caderno de resumos do iii simpósio de história regional e local
DESCRIPTION
O III Simpósio de História Regional e Local, promovido pelo Programa de Pós-graduação em História Regional e Local (PPGHIS) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), realizado a cada dois anos no Campus V-Santo Antônio de Jesus, encontra-se na sua terceira edição, e tem representado importante espaço de debates e interlocução entre professores-pesquisadores, estudantes de graduação e pós-gradução de diversas universidades da Bahia e de outros Estados do Brasil. Um dos objetivos é o de acessar e estabelecer trocas de conhecimentos, na perspectiva interdisciplinar, sobre temas variados de interesse regional, nacional e internacional que envolvem dimensões sociais, culturais, políticas, econômicas, geográficas, educacionais, visando a intensificação de discussões teóricas e metodológicas, bem como a divulgação de pesquisas e reflexões sobre temas relacionados à História Regional e Local, na perspectiva de avançar-se sobre análises da recente historiografia brasileira e internacional. Por se tratar de um evento que abre um importante leque de reflexões historiográficas, teóricas e metodológicas, o PPGHIS, juntamente com o Departamento de Ciências Humanas do Campus V – Santo Anônio de Jesus, estão empenhados na integração do público docente e estudantil de outras universidades e demais unidades de ensino da região, sejam federais, estaduais e municipais, com a intenção de democratizar o acesso aos debates acadêmicos, de forma a contribuir para a disseminação de conhecimentos qualificados no município e região de Santo Antônio de Jesus. Nesta terceira edição, estão previstos debates em torno dos temas eleitos sobre o Ensino de História, Ensino e História da África e Pesquisa e politica de acervos no Brasil. Para tanto, o III Simpósio contará com Mesas Redondas, Simpósios Temáticos, palestras, exibição de filme e lançamento de livros, com participações de professores-doutores, pesquisadores, cineasta, autores da Universidade do Estado da Bahia e de outras universidades baianas e brasileiras, além de atividades culturais regionais. III SIMPÓSIO DE HISTÓRIA REGIONAL E LOCAL – de 15 a 17/10/2013 LOCAL: Departamento de Ciências Humanas- Universidade do Estado da Bahia, Campus V – Santo Antônio de Jesus.TRANSCRIPT
CADERNO DE RESUMOS
Reitor:
Prof.Lourisvaldo Valentim da Silva
Vice-Reitora:
Adriana Mármori
Pró-Reitor de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação:
Prof.Dr. José Cláudio Rocha
Diretora do DCH V:
Profa.Ms Cláudia Pereira de Sousa
Coordenadora do PPGHIS
Profa. Dra.Sara Oliveira Farias
Vice- coordenadora do PPGHIS
Profa. Dra. Maria das Graças de Andrade Leal
COMISSÃO ORGANIZADORA:
Docentes
Cristiana Ferreira Lyrio Ximenes
Cristina Luna
Edinélia Maria Oliveira Souza
Maria das Graças de Andrade Leal
Nancy Rita Sento Sé de Assis
Priscila Gomes Correa
Sara Oliveira Farias
COMISSÃO CIENTÍFICA
Ana Paula Medicci
Cláudia Pons Cardoso
Clebemilton Nascimento
Cristiana Ferreira Lyrio Ximenes
Cristina Luna
Edinelia Maria Oliveira Souza
Flavio Gonçalves dos Santos
Jânio Roque Barros de Castro
José Jorge Andrade Damasceno
Juvenal de Carvalho Conceição
Miguel Cerqueira dos Santos
Miralva dos Santos
Priscila Gomes Correa
Raimundo Nonato Pereira Moreira
Rosemere Ferreira da Silva
Suzana Severs
Virgínia Queiroz Barreto
Zózimo Trabuco
SECRETARIA
Andréia Lemos Passos
Helder Peixoto da Costa
MONITORES
Adilson Santana Souza
Aline Michele F. M. Pereira
Ana Cláudia A. dos Santos
Carla Virgínia G. Oliveira
Clarice dos Santos Borges
Cristiane Silva Santos
Danilo Ramos S. Gonçalves
Diana de Sousa Santos
Emanuele dos Santos Silva
Iraildes da Silva Queiroz
Jamile Souza dos Santos
Joélia da Silva Melo Pena
Joseane Berhends Santos
Josineide Costa Souza
Juliete Reis dos Santos
Jurahumara Santos Jesus
Leidiane Santos Oliveira
Letícia Pereira Conceição
Marcos Vinicios Nascimento
Milane de Jesus Santos
Paulo Marcos Pereira
Roseane Alves dos Santos
Sandra dos Santos
Taíze dos Reis Souza
Vilmar Ferreira da Silva
Vlademir França Alves
__________________________________________________________
III Simpósio de História Regional e Local 1:2013: Santo Antônio de Jesus de Jesus,BA.
Caderno de resumos do III Simpósio de História Regional e Local. / Universidade do
Estado da Bahia; Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local, Santo
Antônio de Jesus: UNEB, 2013.
132 p.
ISBN:
1. História – congressos. 2. Historiografia.
II. Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Ciência Humana
Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local.
III. Título
_______________________________________________________
APRESENTAÇÃO
O III Simpósio de História Regional e Local, promovido pelo Programa de Pós-
Graduação em História Regional e Local (PPGHIS), em parceria com o Departamento
de Ciências Humanas-Campus V e pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-
Graduação da Universidade do Estado da Bahia, e apoiado pela Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), encontra-se na sua terceira edição e tem
representado importante espaço de debates e interlocução entre professores-
pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, por promover a produção
de conhecimento científico através de apresentação de trabalhos inovadores, que
envolvem temáticas da história social, cultural, política e econômica, oriundos de
diversas instituições de ensino superior da Bahia e do Brasil. Propicia, neste sentido, a
ampliação do diálogo entre os segmentos de pesquisadores da área de história, em
particular, não obstante as presenças de pesquisadores de áreas afins (antropologia,
ciência política, sociologia, educação, letras, geografia), intensificando discussões
teóricas e metodológicas interdisciplinares, bem como a apresentação pública de
pesquisas empíricas sobre temas relacionados à História Regional e Local, na
perspectiva de avançar-se sobre análises da recente historiografia brasileira e
internacional.
Para que melhor possamos acompanhar a programação, neste Caderno de
Resumos está apresentada a composição do evento, na qual estão incluídas quatro
mesas redondas, com participação de professores convidados de universidades
baianas e brasileiras, onde serão debatidas questões relativas à historiografia, história
regional e local, educação histórica, ensino e história da África, pesquisa e política de
acervos no Brasil, além dos nove Simpósios Temáticos que contemplam
comunicações de pesquisas sobre temáticas relativas à região, identidades,
patrimônio, cultura, memória, biografia, relações de poder, sociedade, política, ensino
de história, África, cultura afro-brasileira, gênero, raça/etnia e sexualidade.
A partir de esforços conjuntos, estamos realizando este evento, cujos
resultados serão vivenciados por todos os inscritos, sejam apresentadores de
trabalhos ou ouvintes, durante esses dias. Aproveito a oportunidade de, em nome da
Comissão Organizadora, agradecer a parceria e colaboração da Profa. Dra. Sara
Farias, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local,
de professores, alunos e funcionários que se envolveram na organização deste
Simpósio, ao mesmo tempo em que desejo a todos e todas excelente estadia com
frutíferos resultados acadêmicos, individuais e coletivos.
Profa. Dra. Maria das Graças de Andrade Leal Coordenadora do III Simpósio de História Regional e Local Outubro/2013
1. PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO SIMPÓSIO
15/10/2013 – terça feira
Horário Atividade Local
8:00 –17:00 Credenciamento
Área de Convivência
9:00-9:30 Solenidade de abertura Auditório Milton Santos
09:30-12:30
Mesa Redonda de abertura História regional e local no debate
historiográfico Coordenação: Profa. Dra. Priscila Gomes Correia 1- Prof. Dr. Eudes Fernando Leite – Universidade Federal da Grande Dourados – Mato Grosso do Sul 2- Prof. Dr. Erivaldo Fagundes Neves (UEFS) 3- Prof. Dr. Edson Armando Silva (Universidade Estadual de Ponta Grossa)
Auditório Milton Santos
12:30–14:00 INTERVALO PARA ALMOÇO
14:00-17:00
Simpósios Temáticos
Salas Pavilhão 1 e 2
17:00–18:00
Sessão BATE PAPO COM AUTOR - Prof. Me. Edinaldo Antonio Oliveira Souza - livro “Lei e Costume: experiências de trabalhadores na Justiça do Trabalho (Recôncavo Sul, Bahia, 1940 -1960) – EDUFBA, 2012
- Prof. Dr. Miguel Cerqueira dos Santos - Livro: Turismo em Ambiente Costeiro no Brasil e em Portugal, Eduneb, 2013.
- Prof. Dr. Jânio Roque de Castro - Livro: Da casa à praça pública: a espetacularização das festas juninas no espaço urbano, eduneb, 2012.
Auditório Milton Santos
18:00– 19:00 INTERVALO
19:00-21:00 Mesa redonda Educação histórica: dilemas e perspectivas no ensinar-aprender história. Coordenação de Mesa: Profa. Dra. Cristiana Ximenes (Uneb) 1- Prof. Dr. Paulo Mello – FEUSP 2- Profa. Dra. Tatiana de Lima (UFRB) 3 - Prof. Dr. Leandro A. Almeida (UFRB)
Auditório Milton Santos
16/10/2013 – quarta feira
Horário Atividade Local
8:30-12:30
Simpósios Temáticos
Salas Pavilhão
1 e 2
12:30-14:00 INTERVALO PARA ALMOÇO
14:00-17:00 Mesa Redonda
Ensino e História da África Coordenação: Prof. Dr. Wilson Mattos (UNEB)
1- Prof. Me. Denilson Lessa (UNEB-GT)
2- Prof. Dr. Acácio Sidinei Almeida Santos (PUC/SP; FACAMP - Faculdades de Campinas; Casa das Áfricas-SP)
3-Prof. Dr. Luis Nicolau Parés (UFBA)
Auditório Milton Santos
17:00-18:30 Bate papo com autores / autógrafos Prof. Dra.Kátia Lorena Novais Almeida – livro: Alforrias em
Rio de Contas – Bahia (Século XIX) EDUFBA, 2012.
Auditório Milton Santos
18:30-19:00
INTERVALO
19:00-21:00 Exibição de vídeo documentário
FEMININO CANGAÇO Documentarista Manoel Neto e o diretor Lucas Viana
Auditório Milton Santos
17/10/2013 – quinta feira
Horário Atividade Local
8:30-12:30
Simpósios Temáticos
Salas Pavilhão
1 e 2
12:30 – 14:00
INTERVALO PARA ALMOÇO
14:00-17:00
Mesa Redonda de encerramento
Pesquisa Histórica e política de acervos no Brasil: avanços e dilemas
COORDENAÇÃO: Prof. Me. Marcos Profeta Ribeiro (UNEB)
1- Prof. Dr. Caio Boschi (PUC-MG)
2- Prof. Dr. Flavio Weinstein Teixeira (UFPE-Recife) 3- Profa. Stela Dalva Teixeira Silva (UESC)
Auditório Milton Santos
17:30-18:30 Bate papo com o autor / autógrafos
Prof.Dr.Caio Boschi LIVROS: Por que estudar História? São Paulo: Ática, 2007. Brasil – Colônia nos arquivos de Portugal, Alameda, 2011.
Profa.Dra. Avanete Pereira Sousa
LIVROS: A Bahia no Século XVIII: poder político local e atividades económicas, Alameda, 2012. Poder político local e vida cotidiana: a Câmara Municipal da Cidade de Salvador no século XVIII, Edições UESB, 2013.
Prof. Me. Marcos Profeta Ribeiro Livro: Mulheres e poder no Alto Sertão da Bahia: a escrita epistolar de Celsina Teixeira Ladeia (1901 a 1927), Alameda, 2012.
Prof.Dr. João José Reis
Auditório Milton Santos
18:30 20:30
Coffe Break / apresentação cultural
ENCERRAMENTO
Área de convivência
2. SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
PROGRAMAÇÃO
ST1 – Região, identidades e patrimônio
ST2 – Gênero, raça/etnia e sexualidades na pesquisa: textualidades
acadêmicas, literárias, práticas pedagógicas e ativistas
ST3 - Campos da História Cultural: diálogos interdisciplinares
ST4 – História, memória e (auto) biografia
ST5 – América Portuguesa: cultura, sociedade e relações de poder
ST6 – Experiências de sociabilidades populares na Bahia monárquica e
no pós-abolição
ST7 – Ditadura e transição política na América do Sul
ST8 – Ensino e História da África e cultura afro-brasileira
ST9 – Ensino de História: experiências e reflexões
ST 1 - Região, identidades e patrimônio
Coordenadores: Prof. Dr. Miguel Cerqueira dos Santos (UNEB) e Prof. Dr. Jânio
Roque B. de Castro (UNEB
1. Retratos da Bahia: panorama social e político da cidade de salvador no
século XIX. (Antonio Marcos de Almeida Ribeiro)
2. A proclamação da República pelo viés dos periódicos baianos (Matheus
Berlink Fonseca)
3. Cercas e progresso: cidade cercada e animais fora das ruas (Alcides de Jesus
Lima)
4. Vale o escrito: o Jogo do Bicho na Feira moderna (1940-1960) (Carlos Alberto
Alves Lima)
5. Evolução histórica da rede urbana do recôncavo baiano: a influência dos
meios de transportes na organização da hierarquia urbana (Uelington Silva
Peixoto)
6. Mutações territoriais no município de Santo Antônio de Jesus/Ba: análise
entre gestão, crescimento, ambiente e qualidade de vida. (Miguel Cerqueira
Santos e Alane Pereira dos Santos)
7. Riscos Ambientais e Juventudes no Recôncavo Baiano (Maris Gonçalves
Conceição Santos)
8. O Conselho Estadual de Cultura da Bahia: Patrimônio, intelectuais e
identidade baiana. (1967-1975) (Anselmo Ferreira Machado Carvalho)
9. A atuação do serviço do patrimônio histórico e artístico nacional (SPHAN) na
preservação das igrejas históricas presente nos municípios de Ituberá e
Camamu, estado da Bahia (1937 – 1967) (Vanessa de Almeida Dócio)
10. As novas formas de uso da praça conselheiro Antônio Rebouças no carnaval
de Maragogipe após o registro em patrimônio imaterial da Bahia (Erick Gomes
Conceição/Ramon Andrade de Souza/Dr. Janio Roque Barros de Castro)
11. O Combate dos Soldados das Espadas de Fogo: A Tradicional Guerra de
Espadas de Cruz das Almas-BA (William de Jesus Sodré)
12. As bolsas de mandinga no Brasil Colonial: Demonologia e feitiçaria no século
XVIII (Priscila Natividade de Jesus)
13. A festa de Yemanjá e a Igreja Católica em Salvador: aproximações e
distanciamentos (Fernanda Reis dos Santos)
14. As Artes de Cura no Brasil: de crime de curandeirismo à condição de
Patrimônio Imaterial. (Marina Assunção Gois Rodrigues)
15. Um pedaço da Bahia: um olhar sobre a Região de Mundo Novo. (Lucas Adriel
Silva de Almeida)
16. O leão e os outros animais: luta pela terra no sertão baiano do século XIX.
(Macio Andrade do Nascimento)
17. A Terra e os Homens: estrutura e conflitos fundiários no Portal do Sertão Baiano
na Primeira República (Francemberg Teixeira Reis)
18. Traços de uma região: recôncavo da atividade fumageira (Margarete Nunes
Santos)
19. Reflexões sobre a liderança feminina na comunidade remanescente
quilombola do Tucum/BA (Karla Dias de Lima)
20. Trajetória, Cultura e Identidade na Comunidade Negra Rural de Lagedo -
Mirangaba-BA (Marcelo Nunes Rocha)
21. O mapeamento participativo como uma forma de empoderamento das
comunidades tradicionais. (Maria Valdelice Vieira Santos)
ST 1 - Região, identidades e patrimônio
Coordenadores: Prof. Dr. Miguel Cerqueira dos Santos (UNEB) e Prof. Dr. Jânio
Roque B. de Castro (UNEB
SALA: 8 (Pavilhão 2)
CRONOGRAMA
16.10.2013 (quarta feira)
Horário: 8:30 – 12:30 h
1. Retratos da Bahia: panorama social e político da cidade de salvador no
século XIX. (Antonio Marcos de Almeida Ribeiro)
2. A proclamação da República pelo viés dos periódicos
baianos (Matheus Berlink Fonseca)
3. Cercas e progresso: cidade cercada e animais fora das ruas (Alcides de
Jesus Lima)
4. Vale o escrito: o Jogo do Bicho na Feira moderna (1940-1960) (Carlos
Alberto Alves Lima)
5. Evolução histórica da rede urbana do recôncavo baiano: a influência dos
meios de transportes na organização da hierarquia urbana (Uelington Silva
Peixoto)
6. Mutações territoriais no município de Santo Antônio de Jesus/Ba:
análise entre gestão, crescimento, ambiente e qualidade de vida. (Miguel
Cerqueira Santos e Alane Pereira dos Santos)
7. Riscos Ambientais e Juventudes no Recôncavo Baiano (Maris Gonçalves
Conceição Santos)
8. O Conselho Estadual de Cultura da Bahia: Patrimônio, intelectuais e
identidade baiana. (1967-1975) (Anselmo Ferreira Machado Carvalho)
9. A atuação do serviço do patrimônio histórico e artístico nacional
(SPHAN) na preservação das igrejas históricas presente nos
municípios de Ituberá e Camamu, estado da Bahia (1937 – 1967)
(Vanessa de Almeida Dócio)
10. As novas formas de uso da praça conselheiro Antônio Rebouças no
carnaval de Maragogipe após o registro em patrimônio imaterial da
Bahia (Erick Gomes Conceição/Ramon Andrade de Souza/Dr. Janio Roque
Barros de Castro)
11. Criação da Diocese de Amargosa: Expansionismo Religioso ( Dilma
Filgueiras de Santana)
1710.2013 (quinta feira)
Horário: 8:30 – 12:30 h
1. O Combate dos Soldados das Espadas de Fogo: A Tradicional Guerra de
Espadas de Cruz das Almas-BA (William de Jesus Sodré)
2. As bolsas de mandinga no Brasil Colonial: Demonologia e feitiçaria no século
XVIII (Priscila Natividade de Jesus)
3. A festa de Yemanjá e a Igreja Católica em Salvador: aproximações e
distanciamentos (Fernanda Reis dos Santos)
4. As Artes de Cura no Brasil: de crime de curandeirismo à condição de
Patrimônio Imaterial. (Marina Assunção Gois Rodrigues)
5. Um pedaço da Bahia: um olhar sobre a Região de Mundo Novo. (Lucas Adriel
Silva de Almeida)
6. O leão e os outros animais: luta pela terra no sertão baiano do século XIX.
(Macio Andrade do Nascimento)
7. A Terra e os Homens: estrutura e conflitos fundiários no Portal do Sertão
Baiano na Primeira República ( Francemberg Teixeira Reis)
8. Traços de uma região: recôncavo da atividade fumageira (Margarete Nunes
Santos)
9. Reflexões sobre a liderança feminina na comunidade remanescente
quilombola do Tucum/BA (Karla Dias de Lima)
10. Trajetória, Cultura e Identidade na Comunidade Negra Rural de Lagedo -
Mirangaba-BA (Marcelo Nunes Rocha)
11. O mapeamento participativo como uma forma de empoderamento das
comunidades tradicionais. (Maria Valdelice Vieira Santos)
ST 1 - Região, identidades e patrimônio
RESUMOS
1. Retratos da Bahia: panorama social e político da cidade de salvador no
século XIX
Antonio Marcos de Almeida Ribeiro
O presente trabalho analisa os principais aspectos sobre a constituição da cidade de
Salvador durante o século XIX articulando essencialmente as posições políticas e
sociais. Além de apresentar um panorama acerca do traçado urbanístico, mercado de
trabalho e religiosidade. Revelando assim um microcosmo de pluralismo racial o que é
fundamental para a fixação da personalidade do que é ser baiano. Salvador situava-se
como metrópole regional na qual se concentrava um intenso fluxo de trocas e
redistribuição de mercadorias. Cidade mestiça que também guardava inúmeras
incongruências em suas relações sociais e étnicas. Mais do que uma aglomeração de
construções, pelourinho, marcos arquitetônicos a construção de uma identidade
citadina dependente da pluralidade que a transcende. O ponto crucial é que Salvador
será ao longo de sua existência uma cidade inquietante e revolucionária com o
desenvolvimento de várias ações e discursos em sua dimensão identitária em sua
constituição enquanto patrimônio material e imaterial.
2. A proclamação da República pelo viés dos periódicos baianos
Matheus Berlink Fonseca
Este trabalho analisa os discursos jornalísticos utilizados pelos três jornais de maior
circulação da cidade de Salvador, O Jornal de Notícias da Bahia, A República Federal
e o Diário de Notícias, durante a primeira quinzena após a Proclamação da República
do Brasil. Busco compreender o posicionamento político de cada um desses jornais a
partir das suas orientações políticas, respectivamente, um neutro, um republicano e
um conservador. As principais fontes utilizadas foram os jornais, além dos inquéritos
policiais e textos de Olavo de Carvalho. A metodologia utilizada foi a análise do
discurso e o diálogo com a bibliografia específica sobre o tema da Proclamação da
República como as obras de Jose Murilo de Carvalho para o Rio de Janeiro e Wlamyra
Albuquerque para a Bahia. A pesquisa revelou que o discurso local foi tendencioso
para o republicanismo o que influenciou na difusão dos acontecimentos do novo
sistema de governo na imprensa soteropolitana.
3. Cercas e progresso: cidade cercada e animais fora das ruas
Alcides de Jesus Lima
Este trabalho tem como finalidade analisar as medidas tomadas na década de 1940
pela municipalidade para modernizar a cidade de Itaberaba,Bahia. As principais
medidas adotadas se relacionavam ás práticas cotidianas da população, já que a
cidade foi cercada para proibir a entrada e permanência dos animais no perímetro
urbano. No entanto, os moradores resistiram a todas as medidas desenvolvidas pela
municipalidade, inclusive a adoção de leis que multava aqueles que insistiam nos
costumes contrários a urbanidade. Analisa-se também a introdução de alguns
melhoramentos urbanos visando o embelezamento da cidade, bem como a introdução
de serviços urbanos. O discurso sanitarista também era muito presente e estava
diretamente vinculado as políticas de combate a criação de porcos e cães soltos nas
ruas da urbe. Além disso, faz-se uma breve análise dos serviços de iluminação, já que
sua introdução 1938 contribuiu para o pensamento progressista, adotado pelo
poder público municipal e imprensa.
4. Vale o escrito: o Jogo do Bicho na Feira moderna (1940-1960)
Carlos Alberto Alves Lima
Considerando o jogo elemento constitutivo da cultura nossa atenção se voltará para
uma concepção estrita, interessa-nos o jogo, na forma da jogatina, uma prática lúdica
que de alguma forma proporciona experiências subversivas aos ditames valorativos de
uma sociedade a qual pertence, ou simplesmente uma válvula de escape para
extravagar as emoções latentes. Tomaremos o jogo então, como: “uma atividade ou
ocupação voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e de
espaço. Assim, buscaremos dar conta, aqui, do jogo enquanto fenômeno ocorrido e
localizado na Feira de Santana, entre as décadas de 1940-1960, particularmente no
“Complexo da Rua do Meio”. Momento de grandes transformações na cotidianidade
brasileira, com destaque para a modernização dos costumes e do comportamento, do
crescimento das taxas de urbanização, como também da consolidação de uma nova
etapa do capitalismo e de uma forma de trabalhismo implantado na chamada Era
Vargas. Na urbe feirense moderna se jogava de tudo: carteado, dominó, bingo, roleta,
víspara. De toda a variedade de jogos, optaremos por analisar o “jogo do Bicho”.
Dentre tantos fatores, a escolha deste se deve pela repercussão que essa modalidade
tivera ao longo do período que propomos estudar, sendo alvo da repulsa jurídica e da
defenestração moral da imprensa. Sem contar que no “Complexo da Rua do Meio”
localizava-se grandes pontos de venda dessa loteria.
5. Evolução histórica da rede urbana do recôncavo baiano: a influência dos
meios de transportes na organização da hierarquia urbana
Uelington Silva Peixoto
A lógica capitalista envolve e coordena as dinâmicas do mundo, de uma forma tão
incisiva, que mudanças ocorridas nas esferas econômicas e decorrentes de
modificações técnicas, refletem em toda a dinâmica territorial do espaço. O acelerado
ritmo de mudanças globais tem interferido de forma incisiva nos modos de produção,
nas dinâmicas territoriais e modos de vida da população. Diante dessas mudanças,
pode-se perceber o processo de desindustrialização das cidades e uma ascensão do
setor terciário para atender as necessidades do sistema capitalista de produção.
Assim, a integração regional, por meio das redes urbanas, é responsável pela
polarização e organização espacial. As cidades não conseguem viver isoladas, por
conta disso, se interligam por meio de redes de transportes, comunicações e
comerciais. O Recôncavo Baiano foi palco de intensas transformações na logica da
hierarquia urbana, pois agentes hegemônicos distintos lançaram reflexos no território.
Nessa perspectiva, o presente trabalho se debruça em investigar a influencia dos
meios de transportes na organização da hierarquia urbana do Recôncavo Baiano. No
intuito de atingir os objetivos propostos, os caminhos metodológicos foram divididos
em dois momentos. Primeiramente, foi realiza uma ampla pesquisa bibliográfica,
concentrando-se em obras atuais, construção de fichamentos e resenhas, além de
consultas ao acervo da internet. Posteriormente, foi necessário baixar um banco de
dados no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o qual foi processado
no software Terra View. Dentre outros resultados, foi possível identificar as mudanças
na hierarquia urbana ao longo do tempo, que culminaram numa organização espacial
atual, pautada na maior dinamicidade e dialogo com outras regiões do estado.
6. Mutações territoriais no município de Santo Antônio de Jesus/Ba: análise
entre gestão, crescimento, ambiente e qualidade de vida.
Miguel Cerqueira dos Santos
Alane Pereira dos Santos
As transformações que acontecem com o passar dos anos vão ficando ainda mais
evidentes quando materializadas no espaço, de forma que resultam nas diferentes
paisagens. Todas refletem um modo de vida da sociedade que ali vive. O município de
Santo Antônio de Jesus/Ba não fica fora deste contexto, dado ao fato de que
apresenta-se como um dos mais importantes do Recôncavo Baiano, principalmente
pela sua capacidade em atrair pessoas para o desenvolvimento das atividades
comerciais e de serviços. Observa-se ainda que, nas últimas décadas, o município tem
sido considerado como um grande polarizador tanto pelo oferecimento de serviços,
quanto pela variedade do seu comércio, bem como pela instalação de algumas
indústrias. Partindo de tais propósitos, considera-se importante o entendimento de
como as transformações ocorridas ultimamente interagem mediante ao processo de
interlocução entre planejamento/gestão, crescimento/desenvolvimento, ambiente e
melhoria das condições de vida. Para tanto, busca-se, especificamente, situar o
município de Santo Antônio de Jesus no contexto das modificações territoriais
ocorridas ultimamente no Recôncavo Baiano, estabelecer um paralelo entre os
conceitos de crescimento, desenvolvimento, planejamento, gestão e qualidade de vida
e, por fim, discutir o papel do planejamento frente às discussões propostas
anteriormente. O desenvolvimento desta pesquisa surge da necessidade de contribuir
para o preenchimento da lacuna no tocante a análise da relação entre
crescimento/desenvolvimento, planejamento e qualidade de vida, em Santo Antônio de
Jesus. Este município, nas últimas décadas, vem passando por significativas
modificações territoriais, o que fortalece, ainda mais, a sua capacidade de atração de
pessoas e mercadorias, oriundas de diferentes regiões da Bahia e até mesmo de
outras localidades do Brasil e do mundo. O rápido crescimento observado em Santo
Antônio de Jesus provoca impactos positivos e negativos. Para isso, demanda a
realização de trabalhos desta natureza, com o intuito de contribuir para a elaboração
de políticas públicas, visando novas trajetórias de desenvolvimento.
Palavras-chaves: Santo Antônio de Jesus, crescimento, planejamento e condições de
vida.
7. Riscos Ambientais e Juventudes no Recôncavo Baiano
Miguel Cerqueira dos Santos
Maria Gonçalves Conceição Santos
O presente trabalho tem o propósito de ampliar as discussões sobre os riscos
ambientais e as vulnerabilidades dos jovens, numa das mais importantes regiões do
Brasil, o Recôncavo Baiano. A situação dos riscos passa a ser um assunto de extrema
necessidade, na contemporaneidade. A maneira como as relações territoriais ocorrem,
nas últimas décadas, produz uma paisagem dicotômica. Por um lado, ampliam-se as
inovações tecnológicas, aumentam-se os fluxos de mercadorias e de transportes e
possibilitam-se o acesso ao emprego e a renda, para uma pequena parcela da
população. Por outro lado, encontramos um número significativo de pessoas que
convivem com sérios riscos ambientais, o que demanda reflexões.
8. O Conselho Estadual de Cultura da Bahia: Patrimônio, intelectuais e
identidade baiana. (1967-1975)
Anselmo Ferreira Machado Carvalho)
O presente artigo trata de problematizar a relação entre as noções de patrimônio e
identidade baiana na consolidação das políticas culturais no período da criação do
Conselho de Cultura da Bahia em 1967. Assim, destacam-se como construtores desta
identidade baiana mais voltada para os elementos tradicionais, a exemplo da
referência ao patrimônio arquitetônico, os intelectuais que compunham o Conselho,
nomeados pelo governador do estado e concatenados com as proposituras do
Conselho Federal de Cultura, órgão criado na vigência da ditadura militar no Brasil
9. A atuação do serviço do patrimônio histórico e artístico nacional (sphan)
na preservação das igrejas históricas presente nos municípios de Ituberá
e Camamu, estado da Bahia (1937 – 1967)
Vanessa de Almeida Dócio
O presente artigo aborda a historicidade das políticas e práticas de preservação do
patrimônio histórico-arquitetônico desenvolvidas no Estado da Bahia, a partir do
município de Camamu e Ituberá. Investiga especificamente os limites e alcances das
medidas voltadas para a proteção das igrejas de origem jesuíticas existentes no
território daquela cidade com objetivo de pesquisar de que maneira a implantação de
uma legislação de proteção do patrimônio nacional concebida no âmbito dos poderes
públicos (federal e estadual), no período compreendido entre os anos de 1927 a 1967,
se refletiu em medidas efetivas de proteção ao patrimônio local. Abordando os
elementos justificadores da não salvaguarda das edificações por parte do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), ao mesmo tempo em que se
analisa a atuação das prefeituras municipais no tocante a preservação de seu
patrimônio histórico arquitetônico e da comunidade local na promoção da manutenção
das edificações históricas.
10. As novas formas de uso da praça conselheiro Antônio Rebouças no
carnaval de Maragogipe após o registro em patrimônio imaterial da Bahia
Erick Gomes Conceição*
Ramon Andrade de Souza**
Dr. Janio Roque Barros de Castro***
O carnaval é uma das festividades mais importantes que se tem registro, pela sua
especificidade e valor histórico. Estudos apontam que esta festa tem suas raízes
surgindo desde o ano 3000 a.C. No Brasil essa festividade ocorre nas mais variadas
formas e nos diferentes espaços contribuindo assim para a manutenção da cultura
popular, algumas cidades ganharam destaque com o seu carnaval como o Rio de
Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife e Olinda, as festas nestas cidades ganharam
características de megaeventos. Na cidade de Maragogipe, acontece um carnaval um
tanto quanto diferente do que ocorre na capital baiana. Os mascarados e as
marchinhas são as principais marcas da festa carnavalesca da cidade. Diante de sua
importância cultural, o IPAC¹ registrou o carnaval de Maragogipe como Patrimônio
Imaterial da Bahia no ano de dois mil e nove, estando no livro de registro três, que
abrange as celebrações. Após este registro diversas modificações estruturais
estão sendo percebidas na espacialização da festa. Nessa perspectiva, este trabalho
se propõe a identificar as novas formas de uso da Praça Conselheiro Antônio
Rebouças no carnaval após a festa ser registrada como patrimônio imaterial da Bahia.
Como procedimento metodológico fez-se entrevistas semiestruturadas com seis
moradores locais, observação in lócus, e a análise de fotografias. A pesquisa
identificou que após o registro da festa como patrimônio imaterial da Bahia, houve uma
nova organização espacial do Carnaval de Maragogipe, com destaque para a
concentração da festa na Praça Conselheiro Antônio Rebouças, pois a mesma passa
a dispor de uma maior quantidade de bares e elementos que fixam os brincantes na
mesma, como um coreto móvel tocando marchinhas carnavalescas antigas e um palco
com apresentação de bandas.
11. O Combate dos Soldados das Espadas de Fogo: A Tradicional Guerra de
Espadas de Cruz das Almas-BA
William de Jesus Sodré
A guerra de espadas, também chamada de luta de espadas, é a prática que utilizar
fogos de artifício de Classe A, tradicional na festa Junina da cidade de Cruz das
Almas, tornou-se com passar do tempo parte integrante da cultura da cidade e tendo
sua prática se perpetuado por diversas gerações. O presente artigo procura discutir os
principais aspectos da tradicional Guerra de Espadas de Cruz das Almas na Bahia,
neste sentido, procura apresentar algumas questões essenciais que permeiam esta
tradição centenária. No que se refere à questão da tradição na cidade, o artigo procura
analisar como esta tradição está presente no cotidiano da cidade bem como se dá a
relação com a população local, procurando destacar como a tradicional Guerra de
Espadas possui potencialidades positivas e negativas se colocando neste contexto
social e despertando reações diferentes dentro da população da cidade. O recorte
temporal do presente artigo abrange de 2000 a 2011, período em que através das
pesquisas prévias foi constatada grande repercussão da tradição nos principais
veículos de comunicação da Bahia. Outra questão fundamental para a escolha do
recorte temporal foi a questão da proibição da Guerra de Espadas em Junho de 2011,
que novamente trouxe a questão da tradição para o centro das discussões na cidade.
Dessa forma ainda procuro entender a ligação da festa junina e a Guerra de Espada
demonstrando os processos desta cultura e sua construção dentro da cidade de Cruz
das Almas, no sentido de identificar os sujeitos que estão inseridos nesta tradição e
como estes se posicionam referente à guerra de espada e suas consequências. E
neste sentido o presente artigo se justifica por ter como objetivo principal preservar a
identidade cultural da cidade através das análises e discussões estabelecidas ao logo
do trabalho, trazendo assim a temática para debate e reflexão a respeito de sua
elucidação no contexto analisado, sendo esta questão a principal motivação para
escolha da temática abordada. A metodologia de pesquisa utilizada foi desenvolvida
na forma conceitual e teórica (método histórico), respaldado por pesquisa bibliográfica,
envolvendo a coleta de dados do período observado na pesquisa, (2000-2011), com o
objetivo de análise e compreensão da tradição da Guerra de Espadas, utilizando-se
ainda de fontes orais em um caráter investigativo e analítico a partir dos dados
coletados e das leituras realizadas.
12. As bolsas de mandinga no Brasil Colonial: Demonologia e feitiçaria no
século XVIII
Priscila Natividade de Jesus
O estudo sobre as bolsas de mandinga relacionado com a atuação da inquisição na
repressão e julgamentos de crimes de feitiçaria ganha atenção em nosso trabalho,
pois nos permite estudar acerca do universo religioso e cultural daqueles que
portavam e produziam as bolsinhas de mandinga no Brasil colonial, assim como
discutir a importância dos amuletos e o poder de seu conteúdo para aqueles que os
usavam. Cabe ressaltar que a utilização e crença nas bolsas de mandinga não
estavam apenas entre a população negra colonial, encontrava-se também inserida
entre a população de cor branca mesmo que em menor proporcionalidade. Nosso
estudo se desenvolve a partir do caso de José Martins, negro livre, processado,
julgado e condenado pela Inquisição Portuguesa pelo crime de feitiçaria por portar
uma bolsa de mandinga. Para a inquisição, as bolsas de mandinga eram sinônimo de
feitiçaria e demonologia, sendo assim julgada pelo poder e significado mágico que
representava perante seus usuários, assim como pelo conteúdo que carregava em seu
interior, composto por elementos da igreja católica, sendo os mais comuns orações,
pedra D’ara, hóstias consagradas e sanguinhos. O amuleto também reunia em seu
interior elementos de outras culturas. Deste modo, é interessante se pensar acerca do
sincretismo religioso que se configurara a partir dos elementos que compunham as
bolsas de mandinga.
13. A festa de Yemanjá e a Igreja Católica em Salvador: aproximações e
distanciamentos Fernanda Reis dos Santos
A festividade afro-brasileira que surgiu na manifestação católica. Esta é a
pecualiaridade da Festa de Yemanjá em Salvador,entre os anos de 1924 a 1976. Esta
festa a partir dos anos 1930 passou a acontecer independente do calendário da Igreja
católica. Apesar de o dia 2 de fevereiro ser consagrado a Nossa Senhora das
Candeias, não há nenhuma associação entre o orixá e a Virgem Maria. Mesmo
porque, a escolha pela data foi ocasional, em virtude de que o presente que os
pescadores faziam para ser entregue ao mar, acontecia na chamada segunda-feira
gorda, ou seja, no último dia da festa de Santana. Talvez na tentativa de branquear o
culto à Yemanjá no Brasil, especificamente na Bahia, por vezes encontramos
referências deste orixá à santas católicas. Entretanto, o espaço do culto e a forma de
organização demarcam definitivamente uma separação entre esses dois universos
religiosos. Diante disso, o considero como um culto exclusivo do candomblé, sem
nenhuma relação com o catolicismo. Para tanto, utilizamos jornais locais e cartas
pastorais como fontes fundamentais para esta análise.
14. As Artes de Cura no Brasil: de crime de curandeirismo à condição de
Patrimônio Imaterial.
Marina Assunção Gois Rodrigues
A legislação que criminaliza o curandeirismo tornando ilícitas quaisquer expressões
das variadas maneiras de curar que não fossem a medicina oficial, que consta no
artigo 158 do código penal republicano define como se constituindo em crime
“ministrar ou simplesmente prescrever, como meio curativo interno ou externo, e sob
qualquer forma preparada, substâncias de qualquer dos reinos da natureza, fazendo
ou exercendo assim o ofício denominado de curandeiro\". Em função de planos
higienistas da sociedade, foi coibida qualquer qualidade de expressão da religiosidade
popular, bem como as maneiras de cuidar de si por meio das artes de curandeiros e
benzedores.
O decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, reforça a política de
hegemonização da medicina no Art. 284, onde estipula como crime de curandeirismo
sob pena de detenção: “Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando ou
aplicando, habitualmente, qualquer substância; II – usando gestos, palavras ou
qualquer outro meio; III - fazendo diagnóstico”.
Através de políticas institucionais que revisitam o conceito de patrimônio, ampliando
sua definição, proporcionando o significado de bens intangíveis foi criado o decreto nº
3.551, de 4 de agosto de 2000, voltado ao “Registro de Bens Culturais de Natureza
Imaterial que constituem o patrimônio cultural brasileiro”, onde compreende
“compreende o Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro como os saberes, os ofícios, as
festas, os rituais, as expressões artísticas e lúdicas”.
Desta maneira, a documentação pertinente ao que concerne o patrimônio cultural do
Brasil, que vem sendo atualizada periodicamente, pela primeira vez pode abranger as
expressões culturais das artes de cura. Este trabalho se propõe a realizar uma
percepção do consentimento institucional deste percurso de cultura criminalizada, à
reconhecida em sua importância como testemunhos culturais que compõem o
patrimônio intangível do Brasil, após os exemplos do inventário destas práticas em
dois casos brasileiros: a Farmacopéia Popular do Cerrado e a Rede Fitovida no Rio de
Janeiro.
15. Um pedaço da Bahia: um olhar sobre a Região de Mundo Novo.
Lucas Adriel Silva de Almeida
Com vasto território e parte dele com investigações historiográficas rarefeitas, o estado
da Bahia acaba sendo, ainda hoje, alvo fácil de generalizações feitas sobre sua
estrutura sócio-cultural. Este estudo busca analisar a formação de uma região dentro
do território baiano entre os anos de 1923 e 1937, com o objetivo de compreender
melhor os processos de ocupação do território do estado da Bahia. O processo de
construção desta região teve como coluna dorsal o ramal da linha ferroviária que
penetrou no município de Mundo Novo, dando destaque a três pontos bem específicos
neste contexto as localidades do França, Cinco Várzeas (Piritiba) e Barra. Estas
localidades, que são, dentro do território do município de Mundo Novo, neste período,
os pontos onde passam a funcionar as estações ferroviárias, viram pontos de
referência dentro da nova dinâmica social montada neste espaço. Defendemos,
portanto, que no interior deste município, nesse recorte temporal, criou-se uma região
com uma dinâmica própria, marcada por certas particularidades vinculadas a
implantação do projeto ferroviário neste espaço, um ambiente particular onde as
relações sociais adquirem uma peculiaridade característica desta região: a
complementaridade entre o rural e o urbano.
16. O leão e os outros animais: luta pela terra no sertão baiano do século XIX.
Macio Andrade do Nascimento
No ano de 1850, a Lei de Terras é aprovada após sete anos de debate entre
deputados e senadores. Com o objetivo de regulamentar a aquisição e posse de terras
no Brasil, sua aprovação e aplicação a partir de 1854 ainda hoje geram debates na
historiografia. Para alguns autores, a Lei atendia apenas aos anseios dos latifundiários
substituindo formas consuetudinárias de aquisição de terras exclusivamente pela
compra, além de tentar solucionar a questão da mão-de-obra após a proibição do
tráfico atlântico de escravos. Para outros, de vertente formada em sua maioria por
autores thompsonianos, “as leis expressam a luta entre várias concepções e valores
diferentes” e é através dela que posseiros, agregados e arrendatários encontraram um
território jurídico de defesa de seus direitos a posse da terra. Assim, buscaremos
compreender as formas de resistência, aproximação, construção de laços de
solidariedade e dependência entre os trabalhadores livres e pobres com a elite
regional, através da análise de experiências de luta pela posse e uso da terra na
segunda metade do século XIX, quando a terra deixa de ser domínio da Coroa” e
passa a “domínio público, convertendo-se em mercadoria”.
17. A Terra e os Homens: estrutura e conflitos fundiários no Portal do Sertão
Baiano na Primeira República Francemberg Teixeira Reis
A pesquisa desenvolvida na condição de mestrando do Programa de Pós-Graduação
em História Regional e Local da Universidade do Estado da Bahia (PPGHIS/UNEB),
procura estudar o perfil fundiário e os conflitos relacionados à terra no município de
Feira de Santana na passagem para o século XX. O município de Feira de Santana
localiza-se na região geomorfológica denominada de agreste, uma faixa de transição
entre o litoral e o sertão. Em virtude dessa localização que facilitava a comunicação
com diversas regiões da antiga província da Bahia, o município ganhou destaque na
economia baiana em meados do século XIX no comércio do gado bovino e cavalar,
além do fumo e da farinha de mandioca e, em menor escala, do algodão. A pecuária e
a policultura desenvolvida determinaram na configuração da estrutura fundiária, onde
foi preponderante a existência de médias e pequenas propriedades.
O período recortado pelo estudo contextualiza nas transformações ligadas à transição
do trabalho escravo para o trabalho livre, bem como, na passagem para um novo
regime político, representado pelo fim da Monarquia e o início da República. Estas
mudanças implicaram também nas formas de apropriação da terra e na introdução de
legislações específicas que tentaram superar os antigos problemas fundiários
existentes. Tais fatores foram relativamente percebidos, em seus mais variados níveis,
em todos os espaços agrários do país, sejam nas áreas dedicadas à economia
exportadora, como a então região sul do Brasil, mas também, em regiões onde se
praticou uma economia voltada para o abastecimento e dinamização do mercado
interno, da forma como emergiu o município de Feira de Santana e muitas localidades
do sertão baiano.
Utilizando como fontes registros cartoriais de compra e venda de terras, inventários,
ações de manutenção de posse, ações de demarcação e divisão de propriedades,
além de alguns jornais da época, busca-se, através de uma metodologia quali-
quantitativa, discutir a transferência da propriedade rural, o valor atribuído à terra e as
formas de exploração agrária no município de Feira de Santana nas últimas décadas
do século XIX e primeiras do século XX. Além de estudar os referidos fatores,
defendemos na pesquisa que tanto as formas costumeiras quanto legais de
apropriação da terra, levando em consideração o perfil fundiário no município,
contribuíram para a configuração de um tipo peculiar de conflito, o qual esteve ligado
mais à preservação da propriedade rural do que lutas sangrentas em prol do acesso.
18. Traços de uma região: recôncavo da atividade fumageira
Margarete Nunes Santos
Empreende-se, ao longo deste artigo, apresentar elementos e informações
consideradas pertinentes diante do que compõem uma abordagem regional, a partir da
analise de traços que caracterizaram a região do Recôncavo Fumageiro, explicitando
os aspectos que dinamizaram a região, nas décadas de 1960 a 1980, período esse,
marcado pelo predomínio econômico do cultivo e da manufatura do fumo, obsevados
especificamente a partir de reflexões sobre a produção fumageira no município de
Conceição do Almeida-Ba. Inicialmente se contextualiza acerca dos elementos que
caracterizam uma região, a partir de diversas concepções teóricas, além de discussão
dos elementos socioeconômicos que marcaram a dinâmica regional, suas relações e
implicações na constituição histórica, geográfica e identitária do Recôncavo
Fumageiro. Neste sentido, busca-se problematizar a partir da análise das memórias e
de um diálogo entre as fontes escritas, orais e iconográficas aspectos desta região,
para assim, explicitar as experiências dos sujeitos que vivenciaram esse cotidiano.
19 Reflexões sobre a liderança feminina na comunidade remanescente
quilombola do Tucum/Ba.
Karla Dias de Lima
O presente artigo tem por objetivo refletir sobre a liderança feminina na comunidade
quilombola do Tucum. Localizada em Tanhaçu-BA, na região da Chapada Diamantina,
a comunidade tem marcas da forte atuação política e social das mulheres. As
concepções atuais acerca da história das mulheres e da liderança feminina nos
segmentos populares colaboraram para a análise das especificidades das relações
vivenciadas pelas mulheres do Tucum. A História Oral foi um importante suporte para
a pesquisa, visto que as moradoras dão grande relevância as narrativas locais e estas
se ressignificaram no processo de reconhecimento da comunidade. Com este viés,
pretende-se discutir as estratégias de sobrevivência e militância nas práticas
cotidianas dessas mulheres, como uma possibilidade de reconstruir vivências,
afetividades, ancestralidades, memórias e identidades de gênero.
20. Trajetória, Cultura e Identidade na Comunidade Negra Rural de Lagedo
- Mirangaba-BA
Marcelo Nunes Rocha
O trabalho intitulado "Trajetória, Cultura e Identidade na Comunidade Negra Rural de
Lagedo - Mirangaba-BA" tem como proposta contribuir para o enriquecimento dos
debates teóricos e políticos acerca dos chamados \"quilombos contemporâneos\" e
seus direitos. Estudamos a trajetória de uma das comunidades negras rurais baianas,
no território conhecido por Lagedo, localizado na região do município de Mirangaba,
microrregião de Jacobina-BA. O objetivo da pesquisa foi fazer um levantamento
histórico da trajetória dessa população desde seus primeiros habitantes, procurando
compreender um pouco de suas tradições, costumes, lutas e desafios. Procurou-se
também investigar e instigar o debate acerca da validade epistemológica e conceitual
das terminologias “quilombola”, “remanescente de quilombo”, e “quilombo
contemporâneo”, largamente utilizados pelo discurso oficial do governo, do Movimento
Negro Unificado e de amplos setores do meio acadêmico que se d
ebruçam sobre o tema. Tal problemática nos inquieta porque uma vez que tais
conceitos são pensados e forjados fora do ambiente dessas comunidades, e por
agentes também externos a elas, eles passam a se configurar como identidades
exógenas, que lhes são “fornecidas” verticalmente, pois para ter acesso aos benefícios
do Estado e gozar de seus direitos essas populações se veem “coagidas” a
reconhecerem-se oficialmente como “remanescentes de quilombo”, muitas vezes sem
nenhuma compreensão do significado histórico-cultural e simbólica dessa designação.
21. O mapeamento participativo como uma forma de empoderamento das
comunidades tradicionais.
Maria Valdelice Vieira Santos
Sabe-se que o mapeamento participativo é fundamental para o empoderamento dos
povos tradicionalmente marginalizados, uma vez que eles têm autonomia para mapear
seu território de vivência, podendo destacar os problemas ambientais, sociais e
conflitos pela terra, entre outros fatores que não foram percebidos pelo pesquisar, é
como o próprio lugar se revelasse para o pesquisador, diante das leituras dos mapas
participativos. Neste sentido este artigo visa discutir a importância do mapeamento
participativo para os pesquisadores e para a comunidade, para os pesquisadores por
permite a estes um conhecimento profundo do território estudado que se revela
através da memória local e a compreensão da identidade territorial, já para as
comunidades que se reconheceram através dos mapas, neles encontram um
instrumento de reivindicação social. Percebe-se desta forma que a participação da
população no processo de mapeamento é enriquecedor, uma vez que estes sujeitos
possuem vínculos físicos e subjetivos com o território ocupado, neste sentido cabe ao
pesquisador criar metas que aproximem a comunidade do trabalho realizado na
comunidade, através de uma cartografia participativa.
22. Criação da Diocese de Amargosa: Expansionismo Religioso
Dilma Filgueiras de Santana
Na primeira metade do século XX, há uma reestruturação administrativa da Igreja
Católica no Brasil frente ao Estado laico. O plano elaborado e aplicado é estratégico
tanto politicamente quanto a nível expansionista e de aumento de adeptos, a criação
de novas Dioceses. Implanta-se na pequena cidade de Amargosa, Bahia, em 10 de
maio de 1941 a 5ª Diocese na Bahia. Fatos históricos possibilitam novas
interpretações além daquelas comentadas pelo senso comum e fornecida pelos
membros da Igreja local. A criação da Diocese é nosso objeto de estudo a partir do
contexto histórico vivido pela Igreja no Brasil em meados do século passado. Vamos
buscar novas respostas para entender o motivo da criação da Diocese em uma cidade
considerada ponta de trilho. No contexto político, econômico e religioso que vivia o
país à Igreja não restaria outra alternativa senão a expansão pelo interior do Brasil, tal
fato não acontece por acaso, muito menos a escolha de uma pequena cidade para
sediar uma Diocese que se notabilizou, no contexto regional e baiano, por dois
motivos: o primeiro pela sua extensão territorial, fronteira com o Estado de Minas
Gerais, ao Oeste; ao Sul fazia divisa com Ilhéus, a Leste com a Arquidiocese de
Salvador; o segundo motivo é pelo trabalho pastoral desenvolvido com um viés social
e político naquela época.
ST2 - Gênero, raça/etnia e sexualidades na pesquisa: textualidades acadêmicas, literárias, práticas pedagógicas e ativistas
Coordenadora(r): Profa. Dra. Cláudia Pons Cardoso (UNEB) e Prof. Ms. Clebemilton
Nascimento (UNEB).
1. “Acorda Maria Bonita”, acorda vem catar o café: mulheres de Eunápolis
na plantação cafeicultora (Marta Farias Alves - UNEB - DCHT Campus XVIII)
2. A complexa trajetória da mulher do alto sertão: os limites entre conceitos, condições e realidade (Ivanice Teixeira Silva Ortiz – UNEB)
3. Casamento religioso e civil: algumas das singularidades das famílias no município de itaberaba (1950 – 1980) (Fernanda de Souza Lima - UNEB - Campus V)
4. Traços de uma escrita feminina negra de Conceição Evaristo em cadernos
negros sob o olhar dissimétrico da crítica cultural (Alda Santos Pereira -
UNEB-CAMPUS II- ALAGOINHAS
5. Literatura contemporânea e sua contribuição aos estudos de gênero (Leia
Passos Almeida – Uneb)
6. Transversalizando e Interseccionando o Currículo da Educação Básica
(Silvana Santos Bispo - Secretaria Estadual da Educação – SEC/Ba)
7. O Pensamento das mulheres negras no Brasil na obra O Livro da Saúde
das mulheres negras. Nossos passos vêm de longe. (Izabel da Cruz Santos
- UNEB)
8. “Gueis baianos: rodem a baiana, tudo bem, mas deixem de ser
alienados...”: uma nova postura política homossexual na Bahia – a
fundação do GGB (Ailton José dos Santos Carneiro-UNEB)
9. #NaCamaComOSuperNegãoExperience1 – Imaginário Erótico-Sexual de
um Homem Negro na Bahia do Tempo Presente (Daniel dos Santos –
UNEB-CAMPUS V)
10. Pensamento-Movimento lésbico na Bahia: fios e tramas de um
conhecimento situado. Um projeto em andamento (Zuleide Paiva da Silva-
UNEB)
11. Quando as diferenças invadem a sala de aula: limites e desafios da
docência em oficinas de leitura crítica de imagens no
PIBID/UNEB (Clebemilton Gomes do Nascimento - UNEB)
12. Tecendo ideias sobre Gênero e Sexualidades: Perspectivas discursivas
em Oficinas do PIBID. (Janoelse Lopes de Araújo e Maira Silva de Lima)
13. Interseccionando gênero, raça e diversidade sexual no ensino em Santo
Antonio de Jesus (Cláudia Pons Cardoso-UNEB)
ST2 - Gênero, raça/etnia e sexualidades na pesquisa: textualidades acadêmicas,
literárias, práticas pedagógicas e ativistas
Coordenadora(r): Profa. Dra. Cláudia Pons Cardoso (UNEB) e Prof. Ms. Clebemilton
Nascimento (UNEB).
SALA : 2 (Pavilhão 2)
CRONOGRAMA
15.10.2013 (terça-feira)
Horário: 14h – 17 h
1. “Acorda Maria Bonita”, acorda vem catar o café: mulheres de Eunápolis na
plantação cafeicultora (Marta Farias Alves - UNEB - DCHT Campus XVIII)
2. A complexa trajetória da mulher do alto sertão: os limites entre conceitos,
condições e realidade (Ivanice Teixeira Silva Ortiz – UNEB)
3. Casamento religioso e civil: algumas das singularidades das famílias no
município de itaberaba (1950 – 1980) (Fernanda de Souza Lima - UNEB -
Campus V)
4. Traços de uma escrita feminina negra de Conceição Evaristo em cadernos
negros sob o olhar dissimétrico da crítica cultural (Alda Santos Pereira -
UNEB-CAMPUS II- ALAGOINHAS
5. Literatura contemporânea e sua contribuição aos estudos de gênero (Leia
Passos Almeida – Uneb)
6. Transversalizando e Interseccionando o Currículo da Educação Básica
(Silvana Santos Bispo - Secretaria Estadual da Educação – SEC/Ba)
16.10.2013 (quarta-feira)
Horário: 8:30 - 12:30
1. O Pensamento das mulheres negras no Brasil na obra O Livro da Saúde das
mulheres negras. Nossos passos vêm de longe. (Izabel da Cruz Santos -
UNEB)
2. “Gueis baianos: rodem a baiana, tudo bem, mas deixem de ser alienados...”:
uma nova postura política homossexual na Bahia – a fundação do GGB (Ailton
José dos Santos Carneiro-UNEB)
3. #NaCamaComOSuperNegãoExperience1 – Imaginário Erótico-Sexual de um
Homem Negro na Bahia do Tempo Presente (Daniel dos Santos – UNEB-
CAMPUS V)
4. Pensamento-Movimento lésbico na Bahia: fios e tramas de um conhecimento
situado. Um projeto em andamento (Zuleide Paiva da Silva-UNEB)
5. Quando as diferenças invadem a sala de aula: limites e desafios da docência
em oficinas de leitura crítica de imagens no PIBID/UNEB (Clebemilton Gomes
do Nascimento - UNEB)
6. Tecendo ideias sobre Gênero e Sexualidades: Perspectivas discursivas em
Oficinas do PIBID. (Janoelse Lopes de Araújo e Maira Silva de Lima)
7. Interseccionando gênero, raça e diversidade sexual no ensino em Santo
Antonio de Jesus (Cláudia Pons Cardoso-UNEB)
ST2 - Gênero, raça/etnia e sexualidades na pesquisa: textualidades acadêmicas,
literárias, práticas pedagógicas e ativistas
RESUMOS
1. “Acorda Maria Bonita”, acorda vem catar o café: mulheres de Eunápolis
na plantação cafeicultora
Marta Farias Alves
A temática dessa pesquisa traça o perfil das mulheres colhedoras de café no
município de Eunápolis, mão-de-obra tão expressiva nessa esfera econômica. A partir
das discussões bibliográficas (cf. Soihet, Joan Scott, Eduard P. Thompson, Michel de
Certeau), podemos perceber essas mulheres enquanto sujeitos da sua História,
apresentando estratégias que possibilitam suas vivências e convivências em suas
relações tanto no trabalho, quanto na família. Perceber seus conflitos, as negociações,
resistência, seus poderes e “fragilidades”. Dessa forma as questões que norteiam essa
pesquisa perpassam a divisão, hierarquização social e sexual do trabalho,
apresentando assim, uma abordagem sobre as vivências e experiências, as múltiplas
identidades dessas mulheres que assumiram papéis diferenciados na realidade
eunapolitana. Pautando-se na pesquisa qualitativa utilizamos como aporte
metodológico entrevistas, questionários previamente elaborados, história de vida. Esse
estudo analisa os múltiplos aspectos das vivências das mulheres na atividade
cafeicultora, bem como os desdobramentos das relações de gênero nessa dinâmica e
nesse espaço social.
2. A complexa trajetória da mulher do alto sertão: os limites entre conceitos,
condições e realidade
Ivanice Teixeira Silva Ortiz
Os estudos sobre gênero vêm desconstruindo conceitos, mitos e estereótipos sobre as
mulheres, entre os quais: “animalidade das negras”, “promiscuidade sexual das
solteiras” e “devassidão das viúvas”. Os novos trabalhos permitem reconstruir o
espaço social da mulher, sua trajetória cotidiana, suas relações familiares, atuação no
mundo do trabalho e sua representação social e da justiça. Procura-se paralelamente
romper o estigma da família nuclear, cristã e patriarcal e lançar novos olhares sobre o
próprio conceito de família. Trabalharemos nesta comunicação a mulher dentro e fora
dos contextos oficiais, em diferentes papéis ou condição jurídica: escrava, liberta, forra
e livre, na tentativa de buscar compreender suas práticas cotidianas, suas
experiências de resistência, seus vínculos afetivos, culturais e sua luta pela
sobrevivência no Alto Sertão da Bahia- Caetité 1830-1860.
3. Casamento religioso e civil: algumas das singularidades das famílias no
município de itaberaba (1950 – 1980)
Fernanda de Souza Lima
Este artigo analisa a sociedade de Itaberaba situada no interior do Estado da Bahia
tendo como enfoque questões relacionadas à família e o casamento, entre as décadas
1950-1980. Esses temas nos levaram a analisar comportamentos de gênero
masculino e feminino da época, bem como o significado das práticas desses sujeitos
na sociedade. As fontes utilizadas foram registros de casamento religioso e civil,
existentes na paróquia e no fórum da cidade, além dos jornais Mensageiro da fé,
Semana Católicas e O Itaberaba. Essas fontes e o referencial teórico, no qual
dialogamos, subsidiaram a estruturação desse artigo que nos leva a perceber quais os
principais parâmetros tidos como essenciais para a formação das famílias na metade
do século XX, tendo em vista que, a instituição familiar vem sofrendo significativas
modificações, gera novas expectativas e vivências que atendem os ideais de uma
sociedade que está em constante mudança.
4. Traços de uma escrita feminina negra de Conceição Evaristo em
cadernos negros sob o olhar dissimétrico da crítica cultural
Alda Santos Pereira
Este artigo tem por objetivo apresentar o caminho metodológico para se discutir
acerca da Literatura Feminina Negra numa dissertação intitulada Cânone, Gênero e
Raça: o Contradiscurso Crítico-Cultural de Conceição Evaristo em Cadernos Negros.
Este estudo se aporta em teóricos estudados na disciplina Literatura Comparada, na
linha de pesquisa 1, Margens da Literatura, no Programa em Crítica Cultural, da
Universidade Estadual da Bahia, Campus II. Dentre eles, destacam-se Carvalhal,
Malard, Moreiras, Hall. No estudo dos textos de Conceição Evaristo, pontua-se a
presença do contradiscurso feminino que brada contra a invisibilização, o
encarceramento do ser feminino, a escravização de um corpo a estereótipo. Assim,
este artigo pretende ressaltar a importância de se exercitar uma escuta e um olhar
sensível para outras vozes, muitas vezes silenciadas por um poder hegemônico que
se considera no direito de conceituar o outro, pô-lo num lugar de inferioridade, com o
objetivo de não abalar a ordem, o padrão que a metafísica ocidental estabeleceu como
bom, como correto, como legítimo.
5. Literatura contemporânea e sua contribuição aos estudos de gênero
Leia Passos Almeida
Orientador: Professor Dr. Perminio Souza Ferreira
Os escritores contemporâneos produzem rupturas em suas obras literárias. Tratam de
temas cotidianos, trazem os fatos retratados de forma extremamente realista que
podem levar o leitor que está acostumado com a literatura tradicional, ou seja, aquela
que trata com sutileza (ou não trata) de alguns fatos críticos e de discussões
relevantes à atualidade a rejeitar esse tipo de leitura. O conto Jéssica de Rubem
Fonseca, é um exemplo de literatura contemporânea que narra vários fatos que
podem fomentar importantes discussões voltadas à violência e para as questões de
gênero.
Assim, analisando esse conto, o presente trabalho tem por objetivo discutir quais as
relações de poder estabelecidos por uma sociedade machista, como a mulher se
utiliza do sexo, bem como quais os padrões de mulher e de relacionamento vigentes,
estereotipados ou almejados nesse tipo de sociedade.
6. Transversalizando e Interseccionando o Currículo da Educação Básica
Silvana Santos Bispo
A promulgação da Lei 10.639/03, marcou uma conquista histórica dos diversos
movimentos negros em todo território nacional relacionada às políticas das ações
afirmativas, isto é, de políticas de reparações. Conquistas essas fruto de lutas, críticas
e reivindicações por parte desses sujeitos, para fazer valer a efetivação da história e
cultura africana e afro-brasileira, nos sistemas de ensino no país, que em 2013
completou uma década.
Nessa direção, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia, através da
Coordenação de Educação para Diversidade, Relações Étnico-Raciais e Educação
Escolar Quilombola, está construindo um conjunto de ações para atendimento das
relações étnico-raciais, educação escolar quilombola e gênero e sexualidade. Nesse
sentido, a proposta de comunicação é apresentar um conjunto de ações articuladas
para o fomento, estruturação e o fortalecimento de tais ações para luta anti-racista e
anti-sexista nas unidades escolares de ensino.
7. O Pensamento das mulheres negras no Brasil na obra O Livro da Saúde
das mulheres negras. Nossos passos vêm de longe.
Izabel da Cruz Santos
Neste artigo apresento a cartografia do pensamento das mulheres negras no Brasil
através da literatura, especificamente de uma obra, O Livro da Saúde das mulheres
negras. Nossos passos vêm de longe, organizado por Jurema Werneck, Maisa
Mendonça e Evelyn C. White. A obra é composta por uma coletânea de textos de
ativistas negras do Brasil e dos EUA, revelando uma concepção política diaspórica em
torno de um projeto de justiça social para as mulheres negras. Os textos são
percebidos como fontes, pois os mesmos trazem reflexões de mulheres negras acerca
de suas vivências, permitindo investigar a trajetória de consolidação do movimento de
mulheres negras e de suas perspectivas políticas. Além dos textos, lanço mão de
entrevista realizada com uma das organizadoras do livro com o intuito de entender o
contexto de produção da obra. Como objetivo busco, inicialmente, identificar nos
artigos como o sexismo e o racismo são descritos como marcadores
sociais de exclusão pelas mulheres negras, que deixaram marcas em suas vidas,
porém, as motivaram a questionar a posição social de subalternidade que lhes foi
imposta pela intersecção de gênero, raça e sexualidade. Procuro, ainda, mostrar as
ações desenvolvidas pelas ativistas, visando a transformação social, a partir de suas
experiências de vida nas diversas áreas que escolheram para refletir sobre racismo e
sexismo, como: literatura, saúde, política, religiosidade e ativismo.
8. “Gueis baianos: rodem a baiana, tudo bem, mas deixem de ser
alienados...”: uma nova postura política homossexual na Bahia – a
fundação do GGB
Ailton José dos Santos Carneiro
A fundação do Grupo Gay da Bahia (GGB) nos ano de 1980, em meio à crise do jornal
“Lampião da Esquina” e do grupo “Somos”-SP, deu início a um novo estilo de
militância política homossexual no país, muito mais específica e pragmática, focada na
causa dos homossexuais, direcionando suas ações para além do interior da
sociedade, tendo também como principal alvo o Estado. Essa nova forma de
intervenção política dos homossexuais engendrada pelos militantes baianos foi
propiciada, sobretudo, pelo processo de abertura política do Estado Nacional. Neste
interstício, o Grupo Gay da Bahia se aproveitou das fendas abertas pela
redemocratização do país para dar início a uma nova fase de politização da
homossexualidade na Bahia e no Brasil. Nesse sentido, este trabalho visa discutir
como se deu o processo de fundação do GGB e as novas estratégias políticas
adotadas pelo grupo na luta pelos direitos civis dos “amantes do mesmo sexo” na
Bahia e no Brasil na década de 1980. Para tanto, faz-se uso de uma revisão
bibliográfica acerca da temática, bem como, de uma análise de documentos – estatuto
social do GGB, boletins informativos, jornais da época – que compõem a narrativa
sobre esse passado. Assim como, a utilização de fontes orais. Com isso, trata-se de
mais uma tentativa de inserir a problemática da homossexualidade na historiografia
numa prospectiva de luta contra as práticas e discursos heteronormativos dominantes
na sociedade.
9. #NaCamaComOSuperNegãoExperience1 – Imaginário Erótico-Sexual de
um Homem Negro na Bahia do Tempo Presente
Daniel dos Santos
Esta comunicação compreende um dos resultados do processo de coleta e
armazenamento de depoimentos orais que foi desenvolvido no Núcleo Interdisciplinar
de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros (AFROUNEB) da Universidade do Estado da
Bahia – Campus V, entre o segundo semestre do ano de 2012 e o primeiro semestre
de 2013, período no qual foram desenvolvidas análises e discussões de tal arcabouço
documental que estruturou a monografia de conclusão do curso de Licenciatura Plena
em História NA CAMA COM O SUPER NEGÃO – Erotismo e Sexualidade do Homem
Negro na Bahia do Tempo Presente. O objetivo é tentar diagnosticar as manifestações
dos mitos e estereótipos sobre o erotismo e a sexualidade do homem negro na Bahia
atual a partir de uma investigação pós-colonial do imaginário do Depoente Nº 4,
homem negro, baiano, heterossexual e discente do locus citado anteriormente.
10. Pensamento-Movimento lésbico na Bahia: fios e tramas de um
conhecimento situado. Um projeto em andamento
Zuleide Paiva da Silva
A impermanência como uma lei do Universo é crença individual e coletiva desse
projeto em andamento no DMMDC – Doutorado Multi-Institucional e Multidisciplinar em
Difusão do Conhecimento. Situado no campo dos estudos de gênero e sexualidade, o
estudo é norteado pelo paradigma do “outro”, assumindo como postulado a noção de
que a identidade é relacional, provisória, marcada pela diferença por meio de símbolos
(Hall, 2006). Nessa perspectiva, as identidades sexuais são históricas e culturalmente
específicas, selecionadas de um grande número de identidades possíveis. Os eixos
estruturantes do estudo são produzidos com fios da Ciência Feminista, sobretudo com
fios da critica feminista à Ciência e do Feminismo hetero dissidente, antirracista. O
ponto de partida é o reconhecimento da heterossexualidade obrigatória, do racismo,
do sexismo e do classismo como sistemas que se enlaçam na produção dos sujeitos
(Rich,1980; Wittig, 1981, Walker, 1983, Colins, 1986, Butler, 2003). O problema,
teórico e empírico, consiste em saber como as lésbicas organizadas da Bahia
enfrentam e superam a lesbofobia em suas múltiplas dimensões. Os coletivos de
lésbicas são apreendidos como comunidades epistêmicas, produtoras e difusoras de
conhecimento coletivo, participativo e colaborativo e o ativismo das lésbicas é
apreendido como uma ação de aprendizagem pela diferença. O estudo foca o ativismo
das lésbicas em busca de elementos do projeto político das lésbicas para a sociedade,
de modo a fornecer subsídios para construção de políticas promotoras da cidadania e
dos direitos humanos da comunidade LGBT. O objeto do estudo – ativismo lés –
desdobra-se em analisar o processo de organização das lésbicas da Bahia e as
relações de gênero que constituem essas sujeitos no âmbito dos movimentos
feministas e LGBT. Esse desdobramento do objeto visa contribuir com a reflexão em
torno da (in)visibilidade lésbica, um problema que afeta as lésbicas em diferentes
países. Mantendo resistência aos regimes de normalidades, o estudo reconhece a
necessidade de uma epistemologia do abjeto baseada na interseccionalidade das
categorias de gênero, raça e sexualidade. Seguindo um impulso desconstrutivista, o
horizonte metotológico coloca em questão formas hegemônica de compreender as
desigualdades sociais, negando toda e qualquer matriz essencializadora e
subalternizante que cria um ideal imaginado de coletividade. Apreende as fontes não
como prova, ou verdades, mas como discursos que se conectam uns aos outros na
formação de novos discursos. Sem nenhuma pretensão de “verdade”, a expectativa é
romper o silêncio histórico em torno do ativismo do movimento de lésbicas da Bahia.
11. Quando as diferenças invadem a sala de aula: limites e desafios da
docência em oficinas de leitura crítica de imagens no PIBID/UNEB
Clebemilton Gomes do Nascimento
A sala de aula de leitura na educação básica, contexto da análise aqui proposta, tem
sido marcada muito mais pela normalização, reprodução de desigualdades, vigilância
e governo dos corpos dos sujeitos com vistas à sustentação da heterossexualidade
enquanto norma e ordem social compulsória do que pela emancipação dos sujeitos.
As propostas de leitura parecem fazer valer um acordo tácito de silêncio, dissimulação
e negação a respeito das sexualidades. E quando imagens e representações das
diferenças invadem a sala de aula? A presente comunicação pretende fazer um relato
das experiências de leitura crítica de imagens em oficinas do subprojeto “Lendo
imagens da contemporaneidade: transversalizando gênero, raça/etnia e sexualidades
em aulas de Língua portuguesa no Ensino médio”, integrantes do PIBID-UNEB,
desenvolvidas em duas escolas estaduais parceiras e mediadas por bolsistas de
iniciação à docência. Pretende-se, analisar e refletir nessas experiências as tensões,
limites e desafios de uma proposta de “queering the curriculum”, ou seja, uma
intervenção que pretende levar a experiência do Outro para o centro da sala de aula
de leitura. Para tanto, problematiza-se a “abjeção”, muitas vezes, dissimulada na
invisibilidade das experiências produtoras dos sujeitos, no silenciamento, na
interdição, bem como nos discursos de aceitabilidade.
12. Tecendo ideias sobre Gênero e Sexualidades: Perspectivas discursivas
em Oficinas do PIBID
Janoelse Lopes de Araújo e
Maira Silva de Lima
O presente trabalho faz um relato de experiências do subprojeto do PIBID/UNEB
“Lendo criticamente imagens da contemporaneidade – Transversalizando classe,
gênero, raça/etnia e sexualidades nas aulas de Língua Portuguesa do Ensino Médio”,
coordenado pelo prof. Ms. Clebemilton Nascimento, desenvolvido no Colégio Filinto
Justiniano Bastos, na cidade de Seabra/BA. As ações do subprojeto baseiam-se em
oficinas de leitura crítica de imagens veiculadas em redes sociais. Assim, será
discutido aqui a recepção dos alunos em relação aos temas trabalhados,
especificamente gênero e sexualidades, foco da reflexão. Serão abordados também o
impacto do subprojeto na nossa formação acadêmica e profissional, seus limites e
desafios levando em consideração que o PIBID tem o viés de pesquisa e a prática do
ensino. Seguindo os passos do subprojeto, as mediações das oficinas estão
fundamentadas nos pressupostos teóricos metodológicos trazidos pelos Estudos
Culturais, Teoria Queer, bem como as teorias e pedagogias feministas.
13. Interseccionando gênero, raça e diversidade sexual no ensino em Santo
Antonio de Jesus
Cláudia Pons Cardoso
Nas últimas décadas, a sociedade brasileira tem ampliado as políticas públicas,
visando garantir aos segmentos sociais historicamente excluídos, como mulheres,
negras/os, gays e lésbicas, acesso e exercício pleno dos direitos. No entanto, ainda há
muito a ser feito para realizar a construção efetiva de uma sociedade avessa às
discriminações de gênero, raça e orientação sexual. Tais discriminações continuam a
ser produzidas e reproduzidas na sociedade e em suas instituições, entre elas, está o
sistema educacional. Para além de leis e medidas protetivas que garantam a
eliminação de discriminações e dos tratamentos preconceituosos se faz necessário
promover instrumentos que possibilitem transformação de mentalidades. Neste
sentido, a educação exerce papel fundamental, pois possui potencial para produzir
outra concepção de sociedade através de ações de enfrentamento ao racismo,
sexismo e homofobia. Portanto, reconhecendo a importância do pensamento
educacional como espaço privilegiado para transformação social, desenvolvo projeto
de pesquisa e extensão em Santo Antonio de Jesus com o objetivo inicial de investigar
a forma como gênero, raça e diversidade sexual estão sendo abordados nos cursos de
Licenciatura (Letras, História e Geografia) da Uneb em Santo Antônio de Jesus, bem
como nas escolas públicas do município. Em segundo momento desenvolver
metodologias educacionais inclusivas para serem aplicadas no cotidiano das salas de
aula da educação básica da rede pública da cidade. Por entender a importância de
ações educacionais no campo da formação inicial e continuada para fortalecer a rede
de enfrentamento às discriminações e preconceitos, o projeto propõe, ainda, promover
a formação de facilitadoras/es nas temáticas de gênero, raça e diversidade sexual,
para atuarem nas escolas da rede pública de Santo Antonio de Jesus. Espera-se,
também, realizar o aprofundamento teórico-conceitual das temáticas mencionadas e
estimular a produção e disseminação de conhecimento sobre gênero, orientação
sexual, raça/etnia e reconhecimento das diversidades na UNEB – Campus V. As
matrizes teóricas que sustentam o projeto estão centradas no pensamento de Paulo
Freire e no pensamento feminista negro, a partir de uma abordagem perspectivista.
Tal abordagem inspira as pedagogias feministas, aqui percebidas como alternativas
para a formação docente e para a discussão de gênero, raça e diversidade sexual nas
escolas.
Diante disso, apresento neste trabalho a análise de dados preliminares do projeto de
pesquisa em andamento.
ST 3 - Campos da História Cultural: diálogos
interdisciplinares
Coordenadoras: Profa. Dra. Priscila Gomes Correa (UNEB) e Profa. Dra. Rosemere
Ferreira da Silva (UNEB)
1. “Do Batuque À Apoteose O Samba Pede Passagem.” As Representações
Do Samba E Sua Popularização Na Bahia (Verena Queiroz Cruz Vilela)
2. "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu\": O impacto do trio
elétrico no carnaval soteropolitano (1950-1975) (Rosimario de Aragão
Quintino)
3. O recado do artista: música como instrumento de crítica social (Joelia da
Silva Melo Pena)
4. Toni Tornado: A Performance Musical Como Subversão Sob A Ditadura
Militar (Leidiane Santos Oliveira)
5. Cidade, Memória E Patrimônio Cultural: Um Estudo Sobre As
Filarmônicas Lyra Ceciliana E Minerva Cachoeirana Da Cidade De
Cachoeira (1960-1980) (Melira Elen Mascarenhas Cazaes)
6. A Representação da Mulher Negra em Poesias Eróticas de Miriam Alves
(Elisiane Nascimento Oliveira)
7. Etnia E Gênero: Visibilidade Do Individuo Negro Na Obra “Úrsula” De
Maria Firmina Dos Reis (Adilza dos Santos Braz)
8. A Importância Da Memória Na Obra “Ponciá Vicêncio” De Conceição
Evaristo (Cristielle Santos de Sousa)
9. Eurico Alves Boaventura: um leitor de Eça de Queirós (Rafael Santana
Barbosa)
10. Candomblecistas e Protestantes: Práticas e Representações (Lizandra
Santana da Silva)
11. A presença das práticas religiosas afro-brasileiras na cidade de
Amargosa ( 1940-1980) (Lorena Michelle Silva dos Santos)
12. Tendências atuais e como se usa as histórias nos candomblés de Santo
Amaro, Bahia, Brasil (Hannes Leuschner)
13. O Jornal do Brasil e a Recepção da Tríade Cinemanovista Glauberiana
(Ítalo Nelli Borges)
14. Literatura, História e Memória em La guerra del fin del mundo, de Mario de
Vargas Llosa (Leonardo Guimarães Leite)
15. A ideologia nas narrativas orais produzidas por crianças (Priscila Peixinho
Fiorindo)
16. Altamirando Requião: Um Intelectual Baiano Durante O Estado Novo
(Letícia Santos Silva)
17. Milton Santos: o dever político do intelectual globalizado (Rosemere
Ferreira da Silva)
18. Um novo modelo de intelectual: os liberais da Fundação Saint-Simon
(Priscila Gomes Correa)
19. \"Grito da terra\": Literatura e conflitos sociais nos romances de Ciro de
Carvalho Leite, Feira de Santana (1963-1967) (Roberto Luis Bonfim dos
Santos Filho)
ST – 3 - Campos da História Cultural: diálogos interdisciplinares
Coordenadoras: Profa. Dra. Priscila Gomes Correa (UNEB) e Profa. Dra. Rosemere
Ferreira da Silva (UNEB)
SALA: 3 (Pavilhão 2)
CRONOGRAMA
15.10.2013 (terça feira)
Horário: 14h-17h
1. “Do Batuque À Apoteose O Samba Pede Passagem.” As Representações Do
Samba E Sua Popularização Na Bahia (Verena Queiroz Cruz Vilela)
2. "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu\": O impacto do trio elétrico no
carnaval soteropolitano (1950-1975) (Rosimario de Aragão Quintino)
3. O recado do artista: música como instrumento de crítica social (Joelia da Silva
Melo Pena)
4. Toni Tornado: A Performance Musical Como Subversão Sob A Ditadura Militar
(Leidiane Santos Oliveira)
5. Cidade, Memória E Patrimônio Cultural: Um Estudo Sobre As Filarmônicas
Lyra Ceciliana E Minerva Cachoeirana Da Cidade De Cachoeira (1960-
1980)(Melira Elen Mascarenhas Cazaes)
16.10.2013 (quarta feira)
Horário: 08h30-12h30
1. A Representação da Mulher Negra em Poesias Eróticas de Miriam Alves
(Elisiane Nascimento Oliveira)
2. Etnia E Gênero: Visibilidade Do Individuo Negro Na Obra “Úrsula” De Maria
Firmina Dos Reis(Adilza dos Santos Braz)
3. A Importância Da Memória Na Obra “Ponciá Vicêncio” De Conceição Evaristo
(Cristielle Santos de Sousa )
4. Eurico Alves Boaventura: um leitor de Eça de Queirós (Rafael Santana
Barbosa)
5. Candomblecistas e Protestantes: Práticas e Representações (Lizandra
Santana da Silva)
6. A presença das práticas religiosas afro-brasileiras na cidade de Amargosa (
1940-1980) (Lorena Michelle Silva dos Santos)
7. Tendências atuais e como se usa as histórias nos candomblés de Santo
Amaro, Bahia, Brasil (Hannes Leuschner)
17.10.2013 (quinta feira)
Horário: 8h30 – 12h30
1. O Jornal do Brasil e a Recepção da Tríade Cinemanovista Glauberiana (Ítalo
Nelli Borges)
2. Literatura, História e Memória em La guerra del fin del mundo, de Mario de
Vargas Llosa (Leonardo Guimarães Leite)
3. A ideologia nas narrativas orais produzidas por crianças (Priscila Peixinho
Fiorindo)
4. Altamirando Requião: Um Intelectual Baiano Durante O Estado Novo (Letícia
Santos Silva)
5. Milton Santos: o dever político do intelectual globalizado (Rosemere Ferreira
da Silva)
6. Um novo modelo de intelectual: os liberais da Fundação Saint-Simon (Priscila
Gomes Correa)
7. \"Grito da terra\": Literatura e conflitos sociais nos romances de Ciro de
Carvalho Leite, Feira de Santana (1963-1967) (Roberto Luis Bonfim dos
Santos Filho)
ST – 3 - Campos da História Cultural: diálogos interdisciplinares
Coordenadoras: Profa. Dra. Priscila Gomes Correa (UNEB) e Profa. Dra. Rosemere
Ferreira da Silva (UNEB)
RESUMOS
1. “Do Batuque À Apoteose O Samba Pede Passagem.” As Representações
Do Samba E Sua Popularização Na Bahia
Verena Queiroz Cruz Vilela
A proposta deste artigo é analisar as expressões do samba de roda no Recôncavo
Baiano diante do processo de institucionalização do samba como expressão da
identidade nacional na década de 1930. Região que se tornou um cenário tradicional
de inúmeras festas de negros denominadas como batuques, que de caráter polimorfo
e polissêmico confundiam os responsáveis por seu controle, oferece até os dias de
hoje um testemunho das práticas originais do samba de roda. Diante disso, apresenta-
se uma reflexão sobre as possíveis transformações e resistências que essas
manifestações musicais apresentaram diante do modelo então propagado. Com base
em expressões como gravações de áudio e vídeo, canções, depoimentos, livros,
periódicos e artigos, discute-se os possíveis impactos do modelo proposto, como
também as contribuições culturais e históricas do samba de roda.
2. "Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu\": O impacto do trio
elétrico no carnaval soteropolitano (1950-1975)
Rosimario de Aragão Quintino
O presente trabalho objetiva analisar transformações sociais, culturais e políticas no
espaço carnavalesco soteropolitano nos primeiros 25 anos de participação do trio
elétrico nesse espaço. A partir de análises de jornais soteropolitanos e de músicas
carnavalescas do período que compreende o ano historicamente aceito de ingresso do
trio elétrico no carnaval em Salvador, 1950, e a festa realizada em 1975 em
comemoração ao jubileu de prata do trio elétrico, essa pesquisa visa contribuir para
um maior entendimento acerca das modificações, rupturas e permanências ocorridas
na festa no período analisado. Essa pesquisa possibilitará maior compreensão da
contribuição do trio elétrico para a festa soteropolitana, bem como da dimensão que a
festa carnavalesca soteropolitana possui na atualidade.
3. O recado do artista: música como instrumento de crítica social
Joelia da Silva Melo Pena
A música popular brasileira tem se mostrado uma linguagem artística de grande
popularidade, que frequentemente é utilizada pelos músicos como veículo para
mandarem seu “recado”. A canção consegue incitar comportamentos, expressar
emoções, contar histórias e até descrever fatos. José Miguel Wisnik explica que “a
música popular é uma rede de recados”, ou a forma de expressar a consciência e
desejos tanto do cantor quanto do público. Assim, as canções abordam o cotidiano e
situações da sociedade brasileira como, por exemplo, o racismo, a miséria, corrupção,
violência, política dentre outros. Diante disso, este trabalho tem como objetivo analisar
comparativamente duas canções representativas de períodos históricos cruciais: Pra
Não Dizer Que Não Falei Das Flores, gravada em 1968 por Geraldo Vandré, e Até
Quando? gravada em 2001 por Gabriel o Pensador. A análise das canções
demonstrará que ambas possuem uma problemática em comum, ao chamarem o
ouvinte à luta por seus direitos. Na medida em que abordam temáticas semelhantes,
as críticas à situação social e política do Brasil e possuem grande importância na
história político-social do país, tornando-se representantes dessa rede de interlocução
entre artistas e sociedade brasileira.
4. Toni Tornado: A performance musical como subversão sob a Ditadura
Militar
Leidiane Santos Oliveira
A performance musical sob a perspectiva de crítica social ainda é um tema pouco
discutido nos espaços acadêmicos. Nesse sentido, objetiva-se neste artigo investigar
como a interpretação de Toni Tornado se configurou como uma arma de luta frente ao
governo militar do Brasil. Neste estudo privilegiamos as demonstrações de cultura
negra no V Festival Internacional da Canção, além de estudos que privam por uma
introdução ao movimento Black Power, para então perceber como as performances
deste artista contribuíram para representações dentro do movimento negro no Brasil.
Para tanto, utilizamos como principais fontes de análise: arquivos musicais disponíveis
em meios eletrônicos, registros fonográficos e textos teóricos; para assim perceber os
aspectos que configuram a cultura negra, bem como, a ascensão da figura do
intérprete e sua relevância e/ou possíveis modificações na sociedade inserida no
contexto do artista analisado.
5. Cidade, Memória e Patrimônio Cultural: Um Estudo Sobre As
Filarmônicas Lyra Ceciliana E Minerva Cachoeirana Da Cidade De
Cachoeira (1960-1980)
Melira Elen Mascarenhas Cazaes
O presente trabalho tem como objeto de estudo as filarmônicas Sociedade Cultural
Orfeica Lyra Ceciliana, fundada em 13 de maio de 1870, por Tranquillino Bastos, e a
Sociedade Lítero-Musical Minerva Cachoeirana, fundada pelo maestro Eduardo
Mendes Franco, em 10 de fevereiro de 1878. O foco do trabalho consiste na análise
das filarmônicas nos anos de 1960 a 1980. Mapeamos os eventos nos quais as
filarmônicas participavam, os passeios realizados para diversas localidades e o legado
musical das corporações musicais que antecederam a formação das filarmônicas (as
bandas de barbeiros, as bandas militares, etc.) a partir das apropriações e
resignificações de vários elementos como o uso de instrumentos, uniformes, gestos e
linguagens. As filarmônicas cachoeiranas estavam presentes nos mais distintos
eventos cívicos e religiosos da cidade, como a festa de Nossa Senhora da Ajuda, a
festa de Nosso Senhor do Bonfim, o 25 de junho, procissões, festivais, enterros,
aniversários, entre outros. Inúmeros passeios eram organizados pela própria
filarmônica, nesse caso, as mulheres participavam ativamente das festividades
vinculadas às irmandades religiosas católicas, organizavam passeios a navio para a
festa dos padroeiros de diversas localidades. As filarmônicas tinham grande relevância
na vida cultural, social e política das suas respectivas cidades. Eram instituições que
para além da execução musical representavam espaços de convivência social. Ser
músico era uma opção de futuro profissional para muito jovens e, enquanto
dedicavam-se ao aprendizado musical poderiam concomitantemente exercer outro
ofício. A música é uma conjuntura da socialização que se faz cotidianamente em
grupos de aprendizado, a prática da convivência possibilita a formação de uma rede
de sociabilidades, a diversidades de pensamentos de cidadania e política. Além de
propiciar a inserção dos sujeitos nas práticas culturais da sua cidade, aproximando-os
das tradições do município.
6. A Representação da Mulher Negra em Poesias Eróticas de Miriam Alves
Elisiane Nascimento Oliveira
A investigação científica desse projeto de pesquisa intitulado “A Ressignificação da
Mulher Negra em Poesias de Miriam Alves” é contribuir para a discussão e
desconstrução do estereótipo feminino negro na literatura. Sabe-se que a literatura
afrobrasileira, ainda questionada pelo da cânone literatura brasileira, não apresenta
diálogos plausíveis com literatura feminina negra, que sofreu e, ainda sofre, exclusão
por meio do que se é considerado prestigiado para os padrões literários. Pensando em
como a literatura negra feminina se encaixa nessa discussão, busco analisar a
linguagem da autora Miriam Alves, enquanto escritora, mulher e negra na
representação da imagem do grupo racial negro. Este trabalho pretende discutir
também, com embasamento em teorias que defendam a ressignificação do corpo
negro na literatura contemporânea, as formulações discursivas de Miriam Alves,
enquanto mulher, representada na obra. Percebo que autora apresenta textos com
relevante expressão na literatura afrobrasileira e sinaliza reflexões sobre o contexto
social, político, histórico e de gênero para a elaboração de uma fundamentação
teórica. Para isso, utilizou-se como procedimentos metodológicos, levantamento
bibliográfico, realização de pesquisas em livros, artigos e outros meios de informação
como revistas, jornais, bloggers, sites da internet etc., com posterior análise em
relação aos teóricos consultados.
7. Etnia e Gênero: Visibilidade do Individuo Negro na Obra “Úrsula” De
Maria Firmina Dos Reis
Adilza dos Santos Braz
A autora Maria Firmina dos Reis foi a primeira mulher negra a propagar a literatura
negra no Brasil. Nesse sentido, é importante mencionar que desde a publicação do
romance ÚRSULA até os dias atuais, são muito pequenos os números de escritoras
negras que discorrem sobre o assunto, visto que a literatura afrobrasileira também é
pouco estudada, até mesmo, no meio acadêmico. Assim, o presente trabalho tem
como objetivo principal investigar como Maria Firmina discorre, na sua obra, sobre as
relações etnicorraciais entre o negro e o branco, e ainda, a maneira diferenciada com
que a mulher é retratada no romance ÚRSULA, se comparada aos romances
considerados canônicos. Pretende-se ainda elencar, uma discussão de gênero
ressaltando a maneira pela qual a mulher negra é citada na obra, sem marcas de
estereótipos característicos da literatura considerada canônica. No intuito de atingir os
objetivos propostos no presente trabalho, os procedimentos metodológicos foram
divididos em dois momentos. Primeiramente, foram realizadas leituras de autores
clássicos e contemporâneos, com posterior construção de resumos fichamentos e
resenhas. Na segunda etapa, já com uma base teórica definida, foram realizadas
reflexões e análises da obra de Maria Firmina dos Reis, a fim de proceder uma
investigação mais detalhada. Vale ressaltar que este estudo poderá ser
complementado a partir de algumas concepções teóricas de pesquisadores como:
Barbosa (2007), e Duarte entre outros teóricos que questionam a concepção e
visibilidade do indivíduo negro na literatura.
8. A Importância Da Memória Na Obra “Ponciá Vicêncio” De Conceição
Evaristo
Cristielle Santos de Sousa
Este trabalho refere-se a uma pesquisa em que se propõe analisar o romance
afrobrasileiro PONCIÁ VICÊNCIO, da autora Conceição Evaristo, tendo como enfoque
a importância da memória para a constituição do sujeito feminino. Pretende-se ampliar
os estudos sobre a literatura afrobrasileira a fim de demonstrar a importância deste
campo literário ainda pouco investigado. Também é considerado o estudo da memória,
através do qual a referida obra é constituída. Este projeto possui sua relevância, uma
vez que busca dar abertura à Literatura Afrobrasileira, no que tange aos estudos
científicos, principalmente, das produções da autora pesquisada, sendo por meio
destes que muitos autores e intelectuais negros e negras passam a assumir um papel
literário e social. Para execução deste trabalho estão sendo feitas investigações sobre
as produções literárias da autora Conceição Evaristo, e levantamento bibliográfico de
perspectivas teóricas dentre algumas, (Orlandi, 1993), Dhiel (2002), Luiz Silva (2002),
(Evaristo, 2005), (Chaves e Macedo, 2006), (Florentina Souza, 2006). Para tanto,
espera-se também contribuir para o Grupo de Pesquisa “Literatura e
Afrodescendência” no intuito de se debater e refletir criticamente acerca do referido
tema, e, das questões etnicorraciais de modo geral, tendo em vista a necessidade de
se alargar as investigações e, portanto, trazer e repensar as considerações voltadas
aos estudos afrobrasileiros no contexto da contemporaneidade.
9. Eurico Alves Boaventura: um leitor de Eça de Queirós
Rafael Santana Barbosa
Eurico Alves Boaventura (1909-1974) (poeta, ensaísta e cronista) foi um dos principais
escritores baianos a narrar as transformações sócio-espaciais e modernizadoras na
cidade de Feira de Santana, entre anos de 1938-1967. Cidade natal do poeta, Feira de
Santana foi eleita por ele como capital da civilização sertaneja e síntese do mundo do
pastoreio, sendo objeto de boa parte de suas narrativas. Ao escrever acerca das
alterações nas visibilidades e dizibilidades feirenses, Eurico Alves tem como um de
seus interlocutores o autor português Eça de Queirós (1845-1900), autor do romance
A CIDADE A AS SERRAS (1901), obra intertextualizada por Eurico Alves, a tal ponto
de utilizar em algumas crônicas o pseudônimo de Zé Fernandes (uma das
personagens do romance) e também referências acerca das características citadinas e
campestres contidas na obra do autor português. Apropriando-se das discussões a
respeito dos símbolos de modernização e da vida rural presentes em A CIDADE E AS
SERRAS, Eurico Alves tece narrativas da relação urbano/rural em Feira de Santana.
Identificamos também na escrita euriquiana um itinerário pessoal: o trânsito do jovem
estudante de direito na capital Salvador para o magistrado no sertão baiano. Do uso
do pseudônimo já citado às referências textuais, perpassando a obra citada e o próprio
Eça de Queirós, Eurico Alves escreve sobre urbe feirense e suas transformações, ao
mesmo tempo em que se inscreve nos textos indicando sua passagem das agitações
da capital para o silêncio e melancolia dos sertões. Partindo da leitura de crônicas e
poesias do escritor feirense, este trabalho propõe pensar no diálogo que Eurico Alves
realiza com Eça de Queirós, identificando e problematizando as apropriações
euriquianas do romance A CIDADE E AS SERRAS e sua relação com a escrita de
crônicas e poesias sobre Feira de Santana.
10. Candomblecistas e Protestantes: Práticas e Representações
Lizandra Santana da Silva
Pretendemos nesta comunicação analisar as representações que foram construídas
acerca das religiosidades de matrizes africanas por ex-adeptos do Candomblé, que ao
se converterem às denominações protestantes, em Cachoeira, entre 1980 e 2007
assumiram novos discursos. Para tanto, utilizaremos como fontes: os depoimentos
orais e o JORNAL FOLHA UNIVERSAL. Compreende-se a religião como um elemento
da cultura, assim este trabalho se configura nos marcos da História Cultural, na qual o
conceito de representação de Roger Chartier é de fundamental importância para
entender de que modo os protestantes construíram suas representações a respeito do
universo religioso dos fiéis de matrizes africanas.
11. A presença das práticas religiosas afro-brasileiras na cidade de
Amargosa ( 1940-1980)
Lorena Michelle Silva dos Santos
Este artigo é parte da pesquisa de mestrado, tem por objetivo verificar as formas de
resistência dos adeptos a religiosidade afro-brasileira na cidade de Amargosa com
relação à pressão social exercida pela Igreja Católica e outros setores, entre as
décadas de 1940-1980, já que no período em estudo, a cidade vivenciava a inserção
do bispado em seu território, como também, um contexto de transformações sociais e
culturais. Com base nos depoimentos orais, podemos observar que parte da
sociedade tinha visões e imagens preconceituosas sobre as práticas religiosas afro-
brasileiras, desenvolvidas principalmente pela população pobre e negra da cidade,
como também, dos lugares em que essas práticas eram desenvolvidas. Assim, ao
estarem inseridos em um ambiente adverso aos seus costumes, valores e saberes
culturais e religiosos herdados dos seus antepassados, os sujeitos utilizavam das
“brechas” ou de estratégias para não perderem de vista seus valores culturais e
salvaguardar sua religiosidade, sendo assim, afirmação e consolidação da
religiosidade afro-brasileiro em Amargosa, era desenvolvido a partir dos espaços
forjados tanto dentro da cidade como na zona rural, nesses espaços, os sujeitos
desenvolviam a sociabilidade entre os seus pares que compartilhavam das mesmas
experiências, como também firmavam os elementos simbólicos da cultura afro-
brasileira, seja através do som dos batuques que soava em dias de festa ou pelo
cheiro do azeite de dendê que permeava o cotidiano de alguns lugares da cidade,
mantendo viva a cultura e a religiosidade afro-brasileira e proporcionando
diferenciados traços no contexto religioso da cidade de Amargosa.
12. Tendências atuais e como se usa as histórias nos candomblés de Santo
Amaro, Bahia, Brasil
Hannes Leuschner
Atualmente estou realizando uma pesquisa de campo em Santo Amaro da Purificação
sob o título de “A economia do axé – capital étnico e estratégias dos atores no
candomblé de Santo Amaro, Bahia, Brasil”. Trata-se de uma pesquisa etnológica que
abrange tanto as várias manifestações da cultura afro-brasileira quanto as várias
ofertas no “mercado religioso”, mantendo nisso o foco no candomblé, respectivamente
nos candomblés ou axés das varias casas do candomblé e da assim-chamada
umbanda em Santo Amaro.
Na minha apresentação pretendo mostrar algumas ideias provisórias quanto a certas
tendências atuais que se pode observar no “mundo do axé”. Nomeadamente se trata
de tendências: 1) da Instituionalização, da Politização e da Comercialização; 2) da
Reafricanização e da Folclorização e 3) de certa Masculinização. Vou relacionar estas
tendências com o espetro dos atores e os campos nos quais eles “jogam”, quer dizer:
negociam e estão sendo negociados. Em relação com as citadas tendências e os
atores, vou mencionar algumas "narrativas históricas", das quais esses atores fazem
uso para cimentar as suas posições socioculturais e que, por conseguinte, também
fazem parte de certas táticas e estratégias econômicas e políticas.
Assim os atores de hoje não só fazem a história de amanhã, mas também constroem
a de ontem. Neste ponto entram os historiadores profissionais no discurso, tanto como
pesquisadores, quanto como autores e, finalmente, seja pelos escritos que divulgam,
como atores que tem certo poder de escrever (estabelecer) histórias e a capacidade
de apreciar, criticar, corrigir ou enfocar tais visões do passado.
13. O Jornal do Brasil e a Recepção da Tríade Cinemanovista Glauberiana
Ítalo Nelli Borges
O presente trabalho tem como objetivo explorar as críticas cinematográficas dos filmes
“Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), “Terra em Transe (1967) e “O Dragão da
Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969) contidas no JORNAL DO BRASIL e escrita
por jornalistas especialistas no tema. Os referidos filmes são de autoria do cineasta
baiano Glauber Rocha e fazem parte do Cinema Novo brasileiro, que foi uma corrente
cinematográfica surgida entre 1964 e 1969, possuindo obras marcantes para o cinema
nacional, adotando uma estética cinematográfica inovadora somada a temática
sociopolítica. A intenção aqui é examinar criticamente a maneira que o Jornal do
Brasil, periódico de grande circulação e repercussão no Brasil coloca em debate essas
três produções que tratam de problemas sociais brasileiros. Assim, compreende-se
como um jornal de posicionamento político conservador discute filmes integrantes de
um movimento cinematográfico que originalmente pretendia transformar a sociedade.
14. Literatura, História e Memória em La guerra del fin del mundo, de Mario de
Vargas Llosa
Leonardo Guimarães Leite
LA GUERRA DEL FIN DEL MUNDO (1981) é um romance do renomado escritor
peruano, Mario Vargas Llosa. Nesse texto, o autor retoma um dos temas mais
importantes da história brasileira: a Guerra de Canudos (1896-1897). Configurando-se
como a primeira obra de Vargas Llosa na qual o contexto e as personagens situam-se
para além da realidade do Peru, o romance em questão, utilizou como principal
referência a clássica obra de Euclides da Cunha (1866-1909), OS SERTÕES (1902).
Essa comunicação objetiva discutir alguns aspectos relacionados às motivações
ideológicas, políticas e artísticas de Vargas Llosa na construção do seu romance,
buscando estabelecer, um diálogo acerca do procedimento metodológico utilizado, em
que analisaremos as relações entre história, literatura e memória. Diante disso,
dialogamos com obras literárias, jornais, artigos e entrevistas, na perspectiva de
evidenciar as hibridações entre relatos históricos e narrativas literárias no contexto das
investigações da História Cultural. Finalmente, colocamos em discussão alguns
conceitos como representação, ficção e história – com o intuito de problematizar o
significado das representações de Antônio Conselheiro na literatura e em outras obras
de caráter científico, histórico e memorialístico.
15. A ideologia nas narrativas orais produzidas por crianças
Priscila Peixinho Fiorindo
Considerando que a linguagem é um processo constante de interação mediado pelo
diálogo (Bakhtin), é através dos enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos na
comunicação que construímos o discurso. Tais enunciados são produzidos em
diferentes épocas e refletem o momento sócio-histórico e ideológico de cada
sociedade. Nesta perspectiva, o objetivo é apresentar narrativas orais, a partir da
leitura de imagens, produzidas por crianças de 5 anos de idade, de ambos os sexos,
de classe socioeconômica privilegiada, de uma instituição particular de ensino, na
cidade de São Paulo, a fim de evidenciarmos a relevância do contexto ideológico nas
referidas histórias. Conforme Brandão (2004), o termo ideologia é matizado por
diferentes nuances significativas e disto decorrem muitas controvérsias a seu respeito.
Neste sentido, nos apoiamos em Bakhtin, o qual afirma que a ideologia é como uma
instância dialética é construída sempre na vertente da instabilidade e estabilidade, e
não pela estabilização que vem pela aceitação da primazia do sistema e da estrutura;
ou seja, ele constrói o conceito na concretude do acontecimento, destruindo e
reconstruindo parte da concepção de ideologia marxista – que se refere à falsa
consciência, disfarce da realidade social – ideologia oficial; colocando ao lado desta, a
ideologia do cotidiano. Diante do exposto e com base nos dados analisados,
observamos que as histórias produzidas pelas crianças apresentam um conjunto de
ideias referentes ao contexto sócio-histórico, vivenciado por elas.
16. Altamirando Requião: Um Intelectual Baiano Durante O Estado Novo
Letícia Santos Silva
Esta comunicação tem como objetivo analisar como as narrativas jornalísticas e
literárias de Altamirando Requião foram utilizadas para legitimar o governo de Getúlio
Vargas no cenário politico baiano. Altamirando Requião nasceu em 27 de agosto de
1893, na capital baiana, e diplomou-se em 1910, aos 17 anos, pelo Instituo Normal. No
jornalismo, foi redator, no Rio de Janeiro, de O País, Gazeta de Notícias, e Jornal
Moderno. Na Bahia, tornou-se proprietário do Diário de Notícias entre os anos de 1919
e 1939. Requião foi o primeiro presidente da Associação Baiana de Imprensa. Em
1941, foi eleito membro da academia de Letras da Bahia. No campo politico, Requião
era anti-seabrista, elegeu-se deputado federal em 1934, 1945 e 1950. No espaço
literário, entre diversos livros, destacam-se dois livros de memória: Consciência e
Liberdade (1922) e Brutos e Titãs (1923).Na Bahia, Requião utilizou-se do espaço
jornalístico para legitimar o governo de Getúlio Vargas, apoiar o governo de Juracy
Magalhães e, concomitante, confrontar o grupo baiano denominado os Autonomistas
(grupo contrário à política de Vargas). Destaca-se também que nas páginas do Diário
de Notícias o intelectual utilizou-se de representações anticomunistas para apoiar e
justificar diversas ações do governo central.Durante o Estado Novo, José Carlos
Peixoto Junior destacou que o proprietário do Diário de Notícias assimilou o discurso
de diversos intelectuais que se encarregavam de “pensar” o país naquele momento, a
exemplo de Gustavo Barroso (1888-1959), Oliveira Viana (1883- 1951) e Azevedo
Amaral (1881- 1942). Entretanto, a pesquisa em andamento analisa Requião como um
intelectual que, através das suas narrativas, elaborava e disseminava ideias favoráveis
ao regime de Vargas. Consequentemente, avalia o intelectual como um quadro
influente na Bahia, destacando-se em diversas instituições.
17. Milton Santos: o dever político do intelectual globalizado
Rosemere Ferreira da Silva
O presente trabalho pretende discutir a funcionalidade do conceito de intelectual na
sociedade contemporânea. Questiona-se aqui os modos de intervenção do intelectual
e, consequentemente, suas afiliações com um projeto político e intelectual de critica às
ações orientadas para a produção da pobreza. O pensamento de Milton Santos
representa, no conjunto de sua obra, muito mais do que investigações sobre as
interpretações das ações do sujeito no espaço e no território, ele corresponde,
sobretudo a uma proposta de reformulação de conceitos que foram, ao longo do
tempo, sendo incorporados à pesquisa científica, sem associação com as diferentes
realidades e transformações históricas das sociedades modernas. Da pobreza urbana
à pobreza estrutural globalizada, o intelectual problematiza as várias definições de
pobreza presentes nas articulações discursivas do poder hegemônico, buscando
argumentar que a mudança histórica virá de um movimento de baixo para cima, em
que os atores envolvidos representam um papel, absolutamente, produtivo na
produção do presente e do futuro. Mas, de que maneira pobreza estrutural globalizada
é gerada? E quem, efetivamente, são os pobres nesse processo? A globalização
perversa, segundo Santos, incide diretamente sobre os pobres, que não são, dentro
desse processo, nem incluídos nem marginalizados, são os excluídos das condições
de desenvolvimento social. Para Milton Santos, a função dos intelectuais no mundo
contemporâneo está associada a uma representação de natureza política. Portanto,
seria estranho falar em nome dos pobres ou pelos pobres. Talvez fosse mais coerente
ao intelectual questionar o poder e a autoridade, através do modo como as estruturas
sociais estão politicamente articuladas à vida do cidadão, definindo lugares de fala,
papéis e estereótipos que limitam o pensamento e a comunicação
18. Um novo modelo de intelectual: os liberais da Fundação Saint-Simon
Priscila Gomes Correa
A atividade do intelectual já recebeu as mais diversas definições, seu papel na
sociedade é sempre foco de controvérsias, em função de sua inevitável influência nos
assuntos públicos. Trata-se de um dos principais agentes da “política da cultura”,
como definida por Norberto Bobbio, por isso um sujeito que exerce uma forma de
poder. Neste trabalho analisamos os intuitos que permearam uma tentativa de
redefinição do papel do intelectual na sociedade contemporânea, realizada por
influentes pesquisadores ao longo dos anos oitenta do século XX. Neste período
destacou-se, sobretudo no cenário público francês, um pequeno grupo de intelectuais
com grande aparato institucional. Seus projetos de reforma da sociedade por meio da
análise do mundo contemporâneo causaram grande polêmica devido a aliança com
grandes empresários e industriais. A instituição mais representativa dessa associação,
a Fundação Saint-Simon, revelou-se um projeto político ambicioso e controverso ao
expor a intenção de infiltrar o liberalismo na esquerda francesa.
Surgia, assim, um modelo de grupo de pesquisa que ganharia repercussão em
diversos países, sobretudo naqueles onde projetos neoliberais foram implantados,
como uma grande rede internacional composta por grupos locais aliados para uma
gestão mais eficiente da sociedade. Com a Fundação propunha-se, também, um novo
modelo de intelectual, autônomo, desvinculado de um saber abstrato e, portanto, um
expert. Instrumentos analíticos para resolver problemas concretos e de maneira
objetiva deveriam garantir ao intelectual a legitimidade da ciência e o distanciamento
de suas posições ideológicas. No entanto, embora buscando o menor engajamento
possível, muitos de seus membros colaboraram com o governo, como conselheiros
técnicos ou sendo encarregados de missões.
19. \"Grito da terra\": literatura e conflitos sociais nos romances de ciro de
carvalho leite, feira de santana (1963-1967)
Roberto Luis Bonfim dos Santos Filho
Percebendo ao longo da História as inúmeras tensões e transformações resultantes
das investidas da modernidade e urbanização nos diversos setores sociais da vida
pública no Brasil no fim do século XIX, este trabalho detém seu olhar sobre os
impactos desses dois processos sobre os modos de vida e sociabilidades rurais da
região de Feira de Santana. Como documentação usarei a trilogia de romances do
autor feirense Ciro de Carvalho Leite: Mulheres de vida fácil (1963), Grito da terra
(1964) e Cacimba (1967) respectivamente, e, deste modo, os livros do autor servirão
como fonte para a compreensão do período em questão. Além disso, serão debatidas
questões acerca das fronteiras reais e ficcionais da História, o uso da literatura como
fonte pelo historiador, bem como a tensão entre memória, esquecimento e
silenciamentos na construção da História.
ST 4 - História, memória e (auto) biografia
Coordenadores: Prof. Dr. Raimundo Nonato Pereira Moreira (UNEB) e Prof. Dr. José
Jorge Andrade Damasceno (UNEB)
1. Monumentalizando a si mesmo – a Fundação Osvaldo Sá (Maragojipe-BA) ( Ana Paula Lessa)
2. “O precursor da eugenia no Brasil”: Alfredo Magalhães, um pai abnegado, um exemplar chefe de família, cumpridor de seus deveres, um apóstolo da infância... (André Araújo dos Santos)
3. A “DÁDIVA REDENTORA”: a origem da cultura sisaleira na Bahia através da narrativa memorialística de José Ramos Filho (Cassiano Ferreira Nascimento)
4. Olhares sobre a vida e a morte de Osvaldo Requião: História e memória de um espírita (Chablik de Oliveira Morgado).
5. Escritas e leituras de mim: uma reflexão acerca da Epistemologia do Armário a partir da minha autobiografia (Elder Luan dos Santos Silva)
6. Professor Faustino, “O Fausto”: A imposição das mãos e o “dom da cura” (Rafael Rosa da Rocha)
7. Curas religiosas: tradição e sobrevivência em Cruz das Almas-BA (Ana Carine de Souza Melo)
8. Entre História e Memória: A produção memorialística de Emiliano José(Adriano Batista Paixão do Lago)
9. Uma Flor que se Rebela: Memórias de uma militante baiana na Ditadura Militar (Ary Albuquerque Cavalcanti Junior)
10. Memórias de mulheres militantes de esquerda: a questão “da maternidade” (Débora Ataíde Reis)
11.ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS BIOGRÁFICAS: As representações do padre Alfredo Haasler no sertão das Jacobinas/Bahia (Gilmara Ferreira de Oliveira Pinheiro)
12. Memória e Narrativa em O Fundador de Eunápolis: a escrita da história como leitura da experiência do tempo (João Rafael Santos Rebouças)
13. A história contada do povoado de Fátima (Maria Cleonice de Jesus Nery)
14. As Práxis coronelísticas no Sul da Bahia: Os Coronéis do Cacau e a busca pele riqueza e poder (Gabriel José Brandão de Souza)
15. Memória e História Local: Praça da Lavoura ou feira do Rato? Um estudo sobre o Patrimônio em Eunápolis-BA (Levi Sena Cunha)
16. “Em prol do progresso material e intelectual desta grande zona sertaneja\" - O Folha do Norte e o \"advento\" do progresso em Feira de Santana - 1909-1930 (Magno de Oliveira Cruz)
17. Política Esporte Clube: Associativismo de recreação e democracia representativa em Alagoinhas (Moisés Leal Morais)
18. Historia e Memória da Igreja São Cosme e São Damião – Itamaraju – Bahia (Vitor Amorim do Amaral)
19. Civilismo em terras baianas: “povo” e participação politica na batalha eleitoral 1910 (Willan de Souza Januário)
ST 4 - História, memória e (auto) biografia
Coordenadores: Prof. Dr. Raimundo Nonato Pereira Moreira (UNEB) e Prof. Dr. José
Jorge Andrade Damasceno (UNEB)
SALA: 4 (Pavilhão 2)
CRONOGRAMA
15.10.2013 (terça feira)
Horário: 14h – 17h
1. Monumentalizando a si mesmo – a Fundação Osvaldo Sá (Maragojipe-BA) ( Ana Paula Lessa)
2. “O precursor da eugenia no Brasil”: Alfredo Magalhães, um pai abnegado, um exemplar chefe de família, cumpridor de seus deveres, um apóstolo da infância... (André Araújo dos Santos)
3. A “DÁDIVA REDENTORA”: a origem da cultura sisaleira na Bahia através da narrativa memorialística de José Ramos Filho (Cassiano Ferreira Nascimento)
4. Olhares sobre a vida e a morte de Osvaldo Requião: História e memória de um espírita (Chablik de Oliveira Morgado).
5. Escritas e leituras de mim: uma reflexão acerca da Epistemologia do Armário a partir da minha autobiografia (Elder Luan dos Santos Silva)
6.Professor Faustino, “O Fausto”: A imposição das mãos e o “dom da cura” (Rafael Rosa da Rocha)
7. Curas religiosas: tradição e sobrevivência em Cruz das Almas-BA (Ana Carine de Souza Melo)
16.10.2013 (quarta feira)
Horário: 8:30 - 12:30
1. Entre História e Memória: A produção memorialística de Emiliano José(Adriano Batista Paixão do Lago)
2. Uma Flor que se Rebela: Memórias de uma militante baiana na Ditadura Militar (Ary Albuquerque Cavalcanti Junior)
3. Memórias de mulheres militantes de esquerda: a questão “da maternidade” (Débora Ataíde Reis)
4.ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS BIOGRÁFICAS: As representações do padre Alfredo Haasler no sertão das Jacobinas/Bahia (Gilmara Ferreira de Oliveira Pinheiro)
5. Memória e Narrativa em O Fundador de Eunápolis: a escrita da história como leitura da experiência do tempo (João Rafael Santos Rebouças)
6. A história contada do povoado de Fátima (Maria Cleonice de Jesus Nery)
17.10.2013 (quinta feira)
Horário: 8:30 – 12:30
1. As Práxis coronelísticas no Sul da Bahia: Os Coronéis do Cacau e a busca pele riqueza e poder (Gabriel José Brandão de Souza)
2. Memória e História Local: Praça da Lavoura ou feira do Rato? Um estudo sobre o Patrimônio em Eunápolis-BA (Levi Sena Cunha)
3. “Em prol do progresso material e intelectual desta grande zona sertaneja\" - O Folha do Norte e o \"advento\" do progresso em Feira de Santana - 1909-1930 (Magno de Oliveira Cruz)
4. Política Esporte Clube: Associativismo de recreação e democracia representativa em Alagoinhas (Moisés Leal Morais)
5.Historia e Memória da Igreja São Cosme e São Damião – Itamaraju – Bahia (Vitor Amorim do Amaral)
6.Civilismo em terras baianas: “povo” e participação politica na batalha eleitoral 1910 (Willan de Souza Januário)
ST 4 - História, memória e (auto) biografia
Coordenadores: Prof. Dr. Raimundo Nonato Pereira Moreira (UNEB) e Prof. Dr. José
Jorge Andrade Damasceno (UNEB)
RESUMOS
1. Monumentalizando a si mesmo – a Fundação Osvaldo Sá (Maragojipe-BA)
Ana Paula Lessa
Essa comunicação tem o intuito de apresentar as múltiplas possibilidades de
investigação no acervo particular do escritor maragojipano Osvaldo Sá. (1908-2002).
Sá era neto de antigos donos de engenho do Recôncavo e filho de um ex-intendente
de Maragojipe. No ano de seu falecimento, em 2002, sua biblioteca foi transformada
em Fundação, disponibilizando para o público todo o manancial de objetos por ele
resguardados ao longo de seus 94 anos de vida. Todos os elementos presentes no
acervo demonstram o interesse de Osvaldo Sá de forjar uma imagem aprazível de si
mesmo para seus futuros pesquisadores. Cuidou de arquivar-se. Encontramos no
acervo desde cartas até os manuscritos de seus livros. Sua biblioteca possui mais de
2000 títulos catalogados que variam entre Literatura, Direito, Biologia, Religião,
História, Medicina entre outros. Há também os jornais e revistas, alguns do inicio do
século XX. Enfim, a Fundação Osvaldo Sá é um espaço que possibilita
conhecer o \"mundo do escrito\" e as pretensões de um literato do interior que tinha
sonhos de distinção.
2. O precursor da eugenia no Brasil”: Alfredo Magalhães, um pai abnegado,
um exemplar chefe de família, cumpridor de seus deveres, um apóstolo
da infância...
Andre Araújo dos Santos
O presente trabalho tem por escopo analisar a importância da biografia como uma
fonte privilegiada para composição de trabalhos historiográficos, bem como os
cuidados em relação à composição destes trabalhos a partir do uso desta fonte. A
partir do livro de caráter biográfico escrito por Gracília Magalhães, filha do Dr. Alfredo
Ferreira de Magalhães, professor catedrático de pediatria na Faculdade de Medicina
da Bahia, pretendo refletir sobre os caminhos profícuos para o uso da memória familiar
de caráter biográfico, bem como os perigos de utilizá-las na escrita de um trabalho
historiográfico.
O Dr. Alfredo Magalhães foi um dos pioneiros no desenvolvimento da puericultura na
Bahia, tendo sido parte de um movimento pró-infância, de caráter nacional, através da
sua participação no Instituto de Proteção e Assistência a Infância da Bahia (IPAI-BA),
como fundador e presidente vitalício da instituição. A construção da memória deste
“abnegado apóstolo da infância”, além de ter sido laureada por sua filha, fora exaltada
em revistas especializadas, fossem de caráter filantrópico, ou revistas médicas, por
jornais periódicos de Salvador, pelo jornal de sua instituição, por governantes da
municipalidade. Pouco mais de meio século após a morte do Dr. Alfredo, o IPAI-BA,
seu prédio, suas ações e sua memória, não fazem parte da paisagem e nem da
memória coletiva da cidade.
Reconhecendo a importância da biografia, apontarei caminhos percorridos para
abordar práticas puerícola dos pioneiros do IPAI-BA, bem como a necessidade de se
refletir sobre a exaltação da memória familiar através da biografia, aliás, reflexão
necessária para qualquer tipo de fonte. Entre a “medicalização” das práticas de
cuidado/cura e a população havia um hiato, pois a medicalização enquanto
normatização das práticas cotidianas das camadas pobres, alicerçadas sobre um
saber e práticas populares antigas, numa sociedade desigual, encontraram na
distância entre as camadas sociais e no preconceito do discurso médico barreiras para
vulgarização da puericultura.
3. A “DÁDIVA REDENTORA”: a origem da cultura sisaleira na Bahia através
da narrativa memorialística de José Ramos Filho
Cassiano Ferreira Nascimento
Durante a escrita da história, na operação de selecionar os resquícios do passado,
juntar elementos dispersos, desenvolver a análise e transpor para a linguagem, o
pesquisador procura conferir um sentido ao que escreve; dar inteligibilidade. E, para
tal, é criado um enredo, um modo peculiar de contar determinada história que leve o
leitor a compreendê-la; que desperte sentimentos diante do que é narrado. Ao
reconhecer isso, outros tipos de narrativas que pretendam uma versão sobre o
passado não podem ser desprezadas pelos historiadores. Referimo-nos aqui, mais
especificamente, a textos de memorialistas. Por conta da pretensão de verdade
contida nesse tipo de narrativa, é colocado um problema peculiar diante do historiador,
pois ele é uma representação do passado. E, apesar de não se identificar com o
discurso histórico, já que desprovido dos rigores teórico-metodológicos da disciplina,
eles se aproximam. Tendo em vista essas considerações é qu
e desenvolvemos o presente artigo, no intuito de analisar a narrativa de José Ramos
Filho sobre a origem da cultura do sisal na Bahia, verificando os sentidos empregados
e tentando compreender o que o levou a considerá-la como uma dádiva redentora.
4. Olhares sobre a vida e a morte de Osvaldo Requião: História e memória
de um espírita
Chablik de Oliveira Morgado
A presente comunicação tem o objetivo de analisar as memórias tecidas sobre o
intelectual Osvaldo Requião (1908-1966), advogado e professor espírita, residente em
Feira de Santana (BA) entre as décadas de 1940 a 1960. Tendo como referência o
seu falecimento, serão analisados os relatos J. Magno e Helder Alencar, escritos
respectivamente em 1966 e 1969. Cabe dizer que tanto Magno quanto Alencar,
jornalistas, foram colegas de Osvaldo Requião. Pretende-se observar como esses dois
sujeitos constroem seus relatos (tomados como memórias escritas), o ponto de
partida, os silêncios presentes na fala de cada um dos autores, o contexto em que
escrevem, bem como os termos que utilizam para designar Osvaldo Requião. O
conceito de trajetória, de Pierre Bourdieu, será utilizado como ferramenta nesta
análise, uma vez que rompe com o determinismo do meio social sobre o indivíduo
ressaltando o papel deste como “devir” histórico (BOURDIEU: 2006, p.189). A
memória
pode ser tomada como qualquer outra fonte histórica desde que se faça uma
compreensão crítica na sua análise, sendo assim, precisa-se levar em conta
rearranjos dos próprios depoentes, assim como coerções muitas vezes indiretas de
grupos sociais. J. Magno ao comunicar a morte de Requião na Rádio Sociedade de
Feira de Santana, traz um relato adjetivo, ou seja, laudatório sobre o colega
destacando o grandioso homem que foi nas diversas atividades que exerceu; Helder
Alencar, por sua vez, traça um relato substantivo, uma vez que constrói um relato “do
berço ao túmulo” (BORGES: 2005, p.207), ou seja, faz um breve panorama biográfico.
Nos dois relatos a diferença marcante foi à referência ao Espiritismo, fato esse que
permite discutir os conflitos no campo religioso feirense.
5. Escritas e leituras de mim: uma reflexão acerca da epistemologia do
armário a partir da minha autobiografia.
Elder Luan dos Santos Silva
Este trabalho é uma reflexão teórica e descritiva, baseada na literatura nacional e na
escrita autobiográfica, acerca de como o armário gay atua como um aparelho que
regula e molda o comportamento de Gays na sociedade atual, mais especificamente
no interior da Bahia. Para tal, utilizarei como objeto de análise e reflexão a minha
trajetória pessoal de vida e formação, (auto)biografada e embasada teoricamente no
conceito de “Epistemologia do Armário” desenvolvido por Eve Kosofsky Sedgwick. No
intuito de compreender, como o “armário” descrito por Segwick, moldou, regulou e
transformou as relações afetivas, sexuais e de gênero minhas e dos meus pares e
demonstrar que a autobiografia, além de ser uma escrita e leitura de si mesmo, pode
vim a ser um mecanismo de contestação, luta política e produção memorialística, não
só da sua história pessoal, como também da história e dos marcadores sociais do seu
tempo vivido e escrito. Ao autobiogra far a minha trajetória de vida e formação, pude
perceber que a oposição entre o público e o privado pautou tantos as minhas, quanto
a maioria das relações daqueles que viviam na mesma época e espaço que eu, o
público, sendo todas as práticas aceitas e hetero-normatizadas pela sociedade, e o
privado aquilo que era só meu, ofuscado nas entranhas dos meus desejos sexuais,
não aceitos, não legitimados e marginalizados por uma sociedade que descaracteriza
e deslegitima os indivíduos que não cumprem o seu suposto papel determinado pelo
sexo biológico. Ao fazer a opção pelas histórias de vida, pelo vivido e narrado no
campo dos atos formativos (JESUS, 2010, pp. 34) é como salienta Rita de Cássia
Pereira de Jesus em seu livro Currículo e Formação, legitimar o direito do sujeito-
pesquisador escrever em primeira pessoa, tornando-se autor de si mesmo, das suas
vivências e do sentido da sua existência. É uma escrita e leitura de si, os autores são
objetos e sujeitos de suas próprias narrativas. As trajetórias de vida, sejam elas
pessoais ou coletivas, são as provas do nosso conhecimento, e assim como salienta
Santos, 2002, esse saber adquirido nas trajetórias de vida dos indivíduos estão
presentes, mesmo que clandestinamente nas conjecturas ocultas dos seus discursos e
vivências sejam elas pessoais ou acadêmicas.
6. Professor Faustino, “O Fausto”: A imposição das mãos e o “dom da cura”
Rafael Rosa da Rocha
Investiga a trajetória do curandeiro espírita Faustino Ribeiro Junior e busca através
dela trabalhar o tema das práticas de cura no limiar do século XX, colocando em
perspectiva os embates entre os saberes oficiais e as práticas de cura leigas na Bahia.
Ele nasceu no Estado de São Paulo, no ano de 1870. Na década de 1890, atuava
como funcionário público - inspetor escolar - e professor formado pela Escola Normal
Superior de São Paulo. Na última década do século XIX, entretanto, o então inspetor
passou a executar curas “miraculosas” apenas com o uso das mãos. É possível que
daí tenha surgido o título de Professor Faustino. Esse momento foi fundamental, pois
foi quando Faustino começou a ser perseguido pelo Juizado Municipal de Campinas,
em 1901. (GAZETA MÉDICA DA BAHIA, 1903, p. 193-194) A partir de então começou
a peregrinar por outros estados do país, executando seus processos de cura. Quando
aportado na Bahia, Faustino Ribeiro Junior integrou, sobretudo para higiene pública, o
escopo no qual a ciência médica buscava fincar seus pilares saneando os espaços,
controlando as habitações e os costumes e as concepções de civilização e progresso
davam legitimidade às ações da inspeção de higiene. Logo quando chegou por aqui,
no ano de 1903, o Diário de Notícias começou a anunciar matérias com o título
Professor Faustino. Em uma delas, o periódico descreveu o acúmulo de pessoas à rua
na porta da pensão onde se hospedara o curador. Segundo o articulista, centenas de
pessoas ocupavam o espaço público. Expostas aos ardores do sol, em pé, sentadas,
atiradas ao chão, muitas de pernas à mostra com “hediondas chagas”, das quais
escorriam horríveis “sordes” [sic], outras exibindo terríveis convulsões epilépticas. Em
outra parte o gemido do “nevralgico” que logo se transmudava no grito lancinante, “ali
a tosse oca do tísico, a expectorar, penosamente sacudido, o pús das suas cavernas,
e por toda a parte a tensão nervosa da ânsia de extenuar e amenizar a dor daquela
pobre gente”. (DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 1903, p. 3) Esse foi o cenário que Faustino
encontrou para praticar a imposição das mãos em seu processo curativo. Tomamos
como fonte para este trabalho periódicos como o Diário de Notícias, A Baia e o livro
Espiritismo e Protestantismo. Nosso objetivo nesse trabalho é discutir as visões que a
Inspeção de Higiene tinha sobre as práticas de cura empregadas por Faustino e
confrontá-las com as ideias do curador.
7. Curas religiosas: tradição e sobrevivência em Cruz das Almas-BA
Ana Carine de Souza Melo
A pesquisa em questão tem como finalidade investigar as práticas de curas realizadas
no município de Cruz das Almas-BA, buscando compreender os aspectos “mágico-
religiosos” no período da modernidade. Essa pesquisa justifica-se pela importância em
divulgar a tradição e resistência das práticas de cura realizada por curandeiros que ao
longo da História brasileira foram reprimidas, evidenciando que tais práticas de cura
tem eficácia reconhecida pelos oficiantes e sua clientela e por isso continuam vivas.
Através da História Oral foram coletados os depoimentos para realização do estudo
em questão uma vez que reconstituiu as práticas de cura executadas pelos
curandeiros entrevistados fazendo-os revelar seu papel e sua importância sócio
religiosa. Tais práticas exercidas por rezadores, benzedeiras, curandeiros, sacerdotes
das religiões afro-brasileiras, dentre outros, sanam doenças de origem biológica (do
corpo), doenças sobrenaturais, e aflições cotidianas (falta de emprego, desanimo,
conflito nos relacionamentos, etc.). As curas religiosas ultrapassaram os séculos na
História brasileira e constituem um emaranhado de diferentes religiosidades que se
fundiram. As diversas práticas de cura oficializadas por rezadores e sacerdotes das
religiões afro-brasileiras, em meio às perseguições religiosas no período colonial, e a
estigmatização e descriminação dos meios médicos e aparelhos judiciais ao longo do
século XX não extinguiu o acervo e a tradição das curas religiosas nem intimidaram
seus praticantes.
8. Entre História e Memória: A produção memorialística de Emiliano José.
Adriano Batista Paixão do Lago
Este estudo propõe a análise, a partir da dimensão da História Política, da produção
memorialística de Emiliano José sobre a Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985),
dando especial atenção as singularidades presentes na sua narrativa. Procuramos
investigar estas singularidades sem perder de vista o domínio da História dos
Intelectuais, já que este é o campo de atuação do nosso objeto (o grupo dos
intelectuais). Discutiremos ainda a relação que envolve a História e a Memória a fim de
compreender melhor as interpretações do memorialista sobre os acontecimentos que
o mesmo rememora e o porquê de tais rememorações.
Por fim destacaremos a importância deste estudo na análise das memórias sobre os
governos militares na Bahia, sem deixar de perceber e trazer à tona também os
“esquecimentos” e “silêncios” que ocorrem nas narrativas de Emiliano José.
9. Uma flor que se rebela: memórias de uma militante baiana na ditadura
militar
Ary Albuquerque Cavalcanti Junior
O presente trabalho busca apresentar e discutir reflexões para estudos sobre a
ditadura militar brasileira na perspectiva de uma militante baiana. Tendo em vista que
nas ultimas décadas o olhar para novas perspectivas historiográficas, trouxeram novas
abordagens para a história das mulheres no contexto ditatorial. Nesta conjuntura
partiremos das reflexões em torno da memória e da história do período e como a
crescente história das mulheres vem contribuindo para os recentes trabalhos que
tomam os casos particulares como expressão de uma sociedade. Ao trazer a
participação de mulheres baianas no contexto histórico já mencionado e a luz de
novas implicações, pretendemos contribuir para novos debates e reflexões, analisando
e recuperando a história de uma mulher baiana na ditadura militar.
10. Memórias de mulheres militantes de esquerda: a questão “da
maternidade”.
Débora Ataíde Reis
Durante a ditadura militar brasileira, a perseguição aos opositores do regime se
intensificou após a instauração do Ato Institucional nº 5. Neste contexto, diversas
militantes de esquerda foram presas e torturadas, havendo relatos de utilização da
maternidade como forma de subjugar as mulheres em sessões de tortura, a exemplo
dos casos de sevícias sofridas por grávidas e de ameaças a crianças como uma forma
de torturar psicologicamente as mães. Diante disto, aquelas militantes que
engravidaram e optaram por terem seus filhos, passaram a conviver com o medo de
exporem seus rebentos à violência do regime e/ou de precisarem se afastar
repentinamente das suas crianças para protegê-las. Em alguns casos esta situação foi
determinante para a decisão de abandonar as atividades políticas. Depois de muitos
anos, algumas destas mulheres revelaram os seus dramas em meio às memórias
acerca das suas militâncias políticas tendo como instrumento de exposiç
ão a modalidade da autobiografia. Este foi o caso de Derlei Catarina de Luca e
Catarina Meloni, militantes da Ação Popular no período em questão. É sobre a
memória das experiências \"da maternidade\" nestas circunstâncias que este trabalho
se debruça, buscando pensar na maternidade como uma construção histórica e social
amparada por representações que pressionam as mulheres a se comportarem
segundo um modelo cuja principal característica é a abnegação.
11. Entre memórias e narrativas biográficas: As representações do padre Alfredo Haasler no sertão das Jacobinas/Bahia
Gilmara Ferreira de Oliveira Pinheiro
Em Setembro de 1938, Padre Alfredo Haasler, monge da Ordem Cisterciense da
comum observância, chegou a Jacobina no interior do Estado da Bahia, com o objetivo
de dar início a seu novo projeto missionário religioso e educacional, em consonância
com os princípios restauradores empreendidos pela Igreja Católica, através do papa
Pio XI. A vinda dos Cistercienses para o Brasil na primeira metade do século XX,
atendeu a necessidade de reestruturação interna da Congregação e aos interesses da
Sé Romana de expansão do cristianismo em países fora da Europa. Para isso, a
comum observância que, até o Capítulo Geral de 1925, mantivera a solidão do
claustro como princípio de elevação da alma e obediência à regra de São Bento, tivera
que se abrir à possibilidade de convivência com a comunidade externa, desde que
seus monges não perdessem o espírito da observância. Essa abertura possibilitou a
vinda e transferência da abadia de Schlierbach para Jequitibá, Estado da Bahia, a
partir do ano de 1938 e a fixação do monge Alfredo Haasler como vigário da paróquia
de Santo Antônio da Jacobina. Em 1939, um ano após sua chegada à Jacobina,
fundou a associação das Escolas Paroquiais de Jacobina e entre as décadas de 1940
e 1970, criou 48 escolas que, espalhadas pela extensão da paróquia, se destinaram a
educação elementar para crianças e jovens dos sertões jacobinenses. Ao tempo em
que possibilitou educação ao sertanejo, cuidou de “regatar” o sentimento e hegemonia
da Igreja Católica na região através do sistema das desobrigas, onde percorria
mensalmente toda a extensão da paróquia sob sua responsabilidade, levando aos fiéis
os Sacramentos e ensinamentos do catolicismo romanizado. Sua peleja pelas terras
inóspitas do sertão baiano possibilitou a construção de diversas representações do
padre austríaco na memória da população local. Em 1999 a paróquia de Santo Antônio
da Jacobina, solicitou a uma memorialista da cidade que ficasse responsável pela
escrita da biografia oficial do padre Alfredo Haasler, falecido em 1997, aos 89 anos de
idade e com 59 anos de exercício do sacerdócio na referida paróquia. A obra intitulada
O Missionário do Sertão é dividida em duas partes. Na primeira, a autora buscou
explicar e apresentar a origem e história do padre antes de sua chegada à Paróquia
no interior do Estado da Bahia, no segundo momento, a estratégia utilizada pela
memorialista tornou a biografia um rico acerco de memórias narrativas, uma vez que a
segunda parte é composta de depoimentos de diversas pessoas que conviveram e
conheceram o monge cisterciense. Dessa forma, o presente trabalho tem como
objetivo analisar as representações sobre o padre Alfredo Haasler, através do conjunto
de narrativas que compõem sua biografia oficial.
12. Memória e Narrativa em O Fundador de Eunápolis: a escrita da história como leitura da experiência do tempo
João Rafael Santos Rebouças
O presente trabalho tem por objeto de pesquisa a produção escrituraria de Alcides
Góbiras Lacerda (1929-2006), especificamente o livro intitulado O Fundador de
Eunápolis, Sessenta e Quatro, as Treze Marias e os Anjos da Traição (lançado em
2003). Neste livro o autor relata a história da “fundação” da cidade de Eunápolis,
Bahia, que teria se iniciado a partir do ano de 1942, com a chegada de Joaquim
Quatro. Essa produção será problematizada enquanto uma prática de escrita da
história, compreendida como a configuração narrativa de uma experiência do tempo
que tem no trabalho sobre a memória um de seus aspectos fundamentais. Dessa
prática emerge a narrativa memorialista onde é possível depreendermos questões
relativas aos modos de vida de seus “primeiros” habitantes, o processo de ocupação
da região e as formas de sociabilidade desse novo espaço de experiência que surge
com a “fundação” do que viria a ser a cidade de Eunápolis.
13. A história contada do povoado de Fátima
Maria Cleonice de Jesus Nery
A história oral também representada por meio de entrevistas e testemunhos, sempre
existiu, ela é uma técnica antiga, mas levou muito tempo para ser aceita como além de
narrativas de histórias e sim como método de caráter científico para projetos de
pesquisa. Assim, devido a ausência de quaisquer documentações ou registros
históricos relacionados ao Povoado de Fátima (zona rural pertencente ao município de
Santo Antonio de Jesus-BA), fez-se uso da técnica da história oral, com a finalidade de
conhecer a história da referida comunidade e de seus moradores, personagens que
direta ou indiretamente contribuíram para a construção da mesma. A partir de distintas
entrevistas, como percepções e lembranças diferentes, pôde-se reconstruir uma
história. O êxito das entrevistas se deu com base na memória dos entrevistados e com
base nas experiências religiosas, de relações pessoais e do trabalho na extração de
minério nas minas, vividas pelos mesmos, considerados como personagens principais
desta história. Este artigo é parte integrante de um trabalho de conclusão do curso de
licenciatura em Geografia, da Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Campus V,
sob orientação do professor Ms. Sandro dos Santos Correia.
14. As Práxis coronelísticas no Sul da Bahia: Os Coronéis do Cacau e a
busca pele riqueza e poder
Gabriel José Brandão de Souza
O presente trabalho tem por objetivo analisar as relações de poder existentes entre as
elites cacaueiras na cidade de Ilhéus, no início do século XX, período no qual
ocorreram intensas mudanças na organização política do município e no exercício do
“poder local”. O intuito é o de analisar o processo de consolidação dessas elites,
buscando identificar quais os meios e estratégias utilizadas por esses grupos para
garantir a hegemonia política municipal e a construção dos alicerces necessários para
legitimação desse sistema político dominante, baseado no coronelismo. Tendo como
foco de analise, esta pesquisa tem como cenário a cidade de Ilhéus – BA no início do
século XX, período este que devido à expansão das plantações de cacau, a cidade em
tela passou a ocupar uma parcela significativa da economia estadual, tendo como uma
das consequências à formação de uma nova elite econômica e social. O presente
trabalho ainda busca refletir como “os de baixo”, ou seja, as classes menos
favorecidas economicamente viam em torno das relações com os coronéis
possibilidades de negociação e barganhar em torno do seu apoio.
15. Memória e História Local: Praça da Lavoura ou feira do Rato? Um estudo
sobre o Patrimônio em Eunápolis-BA
Levi Sena Cunha
As feiras populares se constituem essenciais para os seus municípios, não apenas
pelo papel econômico que desempenham, sobretudo por serem também locais onde
se estabelecem relações espaciais, sociais, culturais e de gênero. Estas relações
interferem nos processos históricos, de mudanças e permanências em seus espaços
físicos e sociais. Neste sentido, esta pesquisa tem por objetivo mostrar a Praça da
Lavoura, área onde se organizava a feira livre em Eunápolis-BA, nos tempos em que a
cidade ainda era o povoado de 64, pertencente aos municípios de Santa Cruz Cabrália
e Porto Seguro, nosso recorte compreende a temporalidade que vai de 1960 à 1988 -
ano em que o povoado se emancipa. Para fazê-lo recorremos às pessoas que se
relacionavam com esse espaço de sociabilidade sujeito a mudanças de acordo com as
políticas urbanas vigentes e como essas modificações foram percebidas por essa
parcela da população, buscando recompor através das suas memórias a possibilidade
de se contar uma história vista por esses sujeitos, tais memórias serão analisados
como fatores de efetivação do espaço como patrimônio da cidade.
16. “Em prol do progresso material e intelectual desta grande zona sertaneja\" - O Folha do Norte e o \"advento\" do progresso em Feira de Santana - 1909-1930
Magno de Oliveira Cruz
As cidades são antes de tudo uma experiência visual. Traçado de ruas, vias de
circulação ladeadas de construções, os vazios das praças cercadas por igrejas e
edifícios públicos, o movimento de pessoas e a agitação das atividades concentradas
num mesmo espaço e mais, um lugar saturado de significações acumuladas através
do tempo, uma produção social sempre referida a alguma de suas formas de inserção
topográfica ou particularidades arquitetônicas. Atrelada a essa caracterização de Maria
Stella Brescianni, o presente trabalho se esforça em analisar a cidade de Feira de
Santana, Bahia, através do jornal Folha do Norte entre 1909 e 1930, na sua
materialidade: traçado de ruas, abertura de novos bairros, zoneamento, adoção de
técnicas construtivas atualizadas, estilos adequados para expressar visualmente à
“chegada” do progresso. Percebe-se através dos jornais a persistente preocupação
dos órgãos públicos e das autoridades locais em realizar o deslocamento da
representação da Feira de Santana enquanto uma cidade de bases rurais, para defini-
la como uma urbe dotada de um poderoso comércio e de uma estrutura citadina.
Assim, como compreender os motivos que levaram à definição do comércio enquanto
elemento identificador da Feira de Santana no Estado da Bahia? Nesse sentido, cabe
inquirir as relações entre os ideais modernizantes presentes no ideário republicano e
sua aliança como novas formas de percepção da cidade.
17. Política Esporte Clube: Associativismo de recreação e democracia representativa em Alagoinhas
Moisés Leal Morais
Neste trabalho analisa-se a dinâmica das relações que envolvia uma rede de
sociabilidade em Alagoinhas construída a partir de associações recreativas, junto a
organizações partidárias, mandatários de cargos eletivos e instâncias governamentais.
A discussão é desenvolvida, principalmente, em torno de entidades que agregavam
trabalhadores em seus quadros e estavam vinculadas ao esporte amador, como
clubes de futebol e dominó com suas respectivas Ligas, além das associações
mutualistas que previam em suas atividades práticas recreativas. O propósito é
compreender aspectos das transformações sociais que se processavam na cidade de
Alagoinhas, assim como elementos que auxiliavam a configurar as suas relações
políticas, durante a chamada Segunda República (1945-1964). Nesse período, vigorou
o pluripartidarismo e a ocorrência regular de eleições diretas, verificando-se uma
relativa ampliação da participação política dos trabalhadores nos m
arcos de uma democracia representativa, uma vez que o voto se apresentava como
um instrumento, embora limitado, de expressão e negociação para setores
marginalizados da população.
18. Historia e Memória da Igreja São Cosme e São Damião – Itamaraju – Bahia
Vitor Amorim do Amaral
Este artigo é resultado do Estágio Curricular Supervisionado II do curso de
Licenciatura Plena em História, ele pretende apresentar recortes institucionais da
Igreja São Cosme e São Damião que está situada na cidade de Itamaraju - BA.
Através de análises realizadas no arquivo da Igreja, entre os meses de Fevereiro e
Março de 2010, na secretaria paroquial, também nos propiciou a realização de
entrevistas com fieis, do qual, foram identificadas a historicidade da igreja e a
importância que ela ainda exerce perante a cidade. Esse Estágio em arquivos propõe
novas perspectivas a fim de interagir com a construção da história local. Conhecer
uma sociedade pela óptica religiosa e compreendê-la enquanto sociedade laica.
Assim, a Igreja e seus documentos se tornam patrimônio cultural, para a sociedade,
que estão inseridos nos indivíduos e que em alguns momentos compartilham histórias
e por sua vez se ligam a outras histórias formando então uma teia da memória
coletiva. Logo, como proposta do projeto de estágio, analisamos o Livro Tombo,
documentos iconográficos e orais, presentando recortes da História Institucional da
paróquia São Cosme e São Damião, propondo novas perspectivas para construção da
História local.
19. Civilismo em terras baianas: “povo” e participação politica na batalha eleitoral 1910
Willan de Souza Januário
Pretendo com a apresentação no Simpósio Temático, compartilhar experiência iniciais
como aluno do Mestrado em História Regional e Local da Uneb. A pesquisa tem como
proposta maior o entendimento da participação de sujeitos que não estavam inseridos,
diretamente, na politica eleitoral na Primeira República, tendo como referência a
Campanha Civilista de 1910. O objetivo central é analisar como esses populares se
encontravam no processo eleitoral e no \"duelo\" intelectual dos discursos políticos. As
fontes a serem analisadas serão , charges, fotografias, jornais e discursos políticos.
Para essa especifica apresentação, pretendo mostrar a análise dos discursos
eleitorais do candidato Rui Barbosa durante a Campanha Civilista,análise essa que
tem como foco o entendimento do que Barbosa entendia como \"povo\" . Nesse
sentido, pretendo debater a figura de um intelectual e entender o contexto politico-
cultural da época.
ST 5 - América Portuguesa: cultura, sociedade e
relações de poder
Coordenadoras: Profa. Dra. Ana Paula Medicci (UFBA) e Profa. Dra. Suzana Severs
(UNEB)
1. A circulação e recepção de modelos e estampas na América Portuguesa: O caso
do silhar azulejar presente no Convento Franciscano na Paraíba colonial (Michael
Douglas dos Santos Nóbrega)
2. Entre alçapões e becos: Ana Maria Joaquina da Purificação, mulher “adúltera e
condenada” na Bahia do século XVIII (Carmem Lucia Santos de Jesus)
3. Cartas para Luís Paulino: relatos e vivências da família Pinto da França (1821 –
1824) (Danielle Machado Cavalcante)
4. SAUBARA SETECENTISTA: uma história econômica e social de uma fazenda do
Recôncavo Baiano (1714-1793) (Sérgio Augusto Martins Mascarenhas)
5. Política e Administração no Ultramar Português: Perfil Social e Carreiras
Administrativas dos Governadores-Gerais do Estado do Brasil (1640-1705) (Ana
Paula Moreira Magalhães)
6. Uma denúncia como vingança: o “escandaloso contrabando praticado em Porto
Seguro” (Tharles Souza Silva)
7. Catequização e Colonização em Água Fria entre 1653 -1750: de arraial a uma das
mais importantes e antigas vilas da Bahia. (Alex Teixeira de Araújo)
8. José Figueira e seus Mecenas:índios Guerens na sesmaria dos jesuítas (Rafael
dos Santos Barros)
9. Paulo Barbosa: O inimigo dos religiosos da Companhia de Jesus na capitania de
Porto Seguro. (Uiá Freire Dias dos Santos)
10. O regulamento do Seminário de Belém da Cachoeira: Educando os filhos dos
principais em “santos e honestos costumes” (Alfredo Pinto da Silva Junior)
11. A Bahia sertaneja colonial: entre o vaqueiro e o garimpeiro (Tadeu Baliza de
Souza Júnior)
12. As despesas dos autos de fé nos Livros dos Tesoureiros da Inquisição (Denise
de C. Zottolo)
13. Maria Barbosa: uma “flecha de satã” na Bahia de Todos os Santos (Eliane
Gonçalves de Miranda
14. Hóstias e mandingas: magias de proteção na Bahia setecentista (Felipe
Augusto Barreto Rangel)
15. Examinando consciências: América portuguesa nos cadernos do promotor
(Joseane Pereira de Souza)
16. Nas rodas dos calundus: religiosidade negra na Bahia colonial (séculos XVII E
XVIII). (Marina Pinto dos Santos)
17. Sujeitos e experiências históricas: a ação política indígena e os seus
personagens (1585-1628 (Jamille Oliveira Santos Bastos Cardoso)
ST 5 - América Portuguesa: cultura, sociedade e relações de poder
Coordenadoras: Profa. Dra. Ana Paula Medicci (UFBA) e Profa. Dra. Suzana Severs
(UNEB)
SALA: 5 (Pavilhão 2) CRONOGRAMA
15.10.2013 (Terça-feira,)
Horáro: 14h - 17h
1. A circulação e recepção de modelos e estampas na América Portuguesa:
O caso do silhar azulejar presente no Convento Franciscano na Paraíba
colonial (Michael Douglas dos Santos Nóbrega)
2. Entre alçapões e becos: Ana Maria Joaquina da Purificação, mulher
“adúltera e condenada” na Bahia do século XVIII (Carmem Lucia Santos de
Jesus)
3. Cartas para Luís Paulino: relatos e vivências da família Pinto da França
(1821 – 1824) (Danielle Machado Cavalcante)
4. SAUBARA SETECENTISTA: uma história econômica e social de uma
fazenda do Recôncavo Baiano (1714-1793) (Sérgio Augusto Martins
Mascarenhas)
5. Política e Administração no Ultramar Português: Perfil Social e Carreiras
Administrativas dos Governadores-Gerais do Estado do Brasil (1640-
1705) (Ana Paula Moreira Magalhães)
6. Uma denúncia como vingança: o “escandaloso contrabando praticado em
Porto Seguro” (Tharles Souza Silva)
16.10.2013 (Quarta-feira)
Horário: 8:30 – 12:30
1. Catequização e Colonização em Água Fria entre 1653 -1750: de arraial a uma das
mais importantes e antigas vilas da Bahia. (Alex Teixeira de Araújo)
2. José Figueira e seus Mecenas:índios Guerens na sesmaria dos jesuítas (Rafael
dos Santos Barros)
3. Paulo Barbosa: O inimigo dos religiosos da Companhia de Jesus na capitania de
Porto Seguro. (Uiá Freire Dias dos Santos)
4. O regulamento do Seminário de Belém da Cachoeira: Educando os filhos dos
principais em “santos e honestos costumes” (Alfredo Pinto da Silva Junior)
5. A Bahia sertaneja colonial: entre o vaqueiro e o garimpeiro (Tadeu Baliza de
Souza Júnior)
17.10.2013 (Quinta-feira)
Horário: 8:30 – 12:30
1. As despesas dos autos de fé nos Livros dos Tesoureiros da Inquisição
(Denise de C. Zottolo)
2. Maria Barbosa: uma “flecha de satã” na Bahia de Todos os Santos (Eliane
Gonçalves de Miranda
3. Hóstias e mandingas: magias de proteção na Bahia setecentista (Felipe
Augusto Barreto Rangel)
4. Examinando consciências: América portuguesa nos cadernos do
promotor (Joseane Pereira de Souza)
5. Nas rodas dos calundus: religiosidade negra na Bahia colonial (séculos
XVII E XVIII). (Marina Pinto dos Santos)
6. Sujeitos e experiências históricas: a ação política indígena e os seus
personagens (1585-1628 (Jamille Oliveira Santos Bastos Cardoso)
ST 5 - América Portuguesa: cultura, sociedade e relações de poder
Coordenadoras: Profa. Dra. Ana Paula Medicci (UFBA) e Profa. Dra. Suzana Severs
(UNEB)
RESUMOS
1. A circulação e recepção de modelos e estampas na América Portuguesa:
O caso do silhar azulejar presente no Convento Franciscano na Paraíba
colonial
Michael Douglas dos Santos Nóbrega
A circulação de modelos e estampas foi uma prática de cunho relevante e feita com
relativa ocorrência na América portuguesa. A Igreja católica, para assegurar seu
poderio, utilizou-se do artifício da produção em larga escala de cenas bíblicas com os
mais diferentes intuitos, tais como os de catequizar índios, participar ativamente da fé
particular dos devotos, incentivar a glorificação por meio dos santos católicos e da
virgem Maria. No período colonial, essa prática se torna muito frequente e podemos
encontra-la hoje, principalmente, no patrimônio religioso. Sendo assim, pretendo expor
nesse trabalho um silhar azulejar tratando da vida de José do Egito, presente no
Convento Franciscano, na Paraíba, expondo temas relativos à composição
iconográfica dos quadros, às formas de recepção dos mesmos e comprovando o
processo de circulação de modelos e gravuras no além mar.
2. Entre alçapões e becos: Ana Maria Joaquina da Purificação, mulher
“adúltera e condenada” na Bahia do século XVIII
Carmem Lucia Santos de Jesus
A pesquisa em questão analisa as estratégias adotadas por uma mulher da elite
colonial açucareira, moradora da Bahia no século XVIII em suas práticas de adultério
que consequentemente levou a ser depositada em Recolhimentos erigidos na Bahia
de onde intentou divórcio a fim de manter-se livre de seu marido, mais velho que ela e
possivelmente ciumento. Verificaremos que mesmo sendo considerada uma prática
ilícita e que ia de encontro a moral e aos bons costumes difundidos pelos
moralizadores da época, ela em suas ações, é acobertada pelos seus familiares.
Portanto, corroboramos com a ideia de que o estudo sobre a mulher no período
colonial estava para além da administração da cozinha da casa senhorial incluindo a
educação de sua prole. Ela, assim como tantas outras que precisam sair do
anonimato, pois aparecem em traços e marcas indeléveis que produziram reflexos em
sua vida cotidiana, mulheres que viveram sob a proteção masculina, até mesmo ref
letida na arquitetura de suas casas, cujas gelosias tentavam isolá-las do mundo. São
esses traços e marcas, são essas mulheres em suas experiências históricas
cotidianas, o principal objeto de análise deste estudo.
3. Cartas para Luís Paulino: relatos e vivências da família Pinto da França
(1821 – 1824)
Danielle Machado Cavalcante
O presente trabalho pretende analisar o cotidiano da família Pinto da França durante o
processo da Independência da Bahia (1821-1823). Através da documentação privada
da família, (correspondências) pretendemos refletir sobre o momento histórico e, para
tanto, colocamos em destaque a figura de Maria Bárbara Garcês Madureira Pinto
(1779-1851). Com a partida do seu marido, Luis Paulino D’Oliveira Pinto da França
(1770-1824) para Portugal (nomeado Deputado das Cortes Constituintes), ela passou
a administrar diretamente o engenho da família. Lidar com as questões políticas,
econômicas, sociais, e buscar o modo como conseguia tramitar pelos parâmetros que
a sociedade estabelecia naquele período, é o nosso objeto nesse trabalho.
4. SAUBARA SETECENTISTA: uma história econômica e social de uma
fazenda do Recôncavo Baiano (1714-1793)
Sérgio Augusto Martins Mascarenhas
Este trabalho visa estudar a Fazenda Saubara, propriedade importante da Santa Casa
de Misericórdia, situada ao sul de Santo Amaro no Recôncavo baiano, no século XVIII.
A pesquisa intenta compreender a fazenda enquanto geradora de renda e alimentos
para o hospital da Santa Casa, assim como também fornecedora de víveres para a
cadeia, ambos receptores situados em São Salvador. Os atores sociais dessa
instituição, feitores, escravos, padres capelães e rendeiros estão entrelaçados num
cotidiano que envolve toda a sua produção, como a plantação de mandioca para fazer
beijus e farinha, criação de gado vacum, extração de lenha e arrendamentos de terra.
Impulsionada pela necessidade de produzir, a vida da fazenda foi minuciosamente
registrada em diferentes documentos o que possibilita a realização deste trabalho.
5. Política e Administração no Ultramar Português: Perfil Social e Carreiras
Administrativas dos Governadores-Gerais do Estado do Brasil (1640-
1705)
Ana Paula Moreira Magalhães
O Antigo Regime português e sua conquista na América, analisados a luz de
interpretações consagradas pela historiografia, como por exemplo, o uso de modelos
explicativos os quais criaram uma estrutura engessada na ideia de que a
administração colonial era vertical, ou seja, a Metrópole explorava e usurpava as
riquezas que a colônia viesse a oferecer, trouxeram dificuldades no entendimento das
relações políticas entre Portugal e América portuguesa. As sociedades do Antigo
Regime, principalmente o Império Ultramarino português se organizavam no primado
da política. Buscaremos entender essa dinâmica de poder no âmbito da instituição
governo-geral do Estado do Brasil, um ofício de relevada importância entre as
hierarquias daqueles presentes na administração colonial portuguesa. O Governador
como cabeça de uma comunidade política, é uma via interpretativa fundamentada na
concepção corporativa que atingia as lógicas de distribuição de poder. Poder que não
se limitava exclusivamente ao monarca, mais que concorria com outras esferas de
poder do cenário político. Ao explicar a sociedade do Antigo Regime, por meio da
teoria corporativa, o exercício do poder régio e de seus representantes no ultramar
ganha complexidade. Neste sentido, procuramos caracterizar o corpo de indivíduos
que tomaram o ofício de governador-geral do “Estado do Brasil” Restaurado. É de
suma importância para uma história política-administrativa, identificar quem era aquele
que participava da gestão do Império ultramarino em nome do rei.
6. Uma denúncia como vingança: o “escandaloso contrabando praticado em
Porto Seguro”
Tharles Souza Silva
Acusados de contrabando e extração de ouro e diamantes, foram presos, entre 1802 e
1803, os maiores funcionários da Coroa portuguesa na capitania de Porto Seguro, o
Ouvidor José Dantas Coelho, seus filhos Gaspar José e Antônio Luis e o capitão-mor
das ordenanças, Mariano Manoel da Conceição. Embora os fatos denunciados tenham
ocorrido realmente, como revelaram as investigações, a denúncia não foi feita pela
natureza dos fatos, mas por causa de conflitos entre os denunciantes e aqueles
oficiais régios. O objetivo dessa comunicação é mostrar como essas autoridades, no
exercício de suas funções administrativas, atraíram para si a inimizade do grupo de
denunciantes, que aproveitando a chegada de uma embarcação inglesa a Porto
Seguro, se uniram para executar uma vingança contra o Ouvidor, seus filhos e o
capitão-mor daquela Comarca.
7. Catequização e Colonização em Água Fria entre 1653 -1750: de arraial a
uma das mais importantes e antigas vilas da Bahia.
Alex Teixeira de Araújo
A presente pesquisa analisa a formação histórica de Água Fria entre 1653-1750,
discutindo os aspectos que concorreram para o desenvolvimento desse arraial que
atingiu o patamar de uma das mais antigas e importantes vilas da Bahia. São
abordadas as estratégias usadas por jesuítas e colonizadores na ocupação do sertão
e as relações estabelecidas entre estes e os índios que o ocupavam. Analisam-se
também os múltiplos interesses desses agentes colonizadores, incluindo-se os
interesses políticos e econômicos da Companhia de Jesus e de seus representantes.
Discute-se a relevância dos caminhos de acesso a essa parte do sertão baiano como
sendo essenciais para o conhecimento e ocupação.
8. José Figueira e seus Mecenas:índios Guerens na sesmaria dos jesuítas
Rafael dos Santos Barros
Esta comunicação tem por objetivo analisar a trajetória do Capitão-mor José Figueira e
seus Mecenas, os quais eram responsáveis pela segurança da vila da Capitania dos
Ilhéus nos primeiros nos do século XVIII. Como prestadores de serviço Figueira e seus
Mecenas poderiam gozar de alguns privilégios, entre eles resgatar índios tapuias,
praticar corte e beneficiamentos de madeiras de lei para serem comercializados, ter
um lote de terra demarcado para cultivar produtos de subsistência, enfim, todos os
privilégios que a condição de colaboradores da conquista lhes proporcionavam.
Pretende-se também descrever a inserção dos índios Guerens como sujeitos
históricos ativos, os quais não foram simplesmente manobrados por este Capitão-mor,
ou ainda, sua condição de administrados não lhes reservavam a condição de
escravizados. O que emerge das fontes é a inserção desses índios nos tramites
jurídicos do Império português, os quais conseguiram per
ceber as interfases das legislações para poderem se beneficiar, frente à sociedade
que os oprimia física, biológica e socialmente.
9. Paulo Barbosa: O inimigo dos religiosos da Companhia de Jesus na
capitania de Porto Seguro.
Uiá Freire Dias dos Santos
Muito pouco se sabe sobre história de Porto Seguro. No período colonial, a capitania
de Porto Seguro sempre passou por dificuldades de desenvolvimento e crescimento
no sistema colonial. Diversos fatores são apontados como justificativas para o
insucesso e o alijamento do antigo sistema colonial. Portos ruins, existência de ventos
alísios de sudeste dificultando a navegação, epidemias, ataques indígenas, dificuldade
de mão de obra, falta de bom governo, ataques de corsários estrangeiros, presença
marcante de jesuítas desfavorecendo o progresso da empresa colonial. Todos esses
fatores levaram a considerar uma realidade de estagnação,miséria e falta de
importância para o sistema colonial. Assim, a capitania de Porto Seguro seria uma
zona pouco interessante comparando-se a próspera Bahia e seu recôncavo.
Entretanto, a relevância dos negócios do Pau Brasil evidencia a importância da
capitania para o Império Luso e cria uma série de conflitos entre
as forças sociais locais e representantes da coroa. Esse trabalho busca analisar as
relações conflituosas entre o capitão-mor e superintendente do pau-brasil e os
religiosos da Companhia de Jesus da capitania de Porto Seguro entre 1645 e 1648.
10. O regulamento do Seminário de Belém da Cachoeira: Educando os filhos
dos principais em “santos e honestos costumes”
Alfredo Pinto da Silva Junior)
O presente trabalho pretende analisar como se processou a educação jesuíta no
Recôncavo da Bahia, mais especificamente, no Seminário de Belém da Cachoeira,
fundado pelo Padre Alexandre de Gusmão no ano de 1686. Deste modo, o nosso
objetivo consiste em analisar a proposta educacional do referido Seminário e a que
público se direcionava. Assim, a partir do Regulamento – redigido pelo próprio
fundador –, buscaremos observar como o caráter religioso da Companhia de Jesus
influenciou a pedagogia adotada no Colégio de Belém, facilmente observada no seu
cotidiano, e enfatizada veementemente pelo padre fundador e Reitor do Seminário,
que afirmava que o objetivo central desta instituição seria “educar nas letras e guardar
nos bons costumes”.
11. A Bahia sertaneja colonial: entre o vaqueiro e o garimpeiro
Tadeu Baliza de Souza Júnior
O presente trabalho pretende investigar escritos da Historiografia Brasileira que tratam
sobre a criação de gado e a mineração: os textos se apresentam como fontes. Foram
analisadas obras de André João Antonil (1711), Capistrano de Abreu (1907), Basílio
de Magalhães (1914) e Urbino Vianna (1935). Outros escritos dão suporte
bibliográfico, na tentativa de preencher lacunas dos autores, pois foram criados em
circunstâncias diferentes. Existia uma interdependência entre a pecuária e a
mineração, foram relevantes atividades econômicas para o surgimento,
desenvolvimento e conexões das comunidades sertanejas, sobretudo as pioneiras:
Jacobina e Rio de Contas. Nos tempos coloniais, os vaqueiros tangiam e os boiadeiros
comercializavam o gado; esses sujeitos históricos eram os agentes desde o
nascimento até a condução das boiadas para os mercados consumidores do litoral
baiano. A grande extensão dos sertões foi essencial para a criação de gado, que era
usado também como força motriz nos engenhos e nos transportes da cana no litoral.
Devido à mineração, surgiu uma figura importante que disputava com outros grupos
sociais os achados das minas: o garimpeiro. Outro indivíduo do universo da mineração
era o tropeiro responsável pela comercialização de alimentos e outros bens de
consumo. A mineração forçou a sedentarização das pessoas, mormente próximos a
região de Jacobina e de Rio de Contas. Esses indivíduos ajudaram articular os
Sertões da Bahia com outras regiões inimagináveis.
12. As despesas dos autos de fé nos Livros dos Tesoureiros da Inquisição
Denise de C. Zottolo
Esta comunicação pretende discutir a realização de alguns autos de fé do Tribunal de
Lisboa, sob o ponto de vista das suas despesas, registradas nos Livros dos
Tesoureiros, contidos na seção de Receita e Despesa do Arquivo Nacional da Torre
do Tombo de Lisboa.. Os autos-de-fé eram cerimônias onde as sentenças do Tribunal
do Santo Ofício eram lidas e executadas e eram eventos de grande importância para
reafirmar o poder da Inquisição. Os autos eram revestidos de pompa e fausto e para
tanto a sua execução demandava serviços e rituais que tinham custos para sua
realização. A análise das despesas dos autos de fé permite que possamos identificar o
custo da sua realização, quanto e quais eram os itens que compunham estas
despesas, além de demonstrar a estrutura burocrática, onde várias pessoas
gravitavam em torno se beneficiando da sua realização.
Os autos utilizados como exemplos nesta comunicação foram escolhidos de forma
aleatória dentro da vigência do Regimento de 1640, já que este foi o Regimento que
esteve em vigor por mais tempo, exatos 134 anos.
13. Maria Barbosa: uma “flecha de satã” na Bahia de Todos os Santos
Eliane Gonçalves de Miranda
(UNEB/Campus II) [email protected]
Essa comunicação faz parte de uma pesquisa em andamento que tem como fonte o
processo inquisitorial nº 3382, disponível no site do Arquivo Nacional da Torre do
Tombo (ANTT), localizado em Lisboa, com denúncias de feitiçaria, desobediência à
Igreja, concubinato, adultério e outros escândalos, cometidos por Maria Barbosa, na
Bahia de Todos os Santos, no início do século XVII (1609-1614). Neste trabalho irei
salientar a demonização feminina através da conflituosa relação que Maria Barbosa
mantinha com seus vizinhos na Bahia, que a acusavam de ser feiticeira e apontaram
ao longo do processo algumas práticas mágicas que a ré utilizava. Problematizo como
uma mulher pobre, acusada de feitiçaria e de outros crimes de ordem moral,
enfrentava os oficiais da Igreja, afirmando que não tinha dever para com eles,
chegando a ameaçar matá-los com um facão. Vale lembrar que aquele era um período
em que as mulheres eram criadas para serem submissas aos homens e supostamente
deviam viver sob as regras morais ditadas pela sociedade.
14. Hóstias e mandingas: magias de proteção na Bahia setecentista
Felipe Augusto Barreto Rangel
Durante o século XVIII se intensificou a inserção de elementos cristãos nas feitiçarias,
em especial na feitura de complexos mágicos com fins de proteção. Existe uma
imensa gama de documentos inquisitoriais, entre outros, que registraram casos que
apresentavam estas práticas. Nesta perspectiva, pretendemos refletir acerca de
algumas formatações religiosas, derivadas do cristianismo católico, no período
colonial, especificamente na Bahia, em meados do século XVIII. Partiremos da análise
de alguns elementos presentes em um caso de furto de hóstias consagradas, arrolado
na Vila Real e Freguesia de Nossa Senhora da Abadia, Arcebispado da Bahia, em
1760. Nossa fonte principal é um processo da Inquisição de Lisboa, contra o lavrador
pardo José Fernandes, acusado de utilizar uma bolsa de mandinga – amuleto de
proteção, e de ter furtado uma hóstia consagrada de uma igreja local. Vale ressaltar
que não pretendemos adentrar profundamente nos meandros
e tensões do caso documentado no processo inquisitorial como foco principal do
trabalho. Iremos apenas recortar alguns dos discursos acerca do referido roubo para
refletirmos sobre pontos das crenças religiosas que figuravam no período colonial.
15. Examinando consciências: América portuguesa nos cadernos do
promotor
Joseane Pereira de Souza
A presente apresentação faz parte de uma pesquisa que esta sendo realizada sobre o
delito de solicitação (solicitatio ad turpia ) tendo por fonte principal os cadernos do
promotor da Inquisição de Lisboa. Trataremos da denuncia de Manoel da Costa,
português que estando em sua terra natal denuncia o frei Antonio da Conceição , pelo
delito cometido nas terras do Brasil anos atrás, quando lá esteve. A análise desse
caso específico demonstra o quanto a Inquisição e a igreja conseguiu disseminar o
medo da danação eterna causado pelo pecado, nas consciências de seus rebanhos.
Palavras chave: Solicitação, Delito, Repressão.
16. Nas rodas dos calundus: religiosidade negra na Bahia colonial (séculos
XVII E XVIII).
Marina Pinto dos Santos
UNEB/Campus II - Alagoinhas [email protected]
Esta comunicação é produto direto do subprojeto de Iniciação Científica Do quilundo
ao calundu: traduções da religiosidade negra entre a África e a Bahia (séculos XVII e
XVIII) que faz parte de um projeto mais amplo intitulado Calundus, mandingas e outras
artes: religiosidade negra na Bahia colonial (séculos XVII e XVIII) coordenado pela
Prof.ª Dra. Elisangela Oliveira Ferreira, do qual participo como bolsista (FAPESB). O
objetivo desse trabalho, em andamento, é analisar as práticas mágicas, utilizadas em
sua maioria pela comunidade negra na Bahia colonial, em especial as cerimônias de
calundus e rituais de cura semelhantes. Essas práticas, consideradas como de origem
africana, ganharam espaço na América Portuguesa em meio ao catolicismo e eram
utilizadas por pessoas que fixaram maneiras próprias de interpretar símbolos e
costumes cristãos, dentre outros motivos, para enfrentar as adversidades impostas
pela sociedade escravista. O estudo se desenvolve com parte da documentação
disponibilizada online pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT),
principalmente uma série documental intitulada Cadernos do Promotor, da Inquisição
de Lisboa. Foi feito um mapeamento geral de denúncias sobre desvios da fé católica
na Bahia colonial através de quatro livros que formam os índices dos Cadernos do
Promotor, dos séculos XVII e XVIII. Graças à digitalização e democratização das
fontes inquisitoriais trabalhos como este podem ser realizados e se entende que o
estudo é de fundamental importância não só para entender e conhecer as minorias
sociais envolvidas com as práticas mágico-religiosas analisadas, como para conhecer
a própria sociedade colonial em questão.
17. Sujeitos e experiências históricas: a ação política indígena e os seus
personagens (1585-1628
Jamille Oliveira Santos Bastos Cardoso
Os estudos que se debruçam sobre a Santidade de Jaguaripe, “movimento” religioso e
político que despontou no Recôncavo baiano na segunda metade do século XVI, se
concentram no paradigma de resistência e tendem a vê-la como evento inusitado que
teve o seu apogeu e logo desapareceu em fins do século XVI. Analisando a Santidade
como fenômeno excepcional e inusitado estes estudos tendem a limitar a atuação dos
sujeitos e dos processos históricos nela envolvidos. Assim através de um novo olhar
sobre essa religiosidade tupinambá podemos perceber que o excepcional está apenas
presente na perspectiva do historiador que a vê como extrato obscuro, ou um “texto
indefinido”, assim a Santidade de Jaguaripe não pode ser analisada apenas como
curiosidade ou expressão do pitoresco. Os processos que ela desencadeia os efeitos
que sucinta e os contornos históricos sublinhados, não são simplesmente atípicos, a
Santidade não é mero movimento ou um événem
ent, substrato de um passado remoto, estão presentes em toda história dos contatos
interétnicos da sociedade colonial. Ela é, pois um espaço privilegiado de trocas
culturais, “reinvenções” indenitárias e da ação política indígena substancialmente
autônoma. A presente comunicação pretende trazer os contornos desse novo olhar
sobre a Santidade de Jaguaripe a partir das experiências políticas dos sujeitos
históricos nela envolvidos.
ST 6 - Experiências de sociabilidades na Bahia monárquica e no pós-abolição
Coordenadoras: Profª Drª Edinelia Maria Oliveira Souza (UNEB) e Profª Me. Virginia
Queiroz Barreto (UNEB)
1. As elites baianas diante da exportação de escravos 1850-1888 (Ana Paula Cruz Carvalho da Hora (UNEB)
2. Liberto, livre e ingênuo: uma análise sobre diferentes e semelhantes sujeitos sociais na Bahia (1871 - 1888). (Giovanna Ferreira Nunes Gusmão (Faculdade São Bento da Bahia)
3. A luta de escravizados para conquistar a liberdade através das cartas de alforrias em Nazareth- (1860-1888). (Gisely Nogueira Barreto (UNEB)
4. Algumas reflexõs sobre os significados da liberdade no recôncavo insular da Bahia entre 1870 e 1888. (Marcelo Costa da Silva (UNEB)
5. “Diamantina e redentora lei”: celebrações da liberdade e resquícios da escravidão no pós-abolição - cachoeira (1888-1889). ( Jacó dos Santos Souza)
6. As relações de compadrio: ampliação do parentesco através do batismo em Santo Antônio de Jesus (Eliete Marques dos Santos Vaz-UNEB)
7. A formação de laços familiares espirituais em Caravelas – Ba. (Uerisleda Alencar Moreira -UNEB)
8. Histórias familiares: a vida nas roças, laços de solidariedade e família escrava. (Virgínia Queiroz Barreto-UNEB)
9. As trabalhadoras domésticas em Curralinho-Ba: indícios da conquista de espaço de autonomia e liberdade nos últimos anos da escravidão, 1871-1888. (Antonio Tadeu Santos Barbosa - UNEB)
10. Tensões, conflitos e sobrevivência fora dos engenhos do Recôncavo baiano no pós-abolição (1887-1910). (Deyse Lima – UNEB)
11. A arte de viver: festa, vida e trabalho. (Liliane de Jesus Oliveira Lima - UNEB)
12. A inclusione unius ad exclusionem alterius: a cidadania conduzida na paraíba oitocentista (1824 – 1840). (David Glasiel de Azevedo Marinho –UFPB)
13. Mutualismo em Salvador: mercado de trabalho e associativismo entre trabalhadores livres (1860 – 1889). (Eliane Maia dos Reis - UFBA)
14. Fragmentos de uma história do negro no município de vitória da conquista (Alberto Bomfim)
15. Quando as regras são transgredidas: considerações sobre as infrações de posturas em Nazareth, Ba (1893-1912). (Lucas Santos Aguiar – UNEB)
16. Entre farrapos e trapos: um estudo sobre a formação e o cotidiano de habitações populares coletivas. (Ana Claudia de Jesus Lopes - UNIFACS)
17. “Pelo sangue de minhas veias, juro defender o trono de Isabel, a Redentora”: A Guarda Negra na Bahia. (Rafael de Oliveira Cruz - UFBA)
18. Campesinato negro e pós-abolição na Bahia (Edinelia Maria Oliveira Souza – UNEB)
19. Territorialidade e memória da Comunidade Remanescente de Quilombo do Alto do Morro do município de Santo Antônio de Jesus-Ba. (Sandra dos Santos)
20. “Só de barro, cipó e pindoba”: moradias dos trabalhadores rendeiros da Fazenda Engenho Sururu, Varzedo-Ba (1970-2000). (Viviane Andrade de Assis)
21. AIrmandade do Bom Jesus da Paciência de Cachoeira: uma análise de seu compromisso, 1853. (Rodrigo do Nascimento Amorim - UFBA)
22. Nas águas de Nanã: O Candomblé em Feira de Santana de 1890 a 1933. (Gabriela Silva (UNEB)
23. O catolicismo negro vivido por um rezador no recôncavo baiano (1940-1970). (Manuela Santana Nascimento - UNEB)
24. ‘Epítetos injuriosos’ – signos, ações de simbolização e interpretação racial via insultos verbais. (Eneida Virginia de Oliveira Santos)
ST 6 - Experiências de sociabilidades na Bahia monárquica e no pós-abolição
Coordenadoras: Profª Drª Edinelia Maria Oliveira Souza (UNEB) e Profª Me. Virginia
Queiroz Barreto (UNEB)
SALA: 9 Pavilhão 2)
CRONOGRAMA
15.10.2013 (terça feira)
Horário: 14 às 15:30h
1ª Sessão - Sentidos e significados da escravidão e da liberdade
1. As elites baianas diante da exportação de escravos 1850-1888 (Ana Paula Cruz Carvalho da Hora (UNEB)
2. Liberto, livre e ingênuo: Uma análise sobre diferentes e semelhantes sujeitos sociais na Bahia (1871 - 1888). (Giovanna Ferreira Nunes Gusmão (Faculdade São Bento da Bahia)
3. A luta de escravizados para conquistar a liberdade através das cartas de alforrias em Nazareth- (1860-1888). (Autora: Gisely Nogueira Barreto (UNEB)
4. Algumas reflexõs sobre os significados da liberdade no recôncavo insular da Bahia entre 1870 e 1888. (Marcelo Costa da Silva (UNEB)
5. “Diamantina e redentora lei”: celebrações da liberdade e resquícios da escravidão no pós-abolição - cachoeira (1888-1889). (Jacó dos Santos Souza)
15/10 (terçca feira)
Horário: 16:00 - 17:00h
2ª Sessão – Famílias, parentesco e compadrio
1. As relações de compadrio: ampliação do parentesco através do batismo em Santo Antônio de Jesus (Eliete Marques dos Santos Vaz-UNEB)
2. A formação de laços familiares espirituais em Caravelas – Ba. (Uerisleda Alencar Moreira -UNEB)
3. Histórias familiares: a vida nas roças, laços de solidariedade e família escrava. (Virgínia Queiroz Barreto-UNEB)
16.10.2013 (quarta feira)
Horário: 8:30 – 10:30 h
3ª Sessão - Trabalho, sociabilidades e cidadania
1. As trabalhadoras domésticas em Curralinho-Ba: indícios da conquista de espaço de autonomia e liberdade nos últimos anos da escravidão, 1871-1888. (Antonio Tadeu Santos Barbosa - UNEB)
2. Tensões, conflitos e sobrevivência fora dos engenhos do Recôncavo baiano no pós-abolição (1887-1910). (Deyse Lima – UNEB)
3. A arte de viver: festa, vida e trabalho. (Liliane de Jesus Oliveira Lima - UNEB)
4. A inclusione unius ad exclusionem alterius: a cidadania conduzida na paraíba oitocentista (1824 – 1840). (David Glasiel de Azevedo Marinho –UFPB)
5. Mutualismo em Salvador: mercado de trabalho e associativismo entre trabalhadores livres (1860 – 1889). (Eliane Maia dos Reis - UFBA)
16.10.2013 (quarta feira)
Horário: 10:30 – 12:00 h
5ª Sessão – Políticas de normatização e práticas de transgressões urbanas
1. Fragmentos de uma história do negro no município de vitória da
conquista (Alberto Bomfim)
2. Quando as regras são transgredidas: considerações sobre as infrações de posturas em Nazareth, Ba (1893-1912). (Lucas Santos Aguiar – UNEB)
3. Entre farrapos e trapos: um estudo sobre a formação e o cotidiano de habitações populares coletivas. (Ana Claudia de Jesus Lopes - UNIFACS)
4. “Pelo sangue de minhas veias, juro defender o trono de Isabel, a Redentora”: A Guarda Negra na Bahia. (Rafael de Oliveira Cruz - UFBA)
17.10.2013 (quinta feira)
Horário: 8:30 – 10:30 h
5ª Sessão - Campesinato negro/mestiço, moradias e cotidiano
1. Campesinato negro e pós-abolição na Bahia (Edinelia Maria Oliveira Souza – UNEB)
2. Territorialidade e memória da Comunidade Remanescente de Quilombo do Alto do Morro do município de Santo Antônio de Jesus-Ba. (Sandra dos Santos)
3. “Só de barro, cipó e pindoba”: moradias dos trabalhadores rendeiros da Fazenda Engenho Sururu, Varzedo-Ba (1970-2000). (Viviane Andrade de Assis)
17.10.2013 (quinta feira)
Horário: 10:30 – 12:00 h
5ª Sessão - Religiosidades e racialização
1. A Irmandade do Bom Jesus da Paciência de Cachoeira: uma análise de seu compromisso, 1853. (Rodrigo do Nascimento Amorim - UFBA)
2. Nas águas de Nanã: O Candomblé em Feira de Santana de 1890 a 1933. (Gabriela Silva (UNEB)
3. O catolicismo negro vivido por um rezador no recôncavo baiano (1940-1970). (Manuela Santana Nascimento - UNEB)
4. ‘Epítetos injuriosos’ – signos, ações de simbolização e interpretação racial via insultos verbais. (Eneida Virginia de Oliveira Santos)
ST 6 - Experiências de sociabilidades na Bahia monárquica e no pós-abolição
Coordenadoras: Profª Drª Edinelia Maria Oliveira Souza (UNEB) e Profª Me. Virginia
Queiroz Barreto (UNEB)
RESUMOS
1. As elites baianas diante da exportação de escravos 1850-1888
Ana Paula Cruz Carvalho da Hora (UNEB)
A partir de 1850, com o fim do tráfico de escravizados para o Brasil, a principal fonte
de escravos para o sudeste foram às províncias do nordeste. A província da Bahia foi
uma das grandes exportadoras de escravos, o que ocasionou esvaziamento da mão
de obra. As consequências disso foram registradas nos Relatórios da Assembleia
Legislativa da Bahia. O objetivo desse trabalho é, por meio dessas fontes, analisar as
soluções propostas pelas autoridades baianas para sanar as dificuldades resultantes
da perda dessa mão de obra e como as elites agropecuárias respondiam a essas
propostas.
2. Liberto, livre e ingênuo: Uma análise sobre diferentes e semelhantes
sujeitos sociais na Bahia (1871 - 1888).
Giovanna Ferreira Nunes Gusmão (Faculdade São Bento da Bahia)
Este texto objetiva investigar três sujeitos sociais – liberto, livre e ingênuo. Identificar o
período histórico para cada nomenclatura, quem foram eles, como viveram, bem como
suas contribuições para a formação da sociedade baiana e brasileira.
3. A luta de escravizados para conquistar a liberdade através das cartas de
alforrias em Nazareth- (1860-1888).
Gisely Nogueira Barreto (UNEB)
Esse trabalho é um extrato da Dissertação de Mestrado e pretende discutir os tipos de
cartas de liberdade encontrada para Nazareth e seu Termo, nas últimas décadas da
escravidão. Com isso, buscamos compreender o objetivo dos senhores em emitir as
cartas de liberdade, observando a escrita das mesmas e os termos utilizados para
determinar a forma como a liberdade era concedida por eles. Se por um lado era
concessão dos proprietários, por outro, obter a carta de alforria era uma conquista dos
escravizados que lutavam dia após dia, seja para acumular um pecúlio, cumprir
obrigações ou satisfazer as vontades dos senhores até conquistar a liberdade plena.
Nesse sentido, pretendemos também, problematizar as possíveis estratégias que os
escravizados engendravam para alcançar a tão esperada carta. Para isso, utilizamos
como fontes, cartas de liberdade e inventários. Observamos assim, que essa era uma
luta diária, que para alguns, continuava mesmo depois de ter a carta de alforria em
mãos, isso por que dependendo do tipo de carta, recebê-la não significava que tinham
conseguido libertar-se definitivamente.
4. Algumas reflexõs sobre os significados da liberdade no recôncavo
insular da Bahia entre 1870 e 1888.
Marcelo Costa da Silva (UNEB)
O presente texto é um esboço de algumas reflexões sobre a pesquisa que eu
desenvolvo sobre os significados da liberdade para os escravos e libertos na Cidade
de Itaparica entre 1870 á 1888. Partimos das novas discussões historiográficas que
enfatizam a importância de se compreender o verdadeiro sentido da liberdade e seus
múltiplos significados para esses sujeitos históricos.
5. “Diamantina e redentora lei”: celebrações da liberdade e resquícios da
escravidão no pós-abolição - cachoeira (1888-1889).
Jacó dos Santos Souza
Uma grande euforia tomou conta de parte da população residente na cidade de
Cachoeira e região ao tomarem conhecimento da aprovação da lei que acabava
legalmente com a escravidão no país. Durante várias semanas, as estreitas ruas da
cidade foram tomadas por militantes abolicionistas, filarmônicas, ex-escravos, libertos
e o “povo” que, em longas e numerosas passeatas celebravam a “diamantina e
redentora lei” de 13 de maio de 1888. Esta comunicação pretende refletir sobre as
comemorações de rua em torno da Lei Áurea, analisando as motivações e os sujeitos
sociais envolvidos nos festejos. Além disso, procura analisar comportamentos de ex-
senhores que, nos dias seguintes à lei da libertação dos escravos, mostraram-se
ressentidos e resolutos na libertação de seus cativos. Para isso, o estudo analisa
diferentes documentos do período, como periódicos, correspondências policiais, atas
de sociedades libertadoras, entre outros.
6. As relações de compadrio: ampliação do parentesco através do batismo
em Santo Antônio de Jesus (Eliete Marques dos Santos Vaz)
Este trabalho busca analisar as relações de compadrio estabelecidas entre
escravizados em Santo Antônio de Jesus-Bahia, no período de 1870-1888.
Procuramos, aqui, também problematizar as estratégias empreendidas pelos cativos
para criarem relações de compadrio entre escravos, livres e libertos, e quais os
mecanismos utilizados para manterem estáveis essas relações. As fontes utilizadas
são livros de registros de nascimento e assentos de batismos, que estão localizadas
no Arquivo Municipal de Santo. Através da análise dessas fontes, identificamos várias
famílias escravas e a ampliação das relações sociais através do compadrio, como uma
iniciativa de resistência ao sistema escravista. Nas fontes analisadas, identificamos
que os negros escravizados de Santo Antônio de Jesus tinham como padrinhos outros
cativos, pessoas livres e, até mesmo, senhores de outros escravos. Os escravos eram
capazes de expandir os laços de parentesco, também, por meio do compadrio.
Percebemos então, a importância do compadrio para os escravizados.
7. A formação de laços familiares espirituais em Caravelas – Ba.
Uerisleda Alencar Moreira (UNEB)
O estudo dos laços familiares rituais tem sido considerado de fundamental importância
para a construção da história da sociedade brasileira, espaço que mesmo os sujeitos
da base da hierarquia social – escravos e livres pouco abastados – eram
protagonistas, escolhendo entre os demais moradores da vila, município ou cidades,
aqueles que desejavam como parceiros da luta diária pela sobrevivência. A formação
da família espiritual tem desvelado múltiplas possibilidades de arranjos familiares em
diversas cidades e vilas do Brasil Colonial e Monárquico. O presente estudo, pautado
num método quali-quantitativo e na pesquisa documental, tem buscado compreender a
formação dessas famílias espirituais de sujeitos históricos em Caravelas – BA, entre
os anos de 1850 a 1860, usando como fonte primária os registros de batismo do
período compreendido. É possível entrever que as preferências de extensão das
relações sociais, foram constituídas de modo diversificado, uma vez que estão sendo
localizados padrões tanto endógenos quando exógenos, bem como a inter-relação
entre sujeitos com as mais variadas condições jurídicas. O estudo, em andamento no
Programa de Pós-Graduação em História Regional e Local da Universidade do Estado
da Bahia, tem possibilitado a emergência da população caravelense, sejam negros,
índios ou brancos, livres e escravos, que se fizeram presentes na pia batismal
legitimando possíveis laços sociais.
8. Histórias familiares: a vida nas roças, laços de solidariedade e família
escrava.
Virgínia Queiroz Barreto UNEB)
Nesse texto pretendo apresentar o cenário e as condições em que mulheres escravas,
forras ou pobres livres construíram relações afetivas, familiares, laços de solidariedade
e confiança no mundo rural do Recôncavo sul da Bahia. Em Nazaré, sede da comarca
com o mesmo nome, estudar os laços familiares construídos ainda no cativeiro e
perceber as relações de solidariedade e compadrio que, de certa forma, garantiu a
sobrevivência desses laços dentro e fora da escravidão, não tem sido uma tarefa
muito fácil, devido a dispersão das fontes que se encontram nos arquivos da região e
também da capital. No entanto, perseguir esses sujeitos através da leitura dos autos
crime, dos testamentos post-mortem, dos inventários e livros de compra e venda, além
dos cadastros de escravos promovidos pelas autoridades, têm possibilitado perceber
significativas estratégias criadas pelos cativos e pobres livres que circularam naquela
região para abrandar o impacto nocivo do escravismo sobre a continuidade das
relações familiares e manutenção de elementos de uma cultura herdada de
experiências vividas no além mar.
9. As trabalhadoras domésticas em Curralinho-Ba: indícios da conquista de
espaço de autonomia e liberdade nos últimos anos da escravidão, 1871-
1888.
Antonio Tadeu Santos Barbosa (UNEB)
O trabalho tem como objetivo refletir sobre a conquista de espaços de autonomia e
liberdade das trabalhadoras domésticas classificadas nas listas de matrículas dos
inventários de Curralinho, atual Castro Alves-BA, no Recôncavo Baiano, dos últimos
anos da escravidão. Além das listas de matrículas, tornou-se possível, também, cruzar
as informações com os autos de avaliação dos bens dos inventariados, as listas de
dívidas e demais partes integrantes dos inventários em que aparecem nomes das
cativas, e de suas filhas, que exerciam serviço doméstico. A intenção é demonstrar
que alguns tipos de profissões exercidas pelos cativos no mundo escravo – nesse
caso, o trabalhado doméstico – foram fundamentais para a conquista de espaço de
autonomia e liberdade.
10. Tensões, conflitos e sobrevivência fora dos engenhos do Recôncavo
baiano no pós-abolição (1887-1910).
Deyse Lima (UNEB)
O presente artigo busca analisar as condições de sobrevivência e o cotidiano dos ex-
escravos baianos após o dia 13 de maio de 1888 no Recôncavo da Bahia. É inegável
que o fim da escravidão desencadeou transformações decisivas e irreversíveis nas
relações cotidianas nos engenhos do Recôncavo. Apesar da memória do cativeiro
estar presente entre as populações negras do Recôncavo, a Abolição representou um
momento de mudanças dos referenciais culturais que orientavam as relações
econômicas, o convívio social e as relações de poder nesse local. Nesse contexto,
buscamos compreender algumas das diversas formas de resistências realizadas pelos
negros e pelas negras nessa região.
11. A arte de viver: festa, vida e trabalho.
Liliane de Jesus Oliveira Lima (UNEB)
Este ensaio busca apresentar as formas de resistência empreendidas pela população
negra à repressão imposta as suas manifestações culturais no período de 1910 a 1950
em Santo Antônio de Jesus Bahia, bem como os espaços onde aconteciam esses
folguedos: portas a dentro, nas ruas, praças e demais logradouros públicos,
destacando que em muitos momentos o tempo do trabalho se imbricava com o tempo
da festa. Observamos até o momento, que as festas e festejos – mesmo permeadas
de tensões e conflitos-, proporcionavam o encontro entre a população negra e pobre
com outros grupos sociais, nos quais era possível tecer laços, que viabilizavam
auxílios e acordos, algo essencial para abrandar as asperezas da vida cotidiana.
12. A inclusione unius ad exclusionem alterius: a cidadania conduzida na
paraíba oitocentista (1824 – 1840).
David Glasiel de Azevedo Marinho (UFPB)
Este projeto de pesquisa consiste em discutir as implicações de uma cultura política
oligárquica na condução e construção da cidadania paraibana no limiar do século XIX.
Nesses termos, a investigação caminha no sentido de problematizar as dimensões
dessa conjuntura – de 1824 a 1840 – de modo que seja possível perceber,
dialeticamente, como a apropriação dos mecanismos legais restringiu, aos setores
sociais previamente selecionados, o acesso à cidadania. Este, revelado através das
vicissitudes políticas, apresenta – se fragilizado, em sua estrutura e circunscrito em
sua essência, a fim de atender aos interesses das elites regionais no cenário
paraibano. Outrossim, pode – se apontar para as alternâncias que marcaram o
posicionamento autômato, na esfera pública, dos representantes do poder ora
reforçando, deliberadamente, essa estrutura excludente, ora negligenciando o caráter
constitucional e precípuo de legitimação dos direitosbásicos do cidadão. Com efeito,
falar de cidadania, numa conjuntura geral, não é tarefa inteligível. Arcar com as
premissas estabelecidas e consolidadas, com os significados que servem de
sustentação para o epíteto cidadão e, mormente, com a importância dessa tipologia,
indica, para nós historiadores, uma problemática, ao menos, de longa duração. O
cerne da questão ainda é a persistência dessas classes na tentativa de regular a vida
institucional, política e cultural do país a partir de sua perspectiva de acesso. É
perceber que as escolas, em maior instância, estavam reservadas para os filhos das
oligarquias, assim como os espaços públicos de experiência coletiva. É notar que o
voto também foi apropriado pelas classes mais abastadas e, quando não havia
rupturas no âmago das alianças, no que diz respeito à política, as eleições
caminhavam serenas e previsíveis. É observar que a engrenagem econômica era
fundamentalmente controlada pela elite, em detrimento das camadas mais pobres, ou
mesmo hierarquicamente inferiores. É testemunhar que o desenvolvimento da cultura
política, evidentemente oligárquica, implicou, intrinsecamente, o domínio das vias de
acesso à cidadania, transformando – as, essencialmente, em caminhos inacessíveis
para a maioria da população que, excluída desse sistema, ainda hoje procura sua
parcela de cidadania perdida na memória, parcialmente reconstruída pela história.
13. Mutualismo em Salvador: mercado de trabalho e associativismo entre
trabalhadores livres (1860 – 1889).
Eliane Maia dos Reis (UFBA)
Esse trabalho visa analisar as associações de socorros mútuos existentes no período
de 1860 a 1889, como espaços que atribuíam aos seus membros um status social em
relação a outros indivíduos que ocupavam os mesmos locais de trabalho. Com isso,
pretendemos perceber como as associações despontaram em um período que a
escravidão estava em voga, quais seus objetivos e seus membros e ainda, como elas
se relacionaram com o Estado imperial que durante um tempo manteve o controle,
estabelecendo prerrogativas para o seu funcionamento e atuação.
14. fragmentos de uma história do negro no município de vitória da conquista
Alberto Bomfim
O presente artigo pretende analisar a presença negra no município de Vitória da
Conquista e região na contemporaneidade, a partir de seu contexto histórico apoiado
na observação empírica e nos estudos de autores como Isnara Pereira Ivo, Maria
Aparecida Sousa e Itamar P. Aguiar. Pretende-se demonstrar a relevância numérica e
histórica da população negra no município, e como se estabelece uma invisibilidade
desta mesma população na sociedade por sua geografia e por suas representações
simbólicas, e como esta invisibilidade imprime aspectos fundamentais na construção
ideológica de seus modelos de religião, cultura, poder e política.
Palavras chave: negro, invisibilidade, Sertão da Ressaca.
15. Quando as regras são transgredidas: considerações sobre as infrações
de posturas em Nazareth, Ba (1893-1912).
Lucas Santos Aguiar
Este trabalho faz parte do processo de pesquisa de mestrado que busca relacionar as
transgressões aos atos normativos na cidade de Nazareth, Recôncavo Sul da Bahia,
especialmente no que diz respeito à regulamentação das vivências urbanas instituídas
pelo Código de Posturas de 1893, com as atividades e exercícios cotidianos de
homens e mulheres que compunham o quadro dos trabalhadores da cidade e
população heterogênea na transição do século XIX para o XX. Buscamos ainda,
compreender como as normas disciplinares instituídas pelo poder público estavam
inseridas no contexto da modernidade brasileira, reforçada com o advento da
República, e quais foram às estratégias formuladas pelos sujeitos para limitar a política
de dominação e controle social em constante expansão. Identificamos a partir da
documentação do poder municipal o rol dos infratores e transgressores das leis, bem
como os usos e práticas que se faziam do espaço citadino, dos quais feriam os
princípios da legalidade e da ordem urbana imposta pelo poder público. Neste
contexto, a partir dos micro-conflitos agenciados numa relação tripartite envolvendo as
autoridades, legislação municipal e sociedade local, pretendemos recuperar as
experiências de vida de sujeitos sociais que em sua cotidianidade lutaram, com ações
políticas disponíveis, contra o caráter desconfortável e contraditório da vida urbana no
período em destaque.
16. entre farrapos e trapos: Um estudo sobre a formação e o cotidiano de
habitações populares coletivas.
Ana Claudia de Jesus Lopes (UNIFACS)
Salvador até o meado do século XIX era uma cidade divida por dez freguesias
centrais; Sé ou São Salvador, Nossa Senhora da Vitória, Nossa Senhora da
Conceição da Praia, Santo Antônio Além do Carmo, São Pedro Velho, Santana do
Sacramento, Santíssimo Sacramento da Rua dos passos, Nossa Senhora de Brotas,
Santíssimo do Pilar, e Nossa Senhora da Penha. Tendo assim, uma divisão
eclesiástica fundida a divisão administrativa, composta urbanisticamente por um
complexo arquitetônico de sobrados e casarões coloniais que variavam através dos
andares e das condições das famílias que ali residiam. Nas décadas que sucedem
este meado de século a cidade é tomada por influências europeias, principalmente da
França. Ocorria assim, a separação entre residência e local de trabalho. Uma
característica do processo de Haussmannização, que foi um conjunto de intervenções
urbanísticas feitas por Georges- Eugène Haussmann, entre os anos de 1853 e 1870
na França. Processo este que será fortalecido em Salvador no projeto modernista de
José Joaquim Seabra (1912-1916). Porém, neste primeiro momento ainda no século
XIX surgem na cidade do Salvador casarões em meio a jardins constituindo uma nova
forma de moradia e valorizando novos espaços, como: Corredor da Vitória, Ladeira da
Barra, Graça, Garcia e outros. Esse seria primeiro indício que os centros urbanos e
hoje centros históricos começavam a perder a consistência de núcleo vital, e os
antigos bairros como Freguesia da Sé e Freguesia de São Pedro Velho começam a se
desvalorizar. Muitos dos sobrados coloniais deixam de serem moradias das famílias
abastadas passando a serem ocupadas por famílias medianas e pobres. Moradias
exclusivas davam espaço a moradias coletivas. Dentro deste contexto de
desvalorização do centro urbano e da tomada deste espaço por novas classes sociais,
este trabalho é o início do estudo sobre habitações populares coletivas na cidade do
Salvador no século XIX. Analisando inúmeras obras e fazendo um levantamento
minucioso descobrimos que estudos de cunho historiográfico na Bahia sobre a
temática “Habitações Populares Coletivas” ainda são muito poucos, principalmente,
quando partimos para uma análise mais profunda do cotidiano daqueles lugares. Na
vertente da História Urbana e das Cidades existem profissionais que estudam essas
habitações e foram esses que acabaram abrindo uma luz para diversas das nossas
inquietações. Nesse sentido, trabalharemos com a temática “Habitações Populares
Coletivas na cidade do Salvador entre os anos de 1850 a 1899”. Nosso objetivo é
verificar como se constituiu as habitações populares coletivas na Freguesia da Sé e
São Pedro Velho, além de identificar as formas de convivência e sobrevivência que se
via nesses lugares, tentando descobrir quem eram esses habitantes e como estas
pessoas conquistavam esses lugares.
17. “Pelo sangue de minhas veias, juro defender o trono de Isabel, a
Redentora”: A Guarda Negra na Bahia.
Rafael de Oliveira Cruz (UFBA)
Em junho de 1889, a visita do conde d’Eu, marido da Princesa Isabel, fez acirrar uma
série de debates na província da Bahia quando os membros da Faculdade de
Medicina e defensores do ideal republicano entraram em choque com membros da
Guarda Negra na ladeira do Taboão. Argumentando-se que não passavam de
arruaceiros organizados pela polícia, a participação desses negros no contexto político
ainda tem sido minimamente apreciada pela historiografia, e parte desse conflito
reflete as divisões do pensamento brasileiro dos rumos políticos do país próximo da
virada do século XIX para o século XX. O presente trabalho visa tecer algumas
abordagens em torno de um movimento oriundo no Rio de Janeiro, mas com presença
em inúmeras províncias brasileiras, que provocou debates acirrados entre os
contemporâneos da Princesa Isabel e que nutre um profundo desconhecimento na
historiografia brasileira, demonstrando de que maneira a participação desses sujeitos
no processo histórico sinaliza um período marcado pela racialização dos discursos e
pelo jogo de conflitos, envolvendo as questões políticas e sociais do final da
monarquia brasileira.
18. Campesinato negro e pós-abolição na Bahia
Edinelia Maria Oliveira Souza
As práticas de arrendamento e meação de terras disseminadas pelo Recôncavo
baiano, depois da abolição, assinalam um redimensionamento da "brecha camponesa"
existente durante a escravidão, ainda que apresentem contornos novos nas relações
de poder estabelecidas entre os trabalhadores rurais de então e os proprietários de
terras. Possivelmente, em troca de lealdade e bons serviços prestados tornou-se
comum ex-escravos e libertos receberem heranças de seus ex-senhores ou suas ex-
senhoras, o que constituiu uma via de reconstrução das estratégias de sobrevivência
como também de reelaboração de sentidos e significados da liberdade na sociedade
baiana do pós-abolição. É essa discussão que apresento nesse texto.
19. Territorialidade e memória da Comunidade Remanescente de Quilombo
do Alto do Morro do município de Santo Antônio de Jesus-Ba.
Sandra dos Santos
O presente trabalho trata de uma primeira reflexão em torno da pesquisa sobre a
Comunidade Remanescente de Quilombo do Alto do Morro no município de Santo
Antonio de Jesus. O objetivo é compreender a formação da comunidade a partir do
estudo de caso, que tem como foco as memórias dos seus moradores. Busca-se,
portanto, relacionar a constituição da localidade aos processos de luta pela liberdade,
agenciados por famílias de escravos e libertos, no final do século XIX e, ainda,
identificar quais investimentos econômicos, sociais e culturais foram criadas pelos
sujeitos que ali se estabeleceram ao longo do tempo.
20. “Só de barro, cipó e pindoba”: moradias dos trabalhadores rendeiros da
Fazenda Engenho Sururu, Varzedo-Ba (1970-2000).
Viviane Andrade de Assis
Este texto tem como objetivo apresentar as experiências de trabalhadores rendeiros
da Fazenda Engenho Sururu, localizada no município de Varzedo, Recôncavo da
Bahia. Interessam aqui as relações de trabalho destes sujeitos a partir do vigor do
acordo oral de arrendamento com Humberto Guedes de Araújo – proprietário da
referida fazenda que foi doada no século XVIII através de concessão de sesmarias. O
arrendamento rural era realizado entre quem possuía a terra e quem iria trabalhar
nela. O proprietário das terras concedia acesso a terra e estabelecia as condições
para permanecer no sistema de arrendamento. E o rendeiro tinha a obrigação de
pagar a renda, consequentemente garantia o direito de sua família morar tão somente
em casas de taipa e plantar lavoura de subsistência nas terras arrendadas. O estudo
deste processo permite entender como essa relação, baseada no contrato oral, nas
precárias condições de moradia, trabalho, e também na solidariedade e no mutualismo
entre os trabalhadores, se constitui em reinvenções da exploração e resistência no
campo. Na referida fazenda, essas relações parecem ter sido empreendidas desde
quando a mesma abrigava trabalhadores em condição escrava, possivelmente muitos
dos quais antepassados das famílias ainda lá residentes. A partir da análise dessas
experiências mediadas pelas narrativas orais, a proposta deste trabalho é apreender
sobre o direito à terra das famílias rendeiras da Fazenda Engenho Sururu que ali
moram e trabalham há algumas gerações, constituindo assim, os laços de
aparentados entre os membros da comunidade que é um elemento que dá unidade ao
grupo, ou seja, a “rama de maxixe”.
21. A Irmandade do Bom Jesus da Paciência de Cachoeira: uma análise de
seu compromisso, 1853.
Rodrigo do Nascimento Amorim (UFBA)
O presente artigo tem como proposta analisar e discutir acerca do compromisso da
Irmandade do Bom Jesus da Paciência localizada na cidade de Cachoeira – Ba no
século XIX. Ele compõe uma parte de minha dissertação de mestrado que venho
desenvolvendo no programa de pós-graduação em História Social da Universidade
Federal da Bahia, com o apoio da Capes, na qual pretendo analisar e problematizar
sobre as práticas sociais e religiosas dos irmãos e a funcionalidade da instituição. O
artigo seguirá, portanto, na análise do espaço social e econômico no qual se
encontrava a Irmandade, a cidade de Cachoeira, haja vista que entendemos as
irmandades como um local propício a interação e confraternização dos irmãos que, por
hora, possuíam desejos e vontades semelhantes que estavam “refletidos” em seu
regimento. E, posteriormente será feita uma análise do compromisso, destacando
seus principais aspectos, como as festas, procissões, atividades econômicas e a
devoção ao senhor da Paciência em diálogo com autores que estudaram sobre
irmandades.
22. Nas águas de Nanã: O Candomblé em Feira de Santana de 1890 a 1933.
Gabriela Silva (UNEB)
O presente trabalho pretende analisar os eventos relacionados ao Candomblé na
cidade de Feira de Santana durante o período de 1889 a 1933. Haja vista o histórico
de repressão a esta religião, buscamos perceber o processo de afirmação religiosa e
de identidade dos indivíduos na cidade, objetivando discutir o papel dos fiéis das
religiões afro-brasileiras na defesa de suas práticas religiosas. A delimitação temporal
refere-se a um período de mudança no quadro político nacional, alteração esta que
terminou sendo refletida em todos os ramos da sociedade que não apenas nos meios
que dizem respeito à política, mas também no que concerne ao âmbito econômico,
social, cultural, entre tantos outros aspectos que compõem a estrutura de uma
sociedade. Para tal as fontes que serão utilizadas abordarão o discurso produzido
sobre a religião e seus fiéis. Os processos crimes são norteadores para verificar as
tentativas de criminalização do Candomblé em Feira de Santana. Contíguo com
exame dos processos crimes há o estudo dos jornais do período, que dão recursos
para obter a percepção de como era representada a religião na cidade. Verificamos a
partir de tais fontes que é possível entender como eram representadas as imagens do
negro na sociedade feirense, analisando como existia a perseguição aos cultos de
religiões afro-brasileiras, tanto pela polícia como pelas políticas públicas, percebendo
como reagiram os fiéis dessas religiões para conseguirem manter suas crenças em
meio às perseguições.
23. O catolicismo negro vivido por um rezador no recôncavo baiano (1940-
1970).
Manuela Santana Nascimento (UNEB)
A presente comunicação se propõe a refletir sobre a formação do universo religioso do
rezador Crispim dos Santos, natural da cidade de Conceição do Almeida - Ba que
migrou com sua família, por volta da década de 1950 para a cidade de Santo Antônio
de Jesus -Ba, analisando como o catolicismo foi reinterpretado, por esse sujeito, e
ligado a tradições afro-brasileiras. Localizada no Recôncavo Sul da Bahia, Santo
Antônio de Jesus, a partir da década de 1940, recebeu uma grande quantidade de
migrantes que abandonaram a decadência do campo e vieram em busca de uma vida
melhor na cidade. Na bagagem, além da trajetória de lutas, resistências e trabalho,
esses sujeitos trouxeram os saberes de cura, ligados a experiências religiosas que
agregaram as diversas raízes culturais que compõem a cultura religiosa brasileira. A
cultura religiosa aqui desenvolvida, desde o período colonial, foi marcada por uma
imposição do catolicismo, religião que, mesmo com a laicização do Estado, manteve o
status de “religião oficial dos brasileiros”. No entanto, ao fazermos um exame do
catolicismo experimentado pelos rezadores e rezadeiras no Recôncavo baiano,
constatamos que uma mundividência africana deu o tom das manifestações religiosas
e curativas tidas, por muitos, como exclusivamente católicas. A trajetória de vida e o
catolicismo negro desenvolvido pelo rezador Crispim dos Santos, propostos nessa
comunicação, contribuem sensivelmente para a revisão dos postulados teóricos que
não contemplam as formas negras de autoinscrição no mundo. Para o
desenvolvimento deste trabalho, as fontes orais foram de fundamental importância
para a compreensão do contexto histórico da cidade, bem como das práticas religiosas
desenvolvidas pelas populações negras.
24. ‘Epítetos injuriosos’ – signos, ações de simbolização e interpretação
racial via insultos verbais.
Eneida Virginia de Oliveira Santos
'Epítetos injuriosos’ é uma expressão regularmente empregada nas queixas contidas
em processos crime de calúnia e injúria, selecionadas entre os anos de 1888 e 1910,
registradas na ‘Cidade da Bahia’. Essa expressão polida substituía linguagens que,
para além de ferir a moral e a decência, evidenciavam conflitos sociais vivenciados por
sujeitos comuns, os quais traduziam suas tensões sob a forma de insultos como:
‘safado’, ‘infame’, ‘ladrão’, ‘negro descarado’, ‘cabrão’, ‘preta’, ‘filho de negra captiva’.
O zelo pela integridade moral e social dos sujeitos, pela moralidade pública e pelo
decoro da família, reivindicados nessa expressão jurídica, guardam em seu interior -
assim como os insultos -, existências, identificações, fronteiras que são próprias à
representação social. Este trabalho pretende analisar a representação como categoria
de análise da racialização das relações sociais por meio dos insultos verbais
(enquanto formas de ‘dizer’ e ‘estar no mundo’) amplamente utilizados na Salvador
entre fins do século XIX e primeira década do XX, com o objetivo específico perceber
como sujeitos comuns, no contexto de transposição do sistema escravista e anos
iniciais de consolidação da ordem republicana diferenciaram os homens de cor sob a
forma de insultos verbais, bem como buscar possíveis produções de valores próprios e
ações de resistência dos homens de cor ante os símbolos e significados que lhes
foram imputados.
ST 7 - Ditadura e transição política na América do
Sul
Coordenadores: Profa. Dra. Cristina Luna (UNEB) e Prof. Ms. Zózimo Trabuco
(UEFS)
1. O golpe de 1964 e suas reverberações em Santo Antônio de Jesus:
Olhares acerca da recepção e congratulações ao regime imposto
(Cristiane Lopes da Mota)
2. Pai, político, guerrilheiro e subversivo: representações de Carlos
Marighella, 1964 -1969 (Sandro Leite Souza)
3. Em armas contra a ditadura: O Movimento Revolucionário 8 de outubro e
sua ação na Bahia, 1969-1971 (Aline Michele Fernandes Mascarenhas
Pereira)
4. A influência de ACM no estado da Bahia, em especial no município de
Santo Antônio de Jesus (Marcos Souza Batista) 5. Interpretações e desdobramentos acerca do sequestro de Elbrick (Cristina
Monteiro de Andrada Luna)
6. Silêncios retumbantes do jornal Folha do Norte: recomposições
partidárias em Feira de Santana, 1940-1950 (Ricardo da Silva Campos)
7. “Contra os Agitadores”: O Jornal Folha do Norte e o Golpe de 64 (Maíza
Fonseca da Purificação) 8. Rádio Liberdade e as disputas por poder durante a Ditadura Militar em
Aracaju/SE, 1968-1970 (Carla Darlem Silva dos Reis)
9. Análise imagética das representações chargísticas do nordeste durante a
ditadura militar: permanências e rupturas de um nordeste idealizado (Ciro
Lins Silva)
10. Por uma estética antropófaga: a arte tropicalista nos anos 1960 (Carla
Virgínia Gonçalves Oliveira e Aline Matos da Rocha)
ST 7 - Ditadura e transição política na América do Sul
Coordenadores: Profa. Dra. Cristina Luna (UNEB) e Prof. Ms. Zózimo Trabuco
(UEFS)
SALA: 7 (Pavilhão 2)
CRONOGRAMA
16.10.2013 (quarta-feira)
Horário: 10:00 – 12:30h:
1. O golpe de 1964 e suas reverberações em Santo Antônio de Jesus:
Olhares acerca da recepção e congratulações ao regime imposto. Cristiane
Lopes da Mota)
2. Pai, político, guerrilheiro e subversivo: representações de Carlos
Marighella, 1964 -1969. (Sandro Leite Souza)
3. Em armas contra a ditadura: O Movimento Revolucionário 8 de outubro e
sua ação na Bahia (1969-1971). (Aline Michele Fernandes Mascarenhas
Pereira)
4. A influência de ACM no estado da Bahia, em especial no município de Santo
Antônio de Jesus. (Marcos Souza Batista)
5. Interpretações e desdobramentos acerca do sequestro de Elbrick. (Cristina
Monteiro de Andrada Luna)
17/10 (quinta-feira)
Horário: 09:30 – 12:00h
1. Ricardo da Silva Campos: Silêncios retumbantes do jornal Folha do Norte:
recomposições partidárias em Feira de Santana (1940-1950).
2. Maíza Fonseca da Purificação: “Contra os Agitadores”: O Jornal Folha do Norte
e o Golpe de 64.
3. Carla Darlem Silva dos Reis: Rádio Liberdade e as disputas por poder durante a
Ditadura Militar em Aracaju/SE (1968-1970).
4. Ciro Lins Silva: Análise imagética das representações chargísticas do nordeste
durante a ditadura militar: permanências e rupturas de um nordeste idealizado.
5. Carla Virgínia Gonçalves Oliveira e Aline Matos da Rocha: Por uma estética
antropófaga: a arte tropicalista nos anos 1960.
ST 7 - Ditadura e transição política na América do Sul
Coordenadores: Profa. Dra. Cristina Luna (UNEB) e Prof. Ms. Zózimo Trabuco
(UEFS)
RESUMOS
1. O golpe de 1964 e suas reverberações em Santo Antônio de Jesus: olhares
acerca da recepção e congratulações ao regime imposto
Cristiane Lopes da Mota
Este artigo aborda a recepção ao golpe de 1964 e as suas reverberações em Santo
Antônio de Jesus. Para tanto, analisam-se os gestos de recepção e congratulações ao
regime. Abordam-se as homenagens aos militares que comandaram o país e o
posicionamento de distintos sujeitos frente aos ideais disseminados pelo regime,
sobretudo pelo corpo político local. Esta pesquisa foi realizada à luz de diferentes
fontes, especialmente das atas da câmara municipal de vereadores de Santo Antônio
de Jesus e dos livros de memória.
2. Pai, político, guerrilheiro e subversivo: representações de Carlos Marighella
1964 -1969 Sandro Leite Souza
Neste trabalho tencionamos apresentar resultados parciais de um estudo sobre o
pensamento político de Carlos Marighella e sobre as representações socais existentes
acerca de sua personalidade, considerando que Marighella foi para alguns um dos
principais agentes no combate à ditadura militar, dando a sua vida pela liberdade da
nação brasileira e, para outros, um terrorista. Ao mesmo tempo que encabeçava uma
lista de cinquenta terroristas procurados em todo país nos últimos meses,, que
deveriam ser capturados vivos ou mortos, Marighella era visto como um
“revolucionário terno, carinhoso, desses que cultivam um afeto muito grande pela
família e pelos companheiros”.
Baiano, foi líder de uma das maiores organizações que lutaram contra a ditadura, mas
para muitos era apenas “(...) líder de um grupo de subversivos, assaltantes, e
terroristas candidatos a guerrilheiros (...)”. Partindo desse pressuposto, o que se
pretende com esta análise é perceber como foi construído ao longo da História, o perfil
desse guerrilheiro que atuou como um dos maiores combatentes ao regime civil-militar
instaurado no Brasil a partir de 1964. Tal análise está fundamentada nos documentos
da autoria de Marighella durante sua atuação na Ação Libertadora Nacional (ALN), na
revista VEJA - publicação semanal brasileira da Editora Abril -, e na análise de
algumas biografias, como as intituladas Carlos Marighella, o inimigo número um da
ditadura (JOSÉ, 1997); Carlos, a face oculta de Marighella (SILVA JÚNIOR, 2009);
Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo (MAGALHÃES, 2012).
3. Em armas contra a ditadura: O Movimento Revolucionário 8 de outubro e sua
ação na Bahia, 1969-1971
Aline Michele Fernandes Mascarenhas Pereira
Durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), as esquerdas entraram em
verdadeiro processo de ruptura, o que resultou em várias organizações revolucionárias
que exerceram sua ação política não pelas vias formais e legais, mas através do uso
de armas e da prática de guerrilha, tanto no meio urbano, como no rural. Sendo assim,
tomando como o objeto de estudo o Movimento Revolucionário 8 de outubro, fundado
a partir da Dissidência da Guanabara (DI-GB), damos ênfase à atuação dessa
organização no estado da Bahia, entre os anos de 1969 a 1971. Assim, pretendemos
identificar a Bahia no contexto da luta armada, que costuma aparecer na historiografia
focada apenas no eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Embora as ações na Bahia, em
especial na cidade de Salvador, tenham sido menos significativas elas não foram
nulas e merecem ser investigadas, com destaque para a atuação de militantes baianos
nas ações de luta armada.
4. A influência de ACM no estado da Bahia, em especial em Santo Antônio
de Jesus
Marcos Souza Batista
A comunicação a ser apresentada visa estabelecer um panorama geral sobre a
trajetória política de Antônio Carlos Magalhães (ACM), durante os anos de 1966 a
1975, em plena ditadura militar, quando exerceu os cargos de prefeito de Salvador e
governador da Bahia. ACM foi nomeado prefeito de Salvador pelo então governador
Luis Viana. A frente do governo da capital baiana dedicou-se às reformas
administrativas e urbanas, capacitando-se como candidato potencial à sucessão
estadual, tendo sido eleito de forma indireta pela assembleia legislativa ao cargo de
governador da Bahia no dia 13 de outubro de 1970, assumindo o cargo em 15 de
março de 1971 e exercendo-o até o seu término, em 15 de março de 1975. Desse
modo, desejamos mostrar sua estreita proximidade com o governo militar no poder, o
que lhe rendeu altos cargos na esfera executiva e grande projeção política, que gerou
grandes benefícios para a Bahia, transformando ACM em um grande líder no estado
baiano, sendo capaz de influenciar muitos grupos em diversas regiões do estado,
como Santo Antônio de Jesus.
Palavras-chave: ACM, política, Bahia, Santo Antônio de Jesus
5. Interpretações e desdobramentos acerca do sequestro de Elbrick
Cristina Monteiro de Andrada Luna
Esta comunicação tem como objetivo analisar as interpretações e implicações
suscitadas pela captura do embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick, por
membros da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário 8 de
Outubro (MR8) no dia 4 de setembro de 1969 em troca da liberdade de quinze presos
políticos. Neste sentido, desejamos observar o impacto da ação sobre as
organizações guerrilheiras (que realizariam outros três sequestros de embaixadores
em 1970) e sobre o governo militar, que, como resposta, promoveu um fechamento
ainda maior do regime, decretando os Atos Institucionais número 13 e 14, que, de
forma draconiana estabeleciam as penas de banimento e morte no país, e
aprofundando a caçada às organizações armadas que foram extintas até 1971,
mediante a prisão, tortura, morte e desparecimento de seus integrantes, com exceção
da Guerrilha do Araguaia, que perdurou de 1972 a 1974 sob a organização do PCdoB,
que fora sempre crítico das ações de guerrilha urbana, o que não impediu que o foco
guerrilheiro também fosse dizimado pela ação do exército.
6. Silêncios retumbantes do jornal Folha do Norte: recomposições partidárias
em Feira de Santana (1940-1950)
Ricardo da Silva Campos
Neste artigo aponto caminhos teóricos e metodológicos para a compreensão de
disputas políticas em Feira de Santana de meados do século XX tomando como base
a ideia de que o universo político está intimamente articulado com o conjunto da vida
social. Analiso como recomposições partidárias, particularmente entre as décadas de
1940-1950, a aproximação entre Agnaldo Soares Boaventura e a União Democrática
Nacional (UDN), o que provocou uma ruptura com a aliança PSD-PTB, ao mesmo
tempo que corroborou para que udenistas que dirigiam o jornal Folha do Norte
impossibilitassem quaisquer notícias que pudesse macular a imagem do aliado
político/ideológico. Interessa-me compreender a competição pelo estado entre frações
da classe dirigente de Feira de Santana. Seu controle era cobiçado pela possibilidade
de implantação de projetos que beneficiassem seus pares e também pela utilização da
máquina pública como forma de legitimar ações no conjunto da vida social. Examina-
se a relação entre o público e o privado, o social e o político. Fazer parte da
administração do município significava apropriar-se de um instrumento de
manipulação que poderia favorecer a interesses pessoais e políticos.
Este trabalho terá como base dois processos crimes que envolve o ex-político Agnaldo
Soares Boaventura na condição de infrator. O primeiro é um Inquérito Policial em que
o empresário, Boaventura, é acusado de agredir um de seus funcionários; o outro um
caso de prevaricação, quando era prefeito de Feira de Santana, no qual ficou
comprovado a produção de falsificações em documentos da prefeitura para beneficiar
membros de sua família. A partir deles mostro configurações do realinhamento desse
político ligado as hostes pessedistas à UDN.
Palavras-chave: Jornal Folha do Norte, Feira de Santana, recomposições partidárias
7. “Contra os Agitadores”: O jornal Folha do Norte e o golpe de 64.
Maíza Fonseca da Purificação
O jornal Folha do Norte (JFN), é um jornal produzido na cidade de Feira de Santana
(BA). Esta pesquisa apresenta o posicionamento do JFN e sua relação com o golpe
civil-militar de abril de 1964. Investiga a presença do argumento anticomunista do
jornal em apoio ao golpe, bem como sua adesão à deposição do então prefeito
Francisco Pinto. Foram analisadas 19 matérias deste periódico, entre as datas de 21
de março a 27 de junho. Era um periódico de publicação semanal.
O anticomunismo do JFN é altamente perceptível nos adjetivos positivos relacionados
ao golpe, caracterizado como “revolução", enquanto que os militares eram designados
como “forças democráticas" e “gloriosas forças armadas". O JFN também abriu
espaço para apresentação da “direita", ou seja, as classes conservadoras, ao passo
que foi inexistente a participação da “esquerda" na publicação.
O termo “contra os agitadores" foi utilizado como título, por melhor caracterizar as
linhas gerais da pesquisa, por expressar a maneira como o JFN denominou os
“comunistas" e a partir daí fortaleceu seu caráter anticomunista.
Palavras-chave: Jornal Folha do Norte, anticomunismo, golpe de 1964, ditadura
8. Rádio Liberdade e as disputas por poder durante a Ditadura Militar em
Aracaju/SE (1968-1970)
Carla Darlem Silva dos Reis
A Rádio Liberdade foi inaugurada em Aracaju na década de 1950 e surgiu para dar
suporte à União Democrática Nacional (UDN), entretanto, a partir da década de 1960
teve início uma intensa disputa entre a Rádio Liberdade e a Gazeta de Sergipe - jornal
dito socialista que nasceu enquanto apoiador do Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Com o golpe de 1964, esses meios de comunicação continuaram no enfrentamento,
disputando espaços e, principalmente, o poder exercido na sociedade aracajuana,
através de seu posicionamento ideológico. Para a construção desse estudo foram
utilizados os áudios do programa de maior audiência da emissora, intitulado
Informativo Cinzano e algumas edições do periódico Gazeta de Sergipe (1968-1970).
Esses documentos foram analisados sob a luz da análise do discurso a partir da
perspectiva de Michel Pêcheux e se encaixa no modelo de história social, a partir do
momento em que entendemos as relações da sociedade para a construção do fato
histórico e das relações de poder construídas a partir desses meios de comunicação.
9. Análise imagética das representações chargísticas do nordeste durante a
ditadura militar: permanências e rupturas de um nordeste idealizado.
Ciro Lins Silva
Esta comunicação visa analisar a charge como instrumento representativo de um
grupo social específico, bem como avaliar a força deste instrumento como um artifício
de luta política. Para tanto, busca-se através das produções chargísticas de Henfil e
de charges veiculadas no jornal baiano A Tarde, as permanências e rupturas das
imagens produzidas do Nordeste e do nordestino. Tais fontes têm por princípio avaliar
as origens da construção imagética desta região, buscando através das imagens
constituídas por Henfil, chargista “sudestino”, perceber as influências conceituais que o
auxiliaram na confecção de sua obra sobre o Nordeste. Em contraponto, as fontes
encontradas no A tarde, nos auxiliará a perceber como é esta produção in loco, para
compreender de onde parte a mimese em que a arte sustenta as suas principais
características. Para tanto esta pesquisa se fundamenta em alguns questionamentos:
seria a charge e todo o seu conteúdo um instrumento de luta política capaz de traduzir
simbolicamente os anseios e discursos perpetrados pela sociedade que os constituiu?
A relação representativa do Nordeste é uma relação de imposição ou esta se pauta
em uma relação dialética onde dialogam os elementos construídos dentro e fora deste
grupo social? Quanto às fontes utilizadas, produzidas por Henfil, quais foram as
balizas simbólicas utilizadas por este autor para reproduzir o Nordeste? E o jornal A
Tarde, qual era a imagem que este reproduzia do Nordeste e do nordestino? Havia a
representação deste grupo no jornal? O jornal continha produções de artistas
nordestinos em suas edições? Se não tinha, por que não tinha? É pautado em tais
questionamentos e aberto a outros que possam aparecer no decorrer desta
investigação que este projeto se faz.
10. Por uma estética antropófaga: a arte tropicalista nos anos 1960
Aline Matos da Rocha
Carla Virgínia Gonçalves Oliveira
O presente texto busca apresentar algumas reflexões históricas e filosóficas, por meio
de um olhar sobre a efervescência do Movimento Tropicalista no cenário artístico-
cultural brasileiro, analisando o posicionamento do governo militar frente às
manifestações artísticas vanguardista e provocadora dos tropicalistas. Este olhar
sobre o Movimento Tropicalista parte da leitura das influências internas e externas do
movimento, bem como, as propostas estéticas da antropofagia cultural que fugia
totalmente dos padrões de arte engajada da esquerda nacionalista em voga no final da
década de 1960. A crítica deste modo de arte engajada seria imprescindível para a
ruptura e mudança dos paradigmas presentes até então na sociedade. Assim, a
proposta do texto é reconhecer a estética como um dispositivo fundamental na
problematização e compreensão da arte tropicalista.
ST 8 - Ensino e História da África e cultura afro-
brasileira
Coordenadores: Porf. Me. Juvenal de Carvalho Conceição (UFRB) e Prof. Dr. Flavio
Gonçalves dos Santos (UESC)
1. História da África na Universidade do Estado Bahia (UNEB), Campus V:
características do ensino frente às determinações da lei federal Nº
10.639/03. (Alana Teixeira de Sena e Camila Araújo Pinheiro)
2. A Aplicabilidade Da Lei 10.639/03, No Instituto Federal Da Bahia-
Eunápolis. (Dandara dos Santos Silva)
3. O livro didático, paradidático de história e a lei 10.639/2003: diálogos
possíveis (Fábio Batista Pereira)
4. Ensino de história da África na educação de jovens e adulltos em
Eunápolis: investigando representações, saberes e práticas docentes.
(Ângelo Bento Leite dos Santos)
5. Por uma revisão histórica do candomblé angola na Bahia (Emili Brito
Pinheiro)
6. Aspectos historiográficos da obra de Manuel Querino (Paulo Marcos
Pereira)
7. Intelectuais e discursos sobre trajetórias de populaações negras no
contexto das comemorações dos 400 anos de fundação da Cidade do
Salvador (Antonio Cosme Lima da Silva)
8. A poesia de Solano Trindade e a discografia dos racionais mc’s no ensino
de história e cultura afro-brasileira. (Oscar Santana dos Santos)
9. Música afro-baiana: a práxis pedagógica no ensino fundamental ii para a
conscientização da cultura afro-brasileira. (Josevaldo dos Santos
Mendonça)
ST 8 - Ensino e História da África e cultura afro-brasileira
Coordenadores: Porf. Me. Juvenal de Carvalho Conceição (UFRB) e Prof. Dr. Flavio
Gonçalves dos Santos (UESC)
SALA: 1 (Pavilhão 2)
CRONOGRAMA
15.10.2013 (terça-feira)
Horário: 14:h – 17 h
1. História da África na Universidade do Estado Bahia (UNEB), Campus V:
características do ensino frente às determinações da lei federal Nº 10.639/03.
(Alana Teixeira de Sena e Camila Araújo Pinheiro)
2. A Aplicabilidade Da Lei 10.639/03, No Instituto Federal Da Bahia- Eunápolis.
(Dandara dos Santos Silva)
3. O livro didático, paradidático de história e a lei 10.639/2003: diálogos possíveis
(Fábio Batista Pereira)
4. Ensino de história da África na educação de jovens e adulltos em Eunápolis:
investigando representações, saberes e práticas docentes. (Ângelo Bento Leite
dos Santos)
16.10.2013 (quarta-feira)
Horário: 8:30 – 12:30 h
1. Por uma revisão histórica do candomblé angola na Bahia (Emili Brito Pinheiro)
2. Aspectos historiográficos da obra de Manuel Querino (Paulo Marcos Pereira)
3. Intelectuais e discursos sobre trajetórias de populações negras no contexto das comemorações dos 400 anos de fundação da Cidade do Salvador (Antonio Cosme Lima da Silva)
4. A poesia de Solano Trindade e a discografia dos racionais mc’s no ensino de história e cultura afro-brasileira. (Oscar Santana dos Santos)
5. Música afro-baiana: a práxis pedagógica no ensino fundamental ii para a conscientização da cultura afro-brasileira. (Josevaldo dos Santos Mendonça)
ST 8 - Ensino e História da África e cultura afro-brasileira
Coordenadores: Porf. Me. Juvenal de Carvalho Conceição (UFRB) e Prof. Dr. Flavio
Gonçalves dos Santos (UESC)
RESUMOS
1. História da África na Universidade do Estado Bahia (UNEB), Campus V:
características do ensino frente às determinações da lei federal Nº
10.639/03. (Alana Teixeira de Sena e Camila Araújo Pinheiro)
Este projeto apresenta como proposta de pesquisa a análise da trajetória de
implementação e a aplicabilidade da lei 10639/03, no curso de Licenciatura em
História da Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas, no
Campus V, localizado em Santo Antônio de Jesus, analisando as possíveis
transformações na área de História da África decorrentes do processo de
implementação da lei 10639/03 na referida instituição de ensino. Analisou-se a
formação referente à História da África e cultura Afro-brasileira, que está sendo
oferecida aos alunos do curso de Licenciatura plena em História, bem como a
aplicabilidade da citada lei no currículo de História da Universidade do Estado da
Bahia (UNEB).
A realização do seguinte projeto de pesquisa implica na análise da formação dos
docentes da referida instituição, que atuam na área de África, do curso de licenciatura
em História, para que assim possamos refletir sobre qual formação em África é
oferecida aos docentes da academia, responsáveis pela formação dos futuros
docentes da educação básica, em relação a História da África.
2. A Aplicabilidade Da Lei 10.639/03, No Instituto Federal Da Bahia-
Eunápolis.
Dandara dos Santos Silva
O presente trabalho pretende analisar os conteúdos e temas formativos utilizados nos
planos de curso da disciplina de História, do Instituto Federal da Bahia (IFBA) Campus
Eunápolis, a partir da aplicabilidade da Lei, 10.639/03, bem como seus
desdobramentos no processo de ensino-aprendizagem na disciplina de História, tem
um papel fundamental na construção da consciência histórica e identidade dos alunos
por torna obrigatória o ensino de história da África, dos povos africanos e afro-
brasileiros nos conteúdos programáticos do currículo escolar. Para Rusen , a
consciência histórica é a compreensão entre o passado, presente e o futuro, essa
ligação só pode ser feita durante o processo de ensino-aprendizado na disciplina de
história e no espaço escolar para seu maior desenvolvimento. No que se refere à
construção de identidade Anderson Oliva , ressalta que a identidade não passa de
representação ou projeção do que acreditamos ser o Outro, e do que esse Outro
acredita que sejamos. Com isso o processo de identificação ocorre justamente nos
espaços relacionais ou lugar onde algo começa a se fazer presente espaço esse
compreendido como o escolar. A construção metodológica deste trabalho será através
questionários diagnósticos, a ser aplicado aos professores de história e aos alunos da
instituição. Analisarei também os planos de curso da disciplina, buscando perceber as
perspectivas, olhares e assimilação dos professores e alunos do Instituto Federal, com
a aplicação da Lei 10.639/03, e como estes sujeitos a reconhecem e de que maneira
tem contribuído para a construção da representação histórica da população afro-
brasileira.
3. O livro didático, paradidático de história e a lei 10.639/2003: diálogos
possíveis
Fábio Batista Pereira
Nesse artigo, apresento o resultado da prática docente por mais de uma década na
Educação Básica, da experiência nas salas de aula, integrando comissões internas no
âmbito das unidades escolares para escolha do livro didático de história nos Guias
elaborados na esfera do PNLD, das entrevistas realizadas com docentes e do diálogo
com a bibliografia especializada sobre o tema, propoondo reflexões a fim de identificar
as características, os desafios e fundamentar um projeto mais amplo: a produção de
bibliografia paradidática voltada ao Ensino Fundamental II em atenção ao imperativo
da Lei 10.639/2003.
4. Ensino de História da África na Educação de Jovens e Adulltos em
Eunápolis: investigando representações, saberes e práticas docentes.
Ângelo Bento Leite dos Santos
Esse trabalho originou-se a partir das considerações de dois aspectos relativos à
África e ao africano: a) noção de que a ancestralidade africana é negativa e b) o
conhecimento sobre o continente africano é imersa de preconceitos e estereótipos
propagados pela mídia ocidental. Os dois aspectos citados foram perceptíveis durante
meus estágios de regência; participações de oficinas propostas pelo curso de
Licenciatura em História do campus XVIII da Universidade do Estado da Bahia aos
alunos de escolas do município de Eunápolis; na leitura de publicações científicas
sobre a temática, durante as aulas dos componentes curriculares de História da África;
como monitor de um curso de extensão direcionado aos docentes da Educação de
Jovens e Adultos (EJA) e, principalmente, como bolsista de Iniciação Científica.
Entendendo a EJA como um dos fios de uma emaranhada rede de relações de
poderes sobre os usos da Educação e que ela tem por finalidade levar a educação a
aqueles que, outrora, foi negado esse direito (de acordo com o artigo 26 da
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948), apresento algumas reflexões
sobre o Ensino de História e suas representações negativas e imprecisas sobre a
África e sua História, considerando que grande parte dos sujeitos que compõem as
salas de aulas são descendentes de africanos que, mesmo possuindo identidade
negra, desconhece (ou não valoriza) a proximidade com sua ancestralidade e com o
Continente.
5. Por uma revisão histórica do candomblé angola na Bahia
Emili Brito Pinheiro
Desde o início dos estudos sobre religiões de orientação africana no Brasil, a Bahia foi
tomada como centro referencial da constituição destas religiões. Ainda no século XIX,
pesquisadores elegeram o grupo de africanos iorubas e sua tradição religiosa, como
modelo do que deveria ser a organização destas religiões. Mesmo tendo sido o último
grupo de africanos escravizados a chegar à Bahia, os iorubas significaram o modelo
de reatualização de uma realidade social e mística concebida originalmente no
continente africano por etnias distintas, que cultuavam deuses distintos e concebiam o
sagrado através de valores próximos, porém não exatamente equivalentes Desde
então, os Ketu têm sido privilegiados como interesse de estudo histórico ou
socioantropológico Do mesmo modo, normalmente é à tradição Ioruba-Ketu que se
recorre quando o senso comum ou pesquisadores pretendem identificar e descrever o
que seja a presença de uma herança africana na Bahia e no Brasil.
Esta pesquisa propõe discutir o tratamento dado às religiões de origem Banto na
historiografia, perpassando por questões fundamentais como: a concepção de
candomblé e a insistência dos pesquisadores em estabelecer o modelo religioso
Ioruba-Ketu, como padrão absoluto da mais genuína tradição africana na Bahia. O
nosso maior intento é desconstruir a ideia de ilegitimidade do candomblé Angola ou
Banto, alimentada pelos discursos acadêmicos e reforçada pelo senso comum.
Buscamos demonstrar através das obras analisadas e dos documentos encontrados,
as referências caluniosas e excludentes sobre os Bantos e suas práticas religiosas.
Desta forma, será possível ampliar ainda mais este campo de estudos, trazendo à
tona elementos antes desconsiderados por uma série de pesquisadores oriundos da
“escola Nina Rodrigues” que partiram da ideia de uma hegemonia sociocultural Ioruba
em detrimento dos Bantos.Nossa pesquisa pretende revisar este ponto de vista
através da ampliação e levantamentos de novos dados históricos sobre a tradição do
candomblé Angola, constituído pelos Banto na Bahia. Deste modo, nosso trabalho
propõe-se, principalmente, a corrigir as falhas de interpretação e a depreciação dos
Bantos presentes no senso comum e em clássicos estudos sobre religiões de
orientação africana. A consagração da referência ao modelo religioso Ioruba é ainda
muito resistente e foi perceptível a classificação dos sudaneses como povos
superiores aos Bantos. Os indícios da existência de um grande número de negros
importados da África Oriental é encontrado nas narrativas das principais obras que
abordam a temática dos negros no Brasil. Assim como já nos mostrou Renato da
Silveira, os negros faziam suas festas, seus batuques, calundus, com a permissividade
dos senhores. Para tanto, na tentativa de manter a salvo suas tradições os negros no
Brasil conciliaram seus deuses e festejos ao panteão de santos e o calendário
católico. Esta atitude, no entanto, não é exclusividade dos Banto no Brasil. Mesmo no
continente africano, os Banto resistiram e lutaram contra as imposições do cristianismo
e antes mesmo de atravessar o Atlântico, estes africanos conseguiram escamotear
sua tradição religiosa através de uma assimilação consciente com o cristianismo.
6. Aspectos historiográficos da obra de Manuel Querino
Paulo Marcos Pereira
O presente trabalho é uma breve reflexão a respeito da pesquisa sobre aspectos
historiográficos da produção intelectual de Manuel Raymundo Querino (1851-1923).
Essa reflexão integra o projeto de mestrado em desenvolvimento no programa de Pós-
Graduação stricto sensu em História Regional e Local da Universidade do Estado da
Bahia, Campus V. Nesse projeto, objetivamos analisar a obra produzida por Manuel
Querino enfatizando a sua dimensão historiográfica, bem como estabelecer um
diálogo entre este intelectual e outros autores de seu tempo que também escreveram
sobre os negros africanos e descendentes e construíram interpretações do Brasil da
segunda metade do século XIX e primeiras décadas do XX. Querino, intelectual negro
baiano contribuiu para os estudos sobre o negro na Bahia e no Brasil, e propôs uma
escrita da história do Brasil que divergia de outros autores de seu tempo. Desse modo,
nos propomos a discutir sobre a inserção da obra de Manuel Querino entre as
referências para a historiografia afro-brasileira daquele período e da atualidade.
7. Intelectuais e discursos sobre trajetórias de populações negras no
contexto das comemorações dos 400 anos de fundação da Cidade do
Salvador
Antonio Cosme Lima da Silva
A pesquisa analisa a participação da população negra no contexto das comemorações
do Quarto Centenário de Fundação da Cidade do Salvador e da Instalação do
Governo Geral do Brasil (1549/1949). O enfoque recai sobre as teses apresentadas no
evento mais importante das celebrações, que foi o Primeiro Congresso de História da
Bahia, realizado pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), em 1949. Além
das teses do referido congresso, também me detenho em algumas obras editadas
como parte das comemorações a fim de analisar as concepções historiográficas dos
seus respectivos autores, tentando identificar aqueles que apresentaram novas
categorias interpretativas, tanto no método, como no objeto de seus respectivos
estudos, relacionados às populações negras, visto que o Primeiro Congresso de
História da Bahia ocorreu na conjuntura do pós-guerra, com a derrota do nazismo e a
completa desmoralização das teorias que atestavam as hierarquias raciais.
8. A poesia de Solano Trindade e a discografia dos racionais mc’s no ensino
de história e cultura afro-brasileira.
Oscar Santana dos Santos
Há uma necessidade enorme de educar e reeducar crianças, jovens e adultos a partir
dos valores civilizatórios afro-brasileiros, porque os valores eurocêntricos sempre
exerceram uma hegemonia preponderante na educação brasileira. Partindo desse
princípio e com o crédito no poder da educação, este artigo pretende enfatizar as
seguintes questões: Qual a relevância da poesia de Solano Trindade e da Discografia
dos Racionais MC’s para discutir o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira? Que
temáticas podem ser exploradas a partir dos poemas e das letras de músicas? O
discurso literário de Solano Trindade pode ser relacionado com o Rap dos Racionais
MC’s, para ampliar a discussão teórica sobre os conceitos de identidade negra e
cultura afro-brasileira?
9. Música afro-baiana: a práxis pedagógica no ensino fundamental II para a
conscientização da cultura afro-brasileira.
Josevaldo dos Santos Mendonça
“Que noite mais funda calunga, no porão de um navio negreiro.
Que viagem mais longa candonga ouvindo o batuque das ondas compasso de um
coração de pássaro no fundo do cativeiro.
É o semba do mundo calunga. Batendo samba em meu peito [...].
Quem me pariu foi o ventre de um navio. Quem me ouviu foi o vento no vazio [...].
Vou aprender a ler
Pra ensinar os meu camaradas!”
O texto acima ressalta o entender histórico- antropológico de um povo oriundo de país
africano, saudoso de sua pátria, intrigante pela situação pela qual foi arrancado e
como está sendo conduzido ao espaço desconhecido. No âmbito de movimentos que
perpassaram o século XX e perduram no século atual, muito ainda há o que se
dialogar sobre a historiografia dos povos negros escravizados no Brasil. Conhecer a
formação dos brasileiros em seu processo étnico e cultural é essencial para entender
a origem de si e do outro. Assim, a música é analisada pela função facilitadora de
entrar nos lares sem ao menos pedir licença e, sem perceber as pessoas aprendem e
cantam. Nesta “intromissão” o sujeito acaba aprendendo momentos históricos,
diversidades culturais, desejos e manifestações sem necessariamente conviver o
período ou freqüentar o espaço. É através da cultura musical construída nas diversas
sociedade, que se reconhece o estilo musical de um estado, a visão de Homem que
se tinha num determinado tempo etc. Diante disso, compreende-se que a música se
tornou uma arma fundamental permitindo que o conhecimento antropológico e
histórico de uma determinada sociedade seja estampado em seus estribilhos, o que se
constitui em instrumento pedagógico a ser adotado no ensino funamental II.
ST 9 - Ensino de História: experiências e
reflexões
Coordenadoras: Profa. Dra.Cristiana Ximenes (UNEB) e Profa. Ms. Miralva dos
Santos Silva (UNEB)
1. Da teoria à prática: uma análise do decreto 5.626 na escola José Batista
da Fonseca (Filipe Arnaldo Cezarinho)
2. Possibilidades e desafios no processo de aquisição da leitura e escrita
dos alunos surdos incluídos em salas regulares em uma escola municipal
de Governador Mangabeira – Ba (Aline Cruz Rodrigues Oliveira)
3. Repensando o ensino de história numa perspectiva inclusiva de alunos
com necessidades especiais (Fabiana Machado da Silva)
4. Construindo a Matriz Curricular de História da Rede Municipal de São
José dos Campos (2011-2013): formação docente e dinâmica curricular.
(Paulo Eduardo Dias de Mello)
5. Desigualdades raciais e trabalho infanto-juvenil: análise de uma
experiência numa perspectiva construtivo-interpretativa. (Ramiro
Rodrigues Coni Santana)
6. Fontes históricas documentais e o ensino de história: entre olhares,
possiblidades e metodologias a partir de oficinas (Antonio Barbosa Lisboa)
7. Práticas pedagógicas da Filarmônica Dois de Julho em Maragogipe: um
estudo de caso (Eder dos Santos Oliveira/Aline Cruz Rodrigues
8. Linguagens artísticas e o ensino de História: arte atrás da porta azul.
(Mariana Bispo Miranda)
9. Uso de teledramaturgia nas aulas de história: diluindo fronteiras e
construindo saberes (Mauricio Dias dos Santos)
10. Brincando e aprendendo com Clio: experiências de ensino e pesquisa com History Games (Marcelo Souza Oliveira)
ST 9 - Ensino de História: experiências e reflexões
Coordenadoras: Profa. Dra.Cristiana Ximenes (UNEB) e Profa. Ms. Miralva dos
Santos Silva (UNEB)
SALA: 6 (Pavilhão 2)
CRONOGRAMA
16.10.2013 (quarta feira)
Horário: 8:30 - 12:30
1. Da teoria à prática: uma análise do decreto 5.626 na escola José Batista da Fonseca (Filipe Arnaldo Cezarinho)
2. Possibilidades e desafios no processo de aquisição da leitura e escrita dos alunos surdos incluídos em salas regulares em uma escola municipal de Governador Mangabeira – Ba (Aline Cruz Rodrigues Oliveira)
3. Repensando o ensino de história numa perspectiva inclusiva de alunos com necessidades especiais (Fabiana Machado da Silva)
4. Construindo a Matriz Curricular de História da Rede Municipal de São José dos Campos (2011-2013): formação docente e dinâmica curricular. (Paulo Eduardo Dias de Mello)
5. Desigualdades raciais e trabalho infanto-juvenil: análise de uma experiência numa perspectiva construtivo-interpretativa. (Ramiro Rodrigues Coni Santana)
17.10.2013 (quinta-feira)
Horário: 8:30 - 12:30
1. Fontes históricas documentais e o ensino de história: entre olhares,
possiblidades e metodologias a partir de oficinas (Antonio Barbosa Lisboa)
2. Práticas pedagógicas da Filarmônica Dois de Julho em Maragogipe: um estudo de caso (Eder dos Santos Oliveira/Aline Cruz Rodrigues
3. Linguagens artísticas e o ensino de História: arte atrás da porta azul. (Mariana Bispo Miranda)
4. Uso de teledramaturgia nas aulas de história: diluindo fronteiras e construindo saberes (Mauricio Dias dos Santos)
5. Brincando e aprendendo com Clio: experiências de ensino e pesquisa com History Games (Marcelo Souza Oliveira)
ST 9 - Ensino de História: experiências e reflexões
Coordenadoras: Profa. Dra.Cristiana Ximenes (UNEB) e Profa. Ms. Miralva dos
Santos Silva (UNEB)
11. Da teoria à prática: uma análise do decreto 5.626 na escola José Batista
da Fonseca (Filipe Arnaldo Cezarinho)
12. Possibilidades e desafios no processo de aquisição da leitura e escrita
dos alunos surdos incluídos em salas regulares em uma escola municipal
de Governador Mangabeira – Ba (Aline Cruz Rodrigues Oliveira)
13. Repensando o ensino de história numa perspectiva inclusiva de alunos
com necessidades especiais (Fabiana Machado da Silva)
14. Construindo a Matriz Curricular de História da Rede Municipal de São
José dos Campos (2011-2013): formação docente e dinâmica curricular.
(Paulo Eduardo Dias de Mello)
15. Desigualdades raciais e trabalho infanto-juvenil: análise de uma
experiência numa perspectiva construtivo-interpretativa. (Ramiro
Rodrigues Coni Santana)
16. Fontes históricas documentais e o ensino de história: entre olhares,
possiblidades e metodologias a partir de oficinas (Antonio Barbosa Lisboa)
17. Práticas pedagógicas da Filarmônica Dois de Julho em Maragogipe: um
estudo de caso (Eder dos Santos Oliveira/Aline Cruz Rodrigues
18. Linguagens artísticas e o ensino de História: arte atrás da porta azul.
(Mariana Bispo Miranda)
19. Uso de teledramaturgia nas aulas de história: diluindo fronteiras e
construindo saberes (Mauricio Dias dos Santos)
20. Brincando e aprendendo com Clio: experiências de ensino e pesquisa
com History Games.(Marcelo Souza Oliveira)
RESUMOS
1. Da teoria à prática: uma análise do decreto 5.626 na escola José Batista
da Fonseca
Filipe Arnaldo Cezarinho
Esse trabalho foi realizado para a finalização da disciplina de Libras da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), pelo colegiado de História. O objetivo visa
analisar a funcionalidade do decreto 5.626, que regulamenta a lei 10.436, homologada
em 2002. Essa lei regulariza e reconhece Libras como a língua dos deficientes
auditivos. Com o advento do decreto, tornou-se obrigatório a inclusão de Libras para
os cursos de formação de professores. Ou seja, a partir de agora os professores
passariam por uma formação que contribuiria para a inclusão dessa demanda no
ambiente escolar. Realizou-se a pesquisa na escola José Batista da Fonseca (JB),
Cruz das Almas/BA. Escola de ensino fundamental II. Posta a problemática da
aplicabilidade da Lei 10.436, foram constatadas, durante as pesquisas, que há o
desinteresse por parte dos docentes para com determinados temas que permeiam o
âmago da educação, ao mesmo tempo em que aparece em cena não mais o problema
de ter acesso ao curso de Libras. Após dez anos da oficialização do decreto de
LIBRAS para professores, ainda tem muitos docentes que não fizeram nenhum curso
relacionado a libras. Preocupante tal fato, o que nos faz pensar nos motivos para que
isso ainda não tenha acontecido, já que é uma demanda muito forte tanto por parte
governamental quanto pelas forças sociais. Além da falta de material didático que
colabore para inclusão de tal proposta, a hipótese levantada é que existe uma
hierarquia que estabelece interesses maiores para determinados campos de
conhecimento em detrimento de outros. Ou seja, para muitos professores, cursos
como o de LIBRAS podem não chamar tanto a atenção como outros.Essa pesquisa
serviu para já imprimir algumas impressões no tocante à disciplina de Libras na escola
pública. Obviamente que é um trabalho que pode estabelecer comparações com
outros, mas também não deve ser tomado como generalizado, ou seja, cada núcleo
escolar deve ser analisado, buscando-se perceber as suas singularidades.
2. Possibilidades e desafios no processo de aquisição da leitura e escrita
dos alunos surdos incluídos em salas regulares em uma escola
municipal de Governador Mangabeira – Ba
Aline Cruz Rodrigues Oliveira
A pesquisa procurou relatar sobre a aquisição da leitura e escrita de pessoas surdas,
em função da necessidade de refletir sobre novos caminhos para o ensino na
educação dessas pessoas, visto que os surdos têm a sua capacidade comunicativa
assegurada pela língua de sinais e o ensino do português- leitura e escrita- que deve
ser encarado em sua função importante. A leitura e a escrita podem possibilitar ao
sujeito surdo um importante acesso a informações na sociedade vigente. O problema
que moveu este estudo foi o de compreender quais os desafios enfrentados no
processo de aquisição de leitura e escrita dos alunos surdos incluídos nas classes
regulares de ensino em uma escola municipal de Governador Mangabeira - BA, a fim
de entender como ocorre o processo de aquisição da leitura e escrita destes alunos
que estão matriculados em escolas regulares, e averiguar a representação da surdez
e dos surdos nessas escolas, bem como verificar como ocorre a educação para
surdos baseadas numa perspectiva bilíngue, analisando as propostas pedagógicas e
metodológicas usadas pela comunidade escolar no atendimento de alunos com
Surdez, a fim de proporcionar um maior aprendizado. A pesquisa fundamentou-se
bibliograficamente em diversos autores como Vygotsky (1988), Bakhtin (1997), que
abordam sobre a linguagem de uma forma geral e outros estudiosos como Fernandes,
(1998; 2001) que contribuíram quanto à linguagem e surdez. A realização da pesquisa
possibilitou o entendimento de como ocorre o processo de aquisição da linguagem dos
alunos surdos que se dizem incluídos em classes regulares de ensino. A principal
impossibilidade de promoção da aquisição da Língua Portuguesa pelos surdos na
referida escola se deu pelo fato de os profissionais não serem capacitados na sua
prática pedagógica inclusiva, e com isso não considerarem as peculiaridades dos
alunos surdos. Não há adaptações curriculares, portanto os surdos não têm sido
respeitados em sua forma de comunicação, conforme previstas nas Leis.
3. Repensando o ensino de história numa perspectiva inclusiva de
alunos com necessidades especiais
Fabiana Machado da Silva
Esta comunicação busca relatar e socializar experiências de prática pedagógica
relacionada ao ensino de História e Cultura Afro-brasileira, dentro de uma concepção
de educação inclusiva de pessoas com necessidades especiais (surdos/as e
deficientes visuais), na Escola Municipal Centro Educacional Murilo Coelho Cavalcanti,
localizada na Zona urbana, sede da cidade de Alagoinhas/Bahia, no bairro do
Vale/Taizé Santa Terezinha, Rua da Alameda da Alegria s/n. No intuito de se levar a
repensar a prática, o processo de ensino e aprendizagem da disciplina de História e
Cultura Afro-brasileira para construção de uma educação inclusiva de qualidade.
Pensando alternativas para tornar o processo de ensino e aprendizagem da disciplina
de História mais significativo, atraente, criativo, crítico, reflexivo e humanista,
aproximando-o cada vez mais da realidade vivida pelos (as) educandos (as),
buscando diversificar as aulas para atender as necessidades de aprendizagem de
cada aluno (a) em particular com suas limitações, potencialidades e especificidades.
Tornando a relação com a disciplina de História inovadora, enriquecedora, sedutora e
apaixonante, fazendo com que os (as) alunos (as) se apaixonem pela história e
compreendam sua importância para as suas vidas. Buscam-se não respostas prontas,
mas traçar os caminhos e achar soluções para as dificuldades enfrentadas, ajustando
o ensino de História e Cultura Afro-brasileira a realidade encontrada, primeiramente
tentando entender o universo de alunos/as surdos/as e deficientes visuais, tentando
adquirir e adaptar material, seja planejando e improvisando com frequência, de acordo
com as necessidades dos/as alunos/as.
4. Construindo a Matriz Curricular de História da Rede Municipal de São
José dos Campos (2011-2013): formação docente e dinâmica
curricular.
Paulo Eduardo Dias de Mello
No final da década de 1990, com os Parâmetros Curriculares Nacionais, quando o
currículo da Educação Básica entrou na pauta da política de reformas educacionais,
tornando-se objeto de um amplo debate nacional, houve uma expressiva expansão e
reconfiguração do campo de pesquisas e reflexões sobre currículo (Michael Apple, Ivor
Goodson, Antonio F. Moreira, Tomás T. da Silva, Elba de S. Barreto, Gimeno
Sacristán). Desde então, se o debate curricular permaneceu aquecido e desdobrou-se
em diferentes direções teóricas e críticas, as iniciativas de reformulação dos currículos
prescritivos para a Educação Básica deixaram de ocupar a agenda da política federal,
passando a ser um empreendimento onde destaca-se a atuação dos estados e
municípios. O objetivo da presente comunicação é apresentar os fundamentos e
avaliar o processo de construção da Matriz Curricular de História para os anos iniciais
e finais do Ensino Fundamental, promovida pela Rede Municipal de Ensino de São
José dos Campos/SP, desenvolvido entre 2011 e 2013, e que ainda continua em
curso. Esse processo envolveu, até o presente momento, dois momentos significativos
de produção e implementação. No primeiro momento a Matriz Curricular de História foi
elaborada a partir de um conjunto de oficinas com dois grupos de referência de
professores dos anos iniciais e finais, sendo depois discutida e validada como conjunto
de docentes da rede; no segundo momento os professores participaram de uma
formação, acompanhada por avaliação contínua do processo, visando dar subsídios
para a implementação da Matriz na rede municipal de ensino. Esta comunicação
pretende, portanto, apresentar o movimento de construção da matriz – as estratégias e
formas como foram definidos os fundamentos teóricos e metodológicos, conteúdos e
métodos que embasam a Matriz Curricular de História –; os resultados
preliminarmente alcançados em termos de desenho curricular; as características,
avanços e contradições do documento curricular; a concepção e forma do processo de
sua implementação - suas conquistas e desafios -; e, por fim, indicar as formas de
recepção dos docentes da nova proposta curricular nas \"falas\" dos professores
captadas ao longo do processo pelos instrumentos de avaliação contínua.
5. Desigualdades raciais e trabalho infanto-juvenil: análise de uma
experiência numa perspectiva construtivo-interpretativa.
Ramiro Rodrigues Coni Santana
Esta pesquisa objetivou compreender quais fatores implicaram na inserção precoce de
um indivíduo negro no trabalho, e se as desigualdades raciais estariam entre estes
fatores, bem como, a partir do aporte teórico da Psicologia Histórico-cultural de
Fernando Rey analisar os sentidos subjetivos, categoria de análise em Psicologia do
aporte teórico mencionado, atribuídos pelo participante a sua experiência como
trabalhador precoce e a sua pertença étnica negra. Empregando a Epistemologia
Qualitativa em Psicologia na coleta e interpretação de dados através de recursos
metodológicos como a conversação e o questionário sócio-demográfico compreendeu-
se os modos como a pertença étnica e a experiência de trabalho na infância e
juventude participaram dos processos de subjetivação integrando-se como núcleos de
sentido nas configurações subjetivas do participante. Como sujeito negro numa
sociedade de relações sociais racializadas como a brasileira o participante vivenciou
situações de discriminação flagrante no trabalho na juventude, construindo
mecanismos psicológicos de enfretamento a estas situações bem como mecanismos
de fuga, como a negação da discriminação ou a tentativa de aludi-la. Esta capacidade
de gerar alternativas frente às situações de discriminação apresentaram-se também
no convívio familiar, onde o participante também esteve exposto a relações
racializadas. A expressão das relações racializadas em diferentes contextos presente
no relato do participante demonstra que os elementos de sentido de certos espaços
sociais se relacionam com elementos de sentido de outros espaços sociais, como
instâncias de uma mesma sociedade estes espaços se constituem e são constituídos
por aspectos da subjetividade social. As experiências de discriminação racial
vivenciadas pelo participante apontam como as instituições sociais estão articuladas
pela subjetividade social mesmo que cada uma
delas, em seu interior, construam seus próprios referenciais e concepções. O
preconceito e a discriminação contra o negro, por estar presente de modo mais
abrangente na sociedade brasileira, se expressará nas diferentes instituições sociais.
6. Fontes históricas documentais e o ensino de história: entre olhares,
possiblidades e metodologias a partir de oficinas
Antonio Barbosa Lisboa
Atualmente as discussões sobre ensino de história propõem a necessidade da
diversidade de fontes que propiciem aos sujeitos envolvidos no processo de ensino-
aprendizagem múltiplos olhares sobre os diversos contextos históricos, pois esse
recurso metodológico é uma possiblidade do professor tornar o ensino de história uma
grande oficina do saber. Levar diversas fontes ao encontro dos sujeitos que estão em
processo de formação significa ampliar ainda mais as possibilidades. Este resumo
apresenta os resultados da Oficina - “Fontes Históricas: introdução conceitual para o
trabalho em sala de aula” que foi desenvolvida com os professores-alunos do Curso
de História da Plataforma Freire da UNEB/Eunápolis. A fundamentação teórica para
construção dessa atividade consolidou-se através do diálogo com autores (a) como,
Pinsky, 2010:2011; Abreu, 2011; Silva; Fonseca, 2011; Julia, 2001; Pimenta, 2011;
Leal, 2011; Karnal, 2009; Bittencourt, 2008:2011. O público alvo são professores-
alunos que estão em exercício em diversos municípios do Território de Identidade
Costa do Descobrimento, a saber: Belmonte, Eunápolis, Guaratinga, Itabela,
Itagimirim, Itapebi, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália. A atividade foi resultado do
processo avaliativo para o componente curricular do Estágio Supervisionado IV – na
UNEB, campus XVIII do curso de Licenciatura em História, que propõe como atividade
uma oficina em espaços formais e não formais de educação. Objetivando
compreender aspectos teóricos metodológicos para o uso das fontes em sala de aula,
proporcionar opções da utilização das fontes como práticas pedagógicas no ensino de
história e apresentar aos docentes em formação a possibilidade da interação entre a
universidade e o ensino regular, a oficina teve a duração de 08 horas. A atividade foi
realizada em grupo, por conta de a turma possuir 28 alunos. A metodologia utilizada
foi o uso de fontes primárias e secundárias, manuscritos e impressos, a exemplo:
cartas, processo-crime, documentos familiares – fotografias e diário, jornais de época
– séc. XX, e certidões de óbito e casamento a partir de um roteiro preestabelecido.
Durante a realização das atividades surgiram vários questionamentos, discussões,
inquietações e também sugestões, fazendo-nos perceber que os desafios para o
ensino de história ainda são muitos, tanto para os professores que estão atuando, bem
como para os licenciandos que estão construindo sua formação. Com o resultado
dessa atividade foi percebido a pouca utilização/distanciamento das fontes históricas
no ensino, e as dificuldades com o método para utilizá-las. Os professores foram
receptivos a proposta da oficina, onde constaram suas contribuições no sentido da
inserção das fontes no ensino. Foi percebida ainda a necessidade de atividades que
suscitem a incorporação das fontes históricas na sala de aula. Entende-se
aqui, que a fonte documental como proposta didático-pedagógica para o ensino de
história se torna uma perspectiva possível para novos horizontes na educação básica
e ensino médio.
7. Práticas pedagógicas da Filarmônica Dois de Julho em Maragogipe: um
estudo de caso Eder dos Santos Oliveira
Aline Cruz Rodrigues
O ambiente musical aqui é entendido como um espaço vivo e democrático, um espaço
privilegiado da ação educativa baseada no conhecimento interdisciplinar. Assim, para
atender os anseios educacionais da comunidade, o presente trabalho justifica-se pela
necessidade de compreender como acontece o processo de ensino-aprendizagem,
considerando que é a partir do conhecimento de sua prática pedagógica que o corpo
docente e discente, e a própria comunidade, pode compreender melhor o sentido e a
importância da Filarmônica Dois de Julho como uma instituição educativa e não
apenas como um local de lazer, além de entender que se trata de um patrimônio
histórico e cultural, cuja história é a mesma história das pessoas que por ali passaram
e passam e que juntas ajudam a construir os valores necessários a uma sociedade.
Portanto, o presente estudo visa compreender a história dos agentes sociais
envolvidos no processo educacional da Instituição Filarmônica Dois de Julho,
localizada em Maragogipe-Ba, a partir de um estudo de caso fundamentado nas
vivências junto à mesma, no qual observar-se-á de maneira investigativa as práticas
pedagógicas abordadas na Filarmônica Dois de Julho, refletindo sobre as
metodologias musicais adotadas nesta Instituição ao longo dos anos que compõem
sua história. Assim, com o objetivo de investigar as formas de ensino que são
utilizadas, trazendo à tona informações e reflexões sobre a prática pedagógica e
musical, buscou-se fundamentar em entrevistas e conversas informais com agentes
envolvidos no processo educacional da entidade, visando aprofundamento nos
conhecimentos históricos e pedagógicos.
8. Linguagens artísticas e o ensino de História: arte atrás da porta azul.
Mariana Bispo Miranda
O artigo propõe mostrar pesquisa realizada no Estágio Curricular Supervisionado III
componente curricular do curso de Licenciatura Plena em História, da Universidade do
Estado da Bahia-UNEB, ministrada no 7º semestre, em um colégio estadual localizado
na cidade de Teixeira de Freitas-Bahia, com estudantes do 9º do Ensino Fundamental
II. Pesquisa qualitativa, que visava à incorporação de aulas de História a partir de
diferentes linguagens artísticas, sobretudo a música, voltando-se para algo próximo,
presente na realidade dos estudantes, portanto com a metodologia de ministrar aulas
utilizando a linguagem musical como fonte documental, através de uma abordagem
crítica. Inicialmente há uma delimitação do lócus da pesquisa, depois uma abordagem
acerca das linguagens e seu uso dentro da historiografia, em seguida discute-se a
relação entre História e Música, concluindo com o relato da ação com os estudantes.
Com principal aporte teórico para construção do artigo Bittencourt (2008); Fonseca
(2003); Moraes (2000); Napolitano (2005); Pimenta (2008). Sendo assim a proposta é
uma tentativa de colaborar com o ensino de História, a fim de instigar o aluno a
estabelecer relações com os fatos históricos e linguagem musical.
9. Uso de teledramaturgia nas aulas de história: diluindo fronteiras e
construindo saberes
Mauricio Dias dos Santos
Os produtos televisuais transmitiam e transmitem protótipos de Brasil, representações
sobre as problemáticas e embates da realidade vivenciada nas “tramas” cotidianas,
diluindo e/ou reforçando, assim, as fronteiras/limites de gênero, público e privado,
realidade e fantasia, o “Eu” e o “Outro”, entretenimento e fonte de investigação entre
outros. Partindo das dificuldades encontradas durante a experiência obtida com
aplicação da telenovela no Estágio Curricular III, na turma de 9º ano B de uma
instituição educacional pública da cidade de Teixeira de Freitas – BA, quais sejam, a
relação de distanciamento e abjeção dos alunos para com a disciplina de História e as
dificuldades de abstração dos conteúdos programáticos, objetiva-se problematizar a
teledramaturgia/telenovela munido metodologicamente da pesquisa bibliográfica e das
observações de campo em intersecção com os conceitos de midiabilidade
(NAPOLITANO, 2008) e mídia-educação (BELLONI, 2005) bem como os estudos de
(BITTENCOURT, 2004), (MCLAREN, 1997), (FREIRE, 1996), (HALL, 2011) entre
outros, de maneira a evidenciar/refletir sobre possibilidades, limites e fronteiras que
possam contribuir para solucionar ou se não ao menos amenizar as demandas
anteriormente mencionadas. Em linhas gerais a utilização da fonte proporcionou a
interação, promoveu a reflexão sobre a influência que a mídia, especificamente a
telenovela, exerce sobre os indivíduos, forneceu subsídios para que o discente
assumisse o posicionamento de telespectador/crítico, contribuiu para o exercício da
abstração e, sobretudo, proporcionou a problematização de questões atuais de
preocupação dos próprios discentes.
10. Brincando e aprendendo com Clio: experiências de ensino e pesquisa
com History Games.
Marcelo Souza Oliveira
A presente comunicação tem como objetivo relatar nossas experiências com o Grupo
de estudos History Games, composto por adolescentes do curso da Educação
Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM) do Campus Catu - IF Baiano e por
professores de diversas Instituições de Educação Baianas. O referido grupo se
preocupa em pensar as repercussões das práticas e representações dos jogos
eletrônicos na construção do conhecimento histórico dos seus usuários, tanto dentro,
quanto fora da sala de aula.
Nesse aspecto, além da possibilidade de incluir recursos como os jogos eletrônicos no
Ensino de história, o Grupo History Games também propõe a pesquisa como prática
educativa considerando esse ambiente como campo para as análises. Os estudantes
desenvolvem projetos, a partir de determinados problemas, e utilizam fontes coletadas
dos arquivos públicos e privados, revisão bibliográfica pertinente e estudos da teoria
historiográfica, para construir suas reflexões e interpretações do passado. Assim,
aplica-se a pesquisa em ciências humanas, como processo educativo, utilizando a
função social da ciência, para promover a cidadania, demonstrando que eles podem
romper o tabu de que educação científica é apenas feita com ciências exatas ou
naturais.
Os grandes protagonistas do Grupo History Games são os estudantes que o integram,
pois são eles que desenvolvem pesquisas de Iniciação Científica Júnior em busca das
possibilidades que os jogos eletrônicos podem oferecer para a aprendizagem histórica.
Enquanto um grupo aberto à comunidade escolar, participam dele aqueles que tem
interesse no estudo desses dois pilares: jogos e história.
As atividades do grupo são desenvolvidas de forma presencial e virtual. Nas atividades
presenciais são discutidos textos, livros, jogos e outros recursos que possam
enriquecer as pesquisas dos estudantes. Nas atividades virtuais, os estudantes
mantem diálogo com outros estudantes e com co-orientadores de outras instituições, a
partir de ferramentas como os grupos do Facebook e o Google Drive. Enquanto
orientadores e co-orientadores no processo, participam do Grupo, professores do IF
Baiano, IFBA, UFRB, Secretaria de Educação do Estado da Bahia, além de
estudantes de mestrado da UFBA.
As propostas de estudo do grupo History Games ainda estão num fecundo estágio de
expansão. Têm surgido propostas interessantes das discussões e os estudantes tem
se esmerado em transformá-las em pesquisas. Entre elas podemos citar: estudo das
representações da mulher nos games, da guerra como fenômeno presente, tanto em
jogos, quanto nas aulas de história, nas repercussões nos games dos grandes
conflitos entre potências, entre outros.
Mesmo com a liberdade de explorar abordagens diversas, as pesquisas se aproximam
por seu interesse no estudo da história e sua relação com diferentes mídias, em
destaque os games, e por suas intenções de transformação no ensino da disciplina
História. Os estudantes e professores unem-se em busca de alternativas para um
ensino lúdico e que esteja cada vez mais próximo do cotidiano dos seus sujeitos
(professores e estudantes), desprendendo-se de métodos que não condizem com
suas experiências e aproximando-se da historicidade que os define.
Envolvidos por um movimento de reflexão sobre o ensino, novas relações foram
estabelecidas, onde estudantes são protagonistas do processo de ensino, ao
ensinarem professores e seus colegas e ambos atuam como pesquisadores em um
instigante ambiente de experiências, muitas vezes imprevisíveis.