[caderno] direito empresarial a ii prova - martelli

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  • 7/25/2019 [CADERNO] Direito Empresarial a II Prova - Martelli

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    A ao renovatria locatria aquela em que se compele o proprietrio para alocar oimvel pelo mesmo tempo que o contrato anterior. O ponto uma propriedade em que seadquire, que ser mantida com a locao. Sem ela, no existir mais.

    O direito de inerncia ao ponto exercido por meio de uma ao judicial prpria,denominada renovatria. Esta ao deve ser proposta pelo locatrio no prazo de decadnciaassinalado pela lei, isto , entre 1 anos e 6 meses antes do trmino do prazo do contrato acabar.

    Em termos prticos, a renovao deve ser pleiteada pelo locatrio no transcurso dos primeiros 6meses do ltimo perodo anual de vigncia do contrato de locao.

    Aao revisional, que no deve ser confundida com a ao renovaria locatria, aquelaque, aps 3 anos de contrato, locador e locatrio podem rever o valor da locao, que pode terse alterado devido s mudanas do mercado. Nada impede que o prprio locatrio, em situaoque haja uma distoro, v a juzo requerer a diminuio do aluguel.

    Se caracterizada a locao empresarial e proposta a ao renovatria dentro do prazo, olocatrio ter, em determinadas situaes, direito indenizao pela perda do ponto, caso olocador obtenha a retomada do imvel.

    10. Elementos de identificao de empresa

    16/04/15

    A empresa o escopo, que a atividade. O empresrio quem gera as riquezas, mas,para tanto, dever juntar elementos. O estabelecimento pode ser microcomposto, por parcelas.O seu todo, isto , do que se compem e o que compem.

    Esse todo do estabelecimento comercial pode ser objeto de venda e compra. Contratoesse que denominado de contrato de trespasse, que no se confunde com a cesso de quotassociais de sociedade limitada ou a alienao de controle de sociedade annima. No trespasse, oestabelecimento empresarial deixa de integrar o patrimnio de um empresrio (o alienante) epassa para o outro (o adquirente). O objeto da venda o complexo de bens corpreos eincorpreos, envolvidos com a explorao de uma atividade empresarial.

    Cumpre ressaltar que tambm possvel vender as parcelas do estabelecimento.Se vendo todo o estabelecimento, h uma mudana substantiva, uma vez que o

    empresrio original j no o pode controlar totalmente. Se vendo partes integrantes da empresa,nada muda. Agora, se vendo todos os equipamentos de radiografia e radiologia do Hospital, noh rigorosamente nada de alterao - no resta configurado o contrato de trespasse, masapenas a mudana do dono dos equipamentos. Contudo, se vendo o Hospital para terceiros,mantendo apenas a administrao para a soluo de pendncias, configura-se a venda doestabelecimento como um todo, o que provoca uma profunda alterao em sua constituiopara efeitos jurdicos.

    O professor ressalta que o nome do empresrio no passvel de venda. O seu nomefantasia (ou razo social), isto , o nome de registro da empresa- o que constar em documentoslegais, contratos e escrituras, poder ser vendido.

    10.1 Questo da sucesso

    Ulhoa Coelho ressalta que o direito de diversos pases se preocupa em disciplinar aalienao do estabelecimento empresarial, para fins de tutelar os interesses dos credores.

    No Brasil, at a entrada em vigor do CC, considerava-se que o passivo no integrava oestabelecimento; em consequncia, a regra era a de que o adquirente no se tornava sucessordo alienante. Isto , os credores de um empresrio no podiam, em princpio, pretender orecebimento de seus crditos de outro empresrio, em razo deste haver adquirido oestabelecimento do primeiro.

    O professor leciona que h uma grande discusso doutrinria em torno do encontro deuma linha nica de raciocnio no que diz respeito composio do estabelecimento comercial. Oscontratos, as dvidas e os crditos passariam para o sucessor?

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    Com a entrada em vigor do novo CC, alterou-se completamento o tratamento damatria: o adquirente do estabelecimento empresrio reponde por todas as obrigaesrelacionadas ao negcio explorado naquele local, desde que regularmente contabilizadas, ecessa a responsabilidade do alienante por estas obrigaes no prazo de um ano, conforme o art.1.146:

    Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos dbitosanteriores transferncia, desde que regularmente contabilizados, continuando odevedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aoscrditos vencidos, da publicao, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

    Em outras palavras, afirma o professor que a doutrina vinha claramente dizendo quecrditos, dbitos e contratos no fazem parte do estabelecimento comercial, uma vez que, antesdo CC02, no se falava em sucesso para efeitos de Direito Civil (apenas para Direito Tributrio).O Direito Empresarial trabalhava com esta hiptese quando o legislador assim ordenava, como acisso e a fuso.

    Na venda do estabelecimento, o adquirente, salvo quando restem bens para o alienante,responder pelas dvidas do alienante. O estabelecimento ainda existir - no se trata das

    vendas das cotas da sociedade (titularidade; o devedor continua o mesmo). Trata-se doempresrio que vendeu seu patrimnio. Ao alienar, pergunta-se ao alienante se ele tem bens parapagar toda as dvidas. Se tiver, que as pague, sob pena de quem adquiriu, passe ser responsvelpelas dvidas de que alienou.

    23/05

    O CC e tambm os CPCs dizem que todo o patrimnio futuro e presente responde pelasdvidas do devedor. A questo ser saber o que ser negociado - quando vendo um quadro degiz, apenas compra e venda. Contudo, se vendo a potencialidade de criao de riquezas, osquadros, os gizes etc., todo o estabelecimento comercial ser negociado.

    As dvidas, os contratos e os crditos fazem parte desse estabelecimento? At 2002,somente para efeitos trabalhistas e tributrios se pensava em sucesso do adquirente doestabelecimento. A sociedade detentora das obrigaes, e no os seus scios. Nesse sentido,quando vendo as cotas da sociedade, nada se altera.

    ! Necessidade de comunicao da alienao

    Quem aliena o estabelecimento deve comunicar todos os credores da alienao. Se oscredores a rejeitarem, podem receber o que lhes cabe antes, sob pena da ao pode no valersobre eles.

    O art. 1.145 pressupe que a eficcia depende da alienao aos credores. Essanotificao, segundo a doutrina, diz que o certo pegar todos os credores e fazer umacircularizao informando da inteno da venda ou da prpria venda, dando um prazo de 30 diaspara um posicionamento.

    Art. 1.145. Se ao alienante no restarem bens suficientes para solver o seu passivo, aeficcia da alienao do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores,ou do consentimento destes, de modo expresso ou tcito, em trinta dias a partir de suanotificao.

    Se meu credor aceitar a alienao, a alienao se torna eficaz para ele. A ineficcia nototal. Ou seja, notifico todos os credores e alguns deles se contrape alienao. Em relao eles irei ajustar os empecilhos. Caso seja resolvido, a alienao se perfectibiliza. Contudo, seisso no se suceder, podero eles, e apenas eles, propor a nulidade.

    Em sntese, a parte majoritria da doutrina afirma que os crditos e as dvidasfazem parte do estabelecimento comercial.

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    A soma de cada bem individual tem um valor menor que o estabelecimento como umtodo. Isto, de se ter um valor maior, deriva da capacidade do empresrio de reunir um complexode bens cada vez mais valioso.

    ! Aviamento

    Apregoa Ulhoa Coelho que o valor agregado ao estabelecimento referido, no meioempresarial, pela locuo inglesagoodwill of a trade. No meio jurdico, ora adota-se a expresso# fundo de comrcio# (do francs fonds de commerce), ora # aviamento# (do italianoavviamento), para designar o sobrevalor nascido da atividade organizacional do empresrio.Em outras palavras, a capacidade de um determinado estabelecimento comercial de produzirlucro.

    O doutrinador salienta que # fundo de comrcio# no sinnimo de #estabelecimentoempresarial#, uma vez que este um atributo daquele.

    O aviamento, nas palavras do professor, aplusvalia (a expectativa de retorno financeirofundado nas caractersticas do estabelecimento) dos bens individualmente considerados. Almdisso, ele aviamento pode ser classificado em (1) objetivo e (2) subjetivo.

    Costuma-se chamar de objetivo quando essaplusvalia decorre da forma de organizaode bens - um elemento.

    Aviamento subjetivo uma qualidade ou atributo do estabelecimento. Toma-se porexemplo, a loja de restaurante japons cujo o dono tinha por qualidade a grosseria para com osseus clientes. Este atributo era um dos atrativos de clientela daquele lugar.

    Deve ser rememorado que a clientela no elemento do estabelecimento, dado que nopossuo domnio sobre ela. Tal qual o aviamento, um atributo. No posso faz-la de objeto, pois impossvel faz-la seguir o estabelecimento. A listagem de cliente diz respeito tentativa deseguir os clientes - possvel abord-los para tentar fazer clientes do novo estabelecimento.Contudo, no podem ser objeto jurdico do contrato de trespasse.

    27/04

    Se eu estabelecer um raciocnio de recebimento de mercadorias e produtos, a fim de criaruma tal dinmica, haver um custo maior, com um custo agregado o qual, possivelmente noseria encontrado na engenharia de produo.

    Se minha atividade continua a existir, utilizo da minha expertise a fim de criar algodiferenciado, como, por exemplo, o trato com a clientela (que no faz parte do empreendimento).O legislador, ao tratar do estabelecimento comercial afirma que, salvo clusula contratual, ovendedor no poder, no prazo mnimo de 5 anos , atuar no mesmo ramo daquele docomprador. Mas h a possibilidade de abrir mo desta regra, dado que um direito disponvel.O adquirente contar com este benefcio - o do alienante disputando o mesmo mercado. Asgrandes disputas de contrato de venda de estabelecimento, antes de 2002, estavam vinculadasneste aspecto: vendia-se o empreendimento e, passados dois ou trs meses, voltavam aconcorrer, gerando grande desigualdade. Com o texto do CC02, houve um reforo nestaposio. H um critrio de defesa empresarial. A venda duma clnica mdica no recai nestecaso, dado que ela no empreendimento, salvo os casos em que h a explorao da rea

    mdica.

    10.2 Nome empresarial

    Nome empresarial aquele utilizado pelo empresrio para se identificar, enquanto sujeitoexerceste de uma atividade econmica. Se a marca identifica, direta ou indiretamente, osprodutos e servios, o nome empresarial ir identificar o sujeito de direito que fornece aomercado.

    Antigamente, com base no nome de batismo, o comerciante costumava criar outro nome,de mais fcil assimilao pelos consumidores e demais agentes econmicos, passando a us-losnos atos de comrcio.

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    Atualmente, o nome empresarial no cumpre mais a funo mercadolgica do passado.Foi substitudo, em funo pela marca. Em economia de massa, conhece-se a marca e pormeio dela que, indiretamente, se identifica o empresrio.

    Ou seja, antigamente, a seda era boa porque havia sido adquirida na Casa de um certocomerciante. Hoje em dia, a empresa conceituada porque vende a seda identificada por umaconhecida marca.

    Embora o nome de identificao do sujeito que explora a atividade econmica no tenhamais a mesma importncia mercadolgica de outrora, ele ainda goza de proteo jurdica emrazo de outro aspecto relevante: a reputao do empresrio entre fornecedores e financiadores.

    O professor leciona que o nome, de forma genrica, similar s das pessoas fsicas. Onome d a representatividade do empresrio perante terceiros. Quando trabalho com a questodo nome, h de se pensar numa forma de distino de outros. Para tanto, ser preciso escolherum nome aps uma pesquisa. Diferentemente da pessoa fsica, necessrio o critrio daoriginalidade, principalmente no aspecto geogrfico - no possvel ter dois nomes empresariasiguais em um mesmo estado. Em diferentes, possvel, salvo a vontade do empresrio debloquear a utilizao desses nomes noutros lugares.

    Nome tem proteo estadual, ao passo que as marcas, proteo nacional e internacional.Elemento de identificao de empresa, ele distinguir dos outros empresrios. Veja-se o

    art. 1.155:

    CAPTULO IIDO NOME EMPRESARIAL

    Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominao adotada, deconformidade com este Captulo, para o exerccio de empresa.Pargrafo nico. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteo da lei, adenominao das sociedades simples, associaes e fundaes.

    10.3 Espcies de Nome Empresarial

    Duas so as espcies de nome empresarial: firmae a denominao. Alguns empresriossomente podem adotar firma, outros apenas denominao, e h, ainda, os que podem optar poruma ou outra espcie. O empresrio individual, por exemplo, s pode adotar nome empresarialda modalidade firma; a sociedade annima s denominao; a sociedade limitada pode optar porqualquer uma delas.

    As diferenas entre firma e denominao so duas: (1) a primeira diz respeito estruturado nome empresarial; a segunda, funo

    Em termos de estrutura, a firma tem por base necessariamente um nome civil, seja doprprio empresrio individual, seja de scio da sociedade empresria. Se Edson Isfer se dedica bicicletaria, ele dever inscrever como firma o seu nome civil por extenso (Edson Isfer) ouabreviado (E. Isfer, Isfer), acompanhado ou no de meno ao ramo de atividade (E. Isfer -Bicicletarias, v.g.). Se ele contrata uma sociedade limitada com Benedito Costa, a firma social

    ser formada pelo nome deles, por extenso ou abreviado (Isfer & Costa).Noutras palavras, Uma das inteligncias para a expresso firma significa oreconhecimento com o nome de algum. Firma o nome empresarial que seja composto com onome dos indivduos que pertencem quela sociedade (quando assim o for), ou quandotrabalharmos com empresrios individuais.

    Irmos Passara, por exemplo, que certamente o sobrenome deles, assim, levam opatronmico firma. Pedroso o sobrenome deles e, portanto uma firma. So exemplos davida real.

    O professor conclui que quando se utiliza o nomes dos scios, h a firma.A denominao,por sua vez, pode tomar por base qualquer expresso lingustica, seja

    ou no o nome civil de scio da sociedade empresria. A empresa Transportadora Vale da

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    Anhangababa um exemplo de denominao. Quando a expresso lingustica escolhida pelosscios para a estrutura da denominao no nome civil, chama-se elemento fantasia.

    Portanto, trabalho com denominaoquando no h o nome das pessoas que realizam ocomrcio. Transportadora Vale da Anhangabauba uma denominao, pois me desconectodo nome das pessoas que esto fazendo aquela sociedade.

    H nomes notrios em que se iniciaram como firma e se transformaram em denominao.

    Safra, do Banco Safra uma situao, assim como Lundgreen e as Lojas Pernambucanas.Houve a desconexo de quem fundou e tornou-se uma homenagem ao fundador.O nome registrado na Junta Comercial, com proteo estadual. Poder ser estendido

    desde que requerida e com a determinao de quais estados.

    10.4 Ttulo de estabelecimento

    O ttulo de estabelecimento o nome que o empresrio d ao seu estabelecimento, comoforma de atrair clientela. , via de regra, uma expresso fantasia.

    Alm da marca e do nome empresarial, o direito industrial cuida de uma outra categoria desinal distintivo: o ttulo de estabelecimento. Trata-se da designao que o empresrio empresta

    ao local em que desenvolve a sua atividade.Por exemplo, quando o consumidor se dirige agncia Banco Ita S/A, encontra-aidentificada pela expresso Ita. este o ttulo do estabelecimento, o designativo referente aolugar do exerccio da atividade. Da mesma forma se sucede com a Peugeot, que a marca. amesma sociedade que a explora na Marechal (Le Lac) e no Parque Barigui (Le Parc) - mas comnomes diferentes. Isso os permite ter um mesmo empresrio, explorando a mesma atividade, mascom smbolos que atraem diferentes clientelas. O caixa nico, mas h identidades diferentes.

    10.5 Marca

    o sinal distintivo que o empresrio usa para identificar seus produtos, mercadorias e

    servios. Quando h marca, necessrio conect-lo a um produto, servio ou mercadoria, casocontrrio, seria um ttulo de estabelecimento ou nome empresarial.O nome empresarial e a marca se reportam a diferentes objetos semnticos . O

    primeiro identifica o sujeito de direito (o empresrio, pessoa fsica ou jurdica), enquanto a marcaidentifica, direta ou indiretamente, produtos ou servios.

    Essa marca s ser conhecida como tal se houver um registro perante o Instituto Nacionalde Propriedade Industrial (INPI), que conferir proteo nacional. A minha marca pode coincidircom o nome empresarial e o ttulo empresarial. Portanto, poder haver uma nica expressolingustica que defina as trs sem problema algum. Mas possvel existir trs nomes diferentes.

    O grande problema enfrentado quando h colidncia entre marca protegido pelo INPI enome protegido pela Junta Comercial, que so rgos diferentes. A Junta de mbito estadual,dado que ela aure sua fora do estado enquanto agente registrador. A INPI, por sua vez, ganha

    sua fora da Unio. Essa situao do conflito entre marcas e nomes a questo mais complexae indefinida da doutrina e jurisprudncia. Todos arriscam palpitas, mas em razo da proteo aoconsumidor e livre concorrncia - questes constitucionais -, necessrio uma posio maisclara.

    As Casas Pernambucanas j era uma potncia na dcada de 60, protegido pelo INPI. EmSP, um empresrio registrou o mesmo nome na Junta Comercial. No final, acabou vendendo amarca por uma fortuna.

    Poucos fazem o registro pelo INPI, uma vez que um processo longo e custoso. A marcapode impedir a utilizao do nome do estabelecimento. Em princpio, a marca seria mais forte,ainda que a jurisprudncia a tenha temperado.

    10.6 Insgnia

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    a combinao de letras, linhas e cores utilizadas pelo empresrio para a composio doestabelecimento e integrante deste mesmo ttulo. Em outras palavras, insgnia a logomarca. aquilo que, quando se bate o olho, no necessrio terminar a leitura: uma determinadacomposio faz compreender qual a marca. O nome Banco Bradesco algo muito grandepara a fachada. Por isso, a insgnia utilizada

    10.7 Quem pode explorar o estabelecimento?

    H a possibilidade do empresrio individual, empresrio coletivo e o empresrio individualde responsabilidade coletivizada.

    O empresrio individual aquele sujeito que registra, perante a Junta Comercial, oexerccio de determinada atividade e o faz de forma organizada, profissional e o desenvolvimentodesta atividade exercida com registro individual, sem scios. Ele no tem mais ningum consigo- no h a criao de um novo ente. No h pessoa jurdica; ele explora a atividade sem estafigura. Este indivduo, consequentemente, responder com todo o seu patrimnio presente efuturo com as dvidas que adquirir, seja como indivduo civil, seja como empresrio.

    No h uma personificao. Ora, ser pessoa jurdica nada mais do que a capacidade de

    ter patrimnio. Quando h a personalidade, possvel individualizar o patrimnio - h opatrimnio utilizado na atividade privada e aquele usado para o exerccio empresarial. Ora, noh como definir, no mbito do empresrio individual, qual bem usado para qual parcela da vida.Impossvel classificar que uma picape destinada para o pagamento das contas de gua daempresa, por exemplo.

    12. Empresrios e EIRELI04/05

    12.1 Empresrio individual

    Cumpra relembrar que o empresrio individual desconfigurado de pessoa jurdica - eleapenas possui, por equiparao, em termos de tributao. Ele no pessoa jurdica de direitoprivado; apenas um indivduo.

    12.2 Sociedade empresarial

    A sociedade empresarial, no direito brasileiro, nasce naturalmente de dois indivduos quecontratam uma espcie de contrato (diferente daqueles do Direito Civil) - o contrato associativo.Ele ter a formao (plurilateral, segundo uma parcela da doutrina, ou contrato-organizao,

    segundo a outra). Nesse aspecto, segue-se uma ordem de raciocnio tal qual os contratosassociativos (nas sociedades empresrias, nas sociedades simples, nos sindicatos etc.).Importante perceber que, nesses contratos, todas as pessoas tem ideais equivalentes, aocontrrio do Direito Civil. Isto , os interesses so convergentes, ao passo que l, se uma daspartes indadimplir o contrato, h a possibilidade de examinao. No campo empresarial, pode ocontrato persistir.

    Uma sociedade empresria tem a capacidade de se tornar uma nova pessoa, mas apenasse formalmente regular. A formalidade constitutiva nesse aspecto - no meramentedeclaratria.

    Ento, essas sociedades que tero o patrimnio com a capacidade de fazer um contratode trespasse so formais: elas passaram a ter capacidade para tanto (patrimnio separado deseus scios).

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    possvel sociedade unipessoal, ou seja, sociedade com apenas um nico scio? A regra no, mas o legislador previu, expressamente, a unipessoalidade superveniente. o caso decriao de uma sociedade e, devido aos problemas da vida, ela se torna unipessoal. A sociedadeno se esmaece pelo fato de que apenas um scio remanesceu. Nas sociedades limitadas h umprazo de 180 para recompor a restaurao dos scios. Nas sociedades annimas, para que elano se torne irregular, haver de restituir a pluripessoalidade.

    Elas no perdem a capacidade de ter patrimnio prprio e podem realizar o contrato detrespasse.

    12.3 EIRELI

    O legislador brasileiro percebeu, em funo da distino patrimonial (s responde poraquilo que est dentro da empresa), de forma a driblar os credores. Vrias vezes coloca-se comoscios crianas recm-nascidas. Salienta-se que isso lcito, no s porque a lei no impede,mas os prprios tribunais a aceitam.

    Enxergando isso, o legislador buscou criar uma terceira via para a proteo de quemqueira investir na atividade empresarial, dado que a mola da economia brasileira (economia de

    mercado). Assim, no haver a necessidade de trazer algum reboque, isto , buscar um scio.As legislaes internacionais foram ao longo da sua histria, especialmente aps a dcada de 60,desenvolvendo mecanismos para possibilitar que o empresrio individual desenvolva suasatividades (sem scios).

    Algumas criaram as sociedades unipessoais originrias. Cria-se um novo ente, com vida edesejo prprio. Como no h fiscalizao interna, ser fundamental criar uma fiscalizaocautelosa externamente.

    No Direito Brasileiro, h uma dvida doutrinria. O que o legislador criou foi umasociedade unipessoal? Chamada de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, no setrata de um sujeito, mas uma atividade econmica que passa a ter uma responsabilidade limitada.Alguns doutrinadores falam que o estabelecimento que teria a personificao. Contudo, no seria o estabelecimento, pois ele seria algo imvel, ao passo que a empresa, mvel.

    Tem-se falando de uma entidade dotada de personalidade jurdica, sem ser indivduo. Aose outorgar personalidade jurdica, possibilitou-se a capacidade de ter patrimnio prprio. AEIRELI.

    Contudo, o professor trabalha com a hiptese de empresa unipessoal.A ideia de que o sujeito limite a responsabilidade aos bens destinados empresa, sem

    precisar que algum seja trazido sem que seja scio de fato.Esta EIRELI est regulada no artigo 280-A do CC:

    Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada ser constituda por umanica pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que noser inferior a 100 (cem) vezes o maior salrio-mnimo vigente no Pas.

    A doutrina defende que s pessoas fsicas podem criar EIRELI. A parte majoritria veda acriao por pessoas jurdicas. As sociedades do CC podem integralizar de acordo com o contratosocial. Cem vezes o salrio mnimos equivale a aproximadamente R$ 80.000,00; mas poucosempresrios individuais tem tanto dinheiro para iniciar o processo. Ele deve ser, obrigatoriamente,feito no ato de criao. Inexiste um responsvel pela fiscalizao.

    1 O nome empresarial dever ser formado pela incluso da expresso "EIRELI" apsa firma ou a denominao social da empresa individual de responsabilidade limitada. 2 A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitadasomente poder figurar em uma nica empresa dessa modalidade.

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    O empresrio individual pode ter vrias atividades como empresrio individual. Contudo,com a EIRELI, na pessoa natural, s ser possvel ter uma EIRELI. Isto , h uma limitao donmero de EIRELIs; no que pese ele poder ser empresrio individual, por exemplo.

    3 A empresa individual de responsabilidade limitada tambm poder resultar daconcentrao das quotas de outra modalidade societria num nico scio,

    independentemente das razes que motivaram tal concentrao. 5 Poder ser atribuda empresa individual de responsabilidade limitada constitudapara a prestao de servios de qualquer natureza a remunerao decorrente da cessode direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que sejadetentor o titular da pessoa jurdica, vinculados atividade profissional. 6 Aplicam-se empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, asregras previstas para as sociedades limitadas.

    11. Atividade Empresarial e ConcorrnciaA prtica d outra visibilidade para o negcio. Tanto mais eu seja fortalecido ou

    especializado, um maior proveito ser retirado da atividade. A capacidade de influncia e a

    capacidade de especializao conseguiro responder problemas que outras empresas no irofazer - me dando, assim, uma grande vantagem sobre os outros.O Direito da Concorrncia tem como objeto a proteo dos agentes (players ) que

    esto no mercado. Mas, tambm, este objeto de proteo se estende a quem esta na ponta,quem sejam, osconsumidores.

    Se eu no proteger os agentes, este que vai crescendo, engole outros agentes e cheganum determinado ponto que ningum mais concorre com ele. Desta forma, surgir o monoplio,causando prejuzo ao consumidor. Outro exemplo, o caso das empresas que vo barateando ospreos e diminuindo a qualidade dos servios prestados ao consumidor, indivduo que sentir afalta de cuidado do produtor.

    Ao fim e ao cabo, o consumidor o grande protegido por esta matria.No s os empresrios que esto no foco dessa proteo, se se analisa a lei atual da

    concorrncia, a Lei n. 12.529/11, no artigo 31, dita o seguinte a cerca das infraes ordemeconmica:

    TTULO VDAS INFRAES DA ORDEM ECONMICA

    CAPTULO IDISPOSIES GERAIS

    Art. 31.

    Esta Lei aplica-se s pessoas fsicas ou jurdicas de direito pblico ou privado,bem como a quaisquer associaes de entidades ou pessoas, constitudas de fato ou dedireito, ainda que temporariamente, com ou sem personalidade jurdica, mesmo queexeram atividade sob regime de monoplio legal.

    Ou seja, a infrao ordem econmica, nesta lei, para avaliar infrao, rigorosamenteaberta. Ento, quando a doutrina menciona o que competncia, deve-se postar restries definio, dado que se o legislador estabeleceu que qualquer indivduo, sociedade ou associao(1, 2 e 3 Setor), que promova determinadas atividades, potencialmente estar praticandoexerccio que viole os princpios da atividade econmica.

    11.1 Regulamentao e objetivos

    A primeira restrio imposta pelo legislador foi ao Mercado, que um espao de trocas eservios pautados pela liberdade - a exteriorizao do Capitalismo. O professor afirma que no

    Socialismo, inexiste mercado. H quem diga, inclusive, que a expresso

    mercado

    veio para

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    substituir capitalismo, dado que esta foi tingida dum sentido negativo e pejorativo, de tal formaque o significante teria sido manchado.

    Em verdade, o que se protege na concorrncia o bom funcionamento do mercado(do capitalismo). Com isto, coibir-se- medidas abusivas e, normalmente, quem promove taismedidas so os agentes do mercado. Isto fica claro em situaes como a Coca-Cola, ao chegarem determinado supermercado, que no tem uma bandeira nacional, e diz: se voc vender

    Pepsi, no venderei mais Coca para voc

    . E o mercado se sujeita a isso, dado que esta vendemuito mais que aquela - garantindo seus clientes. Da mesma forma uma empresa de energticopode requisitar maior visibilidade em detrimento de outra marca nas estantes do comrcio. Nestescasos, evidencia-se o poder econmico das empresas - nada de graa. Cumpre ressaltar que omercado funciona desta maneira - a influncia do capital.

    Quando uma proteo da concorrncia feita, o poder governamental, que tem poder depolcia (via de regra, o CADE), tenta-se restringir estes comportamentos. Num primeiro momento,pode-se at favorecer o consumidor (diminuindo os preos), mas, ao conseguir o monoplio, aempresa faz do mercado o que ela quiser. No incomum operaes empresariais para retiraroutras empresas do mercado. , em suma, a funo de bom funcionamento do mercado.

    O CADE, rgo encarregado de apurar a ocorrncia do ilcito e julg-lo, no dispe dediscricionariedade quando examina a caracterizao de infrao da ordem econmica. Em outros

    termos, o julgamento da existncia das prticas infracionais deriva do exerccio de competnciavinculada. No pode, assim, o Conselho considerar infrao ordem econmica a conduta que olegislador no descreveu como tal, nem pode deixar de consider-la infrao se corresponder hiptese legal. No h interpretao extensiva ou anloga nessa matria.

    A proteo feita, tambm, para que o Estado atinja seus fins sociais, via ainiciativa privada. Ora, o mercado est lastreado na atividade empresarial e, para que o Estadoconsiga o fim econmico e social que ele pretende, deve-se utilizar de determinado instrumento,que vem a ser a regulamentao da concorrncia.

    11.2 Infraes

    Os sujeitos do mercado podem cometer algumas infraes. O art. 36 e o seu 3 da Lei12.529/11 (Lei Antitruste) dita que, independente de culpa, os atos podem constitui-lo, alm declassificar as condutas:

    CAPTULO IIDAS INFRAES

    Art. 36. Constituem infrao da ordem econmica, independentemente de culpa, os atossob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir osseguintes efeitos, ainda que no sejam alcanados:

    I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrncia ou a livre

    iniciativa;

    II - dominar mercado relevante de bens ou servios;III - aumentar arbitrariamente os lucros; e

    IV - exercer de forma abusiva posio dominante.()

    Tm-se infrao ordem econmica, mesmo que eu no tenha culpa e mesmoque o objetivo no tenha sido alcanado. So dois elementos constitutivos do tipo - algo queinexiste nos outros ramos do Direito.

    O fabricante, por exemplo, responde objetivamente pelos danos derivados de acidente deconsumo. Quer dizer, ainda que tenha dotado sua empresa da mais moderna tecnologia e maisapurado controle de qualidade, alguns produtos sairo da linha de montagem defeituosos epodero causar leses a consumidores. Na legislao consumerista, inclusive a brasileira, a

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    responsabilidade imputvel ao fabricante porque ele pode, por meio de mecanismos decomposio do preo de seus produtos, distribuir entre os consumidores as repercusseseconmicas do acidente.

    Exemplo desta infrao o aumento dos preos dos hotis do RJ durante a Copa doMundo - o valor das dirias foram elevadas a preos estratosfricos - uma flagrante infrao ordem econmica. A construo do Rodoanel em So Paulo foi outro exemplo: as pedreiras ao

    redor aumentaram os preos das pedras, a fim de se aproveitar das obras.Ou seja, se eu for um agente que aplico novas tecnologias e com isso ganho mercado,no estou criando uma concorrncia desleal, dado que decorre do meu fortalecimento. Agora, secompro algum e uno para adquirir foras, crio, efetivamente a concorrncia desleal.

    12. Direito Societrio Geral11/05

    Quando se fala em sociedades, h um pano de fundo tal qual uma Comisso deFormatura - necessita-se a aglomerao dos esforos para atingir os objetivos propostos.

    As sociedades so o grande elemento catalisador de riquezas ou de recursos econmicose financeiros dos pases capitalistas. Essa caracterstica diz respeito impossibilidade de atingircertos objetivos sem que se rena mais de uma pessoa. Por exemplo, se desejo fazer um baile,fotgrafo e bebidas, salvo excees, deverei juntar esforos - tal qual as empresas.

    As grandes corporaes so feitas de reunies de pessoas, cada qual com as suascapacidades. Algum dever trazer o capital para o exerccio; alm disto, necessrio umempreendedor - muitas vezes desassociada do capital. A terceira potencialidade vista nassociedades um administrador eficiente. Estas trs potencialidades, ao se reunirem, criam umaboa mescla e mtodo para a eficincia de uma sociedade.

    Capital sem empreendorismo ao seu lado, por exemplo, far com que o dinheiro sejaaplicado em Banco. No entanto, ele poderia investir em alguma coisa, ainda que com riscos,gerando uma maior margem de lucros - apenas o resultado bancrio no lhe satisfaz. Todo

    empresrio tem iniciativa, assumindo estes riscos, numa maior ou menor extenso.Parcelas das pessoas que tem ideias so um desastre na administrao. Nesse sentido, oadministrador ser fundamental, aliado ao capital inserido.

    12.1 Conceito

    O CC02 reproduziu o enunciado, com mnima variao. No precisou distinguirsociedades quanto ao objeto, eis que na sistemtica adotada deixou de existir o contraste entresociedade civil e comercial. Elucidou, entretanto, a finalidade econmica de sua constituioe a partilha do resultado entre as partes para bem distingui-la de associaes.

    O artigo 981 define sociedade:

    TTULO II Da SociedadeCAPTULO NICO Disposies Gerais

    Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam acontribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha,entre si, dos resultados.Pargrafo nico. A atividade pode restringir-se realizao de um ou mais negciosdeterminados.

    As novidades deste CC so: a economicidade da atividade e a necessidade departilha dos resultados.

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    Nas associaes, o lucro no pode ser redistribudo, ao passo que nas sociedades, eledeve ser revertido em favor dos scios. H uma finalidade lucrativa, ento. Importa dizer que nassociedades, h um objetivo de distribuio. No h mais sociedades sem potencialidade dedistribuio de resultados, o que inclui a sociedade simples nesta mesma finalidade, afirma oprofessor.

    O professor apregoa que a economicidade sempre estar em volta das sociedades. Para

    as sociedades, elemento constitutivo de sua formao, o que no ocorre nas associaes.Alfredo de Assis Gonalves Neto afirma que o fim econmico particulariza a sociedade, paraapart-la de outras estruturas jurdicas que, sua semelhana, so igualmente criadas pelaatuao da vontade humana e s quais o ordenamento tambm outorga capacidade jurdica,como as fundaes, as associaes, as autarquias e as pessoas jurdicas.

    O professor Assis de Gonalves Neto, em Direito de Empresaafirma que

    A sociedade a organizao resultante de um negcio jurdico, produzido pelavontade de uma ou mais pessoas, para se interpor em relaes entre elas eterceiros, que o ordenamento chancela como modo de preencher umadeterminada funo - qual seja, a de facilitar a prtica de atos ou negciosjurdicos voltados realizao de certos fins econmicos por ela pretendidos

    H algo, portanto, orgnico, produzido por um intercalar de coisas - a necessidade deuma organizao. O professor toma a cautela de no dizer que resultante de um contrato, masde um negcio jurdico. O legislador permite que elas podem ser unipessoais. Quando se afirmaque a sociedade criada para se interpor nas relaes, empresta-se, legalmente, vida. J no mais uma pessoa que estar realizando negcios com terceiros, mas a prpria sociedade. Oordenamento chancela determinado indivduo para que ele preencha uma funo - a realizaode prticas para determinados fins econmicos.

    Normalmente esse negcio jurdico bilateral, mas pode ser unilateral quando sua criaoocorre por vontade de uma s pessoa. O que importa vincular a criao da sociedade a umaao humana tendente produo do resultado pretendido. Com isso, afastam-se as orientaesque no enxergam a sociedade como fruto da vontade humana e outras figuras que podem surgirsem a atuao da vontade ou sem a inteno de produzir aquele preciso resultado, mas dotadasde alguns traos semelhantes, como o caso da comunho, do condomnio, etc.

    Noutras palavras, a sociedade uma facilitadora para que eu atinja determinadosfins econmicos.

    A sociedade unipessoal uma realidade, no s no Brasil como no exterior. Pode-se dizerargumentar que o substrato da sociedade est na unio de duas ou mais pessoas; nesse caso, asociedade unipessoal seria outra figura, mas visando o mesmo fim. Por isso, a doutrina aconsidera espcie do gnero sociedade. Outra designao poderia afast-la do regramentoprprio da matria societria.

    12.2. Classificaes

    Para o entendimento satisfatrio duma sociedade, necessrio uma classificao.

    12.2.1 Primeira classificao

    1. Ilimitada

    Sociedades em que todos os scios so responsveis, sem qualquer limite, por todas asdvidas contradas pela sociedade, sendo-lhes exigido o respetivo pagamento nem que para issotenham de vender o seu patrimnio pessoal.

    Posto de outra forma, a responsabilidade ilimitada significa que o patrimnio pessoal do

    scio responde pelas dvidas da sociedade.

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    2. Limitada

    Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada scio restrita ao valor desuas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralizao do capital social.

    Embora com o nome sincopado de sociedade limitada, o tipo societrio temresponsabilidade ilimitada pelas obrigaes sociais; a expresso

    limitada

    , com que identificado, diz respeito responsabilidade de seus scios.

    O CC restringe-se a apontar sua principal categoria, que a limitao dos scios ao valorde suas respectivas quotas e, em carter solidrio, at a integralizao do capital social.

    Em outras palavras, ela indica ao tipo de empresa em que os scios no respondem dosprejuzos para alm de suas cotas.

    O professor Assis afirma que diferencia-se da sociedade annima, na qual os acionistastm responsabilidade individual e limitada ao preo de emisso das aes que cada qualsubscreve ou adquire. Distancia-se, tambm, da sociedade em coletivo, onde a responsabilidadede todos os scios solidrias e ilimitada, bem como das sociedades em comandita simples epor aes.

    3. Mista

    Este tipo de sociedade uma sociedade empresria que possui duas espcies de scios:(i) o scio comanditado, que administra a sociedade e, como tal, responde subsidiria eilimitadamente pelas obrigaes sociais; e (ii) o scio comanditrio que, como qualquer acionistade companhia, tem sua responsabilidade limitada ao preo de emisso das aes que subscreverou adquirir.

    Possuem, portanto, scios com responsabilidade ilimitada e limitada. O professor ressaltaque o maior acionista no o dono da empresa.

    12.2.2 Segunda classificao: personificao da sociedade

    A sociedade ou no pessoa jurdica? A pessoa jurdica nasce com o registro do entesocietrio do rgo que lhe for prprio. Ou seja, no aspecto da personalidade, o registro constitutivo, e no declaratrio.

    No h personalidade jurdica porque no tem registro as sociedades em comum e associedades de fato (existe de fato, mas no foi constituda). Se no for levada registro, asociedade no ser classificada em sociedade annima ou limitada. Pode, no entanto, apresentarem seu contrato similitudes com s registradas.

    A maior consequncia de ter personalidade jurdica contrair direitos e obrigaes, aindaque algumas limitaes. No Direito Empresarial, a maior importncia ter patrimnio.

    1. Personificadas

    As sociedades personificadas - arts. 997 a 1.101 do CC/2002 - possuem personalidadejurdica, que adquirida com o registro, nos termos do art. 985 e do art. 1.150, ambos do CC/2002.

    Posto de outra forma, so aquelas que possuem personalidade jurdica prpria e distintada personalidade de seus integrantes, essa personalidade adquirida com a inscrio noRegistro prprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (contrato ou estatuto artigo 98).Podem ser subdivididas em sociedade empresria e sociedade simples

    2. No personificadas

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    As sociedades no personificadas - arts. 986 a 996 do CC/2002 -, por sua vez, nopossuem personalidade jurdica, por no possurem registro. So espcies de sociedades nopersonificadas a sociedade em conta de participao e a sociedade comum, tambm chamada deirregular ou de fato.

    Em outras palavras, no tem personalidade (no pessoa jurdica) seu ato de constituiono precisa ser levado a Registro, no tem necessariamente capital social, liquida-se pela medida

    judicial de prestao de contas e no tem nome empresarial.

    12.2.3 Terceira classificao - quanto forma do capital social

    1. Capital fixo

    Capital fixo aquele determinado no momento da formao da sociedade. No significaque o capital no possa variar - para mud-lo, ser necessrio alterar a estrutura da sociedade.Desta forma, muda-se ou o Contrato Social ou o Estatuto.

    2. Capital varivel

    Art. 1.094. So caractersticas da sociedade cooperativa:I - variabilidade, ou dispensa do capital social;

    Capital varivel o capital, UNICAMENTE, das cooperativas, conforme os demais sciosentram o capital tambm elevado sem que haja contudo, a necessidade de que esse fato sejaregistrado na junta comercial. A variabilidade depende do estatuto. Quando um cooperadoingressa, independentemente de alterar o capital social, ele j aumenta.

    12.2.4 Quarta classificao - quanto estrutura econmica

    A lei no define o que sociedade de pessoase o que sociedade de capital. Trata-

    se, em verdade, de uma classificao doutrinria que tem reflexos interessantes na prtica.

    1. Sociedades de pessoas

    A sociedade de pessoas pautada na confiana mutua entre os scios, bem como nainteno conjunta direcionada ao desenvolvimento da atividade empresarial. A este forterelacionamento a doutrina denomina de affectio societatis. Quanto maior seja este aspectovolitivo, maior ser a facilidade de identificar a sociedade de pessoas.

    Em uma sociedade de pessoas, a quebra da confiana entre os scios pode significar aruptura do contrato social. Em outras palavras, isso pode significar o fim da sociedade, ou ainda,a sada de um dos scios (dissoluo parcial da sociedade).

    Em suma, a vida e as qualidades sociais dos scios tem bastante importante para asociedade. H um interrelacionamente entre os scios que faz com que o vnculo societrio sejaforte.

    2. Sociedades de capital

    Aqui, a relao pessoal entre os scios no tem relevncia. A nica coisa que interessa alcanar o fim social. Por esse motivo, na sociedade de capital no se encontram as clusulas decontrole, ou seja, a cesso para terceiro ser livre.

    Existe apenas uma espcie societria que ser obrigatoriamente Sociedade de Capital: aSociedade Annima. Ser necessrio perguntar, em cada, a importncia dos scios para cadacaso.

    Em sntese, trabalha-se com vistas o aumento de capitais da empresa.

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    H um regramento geral que no est lastreado na lei, mas em boa parte da doutrina quea sociedade de capital e de pessoa tem a ver com o tipo social adotado. Esta regra, contudo,comporta excees - nem sempre as annimas sero de capital, ao passo que nem sempre as

    sociedades de pessoas sero sociedades de pessoas.As limitadas esto classificadas de acordo com a manifestaes dos scios no momentode criao.

    13. Ato Constitutivo das sociedadesPor ato constitutivo de sociedade deve-se entender a ao humana volitiva, a

    manifestao de vontade dirigida sua criao, manifestao de vontade dirigida sua criao,manifestada pelo meio legal admitido, com o preenchimento dos elementos essenciais suavalidade (agente capaz, forma legal e objeto lcito).

    13.1 Natureza do ato constitutivo

    O ato constitutivo das sociedades diverso, pois no um mero formulrio. Serfundamental fatos precedentes, como a composio de um documento, que ser apreciado pelaJunta Comercial. Quando elaboro este documento, este instrumento ter uma certa naturezajurdica, cujo contedo muito debatido pela doutrina.

    H, nesse sentido, dois polos: os anticontratualistas e os contratualistas. O atoconstitutivo, para aqueles, no seria contratual, ao passo que, para estes, sim. Encontra-se,ento, fortes razes para entender que qualquer posio poderia ser adotada, inexistindo,portanto, verdade absoluta.

    Fala-se do ato completo, ato coletivo, ato cooperativo e ato institucional. As trs primeiras

    hipteses revelam-se ultrapassadas, interessantes a ttulo histrico. No entanto, o atoinstitucional muito utilizado. Os organizadores das leis das sociedades annimas brasileirasse declararam fiis ao ato institucional - toda a estrutura deste tipo societrio est montado comesta caracterstica.

    13.1.1 Ato institucional

    A sociedade corresponderia a uma instituio, isto , a:

    organizao social estvel em relao ordem geral das coisas, cuja permanncia assegurada por um equilbrio de foras ou por uma separao de poderes e queconstitui, por si mesma, um Estado de Direito.

    Ao firmar o ato constitutivo, a parte simplesmente manifesta sua vontade de aceitar adisciplina prevista para o modelo escolhido de sociedade - o que explicaria sua no resoluopela inexecuo das obrigaes dos scios ou pela vontade de qualquer deles.

    Nas palavras do professor, o legislador brasileiro defende que foi criado, dentro dassociedades annimas, uma esfera de poderes que advm de trs organismos, que criaro umaestabilidade interna. Por sua vez, esta propiciar a manuteno da sociedade, a fim de que elapossa se mostrar exteriormente. uma concepo parecida com o Estado de Direito. Ora, nassociedade annimas h a Administrao, Conselho Fiscal e Assembleia. O administrador nopode administrar da forma que quer - ele est submetido ao estatuto, que poder ser alteradoapenas pela Assembleia.

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    Nota-se um organismo composto de tal forma que h uma separao de poderes eequilbrio de foras.

    13.1.2 Teoria Contratualista

    O prof. Assis Gonalves Neto afirma que o CC02 manteve a classificao da sociedade no

    gnero dos contratos, enfatizando isso no enunciado do art. 981:

    Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam acontribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha,entre si, dos resultados.Pargrafo nico. A atividade pode restringir-se realizao de um ou mais negciosdeterminados.

    Quando se classifica um contrato, pode-se dizer que ele unilateral, bilateral, plurilateralou contrato-organizao. Para tanto, dever-se- tomar como ponto balizador os efeitos e osdeveres.

    No incio do XX, defendeu-se que o contrato seria o ato constitutivo da sociedade.

    Contudo, os doutrinadores no conseguiam localiz-la numa das classificaes acima descritas.Entendiam eles que ali estaria a sociedade bilateral. Ocorre que isso no explicava o momentooriginrio: como falar em um contrato bilateral com cinco scios (cinco partes)? Nos contratosbilaterais, a vontade das partes so divergentes. Contudo, nas sociedades, todos desejam o lucro- alm disso, h os objetivos da prpria sociedade.

    Ademais, diferentemente do que ocorre com os demais contratos, do ato constitutivonasce um ente, um sujeito de direito capaz de direitos e obrigaes distintos dos de quem oconstituiu.

    O que constitui a vontade da sociedade? Criou-se, portanto, uma nova modalidade decontrato para explicar esta organizao. O contrato plurilateral passou a ser o grande opositor doato institucional. Afinal, agora no h a necessidade de lanar mo para caracterizar a criao.

    Caractersticas da concepo plurilateral

    1. Possibilidade de participao de mais de duas partes;2. Existncia de direitos e obrigaes para todas as partes;3. Funo instrumental do contrato: Neste contrato, dever ser regulado a vida societrio - ele ir

    balizar o comportamento da sociedade;4. O prazo caracterizado pela continuidade da sociedade;5. Finalidade comum entre as partes do contrato;6. As prestaes podem ter contedo diverso (no h um contedo tpico e constante);7. Inexistncia de prestaes de cada parte;8. O vcio na manifestao de vontade das partes - se h vcio, o contrato pode ser nulo ou

    anulvel

    Contrato-organizao

    Modernamente, busca-se aprimorar a teoria do contrato plurilateral para enxerg-lo comocontrato-organizao, precisamente objetivando a compreenso da sociedade em movimento,isto , na sua dimenso dinmica. Uma vez adotada essa teoria, no valor da organizao, eno mais na coincidncia de interesses de uma pluralidade de partes ou em um interesseespecfico autopreservao que se passa a identificar o elemento diferencial do negciojurdico societrio.

    Posto de outra forma, os alemes passaram a adotar a teoria do contrato-organizaotendo vista os problemas das outras teorias contratualistas. Defenderam que, organizado

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    determinado ente jurdico, este passa a ter vontade prpria, independentemente da vontade daspartes que o contratam.

    A vontade prpria da empresa tem em vista a realizao dos objetivos, que nem sempre coincidente com a dos scios. No se confunde com os atos institucionais, uma vez que a organizao a coordenao da influncia jurdica recproca entre atos . Passa-se a ter,ento, um feixe de relaes, que criam uma vontade prpria. Nota-se uma vontade de

    autopreservao da empresa, o que lhe empresta efeitos jurdicos. No pragmatismo, desvela-secom muita transparncia. Esta dialtica entre os interesses da sociedade e dos scios quedireciona os atos da vida empresarial.

    13. Pessoas jurdicas

    So pessoas jurdicas de Direito Privado, segundo o artigo 44, do CC, as associaes, associedades, as fundaes, as organizaes religiosas, os partidos polticos e as EIRELIs. Quantoaos partidos polticos, o professor afirma que haver uma dificuldade para encontrar umadistino das associaes.

    A Igreja caracteriza o nascimento da personalidade jurdica, dado que o Vaticano se revelacomo um ente diferente da sociedade. Dessa forma, os estudiosos necessitaram estudar como aIgreja poderia atuar com interesses prprios, fato que restou evidente durante a RevoluoIndustrial.

    Nota-se, ento, a existncia de algo que supera as pessoas e, por isso, a atribuio deuma personalidade jurdica. Em funo disso, o CC afirma que tem personalidade jurdica asentidades religiosas.

    Se uma igreja deseja abrir uma conta no Banco, dever ter personalidade jurdica.Obtendo personalidade jurdica, sendo entidade religiosa, ela ter certos benefcios.

    13.1 Associaes

    As associaes so pessoas jurdicas de direito privado constitudas de pessoas querenem os seus esforos para a realizao defins no econmicos. Nesse sentido, versa oartigo 53 do novo diploma:

    CAPTULO II DAS ASSOCIAESArt. 53.Constituem-se as associaes pela unio de pessoas que se organizem parafins no econmicos. Pargrafo nico. No h, entre os associados, direitos eobrigaes recprocos.

    A definio legal ressalta o seu aspecto eminentemente pessoal. No h, entre osmembros da associao, direitos e obrigaes recprocos nem inteno de dividir resultados,

    sendo os objetivos altrusticos, cientficos, artsticos, beneficientes, religiosos, educativos,culturais, polticos, esportivos, recreativos ou de qualquer outro no especulativo, isto ,no se pode gerar recursos superavitrios para serem distribudos entre os associados.Deve-se reaplicar esse resultado para que se melhore a condio entre os vinculados paraatingir determinado objetivo.

    A economicidade no ser o fundamento (objetivo) de uma associao, mas serpossvel que elas tenham alguma atividade econmica para atingir um objetivo especfico. Ora,h um escopo da associao que deve ser atingido e, por vivermos numa sociedade capitalista, avenda de objetos facilitaria a finalidade proposta.

    A circunstncia de uma associao eventualmente realizar negcios para manter ouaumentar o seu patrimnio sem, todavia, proporcionar ganhos aos associados no a desnatura,sendo comum a existncia de entidades recreativas que mantm servio de venda de refeies

    aos associados, de igrejas que realizam quermeses, de cooperativas que fornecem gneros

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    alimentcios aos seus integrantes, bem como agremiaes esportivas que vendem uniformes,bolas, etc. No est proibido o exerccio da atividade econmica- a nica coisa defesa us-lacomo objetivo. Nesse sentido, afirma o professor que os partidos polticos e as entidadesreligiosas podem estar includas nesta lgica.

    13.2 Fundaes

    As fundaes esto disposta nos artigos 62 a 69 do CC. Elas se iniciam com umadestinao patrimonial determinada causa. Isto , elas constituem um acervo de bens, querecebe personalidade jurdica para a realizao de fins determinados, de interesse pblico, demodo permanente e estvel. Consistem, pois, em complexos de bens dedicados consecuo decertos fins e, para esse efeito, dotados de personalidade.

    Diferenciando-se das associaes, no ato fundacional no h contratos, mas, sim um atocomplexo, dado que um ato de destinao patrimonial dado por algum que foi designado peloinstituidor para formalizar a instituio. H um ato jurdico do institudo para algum formalizar.Criada essa fundao, ela passa a ser um ente e um patrimnio que se descola totalmente doinstituidor. Ocorre uma substituio: me descolo do patrimnio material, mas adquiro participao

    na sociedade (cotas da sociedade no mesmo valor). Ento, descolo-me, mas existe um vnculo.Quando h um ato fundacional, fao uma destinao, por exemplo, numa criao daescola, doei um apagador. Na declarao de imposto de renda, nota-se esse ato. A vontadeoriginria se cola ao ato complexo que quem estar administrando a fundao deve cumprir comas tarefas ali designadas. O objeto social, desta forma, no pode ser mudado.

    O controle das fundaes e de suas atividades realizado pelo Ministrio Pblico.O fim estabelecido pelo instituidor e no pode ser lucrativo, mas, sim social, de interesse

    pblico.

    13.3 Organizaes religiosas

    As organizaes religiosas no so expressas em conjunto das associaes, dado queelas no tm fins econmicos (em tese). No podem tambm ser sociedades, porque a definiodo art. 981 as afasta totalmente dessa possibilidade.

    TTULO II Da SociedadeCAPTULO NICO Disposies Gerais

    Art. 981.Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam acontribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha,entre si, dos resultados.Pargrafo nico. A atividade pode restringir-se realizao de um ou mais negciosdeterminados.

    13.4 Partidos polticos

    Quanto aos partidos polticos, tm eles natureza prpria. Seus fins so polticos, no secaracterizando pelo fim econmico ou no. Assim, no podem ser associaes ou sociedades,nem fundaes, porque no tm fim cultural, assistencial, moral ou religioso. Os

    Enunciado 142 da III Jornada de Direito Civil

    Art. 44: Os partidos polticos, os sindicatos e as associaes religiosas possuem naturezaassociativa, aplicando-se-lhes o Cdigo Civil.

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    13.5 Classificao das sociedades Quanto Responsabilidade dos Scios

    O capital inicial de uma dada sociedade R$ 220,00. Suponha-se que o Scio Aingressou com R$60; B, R$ 60,00; C, R$ 50,00; e D, R$ 50,00. Este o momento inicial. Iniciadaas atividades empresariais, uma parcela disto investida em aparelhamento, estoque e capital degiro. Ao oper-la, o aparelhamento (sofs, cadeiras, etc.), via de regra, no sofre valorizao; oestoque e o capital de giro, aumentam. Por sua vez, o patrimnio social pertencer sociedade -

    mas no

    momento 0

    , ele ser equivalente ao social. Ao longo do tempo da sociedade, elassofrer alteraes.

    A linha do capital social quem dar o parmetro para definir se uma sociedade superavitria ou deficitria.

    Se eu tiver um capital muito baixo no momento inicial, no ser possvel iniciar asoperaes - no possvel, simplesmente, fazer qualquer tipo de negcio com R$10.000,00;salvo quando o negcio for simples. Tecnicamente, dever a formao de um capital compatvel

    com a atividade proposta. Feito no momento inicial, o empresrio estar imunizado futurasintegralizaes, afirma o professor.

    As sociedades, com visto pelo grfico, sofrem com a Economia, no que o professorclassifica em vai-e-volta; em trancos e solavancos. Diz-se que at mesmo o passado no confivel.

    13.5.1 Responsabilidade - S.A e Ltda.

    Quando se trabalha com a responsabilidade dos scios, trabalha-se na seguinteperspectiva: em momentos superavitrios, a sociedade deixa de se obrigar execues - dadoque tem uma gordura positiva . Suponha que se queira executar a dvida em momentodeficitrio, a pessoa jurdica responder com todas as dvidas, presentes e futuros. O togado

    Diferenas Sociedade Fundao

    Ato constitutivo Fundada por contrato Fundada por ato complexo

    Objeto Finalidade aberta (a vontade dosscios estabelece o seu fim)

    Finalidade especfica (constitudapara fins religiosos, morais,assistenciais ou culturais)

    CADERNELLI EMPRESARIAL A PROF. ISFER

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    Axede

    svaleurs

    0,00R$

    50,00R$

    100,00

    R$

    150,00R$

    200,00R$

    250,00R$

    Avril Mai Juin Juillet

    Capital social Capital de giro

  • 7/25/2019 [CADERNO] Direito Empresarial a II Prova - Martelli

    19/19

    poder pedir a penhora de recursos no banco ou, num segundo momento, em objetosencontrados pelo Oficial de Justia.

    Se a sociedade no conseguir quitar as suas dvidas por falta de dinheiro, mesmo aps apenhora, os scios podero ou no arcar com as consequncias, o que depender do tipo desociedade adotado no contrato social.

    Se for uma sociedade limitada, o credor quem ir arcar com as dvidas, arquivando com

    perda, pois quando os scios integralizaram o capital, no h como recuper-las. Forma-se umasociedade com responsabilidade limitada, que ter uma patrimnio limitado - o prejuzo dequem negociou com a sociedade.

    possvel, quando negociar a dvida com a empresa, haver uma expanso daresponsabilidade a partir de outros institutos, como a fiana, a garantia hipotecria e o aval. Mas,neste momento, no estar se falando do instituto societrio. So garantias fidejussrias (tambmchamada de garantias pessoais).

    Conforme visto anteriormente, sociedade limitada tem por principal caracterstica alimitao da responsabilidade dos scios ao valor de suas respectivas quotas e, em cartersolidrio, at a integralizao do capital social e, havendo subscrio em bens, pela plus valiaquea eles eventualmente seja atribuda.

    O principal trao distintivo da sociedade annima: a nica na qual todos os scios ou

    acionistas respondem exclusivamente pelo preo de emisso das aes que subscreverem ouadquirirem - ou seja, pelo valor em dinheiro daquilo que cada um deles obrigou-se a contribuirpara a companhia na subscrio ou na compra de suas aes.

    A identificao de uma empresa limitada ou annima se d pela razo social. Alm disso,como EIRELI no sociedade, e, sim, patrimnio de afetao, no podero ser classificadas sobeste prisma. Contudo, elas no respondem com o prprio patrimnio, assemelhando-se com associedades annimas.

    O professor relembra que h, ainda, a possibilidade de mesclar os dois tipos desociedades apresentadas - so as sociedades mistas. Desta forma, alguns scios responderocomo sociedade annima e, outros, como sociedade limitada.

    Finalmente, o professor cita a sociedade de capital e indstria, instituto pouco conhecidona ordem jurdica. Ela formada pelo capitalista (responsvel pela gerncia e administrao dasociedade e respondem de forma solidria, ilimitada e subsidiria pelas obrigaes sociais,arcando com as dvidas contradas) e os industriais, que concorrem unicamente com sua fora detrabalho, no contribuindo financeiramente e nenhuma responsabilidade.

    A jurisprudncia e a doutrina ainda classificam a sociedade em comandita simples(sociedade contratual), a sociedade em comandita por aes (sociedade de capital) e sociedadeem nome coletivo.

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