS, 1998).

A metrologia é a ciência que abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos às

medições, qualquer que seja a incerteza em qualquer campo da ciência ou tecnologia, ela é

indispensável no mundo globalizado. Nesse sentido a metrologia científica e industrial é uma

ferramenta, fundamental no crescimento e inovação tecnológica. Pois promove a

competitividade e cria um ambiente favorável ao desenvolvimento científico e industrial em

todo e qualquer país (INMETRO, 2011).

RIO METROLOGIA (2011) refere que devido ao processo de abertura econômica adotado

pelo Brasil oportunizou um sistema de desenvolvimento com uma base industrial bem

diversificada, intensamente dependente de funções básicas da tecnologia industrial,

notadamente da metrologia, da qualidade e da avaliação da conformidade. Esta demanda pela

qualidade passou a exigir uma sólida capacitação tecnológica e uma adequada infraestrutura

de serviços básicos para viabilizar a inserção e manutenção das empresas no mercado

globalizado.

Segundo INMETRO (2011), a metrologia tem papel estruturante nas empresas e apoia

fortemente a inovação, pois a infraestrutura laboratorial metrológica existente organizada nas

mais diversas redes de serviços metrológicos pode contribuir para o setor empresarial

diminuir custo e tempo do desenvolvimento e avaliação das inovações.

Theisen (1997) refere que a obtenção da qualidade é resultado de um conjunto complexo de

atividades que engloba a elaboração de normas, a realização de ensaios e análise em

laboratórios e a inspeção durante a fabricação ou no próprio mercado. Este autor diz que a

sociedade industrial moderna exige um grande esforço da indústria na promoção e elaboração

de normas técnicas, as quais devem servir de instrumento de controle da qualidade e do

desempenho esperado do produto no qual facilita o poder decisório do consumidor.

Corroborando, Paladini (2008) afirma que o controle da qualidade pressupõe as medições das

características dos produtos fazendo uso dos laboratórios onde a metrologia exerce papel

fundamental é por isso deve ser empregado um controle metrológico adequado para alcançar

os parâmetros de confiabilidade e exatidão exigidos pela indústria moderna.

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2.2 Gestão de laboratórios de ensaios metrológicos

O Sistema de Gestão Laboratorial é um conjunto de elementos inter-relacionados de políticas

e objetivos utilizados para dirigir e controlar um laboratório, visando garantir a confiabilidade

dos resultados e das medições (FUNDAÇÃO CERTI, 2010).

Olivares (2009) afirma que um sistema de gestão da qualidade é a ferramenta utilizada para

gerenciar todos os itens que possam afetar a qualidade de um laboratório. Este gerenciamento

é realizado com a elaboração de procedimentos documentados, assinados e controlados para

que todas as atividades sejam executadas da mesma forma e com qualidade.

A implantação do sistema de gestão da qualidade tem como objetivo garantir o abastecimento

de produtos e serviços com eficiência, sem reduzidas falhas e com perdas progressivas

menores. A interação entre os componentes do sistema de gestão pode ser estabelecida através

de normas, métodos, procedimentos, instruções, processos, regulamentos ou leis. Ainda

refere-se aos recursos humanos em que estes lhes são conferidas atribuições e

responsabilidades, que visam ordenar e hierarquizar as funções de forma a fazer a interação

dos elementos do sistema (CROSBY, 1999).

Santos e Mainier (2011) afirmam que o sistema de gestão normalmente utilizado por

laboratórios de calibração e ensaios é o proposto pela Norma ABNT NBR ISO/IEC 17025.

Esta norma inclui requisitos referentes à competência técnica para a realização de calibrações

e ensaios. As recomendações e critérios permitem demonstrar que os laboratórios são

competentes para produzir resultados válidos e confiáveis.

Segundo Cury (2000), competência é deixar bem definido as atribuições das mais diversas

unidades de trabalho, sendo que os métodos e procedimentos internos devem ser

perfeitamente conhecidos por todos os colaboradores. O autor ainda menciona as normas de

procedimentos, ou seja, a forma de comportamento do colaborador no exercício de suas

atribuições. Estas devem estar regulamentadas de modo minucioso por um sistema de regras

através da descrição dos cargos ou em manuais de forma a possibilitar uma uniformidade de

procedimentos.

Olivares (2009) refere que o INMETRO é o órgão máximo que tem a responsabilidade de

acreditar os laboratórios com base na ABNT ISSO-IEC 17025, que voluntariamente optarem

por esta decisão. Este autor salienta que os laboratórios que ajustarem seu sistema de gestão

da qualidade de acordo com a ISO/IEC17025 podem ser auditados e posteriormente

acreditados pelo INMETRO. A partir desse processo passam a fazem parte da Rede Brasileira

de Laboratórios e Ensaios (RBLE). Todas as orientações para acreditação constam no

documento DOQ-CGCRE-001 emitido pelo INMETRO.

Theisen (1997) afirma que acreditação é o instrumento que formaliza, perante o mercado, a

credibilidade de um laboratório de calibração e de ensaios. É um processo que reconhece a

competência técnica do laboratório e de sua gestão através de uma avaliação rigorosa baseada

em critérios internacionais, garantindo que os resultados dos serviços, calibração e de ensaios,

sejam confiáveis.

Segundo Dias (1998) o processo de acreditação possibilita aos laboratórios vantagens como:

(i) criar um diferencial competitivo por comprovar a sua competência técnica, (ii) permite

maior confiança nos resultados para os clientes, (iii) possibilita o acesso a programas de

comparações interlaboratoriais, e (iv) fornece atendimento mínimo a requisitos técnicos e de

qualidade e da uma base uniforme para o mercado avaliar a capacidade técnica.

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3. Procedimentos Metodológicos

A abordagem deste estudo foi de caráter exploratório-descritivo com abordagem qualitativa.

Creswell (2007) afirma que esta abordagem possibilita ao pesquisador manter o foco da

investigação na aprendizagem do significado que os participantes atribuem ao problema ou

questão e, não ao que o pesquisador significa para o problema.

O estudo foi efetuado com sete gestores de Laboratórios de Ensaios de empresas calçadistas

do Vale do Sinos e Vale do Paranhana, localizados do Rio Grande do Sul. A investigação foi

intencional e realizada com o universo total por serem pesquisadas todas as empresas

calçadistas que possuem Laboratórios de Ensaios nestas regiões.

A coleta de dados foi efetuada através de uma entrevista semiestruturada contendo questões

abertas. O procedimento para a formulação da entrevista foi realizado pela aplicação de um

teste piloto em dois sujeitos da população, possibilitando verificar a melhor adequação das

perguntas a serem aplicadas nos demais sujeitos da pesquisa.

No estudo foram utilizados dados primários e secundários. Creswell (2007) afirma que dados

primários são informações conseguidas diretamente com os sujeitos e, materiais secundários

são aquelas pré-existentes. Assim, foram utilizadas informações fornecidas pelos gestores

entrevistados e informações constantes na Norma ISO17025 (ABNT, 2005).

4. Análise

Os dados coletados através das entrevistas com os gestores dos Laboratórios de Ensaios foram

relacionados, interpretados e categorizados. Para a análise dos dados das entrevistas dos

gestores foram utilizados os princípios do método de Análise de Conteúdo proposto por

Bardin (1977). Este método baseia-se em operações de desmembramento do texto em

unidades, envolvendo descobrir os diferentes núcleos de sentido que constituem a

comunicação para posteriormente realizar o seu reagrupamento em categorias, ver Figura 1.

No recorte de conteúdos, tem-se a etapa da codificação, na qual são feitos recortes em

unidades de contexto e de registro; e a fase da categorização, onde os requisitos para uma

categoria são a exclusão mútua, homogeneidade, pertinência, objetividade e fidelidade e

produtividade (BARDIN, 1977).

Categorias Subcategorias

Categoria 1

Infraestrutura

1.1 – Tempo de existência;

1.2 – Área física;

1.3 – Carga horária de trabalho;

1.4 – Procedimentos de calibração;

1.5 – Controle de variáveis

Categoria 2

Gestão de Recursos Humanos

2.1 – Colaboradores envolvidos;

2.2 – Formação;

2.3 – Seleção;

2.4 – Funções;

2.5 – Avaliação;

2.6 – Premiação;

2.7 - Treinamento

Categoria 3

Gestão de Processos

3.1 – Rotina de tarefas;

3.2 – Etapas das rotinas das tarefas;

3.3 – Setores que enviam amostras ao laboratório;

3.4 – Fluxo do processo;

3.5 – Índice de retrabalho;

3.6 – Integração do laboratório ao setor da qualidade;

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3.7 – Procedimentos para minimizar o impacto ambiental;

3.8 – Reuniões periódicas para discutir assuntos sobre infraestrutura

ou processo;

3.9 – Atividades inter-laboratoriais

Categoria 4

Gestão da Informação

4.1 – Atualização de normas técnicas;

4.2 – Aquisição de normas técnicas;

4.3 – Encarregado para atualização das normas técnicas;

4.4 – Procedimentos não previstos em normas técnicas;

4.5 – Sistema computacional;

4.6 – Registros dos laboratórios;

4.7 – Arquivamento de corpos de prova

Figura 1 – Categorias e subcategorias para análise das entrevistas

Foram consideradas como Categorias neste estudo: (i) Infraestrutura, (ii) Gestão de Recursos

Humanos, (iii) Gestão de Processos, e (iv) Gestão da Informação. A partir destas Categorias

foram elaborados 28 Quadros Sínteses com base no extrato dos conteúdos das entrevistas.

O procedimento consistiu no desmembramento do texto em diferentes núcleos de sentido a

partir dos relatos dos entrevistados. A análise foi realizada com base nas unidades de contexto

(categorias) e conteúdos específicos de cada categoria (subcategorias). Os resultados da

categorização e subcategorização foram obtidos por exclusão mútua, homogeneidade,

pertinência, objetividade e fidelidade dos conteúdos extraídos dos textos das entrevistas.

Na Figura 2 é apresentado um dos 28 Quadros Síntese elaborados a partir do extrato dos

conteúdos referente a Categoria 3 e Subcategoria 3.7.

Categoria 3 - Gestão de Processos

Subcategoria 3.7 – Procedimentos para minimizar o impacto ambiental

Entrevistado Extrato do conteúdo da entrevista

01

Os materiais são separados por classes e são enviados para aterros, os resíduos

químicos são tratados na empresa na medida do possível, depois são enviadas para

empresas especializadas em tratamentos.

02

Os resíduos sólidos como solados PU e sintéticos são arquivados por 2 anos e depois

encaminhados para uma central, TR e PVC são reciclados, solventes e adesivos

devolvidos para o fornecedor, reagentes químicos são encaminhados para uma central

03 Sim, cada resíduo tem seu descarte orientado.

04 Todo material é separado de acordo com suas características alguns são vendidos e

outros encaminhados para aterro.

05

Sim com redução de tamanho de amostras. Menos impressões através de envio de

resultados por e-mail. Os demais resíduos são enviados pra uma empresa que faz o

descarte correto ou reciclagem.

06 Sim. Cada categoria de resíduo e separada e enviada a seu destino um técnico em

segurança cuida dessa parte.

07 Apenas fazemos separação e depois esses materiais são enviados para um aripe, os

solados são enviados para os fornecedores.

Figura 2 – Quadro Síntese da Categoria 3 com a Subcategoria 3.7

5. Síntese dos resultados

Nesta seção é apresentada síntese dos resultados obtidos a partir da análise de conteúdo dos

28 quadros elaborados. Nos Quadros 1 a 28 é apresentada a síntese dos resultados.

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Categoria (1) - Infraestrutura

O tempo de existência em 5 laboratórios é de 13 a 23 anos, isso representa 71% do total, sendo que apenas 2

laboratórios tem existência entre 1 e 6 anos, estes representam 28% do total.

Quadro 1 - Síntese do tempo de existência dos laboratórios

Categoria (1) - Infraestrutura

Área física destinada a laboratórios varia de 30 a 60m² em 5 amostras, isto representa 71% do total, sendo 1

possui área de 100m² representando 14% e outro possui área de 10m² representando 14% do total.

Quadro2 - Síntese da área física dos laboratórios

Categoria (1) - Infraestrutura

90% do pessoal envolvido nas atividades do laboratório possuem 44 horas semanais, sendo que apenas 10%

possuem 30 horas semanais.

Quadro 3 - Síntese da carga horária do pessoal envolvido nas atividades do laboratório

Categoria (1) - Infraestrutura

Dos sete laboratórios analisados 5 calibram os equipamentos isso representa 71% do total, 14% calibra

parcialmente e 14% não calibra seus equipamentos.

Quadro 4 - Síntese do processo de calibração

Categoria (1) - Infraestrutura

90% dos laboratórios controlam temperatura, apenas 10% não controla temperatura. 90% dos laboratórios,

não controlam umidade e 10% controlam umidade. Apenas 10% dos laboratórios controlam temperatura e

umidade.

Quadro 5 - Síntese do controle de temperatura e umidade

Categoria (1) - Infraestrutura

100% dos laboratórios não controlam pressão atmosférica e nem interferências eletromagnéticas e EMI.

Quadro 6 - Síntese do controle de pressão e EMI

Conforme os dados, 28% dos laboratórios analisados não atendem aos requisitos da norma

ISO-IEC17025 (ABNT, 2005), bem como, as considerações feitas por Steffen e Waeny

(1990) no qual se referem ao sistema de calibração de equipamentos.

A norma ISO-IEC/17025 (ABNT, 2005) refere que os equipamentos e softwares usados para

ensaios, calibração e amostragem devem ser capazes de alcançar a exatidão requerida e

atender as especificações pertinentes aos ensaios e / ou calibrações em questão. É dever do

laboratório, estabelecer programas de calibração para as grandezas ou valores – chaves dos

instrumentos. Todos os equipamentos devem ser calibrados antes de ser utilizado. Conforme

Steffen e Waeny (1990), os instrumentos e equipamentos de ensaios devem ter precisão

conhecida e devidamente calibrados a fim de produzirem resultados corretos, a frequência

dessas calibrações, dependerá do tipo, uso e precisão de cada equipamento.

Categoria (2) - Gestão de Recursos Humanos

57% dos laboratórios destinam 2 pessoas para suas atividades. Apenas 10% tem 12 colaboradores e 28%

destinam apenas 1 pessoa para realizar as atividades do laboratório.

Quadro7 - Síntese do número de pessoas destinadas às atividades do laboratório

Categoria (2) - Gestão de Recursos Humanos

Em um laboratório que conta com 12 colaboradores, este representa 14% do total dos laboratórios analisados.

A formação de nível médio de seus colaboradores é de 67% sendo que apenas17% das 12 pessoas possuem

nível técnico e 17% possuem nível superior. Em 2 laboratórios que representam 28% do total, estes possuem

2 colaboradores cada um, a formação de nível médio representa 100%. Em 2 laboratórios que representam

28% do total, estes possuem 1 colaborador cada um, com formação de nível técnico. Um laboratório que

represente 14% do total possui 2 colaboradores e sua formação de nível superior e de 100%. 14% do total dos

laboratórios analisadas este conta com 2 colaboradores e sua formação e de 50% técnica e 50% superior.

Quadro 8 - Síntese da formação dos recursos humanos

Em apenas 14% dos laboratórios analisados duas pessoas possuem nível superior. Em um

laboratório que conta com 12 colaboradores, este representa 14% do total dos laboratórios

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analisados. A formação de nível médio de seus colaboradores é de 67% sendo que apenas17%

das 12 pessoas possuem nível técnico e 17% possuem nível superior.

Em função da globalização o desenvolvimento continuado e especializado dos recursos

humanos na área da metrologia torna-se indispensável, pois o desempenho das atividades

básicas da metrologia requer recursos humanos com formação acadêmica de excelência, pra

que possam responder em tempo hábil ás sofisticações e a velocidade dos avanços impostos

pela metrologia contemporânea, que evolui em curto prazo (FROTA e FROTA, 1999).

Corroborando, Rosenberg e Silva (1999) mencionam que as formações acadêmicas em alguns

casos sejam técnicas, superior ou pós-graduação, não oferece treinamento especifico para

realização de ensaios que estão no escopo de atuação dos laboratórios. Em função das razoes

mencionadas anteriormente e outras que podem acontecer o laboratório deve garantir que todo

o pessoal incluindo níveis de supervisão execução e auxiliares receba a formação

complementar que necessitam antes de iniciar suas atividades.

Categoria (2) - Gestão de Recursos Humanos

42% dos laboratórios realizam suas a seleções por transferências internas. 28% dos laboratórios, é por

indicação. Apenas 14% é por seleção externa mediante edital e analise de currículo e ainda 14% utiliza

método de transferências internas e contratações externas.

Quadro 9 - Síntese do processo de seleção

Categoria (2) - Gestão de Recursos Humanos

86% dos laboratórios o pessoal é multifuncional realizam todas as atividades. Somente 14% tem funções

especificas gerente supervisor, coordenador e auxiliares mesmo os 2 colaboradores com nível técnico são

considerados auxiliares por questões de custos.

Quadro 10 - Síntese das funções do laboratório

Categoria (2) - Gestão de Recursos Humanos

28% dos laboratórios avaliam suas atividades por auditorias, destes 28% apenas 1 que corresponde 14% do

total tem um sistema de acreditação onde são feitas auditorias internas externas. 72% dos laboratórios não

possuem um sistema de avaliação formal. 14% dos laboratórios fazem um acompanhamento diário pelo

coordenador. 28% dos laboratórios fazem um acompanhamento apenas dos iniciantes. 14% dos laboratórios

compara ensaios com outras empresas eventualmente caso de dúvidas. 14% não adotam nem um

procedimento.

Quadro 11 - Síntese do processo de avaliação

Um fator importante que foi evidenciado é que 72% dos laboratórios não possui um sistema

de avaliação formal das atividades e com isso não atende aos requisitos da norma. A Norma

ISO-IEC17025 (ABNT, 2005), refere que a gestão deve aprimorar continuamente a eficácia

do seu sistema, por meio do uso da política da qualidade, com apoio dos resultados de

auditorias, analise de dados, ações corretivas e preventivas e analise critica da direção.

Olivares (2009) afirma que o sistema de auditoria serve para fazer um levantamento das ações

não conformes é uma ferramenta para auxilio do sistema de gestão.

Categoria (2) - Gestão de Recursos Humanos

!00% dos laboratórios não possui sistema de premiação por desempenho.

Quadro 12 - Síntese do processo de premiação

Conforme dados coletados 100% das empresas não estão empenhando-se em motivar seus

funcionários por meio de premiação por desempenho de atividades. Paladini (2008) refere que

o sistema de premiação é uma estratégia utilizada para motivar as pessoas através de uma

remuneração extra e desta forma chamar a atenção para a necessidade de trabalhar com

qualidade.

Pontes (2008) afirma que o prêmio é uma forma de remuneração variável que tem como base

um plano de resultados a ser atingido. Desta forma estimula os profissionais a cumprir ou

superar os objetivos organizacionais uma vez que participa dos resultados finais obtidos pela

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organização. O premio permite melhoria continua dos processos, otimização dos custos,

clareza nas metas individuais e da empresa e comprometimento dos profissionais no alcance

das metas.

Categoria (2) - Gestão de Recursos Humanos

14%dos laboratórios realiza auto-treinamento por leitura de normas. 28% não realiza treinamento. 28%dos

laboratórios realizam treinamentos externos em empresas especializadas e visitas técnicas. 14% dos

laboratórios realizam treinamento por leitura de manual interno. 14% realizam auto-treinamento por leitura de

normas e eventualmente externo.

Quadro 13- Síntese do processo de treinamento

Outro fator importante é a questão do treinamento onde fica evidente a necessidade de um

sistema de treinamento adequado, pois não há uma organização com relação a treinamentos e

que em 28% não se evidencia nem tipo de treinamento. A norma ISO-IEC17025 (2005) refere

que a direção do laboratório deve assegurar a competência de todos que operam equipamentos

específicos, e que realizam ensaios e ou calibrações, avaliam resultados e assinam relatórios

de ensaios. Quando tiver pessoal em treinamento, deve ser feito uma supervisão adequada.

Dias (1998) salienta que a capacitação dos analistas do laboratório é um processo continuo,

construído na medida em que surgem as necessidades. Este processo deve ter uma

programação atualizada de treinamentos, a saber: (i) cursos de atualização em técnicas

analíticas, (ii) participação em encontros técnicos, (iii) avaliação da eficácia dos treinamentos,

(iv) estágios em outros laboratórios, e (v) treinamentos em bancadas por colegas a partir de

ensaios documentados.

Categoria (3) - Gestão de Processos

71% dos laboratórios não tem uma rotina formalizada trabalha conforme a demanda. 29% têm um

cronograma estabelecido para trazer mais segurança.

Quadro14 - Síntese do processo de rotina

Categoria (3) - Gestão de Processos

!00% dos laboratórios sua rotina é identificação de amostras realização dos ensaios entrega de relatórios ao

solicitante, destes 100%, 28% ainda participam de reuniões diários com grupo de qualidade e controlam as

datas de calibrações. Dos 100% dos laboratórios analisadas 14 % além dos itens mencionados cuidam da

manutenção do sistema de gestão da qualidade em que acreditados.

Quadro15 - Síntese das etapas da rotina

Em 86% dos laboratórios não atende a norma ISO-IEC 17025 (2005), ficando evidente a falta

de registros solicitados pela mesma. Sendo que apenas uma mantêm um sistema de registros e

a mesma é acreditada. A norma ISSO-IEC17025 (2005), diz que o laboratório deve criar e

manter procedimentos para controlar todos os documentos que fazem parte do sistema de

gestão, tais como regulamentos, normas e outros documentos normativos, métodos de ensaios

e/ou calibrações, desenhos softwares, especificações, instruções e manuais.

Segundo Olivares (2009), os documentos do sistema de qualidade geralmente são gerados

internamente que são os procedimentos do laboratório e o manual de qualidade, mas podem

ser documentos obtidos de fontes externos tais como normas, manuais, legislação e métodos,

os documentos externos são mais fáceis de controlar uma vez que este controle pode ser

efetuado por um sistema de biblioteca.

Categoria (3) - Gestão de Processos

86% dos laboratórios recebem amostras do almoxarifado, desenvolvimento, e produção, destes 86%, 43%

ainda recebe matérias do setor de compras. 14% dos laboratórios recebem amostras do setor de compras,

modelagem e eventualmente amostras do setor de produção.

Quadro16 - Síntese dos setores que enviam amostras ao laboratório

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Categoria (3) - Gestão de Processos

100% dos laboratórios não possuem um diagrama para fluxo das atividades 42% não julgam necessário

devido a experiência dos técnicos. 14% não acham necessário. 14% acreditam ser uma boa idéia. 14% tem

uma tabela fixada na parede onde consta todos ensaios e ajuda quando recebe visitas.

Quadro17 - Síntese do uso de diagramas

Categoria (3) - Gestão de Processos

Em !00% dos laboratórios não são medidos o índice de retrabalho. 57% dos laboratórios consideram baixos,

raros, eventuais ou pouco existentes. 29% dos laboratórios responderam existem, mas não são medidos. 14%

dos laboratórios não medem, mas consideram alto por serem muitos materiais e vários testes.

Quadro18 - Síntese dos índices de retrabalho

Categoria (3) - Gestão de Processos

86% dos laboratórios estão integrados ao setor de qualidade para ser possível sincronizar as informações.

14% dos laboratórios, não estão integrados, pois a empresa não tem um setor especifico para qualidade.

Quadro19 - Síntese dos laboratórios integrados ao setor de qualidade

Categoria (3) - Gestão de Processos

100% dos laboratórios possuem procedimentos para minimizar impactos ambientais.

Quadro 19 - Síntese do impacto ambiental

Categoria (3) - Gestão de Processos

100% dos laboratórios não possuem uma periodicidade para reuniões relacionadas a infraestrutura e

processos. 57% responderam que as reuniões ocorrem somente quando surge necessidade. 14% responderam

que o laboratório e novo e tudo que precisava comprar foi discutido antes, 14% discute na reunião geral para

previsão de gastos na empresa. 14% não vê necessidade faz os orçamentos e trata diretamente com a diretoria.

Quadro20 - Síntese da periodicidade de reuniões

Categoria (3) - Gestão de Processos

72% dos laboratórios não participa de inter-laboratoriais. 14% não participa até por quê o laboratório é novo.

14%dos laboratórios não participam, mas teve vontade, em função da alta demanda não tem tempo. 14% dos

laboratórios não participam e não acha necessário. 28% dos laboratórios participam. 14% não participam de

inter-labortoriais, mas compara ensaios com outras empresas. 14% não participam.

Quadro 21 - Síntese de participação em inter-laboratoriais

Um dado revelado na pesquisa é que 72% dos laboratórios não participam de

interlaboratoriais o que evidência a falta de comparação dos processos. Rosenberg e Silva

(1999) referem que as comparações interlaboratoriais, são muito importantes, pois servem

para determinar o desempenho de laboratórios individuais para ensaios ou medições

específicos, permite monitorar o desempenho continuo dos laboratórios. Através desse

processo é possível identificar problemas individuais do pessoal ou de calibração instrumental

e a partir daí tomem ações corretivas.

Categoria (4) - Gestão da informação

43% dos laboratórios fazem atualizações das normas técnicas. Já 43% não realizam atualizações das normas

técnicas, não verem necessidade, pois acreditam que as atualizações não são significativas, utilizam normas

internas só compram em casos de necessidade para novos testes, não tem procedimento de compra de norma

utilizam as vem do fornecedor de equipamentos ou cópias que recebem de treinamentos externos.14% dos

laboratórios fazem as atualizações parciais por não, terem conhecimento das atualizações e outro fator é a

questão do custo.

Quadro 22 - Síntese sobre a atualização de normas técnicas

Quando entrevistados os gestores sobre as atualizações das normas, 43% não realizam

atualizações não acham necessário ou não tem procedimento de compra de normas alguns só

compram normas quando vão realizar um ensaio novo depois as mesmas não são atualizadas.

14% só atualizam as normas parcialmente por não terem conhecimento das atualizações e por

questão do custo.

Este fator que fica bem claro na norma ISO-IEC/17025 (2005) onde os métodos utilizados

devem ser publicados em normas internacionais, regionais ou nacionais, por organizações

técnicas responsáveis esses devem validados e atualizados pela ultima edição, quando for,

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usado textos ou jornais esses devem se originar de fontes científicas relevantes ou pelo

fabricante do equipamento. Segundo Rosenberg e Silva (1999), a evolução das metodologias

e dos procedimentos analíticos é fator responsável pelas modificações dos métodos utilizados

pelo laboratório em outros casos podem por solicitações e acordos com o de cliente ou devido

a pesquisas e descobertas pelo próprio laboratório.

Categoria (4) - Gestão da informação

14% dos laboratórios tem conhecimentos de novas normas técnicas através Comitê Brasileiro de Couro

Calçados e Artefatos (CB11). 43% dos laboratórios não realizam pesquisa para conhecimento de novas

normas. 14% dos laboratórios adquire o conhecimento através de outros laboratórios. 14% dos laboratórios

não tem um processo definido.

Quadro 23 - Síntese sobre o conhecimento de novas normas técnicas

Categoria (4) - Gestão da informação

43% dos laboratórios as atualizações das normas técnicas são feitas pelos próprios laboratoristas. 43% não

atualizam as normas. 14% dos laboratórios o próprio técnico faz casualmente.

Quadro24 - Síntese sobre quem faz as atualizações das normas técnicas

Fica evidente que apenas 43% dos laboratórios atualizam suas técnicas e que este processo e

feito pelos laboratoristas. Rosenberg e Silva (1999) deixam claro que o gerente de qualidade

tem a incumbência de manter um arquivo histórico de toda a documentação da qualidade

incluindo uma copia de cada uma das versões da metodologia utilizada pelo laboratório.

Olivares (2009) afirma que normalmente a documentação é elaborada pelos funcionários mais

envolvidos, mas responsabilidade segundo ele é do setor de qualidade que deve emitir alterar

e controlar toda a documentação do sistema de gestão da qualidade criando códigos de

identificação e padronização destes bem como criar uma lista mestra contendo todos os

documentos do laboratório bem como o status de sua revisão isto é necessário para evitar o

uso de documentos obsoletos.

Categoria (4) - Gestão da informação

86% dos laboratórios realizam procedimentos que não estão previstos em normas. Apenas 14% dos

laboratórios não utilizam procedimentos que não estão previstos em norma. 43% dos laboratórios utilizam

procedimentos não normalizados devido a falta de normas publicadas. 28% dos laboratórios responderam

utilizamos métodos não normalizados, pois fazemos adaptações das normas a realidade da empresa e para

realizar comparações. 14% responderam sim, mas não são feitas normas internas. Destes 86% que utilizam

procedimentos não previstos em normas apenas 28%, elaboram normas internas. 58% dos laboratórios não

elaboram normas internas.

Quadro 25- Síntese dos procedimentos que não estão previstos em normas técnicas

A norma estabelece que havendo necessidade de usar métodos que não estejam previstos em

normas publicadas devem ser elaboradas e validados padrões internos, o que não acontece em

58% dos laboratórios analisados. A ISO-IEC 17025 (2005) afirma podem ser usados métodos

desenvolvidos ou adotados pelo laboratório se for apropriado, ou seja, se forem criadas

normas internas e estes devem ser documentados e validados os clientes também devem ser

informados. Desvios de métodos de ensaios e de calibração devem ocorrer quando estes

estiverem documentados, tecnicamente justificado, autorizado e aceito pelo cliente.

Nos casos em que for necessário pode-se fazer uso de métodos publicados, por revistas

científicas, organizações técnicas respeitáveis, fabricantes de equipamentos analíticos ou

desenvolvidos pelo próprio laboratório, as chamadas normas internas, estes métodos podem

ser utilizados, desde que procedidos por uma etapa de validação.

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Categoria (4) - Gestão da informação

100% dos laboratórios utilizam um sistema computacional para gerenciar as informações. 14% dos

laboratórios não utilizam software especifico para gestão usam o Excel e o Word. 28% utilizam um o

software da empresa e o sistema do laboratório. 28% têm um software especifico para gestão. 28% dos

laboratórios os laudos são arquivados no sistema mensurando as aprovações e reprovações.

Quadro 26 - Síntese sobre a utilização de sistema para gestão

Categoria (4) - Gestão da informação

86% dos laboratórios tem registro apenas dos relatórios de ensaios, sendo que estes estão em cópias físicas e

no computador. Apenas 14% do total registra no computador e em cópias físicas relatórios de ensaios, e todo

os apêndices do manual da qualidade, pois tem um sistema de acreditação.

Quadro 27 - Síntese sobre registros de relatórios

Categoria (4) - Gestão da informação

43% dos laboratórios arquivam os corpos-de-prova por 2 anos. 14% arquivam os corpos de provas por mais

de tempo indeterminado. 14% dos laboratórios arquivam os corpos de provas por 2 meses. 14% dos

laboratórios arquivam os corpos- de- provas em pastas especificas. 14% dos laboratórios arquivam os corpos-

de- provas somente os pequenos por 1 ano.

Quadro28 - Síntese sobre o arquivamento dos corpos de provas

Como já mencionados anteriormente apenas 14% dos laboratórios analisados atende a Norma,

pois mantém registro de toda a documentação do sistema de qualidade e os demais apenas

registram os relatórios de ensaios. A ISO-IEC17025 (ABNT, 2005) estabelece que o

laboratório, deve instituir, implementar e manter um sistema de gestão apropriado ao escopo

de suas atividades, documentar suas políticas, sistemas, procedimentos e instruções na

extensão necessária para assegurar a qualidade dos resultados de seus ensaios.

6. Conclusões

Este artigo apresentou os resultados de uma pesquisa exploratório-descritiva, com abordagem

qualitativa, que teve por finalidade analisar e comparar os processos de gestão de

Laboratórios de Ensaios de empresas calçadistas do Vale do Sinos e Paranhana, localizados

no Estado do Rio Grande do Sul, em relação ao controle da qualidade, gestão da informação e

de recursos humanos.

O estudo revelou que das sete empresas pesquisadas somente uma atende aos requisitos da

norma ISO-IEC 17025 (ABNT, 2005). A maioria das empresas pesquisadas não atende a

Norma e não são acreditadas. Ficou evidenciada a falta de registros adequados de acordo com

o exigido em um sistema de qualidade. As empresas apenas fazem registros dos relatórios de

ensaios.

Os resultados indicam que se torna necessário o treinamento dos recursos humanos, pois não

existe qualquer sistemática organizacional com relação a treinamentos, sendo que inclusive

em 28% dos casos não se evidencia nenhum tipo de treinamento. A avaliação dos serviços é

precária onde foi observado que apenas 28% dos laboratórios realizam auditorias.

O estudo permitiu constatar que a maioria dos laboratórios não participa de atividades inter-

laboratoriais o que evidencia a falta de comparação dos processos.

Uma importante descoberta da pesquisa foi que não existe premiação por desempenho em

nenhuma das empresas analisadas. Ficou evidente a necessidade de um maior investimento na

qualificação profissional dos integrantes dos laboratórios estudados, pois apenas em um dos

laboratórios foi constatada a existência de recursos humanos qualificados em nível superior.

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