caderno mostras capixabas de audiovisual 2004 -2010

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A publicação traz a história das Mostras Capixabas de Audiovisual (MCA): iniciativa que trabalha o olhar e a reflexão das juventudes de algumas regiões do interior do Espírito Santo por meio do audiovisual. Dividida em três temáticas, as MCAs envolvem alunos de escolas públicas de 40 municípios do Estado. A versão mais antiga, Mova Caparaó, hoje é chamada de MCA Ambiental e envolve os 11 municípios da região do Caparaó capixaba. Na versão Rural, a Mostra reúne as 16 cidades da região serrana em torno das vivências do homem do campo. Já a versão mais recente, Etnográfica, engloba os 13 municípios do noroeste capixaba.

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Execução:

Realização:

Parceria:

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Projeto editorial, reportagem e ediçãoCarolina Ruas (MT - ES: 2681)Haroldo Lima

ColaboraçãoPaulo Gois Bastos

Revisão e ediçãoCarlos Calente Trindade

Projeto gráfico, diagramação e ilustraçãoJuliana Colli ToniniJuliana Lisboa Santana

FotografiaAcervo Secult ESInstituto Parceiros do BemPrograma Rede Cultura Jovem

ImpressãoGráfica Lisboa

Tiragem1000 exemplares

Vitória, novembro de 2010.

EXPEDIENTE

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Depois de sete anos de trabalho intenso na execução de oficinas de audiovisual e

na realização de Mostras competitivas, nas quais os participantes concorrem com suas

respectivas criações, atingimos a marca de quarenta municípios envolvidos.

São três regiões do Espírito Santo, - Caparaó, Centro-serrana e Noroeste - nas

quais as mostras temáticas – Ambiental, Rural e Etnográfica – buscaram apoiar-se nos

aspectos mais significativos da formação cultural de cada uma delas, a fim de estimu-

lar os jovens participantes a refletirem sobre suas condições de vida, seus potenciais,

suas dificuldades e suas perspectivas para o futuro. E a arte audiovisual tem se mostra-

do um instrumento vigoroso para o exercício da consciência crítica e o fomento de um

processo identitário e agregador de grande importância para cada uma dessas regiões.

Tudo começou em Guaçui, na região do Caparaó, em 2004, onde se realizou a

primeira mostra com a participação de onze municípios – MoVA Caparaó -, que com

o tempo e os seus aprimoramentos inevitáveis desdobrou-se em três, dando origem

ao projeto Mostra Capixaba de Audiovisual, apontando assim para a possibilidade de

uma ampliação para todo o Estado do Espírito Santo.

A Mostra Capixaba de Audiovisual compõe o Programa Rede Cultura Jovem

apoiado no fomento à prática da atividade artística, na interação entre jovens de municí-

pios e regiões diversas e na construção de uma rede social com foco na arte e na cultura.

Consideramos fundamental o registro dessa atividade tão importante para os

milhares de jovens envolvidos e que se tornou uma das principais estratégias da políti-

ca cultural voltada à juventude da Secretaria de Estado da Cultura, visando ao reconhe-

cimento de suas diferentes identidades e à articulação da diversidade que caracteriza

o nosso Estado.

Dayse Maria Oslegher Lemos

Secretária de Estado da Cultura do Espírito Santo

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Por uma cultura audiovisual jovem

Enfileirando histórias

Vídeos Premiados

Prêmio Cultura Viva

Cama e Café

Oficinas

Vídeos Premiados

Programa de Valorização da Juventude

Vídeos Premiados

Estratégias em Rede - Cultura Jovem

Mural da Juventude

Mural Institucional

Uma câmera no campo - Alex Reblim Braun

Experiências somadas - Victor Hugo M. Azevedo

Protagonismo Sustentável - Geraldo Dutra

Lista de vídeos produzidos no projeto MCA

MCA Ambiental MoVA Caparaó

MCA Rural

MCA Etnográfica

Murais

Crônica

Entrevistas

08

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30

32

35

38

42

51

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54

61

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84

90

suMÁrIo

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Por uMA CuLTurAAuDIoVIsuAL JoVEM

Na atualidade, todos nós, de alguma forma, somos afetados por uma cultura

audiovisual. O nosso cotidiano está impregnado de narrativas audiovisuais e

temos a TV como principal meio de acesso a essas produções culturais. Esses

conteúdos têm ganhado espaços e janelas para além do veículo televisivo e, da

mesma forma que se ampliam as possibilidades de telas, são cada vez mais

acessíveis os aparelhos de captura em vídeo. Simultaneamente, a tecnologia

digital facilita o acesso aos canais de circulação e aos meios técnicos necessários

à produção audiovisual.

Isso é materializado quando percebemos que qualquer portador de um

celular com câmera é um potencial videomaker que pode disponibilizar o seu

registro em um repositório de vídeos na Internet. Essas potencialidades tecnoló-

gicas são um dos aspectos que fazem do audiovisual uma vivência cultural cada

vez mais presente no nosso cotidiano.

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Porém, essa cultura audiovisual ainda organiza-se de modo a sustentar a exis-

tência de centros difusores de conteúdos responsáveis por perpetuar imaginários

estereotipados a respeito das diversas realidades juvenis, especialmente sobre aque-

les segmentos que se encontram mais afastados dos centros urbanos e que ainda

estão pouco familiarizados com as novas formas de produção e circulação cultural.

Por outro lado, percebemos que os conteúdos midiáticos são cada vez mais

acessados via compartilhamento nas redes sociais da web. Trata-se de um circui-

to de criação e difusão cultural regido pela horizontalidade e pela colaborativi-

dade. Lançado em novembro de 2009, o Programa Rede Cultura Jovem (PRCJ)

aposta nas lógicas das redes virtuais como forma de acesso aos bens simbólicos

de interesse das diversas juventudes capixabas. O Programa nasceu com uma

audaciosa e apaixonante missão: ser o catalizador de uma rede formada por

jovens, de alguma forma, vinculados à produção artístico-cultural.

O PRCJ aposta na experimentação cultural enquanto campo propício ao

encontro com o outro, à reflexão sobre realidade local e ao contato criativo com

a pluralidade de crenças e expressões. Trata-se de um conjunto de ações que

busca fortalecer as manifestações e interesses dos jovens por meio do incentivo

à capacitação, da realização de atividades temáticas e, principalmente, da pro-

moção do diálogo entre os diferentes grupos juvenis envolvidos com a produção

artístico-cultural no Estado.

Com as Mostras Capixabas de Audiovisual (MCA), o Programa faz dessa

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linguagem a mediadora de um rico intercâmbio entre os

jovens dos 40 municípios abrangidos por essa ação. Essas

vivências são iniciadas com as oficinas de realização, têm

o seu ponto máximo com os dias de Mostra e continuam

a ecoar na vida dos jovens realizadores durante as MCA’s

Itinerantes. A intensa interação e a troca de contatos pos-

sibilitadas ao longo de todo esse processo também geram

repercussões criativas no cotidiano do público envolvido

nessa ação.

O trabalho de criação possibilitado pelas Mostras

requer que os jovens negociem suas escolhas e trabalhem

em equipe a fim de construírem um produto audiovisual.

Esse tipo de registro solicita que os realizadores, além de

exercitarem o trabalho coletivo, passem a dar mais atenção a

aspectos da sua realidade local.

Nas atividades paralelas à mostra competitiva são

promovidos o contato com outros usos do audiovisual e o

aprofundamento de conhecimentos relacionados a esse fazer

artístico. Isso amplia os possíveis campos de atuação e apro-

xima os jovens realizadores de outras técnicas, aplicações e

estéticas do audiovisual. Algumas oficinas específicas promo-

vem o contato com ferramentas disponíveis nas redes socais

da web que permitem a esse público continuar fazendo parte

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da mobilização em torno das MCA’s, a divulgar as suas produções para outras

redes e a estabelecer canais para compartilhamento das suas criações futuras.

Durante os debates que acontecem nas Mostras, os jovens realizadores

relatam as suas experiências de produção e falam de como exercitaram um novo

olhar sobre os temas escolhidos para os seus respectivos documentários. É du-

rante a realização dos vídeos que alguns deles, pela primeira vez, ensaiam uma

reflexão sobre o seu entorno.

Nessas conversas, os realizadores justificam suas escolhas, comparam o

tratamento dado aos seus temas e refletem sobre as construções narrativas. São

espaços que funcionam como uma curiosa e crítica audiência feita pelos pró-

prios jovens realizadores. Nesses bate-papos, acontece, de maneira simultânea,

um potente processo de identificação e diferenciação: os jovens se identificam

pela experiência comum de produzir audiovisual; e se diferenciam pela nar-

rativa singular construída por cada um dos grupos de realizadores. Assim, os

relatos de experiência mesclam-se às narrativas audiovisuais e o que aconteceu

por trás das câmeras passa a tomar o primeiro plano.

Dessa forma, a experiência audiovisual, para além das escolhas estéticas,

é o meio de e para onde o diálogo entre aqueles jovens acontece. Mesmo com o

visível e animado espírito de competição que rege as Mostras, o que mais com-

parece são os intercâmbios e o estabelecimento de parcerias. Nesses espaços

regidos por uma informalidade juvenil, percebemos a constituição de sujeitos

conscientes de sua autonomia criativa e capazes de afetar, de forma autêntica, a

cultura audiovisual na qual estamos imersos.

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No ano de 1859, quando o Imperador Dom Pedro II ordenou que fincassem

uma bandeira no ponto mais elevado da região que margeia a costa brasileira,

demarcando assim o Pico da Bandeira, localizado no município de Ibitirama, o

regente não poderia imaginar que em nossos dias, a brisa que sopra no Caparaó

teria o cheiro de uma linguagem que no alto Brasil Império não poderia ser

pressentida: o audiovisual.

Quase cento e cinqüenta anos após a primeira bandeira, a Secretaria de

Cultura do Estado do Espírito Santo, em 2004, fincou outra, e desde então, com

o projeto Mostras Capixabas de Audiovisual (MCA), vem repercutindo olhares e

reflexões da juventude do Estado sobre preservação ambiental e sustentabilida-

de, além de buscar a elevação do sentimento de pertencimento dos moradores

da Região do Parque Nacional do Caparaó, com a Mostra Ambiental – MoVA

Caparaó, e das regiões Serrana e do Noroeste capixaba, com as Mostras Rural e

Etnográfica.

Criada a partir de uma iniciativa da Secretaria de Cultura, do Consórcio

Caparaó e das prefeituras dos municípios do entorno do Parque Nacional do Ca-

paraó, a MCA Ambiental – MoVA Caparaó foi pensada como uma política de

cultura e educação difusora da experiência e da prática do audiovisual em mu-

nicípios do interior do Espírito Santo que não possuem salas de cinema. Além

de incentivar discussões sobre a preservação ambiental na região do Parque,

um dos objetivos centrais da MCA Ambiental era promover as potencialidades

eco-turísticas da região. Com alto potencial para a exploração da atividade, a

ENFILEIrANDo HIsTÓrIAsMostras Capixabas de Audiovisual

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parte capixaba que compõe o Parque Nacional do Caparaó até 1998 não possuía

acesso ao Pico da Bandeira, impossibilitando que o turismo fosse explorado nos

municípios do Espírito Santo.

Durante seis anos a MCA Ambiental foi o protótipo de sucesso para que a

expansão do projeto, que aconteceu em 2009, com a criação das MCA’s Rural

e Etnográfica, pudesse abranger quarenta municípios com perfis semelhantes

aos do da região do Caparaó - potencial turístico, ausência de salas de cinema

e outras atividades culturais e oportunidades de desenvolvimento humano por

conta da escassez de meios de capacitação.

Em parceria com o Projeto Rede Cultura Jovem (PRCJ), iniciativa criada

em 2009 pela Secretaria de Cultura e apoiada pelo Instituto Sincades, as Mos-

tras Capixabas de Audiovisual integram-se à um projeto de governo que busca

ampliar os sentidos e valorizar a juventude, impulsionando os valores de seu

universo simbólico e fortalecendo suas manifestações e interesses culturais por

meio de estratégias de capacitação que possam enriquecer e fazer do jovem o

agente transformador da sociedade capixaba e brasileira.

Construindo uma rede que aos poucos possa integrar a juventude do Espí-

rito Santo em uma iniciativa inédita de desenvolvimento voltado à valorização e

preservação de nossa cultura e riquezas naturais, a MCA segue para seu terceiro

ano de existência em 2011. Com a perspectiva de ampliação para outras regiões

e o objetivo de abranger os setenta e oito municípios do Estado em alguns anos,

o projeto investe na capacitação humana com um olhar intramuros. O que

procuramos mostrar aqui é um pouco da experiência e da história desses anos

de MCA Ambiental – MoVA Caparaó, e seu desdobramento nas jovens MCA’s

Rural e Etnográfica.

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MCA AmbientalMoVA Caparaó

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A MCA Ambiental - MoVA Caparaó - é uma mostra de

vídeos ambientais que acontece desde 2004 nas onze cidades

do Caparaó Capixaba. Provocar reflexões sobre desenvolvimento

sustentável e a riqueza cultural do lado capixaba do Parque

Nacional do Caparaó são seus principais objetivos.

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Se forças políticas impossibilitaram que movimentos surgidos no Caparaó

nos anos 60 mudassem o rumo no qual o Brasil caminhou por mais de vinte

anos, em 2004, a articulação de agentes da administração pública e entidades

civis, coordenadas pela Secretaria de Estado da Cultura – por meio da coorde-

nadora de Cinema e Vídeo Margarete Taqueti – e pelo Consórcio Intermunicipal

do Caparaó – entidade sem fins lucrativos formada pelos municípios do Parque

Nacional do Caparaó com o intuito de garantir o desenvolvimento sócio-econô-

mico, cultural e a preservação da região –, criou a Mostra de Vídeo Ambiental do

Caparaó – MoVA Caparaó. Um projeto que, por meio do audiovisual, contribu-

ísse para a unificação e desenvolvimento da região e que trouxe consigo novas

possibilidades transformadoras.

A construção de uma iniciativa como a MoVA Caparaó não é um trabalho

para poucas mãos. É uma história que atravessa a vida de muitas pessoas e os

sentimentos de toda uma comunidade. Antes das primeiras imagens rolarem

em 2004 na tela do Teatro Municipal Fernando Torres, em Guaçuí, na primeira

edição do evento, era latente entre as comunidades e lideranças do Caparaó a

necessidade de um projeto que pudesse resgatar o potencial do Parque, e tam-

bém incentivar a cultura como alternativa para o desenvolvimento da região. E

alto do caparAó

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que, além disso, no processo de resgatar as histórias e reflexões destas pessoas

e lugares, instituísse os habitantes dos municípios, principalmente os jovens,

como protagonistas da empreitada. O projeto da MCA nasceu não só pela

inserção de uma ação de desenvolvimento sustentável no Governo do Estado,

mas também pela necessidade de criar atividades lúdico-culturais que pudessem

unificar as políticas do meio ambiente e provessem espaços para a participação

maior da região no mapa turístico capixaba

No que concerne à sua programação, a MCA Ambiental surgiu como uma

mostra nacional de vídeos ambientais, com diversas outras atividades de caráter

prático e reflexivo acontecendo simultaneamente, como oficinas, mesas de

discussão e exibições de vídeo paralelas à Mostra Competitiva. Desde sua pri-

meira edição, Alegre, Divino São Lourenço, Dores do Rio Preto, Guaçuí, Ibatiba,

Ibitirama, Irupi, Iúna, Jerônimo Monteiro, Muniz Freire e São José do Calçado

alternam-se como sede do evento. Além de se criar um espaço de discussão, a

cada ano, com roteiro e equipamentos de filmagem em punho, os onze grupos

de jovens realizadores selecionados nas escolas de seus municípios produzem

os vídeos que serão exibidos em competição. O que faz destes jovens os princi-

pais agentes da Mostra.

A I MoVA Caparaó, realizada em novembro de 2004 no Teatro Municipal

de Guaçuí, marcou os municípios do Parque Nacional pela diversidade apresen-

tada nas produções exibidas durante os quatro dias em que o evento aconteceu.

Como atividade principal, uma Mostra Competitiva Nacional exibiu produções

capixabas e vídeos selecionados de diversas regiões do país. Em paralelo, na

Mostra de Vídeo Convidada, produções internacionais e vídeos premiados no

Festival Nacional de Cinema e Vídeo Ecológico (Ecocine 2004) e no Festival Na-

cional de Vídeo Ambiental (Fica), além de mesas de discussão, debates e ativida-

des e apresentações culturais, fomentavam o debate da preservação ambiental.

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Foram premiados com o troféu Pico da Bandeira na categoria Melhor Vídeo

– júri oficial e júri popular – a produção Lobo Solitário (PR/ 2001, 15’), de Silvana

Corona, , e como Melhor Vídeo Capixaba, Ortlieb (ES/ 2002, 13’), de Tatiana Wuo

e Elisângela Bello. O vídeo de Tatiana e Elizângela é um documentário que retra-

ta as transformações sofridas pela população e os impactos causados ao meio-

-ambiente com a construção de uma usina hidrelétrica em Itueta, cidade mineira

que foi inundada pela represa, desaparecendo do mapa. Para Tatiana Wuo, a

produção audiovisual voltada para o meio ambiente “além de agir como meca-

nismo de conscientização, pode contribuir para a documentação de histórias

que vêm sendo atropeladas pelo progresso”. O curta Mangue e Tal (ES/2002, 7’),

produzido por 150 alunos de escolas da rede municipal de ensino de Vitória por

meio do projeto Anima Azul, do Instituto Marlin Azul foi lembrado pelo MoVA,

levando uma Menção Honrosa.

De acordo com Sáskia Sá, profissional do audiovisual e integrante da As-

Os onze grupos de jovens

realizadores selecionados

nas escolas de seus municípios

produzem os vídeos que

serão exibidos em competição.

O que faz destes jovens os

principais agentes da Mostra

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sociação Brasileira de Documentaristas e Curtas Metragistas – ABD Capixaba – ,

“quaisquer que sejam as formas que propiciem acesso ao cinema, principal-

mente ao cinema brasileiro e à cinematografias diferenciadas que tenham como

característica a diversidade, são importantes”. Sáskia também pontua que “só

a formação pontual do público não é suficiente, é preciso que seja dada opor-

tunidade para que este público se organize e encontre suas próprias possibi-

lidades”. O que tem se concretizado, principalmente, no Município de Muniz

Freire. Nesse município, a passagem da MoVA foi tão impactante que se criou

um Núcleo de Audiovisual Permanente, que funciona na Casa da Cultura e faz

vários projetos com as escolas, tendo produzido documentários e, inclusive,

um longa-metragem, La Serena, dirigido por Giandro Gomes. E, segundo a

Secretária Municipal de Educação, Cultura, Desporto e Turismo de Muniz Freire,

Roseane de Souza Ribeiro, isso se iniciou “quando a comunidade se integrou no

projeto da MoVA”.

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ItinerânciasEm continuidade aos trabalhos da I MoVA e esquentando os tambores para

a segunda edição da Mostra, em 2005, o projeto MoVA Itinerante, uma versão

compacta da Mostra realizada em Guaçuí, rodou os municípios do Caparaó com

exibição de vídeos da programação do ano anterior, atividades para educado-

res da região voltadas à aplicação do audiovisual na sala de aula e as primeiras

oficinas de produção para os jovens das cidades do entorno capixaba do Parque

Nacional. Os vídeos produzidos na MoVA Itinerante culminaram na I Mostra

Caparaoense, inserida na programação da II Mova, com sede compartilhada nas

cidades de Ibitirama, Iúna e Irupí. A MoVA Itinerante surge da necessidade de

levar aos públicos que não puderam comparecer à Guaçuí a ideia de integração

e de construção de pertencimento da Mostra e a possibilidade do fazer audio-

visual por meio das oficinas. Segundo Marcelo Siqueira, Assessor de Formação

Artística e Cultural da Secult, “a partir da itinerância da MoVA, o jovem passou

a ser o fio condutor do acervo histórico, social e turístico da região; o que os

moradores das cidades chamavam de “causos”, logo que a MoVA rodou pelos

municípios pela primeira vez começaram a chamar de “causos audiovisuais’”.

Apesar do sucesso dessa edição da Mostra Itinerante, a iniciativa não se

repetiu durante os anos seguintes. Só em 2010, após a MCA Etnográfica, em

Pancas, o projeto foi retomado. Para Leonardo Gomes, Presidente do Instituto

Parceiros do Bem, “ele nunca deveria ter sido abandonado, pois fecha os traba-

lhos com chave de ouro”. A Mostra Itinerante, como se configura atualmente,

tem o objetivo de levar para mais cidades do Estado os filmes que passaram nas

MCA’s, aumentando assim o seu escopo de visibilidade para um público que

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não teria a possibilidade de entrar em contato com esses produtos realizados

muitas vezes em suas próprias cidades.

Para tanto, são levados equipamentos de exibição para as localidades que

receberão a Mostra, enquanto os municípios mobilizam os alunos das escolas

locais e oferecem lugar para a projeção, normalmente um pequeno auditório

local. São exibidos os três filmes vencedores da MCA e também aquele que foi

produzido na própria cidade. A recepção da Mostra Itinerante feita a partir da

reformulação do projeto foi tão positiva que a ação terá continuidade em todas

as versões das MCA’s. Segundo Leonardo, com essas exibições, as famílias dos

jovens realizadores conseguiram conferir o trabalho em sua própria cidade,

assim como os personagens das obras e toda a população do município, que é

chamado a participar através de uma ampla divulgação. Dessa forma, a Mostra

Itinerante faz circular no Estado as reflexões audiovisuais produzidas por alguns

dos seus próprios jovens e também estimula a curiosidade e o interesse naque-

les que ainda não tiveram contato com o audiovisual.

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CaparaoenseA programação da II MoVA, além de contar com a Mostra Competitiva Na-

cional, a Mostra de Vídeos Ambientais Convidada, mesas redondas, oficinas de

fomento à atividade cineclubista e uma homenagem ao cineasta e crítico capixa-

ba Amylton de Almeida, inaugurou a série Mostra Caparaoense. Composta pelos

seis vídeos produzidos por jovens do Caparaó durante as oficinas da MoVA

Itinerante, a Mostra Caparaoense sinalizou o formato que as MCA’s adotariam

em 2009, com a programação voltada para a produção dos jovens das regiões

em que estão inseridos. Os jovens assistiam a filmes de várias partes do mundo

e do Brasil, mas não possuíam contato com experiências audiovisuais da região.

Marcelo Siqueira cita a importância de preservar a memória local, fundamental

para que o projeto fosse vitorioso, além de criar uma oportunidade para que os

jovens se identificassem, localizando suas paisagens geográficas e culturais para

fortalecer a auto estima por meio dos vídeos exibidos.

A consolidação de um projeto da amplitude da MoVA Caparaó só é

possível se o esforço dos poderes forem refletidos nas comunidades em que

estão inseridos. A iniciativa de integrar jovens caparaoenses na produção do

audiovisual possibilitou outra dimensão para a Mostra. Permeado por grandes

ambições em seu começo, aos poucos o projeto foi refilado para alçar os voos

que faz hoje. A manutenção das discussões e a exibição e competição de vídeos,

aliada às reflexões trazidas por produções oriundas das oficinas possibilitou que,

em 2006, meses antes da terceira edição da MoVA, a Secretaria de Cultura do

Estado recebesse o prêmio de segundo lugar na categoria Gestão Pública do I

Prêmio Cultura Viva. Com o tema ‘Cultura e Cidadania’, a iniciativa do Ministério

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da Cultura, apoiada pela Petrobrás, premiou as ações culturais que valorizam

a cultura brasileira como meio de construção da identidade regional. Assim,

a MoVA, legitimada na região do Caparaó e em todo o estado, com o Prêmio

Cultura Viva passou a ser reconhecida pela sua dimensão e importância em todo

o Brasil. Para a Secretária de Estado da Cultura, Dayse Lemos, “a importante pre-

miação da MoVA Caparaó em 2006 aconteceu porque o evento buscou fortalecer

os conceitos de identidade local e do fazer cultural, em sintonia com as idéias

que o Prêmio visa estimular, sendo, além disso, uma experiência que pode ser

replicado no Estado (como já acontece) e mesmo no resto do Brasil”.

Foi na terceira edição da MoVA, em Pedra Menina, Dores do Rio Preto, em

2006, com a criação da Mostra Competitiva Caparaoense que foram firmadas

as parcerias com as escolas dos onze municípios do Caparaó. Cerca de um mês

antes da Mostra acontecer, cada cidade da região seleciona um grupo de vinte

alunos para participar das oficinas de vídeo que devem originar os onze vídeos

concorrentes na Mostra. As oficinas funcionam como iniciação à prática audio-

visual e objetivam a construção de olhares sobre a região do Parque são tam-

bém uma oportunidade para que a juventude tenha o audiovisual como forma

de refletir sobre suas interações com o mundo. Nelas, os jovens escolhem o

argumento, criam o roteiro, aprendem a manusear os equipamentos que serão

usados nas filmagens e produzem o vídeo.

Além de criar uma oportunidade para que os jovens se identificassem, localizando suas paisagens geográficas e culturais para fortalecer a auto estima por meio dos vídeos exibidos

Page 26: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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Segundo João Moraes, do Instituto Parceiros do Bem, responsável por ações

de produção – em parceria com o Canal Brasil nas MoVAs de 2006 e 2007 – e

execução das Mostras e oficinas de produção em vídeo, além de outras oficinas

que acontecem durante a Mostra, foi a partir de 2006, “com olhar introspectivo,

com a visão intramuros que a comunidade pensa a sua região pela linguagem do

audiovisual” que o formato estabelecido a partir das MCA’s de 2009 tomou forma.

Para abrigar as sessões da Mostra Internacional, Mostra Animação, Mostra

Competitiva Nacional e a I Mostra Competitiva Caparaoense, a organização da

MoVA montou uma grande tenda no distrito de Pedra Menina. Por meio do

projeto turístico Cama e Café, uma dos principais ferramentas de desenvolvi-

mento sustentável na região do Caparaó, os 80 participantes de outras cidades

que compareceram à Mostra foram alojados em residências e pousados do

entorno da cidade. Dalva Ringuier, Secretária Executiva do Consórcio Caparaó,

pontua que “o aproveitamento do projeto Cama e Café, iniciado com a abertura

da Portaria Capixaba do Parque, radicalizou a maneira como os moradores da

região interagem com o fluxo de turistas que começou a crescer nesta década.

Uma ferramenta importante usada para aquecer a economia da região e que

otimizou a execução das Mostras em cidades que não contavam com estrutura

para abrigar os participantes da MoVA”.

O mesmo aconteceu na IV edição da MoVA, em 2007, realizada no distrito de

Patrimônio da Penha, em Divino de São Lourenço. Com uma programação inflada

de atividades que extrapolam o audiovisual, como apresentação de Folia de Reis, de

cantigas de roda e de bandas de congo, desfile de charretes e carros de bois, além

de espaço para exposição do artesanato produzido na região, a IV MoVA é lem-

brada com carinho pelos organizadores do evento e moradores de Patrimônio da

Penha pelas suas proporções e pela movimentação que causou na cidade.

A organização da MoVA

montou uma grande tenda no distrito de Pedra

Menina. Por meio do projeto turístico Cama

e Café, uma dos principais

ferramentas de desenvolvimento

sustentável na região do

Caparaó

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Novos ProjetosMuniz Freire e Alegre, sedes do evento em 2008 e 2009, foram decisivas para

a nova formatação da MoVA. Mantendo ainda uma grande estrutura, como a

das Mostras anteriores, percebeu-se que um direcionamento para a juventude

local talvez fosse a saída para que o projeto se consolidasse em um dos seus

objetivos centrais: fomentar a produção audiovisual dos jovens caparaoenses e

aproximar ainda mais a população do entorno do Parque à realidade da região,

seja pelas belezas naturais ou pelos seus problemas ambientais.

Page 28: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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Como dito anteriormente, a realização do MoVA teve um grande impacto

no município de Muniz Freire, fazendo aflorar ali um espírito que se abre para

as possibilidades de realização de projetos na cidade e acabando com a idéia de

que não há nada para se fazer por lá. “Os projetos mexem com a auto estima

do pessoal, nós vemos as pessoas gostando. Todos participam e têm para todas

as idades, todas as classes sociais. As coisas estão fluindo”, diz Roseane de

Souza Ribeiro, Secretária Municipal de Educação Cultura Desporto e Turismo

do município. Já o prefeito, Delson Oliveira, acredita que o MoVA é uma forma

de integrar a região do Caparaó através da cultura, da inter-relação e da troca de

experiências. Para ele, “essa produção audiovisual não faz só a integração da

região, mas também a divulga para o resto do Estado e do Brasil, aumentando

assim o turismo local e o sentimento de pertencimento da população”.

De volta à cidade que abrigou a primeira MoVA, a VII edição do evento

aconteceu em Guaçuí, entre os dias 15 e 18 de setembro de 2010. Repaginada,

agora com o nome MCA Ambiental – MoVA Caparaó, chegou à cidade com um

espaço de vivência na parte externa do Teatro Municipal Fernando Torres, ao

lado do local de projeção ao ar livre que levou à Guaçuí produções do cinema

nacional em película. Além de shows de artistas da região, a MCA Ambiental

montou um aquário conectado à Internet onde foram oferecidas oficinas de

redes sociais e ferramentas de comunicação na web. Enquanto as exibições

aconteciam no interior do Teatro, no Centro Cultural Solar Jurema Moret-sohn

em uma escola do município eram oferecidas oficinas de animação, atuação e

fotografia.

Também no Teatro foram lançados os vídeos produzidos para a VII MCA

Ambiental – MoVA Caparaó em sessões lotadas. No meio da tarde, mais de 300

pessoas, entre jovens realizadores e moradores da cidade, disputavam lugares

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para assistir às sessões que mostraram a diversidade cultural e as iniciativas

ambientais capturadas pelos jovens da região. Para o Prefeito de Guaçuí, Vagner

Rodrigues, a mostra levou um aprendizado a respeito da cultura e das coisas

que podem ser feitas, principalmente para os jovens do município. “A partir da

MoVA o jovem tem outro pensamento”, conclui, reiterando a importância da

Mostra para o desenvolvimento cultural e principalmente humano da região.

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Nosso Deus fez esse mundo recheado de belezasFez os remansos dos rios, queda d’agua e correntezasFez a MoVA para todos, sol e chuva no sertãoFez os vales e colinas, verdes matas e campinas, Deus é minha inspiração

A MoVA é minha vida, a MoVA é minha paixãoTatuada no meu peito, gravada no coração

Não tem coisa mais bonita que o luar deste rincãoVer as montanhas cobertas com o branco da serração

O despertador tocando no meio da madrugadaOuço o berrante tocando e a MoVA registrando o mugido da boiada*Música do videoclipe produzido na oficina da VII MCA Ambiental - MoVA Caparaó

A MoVA é minha vida

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Vídeos PREMIADOS

I MoVA Caparaó - Guaçuí, 2004

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Nacional - Júri oficial e Júri popular: Lobo Solitário (PR) - Direção Silvana Corona;

Melhor Vídeo Capixaba: Ortlieb (ES) - Direção de Tatiana Wuo e Elisângela Bello;

Menção honrosa: Mangue e Tal (ES) - Instituto Marlin Azul;

II MoVA Caparaó - Irupi, Iúna, Ibitirama, 2005

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Nacional - Júri Oficial: Para ¿Onde Está America Latina? Uma Mina de ouro em

PuelMapu (SP) - Direção de Pedro Dantas;

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Nacional - Júri Popular: O moleque (SP) - Direção de Ari Candido Fernandes;

III MoVA Caparaó – Pedra Menina, Dores do rio Preto, 2006

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Nacional - Júri Oficial: Governança - Nossa Relação com o Poder (SP) - Direção de

Júlio Wainer;

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Nacional - Júri Popular: Peixe Frito (GO) - Direção de Ricardo Podestá;

Melhor Vídeo Capixaba: O Homem que Não Pode Responder por Sua Própria Existência (ES) - Direção de Gui Castor;

Menção Honrosa: Júnior (RJ) - Direção de Priscilla Botto e Christian Steinhauser;

Menção Honrosa - Imbé gikegü - Cheiro de Pequi (MT) - Direção de Tarumã e Maricá Kuikuro

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IV MoVA Caparaó – Divino são Lourenço, Patrimônio da Penha, 2007

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Nacional - Júri Oficial: Kollasuyo - A Guerra do Gás (SP) - Direção de Pedro Dantas;

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Caparaoense: Usina São José - Um Sonho (São José do Calçado);

V MoVA Caparaó - Muniz Freire, 2008

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Nacional - Júri Oficial: Terra Livre (PE) - Direção de Ernesto Teodósio do coletivo

Telephone Colorido.

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Nacional - Júri Popular: Ecos da Terra (SP) - Direção de Paulo Abel Baraldi;

Menção Honrosa Mostra Competitiva Nacional - Júri Oficial: Até Onde a Vista Alcança (PE) - Direção de Felipe P. Calheiros;

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Caparaoense: Samba da Saudade (Iúna);

Menção Honrosa Mostra Competitiva Caparaoense: Loló (Ibitirama);

VI MoVA Caparaó - Alegre, 2009

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Nacional - Júri Oficial: O Pesadelo é Azul (GO) - Direção de Ângelo Lima;

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Nacional - Júri Popular: Antes que a Casa Caia (RJ) - Instituto Humanomar Araruama;

Melhor Vídeo Mostra Competitiva Caparaoense: Feliz Lembrança (Alegre);

VII MCA Ambiental - MoVA Caparaó, Guaçuí, 2010

Melhor Vídeo - Júri Oficial: Comunidade Bio-Iluminada (Jerônimo Monteiro);

Melhor Vídeo - Júri Popular: O Caminho da Glória (Muniz Freire);

Melhor Edição - Júri Oficial: Caminho Imperial (Iúna);

Melhor Roteiro - Júri Oficial: Vai Rasgando (Ibatiba).

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Criado em dezembro de 2005 pelo Ministério da Cultura, sob coordenação

técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comuni-

tária (Cenpec) e patrocínio da Petrobras, o Prêmio Cultura Viva mobilizou cerca

de 1500 iniciativas culturais geridas pelos governos e sociedade civil. Realizada

em 2006, a primeira edição do Prêmio concedeu o segundo lugar na categoria

Gestão Pública ao projeto MoVA Caparaó.

Com o objetivo de favorecer o conhecimento da riqueza e da diversidade

cultural do Brasil, além de mobilizar, reconhecer e dar visibilidade às políticas

culturais, o Prêmio Cultura Viva validou a iniciativa da MCA Ambiental de pro-

mover o debate da sustentabilidade entre os jovens da região do Parque Nacio-

nal do Caparaó ao colocar em pauta as potencialidades turísticas, culturais e

ambientais da região por meio do audiovisual.

Poucos meses antes da terceira edição do projeto, que aconteceria no dis-

trito de Pedra Menina, em Dores do Rio Preto, o Cultura Viva laureou o projeto

pelas duas primeiras MoVAs e, principalmente, pelas potencialidades do projeto

no futuro.

Ao designar os jovens caparaoenses como público alvo e protagonistas do

projeto, o que aos poucos se tornava evidente pelo resultado das oficinas a cada

edição do evento, ampliou-se o raio de ação da produção e difusão cultural entre os

moradores do Caparaó. E a partir de 2009 o projeto foi expandido para outras par-

tes do Espírito Santo, permitindo que os jovens se apropriassem dos instrumentos

técnicos e reflexivos capazes de romper a paralisia causada pela inexistência de

PrÊMIo CuLTurA VIVA Projeto MoVA Caparaó

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métodos e iniciativas que impedem uma postura crítica diante do mundo.

Focado em regiões do Estado de riqueza cultural e étnica, mas com fragili-

dades econômicas e sociais aparentes, o projeto Mostras Capixabas de Audiovi-

sual é uma vertente de uma política de cultura e educação estendida por várias

ações da última gestão do Governo do Espírito Santo centrada na formação do

jovem como transformador de seu meio social. Uma política que acompanha o

futuro promissor que tem sido anunciada no Espírito Santo na última década.

Como política pública de cultural, as MCA só podem ser um sucesso, como

aponta o Coordenador do Prêmio Cultura Viva, Célio Turino, publicado no livro

da primeira edição do Prêmio, “porque convida as pessoas a refletirem sobre

sua realidade. Forma consciências, oferece alternativas, amplia o repertório

cultural do povo. Informa, democratiza o conhecimento, respeita as diferenças,

formata a produção criativa”.

Turino enfatiza que projetos de gestão cultural como a MCA “tem como

alicerce o desenvolvimento efetivo dos conceitos de patrimônio cultural, forma-

ção, informação, criação, distribuição e acesso. E que uma gestão profissional e

competente deve apresentar uma conduta pública coerente na qual os conceitos

e as políticas apresentadas à sociedade permitam o debate, transformando-o em

realizações e conquistas da cidadania”.

Ao apostar no potencial criativo e transformador da juventude do Espíri-

to Santo, a MCA, como política pública, aposta também na construção de um

Estado mais forte e mais unificado, que propicia, através das produções desses

Poucos meses antes da terceira edição do projeto, que aconteceria no distrito de Pedra Menina, em Dores do Rio Preto, o Cultura Viva laureou o projeto pelas duas primeiras MoVAs e, principalmente, pelas potencialidades do projeto no futuro

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jovens, o diálogo entre diversos grupos sociais que estão refletindo sobre suas

relações entre si e com o ambiente em que vivem. Dessa forma, segundo Erlon

José Paschoal, Subsecretário de Estado da Cultura e Coordenador do Rede Cul-

tura Jovem, “a Mostra cria novas possibilidades de relacionamento, não só entre

os jovens de uma dada comunidade, mas dos jovens desta comunidade com o

restante do Estado, com o país e o mundo. Essas possibilidades de relaciona-

mento passam tanto pelas oficinas quanto por iniciativas como o Cama e Café,

que cria um laço entre a comunidade em que as Mostras acontecem e os seus

visitantes, propiciando mais uma interação produtora de outras vivências, trans-

formadoras para ambos os lados envolvidos”.

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CAMA E CAFÉ

Divino de São Lourenço é uma cidade pequenina. Localizada a 23 km do aces-

so ao Pico da Bandeira e rodeada pela maior reserva de Mata Atlântica do Espíri-

to Santo, o menor município do Estado atrai levas de turistas à região do Caparaó

pelas belezas naturais e o frio que passa longe da região litorânea. Entretanto, o

tamanho do município não foi impedimento para que, em 2007, a quarta edição

da MCA Ambiental – MoVA Caparaó acontecesse no distrito de Patrimônio da

Penha, pertencente à cidade. Patrimônio é um lugar de passagem para aqueles

que seguem ao Pico do Bandeira. Fuga para quem busca cura física e espiritual,

renovação de energia pelo contato com o misticismo atribuído às montanhas.

Habituados ao trânsito de pessoas que o turismo leva à região, os morado-

res receberam a Mostra de braços abertos. E isso inclui os visitantes de outras

cidades que não encontraram vagas nas poucas pousadas da região e ficaram

alojados na casa dos moradores de Patrimônio. De acordo com Dalva Ringuier,

Secretária Executiva do Consórcio do Caparaó, “o evento só pode acontecer na

cidade porque foi recebido de braços abertos pelos moradores do distrito por

meio do projeto Cama e Café”.

A história do projeto começa com a criação do acesso capixaba ao Parque

Nacional do Caparaó, em 1998. Nos anos anteriores, segundo Dalva, “por má

vontade política ou falta de articulação do governo do Estado, só existia acesso ao

Pico da Bandeira por Minas Gerais”. A partir da mobilização realizada pelo Con-

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sórcio do Caparaó e de políticos capixabas, a Portaria

Capixaba foi aberta no final dos anos 90, possibilitando

a exploração do turismo na região. No entanto, não ha-

via estrutura para sustentar a rotatividade das pessoas

que passavam por ali.

Essa questão foi levantada antes mesmo da aber-

tura do acesso capixaba ao Parque se tornar realidade.

Pensando nisso, o Consórcio do Caparaó criou o Cama

e Café, um estímulo à hospedagem solidária baseado

em experiências em outras partes do Brasil, para que o

mínimo de estrutura fosse oferecido à quem visitasse

o Caparaó. “Não foi capricho nosso, foi necessidade

mesmo. Enquanto a estrutura para receber o turista não

existisse deveríamos contar com o que tínhamos. Co-

meçamos com oito famílias credenciadas, hoje são 32”.

As famílias credenciadas passaram por cursos

que abrangem tanto a forma de receber o visitante, a

arrumação da casa, noções de higiene, o que oferecer

como cardápio e como administrar a renda obtida

para, caso seja de interesse da família, ampliar o

negócio para uma pequena pousada. Com o proje-

to implementado e se desenvolvendo, o Consórcio

levou o Cama e Café ao Sebrae-ES, que desde então é

parceiro da empreitado e colabora com assistência aos

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cursos de formação e investimento nas ações dos novos

pequenos empresários que surgiram com o desenvolvi-

mento do turismo na região.

Kelly Machado, Gestora de Projetos do Sebrae- ES

para a Região do Caparaó e Vale do Café, defende a

parceria firmada com a Mostra e o Consórcio. Segundo

ela, “a atividade cultural é essencial para o turismo. O vi-

sitante não procura só belas paisagens, ele tem que ter o

que fazer, ter uma experiência com a comunidade. Daí a

importância do empreendedor, daquele que vai abrir sua

casa para receber o visitante, o pequeno empresário que

precisa de uma rede de apoio, seja pela atividade cultural

localizada ou pelo turismo, que dê condições para que

ele possa se desenvolver”.

Na MCA Ambiental – MoVA Caparaó, o projeto

Cama e Café foi adotado a partir da terceira edição,

realizada em Pedra Menina. Entre oficineiros, jurados,

palestrantes e pessoal de apoio, a estrutura das MCA’s,

dependendo da edição do evento, leva entre 60 e 80 pes-

soas para o município em que é instalada. Um número

considerável de vagas de hospedagem para uma cidade

do interior. Dalva aponta que “foi em Pedra Menina que

percebemos que além de estimular a integração dos

moradores ao turismo do Parque, propiciando formação

e renda alternativa, poderíamos mostrar na prática uma

das principais idéias da Mostra: integrar as comunidades

do Caparaó no momento de reflexão e formação em que

o evento estava se tornando”.

Na Mostra seguinte, realizada em Patrimônio da

Penha, a mesma articulação teve que acontecer para

que a cidade abrigasse não só a enorme tenda monta-

da para a exibição dos filmes e vídeos. Pelo segundo

ano consecutivo, as famílias integradas ao Cama e Café

acolheram a maioria dos participantes da Mostra. Não é

por menos que as edições de Pedra Menina e Patrimônio

são lembradas com tanto carinho pelos participantes

dos eventos. Marcelo Siqueira, assinala que “o tamanho

dos distritos e a possibilidade de ‘implantar’ uma célula

da Mostra dentro das residências da localidade integrou

a população com a MoVA, fez com eles se sentissem

ainda mais participantes daquele projeto”. A percepção

de Marcelo aponta para os pilares que sustentam as

MCA’s: promover o desenvolvimento sustentável e o

pertencimento entre os moradores das regiões em que

acontecem e, além, é claro, de difundir a cultura audio-

visual para a juventude como modo de sobrevivência e

encontro com realidades que se não estão esquecidas,

precisam muito ser expostas.

“A atividade cultural é essencial para o turismo. O visitante não procura só belas

paisagens, ele tem que ter o que fazer, ter uma experiência com a comunidade”

Page 40: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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oFICINAs

Ao todo foram mais de 700 dias de filmagens nos sete anos das Mostras

Capixabas de Audiovisual. Neste tempo, jovens das escolas públicas do Espírito

Santo realizaram mais de 100 vídeos de documentário e ficção que ao longo

deste tempo motivaram as três MCA – Ambiental, Rural e Etnográfica.

Assim como acontece desde as oficinas itinerantes realizadas antes da II

MoVA, em 2005, os vídeos realizados pelos jovens das cidades do Caparaó são

o ponto de partida para a união das Secretarias de Educação dos 40 municípios

que participam do projeto MCA atualmente. Mas, antes da sala escura, a experi-

ência vivida pelos jovens realizadores do Espírito Santo passa por um ambiente

em que a produção audiovisual ainda é muito pouco abordada: a sala de aula.

“Quando a gente entra na sala de aula o filme já começou”. A afirmação de

João Moraes não é mentira. Moraes é cineasta e fundador do Instituto Parceiros

do Bem ao lado de Leonardo Gomes, entidade por trás das oficinas de produção

que originam os vídeos das Mostras. Mesmo antes de ouvirem a palavra audio-

visual, os jovens viveram, experienciaram, participaram e contribuíram para a

formação das comunidades em que moram. As produções exibidas nas Mostras

retratam o cotidiano, as histórias e os questionamentos de suas localidades, são

um resgate da cultura das regiões realizadas pelos responsáveis pela preserva-

ção e modificação de seu ambiente. “São estas experiências, a visão deles que

será primordial quando entrarmos na sala de aula para iniciarmos o trabalho”.

Os estudantes responsáveis pelos vídeos de seus municípios passam por

uma oficina que dura sete dias. Ali os jovens serão iniciados no audiovisual e

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41

completarão todo o processo de produção do vídeo que será exibido menos

de um mês depois na Mostra de sua região. Cada município adota um sistema

de seleção dos estudantes. A maioria destes alunos são selecionados por seu

rendimento em sala de aula, por engajamento em suas comunidades ou por

mostrarem de alguma maneira interesse em participar. Em outros municípios, no

entanto, a seleção é feita por redações temáticas, em que os melhores textos são

escolhidos. Mas também existem casos como o do estudante Jerônimo Oliveira,

de 17 anos, que convenceu sua professora em Jerônimo Monteiro a participar da

oficina só para fugir da sala de aula e hoje está inserido no projeto. “Vai muito

da vontade do aluno, às vezes o melhor aluno não se mostra interessado, sai na

metade da oficina. Em outras, o aluno que foi parar ali por castigo, para dar des-

canso a professora, surpreende, acaba engajado, apaixona-se pela coisa”, afirma

João Moraes.

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Esse é também o caso do alegrense Victor Hugo Merçon Azevedo, de 18

anos, que confessa que, selecionado para a oficina, só aceitou ir para matar aula.

No entanto, desde então já participou competindo de três Mostras Ambientais.

Na segunda vez que participou, inclusive, levou o troféu de Melhor Vídeo pelo do-

cumentário Feliz Lembrança (ES/2009, 10’). Atualmente, junto com amigos de Ale-

gre, Victor montou um grupo de produção e pretende continuar fazendo vídeos.

As seleções para as oficinas formam turmas de vinte estudantes. A maioria

deles nunca foi à uma Mostra, nunca pôs a mão em uma câmera ou entrou em

uma sala de cinema. É realmente um início: as oficinas começam com os alunos

com o equipamento em punho, registrando entrevistas de cada um. “Eles preci-

sam se conhecer, criar espírito de equipe, uma intimidade entre eles, saber que

aquele equipamento não é intocável, que eles estão aptos a manuseá-los, que vão

se envolver. Quantas vezes a gente não viu os meninos chorarem um na frente do

outro dando entrevista? Com o drama do outro sendo descoberto, mesmo que

existisse conflito entre alguns, ali eles acabavam virando amigos”, conta Leonar-

do Gomes, presidente do Instituto Parceiros do Bem e oficineiro do projeto.

As oficinas fogem das questões teóricas. É um momento de libertação da

metodologia da sala de aula. Leonardo também conta, que “se começássemos

com uma explanação teórica eles correriam, estas questões surgem depois, con-

forme eles vão se acostumando, ficando instigados”. A dinâmica é de produção

e discussão. Já no primeiro dia cada aluno sugere uma história a ser contada,

um fato que pode gerar um documentário, para no segundo dia estas histórias

serem colocadas em discussão e o argumento do vídeo ser fechado. “Eles defen-

dem suas histórias, tentam justificá-la. Às vezes vemos o potencial de alguma,

mas eles acabam escolhendo outra, nós não podemos fazer nada”.

A partir do argumento, no terceiro dia o roteiro começa a ser trabalhado,

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além das possíveis locações, entrevistados, atores, caso

seja uma ficção, e questões práticas a serem tomadas.

“Vamos vendo nestes momentos quem pode fazer o quê.

Os interessados em escrever, a menina que anota tudo e

tem perfil de produção, quem não desgruda da câmera, o

que sempre está atento ao áudio”. Com o roteiro escrito

o processo de feitura do vídeo começa. É quando a sala

de aula é abandonada e as filmagens se iniciam. “No

quarto e quinto dia as filmagens acontecem. Se precisar,

filmamos no sexto dia e começamos a editar. São sete

dias no pau. A gente brinca na sala dizendo que se al-

guém da equipe for pra casa, dormir e sonhar com outra

coisa, não precisa voltar!”, brinca Leonardo.

Com as filmagens concluídas, começa o trabalho

de edição das imagens. “É edição bruta em cima do ro-

teiro. No sétimo dia o vídeo tem que estar editado con-

forme vai ser exibido na Mostra. Ele sai do município

em que foi gestado para ser finalizado em Vitória já com

um título”. O acabamento do projeto é feito na capital

porque os jovens não conhecem os softwares de edição

em que o vídeo é finalizado. Em Vitória áudio, transi-

ções e créditos são inseridos. Com o projeto completo,

cópias em DVD do filme começam a ser produzidas

para que na Mostra, cerca de um mês após a finalização

do vídeo, sejam distribuídas entre os participantes das

oficinas e escolas.

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Sediada em Afonso Cláudio, o projeto Mostras Capixabas de Audiovisual levou aos 16 municípios da região Serrana do Estado a I MCA Rural, em 2009. A segunda edição do evento, realizada em 2010, reafirmou o compromisso de zelar pelas riquezas do imaginário popular do campo e das vivências no interior.

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MCA RURAL

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A força do campoTempos atrás, quem nascia na zona rural do Espírito Santo não via muita

alternativa de vida além de ter que se mudar para a cidade em busca de outras

oportunidades. Mas isso foi antes da juventude rural ajustar o foco da câmera

de vídeo para redescobrir o vasto leque de potencialidades que o campo tem

para lhe oferecer. Novos caminhos se abriram para essa juventude quando,

em 2009, foi realizada a I Mostra Capixaba de Audiovisual Rural. Pela atuação

desses jovens no projeto que a Secretaria de Cultura do Estado, em parceria com

o Instituto Sincades e o Sebrae, levaram para a região central-serrana, o campo

está cada vez mais interessante e cheio de atitude.

O projeto de levar a cultura audiovisual às juventudes rurais foi formulado

a partir da bem-sucedida experiência na região do Caparaó com a MCA Ambien-

tal - MoVA Caparaó. Na sua versão rural, ao todo 16 municípios participam do

projeto que encontra eco nos programas da Secretaria de Estado da Agricultura,

Abastecimento, Aqüicultura e Pesca (SEAG) e da Secretaria Estadual de Meio

Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA). Isso sem contar os demais colabora-

dores deste processo de estimular as potencialidades artístico-educativas das

oficinas de audiovisual.

São jovens vindos de núcleos rurais de Afonso Cláudio, Alfredo Chaves,

Brejetuba, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Itarana, Itaguaçu,

Laranja da Terra, Marechal Floriano, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá,

Santa Teresa, São Roque do Canaã, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante.

Com uma câmera nas mãos, eles aprendem a valorizar sua origem e tradições

através do registro em vídeo captado nos documentários de curta duração. E

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não é tão simples quanto parece à primeira vista. Na campo, para quem tem

pouco ou nenhum contato com o cinema, os sete dias de oficinas de audiovisual

são como um profundo mergulho na tecnologia e nas histórias filmadas.

Mas dessas novas experiências que tocam a juventude é que surgem as

idéias para inovadoras práticas agrícolas, formas de desenvolver a economia

local baseadas em sustentabilidade e uma nova concepção de vida no interior. Os

jovens rurais, que aprenderam com os pais e os avós a cultivar o café e o feijão,

estão provando tecnologias para desenvolver tipos diferentes de milho ou inhame.

Para Maria Aparecida Chiesa do Instituto Estadual do Meio Ambiente

(IEMA), a criação da Mostra Rural demarcou o amadurecimento do projeto das

Mostras Capixabas de Audiovisual, que cresceu para atingir as necessidades de

Page 48: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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diferentes regiões do estado, cada qual vivendo uma realidade específica. Mas,

ainda que tenham temas diferenciados, todas estão focadas no homem e na

sua relação com o ambiente em que vive. “A mostra é, na verdade, uma grande

oportunidade do homem conhecer a si e ser meio ambiente”. É pela noção de

pertencimento que um dos maiores aprendizados do programa está na oportu-

nidade de conhecer os jovens da região, saber quem são e como se relacionam.

Pouco a pouco a expressão que a MCA Rural proporciona para essa juven-

tude deixa a ver os sinais de mudança na relação do jovem com o meio rural. E

gradualmente, os jovens vão descobrindo que investir na vida no campo pode

lhes dar a autonomia e a qualidade de vida que está se perdendo na confusão

das grandes cidades. Segundo Célia Kieffer, do Núcleo Social Rural da Seag, este

tipo de iniciativa “está permitindo que eles dêem um salto de conhecimento e se

apropriem do que a gente chama de contemporâneo na ruralidade. Esse con-

junto de oportunidades e ações culturais gera um estímulo para eles se reco-

nhecerem como jovens e cidadãos”. É a partir de ações como a MCA Rural que

se operam as mudanças no olhar da juventude, principalmente no que tange à

descoberta de sua identidade.

Como protagonistas de suas histórias, os jovens que participam da MCA

Rural têm em mente que o seu desenvolvimento no campo pode ser tão provei-

toso quanto na cidade. E, tendo formado consciência social, eles podem esco-

lher o que lhes é mais agradável. Por essas e outras que a MCA também conta

com o apoio de entidades como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura

do Espírito Santo (Fetaes), o Movimento de Educação Promocional do Espírito

Santo (Mepes), a Associação Diacônica Luterana (ADL) e demais sindicatos

rurais, que trabalham a valorização da juventude no campo contra qualquer tipo

de determinismo social.

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Estreia em Afonso Cláudio

Em novembro de 2009, o município de Afonso Cláudio recebeu de braços

abertos a I Mostra de Cinema Rural, a primeira do programa de governo das

Mostras Capixabas de Audiovisual a estrear o formato que prioriza o público

jovem, com uma programação centralizada na mostra competitiva de vídeos

originários das oficinas de audiovisual. Coincidência ou não, também foi essa a

Mostra lembrada, por quem esteve lá, como uma das mais empolgantes.

Com sessões lotadas e a participação massiva da população local nas ati-

vidades do evento, a I MCA Rural provou que a juventude do campo tem grande

poder de expressão na sua região. Foram mais de 320 jovens que participaram

da produção dos vídeos e cerca do triplo de pessoas que assistiram. Resultado

do suporte da prefeitura de Afonso Cláudio que reivindicou a sede da primeira

Mostra do gênero e proporcionou a seus habitantes a oportunidade de participar

de um espetáculo de cultura e cidadania.

O prefeito Wilson Costa afirmou que o município teve interesse imediato

em sediar o evento devido a grandiosidade que as Mostras Capixabas de Audio-

visual representaram na proposta apresentada para os municípios integrantes. O

que mais lhe chamou atenção foi a concepção do evento, que não se restringia

apenas em exibições de filmes, mas tinha um foco na formação dos jovens, ao

lhes imputar a responsabilidade da elaboração de todo o processo de constru-

ção do roteiro, produção e edição uma obra. “O envolvimento e a participação

das escolas, a recepção dos municípios vizinhos e o evento em si tiveram uma

Page 50: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

repercussão extremamente positiva não só em Afonso Cláudio, mas em toda a

região”, confirma o prefeito.

Melhor que um bom evento que reúna a população em torno das ativida-

des é poder colher os frutos ao longo do tempo. Com a semente do audiovisual

plantada no coração dos jovens, já começam a aparecer algumas iniciativas

como o cineclube que está sendo criado no distrito de Serra Pelada e que, por

conta própria, já está fazendo circular os vídeos que foram exibidos na Mostra.

Page 51: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

Do tamanho doCastelão

Os jovens que vivem no município de Castelo não sabiam, mas os vídeos que

competiram na tenda da II Mostra Capixaba da Audiovisual Rural que foi armada

no centro de eventos ‘Castelão’, em outubro de 2010, são fruto de um projeto

que passou por muitos desdobramentos e demorou anos até atingir este último

formato. A última MCA realizada no ano de 2010 traz os benefícios da experiên-

cia, da organização e o sucesso que o projeto tem recolhido por onde passa, no

bojo dos sete anos de experiência da MCA Ambiental – MoVA Caparaó.

Os jovens de Castelo sabem agora que, além de viver na cidade onde se

fazem os mais belos tapetes de Corpus Christi, também é lá que germina uma

semente que os torna parte da Rede Audiovisual que está se formando no Espí-

rito Santo. Para o prefeito Cleone Gomes do Nascimento, o mais estimulante é

ver a motivação dos jovens na torcida pelo seu município. “É uma experiência

única. Eles querem mostrar a cultura deles, as histórias da cidade deles, suas

histórias de vida e de suas famílias. Não há dúvidas de que valeu a pena ter trazi-

do o evento para a nossa cidade”.

A exemplo de outros municípios por onde passam as MCA’s, é a partir dali

que se começa a pensar iniciativas para que prefeituras do interior, como a de

Castelo, possam desenvolver os processos culturais iniciados pela sua juven-

tude. “A ideia de continuidade vai nascer em conjunto com esses jovens e eu

tenho certeza que nós vamos criar novas propostas para daqui pra frente essa

semente possa crescer ainda mais”, garante o prefeito.

51

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Vídeos PREMIADOS

I Mca rural - Afonso Cláudio, 2009

Melhor Vídeo - Júri Oficial: Ous Land (Nossa Terra) – ES/10’/2009 (Laranja da Terra);

Melhor Vídeo - Júri Popular: Arrependido - ES/10’/2009 Afonso Cláudio);

Melhor Edição: Ous Land (Nossa Terra) – ES/10’/2009 (Laranja da Terra);

Melhor Roteiro: Bulling – ES/10’/2009 (Itaguaçu);

II Mca rural – Castelo, 2010

Melhor Vídeo - Júri Oficial: No tempo da Nonna – ES/11’/2010 (Vargem Alta);

Melhor Vídeo - Júri Popular: Sua terra...minha vida! – ES/10’/2010 (Castelo);

Melhor Roteiro: Simplicidade - ES/10’/2010 (Itaguaçu);

Melhor Roteiro: Saudade da minha tropa - ES/10’/2010 (Afonso Cláudio);

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encontravam-se políticas no que se refere à educação,

cultura, oferta de empregos e qualidade de vida.

Na perspectiva de proporcionar formação cultural

para a juventude rural, a participação dos núcleos de

jovens do campo na MCA Rural tem se mostrado uma

experiência mais que bem-sucedida. Na visão de Célia

Kieffer, este é um enorme ganho para as ações da Seag,

pois proporciona o acesso à informação e a tecnologia

que muitos dos jovens rurais nunca tiveram contato. “A

gente fez um casamento legal com a Secult que utilizou

a nossa articulação com o meio rural para inserir o proje-

to de criar essa rede audiovisual que já está se formando

no Estado”.

Para os núcleos rurais mapeados pela Seag, a

experiência vivida na MCA Rural começa a se desdobrar

com a aquisição de kits multimídia que fornecem equi-

pamentos de base para projetos autônomos de comuni-

cação e cultura. Fixados em escolas rurais, já começam

a multiplicar as iniciativas de rádios comunitárias, blogs,

cineclubes, além de vários novos documentários sobre a

vida no campo.

A iniciativa da Secult de levar a reflexão e cultura atra-

vés de uma câmera de vídeo para os jovens do interior

foi felizmente articulada com uma outra iniciativa, partin-

do da Seag, de estimular o desenvolvimento dos jovens

que residem em comunidades rurais. O Programa de Va-

lorização da Juventude Rural, criado em 2008, tem como

principais diretrizes a facilitação do acesso aos meios de

produção agrícola, à educação tradicional e profissional,

assim com o acesso às tecnologias e a cultura.

Célia Kieffer explica que o programa cuida de

fortalecer essas lideranças já existentes no campo, assim

como estimular a criação de outras. “O que nós estamos

fazendo é conversar com essa juventude e começar a

pensar na possibilidade de uma sucessão no campo; e

criar oportunidades para que os jovens pudessem fazer

uma opção de ficar no campo”.

Segundo um levantamento feito pela Seag, duran-

te muito tempo houve um vácuo de políticas públicas

que estivessem voltadas para a juventude rural. Desde

1970, os dados mostravam um intenso movimento de

migração desses jovens para a cidade, onde, até então,

ProGrAMA VALorIzAçãoDA JuVENTuDE rurAL

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ProGrAMA VALorIzAçãoDA JuVENTuDE rurAL

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MCA etnográfica

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Centrada em 13 municípios do Noroeste capixaba, a I MCA Etnográfica aconteceu em

Pancas em junho de 2010. A mistura de diversas etnias e

manifestações culturais, marcas que caracterizam a região,

são as principais referências presentes nos vídeos

produzidos por esses jovens.

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Exploradoresde si mesmos

A primeira vez que um antropólogo cunhou o termo ‘Etnografia’, provavel-

mente pensava em comunidades tribais de algum canto esquecido da África

anos-luz distante deste que é o Brasil em que vivemos. Se, entretanto, tivesse

passado pelo Espírito Santo, conseguiria enxergar em uma estreita faixa à noro-

este, pequenos municípios de traços tão expressivos quanto diferentes do resto

do mundo.

Quando a versão Etnográfica chegou aos treze municípios da região que

integram a Mostra Audiovisual Capixaba, foi como uma forma de confluir a vas-

tidão de histórias dos povos ali representado, com a disposição juvenil de fazer

cinema. Na juventude, a História muitas vezes prega peças, se desencaixa e até

se desapropria. Mas se é nas tradições antigas que se encontram as respostas

para o comportamento cotidiano, a missão da Mostra Capixaba de Audiovisual

Etnográfica é levar aos jovens deste interior de Espírito Santo a oportunidade de

revirar seus passados para assim, entender seus presentes.

Sediado em Pancas, a primeira ação da Secretaria de Estado da Cultura em

expandir as Mostras de Audiovisual até os municípios do Noroeste, encontrou

uma região com tantas vicissitudes históricas quanto se é necessário para captar

com a câmera de vídeo. Por ali, a imigração européia encontrou a paisagem ideal

para perpetuar suas tradições e se fundir a outras para construir uma nova. Po-

meranos, italianos e alemães que vieram, ainda no início do século passado, se

misturar às comunidades quilombolas e aos últimos remanescentes de botocu-

Page 59: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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dos, fazem da região um prato cheio para uma exploração antropológica. E não é

preciso ter mais de 14 anos para se tornar um explorador.

Expandindo uma iniciativa que nasceu no Caparaó e foi subindo pelo mapa

do Espírito Santo até o semi-árido de Pancas, Águia Branca, Alto Rio Novo, Baixo

Guandu, Barra de São Francisco, Colatina, Governador Lindemberg, Mantenó-

polis, Marilândia, Nova Venécia, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha

e Vila Pavão, a MCA Etnográfica tem como principal objetivo trabalhar a subje-

tividade dos jovens da região pela valorização de suas culturas e identidades,

sejam elas tradicionais ou não. Tudo isso atravessado pela magia da imagem em

movimento.

Os jovens do ensino público, de 14 a 24 anos, se tornam antropólogos de

suas tradições a partir das oficinas de realização audiovisual. Ao final de sete

dias de intensa busca pelas imagens de suas histórias, os adolescentes têm um

filme pronto nas mãos, que irá disputar a mostra competitiva, e uma bagagem

sócio-cultural de bônus nas cabeças fervilhantes de idéias.

Para além de uma ação de fomento do audiovisual local, a MCA Etno-

gráfica se torna o centro de um sistema de modificações operadas na região

em várias vertentes. No campo turístico, no social, no educativo, no cultural e,

inclusive, no econômico. Como um laboratório de formação e desenvolvimento

humano, os jovens que passam por esse processo estão escrevendo suas histó-

rias e aprendendo a enxergar novos horizontes.

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PancasA Cidade Poesia

Quem vê a monumental formação rochosa na região dos Pontões Capixabas,

entende perfeitamente porque Pancas é conhecida como Cidade Poesia. A 190

km da capital, foi este o município escolhido para receber a I Mostra Capixaba

de Audiovisual Etnográfica. Em uma tenda montada no centro da cidade, os 13

documentários etnográficos de curta duração produzidos para a MCA foram exi-

bidos para uma média de 2,5 mil pessoas que celebraram suas próprias histórias

na tela do cinema.

Sob o tema ‘Culturas e Identidades Étnicas’, os jovens encontraram um ce-

nário rico e diverso para se aprofundar. Seja nas lendas do pescador que habita

o Rio Doce, ou na filosofia de vida de um simples ceramista na beira da estrada,

os documentários são ao mesmo tempo aprendizado e ensinamento para os

jovens que têm valorizado seu potencial artístico-cultural.

Em Pancas, a I MCA Etnográfica, além de um evento que mobiliza toda a

cidade, também inicia um investimento nas potencialidades turísticas da região.

Reconhecida como um parque natural para a prática de esportes de ar e de mon-

tanha, a Pancas é visitada esporadicamente por alguns atletas para participar de

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competições radicais, como o motocross e vôo livre. Mas nunca a cidade recebeu

tantos convidados quanto nos quatro dias em que aconteceu a I MCA Etnográ-

fica. O resultado se viu em hotéis lotados, bares e restaurantes funcionando a

pleno vapor para atender ao público do evento.

Para o prefeito municipal Luiz Pedro Schumacher, os ganhos da realização

da mostra ainda estão repercutindo nos jovens. “A Mostra foi muito boa aqui

para nosso município, um verdadeiro incentivo para a juventude e um trabalho

muito bem feito que a comunidade abraçou, e deixou os jovens daqui muito em-

polgados”. Segundo ele, a iniciativa movimentou a cidade de uma forma nunca

antes vista, pois conseguiu provocar benefícios nas áreas da Cultura, da Educa-

ção e do Turismo, além de promover a integração entre todos os municípios da

região com a produção dos filmes.

O impacto econômico só não foi maior que o envolvimento da população.

O subsecretário de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de Pancas, Élson Augus-

to do Nascimento, que foi também o coordenador local da I MCA Etnográfica,

reconhece que o evento gerou grande satisfação na população, principalmente

Page 62: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

porque levou a muitas pessoas a oportunidade de conhecer a magia do cinema.

“A gente sabe que, numa cidade do interior, isso não é comum. E, ao mesmo

tempo, é um evento que pode fazer reconhecer a região e a cidade. Gerou desen-

volvimento turístico sem precedentes”, explica.

Diante de todas essas transformações, a prefeitura de Pancas entende que

é preciso dar continuidade a esse tipo de ação. Nas palavras do prefeito Schu-

macher: “Agora a gente já está se preparando para fazer outras coisas nesse sen-

tido, que é para não deixar morrer esse estímulo que a Mostra trouxe”. Quantos

aos jovens, estes já estão se organizando para formar um núcleo de Audiovisual

na cidade com todos que desejam se inserir ainda mais fundo no processo. É a

prova de que, depois do primeiro documentário, ainda há muitos caminhos para

se trilhar no audiovisual.

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VÍDEOS PREMIADOS

I MCA Etnográfica - Pancas, 2010

Melhor Vídeo - Júri Oficial: James Johnson – ES/11’44”/2010 (Baixo Guandu);

Melhor Vídeo - Júri Popular: Garimpando Histórias – ES/11’19”/2010 (Pancas);

Melhor Edição: Brechó – ES/11’14”/2010 (Alto Rio Novo);

Melhor Roteiro: O Senhor do Sol – ES/11’49’’/2010 (Nova Venécia);

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O olhar para a juventude, que é um dos pontos principais das MCA, foi

também o que estimulou a Secretaria de Cultura do Estado na formulação da

Rede Cultura Jovem, em meados de 2009. Até então, de fato a única iniciativa da

Secretaria voltada para o jovem era o MoVA Caparaó. Apesar das diversas ações

que a Secult executava, não se alcançava propriamente a juventude capixaba,

não contemplada, por exemplo, pelos seus Editais, que costumam privilegiar

artistas com mais tempo de estrada.

Foi a partir da constatação da dificuldade dos jovens desenvolverem suas

idéias que se começou a articular a Rede Cultura Jovem. Desde o princípio, a

iniciativa não propunha uma ação que levasse idéias pré-concebidas e produtos

prontos para a fruição dos jovens do Estado, mas sim que estimulasse as pro-

postas que já estavam latentes por ali. Nas palavras de Vânia Tardin, Plataforma

de Projetos do Programa Rede Cultura Jovem, ele não impõe, ele dispõe, ele visa

ser um mediador dentro desse espaço de diálogo, comunicação e formação do

jovem capixaba.

Nesse sentido, a ação começou com um mapeamento que identificou

onde estavam os jovens e as suas idéias criativas no Espírito Santo. Para isso foi

contratada uma empresa que já havia feito um levantamento similar no Nordes-

te. A partir desse mapeamento e de subseqüentes reuniões em diversas cidades

do Estado, além da percepção da necessidade de que o contato com essas inicia-

tivas jovens fosse feita também por jovens (Agentes Cultura Jovem), foram cria-

das uma série de políticas públicas pela Secult, tanto presenciais quanto virtuais.

EsTrATÉGIA EM rEDE CuLTurA JoVEM

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Dentre essas políticas, as principais ações da Rede são o Portal Yah! e os

Editais de fomento à produção. Segundo Vânia, o Portal foi pensado como uma

via mais rápida e fácil para a comunicação com e entre os jovens. Não apenas

como um site, mas como uma rede social que pudesse articular todas essas ini-

ciativas e idéias que estavam sendo identificadas Espírito Santo afora - a política

pública pensada mesmo como uma mediadora das conexões entre forças cria-

tivas que já estão latentes na sociedade. Segundo Erlon José Paschoal, a Rede

Cultura Jovem “visa promover o intercâmbio e a relação dos jovens do Espírito

Santo através das artes e cultura e criar espaços de visibilidade, a fim de que

ele se expresse em relação ao mundo e em relação a si mesmo através de uma

linguagem artística”. Assim, o jovem passa a entender a cultura como um lugar

de desenvolvimento social e humano, e também como espaço de comunicação

e constituição de si mesmo e da comunidade em que vive.

É importante ressaltar que a Rede Cultura Jovem é executada em parce-

ria com o Instituto Sincades, que é, ao mesmo tempo, uma Organização Não

Governamental e um Fundo Financeiro criado a partir do Contrato de Competi-

tividade e mantido por cerca de 500 empresas atacadistas capixabas, que estão

inseridas no Programa para Incremento da Competitividade Sistêmica do Estado

do Espírito Santo (COMPETE-ES). Em função da desoneração fiscal que essas

empresas têm, elas compõem o fundo com intuito de apoiar projetos culturais

no Estado, principalmente aqueles apontados pelo governo como políticas

públicas para todo o Espírito Santo. Segundo Dorval Uliana, o Instituto Sincades

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apóia não só o custeio da equipe que toca a Rede Cultura Jovem, mas tam-

bém as ações específicas, as cartilhas, as revistas, e até mesmo o Portal Yah!.

Além de participar de reuniões de planejamento e avaliação com a equipe da

Secult e de ajudar muito na divulgação das ações da Rede.

Nesse contexto, as MCA’s, que foram pensadas como tais antes mesmo

da Rede se estabelecer, acabaram se tornando uma ação integrada à Rede,

por terem em seus DNA’s essa preocupação fundamental com a juventude

capixaba. Para Erlon, “rede aqui significa conectar todas as ações culturais

produzidas pelos jovens de nosso Estado”, e as Mostras também são feitas

com e para o jovem. Assim, “a rede como um programa, alimenta as mos-

tras e as mostras realimentam o programa como um todo”. Vânia Tardin

compartilha dessa opinião, e acredita que ambas as iniciativas se beneficiam

mutuamente. Por um lado, a Rede amplia seu público para mais regiões do

Estado, e “por outro lado, o programa agrega às mostras incorporando nelas

os jovens das outras ações, e partilhando ali as manifestações descobertas

no Estado todo”.

Assim a Rede Cultura Jovem e as Mostras Capixabas de Audiovisual

se articulam na potencialização e na mediação dos diálogos das juventudes

capixabas, propiciando reflexões, estimulando idéias e produções, não só de

obras culturais, mas também de subjetividades com maior poder de crítica e

de transformação, visando àqueles que serão os agentes do futuro, aqueles

que construirão um Espírito Santo mais forte e socialmente desenvolvido.

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“Sem saber o que era a MoVA levantei à mão e disse à professora que queria

fazer as oficinas. Lembro que quando saí para gravar pela primeira vez fiquei

louco, nunca imaginei que tinha tanto trabalho por trás da TV e dos filmes.

Desde 2004 estou na MoVA, a cada ano participo de projetos diferentes. Mesmo

tendo terminado a escola continuo produzindo coisas. Mas o mais legal é que

essa experiência possibilitou que eu conseguisse um caminho; hoje estagio no

Consórcio Caparaó, que me fez conhecer muito da região e dos envolvidos no

projeto. Tenho certeza que quero trabalhar com isso. Já me considero um realiza-

dor audiovisual, agora quero me especializar, fazer faculdade de fotografia”.

“Esse é o quinto ano que participo da MoVA e para mim é muito gratifican-

te. Durante esses anos tentei aproveitar o máximo que eu pude, todo ano eu

voltava. O que eu mais aprendi foi o quanto é importante levar para as outras

pessoas coisas que estavam esquecidas na minha cidade, que se não fossem os

vídeos poderiam se perder. E claro conhecer coisas que eu não conhecia, saber

da importância delas para que nossa vida funcione, como a questão de cuidar do

meio ambiente”.

José Rodrigo Teixeira, 20 anos - Guaçuí

Pertencimento e transformação: palavras que traduzem a experiência que os jovens participantes das Mostras Capixabas de Audiovisual vivenciam a cada ano e levam para a vida toda. Abaixo você lê depoimentos de participantes das MCA’s que aos poucos encontram caminhos para trilhar.

70 Rafael Siqueira Chagas, 17 anos Ibatiba

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“Eu não fui escolhido para participar das oficinas. Tive que encher o saco da pro-

fessora para me encaixar porque eu não era um aluno exemplar, até hoje eu não

sou, né? Mas como fiquei muito curioso ela me colocou na oficina para a Mostra

de 2009, quando fizemos o vídeo A Árvore Solitária. Este ano participei com o vide-

oclipe A MoVA é Minha Vida e a ficção A Cor Desta Noite. Na MoVA 2010 entrei no

grupo permanente do Consórcio do Caparaó, onde fiz cursos e discuti coisas para

a Mostra. Não quero parar de produzir. Junto com os amigos da minha banda es-

tamos fazendo vídeos para as nossas músicas e agora vamos postar no YouTube”.

“Adorei manusear a câmera, adorei poder entrevistar as pessoas. Pra mim foi

uma experiência incrível, em que a gente pode aprender várias coisas e entender

direito essa coisa de fazer vídeos que é algo que a gente nunca pensa em fazer na

vida. Mesmo que não seja a minha profissão, quero continuar fazendo vídeos”.

“Acho que fazer as entrevistas foi a coisa mais difícil porque eu ficava nervosa,

eu era um pouco tímida, mas depois deu pra fazer direitinho. A coisa mais legal

da Mostra é que você consegue interagir mais com as pessoas, você aprende a

lidar melhor com os outros”.

“Pra mim, fazer o filme pra MCA Rural foi uma experiência sem comparação. A

gente aprende um monte de coisas. A gente conhece os instrumentos pra se fa-

zer um filme, a gente aprende coisas sobre o nosso município que a gente nunca

tinha imaginado e que, talvez, a gente nunca ia conhecer. E então dá pra mostrar

a importância daquelas coisas do nosso município pra um monte de gente de

fora. E é muito divertido”.

Lourenço Oliveira, 17 anos - J. Monteiro

Rafaela B. Andreão, 13 anos - Venda Nova

do Imigrante

Poliana Bautz, 14 anos – Santa Teresa

71José Helber Vinco,

14 anos - Domingos Martins

Page 72: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

“Eu gostei muito, não tem nem o que falar. Eu tive oportunidade de fazer, além

do documentário, a oficina do videoclipe que passa na Mostra Paralela. E foi

assim, muito diferente, videoclipe é bem legal porque dá pra você fazer coisas

que não dá no documentário, tem um roteiro diferente um jeito de fazer diferen-

te e ainda tem o fato de que de que os integrantes da banda com a qual a gente

fez o videoclipe são meus amigos também. E a galera gostou muito, a gente fica

muito feliz. E ainda fiz vários amigos porque a gente acaba tendo que se entro-

sar com o pessoal dos outros municípios. É uma oportunidade única que surge

e a gente tem que aproveitar”.

“Participei da MCA Rural pela primeira vez esse ano (2010) e acho que foi uma

das coisas mais legais que eu fiz. O melhor é que a gente faz várias coisas que a

gente nunca ia fazer antes, que nem aprender a usar o equipamento profissional.

E aí a gente vê como as coisas são feitas e toda vez que eu vejo TV eu fico repa-

rando porque agora eu consigo enxergar como que é feito e aí a gente aprende a

criticar. Eu nunca mais vou assistir TV do mesmo jeito”.

“Além de conhecer gente nova e aprender a interagir, a gente acaba ajudando a

divulgar o que tem na nossa cidade, porque assim a gente ajuda as histórias a

não se perderem com o tempo. Pra mim, a melhor coisa de ter participado da

MCA Rural é que passei a conhecer a história das pessoas”.

“Você acaba ganhando muito conhecimento. No ano passado, eu não participei

das oficinas, mas ficava pensando se ia ser legal, se ia ser difícil mexer na câmera.

Mas aí esse ano eu quis experimentar e, pra mim foi ótimo, fiz um monte de ami-

gos, até os oficineiros ficaram amigos da gente. E deu pra conhecer a tecnologia

72

Eduark Gava Cibin, 17 anos – Alfredo Chaves

Fabricia Orlandi, 16 anos – Alfredo Chaves

Geovane Almeida Dias, 17 anos –Brejetuba

Graziele Davoli,15 anos – Venda Nova do Imigrante

Page 73: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

que a gente nem sonhava. Fazer o filme foi muito interessante, a galera deu o má-

ximo possível para ficar um trabalho legal e acho que o resultado ficou muito bom.

Agora vamos ver se a gente continua fazendo outras coisas daqui pra frente”.

“Pra mim foi tudo ótimo. Aprendi técnicas de filmagem, conheci gente. Achei

que ia ser muito difícil, mas acabou sendo até fácil. Aprendi a conviver com

pessoas que são diferentes de mim. Agora eu tenho amigos em todos os cantos

do estado”.

“A gente gostou muito de fazer, foi muito legal, uma experiência única. Decidi

fazer as oficinas porque era diferente, e ia dar pra matar aula, confesso. Mas no

final todo mundo participou com muita vontade. Eu gosto muito de ir ao cine-

ma, mas a gente nunca pode estar atrás das câmeras, e desta vez a gente estava,

e foi muito legal saber como é feito. Eu adorei, era eu que operava a câmera e até

decidi seguir isso como profissão; agora quero ser fotógrafa”.

“Eu fiquei super animada em participar porque moro em Pancas há pouco tem-

po e não conhecia muita coisa da região. Fazendo o vídeo eu criei um amor tão

grande pela cidade que eu não sei explicar. O que mais me motivou a participar

da MCA Etnográfica foi ir aos locais da cidade para ver onde íamos filmar. Eu

não conhecia o lugar onde moro, foi maravilhoso conhecer. Antes eu morava

na Serra, eu ia ao cinema, mas não tinha noção de como era fazer um filme e

que um dia eu poderia fazer isso também. Com o projeto vi a importância das

histórias que contamos”.

Robson R. Rodriguesl, 16 anos - Santa Maria

de Jetibá

Fernanda da Silva, 14 anos - Vargem Alta

Mariane Zambon, 15 anos - Pancas

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Page 74: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

MURal institucional

“As Mostras Capixabas de Audiovisual se tornaram a grande ação presencial do

grande projeto que é a Rede Cultura Jovem, pois percebemos a importância de

trabalhar com a juventude no Espírito Santo, não que a gente queira com este

trabalho formar nenhum artista ou cineasta. O que a gente quer é desenvolver

e ampliar a capacidade de compreensão do mundo. E que a juventude tenha a

oportunidade de refletir por meio da cultura o mundo e seu papel no mundo, e

que isso possibilite que ela tenha uma compreensão melhor deste mundo e que

possa fazer as melhores escolhas em sua vida. Então, a Rede Cultura Jovem tra-

balha com este conceito de cultura como transformadora, que a cultura além de

ser fonte de prazer e de entretenimento, ela principalmente leva a uma reflexão,

a estreitar suas relações com outros seres humanos”.

“Há muito tempo a população do Caparaó cobrava um projeto que levasse cultu-

ra para a região e mostrasse as riquezas ambientais e culturais que temos no Par-

que. Quando colocamos a demanda para a Secretaria de Cultura idealizamos um

projeto vitorioso, que tem transformado o ponto de vista das pessoas em relação

ao lugar em que elas vivem, cuidando do Parque e ao mesmo tempo deixando a

auto estima das pessoas muito elevadas, porque os jovens têm buscado nossa

cultura e costumes e as cidades têm se desenvolvido por meio do turismo”.

“O Instituto entende que essas mostras têm uma finalidade muito importante em

oferecer aos jovens oportunidades que eles não tem, em participar desse projeto

que é extremamente rico em cultura. E, além disso, cria uma oportunidade de

integração para esses jovens do interior. Por isso o Instituto apóia e entende como

uma grande contribuição para o desenvolvimento do cidadão capixaba”.

Dalva Ringuier

Idalberto Luis Moro

secretária de Estado da Cultura - sECuLT.

secretária Executiva do Consórcio Intermunicipal do Caparaó.

Presidente do Instituto de Ação social e Cultural sINCADEs.

Dayse Maria Oslegher Lemos

74

Page 75: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

MURal institucional

“As mostras realizadas para apresentação dos documentários produzidos pelos

jovens já faz parte do cotidiano cultural capixaba e tece uma rede que envolve

os 40 municípios, com a promoção de intercâmbios intra e inter-regionais. Por

meio das atividades culturais disponibilizadas que resultaram em documentá-

rios significativos sobre o cenário rural é que se vê a capacidade produtiva, cria-

tiva e sensibilizadora dos atores naturais, ou seja, da valorosa gente do mundo

rural capixaba”.

“Já participei do Mova Caparaó de inúmeras maneiras: como homenageada, pois

sou alegrense, como jurada, apresentando filmes do nosso núcleo audiovisual

na mostra paralela ou em apresentações do grupo Manguerê. Eu vejo que esse

projeto é sensacional porque o audiovisual é uma ferramenta de inúmeras possi-

bilidades, principalmente quando se trata dessa faixa etária, a juventude a quem

a mostra é dirigida. Porque alem de ser instrumento de exercício de autonomia e

uma forma de envolver a juventude com as questões do seu ambiente e do seu

território, também é instrumento de afirmação de identidade. São muitos os bene-

fícios que o projeto traz. Cada vez que eu vou numa dessas mostras me é revelado

um aspecto cultural do Espírito Santo que eu não conhecia e essa riqueza que tem

nas trocas culturais é a coisa que mais me motiva a participar com muito prazer”.

“Em dias de Internet e liberdade exagerada, o audiovisual remete esses meni-

nos à história e à valorização do seu espaço. Muitas vezes nos deparamos com

garotos que não conhecem nada de seus municípios e eles ficam encantados

com todas as histórias que podem contar. Eu me emociono a cada premiação.

Vê-los chorando com o troféu na mão... é uma conquista deles. O evento é feito

por eles e para eles. A Secretaria da Cultura está de parabéns. Investir em cultura

e não em entretenimento é uma grande saída para o futuro desses meninos”.

Enio Bergoli da Costa

secretário de Estado da Agricultura,

Abastecimento, Aquicultura e Pesca -

sEAG.

Alcione Dias

Simone Marçal

Atriz e fundadora do Cecaes e do Ponto de

Cultura Manguerê.

Produtora Executiva do Instituto Parceiros

do Bem.

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Page 76: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

MURal institucional

“Nosso grande objetivo é dar oportunidade ao jovem de dizer o que pensa, o que

escreve, o que atua. Criar o espaço em que ele possa se apresentar, de mostrar

ao mundo sua produção e, principalmente, se capacitar, se reciclar, se animar a

continuar produzindo. Se não houver espaço, oportunidade e vez ele acaba não

tendo voz, acaba não tendo como continuar e muitas vezes nós perdemos talen-

tos pela falta destes espaços e oportunidades. Quando o Estado estende a mão

ao cidadão, se faz presente, ele se sente apoiado, se sente animado. Quando o

Estado cria uma oportunidade como esta, o jovem aproveita, cresce. É assim que

formamos um cidadão mais consciente, mais participativo da sociedade”.

“Para a ADL esse é um projeto muito importante porque deu visibilidade para

as atividades que os nossos jovens desenvolviam na área cultural. Os nossos

alunos puderam vivenciar, de fato o que é a cultura. Porque a cultura é tão

enraizada no cotidiano, que às vezes a gente não percebe. E quando você tra-

balha dando visibilidade para as manifestações, você mostra para as pessoas a

sua história. As filmagens colocam os alunos de frente com o que eles vêem e

com o que eles sonham e eles até aprendem a sonhar mais e a pensar na vida

deles com o audiovisual. Por isso eu considero esse trabalho como de extrema

importância para os nossos jovens que já estão querendo fazer outros vídeos e

continuar pesquisando sobre a historia de suas famílias”.

“As Mostras Capixabas de Audiovisual conduzem à reflexão sobre a conexão do

homem e o meio ambiente, estimula a visão crítica e abre espaço para a livre

manifestação. Por isso, além de ser um instrumento de resgate e fortalecimento

das identidades das comunidades que integram o projeto, é uma das grandes

ferramentas de educação ambiental do Espírito Santo”.

Dorval Uliana

Siegmund Berger

Maria da Glória Brito Abaurre

Gerente Executivo do Instituto de Ação social e Cultural sINCADEs.

Presidente da Associação Diacônica Luterana - ADL.

secretária de Estado de Meio Ambiente e recursos Hídricos - sEAMA.

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MURal institucional

“Eu acho que as mostras têm uma função bastante interessante que é sair do

circuito tradicional do cinema para ir a um espaço onde geralmente não chega.

E isso provoca uma expectativa muito grande nas cidades para onde vão. Porque

muda radicalmente o olhar das pessoas que estão envolvidas que passam a perce-

ber o seu cotidiano, coisas que fazem parte do seu processo cultural, da formação

da identidade da região. E isso faz aflorar uma série de sentimentos e compreen-

sões que são muito ricos e isso é muito forte. Acho que o que a mostra faz é colo-

car um grande número dentro desse processo e incentivar mesmo a pensar isso

de uma forma que pode engrandecer o conhecimento de vida desses meninos”.

“Em alguns municípios, como Alegre, Guaçuí e Jerônimo Monteiro, há uma

disputa ferrenha entre os alunos para entrar na MCA Ambiental. É uma questão

muito importante, mostra o reconhecimento da juventude em relação ao proje-

to. Dali eles aprendem a trabalhar em equipe, escutar, respeitar o silêncio para

ouvir o outro, formar uma reflexão sobre o que foi dito. Essa é uma das conquis-

tas, um passo que demos dentre os muitos a serem trilhados”.

“O Mepes é muito grato por participar como parceiro deste projeto que é tão im-

portante para resgatar a cultura do jovem e para frisar sua identidade. O principal

é isso: resgate e valorização de sua cultura, mas o evento vem melhorando a cada

ano e é preciso mobilizar ainda mais a região e envolver realmente a população

local. Permitir ao jovem trabalhar com a técnica do audiovisual, principalmen-

te ao jovem rural, fortalece a sua auto estima, porque ele percebe que é capaz,

que pode fazer. Hoje a tecnologia está em toda parte, então as mostras fazem a

juventude perceber que também faz parte desse processo, e assim eles podem

criar imagens de sua própria realidade e descobrir as riquezas do campo”.

Orlando Bonfim Netto

Marcelo Siqueira

Idalgizo José Monequi

Cineasta e jurado nas MCA’s.

Coordenador de Formação Artística e

Cultural da secult.

superintendente Geral do Movimento de

Educação Promocional do Es - MEPEs.

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MURal institucional

“A MoVA nasceu como um festival de cinema, no formato clássico, a não ser

pelo fato de ser feito lá no interior. E é excelente! Porque na nossa maneira de

ver – e é por isso que a gente trabalha com isso – é chegar onde geralmente não

chega. Mas o grande lance da MoVA, sempre foi a interação entre quem trabalha

e quem é convidado com a população local. Não é só o fato de comparecer na

tenda pra assistir, mas além disso, tem toda uma transformação local, toda uma

movimentação de gente que vem. Eu considero até hoje uma das ações de Esta-

do mais importantes para a cultura. Ganhou o Prêmio Cultura Viva e se mostrou

uma ação de cultura eficiente. A MoVA foi um grande laboratório para o que são

hoje as MCA’s”.

“A juventude hoje vive um momento em que as distâncias, as fronteiras diminuí-

ram muito em função das redes sociais, da telefonia e da Internet. Quando estas

distâncias diminuem, as mudanças, as problemáticas se aproximam, então, a

cada dia, os jovens rurais e urbanos compartilham reflexões que se assemelham

muito. Este é o mundo moderno, onde as formas de comunicação a cada dia

integram a todos. Investir na cultura significa investir nas relações sociais e ter

a possibilidade que as pessoas tenham instrumental para se manifestar social-

mente de uma maneira sadia e criativa. Esse programa pode e vai dinamizar

toda a vida cultural do Estado do Espírito Santo”.

“Com a implantação de cineclubes, equipamentos de produção e formação con-

tinuada, considero que assim, haverá uma verdadeira revolução audiovisual no

nosso Estado, onde as questões mais prementes para a vida dessas comunida-

des, como a questão ambiental, possam ser pensadas usando-se o audiovisual

como plataforma para discussões e transformações sócio-cultural”.

João Moraes

Erlon José Paschoal

Sáskia Sá

realizador audiovisual e coordenador das oficinas nas MCA’s.

subsecretário de Estado da Cultura e Coordenador do Programa rede Cultura Jovem.

realizadora audiovisual e Vice-presidente do CNC - Conselho Nacional de Cineclubes.

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MURal institucional

“As experiências da Mostra Ambiental, a Mova Caparaó, foram sendo aperfeiço-

adas e levadas para outras regiões do Estado, com outros temas também, mas

que sempre acabam envolvendo o meio de ambiente; o homem e sua relação

com o ambiente em que vive. A Mostra Etnográfica e Mostra Rural têm muito

desse tema também, porque é uma grande oportunidade de se aprender sobre si

mesmo. Uma das coisas mais importantes das Mostras é conhecer as pessoas

da região, saber quem elas são, como elas se relacionam, como elas vivem”.

“O Programa Rede Cultura Jovem vai até onde estão as ideias: o que os jovens

estão pensando, o que os jovens estão querendo e propondo. A partir deste

potencial criativo do jovem nós criamos possibilidades para que ele possa

potencializar isso, fazer ele aparecer; vamos dar um gás nele. Esse é o diferen-

cial do PRCJ. Por que a gente acredita exatamente nisso, na formação do sujeito

enquanto cidadão”.

“Assim que foi lançado o Projeto para realização da Mostra Capixaba de Audio-

visual Rural, imediatamente demonstramos o interesse em sediar o evento que

não se restringia apenas a exibições de filmes e sim na formação e capacitação

de adolescentes e jovens. Logo, o projeto vem de encontro com nossos ob-

jetivos, onde buscamos oferecer aos nossos munícipes e principalmente aos

nossos jovens, oportunidades de lazer, atividades culturais, elevando a autoesti-

ma de nossos moradores, desfrutando da qualidade de vida inigualável que aqui

encontramos, ao mesmo tempo em que se interligam com as novas tecnologias.

Pode-se observar durante a Mostra uma mudança não só na vida dos partici-

pantes, mas de toda a cidade, que parou frente às telas e respirou cultura e arte

durante quatro dias”.

Maria Aparecida Chiesa

Wilson Costa

Vânia Tardin de Castro

Assessora Especial da sEAMA/IEMA.

Prefeito do município de Afonso Cláudio.

Plataforma de Projetos do Programa rede

Cultura Jovem.

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Page 80: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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Desde criança sempre senti muita curiosidade com as imagens que via na TV. Pen-

sava: como os filmes eram feitos e podiam trazer histórias tão diversificadas? Ficava

encantado com as cenas produzidas de um imaginário inquieto. Cenas de um homem

das cavernas entretido com ossos de animais ou de um período futurista diferente da

nossa realidade. Foi sempre a minha curiosidade que possibilitou a aproximação com

diversas artes, como a música, o teatro, a poesia e recentemente o audiovisual.

A Mostra Capixaba de Audiovisual Rural propôs um novo olhar para a rurali-

dade nessa região, através do audiovisual. Jovens de quinze municípios, após par-

ticiparem de oficinas de roteiro, iluminação, captação de áudio, câmera e edição,

desenvolveriam documentários de curta duração, se tornando protagonistas desde

as oficinas até as exibições na Mostra.

Na primeira exibição da MCA Rural, sediada no município de Afonso Cláudio,

nós, dessa mesma localidade, produzimos nosso primeiro documentário. Discutimos

através de falas de personagens respeitados no município a necessidade da preser-

vação dos recursos hídricos locais. Era um tema bastante comum, mas apresentado

pelo povo simples. Valorizamos as pessoas comuns, seus conhecimentos e práticas. Vi

nesse trabalho o poder da arte de educar, transformar e valorizar. A partir de então, eu

fui agregando mais uma forma de expressão ao meu repertório de práticas.

Foi no audiovisual que encontrei uma forma barata, clara e eficaz de divulgar a

instituição onde eu trabalho há três anos, a Associação Diacônica Luterana - ADL �

que é uma das parceiras da MCA. Criamos um canal no Youtube, onde mensalmente

uMA CâMErA No CAMPo

CrÔNICA

Alex Reblim Braun*

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Page 81: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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são postados diversos vídeos das atividades e do dia-a-dia da instituição. Hoje eu vivo

com uma pequena filmadora amadora captando tudo que acho interessante e, nesse

processo, notei o interesse dos alunos pelo o que eu fazia e gradativamente comecei

a incluí-los os alunos nessas pequenas produções também.

Nós sempre tentamos participar das exibições e apresentamos as produções

dos jovens das MCA’s para todos os alunos na ADL. Até que um dia um aluno suge-

riu que deveríamos fazer essas exibições também para as pessoas da comunidade,

criando assim, um Cineclube. Boa ideia! Fizemos parceria com a escola local e par-

timos para a prática. Na primeira exibição contamos com a participação em média

de 150 pessoas da comunidade no Cineclube Lagoa. Foi um sucesso!!! Pretendíamos

dali em diante oficializar um encontro a cada dois meses, de uma hora e meia, para

exibir produções das MCA’s e outras.

Nesse ano, as Oficinas Galpão divulgaram seu edital, selecionando quinze ro-

teiros de jovens, em nível nacional, ligados a instituições de caráter social. Fui um

desses selecionados, onde em dez dias, pude experimentar com ainda mais intensi-

dade o audiovisual. Ainda esse ano também, eu e meus alunos vamos criar mais um

curta sobre uma história local. Vi com muita clareza que a MCA Rural foi o trampo-

lim para essa oportunidade. Além das outras que ainda estão reservadas.

O audiovisual mexe bastante comigo, noto transformações significativas através

dessa arte entre meus alunos. A cada Mostra, em cada exibição sinto-me desafiado a

não parar. Estou me transformando! No peito bate uma vontade de estar produzindo

constantemente. Como costumam dizer: “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”.

*Alex Reblim Braun tem 24 anos e vive no distrito de Serra Pelada em

Afonso Cláudio. Participou das duas primeiras edições da MCA Rural.

Também é professor na Associação Diacônica Luterana - ADL.

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Como qualquer outro adolescente, há três anos Victor Hugo Merçon Azevedo

costumava ir à escola com a empolgação de quem se prepara para ficar de

castigo. Mas isso foi antes dele esbarrar na oportunidade de fazer parte da MCA

Ambiental - Mova Caparaó. Em um daqueles dias em que nem Jesus Cristo con-

segue ficar dentro de uma sala de aula, o garoto caiu por acidente na reunião de

uma das oficinas de produção de vídeo e não quis sair mais.

E ele não é o único. Em Alegre, assim como no resto de interior do Espírito

Santo, Victor Hugo é somente um dos jovens que descobriram uma motivação

a mais para freqüentar a escola e participar de projetos interdisciplinares como

a Mostra de vídeos. Os documentários feitos por esses jovens atravessam suas

histórias de vida e ensinam mais sobre convivência, trabalho em equipe e am-

bientalismo do que uma aula teórica em sala de aula.

Mas Victor Hugo é um daqueles que gostaram tanto que desde aquele dia

ele não parou mais de experimentar o audiovisual. Aos 18 anos, o jovem alegren-

se de cabelos ruivos participou competindo de três edições da MCA Ambiental, e

esteve presente em mais três mostras do gênero, onde até conseguiu abrir uma

brecha para trabalhar como voluntário da equipe de produção.

O jovem agora vive o desafio de prestar vestibular para o curso de Direito,

mas diz que o Audiovisual é algo que ele nunca mais vai abandonar, mesmo que

não siga necessariamente uma carreira cinematográfica. E mais do que apren-

der a fazer vídeos, ele tem certeza de que carrega uma experiência de vida sem

comparações para sua formação como cidadão.

EXPErIÊNCIAs soMADAsENTrEVIsTA

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Como começou a participar das Mostras Capixabas de

Audiovisual? De onde surgiu o interesse pelas oficinas

de Audiovisual?

Bom, na minha primeira oficina da Mova Caparaó,

eu fui participar mais para matar aula que qualquer ou-

tra coisa, mas foi tão legal que eu me identifiquei muito,

pois dei o melhor de mim e percebi que tudo o que que-

remos com muito esforço, nós conseguimos conquistar.

E aí aconteceu que na segunda mostra que eu participei,

esse esforço foi recompensado com o troféu de Melhor

Filme para o nosso documentário, o Feliz Lembrança.

Mas a competição é uma coisa mais simbólica porque, na

verdade, todo mundo ganha ali.

Você já tinha participado de alguma coisa parecida antes?

Já tinha alguma experiência com Audiovisual?

Não, a primeira vez foi com a Mova Caparaó. Nem

imaginava uma coisa assim.

Depois você foi chamado para participar nas mostras,

na produção das mostras ou na apresentação dos vídeos.

Como foi mudar de papel? Quais as maiores dificulda-

des? E o que mudou na questão de aprendizado?

Page 84: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

Tudo isso serviu para que eu aprendesse e adquirisse

mais conhecimento. Dificuldades foram muitas, mas com

a ajuda de Deus consegui superar e o aprendizado em si

foi cada vez se fortalecendo mais e mais. A MCA Ambien-

tal me deu a oportunidade de conhecer o Programa Rede

Cultura Jovem, assim eu também me tornei membro da

primeira turma de Agentes Cultura Jovem do Estado, e,

na II Mostra Rural, tive a oportunidade de participar da

equipe de produção. Acho que enchi tanto o saco deles

que eles me deixaram ficar.

Qual foi a melhor coisa que você aprendeu nesse tempo de

Mostras? O que mudou na sua vida com essa experiência?

Aprendi a me organizar melhor e redividir o meu

tempo. Aprendi que a amizade é um tesouro que não

se deve entregar a qualquer um pelas ruas da vida, pois

nem sempre dá tempo de conhecer realmente uma

pessoa em tão pouco tempo e às vezes eles podem não

ser o que aparentam ser. Mas, claro que não custa nada

dar um pouco de atenção às pessoas ao seu lado, porque

suas idéias podem completar as delas e as delas podem

completar as suas. Mas a melhor coisa são as amizades

que você faz.

“A mostra mudou a minha vida completamente, para melhor, criei contatos tanto com novos amigos, como contatos profissionais”

Page 85: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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Qual foi a melhor mostra que você esteve presente?

A melhor foi a I MCA Rural em 2009, de Afonso

Cláudio. Ela foi a melhor em organização, na produção e

o município deu uma atenção imensa a nossa presença

lá, e também a população acolheu de braços abertos o

evento e os convidados. Ficou lotada todos os dias.

Você pretende continuar fazendo alguma atividade liga-

da ao Audiovisual?

Eu e mais dois amigos montamos um núcleo de

produção independente e temos alguns projetos pra

fazer mais vídeos. Mas ainda não temos todos os equi-

pamentos necessários para uma produção profissional.

A gente faz vídeos sem compromisso, pra trabalhos de

escola, festa, o que for. E agora eu também faço parte do

núcleo de produção audiovisual permanente do Consór-

cio Caparaó, que é tipo uma escola mesmo, você apren-

de bastante. Isso tem pouco tempo, uns cinco meses, a

gente costuma fazer um encontro por mês. No primeiro

encontro é que nós fizemos o videoclipe que passou na

MCA Ambiental de 2010, “A Mova é minha vida” e foi

muito bom fazer.

O que você diria para incentivar um jovem a participar

da mostra? Que conselho você daria?

Bom, não é bem um conselho, mas uma frase de

apoio e incentivo: não desista dos seus sonhos e seus de-

sejos, pois só eles podem guiar o seu futuro. Não receba

um não como uma notícia negativa, mas sim como um

obstáculo que você terá que vencer. A mostra mudou a

minha vida completamente, para melhor, criei contatos

tanto com novos amigos, como contatos profissionais.

Então, o que eu quero deixar para os jovens é: participe,

pergunte, seja curioso ao ponto de querer descobrir cada

vez mais, participe de tudo o que puder e, principalmen-

te, participe porque gosta e não por obrigação, porque só

assim você vai conseguir captar tudo o que é passado a

você pelas pessoas envolvidas neste processo. É a melhor

oportunidade que um jovem tem de aprender algo que

não seja obrigatório. É isso que todo jovem quer hoje,

fazer algo que seja por prazer e não por obrigação.

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Há sete anos o educador ambiental Geraldo Dutra viu nascer o projeto da I Mova

Caparaó e da Secretaria de Estado da Cultura, a Mostra Capixaba de Audiovisual

Ambiental, nascida do esforço do Consórcio do Caparaó em se criar uma cultura

ambientalista. Na entidade, poder público e sociedade civil organizada trabalham

em conjunto para preservar as potencialidades de seu território e para estimu-

lar a cultura da população local em ações baseadas em Educação Ambiental e

Desenvolvimento Sustentável.

Acompanhando a história desde o princípio, Geraldo Dutra não é somen-

te o coordenador local da MoVA, como também um dos maiores entusiastas

do evento e, mais ainda, da interação que os vídeos proporcionam aos jovens

em sala de aula. Como fruto desse processo, o caparaoense nascido em Alegre

discute as transformações que a Mostra tem provocado na formação para a

cidadania e consciência ambiental dos jovens envolvidos.

ProTAGoNIsMosusTENTÁVEL

ENTrEVIsTA

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Page 87: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

87

Como professor, como você enxerga essas experiências

que a mostra proporciona, na função de fortalecer o

aprendizado desses jovens?

O maior ganho que eu tenho em acompanhar essas

mostras é que eu fico vendo o brilho nos olhos deles e

como eles se envolvem. Mas eu vejo que eles não estão

usando todo esse potencial. E eu estou usando, porque na

condição de professor eu faço uma adaptação ao conteú-

do que a gente está trabalhando na sala de aula.

E a linguagem do audiovisual é que está me facili-

tando esse diálogo. Falar de questões ambientais – sócio-

-ambientais – e mostrar os vídeos. Quando eu digo que

é um aluno que fez, a galera não acredita. Porque é uma

linguagem diferente, sobre a qual você vê e discute. Mais

do que isso, quem está fazendo o vídeo é o protagonista

daquilo que está fazendo, e não o espectador de um filme

qualquer. O aluno ajudou a construir. Isso faz com que o

aluno não seja passivo, ele é o agente, é o protagonista,

não o ator manipulado.

Mas você acha que os jovens, de uma maneira geral, não

tem interesse em aprender sobre a cultura da sua região?

De onde vem essa fragilidade? Como isso pode ser mo-

dificado?

Nós não conhecemos o nosso próprio território do

Caparaó. Conversando com um senhor de idade, ele veio

me dizer que as pessoas não querem mais saber das his-

tórias dele, da família, de quando puxava carro de boi, da

tropa. De certa forma, o jovem está ficando alienado. No

sentido de conhecer o passado, pra entender o presente e

projetar o futuro.

E eu acho que o audiovisual modifica isso, porque

o aluno é protagonista. Ele vai passar a conhecer um ter-

ritório que é dele. Ele passa fazer parte. Esse ano já tem

uma aluna, do distrito onde eu moro e que participou da

Mova, que ta fazendo um vídeo sobre gravidez na adoles-

cência, por conta própria. Então a linguagem é deles, são

eles que estão indo atrás.

Então, isso quer dizer que fazer um documentário sobre

sua região torna o jovem mais consciente de seu papel?

O processo pra fazer um filme, que é o que está sen-

do aprendido, é mais importante que o produto. O filme

não é o mais importante. Talvez para a platéia seja. Mas

para quem está ali construindo, o mais importante é a rela-

ção interpessoal, é a dificuldade pra fazer o filme, é a diver-

gência pra fazer uma edição. Acho que um projeto como

MoVA Caparão, que se tornou, a partir de 2010, a Mostra

Capixaba de Audiovisual Ambiental (mas fizemos questão

de que se firmasse o nome ‘MoVA Caparaó’, porque pra

gente é uma questão de pertencimento afirmar: sou capa-

roense, nasci em Alegre), é excepcional por causa disso.

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A força que o Consórcio do Caparaó dedica à Mova Ca-

paraó é um dos grandes motivos para a Mostra ter se

desenvolvido de uma maneira tão eficaz. Como surgiu o

projeto naquela região?

Há uns anos, o Governo do Estado queria que o

Consórcio participasse de um evento de vídeos lá em Ca-

choeiro. Mas como nós tínhamos um território fortale-

cido com 11 municípios nas nossas mãos, nós dissemos

que queríamos fazer o nosso próprio evento. A integração

entre os municípios via Consórcio é muito forte, ele já

tem 14 anos. Aí que tivemos a primeira mostra em Gua-

çuí, que se repetiu como sede agora em 2010.

Mas é uma realização legitimamente caparaoense,

ainda que tenha o aporte financeiro do Estado, que tenha

a presença de parceiros como o IEMA e tantos outros.

A Mostra Rural e a Etnográfica são frutos do sucesso da

Mova Caparaó. Deu certo lá e o governo tem adaptado em

outros lugares. O que é uma grande vitória.

Com sete anos de duração, a Mova se modificou muito a

cada edição e pouco a pouco foi se superando enquanto

política pública. Quais são os principais desafios que a

Mostra ainda tem pela frente?

Esse ano já vai ter nos outros 10 municípios pelo

menos um dia em que esses vídeos vão ser exibidos em

algum lugar, um teatro, para um público assistir a esse

“A mostra traz a oportunidade da reflexão e mais do que refletir traz as atitudes pra eles”

Page 89: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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material produzido pelos alunos, a Mostra Itinerante.

Outra proposta é distribuir isso também nas escolas, para

que as escolas possam usar essa linguagem mais próxi-

ma deles para estimular o aprendizado.

Historicamente o Caparaó capixaba é uma região de fra-

gilidade tanto econômica quanto ambiental. Como a che-

gada das Mostras modificou a relação da população local

com o meio ambiente?

O nosso território tem potencialidades, tem uma

beleza ímpar, tem o Parque Nacional do Caparaó, mas ao

mesmo tempo tem muita caça, pesca predatória, assorea-

mento dos rios. A Mova vem exatamente mostrando pra

uma faixa etária, os jovens, que a gente tem tantas belezas

naturais, muita cultura, folclore, etc., mas tem problemas

também. E aí essa faixa etária está tendo contato, através da

MoVA, com essas potencialidades, com os problemas, mas

também com a possibilidade de refletir e fazer a diferença.

Durante três anos fizemos vídeos mostrando os pro-

blemas. Até que teve um ano em que os alunos resolveram

fazer um vídeo chamado Plantando água, colhendo vidas,

que fala sobre um proprietário de um sitio que planta água.

Quer dizer, ele não planta água, ele planta árvores que fa-

vorecem a infiltração da chuva no lençol freático. Mas você

vê que a Mostra traz a oportunidade da reflexão e, mais do

que refletir, traz as atitudes pra eles.

Como você avalia o papel desses vídeos produzidos pelos

alunos nas Mostras? Eles conseguem despertar a consci-

ência ambiental?

Eu já utilizo esse material nas minhas aulas, que eu

prefiro chamar de diálogo, mas às vezes a escola dificulta

isso. Na escola ainda não caiu a ficha de que tem que ter

um processo. Não adianta a escola usar no Dia da Árvo-

re, plantar uma árvore e deixar lá, nunca mais voltar pra

cuidar.

Eu mostro os vídeos e falo: “olha, são alunos como

vocês aqui. Todos vocês também podem fazer”. Porque

assim eu faço com que ele se envolva no seu território,

então ele passa a enxergar aquilo ali.

Estar consciente é uma coisa. Estar sensível é ou-

tra. E o que a gente faz com as Mostras é oferecer uma

oportunidade de desenvolvimento para que o jovem se

torne sensível e, assim, possa adquirir consciência. Nin-

guém conscientiza ninguém; a gente informa, envolve, aí

a consciência é de formação pessoal.

Essa é uma geração que já nasce envolta na linguagem

audiovisual, da televisão, do cinema, da Internet. Mas

como isso pode se tornar uma ferramenta de mobilização

social entre a juventude?

Acho que é uma geração em que Imagem e Som é

muito mais eficaz do que o conteúdo do professor. E no

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90

Então você acha que é uma questão de diferenças das ge-

rações?

Não acho que é só a geração, acho que é a falta de

formação, a falta de capacitação mesmo pra isso. Eu sem-

pre brinco que é preciso fazer um evento ‘MoVA Profes-

sor’ para os professores. Para que ele filme a sua lingua-

gem de mundo para depois ser reproduzido lá, e então

ele veja como é.

Como que o trabalho de Educação Ambiental pode se ex-

pandir junto com as mostras para as demais regiões do

Estado?

Eu sempre digo que meio ambiente cultural tam-

bém é Meio Ambiente. O fazedor de balaio – é cultura –

ele tira a taquara certa, no mês certo, que é pro bambuzal

não morrer. Ano passado a gente trabalhou com o tema

“Ofícios” na Mova. O filme que ganhou falava de uma

comunidade de feirantes, e aproveitou para falar também

do homem no campo, dos produtos orgânicos, agroeco-

lógicos, do êxodo urbano. A gente vai tentando amarrar

todas essas coisas pra inserir cultura no tema ambiental.

E o oficineiro tem um compromisso de amarrar esse viés.

Não é possível falar de Meio Ambiente sem falar de Cul-

tura e falar de Cultura sem falar do Meio Ambiente.

“O processo pra fazer um filme, que é o que está sendo aprendido, é mais importante

que um produto”

caso deles, eles não são espectadores, eles são protagonis-

tas do que querem filmar. A diferença é essa: porque ele

fez. Por isso as mostras conseguem envolver a rapazia-

da toda. Já chegamos na VII MoVA Caparaó. São muitos

filmes produzidos dos 11 municípios envolvidos. É uma

média de 220 alunos por ano só no Caparaó.

Os vídeos que são produzidos nas Mostras Capixabas de

Audiovisual, por exemplo, poderiam ser utilizados como

material didático nas escolas. Onde estão as falhas dessa

relação?

As escolas não conseguem se articular para pinçar

seus alunos e oferecer a eles essa proposta. E a proposta

é que depois ele filme a festa da escola, que depois ele

tenha prazer em fazer seus vídeos. Mas a escola não é

cúmplice. Porque o professor, a diretora, a pedagoga não

teve essa formação.

Nós somos formados na faculdade para o simples,

não para o complexo. Nós somos formados para educar 30

alunos, mas não 30 pessoas diferentes na mesma sala. E

o conteúdo é o mesmo, mas são todas pessoas diferentes.

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II MOVA CAPARAÓIbitirama, Iúna e Irupi, 2005.

Passado, Presente...Que Futuro? – Doc/ES/10’/2005 – Muniz Freire;Os Pássaros e os Passos de Dona Helena – Doc /ES/10’/2005 – Irupi;Ciça: Um Amor de Café – Ficção/ES/10’/2005 – Iúna;O Horto Florestal – Doc/ES/10’/2005 – Alegre;Quanto vale preservar? – Doc/ ES/10’/2005 – Ibitirama;A Lenda da Pedra Menina – Doc/ES/10’/2005 – Dores do Rio Preto

ANIMAÇÃO - Zecaparaó ‘8’ /ES/2005 – realizado por alunos de toda região do Caparaó capixaba em parceria com o Núcleo de Animação do Instituto Marlin Azul.

III MOVA CAPARAÓPedra Menina (distrito de Dores do Rio Preto), 2006.

Mova-se – Doc/ES/10’/2006 – Alegre;Ecodesenvolvimento – Doc/ES/10’/2006 – Divino de São Lourenço;As Dores do Rio Preto – Doc/ES/10’/2006 – Dores do Rio Preto;Cotidiano do Caparaó – Doc/ES/10’/2006 – Ibitirama;Na Trilha do Jequitibá – Doc/ES/10’/2006 – Jerônimo Monteiro;Marcas do Passado – Doc/ES/10’/2006 – GuaçuiA Lenda da Pedra da Tia Velha – Doc/ES/10’/2006 – Irupi;

A Lenda da Água Santa – ficção/ Iúna;Como Tudo Começou – Doc/ES/10’/2006 – Ibatiba; Marcas de um Passado – Doc/ES/10’/2006 – de São José do Calçado; As Desventuras de Zé da Grota – Doc/ES/10’/2006 - Muniz Freire.

ANIMAÇÃO - Casamento Caipira – ES/6’/2006 – direção coletiva dos alunos de toda região do Caparaó capixaba.

IV MOVA CAPARAÓPatrimônio da Penha (distrito de Divino de São Lourenço), 2007.

Museu do Zé – Doc/ES/13’/2007 – Irupi;Boi Verde Verdim – Ficção/ES/11’/2007 – Divino de São Lourenço;Belezas Ameaçadas – Doc/ES/12’/2007 – Ibitirama;Um Grande Gesto – Ficção/ES/11’/2007 – Muniz Freire;Usina São José – Doc/ES/14’/2007 – São José do Calçado;Rio Veado – Doc/ES/13’/2007 – Guaçui;Plantando Água, Colhendo Vidas – Doc/ES/14’/2007 – Alegre;A Vingança da Pedra Menina – Ficção/ES/11’/2007 – Dores do Rio Preto;Fazenda Gironda – Doc/ES/11’/2007 – Jerônimo Monteiro;A Lenda da Mulher de Pedra – Ficção/ES/11’/2007 – Iúna;Trilha das Águas – Doc/ES/11’/2007 – Ibatiba

ANIMAÇÃO - Natureza em Perigo – ES/5’/2007 – di-reção coletiva dos alunos de toda região do Caparaó capixaba.

FILMEs ProDuzIDos Por JoVENs NAs oFICINAs DE

AuDIoVIsuAL – MCA AMBIENTAL – MosTrA CAPArAoENsE

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93

V MoVA CaparaóMuniz Freire, 2008.

Seu Antônio do Caxambu – Doc/ES/10’/2008 – Alegre;Reza – Doc/ES/10’/2008 – Divino de São Lourenço;A Festa do Princípio do Mundo – Doc/ES/10’/2008 – Dores do Rio Preto;Charola de São Sebastião – Doc/ES/10’/2008 – Guaçui;Vai Chorar, Mineiro! – Doc/ES/10’/2008 – Jerônimo Monteiro;Loló – Doc/ES/10’/2008 – Ibitirama;Burro Frouxo – Doc/ES/10’/2008 – Irupi;Tô no Bolinho – Doc/ES/10’/2008 – Muniz Freire;Memórias do Carro de Boi – Doc/ES/10’/2008 – São José do Calçado;Venida – Doc/ES/10’/2008 – Ibatiba;Samba da Saudade – Doc/ES/10’/2008 – Iúna.

VI MOVA CAPARAÓAlegre, 2009.

Feliz Lembrança – Doc/ES/10’/2009 – Alegre;Branco – Doc/ES/10’/2009 – Divino de São Lourenço;Toda Casa uma História Tem – Doc/ES/10’/2009 – Dores do Rio Preto;Dodola –Doc/ES/10’/2009 – Guaçui;A Árvore Solitária – Doc/ES/10’/2009 – J. Monteiro;Flores – Doc/ES/10’/2009 – Iúna;Gentileza – Doc/ES/10’/2009 – Ibatiba;O Guardião da Pedra – Doc/ES/10’/2009 – Irupi;Ouro Negro – Doc/ES/10’/2009 – Muniz Freire;

Guia – Doc/ES/10’/2009 – Ibitirama;O Desafio do Silêncio – Doc/ES/10’/2009 – São José do Calçado.

VII MOVA CAPARAÓGuaçui, 2010.

O Pai da Cachoeira – Doc/ES/10’/2010 – Alegre;O Poder do Natural – Doc/ES/10’/2010 – Divino de são Lourenço; Néctar da Vida – Doc/ES/10’/2010 – Dores do Rio Preto;Vai Rasgando – Doc/ES/10’/2010 – Ibatiba;Entalhes e acordes de um Urucungo – Doc/ES/10’/2010 – Guaçui;29540, A Interferência Humana no Meio – Doc/ES/10’/2010 – Ibitirama; Virgínia – Doc/ES/10’/2010 – Irupi; Caminho Imperial – Doc/ES/10’/2010 – Iúna;Comunidade Bio-Iluminada – Doc/ES/10’/2010 – Jerôni-mo MonteiroO Caminho da Glória – Doc/ES/10’/2010 – Muniz Freire; ... E o Lixo? O Que Fazer? – Doc/ES/10’/2010 – São José do Calçado

FICÇÃO – A Cor desta Noite – direção coletiva com jovens realizadores da região do Caparaó;

VIDEOCLIPE – A MoVA é Minha Vida - direção coletiva com jovens realizadores da região do Caparaó.

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Café com Leite – ES/10’/2010 - Conceição do Castelo;Ous Hübschigkeit, Ous kultur (Nossa beleza, Nossa cultura) – ES/12’/2010 - Domingos Martins;Simplicidade – ES/10’/2010 - Itaguaçu;Arte pelas Mãos – ES/10’/2010 - Itarana;Doce Sabor – ES/11’/2010 - Laranja da Terra;Einen Kaffe Trinken? – ES/10’/2010 - Marechal Floriano;Tanque Rede – ES/10’/2010 - Santa Leopoldina;Quitungo, A Força da Água – ES/10’/2010 - Santa Maria de Jetibá;Raízes – ES/11’/2010 - Santa Teresa;No Tempo da Nonna – ES/11’/2010 - Vargem Alta;Socol – ES/12’/2010 - Venda Nova do Imigrante;

FICÇÃO – A Menina da Corrente – ES/15’/2010 - direção coletiva com jovens realizadores da MCA Rural.

VIDEOCLIPE – Meu Novembro (Banda Scrap) – ES/5’/2010 - direção coletiva com jovens realizadores da MCA Rural.

FILMEs ProDuzIDos Por JoVENs NAs

oFICINAs DE AuDIoVIsuAL – MCA rurAL

I MCA RURALAfonso Cláudio, 2009.

Arrependido - ES/10’/2009 - Afonso Cláudio;Ecotur – ES/10’/2009 - Alfredo Chaves;Bonzim, Bonzim? – ES/10’/2009 - Brejetuba;Mãos que Movimentam – ES/10’/2009 - Castelo;Formosa – ES/10’/2009 - Conceição do Castelo;São Bento Tira o Chapéu – ES/10’/2009 - Domingos Martins;Bulling – ES/10’/2009 – Itaguaçu;Brote – ES/10’/2009 - Itarana;Ous Land (Nossa Terra) – ES/10’/2009 - Laranja da Terra;Warneri – ES/10’/2009 - Marechal Floriano;Os Filhos do Sol e das Águas – ES/10’/2009 - Santa Leopoldina;Lewig Land – Terra Viva – ES/10’/2009 - Santa Maria de Jetibá;Sim, Senhora – ES/10’/2009 - Santa Teresa;Terra – ES/10’/2009 - São Roque do Canaã;De Onde Vem? – ES/10’/2009 - Vargem Alta;Orelha d’Onça – ES/10’/2009 - Venda Nova do Imigrante;

II MCA RURALCastelo, 2010.

Saudade da Minha Tropa - ES/10’/2010 - Afonso Cláudio;Taro São Bento – ES/10’/2010 - Alfredo Chaves;Colhendo Conseqüência, Plantando Consciência – ES/13’/2010 - Brejetuba;Sua Terra...Minha Vida! – ES/10’/2010 - Castelo;

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FILMEs ProDuzIDos Por JoVENs NAs oFICINAs DE

AuDIoVIsuAL – MCA ETNoGrÁFICA

I MCA EtnográficaPancas, 2010.

Orzel Bialy - ES/10’27’/2010 – Águia Branca;Brechó – ES/11’14”/2010 – Alto Rio Novo;James Johnson – ES/11’44”/2010 – Baixo Guandu;Sentinela Capixaba – ES/10’17’/2010 – Barra de São Francisco;História de Pescador – ES/11’11”/2010 – Colatina;Nossa Terra, Nosso Orgulho – ES/10’/2010 – Governa-dor Lindemberg;De Ametista a Mantenópolis – ES/10’11’/2010 – Mante-nópolis;Através de um Dom – ES/10’29’/2010 – Marilândia;O Senhor do Sol – ES/11’49’/2010 – Nova Venécia;Garimpando Histórias – ES/11’19”/2010 – Pancas;Encantamento – ES/9’28’/2010 – São Domingos do Norte;Na Garupa da História – ES/9’27’/2010 – São Gabriel da Palha;Três Etnias, Um Sonho – ES/10’44’/2010 – Vila Pavão;

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96

Governador do Estado do Espírito SantoPaulo César Hartung Gomes

Vice-governador do Estado do Espírito SantoRicardo de Rezende Ferraço

Secretária de Estado da CulturaDayse Maria Oslegher Lemos

Subsecretário de Estado da CulturaErlon José Paschoal

Subsecretária de Estado de Patrimônio CulturalAnna Luzia Lemos Saiter

Gerente de Ação CulturalMaurício José da Silva

Coordenação de Formação Artística e CulturalLuiz Carlos de Almeida Lima - CoordenadorMarcelo SiqueiraRaquel Baelles

Secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e Pesca Enio Bergoli da Costa

Subsecretário de Estado do Desenvolvimento Agropecuário, da Aqüicultura e da Pesca Gilmar Gusmão Dadalto

Núcleo Social Rural Célia KieferPaulo SarmentoLetícia Couvre Amorim

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEAMA e Presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - IEMAMaria da Gloria Brito Abaurre

Diretora Presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - IEMASueli Passoni Tonini

Assessora Especial da SEAMA/IEMAMaria Aparecida Chiesa

FICHA TÉCNICA

Page 97: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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Presidente do Instituto de Ação Social e Cultural SINCADES - Instituto SINCADESIdalberto Luis Moro

Vice-Presidente Instituto de Ação Social e Cultural SINCADES - Instituto SINCADESCarlos Antônio Marianelli

Gerente Executivo – Instituto SINCADESDorval de Assis Uliana

Diretor Superintendente do Sebrae/ES - Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas EmpresasJosé Eugênio Vieira

Presidente do Consórcio Intermunicipal do CaparaóEzanilton Delson de Oliveira

Vice-presidente do Consórcio Intermunicipal do CaparaóLindon Jonhson Arruda Pereira

Secretária Executiva - Consórcio do CaparaóDalva Ringuier

Superintendente Geral do MEPES - Movimento de Educação Promocional do ESIdalgizo José Monequi

Diretor Geral da ADL - Associação Diacônica LuteranaSigmund Berger

Presidente da FETAES - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do ESPaulo de Tarso Caralo

Programa Rede Cultura JovemErlon José Paschoal - CoordenadorMarcelo Maia – Plataforma Digital Vânia Tardin de Castro – Plataforma de ProjetosRoberto Alves Santos – Administrativo-financeiroEquipe Técnica - PRCJFernanda de Castro BarbosaFilipe Alves BorbaGustavo Rocha Pereira de SouzaIvo Godoy Kênia LyraMaira Rocha MoreiraPaulo Gois BastosSamara Amorim Monteiro

Presidente do Instituto Parceiros do BemLeonardo Gomes Souza

Produção ExecutivaSimone Marçal

Equipe de ProduçãoBruno Fernandes DetogniFernanda MarinhoMaurício Guedes JacobPatrícia RohsnerRicardo VianaRoberta Fernanda FrissoSimone Devens

Page 98: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

98

Pancas

Colatina

Baixo Guandú

Marilândia

Governador Lindenberg

Vila Pavão

Nova Venécia

SãoGabriel da Palha

Alto Rio Novo

MantenópolisÁguia Branca

São Domingos do Norte

Barrade SãoFrancisco

Itaguaçu

Laranja da Terra

Itarana

AfonsoCláudioBreje-

tuba

Conceição do

Castelo

Domingos Martins

Marechal Floriano

Alfredo ChavesVargem Alta

Castelo

Venda Novado Imigrante

Santa Maria de Jetibá

Santa Leopoldina

Santa Teresa

São Roque do Canaã

Itatiba

IúnaIrupi

Alegre

Jerônimo Monteiro

São Josédo Cal-çado

Guaçuí

Divino de São Lourenço

Dores do RioPreto

Ibitirama

Muniz Freire

MG

RJ

Oceano Atlântico

MCA Etnográ ca

MCA Rural

MCA Ambiental - Caparaó

Page 99: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

Pancas

Colatina

Baixo Guandú

Marilândia

Governador Lindenberg

Vila Pavão

Nova Venécia

SãoGabriel da Palha

Alto Rio Novo

MantenópolisÁguia Branca

São Domingos do Norte

Barrade SãoFrancisco

Itaguaçu

Laranja da Terra

Itarana

AfonsoCláudioBreje-

tuba

Conceição do

Castelo

Domingos Martins

Marechal Floriano

Alfredo ChavesVargem Alta

Castelo

Venda Novado Imigrante

Santa Maria de Jetibá

Santa Leopoldina

Santa Teresa

São Roque do Canaã

Itatiba

IúnaIrupi

Alegre

Jerônimo Monteiro

São Josédo Cal-çado

Guaçuí

Divino de São Lourenço

Dores do RioPreto

Ibitirama

Muniz Freire

MG

RJ

Oceano Atlântico

MCA Etnográ ca

MCA Rural

MCA Ambiental - Caparaó

Page 100: Caderno Mostras Capixabas de Audiovisual 2004 -2010

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