caderno de resumos_x encontro estadual de história

Upload: quercia-oliveira

Post on 06-Jul-2018

225 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    1/96

    CADERNO DE RESUMOS ELETRÔNICO ePROGRAMAÇÃO

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    2/96

     

    X ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA

    História e Contemporaneidade: articulando espaços,construindo conhecimentos

    ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA

    SEÇÃO PERNAMBUCO

    Caderno de resumos e programação

    Petrolina

    2014

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    3/96

     

    Sumário

    1. APRESENTAÇÃO ..........................................................................................................3

    2. COMISSÃO ORGANIZADORA ....................................................................................4

    3. PROGRAMAÇÃO DO EVENTO ...................................................................................8

    4. RESUMOS E SIMPÓSIOS TEMÁTICOS .................................................................... 10

    ST 02) Gênero, feminismo e poder..................................................................................... 10

    ST 03) Por uma História da África e dos africanos: diversidades, debates e combates! ..... 15

    ST 05) Movimentos sociais, organizações, trabalhadores rurais e urbanos: sua luta políticae suas formas de mobilização social ................................................................................... 23

    ST 08) Religiões e religiosidades no Brasil ........................................................................ 27

    ST 11) Patrimônio Cultural e Memória Social ................................................................... 29

    ST 12) História e ensino de História: relações entre diferentes práticas de produção deconhecimento ..................................................................................................................... 35

    ST 13) História, Ciência e Saúde no Brasil ........................................................................ 41

    ST 14) Histórias dos Sertões: articulando temas, tempos e fontes ...................................... 45

    ST 15) História Indígena: “Memórias dos índios, sobre os índios e história pública emPernambuco" ...................................................................................................................... 50

    5. RESUMOS E SESSÕES DE COMUNICAÇÃO ORAL DE GRADUANDOS (CO) .... 54

    CO 1) História da América Portuguesa 1 ........................................................................... 54

    CO 2) História da América Portuguesa 2 ........................................................................... 57

    CO 3)História do Século XIX e do Brasil Império ............................................................. 60

    CO 4) História do Século XX 1 .......................................................................................... 63

    CO 5) História do Século XX 2 .......................................................................................... 66

    CO 6) História do século XX 3 .......................................................................................... 70

    CO 7) História do Tempo Presente 1 .................................................................................. 75

    CO 8) História do Tempo Presente 2 .................................................................................. 79

    CO 9) Educação, Identidade e Contemporaneidade ........................................................... 82

    CO 10) Formação de professores, Prática docente e História da Educação ........................ 86

    CO 11) Didática da História ............................................................................................... 90

    CO 12) Currículo e ensino de história ................................................................................ 93

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    4/96

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    5/96

     

    2.  COMISSÃO ORGANIZADORA

      Diretoria ANPUH PE Biênio 2012-2014

    Presidente: Lucas Victor Silva

    Vice-Presidente: Márcio Vilela

    Secretário Geral: Maria Lana Monteiro

    1º Secretário: Janaina Guimarães

    2º Secretário: Augusto Neves

    1º Tesoureiro: Bruno Melo

    2º Tesoureiro: Joana Darc

    Conselho Consultivo

    Presidente: Adriana M. P. Silva

    Secretário: Ricardo Pacheco

    Relator: Pablo Porfírio

    Conselho Fiscal

    Presidente: Edson Silva

    Secretário: Helder Remígio

    Relator: José Brito

    Delegados regionais

    Bruno Dornelas Câmara

    Moisés Almeida

    Walterlan Cardoso

      Comissão Científica

    Adriana M.P. Silva

    Alcileide Cabral do Nascimento

    Bruno Melo

    Ricardo Pacheco

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    6/96

     

    Janaina Guimarães

    Lucas Victor Silva

    Juliana Rodrigues de L. Lucena

    Maria Lana MonteiroMárcio Ananias Ferreira Vilela

    Ivaldo Marciano de França Lima

    Wellington Barbosa da Silva

    Samuel Carvalheira de Maupeou

    Ângelo Adriano Faria de Assis

    Marta Margarida de Andrade Lima

    Carlos Augusto Lima Ferreira

    Ana Clara Brito

    Ricardo dos Santos Batista

    Tatiana Lima

    Maria Ferreira

    Denise Lira

    Pablo Francisco de Andrade Porfírio

      Comissão Organizadora local

     PROFESSORES

    Janaina Guimarães

    Harley Abrantes

    Reinaldo Forte

    Tatiana Lima

    Moises Almeida

    Carlos Romeiro Pinto

    Ygor Leal

    Pablo Magalhães

    Marcus Santana

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    7/96

     

     ACADÊMICOS

    Kaline Laira

    Levi SantosIngrid Bartira

    Rita Angelica

    Fabrícia Evelyn

    Tamires Yukiza

    Jamílson Pionorio.

    Angela Alves

    Joana Darc Souza

    Franciel Amorim

    Carlos Guimarães.

    Flavia Ribeiro

    Lucas Matheus

    Rafael Cruz

    Rejane SilvaCamila Correa

      Organização deste Cadernos de Resumos e Programação 

    Bruno Melo

    Janaína Guimarães

    Lucas Victor Silva

      Realização: 

    ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA SEÇÃO PERNAMBUCO

    UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    8/96

     

      Apoio

    FACEPE

    CAPES

    REVISTA HISTORIEN

    CAHIS NEGO D’ÁGUA 

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    9/96

     

    3.  PROGRAMAÇÃO DO EVENTO

    X Encontro Estadual de História da ANPUH-PE História e Contemporaneidade: articulando espaços, produzindo conhecimentos

    Petrolina, 23 a 25 de julho de 2014, UPE.  PROGRAMAÇÃO GERAL 

    QUARTA 23/07 

    QUINTA 24/07 

    SEXTA 25/07 

    8hàs

    12hCredenciamento

    9hàs

    12hMC

    Fórum de GraduaçãoASSEMBLEIA DA

    ANPUH PE MC 

    Fórum dosGTs Fórum de Pós-

    GraduaçãoIntervalo 

    14h-16h 

    ST  CO  ST CO ST CO

    16h-18h 

    Conferência de Abertura MR2 MR4

    Intervalo 19h – 

    21hMR1 MR3 Conferência de Encerramento 

    MC - Mini Curso MR - Mesas Redondas ST - Simpósio Temático CO - Comunicações Orais

    Quarta-feira, 23/07

    8h -12h: Credenciamento

    9h-12h: minicurso / Fórum de Graduação/ Fórum de Pós-Graduação

    12h-14h: Intervalo

    14h- 16h: Simpósios temáticos / Sessões de Comunicação Oral (Graduandos)

    16h -18h: Conferência de Abertura História e Narrativa. Conferencista: Antônio Jorge

    Siqueira (UFPE)

    18h –  19h: Intervalo

    19h- 21h: Mesa redonda1: História e Educação. Palestrantes: Ms. Paulo Alexandre

    (Secretaria de Educação de Pernambuco), Dr. Carlos Augusto Ferreira (UEFS), Dra.

    Marta Lima (UFRPE).

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    10/96

     

    Quinta-feira, 24/07

    9h-12h: Assembleia da ANPUH PE

    12h-14h: Intervalo

    14h- 16h: Simpósios temáticos / Sessões de Comunicação Oral (Graduandos)

    16h -18h: Mesa redonda 2: História e Cidade. Palestrantes: Dra. Sylvia Couceiro

    (FUNDAJ), Dr. Flávio Weinstein (UFPE), e a Profª Regina Beatriz (UFPE).

    18h –  19h: Intervalo

    19h - 21h: Mesa Redonda 3: História, Memória e Acervos. Palestrantes: André Mota

    (Faculdade de Medicina –  USP) Alexandro Silva de Jesus (UFPE), Antonio

    Montenegro (UFPE)

    Sexta-feira, 25/07

    9h-12h: Minicurso / Fórum dos GTs

    12h-14h: Intervalo

    14h- 16h: Simpósios temáticos / Sessões de Comunicação Oral (Graduandos)

    16h -18h: Mesa Redonda 4:Olhares contemporâneos sobre a construção dos sertões.

    Palestrantes: Kalina Vanderlei (UPE –  Nazaré da Mata), Maria Ferreira (FABEJA),

    Harley Abrantes (UPE –  Petrolina)

    18h –  19h: Intervalo

    19h - 21h: Conferência de Encerramento: História e Internet. Conferencista: Dr. DiltonCândido Maynard (UFS)

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    11/96

     

    10 

    4.  RESUMOS E SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

    ST 02) Gênero, feminismo e poderCoordenação: ALCILEIDE CABRAL DO NASCIMENTO, JULIANA RODRIGUESDE LIMA LUCENA

    23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

    Imprensa, Cultura Política e os Movimentos Feministas em Pernambuco (1927 –  1932)ALCILEIDE CABRAL DO NASCIMENTO (Universidade Federal Rural dePernambuco)Resumo: Esta apresentação investiga a importância da imprensa escrita como estratégia

     política dos movimentos feministas em Pernambuco, por meio da Cruzada FeministaBrasileira e da Federação Pernambucana para o Progresso Feminino. Ambas foram

    criadas em 1931, no processo de construção de uma nova cultura política em que asfeministas lutam pelos direitos políticos e debatem a desigualdade de gênero no Recife,entre os anos 1927 a 1932. Em 1927, as manifestações públicas feministas tiveram novoimpulso no país, quando o governador do estado Rio Grande do Norte sancionou a lei queassegurava o direito das mulheres votarem e se candidatarem. Nesse cenário promissor,os jornais como principal veículo de comunicação de massa, tendo em vista o alto índicede analfabetismo no estado e no país, inclusive entre as mulheres, comunicam e convocamreuniões, publicam entrevistas, noticiam festas, divulgam campanhas, informações enoticiários acompanhados de muitas imagens, sobretudo fotografias como pode ser viston’A Notícia, no Diário de Pernambuco e no Jornal do Comércio. Para além de comunicar,as feministas buscam, a partir da palavra e do intenso uso da fotografia com o “sentidode real”, como assinala Boris Kosoy, atrair mais mulheres par a suas fileiras, pretendemconvencer o público feminino, majoritariamente iletrado, sobre a importância dos direitos

     políticos, bem como enfrentar a caudalosa corrente antifeminista disseminada naimprensa. As lideranças feministas desses movimentos, Martha de Hollanda e Edwigesde Sá, fazem intensa utilização da imprensa, do rádio e publicam em jornais e revistas,onde buscam redefinir os jogos de poder. Suas práticas discursivas fortalecem uma novacultura política que nasce no regime republicano, ao contestarem a recém-democracia

     brasileira, oligárquica e liberal, na arena pública dos jornais: espaços de dizibilidade evisibilidade das suas pautas de reivindicações, instrumentos para formar e influenciaropiniões e sensibilidades. Assim, este trabalho ilumina os diferentes feminismos que em

    Pernambuco lutaram pelos direitos igualitários entre homens e mulheres quandofinalmente o presidente Getúlio Vargas, sob forte pressão política de diferentesmovimentos sociais, em 1932, sanciona a lei que concede a cidadania política às mulheresno Brasil. Interessa descortinar a perspicácia dessas mulheres que souberam fazer usoestratégico, com criatividade e ousadia, das veredas abertas pela imprensa escrita eimagética, fazendo avançar o ideário feminista e a conquista dos direitos políticos emnível local e nacional.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    12/96

     

    11 

    Marcas de Baton na História do Brasil: A formação da militância política femininano pós-Estado Novo.ZÉLIA DE OLIVEIRA GOMINHO (Prefeitura do Recife)Resumo: A presença feminina no movimento político brasileiro, seja em prol do sufrágioou por questões trabalhistas, é, geralmente, reconhecida a partir do início do século XX.

    Mas, o registro histórico desse movimento tornou-se matéria de estudos acadêmicos há poucas décadas. A história de mulheres envolvidas nos embates políticos masculinosmereceu parcas citações, até mesmo por aqueles [homens] que um dia tiveram mulherescomo camaradas ou companheiras de luta. Este artigo busca conversar sobre como seconfigurou a presença política feminina no pós- Estado Novo; o que possivelmentemotivava sua inclusão em partidos, e algumas diretrizes que conduziam um movimentoainda não feminista, mas feminino.

    AMORES E DESVENTURAS: OS RAPTOS E OS DEFLORAMENTOS NORECIFE OITOCENTISTARenata Valéria de Lucena (Secretária de Educação de Pernambuco)

    Resumo: O presente artigo analisa os raptos seguidos de defloramentos, ocorridos nacidade do Recife em meados do século XIX. Temos como objetivo entender o papel socialde tais acontecimentos, entendidos como a contestação do poder paterno por parte demulheres que não se apresentaram submissas, diante da vontade familiar, e os

     procedimentos das instituições de controle social, como Igreja Católica e Estado, nointuito de solucionar problemas ocasionados pelos raptos. Buscamos analisar também aterminologia rapto para denominar os sorrateiros encontros de moças e rapazes, durantea madrugada, que tiveram como propósito alcançar o matrimônio. Seria realmente umrapto ou seria mais coerente usarmos a expressão fuga, já que, nesses e em tantos outroscasos documentados, as moças eram encontradas caminhando de braço dado ao seu raptorem direção à residência em que seria depositada. Metodologicamente, usaremos os

     pressupostos teóricos da categoria Gênero, no intento de estabelecer as diferentesmaneiras de relacionamento entre homens e mulheres na sociedade, bem como aconstrução social dos papeis forjados para reafirmar as relações de poder que estruturamtodos os aspectos sociais. Sendo assim, levaremos em consideração a análise de JoanScott (1995) e sua concepção do gênero como uma construção sociocultural que estruturaas instituições de poder, como a própria Igreja Católica e o Estado, e as hierarquias sociaiscomo uma maneira de garantir os privilégios das figuras masculinas que recorriam à

     justiça para questionar as condutas femininas.

    MULHER E FEITIÇARIA NA AMÉRICA PORTUGUESA DO SÉCULO XVI:

    COTIDIANO, MAGIA E INQUISIÇÃOKleber Henrique da Silva (Prefeitura Municipal de São Vicente Férrer)Resumo: O conjunto de crenças e práticas que compõem o universo religioso da AméricaPortuguesa, tão singular e heterodoxo, tem merecido cada vez mais espaço na produçãohistoriográfica brasileira. Esta pesquisa se insere neste processo e seu interesse temáticose focaliza nas crenças e práticas de feitiçaria ligadas ao mundo das mulheres. Sendo asfeiticeiras de Pernambuco e da Bahia colonial as nossas personagens, nos aproximaremosdo universo de suas práticas através da investigação de que foram vítimas durante aPrimeira Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil no período de 1591-1595. Atravésdos livros das Denunciações e Confissões, produzidos durante a presença do inquisidorHeitor Furtado de Mendonça, encontramos a forte presença de mulheres acusadas por

    estas práticas. Esboçaremos a construção do imaginário em torno da figura da feiticeiraainda nos primórdios da organização do catolicismo e que atravessou os séculos chegando

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    13/96

     

    12 

    a fazer parte do imaginário colonial, o que favoreceu a delação de muitas mulheresguardiãs de práticas que fugiam da ortodoxia almejada pelo projeto colonizador que traziaentre seus objetivos a uniformidade da fé católica.

    Palavras-chave: Mulher-Feitiçaria-Inquisição-América Portuguesa.

    24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

    INTELECTUALIDADE FEMINISTA E PÓS-FEMINISTA: A ENTRADA DASMULHERES NA CIÊNCIA A PARTIR DOS ESTUDOS DE GÊNEROJuliana Rodrigues de Lima Lucena (FAL/Joaquim Nabuco)Resumo: A princípio, as mulheres, dentro da categoria de gênero passaram a ser vistas eanalisadas a partir de práticas culturais e de interpretações que são construídas ediscursadas com objetivos claros e é dessa maneira que as definições de gênero e suacomplexidade enquanto campo da história são fruto de uma nova episteme das ciênciassociais, como afirma Rachel Sohiet. Constata-se então que a história das mulheres dentro

    da análise da categoria de gênero é um estudo intrinsecamente político a respeito do sere do lugar das mulheres na história enquanto seres sociais e como construção culturalfruto de seu tempo e de suas ideologias. Nesse sentido ideológico a “intelligentsia”feminista reafirma a teoria de Michel Löwy, de que os(as) intelectuais são muito mais doque uma classe, compreendem uma verdadeira categoria social, capaz de moldar emanipular ideias e que são definidos(as) por seu papel ideológico. Sendo assim, asfeministas das décadas de 1960 e 1970 tornaram-se produtoras diretas da ideologia ondeas mulheres deveriam erigir a sua identidade, buscar a criação de seu “sujeito” e assim,ditar novas regras socioculturais de convivência com homens e com outras mulheres.

    Lutas (re) Veladas: o feminismo presente no cotidiano de mulheres negras domunicípio de Bodocó-PE.Alexsandra Flávia Bezerra de Oliveira (Secretaria de Educação de Pernambuco),Reginaldo Ferreira Domingos (Prefeitura Municipal)Resumo: O presente artigo procura discutir as vivências e lutas cotidianas presentes nasmemórias de duas mulheres sertanejas que habitaram a zona rural do município deBodocó-PE e desenvolveram atividades na produção de farinha. Tais memórias foramevocadas e colhidas no ano de 2006 quando, na ocasião realizamos entrevistas commulheres idosas no intuito de realizarmos trabalho monográfico de conclusão de curso.Aqui revisitamos essas falas percebendo o caráter feminista nas lembranças evocadasquando tratam da vida e do trabalho. Para isso, realiza-se uma breve discussão a respeito

    dos movimentos sociais em particular do movimento feminista, bem como sobre amemória e seu uso no trabalho historiográfico e uma caracterização do cotidiano e da lutadessas mulheres. Nessa tarefa o desafio é o trabalho com novos olhares sobre ofeminismo, assim tentamos colocar um novo movimento que não é contemplado naliteratura tradicional ou clássica, propondo o alargamento do conceito de feminismo paraque então seja realizada a análise sobre a ação diária das sertanejas bodocoenses quevivem trabalhando em prol da manutenção de suas famílias e de suas manifestaçõesculturais.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    14/96

     

    13 

    Mulheres, agronomia e institucionalização das ciências no São Francisco: o caso daFAMESFRamicelli Carvalho Sant' Anna Fernandes (Colégio Nossa Senhora Auxiliadora)Resumo: As políticas sociais e as políticas educacionais institucionalizadas durante a Era

    Vargas, foram decisivas no processo de criação de novas oportunidades para as mulheres,especialmente as que pertenciam às camadas urbanas médias e altas. No entanto, outrosaspectos como, alterações de costumes familiares, ocasionados pelo crescente processode urbanização e ao novo estilo de vida burguês, mostraram que, além de promovermudanças no papel que a mulher exercia sobre a sociedade, promoveu o avanço destas ea sua inserção do mundo acadêmico e científico. No Vale do São Francisco, maisespecificamente na cidade de Juazeiro-BA, surgia em 1960, a Faculdade de Agronomiado Médio São Francisco (FAMESF). Nela, alunos do sexo masculino representavam amaioria. No entanto, percebeu-se através da análise de fontes escritas, disponibilizadas

     pela faculdade, assim como, fontes orais, incluindo as entrevistas realizadas com ex-alunos e ex-alunas, que as mulheres marcavam presença, em um curso que é

    historicamente identificado como “masculino”. E é nesse contexto que se pretendeobservar como se deu o crescente ingresso das mulheres nas instituições de nível superior,mais especificamente na FAMESF e no curso de Agronomia, assim como os fatores queas levaram a tal escolha e a sua atuação dentro e fora da mesma.

    O MOVIMENTO SANITÁRIO REDEFININDO REPRESENTAÇÕESFEMININAS. Carla Denari Giuliani (Universidade Federal de Uberlândia)Resumo:  O movimento sanitário da década de 1980, juntamente com as políticas

     públicas, vem dar visibilidade e estender ao mundo feminino, através da posição atribuídaà mulher frente à maternidade e à família, colocando-a como principal atriz das mudançassociais ocorridas nessa época. Dessa forma, esse movimento constrói uma representaçãosocial de que maternidade é inerente à mulher, ser mulher é ser mãe, amamentar, ser donado lar e cuidadora da família. O objetivo deste trabalho é mostrar como o movimentosanitário da década de 1980, no Brasil se utiliza da figura feminina como base paraconsolidar seus interesses conjuntamente com o do Estado, dando visibilidade a essa

     personagem como salvadora de todos os males sociais da época. Este trabalho tem como base uma abordagem qualitativa. Faz parte de uma pesquisa maior, que foi minha Tesede doutorado, que finalizou em maio de 2012. Assim, para encontrar resposta para essesquestionamentos, esta pesquisa baseou-se metodologicamente, na História Oral,conforme as orientações do teórico Portelli . Este trabalho tem como fontes documentais

    escritas revistas, jornais, manuais de saúde da época e entrevista com profissionais daárea da saúde. Além é claro, das histórias de vida das mães adolescentes, seuscompanheiros e pais. As fontes documentais mostram que a reforma sanitária teve iníciono século XVIII, após a coroa portuguesa se interessar pelo ouro existente no Brasil.Assim, a urbanização e o povoamento, até então negligenciados pela coroa, tornaram-seobrigatoriamente foco do poder real. Esse progresso fez-se através do movimentohigienista, que incorporou a cidade e a população ao campo do saber médico . Nessecontexto, a técnica de higienização foi instalada. Desta forma, a medicina social ganhavaespaço e através da política higiênica, as mulheres assumiram a função de educadoras dosfilhos e cuidadora da casa e dos maridos. Essas famílias, até o momento, eram vistas peloshigenistas como incapazes de proteger a vida de crianças e adultos. Valendo-se dos altos

    índices de mortalidade infantil e das precárias condições de saúde dos adultos, omovimento higienista ou sanitário conseguiu impor a elas uma educação física, moral,

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    15/96

     

    14 

    intelectual e sexual, tendo como principal figura normalizadora a mulher, mãe e rainhado lar. O Estado aliado á medicina constrói um novo personagem higiênico, cujaexistência social era, até então, quase desconhecida. À esse personagem higiênico restavasomente o direito à infância e uma passagem direta, sem escalas, para vida adulta, pois o

     papel social dela, desde muito cedo, era o de ser mãe, esposa e educadora de um lar e de

    uma família. A equação mãe-filho novamente adaptava-se como “luva” à essemovimento.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    16/96

     

    15 

    ST 03) Por uma História da África e dos africanos: diversidades, debates ecombates!

    Coordenação: IVALDO MARCIANO DE FRANÇA LIMA, WELLINGTON

    BARBOSA DA SILVA

    23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

    Há outros Griots: Outros olhares sobre a África nos Quadrinhos Savio Queiroz Lima (Colégio Portinari)

    Resumo:  O artigo pretende tecer reflexões historiográficas sobre três produções emquadrinhos no mercado internacional e nacional com temática africana. A realidademítica, cultural e social de três terrenos africanos são apresentadas e comentadas nas

    leituras de três obras em quadrinhos: Sundiata  –   O Leão do Mali de autoria doquadrinhista Will Eisner, O Apanhador de Nuvens  –  Uma aventura no país Dogon deautoria dos franceses Béka e Marko e Aya de Yopugon da escritora costa-marfinenseMarguerite Abouet e do francês Clement Oubrerie. Propõe uma reflexão das mudançasocorridas no mercado quando o assunto é representação da realidade africana através dosdiscursos nos quadrinhos, nas realidades sociais e culturais do Mali, para os dois

     primeiros casos e da Costa do Marfim no último. Utilizando-se de conceitos comoRepresentação e Imaginário, as obras supracitadas são relacionadas com estudosmultidisciplinares que os objetos, através de seus discursos, exigem.

    Fantasma: O herói dos africanos ?Cristiane de Almeida Gonçalves (orgão puplico-prefeitura municipal de Alagoinhas)Resumo: É possível afirmar que as HQs, contribuem para as imagens negativas que setem do continente africano? Mediante essa questão, este trabalho tem como objetivodiscutir as representações do continente africano, a partir de estereótipos existentes nasHistórias em Quadrinhos do Fantasma. Este é um herói branco, criado por Lee Falk, nosEUA nos anos 1930. Ele um tipo de herói que mora na selva e vive entre os pigmeus

     bandar, os únicos que conhecem os segredos do famoso “espírito que anda”. Ele combate piratas e ladrões diversos. Resolve todos os tipos de problemas entre as tribos vizinhas eainda acha tempo para ajudar os governantes africanos através da Patrulha da Selva.Através da análise destas revistas, observa-se a existência de vários problemas: os homens

    e mulheres, nativos do continente africano, são tidos como atrasados, ignorantes,desprovidos de valores civilizatórios, representados sempre em tons negros, dotados de práticas rudimentares e sem capacidade de se defender mediante toda sorte de perigosexistentes na “selva”, cenário em que se desenvolvem estas histórias. Para este trabalhoforam analisados exemplares da revista do Fantasma entre os anos de 1960 a 1970, alémde obras de diferentes autores, a exemplo de Elikia M´Bokolo, Anderson Oliva, Álvarode Moya, dentre outros.Palavras-chaves: Histórias em Quadrinhos; História da África; Fantasma; África.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    17/96

     

    16 

    PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE ÁFRICA: A UTILIZAÇÃO DO KIT“AFRICANIDADES” COMO SUPORTE PEDAGÓGICO NO MUNICÍPIO DEALAGOINHAS - BAHIA.EDSON SILVA DE ARAUJO

    Resumo:  Em decorrência da sanção presidencial da Lei 10.639/2003, tornou-seobrigatório a todos os estabelecimentos de ensino, a inclusão na estrutura curricular deconteúdos que abordem a história do Continente Africano e dos seus povos, bem como acultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional. Neste sentido, asescolas e universidades necessitaram se adequar a esta nova realidade para cumprir a leiacima citada. Esta Lei constitui-se como a materialização dos desejos de setores sociaisque pretendem subscrever a herança cultural da África e dos Africanos no mundo, fatoeste negligenciado, sobretudo nos livros e nos cursos de formação de professores noBrasil. Paralelamente ao desenvolvimento destas novas perspectivas cientificas surge anecessidade de reconstruir o saber dos profissionais ligados à educação e, por conseguinteos livros didáticos passaram a contar com maiores espaços dedicados ao continente

    africano e aos negros, quando não, são adotados livros complementares que abordam atemática em questão de forma particularizadas. Nesta perspectiva o presente artigo iráanalisar a adoção do kit pedagógico denominado “Africanidades” pelo município de Alagoinhas, cidade do interior da Bahia, no ano de 2012. Trata-se de uma coleçãocomposta por dez livros acompanhados cada um por CD’s audiovisuais dotados cominterpretação em libras. A questão central deste trabalho refere-se às formas como areferida coleção representa o continente africano e os negros no Brasil. Para este trabalhofoi tomado como paradigma à referência de que os negros não são, necessariamente,descendentes de africanos, assim como suas práticas e costumes culturais não devem servistas como sobrevivências da escravidão.Palavras-chave: Lei 10.639/2003; África; Educação; Brasil; Negros.

    De que África falamos? Representações de África após a Lei 1069/03  Alexandra da Cruz de Nantes (Prefeitura Municipal de Sátiro Dias)Resumo: Negros, miséria, fome, conflitos “tribais”, doenças, caos absoluto, são algumasdas representações recorrentes sobre o continente africano que romperam a barreira dotempo e se perpetuam no imaginário de diversas sociedades, sobretudo das ocidentais.

     Neste sentido, sendo a escola um espaço social, no qual se entrecruzam diferentes sujeitose com eles toda sorte de representações, esta se constitui, portanto em um locus

     privilegiado para retroalimentação de estereótipos e clichês, que em geral concebem aÁfrica como um “lugar” caótico, sem regras, ordem e perspectivas. Cabe destacar,

    entretanto, que a escola também pode ser instrumento de transformação, difusão econstrução de novas representações acerca do continente africano. Por essa razão, estetrabalho objetiva analisar quais representações de África foram construídas peloseducandos da rede municipal de ensino do município de Sátiro Dias, nestes dez anos de

     promulgação da Lei 10.639/03. Palavras –  chave: Educação; Representações da África;África, Lei 10.639.

    História da África, História da cultura negra brasileira: questões, encontros edesencontros.IVALDO MARCIANO DE FRANÇA LIMA (UNEB Universidade Estadual da Bahia -Campus Alagoinhas.)

    Resumo:  As práticas e os costumes dos negros e negras do Brasil podem serdescritas como parte da história da África? É possível afirmar que o uso do conceito

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    18/96

     

    17 

    “diáspora” é feito sem maiores problemas para os mais diversos povos do continenteafricano? Tais questões estão bem resolvidas na bibliografia recente, escrita porafricanistas no período pós - lei 10639/2003? Este trabalho tem como objetivo discutirestas e outras questões, enfatizando os problemas de paradigma e de perspectivaexistentes na História da África entre os africanistas brasileiros, enfatizando que as

    dificuldades são pertinentes a uma grande confusão entre a cultura negra brasileira e asreligiões de divindades com a História da África, como se todos os negros fossemafricanos. Para este trabalho foram utilizados e discutidos de forma crítica as recentes

     publicações de historiadores africanistas brasileiros, além da bibliografia clássica produzida pelos historiadores africanos.

    Palavras chaves: História da África, cultura negra, lei 10639/2003, África, Brasil.

    24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

    OS CONTOS DE AMADOU KOUMBA: REINVENÇÃO DA NARRATIVA.

    RITA DE CÁSSIA NASCIMENTO DOS SANTOS (COLÉGIO ESTADUALDEPUTADO LUIS EDUARDO MAGALHÃES)Resumo: A partir das obras sobre as tradições orais da África subsaariana, de HampatéBâ e J. Vansina, este trabalho tem como objetivo discutir o modo de abordagem daquestão do colonialismo francês na obra Os contos de Amadou Koumba, de Birago Diop,

     publicado em 1961. A problemática desse estudo despertou o desejo de saber como astradições orais, abordadas no livro, podem se constituir como estratégia de força eresistência na construção identitária no período da colonização francesa no Senegal. NaÁfrica tradicional, o conhecimento e a sabedoria eram guardados e transmitidos pelatradição oral e não havia momento especial para aprender. O público participavaativamente das histórias que lhe eram contadas. Seria o caso de uma possibilidade detransmissão e discussão sobre a colonização através desses contos orais? Como a voz degriot de Koumba ressoa na literatura de Birago Diop? Assim, a tradição oral toma umcaráter revolucionário, inventivo e disseminador na cultura oral fazendo valer as vozescaladas pela colonização. Para este trabalho foram utilizados e discutidos o livro de contose bibliografia referente às tradições orais africanas.

    Palavras chave: Colonização; África; Tradição Oral; Literatura Africana; Birago Diop.

    Representações da África nas organizações negras-mestiças de Salvador em Tenda

    dos Milagres (1969) do escritor Jorge Amado.Paloma Ferreira Teles (UNEB)Resumo: A partir da narrativa de Tenda dos Milagres (1969), Jorge Amado convida aosleitores a adentrar o Pelourinho, que é citado como Universidade Aberta da Bahia, porconta dos diversos saberes desenvolvidos nesta região, saberes estes que são reflexos deuma África desejada pelos negros e mestiços baianos da época. Sendo este demarcadocomo espaço de convivência “harmônica” entre as diferentes culturas, que sãorepresentadas na figura de moradores, comerciantes e visitantes, mesmo havendo os

     processos violentos de repressão aos costumes e vivências culturais. O presente trabalho,ainda em andamento, objetiva investigar possíveis manifestações a partir dasRepresentações de África, que se caracterizaram como forma de contra-discursos

     produzidos pela população negra de Salvador em seu cotidiano, a partir das suasorganizações culturais e religiosas, contra a ciência eugenizadora do Brasil de 1920 a

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    19/96

     

    18 

    1930. E, compreender a partir da personagem central do romance, Pedro Arcanjo, comose organizou a população negra-mestiça para (re) escrever e (re) pensar a sua história,

     problematizando a ressonância desta atitude para as práticas científicas e acadêmicas daFaculdade de Medicina da Bahia na época.Palavras Chaves: Tendas dos Milagres, África, Negros, Resistências.

    De olho no espelho: reflexos e paradigmas da autoidentificação dos quilombolas dacomunidade do Catuzinho, Bahia.ADRIANA CARDOSO DOS SANTOS PEREIRAResumo:  Em 2005 a comunidade do Catuzinho, localizada entre as cidades deAlagoinhas e Aramari, BA, foi reconhecida como remanescente de quilombo. Pode seafirmar, sem maiores problemas, que este é o primeiro passo do longo percurso queculminara com a titulação das terras, um dos objetivos que se percebe entre os moradoresda referida comunidade. Mas, o que vem a ser um quilombo? A partir de um emaranhadode interesses oriundos da promulgação do artigo 68, do Ato das DisposiçõesConstitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal do Brasil de 1988, que

    comunidades negras, até então renegadas aos olhos da sociedade brasileira e da produçãohistoriográfica, passaram a ter espaços, imbuídas principalmente pela discussão emtorno da terminologia 'quilombo'. Ressignificar o topônimo 'quilombo', mais que umatarefa semântica, trouxe à tona a desmistificação de sua conceituação colonial ao tempoque abarcou as diversas formas de organização negra, ratificando a pluralidade cultural,fruto das práticas e costumes peculiares a cada comunidade. Nesse sentido, este trabalhovisa discutir com qual concepção os moradores deste povoado se autoidentificam. Sãooriundos da África? São eles afrodescendentes? Qual interpretação atribuem para aterminologia quilombola? A que deve sua identificação como tal? Para esta discussão foitomada como referência a autodeclaração dos habitantes da supramencionadacomunidade e os paradigmas levantados pelo discurso teórico de estudiosos da culturanegra brasileira e história da África.Palavras chave: memória, cultura negra, quilombola, autoidentificação.

    O “espírito da selva” que veio das savanas: representações, distorções e estereotipiasno cinema.Mércia Cristina da Silva Assis (SEDUC RIBEIRÃO)Resumo: “O Espírito é da selva”, mas o leão vive nas savanas. Os “africanos são um

     povo”, mas a diversidade linguística existente na África não possui semelhança emnenhum outro continente. “Não há civilização no continente africano”, apesar do Egito,Kush, Meroé e Axum. O cinema tem sido por várias décadas referência em diversão, lazer

    e glamour, mas, é também uma poderosa máquina de construção, difusão eretroalimentação de representações, que necessariamente não se constituem emefetividades. Nessa perspectiva, este trabalho, ainda em andamento, objetiva discutir anarrativa fílmica intitulada “O Espírito da Selva”, lançado no Brasil em 2007, e que tevecomo diretor Gray Hofmeyer. Na obra em questão, como em muitas outras que possuemo continente africano como tema ou cenário, há predominância na ideia dos contrastesentre povos, culturas e valores civilizatórios. Isto não seria um problema se a narrativafílmica não trouxesse, de forma veemente, conceitos que são balizados na hierarquia einferiorização entre culturas e civilizações. Para isso, é necessário compreender que ofilme “O Espírito da Selva” está situado em um dado contexto, perpassado por questõesrelacionadas ao tempo e espaço. Confrontos entre a ciência (superior e europeia) do

    médico Albert Schweitzer, com a “magia” do “feiticeiro” Oganga, além das constantesoposições entre a música “clássica” e a “tribal” , dentre outras comparações feitas de

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    20/96

     

    19 

    formas subliminares mostram que o cinema é muito mais do que uma simples possibilidade de lazer e diversão. Para este trabalho foram utilizadas obras que discutemas relações entre o Cinema e a História, bem como análises fílmicas.Palavras chave: Cinema; África; Representações da África, Europa.

    Nem desertos, nem florestas: diversidades de espaços e paisagens  ANTONIO VILAS BOAS (UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA)Resumo:  Este trabalho, ainda em andamento, objetiva discutir, a partir de revisão

     bibliográfica, os modos e as formas como o continente africano foi objeto derepresentações baseadas em estereotipias, notadamente suas realidades sócio-espaciais.Em grande parte das mídias, livros didáticos e obras literárias o continente africano é/foiapresentado como uma imensa e impenetrável selva, repleta de “tribos primitivas” eanimais selvagens. A exemplo de Tarzan e Fantasma, que primaram em demonstrar aÁfrica como uma selva, ou os filmes que tematizaram sobre os povos do norte destecontinente, que apresentaram o continente como um imenso deserto (destituído de

     pessoas e civilizações), ainda hoje há representações que insistem em mostrar um imenso

    espaço continental de forma homogênea. Nesse sentido, este trabalho teve como foco adesconstrução destas homogeneidades, associando-as também aos processos deconstrução de representações destituídas de efetividades, que primaram em associar ocontinente africano ao estado natural e a selvageria.Palavras chave: África; História e meio ambiente; Representações; Florestas; Desertos.

    A formação da “culinária baiana”: sob uma ótica “africana” Erico da Silva França (COLÉGIO RENOVAÇÃO/COLÉGIO SÃOFRANCISCO/UATI)Resumo:  A “culinária baiana” é um termo utilizado para designar,  principalmente, aalimentação produzida na cidade de Salvador e no Recôncavo Baiano notadamentemarcada pela influência “africana”. Foram os negros escravizados –  ainda no períodocolonial –  que a tornaram famosa, uma vez que servindo nas cozinhas dos portuguesese/ou nas senzalas, alteraram o sabor dos alimentos por meio da condimentação ou datécnica culinária. Outro aspecto a ser destacado sobre a culinária produzida por africanose seus descendentes  –   na Bahia  –   é a sua confluência com a religião e os festejos

     populares. Dessa maneira, promover um estudo sobre a importância africana naconfecção da “culinária baiana”, considerada parte integrante do patrimônio culturalimaterial, abordando as escolhas, abandonos, apropriações e transformações que fazem

     parte de um processo histórico-cultural é a principal finalidade desse trabalho. O mesmo procurou identificar e mapear bibliografia e fontes documentais (escritas e visuais) que

    tratassem da relação existente entre culinária e cultura, escravidão negra e a formação daculinária da Bahia; e, a influência da culinária “africana” na religião e celebrações populares.Palavras-Chave: Culinária Baiana; Influência “Africana”; Escravidão; Patrimôniocultural imaterial.

    25/07 - Sexta-feira - Tarde (14h às 16h)

    As raízes da guerra no Mali: entre debates e desmistificações Ivan Silva de Souza (CETEP/ LNB)Resumo: A mídia faz um papel intermediário na formação da opinião pública e em cobrir

    determinados eventos a nível internacional e levar a “noticia” a população. Mas sabemosque este papel exercido por tais setores é recheado de interesses políticos, econômicos,

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    21/96

     

    20 

    financeiros e principalmente em estabelecer a ideologia de um grupo dominante no poderou colocá-lo lá. A situação do Mali no Continente Africano requer uma análise e uma

     postura muito mais crítica, do que respostas simplistas que culpam a Al- Qaeda ou oneocolonialismo por conflitos que assolam esta região é preciso levar em consideraçãoque muita gente foi marginalizada por tempo demais nesse território. A situação é muito

    mais complexa do que parece e precisa ser revista sobre um outro prisma quedesmistifique essas notícias sobre os países africanos que recaem, na maioria das vezes,nas guerras do continente tratadas geralmente sob o registro da naturalização e da

     banalização enfeixadas em diferenças tribais.

    Os povos africanos e a África podem ser vistos como vítimas da História? Por umareleitura do Tráfico Transatlântico e da Conferência de Berlim.Paulo Rodrigo Ferreira SilvaResumo: A História da África é/foi alvo de várias abordagens equivocadas, e as maiscomuns possuem uma tendência de generalizar e inferiorizar suas culturas, colocando-ascomo expectadora das ações e processos ocorridos em seus próprios territórios. Contudo,

    um estudo mais expressivo da historiografia do continente africano, calcada no trabalhode seus historiadores, decorrente de avanços relacionados às perspectivas de fonteshistóricas, permitiu uma melhor compreensão dos processos intercontinentais queenvolveram a África: A Conferência de Berlim (1884  –  1885) foi chamada de “Partilhada África”, porém esse termo indicava um protagonismo europeu na demarcação dosterritórios Africanos. Por isso o conceito de “roedura” já é utilizado por muitos estudiosos,que buscam analisar o processo de definição de fronteiras como gradativo, e de

     participação decisiva de ambas as partes. Com relação ao tráfico transatlântico queocorreu do século XVI ao século XIX, a ideia de que a África foi invadida e escravizadafoi sempre difundida, entretanto existem estudos que apontam para a diversidadesociopolítica das suas regiões, e que vários grupos sociais poderiam lidar de maneirasdiferentes com o tráfico, alguns sendo prejudicados e outros extraindo benefícios, sendo

     possível até mesmo a ascensão de novas elites africanas, que firmaram parceria com povos europeus na exploração dos seus conterrâneos. Com base no exame historiográficodo Tráfico e da Conferência de Berlim, o presente trabalho fará contrapontos à noção deÁfrica subjugada.Palavras-chave: Tráfico Atlântico; Conferência de Berlim; História da África; Roedura.

    DIMENSÕES MATERIAIS E CONCEPÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS DEIMIGRANTES SENEGALESES NO CONTEXTO BRASILEIRO: OLHARESACERCA DA INTEGRAÇÃO

    THAIS JANAINA WENCZENOVICZ (ESTADO DO RS)Resumo:  O devido trabalho trata da integração dos Imigrantes Senegaleses junto asociedade brasileira –  na região norte do Rio Grande do Sul - tendo em vista sua relação

     junto as dimensões materiais e concepções das Diretrizes dos Direitos Humanos. Nessesentido, pretende-se demonstrar em que medida as políticas de imigração ameaçam amanutenção dos Direitos Humanos de indivíduos provenientes de países com histórico dedependência e intransigência aos Direitos Fundamentais Civis e Sociais em seu país deorigem. Tal condição corrobora na análise entre as políticas de integração e negação aosDireitos Humanos. Ao longo dos últimos vinte anos, o Brasil adotou uma série de novas

     políticas voltadas à gestão dos movimentos transfronteiriços e aos imigrantes no Brasil, políticas estas que respondem não somente ao ativismo dos migrantes e seus aliados, mas

    também à estratégia da política externa brasileira.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    22/96

     

    21 

    “Negócio Africano”: trabalho, patrimônio e libertos da Costa da Mina no Recife doséc. XIXValéria Gomes Costa (IF Sertão Pernambucano)Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar um mapeamento dos meios

    de sobrevivência de ex-escravos e as estratégias por eles elaboradas para a garantia deseus espaços nos mundos do trabalho urbano. Quais as ocupações que podiam de fato ossujeitos continuar exercendo ou não depois de alforriados, que lhes assegurassem certaautonomia financeira e lhes proporcionassem rompimento com os laços senhoriais? Quemecanismos elaboraram para afastarem-se dos estigmas impostos pelo cativeiro?Seguimos, então, os rastros de um pequeno grupo formado por 31 africanos da Costa, emtestamentos, inventários post-mortem e livros de notas de tabeliães, para nos aproximardas condições materiais, e, sobretudo, dos arranjos de trabalho que esses indivíduosorganizaram ao longo de suas existências. Deparamos-nos com homens e mulheres cujasatividades econômicas lhes proporcionaram recursos que os distinguiram dentro e fora dacomunidade negra. Entre as diversas ocupações, o ramo dos negócios foi aquele que mais

    ocasionou maiores perspectivas de vida para os sujeitos cujas trajetórias acompanhamos.Através de nossa análise, foi possível traçar dois perfis de comerciantes. O primeiro,classificamos de negociantes de médio porte, cujas rendas advinham de imóveis (dez oumais) e escravos (dez ou mais) no ganho. O segundo, consideramos de pequenonegociante, pois trabalhava no comércio a retalho ou possuía um modestoestabelecimento, a exemplo da taberna, ou ainda extraía lucros de seus prédios (nomáximo dois) de aluguel. Frisamos, contudo, que o ramo de negócios foi também o quemais favoreceu a ampliação das redes sociais dos africanos para além de seu grupo. Naamostra de nossas pesquisas, 43,8% das pessoas brancas que estabeleceram algum tipode ligação com libertos da Costa d’África eram comerciantes de grande ou médio porte.A presente comunicação é parte dos resultados investigativos em nosso trabalho dedoutoramento, cujas preocupações se debruçaram na reorganização da vida social de

     pessoas oriundas da África após a conquista da manumissão na cidade do Recife emmeados do século XIX.

    Possessão e Exorcismo no Egito Antigo: Dados HistóricosLuiz Henrique Rodrigues Paiva (Colégio Conexão Futuro)Resumo:  Este trabalho tem como finalidade apresentar o fenômeno da possessão eexorcismo na antiga tradição religiosa egípcia, ao longo de sua história. A possessãodemoníaca, bem como a pratica do exorcismo, são temas estudados e realizados desde aantiguidade até os dias atuais. Pretende-se apresentar uma síntese, em chave

    historiográfica, desse fenômeno do Campo Religioso, apoiando-se nos estudos de biblistas como Karl Kertelge, Antônio Lazarini Neto, Irineu José Rabuske e LuigiSchiavo. Trata-se de uma abordagem que quer demonstrar quando surgiram, quando

     permaneceram e quando se transformaram ou desapareceram os traços culturais religiosose mágicos egípcios.Palavras-Chave: Demônios. Tradição Religiosa. Manifestação.

    João Fernandes Vieira e a guerra preta em Angola, 1658 a 1661 LEANDRO NASCIMENTO DE SOUZA (FUNESO)Resumo:  João Fernandes Vieira, após a guerra contra os holandeses na Capitania dePernambuco, utilizou de seu prestígio para solicitar a Coroa portuguesa cargos de

    governança no ultramar. Vieira recebeu o governo de Angola, a qual governou de 1658 a1661. No que se refere as suas ações como governador, elas são determinadas pelos seus

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    23/96

     

    22 

    interesses no Brasil. Vieira na sua chegada em Angola, investe na recuperação eampliação do tráfico de escravos para o novo mundo, utilizando aparatos militares,

     políticos e religiosos para reconfigurar a influencia portuguesa na África Central, em quena maioria dos casos ocorreram conflitos armados entre as tropas aliadas de Vieira e osvários chefes tribais que resistiam a dominação. Vieira tinha como maior inimigo o Reino

    do Congo, a qual na sua perspectiva funcionava como um grande “quilombo” na Áfricacentral. Através da coleção Monumenta Missionária Africana, organizada pelo PadreAntônio Brásio, e dos cronistas da época, realizamos uma análise desse contexto a qualse encontram vários conflitos de interesses ligados ao Mundo Atlântico.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    24/96

     

    23 

    ST 05) Movimentos sociais, organizações, trabalhadores rurais e urbanos: sua lutapolítica e suas formas de mobilização socialCoordenação: SAMUEL CARVALHEIRA DE MAUPEOU

    23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

    Trabalhadores, associativismo e política em Ilhéus, Bahia (1920-1930): uma históriasocial do coronelismoPhilipe Murillo Santana de Carvalho (Instituto Federal da Bahia)Resumo: A última década da Primeira República foi marcada pelo desenvolvimento deum associativismo operário proeminente na política e na sociedade de Ilhéus. Artistas,operários, caixeiros e estivadores construíram seus grêmios e se tornaram uma forçasocial emergente no sul da Bahia, capaz de mobilizar um contingente popularsignificativo e pressionar autoridades e patrões em função de seus interesses. O objetivodeste artigo é analisar os trabalhadores e suas culturas associativas diante da política

    republicana oligárquica entre 1920 e 1930. Interessa entender de que modo ostrabalhadores constituíram formas de organização social, defenderam seus direitos pormelhores condições de vida e trabalho, e participaram do sistema político oligárquico nas

     brechas deixadas pelas disputas de partidos e facções da I República. Deste modo,convém por em revisão o conceito de coronelismo, cunhado por uma historiografia quesempre caracterizou a política republicana brasileira entre 1889-1930 como umaexperiência excludente, em que os poderosos sempre exercem o poder de modo absolutoe os de baixo possuíam pouca margem de atuação no mundo do trabalho e da política.Utilizamos como fonte para este trabalho atas de sociedade proletárias e patronais,

     jornais, cartas de operários e literatura.

    As relações de trabalho com inserção da fruticultura irrigada no perímetro irrigadoSenador Nilo Coelho- Núcleo 04, Petrolina- PEMariana Ramalho Dantas (Colégio Saberes da Vitória)Resumo: Este estudo trata sobre as alterações nas relações de trabalho com a inserção dafruticultura irrigada no Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho, especificamente o

     Núcleo 04 (N4), localizado na zona rural do município Petrolina-PE. E tem como objetivocompreender o desenvolvimento da fruticultura irrigada a fim de demonstrar os reflexosdas transformações nas relações de trabalho a partir do agronegócio no N4 e a percepçãodos espaços socioculturais do núcleo. No decorrer da pesquisa foram observadas as razõesque determinaram a intensificação do sistema capitalista no espaço rural, visto que a

    globalização modificou as relações de trabalho principalmente no núcleo N4. É salutardestacar que essas relações são tratadas de forma diferente por povos e nações,classificadas muitas vezes como uma evolução das relações de trabalho entre empregadose empregadores, ao longo do tempo. Tais alterações podem ser identificadas também, a

     partir da instalação dos latifúndios. A principal fundamentação teórica e metodológicadeste trabalho é a dialética materialista, faz-se o uso de referências como Caio PradoJúnior, Manuel Correia de Andrade, Milton Santos e outros autores, que buscaram atravésdo marxismo novas alternativas para uma sociedade capitalista em crise e trouxeram umanova óptica para interpretar a geografia uma vez que ela era voltada para quantificar osinteresses do Estado. O desenvolvimento do espaço rural mostra os reflexos do processointensivo de modernização do campo onde passam a ocorrer mudanças nos padrões de

     produção, atendendo ao mercado interno e externo, atraindo um grande contingente detrabalhadores para os latifúndios, como é o caso do Perímetro Irrigado N4. A partir do

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    25/96

     

    24 

    desenvolvimento da modernização agrícola as técnicas usadas pelos pequenos proprietários foram modificadas para atender a demanda do mercado consumidor e a praticidade proporcionada pela tecnologia. Segundo Andrade (1987, p.116) “odesenvolvimento industrial passou a exercer grande impacto sobre a natureza e asociedade degradando e dilapidando os recursos naturais”.  Para Prado Júnior (1976,

     p.29), “a grande propriedade fundiária surgiu integrada a um vasto empreendimentocomercial destinado a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveitodo comércio europeu”.  Vale ressaltar que os grandes latifúndios são ostentados a partirde interesses políticos favorecendo uma classe em detrimento de outra, ou seja, osindivíduos que não conseguem acompanhar a modernização agrícola foram expropriadosou tiveram que vender suas terras e posteriormente passaram ser explorados pelo capital.

    24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

    Com muita fé e muita luta: as campanhas salariais e a conquista dos direitos doscanavieiros de Pernambuco durante os anos 80.

    Marcela Heráclio Bezerra (IFPE Campus Ipojuca)Resumo: Os trabalhadores canavieiros de Pernambuco, ao longo do decênio de 1980,forjaram-se como uma classe portadora de interesses coletivos. Homens e mulheresafirmaram-se enquanto sujeitos sociais atuantes na realidade histórica, marcada porvitórias e derrotas. Através de manifestações públicas, passeatas, deflagração demovimentos grevistas, impetração de processos trabalhistas na Justiça do Trabalho, aclasse canavieira buscou, a partir dos condicionantes históricos aos quais estavamatrelados, caminhos para a superação das desigualdades sociais. Foi nesse ambiente queos canavieiros auxiliados pelas entidades classistas, promoveram o embate contra asclasses patronais, resistindo às ações arbitrárias dos empregadores e solidarizando-se comos demais trabalhadores da categoria, reconhecendo-se e conscientizando-se enquantoclasse social. Dentre os direitos conquistados destacaram-se, o descanso semanal e fériasremunerada, a indenização na rescisão de contrato de trabalho por tempo, direito à sítio,a garantia da conservação das casas por parte dos empregadores, salário família, por cadafilho menor de 14 anos aos trabalhadores e trabalhadoras, o fornecimento gratuito pelosempregadores de água limpa e fria aos trabalhadores nos locais de trabalho, ofornecimento obrigatório de transporte gratuito em condições de segurança; a proibiçãode distribuição de serviços de aplicação de agrotóxicos, pesticidas e herbicidas aosmenores, mulheres gestantes e trabalhadores com mais de 50 anos, garantia do emprego

     para a mulher gestante, que após 120 dias de licença, as mulheres não poderiam serdemitidas antes de cumprido 90 dias de trabalho. As campanhas salariais realizadas ao

    longo dos anos 80 foram importantes para trazer a cena política os trabalhadores dentroda conjuntura nacional de redemocratização. Organizados pelo sindicalismo rural emPernambuco, os canavieiros direcionaram suas lutas, sobretudo, para as questões salariais,fundamentais para a categoria que sobrevivia numa realidade de carência materialconstante, e para as conquista e garantia de direitos trabalhistas, sociais, previdenciáriose políticos.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    26/96

     

    25 

    Mobilização, formas de atuação e construção de uma memória dos conflitos sociais:trabalhadores rurais do Norte da Zona Canavieira de Pernambuco (1980-1997)SAMUEL CARVALHEIRA DE MAUPEOU (Universidade Estadual do Ceará-UECE)

    Resumo: Esta comunicação pretende abordar a mobilização e formas de atuação dostrabalhadores rurais do Norte da Zona Canavieira de Pernambuco entre 1980, momentode inúmeros processos na Justiça do Trabalho, e o final dos anos 1990, quando eclodiramintensos conflitos de terra na região. Num primeiro momento, a referência aos processostrabalhistas que antecederam os movimentos de ocupação se deve à necessidade derelativizar o aspecto inovador de suas práticas. Isto por que, quando se deram os primeirosconflitos, desde a segunda metade da década de 1980, já existia toda uma tradição deembates jurídicos nas Juntas de Conciliação e Julgamento implantadas no Norte da ZonaCanavieira de Pernambuco, em municípios como Nazaré da Mata e Goiana. Em grandemedida, se as ocupações posteriores vieram à tona, isto se deveu a um longo processo deesgotamento do recurso à Justiça Trabalhista, à sua morosidade, à sua parcialidade e ao

    ínfimo ressarcimento obtido ao final pelos reclamantes. Além disto, esta comunicação pretende ainda analisar a construção de uma memória pelos atores sociais quevivenciaram esses conflitos de terra. Por um lado, será observado o ponto de vista dosmembros que compunham as organizações de apoio (CPT, STRs e FETAPE) e que

     prestavam importante assistência aos trabalhadores rurais envolvidos nos conflitos deterra da região. Esta é a visão daqueles que participaram intensamente do conflito, masque não compunham propriamente o grupo dos trabalhadores rurais diretamenteinteressados na obtenção das terras reivindicadas. Por outro, será analisada também avisão dos próprios trabalhadores rurais que constituíam os movimentos de ocupação.Estes constroem uma percepção diferente, muitas vezes mais realista, das mobilizações eformas de atuação que desenvolveram, ressaltando as dificuldades vivenciadas. Por fim,será feita igualmente uma análise da percepção que tinham os jornais à época dosacontecimentos. Esta era motivada pela visão dos setores mais conservadores dasociedade, intimamente implicados com os interesses econômicos, comerciais eindustriais e, portanto, favoráveis aos latifundiários detentores dos engenhos ocupados.Em síntese, para a realização deste estudo, foram utilizados como fonte de pesquisa:

     processos trabalhistas da 6ª Região do Tribunal Regional do Trabalho (1980-1985);notícias do Jornal do Commércio e Diário de Pernambuco sobre os conflitos de terrainiciados em 1986 e que se estenderam pela década de 1990; processos de desapropriaçãoe assentamento do INCRA (1986-2000); por fim, depoimentos orais de membros dasorganizações de apoio (Comissão Pastoral da Terra, STRs e FETAPE) e dos próprios

    atores dos movimentos de ocupação do Norte da Zona Canavieira de Pernambuco.Trabalhadores numa usina de açúcar no Recôncavo baiano (Anos 50-70)Tatiana Farias de Jesus (Secretaria de Educação do Estado da Bahia)Resumo: O presente trabalho propõe um estudo balizado na História Social do Trabalhosobre o cotidiano profissional de uma usina de açúcar localizada no Recôncavo baiano,conhecida como Aliança, construída em 1892 e existente até os dias atuais como uma dasúnicas no Estado da Bahia. Para isso, dispomos de uma série de documentos a exemplodaqueles referentes à Vara Cível e Acidente no Trabalho da cidade de Santo Amaro (BA),acervo do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar, jornais impressos,documentos do memorial da Justiça do Trabalho. Estas fontes discorrem a respeito dos

    acidentes de trabalho dentro da fábrica, os movimentos de trabalhadores em busca demelhores condições de trabalho e de vida, a produção açucareira, a variação nos preços e

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    27/96

     

    26 

    a carestia deste alimento, além da hegemonia do grupo S.A. Magalhães, proprietários dediversas usinas no Recôncavo da Bahia.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    28/96

     

    27 

    ST 08) Religiões e religiosidades no Brasil

    Coordenação: Ângelo Adriano Faria de Assis, Janaina Guimarães da Fonseca e Silva

    23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

    A Epopeia do Mansinho: o “Boi Santo” do Caldeirão (Crato-CE)ANTÔNIA LUCIVÂNIA DA SILVA (ESCOLA JOSÉ ALVES DE FIGUEIREDO),MARILYN FERREIRA MACHADO (EEF ESTADO DA PARAÍBA)Resumo: Este trabalho relata sobre o misticismo que envolve a figura de um animalchamado Mansinho, o “Boi Santo” da comunidade liderada pelo beato José Lourenço,seguidor do padre Cícero; a qual teve sua existência nos anos de 1894 a 1936. Acomunidade situada inicialmente entre os anos de 1894 a 1926 no sítio Baixa Dantas e

     posteriormente entre os anos 1926 a 1936, ambas situadas em distritos de Crato, passandoa ser essa comunidade conhecida como Caldeirão ou Caldeirão do beato José Lourenço.

    Dentre a trajetória desta comunidade e seu líder, buscaremos destacar a história do “BoiSanto” e compreender como ela foi construída, quais os significados dele para estacomunidade, como os sujeitos externos a esse espaço de vivência “sagrada”: lideranças

     políticas e a igreja católica romanizada se apropriaram deste discurso em torno dasantidade do boi. Destacaremos ainda os sentidos sociais, simbólicos e o espaço para ossujeitos históricos do período. Para melhor compreendermos esse momento histórico nosapoiamos na História Cultural dialogando com as fontes primárias e secundárias taiscomo: músicas, documentários, recortes de jornais, relatos de contemporâneos eremanescentes presentes na bibliografia consultada. A partir do que foi apontado sobre oestudo do espaço no tempo delimitado, pudemos perceber que foram levantados diversosaspectos sobre a comunidade como: político, social, econômico, entre outros. No entantoqueremos enfatizar a sua perspectiva religiosa, em especial por ser considerada umaespécie de catolicismo popular.

    Pernambuco Inquisitorial: da repressão à mobilidade social, os Familiares do SantoOfício na “Terra do Açúcar” (1654- 1750)Davi Celestino da Silva (Graduado da UFRPE)Resumo:  O zelo pelos domínios e possessões que possuíam os monarcas ibéricos notocante à expansão territorial de seus impérios encontrou sentido diante a constante

     preocupação causada pela falta de ordem em matéria espiritual e social que fora registrada pelos primeiros jesuítas enviados à América portuguesa. Além das informações

    registradas pelos inacianos, a tal preocupação dos governantes ibéricos também encontraeco diante o crescimento do protestantismo e o calvinismo na Europa, econsequentemente sua proliferação alcançando os domínios ibéricos. Para tanto não foraum simples acaso toda a dinâmica sistemática para a chegada em fins do século XVI da

     primeira visitação do Santo Ofício às partes do Brasil Colônia. Regiões de grande pujançaeconômica como as capitanias de Pernambuco e Bahia estiveram sob intervenção da

     justiça inquisitorial, fato este creditado principalmente a grande presença de povos judeus. Além do fito repressor judaico, os homens da justiça da fé também estiveram afrente de grandes adversidades como o combate as religiões de matriz africana. Entretantoo combate às práticas religiosas destoantes do catolicismo na América Portuguesa,especificamente na Capitania de Pernambuco, espaço de nossa pesquisa no período em

    apreço, nos revela algo a mais no cotidiano dos Familiares do Santo Ofício que aquiatuaram, a busca pela distinção social.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    29/96

     

    28 

    24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

    O Xangô pernambucano: Um ensaio de classificação no século XXI.Pedro Henrique de Oliveira Germano de Lima

    Resumo: O culto das diversas divindades africanas no Brasil  –  voduns, inkices e orixás –   remota ao século XVII. Atualmente, tais cultos são conhecidos de diversas formas(Xangô, Candomblé, Batuque etc.) apresentando distanciamentos e aproximações uns dosoutros bem como as correspondências africanas que, dentre outras coisas, lhe servemcomo fontes de legitimação frente aos concorrentes e outros setores da sociedade.Somando a esse fato, tais cultos aglutinaram em sua liturgia, elementos de outras religiões(catolicismo, religiões ameríndias, kardecismo etc.) que contribuem para a pluralidade emanutenção da religião na atual sociedade brasileira. A proposta do artigo é elaborar umaclassificação –  no plano dos Tipos Ideais - do culto aos orixás em Pernambuco com afinalidade de um recurso heurístico para futuras pesquisas bem como para mostrar as

     peculiaridades do Xangô pernambucano em relação às demais religiões de matriz africana

    e ainda deslindar sobre a dinâmica dos cultos na sociedade que o cerca.

    Representações da África nos terreiros de Candomblé de Sátiro Dias.  Washington Flavio Carvalho da Cruz (Colégio Democrático Estadual P. E. Santos)Resumo: De que forma é possível identificar representações da África nos terreiros decandomblé de Sátiro Dias? As representações sociais sobre o candomblé foi constituídaao longo da história sob a égide de ideário racista e segregador, postuladoepistemologicamente a partir dos alicerces evolucionistas do séc. XVIII, e dado suacontinuidade através do processo de formação histórico-social do povo brasileiro.Proponho neste trabalho uma discussão que permeia a história do Candomblé e de comoa África é vista e representada através dele, para os seus praticantes ou não. Ametodologia utilizada baseou-se em análise bibliográfica, bem como pesquisa de camponos terreiros de Sátiro Dias.

    Palavras-chave: Candomblé; Sátiro Dias; Representações da África.

    Narrativas orais sobre o processo de morte e morrer em Matriz de Camaragibe-AL(1920-1960)Messias Bernardo da Silva (Prefeitura Municipal de Cortês)Resumo: O texto que se segue é parte de uma pesquisa que venho desenvolvendo na

    Mata Sul de Pernambuco, que tem como objetivo, pensar e historicizar as práticasfúnebres na Zona da Mata Sul de Pernambuco entre 1860-1920, partindo do pressupostode que a morte não é um evento único e homogêneo e que no período pesquisado ela foivivenciada de forma extremamente complexa e multifacetada onde o sagrado e o profanose aproximavam de maneira a se confundir. Uma morte vivenciada, ritualizada por ritosnão institucionalizados, uma religiosidade criada muitas vezes a partir da falta, ou seja,da ausência de lideres religioso (padres/ pastores) na condução a uma “boa morte. 

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    30/96

     

    29 

    ST 11) Patrimônio Cultural e Memória Social

    Coordenação: Bruno Melo de Araújo

    23/07 - Quarta-feira - Tarde (14h às 16h)

    O ACERVO DE CORDÉIS DO CENTRO CULTURAL BENFICA DA UFPE:UMA PROPOSTA DE ANÁLISE TEMÁTICA PARA DIFUSÃO DA COLEÇÃOE DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃOFRANCISCO ARRAIS NASCIMENTO (UNIVERSIDADE FEDERAL DEPERNAMBUCO - UFPE)Resumo:  O Instituto de Arte Contemporânea  –   IAC possui um rico acervo sobre aliteratura popular, principalmente sob a forma de folhetos de cordel. Tal acervo configura-se como registro e se revela como frutífero arcabouço de pesquisa sobre as mais diversastemáticas abordadas em tais documentos. A pesquisa em questão tem por objetivo

    organizar sob a óptica do tratamento temático da informação o acervo do Instituto de ArteContemporânea - IAC, compreendendo e evidenciando as principais temáticas queemergem dos cordéis e dessa forma promover a difusão da cultura popular contida emtais registros. Para tanto parte-se do pressuposto que tais folhetins são suporte e fonte deinformações. A pesquisa em questão fez uso de uma cartografia de documentos além deuma análise documental. Ao termino da análise dos dados percebeu-se que nos grupostemáticos emergentes destacando-se as temáticas cotidianas, onde se pode observar acultura popular manifestada sob sua faceta mais original, a religiosidade, tema esse degrande relevância dentro do contexto cultural do sertanejo e das populações do Nordestedo Brasil entre outros. Ressalta-se que o acervo não é apenas um registro de temáticasvariadas, mas sim uma coleção histórica com cordéis datados de 1912, o que evidenciasua relevância na construção e reconstrução histórica da cultura popular do Nordeste doBrasil como fonte de memória e registro histórico.

    Uma construção de Pernambuco na Coleção BaltarRodrigo José Cantarelli Rodrigues (Fundação Joaquim Nabuco)Resumo: Uma grande quantidade de quadros, gravuras, estampas, fotografias, mapas,documentos e livros, foram coletados pelo Comendador Ferreira Baltar ao longo da suavida e deram origem a uma rica coleção focada em Pernambuco. Esta coleção foiadquirida no final da década de 1920 pelo governo do estado de Pernambuco para comporo acervo do recém-criado Museu Histórico e de Arte Antiga, num momento que o estado

    estava tomado por um caloroso debate acerca da construção de uma identidadelocal.Walter Benjamim afirma que ao se retirar os objetos da circulação comum e os uniratravés de determinadas semelhanças, o colecionador os preserva dentro de um conjuntoúnico formado por ele, a coleção. Ainda segundo o autor, o colecionador colecionaempreendendo uma luta contra a dispersão desses objetos afins, para lembrar-se de um

     passado, o que acaba transformando esta coleção num lugar de memória, no sentido proposto por Pierre Nora. O artigo investiga qual é o elemento comum encontrado entreesses objetos coletados pelo Comendador Baltar e que deram origem a esta coleção. Aconstrução de uma identidade pernambucana que se dá a partir deste acervo fazia partedos discursos governamentais da época, o que levou a sua compra pelo governo do local

     para compor o acervo do Museu Histórico e de Arte Antiga do Estado de Pernambuco.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    31/96

     

    30 

    UM PATRIMÔNIO CHAMADO PERNAMBUCO: ANALISE HISTÓRICASOBRE A POLÍTCA CULTURAL PARA O PATRIMÔNIO CULTURALPERNAMBUCANO (1979 –  2010).Diego Gomes dos SantosResumo:  Este trabalho tem por proposta realizar uma investigação histórica sobre a

     política cultural para o patrimônio de Pernambuco, durante o período de 1979 a 2010, afim de compreender, as estratégias e intencionalidades no processo de institucionalizaçãodos bens patrimoniais pelos aparatos jurídicos e legais. A saber, o Sistema Estadual deTombamento, para os bens materiais, criado pela Lei nº 7980/79, de 18 de setembro de1979, e o Sistema Estadual de Registro, para os bens imateriais, criado pelo Decreto nº27.753, no dia 18 de março de 2005. A escolha do recorte temporal se da pelo fato de queé nesse período que ocorreu todos os processos de patrimonialização a nível estadual. Aoentender, assim como Lia Calabre (2009) políticas culturais como um conjunto de açõeselaboradas e implementadas de maneira articulada pelos poderes públicos dentro docampo do desenvolvimento simbólico, falar em patrimônio cultural pernambucanoimplica compreendê-lo como produto dos significados e valores atribuídos pelos

    membros da comunidade imaginada (ANDERSON, 2008) chamada Pernambuco a umdeterminado bem cultural que, portanto, vem a ser considerado importante para aconstituição da memória social e para a identidade cultural pelas qualidades que lhes sãooutorgadas Nesse âmbito, Le Goff (1990: 476) afirma que “a memória é um elementoessencial do que se costuma chamar de identidade, individual ou coletiva, cuja busca éuma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades hoje, na febre e naangustia”. Esse processo não ocorre sem conflitos visto que determinar o que é digno de

     preservação entre uma vasta gama de bens culturais existentes é uma decisão político-ideológica, e não apenas técnica, que reflete valores e opiniões sobre quais bens merecemser eleitos para representar a cultura pernambucana, ainda que, na realidade, apenas uma

     pequena parcela dessa cultura. Como lembra Roger Chartier (1990: 17) “asrepresentações do mundo social assim construídas embora aspirem à universalidade deum diagnostico fundado na razão, são sempre determinados pelos interesses do grupo queas forjam”. Portanto, para a análise do processo de valoração dos bens culturais que forameleitos para constituir o patrimônio que hoje conhecemos como Pernambuco, analisamosalguns processos de Tombamento e Registro realizados pelos poderes públicosresponsáveis por sua construção. Especificamente, o processo de Tombamento do terreiroObá Ogunté, um dos primeiros terreiros de xangô do Recife e representante das religiõesde matrizes africanas, em 1985, por ter sido um caso excepcional na prática doTombamento no estado. E o processo de Registro do Bolo de Rolo por ser apontado porseus promitentes como iguaria autenticamente representativa da culinária pernambucana.

    Reservatórios do passado: geopolítica e poder nos espaços públicos de memória emPetrolina e JuazeiroElson de Assis Rabelo (Universidade Federal de Pernambuco)Resumo:  Este trabalho pretende fazer uma breve discussão sobre os acervosheterogêneos de três espaços públicos de memória: o Museu Regional do São Francisco,em Juazeiro, o Museu do Sertão e o material exposto ao público no Parque JosephaCoelho, em Petrolina. A partir de determinados conceitos, como primitivismo e resgate,e dos enunciados explicativos sobre esses espaços e suas referências políticas às eliteslocais ou ao regime militar, pretendemos discutir os pressupostos geopolíticos e as formasde monumentalização dos artefatos surgidas no final do século XX, os quais demonstram

    uma preocupação com as transformações ocorridas nos espaços do Vale do São Franciscoe o surgimento de determinadas políticas de memória. Seja se apegando à elaboração da

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    32/96

     

    31 

    memória de práticas como a navegação fluvial, seja se inscrevendo nos estereótipos sobreo sertão, esses espaços demonstram as implicações de sua localização e da relação comos agentes sociais que forneceram os objetos museificados, o que acentua sua dimensãogeopolítica.

    Museus em Rede: As coleções criam conexõesBruno Melo de Araújo (Universidade Federal de Pernambuco)Resumo: Este trabalho se debruça sobre o Patrimônio cultural da Universidade Federalde Pernambuco. A necessidade de se salvaguardar a trajetória da universidade,objetivando uma cultura de preservação da memória institucional, com sua conseqüenteutilização são elementos potencialmente importantes para construção de uma política de

     preservação de acervos na UFPE. O projeto de pesquisa Museus em Rede: as coleçõescriam conexões visa identificar e analisar, do ponto de vista da Museologia, os acervosda Universidade Federal de Pernambuco. Em sua primeira etapa este projeto realizouvisitas aos Departamentos/Cursos, afim de investigar os processos museológicosexistentes nos espaços. Nesta verificamos a existência de equipamentos antigos,

    conjuntos documentais, iconográficos, artísticos, acervos didáticos e científicos relativosà História das Ciências e à Memória da UFPE. Para sistematização dos dados serãoutilizados dois instrumentos: a ficha de identificação de Museus/Coleções, com questõesinstitucionais e administrativas do local de guarda do acervo; e a segunda com brevequestionário relativo à caracterização do acervo. Visamos com esta ação subsidiar acriação de um sistema de museus que possibilitem uma conscientização da preservaçãodos espaços de memória e acervos da instituição.

    24/07 - Quinta-feira - Tarde (14h às 16h)

    Festa da Cavalgada em São José do BelmonteJuliana Rodrigues Alves (Colégio Ester Martins)Resumo: Mito, tradição e história são três elementos presentes em 21 anos da cavalgada.Os preparativos mobilizam a cidade durante quase todo o ano, onde a população recontauma história marcante e sangrenta que ocorreu no século XIX. Os figurantesconfeccionam roupas especiais para o evento e as ruas recebem decorações. A Casa daCultura e a Memorial Pedra do Reino ajudam a contar a história da festa e da cidade. O

     presente trabalho se dedica a uma análise da festa da cavalgada que acontecem todos osanos na cidade de São José do Belmonte em Pernambuco, com o objetivo principal decompreender e discutir os processos que levaram a criação da festa. Será utilizado comofonte, o acontecimento do sítio da Pedra do Reino, abordado pelos autores: Valdemar

    Valente em Misticismo e Região e Jaqueline Herman em o Reino do Desejado. Osmétodos dessa pesquisa são realizados através de um levantamento bibliográfico sobre asorigens portuguesas do sebastianismo e suas relações com a zona sertaneja nordestina.Servindo de base fundamental para análise da construção identitária e religiosidade dos

     belmontenses.Palavras-chave: Cavalgada; São José do Belmonte;

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    33/96

     

    32 

    RELIGIOSIDADE RECIFENSE NOTICIADA: A festa de Nossa Senhora doCarmo nos Jornais dos anos de 1920Larissa Carla Oliveira da Silva (Escola Vila Sézamo)Resumo: No século XVI Pernambuco acolheu em suas terras a Ordem Carmelitana que

     primeiro implantou sua Ordem e Convento na Vila de Olinda e pouco depois recebeu daCâmara um terreno em Recife para seu estabelecimento. Os Carmelitas e a devoção a Nossa Senhora do Carmo em Recife logo ganharam a simpatia e as comemoraçõesganhando destaque no calendário dos festejos da cidade. Na década de 1920 mesmo comosanseios de modernização, a tradicional Festa a Virgem do Carmelo ocorria com todasas honras e demonstrações de fé. Através dos periódicos em circulação nos anos de 1920o Jornal Pequeno e o Jornal Diário de Pernambuco foram analisadas as ocorrências dasmanifestações populares durante os dias do novenário em veneração a Excelsa Padroeirada cidade do Recife.

    Eis que surge o Bloco Misto: participação das mulheres no carnaval de rua do Recife

    na década de 1920JULIANA DIAS PALMEIRAResumo:  Resumo: A cidade do Recife, durante a década de 1920, passou portransformações que alteraram a fisionomia da cidade bem como os costumes e oscomportamentos de seus habitantes. A modernidade que anseia o novo e refuta o obsoleto,acaba por invadir o cotidiano da população, de modo a interferir até mesmo na festacarnavalesca. Nesse momento de transformação surgem os Blocos Mistos, estilo deagremiação carnavalesca que tem esse nome por agregar em sua formação homens emulheres. O objetivo desse artigo é procurar compreender quais as circunstâncias levaramao aparecimento e à organização dos Blocos Mistos e identificar qual o diferencial delesem relação as outras formas de brincar o carnaval nas ruas da cidade. Lembrando que asmulheres na década de 1920 passam a ter as possibilidades de circulação pelas ruas dacidade ampliadas, também é foco deste texto procurar apreender as práticas dessasmulheres atuantes na festa.

    Palavras-chave: Bloco Misto; Mulheres; Recife.

    As redes dos irmãos: associações leigas e redes sociais em Pernambuco, séculoXVIII.Henrique Nelson da Silva (Prefeitura Municipal do Recife)Resumo: O presente trabalho tem como tema de pesquisa as irmandades leigas, assim

    nos voltamos para o estudo dessas associações na Capitania de Pernambuco durante oséculo XVIII. Nossa análise tem como foco o estudo das irmandades como espaços políticos onde os diferentes grupos sociais de uma estrutura corporativa se representam,desse modo, as associações apresentam-se não apenas como espaços de congregação dafé cristã, mas como a reunião de múltiplos interesses. Assim, as análises sobre as diversasdimensões as quais as irmandades leigas estavam inseridas, nos possibilitará descortinaraspectos essenciais não apenas das irmandades, mas das dinâmicas das sociedades queviveram no período estudado. Para isso procuraremos enfatizar os papeis das redes sociaisnas composições e manutenção das confrarias, onde exploraremos o nosso estudo acercada Irmandade de São José do Ribamar do Recife. Este trabalho tem como referência adocumentação da Irmandade de São José do Ribamar, pesquisada no Arquivo da 5º

    Superintendência do IPHAN e nos documentos avulsos referentes às associações leigasno Arquivo Histórico Ultramarino.

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    34/96

     

    33 

    Dispositivos de poder e repressão na UFRPE: trajetórias e memórias (1964-1980)Denize Siqueira da Silva (Universidade Federal Rural de Pernambuco)Resumo:  A pesquisa propõe uma revisitação a Universidade Federal Rural dePernambuco nos tempos sombrios da Ditadura Militar e Civil no Brasil. Nosso objetivo

    é compreender os arranjos e funcionamento da Polícia Política nesse espaço a partir dosseguintes questionamentos: que nuances permeram o apoio dado ao Regime Militar poressa Instituição? Por que a UFRPE, principalmente seus agentes foram alvo de repressão?Com o processo de redemocratização do País que identidades a Universidade temformado nas últimas décadas? Com essa proposição ressaltamos os caminhos dametodologia que opta pela história narrativa e oral, privilegiando as memórias coletivas,

     bem como as pesquisas documentais, nas quais a informação ocupa lugar estratégico parareflexão sobre práticas repressivas, o Estado de exceção e seu aparato. Nessa perspectivao aporte-teórico proposto por Giorgio Agambenele, Michel de Certeau, Michel Foucault,Paul Ricoeur e Flávio Heinz represanetam nosso lugar de reflxão. Segundo Agambeneleo 'Estado de Exceção' é uma reconstrução histórica e uma análise da lógica e da teoria por

    trás da sua evolução e conseqüências. De Certeau reforça nossa opção por este tipo deanálise, quando diz que a escrita acumula o produto deste trabalho. Através dele libera o

     presente sem ter que nomeá-lo. Assim, pode-se dizer que ela faz mortos para que os vivosexistam. Logo, pode libertar o historiador para uma análise mais ampla do processohistórico, dando-lhe conjuntamente maior responsabilidade em suas escolhas. Foucaultnos ensina que a informação enquanto um poder-saber, é possível identificar o domínio,a amplitude e o efeito das práticas repressivas a partir do cruzamento das fontes escritas

     produzidas pelos sujeitos embuidos no processo. Ricoeur nos propõe a ideia de se fazeruma fenomenologia da memória, e sua valorização buscando analisar a relação damemória com as imagens. Flávio Heinz em seu livro Por outra história das elites, nos trazuma análise do método prosopográfico que é a investigação das características comunsdo passado de um grupo de atores na história através do estudo coletivo de suas vidas, desuas práticas. Assim, propomos evocar não só as regras de aproximação ou de cruzamentodas séries enunciativas, mas também como estas se excluem, como procuraram produziro silêncio das outras. Cientes de que o conhecimento histórico não é construídounicamente pelo que dizem as fontes, mas as informações das fontes só são incorporadasnas conexões que dão o sentido à história com ajuda do modelo de interpretação. Assim,cabe a nós historiadores, observar não apenas o dito, mas, principalmente o não dito,

     porque é nas entrelinhas da documentação que encontramos as respostas para um novofazer historiográfico.

    Estudos sobre os Currículos do Ensino de História em PernambucoRicardo de Aguiar Pacheco (UFRPE)Resumo: O Observatório do Ensino de História em Pernambuco é uma linha de pesquisaligada ao Laboratório de Estudos Sobre o Patrimônio Cultural e Memória Social queexplora o campo do Currículo e deseja perceber a coerência entre a formação inicial dosProfessores de História, o Currículo de História das escolas, e as demandas das avaliaçõesnacionais tomando como recorte espacial Pernambuco e seus municípios. O debateteórico acerca do currículo aponta para a o deslocamento da centralidade dos saberesdisciplinares para o processo de formação do sujeito (Silva, 1999). Nas políticas públicas

     para educação o currículo deixa de ser uma lista de conhecimentos a serem memorizadose passa a se estruturar por um conjunto de competências e habilidades (Brasil, 1998).

    Deixa de ser uma receita de uniformização social e se torna uma questão identitáriareconhecendo que a escola é formadora do sujeito. As avaliações nacionais em educação

  • 8/17/2019 Caderno de Resumos_x Encontro Estadual de História

    35/96

     

    34 

    têm materializado essa política pública estruturante do currículo da educação no país(Sousa, 2003). De um lado elas indicam qualitativamente quais aprendizagens sãodesejadas; de outro oferecem dados quantitativos sobre o nível de atendimento destasexpectativas. No cenário escolar atual é de se esperar que tanto os currículos das escolasde ensino médio como os currículos dos cursos de formação de professores de história

    façam um esforço de adequação curricular que potencialize a manipulação deinformações históricas em lugar de sua memorização (Pacheco, 2010). Estamovimentação do sistema de ensino tem alterado a forma de organização do trabalhodocente e desafiado os professores, tanto do ensino médio como os formadores, amobilizar os sab