café, café

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comer comprar | design | restaurantes | vinhos | receitas | gourmet 14 sete 30 DE AGOSTO DE 2012 A pergunta vai ouvi-la se for comprar café à Casa Angola, na parte exterior do Mercado Municipal de Matosinhos. Hoje a loja está em frente à praça de táxis, dantes ficava mesmo virada para a paragem do elétrico e «vinha muita gente do Porto aqui comprar café», diz quem já conta mais de 42 anos atrás do balcão. Fernanda Gomes tem clientes que «já cá vinham em pequenos com os pais ou os avós». Muitos nem precisam de pedir. Ela já sabe o café que querem e como o preparam em casa. Aqui, o café mói-se na hora (há também quem prefira levar em grão), de acordo com a máquina ou a cafeteira que o cliente usa em casa. Os fregueses regulares têm até uma amostra num armário da loja (há mais de 300, metidas em pequenos saquinhos de plástico) do tipo de moagem de que gostam – só olhando para ela os funcionários conseguem obter exatamente o ponto desejado. Rui Moreira, o proprietário e neto dos fundadores da Casa Angola, conta no exterior (lá dentro é impossível fazer entrevistas, há sempre o CAFÉ, CAFÉ «É para rosca, máquina de filtro, cafeteira de pressão...?» JOANA FILLOL barulho de fundo dos três moinhos de 1954 a funcionar) que a maioria dos clientes ali vai semanalmente: «É o tempo certo para manter a força e o aroma que o café necessita». Fala com orgulho na casa que remonta a 1932 e está neste local desde a década de 50. A avó, Elvira Oliveira, já faleceu, mas em vida fez cerca de cem lotes diferentes, misturando cafés de várias origens. O mais popular é o «lote particular», «um café forte que fazia com que os pescadores de Matosinhos ficassem acordados e quentinhos durante a faina noturna». Rui recuperou-o para fazer café expresso (na altura era de saco) e diz que é bem ao gosto português – «cheio de corpo e com espuma». Há muitos lotes – o 100% arábica, a mistura à base de chicória e café puro que permite fazer a meia de leite tradicional, por exemplo – e os clientes também podem determinar as combinações. Só não se pode é tomar café na Casa Angola. E é pena porque, com aquele cheirinho, bem que dá vontade. CASA ANGOLA Mercado Municipal de Matosinhos R. França Júnior, 51 T. 22 937 1833 Seg-Sex 9h-19h, Sáb 9h-13h Cozinha criativa No novo Patuá, o empadão é servido no frasco e o strogonoff é Strog On Off Os nomes dão algumas pistas sobre a originalidade dos pratos. Há o empadão no frasco, para se comer à colher. O Strog On Off, reinvenção do prato russo, com a galinha marinada envolta em massa folhada e o molho de cogumelos servido à parte. Ou então o Rolha à Parmegiana, o bife da casa com tomate desidratado, mozarela de búfala e batata rústica com cebolada roxa. Exemplos perfeitos da criatividade de João Pimentel, 25 anos, cabecinha imparável ao serviço do restaurante Patuá, inaugurado em julho. A uma extensa carta, juntam-se os menus de degustação (entre €32 e €38), uma verdadeira prova cega, com escolhas do chef. Formado em gestão hoteleira, João Pimentel cruzou- se no mestrado de gastronomia, feito em Barcelona, com João Sobreira, outra das caras do Patuá, juntamente com a irmã de João, Inês, e Ana Araújo. Todos portuenses convictos, com vontade de contribuir para a movida da cidade. De uma lista de centenas de nomes, traduziram livremente o patois (dialeto, em francês), neste Patuá de sonoridade simpática. Os clientes parecem ter fixado o nome. J.L. RESTAURANTE-BAR PATUÁ R. da Conceição, 94, Porto T. 22 208 0622/96 429 8569 Seg-Qua 10h-24h, Qui-Sáb 10h-02h FOTOS: FILIPE PAIVA FOTOS: FILIPE PAIVA

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Revista Visão n. 1017 de 30 Agosto 2012. por JOANA FILLOL.

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Page 1: Café, Café

comer comprar | design | restaurantes | vinhos | receitas | gourmet

14 sete 30 DE AGOSTO DE 2012

A pergunta vai ouvi-la se for comprar café à Casa Angola, na parte exterior do Mercado Municipal de

Matosinhos. Hoje a loja está em frente à praça de táxis, dantes ficava mesmo virada para a paragem do elétrico e «vinha muita gente do Porto aqui comprar café», diz quem já conta mais de 42 anos atrás do balcão. Fernanda Gomes tem clientes que «já cá vinham em pequenos com os pais ou os avós». Muitos nem precisam de pedir. Ela já sabe o café que querem e como o preparam em casa. Aqui, o café mói-se na hora (há também quem prefira levar em grão), de acordo com a máquina ou a cafeteira que o cliente usa em casa. Os fregueses regulares têm até uma amostra num armário da loja (há mais de 300, metidas em pequenos saquinhos de plástico) do tipo de moagem de que gostam – só olhando para ela os funcionários conseguem obter exatamente o ponto desejado.

Rui Moreira, o proprietário e neto dos fundadores da Casa Angola, conta no exterior (lá dentro é impossível fazer entrevistas, há sempre o

CAFÉ, CAFÉ«É para rosca, máquina de filtro, cafeteira de pressão...?» JOANA FILLOL

barulho de fundo dos três moinhos de 1954 a funcionar) que a maioria dos clientes ali vai semanalmente: «É o tempo certo para manter a força e o aroma que o café necessita». Fala com orgulho na casa que remonta a 1932 e está neste local desde a década de 50. A avó, Elvira Oliveira, já faleceu, mas em vida fez cerca de cem lotes diferentes, misturando cafés de várias origens. O mais popular é o «lote particular», «um café forte que fazia com que os pescadores de Matosinhos ficassem acordados e quentinhos durante a faina noturna». Rui recuperou-o para fazer café expresso (na altura era de saco) e diz que é bem ao gosto português – «cheio de corpo e com espuma». Há muitos lotes – o 100% arábica, a mistura à base de chicória e café puro que permite fazer a meia de leite tradicional, por exemplo – e os clientes também podem determinar as combinações. Só não se pode é tomar café na Casa Angola. E é pena porque, com aquele cheirinho, bem que dá vontade.

◊ CASA ANGOLAMercado Municipal de MatosinhosR. França Júnior, 51 T. 22 937 1833Seg-Sex 9h-19h, Sáb 9h-13h

Cozinha criativaNo novo Patuá, o empadão é servido no frasco e o strogonoff é Strog On Off

Os nomes dão algumas pistas sobre a originalidade dos pratos. Há o empadão no frasco, para se comer à colher. O Strog On Off, reinvenção do prato russo, com a galinha marinada envolta em massa folhada e o molho de cogumelos servido à parte. Ou então o Rolha à Parmegiana, o bife da casa com tomate desidratado, mozarela de búfala e batata rústica com cebolada roxa. Exemplos perfeitos da criatividade de João Pimentel, 25 anos, cabecinha imparável ao serviço do restaurante Patuá, inaugurado em julho. A uma extensa carta, juntam-se os menus de degustação (entre €32 e €38), uma verdadeira prova cega, com escolhas do chef. Formado em gestão hoteleira, João Pimentel cruzou-se no mestrado de gastronomia, feito em Barcelona, com João Sobreira, outra das caras do Patuá, juntamente com a irmã de João, Inês, e Ana Araújo. Todos portuenses convictos, com vontade de contribuir para a movida da cidade. De uma lista de centenas de nomes, traduziram livremente o patois (dialeto, em francês), neste Patuá de sonoridade simpática. Os clientes parecem ter fixado o nome. J.L.

◊ RESTAURANTE-BAR PATUÁR. da Conceição, 94, Porto T. 22 208 0622/96 429 8569 Seg-Qua 10h-24h, Qui-Sáb 10h-02h

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