caderno de resumos - seminterfaces.files.wordpress.com · de ensino fundamental e seu potencial...

23
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (PPGL) SEMINÁRIO: 10 ANOS DA METATEORIA DAS INTERFACES CADERNO DE RESUMOS PRÉDIO 8 28 e 29 DE SETEMBRO DE2017

Upload: phamdat

Post on 19-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS (PPGL)

SEMINÁRIO: 10 ANOS DA METATEORIA DAS INTERFACES

CADERNO DE RESUMOS

PRÉDIO 8 28 e 29 DE SETEMBRO DE2017

FICHA TÉCNICA

COMISSÃO ORGANIZADORA

Profa. Dra. Ana Maria Tramunt Ibaños (PPGL/PUCRS) Profa. Dra. Jane Rita da Silveira Caetano (PUCRS) Prof. Dr. Gabriel Othero (PPGL/UFRGS) Me. Nanashara Behle (CAPES/PUCRS) Yuri Fernando da Silva Penz (CAPES/PUCRS) Martha Machado Porto (BPA/PUCRS) PALESTRANTES Profa. Dra. Ana Maria Tramunt Ibaños (PUCRS) Profa. Dra. Beatriz Viégas-Faria (UFPEL – RS) Profa. Dra. Claudia Strey (ESPM-RS) Prof. Dr. Fábio José Rauen (UNISUL – SC) Profa. Dra. Jane Rita Caetano da Silveira (PUCRS) Profa. Dra. Kári Lúcia Forneck (UNIVATES–RS) Prof. Dr. Sebastião Lourenço dos Santos (UEPG – PR) REALIZAÇÃO: Grupo de Pesquisa SynSemPra Programa de Pós-Graduação em Letras Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Porto Alegre, 28 e 29 de Setembro de 2017

1

SUMÁRIO

1. Profa. Dra. Aline Fay (PUCRS): Cérebro, Leitura e Dislexia: um estudo experimental sobre a leitura e as bases neurais da dislexia em monolíngues e aprendizes de Inglês como L2, com o uso de ressonância magnética funcional - pg. 4 e pg. 5

2. Profa. Dra. Ana Márcia Martins da Silva (PUCRS): As inferências multiformes no discurso da Lava-Jato (ou: Moro é mesmo o Alienista de Machado de Assis?) - pg. 5 e pg. 6 3. Me. Camila Witt Ulrich (UFRGS) e Me. Mônica Rigo Ayres (UFRGS): Os limites de palavra na etiquetagem morfossintática: o caso dos compostos - pg. 6 4. Caroline Bernardes Borges (PUCRS) e Profa. Dra. Vera Wannamacher Pereira (PUCRS): Psicolinguística, Computação e Comunicação: o trabalho em interface na geração de um a-book - pg. 7 5. Me. Diane Blank Bencke (PUCRS/CAPES/IFRS): O uso de estratégias metacognitivas de leitura e a sua relação com bilinguismo, competência leitora - pg. 8 6. Prof. Dr. Gabriel de Ávila Othero (UFRGS) e Me. Mariana Terra Teixeira (PUCRS): A desambiguação de sentenças na interface fonologia-sintaxe-semântica - pg. 9 7. Profa. Dra. Heloísa Orsi Koch Delgado (PUCRS): Read BD! THB Simples! - pg. 10 8. Joana Paim da Luz (PUCRS): Análise de grafos aplicada a produções textuais de alunos de Ensino Fundamental e seu potencial preditivo da dislexia no desenvolvimento - pg. 11 9. Me. Jonas Rodrigues Saraiva (PUCRS/UNILASALLE): Diálogo, metalinguagem e consciência na produção: uma análise interdisciplinar da interação professor e aluno - pg. 12 10. Me. Laura Campos de Borba (UFRGS): A lexicografia de aprendizes e as contribuições promissoras advindas da Linguística e da Ciência Cognitiva - pg. 13 e pg. 14 12. Martha Machado Porto (PUCRS/BPA): Uma reflexão sintático-semântica sobre a temporalidade em Linguagem Natural - pg. 14 e pg. 15 13. Me. Nanashara Fagundes Behle (PUCRS/CAPES): The War of the Worlds: a retórica da ficção científica - pg. 15 e pg. 16

2

14. Pamella Soares Rosa (PUCRS/CAPES): Estudo de inferências em interface: visão pragmática e psicolinguística e das inferências - pg. 16 15. Me. Patrícia Martins Valente (PUCRS): A construção de instrumentos de pesquisa de compreensão de leitura pela interface “Psico + Linguística” e Pragmática - pg. 17 16. Me. Paulo Roberto de Souza Ramos (UFRGS/PUCRS-UFRPE): Forma fonética, forma fonológica ou sistema perceptual-articulatório em Sintaxe: revisão terminológica a partir do nível intermediário entre a componente sintático e a realização acústico-articulatória de um enunciado - pg. 18 17. Me. Raquel da Costa Corrêa (UFRGS): Identidade social e a realização variável de vibrante múltipla alveolar onset silábico em Porto Alegre - RS - pg. 19 18. Renata Andrades Guimarães (PUCRS/CNPq): A correlação entre compreensão leitora e consciência textual - pg. 20 19. Me. Tamiris Machado Gonçalves (PUCRS/CNPq/Fundácion Carolina): Uma análise teórico-metodológica para análise de charges com contorno intolerante - pg. 21 20. Yuri Fernando da Silva Penz (PUCRS/CAPES): O debate Pragmáticas Pura/Descritiva e Pragmáticas Far-side/Near-side: uma revisão histórico-teórico-metodológica a partir da Metateoria das Interfaces - pg. 22

3

CÉREBRO, LEITURA E DISLEXIA : UM ESTUDO EXPERIMENTAL SOBRE A LEITURA E AS BASES NEURAIS DA DISLEXIA EM MONOLÍNGUES E

APRENDIZES DE INGLÊS COMO L2, COM O USO DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA FUNCIONAL

Profa. Dra. Aline Fay (PUCRS) 1

Resumo: O objetivo principal deste trabalho foi investigar o bilinguismo como fator mediador da leitura em disléxicos. A dislexia é um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica que se caracteriza por uma dificuldade inesperada no aprendizado da leitura, cujo principal obstáculo é a dificuldade de aprender o princípio alfabético e estabelecer associação entre grafemas e fonemas. Este transtorno de aprendizagem afeta leitores de qualquer língua, seja a ortografia mais transparente (associações diretas entre fonemas e grafemas, como o espanhol) ou opaca (inglês). Nesse sentido, há poucas pesquisas sobre bilíngues disléxicos e os efeitos das diferentes línguas na leitura de disléxicos. Os objetivos deste trabalho foram investigar (1) a relação desempenho leitor e bilinguismo na dislexia; (2) os correlatos neurais do desempenho de disléxicos bilíngues, monolíngues e leitores típicos (3) desempenho da leitura e escrita em disléxicos bilíngues em tarefas de leitura e escrita em inglês; (4) os correlatos neurais da ortografia transparente e opaca das duas línguas na leitura bilíngue. As hipóteses foram: (1) disléxicos bilíngues terão um desempenho superior nas tarefas de leitura e escrita em comparação aos disléxicos monolíngues e um desempenho mais próximo dos controles nas tarefas em inglês e português; (2) leitores disléxicos bilíngues e monolíngues apresentarão hipoativação de sistemas neurais posteriores de leitura e hiperativação compensatória de sistemas frontais; (3) disléxicos bilíngues terão um desempenho superior nas tarefas realizadas em português, se comparadas as tarefas em inglês, (4) correlatos neurais da leitura em disléxicos bilíngues refletirão estratégias lexicais e fonológicas de leitura em línguas opacas e transparentes. Os resultados mostram um desempenho superior dos disléxicos bilíngues (DB) em comparação aos disléxicos monolíngues (DM) em todos os componentes de leitura e escrita em português. Na tarefa precisão e fluência ortográfica em português o grupo DB apresentou uma média de erro de 28% (DP 9.38), já na mesma tarefa, porém em inglês, o grupo teve uma média de erro de 48% (DP 8.50). Na tarefa precisão e fluência na leitura oral de palavras e pseudopalavras em português o grupo DB teve uma média de erro de 6% (DP 2.38), já na mesma tarefa, porém em inglês, o grupo obteve uma média de erro de 19% (DP 2.58). Conclui-se que a aprendizagem de uma L2 influenciou positivamente o grupo DB do presente estudo, corroborando as ideias de Sparks and Ganschow (1991), relativas ao Linguistic Coding Differences Hypothesis. Na comparação do desempenho dos DB nas tarefas em português e inglês, os resultados sugerem que a aparente superioridade no desempenho dos DB nas

1 Professora do Curso de Letras da Escola de Humanidades da PUCRS.

4

tarefas em português possa estar ligada a questão da opacidade da língua (língua inglesa mais opaca e língua portuguesa mais transparente). Os resultados da neuroimagem (RMf) mostram que os disléxicos não têm ativação na área visual da forma das palavras (AVFP) para palavras; os leitores típicos, sim. Os disléxicos têm mais ativação para false font. Este resultado mostra que a AVFP ainda não automatizou e se adaptou à identificação da forma visual das palavras, ainda está respondendo mais a figuras. Nos leitores típicos, a ativação é imediata. Os resultados da ativação neural na tarefa em inglês e português sugerem que os DB ainda necessitam de automatização na leitura, evidenciada pela atividade da área da forma visual das palavras. Palavras-chave: área da forma visual das palavras; bilinguismo; dislexia; RMf.

AS INFERÊNCIAS MULTIFORMES NO DISCURSO DA LAVA JATO (OU: MORO É MESMO O ALIENISTA DE MACHADO DE ASSIS?)

Profa. Dra. Ana Márcia Martins da Silva 2

Resumo: Esta comunicação visa à discussão do caráter multiforme do argumento jurídico-político, a partir do posicionamento, por meio de metáforas literárias, de alguns integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato bem como do de seus críticos/defensores. Pretendemos, trabalhando na interface linguística/direito/literatura, investigar de que forma a argumentação determina o sucesso ou o fracasso das teses no Discurso da Lava Jato - DJP. Tomaremos como base a Metateoria das Interfaces - MI (Campos, 2007), partindo do princípio de que a linguagem é multissígnica e de que o século em que vivemos não permite mais que a analisemos por disciplinas apenas, as quais devem ser relacionadas entre si (interface) e envolvidas na resolução de problemas de ordem cognitiva, social, política, jurídica, etc. (interdisciplinaridade). Valendo-nos, então, da MI e das Inferências Multiformes - IM, buscaremos as condições de veracidade ou aceitabilidade do discurso jurídico-político da Operação Lava Jato e do de seus críticos/defensores, mais especificamente aquele expresso pela metáfora literária, para corroborar, ou não, frames como “Moro é o Alienista de Machado de Assis”. Queremos agregar à MI a interface com a literatura, embora não seja esta (a literatura) considerada uma ciência, incluindo entre as fontes linguísticas das inferências a literária, já que abarca todas as outras. Em relação ao DJP, frequentemente seus operadores - e os de que seus discursos se apropriam para criticá-los/elogiá-los – utilizam-se de exemplos encontrados em obras literárias para fundamentar suas decisões, por meio seja de metáforas, seja de citações literais. No entanto, poderemos entender as relações estabelecidas, fazer inferências apenas a partir das citações e do contexto em que são proferidas? Tais excertos, retirados do contexto da obra, implicam exatamente o quê? Assim, são nossos objetivos (1) analisar como se constroem as metáforas literárias no âmbito do DJP; (2) verificar se elas contemplam as condições de veracidade e de aceitabilidade; e (3) verificar se o conhecimento

2 Professora do Curso de Letras da Escola de Humanidades da PUCRS.

5

da obra literária em que se baseiam essas metáforas é desnecessário para que se possa compreendê-las em sua essência. Palavras-chave: Metateoria das Interfaces; Inferências multiformes; Discurso da Lava Jato; Inferência literária.

OS LIMITES DE PALAVRA NA ETIQUETAGEM MORFOSSINTÁTICA: O CASO DOS COMPOSTOS

Camila Witt Ulrich (UFRGS) e Mônica Rigo Ayres (UFRGS) 3 4

Resumo: O presente trabalho une a Linguística Computacional e a Linguística Teórica – a partir de aspectos morfológicos do português brasileiro (PB) – para discutir o reconhecimento do limite de palavras compostas por falantes da língua e por um etiquetador morfossintático. A etiquetagem automática é o processo de rotular cada palavra de um texto em formato digital com uma etiqueta morfossintática pré-estabelecida. Para tanto, cada unidade a ser etiquetada deve possuir seus limites bem definidos. Em etapa anterior (Ayres, 2014), utilizando o etiquetador automático Aelius (Alencar, 2012), foram etiquetados 154.530 tokens do banco de dados de fala VARSUL (constituído por 20 amostras de texto). O software foi criado para etiquetar língua escrita, portanto, etiquetar língua falada é um desafio para essa ferramenta. O Aelius, que já apresentava alta taxa de acurácia para dados de língua escrita (96,3%, segundo Alencar, 2013), surpreendentemente apresentou uma taxa de acerto de 95,4% nas rotulações dos dados de língua falada. Contudo, foram percebidas inconsistências em algumas classificações, dentre elas a de palavras compostas (ex. Porto Alegre, Rio de Janeiro e Armando Flores Cabral), que foram classificadas como dois ou três nomes próprios, e não apenas um. A questão que norteia nossa busca é: devemos classificar os compostos do PB a partir de critérios ortográficos, fonológicos, semânticos ou morfológicos? Já percebemos (Ulrich, 2013) que os falantes do PB guiam-se por critérios gráficos na tentativa de limitação de palavras, mas, por vezes, deixam-se guiar também por aspectos semânticos e/ou prosódicos. Com base no pressuposto que os compostos do PB podem ser formados por duas raízes (ex. geógrafo), de uma raiz e uma palavra (ex. autocontrole) ou por duas ou mais palavras (ex. meio-dia, cf. Pepperkamp, 1997), partimos de dados classificados de forma inconsistente pelo software Aelius para uma verificação do tipo de processo de composição e para propormos uma solução a respeito da delimitação de palavra que o software deve fazer para posterior atribuição de etiqueta. Palavras-chave: etiquetagem automática; morfologia; português brasileiro.

3 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS. 4 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS.

6

PSICOLINGUÍSTICA, COMPUTAÇÃO E COMUNICAÇÃO: O TRABALHO EM INTERFACE NA GERAÇÃO DE UM A-BOOK

Caroline Bernardes Borges (PUCRS) e Profa. Dra. Vera Wannamacher Pereira (PUCRS) 5 6

Resumo: A presente comunicação tem por objetivo evidenciar a interface existente entre a Psicolinguística, a Computação e a Comunicação através da apresentação de um livro eletrônico de cunho científico-pedagógico em áudio (a-book), que é composto por conteúdo teórico referente a tópicos da área da Psicolinguística, abordados por diferentes estudiosos e pesquisadores do Brasil. Além disso, procura-se mostrar como esse tipo de material pode auxiliar no desenvolvimento da compreensão de textos teóricos por parte dos ouvintes, já que todos os autores dos capítulos que constituem a obra abordam tópicos teóricos da área da Psicolinguística, como foi citado. O livro em áudio, intitulado “Compreensão e Processamento da Leitura: uma visão psicolinguística”, foi idealizado pela Profa. Dra. Vera Wannmacher Pereira, professora e pesquisadora da área da Psicolinguística, e elaborado por estudantes e profissionais das três áreas citadas, estabelecendo um trabalho interdisciplinar. Entre esses profissionais estão a Profa. Dra. Leonor Scliar-Cabral, também pesquisadora de Psicolinguística, o Prof. Dr. Ticiano Paludo, professor e pesquisador da área Comunicação, e o Prof. Dr. Gilberto Keller de Andrade, da área da Informática e da Computação. O material está disponível na aba “Projetos” do site da EDIPUCRS e tem acesso e download gratuitos. De acordo com Berges (2004), o recurso do texto auditivo constitui uma técnica eficaz para desenvolver a compreensão e a aprendizagem. Estudos realizados por Pereira (2012) demonstram a relação entre a compreensão auditiva e a leitora, apresentando as estratégias utilizadas pelo leitor em cada um dos processos. Dessa forma, nesta comunicação, o a-book será apresentado, bem como serão explicados o seu conteúdo, o seu funcionamento e a sua construção, explicitando os suportes teóricos e metodológicos utilizados, levando em consideração os processos de interface que os constituem. Salienta-se que, conforme pesquisa realizada por Pereira, Costa e Saraiva (2016), o aprendizado dos alunos da área de Psicolinguística por meio desse recurso, bem como a aceitação da proposta de trabalho incluindo-o, mostraram-se positivos, reforçando a importância do trabalho em interface no ensino. Palavras-chave: psicolinguística; comunicação; computação; a-book.

5 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. 6 Professora do Curso de Letras da Escola de Humanidades da PUCRS.

7

O USO DE ESTRATÉGIAS METACOGNITIVAS DE LEITURA E A SUA RELAÇÃO COM BILINGUISMO, COMPETÊNCIA LEITORA E FUNÇÕES EXECUTIVAS

Diane Blank Bencke 7

Resumo: Considerando-se que a literatura aponta vantagem bilíngue em habilidades linguísticas e metalinguísticas e em funções executivas no público infantil, bem como aumento da neuroplasticidade no público adulto e idoso (BIALYSTOK et al., 2007), este estudo objetiva investigar teórico-empiricamente os conceitos de metacognição, monitoramento de qualquer iniciativa cognitiva (FLAVELL, 1981), funções executivas (conjunto de processos mentais que integram aspectos cognitivos, emocionais, motivacionais e volitivos (SABOYA, FRANCO e MATTOS, 2002), bilinguismo e competência leitora. Inserindo-se na interface de Psicologia e Linguística, neste estudo será verificada a influência do bilinguismo, das funções executivas, da proficiência leitora em Português e Inglês e da consciência metacognitiva de leitura no emprego de estratégias metacognitivas de leitura - as quais envolvem consciência, controle e intencionalidade no propósito da leitura (KLEIMAN, 1998). Sessenta e quatro universitários, divididos em quatro grupos mutuamente exclusivos - monolíngues e bilíngues – de alta e baixa proficiência leitora em ambos os idiomas - realizarão os seguintes testes: a) a escala likert de autorrelato de consciência metacognitiva de leitura de Reichard e Mokthari (2002), b) o teste de compreensão leitora em Português brasileiro elaborado pela autora que contém a técnica do protocolo verbal retrospectivo escrito; c) os testes de funções executivas: Trail Making Test, Word Span e Digit Span. As estratégias metacognitivas de leitura utilizadas serão avaliadas, em frequência e tipologia, a partir de uma adaptação compilada da taxonomia de Filho (2002), Joly, Cantalice e Vendramini (2004), Joly, Santos, Marini (2006) e Joly (2007). O principal objetivo deste estudo se assenta na hipótese de teóricos como Jimenez, Garcia, Pearson (1996), em cujo estudo se verificou o emprego diferenciado de estratégias de leitura entre monolíngues e bilíngues. Os resultados na etapa parcial do estudo piloto demonstraram que houve variância quantitativa e qualitativa no emprego de estratégias metacognitivas de leitura entre o grupo monolíngue e o grupo bilíngue. Palavras-chave: metacognição; bilinguismo; funções executivas; competência leitora

7 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Bolsista CAPES. Mestre em Letras pela UNISC e Professora de Língua Portuguesa e Língua Inglesa no IFRS/Farroupilha.

8

DESAMBIGUAÇÃO DE SENTENÇAS NA INTERFACE FONOLOGIA-SINTAXE-SEMÂNTICA

Prof. Dr.Gabriel de Ávila Othero (UFRGS) e Mariana Terra Teixeira (PUCRS) 8 9

Resumo: Partimos dos resultados de Angelo & Santos (2017) em sua investigação sobre a desambiguação de sentenças com base em pistas prosódicas para tentar esclarecer uma questão que ficou em aberto em seu trabalho. As autoras realizaram um teste de compreensão com sentenças do tipo SN1-V-SN2-Atributo (e.g. O pai visitou o filho feliz) e chegaram à conclusão de que um alongamento nas sílabas do SN2, formando domínios prosódicos distintos entre SN2 e atributo ([visitou o filhoϕ] [felizϕ]), favorece uma interpretação não local, em que o atributo é interpretado como predicativo do sujeito e não como adjunto adnominal (O pai estava feliz quando visitou o filho), confirmando, em linhas gerais, resultados de estudos anteriores (cf. Magalhães & Maia 2006, Fonseca & Magalhães 2008, Fonseca 2008, Angelo & Santos 2015). Entretanto, as autoras perceberam uma variação entre as interpretações com aposição local e não local na compreensão de sentenças sem o alongamento prosódico (e a consequente formação de diferentes domínios prosódicos entre SN2 e atributo). Ou seja, segundo as autoras, a ausência da marcação prosódica não favoreceria uma ou outra interpretação, ao passo que a marcação prosódica alongada favoreceria a interpretação não local. Em nosso trabalho, argumentamos que a desambiguação desse tipo de sentença depende basicamente da resolução de um conflito entre três princípios de naturezas gramaticais diferentes que estão atuando em conjunto na desambiguação de sentenças com essa estrutura: um princípio de natureza prosódica, outro de natureza sintático-computacional e outro de ordem semântico-pragmática. Para provar nosso ponto, elaboramos um teste off-line de compreensão de sentenças e o aplicamos a 200 informantes. Nossos resultados apontam para uma interação entre esses três princípios na resolução da ambiguidade dessas sentenças. O trabalho ainda está em andamento, mas os resultados parecem promissores, e o tratamento dos dados poderá nos conduzir a um trabalho com a Teoria da Otimidade (Prince & Smolensky 1993, McCarthy & Prince 1993) na formalização da resolução de conflito entre esses diferentes princípios gramaticais que estão atuando nesse fenômeno de interface. Palavras-chave: ambiguidade sintática; processamento sintático; interface fonologia-sintaxe-semântica.

8 Professor do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS. 9 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS.

9

READ BD! THB SIMPLES!

Heloísa Orsi Koch Delgado (PUCRS) 10

Resumo: O estudo proposto, ainda em andamento, possui um caráter interdisciplinar (Ciências do Léxico, Psiquiatria e Ciências da Computação) e propõe a elaboração de um guia de bolso com informações úteis e fáceis sobre o Transtorno do Humor Bipolar (THB), nas versões impressa e online, veiculado nas línguas portuguesa e inglesa. Via de regra, os produtos disponíveis nessas duas línguas são de difícil compreensão para leigos, especialmente para leigos com pouca instrução. O objetivo deste trabalho, portanto, seria o de contribuir para a divulgação dessa doença por meio de uma linguagem que seja acessível para comunidades de baixa renda e com baixos graus de escolaridade. Dessa maneira, numa escala social, esse estudo seria uma fonte opcional para a socialização de informações médicas de forma simplificada, aprovadas por psiquiatras gaúchas com as quais somos parceiras de pesquisa por meio do IPPAD (Instituto de Prevenção e Pesquisa em Álcool e Drogas). O material explicativo conterá linguagem simples para descrever esta doença de difícil entendimento, resultado da combinação de abordagens quantitativas e qualitativas. Os índices Flesch e o Coh-Metrix medirão o nível de complexidade do corpus através das categorias de narratividade, simplicidade sintática, concretude lexical, coesão referencial e coesão lógica. Para a análise dos graus de complexidade textuais, faremos uso de duas ferramentas computacionais (Coh-Metrix [1], Coh-Metrix-Port[2])[3], que analisam e explicam os graus de complexidade textuais tais como narratividade, simplicidade sintática, concretude lexical, coesão referencial e coesão lógica por meio de índices e métricas, para a produção dos textos acessíveis, tomaremos como base os critérios dessas ferramentas para as duas línguas. Com o objetivo de identificarmos a apropriação dos textos para o público que temos em mente, as ferramentas supracitadas utilizam o parâmetro denominado Índice Flesch (Flesch, 1940), que permite identificar se um texto é adequado para esse público. Estratégias de paráfrase e omissão, dentre outras, serão usadas para alcançar índices de simplificação adequados. Questionários serão aplicados a grupos de pacientes com o perfil acima mencionado e seus resultados comparados a esses índices, para assegurar um texto de fácil compreensão. Palavras-chave: simplificação textual; baixa escolaridade; coh-metrix; transtorno do humor bipolar; bipolar disorder. [1] Elaborada por pesquisadores da Universidade de Memphis, nos Estados Unidos (GRAESSER; McNAMARA; LOUWERSE; CAI, 2004). http://cohmetrix.com/ [2] 143.107.183.175:22680/ [3] O Coh-Metrix-Port foi adaptado pelo projeto PorSimples e apresenta métricas bastante semelhantes (embora em quantidade reduzida) das apresentadas pela versão em inglês da

10 Professora do Curso de Letras da Escola de Humanidades da PUCRS.

10

ferramenta. Ambas, portanto, tem o objetivo de calcular índices (de forma multidimensional) para analisar coesão, coerência e o grau de dificuldade de leitura em diferentes níveis.

ANÁLISE DE GRAFOS APLICADA A PRODUÇÕES TEXTUAIS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E SEU POTENCIAL PREDITIVO

DA DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO

Joana Paim da Luz (PUCRS) 11

Resumo: Estima-se que 59% das crianças cursando o quarto ano do ensino fundamental, no Brasil, não apresentem um grau de alfabetização adequado (CASELLA et al., 2011). Rendimentos acadêmicos insatisfatórios são recorrentes e suas causas podem estar associadas a dificuldades de aprendizagem oriundas de quadros clínicos, a fatores socioambientais ou a algum tipo de Transtorno Específico da Aprendizagem (TEA) (HOEFT et al., 2011; MEYLER et al., 2007; SHAYWITZ et al., 1998), como a dislexia do desenvolvimento, caracterizada pelo comprometimento da performance de leitura do indivíduo, que se mostra inferior à esperada para a sua idade cronológica, inteligência e escolaridade (APA, 2013). O presente trabalho reporta o percurso inicial de uma investigação de caráter interdisciplinar acerca dos padrões de conectividade textual típicos de disléxicos e de crianças com dificuldade de leitura, participantes do projeto ACERTA. Textos escritos produzidos pelas crianças ao longo de 2014, 2015 e 2016 foram transcritos para serem analisados a partir da Teoria dos Grafos (TG). O objetivo da análise prevista consiste em obter dados quantitativos acerca da conectividade das produções textuais e verificar se a aplicabilidade da TG, nesse contexto, tem potencial preditivo da dislexia do desenvolvimento. Busca-se, assim, expandir e aprofundar o conhecimento científico sobre o desenvolvimento da leitura e o diagnóstico da dislexia em crianças falantes de português brasileiro. A hipótese que orienta esse estudo prevê a recorrência de padrões de coesão textual entre bons e maus leitores que estejam nos anos iniciais do ensino fundamental, sendo o padrão dos maus leitores semelhante ao de crianças diagnosticadas com dislexia, com a mesma faixa etária. A literatura que sustenta este estudo, bem como a origem dos dados empíricos utilizados e as ferramentas de análise a serem adotadas na etapa subsequente do trabalho são reportados e discutidos neste estágio inicial da investigação. Palavras-chave: psicolinguística; dislexia; leitura; produção escrita; teoria dos grafos.

11Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS.

11

DIÁLOGO, METALINGUAGEM E CONSCIÊNCIA NA PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO: UMA ANÁLISE INTERDISCIPLINAR DA INTERAÇÃO

PROFESSOR E ALUNO

Jonas Rodrigues Saraiva (PUCRS/UNILASALLE) 12

Resumo: Este trabalho focaliza processos dialógicos envolvidos na produção de conhecimento, tendo em vista situações de aprendizagem decorrentes da interação entre professor e aluno em sala de aula. Nosso objetivo principal é investigar a consciência do professor com relação às características inerentes à linguagem humana em situação dialógica, tendo como alvo a gestão da produção de conhecimento. Vinculada a este objetivo, tem-se a questão de pesquisa: Como se relacionam a consciência linguística e a capacidade de gerenciamento da aprendizagem no diálogo entre professor e aluno? A hipótese que levantamos é a de que, dada a “influência” permanente de ambientes cognitivos distintos, as características subjetivas vinculadas aos processos de compreensão e produção de linguagem podem trabalhar a favor ou contra o professor e o estudante, como interagentes em um contexto pedagógico de produção de conhecimento, cabendo ao professor administrar conscientemente tais possibilidades. Quanto aos aspectos metodológicos, dispomo-nos a analisar o(s) diálogo(s) empreendido(s) por uma professora de história e seus alunos em algumas das cenas que envolvem a sala de aula, no episódio “A Coroa do Imperador”, da série brasileira “Cidade dos homens”. Em nossa análise, são focalizadas as características linguísticas dos diálogos, com vistas ao entendimento do(s) processo(s) de compreensão da linguagem em uso e as relações desses com as características do processo de aprendizagem dos estudantes. Para tanto, são utilizados, como referencial teórico, conceitos psicolinguísticos, considerando a interface entre as áreas de linguística e psicologia e suas respectivas subáreas, pragmática e psicologia cognitiva, conforme orienta a metateoria das interfaces de Costa (2007). Mais especificamente, na pragmática, utilizamos o escopo da Teoria da Relevância, desenvolvida por Sperber e Wilson (1986; 2005). Na psicologia, utilizamos os conceitos de metacognição e consciência, com base em Eysenck e Keane (2007), bem como Gombert (1992). Com base nesse aporte, a noção de Relevância, vinculada às noções de metalinguagem e de consciência linguística, pode auxiliar no entendimento das relações entre as características dialógicas da linguagem e a aprendizagem advinda da interação, tendo em vista a capacidade humana de processamento cognitivo de inputs explícitos e implícitos e os aspectos subjetivos envolvidos nesse processamento. Palavras-chave: interface; diálogos; relevância; ensino-aprendizagem.

12 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Professor do Curso de Letras da UNILASALLE.

12

A LEXICOGRAFIA DE APRENDIZES E AS CONTRIBUIÇÕES PROMISSORAS ADVINDAS DA LINGUÍSTICA E DA CIÊNCIA COGNITIVA

Laura Campos de Borba (UFRGS) 13

Resumo: Na Lexicografia, há uma determinada subárea que se ocupa da compilação de obras lexicográficas para fins de ensino-aprendizagem de línguas – a Lexicografia Pedagógica –, cujos produtos são os dicionários de aprendizes de línguas estrangeiras. Considerando que os dicionários de aprendizes devem servir como uma heurística para aprimorar a competência do estudante na língua estrangeira, é necessário determinar que variáveis contribuem para que esses dicionários satisfaçam duas condições elementares. Em primeiro lugar, que respondam às demandas do ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira determinada. Em segundo lugar, que ofereçam informações que respondam rigorosamente à língua em uso. Apesar dos avanços protagonizados principalmente pela tradição lexicográfica inglesa em relação aos dicionários de aprendizes, todavia há uma carência de investigações acerca de como tratar lexicograficamente alguns problemas, tais como as relações sintagmáticas entre unidades léxicas e a relação entre o consulente pretenso ou ainda as demandas da etapa de aprendizagem na qual se encontra. Ademais, explora-se pouco o potencial das ilustrações empregadas nessa classe de obras. Em função de tais necessidades, a presente comunicação tem por objetivo investigar as possibilidades de correlação entre a Lexicografia e outras áreas do conhecimento para um aprimoramento dos dicionários de aprendizes de espanhol e de inglês. Cabe salientar que o trabalho se insere no âmbito das investigações a serem desenvolvidas no Doutorado do(a) estudante. Nossa hipótese é a de que o desenho de um dicionário de aprendizes beneficiar-se-á de subsídios advindos da Didática de Línguas Estrangeiras (programas de ensino), da Linguística de Corpus e da Ciência Cognitiva. Atualmente, a Didática de Línguas Estrangeiras conta com as propostas do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECRL, 2001) já aplicadas ao inglês e ao espanhol: o English Profile (EP, 2011) e o Plan Curricular del Instituto Cervantes (PCIC, 2006). Ambos os documentos contêm propostas acerca da organização de programas de ensino de inglês e de espanhol como língua estrangeira, respectivamente. A Linguística de Corpus, por sua vez, por meio das investigações com corpora, oferece evidência empírica para pesquisas atreladas a duas áreas fundamentais para a tarefa de descrição da língua no dicionário: a Lexicologia e a Linguística Contrastiva. No tocante à primeira, fenômenos tais como as relações sintagmáticas que as unidades léxicas estabelecem entre si poderiam ser melhor investigados em corpora para aperfeiçoar a sua descrição, já amplamente discutida na Lexicologia (BOOIJ, 2003; RIEMER, 2010; GEERAERTS, 2010; MEL’čUK, 2015). No que concerne à Linguística Contrastiva (cf. DURÃO, 2004), a pesquisa em corpora pode fornecer dados importantes acerca do processo de aprendizagem da língua estrangeira e auxiliar o lexicógrafo na marcação de informações linguísticas que comprovadamente causam dificuldade no aprendiz (NICHOLLS, 2003). Finalmente, a Ciência Cognitiva oferece a

13 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS.

13

possibilidade de investigação acerca de recursos complementares, como as ilustrações, para o tratamento de fenômenos léxicos de difícil definição e para o auxílio em tarefas de compreensão e de produção. Teorias acerca da percepção visual (bottom-up e top-down) e da percepção de objetos (holística e por partes), comentadas por Sternberg e Sternberg (2012), por exemplo, são, nesse sentido, bastante promissoras. Palavras-chave: lexicografia pedagógica; ensino de línguas estrangeiras; ciência cognitiva; linguística de corpus; linguística contrastiva.

UMA REFLEXÃO SINTÁTICO-SEMÂNTICA SOBRE TEMPORALIDADE EM LINGUAGEM NATURAL

Martha Machado Porto (PUCRS) 14

Resumo: A temporalidade é um aspecto verificável em todas as línguas humanas; torna-se impossível pensar determinada língua sem considerar as relações temporais presentes, as quais podem ser percebidas através dos verbos e/ou da quantificação adverbial. De fato, o tempo é a essência da Linguagem (BACH, 2013), mas nem sempre as representações sintático-semânticas são iguais em línguas contrastantes. O objetivo deste trabalho é analisar as relações temporais estabelecidas com os verbos em três línguas diferentes, Português, Inglês e Russo, a fim de verificar se há uma padronização nas estruturas em seus sentidos, ou se há uma flexibilização, como sugerido por Bach (2013). Para tanto, foram considerados dois dos conceitos contidos no acrônimo TAME, proposto por Dahl (2013): tense e aspect. A análise prévia realizada encontrou similaridades entre Português e Russo, e confirmou a já esperada particularidade do perfectivo do Inglês. Do ponto de vista semântico, a correspondência entre aspect e/ou tense e sentidos não se deu de forma uniforme nas três línguas, especialmente por causa das particularidades da Língua Inglesa, como a ausência de tense para futuro e ideia particular para o perfectivo. Além disso, o Russo demonstra particularidades, especialmente na construção morfológica de seus verbos, que recebem alterações não apenas pelo processo de flexão, mas por acréscimo de prefixos e alterações de radicais, que alteram não apenas a morfologia, mas também o sentido, especialmente nos verbos de movimento (CASTRO, 2005). O verbo partir, por exemplo, assume duas morfologias distintas: no aspecto imperfectivo, выезжать (vieizjath), e no aspecto perfectivo выехать (vieikhath). Nota-se ainda o aspecto perfectivo só ocorre em tenses referentes a passado e futuro. Além disso, não são todos os verbos que admitem o aspecto perfectivo, tais como o verbo parecer, na acepção de ‘look like’: выглаядеть (vaiglaiadieth). Para fins de comparação, também foram considerados os aspectos lexicais, conhecidos como Aktionsart. A ideia de aspecto lexical preocupa-se com as qualidades temporais inerentes às situações descritas nas sentenças (ENDRES, 2012). A partir dessa análise também é possível verificar a presença, ou ausência, de padrões, e regularidades. A análise sintático-semântica, e em razão

14 Graduanda do Curso de Letras da Escola de Humanidades da PUCRS. Bolsista de Iniciação Científica (BPA) da PUCRS.

14

do Russo acrescenta-se também elementos de morfologia, propicia compreender-se de modo mais completo a manifestação da temporalidade através dos verbos. Palavras-chave: temporalidade; sintaxe; semântica; interfaces.

THE WAR OF THE WORLDS: A RETÓRICA DA FICÇÃO CIENTÍFICA

Nanashara Behle (PUCRS) 15

Resumo: Em 1938, Orson Welles transmitiu, em uma estação de rádio, um áudio drama para marcar a data do Halloween. Ele leu o texto de ficção científica (MONT’ALVÃO, 2009; REGIS, 2006) The War of the Worlds (1897), de H. G. Wells, no qual é descrita a invasão da Terra por marcianos providos de muitas armas e bastante inteligência. A transmissão, elaborada através de entradas que utilizavam o discurso jornalístico, na forma de notícias, causou pânico em ouvintes os quais não compreenderam o teor ficcional do informe. Neste trabalho, utilizamos a Metateoria de Interfaces (COSTA, 2007), a qual propõe que o estudo deve ser realizado aproximando-se aspectos teóricos e metodológicos de diferentes áreas e subáreas, com o intuito de possibilitar um novo objeto teórico. Aqui, temos uma interface interdisciplinar entre Linguística, Literatura e Comunicação. Nosso objetivo principal é avaliar de que modo os efeitos retóricos cumpriram um papel importante na propagação de terror na audiência do programa. A Retórica foi estudada por Aristóteles que a via como uma forma de sistematizar o que era um discurso verdadeiro e o que era um discurso persuasivo. Já Costa (2013) observa que a retórica é um fundamento para uma teoria de significado na linguagem do dia a dia e que ela vem de processos inferenciais e, portanto, seria uma subárea da Pragmática. Dascal (2005) também acredita que a Retórica se alia à Pragmática por razões inferenciais por considerar as intenções dos participantes do processo comunicativo e de como o reconhecimento do significado é alcançado. Ambos os autores aproximam Retórica à Teoria das Implicaturas de Grice (1975), a qual considera um princípio de cooperação, regido por máximas conversacionais, no qual os interlocutores estariam engajados. Costa (2013) acredita que os operadores retóricos não estão na manutenção das máximas conversacionais griceanas, mas nas suas aparentes quebras, as quais geram implicaturas. Outras noções da Pragmática que nos permitem entender como alguns dos ouvintes da transmissão de Welles se sentiram compelidos a acreditar na veracidade de uma invasão alienígena estão na Teoria da Relevância (SPERBER; WILSON, 1995, 2005). Seus princípios indicam que a mente humana busca a maximização de relevância, cujo maior benefício está em um menor custo de processamento cognitivo pela maior obtenção de efeitos contextuais. Também dessa teoria advém a noção de que o contexto é construído durante o processo comunicativo. De modo semelhante, Goffman (1979), teórico da comunicação, acredita que o significado é construído

15Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Bolsista CAPES.

15

durante a interação, principalmente no processo de fala, em situações sociais específicas, o que ele chama de enquadre. A análise neste projeto nos leva a crer que os efeitos retóricos do discurso jornalístico e também da literatura de ficção científica, aliados à construção do contexto e as inferências realizadas pela audiência, possibilitou o acontecimento do caso da transmissão de A Guerra dos Mundos. Palavras-chave: The War of the Worlds; retórica; relevância; inferências; ficção científica.

ESTUDO DAS INFERÊNCIAS EM INTERFACE: VISÃO PRAGMÁTICA E PSICOLINGUÍSTICA DAS INFERÊNCIAS

Pamella Soares Rosa (PUCRS) 16

Resumo: O processo inferencial é fundamental para a comunicação, pois muito do que comunicamos está além do dito, isto é, necessita da inferenciação. Ciente disso, o artigo “Estudo das inferências em interface: visão pragmática e psicolinguística das inferências”tem por objetivo analisar o processo de inferenciação de acordo com os estudos pragmáticos, área que destina-se ao estudo da comunicação real, concentrando-se no uso da linguagem e, portanto, do processo inferencial e construir uma consciência inferencial, campo da psicolinguística, por meio de uma aprendizagem básica do processo de inferenciação, fazendo com que os comunicadores tenham consciência do está no plano do além do dito, sabendo usar as inferências de maneira eficiente. Ao expor essas duas visões sobre as inferências – visão pragmática e psicolinguística – forma-se um campo de interface intralinguística, pois estas duas disciplinas constituem-se como subáreas de uma área maior, a linguística. Ao utilizar essas duas subáreas, é possível estudar o processo inferencial de maneira mais completa, pois, assim, estuda-se a visão de inferência e de consciência da inferenciação, possibilitando, uma comunicação mais elaborada. O artigo apresenta essa interface a fim de possibilitar uma melhor aprendizagem da compreensão textual por meio do domínio inferencial, apresentando maneiras de tornar esse processo consciente. Para isso,foi feito um estudo bibliográfico das inferências sob o olhar de Grice (1975) e Sperber & Wilson (1995), no âmbito da pragmática, e de Giasson (2000), representando a psicolinguística. Por meio da obra de Costa (2007), percebe-se a importância do estudo em interface, proposta esta que é o centro desse artigo. Este trabalho permitiu uma visão mais ampla sobre o campo de domínio do processo inferencial e, também, uma proposta de prática de ensino para tornar consciente essa competência. Torna-se evidente, por meio das reflexões que este artigo possibilitou, a importância de um trabalho com perspectivas e abordagens amplas e interdisciplinares. Palavras-chave: inferência;. interfaces; pragmática; psicolinguística.

16 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Bolsista CAPES.

16

A CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTOS DE PESQUISA DE COMPREENSÃO DA LEITURA PELA INTERFACE “PSICO+LINGUÍSTICA” E PRAGMÁTICA

Patrícia Martins Valente (PUCRS) 17

Resumo: O presente trabalho aborda os estudos sobre a compreensão de leitura e a consciência linguística, focalizando a construção de instrumentos que mensurem a compreensão de estudantes do último ano do ensino fundamental de escolas públicas no Brasil e em Portugal, para, a partir da análise dos dados coletados, elaborar material didático que contribua na melhora da compreensão e despertar da consciência. O trabalho realizado é uma interface por se tratar de um estudo Psicolinguístico, por se apoiar em contributos dessa área já cristalizada, que apresenta a ideia dos processos envolvidos na leitura e na compreensão. Mas também pode ser visto como um tripla interface, juntando assim “Psico+Linguística” à Pragmática. Embora esta última seja uma área essencialmente teórica, pensou-se na construção de instrumentos que contemplam a compreensão a partir da construção dos significados através das inferências. Portanto, a presente comunicação direciona seu enfoque para um importante aspecto do estudo da compreensão e da consciência linguística: compreender o que se lê a partir das construções de sentido que evocam das inferências. Nesse sentido, tem como objetivo geral o construto de um conjunto de diferentes instrumentos para medir a compreensão da leitura e a consciência linguística, que seja, depois dos resultados apresentados e analisados, ponto de partida para a elaboração de um instrumento modelo (em formato de material didático) que sirva de apoio para professores que trabalhem com estudantes do ano final do ensino fundamental. O referencial teórico tem, como aportes basilares Goodmann (1990), Gombert (1992), Kleiman (1992), Leffa (1996), Smith (1999, 2003) no que se referem aos pressupostos da Psicolinguística sobre os processos de leitura, as estratégias e a compreensão; Giasson (2000) e Cunningham (1987), no que se referem ao estudos com base na compreensão a partir das inferências, entre outros autores. Palavras-chave: compreensão de leitura; consciência linguística; inferências.

17 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Bolsista CAPES.

17

FORMA FONÉTICA, FORMA FONOLÓGICA OU SISTEMA PERCEPTUAL-ARTICULATÓRIO EM SINTAXE: REVISÃO TERMINOLÓGICA A PARTIR DO NÍVEL INTERMEDIÁRIO ENTRE A COMPONENTE SINTÁTICO E A

REALIZAÇÃO ACÚSTICO-ARTICULATÓRIA DE UM ENUNCIADO

Paulo Roberto de Souza Ramos (UFRGS-PUCRS/UFRPE) 18

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma revisão do que é comumente chamado de Forma Fonética (P.F, do inglês phonetic form) dentro da Teoria Gerativa e o espaço que esse nível de representação ocupa na hierarquia sintática de base chomskiana. Forma Fonética, também chamada de Forma Fonológica ou ainda de Sistema Perceptual-Articulatório, refere-se, em geral, ao momento posterior à aplicação de regras sintáticas que geram a estrutura de superfície a qual é atribuído o conteúdo fonético dos itens lexicais. Para tanto, serão examinados os termos empregados em algumas obras de referência para se denominar essa forma intermediária entre o componente sintático e a sua realização acústico-articulatória, bem como as definições a eles associadas. A oscilação terminológica deste componente gramatical pode induzir leitores a conclusões diversas sobre o seu verdadeiro papel dentro da teoria, posto que diferentes processos ocorrem entre a abstração de um som e sua forma acústico-articulatória e estes não são todos de mesma natureza. A revisão deixa aparente que desde as bases lançadas por Noam Chomsky alguns sintaticistas incorrem em um uso que pode ser classificado como terminologicamente impreciso das expressões forma fonética, forma fonológica e sistema articulatório-perceptual. No entanto, o que numa perspectiva würsteriana de termo pode ser visto como impreciso, no campo de trabalho da sintaxe pode ser justificado em função do foco explanatório da teoria. Não seria incorreto dizer que, como se trata de detalhar o funcionamento do que Lasnik & Lohndal (2010) chamam metaforicamente de ‘motor sintático’, não parece importar o que acontece com a energia gerada por esse motor uma vez que este entra em funcionamento. O importante para os que estudam o funcionamento desse sistema é saber qual o combustível (léxico) que abastece esse motor, onde ele entra na máquina, como é processado, etc. O tipo de energia gerada e seus estágios são importantes para os especialistas que se interessam e estudam a energia resultante, o que não é obrigatoriamente o caso dos estudam o funcionamento sintático. Conclui-se que seria didaticamente recomendado que se pontuasse em obras atuais que a PF diz respeito especificamente à Sintaxe, mas que, dependendo da perspectiva do pesquisador, pode se referir a três instâncias distintas dentro do universo fônico nos estudos fonéticofonológicos. Palavras-chave: forma fonológica; forma fonética; sistema perceptual-articulatório; sintaxe; terminologia.

18 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Letras pelo convênio UFRGS-PUCRS/UFRPE.

18

IDENTIDADE SOCIAL E A REALIZAÇÃO VARIÁVEL DE VIBRANTE MÚLTIPLA ALVEOLAR EM ONSET SILÁBICO EM PORTO ALEGRE-RS

Raquel da Costa Corrêa (UFRGS) 19

Resumo: O trabalho tem como objetivo geral verificar os efeitos das identidades sociais na variação e mudança na realização da vibrante em onset silábico (ca[r]o::ca[x]o, [r]ua::[x]ua) no português falado em Porto Alegre–RS. Parte-se de três objetivos específicos: 1) verificar a frequência geral da realização de vibrante múltipla alveolar em Porto Alegre (RS), contrastando dados atuais de entrevistas sociolinguísticas sendo realizadas (Projeto LínguaPOA, UFRGS) com dados de 1990 (banco de dados VARSUL); 2) comparar os condicionadores da realização da vibrante alveolar nos dados do LínguaPOA com os condicionadores nos dados do VARSUL, para captar as alterações no padrão de variação; 3) identificar as identidades sociais associadas à produção de vibrante múltipla alveolar em onset silábico em Porto Alegre (RS). O trabalho é desenvolvido com base na Teoria da Variação (LABOV, 1972), através da análise de regra variável (CEDERGREN E SANKOFF, 1974) e da análise de conteúdo das entrevistas sociolinguísticas de ambos os bancos de dados, além de conteúdo de mídia de grande circulação em Porto Alegre. A hipótese é a de que em Porto Alegre a vibrante alveolar seja pouco frequente e a realização fricativa, preponderante. As ocorrências de vibrante múltipla alveolar em onset, envolvem pelo menos dois tipos de identidade: na primeira, o falante teve acesso suficiente à variante em questão desde a fase de aquisição da língua na família e na zona de residência, passando a produzi-la naturalmente. Na segunda, a vibrante múltipla alveolar pode emergir eventualmente, produzindo variação na fala intra-individual, como estratégia para construir uma persona mais “gaúcha”. São dois processos diferenciados que estão em jogo: há realizações variáveis que ocorrem abaixo do nível da consciência, isto é, sem a manipulação consciente da variável pelo indivíduo para a construção de identidades; por outro lado, há realizações variáveis que são conscientemente empregadas pelo indivíduo em razão de exigências sociais, implicadas por diferentes identidades. Para a análise das identidades sociais adota-se a ideia de variação como prática social (Eckert, 2000) e a teoria sociológica de Bourdieu (2002, 2008, 2015). Identifica-se os estilos de vida relacionados às identidades sociais em questão, considerando a linguagem como um sinal distintivo e agregador de valores aos estilos de vida e considerando que possuir uma identidade social própria é, antes de tudo, adquirir importância, visibilidade, sentido, e ser percebido em certas propriedades distintivas. Palavras-chave: vibrante; variação e mudança linguística; identidades sociais.

19 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS.

19

A CORRELAÇÃO ENTRE COMPREENSÃO LEITORA E CONSCIÊNCIA TEXTUAL

Renata de Andrades Guimarães (PUCRS) 20

Resumo: A correlação entre compreensão leitora e consciência textual O presente trabalho está fundamentado na Psicolinguística em Interface com a Linguística Textual e justifica-se com base na dificuldade que os alunos possuem em compreender textos de forma plena. O objetivo principal do estudo consiste em investigar a correlação entre compreensão leitora e consciência textual de alunos do 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio. Além disso, tem como objetivo secundário verificar os escores de compreensão leitora e consciência textual dos alunos referidos. Segundo Smith (1983) o processo de compreensão leitora está intimamente relacionado com a análise linguística do texto, daí a necessidade de se elaborar uma pesquisa que aborde esses dois campos de estudos de forma interrelacionada. Nesse sentido, o autor afirma que o trabalho com a leitura no ambiente escolar precisa vincular-se ao desenvolvimento da consciência textual, uma vez que atividades linguístico-pedagógicas com foco nos elementos linguísticos presentes no texto, abrem caminho para a reflexão acerca da organização do texto e, consequentemente, para o aprendizado da leitura e para o desenvolvimento da compreensão leitora. Desse modo, primeiramente, é apresentado o que se compreende como compreensão leitora, através da explicitação dos tópicos que compõem esse processo de acordo com Leffa (1996, 2012) e Smith (1983). Em seguida, aborda-se o conceito de consciência (Baars, 1997), sendo que o foco de análise se detém mais especificamente na consciência textual, segundo a perspectiva de Gombert (1992), que considera esta como uma atitude reflexiva do leitor, com foco nas relações estabelecidas entre os elementos linguísticos internamente e com o contexto, e que se divide em três tópicos: coesão, coerência e superestrutura textual (respectivamente, HALLIDAY & HASAN, 1976; CHAROLLES, 1978; (VAN DIJK, 2004). No momento seguinte, destacada-se a metodologia de análise adotada, juntamente com a apresentação do instrumento de pesquisa utilizado. Por fim, apresenta-se as considerações finais e os resultados esperados após a realização da pesquisa, que ainda não foi aplicada. Dessa forma, objetiva-se, basicamente, contribuir para futuros estudos Psicolinguísticos e Textuais, por meio da organização de pesquisas que investiguem a relação entre compreensão leitora e consciência textual a partir de um ponto de vista de interfaces teóricas. Palavras-chave: psicolinguística; compreensão leitora; consciência textual.

20 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Bolsista CNPq.

20

UMA ABORDAGEM TEÓRICO-METODOLÓGICA PARA ANÁLISE DE CHARGES COM CONTORNO INTOLERANTE

Me.Tamiris Machado Gonçalves (PUCRS) 21

Resumo: Na contemporaneidade, muito se tem discutido sobre o discurso de ódio. O caso Charlie Hebdo, ocorrido em 2015, na França, por exemplo, trouxe à tona uma série de questões envolvendo a pauta: charges versus discurso intolerante. No que diz respeito a essa discussão, soma-se a problemática que circunscreve conceitos como liberdade de expressão – um direito à liberdade de exposição, sem medo à censura ou a possíveis retaliações – e discurso de ódio – no sentido da propagação de ideias passíveis de medidas punitivas criminalmente. A pesquisa que se apresenta, contemplando essa problemática, estuda em charges o funcionamento dos discursos intolerantes. Repousando o olhar sobre uma charge de um cartunista brasileiro, veiculada na mídia nacional em 2015, investiga-se nesta apresentação quais relações que se estabelecem entre tal charge e os discursos sociais que com ela dialogam, a fim de problematizar a intolerância que tonaliza seus elementos verbais e visuais. Para tanto, está-se embasado nos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise do Discurso, sobretudo nos postulados do Círculo de Bakhtin ([1920] 2012; [1929] 2015; [1979] 2011), tais como: signo ideológico, heteroglossia, exotopia, expressividade e gêneros discursivos; bem como em Maingueneau (1989), autor que explica a possibilidade de a Análise do Discurso entrar em diálogo com outras vertentes teóricas, tanto internas quanto externas à Linguística. Nesses termos, para compreender como se edificam contornos de discurso de ódio em charges, é proposta uma interface com o Direito, tendo como base a Constituição brasileira, a fim de pensar acerca das noções liberdade de expressão e crime de ódio. Com as discussões, espera-se apresentar uma opção metodológica para compreender a charge, sobretudo no que tange à criticidade que esse gênero veicula. Para isso, os elementos constitutivos da charge são abordados na relação com sua face social, de modo a perceber suas implicações culturais, bem como suas projeções discursivas. Quanto mais se pensar sobre as relações existentes entre tudo aquilo que constitui a charge, em tensão com as situações sociais que a motivam, mais se conhecerá sobre seu funcionamento. Palavras-chave: discurso intolerante; construção de sentidos; charge jornalística; teoria bakhtiniana.

21Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Atualmente é bolsista CNPq e Fundácion Carolina. Possui Mestrado em Letras pela PUCRS.

21

O DEBATE PRAGMÁTICAS PURA/DESCRITIVA E PRAGMÁTICAS FAR-SIDE/NEAR-SIDE: UMA REVISÃO HISTÓRICO-TEÓRICO-METODOLÓGICA A

PARTIR DA METATEORIA DAS INTERFACES

Yuri Fernando da Silva Penz (PUCRS) 22

Resumo: Esta proposta de comunicação encontra-se vinculada ao Grupo de Pesquisa do CNPq Lógica e Linguagem Natural. Nosso objetivo central é impulsionar a discussão de ordem teórico-metodológica sobre o fenômeno linguístico observado em lato sensu pelas perspectivas científicas da grande área das Ciências da Linguagem em relação à classificação e taxonomia genética dos componentes do sistema linguístico, focando-se na relação intradisciplinar entre semântica/pragmática com a lógica de predicados na interface interdisciplinar mais superior, entre lógica formal e ciências linguísticas. À luz da definição proposta por Bar-Hillel (1954), em resposta a Carnap (1938; 1942), acerca da classificação da disciplina de pragmática enquanto descritiva e pura, tomamos impulso para uma reflexão epistemológica envolvendo a pragmática enquanto subárea da Linguística Teórica, partindo dos conceitos far side e near side pragmatics (PERRY; KORTA, 2015) para trazer à tona o debate interativo na/da interface semântica/pragmática contemporaneamente. Nosso argumento é de que há, sim, uma distinção teórico-metodológica entre as propriedades de semântica e pragmática (CARSTON, 2008), refletindo-se com certa nitidez em nível ontológico, de modo que ambas podem ser acionadas concomitantemente enquanto único componente de conteúdo do fenômeno linguístico em linguagem natural, complementando-se mutuamente de acordo com a necessidade das condições-de-verdade da proposição de uma sentença e da dependência de contexto do enunciado em ocorrência. Assumindo esse quadro numa perspectiva relevantista (SPERBER; WILSON, 1995), cuja visão se aprimora a partir de uma proposta dita interdisciplinar, contudo carente de explicitação metodológica no que concerne ao design da interface, buscamos, via Metateoria das Interfaces (COSTA, 2007), discutir o fenômeno do significado em linguagem natural em sentido amplo, tratando, sobretudo, A) a interface semântico-pragmática como de natureza simétrica (ATLAS, 1979) e B) a faculdade da linguagem broadsense (CHOMSKY, 1995) como objeto complexo, passível de discussão quanto à sua natureza comunicativo-cognitivo-computacional. Palavras-chave: linguística pura/descritiva; pragmáticas far-side/near-side; componente semântico-pragmático; metateoria das interfaces; lógica e linguagem natural.

22 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS. Bolsista CAPES.

22