caixa aberta 28 - novembro 2011 - edição especialtitle caixa aberta 28 - novembro 2011 - edição...

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JOÃO LOPES - Presidente da Direcção do STEC 14 entrevista RICHARD HYMAN - Ideias e organização: o futuro do sindicalismo PEDRO CARVALHO - Austeridade ao serviço da exploração 17 opinião STEC 10 ANOS BOLETIM INFORMATIVO DO STEC Distribuição Gratuita NOVEMBRO 2011 Edição Especial 28 CAIXA "UNIDOS COMO OS DEDOS DAS MÃOS" 2 editorial 3 STEC - 10 Anos PRÉ-AVISO DE GREVE A CRISE, A OFENSIVA SOBRE OS TRABALHADORES, A GREVE GERAL 22 greve geral

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Page 1: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

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JOÃO LOPES- Presidente da Direcção do STEC

14 entrevista

RICHARD HYMAN- Ideias e organização: o futuro do sindicalismo

PEDRO CARVALHO- Austeridade ao serviço da exploração

17 opinião

STEC 10 ANOS

BOLETIM INFORMATIVO DO STECDistribuição Gratuita

NOVEMBRO 2011

Edição Especial

Nº28

CAIXACAIXACAIXA

"UNIDOS COMO OS DEDOS DAS MÃOS"

2 editorial

3 STEC - 10 Anos

PRÉ-AVISO DE GREVE

A CRISE,A OFENSIVA SOBRE OS TRABALHADORES,A GREVE GERAL

22 greve geral

Page 2: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 20112

No entanto, qual ironia do destino, numa data que devia ser de festa, de celebração, somos confrontados com um dos momentos mais dramáticos de ataque aos direitos dos trabalhadores, por parte do capital financeiro e dos seus representantes políticos.

10 anos de vida e de luta

editorial

Este número especial do CaixaAberta foi inicialmente pensado para evocarmos o 10º aniversário da fundação do nosso Sindicato, marco histórico do movimento dos trabalhadores do Grupo Caixa Geral de Depósitos.

É assim que esta publicação, não es-quecendo o motivo inicial, reflecte o momento que estamos vivendo e se re-alinha, fazendo de uma justa celebração um ponto de partida para a luta.

Pensando bem, não será esta também uma boa maneira de celebramos o 10º aniversário do STEC?

Um sindicato consolida-se na luta, afir-ma-se e engrandece-se com ela. Foi assim com muitas das batalhas que tra-vámos ao longo destes 10 anos. Basta lembrar duas delas: a luta pelo Fundo de Pensões e o primeiro Acordo Colectivo de Trabalho para os trabalhadores da CGD e de outras Empresas do Grupo. Foram marcos históricos na vida deste Sindicato que, por força da sua prática, contra muitos dos poderes instituídos, ganhou a confiança de milhares de tra-balhadores, tornando-se, em tão pouco tempo, na organização sindical mais re-presentativa dos trabalhadores da CGD.Neste 10º aniversário, cabe-nos, a to-dos, saber estar à altura deste momento. Dirigentes e Delegados Sindicais, traba-lhadores, sindicalizados e não sindicali-zados. Todos somos poucos para fazer frente a esta ofensiva sem precedentes. Acabou o tempo dos indecisos, dos que

índice CAIXA ABERTA Nº28 Edição Especial NOVEMBRO 2011

pensam que isto não lhes toca. Acabou o tempo dos que pensam que não precisam de se envolver nas lutas, porque o sindi-cato, um qualquer sindicato, tem obriga-ção de resolver tudo. É mais que tempo de perceber que só unidos teremos for-ça e que a força dessa união é a melhor arma que temos - se a desbaratarmos, o futuro será certamente pior!

Temos confiança e esperança que da-qui a outros dez anos, nós - e ainda muitos mais dos que agora somos, cá estaremos para festejar o reforço des-te projecto sindical. Teremos muito tra-balho, seremos postos à prova imensas vezes, teremos derrotas e também vitó-rias. Alguns vacilarão, mas acreditamos que a maioria saberá estar à altura des-te nobre desafio que nunca acaba, mas que se renova todos os dias.

Viva o STEC!

• STEC 10 ANOS "UNIDOS COMO OS DEDOS DAS MÃOS"

• O CRESCIMENTO DO STEC• CONTRATAÇÃO COLECTIVA• ELEIÇÃO DO CONSELHO NACIONAL E DOS SECRETARIADOS SINDICAIS

DA CGD• ELEIÇÃO DA DIRECÇÃO, MAG E

COMISSÃO DE REFORMADOS• CAMPANHA CONTRA O TRABALHO SUPLEMENTAR NÃO REMUNERADO• REUNIÕES DO CONSELHO NACIONAL

• 10 ANOS DE VIDA E DE LUTA

• PRÉ-AVISO DE GREVE• A CRISE, A OFENSIVA SOBRE OS

TRABALHADORES, A GREVE GERAL

• DR. RICHARD HYMAN IDEIAS E ORGANIZAÇÃO: O FUTURO DO SINDICALISMO• PEDRO CARVALHO AUSTERIDADE AO SERVIÇO DA

EXPLORAÇÃO

• JOÃO LOPES PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DO STEC

• FORMAÇÃO• REUNIÕES DE DELEGADOS SINDICAIS• ACÇÕES DE PROTESTO /

GREVE GERAL / MANIFESTAÇÕES• COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL E 1º DE MAIO• PROTOCOLOS DE COOPERAÇÃO• INAUGURAÇÃO DA NOVA SEDE• HORAS LIVRES• PROTOCOLOS• 10 ANOS DE TRABALHO - UMA PERSPECTIVA SATÍRICA

02 EDITORIAL 17 OPINIÃO

22 GREVE GERAL

24 CONTRA-CORRENTE

03 STEC 10 ANOS

14 ENTREVISTA

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Durante estes dez anos o STEC tem vindo a reforçar o seu empenhamento na acção sindical, apostando num sindicalismo de proximidade, visitando todos os locais de trabalho da CGD, muitos deles mais do que uma vez e praticamente todos os locais de trabalho das outras Empresas do Grupo, procurando conhecer os problemas que afectam, em cada momento, os trabalhadores, contribuindo para a sua resolução, aumentando significativamente o número de sindicalizações e reforçando a sua rede de Delegados Sindicais.

A presença dos dirigentes do STEC junto dos trabalhadores tem, ainda, permitido o contacto com a realidade vivida em cada local de trabalho, a recolha de informação nos mais diferentes domínios e a transmissão do papel determinante do Sindicato no dia-a-dia dos trabalhadores.

A distribuição, em mão, dos livros do Acordo Contratual, quer da CGD quer das Empresas do Grupo, bem como do Livro dos Protocolos, permitiu uma maior divulgação do que de novo se conseguiu e da importância de estar sindicalizado no STEC.

Consideramos que o crescimento consistente do STEC tem sido notável, sobretudo num tempo de crise, em que a maioria dos sindicatos estão a perder sócios, em função do aumen-to do desemprego que se vive, decorrente do encerramento de muitas empresas e da precariedade dos vínculos laborais. Passando por várias fases, ao longo destes dez anos, pode-mos dizer que os trabalhadores acreditam cada vez mais neste projecto sindical e é sobretudo nos momentos difíceis, como o actual, em que são feitos os mais violentos ataques aos di-reitos dos trabalhadores, tão duramente conquistados, que os trabalhadores manifestam a sua confiança no nosso Sindicato, registando-se uma significativa adesão de novos sócios.

Para uma melhor compreensão da realidade do STEC, fazemos aqui uma análise à composição dos sócios do Sindicato.

Total Activos Reformados

o crescimento do STEC

STEC - 10 Anos“Unidos como os dedos das mãos”

6000

3000

1000

0

5000

2000

4000

20022006

20102011

DISTRIBUIÇÃO DOS SÓCIOS POR SEXO

Nº HomensNº Mulheres

51,73%

48,27%

DISTRIBUIÇÃO DOS SÓCIOS POR FAIXA ETÁRIA

82,19%

17,81%

Faixa etária <=35 Faixa etária >35

Coimbra Porto Lisboa

50%15%

35%

DISTRIBUIÇÃO DOS SÓCIOS POR ZONA SINDICAL

DISTRIBUIÇÃO DOS SÓCIOS POR SITUAÇÃO

Unidos como os dedos das mãosUnidos como os dedos das mãosUnidos como os dedos das mãos

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STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 20114

Logo no início da criação do STEC, foi considerado um objectivo prioritário a negociação de um único Acordo Colectivo de Trabalho, que se aplicasse a todos os trabalhadores de todos as Empresas do Grupo CGD.Este instrumento deveria ter em conta as particularidades de cada sector de actividade e empresa, mas deveria também unificar as condições sociais dos trabalhadores do Grupo, aplicando a todos as melhores condições existentes em cada empresa, nomeadamente, quanto ao Crédito à Habitação, Seguros, Crédito Pessoal, Subsídios, etc.

buição de diuturnidades e subsídios infantil, de estudo para filhos e de trabalhador estudante. Para além disso, continua-mos a insistir na reivindicação social mais importante e mais sentida por todos: o Crédito à Habitação para todos, nas con-dições atribuídas aos trabalhadores da CGD.

Estes processos negociais raramente foram pacíficos, tendo o STEC realizado várias lutas, tanto para desbloquear negocia-ções, pela melhoria dos salários e uma distribuição mais justa da riqueza, como inseridas em lutas mais gerais contra altera-ções da legislação laboral e a precariedade no trabalho.

Recentemente e depois de um processo conturbado que chegou a transitar pelo Ministério do Trabalho, o STEC veio a concretizar também um primeiro acordo contratual com o CaixaBI.

Embora se assista actualmente ao maior ataque aos direitos dos trabalhadores e à Contratação Colectiva, nomeadamente com os cortes salariais e de promoções realizados este ano e a proposta de suspensão dos subsídios de Férias e de Na-tal em 2012 e 2013 constantes no Orçamento de Estado para 2012, mantém-se a perspectiva de sempre do STEC de de-fender os direitos actuais e caminhar até onde for possível na melhoria das condições de vida e trabalho de todos os traba-lhadores do Grupo CGD.

Não tendo havido abertura por parte da Administração do Grupo CGD para o cumprimento deste objectivo, o Sindicato acabou por negociar três Acordos: um para a CGD, outro para as Seguradoras do Grupo e um terceiro para um conjunto de 9 Empresas do Grupo que, até então, nunca tinham celebrado nenhum acordo.

Ainda durante a negociação com a CGD, o STEC foi confron-tado com a assinatura, pelos Sindicatos dos Bancários, de um Acordo de Empresa que retirava importantes direitos aos tra-balhadores nas áreas das transferências e dos horários de tra-balho. O STEC recusou sempre assinar tal Acordo, tendo, por esse facto, os seus associados sido alvo de discriminação.

Várias acções foram desenvolvidas contra esse Acordo e para o desbloqueamento das negociações que acabaram por levar, em Julho de 2004, ao fim da discriminação dos associados do STEC e à regularização total da sua situação.

Entretanto, em Outubro de 2004, o Governo resolveu transferir o Fundo de Pensões dos Trabalhadores da CGD para a CGA, como forma de diminuir o défice público, naquele ano.

As greves desenvolvidas pelo STEC, em 29 de Outubro e em 10 de Dezembro de 2004, em defesa do Fundo de Pensões dos trabalhadores da CGD, tiveram uma adesão esmagadora dos trabalhadores, trazendo ao Sindicato um capital de pres-tígio, dignidade e responsabilidade interna e externa, que de-terminou um virar de página, com repercussões a vários ní-veis, dos quais a evolução positiva da contratação colectiva foi o mais visível, de imediato.

Assim, foi possível, através da Arbitragem Voluntária, conse-guir o primeiro Acordo de Empresa STEC/CGD, considerado bastante positivo para os interesses dos trabalhadores, face ao que tinha sido assinado, em 2003, pelos outros sindicatos.O STEC deu assim um grande passo no sentido do cresci-mento e consolidação do seu projecto sindical.

Prosseguindo sempre o seu objectivo inicial, em cada revisão dos acordos e também em reivindicações extra contratuais, temos vindo a tentar, e nalguns casos a conseguir, aproximar as condições sociais e salariais dos outros contratos, às apli-cadas aos trabalhadores da CGD. São disso exemplo a atri-

contratação colectiva

STEC - 10 Anos

Page 5: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

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Em simultâneo com as eleições da Direcção e MAG foram eleitos também os Delegados Sindicais. Nestes dez anos de vida do STEC e com o crescimento do número de sócios, tam-bém a rede de Delegados Sindicais foi largamente reforçada, melhorando significativamente a ligação entre a Direcção e os trabalhadores nos locais de trabalho.Também os Secretariados Sindicais cresceram, tendo sido criados mais dois (Trás-os-Montes e Alto Douro e Algarve), para além dos já existentes em Lisboa, Porto e Coimbra.

Após um curto período de trabalho da Comissão Instaladora, eleita na Assembleia Geral Constituinte do STEC, realizada em 24 de Novembro de 2001, as primeiras eleições para os órgãos do STEC - Direcção, MAG e Conselho Nacional – realizaram-se em 9 de Maio de 2002, tendo tomado posse em 21 de Maio.

No segundo mandato, as eleições realizaram-se em 11 de Maio de 2006. Pelo facto de não ter havido nenhuma candidatura à Comissão de Refor-mados promoveu-se, mais tarde, em 20/11/2006, a eleição dos Represen-tantes dos Reformados ao Conselho Nacional.

Já no terceiro mandato, as eleições realizaram-se em 6 de Maio de 2010, onde foram eleitos os actuais órgãos do STEC em funções, Direcção, MAG e Comissão de Reformados.

eleição do conselho nacional edos secretariados sindicais da cgd

eleição da direcção, mag e comissão de reformados

Unidos como os dedos das mãosUnidos como os dedos das mãosUnidos como os dedos das mãos

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STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 20116

Com o crescimento do STEC também este órgão cresceu e foi objecto de uma alteração estatutária, votada pelos sócios em Assembleia Geral nos locais de trabalho, com a sua composição e eleição a ser feita através dos Delegados Sindicais, que passa-ram a ter uma representação específica neste órgão. Nas reuni-ões anuais, previstas estatutariamente, foram sempre aprovados o Plano de Actividades e Orçamento, bem como o Relatório e Contas de cada ano. O Conselho Nacional acompanhou sempre a actividade da Direcção, tomando posição sobre os temas mais importantes para os trabalhadores, em cada momento, designa-damente aprovando os resultados conseguidos nas negociações dos vários Acordos Contratuais e de Tabela Salarial.

STEC - 10 Anos

campanha contra o trabalho suplementar não remunerado

reuniões do conselho nacional

A campanha contra o trabalho suplementar não remunerado, desenvolvida através das várias formas de intervenção do STEC, junto da Administração, da Inspecção do Trabalho e fundamentalmente pela denúncia das situações, tem sido permanente e tem tido alguns efeitos positivos.

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Realizaram-se várias Reuniões Nacionais de Delegados Sindicais, para analisar diversos assuntos, nomeadamente os processos de Negociação Colectiva e alterações ao Código do Trabalho.

Algumas das reuniões precederam acções de protesto, greves e manifestações.

Unidos como os dedos das mãosUnidos como os dedos das mãosUnidos como os dedos das mãos

Foram realizadas, em 2009, já na nova Sede, acções de Formação sobre “Comunicação”, dirigidas aos Delegados Sindicais e também à Direcção e MAG. Já em 2011, iniciaram-se as acções de formação em Inglês, que ainda estão a decorrer, em Lisboa e Porto.

formação

reuniões de delegados sindicais

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STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 20118

Destacamos algumas das mais importantes acções:

Manifestação e Greve Geral de 10 de De-zembro de 2002, contra o Pacote Laboral;

Acção de Protesto, em 16 de Julho de 2003, contra o Acordo Assinado pelos Sindicatos dos Bancários;

Acção de Luto e Luta, em 4 e 5 de Dezem-bro de 2003 – protesto contra o bloqueio das negociações e a discriminação dos as-sociados do STEC;

Acções de Luta em Defesa do Fundo de Pensões: conferência de Imprensa; greves de 29 Outubro e 10 Dezembro 2004; con-centrações à porta da Sede da CGD e em Belém; declaração individual do trabalhador a recusar a aceitação de transferência do Fundo de Pensões enviada pelo STEC para a Comissão Europeia;

Acção de Protesto, em 11 de Abril 2006, à porta da Sede da CGD e Greve de 28 de Abril, contra a imposição de 2,5% de au-mento, decretada unilateralmente pela Ad-ministração da CGD;

Acção de Protesto do STEC, em 25 de Se-tembro 2006, à porta da CGD, contra a im-posição de um aumento de 2,5% abaixo da inflação e por salários justos;

Manifestações em defesa de uma nova po-lítica, em 12 de Outubro e 25 de Novembro de 2006;

Manifestação Nacional convocada pela CGTP, em 2 de Março de 2007, contra a degradação das condições de vida dos tra-balhadores e exigência de mudança de po-líticas por parte do Governo;

STEC - 10 Anos

acções de protesto / greve geral / manifestações

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Greve Geral, convocada pela CGTP, em 30 de Maio de 2007, pelo emprego com direitos, contra o desemprego e a precariedade no tra-balho, contra o impasse das negociações con-tratuais no Grupo CGD e por negociações sé-rias de salvaguarda dos direitos adquiridos;

Manifestação de protesto contra a Flexigu-rança, em 5 de Julho 2007, em Guimarães, no momento em que os ministros europeus do Emprego e Assuntos Sociais participavam num Encontro Informal da Presidência Portuguesa da União Europeia;

Manifestação em defesa de uma Europa social e emprego com direitos, contra o “Livro Bran-co” das relações laborais, realizada em 18 de Outubro de 2007;

Manifestação, em 5 de Junho de 2008, contra as alterações ao Código do Trabalho, constan-tes do relatório da comissão constituída pelo Governo, para o efeito;

Manifestação em Madrid, em 14 de Maio 2009, convocada pela CES (Confederação Europeia dos Sindicatos), contra a crise, apelando aos governos e instituições europeias para um novo compromisso de emprego com direitos;

Manifestação em 29 de Maio 2010, contra o desemprego; contra o aumento de impostos; por emprego com direitos; melhores salários para todos;

Greve por aumentos salariais justos, em 11 de Junho 2010, não aceitando a percentagem de aumento de 1% imposto pela Administração e assinado pelos Sindicatos dos Bancários;

Manifestação 29 de Setembro 2010;

Greve Geral, em 24 de Novembro 2010, contra os cortes salariais previstos no Orçamento de Estado para 2011 para o Grupo CGD e contra a privatização da Caixa Seguros.Na CGD a adesão rondou os 80%, a esmaga-dora maioria das agências não abriram, e as que abriram, fizeram-no em precárias condi-ções de segurança.

Manifestação 19 de Março 2011, contra os cortes salariais;

Manifestação 19 de Maio 2011, contra a inge-rência da EU/FMI - contra as medidas restriti-vas da Troika;

Acção de protesto de Dirigentes Sindicais em 28 de Julho 2011, contra o roubo do subsídio de Natal;

Manifestação Nacional em 1 de Outubro 2011, contra o empobrecimento e as injustiças; pelo emprego, salários, pensões e direitos sociais;

Manifestações do 25 de Abril e 1º de Maio.

Unidos como os dedos das mãosUnidos como os dedos das mãosUnidos como os dedos das mãosUnidos como os dedos das mãos

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STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 201110

COM A CGTPEm Fevereiro de 2008 o STEC e a CGTP assinaram um protocolo de cooperação, visando uma melhor articulação e dinâmica de trabalho entre as duas organizações sindicais, designadamente quanto aos pro-blemas com que se confrontam, às formas de encontrar resposta para cada situação e às múltiplas experiências vividas.

COM O INOVINTERO protocolo permite um intercâmbio na área da Formação, prevendo a divulgação por parte do STEC aos seus associados, das acções de formação realizadas pelo Inovinter e também a realização de acções de formação próprias, do STEC, com custos reduzidos, através daquele instituto.

O STEC promoveu sempre anualmente, em conjunto com a Comissão de Trabalha-dores da CGD, o já tradicional Jantar Comemorativo do 25 de Abril, que junta sempre mais de uma centena de trabalhadores e alguns familiares numa confraternização evo-cativa da Revolução dos Cravos, onde tem contado com a participação da Associação 25 de Abril e a presença habitual do Almirante Martins Guerreiro, um dos principais protagonistas do Movimento das Forças Armadas e membro do extinto Conselho da Revolução. Em 2009, já nas instalações da nova Sede do STEC, esteve patente uma exposição sobre o 25 de Abril, com diversos materiais: fotos, jornais, cartazes, livros, revistas e filmes. Esta exposição contou, entre os seus visitantes, com a presença da Associação 25 de Abril, e de Manuel Carvalho da Silva, Coordenador da CGTP.

comemorações do 25 de abril e 1º de maio

protocolos de cooperação

STEC - 10 Anos

Page 11: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

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COM O COMITÉ SINDICAL DO BCI MOÇAMBIQUEEste protocolo estabelece a cooperação entre as duas Estruturas Sindicais e o intercâmbio de experiências e de conhecimentos e também na Formação e no âmbito cultural e dos tempos livres.

Ao longo destes 10 anos a Sede do STEC foi mudando de lugar, procurando adequar as instalações às suas necessidades, face ao seu crescimento registado. As actividades do Sindicato inicia-ram-se com o aluguer de uma pequena sala que rapidamente se manifestou insuficiente, tendo mudado para um andar com três divisões e, posteriormente, para outro com sete divisões. Final-mente, em Junho de 2008, a Sede do STEC passa a contar com instalações próprias, no edifício onde se encontra actualmente e que é propriedade do Sindicato e orgulho dos seus associados.

A inauguração destas instalações, em 7 de Março de 2009, foi um momento marcante na caminhada do STEC, abrindo novas e melhores possibilidades de intervenção do Sindicato.

inauguração da nova sede

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STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 201112

Com o objectivo de atribuir condições mais favoráveis para os seus associados e familiares, o STEC, ao longo destes 10 anos, tem estabelecido centenas de protocolos com diversas entidades, abrangendo as áreas do ensino, hotéis, agências de viagem, saúde e desporto, cultura e lazer, parques de cam-pismo, turismo rural e outras, cuja informação está disponível no site do STEC.

Concurso de Fotografia e Prémio LiterárioDe realização anual, estes concursos tiveram várias edições até agora. O Prémio Literário, por ter reduzida participação, terminou na terceira edição. O Concurso de Fotografia já vai na sua VI Edição e tem merecido o interesse por parte de vá-rios associados e familiares.

Exposições de FotografiaOs trabalhos premiados e outros seleccionados pelo júri dos vários Concursos de Fotografia do STEC estiveram patentes em exposição, uns na Delegação de Coimbra do STEC e ou-tros já na nova Sede, em Lisboa.

Workshops de FotografiaRealizaram-se cinco acções de formação na área da fotografia, em Lisboa, Porto e Coimbra, com grande adesão de sócios e familiares.

horas livres

protocolos

STEC - 10 Anos

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Edição do livro de Cartoons

10 ANOS DE TRABALHOUma perspectiva satírica

Ao comemorar os seus 10 anos o STEC irá editar um livro com todos os cartoons saídos em cartazes e publicados na rubrica Contra Corrente da revista Caixa Aberta.Este livro será brevemente enviado a todos os associados.

Torneio de FutsalÉ uma iniciativa que tem juntado, anualmente, um número considerá-vel de participantes de vários pontos do país, num convívio salutar, que vai muito para além da competição.

Passeios, viagens e outras iniciativasRealizaram-se diversas iniciativas nesta área,de que se destaca:

Fim de semana em Góis; Fim de Semana de Aventura na Tocha; Passeio ao Piódão; Visita à Quinta da Regaleira, por duas vezes; Cruzeiro no Douro; Visita ao Aqueduto das Águas Livres; Rota da Farinha e da Broa; Rota do Azeite; Cruzeiro no Sado; Amendoeiras em Flor e Pinturas Rupestres; Fim-de-semana na Serra da Estrela; Passeio de Moliceiro na Ria de Aveiro, com visita ao Museu da Troncalhada e Barco-Museu do Bacalhau; Viagem à Tunísia; Passeio no Tejo – Rota dos Mouchões; Passeio a Monchique; Passeio Fotográfico à região do Barroso; Passeio à zona da Barragem do Alqueva; Passeio ao Ribatejo.

Promoveram-se ainda idas ao Teatro,com desconto no preço dos bilhetes.

10 anos de trabalho - uma perspectiva satírica

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Page 14: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 201114

C.A: Olhando para trás, num momen-to de regozijo/celebração por 10 anos de existência do STEC e sendo um dos seus fundadores, acha que “Valeu a pena”?

JL: Valeu a pena entrar nesta aven-tura porque penso que criámos um ins-trumento de motivação e de reconheci-mento para todos os trabalhadores da Caixa e mesmo do Grupo Caixa, que desta forma se sentiram verdadeiramen-te representados por uma organização sindical que, até então, não tinham co-nhecido. Isso é um motivo de regozijo. Mesmo que tivesse sido só por isso, va-leu a pena! Valeu também a pena porque o aparecimento do STEC trouxe um novo arejamento à actividade sindical, com o desígnio do sindicalismo de proximida-de, que resulta da sua génese. Somos um sindicato de Grupo, estamos muito próximos dos trabalhadores, muito pró-ximos dos seus problemas e também muito conhecedores das perspectivas de solução que esses problemas têm. Por conseguinte, este Sindicato preen-cheu bem esse lugar.

Valeu ainda a pena, porque esse apa-recimento, na prática, se revelou profí-cuo para os trabalhadores da Caixa e do Grupo. Para os do Grupo, porque, nalguns casos, permitiu que, pela pri-meira vez, centenas de trabalhadores tivessem um instrumento de regulamen-tação colectiva de trabalho, que até aí não tinham. Para os da Caixa, porque foi através do Acordo de Empresa que se alcançaram alguns avanços significati-vos, num tempo em que os avanços são muito escassos e muitas vezes inexis-tentes. Considero que o balanço é cla-ramente positivo e, assim sendo, valeu mesmo a pena!

O STEC tem sido ainda uma de-monstração de que é possível ter uma intervenção cívica no local de trabalho, dialogar com determinação e luta e que é possível, em qualquer situação, repre-sentar os trabalhadores, mostrar a sua posição e tentar levá-la o mais longe possível.

Também por isso valeu a pena! Aliás, algumas das curvas complicadas que atravessámos nestes dez anos. Refiro aquela que foi talvez a mais complicada até hoje - o esbulho do Fundo de Pen-sões dos Trabalhadores da Caixa, para

que hoje em dia já não existem, já estão esbatidas no tempo.

A nível interno do Grupo, as coisas não são todas iguais. O STEC afirmou-se de forma muito positiva num conjun-to de empresas, mas continua a ter um défice de intervenção, significativo ain-da, num outro grande conjunto de em-presas, das quais, pela sua dimensão, pela sua importância e pelo número de trabalhadores se destacam as da área seguradora do Grupo.

Mas, como isto é um projecto que não tem fases nem objectivos de tempo definidos, nós vamos avançando paula-tinamente e vamos conseguindo, por-que é pela afirmação, pela prática, pelo exemplo, que nós conseguimos que as pessoas vão aderindo, e, por conseguin-te, isso não nos tolhe a acção.

Externamente, o nosso modelo nunca foi muito bem aceite, provavelmente por ninguém, nomeadamente pelas diversas organizações, tanto sindicais como até políticas. Talvez que esta experiência sindical, diferente e inovadora não te-nha, ainda hoje, sido verdadeiramente compreendida por alguns desses secto-res. No entanto, ultimamente, existem já alguns sinais que têm dado para perce-ber que, também nesse domínio, alguma coisa se alterou e que algumas pessoas e organizações são obrigadas a reco-nhecer a validade deste projecto, a sua implantação crescente no seio dos tra-balhadores, e de que nada vale continu-arem a atacá-lo e a vilipendiá-lo, como no início fizeram.

Ainda externamente, os problemas com que nos temos debatido são seme-lhantes aos dos outros sindicatos por-tugueses, sendo o principal a ofensiva sobre os direitos laborais, sobre os tra-balhadores em geral. É claro que temos lutado, da maneira que podemos, mas, nesse particular, temos sentido o que os outros têm sentido. Somos mais um sin-dicato a engrossar o movimento daque-les que tentam contestar, de uma forma coerente, os ataques que o patronato, o grande capital e a governação têm man-tido, de uma forma quase ininterrupta, sobre os trabalhadores.

o qual mensalmente contribuem e que é a segurança das suas reformas - só a existência do STEC, com a determina-ção, empenho e mobilização que conse-guiu criar junto dos trabalhadores para responder a essa ofensiva do Governo de então, é que permitiu que os traba-lhadores da Caixa não saíssem tão frus-trados dessa luta e sentissem no final que fizeram o que tinham que fazer, fica-ram com a auto-estima bem levantada, e ainda hoje há reflexos positivos dessa luta histórica, nomeadamente a manu-tenção das suas condições de reforma.

C.A: Quais os principais problemas internos e externos que enfrentou nes-tes dez anos à frente da Direcção do STEC?

JL: Os principais problemas internos estiveram sempre relacionados, de iní-cio, com uma tentativa muito insistente de nos esmagarem à nascença, de não deixarem desenvolver o nosso trabalho e afirmar a nossa actividade sindical. Essa fase foi ultrapassada, nomeadamente a partir dessa histórica luta em torno do Fundo de Pensões. As coisas nesse do-mínio alteraram-se significativamente, porque a grande adesão dos trabalhado-res deu uma resposta muito importante e a prática do Sindicato acabou com es-sas tentativas. Portanto, essas ameaças e esse tipo de provocações que interna-mente nos foram criadas, pode-se dizer

[email protected]

João Lopespresidente da direcção do STEC

A Juventude é o futuro. Mesmo que não esteja ou que consideremos que não está totalmente preparada, é para ela que temos que nos virar, porque é com ela que temos que contar e não há forma de contornar isso.

Quais os principais problemas internos e externos que enfrentou nestes dez anos à frente da Direcção do STEC?

Olhando para trás, num momento de regozijo/celebração por 10 anos de existência do STEC e sendo um dos seus fundadores, acha que “Valeu a pena”?

entrevista

Page 15: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

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C.A: O STEC é, neste momento, um Sindicato com estabilidade. Acha que as várias dimensões da actual crise (eco-nómica, financeira e social) podem vir a afectar essa estabilidade?

JL: Nestas coisas nós nunca pode-mos dizer que está tudo bem e que exis-te total sustentabilidade. É verdade que temos estabilidade, ou que temos algu-ma estabilidade, mas também é verdade que essa estabilidade não se pode con-siderar inatacável e perene. Essa é uma questão a que temos que estar sempre atentos e por isso a actividade sindical é um permanente desafio, também nes-se domínio. De qualquer maneira, estas crises, nomeadamente a situação que estamos a atravessar neste momento a propósito do défice público e das me-didas da Troika e do Governo, trazem consequências, por vezes contraditó-rias. Por um lado, provocam alguma dessindicalização, resultante do facto de pessoas que ficam de tal maneira li-mitadas economicamente que entendem que até mesmo a sua magra quota para o sindicato têm de desviar para outros fins. Mas, por outro, também provocam, e temos disso vários exemplos, a apro-ximação e adesão de muitos trabalhado-res que, finalmente, acabam por dar o passo da sindicalização e abandonam a atitude, cómoda e conformada, de que cada um responde por si.

Assim, esta questão das crises tem que ser vista em dois planos e não é talvez por aí que a estabilidade vá ficar em perigo. A estabilidade do STEC e de qualquer sindicato poderá correr alguns riscos em resultado da ofensiva do pa-tronato e das medidas governamentais que podem vir a criar dificuldades à existência e à actividade normal do mo-vimento sindical e aí, se isso viesse a acontecer, naturalmente, como qualquer outro sindicato, por muito preparados e estáveis que estivéssemos, também acabaríamos por vir a sofrer.

C.A: São muitas as alterações que se avizinham para o Grupo CGD e para os seus trabalhadores: as alterações à legislação laboral, os ataques à contra-tação colectiva e ao Estado Social, etc. Está o STEC apetrechado dos meios humanos/técnicos/financeiros necessá-rios?

JL: Em relação aos meios financeiros penso que estamos, embora também nesse domínio nunca se deva considerar que podemos estar descansados. Mas, à partida, não me parece que seja por aí que nós nos vejamos impedidos de

atrasar o mais possível esse facto, até por uma questão de prudência que é sempre necessária e nos tempos que correm, mais do que nunca.

C.A: Apesar da grande taxa de repre-sentatividade sindical conseguida até agora, está a juventude a corresponder à inevitável rotatividade de associados/as e dirigentes?

JL: A Juventude é o futuro. Mesmo que não esteja ou que consideremos que não está totalmente preparada, é para ela que temos que nos virar, por-que é com ela que temos que contar e não há forma de contornar isso.

A experiência que temos e a análise que fazemos às sindicalizações revela que sim, que a juventude está a aderir ao STEC. Poderia aderir mais, mas está a aderir.

A questão que se coloca aí é um pou-co diferente. Não é tanto a adesão, é a consciência sindical com que se adere e a participação que se tem ou não. A Juventude (e até mesmo alguns traba-lhadores mais antigos), em resultado das políticas de educação que foram se-guidas neste país, em que o individua-lismo se sobrepôs ao colectivo, terá um pouco a ideia de que um sindicato é al-guma coisa para a qual se paga a quota e ponto final: o sindicato tratará da sua vida, funcionando um pouco como um guarda-chuva para ele se proteger. E, de facto, as coisas não são assim, nem podem ser assim. A sindicalização, para além do esforço do pagamento da quo-ta, pressupõe também participar, acom-panhar a vida do sindicato, discutir as coisas e se necessário disponibilizar-se para integrar os órgãos sociais do sin-dicato e ajudar a puxar o barco para a frente.

Quanto à renovação dos quadros de direcção do sindicato, considero que estamos a dar passos decisivos nesse sentido. Nunca foi fácil atrair jovens para a vida sindical. Mas, neste momento, é mesmo muito difícil. No entanto, cientes desse problema, temos procurado a re-novação e nas últimas eleições concre-tizámos uma parte significativa desse objectivo, trazendo gente jovem para a Direcção. Naturalmente que a preocupa-ção é depois fazer aqui o intercâmbio, ligar este “cimento” entre os mais velhos e os mais novos, de forma a que o tra-balho possa seguir sem grandes proble-mas e que a prática e a determinação daqueles que criaram este projecto não se perca com o passar dos anos e, an-tes pelo contrário, se renove e se desen-volva.

desenvolver a nossa actividade. Quanto aos meios técnicos também.

Quanto aos meios humanos é rela-tivo. O Sindicato tem sobrevivido com meios humanos muito limitados, tendo em conta a sua dimensão e a activida-de que tem desenvolvido. Isso só tem sido possível porque, de facto, a forma como trabalhamos, enquanto Direcção, é que cada elemento é simultaneamente director e funcionário do Sindicato, exe-cutando as mais diversas tarefas. Esse funcionamento tem conseguido ocul-tar algumas limitações no domínio do quadro de pessoal do Sindicato. Mas, se continuarmos a crescer de forma no-tável, como até aqui, e esperamos que sim, é evidente que se há-de chegar a um ponto em que teremos que investir em meios humanos. Vamos procurar

São muitas as alterações que se avizinham para o Grupo CGD e para os seus trabalhadores: as alterações à legislação laboral, os ataques à contratação colectiva e ao Estado Social, etc. Está o STEC apetrechado dos meios humanos/técnicos/financeiros necessários?

Apesar da grande taxa de representatividade sindical conseguida até agora, está a juventude a corresponder à inevitável rotatividade de associados/as e dirigentes?

O STEC é, neste momento, um Sindicato com estabilidade. Acha que as várias dimensões da actual crise (económica, financeira e social) podem vir a afectar essa estabilidade?

"O principal desafio é consciencializar os trabalhadores de que estão a ser discriminados, de que não podem cair no conformismo e no fatalismo, e que têm que se insurgir contra este estado de coisas."

João LopesJoão Lopes

Page 16: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 201116

de vez o seu individualismo, para lutar e exigir uma política diferente, que leve ao desenvolvimento e não à recessão e ao desemprego, como é caso do Orçamen-to para 2012.

Perante um ataque desta dimensão aos direitos dos trabalhadores, estou seguro que só através de uma grande mobilização de todos, conseguiremos defender o que é nosso. Quem ficar pa-rado no seu canto, tolhido pelo medo, ou pensando que nada disto lhe toca, um dia irá arrepender-se de não ter feito nada para o evitar.

Para finalizar, gostaria de dizer que estou convicto que os trabalhadores do Grupo Caixa saberão, mais uma vez, es-tar à altura das suas responsabilidades. Espero, que daqui a mais dez anos, o STEC seja um Sindicato ainda mais for-te e representativo, uma organização de que todos se orgulhem!

C.A: Como é que o STEC encara a privatização, já anunciada, de parte do Grupo?

JL: As privatizações anunciadas para o Grupo CGD, pelo Governo e pela Troi-ka, são de facto uma fonte de preocupa-ção para o STEC. Não apenas por repre-sentarmos muitos trabalhadores destas empresas que, ao que parece, estão agora para ser privatizadas, mas, es-pecialmente, porque temos a noção de que esse facto, a acontecer, irá traduzir-se numa regressão dos direitos desses trabalhadores, nossos associados. Tam-bém em relação ao próprio Grupo e à Empresa líder, o desmantelamento de uma parte importante do mesmo irá tra-zer, a nosso ver, várias consequências negativas para a estabilidade das outras empresas do Grupo, deixando-o mais frágil, mais vulnerável, mais exposto e, por conseguinte, isso é uma grande pre-ocupação.

Temos a convicção de que, dentro do que nos for possível, vamos lutar contra isso, vamos procurar impedir ou dificul-tar que isso suceda, vamos conscien-cializar os trabalhadores para os perigos que daí resultarão, mas não podemos assegurar em pleno que, no limite, isso não venha a suceder. Esta é uma das questões que está em cima da mesa, provavelmente tem alguns pés para an-dar pelas notícias vindas a público, e re-ceamos que, nesse particular, as coisas possam não correr bem.

Como é que o STEC encara a privatização, já anunciada, de parte do Grupo?

C.A: Face às medidas anunciadas, constantes do OE para 2012, de cortes totais dos subsídios de férias e de Natal, a aplicar para já em 2012 e 2013, para além dos aumentos de impostos, na sua perspectiva, quais são os principais de-safios que se colocam ao STEC no futu-ro próximo?

JL: O principal desafio é consciencia-lizar os trabalhadores de que estão a ser discriminados, de que não podem cair no conformismo e no fatalismo, e que têm que se insurgir contra este estado de coisas. Têm que considerar que es-tão a ser esbulhados dos seus direitos, que estão a ver o seu futuro e das suas famílias mais inseguro, em resultado desta política e que só lutando, só pro-testando, só manifestando a sua indig-nação é que podem impedir que essas políticas sejam seguidas.

Esse é o grande combate que temos que travar. Não sabemos se o vamos conseguir ganhar, mas vamos fazê-lo com a certeza de que a razão está do nosso lado. Iremos, pois, lutar, das vá-rias maneiras que nos são possíveis. Tal como sucedeu há uns anos com o Fun-do de Pensões, estamos convictos que vamos conseguir dar alguns passos em frente no aumento da consciencializa-ção dos trabalhadores do Grupo, quan-to aos seus direitos, quanto aos perigos que se aproximam, quanto à necessida-de que têm de sair à rua e abandonar

Face às medidas anunciadas, constantes do OE para 2012, de cortes totais dos subsídios de férias e de Natal, a aplicar para já em 2012 e 2013, para além dos aumentos de impostos, na sua perspectiva, quais são os principais desafios que se colocam ao STEC no futuro próximo?

entrevista

Page 17: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

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opiniãoopinião

Esta tendência é corporizada na evolução da CES-ETUC (Confederação Europeia de Sindicatos), desde a fundação original por sociais-democratas, à filiação subse-quente dos cristãos e mais tarde comu-nistas (Itália, Espanha, Portugal e França). Assim se fundiram os três (anteriormente opostos) modelos de sindicalismo.

A crise do sindicalismo europeu

Apesar do consenso social-democrata ter sido a base da maioria do sindicalis-mo europeu, o modelo está também em crise. Não enfatizarei este capítulo, não só porque esta é uma ocasião de cele-bração, mas também porque este tema tem sido bastante debatido em muitos fóruns. Apenas quero sublinhar 4 desa-fios chave aos quais, no meu entender, os sindicatos tem de dar resposta, ape-sar das dificuldades de efectivação e ar-ticulação.

O 1º é a chamada “globalização”. Sen-do um conceito ilusório, pois na prática refere-se a um largo espectro de de-senvolvimentos, nas 2 últimas décadas, pode no entanto servir como ferramenta para lidar com o desafio da crescente dinâmica de produção e dos movimen-tos do capital transnacional. Os sindica-tos, originalmente actuantes dentro dum contexto político e económico num plano nacional, enfrentam severos obstáculos quando cada vez mais as decisões que afectam os seus membros são tomadas fora das suas fronteiras. As relações in-dustriais estavam antes situadas entre sindicatos nacionais e empregadores nacionais. Mas se muitos actuais em-pregadores são corporações multinacio-nais, se os governos são condicionados por acordos intergovernamentais e se os mercados financeiros globais exercem

se do envolvimento político. Tornou-se evidente que havia um ambiente políti-co para as reivindicações sindicais. Os sindicatos tinham de se preocupar com o quadro legal da sua existência e ac-tividade: os direitos de organização, de negociação, o direito à greve. À medida que os governos assumiam o papel de gestão da economia, tornou-se claro que os sindicatos precisavam de influenciar as politicas macroeconómicas de modo a manter um mercado de trabalho favo-rável à sua actividade; e à medida que alguns Estados reforçaram o estado so-cial, as políticas sociais tornaram-se ful-crais para o “negócio” sindical. Por seu lado, na maioria dos países o sindicalismo moderou as suas práticas, se não antes a sua retórica. A luta anti-capitalista tornou-se assunto de confe-rências de fim-de-semana enquanto o mundo de representação e negociação ocupava a semana de trabalho. A social-democracia, originalmente um credo re-volucionário, tornou-se explicitamente reformista no início do séc. XX. Apenas os comunistas, uma minoria de activistas sindicais, na maior parte dos países, ain-da vê os sindicatos como um potencial veículo para a revolução. E mesmo antes do colapso da URSS, o surgimento do Eurocomunismo converteu os partidos e sindicatos comunistas (especialmente em Itália) numa forma de social-demo-cracia.Já os sindicalistas cristãos, originalmente anti-socialistas, rapidamente se tornaram líderes da classe operária libertando-se das hierarquias religiosas. Subsequente-mente muitos destes sindicatos abando-naram a identidade religiosa. A nível glo-bal, a Internacional Cristã foi refundada em 1968 (WCL), com um programa que na prática era socialista.

Resumindo: em muitos aspectos todos os sindicatos europeus se tornaram numa espécie de organização social-democrata.

Desde os vários modelos (opostos) de sindicalismo a uma síntese social-democrata

Num livro que escrevi há 10 anos, Un-derstanding European Trade Unionism ii, sublinhei 3 modelos/estilos de sindica-lismo, cada um com uma orientação dis-tinta, para a economia e a sociedade.

O 1º era o modelo anglo-americano, o “sindicalismo de negócios”: via a tarefa dos sindicatos apenas como a repre-sentação dos interesses económicos dos seus membros, sobretudo através da negociação colectiva com os empre-gadores.

O 2º tipo era o radical/revolucionário, uma acção colectiva como uma forma de resistência anti-capitalista. No princípio do séc. XX havia muitos subtipos desta perspectiva: marxista, anarquista, sindi-calista, etc.

O 3º modelo nasceu da doutrina social da igreja no fim do séc. XIX, muito devi-do ao apoio crescente da classe operária às ideias socialistas da luta de classes. Apesar de considerar que os trabalhado-res deviam estar colectivamente organi-zados, rejeita o antagonismo de classes.Historicamente foi dif ícil ou mesmo impossível manter um modelo puro de qualquer um destes 3 tipos; e à medida que os sindicatos se institucionalizaram, as visões ideológicas que inspiraram as suas identidades iniciais desvanece-ram-se. Durante o séc. XX o que vimos na Europa foi uma convergência dos di-ferentes modelos numa forma híbrida de modelo de sindicalismo. Foi a emergên-cia da síntese social-democrata como refiro mais adiante.

O sindicalismo de negócios (sindicalismo puro e simples, como era por vezes de-signado) não podia, na prática, abster-

Congratulo o STEC no seu 10º aniversário e sinto-me muito feliz por me ter sido pedida uma contribuição para a celebração desta data. Neste artigo vou apresentar 3 tipos ideais de identidade sindical e o modo como cada um convergiu no último século. Depois discuto sucintamente a crise que atinge o modelo híbrido de sindicalismo europeu de hoje. Finalmente exploro como os sindicatos podem reconfigurar as suas ideias e organização para enfrentar os desafios do novo século.

Ideias e organização: o futuro do sindicalismo i

prof. emérito dr. Richard Hymanlondon school of economics - uk

continua

Page 18: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 201118

opinião

ramos o mercado, é hoje evidente que o capitalismo tem muitas formas, umas mais prejudiciais do que outras.

Quem pensava que havia uma alterna-tiva ao capitalismo concluiu que isso não está na agenda imediata, e que pelo menos vale a pena tentar defender va-riedades relativamente civilizadas de ca-pitalismo contra o capitalismo de casi-no, contra o capitalismo selvagem. Com efeito, isto é o que a CES está a tentar a nível europeu, e os sindicatos também a um nível nacional. Este é um recuo em relação aos nossos ideais socialistas, mas, de momento, talvez o melhor que os sindicatos podem esperar é manter o mercado capitalista - a nível nacional, europeu e global - na medida do possí-vel sob controlo social.

Quando consideramos a dimensão de classe, é importante reconhecer que os trabalhadores têm identidades mui-to mais diversificadas do que no pas-sado, e o vocabulário de classe já não tem muita ressonância para a maioria. Ainda assim, sou suficientemente an-tiquado para pensar que os sindicatos não devem abandonar o conceito de luta de classes. Eles devem fazê-lo apenas quando o capitalismo abandonar a sua prática da luta de classes, e, em muitos aspectos, hoje os capitalistas são guer-reiros de classe mais cruéis do que os seus antecessores. Mas a classe em si não é suficiente. Os sindicatos têm de ser sensíveis às diferenças, como géne-ro, etnia ou idade. Alguns sindicatos na Europa (e resto do mundo) têm sucedido melhor do que outros ao adaptar as suas políticas às realidades da diversidade.

Os marxistas costumavam dizer que os trabalhadores não têm pátria, mas isso não é assim; a maioria trabalhadores e dos sindicalistas, definem-se, em pri-meiro, em termos nacionais. No entanto, num mundo globalizado, a solidariedade do sindicalismo sindical internacional não é um luxo mas uma necessidade. Em 1924, Edo Fimmen, um grande líder sindical, escreveu que os sindicalistas são muito bons a fazer discursos sobre a solidariedade internacional, mas são nacionalistas nas suas acções. Por ou-tro lado, os capitalistas "não deliberam sobre solidariedade internacional. No entanto, eles pensam e agem internacio-nalmente" iii. Isto é ainda mais verdadeiro hoje; Internacionalismo eficaz requer que os sindicatos acreditem e convençam os seus membros de que a solidariedade é do seu interesse, a longo prazo.

lectivo. Sempre disse que alguns dos meus melhores amigos são indivíduos. Os sindicatos sempre tiveram de traba-lhar para construir a solidariedade entre uma força de trabalho diferenciada. Só que antes muitos trabalhadores tinham uma relativamente espontânea identi-dade colectiva: viviam e trabalhavam na mesma localidades, os colegas de tra-balho também eram vizinhos e tendiam a envolver–se nas mesmas actividades sociais, fora do trabalho. Nesse sentido, a organização sindical apenas tinha de formalizar relações colectivas já pré-existentes. Não é mais assim, já que o pós-fordismo aumentou a diferenciação entre as diferentes categorias de traba-lhadores. Os sindicatos, actualmente, têm que trabalhar muito mais para cons-truir uma consciência colectiva.

Estes 4 desafios atingiram duramente os sindicatos. O sindicalismo social-demo-crata parecia adequado para um certo tipo de trabalhador, um tipo de econo-mia e um ambiente político que agora são história. Assim, em praticamente todos os países europeus os sindicatos têm vindo a perder membros - gradual-mente, em alguns casos, rapidamente noutros. Os recém-chegados ao merca-do de trabalho raramente se associam a sindicatos; e, em alguns países, metade dos membros actuais do sindicato ter-se-á aposentado mais ou menos dentro de uma década. Como podem os sindi-catos responder?

Rumo a uma nova síntese de ideias e organização?

Podemos encontrar uma nova manei-ra de sintetizar alguns dos valores, as-pirações e conquistas tradicionais do sindicalismo no contexto moderno? Re-gresso às três dimensões do mercado, classe e sociedade. Quando conside-

um impacto destrutivo na economia real, como podem os sindicatos ainda exercer influencia nas condições de emprego?

Um 2º desenvolvimento, também am-bíguo e contestado, é o comummente designado como ´post fordismo´. O tra-balhador tradicional, com um contrato típico – trabalho a tempo inteiro, 5 dias por semana, com a expectativa razoável de emprego até à reforma – é uma es-pécie em extinção. Tem havido um cres-cimento de diversas formas de emprego atípicas, adaptadas às necessidades dos empregadores de uma força de trabalho “flexível”. Isto coloca muitas dificuldades às organizações sindicais que, tradicio-nalmente, tinham a sua base de recruta-mento junto do trabalhador típico – ho-mem, trabalhador manual, Como podem agora recrutar e representar as novas categorias de trabalhadores?

Em 3º, na Europa, nas décadas seguintes à 2º Grande Guerra, a social-democracia foi a ideologia dominante. A economia planeada (Keynesianismo) foi aceite até por partidos conservado-res, como a receita para o crescimento e o pleno emprego. O Estado também tinha o dever de proteger os vulnerá-veis através da expansão do sistema de wellfare. Os sindicatos negociaram com os Estados, coibindo-se na sua acção, retirando vantagens de uma partilha da prosperidade crescente. A social-de-mocracia foi popular enquanto produziu um círculo virtuoso de benefícios mate-riais; mas a partir dos anos 70, com o fraco crescimento, alto desemprego e inflação crescente, em muitos países, a credibilidade da velha receita foi mina-da. O argumento neo-liberal de que, não mais, mas menos intervenção estatal, era necessária para restabelecer a com-petitividade num mundo ´post-fordista´, globalizado, tornou-se no novo “senso comum”. Mesmo partidos social-demo-cratas aceitaram muito da lógica neo-liberal. Em consequência, os sindicatos viram-se enredados em concessões ne-gociais – com empregadores e governos – como um modo de limitação de danos. Anteriormente os sindicatos podiam di-zer aos trabalhadores, “juntem-se a nós e melhoraremos as vossas condições de trabalho”, agora eles têm de dizer, de facto, “sem nós ainda ficarão pior”. Não se pode dizer que esta seja uma palavra de ordem eficaz….

O 4º desafio é o individualismo. Pode parecer exagerado mas não há neces-sariamente uma contradição entre a sensibilidade e interesse individual de cada um e sentir-se parte de um co-

Mas se muitos actuais empregadores são corporações multinacionais,(...)como podem os sindicatos ainda exercer influencia nas condições de emprego?

Page 19: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

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Chegando finalmente à dimensão so-cial: as nossas sociedades estão cada vez mais fragmentadas, tendo perdido muitos dos seus fundamentos tradicio-nais de coesão. Há uma crescente di-visão entre os que aproveitaram opor-tunidades de enriquecimento rápido da nova economia, aqueles que ainda se vão aguentando, sentindo-se cada vez mais inseguros, e aqueles que são so-cialmente marginalizados e excluídos. Isto pode resultar num aumento da vio-lência social e ser motivo para soluções repressivas e autoritárias. Uma das prin-cipais tarefas - e também oportunidade - para os sindicatos é ajudar a redefinir a solidariedade social, constituir uma força de coesão baseada na justiça so-cial. Os sindicatos são actores chave da sociedade civil com uma posição problemática. É comum distinguir entre os sindicatos e as ONGs (organizações não-governamentais), situando-os em lados opostos. No entanto, os próprios sindicatos também não são organiza-ções governamentais! Eles têm um pa-pel fundamental a desempenhar na re-presentação dos mais desfavorecidos e menos privilegiados, mas eles não têm o monopólio. Os sindicatos nem sempre têm aceitado esta limitação. E muito ra-ramente construíram alianças genuínas com outras organizações e movimentos sociais - mais atractivos para a geração Facebook e Twitter do que os sindica-tos, muitas vezes vistos como algo de velho e ultrapassado.

Uma das coisas potencialmente boas no dano que foi infligido aos sindicatos no último par de décadas é que eles foram forçados a pensar de novo sobre o que antes tinham era um dado adquirido.

Os sindicatos deixaram-se, muitas vezes, enredar em rotinas e linguagem burocrá-ticas consagradas através dos tempos. E distanciou-se daqueles a quem procuram recrutar e representar. Poderão ainda vol-tar a ser proactivos e não reactivos? Um líder sindical britânico, décadas atrás, muitas vezes, em conferências, pergun-tou: "o que estamos aqui a fazer?". É uma boa pergunta. Muitos sindicalistas têm dado como certo que todo o mundo deve apreciar a resposta tradicional her-dada de seus antecessores, mas é hora de recomeçar a fazer a mesma pergunta, a fim de encontrar novas respostas.

Três apontamentos finais

Em primeiro lugar, os sindicatos são mui-tas vezes vistos como representando interesses adquiridos: os que já estão relativamente seguros no mercado de trabalho, com salários e condições de trabalho relativamente bons; na maioria dos casos os vencedores ou pelo menos não perdedores no processo de reestru-turação económica. Mas os sindicatos têm de convencer-se a si mesmo e aos outros, que são a voz da maioria, que re-presentam os perdedores tanto quanto os vencedores, e que querem tentar con-verter os perdedores em ganhadores.

Em segundo lugar, os sindicatos têm de reconsiderar a relação entre trabalho e vida. Muitas vezes refere-se a temática do equilíbrio entre o trabalho a vida signi-ficando apenas políticas de acompanha-mento dos filhos e licença parental. Tais questões são importantes, mas não me refiro a esse aspecto. Trabalho e vida não devem ser vistos como esferas separa-das. Não devemos deixar de viver quan-

do começamos a trabalhar e esperar até concluir o trabalho antes de começar a viver novamente. Como podemos recon-figurar o papel do trabalho nas nossas vidas quando o trabalho está mudando tanto? Como, se pode “flexibilizar" este princípio de modo a que atenda às ne-cessidades e interesses dos trabalhado-res, e não apenas dos empregadores? Tais questões devem estar na vanguarda do pensamento estratégico sindical.

Finalmente, os sindicatos têm de recon-quistar a sua legitimidade. Há uma ba-talha de ideias em curso, uma batalha que muitas vezes é unilateral. O novo consenso aceita a lógica da globalização neo-liberal, tratando "competitividade" como uma força incontrolável, e assu-mindo que o trabalho e os trabalhadores se devem adaptar às novas realidades económicas. Apesar do quase colap-so do capitalismo financeiro global em 2008, o neoliberalismo parece mais forte do que nunca. "Não há alternativa", Mar-garet Thatcher costumava dizer.

Hoje, os governantes insistem que não há alternativa à austeridade que faz com que os trabalhadores pagam todos os custos da crise, enquanto aqueles que a causaram se riem.

Mas tem de haver formas alternativas de ligar a economia e a sociedade, o traba-lho e a vida, e os sindicatos devem estar na vanguarda da definição dessas alter-nativas. Os sindicatos precisam de uma nova visão, mesmo de uma nova utopia se querem ser sujeitos e não meros ob-jectos da história, para que uma nova ge-ração tenha ainda algo para comemorar.

Dr. Richard HymanDr. Richard Hyman

Tradução: Olinda Lousãi Artigo especialmente adaptado pelo autor, a pedido do STEC, à ocasião festiva.ii Hyman, R. (2001), Understanding European trade unionism: Between market, class and society, Sageiii Fimmen, E (1924) Labour's Alternative: The United States of Europe or Europe Limited. Labour Publishing Co.

Richard Hyman

Understanding European Trade Unionism:Between Market, Class & Society

(2001) Sage

Page 20: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 201120

Resultados e Dependência

Desde o 25 de Abril que Portugal vive sobre a égide de progra-mas de austeridade, em nome da resolução dos desequilíbrios na balança comercial e nas contas públicas. Primeiro, com as intervenções do FMI (1978-1979 e 1983-1985), depois com os PEC e, agora, com o programa da Troika.

Resultado? Desde os anos 70 do século XX que as taxas de crescimento do PIB têm vindo a desacelerar, quase estagnando na última década e estimando-se uma contracção média anual do PIB de cerca de 2% para 2011-2012. Como consequência, o número médio de desempregados teve um aumento estrutu-ral de 200 mil, entre os anos 70 e a última década, prevendo-se para 2011-2012 um novo aumento de 300 mil desempregados.E os desequilíbrios? Esses permanecem, reflectidos nos dé-fices comercial e público, crónicos e crescentes. O défice da balança corrente, em termos médios, aumentou 72 vezes entre os anos 70 e a última década, agravando-se significativamen-te após a nossa adesão à UE. O défice público aumentou 20 vezes e a dívida pública 101 vezes, apesar do objectivo procla-mado de consolidação orçamental. A questão de fundo é que os desequilíbrios advém das debili-dades estruturais do nosso aparelho produtivo. O país foi pre-parado, nomeadamente os primeiros programas do FMI, para o actual modelo económico baseado nos baixos salários, as-sente na reexportação e na subcontratação, em obediência a uma cadeia de produção externa das grandes multinacionais europeias. Desde os anos 70 que as taxas de crescimento da produção industrial, em termos médios, têm vindo a desace-lerar de década para década, contraindo-se mesmo na última década. Acompanhando em sentido inverso, o défice da nossa balança de bens tem vindo a aumentar. Este défice ajuda explicar a nossa crescente dependência ex-terna e obviamente o nosso endividamento externo global, pú-blico e privado. O país tem vindo a tornar-se progressivamente um cada vez maior importador líquido e, por isso mesmo, um devedor líquido. Este é o ciclo vicioso em que Portugal se en-contra, não só de desvalorização progressiva do valor de tra-balho e de desemprego crescente, mas também de um aumen-to progressivo da dependência externa.

Lucros e Exploração

Desde 1974, em cada episódio de crise, a austeridade tem servido para restaurar a rentabilidade perdida, transferindo a riqueza criada pelos trabalhadores para o capital. O peso dos salários no produto tem vindo a descer de década para déca-da. Em cada crise, o Estado intervém com a sua política fiscal e orçamental, com mais défice e mais divida pública, transfor-mando dívida privada em pública (veja-se a intervenção nos últimos anos só no sector bancário, como o caso BPN, ou das

parcerias público-privadas, ou ainda a despesa fiscal em isen-ções para o capital), justificando assim, em nome dos novos desequilíbrios a necessidade de mais gravosas medidas de austeridade sobre o trabalho.

Se analisarmos a evolução dos custos unitários do trabalho em Portugal vemos esse ciclo, em que os programas de austerida-de contribuem sempre para períodos de redução dos custos unitários do trabalho, em resposta ao seu aumento em anos de crise e/ou eleitorais (Gráfico 1). O resultado pode-se evidenciar por exemplo na última década, em que os lucros líquidos em Portugal cresceram em média 4 vezes mais que os salários re-ais, contribuído para a redução dos custos unitário do trabalho reais, ou seja, de transferência dos ganhos de produtividade do trabalho para o capital (Gráfico 2). O poder de compra dos trabalhadores tem sido sustentado artificialmente por via do endividamento, que em 2009 já representava quase 100% do PIB (Gráfico 3). Endividamento que constitui em si mesmo uma forma adicional de exploração do trabalho, com os juros a pa-gar ao capital financeiro.

opinião

Pedro CarvalhoEconomista, Gabinete Técnico da União de Sindicatos do Porto

A austeridade é a resposta do sistema capitalista às crises cíclicas decorrentes do processo de acumulação de capital, de forma a restaurar as condições de rentabilidade do capital - as taxas de lucro. Os programas de austeridade têm como principal propósito a redução dos custos unitários do trabalho, ou seja, garantir uma maior apropriação da riqueza produzida pelo trabalho pelo capital. A austeridade está por isso ao serviço da exploração do trabalho.

Austeridade ao serviço da exploração

1 - Evolução dos custos unitários do trabalho reais. % de variação anual, AMECO/CE

2 - Evolução dos salários e lucros, 2001-2010. Média da % de variação anual, AMECO/CE

Page 21: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

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o grupo CGD, os pecs e as eleições

Vemos assim a quem servem os programas de austeridade. Não só cá, mas em toda a zona Euro, onde os lucros líquidos cresceram 7 vezes mais que os salários ou na Alemanha em que cresceram 81 vezes mais! Os lucros líquidos, desde o pri-meiro programa do FMI em Portugal, tiveram taxas de cresci-mento médio anual de 22,8% entre 1977 e 1980 e 30,6% nos anos 80, tendo depois uma desaceleração nos anos 90 e na última década (Gráfico 4). As previsões para 2011-2012 são para uma redução dos lucros líquidos de 7,7%.

Esta é a grande preocupação do programa da Troika e do orça-mento de estado para 2012 que lhe dá corpo, restaurar as con-dições de rentabilidade do capital à conta de uma intensificação da exploração do trabalho. Aliás como aconteceu com a apli-cação do PEC entre 2005 e 2007, que conduziu a um aumento dos lucros de quase 31,4% em dois anos, ao mesmo tempo que o peso dos salários no produto registou uma redução de 2,3 pontos percentuais, indicador de um dos maiores aumentos da taxa de exploração sobre o trabalho desde o 25 de Abril.

A Troika e o(s) Orçamento(s)

A intervenção externa foi imposta ao país pelos interesses da banca, nomeadamente a europeia, numa gigantesca operação de transferência de recursos do trabalho para o capital, sobretudo fi-nanceiro. Intervenção que visou dar força de execução à ofensiva de classe contida nos ditos PEC I, II e III, quando se via que a re-sistência dos trabalhadores era um obstáculo ao avanço do PEC IV, que acabou por ser transformado no programa da Troika.A estratégia de consolidação orçamental segue as linhas de sempre: privatizar bens e mercados públicos, fornecendo novas áreas de rentabilização para o capital nacional e estrangeiro; aumentar o grau de financiamento do capital, por via dos im-postos e do recurso aos sistemas nacionais de pensões e, o ataque aos níveis salariais e direitos dos trabalhadores do sec-tor público, contribuído directamente e indirectamente para a redução dos custos unitários de trabalho, tendo em conta o seu

reflexo nas negociações salariais/laborais no sector privado. Os trabalhadores do sector público foram ao longo da última dé-cada a antecâmara das reformas ao nível laboral que se vieram traduzir à posteriori para todos os trabalhadores, vejam-se os códigos de trabalho dos governos PSD/CDS e depois PS.O dito «desvio colossal» actual, a par de outras derrapagens orçamentais do passado, servem para justificar sobretudo esse ataque. Não deixa de ser significativo que o esforço de redução do défice público para 2012, inscrito do programa da Troika era de 6 mil milhões de euros e, num espaço de poucos meses, com a proposta de orçamento do estado para 2012, esse esfor-ço tenha aumentado 4,3 mil milhões para 10,3 mil milhões, dos quais 2,7 milhões à conta de reduções salariais e no número de efectivos dos trabalhadores do sector público, nomeadamente com o corte nos subsídios de férias e natal (o mesmos se pas-sando para os pensionistas).Isto quer dizer que os cortes nos trabalhadores do sector públi-co, representam cerca de 36% do esforço de redução da des-pesa (25% para os pensionistas), mais 20 pontos percentuais do que se registaria pela aplicação do que estava inscrito no programa da Troika para 2012. O que está em gestação é a ex-tensão destas medidas a todos os trabalhadores, no sentido da eliminação do subsídio de férias e natal.Esta operação que teve como precedente o corte médio de 5% das remunerações dos trabalhadores do sector público com re-munerações superiores 1.500 euros, traduziu-se na admissão da possibilidade de reduzir os salários nominais, abrindo uma caixa de Pandora para todos os trabalhadores. Em 2011, esti-ma-se que pela primeira vez nos últimos 50 anos, se venha a re-gistar uma redução da compensação salarial nominal dos traba-lhadores portugueses (-1,2%), o mesmo já tinha acontecido aos trabalhadores do sector público em 2003 (-1,9%), repetindo-se em 2006, 2007 e 2010. Esta estratégia dos primeiros passos para solidificar novos pas-sos, foi dada também pela redução do valor das indemnizações de despedimento para os novos contratos de trabalho, com a criação de um tecto máximo de 12 meses e a redução de (pelo menos) 10 dias no valor da remuneração mensal a considerar. Veja-se que em sede de concertação social, já se pretende avançar para os contratos actualmente existentes, abrindo as-sim caminho para o «despedimento por antiguidade».O mesmo se passa com a possibilidade de 16 dias de trabalho gratuito anual, agora também utilizados para uma ainda maior flexibilização do horário de trabalho. As transformações tidas no subsídio de desemprego e no alargamento pretendido dos motivos para o despedimento de justa causa, a par do ataque directo aos sindicatos, resultam numa ofensiva sem paralelo aos trabalhadores portuguesas e das conquistas da sua luta, alicerçadas numa intervenção externa.O capital tenta aumentar a taxa de exploração de trabalho por todas as formas, por via aumento do horário de trabalho, pela redução salarial e pelo incremento da produtividade/intensidade do trabalho hora. Tudo em nome da redução dos custos unitá-rios de trabalho, para restauração das condições de rentabili-dade do capital.Compreender os objectivos estratégicos das medidas que es-tão a ser implementadas, os interesses de classe que servem e a dimensão da ofensiva em curso, torna-nos conscientes que só a luta de massas e a elevação do grau de direcção, organi-zação e unidade da luta dos trabalhadores poderão derrotar a ofensiva capitalista. Conscientes que as falsas resignações ou as tentativas de criar divisões artificiais entre os explorados ser-vem sempre os mesmos. Hoje, como ontem, o que é necessário é que os trabalhadores e os povos tomem nas suas mãos a afir-mação do seu destino, liberto da exploração. Que a mobilização cresça e que todas as lutas que se estão a realizar convirjam, fazendo já do dia 24 de Novembro, uma imensa jornada de luta de todos trabalhadores, contra a exploração e a austeridade que a sustenta. Depende de nós.

Pedro CarvalhoPedro Carvalho

3 - Endividamento da famílias em % do PIB, BANCO DE PORTUGAL

4 - Lucros líquidos. Média da % de variação anual, AMECO/CE

Page 22: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 201122

PRÉ-AVISO DE GREVEAo Ministério da Economia e do EmpregoA todas as Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos

O STEC - Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos, ao abrigo do artigo 57º da Constituição da República Portuguesa e nos termos dos artigos 530.º e seguintes do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, e dos artigos 392.º e seguintes do Regime do Contrato de Trabalho em Funções Públicas, aprovado pela Lei n.º 59/2008, de 11 de Setembro de 12 de Fevereiro, torna pública, para todo o seu âmbito e área estatuários, a adesão à Greve Geral de 24 de Novembro de 2011, declarada pelas Centrais Sindicais.

A Greve, sob a forma de uma paralisação total do trabalho, durante todo o período de funcionamento, cor-respondente àquele dia, tem os seguintes objectivos:

Contra a discriminação de fazer recair mais brutalmente, sobre os trabalhadores do Sector Empresarial do Estado, as penalizações, por uma situação de défice público que é de todos;

Contra a política de recessão económica e a austeridade, a exploração e o empobreci-mento dos trabalhadores (as), do povo e do país;

Contra o roubo nos Subsídios de Natal e de Férias, a redução dos salários e das pensões de reforma;

Contra o aumento brutal do custo de vida e o agravamento dos preços de serviços e bens essenciais;

Contra a discriminação da tributação dos rendimentos do trabalho em relação aos do capital e o aumento dos impostos indirectos (IVA);

Contra o ataque à contratação colectiva e a tentativa de eliminação de direitos e garantias constitucionalmente consagrados;

Contra a redução do valor do trabalho extraordinário e a diminuição dos feriados;

Contra a precariedade, os despedimentos mais fáceis e mais baratos, os cortes no subsídio de desemprego e demais apoios sociais;

Contra as privatizações e a entrega do património público, a preço de saldo, ao capital; pelo reforço do Estado nos sectores e empresas estratégicas, para o desenvolvimento do país;

Contra a corrupção, a fraude e evasão fiscal e a economia paralela;

Pelo crescimento económico, a criação de mais e melhor emprego, o aumento dos sa-lários e das pensões e o reforço das prestações e apoios sociais;

Pelo investimento e dinamização do sector produtivo, para criar riqueza, salvaguardar a soberania nacional e reduzir o endividamento;

Pela defesa e melhoria dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, nomea-damente na saúde, na educação e na segurança social;

Pela renegociação da dívida - dos prazos, juros e montantes - e o alargamento do período para a redução do défice.

Para os trabalhadores, cujo horário de trabalho se inicie antes das 00h00 ou termine depois das 24h00 do dia 24 de Novembro, se a maior parte do seu período de trabalho coincidir com o período de tempo coberto por este pré-aviso, o mesmo começará a produzir efeitos a partir da hora em que deveriam entrar ao servi-ço, ou prolongará os seus efeitos até à hora em que deveriam terminar o trabalho, consoante os casos.

Os trabalhadores assegurarão ainda a prestação dos serviços mínimos indispensáveis à satisfação das ne-cessidades sociais impreteríveis, nas empresas, estabelecimentos ou serviços que se destinem à satisfação dessas necessidades.

A representação dos trabalhadores em greve é delegada, nas Comissões sindicais, delegados sindicais e piquetes de greve.

A Direcção do STEC

pré-aviso de greve

Page 23: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

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Uma crise para a qual quem nos (des)governa aponta uma saída - agrava-mento drástico das nossas condições de vida, mais empobrecimento e retirada de direitos fundamentais duramente alcançados e que são a ex-pressão de avanços civilizacionais da humanidade!

Contra esta dramática realidade, que não passa de uma tentativa de retorno aos tempos negros de escravidão e obscurantismo que se viviam na idade média, todos devemos levantar a nossa voz e todos devemos manifestar a nossa mais firme indignação.

Quem não lutar agora! Quem não souber compreender o que lhe está a acontecer agora e o que lhe vai suceder a seguir... não pode esperar que outros lutem por si, ou que algum milagre lhe aconteça!

A situação é grave, é mesmo muito grave, e não vale a pena pensar que se resolve, ficando calados, baixando os braços, aceitando o que nos dão e ainda agradecendo veneradamente a esmola!

Só há uma forma dos trabalhadores demonstrarem que são imprescindíveis a esta sociedade e que sem o seu trabalho, os seus conhecimentos e a sua capacidade profissional, não se cria riqueza, a economia não avança e tudo paralisa -

ASSUMIREM UMA ATITUDE DE PROTESTO E DE INDIGNAÇÃO!

LEVANTANDO A CABEÇA, COMO HOMENS E MULHERES LIVRES!

LUTAREM!

A Greve Geral marcada para o dia 24 de Novembro, é um momento crucial para a afirmação dos trabalhadores, como homens e mulheres livres, e do seu papel na sociedade!

A Greve Geral de 24 de Novembro, é por tudo isso um momento único!

A crise aí está! Uma crise que se está a abater sobre os mesmos de sempre - os trabalhadores da Administração Pública e das Empresas do Sector Empresarial do Estado (onde está o Grupo CGD)!

greve geralgreve geral

Uma crise que passa ao lado daqueles que mais acumulação de riqueza conseguiram!

Uma crise que penaliza quem à mesma é alheioe protege aqueles que para ela mais contribuíram!

a crisea ofensiva sobre os trabalhadores

a greve geral

Page 24: Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição EspecialTitle Caixa Aberta 28 - Novembro 2011 - Edição Especial Author  Created Date 11/21/2011 10:22:34 PM

STEC | CAIXA ABERTA Nº28 - Edição Especial | NOVEMBRO 201124

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Boletim Informativo Caixa Aberta Nº 28 - Edição Especial, Novembro de 2011 - Periodicidade: Trimestral - Tiragem: 6500 ExemplaresDirecção e Redacção: Departamento de Comunicação do STEC - Concepção Gráfica: Hardfolio - Impressão: Ligrate - Atelier Gráfico, Lda.